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1 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia. CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DO TRABALHO DA ____ VARA DO TRABALHO DE APARECIDA DE GOIÂNIA – ESTADO DE GOIÁS O MUNICÍPIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nº 01.005.727/0001-24, com sede na Rua Gervásio Pinheiro, Área Pública nº 01, Residencial Village Garavelo, Aparecida de Goiânia – Estado de Goiás, representado por seu prefeito municipal, Sr. Luiz Alberto Maguito Vilela, bem como pela Procuradoria Geral do Município, por meio dos Procuradores do Município signatários da presente peça, endereço no rodapé, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, interpor AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE TERMO DE INTERDIÇÃO, COM REQUERIMENTO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA em face da UNIÃO FEDERAL, pessoal jurídica direito público interno, por meio de seus representantes legais, com sede na Rua 10, qd. F-7, lts. 82/62, esquina com Rua 9 (6º e 7º andares), Goiânia, Goiás, em função de ato consubstanciado pelo MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO - SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABLAHO E EMPRGO EM GOIÁS. Documento assinado eletronicamente por IZABEL PINTO DA SILVA SCHÖNHOLZER, em 26/09/2014 15:14:00h. Protocolo nº 235388e (1º grau). Carimbo Eletrônico Nº 3629573 O original deste documento eletrônico pode ser acessado em http://www.trt18.jus.br, mediante a indicação do código de autenticidade 101643758135. Fls.: 2

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Page 1: NULIDADE DE TERMO DE INTERDIÇÃO, COM REQUERIMENTO DE ... · apresentação de instrumento de mandato para represe ntá-la em juízo. ... da Consolidação das Leis Trabalhistas

1 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia.

CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DO TRABALHO DA ____ VARA DO TRABALHO DE APARECIDA DE GOIÂNIA – ESTADO DE GOIÁS

O MUNICÍPIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA, pessoa jurídica de

direito público interno, CNPJ nº 01.005.727/0001-24, com sede na Rua Gervásio Pinheiro,

Área Pública nº 01, Residencial Village Garavelo, Aparecida de Goiânia – Estado de Goiás,

representado por seu prefeito municipal, Sr. Luiz Alberto Maguito Vilela, bem como pela

Procuradoria Geral do Município, por meio dos Procuradores do Município signatários da

presente peça, endereço no rodapé, vem respeitosamente perante Vossa Excelência,

interpor

AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE TERMO DE INTERDIÇÃO, COM REQUERIMENTO

DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

em face da UNIÃO FEDERAL, pessoal jurídica direito público interno,

por meio de seus representantes legais, com sede na Rua 10, qd. F-7, lts. 82/62, esquina

com Rua 9 (6º e 7º andares), Goiânia, Goiás, em função de ato consubstanciado pelo

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO - SUPERINTENDÊNCIA

REGIONAL DO TRABLAHO E EMPRGO EM GOIÁS.

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2 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia.

CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

I – PRELIMINARMENTE

1.1-DA DESNECESSIDADE DE MANDATO

Por cautela e zelo, mister se faz relembrar que o Código de Processo

Civil, em seu art. 12, inciso II, dispõe que o Município será representado em juízo por seu

Prefeito ou Procurador, razão pela qual, segundo entendimento do Colendo Superior

Tribunal de Justiça, o Procurador Municipal integrante do quadro de servidores efetivos do

Município não necessita de fazer representar-se por meio do instrumento de mandato, uma

vez que este o foi conferido pela Lei.

Colha-se julgado nesse sentido:

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA DE SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO JUDICIAL. REGULARIDADE DA REPRESENTAÇÃO DO PROCURADOR MUNICIPAL. TORPEZA DO MUNICÍPIO PARA PROTELAR PAGAMENTO DO ACORDO. I - O Município de Palmas foi executado pela recorrida; nos autos da execução foi homologado acordo subscrito pelo Procurador do Município de Palmas; após o pagamento da primeira parcela do acordo, o Município ajuizou ação anulatória, a fim de desconstituir a sentença homologatória, alegando a ilegitimidade do Procurador para firmar o acordo. II - O município é representado em juízo pelo prefeito ou procurador municipal, dispensada a exigência do instrumento de procuração (art. 12, II, do CPC). III - "A sistemática do processo civil é regida pelo princípio da instrumentalidade das formas, devendo ser reputados válidos os atos que cumpram a sua finalidade essencial, sem que acarretem prejuízos aos litigantes, sendo certo que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza." (AGA nº 508.361/MG, Relator Min. NANCY ANDRIGHI , DJ de 02/02/2004, p. 00335). IV - Recurso especial improvido.” (REsp 493287/TO, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/03/2005, DJ 25/04/2005, p. 224) (ênfase não consta do original)

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3 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia.

CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Nessa mesma senda, temos o Enunciado n. 644 da Súmula do Supremo

Tribunal Federal que pode ser aplicado de forma extensiva aos Procuradores dos entes da

Administração Direta e, por consequência, ao presente feito:

“Ao titular do cargo de procurador de Autarquia não se exige a apresentação de instrumento de mandato para representá-la em juízo.”

1.2. DA COMPETÊNCIA DESTE JUÍZO PARA APRECIAÇÃO DO FEITO

Sobreleva anotar, de início que, a competência deste Juízo para apreciação

do feito tem como supedâneo o disposto no Enunciado n.º 736 da Súmula do Supremo

Tribunal Federal segundo o qual: “COMPETE À JUSTIÇA DO TRABALHO JULGAR

AS AÇÕES QUE TENHAM COMO CAUSA DE PEDIR O DESCUMPRIMENTO DE

NORMAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE DOS

TRABALHADORES.”.

Cediço que o termo de interdição em estudo foi exarado por força do

disposto no art. 161, caput, da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), segundo o qual à

vista do laudo técnico do serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o

trabalhador, poderá ser interditado estabelecimento para prevenção de infortúnios de

trabalho.

Patente, portanto, o fato de que o cerne da demanda colocada à apreciação

de Vossa Excelência diz respeito à aplicação de normas relativas à segurança dos

trabalhadores em contraposição ao direito à saúde, insculpido no art. 196 da Constituição

da República, bem como aos princípios da razoabilidade e continuidade do serviço público.

Diante desse quadro, nota-se que não há, na espécie, qualquer discussão

acerca do vínculo mantido entre o Município de Aparecida de Goiânia e seus servidores,

razão pela qual não incidirá a intelecção do Supremo Tribunal Federal exarada na

Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 3395-MC (Relator(a): Min. CEZAR PELUSO,

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4 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia.

CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2006, DJ 10-11-2006, p. 226-245) segundo a qual “O

disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas

entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária.”.

Tal assertiva se fundamenta em razão de entendimento do próprio

Supremo Tribunal Federal referente à aparente contradição entre o disposto no Enunciado

n.º 736 de sua Súmula e da decisão proferida na aludida ADI n.º 3395-MC.

Com efeito, impõe-se a transcrição de decisão unânime proferida pelo

Pleno do Excelso Supremo Tribunal Federal nos autos da Reclamação n.º 3303/PI, que teve

como Relator o Ministro Carlos Britto, confira-se:

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECLAMAÇÃO. ADI 3.395-MC. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROPOSTA NA JUSTIÇA DO TRABALHO, PARA IMPOR AO PODER PÚBLICO PIAUIENSE A OBSERVÂNCIA DAS NORMAS DE SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO ÂMBITO DO INSTITUTO MÉDICO LEGAL. IMPROCEDÊNCIA. 1. Alegação de desrespeito ao decidido na ADI 3.395-MC não verificada, porquanto a ação civil pública em foco tem por objeto exigir o cumprimento, pelo Poder Público piauiense, das normas trabalhistas relativas à higiene, segurança e saúde dos trabalhadores. 2. Reclamação improcedente. Prejudicado o agravo regimental interposto. (Rcl 3303, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 19/11/2007, DJe-088 DIVULG 15-05-2008 PUBLIC 16-05-2008 EMENT VOL-02319-02 PP-00312)(ênfase acrescentada)

No voto proferido no sobredito julgado, o eminente Ministro Celso de

Mello assentou que “O fato é que essa ‘causa petendi’ estaria a sugerir, longe de qualquer

debate sobre a natureza do vínculo (se laboral, ou não, se de caráter estatutário ou não), que

se pretende, na realidade, e numa perspectiva de metaindividualidade, (...), saber se normas

referentes à higiene e á saúde do trabalho estaria sendo observadas, ou não, por

determinado ente público.”.

Na sequência o Ministro Menezes direito esclareceu que “Exatamente por

esse aspecto o Relator não enfrentou a questão do vínculo. Examina-se, na realidade,

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CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

apenas a justiça para julgar uma ação civil pública relativa à higiene do trabalho.”, sendo

que o Ministro Relator, em arremate, afirmou “Que seria a justiça do trabalho”.

Na esteira do entendimento perfilhado por nossa Suprema Corte,

posicionou-se o Tribunal Superior Trabalho:

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA MOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO CONTRA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA ANTES DA SENTENÇA. EXTENSÃO A TODOS OS SERVIDORES, INCLUSIVE OS ESTATUTÁRIOS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSIVIDADE DO ATO JUDICIAL IMPUGADO. No presente caso, o ato judicial impugnado é a decisão antecipatória dos efeitos da tutela que, em ação civil pública movida pelo Parquet Trabalhista, deferiu pedidos relativos à adequação do meio ambiente de trabalho em face de ente público para todos os trabalhadores, independente do vínculo jurídico laboral, inclusive aos servidores estatutários. Ato judicial que não se mostra ilegal, abusivo ou teratológico, em face do entendimento manifestado pela Suprema Corte na Rcl. 3.303-PI, no sentido de que não há desrespeito ao decidido na ADI 3.395-MC quando a ação tem por objeto exigir o cumprimento, pelo Poder Público, das normas trabalhistas relativas à higiene, segurança e saúde dos trabalhadores. Aplicação da Súmula 736 do STF, incólume mesmo diante da decisão na ADI 3.395-MC. Precedente desta Corte. Aplicação analógica da Orientação Jurisprudencial nº 142 desta C. Subseção Especializada II. Recurso ordinário do litisconsorte Ministério Público do Trabalho provido, restaurando-se a íntegra do ato judicial impugnado.” (TST - RECURSO ORDINARIO RO 1870001920085010000 187000-19.2008.5.01.0000) (ênfase acrescentada)

Outrossim, cita-se o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça:

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. JUSTIÇA DO TRABALHO. SÚMULA N.º 736/STF. PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. Consoante entendimento sedimentado desta Corte Superior, é da Justiça do Trabalho a competência para julgamento de demanda promovida pelo Parquet, na qual se encontre em discussão o

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CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

cumprimento, pelo empregador, de normas atinentes ao meio ambiente do trabalho (AgRg no REsp n.º 509.574/SP, DJe de 01/03/2010; REsp n.º 240.343/SP, DJe de 20/04/2009; e REsp n.º 697.132/SP, DJ de 29/03/2006). 2. Inarredável a aplicação à hipótese da inteligência do enunciado sumular n.º 736/STF, litteris: "Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores", sendo irrelevante, para tanto, decorrerem as obrigações daí resultantes de previsão expressa na legislação vigente ou resultarem concomitantemente de termo de ajustamento de conduta firmado entre o empregador e o Ministério Público Estadual. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1116923/PR, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 05/11/2010) (ênfase acrescentada)

Por fim, cabe a transcrição do seguinte julgado do C. Tribunal Regional do

Trabalho da 18ª Região:

“1.Tema: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA MOVIDA CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA. SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO. VÍNCULO JURÍDICO ESTATUTÁRIO 2.Tese: A Justiça do Trabalho é competente para julgar ação para obrigar o poder público – mesmo nas relações afetas ao regime estatutário – a cumprir as normas de saúde, higiene e segurança do trabalho. 3.Síntese da Fundamentação: Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida independentemente da natureza do vínculo empregatício. Impropriedade de se utilizar a natureza do vínculo trabalhista (celetista ou estatutário) como parâmetro para definição de competência nas demandas desta espécie. A limitação de competência imposta à Justiça do Trabalho pela decisão do STF na ADI n.º 3395-6 não alcança as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. Nesse sentido, permanece inabalável a Súmula n.º 736 do STF. 4.Referências: 4.1 SÚMULA Nº 736/STF – Compete à justiça do trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. 4.2 ADI n.º 3395-6: Justiça do Trabalho. Incompetência reconhecida. Causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários.

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CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária. 4.3 Órgão: 4ª Turma/TST 4.4 Processo: RR-1218-92.2011.5.23.0008. 4.5 Disponibilização: DEJT – Nº1095/2012 – 30.10.12” (ênfase acrescentada)

Dessarte, nas ações em que seja tratado o cumprimento a normas de saúde,

higiene e segurança do trabalho à servidores públicos, independentemente do vínculo

destes, a competência será da Justiça do Trabalho, nos termos do Enunciado n.º 736 da

Súmula do Supremo Tribunal Federal.

II - ESCORÇO HISTÓRICO

O Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Superintendência

Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE/GO), em função de Processo

protocolizado sob o n.º 46208.013354/2014-01, firmou em desfavor da municipalidade

requerente Termo de Interdição da Unidade de Saúde CAIS GARAVELO tendo levantado

problemas de ordem técnica relativo à estrutura e funcionamento dessa unidade sanitária

(Documento anexo).

No decorrer da fiscalização efetivada pelos Auditores Fiscais do Trabalho,

foram detectadas irregularidades cujas correções ainda não foram sanadas integralmente,

mas para as quais já estão sendo adotadas medidas no sentido de cumprir tais

normatizações.

Paralelamente às fiscalizações do sobredito órgão federal, o próprio

Município já havia identificado alguns óbices ao bom funcionamento das unidades

sanitárias e diante dessa constatação programou reformulações para a sua melhoria.

Impende salutar, que as reformulações das unidades de saúde do

Município de Aparecida de Goiânia, em especial da Unidade Cais Garavelo, fazem parte de

um projeto de política pública já em implementação pela administração municipal.

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Em um primeiro momento, foi decidido que seria realizada uma reforma

física estrutural no Cais Garavelo, razão pela qual, deu-se início ao respectivo processo

licitatório, transferindo-se, por consequência da aludida reforma, os serviços prestados para

uma ala do Hospital Garavelo, entidade privada, que seria locada pelo Município.

Tal plano, contudo, foi descartado em face da exorbitância do valor da

locação que representaria um dispêndio anual de R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos

mil reais), visto que foi cobrado uma quantia mensal de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta

mil reais).

Diante desse cenário de altos custos, para locar uma parte do hospital

Garavelo, decidiu-se que a melhor conduta seria a construção de um novo hospital para

assumir a demanda do CAIS, com a vantagem de termos mais um hospital construído de

acordo com as normas de vigilância sanitária.

Nesse sentido, iniciou-se a confecção dos projetos estruturais, de

engenharia, elétricos, dentre outros, necessários para a contratação da empresa que realizará

a grandiosa obra.

Entre os elementos preparatórios e a própria realização da obra decorrerá

um lapso temporal considerável. Nesse sentido, sendo os serviços de saúde ali prestados

essenciais para a comunidade da região e tratando-se de serviço público que não pode

sofrer solução de continuidade a Secretaria Municipal de Saúde está promovendo uma

busca por imóveis para abrigar toda a estrutura do CAIS.

Registre-se que ainda não foi identificado um imóvel que comporte

satisfatoriamente a prestação de serviço atendendo os Protocolos do Ministério da Saúde e

dos próprios Conselhos – CREMEGO e CORENGO, e do Ministério do Trabalho e

Emprego, sendo que, tão logo sejam concluídas as formalidades relativas à locação do

imóvel, o atual prédio será demolido e será iniciado a construção do Hospital Garavelo,

dentro das condições técnicas de funcionamento.

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9 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia.

CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Como se vê Excelência, o requerente tem plena consciência das

limitações de funcionamento das unidades de saúde, mais especialmente do CAIS

GARAVELO, no entanto, não quedou-se inerte diante dos vários obstáculos, especialmente

o financeiro, quando é sabido que o orçamento municipal é enxuto.

Impende destacar, contudo, que as reformulações a serem implantadas na

seara sanitária de Aparecida de Goiânia, dada a sua proporção, requer as devidas cautelas

do Poder Público, de modo que a conduta da Superintendência Regional do Trabalho e

Emprego em Goiás, certamente pode contribuir para o maior comprometimento dos

serviços de saúde que já são prestados.

Com efeito, o Secretário Municipal de Saúde, no dia 24.09.2014, nos

termos do OFÍCIO/SEINT/SRTE/GO/N.º 260/2014, tomou conhecimento da interdição do

CAIS em vertente, o qual estava em pleno funcionamento, com média de 600 (seiscentos)

atendimentos por dia, ressaltando-se que, no dia 25.09.2014, havia 05 (cinco) pacientes

internados em razão da não existência de vagas em outras unidades, sendo que, somente no

período entre 20 à 24 de setembro, foram solicitadas 37 (trinta e sete) vagas para

internação.

Nesse sentido, é patente o prejuízo à população causado pelo

cumprimento do Termo de Interdição do CAIS Garavelo, pois a pretexto de exigir do Poder

Público Municipal a proteção à saúde do trabalhador, impõe medida que efetivamente

suspenderá sumariamente todos os serviços prestados na mencionada unidade de

saúde.

Não obstante, com o intuito de resolver o problema, conforme Termo de

Audiência anexo à presente, a qual foi realizada no dia seguinte à notificação do Secretário

de Saúde sobre a interdição, representantes deste Município, com a intermediação do

Procurador do Trabalho, Dr. Antônio Carlos Cavalcante, reuniram-se com a Auditora Fiscal

do Trabalho, Sra. Jaqueline Carrijo, a qual não aceitou a proposta oferecida pelos primeiros

para promover a correção das irregularidades aventadas, com a interrupção parcial do

atendimento prestado no CAIS Garavelo.

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10 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia.

CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Ora Excelência, sem adentrar aos elementos técnicos que fundamentaram

o Termo de Interdição em questão, conforme será demonstrado nos pontos seguintes desta

peça de começo, a medida tomada pelo órgão fiscalizado do Ministério do Trabalho, de

inopino e em patente violação aos princípios da razoabilidade e da continuidade do serviço

público, não contribuirão para a melhoria dos serviços de saúde, pelo contrário, poderão ter

por consequência o absoluto comprometimento dos serviços de saúde que são prestados

diariamente e dos quais a sociedade não pode prescindir.

III – DO DIREITO

3.1. DO DIREITO AMEAÇADO

Sobreleva anotar de início que a atuação dos Servidores da

Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, ao lavrarem o Termo de Interdição do

CAIS Garavelo, está fundamentada no art. 200, inciso II, da Constituição da República,

segundo o qual compete ao Sistema Único de Saúde colaborar na proteção do meio

ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Todavia, nota-se que a atuação dos auditores fiscais responsáveis pela

lavratura do termo ora impugnado se deu de forma truculenta e abusiva, implicando, por

conseguinte na ameaça ao direito de grande parte dos habitantes do Município de

Aparecida de Goiânia à saúde pública, que de acordo com o art. 196 da Carta Magna, “é

direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem a redução do risco de doença e de outros agravos e acesso universal e igualitário às

ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”.

Apesar das irregularidades apontadas pelo Termo, a interdição foi

imposta sem a fixação de prazo razoável para saná-las, gerando prejuízo maior à prestação

de serviço público de saúde para toda a população aparecidense.

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11 Rua São Domingos, Área Pública 09, Sl. 03, Setor Central, Aparecida de Goiânia.

CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Destarte, é inconcebível a interdição com fulcro em irregularidades físicas

estruturais quando é sabido que toda uma população que depende dos serviços médicos e de

enfermagem, ante o preciosismo em ter uma unidade sanitária de primeiro mundo, quando

a realidade brasileira esbarra na reserva do possível, diante do precário orçamento

financeiro.

De acordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,

dentre as atitudes a serem tomadas para a resolução da presente lide, deverá se buscar

aquela que traga menos prejuízo às partes envolvidas. É o que explica o elucidativo trecho

da obra do notável Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de Direito Administrativo,

Malheiros Editores, 14ª edição, 2002, pg. 93/94, texto original não está grifado), transcrito

abaixo:

“Enuncia-se com este princípio que a Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida. Vale dizer: pretende-se colocar em claro que não serão apenas inconvenientes, mas também ilegítimas – e, portanto, jurisdicionalmente invalidáveis -, as condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadas com desconsideração ás situações e circunstâncias que seriam atendidas por quem tivesse atributos normais de prudência, sensatez e disposição de acatamento às finalidades da lei atributiva da discrição manejada.”

Outro princípio que deve nortear o julgador é o da proporcionalidade em

sentido estrito. Segundo este princípio a decisão deve se justificar não apenas por atingir o

fim almejado, mas não pode impor aos envolvidos um prejuízo maior que os benefícios por

ela alcançados. Deve, assim, ser passível de alcançar o fim a que se destina, mas acarretar

aos envolvidos maiores bônus do que ônus. O juiz deve se preocupar com os efeitos

prejudiciais ou benéficos que a decisão por ele proferida irá produzir.

Dessarte, o que se busca, na espécie, é a nulidade do termo de

interdição fustigado, haja vista que, de forma a assegurar a aplicação do art. 196 da

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CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Constituição da República e a observância aos princípios da razoabilidade e

proporcionalidade, caberia aos órgãos fiscalizadores a imposição da interdição do

CAIS Garavelo como medida extrema, caso não fossem corrigidas as irregularidades

verificadas.

3.2. DA IMPORTÂNCIA DO CAIS GARAVELO

O Cais Garavelo é uma unidade de sanitária de grande importância

municipal, pois de acordo com o relatório de atendimento do mês de agosto, em anexo,

houve 8.474 (oito mil, quatrocentos e setenta e quatro) atendimento de urgência/emergência

entre Clinicas e Pediatria; 1.024 (mil e vinte e quatro) atendimentos na seara odontológica;

12.741 (doze mil e setecentos e quarenta e um) procedimentos realizados por enfermeiros;

52.275 (cinqüenta e dois mil e duzentos e setenta e cinco) procedimentos adotados por

técnicos em enfermagem; 398 (trezentos e noventa e oito) procedimentos relativos a

exames de imagem e 1.595 (mil e quinhentos e noventa e cinco) exames de sangue relativo

a suspeita de dengue.

Atualmente, o Município não tem unidade de saúde que possa absorver

tamanha demanda, além de não ter para onde transferir os pacientes entubados, na qual

respiram por aparelhos, até que seja disponibilizado Unidade de Terapia Intensiva com

capacidade para recebê-los.

De acordo com o memorando nº 209 da Coordenação Médica da Atenção

às Urgências, entre os dias 01.09.2014 a 08.09.2014, passaram pelo CAIS GARAVELO 46

(quarenta e seis) pessoas que não podem aguardar em casa vaga em hospitais para

tratamento de patologias de maior complexidade, portanto, foram internados naquela

unidade. Esta internação provisória é feita no período de 24 (vinte e quatro) a 72 (setenta e

duas) horas e durante esse tempo é oferecido aos pacientes um acompanhamento mínimo

necessário antes da disponibilização de vagas em um hospital com maior estrutura.

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Nessa conjuntura, o CAIS GARAVELO funciona como um monitorador

e mantenedor dos sinais vitais básicos das pessoas, significando uma grande diferença entre

a vida e a morte de inúmeros de pacientes.

Ademais disso, no CAIS Garavelo é disponibilizado serviço médico de

acompanhamento diário do hipertenso e do diabético, Programa HIPEDIA - que atende

atualmente 850 (oitocentos e cinquenta) pacientes, cuja suspensão comprometerá

seriamente os serviços de saúde.

Nesse contexto, é que se requer adoção de medida pelo Poder Judiciário

que vise impedir a interdição da Unidade de Saúde em questão, sob pena de em não fazê-lo,

haver cessação dos serviços de saúde lá prestados, situação que pode levar a óbito inúmeras

de vidas que dependem daquela unidade.

Com efeito, cumpre ressaltar que a interdição do CAIS Garavelo gerará

um aumento da demanda de serviço das demais unidades de saúde do Município e no

comprometimento dos atendimentos já realizados por estas, que não têm condições de

suportar o repentino acréscimo do volume de serviços.

Esta situação, demonstra mais uma vez que não há como ocorrer a

interdição do CAIS Garavelo de forma imediata, sendo necessário haver toda uma

readequação dos serviços prestados pela Secretaria Municipal de Saúde com a relotação de

servidores, materiais, utensílios, móveis e medicamentos.

3.3. DO PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO

De acordo com o magistério do aclamado Hely Lopes Meirelles o

“serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob

normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da

coletividade, ou simples conveniências do Estado”.

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CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Deste modo, com fulcro no princípio da continuidade do serviço público

o mesmo não pode sofrer interrupção, ainda mais quando se trata de serviços uti universi

(serviço geral), exatamente por ser o mesmo indivisível, isto é, por não ser mensurável a

sua utilização, não sendo, portanto, individualizado, mantido por impostos pagos por todo e

qualquer cidadão e não por taxa ou preço público. Da mesma forma, por se tratar de

unidade sanitária, a interrupção do serviço é juridicamente impossível, pois o que está em

jogo é a saúde pública, manifestada no bem maior, a vida.

Desta feita, é inconcebível a paralisação do CAIS Garavelo por dois

motivos: um por causa do princípio da continuidade do serviço público; dois porque o

serviço prestado é uti universi, advindo dos impostos pagos pelos cidadãos, sendo,

portanto, compulsório e não facultativo.

Outro não é o entendimento jurisprudencial sobre o assunto:

MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA. INTERDIÇÃO ÉTICA DE HOSPITAL EM DEFESA DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL E DA SAÚDE PÚBLICA QUE REDUNDA POR IMISÇÃO INDEVIDA EM COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO SANITÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. LEGALIDADE E RAZOABILIDADE. 1. O Conselho Regional de Medicina não tem competência para determinar a transferência de pacientes internados e nem determinar a responsabilidade por tal transferência, aspectos jungidos às atribuições das autoridades de vigilância sanitária, inda mais na hipótese destes autos que redundaria por fechar o único hospital da região dedicado ao tratamento de doenças infecto-contagiosas, o que não se avulta razoável. 2. A essencialidade e a continuidade do serviço público em questão impõe, sob contextura que tal, que se afastem os efeitos da decisão do CRM, de resto absolutamente bem intencionada, mas que esbarra nos princípios da legalidade e da razoabilidade. 3. Apelação e remessa oficial não providas. (AMS 0031301-05.1997.4.01.0000 / RO, Rel. JUIZ CARLOS ALBERTO SIMÕES DE TOMAZ (CONV.), TERCEIRA TURMA SUPLEMENTAR (INATIVA), DJ p.222 de 27/03/2003)

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CEP: 74.980-970 Fone: (62) 3545-5816/3545-5874

Não obstante, fica mais do que demonstrado que o serviço de saúde não

pode sofrer interrupções, justamente por amparar a vida, bem jurídico de maior

envergadura, o que por si só afasta qualquer hipótese de paralisação do serviço, pois a sua

suspensão gerará incomensuráveis prejuízos para toda a comunidade.

Com efeito, a importância da manutenção dos serviços públicos de saúde

é tão elevada que, malgrado o reconhecimento do direito de greve aos servidores públicos,

com a aplicação da Lei Federal n. 7.783, de 28 de junho de 1989, é imperioso anotar que o

Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Rcl 6568, realizado no dia 21.5.2009, com

relatoria do então Ministro Eros Grau, asseverou que a conservação do bem comum exige

que certas categorias de servidores públicos, dentre as quais aquelas integradas à saúde

pública, sejam privadas do exercício do direito de greve, em defesa da conservação e

efetiva proteção de outros direitos igualmente salvaguardados pela Constituição do

Brasil.

Leia-se, na íntegra, a ementa do referido julgado:

“EMENTA: RECLAMAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. POLICIAIS CIVIS. DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. SERVIÇOS OU ATIVIDADES PÚBLICAS ESSENCIAIS. COMPETÊNCIA PARA CONHECER E JULGAR O DISSÍDIO. ARTIGO 114, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DIREITO DE GREVE. ARTIGO 37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEI N. 7.783/89. INAPLICABILIDADE AOS SERVIDORES PÚBLICOS. DIREITO NÃO ABSOLUTO. RELATIVIZAÇÃO DO DIREITO DE GREVE EM RAZÃO DA ÍNDOLE DE DETERMINADAS ATIVIDADES PÚBLICAS. AMPLITUDE DA DECISÃO PROFERIDA NO JULGAMENTO DO MANDADO DE INJUNÇÃO N. 712. ART. 142, § 3º, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO. AFRONTA AO DECIDIDO NA ADI 3.395. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA DIRIMIR CONFLITOS ENTRE SERVIDORES PÚBLICOS E ENTES DA ADMINISTRAÇÃO ÀS QUAIS ESTÃO VINCULADOS. RECLAMAÇÃO JULGADA PROCEDENTE. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o MI n. 712, afirmou entendimento no sentido de que a Lei n. 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve dos trabalhadores em

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geral, é ato normativo de início inaplicável aos servidores públicos civis, mas ao Poder Judiciário dar concreção ao artigo 37, inciso VII, da Constituição do Brasil, suprindo omissões do Poder Legislativo. 2. Servidores públicos que exercem atividades relacionadas à manutenção da ordem pública e à segurança pública, à administração da Justiça --- aí os integrados nas chamadas carreiras de Estado, que exercem atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária --- e à saúde pública. A conservação do bem comum exige que certas categorias de servidores públicos sejam privadas do exercício do direito de greve. Defesa dessa conservação e efetiva proteção de outros direitos igualmente salvaguardados pela Constituição do Brasil. 3. Doutrina do duplo efeito, segundo Tomás de Aquino, na Suma Teológica (II Seção da II Parte, Questão 64, Artigo 7). Não há dúvida quanto a serem, os servidores públicos, titulares do direito de greve. Porém, tal e qual é lícito matar a outrem em vista do bem comum, não será ilícita a recusa do direito de greve a tais e quais servidores públicos em benefício do bem comum. Não há mesmo dúvida quanto a serem eles titulares do direito de greve. A Constituição é, contudo, uma totalidade. Não um conjunto de enunciados que se possa ler palavra por palavra, em experiência de leitura bem comportada ou esteticamente ordenada. Dela são extraídos, pelo intérprete, sentidos normativos, outras coisas que não somente textos. A força normativa da Constituição é desprendida da totalidade, totalidade normativa, que a Constituição é. Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a regra. Ocorre, contudo, que entre os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe sejam prestados plenamente, em sua totalidade. Atividades das quais dependam a manutenção da ordem pública e a segurança pública, a administração da Justiça --- onde as carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária --- e a saúde pública não estão inseridos no elenco dos servidores alcançados por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos armados: as atividades desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação aos quais a Constituição expressamente proíbe a greve [art. 142, § 3º, IV]. 4. No julgamento da ADI 3.395, o Supremo Tribunal Federal, dando interpretação conforme ao artigo 114, inciso I, da Constituição do Brasil, na redação a ele conferida pela EC 45/04, afastou a competência da Justiça do Trabalho para dirimir os conflitos decorrentes das relações travadas entre servidores públicos e entes da Administração à qual estão vinculados. Pedido julgado procedente.” (Rcl 6568, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em

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21/05/2009, DJe-181 DIVULG 24-09-2009 PUBLIC 25-09-2009 EMENT VOL-02375-02 PP-00736)

Segundo excerto do voto proferido pelo Relator no julgamento

supracitado, o exame do objeto da Reclamação n. 6568 permitiu à Corte Suprema

“esclarecer e demarcar adequadamente o sentido mais correto e a amplitude da decisão

proferida no julgamento do MI n. 712”, de forma a constatar que, malgrado o direito de

greve esteja “integrado ao patrimônio jurídico dos servidores públicos” ele “não é, todavia,

absoluto”, em razão da natureza das atividades que determinadas classes de servidores

públicos exercem.

Mais à frente, o Eminente Ministro admoesta em seu voto condutor que

“[...] quanto às atividades dos serviços de saúde [...] a recusa dessa prestação é

inadmissível mercê, da dicção de Karl Larenz, 10 de limitação imanente ao próprio

instituto contratual. Essa recusa contraria os bons costumes e caracterizará, em certas

circunstâncias, o delito de omissão de socorro.”. (ênfase acrescentada)

Em arremate, o ex-Ministro Eros Grau proferiu seu voto julgando

procedente a reclamação e: “recomendando a prudência que esta Corte não somente afirme

a proibição do exercício do direito de greve pelos policiais civis do Estado de São Paulo,

mas também de quantos outros servidores públicos desempenhem atividades

relacionadas [...] à saúde pública, [...].”.

Na esteira deste entendimento traçado pelo STF, é inarredável a

constatação de que os direitos fundamentais à vida e à saúde pública, respectivamente

previstos pelos arts. 5º, caput, 6º, caput, 23, II, 24, XII, 30, VII, e 196, todos Constituição

da República, não podem ser limitados em função da interdição de estabelecimentos

prevista pelo art. 161 da CLT.

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Tal assertiva se justifica no fato de que, em relação aos

estabelecimentos públicos, mormente no que concerne aos que prestam serviços de

atendimento à saúde da população, a sobredita norma celetista NÃO DEVERÁ SER

APLICADA, COM TODA A SUA RISPIDEZ, como pretende órgão fiscalizador do

Ministério do Trabalho.

Em verdade, diferentemente do que ocorre no direito privado, em

que a interdição do estabelecimento nos termos do art. 161 da CLT poderá resultar,

na pior das hipóteses, na diminuição dos ganhos do titular do capital, no âmbito da

Administração Pública, em especial no prestação da assistência básica à saúde da

população, a interdição do CAIS GARAVELO implicará no afrontamento a interesses

coletivos e sociais de todos os cidadãos que necessitam da prestação do serviço público

lá oferecido.

IV – DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

O instituto da tutela antecipada é de extrema relevância no direito

processual brasileiro, pois colima dividir o ônus da demora processual que quase sempre foi

arcada pelo autor da ação, que por muitas vezes se viu esvaziada a proteção jurisdicional

ante a perda do objeto, exatamente por existir urgência no caso em exame, senão vejamos o

escólio do douto doutrinador Marcus Vinícius Rios Gonçalves1 sobre o assunto:

“A tutela antecipada conduz à possibilidade de uma melhor distribuição do ônus de suportar a demora na solução do litígio. Se o juiz a concede, o autor se satisfará, ainda que provisoriamente, desde logo, em detrimento do réu, que passará a suportar os ônus da demora. [...] Em suma, a concessão da tutela antecipada permite que o requerente obtenha agora um benefício que ele só receberia no futuro, com a prolação da sentença. Esse benefício lhe é atribuído em caráter

1 Novo Curso de Direito Processual Civil, 2ª edição, 2005, pág.

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provisório e em cognição superficial, pois o julgamento definitivo e exauriente só se fará no momento oportuno. (destaque nosso)

Fez-se mister, então, a criação de uma forma diferenciada de

prestação da tutela jurisdicional, em que se obtivesse tutela satisfativa com celeridade.

Surge então a tutela antecipada, forma de tutela sumária, em que o juiz presta uma tutela

jurisdicional satisfativa, no bojo do processo de conhecimento, com base em juízo de

probabilidade.

Portanto, a antecipação da tutela jurisdicional consiste em permitir a

produção dos efeitos da sentença de procedência do pedido do autor desde o início da

demanda processual (ou desde o momento em que o juiz tenha se convencido da

probabilidade de existência do direito afirmado pelo demandante), desde que se

convença dos requisitos previstos em lei.

Percebe-se da leitura do excerto acima que a tutela antecipada tem como

objetivo proporcionar ao autor do feito, já no início do processo, uma prestação

jurisdicional satisfativa consistente na concessão antecipada dos efeitos da sentença, ou de

alguns deles, desde que preenchidos os requisitos definidos em lei.

Estes requisitos estão prescritos no artigo 273 do CPC transcrito abaixo:

“Art. 273 do CPC: O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação: I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou manifesto protelatório do réu. § 2° - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.”

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É fácil identificarmos, a partir do estudo do contexto fático e jurídico no

qual se fundamenta a presente ação, a presença dos requisitos ensejadores da tutela

antecipada.

A prova inequívoca da verossimilhança da alegação se faz presente de

forma irrefutável, pois o instituto da interdição de estabelecimentos previsto no art. 161 da

CLT não pode ser aplicado indistintamente aos serviços públicos essenciais como ocorreu

no caso em espécie, sob pena de ofensa ao art. 196 da Constituição da República, bem

como aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e da continuidade do serviço

público.

Importante repisar que o Município de Aparecida em nenhum momento

se esquivou de realizar a execução das irregularidades noticiadas no Termo de Interdição

em estudo, pelo contrário, segundo Termo de Audiência realizada na Procuradoria Geral do

Trabalho em Goiás (documento anexo) foi esclarecido que a Administração já tomou

providências administrativas sobre a limpeza, troca de mobiliário etc. e apresentou proposta

de interdição parcial do CAIS Garavelo, em relação ao atendimento ambulatorial, com a

manutenção somente do serviço de Emergência, nos seguintes termos:

“1) No prazo de uma semana (oito) dias a desmobilização da parte ambulatorial do CAIS Garavelo; 2) No prazo de 60 (sessenta) dias para reforma da parte elétrica e hidráulica, bem como pintura interna do prédio;”

No que tange ao fundado receio de dano irreparável ou de difícil

reparação é óbvio e ululante a sua incidência, pois o CAIS Garavelo atende diariamente

inúmeras pessoas, além de existir pacientes entubados respirando por aparelhos mecânicos,

na qual a falta de monitoramento por parte dos profissionais médicos e enfermeiros pode

ocasionar o óbito dos mesmos.

Por fim, o efeito da antecipação da tutela é totalmente reversível, podendo

ser modificada a qualquer momento, o que confirma a sua incidência.

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A propósito, cabe registrar que a 6ª Vara Federal da Seção Judiciária do

Estado de Goiás, nos autos do Processo n.º 33482-56.2014.4.01.3500, proferiu decisão

liminar reconhecendo que a aplicação de medida que implicaria na interdição da prestação

dos serviços prestados no CAIS Garavalo “não seria a melhor solução” sobre a

fundamentação de que tal ato “causaria um grande prejuízo à população local, uma vez que

o Cais Garavelo é uma unidade de grande importância na rede de postos de atendimento à

saúde do Município de Aparecida de Goiânia, realizando mais de oito mil atendimentos de

urgência/emergência por mês”.

Contudo, resta demonstrada a materialização dos requisitos ensejadores

da tutela antecipada, o que abarca a sua concessão de plano no sentido de que seja

determinada por Vossa Excelência a suspensão dos efeitos do Termo de Interdição do

CAIS GARAVELO proferido no processo protocolizado na Superintendência Regional do

Trabalho em Goiás sob o n.º 46208.013354/2014-01, em razão da patente

inconstitucionalidade do mesmo em razão da ofensa ao art. 196 da Constituição da

República, bem como aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e continuidade do

serviço público.

Caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer a

concessão de decisão liminarmente deferida, determinando a suspensão dos efeitos do

Termo de Interdição do CAIS GARAVELO proferido no processo protocolizado na

Superintendência Regional do Trabalho em Goiás sob o n.º 46208.013354/2014-01,

determinando-se ao Município de Aparecida adote as medidas propostas no Termo de

Audiência realizada na Procuradoria Geral do Trabalho em Goiás no dia 25.09.2014

(documento anexo).

V – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o MUNICÍPIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA,

por meio de sua PROCURADORIA JURÍDICA MUNICIPAL requer a Vossa

Excelência que:

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a) sem ouvir a outra parte, conceda a TUTELA ANTECIPADA a

suspensão dos efeitos do Termo de Interdição do CAIS GARAVELO proferido no

processo protocolizado na Superintendência Regional do Trabalho em Goiás sob o n.º

46208.013354/2014-01, ante a inequívoca inconstitucionalidade do mesmo em razão da

ofensa ao art. 196 da Constituição da República, bem como aos princípios da razoabilidade,

proporcionalidade e continuidade do serviço público, ante o enorme prejuízo a ser

suportado por toda a população aparecidense, certo que está em jogo à saúde pública e a

vida de vários cidadãos;

b) Todavia, caso Vossa Excelência não entenda dessa forma, que conceda

a antecipação da tutela, suspendendo-se os efeitos do Termo de Interdição do CAIS

GARAVELO proferido no processo protocolizado na Superintendência Regional do

Trabalho em Goiás sob o n.º 46208.013354/2014-01 e determinando ao Município de

Aparecida adote as medidas propostas no Termo de Audiência realizada na

Procuradoria Geral do Trabalho em Goiás no dia 25/09/2014 (documento anexo);

c) a citação da requerida por mandado para contestar a ação, sob pena de

incidir os efeitos da revelia;

d) no mérito julgue PROCEDENTE O PEDIDO, declarando a nulidade

do Termo de Interdição do CAIS GARAVELO proferido no processo protocolizado

na Superintendência Regional do Trabalho em Goiás sob o n.º 46208.013354/2014-01,

ante a imprescindível necessidade de funcionamento desta unidade sanitária, tudo com

fulcro no direito à saúde da população previsto no art. 196 da Constituição da República, e

também nos princípios razoabilidade, proporcionalidade e da continuidade do serviço

público.

e) seja condenado o réu nas verbas sucumbênciais.

Pretende comprovar o alegado por todos os meios de prova admitidos em

direito, principalmente pela prova documental e testemunhal.

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Dá ao valor da causa a importância de R$ 1.000,00 (hum mil reais) para efeitos meramente fiscais.

Por derradeiro, os procuradores municipais subscritores desta exordial,

com fulcro no artigo 365, IV do CPC declaram, para os devidos fins, sob pena de responsabilidade pessoal, que os documentos juntados aos autos são cópias fiéis dos originais.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Aparecida de Goiânia, 26 de setembro de 2014.

Tarcísio Francisco dos Santos

OAB/GO 6.726 Procurador Geral do Município

Izabel Pinto da Silva Schonholzer OAB/GO 19.429

Procuradora Municipal

Delano Del Buono José Carneiro OAB/GO 20.438

Procurador Municipal

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