nt 45_2011 - política nacional de saúde do trabalhador

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NOTA TÉCNICA 45 | 2011 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR Brasília, 20 de outubro de 2011.

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Política Nacional de Saúde Do Trabalhador

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  • NOTA TCNICA 45 | 2011

    POLTICA NACIONAL DE SADE DO TRABALHADOR

    Braslia, 20 de outubro de 2011.

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    POLTICA NACIONAL DE SADE DO TRABALHADOR

    1. INTRODUO: CONTEXTUALIZAO DO TEMA

    Sade do Trabalhador refere-se a um campo do saber que visa compreender

    as relaes entre o trabalho e o processo sade/doena. Nesta acepo, considera-

    se a sade e a doena como processos dinmicos, estreitamente articulados com os

    modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em determinado momento

    histrico. Parte do princpio de que a forma de insero dos homens, mulheres e

    crianas nos espaos de trabalho contribui decisivamente para formas especficas

    de adoecer e morrer. O fundamento de suas aes deve ser a articulao

    multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial. (BRASIL, 2001)

    Por um lado o trabalho representa uma dimenso fundamental na

    estruturao do homem (individual e coletivo), no que se refere ao desenvolvimento

    de suas capacidades cognitivas, psicolgicas, espiritual, como tambm, em relao

    garantia das condies materiais de sobrevivncia. Por outro, ele tem sido, ao

    longo dos tempos, provocador de sofrimentos, adoecimentos e morte. Ou seja, os

    trabalhadores adoecem e morrem por causas relacionadas ao trabalho, como

    conseqncia direta das atividades profissionais que exercem ou exerceram, ou

    pelas condies adversas em que seu trabalho ou foi realizado. Desta forma, o

    trabalho impacta sobre o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores, contribuindo

    de forma direta os acidentes de trabalho e as chamadas doenas profissionais, e

    de forma indireta, nas chamadas doenas relacionadas com o trabalho.

    2. O PROCESSO DE DISCUSSO DA PROPOSTA:

    A presente Nota Tcnica pretende apresentar Minuta de Portaria com vistas a

    instituir Poltica Nacional de Sade do Trabalhador. Esta proposta vem sendo

    discutida a mais de 1 ano, sendo tema de diversos fruns, como reunies de

    dirigentes estaduais de Sade do Trabalhador, reunies nacionais de Centros

    Regionais de Sade do Trabalhador CEREST, dentre outros. A partir destas 2

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    contribuies, grupo de trabalho institudo pela Coordenao Geral de Sade do

    Trabalhador - COSAT do Departamento de Vigilncia em Sade do Trabalhador da

    Secretaria de Vigilncia em Sade elaborou uma primeira verso, submetida a

    seguir a um processo de construo compartilhada e debate em sub-grupo institudo

    pelo Grupo de Trabalho de Vigilncia em Sade da Cmara Tcnica da CIT GTVS

    e na Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador do Conselho Nacional de

    Sade.

    Aps avaliao e contribuies do GTVS, foi publicada pelo Ministrio da

    Sade em 19 de maio de 2011 Consulta Pblica que recebeu desta data at o ltimo

    dia 20 de julho, diversas sugestes, que depois de consolidadas em um novo

    documento, foram novamente levadas para avaliao do GTVS.

    O documento aqui apresentado , portanto o fruto de um processo que

    contou com ampla participao e se mostrou bastante produtivo.

    3. A PROPOSTA DE POLTICA NACIONAL DE SADE DO TRABALHADOR:

    A Poltica Nacional de Sade do Trabalhador tem por propsito definir os

    princpios, as diretrizes e as estratgias a serem observados nas trs esferas de

    gesto do SUS federal, estadual e municipal, para o desenvolvimento da ateno

    integral sade do trabalhador, com nfase na vigilncia, visando a promoo e a

    proteo da sade dos trabalhadores e a reduo da morbimortalidade decorrente

    dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos.

    3.1. Princpios norteadores:

    So norteadores desta proposta todos os princpios fundamentais e

    programticos do Sistema nico de Sade, alm de incorporar alguns outros. Todos

    eles so traduzidos luz das especificidades da rea de sade do trabalhador,

    sendo aqui citados (assim como a seguir as estratgias e diretrizes) e detalhados na

    Minuta de Portaria constante no anexo desta nota tcnica.

    1. Universalidade

    2. Integralidade 3

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    3. Participao da comunidade, dos trabalhadores e do Controle Social

    4. Descentralizao

    5. Hierarquizao

    6. Equidade

    7. Responsabilidade sanitria

    8. Precauo

    3.2. Diretrizes: 1. Fortalecimento da Vigilncia em Sade do Trabalhador e integrao com os

    demais componentes da Vigilncia em Sade;

    2. Promoo da sade e de ambientes e processos de trabalho saudveis;

    3. Garantia da integralidade na ateno sade do trabalhador.

    3.3. Estratgias: 1. Integrao da Vigilncia em Sade do Trabalhador com os demais

    componentes da Vigilncia em Sade e com a Ateno Primria em Sade;

    2. Anlise do perfil produtivo e da situao de sade dos trabalhadores;

    3. Estruturao da Rede Nacional de Ateno Integral Sade do Trabalhador

    (RENAST) no contexto da Rede de Ateno Sade, incorporando em

    todos os nveis de ateno e esferas de gesto do SUS a capacidade de

    identificao da relao entre o trabalho e o processo sade-doena.

    4. Fortalecimento e ampliao da articulao intersetorial

    5. Estmulo participao da comunidade, dos trabalhadores e do Controle

    Social.

    6. Desenvolvimento e capacitao de recursos humanos

    7. Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas

    8. Garantia do financiamento das aes de sade do trabalhador

    O financiamento das aes de sade de responsabilidade das trs

    esferas de governo, conforme o disposto na Constituio Federal e nas

    Leis No 8.080 e No 8.142 de 1990.

    O desenvolvimento da PNST no SUS deve ser garantido atravs das

    fontes de financiamento do prprio sistema de sade, devendo ser 4

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    contemplada de modo adequado e permanente nos oramentos de

    sade da Unio, Estados, Municpios e DF, alm de outras fontes.

    As aes de sade do trabalhador, a serem desenvolvidas conforme

    esta Poltica e as polticas estaduais e municipais de sade devero:

    - Contar com a respectiva previso oramentria, definida nos

    planos e nas programaes anuais de sade, nas trs esferas

    de gesto do SUS.

    - Ser includas nos planos de sade com especificao das

    respectivas necessidades oramentrias e financeiras em cada

    um dos blocos de financiamento do SUS, conforme legislao

    especfica Bloco da Ateno Bsica, Bloco da Mdia e Alta

    Complexidade, Bloco da Vigilncia e Promoo da Sade e

    Bloco de Gesto , uma vez que as aes de sade do

    trabalhador devem ser executadas por todos os pontos da rede,

    conforme a complexidade e densidade tecnolgica de cada uma

    delas.

    - Podero ser pactuados, nas instncias intergestores, incentivos

    especficos para as aes de promoo e vigilncia em sade

    do trabalhador, a serem inseridos nos pisos variveis dos

    componentes de vigilncia e promoo da sade e da vigilncia

    sanitria (Portaria GM/MS N 3.252/09).

    3.4. Responsabilidades das esferas de gesto A implementao da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador (PNST) deve

    ser assumida de forma compartilhada e solidria pelas trs esferas de gesto do

    SUS, considerando ser competncia do SUS a execuo de aes e servios de

    promoo, vigilncia e ateno integral sade do trabalhador, em conformidade

    com a Constituio Federal e a Lei Orgnica da Sade.

    3.4.1. Do Gestor Federal (Ministrio da Sade): 1. Coordenar, em mbito nacional, a implementao da Poltica Nacional de

    Sade do Trabalhador;

    2. conduzir as negociaes nas instncias do SUS, visando inserir aes,

    metas e indicadores de sade do trabalhador no Plano Nacional de Sade 5

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    e na Programao Anual de Sade, a partir de planejamento estratgico

    que considere a PNST;

    3. alocar recursos oramentrios e financeiros para a implementao desta

    Poltica, aprovados no Conselho Nacional de Sade (CNS);

    4. desenvolver estratgias visando o fortalecimento da participao da

    comunidade, dos trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e

    fortalecimento da Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador do CNS;

    5. apoiar tecnicamente as Secretarias de Sade dos Estados, do Distrito

    Federal e dos Municpios, na implementao e execuo da PNST;

    6. promover a incorporao de aes e procedimentos de vigilncia e de

    assistncia sade do trabalhador junto Rede de Ateno Sade,

    considerando os diferentes nveis de complexidade, tendo como centro

    ordenador a Ateno Primria em Sade;

    7. monitorar, em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de

    Sade, os indicadores pactuados para avaliao das aes e servios de

    sade dos trabalhadores;

    8. estabelecer rotinas de sistematizao, processamento, anlise e

    divulgao dos dados gerados nos Municpios e nos Estados a partir dos

    sistemas de informao em sade, de acordo com os interesses e

    necessidades do planejamento estratgico desta Poltica;

    9. elaborar perfil produtivo e epidemiolgico, a partir de fontes de informao

    existentes e de estudos especficos, com vistas a subsidiar a programao

    e avaliao das aes de ateno sade do trabalhador;

    10. promover a articulao intersetorial com vistas promoo de ambientes e

    processos de trabalho saudveis e ao acesso s informaes e bases de

    dados de interesse sade dos trabalhadores;

    11. participar da elaborao de projetos de lei e elaborar normas tcnicas

    pertinentes rea, com a participao de outros atores sociais como

    entidades representativas dos trabalhadores, universidades, organizaes

    no-governamentais e dos rgos legislativos;

    12. promover e articular a formao e a capacitao em sade do trabalhador

    dos profissionais de sade do SUS, da comunidade, dos trabalhadores e

    6

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    do controle social junto Poltica Nacional de Educao Permanente em

    Sade;

    13. desenvolver estratgias de comunicao e elaborar materiais de

    divulgao visando disponibilizar informaes do perfil produtivo e

    epidemiolgico relativos sade dos trabalhadores;

    14. conduzir a reviso peridica da listagem oficial de doenas relacionadas ao

    trabalho no territrio nacional e a incluso do elenco prioritrio de agravos

    relacionados ao trabalho na listagem nacional de agravos de notificao

    compulsria.

    3.4.2. Do Gestor Estadual (Secretarias de Estado da Sade) 1. Coordenar, em mbito estadual, a implementao da Poltica Nacional de

    Sade do Trabalhador;

    2. conduzir as negociaes nas instncias estaduais do SUS, visando inserir

    aes, metas e indicadores de sade do trabalhador no Plano Estadual de

    Sade e na Programao Anual de Sade, a partir de planejamento

    estratgico que considere a PNST;

    3. pactuar, alocar e buscar recursos oramentrios e financeiros, para a

    implementao desta Poltica, pactuados nas instncias de gesto e

    aprovados no Conselho Estadual de Sade (CES);

    4. desenvolver estratgias visando o fortalecimento da participao da

    comunidade, dos trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e

    fortalecimento da Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador do CES;

    5. apoiar tecnicamente e atuar de forma integrada com as Secretarias

    Municipais de Sade, os Centros de Referncia em Sade do Trabalhador,

    os servios e as instncias regionais de sade na implementao das

    aes de sade do trabalhador;

    6. promover a descentralizao das aes de promoo, vigilncia e

    assistncia sade do trabalhador na Rede de Ateno Sade,

    considerando os diferentes nveis de complexidade, tendo como centro

    ordenador a Ateno Primria em Sade e como referncia o PDRI;

    7. definir, em conjunto com os municpios, os mecanismos e os fluxos de

    referncia, contra-referncia e de apoio matricial, alm de outras medidas,

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  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    para assegurar o desenvolvimento de aes de promoo, vigilncia e

    assistncia em sade do trabalhador;

    8. realizar a pactuao regional e estadual das aes e dos indicadores de

    promoo, vigilncia e assistncia sade do trabalhador;

    9. monitorar, em conjunto com as Secretarias Municipais de Sade, os

    indicadores pactuados para avaliao das aes e servios de sade dos

    trabalhadores;

    10. regular, monitorar, avaliar e auditar as aes e a prestao de servios em

    sade do trabalhador, pblicos e privados, no mbito de sua competncia;

    11. garantir a implementao, na Rede de Ateno Sade do SUS e na rede

    privada, da notificao compulsria dos agravos sade relacionados ao

    trabalho, assim como do registro dos dados pertinentes sade do

    trabalhador no conjunto dos sistemas de informao em sade,

    alimentando regularmente os sistemas de informaes em seu mbito de

    atuao, estabelecendo rotinas de sistematizao, processamento e

    anlise dos dados gerados nos municpios, de acordo com os interesses e

    necessidades do planejamento desta Poltica;

    12. elaborar, em seu mbito de competncia, perfil produtivo e epidemiolgico,

    a partir de fontes de informao existentes e de estudos especficos, com

    vistas a subsidiar a programao e avaliao das aes de ateno

    sade do trabalhador;

    13. participar da elaborao de projetos de lei e elaborar normas tcnicas

    pertinentes rea, com outros atores sociais como entidades

    representativas dos trabalhadores, universidades, organizaes no

    governamentais e rgos legislativos;

    14. prover formao e capacitao em sade do trabalhador para os

    profissionais de sade do SUS, para a comunidade, os trabalhadores e o

    controle social, inclusive na forma de educao continuada, respeitadas as

    diretrizes da Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade;

    15. desenvolver estratgias de comunicao e elaborar materiais de

    divulgao visando disponibilizar informaes do perfil produtivo e

    epidemiolgico relativos sade dos trabalhadores;

    8

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    16. definir e executar projetos especiais em questes de interesse loco-

    regional, em conjunto com as equipes municipais, quando e onde couber;

    17. promover, no mbito estadual, a articulao intersetorial com vistas

    promoo de ambientes e processos de trabalho saudveis e ao acesso s

    informaes e bases de dados de interesse sade dos trabalhadores.

    3.4.3. Do Gestor Municipal (Secretaria Municipal de Sade) 1. Coordenar, em mbito municipal, a implementao da Poltica Nacional de

    Sade do Trabalhador;

    2. conduzir as negociaes nas instncias municipais do SUS, visando inserir

    aes, metas e indicadores de sade do trabalhador no Plano Municipal de

    Sade e na Programao Anual de Sade, a partir de planejamento

    estratgico que considere a PNST;

    3. pactuar, alocar e buscar recursos oramentrios e financeiros, para a

    implementao desta Poltica, pactuados nas instncias de gesto e

    aprovados no Conselho Municipal de Sade (CMS);

    4. desenvolver estratgias visando o fortalecimento da participao da

    comunidade, dos trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e

    fortalecimento da Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador do

    CMS;

    5. constituir referncias tcnicas em sade do trabalhador e/ou grupos

    matriciais responsveis pela implementao desta Poltica;

    6. participar, em conjunto com o Estado, da definio dos mecanismos e dos

    fluxos de referncia, contra-referncia e de apoio matricial, alm de outras

    medidas, para assegurar o desenvolvimento de aes de promoo,

    vigilncia e assistncia em sade do trabalhador;

    7. articular-se regionalmente quando da identificao de problemas e

    prioridades comuns;

    8. regular, monitorar, avaliar e auditar as aes e a prestao de servios em

    sade do trabalhador, pblicos e privados, no mbito de sua competncia;

    9. implementar, na Rede de Ateno Sade do SUS, e na rede privada, a

    notificao compulsria dos agravos sade relacionados com o trabalho,

    assim como o registro dos dados pertinentes sade do trabalhador no

    conjunto dos sistemas de informao em sade, alimentando regularmente 9

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    os sistemas de informaes em seu mbito de atuao, estabelecendo

    rotinas de sistematizao, processamento e anlise dos dados gerados no

    municpio, de acordo com os interesses e necessidades do planejamento

    desta Poltica;

    10. instituir e manter cadastro atualizado de empresas classificadas nas

    diversas atividades econmicas desenvolvidas no municpio, com indicao

    dos fatores de risco que possam ser gerados para os trabalhadores e para

    o contingente populacional direta ou indiretamente a eles expostos, em

    articulao com a vigilncia em sade ambiental;

    11. elaborar, em seu mbito de competncia, perfil produtivo e epidemiolgico,

    a partir de fontes de informao existentes e de estudos especficos, com

    vistas a subsidiar a programao e avaliao das aes de ateno

    sade do trabalhador;

    12. capacitar, em parceria com as Secretarias Estaduais de Sade e com os

    CEREST, os profissionais e as equipes de sade, a comunidade, os

    trabalhadores e o controle social, para identificar e atuar nas situaes de

    riscos sade relacionados ao trabalho, assim como para o diagnstico

    dos agravos sade relacionados com o trabalho, em consonncia com as

    diretrizes para implementao da Poltica Nacional de Educao

    Permanente em Sade;

    13. promover, no mbito municipal, articulao intersetorial com vistas

    promoo de ambientes e processos de trabalho saudveis e ao acesso s

    informaes e bases de dados de interesse sade dos trabalhadores.

    3.5. Parmetros para avaliao e acompanhamento da poltica: Cabe aos gestores de sade, das trs esferas de governo, o empenho

    permanente e contnuo no planejamento, monitoramento e avaliao da

    implementao da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador. A expresso concreta

    desse empenho deve estar contida nos instrumentos de gesto definidos pelo

    Sistema de Planejamento do SUS (PlanejaSUS), ou seja, os Planos de Sade e

    suas respectivas Programaes Anuais de Sade e Relatrios Anuais de Gesto.

    A avaliao e o acompanhamento desta Poltica, pelas trs esferas de gesto

    do SUS, devem ser conduzidos a partir das seguintes linhas de atuao: 10

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    1. Insero de aes de sade do trabalhador, considerando objetivos,

    diretrizes, metas e indicadores, no Plano de Sade, na Programao Anual

    de Sade e no Relatrio Anual de Gesto, em cada esfera de gesto do

    SUS, assim como na PPI, na Programao das Aes de Vigilncia em

    Sade e em outros instrumentos de gesto, pactuados nas instncias

    gestoras Colegiado de Gesto Regional (CGR), CIB e CIT, e aprovados

    pelos respectivos conselhos de sade.

    2. as aes de sade do trabalhador, em cada esfera de gesto, devem

    expressar com clareza e transparncia, os mecanismos e as fontes de

    financiamento;

    3. estabelecimento de investimentos nas aes de vigilncia, no

    desenvolvimento de aes na Ateno Primria em Sade e na

    regionalizao como eixos prioritrios para a aplicao dos recursos de

    sade do trabalhador;

    4. definio de interlocutor para o tema sade do trabalhador nas trs esferas

    de gesto do SUS;

    5. incluso pelo MS/SUS, de procedimentos demandados pela sade do

    trabalhador, na tabela nacional de procedimentos do SUS e na

    Programao Pactuada Integrada (PPI), garantindo o registro das aes de

    vigilncia, da ateno primria em sade, da ateno especializada,

    inclusive criando cdigo multiprofissional nas tabelas do Sistema de

    Informaes Ambulatoriais (SIA/SUS) e Sistema de Informaes

    Hospitalares (SIH/SUS) para todos os profissionais da rea de sade;

    6. produo de protocolos, de linhas guias e linhas de cuidado em sade do

    trabalhador, de acordo com os nveis de organizao da vigilncia e

    ateno sade;

    7. capacitao dos profissionais de sade da rede do SUS, visando

    implementao dos protocolos, das linhas guias e das linhas de cuidado

    em sade do trabalhador;

    8. definio dos fluxos de referncia, contra-referncia e de apoio matricial, de

    acordo com as diretrizes clnicas, as linhas de cuidado pactuadas no CGR

    e na CIB, garantindo a notificao compulsria dos agravos relacionados

    ao trabalho; 11

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    9. acompanhamento e avaliao dos indicadores de sade do trabalhador

    pactuados nos Pactos pela Vida, pela Sade, Programao das Aes de

    Vigilncia em Sade e na PPI, bem como acompanhamento da evoluo

    histrica e tendncias dos indicadores de morbimortalidade, nas esferas

    municipal, micro e macrorregionais, estadual e nacional.

    4. Consideraes finais:

    Conforme j foi destacado no item 2 desta Nota Tcnica, a presente

    proposta passou por um processo longo de discusso, que porm propiciou uma

    ampla participao dos diversos segmentos envolvidos (tanto nas instncias

    interfederativas, como do controle social).

    Dentre os principais avanos observados, destaca-se a incorporao da

    Sade do Trabalhador na Rede de Ateno, com vistas integralidade da ateno,

    incorporando diversos dos conceitos que j foram objeto de consenso tanto nas

    Assemblias e Cmaras Tcnicas do CONASS, como na CIT, a partir da pactuao

    da Portaria 4279 de 30 de dezembro de 2010.

    Abre-se aqui a perspectiva, a partir da incorporao dos conceitos

    propostos nesta poltica na prtica diria dos diversos pontos de ateno da Rede

    de Ateno, da efetiva insero da Sade do Trabalhador como parte integrante do

    Sistema nico de Sade, superando uma fragmentao histrica nesta rea.

    5. Referncias Bibliogrficas:

    1. CONASS Conselho Nacional de Secretrios de Sade. Vigilncia em Sade do

    Trabalhador. In: Vigilncia em Sade Parte 1. Coleo Para Entender a Gesto

    do SUS, Braslia: CONASS, 2011. vol. 5, cap. 7., pag. 232-258.

    2. BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Polticas de Sade, Departamento de

    Ateno Bsica. rea Tcnica de Sade do Trabalhador. Cadernos de Ateno

    Bsica n. 5 Sade do Trabalhador. Braslia, 2001, 66p.

    12

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    ANEXO

    PORTARIA N ,DE DE DE 2011.

    Institui, na forma do Anexo, a Poltica Nacional de Sade do Trabalhador.

    O MINISTRO DO ESTADO DA SADE, no uso da atribuio que lhe confere o inciso II do pargrafo nico art. 87 da Constituio; e

    Considerando que compete ao Sistema nico de Sade (SUS) a execuo das aes de

    sade do trabalhador, conforme determina a Constituio Federal; Considerando o papel do Ministrio da Sade de coordenar nacionalmente a poltica de

    sade do trabalhador, conforme determina a Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990; Considerando o alinhamento entre a poltica de sade do trabalhador e a Poltica Nacional

    de Segurana e Sade no Trabalho, em processo de construo articulado entre Ministrio da Sade, Ministrio do Trabalho e Emprego e Ministrio da Previdncia Social na Comisso Tripartite de Sade e Segurana no Trabalho, instituda por meio da Portaria Interministerial n 152, de 13 de maio de 2008;

    Considerando a necessidade de implementao de aes de sade do trabalhador em todos os nveis de ateno do SUS; e

    Considerando a necessidade da definio dos princpios, das diretrizes e das estratgias a serem observados nas trs esferas de gesto do SUS no que se refere sade do trabalhador, resolve:

    Art. 1 Fica instituda, na forma do Anexo, a Poltica Nacional de Sade do Trabalhador. Pargrafo nico. A Poltica Nacional de Sade do Trabalhador alinha-se com o conjunto de

    polticas de sade no mbito do SUS, considerando a transversalidade da rea de sade do trabalhador e o papel do trabalho enquanto determinante do processo sade-doena.

    Art. 2 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao.

    ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA

    13

  • | NOTA TCNICA | 45 | 2011

    ANEXO

    POLTICA NACIONAL DE SADE DO TRABALHADOR

    PRINCPIOS NORTEADORES

    1- Esta Poltica obedece todos os princpios fundamentais e programticos do Sistema nico de Sade, alm de incorporar alguns outros. Todos eles so traduzidos luz das especificidades da rea de sade do trabalhador.

    2- Universalidade 3- Todos os trabalhadores, homens e mulheres, independentemente de sua localizao,

    urbana ou rural, de sua forma de insero no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vnculo empregatcio, pblico ou privado, assalariado, autnomo, avulso, temporrio, cooperativados, aprendiz, estagirio, domstico, aposentado ou desempregado so objeto e sujeitos desta Poltica.

    4- Integralidade 5- A garantia da integralidade inclui a articulao entre as aes individuais, de assistncia

    e de recuperao dos agravos, com aes coletivas, de promoo, de preveno, de vigilncia dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de interveno sobre os fatores determinantes da sade dos trabalhadores; a articulao entre as aes de planejamento e avaliao com as prticas de sade; a articulao entre o conhecimento tcnico e os saberes, experincias e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas prticas institucionais. Isto requer mudanas substanciais nos processos de trabalho em sade, na organizao da rede de ateno e na atuao multiprofissional e interdisciplinar, que contemplem a complexidade das relaes trabalho-sade.

    6- Outra dimenso da integralidade a formalizao da relao entre os entes federados constituindo e definindo a Regio de Sade e que dever se expressar no Contrato Organizativo da Ao Pblica da Sade, com a finalidade de organizar e integrar as aes e servios de sade na rede regionalizada e hierarquizada, com definio de responsabilidades em relao sade do trabalhador, indicadores e metas de sade, critrios de avaliao de desempenho, recursos financeiros que sero disponibilizados, forma de controle e fiscalizao de sua execuo e demais elementos necessrios implementao integrada das aes e servios de sade.

    7- Participao da comunidade, dos trabalhadores e do Controle Social 8- A participao e o controle social um princpio fundante do Sistema nico de Sade

    (SUS), estabelecido na Constituio Federal de 1988 e na Lei Orgnica da Sade, tendo relevncia e especificidades na Poltica Nacional de Sade do Trabalhador. Partindo deste principio, a participao dos trabalhadores essencial nos processos de identificao das situaes de risco presentes nos ambientes de trabalho e das repercusses sobre a sua sade, bem como na formulao, no planejamento, acompanhamento e avaliao das intervenes sobre as condies geradoras dos agravos relacionados ao trabalho.

    9- Cabe s diversas instncias do SUS assumir como legtima a participao da sociedade nas decises envolvendo as polticas de sade do trabalhador, estabelecendo-se relaes ticas entre os representantes da comunidade, dos trabalhadores e do Controle Social, gestores e a equipe de sade.

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    10- A garantia da participao da comunidade e do Controle Social na formulao, no planejamento, no acompanhamento e na avaliao das polticas, contribui para o fortalecimento do exerccio da cidadania pela sociedade.

    11- Descentralizao 12- Observar este princpio organizativo do SUS requer a consolidao do papel do

    municpio como instncia efetiva de desenvolvimento das aes de ateno sade do trabalhador em seu territrio, de acordo com as necessidades e caractersticas de suas populaes.

    13- Hierarquizao 14- A construo da ateno integral sade do trabalhador passa pela integrao de todos

    os nveis de atuao do SUS, em funo de sua complexidade e densidade tecnolgica, considerando sua organizao em redes e sistemas solidrios e compartilhados entre as trs esferas de gesto e conforme a pactuao estadual e regional.

    15- Equidade 16- Esta Poltica deve contemplar todos os trabalhadores priorizando, entretanto, os grupos

    em situao de maior vulnerabilidade, como aqueles inseridos em atividades ou em relaes informais e precrias de trabalho, em atividades de maior risco para a sade, submetidos a formas nocivas de discriminao, ou ao trabalho infantil, na perspectiva de superar desigualdades sociais e de sade e de buscar a equidade na ateno. Grupos vulnerveis devem ser identificados e definidos a partir da anlise da situao de sade local e regional e da discusso com a comunidade, trabalhadores e outros atores sociais de interesse sade dos trabalhadores. As intervenes propostas devem considerar fundamentos ticos, o respeito dignidade das pessoas e s suas especificidades e singularidades culturais e sociais e a promoo do trabalho decente.

    17- Responsabilidade sanitria 18- O direito sade constitui-se num direito social derivado do direito vida, estabelecido

    na Declarao Universal dos Direitos Humanos (Resoluo 217, III, da Assemblia Geral da ONU, 10/09/1948). No Brasil, segundo a Constituio Federal de 1988, o direito sade um direito social (Art. 6) que decorre do princpio fundamental da dignidade humana (inciso III, Art. 1), cabendo ao Estado garanti-la mediante polticas sociais e econmicas, que visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao (Art. 196).

    19- Dessa forma, dever do poder pblico prover as condies e as garantias para o exerccio do direito individual e coletivo sade, com a ressalva de que o dever do Estado no exclui o das pessoas, da famlia, das empresas e da sociedade (art. 2, pargrafo 2 da Lei N 8.080/90). A responsabilidade sanitria comum s trs esferas de gesto do SUS federal, estadual e municipal, e deve ser desempenhada por meio da formulao, financiamento e gesto de polticas de sade que respondam s necessidades sanitrias, demogrficas e scio-culturais das populaes e superem as iniqidades existentes.

    20- Os gestores e os profissionais de sade devem desenvolver estratgias para identificar situaes que resultem em risco ou produo de agravos sade, adotando e ou fazendo adotar medidas de controle quando necessrio. Isto pressupe o entendimento de que os locais de trabalho so espaos de interesse pblico, cabendo ao SUS assumir sua

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    responsabilidade sanitria e constitucional de proteger a sade dos trabalhadores em seus locais de trabalho.

    21- Pressupe ainda, assumir um princpio tico-poltico da ao sanitria em sade do trabalhador, que compreende o entendimento de que o objetivo e a justificativa da interveno a melhoria das condies de trabalho e sade. Refere-se ao compromisso tico, que devem assumir gestores e profissionais de sade nas aes desenvolvidas, tanto no que diz respeito dignidade dos trabalhadores, ao direito informao fidedigna, ao sigilo, no que couber, das informaes relativas ao seu estado de sade e a sua individualidade, quanto em relao ao direito de conhecimento sobre o processo e os resultados das intervenes sanitrias, e de participao, inclusive na tomada de decises.

    22- Precauo 23- A incorporao do princpio da precauo pela rea da sade do trabalhador considera

    que, por precauo, medidas devem ser implantadas visando prevenir danos sade dos trabalhadores, mesmo na ausncia da certeza cientfica formal da existncia de risco grave ou irreversvel sade. Busca, assim, prevenir possveis agravos sade dos trabalhadores causados pela utilizao de processos produtivos, tecnologias, substncias qumicas, equipamentos e mquinas, entre outros. Requer, na tomada de deciso em relao ao uso de determinadas tecnologias, que o nus da prova cientfica passe a ser atribudo aos proponentes das atividades suspeitas de danos sade e ao ambiente.

    PROPSITO

    24- A Poltica Nacional de Sade do Trabalhador tem por propsito definir os princpios, as diretrizes e as estratgias a serem observados nas trs esferas de gesto do SUS federal, estadual e municipal, para o desenvolvimento da ateno integral sade do trabalhador, com nfase na vigilncia, visando a promoo e a proteo da sade dos trabalhadores e a reduo da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos.

    DIRETRIZES

    25- Diretriz 1 - Fortalecimento da Vigilncia em Sade do Trabalhador e integrao com os demais componentes da Vigilncia em Sade

    26- A Vigilncia em Sade do Trabalhador (VISAT) um dos componentes do Sistema

    Nacional de Vigilncia em Sade. Visa promoo da sade e a reduo da morbimortalidade da populao trabalhadora, por meio da integrao de aes que intervenham nos agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de desenvolvimento e processos produtivos (Portaria GM/MS N 3.252/09). A especificidade de seu campo dada por ter como objeto a relao da sade com o ambiente e os processos de trabalho, abordada por prticas sanitrias desenvolvidas com a participao dos trabalhadores em todas as suas etapas.

    27- Como componente da vigilncia em sade e visando integralidade do cuidado, a VISAT deve inserir-se no processo de construo da Rede de Ateno Sade, coordenada pela Ateno Primria Sade (Portaria GM/MS N 3.252/09). Nesta

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    perspectiva, a VISAT estruturante e essencial ao modelo de Ateno Integral em Sade do Trabalhador.

    28- A Vigilncia em Sade do Trabalhador compreende uma atuao contnua e sistemtica, ao longo do tempo, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos sade relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnolgico, social, organizacional e epidemiolgico, com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenes sobre esses aspectos, de forma a elimin-los ou control-los (Portaria GM/MS N 3.120/98).

    29- Princpios gerais: 30- O carter transformador: a Vigilncia em Sade do Trabalhador constitui um processo

    pedaggico que requer a participao dos sujeitos e implica em assumir compromisso tico em busca da melhoria dos ambientes e processos de trabalho. Dessa maneira, a ao de VISAT deve ter carter proponente de mudanas e de interveno sobre os fatores determinantes e condicionantes dos problemas de sade relacionados ao trabalho.

    31- A importncia das aes de promoo, proteo e preveno: partindo do entendimento de que os problemas de sade decorrentes do trabalho so potencialmente prevenveis, esta Poltica deve fomentar a substituio de matrias primas, de tecnologias e de processos organizacionais prejudiciais sade por substncias, produtos e processos menos nocivos. As prticas de interveno em VISAT devem orientar-se pela priorizao de medidas de controle dos riscos na origem e de proteo coletiva.

    32- Interdisciplinaridade: a abordagem multiprofissional sobre o objeto da vigilncia em sade do trabalhador deve contemplar os saberes tcnicos, com a concorrncia de diferentes reas do conhecimento e, fundamentalmente, o saber dos trabalhadores, necessrios para o desenvolvimento da ao.

    33- Pesquisa-interveno: o entendimento de que a interveno, no mbito da vigilncia em sade do trabalhador, o deflagrador de um processo contnuo, ao longo do tempo, em que a pesquisa sua parte indissolvel, subsidiando e aprimorando a prpria interveno.

    34- Articulao intrasetorial: a Vigilncia em Sade do Trabalhador deve se articular com os demais componentes da Vigilncia em Sade - Vigilncia Epidemiolgica, Vigilncia Sanitria, Vigilncia em Sade Ambiental, Promoo da Sade, Anlise da Situao de Sade - e com a Rede de Ateno Sade.

    35- Articulao intersetorial: deve ser compreendida como o exerccio da transversalidade entre as polticas de sade do trabalhador e outras polticas setoriais, como Previdncia, Trabalho e Meio Ambiente, e aquelas relativas ao desenvolvimento econmico e social, nos mbitos federal, estadual e municipal.

    36- Pluriinstitucionalidade: articulao, com formao de redes e sistemas, entre as instncias de vigilncia em sade, incluindo as de sade do trabalhador, a Rede de Ateno Sade, as universidades, os centros de pesquisa e demais instituies pblicas com responsabilidade na rea de sade do trabalhador, consumo e ambiente.

    37- Diretriz 2 - Promoo da sade e de ambientes e processos de trabalho saudveis 38- A promoo da sade e de ambientes e processos de trabalho saudveis deve ser

    compreendida como um conjunto de aes, articuladas intra e intersetorialmente, que possibilite a interveno nos determinantes do processo sade-doena dos trabalhadores, a atuao em situaes de vulnerabilidade e de violao de direitos e na garantia da dignidade do trabalhador no trabalho.

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    39- A articulao intra e intersetorial deve buscar a adoo de estratgias que viabilizem a insero de medidas de promoo e proteo da sade dos trabalhadores nas polticas, pblicas e privadas, mediante a garantia da participao do setor sade/sade do trabalhador na definio das polticas setoriais e intersetoriais.

    40- Princpios gerais: alm daqueles j explicitados na diretriz da VISAT, acrescentam-se os seguintes princpios:

    41- Indissociabilidade entre produo, trabalho, sade e ambiente: compreende que a sade dos trabalhadores, e da populao geral, est intimamente relacionada s formas de produo e consumo e de explorao dos recursos naturais e seus impactos no meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Nesta perspectiva, o principio da precauo deve ser incorporado como norteador das aes de promoo da sade e de ambientes e processos de trabalho saudveis, especialmente nas questes relativas sustentabilidade socioambiental dos processos produtivos.

    42- Isto implica na adoo do conceito de sustentabilidade socioambiental, como integrador de polticas pblicas, incorporando nas polticas de desenvolvimento social e econmico o entendimento de que a qualidade de vida e a sade envolvem o direito de trabalhar e viver em ambientes saudveis e com dignidade, e ao mesmo tempo, evitando o aprofundamento das iniqidades e das injustias sociais.

    43- Dignidade no trabalho: refere-se garantia da manuteno de relaes ticas e de respeito nos locais de trabalho, o reconhecimento do direito dos trabalhadores informao, participao e livre manifestao. Compreende tambm o entendimento da defesa e da promoo da qualidade de vida e da sade como valores absolutos e universais.

    44- Diretriz 3 - Garantia da integralidade na ateno sade do trabalhador 45- A ateno integral sade do trabalhador se d no conjunto da Rede de Ateno

    Sade do SUS, devendo ser organizada de forma descentralizada e hierarquizada, em todos os nveis de ateno, incluindo aes de promoo, vigilncia, diagnstico, tratamento, recuperao e reabilitao, a partir do reconhecimento das necessidades de sade da populao.

    46- Cumpre ressaltar que esta Poltica Nacional de Sade do Trabalhador tem como componente estruturante a Vigilncia em Sade do Trabalhador, a ser desenvolvida de forma articulada com os demais componentes da Vigilncia em Sade e, especialmente, com a Ateno Primria Sade.

    47- A articulao entre as diversas reas do SUS fundamental para garantir a integralidade da ateno sade do trabalhador. Deve ocorrer nas trs esferas de governo federal, estadual e municipal e considerar a participao dos conselhos de sade e comisses intergestores.

    48- A organizao da ateno e o planejamento das aes de sade do trabalhador devem contemplar as especificidades dos perfis das atividades produtivas e da populao trabalhadora, considerando os problemas de sade deles advindos, e sua distribuio nos territrios, em coerncia anlise da situao de sade dos trabalhadores.

    49- Cabe aos gestores, nas diversas esferas de gesto do SUS, a articulao desses componentes, estabelecendo uma rede de aes e servios, de forma a garantir o acesso universal, mediante a organizao dos fluxos dos trabalhadores usurios dentro do SUS, a serem expressos nos resultados dos processos das pactuaes intergestores.

    50- Princpios gerais:

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    51- Ampliao do entendimento de que a sade do trabalhador deve ser concebida como uma rea transversal, devendo a relao sade-trabalho ser identificada em todos os pontos e instncias da rede de ateno.

    52- Incorporao do entendimento da categoria trabalho como determinante do processo sade-doena dos indivduos e da coletividade, incluindo-a nas anlises de situao de sade e nas aes de promoo em sade.

    53- Incorporao da dimenso trabalho e identificao da situao de trabalho dos usurios nas prticas de sade nos diversos mbitos do SUS.

    54- Compromisso com a qualidade da ateno sade do trabalhador usurio do SUS. 55- Necessidade de mudanas nos processos de trabalho em sade, de modo a propiciar a

    incorporao da sade do trabalhador como uma rea transversal. 56- Garantia de abordagem interdisciplinar e intersetorial.

    ESTRATGIAS

    57- Estratgia 1 - Integrao da Vigilncia em Sade do Trabalhador com os demais

    componentes da Vigilncia em Sade e com a Ateno Primria em Sade 58- Considerando que a vigilncia em sade do trabalhador compreende um conjunto de

    aes e prticas que envolvem desde a vigilncia sobre os agravos relacionados ao trabalho, tradicionalmente reconhecida como vigilncia epidemiolgica; intervenes sobre fatores de risco, ambientes e processos de trabalho, compreendendo aes de vigilncia sanitria, at as aes relativas ao acompanhamento de indicadores para fins de avaliao da situao de sade e articulao de aes de promoo da sade e de preveno de riscos, fica clara a existncia de interfaces com os demais componentes da vigilncia em sade.

    59- Freqentemente os riscos advindos dos processos produtivos extrapolam os limites dos ambientes de trabalho e atingem, em maior ou menor grau, as comunidades e populaes no entorno, ou at de locais mais distantes. Por outro lado, problemas de sade, endemias e epidemias que atingem a populao geral tambm afetam grupos de trabalhadores ou locais de trabalho especficos. Assim, pode-se observar certa superposio de ambientes, lugares e pessoas, que resultam na confluncia de objetos e campos de atuao entre as vigilncias epidemiolgica, sanitria, em sade ambiental e de sade do trabalhador, incluindo o papel das redes, nacional e estadual, de laboratrios de sade pblica e dos setores responsveis pelo acompanhamento e monitoramento das informaes em sade.

    60- O fortalecimento da capacidade de atuao e das competncias tcnicas e legais da vigilncia em sade do trabalhador e a integrao das prticas entre as vigilncias so, portanto, estratgicas para a obteno de melhores resultados na proteo da sade dos trabalhadores.

    61- Por outro lado, considerando a integralidade do cuidado e seu papel estruturante no processo de construo da Rede de Ateno Sade, cabe tambm Ateno Primria Sade o desenvolvimento de aes de VISAT, em seu mbito de atuao e complexidade, e conforme o perfil produtivo e da populao trabalhadora em seu territrio. Para viabilizar essas aes fundamental a integrao das vigilncias com a Ateno Primria Sade.

    62- A nova poltica nacional de ateno bsica preconiza a insero de profissionais especializados como uma possibilidade de apoio matricial a ser desenvolvido pelo NASF, conforme sua nova regulamentao, o que determina a construo de vnculo

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    tcnico entre esses profissionais e as reas tcnicas de sade do trabalhador, garantindo maior amplitude deste apoio.

    63- Estratgia 2 - Anlise do perfil produtivo e da situao de sade dos trabalhadores 64- A anlise da situao de sade dos trabalhadores compreende o monitoramento contnuo

    de indicadores e das situaes de risco, com vistas a subsidiar o planejamento das aes e das intervenes em sade do trabalhador, de forma mais abrangente, no territrio nacional, no estado, regio, municpio e nas reas de abrangncia das equipes de ateno sade.

    65- O conhecimento da situao de sade dos trabalhadores depende fundamentalmente da produo e sistematizao das informaes existentes em diversas fontes de dados e de interesse para o desenvolvimento das polticas de sade do trabalhador, envolvendo o conhecimento sobre o perfil das atividades produtivas, da populao trabalhadora, a realidade do mundo do trabalho, e a anlise do perfil de morbimortalidade dos trabalhadores e de outros indicadores sociais, nos territrios.

    66- A anlise da situao de sade dos trabalhadores visa subsidiar o planejamento e a tomada de deciso dos gestores nas diversas esferas de gesto do SUS, assim como servir aos interesses e necessidades dos trabalhadores, da populao e das instncias e representaes do controle social. Alm disso, deve subsidiar a permanente avaliao das polticas pblicas e privadas, das empresas, dos trabalhadores e seus sindicatos, contribuindo inclusive na reviso, atualizao e proposio de normas tcnicas e legais. Para tal, as informaes devem ser oportunas, fidedignas, inteligveis e de fcil acesso.

    67- Os seguintes pressupostos e princpios devem ser assumidos e garantidos na articulao das redes de informaes e na produo da anlise da situao de sade dos trabalhadores:

    a) concepo de que as informaes em sade do trabalhador, presentes em diversas bases e fontes de dados, devem estar em consonncia com os princpios e diretrizes da Poltica Nacional de Informaes e Informtica do SUS;

    b) necessidade de estabelecimento de processos participativos e solidrios nas definies e na produo de informaes de interesse sade do trabalhador;

    c) empreendimento sistemtico e permanente de aes com vistas ao aprimoramento e melhoria da qualidade das informaes;

    d) compartilhamento de informaes de interesse para a sade do trabalhador, mediante colaborao intra e intersetorial, entre as esferas de governo, e entre instituies, pblicas e privadas, nacionais e internacionais;

    e) necessidade de estabelecimento de mecanismos de publicizao e garantia de acesso pelos diversos pblicos interessados;

    f) zelo pela privacidade e confidencialidade de dados individuais identificados, garantindo o acesso necessrio s autoridades sanitrias no exerccio das aes de vigilncia.

    68- Estratgia 3 - Estruturao da Rede Nacional de Ateno Integral Sade do

    Trabalhador (RENAST) no contexto da Rede de Ateno Sade 69- Considerando o princpio de que a sade do trabalhador uma rea transversal a ser

    incorporada em todos os nveis de ateno e esferas de gesto do SUS, a capacidade de identificao da relao entre o trabalho e o processo sade-doena deve ser implementada desde a ateno primria at o nvel tercirio, na Rede de Ateno Sade, e na Vigilncia em Sade. Ao mesmo tempo em que estes nveis de ateno se

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    estabelecem com a lgica operacional da hierarquizao e da regionalizao, deve-se buscar o seu funcionamento enquanto rede solidria, resolutiva e de compartilhamento de saberes, prticas e de produo de conhecimento. Assim, as reas tcnicas de sade do trabalhador nas trs esferas de gesto, com o apoio dos Centros de Referncia em Sade do Trabalhador (CEREST), devem garantir sua capacidade de prover o apoio institucional e o apoio matricial para o desenvolvimento e incorporao das aes de sade do trabalhador em toda a rede SUS.

    70- Para que este cenrio se torne possvel, so necessrios dois caminhos na estruturao da rede: 1) que a rede tenha condies de identificar as atividades produtivas e o perfil epidemiolgico dos trabalhadores nas regies de sade definidas pelo Plano Diretor de Regionalizao e Investimentos (PDRI); 2) que a rede SUS esteja devidamente capacitada para identificar e monitorar casos atendidos que possam ter relao com as ocupaes e os processos produtivos em que esto inseridos os usurios.

    71- Para a garantia da integralidade da ateno, esta Poltica adota como prioritrias as seguintes aes.

    72- I - Aes de Sade do Trabalhador junto Ateno Primria em Sade (APS) 73- A Ateno Primria em Sade, como ordenadora da Rede de Ateno Sade do SUS,

    em conjunto e em articulao com as demais instncias da rede e com o apoio e acompanhamento das reas tcnicas de sade do trabalhador e dos CEREST, deve ser responsvel pela execuo de um conjunto de aes de sade do trabalhador. Neste sentido, devem ser consideradas aes no mbito individual e coletivo, abrangendo a promoo e proteo da sade dos trabalhadores, a preveno de agravos relacionados ao trabalho, o diagnstico, tratamento, reabilitao e manuteno da sade.

    74- A ao da APS desenvolvida por meio do exerccio de prticas gerenciais e sanitrias democrticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populaes de territrios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitria, considerando a dinamicidade existente no territrio em que vivem essas populaes. Assim, cabe APS considerar sempre que os territrios so espaos scio-polticos dinmicos, com trabalhadores residentes e no residentes, executando atividades produtivas e de trabalho em locais pblicos e privados, peri e intradomiciliares.

    75- II - Aes de Sade do Trabalhador junto Urgncia e Emergncia 76- Os pontos de ateno s urgncias e emergncias constituem lcus privilegiado para a

    identificao dos casos de acidentes de trabalho graves e fatais, incluindo as intoxicaes exgenas, assim como para o devido encaminhamento das informaes aos setores de vigilncia em sade (e vigilncia em sade do trabalhador). Dada a freqncia e gravidade desses casos, que so de notificao compulsria, aumenta a importncia estratgica deste nvel de ateno sade do SUS, possibilitando, a partir da notificao, o desencadeamento de medidas de preveno e controle nos ambientes e locais de trabalho. Desse modo, a articulao desta Poltica com a Poltica Nacional de Urgncia e Emergncia e com a Poltica Nacional de Reduo de Morbimortalidade por Acidentes e Violncias, e seus desdobramentos nos estados e municpios, so estratgicos para a garantia da integralidade da ateno sade do trabalhador.

    77- III - Aes de Sade do Trabalhador junto Ateno Especializada (Ambulatorial e Hospitalar)

    78- Considerando a lgica operacional da hierarquizao e da regionalizao das aes e servios de sade, os pontos de ateno especializada so essenciais para a garantia da integralidade do cuidado aos trabalhadores portadores de agravos sade relacionados ao trabalho. Assim, diagnstico, tratamento e reabilitao desses agravos devem ser

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    viabilizados na rede, conforme o perfil epidemiolgico e as necessidades de sade do trabalhador em cada regio.

    79- IV - Papel dos Centros de Referncia em Sade do Trabalhador na Rede Nacional de Ateno Integral Sade do Trabalhador (RENAST)

    80- Os Centros de Referncia em Sade do Trabalhador desempenham as funes de suporte tcnico, de educao permanente, de coordenao de projetos de promoo, vigilncia e assistncia sade dos trabalhadores, no mbito da sua rea de abrangncia. Representam uma instncia de apoio matricial para o desenvolvimento das aes de sade do trabalhador na APS, nos servios especializados e de urgncia e emergncia, bem como nas diversas instncias da promoo e vigilncia da Rede de Ateno Sade. Ademais, juntamente com as reas tcnicas de sade do trabalhador, nos mbitos estaduais e municipais de sade, um centro articulador e organizador das aes intra e intersetoriais de sade do trabalhador, assumindo a retaguarda tcnica especializada para o conjunto de aes e servios da rede SUS e se tornando plo irradiador de aes e experincias de vigilncia em sade, de carter sanitrio e de base epidemiolgica.

    81- Para as situaes em que o municpio no tenha condies tcnicas e operacionais de faz-lo, ou para aquelas definidas como de maior complexidade, caber aos centros de referncia a execuo direta de aes de vigilncia e assistncia, em carter complementar ou suplementar s instncias de vigilncia e assistenciais da rede.

    82- O apoio matricial equacionado a partir da constituio de equipes multiprofissionais e do desenvolvimento de prticas interdisciplinares, com estabelecimento de relaes de trabalho entre a equipe de matriciamento e as equipes tcnicas de referncia, na perspectiva da prtica da clnica ampliada, da promoo e da vigilncia em sade do trabalhador.

    83- Para isso, necessrio investir na ampliao da capacidade tcnica das equipes, na produo de linhas de cuidado, protocolos e linhas guias, bem como viabilizar o planejamento conjunto entre as reas tcnicas e gerenciais, com vistas insero das aes de sade do trabalhador na Rede de Ateno Sade.

    84- Estratgia 4 - Fortalecimento e ampliao da articulao intersetorial 85- A atuao intersetorial pressuposto constituinte da rea de sade do trabalhador no

    SUS e condio para a obteno de impactos positivos na interveno nos determinantes das condies de sade e trabalho.

    86- Deve ser entendida como a ... articulao entre sujeitos de setores sociais diversos, saberes, poderes e vontades, para enfrentar problemas complexos. uma nova forma de trabalhar, de governar e de construir polticas pblicas que possibilite a superao da fragmentao dos conhecimentos e das estruturas sociais para produzir efeitos mais significativos na sade da populao. (Rede Unida)

    87- Sua prtica possibilita o estabelecimento de estratgias de planejamento conjunto e articulado entre as polticas pblicas, de modo a garantir a transversalidade das questes de sade do trabalhador, de forma complementar, cooperativa e solidria.

    88- A intersetorialidade permite o estabelecimento de espaos compartilhados entre instituies e setores de governos e entre diferentes esferas de governo federal, estadual e municipal, que atuam na produo da sade, na formulao, implementao e acompanhamento de polticas, pblicas e privadas, que possam ter impacto sobre a sade da populao. Nos estados e municpios envolve rgos dos governos locais, estaduais e municipais, estruturas derivadas dos ministrios que atuam nas regies, tais como Superintendncias Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE), Superintendncias Regionais do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e unidades

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    descentralizadas da Fundacentro, Ministrio Pblico, universidades, centros de pesquisas, entre outros.

    89- Cabe s trs esferas de gesto estabelecer e garantir a articulao sistemtica entre os diversos setores responsveis pelas polticas pblicas Sade, Trabalho e Emprego, Previdncia Social, Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Educao, Indstria, Comrcio, Agricultura, Trnsito e outros afins , para analisar os diversos problemas que afetam a sade dos trabalhadores e pactuar uma agenda prioritria de aes intersetoriais.

    90- Estratgia 5 - Estmulo participao da comunidade, dos trabalhadores e do

    Controle Social 91- O fortalecimento e a ampliao da participao da comunidade, dos trabalhadores e do

    Controle Social, na formulao, no planejamento, na gesto e no desenvolvimento das polticas e das aes em sade do trabalhador, devem considerar as configuraes do mundo do trabalho, as mudanas nos processos produtivos e na estrutura sindical, e o crescimento das relaes informais e precrias de trabalho.

    92- Isso requer a busca de alternativas para a ampliao da representao dos trabalhadores nas instncias de participao e controle social. Dessa forma, alm dos trabalhadores inseridos no mercado formal de trabalho e suas organizaes sindicais, sugerem-se esforos que equacionem a participao de outras representaes sociais que congreguem os trabalhadores de setores da economia informal, de produo agrcola, pescadores, comunidades tradicionais, trabalhadores rurais sem terra, quilombolas, trabalhadores autnomos e outros; dos empregadores; de grupos sociais e movimentos ambientalistas; com vistas identificao de solues e compromissos que favoream a promoo e a proteo da sade de todos os trabalhadores.

    93- A participao da comunidade, dos trabalhadores e do controle social em sade do trabalhador deve ser concebida como parte do controle social do SUS e deve estar em consonncia com os princpios e diretrizes da poltica nacional de participao e controle social do SUS.

    94- Estratgia 6 - Desenvolvimento e capacitao de recursos humanos 95- A capacitao dos profissionais para o desenvolvimento das aes em sade do

    trabalhador tem importncia estratgica na operacionalizao desta Poltica. Esta qualificao dever considerar a necessidade de harmonizao dos conceitos e valores, e de mudanas nos processos de trabalho e nas prticas de sade das equipes multiprofissionais nas trs esferas de gesto do SUS, de modo a operar efetivamente como redes de ateno solidrias e compartilhadas e na perspectiva de viabilizao de apoio institucional e matricial.

    96- O processo de educao permanente em sade do trabalhador dever contemplar as diversidades e especificidades loco-regionais, incorporar os princpios do trabalho cooperativo, interdisciplinar e em equipe multiprofissional e as experincias acumuladas pelos estados e municpios nessa rea.

    97- Esse processo abrangendo as esferas cognitivas e das competncias, habilidades e atitudes dever proporcionar a preparao de profissionais, em quantidade suficiente, envolvendo a qualificao nas dimenses da gesto, planejamento e acompanhamento, da vigilncia de agravos e dos ambientes e processos de trabalho, da assistncia (diagnstico, tratamento e reabilitao), da produo de informaes e comunicao em sade e da organizao dos servios. Entre as habilidades a serem incentivadas, figura a de permanente dilogo com as demais instituies responsveis pelas aes de sade

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    dos trabalhadores, os trabalhadores e os empregadores, para que se efetive o controle social.

    98- O processo de educao permanente em sade do trabalhador compreender todos os profissionais vinculados ao SUS, independente da especialidade e nvel de atuao ateno bsica ou especializada aqueles inseridos em programas e estratgias especficas, como, por exemplo, agentes comunitrios de sade, sade da famlia, sade da mulher, sade do homem, sade mental, vigilncia epidemiolgica, vigilncia sanitria e em sade ambiental, entre outros.

    99- Com graus de prioridade distintos, sero contempladas as necessidades de outras instituies pblicas e privadas sindicatos, de trabalhadores e patronais, organizaes no-governamentais (ONG), empresas , que atuam na rea de modo interativo com o SUS.

    100- Tambm devero ser desenvolvidas estratgias de articulao e de insero de contedos de sade do trabalhador nos diversos cursos de graduao das reas de sade, engenharias, cincias sociais, entre outros, de modo a viabilizar a preparao dos profissionais desde a graduao, incluindo a oferta de vagas para estgios curriculares e extra-curriculares.

    101- Estratgia 7 - Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas 102- A produo de conhecimento e a reflexo crtica sobre as prticas de sade do

    trabalhador so condies bsicas para o desenvolvimento da rea. Para tal, necessrio o estabelecimento de mecanismos e de relaes de cooperao mtuas e sistemticas, entre os servios, a academia e centros de pesquisa, visando tanto sua contribuio na formao de pesquisadores para o campo da sade do trabalhador, na realizao, acompanhamento e avaliao de projetos de interveno desenvolvidos pelos prprios servios, bem como para a produo e divulgao de conhecimentos e informaes necessrios para a tomada de deciso sobre os problemas que afetam a sade dos trabalhadores. Um exemplo o estabelecimento de redes de centros colaboradores e instituies de referncia para essa finalidade.

    103- Estratgia 8 - Garantia do financiamento das aes de sade do trabalhador 104- O financiamento das aes de sade de responsabilidade das trs esferas de governo,

    conforme o disposto na Constituio Federal e nas Leis No 8.080 e No 8.142, ambas de 1990. Por isso, o desenvolvimento da PNST no SUS deve ser garantido atravs das fontes de financiamento do prprio sistema de sade, devendo ser contemplada de modo adequado e permanente nos oramentos de sade da Unio, Estados, Municpios e DF, alm de outras fontes.

    105- As aes de sade do trabalhador, a serem desenvolvidas conforme esta Poltica e as polticas estadual e municipal de sade, devero contar com a respectiva previso oramentria, definida nos planos e nas programaes anuais de sade, nas trs esferas de gesto do SUS.

    106- Para a garantia do financiamento, as aes de promoo e vigilncia, de ateno sade do trabalhador, de educao permanente, entre outras, devem ser includas nos planos de sade com especificao das respectivas necessidades oramentrias e financeiras em cada um dos blocos de financiamento do SUS, conforme legislao especfica Bloco da Ateno Bsica, Bloco da Mdia e Alta Complexidade, Bloco da Vigilncia e Promoo da Sade e Bloco de Gesto , uma vez que as aes de sade do trabalhador devem ser executadas por todos os pontos da rede, conforme a complexidade e densidade tecnolgica de cada uma delas.

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    107- Ainda, podero ser pactuados, nas instncias intergestores, incentivos especficos para as aes de promoo e vigilncia em sade do trabalhador, a serem inseridos nos pisos variveis dos componentes de vigilncia e promoo da sade e da vigilncia sanitria (Portaria GM/MS N 3.252/09).

    108- Alm dessas, cabe ao gestor federal, com a participao dos gestores estaduais e municipais, fazer gestes para viabilizar outras fontes de financiamento, como:

    a) ressarcimento ao SUS, pelos planos de sade privados, dos valores gastos nos servios prestados aos seus segurados, em decorrncia de acidentes e doenas relacionadas ao trabalho;

    b) repasse ao MS/SUS de parte dos recursos provenientes do Seguro Acidente do Trabalho (SAT);

    c) repasse ao MS/SUS, de parte dos recursos provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT);

    d) repasse ao MS/SUS, de parte dos recursos provenientes da renda lquida dos concursos de prognsticos (loterias, apostas e sorteio de nmeros);

    e) repasse ao MS/SUS, de parte dos recursos provenientes do faturamento bruto das empresas, considerando, principalmente o princpio poluidor-pagador aplicado a rea ambiental, de quem gera o risco deve ser responsvel pelo seu controle e pela reparao dos danos causados;

    f) criao de fundo constitudo por um percentual das multas impostas aos infratores/agressores sade do trabalhador e do ambiente;

    g) fazer gestes junto a organismos nacionais BNDES, Caixa Econmica Federal, Banco do Brasil, Petrobrs, entre outros , assim como, organismos internacionais OMS, OIT etc. , para financiamento de projetos especiais, de desenvolvimento de tecnologias, mquinas e equipamentos com maior proteo sade dos trabalhadores, especialmente aqueles voltados a cooperativas, da economia solidria e pequenos empreendimentos.

    RESPONSABILIDADES DAS ESFERAS DE GESTO

    109- A implementao da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador (PNST) deve ser

    assumida de forma compartilhada e solidria pelas trs esferas de gesto do SUS, considerando ser competncia do SUS a execuo de aes e servios de promoo, vigilncia e ateno integral sade do trabalhador, em conformidade com a Constituio Federal e a Lei Orgnica da Sade. Assim, as responsabilidades das esferas federal, estadual e municipal de gesto do SUS, visando implementao desta Poltica, so estabelecidas a seguir.

    110- Do Gestor Federal Ministrio da Sade

    a) coordenar, em mbito nacional, a implementao da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador;

    b) conduzir as negociaes nas instncias do SUS, visando inserir aes, metas e indicadores de sade do trabalhador no Plano Nacional de Sade e na Programao Anual de Sade, a partir de planejamento estratgico que considere a PNST;

    c) alocar recursos oramentrios e financeiros para a implementao desta Poltica, aprovados no Conselho Nacional de Sade (CNS);

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    d) desenvolver estratgias visando o fortalecimento da participao da comunidade, dos trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador do CNS;

    e) apoiar tecnicamente as Secretarias de Sade dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, na implementao e execuo da PNST;

    f) promover a incorporao de aes e procedimentos de vigilncia e de assistncia sade do trabalhador junto Rede de Ateno Sade, considerando os diferentes nveis de complexidade, tendo como centro ordenador a Ateno Primria em Sade;

    g) monitorar, em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Sade, os indicadores pactuados para avaliao das aes e servios de sade dos trabalhadores;

    h) estabelecer rotinas de sistematizao, processamento, anlise e divulgao dos dados gerados nos Municpios e nos Estados a partir dos sistemas de informao em sade, de acordo com os interesses e necessidades do planejamento estratgico desta Poltica;

    i) elaborar perfil produtivo e epidemiolgico, a partir de fontes de informao existentes e de estudos especficos, com vistas a subsidiar a programao e avaliao das aes de ateno sade do trabalhador;

    j) promover a articulao intersetorial com vistas promoo de ambientes e processos de trabalho saudveis e ao acesso s informaes e bases de dados de interesse sade dos trabalhadores;

    k) participar da elaborao de projetos de lei e elaborar normas tcnicas pertinentes rea, com a participao de outros atores sociais como entidades representativas dos trabalhadores, universidades, organizaes no-governamentais e dos rgos legislativos;

    l) promover e articular a formao e a capacitao em sade do trabalhador dos profissionais de sade do SUS, da comunidade, dos trabalhadores e do controle social junto Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade;

    m) desenvolver estratgias de comunicao e elaborar materiais de divulgao visando disponibilizar informaes do perfil produtivo e epidemiolgico relativos sade dos trabalhadores;

    n) conduzir a reviso peridica da listagem oficial de doenas relacionadas ao trabalho no territrio nacional e a incluso do elenco prioritrio de agravos relacionados ao trabalho na listagem nacional de agravos de notificao compulsria.

    111- Do Gestor Estadual Secretaria de Estado da Sade

    a) coordenar, em mbito estadual, a implementao da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador;

    b) conduzir as negociaes nas instncias estaduais do SUS, visando inserir aes, metas e indicadores de sade do trabalhador no Plano Estadual de Sade e na Programao Anual de Sade, a partir de planejamento estratgico que considere a PNST;

    c) pactuar, alocar e buscar recursos oramentrios e financeiros, para a implementao desta Poltica, pactuados nas instncias de gesto e aprovados no Conselho Estadual de Sade (CES);

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    d) desenvolver estratgias visando o fortalecimento da participao da comunidade, dos trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador do CES;

    e) apoiar tecnicamente e atuar de forma integrada com as Secretarias Municipais de Sade, os Centros de Referncia em Sade do Trabalhador, os servios e as instncias regionais de sade na implementao das aes de sade do trabalhador;

    f) promover a descentralizao das aes de promoo, vigilncia e assistncia sade do trabalhador na Rede de Ateno Sade, considerando os diferentes nveis de complexidade, tendo como centro ordenador a Ateno Primria em Sade e como referncia o PDRI;

    g) definir, em conjunto com os municpios, os mecanismos e os fluxos de referncia, contra-referncia e de apoio matricial, alm de outras medidas, para assegurar o desenvolvimento de aes de promoo, vigilncia e assistncia em sade do trabalhador;

    h) realizar a pactuao regional e estadual das aes e dos indicadores de promoo, vigilncia e assistncia sade do trabalhador;

    i) monitorar, em conjunto com as Secretarias Municipais de Sade, os indicadores pactuados para avaliao das aes e servios de sade dos trabalhadores;

    j) regular, monitorar, avaliar e auditar as aes e a prestao de servios em sade do trabalhador, pblicos e privados, no mbito de sua competncia;

    k) garantir a implementao, na Rede de Ateno Sade do SUS e na rede privada, da notificao compulsria dos agravos sade relacionados ao trabalho, assim como do registro dos dados pertinentes sade do trabalhador no conjunto dos sistemas de informao em sade, alimentando regularmente os sistemas de informaes em seu mbito de atuao, estabelecendo rotinas de sistematizao, processamento e anlise dos dados gerados nos municpios, de acordo com os interesses e necessidades do planejamento desta Poltica;

    l) elaborar, em seu mbito de competncia, perfil produtivo e epidemiolgico, a partir de fontes de informao existentes e de estudos especficos, com vistas a subsidiar a programao e avaliao das aes de ateno sade do trabalhador;

    m) participar da elaborao de projetos de lei e elaborar normas tcnicas pertinentes rea, com outros atores sociais como entidades representativas dos trabalhadores, universidades, organizaes no governamentais e rgos legislativos;

    n) prover formao e capacitao em sade do trabalhador para os profissionais de sade do SUS, para a comunidade, os trabalhadores e o controle social, inclusive na forma de educao continuada, respeitadas as diretrizes da Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade;

    o) desenvolver estratgias de comunicao e elaborar materiais de divulgao visando disponibilizar informaes do perfil produtivo e epidemiolgico relativos sade dos trabalhadores;

    p) definir e executar projetos especiais em questes de interesse loco-regional, em conjunto com as equipes municipais, quando e onde couber;

    q) promover, no mbito estadual, a articulao intersetorial com vistas promoo de ambientes e processos de trabalho saudveis e ao acesso s informaes e bases de dados de interesse sade dos trabalhadores.

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    112- Do Gestor Municipal Secretaria Municipal de Sade

    a) coordenar, em mbito municipal, a implementao da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador;

    b) conduzir as negociaes nas instncias municipais do SUS, visando inserir aes, metas e indicadores de sade do trabalhador no Plano Municipal de Sade e na Programao Anual de Sade, a partir de planejamento estratgico que considere a PNST;

    c) pactuar, alocar e buscar recursos oramentrios e financeiros, para a implementao desta Poltica, pactuados nas instncias de gesto e aprovados no Conselho Municipal de Sade (CMS);

    d) desenvolver estratgias visando o fortalecimento da participao da comunidade, dos trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador do CMS;

    e) constituir referncias tcnicas em sade do trabalhador e/ou grupos matriciais responsveis pela implementao desta Poltica;

    f) participar, em conjunto com o Estado, da definio dos mecanismos e dos fluxos de referncia, contra-referncia e de apoio matricial, alm de outras medidas, para assegurar o desenvolvimento de aes de promoo, vigilncia e assistncia em sade do trabalhador;

    g) articular-se regionalmente quando da identificao de problemas e prioridades comuns;

    h) regular, monitorar, avaliar e auditar as aes e a prestao de servios em sade do trabalhador, pblicos e privados, no mbito de sua competncia;

    i) implementar, na Rede de Ateno Sade do SUS, e na rede privada, a notificao compulsria dos agravos sade relacionados com o trabalho, assim como o registro dos dados pertinentes sade do trabalhador no conjunto dos sistemas de informao em sade, alimentando regularmente os sistemas de informaes em seu mbito de atuao, estabelecendo rotinas de sistematizao, processamento e anlise dos dados gerados no municpio, de acordo com os interesses e necessidades do planejamento desta Poltica;

    j) instituir e manter cadastro atualizado de empresas classificadas nas diversas atividades econmicas desenvolvidas no municpio, com indicao dos fatores de risco que possam ser gerados para os trabalhadores e para o contingente populacional direta ou indiretamente a eles expostos, em articulao com a vigilncia em sade ambiental;

    k) elaborar, em seu mbito de competncia, perfil produtivo e epidemiolgico, a partir de fontes de informao existentes e de estudos especficos, com vistas a subsidiar a programao e avaliao das aes de ateno sade do trabalhador;

    l) capacitar, em parceria com as Secretarias Estaduais de Sade e com os CEREST, os profissionais e as equipes de sade, a comunidade, os trabalhadores e o controle social, para identificar e atuar nas situaes de riscos sade relacionados ao trabalho, assim como para o diagnstico dos agravos sade relacionados com o trabalho, em consonncia com as diretrizes para implementao da Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade;

    m) promover, no mbito municipal, articulao intersetorial com vistas promoo de ambientes e processos de trabalho saudveis e ao acesso s informaes e bases de dados de interesse sade dos trabalhadores.

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    PARMETROS PARA AVALIAO E ACOMPANHAMENTO DA POLTICA

    113- Cabe aos gestores de sade, das trs esferas de governo, o empenho permanente e

    contnuo no planejamento, monitoramento e avaliao da implementao da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador. A expresso concreta desse empenho deve estar contida nos instrumentos de gesto definidos pelo Sistema de Planejamento do SUS (PlanejaSUS), ou seja, os Planos de Sade e suas respectivas Programaes Anuais de Sade e Relatrios Anuais de Gesto.

    114- O planejamento estratgico com a devida considerao da PNST deve contemplar aes, metas e indicadores de promoo, vigilncia e ateno em sade do trabalhador, segundo os componentes do Pacto de Gesto, nos moldes de uma atuao permanentemente articulada e sistmica. Assim, as necessidades de sade do trabalhador devem ser incorporadas no processo geral do planejamento das aes de sade, mediante a utilizao dos instrumentos de pactuao do SUS, previstos no Pacto pela Sade, como o PDRI, a Programao das Aes de Vigilncia em Sade e a Programao Pactuada Integrada (PPI). um processo dinmico, contnuo e sistemtico de pactuao de prioridades e estratgias de sade (do trabalhador) nos mbitos municipal, regional, estadual e federal, considerando os diversos sujeitos envolvidos neste processo.

    115- A avaliao e o acompanhamento desta Poltica, pelas trs esferas de gesto do SUS, devem ser conduzidos a partir das seguintes linhas de atuao:

    a) insero de aes de sade do trabalhador, considerando objetivos, diretrizes, metas e indicadores, no Plano de Sade, na Programao Anual de Sade e no Relatrio Anual de Gesto, em cada esfera de gesto do SUS, assim como na PPI, na Programao das Aes de Vigilncia em Sade e em outros instrumentos de gesto, pactuados nas instncias gestoras Colegiado de Gesto Regional (CGR), CIB e CIT, e aprovados pelos respectivos conselhos de sade; a ser garantida pela rea tcnica de sade do trabalhador, em articulao com as respectivas equipes de planejamento e demais reas tcnicas;

    b) definio de que as aes de sade do trabalhador, em cada esfera de gesto, devem expressar com clareza e transparncia, os mecanismos e as fontes de financiamento;

    c) estabelecimento de investimentos nas aes de vigilncia, no desenvolvimento de aes na Ateno Primria em Sade e na regionalizao como eixos prioritrios para a aplicao dos recursos de sade do trabalhador;

    d) definio de interlocutor para o tema sade do trabalhador nas trs esferas de gesto do SUS;

    e) incluso pelo MS/SUS, de procedimentos demandados pela sade do trabalhador, na tabela nacional de procedimentos do SUS e na Programao Pactuada Integrada (PPI), garantindo o registro das aes de vigilncia, da ateno primria em sade, da ateno especializada, inclusive criando cdigo multiprofissional nas tabelas do Sistema de Informaes Ambulatoriais (SIA/SUS) e Sistema de Informaes Hospitalares (SIH/SUS) para todos os profissionais da rea de sade;

    f) produo de protocolos, de linhas guias e linhas de cuidado em sade do trabalhador, de acordo com os nveis de organizao da vigilncia e ateno sade;

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    g) capacitao dos profissionais de sade da rede do SUS, visando implementao dos protocolos, das linhas guias e das linhas de cuidado em sade do trabalhador;

    h) definio dos fluxos de referncia, contra-referncia e de apoio matricial, de acordo com as diretrizes clnicas, as linhas de cuidado pactuadas no CGR e na CIB, garantindo a notificao compulsria dos agravos relacionados ao trabalho;

    i) acompanhamento e avaliao dos indicadores de sade do trabalhador pactuados nos Pactos pela Vida, pela Sade, Programao das Aes de Vigilncia em Sade e na PPI, bem como acompanhamento da evoluo histrica e tendncias dos indicadores de morbimortalidade, nas esferas municipal, micro e macrorregionais, estadual e nacional.

    116- O Anexo I traz o elenco de orientaes para o planejamento estratgico nas trs esferas de gesto do SUS, considerando as diretrizes e estratgias da PNST.

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    ANEXO I (da PNST) - Elenco de orientaes para o planejamento estratgico nas trs esferas de gesto do SUS, segundo as diretrizes e estratgias da Poltica Nacional de Sade do Trabalhador.

    DIRETRIZES LINHAS DE AO

    1. Fortalecimento da Vigilncia em Sade do Trabalhador e integrao com os demais componentes da Vigilncia em Sade

    a) Identificao das atividades produtivas, da populao trabalhadora e das situaes de risco sade dos trabalhadores no territrio.

    b) Identificao das necessidades, demandas e problemas de sade dos trabalhadores no territrio.

    c) Realizao da anlise da situao de sade dos trabalhadores.

    d) Interveno nos processos e ambientes de trabalho.

    e) Produo de tecnologias de interveno, de avaliao e de monitoramento das aes de VISAT.

    f) Controle e avaliao da qualidade dos servios e programas de sade do trabalhador (sade ocupacional, medicina do trabalho, SESMT etc.), nas instituies e empresas pblicas e privadas.

    g) Produo de protocolos, de normas tcnicas e legais.

    h) Participao dos trabalhadores e suas organizaes.

    2. Promoo da sade e de ambientes e processos de trabalho saudveis. a) Estabelecimento e adoo de parmetros protetores da sade dos trabalhadores nos ambientes e processos de trabalho.

    b) Fortalecimento e articulao das aes de vigilncia em sade, identificando os fatores de risco ambiental, com intervenes tanto nos ambientes e processos de trabalho, como no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos trabalhadores e da populao circunvizinha.

    c) Adoo de mecanismos de inibio de instalao de empresas que prejudiquem a sade dos trabalhadores e da populao do entorno.

    d) Representao do setor sade/sade do trabalhador nos fruns e instncias de formulao de polticas setoriais e intersetoriais e s relativas ao desenvolvimento econmico e social.

    e) Insero, acompanhamento e avaliao de indicadores de sade dos trabalhadores e das populaes circunvizinhas nos processos de licenciamento e nos estudos de impacto ambiental.

    f) Incluso de parmetros de proteo sade dos trabalhadores e de manuteno de ambientes de trabalho saudveis nos processos de concesso de incentivos ao desenvolvimento, nos mecanismos de fomento e outros incentivos especficos.

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    g) Contribuio na identificao e erradicao de situaes anlogas ao trabalho escravo.

    h) Contribuio na identificao e erradicao de trabalho infantil e na proteo do trabalho do adolescente.

    i) Desenvolvimento de estratgias e aes de comunicao de risco e de educao ambiental e em sade do trabalhador.

    j) Adoo de mecanismos de responsabilizao das empresas, pblicas e privadas, que degradam o meio ambiente e causam danos sade dos trabalhadores e das populaes do entorno, considerando o princpio do poluidor-pagador.

    3. Garantia da integralidade na ateno sade do trabalhador

    Insero de aes de sade do trabalhador em todas as instncias e pontos da Rede de Ateno Sade do SUS, mediante articulao e construo conjunta de protocolos, linhas de cuidado e matriciamento da ST na assistncia e nas estratgias e dispositivos de organizao e fluxos da rede, considerando os seguintes componentes:

    a) Ateno Primria em Sade

    b) Ateno especializada, incluindo servios de reabilitao

    c) Ateno pr-hospitalar, de urgncia e emergncia, e hospitalar

    d) Rede de laboratrios e de servios de apoio diagnstico

    e) Assistncia farmacutica

    f) Sistemas de informaes em sade

    g) Sistema de regulao do acesso

    h) Sistema de planejamento, monitoramento e avaliao das aes

    i) Sistema de auditoria

    j) Promoo e Vigilncia Sade, incluindo a Vigilncia Sade do Trabalhador

    ESTRATGIAS LINHAS DE AO

    1. Integrao da Vigilncia em Sade do Trabalhador com os demais componentes da Vigilncia em Sade e com a Ateno

    a) Planejamento conjunto entre as vigilncias, com eleio de prioridades comuns para atuao integrada, com base na anlise da situao de sade dos trabalhadores e da populao em geral, e no mapeamento das atividades produtivas e com potencial impacto ambiental no territrio.

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    Primria em Sade b) Produo conjunta de protocolos, normas tcnicas e legais e resolues, com harmonizao de parmetros e indicadores, para orientao aos

    estados e municpios no desenvolvimento das aes de vigilncia, e especialmente como referncia para os processos de pactuao entre as trs esferas de gesto do SUS.

    c) Harmonizao e, sempre que possvel, unificao dos instrumentos de registro e notificao de agravos e eventos de interesse comum aos componentes da vigilncia.

    d) Incorporao dos agravos relacionados ao trabalho, definidos como prioritrios para fins de vigilncia, nas listagens (e portarias) de agravos de notificao compulsria, nos mbitos nacional, estaduais e municipais, seguindo a mesma lgica e fluxos dos demais.

    e) Proposio e produo de indicadores conjuntos para monitoramento e avaliao da situao de sade.

    f) Formao e manuteno de grupos de trabalho integrados para investigao de surtos e eventos inusitados e de investigao de situaes de sade decorrentes de potenciais impactos ambientais de processos e atividades produtivas nos territrios, envolvendo as vigilncias epidemiolgica, sanitria, em sade ambiental, sade do trabalhador e rede de laboratrios de sade pblica.

    g) Produo conjunta de metodologias de ao, de investigao, de tecnologias de interveno, de avaliao e de monitoramento das aes de vigilncia nos ambientes e situaes epidemiolgicas.

    h) Incorporao, pelas equipes de vigilncia sanitria dos estados e municpios, de prticas de avaliao, controle e vigilncia dos riscos ocupacionais nas empresas e estabelecimentos, observando as atividades produtivas presentes no territrio.

    i) Investimentos na qualificao e capacitao integradas das equipes dos diversos componentes da vigilncia em sade, com incorporao de contedos especficos, comuns e afins, nos processos formativos e nas estratgias de educao permanente de todos os componentes da Vigilncia em Sade.

    j) Investimentos na ampliao da capacidade tcnica e nas mudanas das prticas das equipes das vigilncias, especialmente para atuao no apoio matricial s equipes de referncia dos municpios.

    k) Participao conjunta nas estratgias, fruns e instncias de produo, divulgao, difuso e comunicao de informaes em sade.

    l) Estmulo participao dos trabalhadores e suas organizaes, sempre que pertinente, no acompanhamento das aes de vigilncia epidemiolgica, sanitria e em sade ambiental, alm das aes especficas de VISAT.

    m) Atualizao e ou reviso dos cdigos de sade, com insero de disposies sobre a vigilncia em sade do trabalhador e atribuio da competncia de autoridade sanitria s equipes de vigilncia em sade do trabalhador, nos estados e municpios.

    n) Garantia, por parte dos estados e municpios, de proteo e defesa jurdica aos tcnicos da vigilncia em sade do trabalhador, no exerccio de

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    suas atribuies pblicas.

    2. Anlise do perfil produtivo e da situao de sade dos trabalhadores a) Identificao das atividades produtivas e do perfil da populao trabalhadora no territrio em conjunto com a Ateno Primria em Sade e os

    setores da Vigilncia em Sade.

    b) Implementao da rede de informaes em sade do trabalhador.

    c) Definio de elenco de indicadores prioritrios para anlise e monitoramento.

    d) Definio do elenco de agravos relacionados ao trabalho de notificao compulsria e de investigao obrigatria e incluso no elenco de prioridades, nas trs esferas de gesto do SUS.

    e) Reviso peridica da lista de doenas relacionadas ao trabalho (Portaria GM/MS N 1.339/99).

    f) Realizao de estudos e anlises que identifiquem e possibilitem a compreenso dos problemas de sade dos trabalhadores e o comportamento dos principais indicadores de sade.

    g) Estruturao das estratgias e processos de difuso e comunicao das informaes.

    h) Garantia, na identificao do trabalhador, do registro de sua ocupao, ramo de atividade econmica e tipo de vnculo nos seguintes sistemas e fontes de informao em sade, aproveitando todos os contatos do/a trabalhador/a com o sistema de sade: mortalidade (SIM); informaes hospitalares (SIH); agravos de notificao (Sinan); informaes ambulatoriais (SIA); ateno primria em sade (SIAB); emergncias; servios especializados; registros de cncer (RCBP, RCBH).

    i) Articulao e sistematizao das informaes das demais bases de dados de interesse sade do trabalhador, como da Previdncia Social (CNIS, SUB), do Trabalho (RAIS, CAGED, SFIT), do Sistema de Sade Suplementar e do IBGE (censos e pesquisas amostrais domiciliares), informaes dos rgos e setores de planejamento, da agricultura, do meio ambiente, da segurana pblica, do trnsito, da indstria, comrcio e minerao, das empresas, dos sindicatos de trabalhadores, entre outras.

    j) Gesto junto a essas instituies para acesso s bases de dados de forma desagregada, conforme necessidades da produo da anlise da situao de sade nos diversos nveis territoriais.

    k) Produo e divulgao, peridicas, com acesso ao pblico em geral, de anlises de situao de sade, considerando diversos nveis territoriais (local, municipal, microrregional, macrorregional, estadual, grandes regies, nacional).

    l) Estabelecimento da notificao compulsria e investigao obrigatria em todo territrio nacional dos acidentes de trabalho graves e com bito e das intoxicaes por agrotxicos, considerando critrios de magnitude e gravidade.

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    m) Viabilizao da compatibilizao e/ou unificao dos instrumentos de coleta de dados e dos fluxos de informaes, em articulao com as demais reas tcnicas e das vigilncias.

    n) Gesto junto Previdencia Social para que a notificao dos acidentes e doenas relacionadas ao trabalho feita pelo SUS (Sinan) seja reconhecida, nos casos de trabalhadores segurados pelo Seguro Acidente de Trabalho.

    o) Criao de sistemas e bancos de dados para registro das informaes contidas nos relatrios de inspees e mapeamento dos ambientes de trabalho realizados pelas equipes de Vigilncia em Sade.

    p) Definio de elenco bsico de indicadores de morbimortalidade e de situaes de risco para a composio da anlise de situao de sade dos trabalhadores, considerando o conjunto dos trabalhadores brasileiros, incluindo as parcelas inseridas em atividades informais, ou seja, o total da Populao Economicamente Ativa Ocupada.

    q) Articulao intra e intersetorial para a implantao ou implementao de observatrios de sade do trabalhador, em especial, articulando-se com o observatrio de violncias e outros.

    r) Articulao, apoio e gesto junto Rede Interagencial de Informaes para a Sade (RIPSA) para fins de ampliao dos atuais