notícias de israel - ano 30 - nº 1

18
BETH-SHALOM www.Beth-Shalom.com.br Janeiro de 2008 • Ano 30 • Nº 1 • R$ 3,50

Upload: chamada

Post on 27-Mar-2016

238 views

Category:

Documents


17 download

DESCRIPTION

• Resolvendo o Problema do Pecado • A Remoção da Impureza de Israel • O legado otomano • Os judeus, os japoneses e a história do “Plano Fugu”

TRANSCRIPT

Page 1: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

BETH-SHALOM www.Beth-Shalom.com.br Janeiro de 2008 • Ano 30 • Nº 1 • R$ 3,50

Page 3: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

É uma publicação mensal da ““OObbrraaMMiissssiioonnáárriiaa CChhaammaaddaa ddaa MMeeiiaa--NNooiittee”” comlicença da ““VVeerreeiinn ffüürr BBiibbeellssttuuddiiuumm iinn IIssrraaeell,,BBeetthh--SShhaalloomm”” (Associação Beth-Shalom paraEstudo Bíblico em Israel), da Suíça.

AAddmmiinniissttrraaççããoo ee IImmpprreessssããoo::Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai90830-000 • Porto Alegre/RS • BrasilFone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385E-mail: [email protected]

EEnnddeerreeççoo PPoossttaall::Caixa Postal, 168890001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil

FFuunnddaaddoorr:: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992)

CCoonnsseellhhoo DDiirreettoorr:: Dieter Steiger, Ingo Haake,Markus Steiger, Reinoldo Federolf

EEddiittoorr ee DDiirreettoorr RReessppoonnssáávveell:: Ingo Haake

DDiiaaggrraammaaççããoo && AArrttee:: Émerson Hoffmann

Assinatura - anual ............................ 31,50- semestral ....................... 19,00

Exemplar Avulso ................................. 3,50Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 35.00

EEddiiççõõeess IInntteerrnnaacciioonnaaiissA revista “Notícias de Israel” é publicadatambém em espanhol, inglês, alemão,holandês e francês.

As opiniões expressas nos artigos assinadossão de responsabilidade dos autores.

INPI nº 040614Registro nº 50 do Cartório Especial

OO oobbjjeettiivvoo ddaa AAssssoocciiaaççããoo BBeetthh--SShhaalloomm ppaarraaEEssttuuddoo BBííbblliiccoo eemm IIssrraaeell éé ddeessppeerrttaarr eeffoommeennttaarr eennttrree ooss ccrriissttããooss oo aammoorr ppeelloo EEssttaaddooddee IIssrraaeell ee ppeellooss jjuuddeeuuss.. Ela demonstra oamor de Jesus pelo Seu povo de maneiraprática, através da realização de projetossociais e de auxílio a Israel. Além disso,promove também CCoonnggrreessssooss ssoobbrree aa PPaallaavvrraaPPrrooffééttiiccaa eemm JJeerruussaalléémm e vviiaaggeennss, com aintenção de levar maior número possível deperegrinos cristãos a Israel, onde mantém aCasa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monteCarmelo, em Haifa).

ISRAELNotícias de

13

4 Prezados Amigos de Israel

HHOORRIIZZOONNTTEE

• O legado otomano - 13• Os judeus, os japoneses e a história

do “Plano Fugu” - 17

índice5 Resolvendo o Problema do Pecado

9 A Remoção da Impureza de Israel

Page 4: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

44 Notícias de Israel, janeiro de 2008

No ano de 2008 Israel vai comemorar o jubileudos 60 anos de existência do Estado judeu. No dia29 de novembro de 2007 foi lembrada em Israel adecisão das Nações Unidas sobre a partilha daPalestina, em um território judeu e um territórioárabe. O Plano de Partilha foi aprovado por umamaioria de dois terços. Naquela época, esse foiconsiderado um milagre de Deus e a decisão abriucaminho para a fundação do Estado judeu que,entretanto, foi rejeitado pelos palestinos evizinhos árabes. A vitória de Israel sobre osadversários árabes na Guerra da Independência foioutro numa seqüência de milagres que se estendeaté ao dia de hoje.

Pelos acontecimentos em Israel podemosreconhecer que as promessas de Deus sobre oretorno dos judeus à sua terra se cumpriram. Porisso, para todos que amam a Palavra de Deus,Israel serve como fortalecimento da fé e, aomesmo tempo, como advertência. Deus velasobre a Sua Palavra, para cumpri-la. Ele faráacontecer tudo aquilo que prometeu. Ao mesmotempo, Israel é um sinal de advertência, porqueindica a proximidade da volta de Jesus.

A rejeição de Israel pelas nações árabes já dura60 anos. Com a nova iniciativa de paz através daConferência de Annapolis, houve algo que nãotinha ocorrido até agora. Pela primeira vez, a LigaÁrabe saudou ativamente essa iniciativa de paz, eem torno de 20 países árabes participaram doencontro. As nações árabes mais ricas, com maistendências pró-ocidentais, lideradas pela ArábiaSaudita, sentem atualmente as ameaças do Irã edo islamismo radical, passando a seguir um rumomais pró-ocidental e pró-americano.

Vista a partir dessa perspectiva, a novainiciativa de paz parece ter, pela primeira vez,chances reais de sucesso. Acrescenta-se, ainda,outro ponto: pela primeria vez Israel concordoucom o papel de mediação ativa por parte dosEUA. Os americanos controlarão o cumprimentodaquilo que foi prometido por ambos os lados, opalestino e o israelense, antes de se dar o passoseguinte. Aparentemente, Israel concordou comessa interferência ativa dos EUA porque necessitado apoio dos americanos diante da ameaçaprocedente do Irã.

A palavra profética da Bíblia diz, porém, quejustamente quando se estabelecer uma pazaparente, será maior o perigo de um ataquerepentino a Israel.

Em razão das muitas ameaças neste mundo,devemos ser gratos porque, em Jesus Cristo,temos uma paz que ninguém pode nos roubar. Porisso, podemos começar também este novo anocom confiança. Que nosso fiel Senhor os abençoericamente neste ano, especialmente pelo seuapoio à obra dEle que realizamos.

Unidos em nosso Senhor Jesus e na gratidãoao nosso Senhor Jesus, saúdo com um sincero

Shalom!

FFrreeddii WWiinnkklleerr

Page 5: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

“Cremos que pecadoé tudo aquilo quenão está de acor-

do com o caráter e com anatureza de Deus. Cremosque toda a humanidade pe-cou em Adão, o cabeça daraça humana, e que todoser humano, além de pos-suir uma natureza pecami-nosa, também pecou pes-soalmente”.

Assim está escrito nadeclaração de fé do nossoministério (The Friends ofIsrael – “Os Amigos de Is-rael”). Embora o pecadotenha entrado no mundoatravés de Adão e Eva, oconhecimento do pecadoveio através da Lei Mosai-ca, dada ao povo judeu nomonte Sinai. Com o ad-vento da Lei veio o taber-náculo e, mais tarde, otemplo, onde as pessoas

podiam oferecer sacrifícios para li-dar com o problema de seus peca-dos. Hoje em dia, porém, não hámais tabernáculo nem templo. Emconseqüência disso, o conceito ju-daico de pecado mudou drastica-mente.

Os termos bíblicos originais tra-duzidos por “pecado” nas Escritu-ras são: chet em hebraico e hamar-tia em grego. Ambos transmitem aidéia de errar a “mosca” [i.e., amarca central] de um alvo. Emtermos teológicos, o alvo propostoé a justiça de Deus. Se você não étão bom e perfeito quanto Deus,você é um pecador. A Bíblia tam-bém descreve o comportamentoque “erra o alvo” como transgres-são, rebelião, erro, maldade, im-piedade e ilegalidade.

Na atualidade, a maioria do po-vo judeu não visualiza o pecadocom tanta precisão. Enquantomuitos judeus ortodoxos conside-ram o pecado como uma mera es-

colha de transgredir a lei de Deus,os pensadores judeus mais “mo-dernos” diriam que o pecado é adesobediência das leis civis. Noentanto, muitos prontamente ad-mitem a realidade do pecado e anecessidade de auxiliar as pessoasa lidarem com ele. O rabino Mor-ris Kertzer escreveu: “Numa ins-crição póstuma da vida de todo ju-deu, registrada na lápide de sua se-pultura, devem constar asseguintes palavras: ‘Porque nuncaviveu na terra um homem tão justoque não cometesse pecado”’.1

O Conceito de KedushahA Torah (i.e., os cinco livros dasEscrituras revelados a Moisés) dei-xa claro que Deus escolheu o povojudeu como Sua propriedade pe-culiar. Junto com tamanho privilé-gio veio também uma enorme res-ponsabilidade. Ao contrário deAdão, a quem foi dado um único

55Notícias de Israel, janeiro de 2008

Page 6: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

mandamento, o povo ju-deu recebeu 613 ordenan-ças. As primeiras 365 são ne-gativas (i.e., marcadas por expres-sões que proíbem a ação, como, porexemplo: “Não...”), ao passo que as248 restantes são positivas (i.e.,marcadas por expressões que reco-mendam a ação).

Os mandamentos abrangem leisreferentes ao relacionamento do ho-mem com Deus e ao relacionamen-to entre seres humanos. A trans-gressão ou desobediência de qual-quer um dos mandamentosconstitui um erro do alvo estabele-cido pelo Deus santo.

A desobediência de Adão e Evaresultou na sua separação da pre-sença de Deus no jardim do Édene, por fim, na morte deles. O ju-daísmo ortodoxo sustenta uma for-te convicção sobre separação. Otermo hebraico kadosh geralmenteé traduzido por “santo”. Aí está arazão pela qual os judeus pratican-tes (de longe, a minoria da popu-lação judaica atual) dão importân-cia à vida santa ou separada. Asantidade de Deus é enfatizada; elanão tem comunhão com o pecado.O limpo e o imundo não podemconviver. Deus ordenou ao povojudeu: “Santos sereis, porque eu, oSENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv19.2).

Q u a n d oMoisés paroudiante da sarçaardente, Deuslhe disse para ti-rar as sandáliasdos pés, porqueo lugar em queele pisava eraterra santa (Êx3.5). A desobe-diência de Moi-sés em ferir, aoinvés de falar àrocha para obter

água no deserto, acaboupor separá-lo da promessa

de entrar naquela terra que eleconduzia o povo de Israel a tomarposse (cf. Nm 20.12). O lembreteda separação está incluído na ora-ção da kedushah (i.e., termo hebrai-co que significa “santificação”):“...serei santificado [i.e., tratado co-mo santo] no meio dos filhos de Is-rael...” (Lv 22.32).

Muitos elementos na Bíblia sãodenominados “santos” ou “santifi-cados”, entre os quais se in-cluem a arca da aliança, asvestes sacerdotais, o San-

to dos Santos no interior do taber-náculo e, posteriormente, do tem-plo, o sábado e as “santas convoca-ções” (i.e., festas). Esses elementosforam reservados para o propósitode Deus e, portanto, deviam ser se-parados, puros, limpos e sem mácu-la. Qualquer indício de corrupçãoou profanação os tornaria inaceitá-veis diante de Deus.

Dentre todas as separações, a se-paração de maiores proporções seconsumou no pecado de Adão eEva, custando-lhes a perda da co-munhão íntima com Deus e a vidaeterna na terra. A vida deles passoua se resumir numa jornada que ini-ciou no pó da terra e cujo destino éo pó da terra – ou seja, voltar ao so-lo do qual eles haviam sido forma-dos (Gn 3.19). Ou, como o profetaEzequiel escreveu: “...a alma quepecar, essa morrerá” (Ez 18.4).

Do Templo à Oração do Al ChetDesde a outorga da Lei de Moisés até

o ano 70 d.C., quando os romanosdestruíram o segundo templo dos

judeus em Jerusalém, a solução

66 Notícias de Israel, janeiro de 2008

Os termos bíblicos originais traduzidos por “pecado” nas Escrituras são: chet em hebraico e hamartia em grego. Ambos transmitem a idéia de errar a “mosca” de um alvo.

A Torah (i.e., os cinco livros das Escrituras revelados a Moisés) deixa claro que Deusescolheu o povo judeu como Sua propriedade peculiar.

Page 7: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

remediada para o pe-cado foi através de sa-crifícios substitutivos comderramamento de sangue, conformeespecificava a Torah. Na atualidade,durante o Rosh Hashanah (celebraçãodo Ano Novo judeu) e o Yom Kippur(Dia da Expiação), muitos judeuspassam o dia inteiro em oração, jejum(praticado no Yom Kippur) e em sú-plicas a Deus para que lhes perdoe ospecados.

Ao recitar uma oração denomi-nada Al Chet (i.e., “Pelos pecadosque eu cometi”), a congregação, emuníssono, implora o perdão deDeus. A liturgia especifica algunspecados, tais como a mentira, a de-fraudação, a traição, o suborno, acobiça, a difamação e o orgulho.

Essa mudança dos sacrifícios notemplo para as orações de arrepen-dimento é explicada resumidamen-te na Midrash Avot D’Rabbi Nathan4:5 do Talmude:

Certa feita, o rabino Yohanan benZakkai caminhava nas proximidadesde Jerusalém com seu discípulo, o ra-bino Yehoshua, após a destruição dotemplo. O rabino Yehoshua contem-

plou as ruínas do templo eexclamou: “Ai de nós! O lu-gar onde se faz a expiaçãopelos pecados do povo deIsrael se encontra em ruí-nas!” Então o rabino Yoha-nan ben Zakkai lhe disseestas palavras de conforto:“Não fique angustiado,meu filho. Existe uma outramaneira igualmente meritó-ria de se obter a expiaçãocerimonial, mesmo que otemplo esteja destruído.Ainda podemos obter a ex-piação cerimonial atravésdas obras de misericórdia.Pois está escrito: “Miseri-córdia quero, e não sacrifí-cio” (Os 6.6).

Tal história, apesar denão ser conhecida da maioria dosjudeus, é a base que sustenta

duas das crenças mais enganosas so-bre o pecado: (1) a crença de que opecado é uma escolha, não uma na-tureza; (2) a crença de que podemosacertar a nossa situação com Deusatravés de nossos próprios esforços.

Esta última promove o falso ensi-no de que alguém pode praticar bas-tante mitzvot, ou seja, boas obras,para superar as obras más. Por maisque seja louvável passar horas emorações de confissão, em jejuns, bemcomo doar de seu tempo e dinheiroa outrem, nenhuma dessas práticaspode remover pecados. As Escritu-ras Hebraicas claramente declaram:“...e todas as nossasjustiças [i.e., boasobras], [são] comotrapo da imundí-cia” (Is 64.6).

De que ma-neira um Deussanto perdoa pe-cadores? A res-posta se encontraem Levítico17.11: “Porque a

vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazerexpiação pela vossa alma, porquanto éo sangue que fará expiação em virtudeda vida”.

Na ocasião da primeira Páscoa,ocorrida no Egito, Deus utilizou osangue do cordeiro para impedir queo juízo da morte dos primogênitosrecaísse sobre os lares judeus. En-quanto o templo ainda estava de pé,os sacerdotes sacrificavam bodes nodia do Yom Kippur e usavam o san-gue para fazer expiação pelos peca-dos do sumo sacerdote e da nação.No devido tempo, Jesus, o Messias,resolveu para sempre o problema dopecado, quando se tornou o sacrifí-cio definitivo – a expiação substituti-va – pelos nossos pecados.

Ninguém consegue obedecerperfeitamente os 613 mandamentos,exceto o próprio Deus. Essa é a ra-zão pela qual Deus veio ao mundona pessoa de Jesus. Jesus nunca “er-rou o alvo” estabelecido por Deus;Ele obedeceu a todos os manda-mentos por nossa causa e levou so-bre si o castigo que nós merecemospor transgredi-los. Jesus ressuscitoudos mortos porque Ele é Deus e po-de nos libertar: “Porque o fim da lei éCristo, para justiça de todo aquele quecrê” (Rm 10.4). (Israel My Glory)Steve Herzig é diretor de The Friends of Israelnos EUA.

Notas:1. Rabbi Morris N. Kertzer, What is a Jew?, 4ª

edição, Nova York: Collier Books, 1978, p. 11.

77Notícias de Israel, janeiro de 2008

Muitos elementos na Bíblia são denominados “santos” ou “santificados”, entre os quais se incluem a arca da aliança.

Recomendamos:

Pedidos: 0300 789.5152www.Chamada.com.br

LIVR

O

LIVR

O

CD

Page 9: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

Na edição passada, verificamos que Deus derrama-rá Sua graça sobre Israel, o que resultará na redençãoda nação, bem como na sua reconciliação com Deus ena renovação do relacionamento pactual com Ele. Nocapítulo 13 de seu livro, o profeta Zacarias revela amaneira pela qual o Espírito Santo produzirá uma pu-rificação nacional no Israel redimido.

A Purificação de IsraelZacarias declara: “Naquele dia, haverá uma fonte

aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusa-lém, para remover o pecado e a impureza” (Zc 13.1). Afonte da purificação é o sangue derramado do Messiastraspassado (cf. Zc 12.10). Como uma fonte da qualjorra continuamente a provisão de água, assim o san-gue do Messias se encontra disponível, desde o primei-ro século, para purificar todas as pessoas de seu peca-do, da culpa e da impureza moral.

A palavra pecado, mencionada no versículo 1, signi-fica “errar o alvo”, ou falhar em cumprir o justo pa-drão moral estabelecido por Deus. O termo impurezarefere-se metaforicamente à impureza cerimonial rela-cionada com o ciclo menstrual da mulher. Ambos ostermos retratam com muita propriedade a culpa e a

“Naquele dia, haverá uma fonte abertapara a casa de Davi e para os habitan-tes de Jerusalém, para remover o pecadoe a impureza. Acontecerá, naquele dia,diz o SENHOR dos Exércitos, que elimi-narei da terra os nomes dos ídolos, edeles não haverá mais memória; e tambémremoverei da terra os profetas e o es-pírito imundo. Quando alguém ainda pro-fetizar, seu pai e sua mãe, que o gera-ram, lhe dirão: Não viverás, porquetens falado mentiras em nome do SENHOR;seu pai e sua mãe, que o geraram, otraspassarão quando profetizar. Naqueledia, se sentirão envergonhados os pro-fetas, cada um da sua visão quando pro-fetiza; nem mais se vestirão de mantode pêlos, para enganarem. Cada um, po-rém, dirá: Não sou profeta, sou lavra-dor da terra, porque fui comprado desdea minha mocidade. Se alguém lhe disser:Que feridas são essas nas tuas mãos?,responderá ele: São as feridas com quefui ferido na casa dos meus amigos.Desperta, ó espada, contra o meu pastore contra o homem que é o meu companhei-ro, diz o SENHOR dos Exércitos; fere opastor, e as ovelhas ficarão dispersas;mas volverei a mão para os pequeninos.Em toda a terra, diz o SENHOR, doisterços dela serão eliminados e perece-rão; mas a terceira parte restará nela.Farei passar a terceira parte pelo fo-go, e a purificarei como se purifica aprata, e a provarei como se prova o ou-ro; ela invocará o meu nome, e eu a ou-virei; direi: é meu povo, e ela dirá: OSENHOR é meu Deus” (Zc 13.1-9).

99Notícias de Israel, janeiro de 2008

Page 10: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

impureza de Israel no âmbito jurídi-co. Tal purificação acontecerá naocasião do Segundo Advento doMessias.

A “casa de Davi” e “os habitan-tes de Jerusalém” são destacadoscomo beneficiários. A purificaçãode Israel abrangerá a todos, desde alinhagem real de Davi até os cida-dãos comuns.

A Eliminação da Idolatria

Quando o Messias voltar, Deusporá fim a toda a idolatria, chegan-do ao ponto de fazer desaparecer osnomes dos ídolos para que os mes-mos nunca mais sejam lembrados:“Acontecerá, naquele dia, diz o SE-NHOR dos Exércitos, que eliminareida terra os nomes dos ídolos, e delesnão haverá mais memória; e tambémremoverei da terra os profetas e o espí-rito imundo” (v. 2). Os espíritosimundos são agentes ou espíritosdemoníacos que dão poder aos fal-sos profetas para proferirem e co-meterem coisas malignas; eles tam-bém serão eliminados.

Qualquer falso profeta que se re-cusar a dar ouvidos à advertência

de Deus e não parar de profetizar,será executado pelos próprios pais,segundo está prescrito na Lei Mo-saica. Seu pai e sua mãe lhe dirão:“Não viverás, porque tens falado men-tiras em nome do SENHOR; seu pai esua mãe, que o geraram, o traspassa-rão quando profetizar” (v. 3). Emoutras palavras, a honra ao nomede Deus e o amor à verdade sobre-pujarão os maisíntimos relaciona-mentos, até mes-mo o amor de paie mãe por um fi-lho.

A Lei Mosaicaordenava que ospais matassemseus filhos perver-sos por apedreja-mento, porém noDia do Senhortais filhos serãomortos por tras-passamento. Apalavra “traspas-sarão” (traduzidado termo hebraicodaqar) é o mesmoverbo utilizadoem Zacarias

12.10, onde Deus declara: “olharãopara mim, a quem traspassaram”.

Sob ameaça de morte, os falsosprofetas prontamente negarão o en-volvimento em tais práticas malig-nas: “Naquele dia, se sentirão enver-gonhados os profetas, cada um da suavisão quando profetiza; nem mais sevestirão de manto de pêlos, para enga-narem” (v. 4). A vergonha e o me-do de ser morto compelirá todoseles a pararem de profetizar. O ge-nuíno profeta geralmente vestia um“manto de pêlos” que o distinguiacomo profeta, um traje de acordocom seu estilo de vida sóbrio e seusgraves pronunciamentos (cf. 1 Rs19.13,19; 2 Rs 2.8,14; Mt 3.4).Com medo de ser descoberto, oprofeta impostor retirará disfarça-damente o manto que usava paraenganar as pessoas, a fim de enco-brir suas atividades.

Zacarias prediz a defesa fraudu-lenta e mentirosa de um falso profe-ta na seguinte descrição: “Cada um,porém, dirá: Não sou profeta, sou la-vrador da terra, porque fui compradodesde a minha mocidade” (v. 5).

A “casa de Davi” e “os habitantes de Jerusalém” são destacados como beneficiários.A purificação de Israel abrangerá a todos, desde a linhagem real de Davi até os ci-dadãos comuns. Na foto: vista de Jerusalém.

1100 Notícias de Israel, janeiro de 2008

Quando o Messias voltar, Deus porá fim a toda a idolatria,chegando ao ponto de fazer desaparecer os nomes dos

ídolos para que os mesmos nunca mais sejam lembrados.

Page 11: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

Para esconder seu envolvimento,o falso profeta alegará ter sido ven-dido como escravo quando aindaera jovem e que fora ensinado a la-vrar a terra pelo seu senhor e dono.Assim, tal homem declarará ser umescravo da classe mais baixa, quefora subjugado por seu dono e quenunca seria capaz de obter o conhe-cimento ou a habilidade necessáriapara ser um profeta.

Indivíduos perspicazes que o co-nhecem descobrirão a mentira des-se homem, pois as feridas no cor-po dele o denunciarão. “Alguém lheperguntará: Que são estas feridas en-tre os teus braços [i.e., no peito]?Então responderá ele: As com que fuiferido na casa dos meus amigos” (v.6; na antiga Tradução Brasileira –TB).

Alguns acreditam que a frase“ferido na casa dos meus amigos” sejauma profecia referente ao traspassa-mento das mãos do Messias. Con-tudo, esse ponto de vista é insusten-tável por várias razões. Em primeirolugar, porque o Messias nunca foiferido na casa de Seus amigos, massim por executores romanos quenão tinham nenhuma afinidadecom Ele. Em segundo lugar, por-que Ele nunca foi ferido muitas ve-zes no peito, como sugere o versí-culo 6, pelo contrário, Ele foi feridonas mãos. Em terceiro lugar, por-que o Messias nunca foi e nuncaalegou ter sido escravo de ninguémna Terra. Em quarto lugar, porque,depois de Sua ressurreição, o Mes-sias nunca foi questionado pelaspessoas do mundo acerca de suasferidas. Em quinto lugar, porque oMessias era um carpinteiro, não umlavrador. Em sexto lugar, porque oMessias era um profeta e nunca ne-gou tal fato. Em sétimo lugar, por-que a seqüência de acontecimentosapresentada nesse capítulo nãocoincide com a época da crucifica-ção do Messias.

Nesse capítulo 13, aqueles queinterrogam o tal homem sabem queele está mentindo. Além do mais, asferidas dele foram feitas por elemesmo, causadas por autoflagela-ção enquanto praticava a idolatria.À semelhança dos profetas de Baal,ele fez cortes em seu corpo na espe-rança de propiciar ou aplacar falsosdeuses (1 Rs 18.28). Esse tipo delesão era típico de muitos homensidólatras naquele tempo, principal-mente entre os cananeus. Em Is-rael, os sacerdotes e profetas foramcontinuamente advertidos contratais práticas (Dt 14.1).

A Aflição de CristoO enfoque do Senhor muda

drasticamente das aflições do falsoprofeta para a aflição do verdadeiroPastor que foi ferido pelos pecadosdo povo de Deus: “Desperta, ó espa-da, contra o meu pastor e contra o ho-mem que é o meu companheiro, diz oSENHOR dos Exércitos; fere o pastor,e as ovelhas ficarão dispersas; mas vol-verei a mão para os pequeninos” (Zc13.7).

Esse versículo abrange um longoperíodo que vai desde a crucifica-ção de Cristo até a Grande Tribula-ção.

O PASTOR: O Messias é o Pas-tor justo. Deus, o Pai, chamou-Ode “meu Pastor” e “meu Companhei-ro”. O termo pastor relaciona-secom a palavra usada em Zacarias11.4-7 e se refere àquele que, con-forme o texto de Zacarias 12.10, foitraspassado, a saber, Jesus, o Mes-sias.

O termo companheiro [do hebrai-co, amit] diz respeito a um ser hu-mano que está vinculado a uma re-lação familiar; no contexto emquestão, implica que ele tem umaíntima ligação ou relação comDeus, o Pai. Conclui-se, portanto,que se trata de um ser humano nu-

ma relação de igualdade com Deus.Tal palavra nitidamente se refere aJesus, o Messias, Aquele que é tan-to humano quanto divino. Essa ver-dade ao mesmo tempo causa as-sombro e admiração, demonstran-do, com clareza a igualdade doMessias com Deus.

A ESPADA: O Redentor é ferido:“Desperta, ó espada [...] fere o pas-tor”. O termo espada retrata um ins-trumento usado pela autoridade ju-dicial para infligir morte e é umsímbolo da ira divina. Não se tratada ira do homem desferida contra oMessias, mas sim da justa ira deDeus derramada sobre Aquele quelevou sobre Si os pecados do mun-do e derramou Seu sangue para aremissão do pecado.

Deus, o Pai, ordenou que a es-pada se levantasse e executasse ajustiça divina. A ordem dada é umaevidência de que era da vontade deDeus que Jesus fosse ferido. Embo-ra homens perversos tenham assas-sinado Jesus, Sua morte foi prede-terminada no plano e conselho doDeus Todo-Poderoso, Aquele quedesignara que o Messias morressepelos pecados do mundo (At 2.23).A espada da justiça divina não re-caiu sobre um homem perverso,mas sobre o justo Messias que é oFilho de Deus. Ele é o próprio Cor-deiro de Deus que foi traspassadopelos pecados da humanidade (Zc12.10; cf. Is 53.5). Isaías profetizouque foi do agrado de Deus, o Pai,moer o Messias e dar a alma dEle“como oferta pelo pecado” (Is 53.10).

AS OVELHAS: As ovelhas querejeitam o pastor ficam dispersas.Aquelas que fugiram do pastor feri-do são uma alusão ao povo judeuna ocasião da crucificação de Jesus.O Senhor Jesus predisse que Seusdiscípulos fugiriam dEle naquelemomento (Mt 26.31). Entretanto, adispersão dos discípulos não foi ocumprimento integral dessa profe-

1111Notícias de Israel, janeiro de 2008

Page 12: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

cia, visto que a nação de Israel tam-bém está envolvida em tal predição.A dispersão da nação de Israelocorreu no ano 70 d.C., quando osromanos infligiram a destruição deJerusalém, e, ainda, no ano 135d.C., quando as tropas de Romasufocaram a revolta liderada porBar Kokhba contra a ocupação e odomínio romano em Jerusalém. De-pois dessa última revolta, o povo ju-deu foi espalhado pela face da Ter-ra, num acontecimento que geral-mente se denomina de a Diáspora.

A frase “mas volverei a mão paraos pequeninos”, tem sido interpreta-da de várias maneiras. Alguns de-fendem a posição de que Deus dei-xou Sua ira contra as ovelhas paramostrar-lhes misericórdia, amor egraça. Gostaríamos de adotar esseponto de vista, porém, o contextonão apóia tal interpretação. A frasedeve ser interpretada em sentidopunitivo e não oferece nenhum in-dício de que Deus concederá mise-ricórdia a um remanescente fiel dopovo judeu. O povo judeu já en-frentou dois mil anos de persegui-ção e ainda se deparará com omaior holocausto de sua história

durante a Grande Tribulação (Jr3.7; Ap 12.1-7): “Em toda a terra,diz o SENHOR, dois terços dela serãoeliminados e perecerão; mas a terceiraparte restará nela” (v. 8).

Durante a Grande Tribulação,dois terços da população judaicaperecerá. As razões de uma taxa demortalidade tão elevada são as se-guintes: (1) Porque Satanás tentaráaniquilar Israel (Ap 12); (2) Porqueo falso profeta matará os judeus quese recusarem a adorar o anticristo(Ap 13.15); e (3) Porque muitosmorrerão durante a invasão de Jeru-salém (Zc 14.1-3).

Entretanto, esse capítulo 13 deZacarias termina com uma gloriosapredição: “Farei passar a terceiraparte pelo fogo, e a purificarei como sepurifica a prata, e a provarei como seprova o ouro; ela invocará o meu no-me, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, eela dirá: O SENHOR é meu Deus”(v. 9).

Zacarias previu a redenção deum remanescente justo de Israelque sobreviverá à fornalha depura-dora da Grande Tribulação. Assimcomo a prata e o ouro são purifica-dos no fogo, também a Grande Tri-

bulação expurgará toda a iniqüida-de de Israel. Tal remanescente arre-pendido sairá livre do pecado aofim dessa experiência depuradora.Quando seu sofrimento passar, Is-rael será estabelecido na sua terrapara desfrutar de todas as bênçãosprometidas por Deus na NovaAliança (Ez 36.25-38). Tanto oprofeta Oséias quanto o apóstoloPaulo também previram esse gran-dioso dia (Os 2.23; Rm 11.26-27).

Deus reconhecerá o remanes-cente redimido e refinado, quandodisser: “é meu povo”; ao que o povoresponderá: “O SENHOR é meuDeus” (v. 9). Que dia maravilhosoespera por Israel, quando o Messiaslevar um remanescente redimido epurificado à completa salvação! (Is-rael My Glory)

David M. Levy é diretor dos ministérios inter-nacionais de The Friends of Israel.

1122 Notícias de Israel, janeiro de 2008

As ovelhas que rejeitam o pastor ficam dispersas. Aquelas que fugiram do pastor ferido são uma alusão ao povo judeu na ocasião da crucificação de Jesus.

Pedidos: 0300 789.5152www.Chamada.com.br

Recomendamos:

208 págs. • 15 x 22cm

Page 13: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

1133Notícias de Israel, janeiro de 2008

Nos dias atuais, o povo judeuestá na Terra Prometida graças aodecreto divino e a muito sangue,suor e lágrimas. Apesar da propa-ganda árabe alegar que os judeus“roubaram” a terra dos palesti-nos, a verdade dos fatos mostraque os judeus, além de não rouba-rem a terra, compraram-na legal-mente dos proprietários muçul-manos que não davam valor à ter-ra nem a queriam mais. Osturco-otomanos saquearam e pi-lharam a terra, mas os pioneirosjudeus lhe restauraram a vida. Ahistória comprova que aquela ter-ra só floresce e frutifica quando opovo de Deus está de posse dela.

O Império Otomano se estabe-leceu no século XIII e sua in-fluência se estendeu sobre a TerraSanta em 1516, quando o Impé-rio Turco, sob o comando do sul-tão Salim al-Yavuz derrotou e ex-

pulsou os mamelucos que domi-navam aquele território e o Egitodesde 1270.1

Os otomanos, que apesar denão serem árabes professavam a féislâmica, dividiram aquele territó-rio recentemente anexado ao seuimpério em quatro sanjaks (termoturco que significa “estandarte”ou “bandeira”).2 Eram eles: Jeru-salém, Gaza, Nablus e Safed. Ca-da sanjak se constituía numa enti-dade organizacional, militar, eco-nômica e jurídica.3 Contudo,aquela terra viveu em estado demiséria sob o governo otomano.

Os primeiros três séculos de domí-nio otomano isolaram a Palestina dainfluência externa [...] O sistema tribu-tário otomano foi nocivo e muito con-tribuiu para que a terra continuassesubdesenvolvida e sua população per-manecesse pequena. Quando [o histo-riador] Alexander W. Kinglake atra-

vessou o rio Jordão nos idos de 1834-1835, utilizou a única ponte que haviasobre o Jordão, uma antiguidade ro-mana que sobreviveu.4

No entanto, apesar de todasorte de privações, um remanes-cente do povo judeu sempre per-maneceu na terra.

Mesmo depois da destruição do Es-tado judeu pelos romanos, comunida-des judaicas continuavam a existir.Vez por outra, todos os governos sub-seqüentes tentaram eliminar os judeus,porém nenhum deles conseguiu, se-gundo comprovam vários relatos nodecorrer dos séculos. No século XIX,quando iniciaram o atual “retorno” àEretz Yisrael [N. do T.: do hebraico“Terra de Israel”], os sionistas se junta-ram aos judeus que nunca deixaram aterra.5

Os judeus foram perseguidosimpiedosamente pelos turcos e ti-veram que pagar tributos confor-me índices que equivaliam à ex-torsão. Em seu extraordinário li-vro, intitulado From TimeImmemorial [i.e., “Desde TemposImemoriais”], Joan Peters citoufrases de alguns cristãos que visi-taram a importante cidade judaicade Safed no século XVII. Eles de-clararam: “os judeus pagam pelopróprio ar que respiram”.6 Contu-do, a senhora Peters escreveu: “navirada do século, a população ju-daica aumentara de 8-10 mil (em1555) para algo entre 20-30 milhabitantes”.7

Entretanto, a situação deles eratrágica pelo fato de que todos osnão-muçulmanos eram oficial-mente tolerados (num status desegunda classe denominado dhim-mi), mas não eram consideradosiguais perante a lei. Desse modo,o povo judeu não tinha direitosnem proteção sob a lei islâmica. E

O legado otomano

Nos dias atuais, o povo judeu está na Terra Prometida graças ao decretodivino e a muito sangue, suor e lágrimas.

Page 14: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

mais, eles estavam sujeitos a pagartributos exorbitantes, a serem hu-milhados e, até mesmo, mortos –como a maioria deles foi – peloscruéis muçulmanos.

Em 1660, por exemplo, os ju-deus de Safed foram massacra-dos e a cidade foi destruída, ape-sar das aviltantes taxas e tribu-tos que o povo judeu pagava. Asenhora Peters escreveu que em1674, “os judeus de Jerusalémforam igualmente empobrecidospela opressão do regime turco-muçulmano”. Ela citou as se-guintes palavras do padre jesuí-ta Michael Naud: “Eles [i.e., osjudeus] preferem ser prisioneirosem Jerusalém a desfrutarem daliberdade que poderiam ter emoutro lugar [...] O amor dos ju-deus pela Terra Santa [...] é ina-creditável”.8

Um judeu que visitou a terrade Israel em 1847 escreveu o se-guinte:

Eles [i.e., o povo judeu] não têmnenhuma proteção e estão à mercê depoliciais e paxás (título dos governa-dores de províncias do Império Oto-mano) que os tratam do jeito que bementendem [...] as suas propriedades[i.e., dos judeus] não estão à disposi-ção deles e eles não ousam reclamarde algum dano sofrido por temerem avingança dos árabes. A vida deles éprecária e todos os dias correm o riscode morrer.9

Uma “VastidãoDeplorável”

Quando Mark Twain, o famo-so escritor e humorista americano,visitou aquela terra em 1869, adescrição que fez da terra, entãogovernada pelos muçulmanos tur-co-otomanos, estava muito dis-tante de uma “terra que mana lei-te e mel”:

Nós atravessamos algumas milhasde um território abandonado cujo soloé bastante rico, mas que estava com-pletamente entregue às ervas daninhas– uma vastidão deplorável e silenciosa[...] lagartos cinzentos, que se torna-ram os herdeiros das ruínas, dos se-pulcros e da desolação, entravam esaíam por entre as rochas ou paravamquietos para tomar sol. Onde a pros-peridade reinou e sucumbiu; onde aglória resplandeceu e desvaneceu; on-de a beleza habitou e foi embora; on-de havia alegria e agora há tristeza;onde o esplendor da vida estava pre-sente, onde silêncio e morte jaziamnos lugares altos, lá esse réptil faz asua morada e zomba da vaidade hu-mana.10

Em outro capítulo, Twain es-creveu o seguinte:

Não há um único vilarejo em todaa sua extensão – nada num raio detrinta milhas em qualquer direção.Existem dois ou três agrupamentos detendas de beduínos, mas não há se-quer uma habitação permanente. Uma

pessoa pode cavalgar dez milhas pe-las redondezas sem conseguir ver dezseres humanos.

Uma das profecias se aplica a essaregião: “Assolarei a terra, e se es-pantarão disso os vossos inimigosque nela morarem. Espalhar-vos-eipor entre as nações e desembainha-rei a espada atrás de vós; a vossaterra será assolada, e as vossas cida-des serão desertas” (Lv 26.32-33).

Nenhum ser humano que estejaaqui nas proximidades da deserta AinMellahah pode dizer que a profecianão se cumpriu.11

De fato, a desobediência do po-vo de Israel na Antiguidade trouxedesolação. Porém, a terra nemsempre foi assim. A Bíblia descre-ve a terra dada a Abraão, Isaque eJacó como “uma terra boa eampla, terra que mana leite emel” (Êx 3.8). Deus prometera aSeu povo que eles seriam abençoa-dos na seguinte condição: “Seatentamente ouvires a voz doSENHOR, teu Deus, tendo cui-dado de guardar todos os seusmandamentos que hoje te or-deno...” (Dt 28.1). Além disso,Deus advertiu que a desobediênciadeles lhes causaria o afastamentoda Terra Prometida e que a pró-pria terra ficaria desolada.

Entretanto, Deus também pro-meteu uma restauração: “Diasvirão em que Jacó lançará raí-zes, florescerá e brotará Israel,e encherão de fruto o mundo”(Is 27.6). A Palavra de Deus é ca-tegórica: a terra de Israel só geraráo fruto recompensador quando opovo que biblicamente lhe faz jusao título e a quem pertence, esti-ver de posse dela. Do contrário, fi-cará sem cultivo, vazia e desolada.

Na realidade, o povo judeu ali-menta dentro de si um anseio na-tural e intenso pela terra de Israele por Jerusalém, sua amada cida-de. O salmista compreendeu esse

1144 Notícias de Israel, janeiro de 2008

Horizonte

Mustafá Kemal Ataturk, o herói nacionalda Turquia. Ele fundou a atual RepúblicaTurca a partir das cinzas do Império Otomano.

Page 15: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

desejo singular, quase inexplicá-vel, quando escreveu: “Se eu deti me esquecer, ó Jerusalém,que se resseque a minha mãodireita” (Salmo 137.5).

Por outro lado, os conquista-dores muçulmanos não tinhamnenhum interesse nem amor pelaterra que dominavam. A senhoraPeters escreveu que embora aque-le território tenha se tornado pro-priedade islâmica, os árabes quelá viviam “não tinham vontadenem experiência no trabalho agrí-cola; eles não tinham nenhum in-teresse ‘no trabalho duro’ nem nocultivo do solo”’.12

Hal Lindsey, em seu livro inti-tulado Everlasting Hatred [i.e.,“Ódio Perpétuo”], fez a seguintedescrição da Terra Prometida sobo domínio dos turcos-otomanos:

A Terra Santa sofreu mais assola-ções nos quatrocentos anos de domí-nio turco-otomano do que nos mil equinhentos anos anteriores. Por voltado século XIX, o antigo canal e os sis-temas de irrigação foram destruídos.A terra estava estéril e cheia de brejosinfestados de transmissores de malá-ria. Os morros estavam completamen-te devastados, sem árvores e sem ma-ta, de modo que toda a camada supe-rior e arável do solo, bem como osterraços, já tinham sofrido erosão, res-tando somente a camada pedregosa.13

As coisas estavam tão ruinsque a maioria dos muçulmanos fi-cou feliz por vender sua terra aqualquer pessoa que pudesse pa-gar os pesados impostos. Em1901 foi instituído o Jewish Natio-nal Fund [i.e., Fundo NacionalJudaico]. Esse fundo começoucom a coleta de dinheiro no mun-do todo, a fim de comprar a terraque estava nas mãos dos usurpa-dores muçulmanos e torná-laacessível à população judaica nati-va e a muitos imigrantes judeusque quisessem fazer da Palestina –

a antiga Terra Prometida – nova-mente o seu lar.

Golda Meir, que junto com seumarido foi uma das pioneiras achegar àquela terra em 1921 e que,posteriormente, se tornou primei-ra-ministra de Israel, escreveu:

As únicas pessoas que talvez pu-dessem se encarregar do serviço dedrenagem da região pantanosa doEmek [i.e., o vale de Jezreel] eram ospioneiros altamente motivados do mo-vimento Sionistas Trabalhistas, que es-tavam preparados para recuperar aterra a despeito da dificuldade das cir-cunstâncias e apesar do risco para avida humana. Além do mais, eles esta-vam prontos a realizar aquela obrapor si mesmos, em vez de empreendê-la através da contratação de trabalha-dores árabes supervisionados por ad-ministradores agrícolas judeus.14

À medida que o povo judeucontinuou na prática do aliyah(i.e, um termo hebraico que signi-fica “subir”; imigração) a Israel,ficou evidente o seu amor pelaterra. Eles adquiriram áreas esté-reis assoladas e instalaram siste-mas de irrigação; roçaram o terre-no, retiraram as pedras e fizeramo plantio do solo. Além disso,drenaram vales pantanosos, brejosinfestados de mosquitos, e ostransformaram em terra fértil cul-tivada.

Há 40 anos atrás, quando osisraelenses começaram a se mudarpara a região de Gush Katif naFaixa de Gaza, os árabes lhes dis-seram que a terra era amaldiçoadae que nada podia ser colhido da-quele solo. Contudo, recentemen-te, quando os israelenses foramobrigados a deixar aquele territó-rio em virtude da política gover-

namental de retirada da Faixa deGaza, eles já tinham transformadoGush Katif no celeiro de cereaisde Israel. Na realidade, esses ju-deus conseguiram fazer ali o quesempre fizeram: levar o deserto aflorescer.

Os turco-otomanos muçulma-nos deixaram um legado de deso-lação. Porém, Deus prometeraque a terra ficaria desolada atéque Seu povo – os filhos deAbraão, Isaque e Jacó – retornas-sem a ela:

“Portanto, profetiza e dize:Assim diz o SENHOR Deus: Vis-to que vos assolaram e procu-raram abocar-vos de todos oslados, para que fôsseis posses-

1155Notícias de Israel, janeiro de 2008

Horizonte

“Já estou muito cansada de ouvir alega-ções de que os judeus ‘roubaram’ a terrados árabes na Palestina. A verdade dosfatos é bem diferente. Muito dinheiro deboa procedência foi dado em pagamentopela terra e a realidade é que muitos ára-bes ficaram riquíssimos. Naturalmentehouve outras organizações [além do Je-wish National Fund (JNF) – “Fundo Na-cional Judaico”] e inúmeros indivíduosque também compraram extensões deterra. Entretanto, no ano de 1947, só oJNF – com o dinheiro arrecadado em mi-lhões das famosas ‘caixas azuis’ que seenchiam – já havia comprado mais dametade de todas as propriedades ruraisjudaicas naquele país. Portanto, acabemao menos com essa calúnia”.

– Golda Meir, no livro My Life.

A falecida primeira-ministra de Israel, Golda Meir.

Page 16: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

Horizonte

são do resto das nações e an-dais em lábios paroleiros e nainfâmia do povo [...] Portanto,assim diz o SENHOR Deus:Certamente, no fogo do meuzelo, falei contra o resto dasnações e contra todo o Edom.Eles se apropriaram da minhaterra, com alegria de todo ocoração e com menosprezo dealma, para despovoá-la e sa-queá-la. Portanto, profetizasobre a terra de Israel e dizeaos montes e aos outeiros, àscorrentes e aos vales: Assimdiz o SENHOR Deus: Eis que fa-lei no meu zelo e no meu fu-ror, porque levastes sobre vóso opróbrio das nações. Portan-to, assim diz o SENHOR Deus:Levantando eu a mão, jureique as nações que estão ao re-dor de vós levem o seu opró-brio sobre si mesmas. Masvós, ó montes de Israel, vósproduzireis os vossos ramos edareis o vosso fruto para omeu povo de Israel, o qual estáprestes a vir” (Ez 36.3,5-8).

Apesar da opinião do mundoacerca de Israel ser predominante-mente anti-semita, a Escritura Sa-grada é muito clara: o Deus sobera-

no do universo criou os céus e aterra (Gn 1.1). Ele também criou opovo judeu, como uma nação cons-tituída que nunca existira anterior-mente. Além disso, Ele prometeuaos judeus um bem imóvel [i.e.,um território] que se localiza lite-ralmente no centro do mundo. Is-rael é uma Terra Prometida a umPovo Escolhido. O relacionamentoentre a terra e o povo é simbiótico,ou seja, eles podem existir comoentidades distintas, mas somentejuntos são capazes de cumprir ple-namente tudo o que o SenhorDeus prometeu. (Israel My Glory)

Thomas C. Simcox é o diretor de The Friendsof Israel no Nordeste dos Estados Unidos.

Notas:1. Hal Lindsey, The Everlasting Hatred: The

Roots of Jihad, Murrieta, CA: Oracle Hou-se, 2002, p. 163.

2. “Sanjak”, publicado no site http://en.wiki-pedia.org/wiki/Sanjak

3.Haim Z’ew Hirschberg, “Israel, Land of:History”, publicado na Encyclopaedia Ju-daica, edição em CD-ROM, 1997.

4.“Early History, Palestine History”, publicadono site www.palestinefacts.org/pf–-early–palestine–brief–history.php

5.Ibid.6.Joan Peters, From Time Immemorial (1984);

reimpressão, Chicago: J. Kap Publishing,1993, p. 178.

7.Ibid.8.Ibid., p. 178-179.9.Ibid., p. 190-191.

10. Mark Twain, Innocents Abroad, ElectronicText Center, Biblioteca da Universidade deVirginia, cap. 47, acessado pelo siteetext.lib.virginia.edu /etcbin/toccer-new2?id=Twalnno.sgm&images=ima-ges/modeng&data=/texts/english/mo-deng/parsed&tag=public&part=47&divi-sion=div1, p. 489.

11. Twain, cap. 46, acessado pelo siteetext . l ib .v i rg in ia .edu/etcb in/ toccer-new2?id=TwaInno.sgm&images=ima-ges/modeng&data=/texts/english/mo-deng/parsed&tag=public&part=46&divi-sion=div1, p. 485.

12. Ibid., p. 151.13. Lindsey, p. 167.14. Golda Meir, My Life, Londres: Futura Pu-

blications, 1976, p. 63.

O povo judeu alimenta dentro de si um anseio natural e intenso pelaterra de Israel e por Jerusalém, sua amada cidade. O salmista compreendeu esse desejo singular, quase inexplicável, quando escreveu: ““SSee eeuu ddee ttii mmee eessqquueecceerr,, óó JJeerruussaalléémm,, qquuee ssee rreesssseeqquuee aa mmiinnhhaa mmããoo ddiirreeiittaa”” ((SSaallmmoo 113377..55))..

“Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos e dareis o

vosso fruto para o meu povo de Israel, oqual está prestes a vir” (Ez 36.8).

Recomendamos:

Pedidos: 0300 789.5152www.Chamada.com.br

1166 Notícias de Israel, janeiro de 2008

Page 17: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

Nos anos 1930, militares e funcio-nários do governo japonês imagina-ram um projeto para colonizar áreasda China ocupada com judeus que fu-giam da perseguição na Europa. Aidéia ficou conhecida, informalmente,como “Plano Fugu”, numa referência aum peixe venenoso, que, não prepara-do adequadamente, pode matar quemo consome.

O projeto foi descrito num livro deautoria dos norte-americanos MarvinTokayer, um rabino, e Mary Swartz.Segundo os japoneses idealizadoresdo “Plano Fugu”, a criação dessas co-lônias de judeus na Manchúria, regiãoao nordeste da China, poderia repre-sentar um impulso econômico nasáreas ocupadas e significar uma apro-ximação com a comunidade judaicanorte-americana. Por conseqüência,melhoraria a imagem do Japão empaíses ocidentais. Mas os defensoresdo projeto também viam um lado peri-goso na idéia, pois acreditavam emteorias conspiratórias e anti-semitas, oque resultava na crença de que judeusinstalados em áreas controladas pelomilitarismo japonês poderiam acabar“influenciando e dominando o própriogoverno em Tóquio”.

Nas décadas de 1920 e 1930, sur-giram no Japão os chamados “espe-cialistas em questões judaicas”, algunsdos quais acabaram arquitetando o“Plano Fugu”. Foram influenciados porpanfletos anti-semitas, como o infame“Protocolos dos Sábios de Sião”, quefala de uma suposta conspiração ju-daica para “controlar o mundo”. A ori-gem exata dessa peça é motivo de po-lêmica, mas sabe-se que ganhou noto-riedade quando publicada na Rússiaczarista, no começo do século 20.

No início da década de 1920, opanfleto anti-semita chegou ao Japão.Uma série de publicações, em 1921,sob o título “O Perigo Judaico” mos-trava a influência dos “Protocolos dosSábios de Sião”, conforme relatou Da-vid Goodman, especialista em estudosjaponeses da Universidade de Illinois,nos Estados Unidos. Autor do livro“Judeus na Mente Japonesa: a históriae os usos de um estereótipo cultural”, oprofessor Goodman descreveu a ma-neira como se deu o acesso a esse tipode texto anti-semita, por meio do con-tato de soldados enviados por Tóquiopara combater na Guerra Civil Russa,ao lado dos inimigos da RevoluçãoBolchevique.

O panfleto “Os Protocolos dos Sá-bios de Sião” circulava entre as “tro-pas brancas”, anticomunistas, quecombateram o Exército Vermelho de1918 a 1921. O Japão imperial, commedo da ameaça oriunda da Rússia,enviou mais de 70 mil militares à Si-béria, onde seus soldados entraramem contato com adeptos do antigoregime czarista. O grupo de “espe-cialistas em questões judaicas” queconcebeu o “Plano Fugu” incluía, porexemplo, os capitães Koreshige Inu-zuka e Norihiro Yasue, que, em1922, voltaram de sua missão emterritório siberiano. Junto com outrosmilitares e funcionários do governo,eles alimentaram a idéia de criar, nadécada de 1930, colônias judaicasna China ocupada, com a intençãode atrair know-how em áreas comoindústria e infra-estrutura e tambématrair investimentos de judeus de ou-tros países, que, na visão de Inuzu-ka e Yasue, estariam dispostos a fi-nanciar o projeto.

Segundo o professor David Good-man, Koreshige Inuzuka escreveu vá-rios artigos baseados no panfleto “OsProtocolos dos Sábios do Sião”, mas,em vez de propor a perseguição aosjudeus, o militar defendeu que o Japãousasse o suposto “poder judaico” emseu benefício. Em 1931, um ataque doexpansionismo japonês atingiu a Man-chúria, e foi anunciada, então, a cria-ção do Manchukuo, um estado-fanto-che. O território, com sua importânciaestratégica por conta da localizaçãopróxima à URSS e reservas de maté-rias-primas como carvão e ferro,atraía estrategistas e militares do Ja-pão que, após a conquista, se deramconta da dificuldade para levantar in-vestimentos que viabilizassem a explo-ração econômica da área sob ocupa-ção.

Militares como Inuzuka e Yasuepassaram a receber apoio de empre-sários japoneses que acreditaram napossibilidade de atrair investimentosde judeus, em particular dos EstadosUnidos. Planos para as colônias pas-saram a ser rascunhados, escolhendolocais na Manchúria e até mesmo emáreas próximas a Xangai, onde já ha-via uma presença judaica. Os ideali-zadores do “Plano Fugu” sustentavamque essas comunidades teriam “liber-dade de religião e autonomia culturale educacional”, mas “precisariam sercontroladas” para evitar que, de acor-do com as teorias conspiratórias, setornassem uma “ameaça” ao governojaponês.

Segundo o livro do rabino MarvinTokayer e de Mary Swartz, o PlanoFugu nasceu em 1934 e, em 1938,chegou a ser discutido na “Conferên-cia dos Cinco Ministros”, quando al-guns dos principais personagens dogoverno japonês mergulharam no de-bate sobre o projeto. Os críticos daidéia apontavam como prioridade aaliança com a Alemanha nazista, quese fortalecia às vésperas da 2ª GuerraMundial. O fluxo de judeus rumo ao

1177Notícias de Israel, janeiro de 2008

Horizonte

Os judeus, os japoneses ea história do “Plano Fugu”

Page 18: Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 1

Extremo Oriente, em especial a Xan-gai, também prosseguia, num trajetopara escapar da perseguição em soloeuropeu

Em 1939, o ataque nazista contraa Polônia marcou o início da SegundaGuerra Mundial e, em 1940, o “PlanoFugu” estava completamente descarta-do. O alinhamento de Tóquio a Ber-lim, com a assinatura do tratado tri-partite (Alemanha, Itália e Japão), eli-minava o projeto. E, em dezembro de1941, foi a vez de o militarismo japo-nês, que cometia atrocidades e levavaviolência a diversos pontos da Ásia,golpear os Estados Unidos, com o ata-que a Pearl Harbour.

O rabino Tokayer, em seu livro, re-lata conversas de seu trabalho de pes-quisa, com destaque especial para oencontro que teve com Chiune Sugiha-

ra. Cônsul japonês na cidade deKaunas, na Lituânia, entre no-vembro de 1939 e setembro de1940, ele salvou mais de 6 miljudeus ao ignorar ordens de Tó-quio e emitir vistos de trânsitopara que eles pudessem seguirviagem pela URSS, rumo ao Ex-tremo Oriente, fugindo do Holo-causto.

Chiune Sugihara, com a aju-da de sua mulher, emitiu milha-res de vistos de 31 de julho a28 de agosto de 1940, o quepermitiu fugas para o Japão,China e outros destinos. Tokayerperguntou a Sugihara se ele sa-bia do “Plano Fugu”. “Soubeapenas quando você me contou.Se eu soubesse, teria sido muitomais fácil para mim. Eu não te-ria sentido sozinho o fardo daresponsabilidade de emitir osvistos”. A conversa prosseguiu.O rabino Tokayer quis saber osmotivos que levaram Sugihara aassumir aquela opção heróica earriscada. “Fiz apenas o que osseres humanos devem fazer”,respondeu. Sugihara foi afasta-

do do serviço diplomático japonês em1945 e morreu em 1986.

Um ano antes de sua morte, Sugi-hara foi homenageado por Israel. Orabino Tokayer entrevistou o responsá-vel por salvar milhares dejudeus em meio ao seu in-tenso trabalho de pesquisano Japão. Ele relata que ahistória de sua investigaçãocomeçou em 1968, quandode sua mudança a Tóquio,para trabalhar com a pe-quena comunidade judaicalocal, que ele descreveu co-mo um grupo de “livros fa-lantes”. O norte-americanose disse impressionado comas histórias que lhe conta-vam, sobre a vida no guetode Xangai, durante a ocu-

pação japonesa na China, ou sobreexperiências de vida em outros rincõesda distante Ásia. Marvin Tokayer, quetambém tinha morado na Coréia doSul, decidiu começar a colher depoi-mentos sobre a vida judaica no univer-so asiático. No começo dos anos1970, chegaram às suas mãos os cha-mados “Documentos Kogan”, uma sé-rie de cópias de textos do Ministériodas Relações Exteriores, encontradosnum “sebo” em Tóquio, para seremem seguida levados a Michael Kogan,um integrante da comunidade judaicada capital japonesa.

Kogan mostrou os documentos, quefalavam de “colônias judaicas naManchúria”, ao rabino. Começava en-tão a pesquisa que resultaria na publi-cação, em 1979, do livro “O PlanoFugu”, em co-autoria com MarySwartz. E, com a publicação, a histó-ria finalmente chegou ao grande pú-blico. (Jaime Spitzcovsky, extraído dewww.morasha.com.br)

O jornalista Jaime Spitzcovsky é editor do sitewww.primapagina.com.br. Foi editor interna-cional e correspondente em Moscou e em Pe-quim.

1188 Notícias de Israel, janeiro de 2008

Horizonte

Chiune Sugihara, cônsul japonês na cidade deKaunas, na Lituânia, entre novembro de 1939 esetembro de 1940, salvou mais de 6 mil judeusao ignorar ordens de Tóquio e emitir vistos detrânsito para que eles pudessem seguir viagempela URSS, rumo ao Extremo Oriente, fugindodo Holocausto. Na foto: Chiune e sua esposa.

A viúva de Chiune Sugihara, Yukiko Sugihara,recebendo um prêmio em reconhecimento

à coragem de seu marido.