nosso campus #7 - janeiro 2014

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NOSSO Informativo mensal do Câmpus Salvador campus Jan 2014 Ano 2 N° 7 Diretor reeleito fala das ações para 2014 Corpo que Dança questiona conceito de cultura Licuri auxilia desenvolvimento de Caldeirão Grande

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Informativo mensal do IFBA Câmpus Salvador

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Page 1: Nosso Campus #7 - Janeiro 2014

NOSSOInformativo mensal do Câmpus Salvador

campusJan 2014 Ano 2 N° 7

Diretor reeleitofala das ações para 2014

Corpo que Dança questiona conceito

de cultura

Licuri auxilia desenvolvimento de

Caldeirão Grande

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2 NOSSOcampus Janeiro 2014

Com a palavra...

Reitora Aurina Santana, Diretor Geral do Câmpus Salvador Albertino Nascimento, Coordenadora de Comunicação Social Andréa Costa-- DRT BA 1962, Jornalista Responsável Verusa Pinho - DRT BA 3546, Reportagem Gabriela Cirqueira e Verusa Pinho, Projeto Gráfico Gustavo Pontas, Diagramação Felippe Moura e Lilian Caldas, Revisão Andréa Costa, Apoio Administrativo Valdinice Alcântara, Impressão Grasb | Periodicidade Mensal, Tiragem 1.000 exemplares, Circulação Campus de Salvador e Reitoria | Endereço Rua Emídio dos Santos, s/n, Barbalho - Salvador/BA, CEP: 40301-015 | Telefone (71) 2102-9509 | Facebook IFBA_Salvador_Oficial | Site www.ifba.edu.br | Email [email protected]

EXPEDIENTE

Ditadura da beleza: a mídia massacra o seu corpo

Os meios de comunicação, de um modo geral, principalmen-te da última década para cá, têm dado uma atenção especial à falsa ideia da construção de um corpo esteticamente “perfeito”. Na nossa complexa contemporaneidade, na qual se buscam diversos subsídios para ser aceito em um meio social ou algo do tipo, ainda existem pes-soas que nunca puseram os pés em uma academia de ginástica, não são adeptas de suplementos, nem sequer fizeram a dieta da lua, do tomate, da maçã e da sopa, mui-to menos fazem parte da geração “perca 10 kg em um mês”. Parabéns para elas, diga-se de passagem.

Mas essa não é a realidade em que vivemos. Pessoas saudáveis, com o índice de massa corporal (IMC) em dia e com o humor es-tável, tornam-se completamente neuróticas ao abrirem uma revista e virem um modelo todo traba-lhado no Photoshop, com aqueles músculos torneados, e as globais com a famosa cinturinha de pilão. Tanto a mídia quanto a publicidade fazem isso de modo bem sutil, sem que você perceba que tudo aquilo foi planejado para que sinta muita culpa se a sua calça não couber na

cintura. Vivemos numa ditadura da beleza, onde os responsáveis por trás de tudo isso vivem da nossa in-segurança, angústia e medo.

O que essa cultura dissemina é que se você é uma pessoa um pouco acima do peso, “meio feio” ou coisa do gênero, dificilmente conseguirá

O mal do século é a “idade dos 30”. As mulheres são as que mais sofrem com tudo isso. O medo de aparecerem os primeiros fios bran-cos, as celulites que se intensificam cada vez mais, sem falar nas rugas. A mulher começa a rejeitar o pró-prio corpo, sonha em ter 15 ani-nhos de novo e recorre a cirurgias plásticas, produtos de beleza, die-téticos, sentindo-se culpada por ter envelhecido e por sua pele não ser mais a mesma. Pura ilusão! A idade chega para todos, independente-mente do físico que se tenha.

É muita hipocrisia acreditar que você vai à academia de ginástica por uma questão de saúde, vai fazer uma dieta para ficar em dia com o seu médico. Não se iluda: “o pior cego é aquele que não quer enxergar”, alerta o dito popular. Você faz tudo isso porque a mídia dita os padrões de beleza de uma sociedade totalmente inca-paz de ter um bom relacionamento com o espelho. Não acredite em nada do que eles dizem. Você é lin-do(a), mesmo que a tevê não diga.

Paulo Roberto SousaEstudante do 3º ano

de eletrotécnica

um emprego que não seja atrás de um balcão e, provavelmente, não conseguirá ficar com a garota ou o garoto x ou y. E devido a tudo isso, a sociedade cria um perfil de uma pessoa perfeita (o que não existe): mulheres precisam ser longilíneas e trabalhadas em curvas, quase uma Barbie; já os homens, não podem faltar um dia à academia.

“A mídia dita os padrões de beleza de uma sociedade

totalmente incapaz de ter um bom relacionamento com o espelho”

Envie o seu artigo, de 30 a 40 linhas, ou sugestão de pauta para [email protected], com nome completo, curso ou setor, além de contatos telefônicos. Serão desconsideradas as produções de caráter político-partidário e/ou religioso, bem como conteúdos preconceituosos e depreciativos a grupos e/ou pessoas.

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Viver bem

Grupo de dança afirma que acultura agora é “glocal”

“Dançar é uma forma de comunicação”. Um clichê, di-riam os mais céticos em relação ao poder que a dança tem de escrever, em um espaço abstrato, histórias que fazem parte do imaginário e da formação da humanidade, utili-zando como lápis ou caneta o corpo humano e seus movi-mentos. Explorando essa relação, o Grupo de Investigação Corporal do Movimento e Pensamento - Corpo que Dança, do Câmpus Salvador do IFBA, expõe através de suas coreo-grafias a formação cultural híbrida do Brasil.

Idealizado pela professora Guiomar Fontes, o grupo, criado em 2010, apresenta espetáculos que discutem e questionam o conceito de cultura no país. “Caminhamos na contramão do conceito de cultura do modelo clássico, em que ela foi imposta como um padrão a se repetir em função da preservação/tradição, como se tratasse de algo cristaliza-do no tempo-espaço, isto é, como arquétipo cultural. O fato é que a problematização da educação globalizada no mun-do contemporâneo é o trânsito entre o fundamentalismo e o multiculturalismo global”, esclarece a docente.

Segundo o estudante do terceiro ano de manutenção mecânica industrial Guilherme Nascimento, participar do grupo foi um reforço para a sua paixão pela dança. “Dan-ço há mais de dois anos. Já desenvolvi projeto para motivar jovens sobre a educação do corpo e também participei de um grupo de break, com o qual me apresentei em eventos e campeonatos, mas a proposta do Corpo que Dança é di-ferente de tudo que já fiz. Estar no grupo é uma forma única de obter novas experiências”, destaca o jovem.

Com experiência anterior em balé clássico, jazz, street dance e dança afro, a estudante Gabriella Fernandes, do primeiro ano de química, encarou a dança contemporânea como um novo desafio. “Essa vertente reúne fundamentos clássicos, mas com uma liberdade maior de movimentos, sem apenas as sequências prontas, o que nos faz crescer ar-tisticamente. Como bailarinos, sempre teremos algo novo para contar ao nosso público”. Para a jovem, o Corpo que Dança é um incentivo ao processo educativo. “Esse projeto também estimula a criatividade e a capacidade de trabalhar em equipe, já que a dança não é algo isolado, ela precisa ser entendida, exercitada e compartilhada”, comenta.

Além de Gabriella e Guilherme, participam do tra-balho coreográfico mais recente as jovens Naiana Souza e Jamile Borges. Intitulado como “Corpo... Cultura... Dança... Educação Globalizada?”, o espetáculo é dividido em cenas que descrevem desde a chegada de Pedro Álvares Cabral até a atual dança popular da Bahia, e suas vertentes tradi-cionais, como o samba de roda e a capoeira. “A educação globalizada vem alterando o significado da palavra cultura, que antes era local e hoje em dia é ‘glocal’. Cultura não é algo fixo, não possui caráter de imobilização da arte, mas busca a sua recriação no movimento do presente, em con-tínuo processo de evolução. Sua especificidade e o seu valor não residem na fidelidade e, sim, na mobilidade, transfor-mação e mudança. A ideia é que o público concretize a obra com a leitura não verbal, dentro de uma nova visão do que é a dança”, conclui Guiomar.

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Capa

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Através do slogan “Por uma gestão comprometida com tra-balho, competência e ética”, o professor de química Albertino Nascimento garantiu, com 72% dos votos, a reeleição ao cargo de diretor geral do Câmpus Salvador e a confiança de técnicos-admi-nistrativos, discentes e docentes para um novo trabalho, que se inicia em abril de 2014. Em entre-vista ao Nosso Campus, Albertino revela as expectativas para a ges-tão e o andamento das propostas apresentadas para os próximos quatro anos.

Durante a campanha foi apre-sentada a criação dos cursos de licenciatura em química e enge-nharia civil. Essa proposta já está em andamento?

Sim, a proposta para a cria-ção desses dois cursos está em fase de conclusão e será enviada para análise e possível aprovação do Conselho Superior (Consup).

Pretende direcionar mais investi-mentos para novos cursos?

O grande desafio para o câm-pus está na ampliação do espaço físico. Qualquer investimento fica

condicionado à solução desse pro-blema.

Que ações serão organizadas para melhorar projetos já existentes, como o refeitório estudantil?

A partir da avaliação dos acer-tos e erros das ações em andamen-to, tomaremos as medidas neces-sárias para otimizar os nossos re-cursos. O refeitório sofreu melho-rias físicas e novas aquisições, em 2013, que já refletem na agilidade do atendimento aos estudantes. O acompanhamento e a supervi-são diários da nossa nutricionista [Nádija Dessa] garantem a quali-dade dos alimentos servidos, mas o nosso compromisso é melhorar sempre.

Suas propostas ressaltam diver-sos pontos relacionados à educa-ção inclusiva. Em matéria sobre o tema, na edição anterior desse in-formativo, foram indicados alguns problemas no câmpus, como a falta de elevadores adaptados nos pavilhões. Que medidas garanti-rão o maior conforto das pessoas com necessidades educacionais específicas?

Os elevadores já foram com-

prados. Acredito que, até o inicio do ano letivo, todos estarão insta-lados. A estruturação do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especí-ficas (Napne) e o trabalho conjunto com as coordenações de cursos e a Diretoria de Ensino vão apontar as medidas, a médio e longo prazo, para cada vez mais propiciar aos estudantes melhores condições de aprendizagem e sucesso na vida acadêmica.

Como será implantada a política de consolidação da assistência estudantil e que novos projetos estão previstos para os estudantes beneficiados?

A política de assistência estu-dantil já está consolidada no Câm-pus Salvador, mas há previsão de incremento dos recursos para essa assistência. O Departamento Peda-gógico e de Atenção ao Estudante (Depae), representados por suas assistentes sociais, indicarão para a Direção Geral, a partir do balanço das ações desenvolvidas em 2013, as prioridades para este ano. Nossa expectativa é ampliar a quantidade de estudantes atendidos e melhorar o acompanhamento pedagógico.

“Esse resultado só aumenta a responsabilidade e o compromisso”

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Em relação às reformas no câm-pus, o que já está acontecendo e quais serão as novidades? Há uma data prevista para inaugu-ração da clínica-escola?

Pretendemos ter a clínica--escola funcionando em janeiro de 2015. Os projetos do teatro e do edifício-garagem estão sendo elaborados. As reformas do câm-pus dependem de espaço físico, mas já adquirimos duas casas no entorno da instituição e uma ter-ceira está em fase de avaliação pela Caixa Econômica Federal (CEF). O diálogo com a comunida-de do Barbalho propiciará novas aquisições, agilizando, assim, as reformas necessárias.

Como está o andamento dos projetos Procel Solar e Projeto SOLidário?

Precisamos retomar e acele-rar a execução desses projetos. O Projeto SOLidário, além de sua importância técnico-ambien-tal, tem um valor especial por ter sido o produto do trabalho de conclusão de curso (TCC) de uma estudante [Tatiane Pereira], egressa do curso técnico de edi-ficações.

O que será feito para a implan-tação do regimento do câmpus?

O regimento do Câmpus Sal-vador acabou de ser aprovado pelo Consup e sua implantação será feita ainda em janeiro de 2014.

Qual a sua avaliação sobre as ações como diretor geral no ano de 2013?

Bastante positiva. Acredito que o trabalho realizado e todas as conquistas no ano de 2013 são frutos da ação coletiva da equipe

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“Agradeço a confiança da comunidade acadêmica,

representada pelos 72%

dos votos na reeleição”

gestora, professores e técnicos. O diretor, neste caso, é apenas um coordenador-intermediador dos diálogos.

Quais são as expectativas em rela-ção à reeleição e que recado deixa para a comunidade acadêmica so-bre a nova gestão?

Continuar trabalhando com muita disposição para ampliar os recursos financeiros do câmpus, que garantirão a continuidade da qualificação de nossas condições materiais e pedagógicas, tendo sempre como foco a aprendizagem e o sucesso dos nossos estudantes. Agradeço a confiança da comunida-de acadêmica, representada pelos 72% dos votos na reeleição. Esse resultado só aumenta a responsabi-lidade e o compromisso com o su-cesso do IFBA. Reafirmo, aqui, mi-nha crença no diálogo permanente com os professores, os técnicos-ad-ministrativos e com os estudantes, para a construção coletiva e demo-crática de um câmpus como local de sucesso e felicidade. Feliz 2014!

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Programe-se

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Os candidatos aprovados no Processo Seletivo 2014 já podem se matricular no IFBA. No Câmpus Salvador, as matrículas ocorrem de 27 de janeiro a 4 de fevereiro, tendo dia e horário específicos para cada curso, conforme cronograma publicado no site do IFBA. Os aprovados nos cursos técnicos, integrados e subsequentes, devem comparecer à Gerência de Registros Acadêmicos de Nível Médio (GRA 2), das 8h às 18h, e nos cursos superiores, na Gerência de Registros Acadêmicos de Nível Superior (GRA 3), das 15h às 20h. Já em Salinas da Margarida, a matrícula ocorre nos dias 3 (das 11h às 14h) e 4 de fevereiro (das 8h às 14h), na Secretaria de Educação do município.

Processo Seletivo 2014

A partir do dia 5 de fevereiro, acontecem as apresentações dos seminários da IV unidade da disciplina de educação física, com o tema “Visão Crítica do Futebol Brasileiro”. Na oportunidade, estudantes dos cursos técnicos integrados dis-cutirão sobre diversos aspectos desse esporte, inclusive sua relação com políticas públicas e com os megaeventos que serão realizados no Brasil. Mídia, torcidas organizadas, patrocínios e mercado de trabalho são alguns assuntos que permeiam as apresentações. No dia 21 do mes-mo mês, haverá palestra de encerramento com convidados, das 12h30 às 14h, além de confra-ternização com jogos de futsal.

Seminários sobre futebol

ErramosA data da prova do Processo Seletivo - Proeja 2014 é 26 de janeiro,

não dia 5, como foi veiculado na editoria “Curtas” da edição anterior

do informativo Nosso Campus.

Programação5/fev (quarta-feira), no Áudio 1Geologia (10821), às 7h Automação (5822), às 8h40Eletrotécnica (2811), às 10h4017/fev (segunda-feira), no Áudio 1Eletrônica (9812), às 7h 21/fev (sexta-feira), no Auditório PrincipalQuímica (8812), às 7hEletrônica (9811), às 8h40 Eletrotécnica (2822), às 10h40

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Integrantes do projeto e comunidade Raposa: troca de saberes entre conhecimento científico e popular

Projeto Licuri dinamiza economia e desenvolve cooperativismo

Licuri, ouricuri, nicuri e mais uma diversidade de nomencla-turas. Estamos falando de uma palmeira nativa da caatinga, que, como a pluralidade do nome anun-cia, pode ser aproveitada de dife-rentes maneiras. Da polpa e das suas fibras, à casca e ao miolo, conhecido por amêndoa, brotam alimentos, cosméticos e produtos artesanais. Com o objetivo de for-talecer a cadeia produtiva desse fruto, surge, em agosto de 2003, na época do antigo Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA), o Projeto Licuri, sob coordenação geral da professora do Câmpus Salvador do IFBA Djane Santiago.

Envolvendo ações para o de-senvolvimento socioeconômico do município de Caldeirão Grande, um dos maiores produtores de licuri do estado da Bahia, inserido no Terri-tório de Identidade do Piemonte

Norte do Itapicuru, a iniciativa ama-dureceu após a constatação, atra-vés de revisão bibliográfica, de que não havia nenhum trabalho cientí-fico avaliando os micros e macro-nutrientes do fruto, que mantinha a sustentabilidade das famílias da zona rural do Semiárido, principal-mente no período da seca. “A par-tir dessa pesquisa, desenvolveu-se projeto para captação de recursos, aprovado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o que possibilitou a caracterização química e nutricional do licuri, a fim de utilizá-lo para receitas que incre-mentassem a merenda escolar na região”, explica a docente, doutora em química.

Além de cálcio, magnésio, co-bre e zinco, a equipe do Projeto Li-curi, composta, naquele momento, por profissionais de nutrição, enge-nharia de alimentos, química analí-

tica e orgânica, além de bolsistas de iniciação científica, descobriu a pre-sença de selênio na amêndoa do licuri, com níveis compatíveis com a castanha-do-brasil. Esse elemen-to químico estimula a produção de serotonina, neurotransmissor que regula o humor e inibe a depres-são. “Mesmo sem nenhuma com-provação científica, costumo dizer que talvez seja por isso que o povo do Semiárido é tão feliz, apesar das dificuldades”, comenta a professo-ra Djane.

O próximo passo foi criar uma barra de cereal e realizar teste sen-sorial com estudantes e professo-res da instituição. De acordo com a docente, muitos relembraram os sabores da infância e aprovaram o gosto do produto. “A imprensa sou-be do projeto e deu repercussão ao tema. Então, muitas prefeituras nos procuraram, convidando o grupo a dar palestra para os produtores dos seus municípios, apresentando os resultados da pesquisa. Caldeirão Grande foi a comunidade que mais interagiu com a nossa equipe. Le-vamos o cereal para degustação e várias ideias foram sugeridas pelos próprios produtores,” relata.

Desenvolvimento localAo longo dos encontros com

a comunidade de Caldeirão Gran-de, iniciados em 2005, comporta-mentos foram repensados e a ação evoluiu para a implementação de tecnologia social, com a construção de máquina para quebrar o licuri,

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Saberes in prática

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arquitetada por um agricultor lo-cal e aperfeiçoada por professores de mecânica do Câmpus Salvador. Entre 2007 e 2008, o Grupo de Pesquisa e Produção em Química (GPPQ), no qual o projeto nasceu, estabelece parceria com a Incuba-dora Tecnológica de Cooperativas Populares do IFBA (ITCP), a fim de facilitar o processo de autogestão, bem como promover o escoamen-to da produção e a abertura de mercados para os produtores, que, atualmente, comercializam arti-gos nas feiras livres da região e em eventos, além de buscarem parce-rias com outras entidades.

“Com base na troca de sabe-res, conseguimos o respeito da comunidade e, em 2009, iniciamos a discussão para a criação de uma cooperativa, formalizada em 2011,

a Cooperativa de Colhedores e Be-neficiadores de Licuri do Município de Caldeirão Grande/Bahia (Coo-perlic), que hoje conta com cerca de 40 membros e tem perfil mul-ticomunitário, com representantes de diferentes associações”, escla-rece a ex-aluna de administração do IFBA, Carla Renata dos Santos, doutoranda em difusão do conhe-cimento e bolsista do projeto.

A valorização do fruto interfe-riu diretamente na autoestima dos moradores da região. “As mulheres, principais responsáveis por manter essa cultura viva, foram homena-geadas na marca do cereal e já não se consideram catadoras, mas colhedoras de licuri, o que permite um melhor aproveitamento nutriti-vo do fruto. Até uma comunidade remanescente de quilombo, que

não se aceitava como tal, passou a fazer parte do projeto. O povoado de Raposa é reconhecido hoje pela Fundação Cultural Palmares”, con-clui a docente Djane.

O desenvolvimento do Projeto Licuri resultou na geração de ino-vações tecnológicas, com depósito de pedido de patente ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). A preocupação atual reside na preservação dos licurizeiros, permitindo às futuras gerações a continuidade da tradição. “Nasci e me criei no licuri. Eu e minha fa-mília completamos a renda do mês com a venda do fruto e da barra de cereal na feira livre da cidade. Acredito muito no projeto. Através desse movimento, o licuri está valo-rizado”, afirma João Domingos, 54, diretor de produção da Cooperlic.

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ReconhecimentoEm 2010, o Projeto Licuri

ficou em 1º lugar na Etapa Nordeste do Prêmio Finep de Inovação, na categoria Tecno-logia Social, e 2º em âmbito nacional, com premiação de R$ 500 mil para aplicação nas suas atividades. A Financiado-ra de Estudos e Projetos é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Ciência e Tecno-logia (MCT) e, através do prê-mio, considerado o maior do país na área, reconhece e di-vulga esforços inovadores rea-lizados por empresas, univer-sidades, instituições científicas e tecnológicas, desenvolvidos no Brasil e já aplicados no país ou no exterior.

Desde 2009, o IFBA realiza a gestão ambiental da Feira do Em-preendedor da Bahia, promovida pelo Sistema Sebrae, que, em no-vembro de 2013, aconteceu no Centro de Convenções da capital baiana. Além da docente Djane Santiago, o Instituto esteve repre-sentado por estudantes dos cursos técnicos de química e mecânica, integrantes da Comissão Interna de Sustentabilidade Ambiental (Cisa) e do GPPQ, que foram moni-tores ambientais da feira. Na oca-sião, houve exposição do Projeto Licuri, na área de Negócios Verdes e Sustentáveis, bem como distri-buição de materiais informativos para orientação de micro e peque-nas empresas no desenvolvimento

de ações sustentáveis. Para com-pensar a emissão de carbono nos dias do evento, a equipe do IFBA plantou 200 mudas de árvores nos arredores do Centro de Conven-ções. Houve, também, doação de materiais recicláveis, recolhidos durante a feira, para cooperativas de catadores, totalizando R$ 1.750 na venda de papelão, plástico, me-tal, dentre outros.

Feira do Empreendedor FOTO: ARQUIVO GPPQ