nogueira_ messari - cap. 1 introdução

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    JOAO PONTES NOGUEIRA e NIZAR MESSARI

    T e o r i a d a sn e l a ~ o e s I n t e r n a c i o n a i s

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    2005, E lsev ier Edi tora Uda.Todos os direi tos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.Nenhuma par te deste l iv ro , sem autor izacao previa por escri to da edi tora,podera ser reproduzida ou t ransmi tida sejam quais lorem os meios empregados:eletronicos, rnecanicos, fotoqraficos, gravac;:ao ou quaisquer outros.Projeto Grstico e Editorar;ao Eletr6nicaCorpodetextoCopidesqueClaudia Melio BelhassoftRevisao GrettceMaril ia Pinto de OliveiraMarco Antonio CorreaProjeto GreiicoElsevier Editora Uda.A Qualidade da lnformacao,Rua Sete de Setembro, 111 - 162 andar20050-006 Rio de Janei ro RJ Brasi lTelefone: (21) 3970-9300 FAX: (21) 2507-1991E-mail: [email protected] Sao Paulo:Rua Quintana, 753/82 andar04569-011 Brooklin Sao Paulo SPTel.: (11) 5105-8555

    , .)

    ISBN 85-352-1687-1Mui to zel o e t ecni ca l or am empregados na edi cao des ta obra . No ent an to , podem oco rre r e rr os dediq itacao, i rnpressao ou duv ida conceitua l. Em qualquer das hipoteses, sol ic itamos a comunicacaoa nossa Cent ra l de Atendimento, para que possamos esc la rece r ou encaminhar a quest ao . Nem aeditora nem 0 autor assumem qualquer responsabil idade por eventuais danos ou perdas a pessoasou bens, originados do uso desta publicacao.

    Para Tatiana, Angela e Laila

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    CIP-Brasil. Catalopacao-na-tonteSind icat o Naci onal dos Ed it or es de L iv ros, RJ

    N712tNogueira, Joao Pontes

    Teoria das relac;:6es internacionais : cor rentes e debates / Joao PontesNoguei ra , Ni za r Messa ri . - R io de Janei ro : El sevi er , 2005.

    il.Inclui bibliografiaISBN 85-352-1687-1

    1.Relac; :6es Internacionais - F ilosol ia . I .Messar i, N izar . I I. T itulo.05-2550. COD 327.101

    CDU 327

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    Surnario

    Capitulo 1 lntroducaoPara que uma teoria das Relac;oes Internacionais? 1A evolucao da disci pi ina por meio dos debates te6r icos a visao convencional 3A proposta deste livro: uma visao diferente 8Plano do livro 14Notas 19

    Capitulo 2 0 realismo 20As premissas comuns ao pensamento realista 23Os realistas que marcaram a evolucao das Relacoes Internacionais 32o realismo, as Relacoes Internacionais e 0 debate conternporaneo 48Conclusao 54Notas 55

    Capitulo 3 0 liberalismo 57A tradicao liberal na teoria politica internacional:paz, cornercio. republicanismo, instituicoes 58Funcionalismo e interdependencia 74o novo liberalismo institucional e a critica ao neo-realismo 88Novas direcoes no debate liberal 96Democracia e paz 100Coriclusao 101Recornendacoes de leitura 103Notas 103

    Capitulo 4 0 marxismo 105Marx e as Relacoes Internacionais 105Lenin e 0 imperialismo: uma visao marxista das relacoes internacionais 111Visoes da periferia: as teorias da dependencia 118

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    o estruturalismo marxista de WallersteinCoriclusaoRecomendar;6es de leituraNotas

    Capitulo 5 A Teoria CrfticaA Teoria Crftica e as Relacoes Internacionais: antecedentesRobert Cox e a critica asteorias dominantes nas Relar;6es InternacionaisEtica, soberania e 0 cosmopolitismo critico de LinklaterConclusaoRecomendar;6es de leituraNotas

    Capitulo 6 0 construtivismoDefinindo 0 construtivismoEvolucao do construtivismo nas duas ultimas dacadaso construtivismo depois de 1999ConclusaoNotas

    Capitulo 7 Os p6s-modernos/p6s-estruturalistasA virada p6s-modernaPoder e conhecimento nas Relacoes InternacionaisRealidade e discurso na poiftica mundialIdentidade, exclusao e soberaniaRecomendar;6es de leituraNotas

    Capitulo 8 Perspectivas alternativas: feminismo e p6s-colonialismoPor que este capitulo?A contribuicao feminista ao estudo das Relacoes InternacionaisA contribuicao do p6s-colonialismo ao estudo das Relar;6esInternacionaisConclusaoNotas

    Capitulo 9 ConclusaoNotas

    Referencias bibliograficas

    12 3128130130 Capitulo 1

    13 2132139148158160161

    INTRODUC;AO

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    Para que uma teoria das Relacoes Internacionais?Hoje em dia, ouvimos dizer com frequencia que 0mundo esta

    cada vez mais internacionalizado, integrado e globalizado. Mas0que se quer dizer, exatamente, com isso?Sera que nossasvidasquo-tidianas, 0andar da nossa economia, osaltose baixos da politica oua maneira como se enfrentam osproblemas sociais sao, realmente,afetados por acontecimentos que ocorrem longe daqui e por deci-soes tomadas por outros governos? Acreditamos que sim, e que 0estudo das relacoes internacionais e fundamental para compreen-dermos 0mundo em que vivemos.Nem sempre foi assim.Durantemuitos anos, os assuntos internacionais ocuparam muito poucoespa

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    ainda sao pouco desenvolvidos em nosso pais, apesar de existir umadisciplina dedicada ao estudo das Relacoes Internacionais ha quaseurn seculo na Inglaterra e ha pouco men osdo que issonos EstadosUnidos. As teorias das Relacoes Internacionais tern a finalidade deformular metodos e conceitos que permitam compreender a natu-reza e0funcionamento do sistema internacional, bern como expli-car osfenomenos mais importantes que moldam a politica mundial.Precisamos de urn corpo particular de teorias para entender urn uni-verso espedfico da atividade humana cuja caracteristica e desen-volver-separa alemdasfronteiras nacionais, no espac,:opouco conhe-cido em que asacoes, interacoes, conflitos e negociacoes tern lugarnas margens dajurisdicao dos Estados: 0espac,:ointernacional. Osestudiosos das questoes internacionais argumentam que elas pos-suem uma qualidade distinta dos problemas investigados pelas cien-cias sociais que se ocupam dos processos que ocorrem no espac,:odomestico. Por isso, precisamos de uma teoria que de conta dessaespecificidade e de uma disciplina acadernica que congregue os es-tudos e retina ospesquisadores dedicados a s relacoes internacionais.Neste livro, apresentamos e discutimos as principais correntesde pensamento na teoria das Relacoes Internacionais e os debatesque, frequentemente, contrapoem seus expoentes. Nossa intencaofoi elaborar urn texto introdutorio que possa ser utilizado por alu-nos dos cursos de graduacao emRelacoes Internacionais e tambemcomo material de apoio aos estudantes de pos-graduacao. Paratanto, procuramos combinar a apresentacao dos conceitos funda-mentais de cada corrente de pensamento com uma abordagemcritica das Iimitacoes e contradicoes evidenciadas nos diferentesdebates teoricos.Nesta introducao, queremos situar este trabalho diante da va-riedade de textos e manuais de teoria das Relacoes Internacionais.Nao reivindicamos nenhuma originalidade em especial, mas gos-tariamos que 0leitor tivesse clareza quanto a nossas intencoes eposicoes, uma vez que diferem urn pouco das narrativas conven-cionais, inclusive daquela que acabamos de resumir anteriormente.Nas proximas secoes deste capitulo, fazemos urn breve apanhadoda evolucao da disciplina de Relacoes Internacionais, considerandoa historia mais conhecida dos seus "grandes debates" teoricos. Em

    seguida, situamos a proposta deste livro diante dessa historia, suge-rindo uma visao diferente das teorias de Relacoes Internacionais,considerando: a) 0lugar de onde estamos escrevendo - urn paisdo mundo em desenvolvimento; b) a pluralidade de perspectivasexistentes na area, incluindo 0impacto da contribuicao de outrasdisciplinas; c) nossa conviccao de que 0sistema de Estados nao eo unico objeto interessante e importante a ser estudado nas rela-coes internacionais; e d) urn questionamento sobre a convenienciada narrativa tradicional dos grandes debates para a riqueza e 0de-senvolvimento das pesquisas na area. Finalmente, apresentamos 0esquema geral do livro e a divisao dos capitulos.

    A evolucao da disciplina por meiodos debates teoricos: a visao convencionalAapresentacao convencional da origem e da evolucao da dis-

    ciplina de Relacoes Internacionais situa os primeiros passos para aformacao da discipiina no periodo imediatamente posterior atragedia da Primeira Guerra Mundial enos rastros de destruicaoque ela havia deixado. 0 primeiro departamento de Relacoes Inter-nacionais foi criado em 1917, na universidade escocesa de Aberys-twyth, com uma preocupacao normativa: os academicos que sereuniram naquele departamento tinham como objetivo organizaruma disciplina em torno do estudo da questao da guerra e, maisprecisamente, com a finalidade de livrar a humanidade de suasconsequencias nefastas. Era preciso, entao, estudar 0fenomeno daguerra e suas causas para poder evitar a repeticao de tragediassimilares as acontecidas na entao chamada Grande Guerra.

    Edward Hallett Carr, urn diplomata britanico aposentado,escreveu urn livro ao qual deu 0titulo de Vinte anos de crise, publi-cado em 1939, poucos meses antes do inicio da Segunda GuerraMundial. No livro, afirmou que a preocupacao normativa dos pri-meiros acadernicos da area de Relacoes Internacionais acabou porcega-los. Segundo Carr, foi tal preocupacao que obrigou esses pri-meiros academic os a pensarem em termos do d eo er s er do mundo,em vez de estudar como 0mundo realmente funcionava. A concen-tracao desses primeiros academicos, a quem Carr chamou de ut6-

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    picos ou idealistas, em problemas etico-morais, impediu-os de ela-borar instrumentos analiticos que permitissem perceber os sinaisanunciadores da proximidade da Segunda Guerra Mundial.

    Ao contrario desses idealistas, Carr definiu urn segundo grupoque chamou de realistas, que estudava como 0mundo realmenteera e que defendia uma visao men os utopica e mais sintonizadacom asdimensoes do poder e do interesse que permeiam a politicainternacional. A caracterizacao feita por Carr desse debate comourn confronto entre idealistas e realistas ficou conhecida na areaacademica de Relacoes Internacionais como 0p rim e ir o g ra nd e d eb ateda teoria das Relacoes Internacionais. Era urn debate ontol6gicosobre uma disciplina recern-criada, em que aspartes eram 0deverse r dos idealistas e0se r dos realistas. 0 primeiro grupo queria estu-dar como mudar 0mundo para torna-lo mais pacffico, enquanto 0segundo grupo queria estudar os meios a disposicao dos Estadospara que pudessem garantir sua sobrevivencia.

    o inicio da Segunda Guerra Mundial, que enfatizou a vitoriada logica da sobrevivencia, acabou dando razao aos realistas e en-terrando os idealistas:0pensamento normativo dos ultimos revelou-se perigoso porque subestimava as ameacas a sobrevivencia dos Es-tados. 0 realismo saiu, entao, desse primeiro grande debate, comoo grande vencedor, e a publicacao do livro de Hans Morgenthauem 1948, A p olitic a e ntr e a s n ac oe s, e sua enorme influencia nas deca-das seguintes vieram confirmar essa suprernacia.'

    Com a chamada revolucao behaviorista nas ciencias sociais emgeral, a critica que passou a ser feita a area de Relacoes Internacio-nais deixou de ser ontologica e tornou-se rnetodologica. 0 segundog ra nd e d eb ate na area nao foi mais urn debate sobre 0que estudar,mas como estuda-lo. Os realistas cientificos defendiam maior rigorcientffico e maior influencia dos metodos das ciencias exatas. Criti-cavam, tambern, a falta de dialogo com outras areas de conheci-mento cientifico, nas quais avances expressivos na formulacao demetodos empiricos de observacao e analise da realidade objetivahaviam sido feitos. Portanto, esses realistas cientificos defendiam aimportacao de metodos e conceitos de outras areas, das cienciasexatas em particular, como a cibernetica e a biologia, assim como

    urn uso mais intensivo de metodos quantitativos para 0estudo dasRelac,;oesInternacionais. Segundo eles, 0realismo classico pecavapor sua falta de rigor e sua metodologia subjetiva demais.

    AGuerra Fria, que exigiu dos tomadores de decisao urn maiorgrau de previsibilidade no cenario internacional, deu impulso acritica cientifica. A disciplina de Relacoes Internacionais passou aaceitar urn maior rigor cientifico, assim como a ado tar metodo-logias transparentes e falsificaveis, sem abrir mao dos avancesocorridos dentro da area a partir dos estudos mais tradicionais dorealismo classico,

    No final da decada de 1960 e no decorrer da decada de 1970,varios desafios se impuseram ao realismo como teoria dominantedas Relacoes Internacionais. Esses desafios tinham duas origens: aevolucao da politica internacional e a evolucao da propria disci-plina. Do lado da evolucao da politica mundial, podemos citar aconfirrnacao da Uniao Sovietica como superpotencia competidoracom os Estados Unidos no cenario internacional, assim como 0surgimento de novos Estados apos as descolonizacoes das decadasde 1950 e 1960. EssesEstados recern-independentes apresentavamuma agenda politica diferente da agenda das superpotencias: rei-vindicavam 0acesso ao desenvolvimento como prioridade da poli-tica mundial no lugar das questoes politico-militares, que domina-yam ate entao.

    Na area academica, 0surgimento de novos atores nao-estataisna politica internacional, como empresas multinacionais e organ i-zacoes internacionais governamentais e nao-govemamentais, levouao questionamento de premissas basicas do realismo. Assim, surgi-ram criticas a separacao entre politica domestica e politica interna-cional, bern como a divisao entre high e l ow po l it ics (alta politica, re-lativa a seguranca; e baixa politica, referente a temas economicos,tecnologicos etc.), e a primazia da primeira em relacao a segunda.Essesataques levaram0realismo a uma crise aguda, que necessitavade uma resposta vigorosa, capaz de superar suas insuficiencias. Co-rnecou a se falar da exagerada enfase dos realistas na questao daguerra em detrimento de outras questoes de polftica internacional,e surgiram criticas ao excesso de enfase no conflito em detrimentoda cooperacao e da interdependencia, 0 livro de Joseh Nye e

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    Ressaltamos e defendemos, tambem, a necessidade do pensa-mento normativo. Ao evitar privilegiar a apresentacao de certasareas em detrimento de outras, nos nos permitimos abordar asteorias ditas normativas como contribuicoes legitimas. Teorias nor-mativashaviam sido desprezadas nas Relacoes Internacionais desdeque Carr as declarou caducas. Na evolucao convencional da disci-plina, 0chamado primeiro grande debate concluiu-se com umasuposta vitoria do realismo. Consequentemente, a derrota do idea-lismo relegou 0pensamento normativo ao esquecimento da his-toria, Contudo, neste livro,mostramos nao apenas que varias teoriasnunca abriram mao de serem normativas, como existem argu-mentos que afirmam que todas as teorias sao normativas por defi-nicao, ou seja, todas as teorias tratam de urn dever ser, inclusive osrealistas e os liberais, que afirmam lidar exclusivamente com 0ser.Procuramos, entao, afirmar que ser normativo nao apenas e legi-timo, mas recomeridavel, principalmente de onde estamos escre-vendo. Desse ponto de vista, todos os capitulos deste livro lidamcom pontos de vista normativos.Por fim, a riqueza do debate atual, e que tentamos ressaltar aolongo do livro, e que a producao teorica nas Relacoes Interna-cionais passou a levar em consideracao influencias e a entrar emdebate com outras areas de conhecimento. Assim, abriu-se 0lequemuito reduzido das influencias recebidas pela disciplina e que eramexclusivasdas disciplinas de Historia e de Economia, para abarcarareas como a sociologia, a literatura, a filosofia politica e a geo-grafia. Autores tao diversos como Adorno e Horkheimer, os funda-dores da Escola de Frankfurt, ou0principal nome da teoria criticahoje, Habermas, tornararn-se citacoes comuns nas Relacoes Interna-cionais.Outros, como Levinas,Todorov, Foucault, Derrida, Giddense Wittgenstein, passaram, tambem, a ser citados de maneira corri-queira na disciplina. A logica por tras desse movimento de aberturanas Relacoes Internacionais, e que reproduzimos aqui, era a se-guinte: os dilemas e os desafios analfticos e conceituais colocadospara a disciplina nao eram de natureza diferente nem obedeciama logicas diferentes dos dilemas e desafios encontrados por outrasareas do conhecimento. Consequentemente, nao era preciso "rein-ventar aroda". A adaptacao e 0uso desses conceitos nas Relacoes

    Internacionais serviram para enriquecer e diversificar a aparelha-gem teorica da disciplina.

    Urn dos exemplos mais ilustrativos a esse respeito e 0uso dodebate agente-estrutura. No final da decada de 1980e no decorrerda decada de 1990, ostermos do debate em outras areas do conhe-cimento foram reconhecidos nas Relacoes Intemacionais e tiveramurn impacto conceitual consideravel na area. E esse dialogo entrea disciplina de Relacoes Internacionais e as demais disciplinas dasciencias human ase sociais que refletimos neste livro. Identificamosa disciplina como parte de urn conjunto de outras disciplinas, quetern sua especificidade, mas que pode dialogar, influenciar e serinfluenciada pelas outras.

    Nossa selecao de uma gama mais ampla de teorias e, tambem,urn esforco para transmitir aos estudantes brasileiros uma visao dadisciplina mais aberta a inovacao, ao desenvolvimento de novaslinhas de pesquisa. Uma das principais limitacoes das teorias con-vencionais e sua definicao do objeto de estudo das Relacoes Inter-nacionais: 0comportamento dos Estados soberanos em urn am-biente anarquico, Essa concepcao esta fortemente enraizada nacultura da area, refletindo-se em seu proprio nome, que indica 0relacionamento entre nacoes (entendidas como Estados) como suarazao de ser. Essa definicao se explica a partir de uma concepcaoda polftica como uma atividade na qual0choque de interesses en-volve, por natureza, a possibilidade do uso da violencia. Ao mo-nopolizar a atribuicao legitima de usar a forca, 0Estado se tornariao objeto e 0terreno privilegiado de toda acao polftica. Na esferainternacional, 0Estado adquirira uma importancia ainda maiorporque 0tal monopolio nao existe, uma vezque impera a anarquia.Temos, entao, que a combinacao de uma concepcao do Estadocomo esfera autonoma da politica com a divisao do mundo socialem dois ambitos distintos, 0domestico e 0internacional, constituiuma disciplina em que 0objeto de interesse e , necessariamente,como osEstados podem realizar seus interesses em urn mundo semgoverno, onde a ocorrencia da guerra e uma possibilidade semprepresente. Nesse sentido, 0pesquisador treinado de acordo com asteorias convencionais encontra-se diante da necessidade de orientaro foco de seus estudos para a compreensao do que os Estados,

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    autonomia/ dependencia etc. Devido ao vigor de seus ataques aosparadigmas dominantes e a radicalidade de sua critica da racio-nalidade moderna e dos fundamentos do pensamento cientifico, 0pos-rnodernismo tern sido marginalizado, hostilizado e menospre-zado nos meios academicos, Nesse capitulo, procuramos demons-trar por que esses pensadores incomodam tanto aos circulos bernpensantes da disciplina.

    Finalmente, no Capitulo 8, abordamos, de modo resumido,urn conjunto de aportes teoricos alternativos que vern adquirindomaior relevancia recentemente e que contribuem para enriquecero debate contemporaneo em teoria de RI e enfatizar 0elemento dediversidade como uma das principais caracteristicas da area. Discu-timos a producao de autoras feministas que introduzem a reflexaosobre a questao do genero na teoria de RI e apresentamos 0aportedos estudos pos-coloniais, chamando a atencao para suas criticas aopos-modernismo e as teorias dominantes, bern como para aimportancia de sua visao original sobre 0lugar da periferia na poli-tica mundial.

    Finalmente, esperamos que este livro contribua para uma di-vulgacao mais ampla, no universo cada vezmaior de estudantes deRelacoes Intemacionais no Brasil,de correntes e debates nem semprepresentes nos curriculos dos cursos de gradua