natureza da comunicação educativa

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A Natureza da Comunicação Educativa Elementos do Grupo: -Aracy Fonseca -Janet Francês -Keila Neves -Osmar da Silva -Stephanie Évora

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Page 1: Natureza da comunicação educativa

A Natureza da Comunicação

Educativa

Elementos do Grupo:

-Aracy Fonseca

-Janet Francês

-Keila Neves

-Osmar da Silva

-Stephanie Évora

Page 2: Natureza da comunicação educativa

1. Alcance referencial da expressão sistema

educativo e sistema comunicativo

1.1. Sistema educativo

A polissemia do termo reflecte-se nos diferentes usos: como um

produto, um processo, o estar educado, uma relação entre diferentes

agentes e como um sistema, formando parte do Sistema social a

nível de subsistema.

Trilla (1993), refere-se ao “universo educativo” como “o conjunto

total de factos, sucessos, fenómenos ou efeitos educativos-

formativos ou instrutivos- e, por extensão, ao conjunto de

instituições, meios, âmbitos, situações, relações, processos, agentes e

factores susceptíveis de os gerar, subdividindo-o em três sectores ou

modos de educação, de acordo com os contextos de realização:

formal, não formal e informal.

Page 3: Natureza da comunicação educativa

O primeiro sector é constituído pela educação formal e

compreende as instituições e meios de formação e ensino-

aprendizagem enquadrados pela estrutura educativa graduada,

hierarquizada e oficializada de determinado país. Desenvolve-

se por níveis, tendo por base uma organização curricular, em

regra de natureza racionalizada, sequencial e sistemática.

O segundo sector é constituído pela educação não formal e

compreende o conjunto de instituições e meios educativos de

natureza intencional e com objectivos definidos, mas que não

fazem parte do sistema formal.

O terceiro sector é constituído pela educação informal e

compreende o conjunto de processos e factores que geram

efeitos educativos sem estarem expressamente configurados

para tal fim.

Page 4: Natureza da comunicação educativa

Trilla (1993) considera ainda um quarto âmbito do sistema

educativo que é dado pela projecção pedagógica no universo

educativo. A pedagogia identifica-se como um conjunto de saberes

que versam sobre a educação, elaborados com o duplo e

complementar propósito de elucidar os mecanismos da sua

produção, orientar e optimizar a acção educativa para conseguir

determinados objectivos e finalidades. Apresenta portanto duas

dimensões: a descritiva , marcada pela explicação do que ocorre e

a normativa incidindo na prescrição de normas concretas de

aplicação, no dever ser da acção educativa.

Page 5: Natureza da comunicação educativa

1.2. Sistema comunicativo

A comunicação é um processo complexo, interdependente, adaptativo, governado por regras e ordenado hierarquicamente.

Alguns autores concebem a comunicação como um processo orientado para os sistemas, podendo esse processo ocorrer numa grande variedade de níveis.

Existem vários níveis ou contextos da comunicação, mas destacaremos quatro:

O contexto intrapessoal ocorre quando o indivíduo pensa ou fala para si mesmo.

O contexto interpessoal desenvolve-se entre dois indivíduos num contexto físico muito próximo.

O contexto grupal processa-se na colaboração entre vários indivíduos num contexto físico próximo.

O contexto cultural, também designado de massa, desenvolve-se entre uma pessoa institucionalizada e um grande número de pessoas . O púbico que utiliza o respectivo meio.

Page 6: Natureza da comunicação educativa

1.3. Os modos da comunicação educativa: formal e informal

Thayer sublinha a respeito da educação “que grande parte da confusão que ainda existe no estudo e na compreensão da comunicação decorre da nossa desatenção para o plano de análise que está a ser empregue”.

A articulação entre os contextos educativos e comunicativos permite diferenciar, genericamente, dois grandes modos de comunicação educativa: a formal e a informal. Esta diferenciação é estabelecida em torno da ligação dos interlocutores no espaço e no tempo e pelo grau de formalidade pedagógica da recepção e uso dos factos educativos.

A dimensão espacial coloca a questão da realização da comunicação com ou sem a presença física dos interlocutores.

A dimensão temporal coloca a questão se os interlocutores realizam a comunicação no mesmo momento ou em tempo diferente.

Page 7: Natureza da comunicação educativa

A comunicação educativa formal corresponde à concentração

num espaço e num tempo determinado. Aplica-se sobretudo à

primeira situação comunicativa. Materializa-se numa

instituição (escola) com o professor a assumir-se como

principal fonte de conhecimentos, transmitindo o seu saber a

um conjunto de alunos (receptores), condicionado por regras

materiais, por possibilidades maiores ou menores de

estabelecer a reciprocidade e por princípios de optimização do

rendimento.

A comunicação educativa informal pelo contrário, caracteriza-

se pela inexistência, em princípio, dum ponto definido no

espaço ou no tempo. A comunicação passa sobretudo pela

experiência vital dos interlocutores, renovada pelo encontro

com o outro em condições e formas variadas , desde a simples

conversa aos meios de comunicação social.

Page 8: Natureza da comunicação educativa

Perspectiva da educação como

um processo comunicativo

Citando Rodriguez Diéguez a educação não pode entender-

se sem a consideração prévia dos processos de

comunicação.

Blanco complementa que a realização pessoal apenas

acontece quando a comunicação se desenvolve com todas

as suas potencialidades, quando o aluno realiza o encontro

com o conhecimento. Esclarece que o encontro entre o

aluno e o conhecimento assume cada vez mais uma

expressão mediatizada, assumindo os média uma função

essencial, na medida em que tendem a representar da

melhor forma possível o acesso ao conhecimento.

Page 9: Natureza da comunicação educativa

Cont.

Para Dias a atribuição, pelo aluno, de significação à

mensagem comunicativa é condicionada pelo modelo

de comunicação. Reforça a ideia da aprendizagem

como uma actividade individual de atribuição de

significação ao “conhecimento público”, e cuja

formação e desenvolvimento é modelada pelas

estratégias de interacção no diálogo aluno/cenário, as

quais se apresentam associadas ao ambiente de

comunicação.

Page 10: Natureza da comunicação educativa

Cont.Rocha Trindade afirma que uma das maneiras deencarar o acto de ensino-aprendizagem consisteem considera-lo como um processocomunicacional. Estabelecendo um forte vínculoentre a enculturação (integração de experienciasresultantes da interacção social),e a educaçãoconsidera como “o exercício da influência que asociedade exerce sobre cada um de nós. Trindadeainda considera que é necessário garantir quecada pessoa tenha ”acesso oportuno aconhecimentos e experiencias organizados,estruturados, capaz de motivar o conhecimentointelectual, motor e afectivo”.

Page 11: Natureza da comunicação educativa

Cont.Assim o autor apela a “comunicação inteligente “entre os actores do processo de ensino aprendizagem tendo em vista não só a recepção da informação, mas também a sua compreensão e assimilação.

Moderno destaca a ideia de compreensão no fenómeno comunicativo. Comunicar significa “por em comum”, implicando que” transmissor e receptor estejam dentro da mesma linguagem, caso contrario não se entenderão e não haverá compreensão. Para este autor o grão de interacção entre professor-saber-aluno determina as diferentes formas e técnicas de comunicação.

Page 12: Natureza da comunicação educativa

Cont.

Rodriguéz Diéguez apresenta as operações que

efectuam-se num processo informativo, sendo

estes, delimitação de conteúdos, codificação,

descodificação e recepção, as quais facilitara

aos docentes na planificação, realização e

avaliação.

Ainda esse autor defende que ensinar é sempre

comunicar, mas nem sempre a comunicação é

ensinar.

Page 13: Natureza da comunicação educativa

Sarramona também concebe a educação comosistema de comunicação, em que comunicarresulta em transmitir um conteúdoinformativo, traz implícito o desejo de influir,a ideia de mudança, daí surge o elo de ligação,visto que a educação propõe a incorporação deconhecimentos no educando.

Titone, autor indiano, admite que o professor eos alunos jogam em alternativa os papéis deemissor e de receptor, compartilhando umascertas equivalências entre códigos emensagens.

Page 14: Natureza da comunicação educativa

Cont.

Sarramona também concebe a educação comosistema de comunicação, em que comunicarresulta em transmitir um conteúdoinformativo, traz implícito o desejo de influir,a ideia de mudança, daí surge o elo de ligação,visto que a educação propõe a incorporação deconhecimentos no educando.

Titone, autor indiano, admite que o professor eos alunos jogam em alternativa os papéis deemissor e de receptor, compartilhando umascertas equivalências entre códigos emensagens.

Page 15: Natureza da comunicação educativa

Cont.

Titone, ainda amplia o marco de análise da

comunicação didáctica, em que situa o

processo de comunicação dentro de um

contexto, a escola é um espaço aberto a

comunidade, revela a importância das

codificações e descodificações, reforçando

deste modo o papel de feedback, onde o

emissor converte-se em receptor e este em

emissor e, desta forma, ambos se afectam

interactivamente e mutuamente.

Page 16: Natureza da comunicação educativa

Cont.

Para Rodriguz Illera o que esta em jogo na

relação educativa, é sempre muito mais que

uma simples transmissão de conteúdos, pois o

currículo traduz uma construção da realidade,

quer quanto a sua elaboração, pois constitui

uma selecção da cultura, aquela que se

considera que deve ser transmitida, quer

também como objecto da teoria, como tema de

reflexão.

Page 17: Natureza da comunicação educativa

2.3 - Dimensões da comunicação didáctica

Evidenciam-se três dimensões com particular interesse e

utilidade para a comunicação didáctica:

1- Informação

2- Interacção

3- Influência

Page 18: Natureza da comunicação educativa

2.3.1 – Intercâmbio de Informação

Segundo Thaver (1979) e Salomon (1981) o sentido mais usual de

informação refere-se tudo o que um sujeito conta, diz, expressa, etc. a

outro. Este tudo o que é um conjunto de dados, indicações, noticias,

conhecimentos, etc.

Em tal sentido “a informação é o conteúdo da mensagem”.

A informação adquire matrizes especiais que condicionam o sentido da

comunicação:

a) Teoria da informação: definem informação em termos de incerteza,

ou seja, nem tudo o que um sujeito conta a outro é informativo. É

necessário que resulte em novidade para o sujeito que é informado.

Page 19: Natureza da comunicação educativa

A nível teórico, a informação consiste não tanto no processo de

transmissão do saber quanto na quantidade do incremento do dito saber.

Estado A (prévio à recepção da mensagem)

I- amplitude do saber presente

II-amplitude do saber que falta (esfera de incerteza)

Estado B (posterior à recepção da mensagem)

I-amplitude do saber presente

I a-amplitude do incremento do saber (quantidade do não

saber eliminado) = Informação

II-amplitude do não saber-que ainda falta

I II

I I a II

Page 20: Natureza da comunicação educativa

b) O aspecto básico do intercâmbio comunicacional é dado pelo

facto de os interlocutores actuarem sobre significados. As

características pessoais dos comunicantes, os seus modos de

percepção, os seus estilos de processamento da informação, as

suas formas expressivas preferenciais, etc. têm um papel

importante no processo da comunicação.

Então a comunicação é informação e a sua principal componente

é a mensagem.

A aplicação da dimensão informativa á comunicação didáctica

introduz-nos no tema dos conteúdos em todas as suas vertentes,

tanto curriculares, como do desenvolvimento do conteúdo

concreto na classe-aula.

Page 21: Natureza da comunicação educativa

Abrange uma reflexão sobre os aspectos seguintes:

- Que informação se deve transmitir? (centrada nas disciplinas? nos

interesses dos alunos? na mudança social?)

- Em que quantidades?

- Como se devem seleccionar os conteúdos?

- Como se deve sequencializar a novidade dos novos dados ou

actividades a trabalhar na turma?

- Como tratar a informação a transmitir de maneira que se facilite a

descodificação por parte dos alunos?

- Como se melhora a compreensão e se prolonga a duração dos seus

efeitos?

Page 22: Natureza da comunicação educativa

2.3.2- Processo de interacção

A comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação,

que o segundo classifica o primeiro. Pode discutir-se se é mais

importante, em termos de uma comunicação eficaz, o conteúdo da

comunicação ou o seu sentido interactivo.

Significado etimológico de comunicar:

- Vem do latim communicare (“tornar comum”)

- Scharamm (1960:3) atribui o seguinte sentido: “ quando

comunicamos estamos a tratar de estabelecer uma “comunidade com

alguém”: tratamos de compartilhar uma informação, uma ideia ou uma

atitude.”

Page 23: Natureza da comunicação educativa

A interacção adquire matrizes especiais que condicionam o sentido da

comunicação:

a) A comunicação não se limita às simples trocas verbais, mas alarga-

se a uma concepção de “linguagem total”;

b) Torna-se necessário que os símbolos utilizados possuam um

significado compartilhado pelos indivíduos na sociedade;

c) Há um desvio da comunicação como transmissão da informação

para a elaboração e partilha de significações;

d) A perspectiva psicossociológica permite precisar a noção de

contexto, designando ao mesmo tempo factos de linguagem e

factos sociais.

A capacidade de comunicar é a condição sine qua non da comunicação

bem sucedida, como refere Watazlawick (1973[1967]:49).

Page 24: Natureza da comunicação educativa

2.3.2- Processo de Influência

Para que se dê a comunicação não basta que exista emissão de

informação, é necessário que esta informação chegue ao seu destino e

provoque neste uma reacção que o implique no processo de

intercâmbio.

--- A comunicação resulta em mudança. ---

A influência exercida através do processo comunicacional pode ser

analisado à dois níveis:

1- Impacto pela natureza do processo comunicacional;

2- Impacto pela intenção de influenciar.

Page 25: Natureza da comunicação educativa

Em primeiro lugar, uma vez iniciado o intercâmbio comunicativo, a

acção de cada um dos comunicantes está relacionada com a do outro,

vai respondendo a ela e vai adequando o intercâmbio à dinâmica que se

gera nas sucessivas intervenções.

A aplicação da noção de contingência e de pontuação à teoria

comunicacional permite o tratamento estatístico das mensagens.

Contudo, a sua abordagem tem produzido alguns desenvolvimentos

teórico-práticos sobre o modo de apresentar a mensagem para se

obterem os efeitos desejáveis.

Uma das mais conhecidas foi apresentada por Scharamm (1960:19),

denominada “fracção de selecção”, também chamado de “função de

decisão” por Berlo (1985[1960]:100), sustentando que do ponto de

vista do receptor a escolha de uma mensagem é definida da seguinte

forma:

Fracção de Selecção= Recompensa esperada/Esforço requerido

Page 26: Natureza da comunicação educativa

Em segundo lugar, a influencia da comunicação deriva não do processo em si, mas

da intenção de influenciar. Esta intenção pode estar expressamente indicada ou

não, isto é, pode pertencer ao nível manifesto ou latente das mensagens, podendo ir

mais além da “intenção consciente”, pois, os processos mentais implícitos são

quase totalmente inconscientes. Toda a comunicação está ligada a ideia de induzir

mudanças.

No campo educativo, a variabilidade de grau da intenção de influir depende da

formalidade dos conteúdos educacionais, cabendo distinguir entre os contextos

formais, os não formais e os informais.

A comunicação didáctica incorpora uma dupla componente: a que deriva do

contexto normativo e a do contexto operacional da acção dos interlocutores,

abandonando a visão tradicional do processo ensino-aprendizagem unidireccional.

O aluno passa então entendido como sujeito e como parte activa do processo

didáctico, em que ele pode activamente emitir as suas ideias, desejos e

necessidades, influenciando assim, também o comportamento do professor. A

adaptação contingente dos actuantes ( professor e alunos) entre si e com respeito as

suas mensagens indica que a uma melhoria da comunicação didáctica, pois, estes

afectam-se mutuamente.

Page 27: Natureza da comunicação educativa

Implicações dos esquemas de comunicação na

educação

Esquemas Lineares / Informativos

Cibernéticos

Culturológicos

Psicológicos

Page 28: Natureza da comunicação educativa

- Esquemas Lineares /

Informativos

Lasswell, Shannon, Weaver e Schramm, investigadores norte-americanos, são os autores mais representativos desta corrente ao apresentarem a comunicação como a transmissão entre dois pólos, dissociando as funções do emissor e do receptor.

Lasswell é considerado como um dos primeiros investigadores a interessar-se pela comunicação enquanto processo. O autor considera que uma forma adequada para se descrever um acto de comunicação consiste em responder as questões seguintes: “Quem? Diz o quê? Através de que meio? A quem? Com que efeito?”, cuja valorização deu origem deu origem a um esquema.

Page 29: Natureza da comunicação educativa

Passível de ser aplicado a diversos níveis de

comunicação, este esquema baseia-se em três premissas

consistentes:

- É um processo assimétrico, com um emissor activo que

produz o estímulo para um público (receptores) passivo;

- É um processo comunicativo intensional, tendo por

objectivo obter um determinado efeito observável e

susceptível a ser avaliado;

- É um processo em que os papéis do emissor e do receptor

surgem isolados, independentemente das relações sociais,

culturais e situacionais em que se realiza o acto

comunicativo.

Page 30: Natureza da comunicação educativa

Outros dois investigadores norte-americanos,Shannon e Weaver, denotando preocupaçõestécnico-científicas, apresentaram uma teoria decomunicação intitulada “Teoria Matemática daComunicação”, tendo como objectivo medir aquantidade de informação contida numamensagem e a capacidade de informação deum dado canal, quer a comunicação se efectueentre duas máquinas, dois seres humanos ouentre uma máquina e um ser humano. Oesquema proposto pelos autores é o seguinte:

Page 31: Natureza da comunicação educativa

A fonte é vista como detentora do poder dedecisão, isto é, decide qual a mensagem aenviar. Esta mensagem seleccionada é depoistransformada pelo transmissor num sinal, queé enviado ao receptor através do canal. O ruídoé algo que é acrescentado ao sinal, entre a suatransmissão e a sua recepção e que não épretendido pela fonte.

Outro importante contributo explorado porestes teóricos da informação foi a tentativa demedir o conteúdo ou novidade informativa.

Page 32: Natureza da comunicação educativa

Desta Teoria informacional emergem ainda doisimportantes conceitos: a entropia e a redundância.A entropia define-se como a medida do grau dedesordem de um dado sistema de comunicação, afalta de previsibilidade numa situação, resultandoem incerteza. A redundância é o oposto daentropia, resulta de uma previsibilidade elevada.Assim, pode dizer-se que uma mensagem de baixaprevisibilidade é entrópica e com muitainformação, e inversamente uma mensagem deelevada previsibilidade é redundante e com poucainformação.

Page 33: Natureza da comunicação educativa

Wilbur Schramm é um dos mais persistentes autores do

fenômeno comunicativo, de tal modo que se torna restritivo

situá-lo apenas numa única corrente. Ele redimensiona os

esquemas lineares ao introduzir dois novos aspectos: a

necessidade de um campo experiência comum entre os

participantes no acto comunicativo e a influência exercida

mutuamente entre os participantes através da retroação (feed-

back).

O campo experiencial (vivência, objectivos pessoais, etc.) dos

participantes no acto comunicativo é um dos elementos

determinantes da descodificação dos sinais que veiculam a

informação conteúdal. Se os indivíduos compartilham uma ampla

soma de esperiências vivenciais, a área de sobreposição dos

sinais será grande, pelo que a comunicação está facilitada. Caso

contrário, a circulação da mensagem é muito difícil. A condição

fundamental para uma comunicação, como também assinala

Moles (1988:29) é a coincidência dos repertórios.

Page 34: Natureza da comunicação educativa

Esquemas Cibernéticos

O campo da cibernética foi desenvolvido pioneiramente pelomatemático Norbert Wiener, considerando-a como uma áreainterdisciplinar “que abrange todo o campo da teoria do controle dacomunicação, na máquina ou no animal”. Os conceitos de controle,regulação e feed-back da cibernética relacionam-se intrinsecamentecom a própria essência da teoria geral dos sistemas, fornecendo umaexplicação concreta para as qualidades do sistema como totalidade,interdependência, auto-regulação e intercâmbio com o meioambiente.

No entanto o investigador canadiano Jean Cloutier (1975) pode serapresentado como o autor mais representativo desta correntecomunicativa. Sua obra intitulada “A Era do EMEREC” indica-nosque o “homo-communicans” situa-se alternadamente em cada umdos pólos da comunicação e, até mesmo, e, ambos os pólossimultaneamente. O processo da comunicação não é linear, masconcêntrico, sendo o feed-back não um elemento acrescentado esupérfulo, mas inerente ao ciclo da informação.

Page 35: Natureza da comunicação educativa

Na linha de valorização dos esquemas cibernéticos,

Mucchieli (1990:47) considera que o elemento feed-

back é o factor que distingue informar de comunicar:

procurar o feed-back, afirna o autor, “é procurar a

relação, é considerar o receptor como uma realidade

autônomo, é estabelecer uma comunicação”.

Desenha-se deste modo um novo papel para o

professor que, como esclarece Moderno (1992:35),

“deixa de ser o sábio emissor que transmite a sua

ciência aos alunos, por sua vez receptores quase

passivos. Ambos os professores e alunos, andam á

descoberta do saber, desempenhando papéis

diferentes”.

Page 36: Natureza da comunicação educativa

Esquemas Culturológicos

Os investigadores Franceses Edgar Morin, Pierre

Shaeffer e Abraham Moles são os autores mais

representativos dos esquemas culturais da

comunicação.

A obra de Morin (1962) “L’ espirit du temps”, é

considerada o marco inaugurador desta corrente. O

bjectivo deste autor consistiu na elaboração de uma

sociologia da cultura contemporânea, através de uma

fenomenologia sistemática apontada numa pesquisa

empírica, abandonando os falsos dilemas (sobre as

qualidades ou carências da cultura de massa que são

objecto de tratamento pela sociologia tradicional.

Page 37: Natureza da comunicação educativa

A cultura de massa forma um sistema de

cultura, constituindo-se como um conjunto de

símbolos, mitos e imagens que dizem respeito

quer à vida prática quer ao imaginário. Embora

não sendo o único sistema cultural das

sociedades contemporâneas, porque as

sociedades modernas são realidades

policulturais, a cultura de massa faz-se incluir,

controlar, censurar, e ao mesmo tempo, tende

corromper, a desagregar as outras culturas.

Page 38: Natureza da comunicação educativa

Estabelece-se uma contradição entre as estruturas

burocratizadoras-estandardizadas da produção e

as exigências, radicalmente contrárias, criadas

pelo consumo cultural que reclamam um produto

de carácter original, individualizado e inovador.

A mediação entre estes opostos reside na própria

estrutura do imaginário: os modelos-padrões e as

formas arquéticas do imaginário, como os temas

míticos e as personagens-tipo que constituem a

estrutura interna que a indústria cultural utilliza.

Page 39: Natureza da comunicação educativa

Face ao complexo fenómeno da comunicação e dos meios de

comunicação de massa, ao diálogo desigual entre produção e

o consumo, como refere Morin, no qual o espectador

responde apenas com reacções ou utópicas como refere

Moles, a Educação para a comunicação deveria prosseguir

três objectos fundamentas: desmassificar, criar um espírito

crítico e potenciar a capacidade comunicativa.

Por desmassificar entende-se tornar conscientes todos os

aspectos integrantes da mensagem, personalizados a

comunicação. Aspectos que passa pela descoberta dos

conteúdos não explícitos, pela diferenciação da ficção da

realidade e pela penetração das possíveis intenções do

comunicador.

Page 40: Natureza da comunicação educativa

A criação de um espírito critico esta relacionado

com o objectivo anterior, passando pela potenciação

da capacidade de reacção e de reflexão face aos

valores e argumentos impostos pelos meios de

comunicação de massa.

Por potenciar a capacidade comunicativa entende-se

o domínio de outras linguagens, para além da

verbal, no qual hoje se entende por alfabetização

visual, audiovisual, e informacional, ou seja, como

um objecto que leva ao estudo dos símbolos,

suportes de informação, meios de informação e sua

incidência no comportamento humano

Page 41: Natureza da comunicação educativa

5.4- Esquemas psicológicos

Os esquemas psicológicos da comunicação interessam-se em analisar os mecanismos da interacção humana. Os investigadores desta corrente dão especial relevo aos níveis de comunicação intrapessoal – afectação ocorrida ao próprio individuo, interpessoal – afectação mútua entre individuo e o grupal .

a -Nível intrapessoal

Thayer , rejeita por um lado, de forma categórica, os esquemas lineares da comunicação porque ignoram a natureza da interacção e , por outro lado, salienta o nível interpessoal.

Para thayer a comunicação interpessoal não e um simples intercambio entre dois indivíduos, pois cada um deles aborda a interacção com os seus processos separados.

Page 42: Natureza da comunicação educativa

A comunicação e um processo continuo, sempreem movimento, determinado pelas aptidões deum individuo para levar em conta, em que tudofaz diferença no modo de o receptor interpretar amensagem - o status, a posição, a credibilidade ea reputação do emissor – as experienciaspassadas tanto do emissor como receptor – asconsequências esperadas, o tipo de meioutilizado – a quem foi dirigida ou não amensagem, o modo da sua apresentação damensagem, bem como as circunstancias em queocorre a comunicação.

Page 43: Natureza da comunicação educativa

b- Nível interpessoal

os autores Watzlawick, Beaven e Jackson apresentam cinco axiomas da comunicação humana:

1º- Não se pode não comunicar.

2º - Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação, de tal modo que o segundo clássica a primeira e é , portanto, uma meta comunicação.

3º- A natureza de uma relação esta na contingência da pontuação das sequências comunicativas entre os comunicantes.

4º- Os seres humanos comunicam digital e analogamente. A linguagem digital tem uma sintaxe lógico sumamente complexa e poderosa, mas carente de adequada semântica, ao passo que a linguagem analógica possui a semântica, mas não tem sintaxe adequada para a definição não –ambígua da natureza das relações.

5º- Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferença.

Page 44: Natureza da comunicação educativa

O primeiro axioma assinala que todo o

comportamento emitido num contexto

comunicativo constitui, por si mesmo, uma

mensagem.

O segundo axioma assinala que qualquer

comunicação transmite não só uma determinada

informação, mas também pretende impor

comportamentos, operações que ficaram

conhecidas por relato e por ordem.

O terceiro axioma faz referencia á

configuração que cada interlocutor toma

perante uma sequencia comunicativa.

Page 45: Natureza da comunicação educativa

O quarto axioma faz referencia a comunicaçãoeducativa que reside na tomada de consciênciapelo professor da circularidade e do efeito que oseu comportamento exerce sobre os alunos.

Finalmente o quinto axioma, assinala aexistência de dois níveis nas permutascomunicativas – simétricos ou complementares.O nível complementar e o facto de umparticipante ocupar uma posição superior e ooutro a inferior, enquanto que o simétrico ambosos participantes estão no mesmo plano.

Page 46: Natureza da comunicação educativa

c- Nível grupal

O grupo-turma aparece apresentado nageneralidade da literatura pedagógica como umgrupo restrito e formal. Restrito, porque écomposto por número limitado de membros -não deveria ultrapassar os vinte e cinco alunos –de modo a que um possa ter percepção directado outro e ser por eles percebidos para que tornepossível o estabelecimento de contínuas inter-relações. Formais, porque estão sujeitos anormas de trabalhos, locais de actuação ehorário, havendo ainda uma pré-determinaçãode objectivos, tarefas e actividades quedeterminam a sua estrutura.

Page 47: Natureza da comunicação educativa

As investigações de Leavit -1965- conduziram

duas conclusões importantes :

- Os indivíduos estão mais satisfeito quando

fazem parte dos grupos, cuja rede de

comunicação, como o circulo, não atribui a

qualquer individuo um papel central, ou seja,

quando não há diferenciação de papeis ,

- Os grupos são mais eficazes quando se

constituem em redes centralizadas, como a

estrela, onde a organização é mais estável e se

diferencia um papel central,

Page 48: Natureza da comunicação educativa

6. Critérios para uma comunicação

educativa eficaz

1- Eficácia entendida em termos de consecuçãode bons resultados, ou de ineremento dosresultados

2- Eficácia entendida em termos de correctautilização de técnicas comunicativasadequadas,

3- Eficácia entendida em termos de adequação aoutra pessoa com quem se comunica,

4- Eficácia entendida em termos defuncionalidade da totalidade do sistemacomunicacional e não de um ou vários doselementos individuais.

Page 49: Natureza da comunicação educativa

O primeiro critério refere-se á consecução de bonsresultados na comunicação educativa. Só por si, estecritério é restritivo e peca por excessivopragmatismo. Isto e apenas nos informa sobre osresultados, mas nada nos diz sobre o conhecimento efuncionamento do processo.

O segundo critério implica uma profundoconhecimento do processo comunicativo em termosde uma escolha adequada e funcional de técnica aque sejam congruentes com suas finalidades dacomunicação educativa. Implica, por exemplo, umconhecimento das técnicas de dialogo, defuncionamento das redes de comunicação, do uso dediversas linguagens.

Page 50: Natureza da comunicação educativa

O terceiro critério reflecte o grande desafio dacomunicação educativa, conseguir relaçõesinterpessoais e intercâmbios informativos entresujeitos muito diferentes entre si. Implica que oprofessor ajuste o seu repertório, mais vasto desaberes e experiencias ao dos alunos, tomando-o como ponto de partida para o ampliar.

O quarto critério vem na sequência dacapacidade de adequação referida atrás. Porem,neste caso, não deve apenas atender-se ascaracterísticas pessoais dos comunicantes, maistambém ás condições do contexto em que sedesenvolve o processo.

Page 51: Natureza da comunicação educativa

Obrigado pela atenção!!!