na proxima dimensÃo - inácio ferreira

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  • 8/7/2019 NA PROXIMA DIMENSO - Incio Ferreira

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    NA PRXIMA DIMENSOCARLOS ALBERTO BACCELLI

    DITADO PELO ESPRITO INCIO FERREIRA

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    NDICE

    Minha Viso

    CAPTULO 1CAPTULO 2CAPTULO 3CAPTULO 4CAPTULO 5CAPTULO 6CAPTULO 7CAPTULO 8CAPTULO 9CAPTULO 10CAPTULO 11

    CAPTULO 12CAPTULO 13CAPTULO 14CAPTULO 15CAPTULO 16CAPTULO 17CAPTULO 18CAPTULO 19CAPTULO 20CAPTULO 21CAPTULO 22

    CAPTULO 23CAPTULO 24CAPTULO 25CAPTULO 26CAPTULO 27CAPTULO 28CAPTULO 29CAPTULO 30CAPTULO 31CAPTULO 32CAPTULO 33

    CAPTULO 34CAPTULO 35CAPTULO 36CAPTULO 37CAPTULO 38CAPTULO 39CAPTULO 40

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    Minha Viso

    Viesse do Espao um habitante de outro planeta e pousasse com suanave em pleno Deserto do Saara, concluiria que o Orbe no passaria de exten-sa faixa de terra arenosa, sob alta temperatura, inviabilizando nele o

    desenvolvimento de qualquer forma de vida, por mais rudimentar...Se, alterando o curso do vo, pousasse, por exemplo, sobre as guas

    do Pacifico, deduziria que o mundo por ns povoado constitudo apenas porimensa massa de natureza lquida, no oferecendo maiores opes desobrevivncia aos seus possveis colonizadores...

    E se, ainda, descendo em diminuta clareira da Floresta Amaznica,nada divisasse sua volta, por milhares e milhares de quilmetros, senorvores de altssimo porte, impedindo, inclusive, a livre penetrao dos raios doSol, imaginaria que a Terra no passasse de estranho viveiro, to-somentepropcio existncia das mais variadas espcies vegetais e animaisprimitivos...

    Na esperana de que os nossos irmos compreendam que, desteOutro Lado, os que deixamos o corpo fisico nos sentimos na condio doreferido viajante do Cosmos, os quais a nave espacial da desencarnaoconduziu a determinada Regio de uma das mltiplas Moradas da Casa do Pai,ensejando-nos apreci-la segundo a ptica do nosso entendimento, que lhesentregamos as pginas deste livro despretensioso, o qual, com certeza,acrescendo-se s experincias de tantos outros, lhes possibilitaro uma visomais ampla da vida que, um dia, nos reunir na Prxima Dimenso .

    INCIO FERREIRA

    Uberaba - MG, 20 de setembro de 2002.

    Carlos Antnio Baccelli

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    CAPTULO 1

    Ora, eu estava morto e, no entanto, da vidraa em que observava omovimento l fora, a paisagem humana, em quase tudo, me lembrava o mundoque eu havia deixado... Ser que eu o havia deixado mesmo? Era a pergunta

    que, por vezes, me visitava o pensamento. Eu no habitava nenhuma regioetrea, feita, como imaginava, de matria quintessenciada; aos meus sentidos,tudo era quase igual, inclusive eu, que pouco me modificara em minhaintimidade. Nos primeiros tempos de Vida Espiritual, sentira-me, sim, mais levee mais bem disposto, mas agora, que me integrara de vez na nova realidade,no conseguia constatar em mim tantas diferenas: eu continuava sendo omesmo Incio, com o mesmo sangue a correr em minhas veias... Passada aeuforia da desencarnao, a Lei da Relatividade se encarregava de fazer comque a vida voltasse ao normal; de onde passara observ-las, as estrelas sem exagero algum de minha parte me pareciam ainda mais distantes... Arigor, eu no saberia dizer se me havia aproximado ou distanciado da Luz! Defato, para os que morrem, a morte no encerra mistrio algum; a nossa nicaexpectativa que no se frustra a que se refere sobrevivncia. Quanto aomais...

    Para lhes dizer a verdade, eu estava tendo que me esforar para no serindiferente aos amigos que deixara amigos e familiares, inclusive, scoisas que me haviam ocupado a existncia inteira e que, ento, me pareciamde suma importncia. Logo que me sucedeu o desenlace fsico, o meu espritono lograra desapegar-se do que prosseguia concentrando-me a ateno: euera ento um nufrago que no queria largar a tbua de salvao; mesmo nacondio de esprita, o Desconhecido, que se me escancarara, me infundia

    medo, pavor... Num rpido retrospecto, a conscincia no me absolvia de todoe eu tinha receio de afastar-me, ou seja, de perder contato para sempre comtudo que eu havia sido. A condio de mdico e Diretor Clnico do SanatrioEsprita de Uberaba, de certa forma, me resguardava e era o nico valor aoqual eu podia recorrer, caso houvesse necessidade.

    Ainda lutando para me adequar nova realidade, quando vi que a minhabiblioteca estava sendo desfeita o recanto em que eu passava a maior partedo meu tempo ocioso , provoquei um encontro espiritual com Chico Xavier e,por via medinica, solicitei quela que fora minha esposa no mundo que nocontinuasse dispersando os meus livros: eu ainda necessitava deles, no paracompuls-los, mas que, depois de perder o corpo, a sensao de perda que

    nos acomete muito grande, para que nos conformemos em perder maisalguma coisa. Por que procurei Chico Xavier? simples. Se eu tivesserecorrido a outro medianeiro para o meu recado companheira, possvel queela tivesse duvidado da autenticidade do fenmeno e, alm do mais, paraenviar a ela uma mensagem atravs de um outro mdium eu teria que trabalhara sintonia e no sei quanto tempo semelhante providncia me consumiria... Oesprito no um mgico e, muito menos, o mdium, embora muitos deles, dosmdiuns, confundam mediunidade com alguma espcie de magia.

    Mas, voltando vidraa que me permitia olhar o ptio do grande hospital,cuja direo, no Mais Alm, estava sob a minha responsabilidade (eu no seiquando que vou me livrar deste carma!), quase me convencia de que aquilo

    era uma edio melhorada do velho Sanatrio, que eu dirigira por mais de 50anos. Alguns dos pacientes que eu tratara na Terra estavam internados ali

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    e, na minha ingenuidade esprita, eu devaneava em que a desencarnaofosse uma espcie de p de cal sobre as nossas provas... A cura do esprito,sem dvida, era mais complexa do que supunha. Bendita a Reencarnao,bendito o Esquecimento!... No fosse, digamos assim, o choque psquico que areencarnao promove no esprito, o despertar da conscincia no aconteceria

    e a cura definitiva dessa doena chamada imperfeio jamais se consumaria.Existem espritos que, insanos no Mundo Material, continuam insanos no Mun-do Espiritual, espera de um novo corpo que, para ns outros, funciona comouma espcie de incubadeira...

    Eu rejuvenescera, verdade, e, principalmente, largara o hbito defumar, mas, confesso-lhes, me incomodava ser ainda o mesmo Incio, sem amnima possibilidade de subir um centmetro a mais na escala indefectvel dosvalores espirituais podia, sim, volitar, mas to-somente da Dimenso em queme encontrava para baixo, e vice-versa... Se eu quisesse ascender, comcerteza teria que me prevalecer de uma mquina que me conduzisse, anulandoo peso do meu corpo espiritual na gravidade na minha opinio, a mais sbia

    das Leis do Criador.s vsperas de desencarnar, eu pensava assim:Quando eu me libertar deste fardo que me oprime, poderei, livre, como os

    pssaros, adejar o firmamento, e o Incomensurvel, para mim, no ter omenor sentido; visitarei outros orbes, fsicos e extra-fsicos, e manterei contatocom outros habitantes das diversas moradas da Casa do Pai...

    Ledo engano! Sem dvida, a nossa linguagem comum a dopensamento, todavia nos espritos que povoam Dimenses Superiores oidioma mais erudito e no conseguimos interpret-lo com facilidade: falamto rapidamente e de forma to sinttica, que no lhes acompanhamos avelocidade do raciocnio... No estranhem que seja assim. Num mesmo pas,como, por exemplo, no Brasil, todos falam a lngua ptria, no entanto aquelesque se situam nos extremos da cultura se expressam de maneira quaseininteligvel para os demais. O homem de conhecimento mediano no saber oque um adolescente das favelas do Rio de Janeiro diz com os seus termos degria, nem tampouco entender aquele que somente se expressa com palavrasdicionarizadas; os chamados grafiteiros, com os seus modernos hierglifos,talvez sejam precursores de uma linguagem escrita constituda de sinais...

    O certo que eu continuava sonhando com as Dimenses Superiores to-somente sonhando... Tudo que havia feito na Terra no fora suficiente parame facilitar o acesso s regies onde a dor no se revela ainda to humana.

    Espero que os meus leitores, mormente os espritas, no consideremdesalentadoras estas minhas palavras; existem companheiros de Doutrina queestimam sonhar com Nosso Lar, a colnia espiritual a que Andr Luiz serefere em um de seus magnficos trabalhos enviados ao mundo. No, osespritas no devem trocar o Cu dos catlicos pela regio espiritual de NossoLar, cidade que se localiza nas vizinhanas do orbe, muito distante de servirde parmetro para as organizaes situadas noutras Dimenses, inclusivequelas que se erguem nas faixas do Umbral.

    Imerso nestas reflexes, escutei que algum batia porta do meugabinete sim, por aqui ainda temos portas e gabinetes, e, quando visitamosalgum, necessitamos fazer-nos anunciar.

    Ol, Incio! saudou-me o amigo Odilon Fernandes, aparecendopara uma visita.

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    Como que est voc?...Alm do que mereo, mas aqum do que careo respondi, sem perder

    o hbito de fazer trocadilhos. Ento, voc est igual a mim redargiu com descontrao. A

    maior surpresa da morte, depois da constatao da prpria imortalidade, ,

    sem dvida, a de que no passamos de seres humanos, limitados por dentro epor fora...

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    CAPTULO 2

    Limitadssimos, Odilon acentuei, dando seqncia ao dilogo. Confesso-lhe, com toda a sinceridade, que eu imaginava que o Plano Espiritualfosse diferente...

    Diferente, Incio, mais para cima... No nos esqueamos de queestamos nas circunvizinhanas da Terra. Voc sabe que, na Natureza, noexiste transio brusca; tudo obedece a um encadeamento lgico, baseado naLei do Mrito... Como, por exemplo, adquirir asas nos ombros, se ainda malsabemos o que fazer com as pernas?

    Mas redargiu o valoroso companheiro , os espritas havero dese decepcionar; eu no sei a causa de, ao nos tornarmos espritas, passarmosa achar que somos privilegiados... A Doutrina nos torna conscientes de nossasenfermidades, porm a tarefa da cura nos pertence, pois a simples condio deadepto do Espiritismo no isenta ningum de suas provas...

    , principalmente, do esforo de renovao... O esprita sincero aquele que no recua diante das lutas que trava para ser melhor. Deus nocultiva preferencias... As oraes dos fiis de todas as crenas tm para Ele omesmo valor; s vezes, quem ora aos ps de um santo de barro ora com maiorfervor do que aquele que j libertou a f de tantas formalidades...

    Como voc mudou, Incio! brincou Odilon comigo. Eu diriatratar-se de um esprito... Se eu no fizer esta ressalva, os nossos irmos domundo no acreditaro que eu esteja conversando com voc, o ferrenhoadversrio da Igreja Catlica...

    Ora, no exagere! Voc sabe que eu apenas me defendia, ou melhor,procurava defender a Doutrina... Agora, no entanto, estou aqui, s voltas com a

    prpria realidade... E com muito trabalho neste hospital, no ? Neste hospital onde, por incrvel que parea, a maioria dos pacientes

    esprita... Eu preferiria lidar com um louco esprito do que com um espritalouco... Como somos, Odilon, vaidosos do nosso pequeno saber!

    Muitos mdiuns internados aqui? O problema maior no so os mdiuns que, na maioria das vezes,

    faliram por falta de discernimento; o problema maior so os dirigentes espritas,aqueles que quiseram ter as rdeas do Movimento nas mos e impunham osseus pontos de vista. J os mdiuns se assemelham aos pecadores doEvangelho, mas os dirigentes so os doutores da lei...

    Algum catlico ou evanglico por aqui? Poucos. E so os que me do menos trabalho... Conforme lhe disse,os espritas que esto mal arrumados: conversam comigo de igual para iguale, no raro, acabam invertendo de papel comigo, ou seja: tratam-me como se odoente fosse eu... Citam trechos de O Livro dos Espritos, referem-se aoEspiritismo cientfico, fazem questo de demonstrar conhecimentos, no entantoj pude fazer entre eles curiosa constatao: quase todos foram espritastericos; nunca arregaaram as mangas numa atividade assistencial que, aocontrrio, criticavam veladamente...

    Conheci alguns deles, quando ainda no mundo aparteou o devotadoamigo. Um aos quais eu me refiro chegou a combater com veemncia o

    nosso trabalho de Sopa Fraterna na Casa do Cinza, em Uberaba; disse-meque o Espiritismo tinha que parar com aquilo, que ns estvamos desvirtuando

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    tudo o povo precisava de luz, no de po... Por acaso indaguei , teria sido o Ele mesmo, Incio respondeu. Sempre que me via no Mercado

    Municipal pedindo verduras e legumes para a nossa Sopa, eu tinha que ouvirum sermo... Coitado!... Nem sei se j desencarnou.

    Ele um dos meus pacientes aqui, Odilon, e, por sinal, um dos quemais reivindicam... O R., internado neste hospital?...- E deveria dar graas a Deus, pois, a rigor, o seu lugar seria mais

    embaixo... No sei como foi que conseguiu chegar at aqui.Ele cuidava da me, que morava sozinha, e no deixava que nada lhe

    faltasse...De fato, eu no sei o que seria dos filhos, se no fossem as mes

    comentei, emocionado. No fosse por elas, as regies trevosas estariamregurgitando...

    Mas, Odilon falei, com a inteno de mudar de assunto. E o seu

    trabalho com os mdiuns junto Crosta, como que tem se desenrolado?- Estamos indo, Incio. Como voc no desconhece, os progressos so

    lentos to lentos, que, por vezes, nos parecem inexistentes, mas vamoscaminhando. A turma no quer estudar e assumir a tarefa com disciplina.Muitos comeam e quase todos desistem...

    - Querem colher antes de semear, no ?- E semear antes de preparar o terreno...- No mesmo fcil perseverar, ainda mais no mundo de hoje, que mete

    medo em qualquer candidato reencarnao...- Porm no existe alternativa; se voc deseja escalar a montanha, no

    adianta ficar rodeando-a, concorda?...E nem esperar, indefinidamente, melhor tempo para faz-lo... Creio,

    Odilon, que talvez este tenha sido o nosso mrito, se que algum mritotivemos: embora conscientes de nossas imperfeies e mazelas, ousvamosfazer o que era preciso.

    Os mdiuns, Incio, acham que mediunidade corre por conta dosespritos; quase nenhum quer ser parceiro ou scio e entrar com a parte quelhe compete... Fazem uma srie de alegaes, quase todas sofismas, parajustificar a sua falta de empenho e melhor adequao da instrumentalidade.

    - O velho fantasma da dvida...- Dvida que, conforme sabemos, persistir em cada um, at que seja

    definitivamente afastada pela sua lucidez espiritual; a dvida que desafia ohomem a caminhar... A certeza o ponto final de jornada empreendida. Se o Espiritismo pudesse contar com mdiuns mais conscientes...

    lamentei. Seria uma maravilha, mas estamos confiantes para o futuro... Tudo

    est certo. Ser, por outro lado, que se tivssemos sobre a Terra um nmeromaior de medianeiros convictos e responsveis, o excesso de luz, ao invs delhes facilitar a viso da Verdade, no induziria os homens cegueira? Sempreme intrigou o fato de Jesus ensinar por parbolas; por que o Mestre no falavaclaramente?... Quero crer que no era por falta de capacidade pedaggica oupor pobreza de vocabulrio... Ele tencionava nos induzir procura, exercitando

    a nossa capacidade interpretativa. A Humanidade no se redimircoletivamente; a porta estreita exatamente para conceder passagem a um de

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    cada vez... Voc, como sempre, tem razo, Odilon concordei com a linha de

    raciocnio do companheiro. possvel que Moiss, se tornasse a viver hojesobre a Terra, viesse a reeditar a sua proibio dos homens se contactaremcom os mortos; queremos mais, no entanto no estamos to preparados

    assim... Aqui mesmo, Incio, onde presentemente nos situamos deste OutroLado da Vida, no estamos preparados para saber o que existe acima denossas cabeas...

    Voc tocou num assunto que tem me preocupado. verdade, Odilon,que existem Dimenses Espirituais paralelas, ou seja: alm daquelas quenaturalmente se posicionam em nveis concntricos, outras que, por exemplo,coexistem com a nossa, num Universo Espiritual Paralelo?

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    CAPTULO 3

    - verdade, Incio respondeu Odilon, com preciso. Neste exatomomento, possvel que estejamos rodeados de entidades espirituais,habitantes de outras esferas, no aquelas s quais teremos natural acesso

    pelas Leis que regem os princpios da evoluo; fica dificil traduzir em palavras,mas estou me referindo queles seres que povoam Dimenses paralelas quepresentemente habitamos. Por falta de melhor terminologia, digamos que asEsferas Espirituais diferentes como que se imbricam umas dentro das outras;coexistem sem se tocarem aparentemente, ocupam o mesmo lugar noespao, o que, pelas leis da Fsica, conhecidas, seria impossvel...

    fantstico! exclamei, comovido. Como o nosso mundinho lembaixo, diante do que ficamos sabendo alm da morte, se torna, em todos ossentidos, ainda mais minsculo... E nos acreditamos os tais, detentores deconquistas que nos fazem delirar e supor que somos iguais a Deus!...

    - A forma humana continuou o estudioso amigo, no dilogo que medespertava a curiosidade , em comparao a outras mais aperfeioadas, quesequer cabem na nossa imaginao, por demais primitiva, animalescamesmo. O esprito, em si, energia, luz... Assim como as nossas formas demanifestao se quintessenciam, a energia espiritual se eteriza, ao ponto deidentificar a criatura com o Criador. Jesus veio do futuro para o passado e oseu esprito careceu de revestir-se dos fluidos grosseiros que nos constituem ocorpo espiritual; o Mestre, aproximando-se gradualmente da atmosferaterrestre, foi experimentando sucessivas transfiguraes, at naturalmentematerializar-se...

    - Por este motivo muitos defendem a tese do corpo fludico...

    Inconscientemente, sim, Incio; s que se esquecem de admitir a ltimafase de semelhante transfigurao a do corpo carnal; Jesus, mesmo ele,no teria poderes para derrogar as Leis que vigem no Universo para todos osseres, O seu luminoso esprito, que efetuou a sua trajetria evolutiva em outrosmundos, fora do nosso Sistema Solar, encarnou sobre a Terra uma nica vez eno representou uma farsa, na tarefa que cumpriu... A sua encarnao, comcerteza, deve ter lhe custado mais do que a prpria crucificao. A suaintimidade com os elementos da Natureza era tamanha, que Ele transformavaa gua em vinho, multiplicava pes e peixes, regenerava clulas enfermas nosprocessos de cura, antevia os acontecimentos, acalmava os ventos e astempestades e o prprio cho estremecia quando Ele se punha a orar...

    Desculpe-me a pergunta, mas como sou novato por aqui... Nodisporemos, Odilon, na Dimenso em que nos situamos, veculos que nospossibilitem atravessar fronteiras? Explico-me melhor: na Terra, embora aCincia ainda esteja engatinhando, dispomos de naves espaciais que,vencendo a gravidade, so destinadas a conduzir-nos aos demais planetas doSistema. O homem j pisou o solo lunar e prepara-se para uma abordagem aMarte; naves-robs tm fotografado Jpiter e Saturno... Dentro de mais algunslustros, possvel, por exemplo, que o homem passe um final de semana numdesses orbes gracejei com o exagero. O que antes permanecia nosdomnios da fico est se tornando realidade...

    - Eu sei aonde voc pretende chegar, Incio. Temos, sim, pesquisas

    avanadas neste sentido e alguns j se encontram realizando incursesinterdimensionais, visitando a nossa Dimenso espiritual mais prxima, sem,

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    claro, que se tenham que despojar do perisprito; voc sabe que, atravs docorpo mental, podemos, em estado de desdobramento, ter acesso a outrasesferas...

    No, eu no estou me referindo a viagens astrais ultra-sofisticadas;quero saber se, em estado de lucidez, nos seria possvel, semelhana dos

    astronautas, visitar a prxima Dimenso e dar uma espiadela... Espiadela!... exclamou Odilon, sorrindo. Gosto de conversar eestar com voc, Incio, porque no me deixa esquecer de que ainda sou umhomem, ou seja, um ser humano...

    Aproveite, pois, quando estiver mais bem ambientado por aqui, talvezvoc venha a perder essa espontaneidade e, ento, quando se comunicar comos nossos amigos na Terra, muitos no sero capazes de identific-lo.

    No mude de assunto insisti. ou no possvel tomarmos umaespcie de espaonave e observarmos a vida nas vizinhanas do nossopresente habitat espiritual?...

    claro que sim afirmou sem rodeios , mas, com tanto a conhecer

    por aqui mesmo... O permetro que abrangemos mais de vinte vezes opermetro planetrio; se o homem, passados milhes de anos, ainda nocolonizou a Terra toda, quantos milnios gastaremos para explorar aspossibilidades da Dimenso em que vivemos?

    E Jesus Cristo, onde est?No conseguindo conter o sorriso que se lhe fez mais espontneo, o

    amigo considerou: Ora, Incio, no me aperte!... Quem sou eu, para saber do paradeiro

    do Cristo! Estou tentando manter a conscincia de mim mesmo e, creia, isto j muito. Outra coisa que voc, ainda nefito por estas bandas, precisa saber:muitas personalidades famosas que inscreveram o nome na Histria, quandoatravessam o tmulo, tomam destino ignorado ou, elas mesmas, perdemgradativamente a conscincia do que foram... Voc j imaginou se, porexemplo, Hitler ou Scrates no tirassem da cabea a lembrana do querepresentaram e representam para a Humanidade? O esprito perde amemria do que foi e guarda a recordao do que fez... necessrio queseja assim, pois, caso contrrio, no nos renovamos. Essas personagenspassam a ser um smbolo para a Humanidade e, depois, em favor de simesmas, desaparecem.

    - Mas eu ainda no esqueci que sou o Incio Ferreira e nem voc, que o Odilon Fernandes! redargi.

    No nosso caso diferente, pois, por ora, o que fomos o nico pontode referncia que possuimos... No entanto, se no reencarnarmos antes,reencarnaremos graas a Deus! sem aquela fixao na personagem queanimamos e que interfere na nossa nova identidade. Para muitos espritos, istose constitui em um carma: querer esquecer o que foram, sem o lograrem, noentanto.

    Retomando o tema anterior disse, enftico , que me parece maisinteressante, seria possvel, no futuro, nos candidatarmos a uma viageminterdimensional?... A diferena deste mundo em que nos encontramos com anossa Terra quase nada; sinceramente, eu esperava que a morte, pelomenos, me ensejasse maiores surpresas...

    Voc, certamente, Incio, no est considerando a experincia quetivemos, no faz muito, quando descemos s regies trevosas abaixo da

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    Crosta... Como que eu poderia me esquecer?... disse, arregalando os

    olhos, ao me lembrar dos episdios que, resumidamente, lhes dei a conhecerna obra Do Outro Lado do Espelho.

    - S que fcil de conceber o que se passa no Inferno, mas no o que

    acontece no Cu... Se me fosse dado, Odilon, eu confesso a voc quegostaria de espiar com estes olhos que a terra no comeu, o que existe almdas nossas fronteiras...

    - Quem sabe, ainda possamos, pelo menos, ir at ao limiar da prximaDimenso...

    - Eu teria vontade de descrev-la para os nossos irmos encarnados...- No acreditaro em voc; rotularo a sua obra de anti-doutrinria e

    inventaro uma nova Santa Inquisio, s para assarem o mdium nafogueira...

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    CAPTULO 4

    curioso acrescentei como ns, quando encarnados, nosopomos dinmica da Revelao! A pretexto de fidelidade doutrinria,oferecemos resistncia s obras que pretendem dar seqncia quelas j

    consagradas... Na maioria das vezes, Incio, tal acontece porque as obras s quais

    voc se refere no foram escritas ou intermediadas por ns. dificil que ohomem encarnado no oponha resistncia a verdade que no seja anunciadapor ele...

    Pausando por instantes, Odilon ponderou com sabedoria: Por outro lado, os excessos de imaginao carecem de ser evitados;

    se os mdiuns e os espritos no encontrassem resistncia da parte dos que seerigem em patrulheiros ideolgicos da Terceira Revelao, os absurdosdoutrinrios ou antidoutrinrios que produziriam seriam muito maiores... Comovemos, tudo est certo, e a obra, quando traz a chancela da Verdade, acaba seimpondo. A semente de boa qualidade germina entre espinhos e produz osfrutos a que est destinada.

    - Mais uma vez, voc tem razo comentei com o amigo de excelentebom-senso e cuja experincia nos assuntos relacionados com a mediunidadeeu estava longe de possuir. De qualquer forma, no entanto, me ser lcitotentar, no ? Ou, tambm, devo me sujeitar a alguma espcie de censuradeste Outro Lado da Vida?

    No existe, de nossa parte, restrio alguma, Incio, mas vocconhece bem o nosso meio, l na Terra...

    E como conheo!... Nos ltimos tempos, por no suportar a

    convivncia com certos companheiros de ideal, terminei, equivocadamente, meinsulando; mil vezes prefervel combater os padres do que os espritas! ... Nascamadas simples dos adeptos do Espiritismo, entre os servidores por assimdizer, nos deparamos com a fraternidade legtima, mas nas cpulas diretivas!

    Qualquer que ocupe um cargo de direo, vira a cabea e passa a seacreditar um esprito encarnado investido de elevada misso...

    Odilon sorriu e, quando amos dar seqncia ao assunto que, de certaforma, ainda me incomodava mesmo depois da morte, algum se nos fezanunciar. A jovem atendente que trabalhava comigo, avisara-me que PaulinoGarcia e Manoel Roberto haviam chegado e permaneciam espera.

    - Por favor, pea aos dois que entrem...

    Odilon, sempre gentil, levantou-se da poltrona e cumprimentou os amigosefusivamente. Ol, Paulino! Como vai passando, meu filho? E voc, Manoel? H

    quanto tempo no nos vemos?... verdade, Dr. Odilon, tenho andado um tanto ocupado ultimamente

    respondeu o antigo Enfermeiro Chefe do Sanatrio Esprita de Uberaba. Ocupado e preocupado, no , Manoel? aparteei com naturalidade. O senhor sabe como so os assuntos de famlia explicou-se o

    amigo recm-chegado : a gente desencarna, mas no consegue sedesligar... A conscincia continua me cobrando um melhor desempenho etenho muito que fazer para tentar reunir os valores familiares que se

    dispersaram. Eu tambm sou um daqueles que no cumpriram bem com osdeveres de casa...

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    - No exagere, Manoel! retruquei, com o propsito de aliviar o amigo,cujo semblante se cobrira de tristeza. Voc fez o que pde. Eu, voc, oPaulino, o Odilon todos fizemos o que pudemos... Como se dar o que no setem? Se a terra no de boa qualidade, no adianta semear. Reaja, homem! Areencarnao est a pela frente...

    Mas justamente isto que me preocupa:reencarnar e repetir os mesmos erros... Calma, Manoel! foi a vez de Odilon falar, confortando o corao do

    irmo que tanto fizera pelo ideal que nos era comum. No se angustie... Osnossos familiares so os nossos analistas em profundidade; se no nossentssemos responsveis por eles, viver no seria assim to complexo e nosiludiramos quanto nossa real capacidade de amar... Aqueles com os quaispouco convivemos pouco nos conhecem e nos transferem, de ns mesmos,uma imagem que no corresponde realidade. No fosse pelo remorso quenos prende retaguarda afetiva, junto aqueles que integram o nosso grupoevolutivo, a indiferena seria a caracterstica maior dos nossos sentimentos...

    As vezes, Manoel, ns esquecemos que pertencemos a Deus. O senhor tem razo disse-lhe com os olhos marcados. Eu

    preciso ser mais forte.Mas veja o senhor: eu nada fiz que merecesse algum destaque. Apenas

    sempre procurei cumprir com os meus deveres espirituais e, no entanto, osmeus familiares, com uma ou outra exceo, me supem detentor de mritosque os dispensam a eles prprios, do esforo individual...

    Querem, Odilon interferi, indo direto ao assunto , as credenciaisdele...

    Mas isto de querer para si o mrito alheio muito prprio do homem.H pessoas que vivem assediando os mdiuns, na crena de que eles haverode lhe facilitar o acesso s Regies Superiores...

    S se for s Regies Umbralinas atalhei, indignado, no deixandopor menos.

    Muitos espritas, recm-egressos do Catolicismo, esto querendosantificar os mdiuns, e o pior que h muito mdium gostando de sercanonizado em vida... uma aberrao! A continuar assim, vamos ter queampliar as dimenses deste hospital... loucura que no acaba mais. O espri-ta necessita, com urgncia, de se conscientizar de sua indigncia. Eu pensavaque, por ter escrito livros, polemizado com os padres e praticado alguns atosde caridade, fosse chegarpor aqui com duas asinhas... Ledo engano! Cheguei

    de rastros e, a rigor, ainda no me pus de p...A descontrao provocada por mim surtira o efeito esperado e todoscomeamos a rir.

    E voc, Paulino, o que tem a nos dizer? perguntou Odilon, com ainteno de deixar o pupilo vontade.

    Com relao famlia, at que no posso me queixar. O meu pai, aminha me e os meus irmos esto fazendo o que eu no faria... A minhanica preocupao a de nos permitirmos envolver em excesso pelas coisasdo mundo e relegarmos as atividades espirituais a plano secundrio; estamosindo bem, mas ainda corremos riscos...

    Sem dvida, perseverar nas obras da f um constante desafio para

    quem se encontra no corpo observei. A gente fica tanto tempo sem fazer nada, que, quando abre os olhos e

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    percebe a extenso do servio, chega a experimentar um certo desnimo comentou Odilon, que prosseguiu. E passamos a cumular os outros deexigncias, reclamando porque no encontramos cooperao altura, porquenos sentimos sobrecarregados, porque a Doutrina nos exorta a um maiordesprendimento, e ainda no sabemos conciliar interesses que, em essncia,

    so inconciliveis...Efetuando breve intervalo, o diligente amigo que todos temos conta dedevotado Instrutor, arrematou:

    No importa, porm... Hoje j estamos melhores do que ontem,quando, ento, nos lamentvamos de braos cruzados, entregues inrcia;agora, pelo menos, num nvel de conscincia superior, nos atiramos fogueira e no temos como no nos chamuscarmos em suas labaredas...Este, de fato, um caminho sem volta! Com menor ou maior aproveitamento,seguiremos adiante. Quem descerra os olhos para a luz no mais se contentacom as trevas, O nosso mais breve contato com o Espiritismo suficiente paraincomodar-nos pelo resto da vida!...

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    CAPTULO 5

    A conversa seguia mais descontrada e todos nos sentamos vontadepara expormos os nossos pontos de vista, sem nenhum constrangimento.Manoel Roberto se recuperara do ligeiro abatimento e, a meu convite,

    passamos a uma sala contgua onde poderamos dar seqncia aquela reunioinformal...

    - Como , Paulino? indagou Odilon. Confirmou-se a ttica que osnossos adversrios, ultimamente, tm procurado empregar contra ns, emnossos contatos com os irmos encarnados?

    - Sim respondeu o simptico jovem , infelizmente, no se trata deuma informao equivocada; pudemos checar a veracidade do fato e maisum problema que, doravante, teremos que enfrentar...

    Curioso, solicitei a Odilon maiores esclarecimentos, pois, afinal de contas,eu vivia quase isolado entre os meus pacientes, alheio ao que se passava lfora.

    Incio esclareceu o confrade, ante a minha perplexidade ,inteligncias interessadas em manter o homem preso ao imediatismo, nocomando de vastas falanges espirituais, esto impedindo que osdesencarnados se aproximem e se manifestem atravs dos mdiuns; ascomunicaes nas casas espritas tm escasseado e as que aconteciamespontaneamente fora dela, prevalecendo-se da condio inconsciente de mui-tos medianeiros, diminuram sensvelmente...

    Como assim? questionei, vido de maiores detalhes. Voc sabe, qualquer comunicao de alm-tmulo, sem que entremos

    aqui no mrito de sua maior ou menor autenticidade, induz o homem a cogitar

    de sua prpria sobrevivncia e, conseqentemente, imprimir um novo rumo aosseus passos... O intercmbio medinico tem sido um manancial que sustenta afonte da crena mesmo entre os que se dizem cpticos, a presena dosdesencarnados que, diga-se de passagem, no procuram apenas os mdiunsespritas em sua necessidade de contactar os homens, faz com que a dvidase lhes insinue no esprito, predispondo-os a refletir na hiptese naimortalidade...

    E os inimigos da Doutrina esto agindo?... inquiri, estupefato. Vejamos a que extremos chegaram aduziu o Orientador. Esto

    se organizando com o propsito de impedir os mdiuns de trabalhar e aseventuais comunicaes que permitem so aquelas passveis de provocar

    escndalos, pelo comprometimento moral do medianeiro... As intelignciasdesencarnadas s quais nos referimos, esto espalhando o terror nas vias deacesso Crosta, ameaando com severas punies as entidades que tm ohbito de se manifestarem mediunicamente a maioria porque, infelizmente,ainda no conseguiu se emancipar completamente dos laos que a escraviza Terra, deixaram o corpo, mas continuam gravitando mentalmente em torno deseus antigos interesses... Achar o caminho para a Altura no fcil, mormentepara aqueles que nunca se preocuparam com a prpria elevao.

    Mas, Odilon, o que voc est me dizendo um absurdo...Inacreditvel!...

    A coisa, Incio, mais complexa do que parece primeira vista. Em

    nossas reunies medinicas, existem entidades que se colam psiquicamenteaos mdiuns e passam o tempo todo sem pronunciar uma palavra: deixam a

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    mente do mdium entorpecida e no consumam o transe...Nos prprios hospitais psiquitricos, onde as manifestaes sempre foram

    intensas, est imperando a lei do silncio. A inteno a de fazer crer que noexiste vida depois da morte; o resto conseqncia... No podendo calar osmdiuns, como outrora acontecia nas fogueiras inquisitoriais, esto calando ou

    tentando calar os espritos. Por este motivo, temos observado que, no meioesprita, os contatos medinicos com entidades supostamente maisesclarecidas tm se multiplicado. Vejamos o nmero de livros assinados pornovos autores espirituais...

    Meu Deus, como o assunto complexo! exclamei, atinando para agravidade do problema.

    - Espritos que mentalmente no se submetem, porque possuidores decerta independncia, furam obloqueio e, encontrando receptividade nosmdiuns disposio tm produzido obras literrias ou no que poucoacrescentam ao corpo doutrinrio e, alm do mais, com uma sria agravante: aintensa produo de livros de qualidade questionvel sufoca, no mercado,

    aqueles que guardam estreito vnculo com a Codificao. Com o devidorespeito que nos merecem, a maioria dos medianeiros em atividade aindadeveria estar naquela fase de adestramento de suas faculdades. Antes deempunharem a caneta para escrever, careceriam de se exercitar na psicofonia,no servio de enfermagem espiritual junto s entidades sofredoras do nossoPlano.

    - Infelizmente, no entanto, a vaidade e o personalismo, que os espritosmaquiavlicos sabem manipular, tm lhes trazido srios prejuzos.

    Odilon sabatinei o amigo , que providncias tm sido tomadas porns?... Ao que estou informado pela Histria, a porta de comunicao com oschamados mortos j foi cerrada mais de uma vez: Moiss, com a sua proibiono Deuteronmio; quando o imperador Constantino proclamou o Cristianismocomo religio oficial do Estado, ensej ando sua transformao em Catolicismo;na Idade Mdia, quando os sensitivos eram considerados heregesdespoticamente condenados...

    - Como, nos tempos modernos, no existe mais campo para cercear aliberdade de pensar e de crer, embora, neste sentido, ainda no tenham seextinguido todos os focos de resistncia, as inteligncias perversas que nodesistem da hegemonia planetria continuam lutando e, ao que me parece, nose encontram dispostas a recuar... Temos feito o possvel, Incio, para sen-sibilizar e alertar os mdiuns com os quais podemos contar, para que as

    chamas do idealismo no se transformem em cinzas de frustrao. A fogueirasimblica que se acendeu entre os homens, pelas luzes da TerceiraRevelao, no pode se apagar, sob pena de mergulharmos todos em trevassem precedentes na Histria da Humanidade. Para fazermos mais, porm,necessitaramos contar com maior determinismo e boa vontade da parte dosmedianeiros que, lamentavelmente, vm se desvirtuando dos propsitossuperiores; estimando mais o aplauso do que o trabalho, caem numa espciede obsesso serena que, de modo imperceptvel para eles, compromete aqualidade de sua produo e desfigura os exemplos que so chamados atransmitir.

    Hostes inteiras, Dr. Incio comentou Paulino comigo , tm se

    movimentado com ordens expressas de impedir que os desencarnados quevivem nas imediaes da Terra se comuniquem; o cerco tem aumentado e

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    pairam severas ameaas de punies sobre aqueles que se rebelarem... Isto parece coisa de fico acrescentei; pasmo. Eu j tinha

    ouvido falar de alguns espritas que apregoam um Espiritismo sem espritos... Por esta razo, no podemos esmorecer e, tanto quanto possvel,

    precisamos insistir com os mdiuns para que tomem maior conscincia de suas

    responsabilidades... E com os dirigentes tambm, com os responsveis pelos centrosespritas...

    Certo, Incio, voc est com a razo, mas este um outro obstculoque carece de ser removido, pois, quase sempre, os dirigentes espritas nopensam no seu comprometimento com a Causa; no podemos generalizar,mas a falta de empenho e de ideal de certos dirigentes, que centralizamdecises, tornam a casa esprita improdutiva vazia de tarefas e,conseqentemente, vazia de espritos operosos no bem. Existem muitosespritas que, com o dinheiro dos outros, esto construindo centros apenaspara si, com a finalidade de terem um palco exclusivo para as suas

    excentricidades!...

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    CAPTULO 6

    O dilogo prosseguia interessante e me despertava a curiosidade, ante asabordagens efetuadas por Odilon, o companheiro que, por assim dizer, seespecializara no servio do intercmbio com os homens, trabalhando

    exaustivamente pela f esprita. Nosso irmo no poupava esforos no sentidode divulgar a crena na imortalidade e entendia que os mdiuns eramchamados a cumprir relevante papel, no combate ao materialismo.

    Dr. Incio indagou-me Paulino , alm de mdico na Terra, osenhor exercia a mediunidade?

    Na acepo da palavra, no respondi , mas em seu significadoprofundo, sim. Hoje percebo que convivia com os espritos freqentemente e,de maneira inconsciente, conversava com eles o tempo todo. Alm do contatoque me era possvel manter, ostensivamente, com o Mundo Espiritual, atravsda faculdade medinica de Maria Modesto Cravo, a nossa Modesta, os doentescom os quais lidava no Sanatrio eram intrpretes em potencial dosdesencarnados para mim, s vezes era difcil saber com quem estavaverdadeiramente conversando, se com o obsidiado ou se com o obsessor. Emminha casa, quando me encontrava ss, entregue s minhas reflexes,procurando inspirao para os meus escritos, embora no pudesse identific-las, devido, digamos, ao meu couro grosso, eu registrava a benfica presenade diversas entidades que me rodeavam...

    Os espritos sempre andaram comigo e, se assim no tivesse sido, possvel que eu no tivesse levado at ao fim a rdua tarefa que fui chamado adesempenhar; os ataques, as perseguies e as tramas urdidas contra as nos-sas atividades eram muito grandes. Por mais de uma vez, segundo pude

    constatar posteriormente, a minha morte chegou a ser cogitada pelosadversrios da Doutrina... De modo que, mdium, ao meu ver, no s aqueleque se encontra no exerccio mais ou menos ostensivo de suas faculdades.Concorda, Odilon?

    Claro, Incio respondeu sem evasivas o Orientador, alis, emmatria de mediunidade, a sintonia natural aquela que se deseja, sem que omdium tenha, necessariamente, de perder a lucidez; o transe medinicopode ocorrer de maneira quase imperceptvel, sem necessidade de que omdium sofra alteraes fsicas de vulto, evidenciando o fenmeno...

    Msicos, escritores, atores no ato de representar, pintores, enfim, todosaqueles que, principalmente, procuram o cultivo de sensibilidade, so mdiuns

    em potencial, porqanto, estejam no corpo ou fora dele, os que tm aspiraesem comum se atraem; em mediunidade, tambm vlido o aforisma de quesemelhante atrai semelhante...

    Aparteando, Paulino questionou-me: Diante do exposto, o senhor no acha, Dr. Odilon, muito dificil que as

    inteligncias que se opem emancipao espiritual encarnada colimem osseus objetivos, no que tange ao bloqueio das comunicaes?

    - Sem dvida, Paulino esclareceu o interpelado , no entanto h de sefazer uma ressalva. Presentemente, a mediunidade que constri os valores doesprito e enfatiza as lies do Evangelho a de que o Espiritismo nos ensina ocultivo. Na Doutrina, temos um movimento organizado e inteligente das

    Falanges Superiores que, em nome do Cristo, objetivam o despertar da criaturaencarnada; a mediunidade no vale s por si, pois, neste sentido, desde

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    pocas imemoriais, os homens tm se colocado em contato com os habitantesdo Invisvel... Atravs dos canais espritas, estabelecidos por Allan Kardec, sobas diretrizes do Esprito Verdade, que a mediunidade passou a servir edificao espiritual da Humanidade como um todo; antes que o Espiritismoestabelecesse determinados parmetros para o intercmbio dos vivos com os

    mortos, a mediunidade no passava de mero instrumento de curiosidade quese vulgariza... E isto, Paulino, que incomoda os espritos que no desejam seexpor s Leis que regem os princpios da evoluo para o mundo ntimo; naverdade, os espritos que pelejam contra a Doutrina esto defendendo aprpria posio, de vez que no querem se submeter Reencarnao e aoCarma, como se lhes fosse possvel escapar, indefinidamente, das Leis que oCriador instituiu para todas as criaturas..

    - Eu ainda no havia pensado nisto... comentou, reticente, o jovemamigo.

    - O Espiritismo continuou Odilon representa, na atualidade, oCristianismo puro; medida em que um maior nmero adere a ele, os espritos

    recalcitrantes vo se sentindo forados a se afastar da psicosfera do Planeta e,atravs desse distanciamento, caem nas malhas gravitacionais de outros orbesou de outras dimenses extra-fsicas, tornando-se ento realidade para eles ochamado expurgo planetrio; sem receptividade mental, os espritos afeitoss sombras no sustentaro a sua necessidade de escurido, ou seja:iluminando a mente humana, o Espiritismo desfaz a sintonia que as trevasmantm com o seu hospedeiro, que o mdium no-consciente de suasresponsabilidades e deveres.

    Ento questionou Manoel Roberto, to impressionado quanto eucom o que ouvamos , deveremos esperar ataques sempre mais acirradoscontra as trincheiras do Movimento?...

    evidente, Manoel esclareceu o devotado amigo ; os espritosindiferentes aos propsitos do Senhor faro de tudo para desestabilizar oMovimento e comprometer a Doutrina...

    E qual o seu alvo de eleio? Preferencialmente os mdiuns, que so osespritas de uma vida mais pblica e esto sob a mira das lentes da opiniopblica; alm de tentar envolv-los moralmente em delicadas situaes,ocasionando escndalos para o enfraquecimento da f, havero de tentarmanipular-lhes a vaidade e o personalismo, sabedores de que os mdiunsnada mais so do que seres humanos que, por vezes, parecem se esquecerdessa sua condio.

    E por que, Dr. Odilon tornou Paulno a interrogar , o PlanoEspiritual no desce Terra de vez?... Compreendo, Paulino, o alcance de sua colocao, mas no podemos

    nos esquecer de que, pelo menos duas vezes, no sentido coletivo semelhantemedida j foi tomada a primeira, quando da festa de Pentecostes, em que,de acordo com as narrativas, todos ficaram cheios do Esprito Santo epassaram a falar em certas lnguas, segundo o Esprito lhes concedia que fa-lassem e cerca de trs mil pessoas se converteram de uma s vez; a segunda,quando do chamado fenmeno das mesas girantes, que antecederam aCodificao... Se a terra no est preparada, intil lanar-se-lhe a semente.Reparemos na cura efetuada por Jesus em dez leprosos, de uma s vez:

    apenas um deles, aps ter se mostrado ao sacerdote, voltou para agradecer agradeceu, mas o Evangelho no diz que ele tenha se tornado adepto...

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    O mesmo acontecia no Sanatrio acrescentei com conhecimentode causa.

    Rarssimos daqueles que se tratavam conosco e alcanavam a graa dacura de suas obsesses, admitiam, depois, o beneficio que o Espiritismo lheshavia prestado; no caso dos dez leprosos, o reconhecimento foi de um dcimo,

    mas dos internos do Sanatrio a percentagem era quase inexpressiva: amaioria, inclusive, chegava a esconder que estivera sob tratamento numhospital esprita; as famlias mais abastadas e, conseqentemente, maispreconceituosas, quando iam levar um doente para ser internado chegavam anos fornecer dele uma identidade falsa... A Humanidade sempre foi hipcrita! sentenciei com um muxoxo.

    Sorrindo do meu jeito de ser, Odilon observou: Incio, meu bom amigo, a Humanidade somos ns!... Infelizmente conclu, convidando Odilon e Paulino para que nos

    acompanhassem, a mim e a Manoel Roberto, na visita inadivel quenecessitvamos de fazer a um dos nossos pacientes que estava em crise.

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    CAPTULO 7

    Quando, porm, estvamos de sada para um dos pavilhes do hospital,agora sob a minha responsabilidade no Mundo Espiritual, nosso irmo LilitoChaves veio ao nosso encontro e anunciou o que, desde algum tempo,

    aguardvamos com expectativa: a desencarnao do mdium FranciscoCndido Xavier, o nosso estimado Chico. O acontecimento nos impunharpidas mudanas de planos e, solicitando a Manoel Roberto que cuidasse dointerno que me reclamava a presena, improvisamos uma excurso Crostapara saudar aquele que, aps cumprir com xito a sua misso, retornava Ptria de origem.

    Assim, sem maiores delongas, Odilon, Paulino e eu, juntando-nos a umapliade de companheiros uberabenses desencarnados, entre os quaisrelaciono o prprio Lilito, Antusa, Joaquim Cassiano, Rufina, Adelino deCarvalho, e tantos outros, rumamos para Uberaba no comeo da noite daqueledomingo, dia 30 de junho. A caminho, impressionava-nos o nmero de gruposespirituais, procedentes de localidades diversas, do Brasil e do Exterior, que semovimentavam com a mesma finalidade. Todos estvamos profundamenteemocionados e, mais comovidos ficamos quando, estacionando nasvizinhanas do Grupo Esprita da Prece, onde estava sendo realizado ovelrio, com o corpo exposto visitao pblica, observamos uma faixa de luzresplandecente, que, pairando sobre a humilde casa de trabalho do mdium, aligava s Esferas Superiores, s quais no tnhamos acesso.

    Conversando conosco, Odilon observou: Embora, evidentemente, j desligado do corpo, nosso Chico, em

    esprito, ainda no se ausentou da atmosfera terrestre; os Benfeitores

    Espirituais que, durante 75 anos, com ele serviram Causa do Evangelho,estaro, com certeza, espera de ordens superiores para conduzi-lo a RegioMais Alta... De nossa parte, permaneamos em orao, buscando reterconosco as lies deste raro momento.

    Aproximando-nos quanto possvel, notamos a formao de duas filasimensas, constitudas de irmos encarnados e desencarnados, quereverenciavam o companheiro recm-liberto do jugo opressor da matria: eramespritos, no corpo e fora dele, extremamente gratos a tudo que haviamrecebido de suas mos, a vida inteira dedicadas Caridade, nas mais fielvivncia do amaivos uns aos outros. Mes e pais que, por ele haviam sidoconsolados em suas dores; filhos e filhas que puderam reatar o dilogo com os

    genitores saudosos, escrevendo-lhes comoventes pginas do Outro Lado daVida; famlias desvalidas com as quais repartira o po; doentes que confortaraagonizantes em seus leitos; religiosos de todas as crenas que, respeitosos,lhe agradeciam o esforo sobre-humano em prol da f na imortalidade daalma...

    No registramos nas imediaes, bom que se diga, um s esprito queousasse se aproximar com intenes infelizes. Os pensamentos de gratido eas preces que lhe eram endereadas, formavam um halo de luz protetor quetudo iluminava num raio de cinco quilmetros; porm essa luz amarelo-brilhante contrastava com a faixa de luz azulnea que se perdia entre asestrelas no firmamento.

    A cena era grandiosa demais para ser descrita e desafiaria a inspiraodo mais exmio gnio da pintura que tentasse retrat-la. Uma msica suave,

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    cujos acordes eu desconhecia, ecoava entre ns, sem que pudssemosidentificar de onde provinha, como se invisvel coral de vozes infantis, volitandono espao, tivesse sido treinado para aquela hora.

    Espritos mais simples que passavam rente comentavam: Este um dos ltimos... No sabemos quando a Terra ser

    beneficiada novamente por um esprito de tal envergadura; Este, de fato,procurava viver o que pregava Quem nos valer agora?; Durante muitosanos, ele matou a fome da minha famlia... Lembro-me de que, certa vez,desesperado, com a idia de suicdio na cabea, eu o procurei e a minha vidamudou; Os seus livros me inspiraram a ser o que fui, livrando-me de umaexistncia medocre; Quando minha av morreu, foi ele quem pagou seuenterro, pois, poca, ramos totalmente desprovidos de recursos; Fundeiminha casa esprita sob a orientao de Chico Xavier, que recebeu para mimuma mensagem de incentivo e de apoio; Comigo, foi diferente: eu estavadoente, desenganado pela Medicina, ele me receitou um remdio deHomeopatia e fiquei bom...

    Paulino, to curioso quanto eu e Lilito, perguntou a Odilon: O que o senhor acha dessafaixa de luz isolada, como se fosse um

    caminho? Desconfio o que seja, mas ainda no tenho certeza, Paulino

    respondeu o Orientador, que, a todo momento, identificado por um dosintegrantes da multido que aumentava progressivamente do nosso lado deao, se esmerava em responder as perguntas que lhe eram dirigidas.

    Os caravaneiros no cessavam de chegar, todos portando flmulas efaixas com dizeres luminosos; creio sinceramente que, em nosso Plano, jamaishouve uma recepo semelhante a um esprito que tivesse deixado o corpo,aps finda a sua tarefa no mundo; com exceo do Cristo e de um ou outroluminar da Espiritualidade, ningum houvera feito jus ao aparato espiritual quese organizara em torno do desenlace de Chico Xavier.

    Com dificuldade, logrando adentrar o recinto do Grupo Esprita da Prece,reparamos que uma comisso de nobres espritos, dispostos em semicrculo,todos trajando vestes luminescentes, permanecia, quanto ns mesmos, emexpectativa. Odilon sussurrou-me ao ouvido:

    Incio, estas so as entidades que trabalharam com ele na chamadaColeo de Andr Luiz; so os Mentores das obras que o nosso Andrreportou para o mundo, no desdobramento do Pentateuco Kardeciano:Clarncio, Aniceto, Calderaro, ulus e tantos outros... E aqueles que esto

    imediatamente atrs? indaguei. So alguns representantes da famlia do mdium e amigos fiis delonga data.

    E onde esto Emmanuel, nosso Dr. Bezerra de Menezes e EurpedesBarsanulfo?Porventura, ainda no chegaram?...

    Devem estar respondi cuidando da organizao...Ao lado do seu corpo inerte, nosso Chico, segundo a viso que tive, me

    parecia uma criana ressonando, tranqila, no colo de um anjo transfiguradoem mulher, fazendo-me recordar, de imediato, a imagem de Piet, a famosaescultura de Michelangelo.

    Quem ela? perguntei. Trata-se de D. Cidlia, a sua segunda me...

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    E D. Maria Joo de Deus?... Ao que estou informado esclareceu Odilon , encontra-se

    reencarnada no seio da prpria famlia.- E seu pai, o Sr. Joo Cndido? Est em processo de reencarnao, seguindo os passos da primeira

    esposa.Adiantando-se, nosso Lilito indagou: Odilon, na sua opinio, por que o Chico est parecendo uma criana? Ele necessita se refazer, pois o seu desgaste, como no ignoramos,

    foi muito grande, mormente nos ltimos anos da vida fsica; nosso Chicocarece de se desligar completamente...

    Perder, no entanto, a conscincia de si?- evidente que no. O seu verdadeiro despertar acontecer

    gradativamente, medida em que se recupere da luta sem trguas quetravou... Alis, a Espiritualidade Superior, nos ltimos trs anos, vinhatrabalhando para que a sua transio ocorresse sem traumas, tanto para a

    imensa famlia esprita, que o venera, quanto para ele prprio.

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    CAPTULO 8

    Inmeras caravanas e representaes continuavam chegando, formandoextensas filas, que se postavam paralelas s filas organizadas pelos nossosirmos encarnados, a comparecerem ao velrio para render a Chico Xavier

    merecidas homenagens. Dezenas e dezenas de jovens, coordenados porAugusto Csar e Jair Presente, dentre outros, formavam grupos especiais quevinham receb-lo no limiar da Nova Vida, gratos por ter sido ele o seuinstrumento de consolo aos familiares na Terra, quando se viram compelidos desencarnao...

    A tarefa de Chico Xavier explicou Odilon, emocionado no temfronteiras; raras vezes, a Espiritualidade conseguiu tamanho xito no campo dointercmbio medinico... No entanto a fora que o sustentava nas dificuldadesvinha de Cima, pois, caso contrrio, teria sucumbido s presses daquelesque, encarnados e desencarnados, se opem ao Evangelho. Chico, por assimdizer, ocultou-se espiritualmente em um corpo franzino e deu incio ao seutrabalho, sem que praticamente ningum lhe desse crdito; quando as trevas operceberam, cite j havia atravessado a faixa dos vinte de idade e em francolabor, tendo pronto o Parnaso de Alm-Tmulo, a obra inicial de sua proficuae excelente atividade psicogrfica...

    Dr. Odilon adiantou-se Paulino , perdoe-me talvez ainoportunidade da pergunta: o senhor cr que Chico Xavier seja areencarnao de Allan Kardec?

    No somente creio, Paulino, como tenho elementos para afirmar queele o respondeu o Mentor, corajosamente. Os que se dedicarem aestudar o assunto, compulsando, principalmente, a correspondncia particular

    de um e de outro percebero tratar-se do mesmo esprito. uma questo que,infelizmente, ainda h de suscitar muita polmica entre os espritas quemourejam na carne, mas, para determinado segmento espiritual, no qual eu meincluo, isto ponto pacifico. So notveis as coincidncias ou os pontos decontato entre as duas personalidades, inclusive na semelhana fsica...

    Alegam alguns, porm, que o Codificador era dono de umapersonalidade austera, ativa, quando a de nosso Chico Xavier decaracterstica branda, passiva...

    Os que assim se referem no tiveram, evidentemente, oportunidade deprivar com o primeiro nem com o segundo ambos eram austeros e brandos,quando a brandura ou a austeridade se faziam necessrias. claro que a

    tarefa que Chico Xaver desdobrou, no comeo do sculo passado, se deu emcondies um tanto diversas da que cumpriu com a identidade de Allan Kardec;o meio no deixa de exercer certa influncia sobre a individualidade,constrangendo-a a adaptar-se s novas condies uma rosa no Brasil seruma rosa, por exemplo, no Japo, no entanto as diferenas climticas sopassveis de alterar-lhe as caractersticas, tanto no que se refere coloraoquanto ao perfume... O esprito sempre o mesmo, de uma vida para outra,todavia no h, para ele, como livrar-se totalmente da carga gentica que otransfigura, mas no desfigura...

    Aparteando, o nosso Lilito Chaves considerou: Voc tem razo, Odilon; s vezes, na condio de espritas,

    espervamos de Chico Xavier atitudes de maior pulso...O companheiro sorriu e respondeu:

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    Lilito, entendo o alcance de sua colocao, mas, convenhamos, se onosso Chico tivesse sido mais direto em determinadas ocasies ou adotadouma postura mais enrgica, mormente com aqueles que procuravam com eleuma convivncia mais estreita, agora, ao invs de admir-lo como vencedor,estaramos a lament-lo; o que o fez grande foi justamente a sua capacidade

    de tolerar, de caminhar a segunda milha a que o Senhor nos conclama, quens no estamos dispostos a caminhar com os amigos e, muito menos, com osnossos desafetos. Kardec, se era firme na defesa da Doutrina atravs de seusescritos e pronunciamentos, no trato pessoal era doce e afvel, tendo comMme. Gaby, a esposa, um relacionamento que ia alm dos limites docasamento, conforme ainda se concebe em nossa sociedade mais quemarido e mulher, os dois eram qual irmos e, sendo mais velha do que elenove anos, ela sentia por Rivail o amor que uma me sente pelo filho; antesque Allan Kardec fosse chamado a encetar a obra da Codificao, o casalhavia renunciado a qualquer tipo de convivncia mais ntima na esfera sexual,para devotar-se aos valores do esprito, e, tanto assim, que ambos no

    geraram herdeiros diretos, porqanto a vontade do Senhor lhes reservara maisalta destinao. Os filhos de Allan Kardec so os filhos da F Raciocinada, quese multiplicam na Famlia Humana...

    Neste nterim, aproximando-se de ns a querida Antusa, mdium de curaque cumprira de maneira exemplar a sua tarefa, aps nos termoscarinhosamente abraado, Odilon solicitou que a respeitvel irm opinassesobre o assunto que nos ocupava a ateno.

    Sim, Chico Xavier a reencarnao de Allan Kardec disse convicta.Eu sempre o soube, mas, dentro da prova da mudez que me assinalava osdias, nunca pude me expressar com clareza; no polemizo com os confradesvalorosos que pensam diferente, no entanto, no meu caso, possuidora, naTerra, da mediunidade de clarividncia, vrias vezes pude constatar aautenticidade do fato: minha retina espiritual, Chico se transfigurava e, emseu lugar, surgia a simptica figura do Codificador; tambm, muitas vezes, emestado de desdobramento, nos instantes em que me era possvel deixar ocorpo e visit-lo, eu o encontrava na personalidade marcante de Allan Kardec...A camuflagem espiritual era quase perfeita. inegvel que a obra de um ocomplemento da outra: a mesma linha de pensamento, a mesma terminologia,a mesma luz...

    - atrevi-me a considerar, por minha vez , com a invaso daFrana, quando da Segunda Guerra, e as mudanas sociais a que o pas,

    posteriormente, se submeteu, a rvore simblica do Cristianismo Restauradoconsolidou seu transplante no Brasil; seria natural que o pomicultor a tivesseacompanhado... Digo-lhes que, nos meus tempos de Sanatrio, at osobsessores sabiam que Chico era a reencarnao de Allan Kardec; inclusive,um grande amigo nosso, alis, o nico amigo padre que tive na vida, SebastioCarmelita, sabia ser este mesmo, por revelao medinica que o Chico lhefizera, o Bispo inquisidor que ordenara a incinerao dos livros de AllanKardec, em praa pblica, na cidade de Barcelona. Certa feita, visitando-nos nohospital psiquitrico sob a nossa direo, Chico confrontou-se com o espritoToms de Torquemada, episdio que tive oportunidade de narrar,acanhadamente, em meu livro Sob as Cinzas do Tempo...

    Lembrando-me de outros testemunhos, aps pequena pausa,acrescentei:

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    A Modesta, que incorporava o esprito Gabriel Delanne e, por vezes,nos ensejava ouvir a palavra de Lon Denis, no escondia a convico de queo Codificador estava reencarnado e convivendo conosco em Uberaba; GabrielDelanne, por intermdio de sua faculdade falante, disse-nos com clareza, logoaps a mudana de Chico de Pedro Leopoldo para Uberaba, que Allan Kardec

    se transferira de domiclio e que, por este motivo, eles estavam se transferindotambm... evidente que, quando obtnhamos um comunicado desta natureza,os espritos nos solicitavam o mximo de sigilo e, por este motivo, notornvamos pblica a revelao; alm do mais, no tnhamos provas cabaispara oferecer aos Toms do Espiritismo, os que, negando-se a enxergar comos olhos da razo, querem ver com os olhos fsicos o que depois pedem paratocar com as mos...

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    CAPTULO 9

    Estvamos todos profundamente emocionados. A multido, dos DoisLados da Vida, no parava de crescer e, assim como no Plano Fsico, ospoliciais cuidavam da organizao, na Dimenso Espiritual em que nos

    situvamos, Entidades diversas haviam sido encarregadas de disciplinar aintensa movimentao, sem que nenhum de ns se sentisse encorajado areclamar qualquer privilgio com o propsito de uma maior aproximao.Quase todos nos conservvamos em atitude de profundo silncio e dereverncia.

    Os grupos de espritos que haviam, ao longo de seus 75 anos de labor,trabalhado com o mdium, com exceo, evidentemente, daqueles que jhaviam reencarnado, se faziam representar pelos seus maiores expoentes nocampo da Poesia e da Literatura. Prximas a Cidlia, em cujos braos ChicoXavier descansava, espera de que o cortejo fnebre partisse conduzindo osseus restos mortais, notei a presena de algumas entidades femininas que euno soube identificar.

    Quem so? perguntei a Odilon, que era um dos poucos dentre nscom plena liberdade de movimentar-se.

    - Aquelas quatro primeiras, so as nossas irms Meimei, Maria Dolores,Scheilla e Auta de Souza; as demais so coraes maternos agradecidos que,em uma ou outra oportunidade, se expressaram pela mediunidade psicogrficado nosso Chico.

    - Quem estar na coordenao do evento? insisti, ansioso por maioresesclarecimentos.

    O Dr. Bezerra de Menezes e Emmanuel, assessorados diretamente

    por Jos Xavier respondeu.- Jos Xavier?...- Sim, o irmo do mdium, que est conduzindo um grupo de espritos

    amigos de Pedro Leopoldo e regio; quando Chico se transferiu para a cidadede Uberaba, em 1959, os seus vnculos afetivos com a sua terra natal no sedesfizeram; os espritas que constituram o Centro Esprita Luiz Gonzagasempre se sentiram membros de uma nica famlia.

    - E aquele casal mais prximo que, de quando a quando, dialoga comCidlia?

    Jos Hermnio e D. Carmem Percio; foram eles que iniciaram ChcoXavier no conhecimento da Doutrina Esprita, doando-lhe exemplares de O

    Livro dos Espritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo...Pude perceber, com clareza, que os filamentos perispirituais que uniam oesprito recm-desencarnado ao corpo enrijecido, se enfraqueciamgradualmente; sem dvida, o mdium, assim que se lhe cerraram os olhosfsicos, desprendeu-se da forma material, no entanto, devido necessidade depermanecer durante 48 horas exposto visitao pblica, conforme era seudesejo, exigia que o corpo, de certa forma, continuasse a receber suplementosde princpio vital, evitando-se os constrangimentos da cadaverizao. Emboraaconchegado aos braos daquela que havia sido na Terra a sua segunda mee grande benfeitora, o esprito Chico guardava relativa conscincia de tudo...

    As expectativas de quase todos, porm, se concentravam sobre aquela

    faixa de luz azulnea, a qual, medida que se abeirava a hora do sepultamento,se intensificava; tnhamos a impresso de que aquele caminho iluminado era a

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    passagem para uma Dimenso Desconhecida, para a qual, com certeza, ChicoXavier haveria de ser conduzido.

    Dentro de poucos instantes, o silncio se fez naturalmente maior e umvenervel senhor, ladeado por Irmo Jos e Herculano Pires, este um dosvultos mais importantes da Doutrina nos ltimos tempos, assomou discreta

    tribuna e comeou a falar.- Quem ? perguntei meia-voz.. Lon Denis respondeu-me Odilon com um sussurro. Meus irmos disse o inesquecvel discpulo de Allan Kardec , eis

    que aqui nos encontramos reunidos, para receber de volta ao nosso convvio,aquele que, uma vez mais, cumpriu exemplarmente a misso que lhe foiconfiada pelo Senhor de nossas vidas. Elevemos ao Infinito os nossospensamentos de gratido e de reconhecimento, porqanto sabemos dasdificuldades que o esprito que moureja na carne enfrenta para desbravarcaminhos Verdade; o nosso amigo e mestre que, aps longa e desgastantepeleja, agora retorna Ptria Espiritual, se constituiu num verdadeiro exemplo,

    no somente para os nossos irmos encarnados, mas igualmente para os quenecessitamos renascer no orbe e, por vezes, nos sentimos desencorajados...De maneira direta ou indireta, cooperamos com ele, para que a Obra que eleprprio encetou, na segunda metade do sculo dezenove, se desdobrasse narevivescncia do Evangelho; a semente espalhada por suas mos, germinouprodigiosamente, e no apenas no campo da bibliografia esprita, que seenriqueceu sobremodo... Desde o 8 de julho de 1927 e, mais especificamente,o ano de 1932, com a publicao de Parnaso de Alm-Tmulo, pelaFederao Esprita Brasileira, o Movimento Esprita cresceu em progressogeomtrica e os grupos doutrinrios e assistenciais, que falam da pujana daTerceira Revelao, se multiplicaram em toda parte... Agora, porm, conosco enfatizou o grande orador. Agora somos ns que, no alvorecer doTerceiro Milnio da Era Crist no mais devemos hesitar em tomar corpo noplaneta que, espiritualmente, dever se elevar conosco. No tenhamosqualquer receio. Sigamos as pegadas do mestre lions que soube ocultar aprpria grandeza, aceitando a bno de um novo renascimento quase de ime-diato quele que j lhe havia sido, na Frana, de lutas acerbas para lanar osfundamentos do Espiritismo. Ns, os que, ento, no tivemos a coragem deacompanh-lo na dificil empreitada, devemos suced-lo no esforo e na boavontade, que sempre lhe caracterizaram o apostolado. O mundo no pode maisesperar e, dentro do natural dinamismo da Doutrina, carecemos de cooperar

    para que a luz da imortalidade que se acendeu entre os homens, no seeclipse nas sombras do materialismo. Com o amor de Jesus no corao, aexemplo do nosso inesquecvel Prof. Rivail, triunfaremos. chegado o instantede nos candidatarmos ao servio da construo da f no mundo, cada qual dens atuando em determinada rea do Conhecimento; renunciemos posiocmoda que desfrutamos, maneira do general que apenas participa darefrega pelas lentes de um binculo, sem jamais ousar descer ao campo debatalha...

    Promovendo ligeira pausa, o eloqente tribuno prosseguiu.- Muitos de ns, os que nos equivocamos nos caminhos do mundo,

    prevalecemo-nos das faculdades medinicas do nosso irmo para,

    anonimamente por vezes, no nos omitirmos de todo na grande Obra, todaviano mais podemos sonegar as nossas mos no cultivo de abenoada

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    sementeira da crena e no ideal. Simbolicamente, com o desenlace do Mestre,que viemos saudar em seu regresso triunfal, o esquema traado pelaEspiritualidade Superior e que se colocou em prtica, ao longo de mais de setedcadas, agora se desmonta; as tendas espirituais que foram armadas ao seuderredor, se levantam e, para que no nos transformemos em nmades no

    Alm, devemos comear a planejar o nosso retorno vida fisica, dandoseqncia tarefa que nos era cmodo desempenhar deste Outro Lado daVida... Eis o alvitre que, um nome Daquele que nos ama desde o princpio, fuiencarregado de lhes transmitir, aproveitando o ensejo de estarmos todosreunidos nesta oportunidade. Um ciclo se encerra, mas outro deve comear...Esqueamos caprichos de ordem pessoal e, embora atrelados Lei do Carma,que nos reclama o esprito para inevitvel resgate, assumamos o compromissode servir, a exemplo de Allan Kardec, ou Chico Xavier, o iluminado esprito queem duas existncias consecutivas, consolidou para a Humanidade os princpiosda F Raciocinada.

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    CAPTULO 10

    Passados alguns instantes da alocuo proferida por Lon Denis,perfumada aragem comeou a soprar, balsamizando o ambiente. De onde serque provinha aquele suave perfume que, aos poucos, se intensificava,

    impregnando-nos o corpo espiritual? Tnhamos a impresso de que, caindo deEsferas Resplandecentes, aquele orvalho celeste, constitudo de diminutosflocos luminosos, antecedia o momento em que o esprito Chico Xavier seriaconduzido ignota regio da Vida Sem Fim.

    Quando o fenmeno a que tento me referir se fez mais evidente, algumasexploses comearam a ocorrer na extensafaixa de luz azulnea que, agora, iamudando de tonalidade, como se um arco-ris se estivesse materializandodiante dos nossos olhos. Gradativamente, cinco entidades foram se fazendovisveis para ns, tangibilizando-se no pequeno espao que me pareciareproduzir produzir a abenoada estrebaria em Belm... Os cinco espritos, queno posso lhes dizer que tenham assumido forma propriamente humana, foramsendo identificados por ns: eram Bezerra de Menezes, Emmanuel, EurpedesBarsanulfo, Veneranda e Celina, a excelsa mensageira de Maria de Nazar.

    Diante da estupenda viso, todos sentimos mpetos de nos ajoelharmos;muitos, efetivamente, se ajoelharam, com os olhos banhados de lgrimas.Bezerra de Menezes, Emmanuel e Eurpedes Barsanulfo estavam, por assimdizer, mais humanizados, no entanto Veneranda e, especialmente, Celina nospareciam dois anjos alados, falenas divinas que se tivessem metamorfoseadoapenas para que pudssemos v-las... Eu tinha a impresso de estarparticipando de um sonho que transcendesse a mais frtil imaginao.

    Adiantando-se aos demais companheiros, Veneranda, que o tempo todo

    pairava no ar, comeou a orar com sentimento que a palavra no conseguetraduzir: Senhor da Vida exorou, sensibilizando-nos profundamente , aqui

    estamos para receber, de volta ao nosso convvio, um dos Vossos servidoresmais fiis que, aps quase um sculo de lutas acerbas pela causa do VossoEvangelho na Terra, regressa ao Grande Lar, com a conscincia do devercumprido. Que as Vossas bnos envolvam o esprito naturalmente exaurido,restituindo-lhe as energias que se consumiram de todo por amor do VossoNome entre os homens, nossos irmos! Que do seu extraordinrio esforo nose perca, Mestre, uma nica gota de suor, das que se misturaram s lgrimasannimas vertidas por ele no testemunho da F. Que o trabalho de sua

    proficua existncia no corpo fsico continue a ser prodigiosa sementeira para asgeraes do porvir, apontando o Caminho para quantos anseiam por seguir osVossos passos...Senhor, os que to-somente agora, depois de sculos e sculo de sombras,nos convencemos da Vossa magnanimidade, vos agradecemos por no terdesconsentido que o nosso irmo sucumbisse diante das provas e, em nada, seafastasse da trajetria que lhe traaste no mundo sabemos que, nosmomentos mais dificeis, sem que ns mesmos pudssemos perceber, a Vossamo o sustentava para que no tombasse sob o peso da cruz que lhe pusestesaos ombros... Ns vos louvamos por terdes realizado nele a obra consagradado Vosso amor, que, um dia, redimir a Humanidade inteira. E que, agora,

    ainda unidos ao esprito companheiro que soube transformar-se em exemplode renncia e de sacrificio, de desprendimento e de abnegao, possamos dar

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    seqncia tarefa que iniciastes h dois mil anos, da edificao do Reino deDeus sobre a face da Terra!... Que a claridade sublime das Altas Esferas nonos faa ignorar os vales de sombras dos quais procedemos e nos quaisacendestes, para sempre, a Vossa Luz... Que no nos seja lcito o descanso,enquanto o orbe planetrio, onde tantas vezes expiamos as nossas faltas, se

    transfigure em estrela de real grandeza, a fulgir na glria dos mundosredimidos. Abenoai, Senhor, os nossos propsitos que so os Vossos e que,hoje e sempre, possamos exaltar-Vos o Nome atravs de nossas vidas!...

    Terminando de orar, Veneranda e Celna se aproximaram de Cidlia, quecontinuava a aconchegar em seu materno corao o esprito que foi nossoChico, o qual, de quando a quando, estampava cndido sorriso, como se fosseuma criana participando de um sonho bom do qual jamais ousasse acordar.

    O silncio reinante era de tal ordem, que, aos nossos ouvidos, a vozinarticulada da Natureza nos parecia uma sinfonia; de minha parte, confesso-lhes que eu nunca tinha ouvido a msica dos astros e nem podia imaginar queo prprio silncio tivesse voz.

    A faixa de luz azulnea que se transformara num arco-ris ainda semostrava mais viva, e todos permanecamos na expectativa do que nosabamos pudesse acontecer.

    Direcionando os sentidos, quis ver, naquela hora, como os preparativospara o fretro estavam desenvolvendo-se no Plano Fsico e, justamente,quando comeou a ser entoada a cano Nossa Senhora e os nossos irmoscomearam a movimentar-se, dando incio ao cortejo, uma Luz indescritvel,descendo por aquele leque iluminado que ligava a Terra ao Infinito a faixade luz que ali se instalara logo aps ter sido armado o velrio no GrupoEsprita da Prece , uma Luz que, para mim, era muito superior luz doprprio Sol e que me acionava a memria para a lembrana da viso que Pauloteve do Cristo, s portas de Damasco, repetiu com indefinvel ternura:

    Vinde a mim, todos os que andais em sofrimento e vos achaiscarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vs o meu jugo, e aprendei de mim,que sou manso e humilde de corao, e achareis descanso para as vossasalmas. Porque o meu jugo suave e o meu fardo leve.

    Aquela Extraordinria Viso, que sequer povoava os meus sonhos maisremotos de esprito devedor, estendeu dois braos humanos reluzentes e,quando notei que o Chico em esprito se transferia dos braos de Cidlia paraaqueles Braos que o atraam, digo-lhes que, desde quando fui beneficiadocom o laurel da razo, no tenho recordao de jamais ter chorado tanto...

    Aquela Luz, que se humanizava parcialmente para que pudssemos v-la, estreitou Chico Xavier ao peito e depositou-lhe um sculo santo na fronte e,em seguida, partiu, levando-o consigo, despedindo-se com inesquecvel sorrisodos que continuavam presos ao abismo, sentenciados pelo tribunal daconscincia culpada.

    Foi Odilon que, depois de muito tempo, conseguiu falar, comentandoconosco:

    Eu sempre que lia as pginas do Velho Testamento, ficava intrigado ecolocava em questo a narrativa de que o profeta Elias fora conduzido ao cupor um carro de fogo... Agora sei que no se tratava de fora de expresso oualgo semelhante.

    Os nossos Lilito Chaves e Paulino Garcia estavam de rostos voltadospara o cho e tivemos que levantlos, tentando fazer com que parassem de

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    chorar convulsivamente.Um grande vazio se fez aps e, gradativamente, a faixa de luz foi se

    recolhendo de baixo para cima, medida em que o cortejo celestial se retirava.Quando veramos Chico Xavier novamente? era a pergunta que nos

    fazamos, atravs dos olhares que permutvamos. Para onde ele teria sido

    conduzido?No entanto, se ignorvamos as respostas s indagaes queformulvamos, no pairava entre ns qualquer dvida de que o espritoglorificado se fizera buscar pelo prprio Cristo.

    E, to desolados quanto os nossos irmos encarnados haviam ficado,comeamos a tentar esboar algum dilogo.

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    CAPTULO 11

    Dos muitos amigos e companheiros de ideal presentes recepo que oMundo Espiritual organizou para Chico Xavier, este esprito cuja grandeza evalor nem ns, os desenfaixados do corpo denso, saberamos avaliar, nos

    deparamos com Sebastio Carmelita, a quem j nos referimos, que se faziaacompanhar de Yvonne Pereira, a inesquecvel medianeira de Memrias deum Suicida; Cairbar Schutel, o Apstolo de Mato; e Batura, o grandebaluarte na Doutrina em So Paulo.

    Que os nossos irmos que, porventura, estejam correndo os olhos porestas linhas, me perdoem a omisso involuntria de muitos nomes, poisimpossvel seria fornecer-lhes uma relao mais completa daqueles expoentesdo Espiritismo que vieram saudar a Chico no limiar da Vida Nova.

    Entrando a conversar com os referidos confrades, Carmelita deu incio aodilogo, dirigindo-me a palavra:

    - Meu caro Incio, estou deveras impressionado... Eu no podia imaginara importncia da tarefa confiada ao nosso Chico. Tendo tido a oportunidade deprivar com ele em algumas ocasies, eu o admirava pela generosidade decorao e pela autenticidade de suas faculdades medinicas, mas... o seuesprito transcendia a tudo isto; confesso-lhe que no atinei com a sua eleva-o espiritual...

    - Os grandes espritos, Carmelita aparteou Odilon , sabem como secamuflar na carne; se, sem se expor tanto, ele suportou ferrenhasperseguies, pensemos no que seria, caso as trevas tivessem acordadoantes... No nos esqueamos de que, nos ltimos trs anos, os espritos quese opem ao Evangelho tentaram compromet-lo de todas as formas, mas,

    ento, ele j estava a cavaleiro da trama em que procuraram enred-lo. Voc tem razo, Odilon disse Yvonne Pereira. Se, em meu diminuto trabalho na condio de mdium, me submeti a

    terrveis assdios e, vrias vezes, cheguei a considerar a possibilidade de meafastar, meditemos no que o Chico ter enfrentado para no esmorecer e, bom que se diga, de desencarnados e encarnados, de no-espritas e,principalmente, de espritas. Infelizmente, sempre fomos os mais exigentes...com os outros e por demais condescendentes conosco. O personalismo talvezseja a maior caracterstica de nossa imperfeio; supomos sermos o queefetivamente no somos e nos conferimos, na Doutrina, uma importncia queno temos...

    Yvonne falou o venervel Batura , combati, em mim, essatendncia personalista a vida inteira... No fcil para o esprita administrar asprprias mazelas. Estamos imersos nas sombras por muito tempo e, derepente, a luz: ficamos desnorteados, sem saber o que fazer de ns mesmos enos tornamos presas indefesas dos espritos que permaneam espreita; nofosse a proteo da Misericrdia Divina, cairamos freqentemente... De minhaparte, afirmo-lhes que procuro me esquecer no trabalho; envolvia-me com osmeus doentes, escrevia os meus artigos, orava diariamente, enfim, procuravadar ocupao s mos e mente, pois, caso contrrio... As vezes, com opropsito de me defender, chegava a ser rspido com quem me elogiava:aquelas palavras melfluas soavam aos meus ouvidos como uma cantilena

    satnica... Felizmente, pude agentar-me de p e no me precipitei no abismode maiores desiluses; no fiz o que deveria ter feito, mas, pelo menos, no

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    cruzei os braos na ociosidade... Compreendo o que o nosso Batura quer dizer asseverou Cairbar.

    Eu tambm travei lutas sem trguas... Em muitas ocasies, os espritosobsessores me perturbavam tanto, que quase chegava a enlouquecer; eu osouvia claramente com as propostas escusas que me dirigiam... No me

    poupavam nem quando estava em franca atividade doutrinria. Sexperimentava certo distanciamento deles quando estava cuidando dosdoentes que me buscavam o concurso fraternal ou, ento, na condio deenfermo de alma, eu tomava a iniciativa de procur-los...

    O que o nosso Chico no ter agentado, no mesmo?... indaguei, refletindo nos problemas que igualmente faceara frente doSanatrio. Por muito menos que ele, os padres planejavam fazer churrasco demim; mentiras e calnias eram todos os dias; diziam que eu estavaenriquecendo custa dos dementes e que, a noite, ia para o hospital promoverorgias com os meus pacientes... Eu, pelo menos, ainda os mandava a todospara o Inferno e chegava mesmo a acreditar na existncia dele, porque, afinal

    de contas, tinha que existir um lugar chamado Inferno para receber tanta gentesem escrpulos... Agora, coitado, o nosso Chico nem desabafar podia!...

    Coitado de mim, Dr. Incio, assim como do senhor e do nossoPaulino! (perdoem-me inclu-los comigo nesta lista), que, embora fora do corpo,continuamos a nos arrastar como se nele ainda estivssemos falou LilitoChaves, j um tanto refeito da emoo de instantes atrs. Viu como o Chicosubiu e quem veio busc-lo?... Eu pensei que tivera feito muita coisa, mas averdade que nada fiz. Se no fosse o conhecimento da Doutrina, teria feitomenos ainda, mas...

    A frmula tomou novamente Yvonne a palavra est em sabermosconciliar o cultivo de ns mesmos, que nos requisita momentos deintrospeco, e o trabalho em beneficio dos outros... Uma centrao e umadescentrao, como nos ensinava Teilhard de Chardin. No podemos nosisolar e no podemos deixar de nos recolher nossa prpria intimidade;carecemos de imitar o movimento das ondas do mar, que se retraem e, denovo, se lanam praia, como se estivessem num eterno movimento deexpanso.

    - Resumindo interveio Carmelita com liberdade pegar na charrua e,incansavelmente, lavrar e semear... Em se tratando de caridade, prefervelfazer sem pensar; quem se procura muito em si mesmo acaba se perdendo...Vejamos o exemplo de Chico, que nunca se afastou do convvio com o povo;

    creio que se ele tivesse, mediunicamente, trabalhado mais recluso, talvez assuas obras tivessem ganhado em profundidade, mas, com certeza, teriamperdido em luz espiritual.

    Os livros psicografados por ele to impregnados esto de luz, que bastara qualquer um t-los nas mos para que comece a se iluminar; de cada pginaemana uma resplendncia divina que esclarece e emociona...

    Ao contrrio das obras to humanizadas de muitos outros medianeiros asseverou Lilito, pesaroso.

    Mas cada qual faz o que pode retrucou Odilon. No podemos exigir que todos os mdiuns se nvelem a Chico Xavier;

    seria um contra-senso... Em um pomar, cada rvore frutfera fadada a

    produzir de acordo com a sua capacidade: entre frutos da mesma espcie,iremos encontrar diferenas de qualidade... Cabe, a quem vai feira, escolher

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    o que adquire para lhe atender a fome. No podemos, Lilito, exigir que osnossos irmos mdiuns se trajem, do ponto de vista moral, de acordo com ofigurino que talhamos para eles; no raro, sem perceber, estabelecemoscomparaes e chegamos a ser cruis com aqueles medianeiros que no socandidatos a missionrios mas, sim, quitao dos prprios dbitos.

    A conversa seguia interessante, mas as imediaes do velriocomeavam a se esvaziar; quase todas as luzes que se haviam naturalmenteacendido j se haviam apagado e, no ar, permanecia apenas doce fragrnciaque nos inebriava...

    Estvamos preparando-nos para retornar s nossas atividades, quandoBatura, num largo sorriso, saudou o companheiro que se aproximava:

    - Jos Gonalves Pereira!... Como vai voc, meu irmo? Onde queestava, que eu no pude encontr-lo antes?...

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    CAPTULO 12

    - Eu estou bem! E o senhor, como est? retrucou o fundador da CasaTransitria, benemrita instituio existente na capital de So Paulo.

    - Voc no perde o hbito de me tratar de senhor, no mesmo?

    retrucou Batura. Olhe que eu estou mais rejuvenescido do que voc...Sorrimos descontraidamente e Gonalves explicou que, na companhia

    dos irmos Weaker Batista e Clvis Tavares, tambm estava participando darecepo que o Mundo Espiritual oferecia ao mdium Chico Xavier.

    Ele e o senhor, desculpe-me acrescentou , ele e voc nosauxiliaram muito com as orientaes de que necessitvamos na Transitria; oChico sempre foi um grande amigo e benfeitor... Desde Pedro Leopoldo,tivemos a alegria de acompanhar a sua trajetria medinica de verdadeiromissionrio do Cristo.

    - De fato, agora podemos falar a respeito disse Batura, cujos traosbiogrficos no me eram de todo desconhecidos na luta que sustentara poramor ao Ideal.

    Entrementes, se aproximaram para participar do dilogo o Weaker e oClvis, que, at ento, se haviam mantido a certa distncia, atendendo a trsespritos de sofrida aparncia que os interpelara.

    - Weaker, estamos nos referindo grandeza de esprito do nosso Chico...Voc que conviveu mais de perto com ele durante tantos anos, poder seexpressar com maior conhecimento de causa, no ? falou Gonalves aocompanheiro que eu igualmente conhecera frente das atividades do GrupoEsprita da Prece

    Franzindo o cenho, Weaker comentou com certa tristeza no semblante:

    - Infelizmente, qual aconteceu a muitos dos que puderam conviver comele, eu tambm no consegui atinar com o seu real valor, seno quando deixeio corpo, onde os equvocos se nos fazem to freqentes; no estou querendome justificar, mas, embora tenha aproveitado muito na convivncia diria comChico, a verdade que eu poderia ter assimilado mais, caso o meu esprito, emdeterminadas situaes, no se tivesse mostrado to rebelde...

    - Ora, Weaker aparteou Clvis Tavares, que, na cidade de Campos,Rio de Janeiro, fundara, sob a inspirao do mdium, a Escola Jesus Cristo, no se recrimine... A verdade que a luz intensa costuma deslumbrar osnossos olhos acostumados sombra. Como do seu conhecimento, estivecom o Chico diversas vezes e, durante longos anos, nos correspondemos.

    Estive em Pedro Leopoldo, Uberaba, e ele esteve conosco em Campos,inclusive descansando por uns dias em nossa casa de praia em Atafona; poisbem, igualmente confesso que, por maior fosse a minha admirao e o meurespeito a ele, eu no sabia que estava lidando com um esprito de talenvergadura...

    Permitam-me a intromisso falei, tomando a defesa do amigo quesempre me tratara com tanta gentileza, nas poucas vezes em que visitaraChico Xavier na Comunho Esprita-Crist ; eu tambm me penitencio,Weaker, pois, para mim, Chico no passava de um grande mdium, nada maisdo que isto... No entanto, se algum de ns, ainda na carne, tivesse identificadoa sua estatura espiritual ou tido a convico plena de que se tratava do prprio

    Codificador reencarnado, possvel que extrapolssemos em nossorelacionamento com ele, criando-lhe srios embaraos; bastem j os

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  • 8/7/2019 NA PROXIMA DIMENSO - Incio Ferreira

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    obstculos que, involuntariamente, lhe causamos com as nossas descabidasexigncias ou pontos de vista personalistas...

    Concordando comigo, a irm Yvonne Pereira observou: Para os prprios apstolos, o Cristo s foi compreendido em sua

    grandeza divina aps o episdio de sua ressurreio; at ento, Judas o trara

    e Simo Pedro o negara... Se no se tivesse confirmado a vitria do Mestrecontra a morte, constatada por Maria de Magdala, possvel que os onzetivessem recuado da tarefa de levar adiante a Boa Nova...

    Bem lembrado, Yvonne enfatizou Carmelita. E no olvidemos que,para incentiv-los, o Senhor permaneceu durante quarenta dias concedendo-lhes aparies e proporcionando advertncias de viva voz, tendo-se, inclusive,mostrado redivivo, na Galilia, a quinhentos discpulos de uma s vez... OGrande Paulo de Tarso no se teria convertido ao Cristianismo, se o Senhorno lhe tivesse aparecido de forma insofismvel, s portas de Damasco,orientando-o em seus passos iniciais.

    Meus irmos confortou-nos Odilon , a misericrdia de Deus e o

    nosso querido Chico sabero relevar as nossas deficincias; o importante que continuemos cumprindo com os deveres que nos so comuns, dignificandoo esforo daqueles que nos inspiram a ser melhores do que somos. Aexistncia fsica e os exemplos do nosso irmo recm-desencarnado, nosserviro de material de reflexo para muito tempo; o trabalho que se nosdesdobra frente gigantesco e no podemos perder tempo comlamentaes...

    Estou de acordo, meu amigo interveio Batura ; se algo fizemossobre a Terra, muito ainda nos compete realizar e, conforme asseverou LonDenis, na exortao que nos dirigiu ainda h pouco, o futuro nos aguarda e nonos furtaremos bno de um novo recomeo. Se no somos o quegostaramos de ser, pensemos nos milhes de companheiros que, nos DoisPlanos da Vida, ignoram completamente as mais rudimentares lies com quea Doutrina j nos favorece. Estamos a queixar-nos da luz diminuta que nosclareia o caminho, a esquecermos, porm, que ela do tamanho exato dasluzes do nosso prprio entendimento. Se aspiramos a seguir Chico Xavier emsua ascenso aos Pramos Superiores, tratemos de fazer mais e melhor...

    - Ora, Batura! pontificou Gonalves ao estimado Mentor. Este, semdvida, no o seu caso...

    - Por que no? replicou o lcido seareiro.Acaso terei abdicado da minha condio humana? E voc, Cairbar, que

    nada diz? Em que estar a pensar?...- Estou pensando que quase todos ns estivemos prximos do quealmejamos, no entanto faltou-nos coragem e maior desprendimento para opasso decisivo... No nos doamos por inteiro ao Senhor; algo, que no seidefinir, ainda nos prendia ao eu... Com certeza, no soubemos respondercom aes clebre indagao do Mestre endereada aos se