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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa N”993 29 OUTUBRO 1998 100$ - 0,5 SOCIALISTA ~ Quem disse ? «Os referendos nªo servem para derrubar governos, mas para os portugueses decidi- rem sobre uma questªo em concreto. Se a oposiçªo aproveitar para criar instabili- dade política cometerÆ um gravíssimo erro.» António Guterres RTP-22 de Outubro Sampaio elogia Guterres Governo comemora trŒs anos O Governo assinalou ontem, com um almoço na Pousada de Palmela, depois de uma reuniªo do Conselho de Ministros, o ter- ceiro aniversÆrio da sua tomada de posse. A reuniªo do Conse- lho de Ministros foi ocupada com uma reflexªo sobre o caminho jÆ percorrido pelo Executivo, bem como sobre as perspectivas que se abrem na próxima legislatura. De acordo com o secretÆrio de Estado da PresidŒncia do Con- selho de Ministros, Vitalino Ca- nas, Ø hoje claro que a equipa liderada por António Guterres conseguiu cumprir todos os prin- cipais pontos constantes no Pro- grama de Governo. Um ou outro aspecto que nªo foi alcançado, caso da revisªo da Lei Eleitoral, apenas se deveu ao bloqueio das forças políticas da oposiçªo. Sinal da forma positiva como o Governo socialista tem conduzi- do os destinos do País, segun- do Vitalino Canas, Ø o facto de as sondagens mostrarem que as pessoas estªo satisfeitas ao fim de trŒs anos de acçªo do Exe- cutivo socialista. A equipa de António Guterres, acrescentou o secretÆrio de Es- tado, introduziu «um novo estilo de fazer política, mostrou que Ø possível governar em diÆlogo, o diÆlogo que alguns pretendem ri- dicularizar, mas que faz com que hoje os membros do Governo se encontrem mais próximos dos ci- dadªos», referiu. TambØm na semana passada, o Presidente da Repœblica, Jorge Sampaio, fez questªo de desta- car o bom relacionamento institucional com o Governo. Fa- lando depois de um almoço de trabalho com António Guterres, Jorge Sampaio revelou que os «encontros com o primeiro-minis- tro sªo sempre agradÆveis». «Quando se pode juntar aquilo que Ø uma relaçªo institucional correcta a um relacionamento pessoal de cidadªos que hÆ mui- to fazem o seu percurso, mas que tŒm tido sempre grandes pontos de contacto e de relaçªo humana, isso fortalece a demo- cracia portuguesa», comentou. Internacional Política A vitória do Sim à regionalizaçªo Ø possível. António JosØ Seguro acredita que o empenho dos militantes poderÆ ser a mola impulsionadora de uma grande vitória da democracia no referendo do próximo dia 8. Em entrevista ao «Acçªo Socialista», Seguro fala da demagogia da direita e confessa o quanto Ø difícil combater uma campanha que nªo tem nada a ver com a regionalizaçªo. Direita pretende abrir crise política A Comissªo Política do PS aprovou segunda-feira a realizaçªo do próximo congresso nacional dos socialistas para os dias 30 e 31 de Janeiro. O presidente da Comissªo Organizadora do Congresso serÆ Fausto Correia. Na mesma reuniªo, foi tambØm denunciada a estratØgia do PSD e do PP no sentido de abrirem uma crise política a pretexto do referendo sobre a regionalizaçªo. O Congresso norte-americano deu em Washington o seu apoio à realizaçªo de um referendo supervisionado internacional- mente sobre o estatuto de Timor- -Leste. O «Acçªo Socialista» publica nesta ediçªo um artigo de opiniªo de Xanana Gusmªo publicado no «Washington Post» sobre a situaçªo política na IndonØsia. EUA apoiam referendo em Timor Regionalizaçªo Opiniªo Amílcar Augusto António Brotas Joel Hasse Ferreira JosØ Conde Rodrigues

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Page 1: N”993 29 OUTUBRO 1998 100$ - 0,5 «Os referendos nªo servem ... · Recenseamento eleitoral mais justo e rÆpido O ministro da Administraçªo Interna, Jorge Coelho, afirmou, no

29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA1

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected]

Director Fernando de Sousa

Nº993 29 OUTUBRO 1998 100$ - 0,5

SOCIALISTA

~Quem disse ?

«Os referendos não servempara derrubar governos, maspara os portugueses decidi-rem sobre uma questão emconcreto. Se a oposiçãoaproveitar para criar instabili-dade política cometerá umgravíssimo erro.»

António GuterresRTP-22 de Outubro

Sampaio elogiaGuterres

Governocomemoratrês anosO Governo assinalou ontem,com um almoço na Pousada dePalmela, depois de uma reuniãodo Conselho de Ministros, o ter-ceiro aniversário da sua tomadade posse. A reunião do Conse-lho de Ministros foi ocupada comuma reflexão sobre o caminho jápercorrido pelo Executivo, bemcomo sobre as perspectivas quese abrem na próxima legislatura.De acordo com o secretário deEstado da Presidência do Con-selho de Ministros, Vitalino Ca-nas, é hoje claro que a equipaliderada por António Guterresconseguiu cumprir todos os prin-cipais pontos constantes no Pro-grama de Governo. Um ou outroaspecto que não foi alcançado,caso da revisão da Lei Eleitoral,apenas se deveu ao bloqueiodas forças políticas da oposição.Sinal da forma positiva como oGoverno socialista tem conduzi-do os destinos do País, segun-do Vitalino Canas, é o facto deas sondagens mostrarem que aspessoas estão satisfeitas ao fimde três anos de acção do Exe-cutivo socialista.A equipa de António Guterres,acrescentou o secretário de Es-tado, introduziu «um novo estilode fazer política, mostrou que épossível governar em diálogo, odiálogo que alguns pretendem ri-dicularizar, mas que faz com quehoje os membros do Governo seencontrem mais próximos dos ci-dadãos», referiu.Também na semana passada, oPresidente da República, JorgeSampaio, fez questão de desta-car o bom relacionamentoinstitucional com o Governo. Fa-lando depois de um almoço detrabalho com António Guterres,Jorge Sampaio revelou que os«encontros com o primeiro-minis-tro são sempre agradáveis».«Quando se pode juntar aquiloque é uma relação institucionalcorrecta a um relacionamentopessoal de cidadãos que há mui-to fazem o seu percurso, masque têm tido sempre grandespontos de contacto e de relaçãohumana, isso fortalece a demo-cracia portuguesa», comentou.

InternacionalPolítica

A vitória do Sim à regionalização é possível. António José Seguroacredita que o empenho dos militantes poderá ser a molaimpulsionadora de uma grande vitória da democracia no referendo dopróximo dia 8. Em entrevista ao «Acção Socialista», Seguro fala dademagogia da direita e confessa o quanto é difícil combater umacampanha que não tem nada a ver com a regionalização.

Direita pretende abrircrise política

A Comissão Política do PS aprovousegunda-feira a realização do próximocongresso nacional dos socialistaspara os dias 30 e 31 de Janeiro.O presidente da ComissãoOrganizadora do Congresso seráFausto Correia. Na mesma reunião, foitambém denunciada a estratégia doPSD e do PP no sentido de abriremuma crise política a pretexto doreferendo sobre a regionalização.

O Congresso norte-americanodeu em Washington o seu apoioà realização de um referendosupervisionado internacional-mente sobre o estatuto de Timor--Leste.O «Acção Socialista» publicanesta edição um artigo de opiniãode Xanana Gusmão publicado no«Washington Post» sobre asituação política na Indonésia.

EUA apoiam referendoem Timor

Regionalização

Opinião

Amílcar AugustoAntónio Brotas

Joel Hasse FerreiraJosé CondeRodrigues

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ACÇÃO SOCIALISTA 2 29 OUTUBRO 1998

A SEMANA

EDITORIAL A DIRECÇÃO

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1980

SEMANA

EANES ABRE CRISE NO PSA edição de 23 de Outubro de 1980 do«Acção Socialista» tinha como tema do-minante a crise aberta no PS com a deci-são do então secretário-geral, Mário So-ares, de retirar, contra a opinião da maio-ria da Comissão Nacional, o seu apoio àrecandidatura do general Eanes à Presi-dência da República.Esta posição de Mário Soares que surgiuna sequência de uma conferência de Im-prensa do general Eanes, não teve, no en-tanto, eco na maioria da Comissão Naci-onal, que decidiu democraticamente rea-firmar o seu apoio à candidatura deEanes, face aos perigos para a democra-cia que representava a candidatura dedireita do general Soares Carneiro.Por 78 votos a favor, 43 contra, e oito abs-tenções, a Comissão Nacional do PSmanteve o seu apoio a Eanes.Entretanto, na sequência da vitória da ADnas legislativas, o cantor francês HerbertPagani, militante do PSF, que tinha actua-do em diversos comícios-festa da FRS,enviou a Mário Soares a seguinte cartapublicada no «AS»: «A direita ganhou emPortugal, deitou bombas em Bolonha, feztrês mortos numa sinagoga em Paris. Maso luto que podemos permitir-nos, as lá-grimas que podemos chorar são as quevertemos pelas vítimas. A liberdade, essa,não morre. Não pode morrer enquantoexistem homens como você para a de-fender. Perdemos uma batalha, não aguerra. O 25 de Abril está vivo. Sempre aseu lado, e à sua disposição.» J. C. C. B.

23 de Outubro

Quem disse?

«No plano social e económico vamos as-sistir com o Governo AD a uma recupera-ção paulatina daquilo que foram as trans-formações económico-sociais, funda-mentais no pós-25 de Abril, tendo em vistao refazer do domínio económico sobre opolítico, o refazer dos grandes grupos fi-nanceiros e dos grandes gruposeconómicos.»Lopes Cardoso

Morreu José Cardoso PiresO escritor que amava Lisboa

«Perdemos todos o convívio com umbrilhante escritor deste século.»António Guterres

«José Cardoso Pires foi um grande escritor,de estilo sóbrio e depurado, que nosdeixou alguns dos livros mais marcantesda nossa literatura contemporânea.»Mário Soares

«Portugal perde um dos maiores vultos dosúltimos 50 anos da sua literatura.»Manuel Maria Carrilho

«Desmontou o machismo, o clericalismo eum certo militarismo com uma prosaluminosa, muito depurada.»Manuel Alegre

A literatura portuguesa está de luto. JoséCardoso Pires, após quatro meses de comaprofundo em consequência de um aciden-

te vascular cerebral, faleceu no passado dia26. Tinha 73 anos.A sua morte representa uma perdairreparável para todos os povos de culturaportuguesa.Definitivamente apanhado pela morte bran-ca, José Cardoso Pires, o escritor progres-sista e generoso que amava Lisboa e a vida,deixa os seus livros, onde a sua escrita len-ta e rigorosa continuará a encantar geraçõesde leitores.Romancista genial, José Cardoso Pires foium lutador permanente contra o EstadoNovo, o que o levou a ser durante muitasdécadas um escritor proscrito pela ditadurasalazarista.Entretanto, a Câmara Municipal de Lisboa,a cidade que tanto amou e está presenteem quase todas as suas obras, com desta-que para «Livro de Bordo», vai dar o nomedo escritor à Biblioteca de Alvalade a umadas ruas da capital.

Comissão Parlamentar de TrabalhoArtur Penedos eleito presidente

Artur Penedos ganhou, no dia 22, as elei-ções para a presidência da Comissão Par-lamentar de Trabalho, com 71 votos a fa-vor, num total de 95 votantes, em 112 par-lamentares que compõem o Grupo Parla-mentar do Partido Socialista.Na votação registaram-se 19 votos contrae cinco brancos.Artur Penedos, que acumulará o cargocom as funções de secretário da mesa daAssembleia da República, substitui Elisa

Damião na presidência da Comissão doTrabalho, que foi para o Parlamento Euro-peu ocupar o lugar de José Apolinário, ac-tual secretário de Estado das Pescas.No mesmo dia, e com base no mesmouniverso de eleitores e votantes, o depu-tado Paulo Arsénio foi eleito vice-presiden-te da Comissão de Juventude, 92 votos afavor, nenhum contra e com três votosbrancos, não tendo sido registados votosnulos.

Recenseamento eleitoral mais justo e rápido

O ministro da Administração Interna, JorgeCoelho, afirmou, no dia 24, em Braga, que«o recenseamento eleitoral vai ser mais justoe mais fácil, se a Assembleia da Repúblicaaprovar a proposta de lei do Governo» sobrea matéria.«A proposta que apresentamos prevê que orecenseamento passe a ser feito de formapermanente nas Juntas de Freguesia», recor-dou Jorge Coelho, acrescentando que «mes-mo os jovens com 17 anos poderão inscre-ver-se, desde que cumpram 18 anos antesdo dia da votação».O governante falava durante a cerimónia deassinatura de protocolos com as Juntas deFreguesia do Distrito de Braga para acedência de equipamento informático para

a melhoria do processo de recenseamentoeleitoral.Jorge Coelho sublinhou que, «com os novosmeios informáticos, as freguesias vêem mo-dernizado o processo de recenseamento eabertas portas para que sejam criados no-vos serviços de interesse para as popula-ções».«Um País moderno e eficaz pressupõe umPoder Local forte», sublinhou o ministro, queelogiou o papel das autarquias na resoluçãodos problemas básicos dos cidadãos.Jorge Coelho adiantou ainda que o proces-so de cedência de meios informáticos - com-putador, impressora e fax modem - tem âm-bito nacional, tendo implicado um investimen-to de 1,5 milhões de contos

«Cultura e Regionalização» em debate no Altis

Realiza-se hoje, às 21 e 30, no Hotel Altis,em Lisboa, um debate subordinado aotema «Cultura e Regionalização».Nesta iniciativa da FAUL, as intervençõesestarão a cargo de António Reis, Fernando

Pereira Marques, Eduardo Prado Coelho eCláudio Torres.Pelo tema e pela qualidade dosintervenientes, este é, seguramente, umdebate a não perder.

Mobilizar, mobilizar, mobilizarNa entrevista concedida esta semana, sobre o processo da regionalização, ao «Acção Soci-alista», António José Seguro deixa um claro apelo à mobilização do Partido e sobretudo dosmilitantes para mais esta importante batalha política que o PS pretende levar de vencida.A vitória do Sim é um factor determinante para o desenvolvimento equilibrado do nosso paíse mobilizador de energias capazes de colmatar as assimetrias que a gestão centralista temdeixado um pouco por todo o lado.Portugal é um país habituado a ultrapassar grandes desafios, a nossa história está repleta deexemplos e este torna-se, na actual conjuntura europeia, fundamental para uma correcta eequilibrada integração.A vitória do Sim é neste contexto primordial não só para a resolução de um vasto conjunto deproblemas administrativos, mas também como forma de estancar a enorme campanha decalúnias e desinformação, que a coligação da direita radical está a espalhar pelo País, derepercussões imprevisíveis.António José Seguro reconhece que só com um esforço redobrado se consegue combater amentira e a demagogia desta campanha populista do Não. Efectivamente, o esforçodespendido para explicar aos portugueses em breves palavras as inúmeras vantagens daregionalização é muito grande. Os argumentos do Sim, reconhece Seguro, são mais difíceisque os do Não, sobretudo porque estes se apoiam na demagogia ao invés do Sim que seapoia nas convicções.Só um grande empenhamento de todos os militantes do Partido Socialista nesta dura bata-lha pela modernização administrativa, poderá fazer face à crescente campanha demagógi-ca dos partidários do Não. É urgente que cada um de nós explique a cada português asvantagens da Regionalização, só assim poderemos obter um bom resultado no próximodia 8.Não é fácil combater as frases negativas dos partidários do Não debitadas telegraficamenteem todos os momentos televisivos e que entram em nossas casas como lanças assassinas.Só a urgente mobilização e empenho de todas as estruturas do Partido poderá combateresta enorme campanha de calúnia. É que quanto mais a luta aquece mais força tem o PS.

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

A VITÓRIA É POSSÍVELCOM O EMPENHAMENTO DE TODOS

ANTÓNIO JOSÉ SEGURO O referendo e a regionalização

A vitória do Sim à regionalização épossível. António José Seguroacredita que o empenho dosmilitantes poderá ser a molaimpulsionadora de uma grandevitória da democracia no referendodo próximo dia 8. Em entrevista ao«Acção Socialista», Seguro fala dademagogia da direita e confessa oquanto é difícil combater umacampanha que não tem nada a vercom a regionalização.Para o coordenador da ComissãoPermanente do PS, sempre foi maisdifícil construir do que destruir, porisso esta campanha exige umesforço redobrado de todos.Fazendo um constante apelo àmobilização, António José Seguroexplica as vantagens daregionalização e alerta para osperigos das manobras eleitoralistasda direita pós-referendo.

PS começou acampanha do Sim àRegionalização demasiadotarde?

Não. O PS começou a preparação da cam-panha, durante o mês de Abri l ,incrementou-a no mês de Setembro, sem-pre com a lógica da informação, da peda-gogia, e do esclarecimento para que osportugueses possam em consciência vo-tar no próximo dia 8.

Como é que caracteriza ascampanhas pela regionalização?Como tenho dito há três campanhas nestereferendo. A do Sim, a do Não, que estãopor convicções, e uma campanha de men-tira e falsidade que é lançada pelos líderesdo PSD e do PP com o único objectivo debaralhar os portugueses e de incutir medodizendo da regionalização aquilo que elanão é, precisamente para que os portugue-ses possam votar Não, ou nem sequer irvotar. O objectivo é claro: derrotar uma pro-posta do PS dizendo que derrotaram o PS.

Como é que se combate umacampanha que se apoiaexclusivamente na calúnia e nademagogia?Trabalhando, explicando às pessoas,desmultiplicando-nos na militância, no con-tacto porta-a-porta, falando com os portu-gueses.O ideal era que pudéssemos falar comcada um. Como não o podemos fazer, en-viámos um folheto para casa de cada por-tuguês esclarecendo e dando o máximo deinformação. Mas reconheço a dificuldadede combater as frases negativas e as men-tiras que se dizem em 30 segundos na te-levisão e que entram em casa das pesso-as com muito mais força do que um folhe-to que é distribuído pelo correio.

Os argumentos do Sim são maisdifíceis de explicar que osargumentos do Não?Sim. Sempre foi mais difícil construir de quedestruir e, sinceramente, os argumentos doSim são sérios, são sólidos. Aregionalização não é um objectivo em simesmo, é um instrumento para o desen-volvimento que gerará mais harmonia emtodas as regiões do País, mais emprego,mais condições de saúde. Aproxima o po-der das populações, permitindo às pesso-as tomarem o destino nas suas própriasmãos, decidirem as prioridades, a manei-ra como se gasta o dinheiro em vez de es-tarem à espera que o poder central deci-da, mas isto tem sido difícil de explicar àspessoas.

Quais as principais dificuldades dapassagem da mensagem do Simnesta campanha?É difícil que as boas-novas cheguem àspessoas porque estas estão desconfiadas.E, por outro lado, os portugueses vivemnum clima de melhoria social, de uma evo-lução progressiva do seu poder de com-pra, e questionam-se: porquê mudar se ascoisas estão bem. Diria que desse pontode vista o facto de vivermos com mais pro-gresso e mais desenvolvimento conduz aque seja mais difícil fazermos esta campa-nha.

Como está ser organizada acampanha?O Governo enquanto Governo não partici-pa na campanha. No entanto, há vários di-

rigentes do Partido Socialista que são mem-bros do Governo e que estão empenha-dos na campanha, bem como os deputa-dos e o partido.

Que acções estão previstas?Toda a nossa estratégia vai no sentido dapedagogia e da informação. Temos parti-cipado em inúmeros debates e vamos che-gar ao final desta campanha com mais demil acções por todo o País, embora a mai-or parte delas não estejam a sermediatizadas, mas onde, de facto, apare-cem pessoas que querem ser informadas,que querem ser esclarecidas. É sobretudoaqui que cada socialista tem um papelinsubstituível a desempenhar.

Como vai ser a campanha?Na linha da informação e do esclarecimen-to. É obvio que nesta fase final, nestas duassemanas de campanha, se mistura a ale-gria e a emoção que são naturais a umacampanha eleitoral.

O empenhamento da direcçãonacional do Partido está a reflectir-se nos militantes?Está. Obviamente, nem todas respondemda mesma forma, que a direcção nacionaldo Partido desejaria, mas direi que o im-portante neste momento é mobilizarmo-nostodos e apelar à militância dos inscritos esimpatizantes do Partido Socialista.Esta é uma luta que nos deve envolver atodos, porque todos temos a obrigação deexplicar, e se o conseguirmos fazer aomaior número de portugueses e sobretu-

do convencer as pessoas a ir votar no pró-ximo dia 8, e este é um apelo forte que fa-zemos, nós ganharemos este referendo daregionalização.O referendo, tal como as eleições, ganham-se com os votos e não com as sondagens.

Quer inumerar algumas vantagensda regionalização?Permite um melhor e maior desenvolvimen-to. Hoje o modelo centralista faz com queo desenvolvimento se faça apenas em de-terminadas zonas do País. Isso tem atraí-do as pessoas do interior para os grandescentros provocando o despovoamento dointerior e criação de problemas de pressãodemográfica nos grandes centros, em par-ticular em Lisboa.O desenvolvimento harmonioso,potenciado pelo facto de haver regiões,permite equilibrar o nosso país, evitar adesertificação do interior e fomentar maisoportunidades para o seu desenvolvimen-to, nomeadamente através da criação deempregos e da fixação de jovens.Depois há outros problemas a nível regio-nal que nem as Câmaras Municipais nema simples associação de municípios po-dem resolver. São problemas de ordemregional para os quais só um poder inter-médio tem capacidade para dar respostavisto o poder central estar muito distante.Um exemplo. Na minha região se houves-se regionalização o regadio da Cova daBeira já tinha sido implementado há maistempo porque, havendo uma preocupaçãoregional e alguém com legitimidade para aresolver ou reclamar, certamente já lhe te-ria sido dado resposta.

Compara a regionalização com aimplementação do poder local?São duas faces da mesma moeda. A cria-ção de Câmaras Municipais e de Juntasde Freguesias a seguir ao 25 de Abril, quan-do muita gente achava que era um saltono escuro, veio transformar completamen-te este País. As regiões são o terceiro níveldo poder local que falta implementar.Quando se cria um terceiro nível de deci-são não se cria mais burocracia. Aquilo queé decidido hoje no Terreiro do Paço, passaa ser decidido na região. Criar-se-ia maisburocracia se se duplicassem os serviços,mas neste caso substitui-se uma parcelaque está no poder central por um terceironível do poder regional.

Mas voltando às vantagens...Há outra vantagem que é o aproximar dopoder às populações. E está hoje provadoque quanto menor for a distância entre ecentro de decisão e o de aplicação, melhoraplicado é o dinheiro. Aliás, as autarquiassão o melhor exemplo disso. O actual po-der local em Portugal é responsável pelaaplicação de cerca de 8 a 10 por cento dosdinheiros e, no entanto, esse investimento

O

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 29 OUTUBRO 1998

POLÍTICA

DIREITA PRETENDE ABRIR CRISE POLÍTICA30 E 31 DE JANEIRO Congresso Nacional do PS

A Comissão Política do PS aprovousegunda-feira a realização dopróximo congresso nacional dossocialistas para os dias 30 e 31 deJaneiro. O presidente da ComissãoOrganizadora do Congresso seráFausto Correia. Na mesma reunião,foi também denunciada a estratégiado PSD e do PP no sentido deabrirem uma crise política apretexto do referendo sobre aregionalização. Apesar de o partidodesejar a estabilidade política,Jorge Coelho foi claro em advertir aoposição de que o PS não temmedo de disputar eleiçõesantecipadas.

omentando recentes declara-ções proferidas por MarceloRebelo de Sousa, em que esteadmitia a possibilidade de o

PSD inviabilizar o Orçamento de Estado de1999, em votação final global, o coordena-dor da Comissão Permanente do PS disseestar perante afirmações graves e que pro-vam que os partidos da direita pretendemabrir uma crise política, gerando a instabili-dade no País. Pela sua parte, explicouAntónio José Seguro, os socialistas dese-jam que o Governo prossiga em funçõesaté ao final da legislatura, em nome da es-tabilidade política. E continuarão a fazeruma clara separação entre aquilo que estáem causa no referendo sobreregionalização e as próximas eleiçõeslegislativas.Também o dirigente socialista Jorge Coe-lho garantiu que o PS não tem medo deeleições antecipadas, mas responsabilizouo PSD se esse cenário vier a confirmar-se.«Se houver eleições antecipadas, elas se-rão da exclusiva responsabilidade do PSD»,acentuou o dirigente do PS, durante um

encontro nacional sobre regionalização eque foi promovido pela Juventude Socia-lista. Ao contrário das forças de direita, Jor-ge Coelho sublinhou que o PS «quer a es-tabilidade no País» e, por isso, pretende queas eleições legislativas se realizem emOutubro. Sobre esta matéria, no entanto,desafiou Marcelo Rebelo de Sousa a es-clarecer aquilo que pensa, pois ele deveuma explicação ao País, já que tem de es-clarecer se vai ou não viabilizar o Orçamen-to de Estado de 1999.«A Marcelo Rebelo de Sousa os portugue-ses já se habituaram a ouvir uma coisa numdia e outra diferente no dia seguinte. Odoutor Capucho costuma dizer praticamen-te sempre a mesma coisa. Não acreditoque se alguém lhe pediu para dizer isso(admitir que o PSD não viabilizava o Orça-mento) tenha sido outra pessoa que nãoMarcelo Rebelo de Sousa», desabafou oministro da Administração Interna.Advertiu, ainda, que «se o PSD provocaruma crise irresponsável em Portugal con-tra a opinião dos portugueses, o PS nãoterá medo de eleições antecipadas».

PP e PSD atacam democracia

Já na sessão de encerramento da Con-

venção da Beira Litoral, sábado passado,no Luso, Jorge Coelho acusou o PSD e oPP de estarem a fazer uma campanha«contra o sistema democrático», tendoapenas como pretexto o combate à cria-ção das regiões administrativas.De acordo com o membro da ComissãoPermanente dos socialistas e presidenteda Federação da Área Urbana de Lisboado PS, «não é uma campanha contra aregionalização aquilo que o PP e tambémo PSD estão a fazer. É uma campanhacontra o sistema democrático e contratudo aquilo que é o reforço dos poderesdos cidadãos», sublinhou, quando se re-feria aos cartazes que lançam suspeitassobre a multiplicação da corrupção e dostachos caso se concretize a instituição dasregiões. «Então, e no caso dos actuais mu-nicípios, também é corrupção vezes 305»,questionou-se Jorge Coelho, para depoisconcluir que os argumentos utilizados porMarcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portasconstituem «um insulto aos autarcas, mes-mo aos do PSD e do PP». A este propósi-to, interrogou-se como os autarcas des-tes partidos conseguem aguentar os in-sultos provenientes dos líderes do PSD edo PP.Mas o camarada Jorge Coelho recordou,igualmente, que antes de o PS chegar aoGoverno, o PSD acenou o fantasma do fimdas reformas, do aumento dos impostose da degradação dos salários caso os so-cialistas vencessem as eleições de 1995.No entanto, esclareceu, «desde que o PSestá no Governo, tem havido reformasmais justas. Nos dez anos de Governo doPSD, os impostos subiram quase sempre,enquanto que nos três anos de Governodo PS não aumentaram uma única vez»,frisou.Ainda quanto ao resultado do próximo re-ferendo sobre regionalização, o mesmodirigente socialista alertou que, se a abs-

tenção voltar a ultrapassar os 50 por cen-to, todos os democratas sairão derrota-dos da consulta nacional. «Se, no segun-do referendo consecutivo, não se conse-guisse mobilizar as pessoas para emitiremuma opinião, isso significaria uma derrotado sistema e uma derrota para todos, in-dependentemente de serem a favor oucontra a regionalização», explicou.

Almeida Santos esclarece

Também o presidente da Assembleia daRepública entende que, de forma alguma,o Governo ficará desautorizado pelo povocaso o referendo sobre regionalização ter-mine com uma vitória da corrente anti-re-giões. Almeida Santos sustenta mesmoque, se fosse esse o entendimento, tal «re-presentaria a conversão dos referendosem factor de instabilidade governativa. Se-melhante entendimento não daria saúdeao próprio instituto do referendo».Ainda a propósito desta questão, o presi-dente do PS recorda que o partido queapoia o Governo, «à entrada da revisãoconstitucional, tinha o direito de instituir emconcreto as regiões (mediante deliberaçãomaioritária da Assembleia da República)por simples lei ordinária». Ou seja, sem ovoto dos deputados socialistas, «não te-ria sido possível a exigência do recurso auma consulta popular directa».Assim como o primeiro-ministro, tambémo presidente da Assembleia da Repúblicaconsidera que o Parlamento, por maioriaabsoluta, pode aprovar a pendente lei dainstituição em concreto das regiões admi-nistrativas, caso o referendo aponte parauma vitória do «Sim» e mesmo que a con-sulta não conte com uma participação su-perior a 50 por cento do total de recense-ados em território nacional. Nesse caso,sublinha Almeida Santos, o resultado doreferendo será meramente indicativo.

C

contribui no dobro do contributo para o in-vestimento público do País.Por outro lado, as regiões passarão a ter voz.Isto é, se houver uma região com órgãoseleitos, com legitimidade, isso vai fazer comque haja alguém que se preocupe verda-deiramente com a região. Esta aproximaçãodo poder às populações permite uma me-lhor decisão sobre os investimentos e umaresponsabilização de quem detém o poder.Muitas das decisões que são tomadas noTerreiro do Paço podem ser decididas nes-sas regiões, isso poupa dinheiro, poupadespesa, podendo canalizar-se os funcio-nários públicos para outro tipo de activida-de mais produtiva do que aquela que estãoa fazer.

A questão da diminuição daburocracia é fundamental para quemvive no interior.Para quem vive no interior e também no lito-ral. Hoje, as pessoas para tratarem de um

processo levam meses, pois têm que virquase todos a Lisboa. Com a regionalizaçãoos papéis deixam de andar tanto de um ladopara outro, muitos passam a ser decididosna respectiva região.

Apesar dessas vantagens a população pa-rece continuar alheada do referendo. Se severificar novamente uma abstenção superi-or a 50 por cento admite que se deve re-pensar a questão dos referendos?Completamente. Como é sabido tem sido adireita a insistir na realização dos referen-dos em Portugal. No referendo do abortotivemos o resultado que todos conhecemos,se houver novamente menos de 50 por cen-to de votantes neste referendo, a primeiraconclusão a tirar no dia 8, é que, de facto, oinstituto do referendo tem que ser repensa-do em Portugal.

Se o Não ganhar a direita vai abriruma crise política?O Partido Socialista sempre teve a interpre-

tação e mantenho-a, de que uma coisa évotar para as eleições legislativas, outra coi-sa é votar no referendo. Também já disse-mos que respeitaríamos a decisão dos por-tugueses. Acreditamos que o Sim vai ga-nhar mas, se por hipótese, o Não vencer avida continuará como antes, portanto o Go-verno continuará a governar e a cumprir oseu mandato até ao fim.

Mas o clima criado pela coligaçãoPSD/PP aponta noutro sentido...Temos assistido nos últimos dias, à medidaque as sondagens são conhecidas, que háuma inquietação por parte das cúpulas diri-gentes do PSD e do PP, ao ponto do secre-tário-geral do PSD admitir chumbar o Orça-mento de Estado para próximo ano, preci-pitando eleições legislativas antecipadas.Julgo, sinceramente, que esta é uma refle-xão que nós temos de deixar à considera-ção dos portugueses.

A demagogia da direita sobre a

regionalização é o princípio de umagrande campanha de desgaste doactual Governo?Eu diria, o meio porque eles já começaramno Verão a fazer essa campanha de des-gaste. Essa campanha visa tentar «fritar» oGoverno em lume brando com o objectivode o desgastar até às eleições. Mas com-pete-nos encontrar fórmulas através do exer-cício da governação e da acção política noParlamento e na vida partidária para respon-der a esse cerco que a direita nos está afazer.

O PS já pensa em eleiçõesantecipadas?Não. O Partido Socialista diz agora o quesempre disse: pretendemos que alegislatura seja cumprida até ao fim, e nes-se caso ter as eleições em Setembro, Outu-bro do próximo ano. Nós queremos ser se-renamente avaliados pelos portugueses nofinal desta legislatura e em consequênciasolicitar a renovação da sua confiança.

Continuação

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA5

POLÍTICA

GUTERRES NÃO ACEITA «DESVIRTUAR» OEENTREVISTA À RTP-1 Balanço político

O Governo não pretende, com oOrçamento Geral de Estado para1999 (OE�99), agravar em termosfiscais as classes médias,englobando nestas os casais comcerca de 600 contos de rendimento.A garantia foi dada, no dia 22, peloprimeiro-ministro, AntónioGuterres.

alando numa entrevista à RTP-1conduzida pela jornalista Juditede Sousa, António Guterres rei-terou a ideia do Executivo já

avançada pelo ministro das Finanças,Sousa Franco, segundo a qual a propostade lei do Orçamento foi feita de forma apermitir a obtenção de compromissos coma oposição com vista à sua aprovação naespecialidade.Interrogado sobre o assunto, recusou a ideiade uma remodelação governamental antesdas próximas eleições e também a anteci-pação destas para antes do Verão de 1999.Admitindo que «as dificuldades da acçãogovernativa diminuiriam muito se o Gover-no tivesse uma maioria absoluta», AntónioGuterres advertiu contudo que não vai «fa-zer exigências aos portugueses», mas ape-nas «pedir-lhes confiança».Depois de evocar as prioridades do Execu-tivo nesta legislatura, designadamente aeducação, o primeiro-ministro disse que, seo PS vencer as próximas eleições, as priori-dades para a próxima legislatura serão asaúde e a segurança social.Questionado sobre o referendo daregionalização, Guterres reiterou a opiniãode que, seja qual for a percentagem de vo-tantes, o resultado da consulta pública di-recta deverá ser respeitado, visto não fazersentido uma anulação a vontade manifes-tada por aqueles que se dispuserem a sairde casa e ir votar.Apesar de reafirmar a sua posição favorá-vel à regionalização, o chefe do Executivosocialista não deixou de assegurar que se o«Não» ganhar a vontade popular será ouvi-da e seguida, implicando que nos próximos

anos o processo não deva ser retomado.No entanto, se a abstenção for muito alta, oprimeiro-ministro considera que «deverá serrepensado o estatuto do referendo em Por-tugal, pois tal poderá porventura significarque o País acha que são suficientes os me-canismos da democracia representativa».Independentemente do resultado do refe-rendo, a realidade é que não deverá ter qual-quer consequência para o mandato do Exe-cutivo, uma vez que «os referendos não ser-vem para fazer ou desfazer governos», fri-sou Guterres, defendendo ainda que «se ospartidos da oposição seguirem nesta via,vão cometer um gravíssimo erro».Ao recordar a abertura do Governo para al-terações ao OE�99 na especialidade, o pri-

meiro-ministro deixou claro, contudo, quenão aceitará modificações que façam «des-virtuar» e «liquidar» o Orçamento.Respondendo à jornalista Judite de Sousa,António Guterres lembrou que já houve umpartido, o PCP, que apresentou propostasde alterações ao Orçamento de Estado, al-gumas das quais (como as que aumentamas deduções para os gastos sociais) na suaopinião deveriam ser consideradas.A nível fiscal, alguns dos objectivos do Go-verno com este Orçamento são: passar asdeduções ao rendimento para deduções aopagamento, não sobrecarregar as classesmédias e conseguir que a percentagem doscontribuintes mais penalizados não ultrapas-se, sensivelmente, os 2 por cento.

Interrogado sobre a hipótese de o Presidenteda República mediar negociações sobre aquestão das finanças dos partidos, AntónioGuterres considerou que, tendo em conta osistema constitucional vigente no nosso país,«o Parlamento é o lugar certo para uma re-flexão» aprofundada - inclusive com recur-so ao exemplo de outros países europeus -sobre esta matéria.Ainda sobre a regionalização e a formaagressiva como em determinados casosestá a decorrer a campanha, o Guterreschegou a dizer que, «se as regiões fossemo que os líderes do PSD e PP dizem queelas são», ele seria «o primeiro a votar con-tra».Sobre as receitas das regiões, que no mo-delo proposto resultam de transferências doOrçamento de Estado e, em pequena per-centagem, de derramas lançadas pelas pró-prias regiões, o governante explicou que, setal fosse necessário para cativar para o «Sim»os seus adversários, poderia inclusive ab-dicar das derramas.Relativamente à já famosa, e muitas vezesempolada, rivalidade Lisboa/Porto, AntónioGuterres lembrou que a grande vantagemda regionalização é «as rivalidades passa-rem a estar institucionalmente enquadra-das».Lembrando a recente aprovação de um di-ploma sobre o arranque do Metropolitanodo Porto, Guterres adiantou que o seu Go-verno também aprovou o traçado definitivoda auto-estrada do Algarve e um despachosobre a rede de estradas da Região Oeste.Sobre a questão da JAE, António Guterreslembrou as medidas anunciadas por si nopróprio dia (12) em que chegou deMoçambique e os diplomas já aprovadossobre estas questões pelo Conselho de Mi-nistros.Quanto aos 2 por cento avançados paraaumentos na Função Pública, o chefe doExecutivo socialista recordou que se tratade um número para entrar nas negociações,salientando que a realização destas, talcomo a nova política de concursos para di-rigentes na Função Pública, é uma novida-de para os hábitos portugueses.

ESQUERDA DÁ PRIORIDADE AO EMPREGOÁUSTRIA Cimeira europeia

esquerda socialista hoje domi-nante na Europa quer dar prio-ridade ao combate ao desem-prego e reanimar a economia.

Os líderes socialistas da União Europeia(UE) presentes na cimeira informal dos Quin-ze realizada no passado fim-de-semananuma estância turística, no Sul da Áustria,lançaram ainda um apelo aos bancos cen-trais europeus para reduzirem as taxas dejuro à escala internacional, de modo a evitara recessão.«Estamos convencidos que há condições

das políticas económicas para a estabilida-de. Com isso conseguimos o euro, conse-guimos taxas de inflação muito baixas, masimporta agora garantir a contrapartida: ocrescimento, o emprego e a melhoria dobem-estar à escala europeia», sublinhouAntónio Guterres.Presente na cimeira, na qualidade de convi-dado de honra por na altura ainda não tertomado posse como chanceler da Alemanha,Gerhard Schroeder defendeu a necessida-de de políticas à escala europeia para umcombate comum do desemprego. J. C. C. B.

F

Apara uma redução significativa das taxas dejuro à escala internacional», afirmou AntónioGuterres, que voltou a brilhar neste encon-tro dos líderes europeus, ao defender umaideia neo-keynesiana, que não põe em cau-sa a política de rigor orçamental, de lança-mento de um grande programa de investi-mento para permitir o desenvolvimento dasredes transeuropeias de transportes e ener-gia e telecomunicações, financiado atravésda emissão de obrigações europeias(Eurobonds).«Tivemos um grande êxito na coordenação

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 29 OUTUBRO 1998

REGIONALIZAÇÃO

COMO VAI A REGIONALIZAÇÃOPELO SIM Amilcar Augusto

rdilosamente as malhas da teiado NÃO à Regionalização vãose espalhando captando oscépticos incautos. Todos os ar-

gumentos servem, mesmo aqueles que fa-cilmente são desmontáveis e de elevadorisco para quem os usa. O que é necessá-rio é aproveitar o efeito mediático imedia-to, há sempre algum incauto que vai cairno isco e tornar-se adepto do NÃO, mes-mo que os argumentos usados sejamcomprovadamente falsos.A dignidade e a ética parecem ser valoresultrapassados. As pessoas são livres demudar de opinião mas não o devem fazerao sabor da conjuntura, como o têm vindoa fazer alguns adeptos do NÃO.Somos só nós os portugueses, ou será umacaracterística comum da humanidade, acre-ditar mais no mal do que no bem? Por queé que só se vê o mal, mesmo que este te-nha sido desmentido? Uma vez a teia urdi-da restará sempre a dúvida no espírito da-queles que vivem insatisfeitos com a vida econsigo próprios. E esses encarregam-sede estender mais a malha da teia do mal.Ainda há bem pouco tempo, numa tesoura-ria de serviços municipalizados, ouvi críticassobre os valores das taxas de esgoto queeram considerados demasiado elevados eaproveitando esse descontentamento co-mentava-se: E agora ainda nos vêm com aRegionalização para pagarmos mais taxas

e sustentarmos mais uns quantos às nos-sas custas.Façamos então uma análise do que se estáa passar com a campanha do NÃO. Odespesismo pegou. A tributação vezes oito,não estará a passar, mas o receio de pagarmais contribuição autárquica e outras der-ramas sim. A divisão do País em oito pe-gou. E a descentralização já é bandeira doSIM e do NÃO.A tarefa do convencimento dos cépticos avotarem neste referendo vai ser árdua e des-de o início da decisão de referendar estareforma estrutural, ela corre o risco de vir ater o insucesso que teve o dadespenalização do aborto, ou talvez aindapior.Se tal vier a acontecer isso representará oaumento do descrédito da classe política.Significa que o povo está a desacreditar nosseus representantes e a democracia sofre-rá com a apatia dos portugueses.Este estado de coisas recomenda cuidadospor parte da classe política na condução dassuas campanhas. Não tentem confundir oeleitorado com argumentos falsos e atitu-des arrogantes. E aqui a maior recomenda-ção vai para os adeptos do NÃO visto quetodos os argumentos lhes servem para des-truir.Centralizadores como são arvoraram-se emdefensores da descentralização, porém osseus actos e atitudes autoritárias revelam

bem as suas intenções centralizadoras. Se-não, porque é que são contra a criaçãoduma gestão administrativa intermédia? Nãosaberão porventura, ou não lhes interessa-rá saber, que uma gestão eficaz exige oacompanhamento de apenas um númerolimitado de variáveis? Essa é quanto a mima razão fundamental da necessidade dedescentralizar. A atenção do gestor não sepode dispersar sobre assuntos não essen-ciais à boa condução da sua organização.Não vale a pena planear sem que existammecanismos de controlo e a criação da ges-tão intermédia faz parte desses mecanis-mos.De há uns tempos a esta parte têm vindo alume, com larga difusão mediática, notíciasde irregularidades processuais na adminis-tração pública que desgastam a imagem doPaís e dos seus governantes. Estes aconte-cimentos têm vindo a suceder com uma fre-quência notável envolvendo os governantese dispersando-os dos seus interesses so-bre as reformas estruturais, nomeadamen-te a da Regionalização. Talvez que tudo istofaça parte de uma estratégia bem montadapara minar os alicerces que o PS tem vindoa reforçar. Estratégia que poderá estar a pro-duzir os efeitos delineados para quem a estáa montar, porém, para além de denegrir aimagem do país e dos portugueses, está aprejudicar o bom andamento daimplementação das reformas estruturais, da

modernização do País e, consequentemen-te, da melhoria do nível de vida dos portu-gueses.Se existisse uma gestão intermédia, tal teriamais dificuldade em suceder, haveria ummelhor controlo da execução orçamental edas actividades, não caindo tudo sob a res-ponsabilidade do poder central. Note-se quese está a falar em controlo de gestão e nãoem fiscalização e auditorias. Comecemospelo princípio, a tempo de corrigir antes dofacto consumado.Fica pois aqui um apelo aos responsáveispela campanha do SIM. Demonstrem ine-quivocamente que não vai haver aumentoda despesa pública, comparando as orga-nizações, a actual com a regional, os nú-meros dos seus efectivos e as respectivasmassas salariais em jogo. Demonstrem queas contribuições autárquicas não vão seraumentadas, publicando a legislação exis-tente sobre a matéria e divulgando a queestá a ser preparada. Divulguem as com-petências delegadas de forma explicita einequívoca, não basta dizer que são sobreplaneamento, ordenamento e gestão corren-te.Façam isto rapidamente e de forma peda-gógica convencendo o povo português quea Regionalização é uma reforma adminis-trativa essencial à modernização do País eà sua inserção nos mercados globais emer-gentes do próximo século.

A

NOTA SOBRE A REGIONALIZAÇÃOPELO SIM António Brotas

ma sondagem referida recente-mente no «Independente» indi-cava que na região Lisboa-Setúbal a vantagem do Não so-

bre o Sim era de 10 a 15 por cento e queno resto do País era de 4 por cento. (Acres-ce que durante o Verão a percentagem doNão esteve sempre a aumentar).Admitimos que esta sondagem está cor-recta. Se for o caso, a vitória do sim é difícil,mas não impossível. Para ela se poder con-cretizar é necessário, no entanto, tomardecisões estratégicas, organizativas eoperacionais muito aceites a partir de ago-ra.Na região de Lisboa-Setúbal parece neces-sário um verdadeiro golpe de rins para in-verter, ou, pelo menos, atenuar a vantagemdo Não. Esta nota procura ser um contributopara isso.Os órgãos e personalidades do PS nestaregião têm-se essencialmente empenhadoem esclarecer os militantes e em apelarpara a sua participação sem no entantoorganizarem esta participação ou mesmosimplesmente indicarem aos militantes oque podem fazer. O PS continua, assim, emlarga medida, virado para dentro.Entretanto, um impressionante grupo dejornalistas de primeiro plano e com fortesposições nos órgãos de Comunicação

Social, alguns do PS, têm-se empenhado,quase sem serem rebatidos, em combate-rem a regionalização.É a palavra destes jornalistas (que actuamcomo uma corporação habituada a ser«quarto poder» ao nível do Estado centrali-zado) e não os discursos de AntónioGuterres, nem os estudos sobre aregionalização, nem as brochuras do PS,que chegam maciçamente ao grande pú-blico.Parece-me ser esta a razão explicativa dasubida do Não.O mapa proposto tem, certamente, efeitosmuito negativos noutras regiões do País,mas não na região de Lisboa-Setúbal. Nes-ta região, no entanto, é particularmente di-fícil explicar a regionalização pois muitagente considera que o «poder está em Lis-boa» e em Lisboa continuará, não vendo adiferençaCom actuar nesta região?Penso que se não deve perder tempo nemdesperdiçar oportunidades. Vou referir sóalgumas:Está previsto um encontro dos movimen-tos pelo Sim em Lisboa, creio que no pró-ximo dia 21. Penso que as secções de Lis-boa e zonas vizinhas devem desde já sermobilizadas para participar neste encontroe noutro que certamente se realizará no fi-

nal da campanha.Os movimentos pelo Sim propõem-se fa-zer uma volta em caravana por todo o País.Enquanto esta volta decorre penso que naregião de Lisboa e Setúbal que devem serorganizadas duas caravanas que dêem avolta, uma a todos os concelhos da mar-gem Norte e outra a todos os concelhos damargem Sul.Há que prever e organizar, em colabora-ção com outros partidos e movimentospartidários do Sim, sessões de esclareci-mento em todos os grandes centros da re-gião. O PS deve procurar utilizar nestesencontros os seus elementos, ou simplesapoiantes, mas com a melhor capacidadede intervenção.Devem também ser promovidos encontros/debate com partidários do Não. Nestesencontros devem participar elementos commuita boa capacidade de argumentação,não sendo de excluir encontros de prepa-ração prévia e encontros posteriores paraanálise do que se disse.Há que fazer um imenso uso da Imprensaregional e das rádios locais. Há que pediraos militantes que tenham contactos comestes órgãos, para estabelecer contactocom um centro de divulgação de notíciase informações organizado para o efeito.Têm surgido na Imprensa artigos particu-

larmente bem feitos e notícias importantesem favor do Sim (exemplo: as declaraçõesdo antigo ministro Miguel Cadilhe, no «Pú-blico» ou no «Diário de Notícias»). O atrásreferido centro deve fotocopiá-las e divulgá-las procurando, inclusive, fazê-las reprodu-zir ou pelo menos citar noutros jornais.Há, também, argumentos e notícias em fa-vor do Não que, de imediato, devem serrebatidos. O referido centro deve estar aten-to a isso e procurar pessoas para o fazer.Como membros da Comissão PolíticaConcelhia de Lisboa propus uma reuniãourgente deste órgão para criar uma «taskforce» para tratar destas e de outras coi-sas ao nível do concelho de Lisboa. Espe-ro que esta reunião se efective em breve.Penso ser conveniente que outrasconcelhias criem algo de semelhante po-dendo, depois, as várias «task force» esta-belecer pontos e coordenar acções umascom as outras.Se, além disto, a FAUL e as Federaçõesde Setúbal e Oeste conseguirem ampliar otrabalho das concelhias e acrescentar-lheoutras iniciativas será óptimo, e teremos,então, possibilidades de ganhar o referen-do nesta região.

U

Nota sobre a regionalização lida no encontro de autarcas do PSrealizado no dia 10 de Outubro, na Costa de Caparica.

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA7

REGIONALIZAÇÃO

REGIÕES: PARA MELHORAR A EFICÁCIA DO ESTADO

PELO SIM Joel Hasse Ferreira

onvirá esclarecer determinadosaspectos em torno do proces-so de regionalização: as ques-tões dos protagonismos regio-

nais no quadro nacional e da UniãoEuropeia, a mobilização das capacidadesendógenas regionais, a transferência de re-cursos entre regiões com diferentes níveiseconómicos no quadro nacional e daUnião, a momentosa questão dos custose o problema dos limites das regiões. Comopano de fundo, a necessidade de reformara Administração Pública, num quadro demodernização do aparelho do Estado por-tuguês.É claro que a criação de regiões fará emer-gir uma capacidade de negociar apoios noquadro da União Europeia, de uma formaque apoiará e complementará o papel doGoverno português nesse processo. Nãose trata pois de um automatismo, mas simde um processo político que multiplicará acapacidade de intervenção portuguesa nas

instâncias europeias.Mas a criação de regiões propiciará aindauma maior mobilização das capacidadesendógenas regionais e clarificará os me-canismos das transferências de fundospara as regiões.A questão do Estado, da AdministraçãoPública e dos seus papéis na transforma-ção da sociedade é uma questão centralna Europa e no mundo, na mudança demilénio. Mas o problema actual, em deba-te, é até que ponto e de que forma a insti-tuição em concreto das regiões contribuipara uma acção mais eficaz neste domí-nio. Porquê? Porque cria ao nível intermé-dio entre o Estado e as autarquias locaisuma nova plataforma democrática num ní-vel a que a Administração descentralizadanão tem uma responsabilização democrá-tica mas responde perante o Estado cen-tral e não está devidamente articulada como poder local.O aparelho de Estado português, apesar

de alguns esforços de modernização, ne-cessita de reformulações importantes ereestruturações que aproximem a Adminis-tração da base, dos cidadãos eleitores econtribuintes.É na lógica portanto de uma melhor e maiseficaz intervenção do Estado que se pre-tendem criar as regiões. Porque julgam ossocialistas democráticos organizados emPartido que essa instituição das regiões éindispensável na actual fase da vida políti-ca, económica e social portuguesa.A questão dos custos tão distorcida porCavaco Silva e aceite acriticamente porPaulo Portas baseia-se em contas mal fei-tas nas costas de um envelope. Com estachalaça, quis o Prof. Aníbal explicar que nãotinha feito contas com seriedade, o quetransforma a sua abordagem da questãodos custos da regionalização numa piadade mau gosto.Por outro lado, a tão grande discussão so-bre os limites das regiões esquece frequen-

temente que esses limites corresponderamà fusão dos dois únicos projectos apresen-tados no Parlamento e tiveram em contaos pareceres das Assembleias Municipaisque se pronunciarem sobre essa questão.E são esses limites, aprovados pelo Plená-rio da Assembleia da República, que es-tão no mapa proposto.A terminar. Será certamente mais fácil,transparente e lógico organizar oreequilíbrio de investimentos entre as vári-as regiões, potenciando as que têm maio-res fragilidades económicas, num quadroclaro com as características do mapa pro-posto, do que na actual situação com regi-ões de heterogeneidade elevada.Ou seja, em todo este quadro proposto, é opapel do Estado, devidamente descentrali-zado e democraticamente aprofundado,que é reforçado nas suas vertentes de efi-cácia económica, proximidade às popula-ções e solidariedade social.In «Expresso»

C

O QUE É E PARA QUE SERVEA REGIONALIZAÇÃO

PELO SIM José Conde Rodrigues

A Regionalização visa a criaçãode Regiões Administrativas,com a natureza de autarquiasde grau supramunicipal, no res-

peito pela autonomia dos municípios, do-tadas de órgãos democraticamente eleitose com atribuições no desenvolvimento eco-nómico, planeamento, ordenamento do ter-ritório.A Regionalização deve, pois, ser compre-endida, quer do ponto de vista do alarga-mento do espaço público da democracia,com relevo para o reforço da participaçãodos cidadãos e das populações, quer noquadro de uma estratégia geral de desen-volvimento do país.2 . A criação das Regiões Administrativasjustif ica-se por sermos o país maiscentralista da Europa. O modelo de admi-nistração ainda existente obedece às ve-lhas concepções centralizadoras, mais tí-picas das soluções autoritárias do gover-no do que uma concepção moderna dedemocracia assente na iniciativa e na par-ticipação dos cidadãos na vida pública.De facto, o nosso actual modelo adminis-trativo, fortemente centralista, constitui umentrave ao desenvolvimento das diversasregiões do país. Como consequência, te-mos hoje um país com desigualdades visí-

veis ao nível do rendimento das várias re-giões, com maiores e mais graves proble-mas de empobrecimento e desertificaçãoem zonas do interior e sobreconcentraçãono litoral. Dito de outro modo, o modeloactual tem conduzido ao agravamento dasdiferenças entre os portugueses e acen-tuou as assimetrias entre o Norte e o Sul,entre o Litoral e o Interior.3. A instituição das regiões administrativas,além de configurar um imperativo constitu-cional, é uma reforma indispensável à mo-dernização do Estado e da Administraçãode encontro àquilo que foi previsto nos su-cessivos programas de Governo e que nin-guém teve a coragem de cumprir. É funda-mental que as regiões mais empobrecidasdo país tenham quem as represente, te-nham voz e poder de decisão em relaçãoaos aspectos relevantes do seu própriodesenvolvimento e capacidade para mo-bilizar os recursos próprios para esse de-senvolvimento.4. Assim, no Referendo do próximo dia 8de Novembro, ninguém deve ficar em casa.Todos devem participar, ajudando a desen-volver e modernizar o nosso país. Ficar emcasa, não votar no referendo, é deixar queos outros decidam por nós, é não mostrarinteresse na pátria que nos ajudou a criar.

Mas no Referendo existirão duas pergun-tas. A primeira pergunta, pede que se digasim ou não ao modelo das oito regiões comas competências que a Assembleia daRepública aprovou e com as quais a es-magadora maioria das Assembleias Muni-cipais do país já concordou. A segundapede uma resposta favorável à Região emconcreto onde nos situamos como eleito-res.5. Acontece, porém, que sobre aregionalização tem existido muita mentira,cabendo aos partidários do não o papelde assustar os portugueses com fantas-mas, como o despesismo, a divisão dopaís, a fragilidade do Estado, a nova clas-se política, etc. Estes argumentos contra aregionalização não passam de fantasmasde quem já foi a favor (caso do PSD e CDS)e agora, por razões de mera táctica, opor-tunista, vêm dizer que são contra.6. Com efeito, basta olhar para o que sepassa por essa Europa fora para compre-ender que países mais pequenos e homo-géneos que o nosso, mais desenvolvidos,como a Áustria, Dinamarca, Holanda, têmprocessos de regionalização com RegiõesAdministrativas, com competências maio-res ou menores em função das suas pró-prias circunstâncias, e todos eles conse-

guiram um razoável grau dehomogeneidade nos seus níveis de desen-volvimento e bem-estar das suas popula-ções.Curiosamente, os países que sempre re-cusaram a Regionalização são os paísesmais pobres da Europa como é o caso daGrécia e de Portugal.7. Recorde-se, entretanto que, com aregionalização, será extintos os 18 Gover-nos Civis, incluindo o conjunto de pessoalafecto aos seus gabinetes.Quanto ao recorte geográfico das regiões,a divisão limitou-se a acompanhar as di-versidades de natureza regional há muitoidentificadas por todos os estudiosos darealidade do país. O Referendo encarregar-se-á de demonstrar que essa divisão vairesultar da vontade livremente expressapelos eleitores. Será discutível? Sem dúvi-da! Mas importa ter coragem de dar o pri-meiro passo. Em suma, com aRegionalização conseguir-se-á o desenvol-vimento equilibrado de todo o território, semexcepções, levando à intensificação dacoesão nacional. A regionalização irá, semsombra de dúvidas, aumentar positivamen-te essa coesão, ao dar a voz a todos e aca-bar com a actual falsa Regionalização en-tre o Porto e Lisboa.

1.

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 29 OUTUBRO 1998

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 22 de Outubro

O Conselho de Ministros aprovou:

� Um decreto-lei que fixa as bases da concessão da exploração, em regime de serviçopúblico e de exclusivo, de um sistema de metro ligeiro na área metropolitana do Porto;� Um conjunto de diplomas no âmbito das medidas de combate à corrupção;� Uma proposta de lei sobre protecção de testemunhas;� Uma proposta de lei que altera a lei n.º 36/94, de 29 de Setembro, que aprova medi-das de combate à corrupção e criminalidade económica e financeira;� Um decreto-lei que aprova o novo regime jurídico das empreitadas de obras públicas;� Um decreto-lei que aprova a Lei Orgânica do Instituto do Mercado de Obras Públicase Particulares e do Imobiliário (IMOPPI), por transformação do Conselho de Mercadosde Obras Públicas e Particulares (CMOPP), dotando o IMOPPI de autonomia adminis-trativa e financeira,� Um decreto-lei que aprova o regime de acesso e permanência na actividade de em-preiteiro de obras públicas e industrial da construção civil;� Uma proposta de lei que altera a Lei Eleitoral para a Assembleia da República;� Um decreto-lei que adopta medidas de emergência relativas à EncefalopatiaEspongiforme dos Bovinos (EEB) proibindo a utilização na alimentação animal de prote-ínas e gorduras obtidas a partir de tecidos de mamíferos e determinando a destruiçãodas respectivas existências, constatadas à data da entrada em vigor do diploma;� Um decreto-lei que altera o Código do IRS e o Código do IRC;Um decreto-lei que reconhece o interesse público, a título excepcional e com carácterprovisório, a um conjunto de estabelecimentos de ensino superior particular que inicia-ram o seu funcionamento sem reconhecimento antes do ano lectivo de 1995-1996;� Um decreto-lei que regulamenta e desenvolve o regime jurídico da identificação crimi-nal e de contumazes;� Um decreto-lei que aprova os Estatutos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial;� Um decreto-lei que altera os diplomas que estabelecem, as prescrições mínimas desegurança a que devem obedecer o fabrico e comercialização de máquinas, de equipa-mentos de protecção individual, de instrumentos de pesagem de funcionamento nãoautomático, de aparelhos a gás, de material eléctrico destinado a ser utilizado dentro decertos limites de tensão e de materiais de construção;� Um decreto-lei que altera o diploma que criou o Sistema de Incentivos à Melhoria doImpacte Ambiental dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (SIMIAT);� Uma resolução que altera a resolução do Conselho de Ministros que aprovou as nor-mas de execução do Sistema de Incentivos à Melhoria do Impacte Ambiental dos Trans-portes Públicos Rodoviários de Mercadorias (SIMIAT);� Um decreto-lei que actualiza o novo regime fitossanitário, que cria e define as medidasde protecção fitossanitária destinadas a evitar a introdução e dispersão no território na-cional e comunitário, incluindo nas zonas protegidas, de organismos prejudiciais aosvegetais e produtos vegetais, qualquer que seja a sua origem ou proveniência;� Um decreto-lei que altera o artigo 7º do decreto-lei n.º 111/98, de 24 de Abril, querevaloriza a carreira de guarda florestal da Direcção-Geral das Florestas;� Um decreto-lei que altera o decreto-lei nº. 161/93, de 6 de Maio, que aprova os Esta-tutos da Região do Turismo do Algarve;� Um decreto regulamentar que altera o decreto regulamentar nº. 2/90, de 12 de Janei-ro, que estabelece o regime das reintegrações e amortizações;� Um decreto que desafecta do regime florestal parcial de uma área de 8 320 metrosquadrados de terreno baldio situado no lugar de Bemposta, freguesia de Reboreda, eintegrada no perímetro florestal de Vieira e Monte Crasto;� Um decreto que aprova o acordo entre o Governo da República Portuguesa e o Go-verno da República do Uruguai sobre cooperação no domínio do turismo;� Uma proposta de resolução que aprova, para ratificação, a convenção sobre a lutacontra a corrupção de agentes públicos estrangeiros nas transações comerciais inter-nacionais, adoptada em Paris, na Conferência Ministerial da Organização de Coopera-ção e de Desenvolvimento Económico (OCDE);� Uma proposta de resolução que aprova, para ratificação, a convenção para a Protec-ção dos Bens Culturais em caso de Conflito Armado;� Uma resolução que habilita Portugal a participar na segunda reconstituição de recur-sos da Global Environment Facility.

ADMINISTRAÇÃO EDUCATIVA � O se-cretário de Estado da AdministraçãoEducativa, Oliveira Martins, presidiu, no dia23, à inauguração da Escola Secundária deVagos.

ADMINISTRAÇÃO INTERNA � O secre-tário de Estado adjunto do ministro da Ad-ministração Interna, Armando Vara, presi-diu, no dia 24, em Espinho, às comemora-ções do 103º aniversário da AssociaçãoHumanitária dos Bombeiros Voluntários.Por seu turno, o secretário de Estado daAdministração Interna, Luís Parreirão, des-locou-se, no dia 23, ao anfiteatro do De-partamento de Ambiente da Universidadede Aveiro para presidir à cerimónia de as-sinatura e entrega de protocolos relativosao Programa de Informatização das Jun-tas de Freguesia, no âmbito do Recensea-mento Eleitoral.

ADMINISTRAÇÃO LOCAL � O secretá-rio de Estado da Administração Local eOrdenamento do Território, José AugustoCarvalho, esteve, no passado dia 23, nodistrito de Santarém, onde presidiu à cele-bração de contratos-programa Prosiurb(Programa de Consolidação do SistemaUrbano Nacional de Apoio à Execução dosPDM) com os municípios de Tomar e Cons-tância, Vila Nova da Barquinha e Almeirim,bem como à formalização de 24 protoco-los com 18 instituições privadas de interes-se público do distrito.

AMBIENTE � O secretário de Estado doAmbiente, José Guerreiro, deslocou-se,recentemente, a Seia, para participar numencontro onde também estiveram presen-tes deputados do Grupo Parlamentar So-cialista, bem como os cinco presidentesdas câmaras do distrito, os vereadores, aFederação Distrital e as Comissões Políti-cas Concelhias.Na reunião foram debatidas questões liga-das ao desenvolvimento das zonas demontanha integradas em áreas protegidase aos problemas do Parque Natural da Ser-ra da Estrela.No encontro - um evento classificado pelodeputado Vitor Moura como «muito provei-toso» -, falou-se também das acessibilida-des da zona, nomeadamente, dos pontosmais sensíveis do maciço central da Serra.A aceitação da cultura de diálogo que vemsendo implementada pelo Governo foi ou-tro dos temas destacados nesta reunião.

AVEIRO � O governador civil de Aveiro,Antero Gaspar, presidiu, no dia 26, emÍlhavo, ao acto de assinatura e entrega detrês viaturas à GNR daquele concelho, des-tinadas ao patrulhamento das escolas exis-tentes na zona.No dia 24, Antero Gaspar participou no actoinaugural do Campo de Futebol da Quintado Agrio, em São João de Loure, Alberga-ria-a-Velha.Ainda no passado sábado, o governadorcivil deslocou-se à freguesia de Nogueirada Regedoura, no concelho, onde presi-diu à inauguração do Polo Desportivo doRelâmpago União Futebol ClubeNogueirense.

COMUNICAÇÃO SOCIAL - O «Diário deNotícias» do Funchal dá «mostras de serum projecto vencedor», disse, no dia 22, o

secretário de Estado da Comunicação So-cial, Arons de Carvalho, após a visita a estematutino, o de maior tiragem na região, e àRádio DN/TSF.«Acho que a Imprensa portuguesa temmuito a ganhar em seguir o exemplo des-tes dois órgãos de Comunicação Social»,afirmou.Arons de Carvalho salientou, ao referir-se àImprensa regional, que esta só poderá tri-unfar «se for competitiva, profissional e as-sentar na qualidade e numa relação de fi-delidade com os leitores e com os ouvin-tes, no caso da rádio».O secretário de Estado da ComunicaçãoSocial admitiu ainda não conhecer muitos«jornais regionais do continente que tenhama dimensão em termos de número de jor-nalistas e modernidade em equipamentosque tem, por exemplo, o �Diário de Notíci-as� do Funchal».O governante visitou também o Posto Emis-sor do Funchal.

CULTURA - O novo museu permanente ainstalar no Centro Cultural de Belém (CCB)será dedicado ao Design e conterá, numaprimeira fase, a colecção de FranciscoCapelo.A revelação foi feita aos jornalistas, no dia23, por Manuel Maria Carrilho, no final dasessão de assinatura de um protocolo en-tre os ministérios da Cultura e da Adminis-tração Interna, visando o alargamento domuseu do Chiado, em Lisboa, mediante acedência de espaços pela PSP.De acordo com o ministro da Cultura, oprojecto de instalação de um museu per-manente no CCB acolherá numa primeirafase as peças de Francisco Capelo.Contudo, não é de excluir que o museu alar-gue o seu âmbito numa fase posterior, do-tando assim o CCB de um pólomuseológico permanente que aproveita o«imenso espaço» existente no edifício.Para acolher o museu serão realizadasobras de adaptação numa das actuais ga-lerias do CCB, até agora dedicadas ape-nas às exposições de carácter temporário.

DESPORTO � O secretário de Estado doDesporto, Miranda Calha, apresentou, nodia 26, em Lisboa, o livro «Desporto e Coo-peração».Este trabalho faz o ponto da situação dosprojectos de cooperação em que está en-volvido o desporto português e avança,igualmente, a legislação e os acordos rela-tivos ás acções bilaterais e multilaterais quetêm sido desenvolvidas.O livro inclui, ainda, os textos de declara-ções, convenções e códigos subscritos porPortugal, no âmbito da CPLP, do ConselhoIbero-Americano do Desporto e do Conse-lho da Europa.

EQUIPAMENTO � O ministro do Equipa-mento, do Planeamento e Administração doTerritório, João Cravinho, encerrou, no dia23, em Lisboa, o I Encontro de Dirigentesdas Inspecções-Gerais do Território dosPALOP e de Portugal, subordinado ao tema«As Autarquias Locais e as Inspecções-Gerais do Território: Organização e Funcio-namento».

FARO � O governador civil de Faro, Joa-quim Anastácio, participou, no dia 27, nasessão de abertura do seminário

«Modelização do Ecossistema de LagoasCosteiras para uma Gestão Racional», pro-movido pela Unidade de Ciências eTecnologias dos Recursos Aquáticos daUniversidade do Algarve, em Faro.

INSERÇÃO SOCIAL � O secretário deEstado da Inserção Social, Rui Cunha, vi-sitou, no dia 22, a Aveiro e Águeda, ondepresidiu à sessão de abertura do«Forum�98 � Uma Sociedade Aberta e In-clusiva para os Cidadãos com Deficiên-

cia», no Centro Cultural.

SAÚDE � A ministra da Saúde, Maria deBelém, assinou, no dia 26, em Lisboa, umprotocolo de colaboração com a Comis-são Nacional da Pastoral da Saúde.O protocolo tem como objectivo prioritárioo estabelecimento da cooperação entre asduas instituições referidas, no âmbito doapoio destinados ás acções no sector dasaúde que potenciem uma maiorhumanização dos cuidados.

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA9

GOVERNO

APROVADO NOVO REGIMEDE EMPREITADAS

PORTO: REFERÊNCIADO NORDESTE PENINSULAR

PRAZOS ALTERADOS

DESTAQUE � CM Obras públicas

redução do regime jurídico dasempreitadas de obras públicasaprovada, no dia 22, pelo Exe-cutivo socialista altera o sistema

de sobrecustos, subempreitadas e garan-tias dos contratos.O novo regime introduz um sistema de con-trolo de custos aplicável a quaisquer alte-rações ao projecto inicial do contrato, no-meadamente aos trabalhos a mais.Até agora era possível realizar após adju-dicação de uma obra, sem novo concursopublico, mais 50 por cento do valor adjudi-cado em sobrecustos (que eram reguladosdirectamente entre o dono da obra e osempreiteiros) mas todo este regime foimodificado pelo diploma aprovado, expli-cou o ministro do Equipamento, JoãoCravinho.Assim, se os sobrecustos excederem 25por cento (metade do valor até agora emvigor) terá de haver nova forma de adjudi-cação. «Em segundo lugar, nestessobrecustos de 25 por cento terão de serconsiderados os decorrentes deincumprimento da própria lei, seja qual fora sua natureza», explicou.Além disso, a partir de 15 por cento desobrecustos só poderá haver autorizaçãode pagamento se for fornecida à autorida-de responsável pela despesa uma informa-ção feita por uma entidade externa justifi-cando os sobrecustos, disse ainda.«Poderá haver dispensa desta auditoriaexterna se a obra adjudicada tiver um valorinferior a 500 mil contos», referiu.A nova lei explicita, ainda, a possibilidade

de o concorrente apresentar propostascom preço firme, renunciando assim à re-visão de preços, e introduz alterações noregime de garantia dos contratos.Interdita ainda a possibil idade desubempreitar trabalhos ou partes da obrade valor superior a 75 por cento do valordesta, «combatendo-se assim nomeada-mente a subempreitada com recurso a tra-

balho clandestino e facultando-se um regi-me muito mais claro de cumprimento dasatribuições de segurança, nomeadamen-te».«O novo diploma consagra também nor-mas reguladoras especificas para o con-trato de concessão de obras públicas, deacordo com os imperativos comunitários,e inclui uma disposição sobre higiene de

saúde e segurança do trabalho que obrigasimultaneamente o dono da obra e o em-preiteiro, ao contrário da situação actual-mente existente», referiu ainda o ministro.

Construção civil terá InstitutoRegulador

Entretanto, o Governo prepara-se para cri-ar o Instituto Regulador da Actividade daConstrução (IRAC), organismo ao qual ca-berá a emissão das licenças para as em-presas de construção civil, agora a cargoda Comissão de Alvarás.A proposta de criação do novo instituto e alegislação pela qual se regerá foram dis-cutidas na passada segunda-feira, em Con-selho de Secretários de Estado, com o se-cretário de Estado das Obras Públicas,Maranha das Neves, a garantir que as mu-danças visam «uma melhoria na activida-de da construção, nomeadamente no sec-tor da edificação».A revelação desta alteração foi feita porMaranha das Neves, no dia 22, em Óbidos,durante as Jornadas de Redes Europeiasdas Profissões do Património, com ogovernante a deixar claro que, na área dareabilitação, com a nova legislação, «sóquem estiver habilitado para fazer o traba-lho é que poderá fazê-lo».Uma aposta na qualidade no sector da re-abilitação do património construído, quepassará pelo apetrechamento das empre-sas com meios técnicos e humanos apro-priados para as áreas de intervenção a queessas empresas concorram.

DESTAQUE - CM Metropolitano DESTAQUE � CM Eleições parlamentares

O metropolitano do Porto é uma parte impor-tante das «ambições que o Governo tem paracriar ali uma metrópole capaz de ser o pólode referência do Nordeste da Península», dis-se, no dia 22, o ministro do Equipamento, doPlaneamento e Administração do território, daJoão Cravinho no final do Conselho de Mi-nistros.O governante falava a propósito da aprova-ção, na generalidade, do diploma que fixaas bases da concessão da exploração dometro do Porto.João Cravinho explicou que depois de oConselho de Ministros ter aprovado, sexta-feira, o decreto-lei, o mesmo vai ser agorasubmetido a parecer da Associação Nacio-nal de Municípios e das comissões de traba-lhadores da CP e da Refer (Rede FerroviáriaNacional).Só depois de obtidos estes pareceres o di-ploma, que inclui em anexo as bases da con-

cessão, o acordo parassocial e os estatutosdo Metro do Porto, SA, será objecto de apro-vação final pelo Conselho de Ministros.Aquela que é porventura a obra de maior re-levo que se fará em Portugal nos próximosanos «pode classificar-se entre as obras demaior projecção na Europa no campo dostransportes que têm estado em concurso»,disse ainda o ministro do Equipamento.

O Conselho de Ministros aprovou, na pas-sada quinta-feira, dia 22, uma proposta delei que altera a Lei Eleitoral para aAssembleia da República.Este diploma, a submeter a ratificação par-lamentar, visa proceder às modificaçõesnecessárias, em sede de lei ordinária, de-correntes da nova redacção do artigo 113º,n.º 6, da Constituição da República Portu-guesa após a IV Revisão Constitucional (LCn.º 1/97, de 20 de Setembro).Por força do disposto nesse preceito cons-titucional, o novo prazo para a marcaçãode eleições dos deputados à Assembleiada República pelo Presidente da Repúbli-ca é de 60 dias.A alteração deste prazo implica a modifi-cação de outros prazos com ele conexos.Assim, alteram-se os prazos para a publi-cação, em «Diário da República», do mapacom o número e distribuição dos deputa-dos pelos círculos, o prazo para apresen-tação de candidaturas, o prazo para a ve-

rificação da regularidade do processo deapresentação de candidaturas, o prazopara suprimento de irregularidades, o pra-zo para a substituição de candidatos oupara preenchimento integral das listas nocaso de rejeição de candidaturas, e o pra-zo para o sorteio das listas apresentadaspara efeito de lhes atribuir uma ordem nosboletins de voto.Por seu turno, serão ainda modificados osprazos de recurso para o Tribunal Consti-tucional relativamente à apresentação decandidaturas, para a publicação das listasdefinitivamente admitidas, para a designa-ção dos delegados das listas e o prazopara a designação dos membros da mesadas assembleias ou secções de voto.As novidades introduzidas originam umasubstancial redução do processo eleitoralporque é manifestamente mais curto (me-nos 20 dias) o período de tempo que me-deia entre a marcação da data das eleiçõese a sua realização.

A

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ACÇÃO SOCIALISTA 10 29 OUTUBRO 1998

GOVERNO

SAÚDE, CULTURA E VIDA

VACAS LOUCAS:ELIMINAR TODA A SUSPEITA

A PROVA DOS SETE...

TOXICODEPENDÊNCIA Governo anuncia pacote de medidas

Governo vai aprovar brevemen-te, em Conselho de Ministros,um diploma que estrutura osapoios do Estado aos toxico-

dependentes, anunciou, na passada sex-ta-feira, o ministro da tutela, José Sócrates.Falando em Moselos, na inauguração daCasa Grande, a primeira comunidade te-rapêutica para toxicodependentes do dis-trito de Aveiro, Sócrates acrescentou que«o objectivo é criar em Portugal uma redede tratamento que permita o acesso a to-dos os que se queiram tratar».Assim, até final do ano está previsto o au-mento da oferta, designadamente atravésdo alargamento do numero de camasconvencionadas.«O nosso investimento não será mais nobetão armado, uma vez que já existem es-truturas físicas suficientes, mas sim noapoio às famílias que necessitem da nos-sa ajuda para ter acesso ao tratamento»,sublinhou.Segundo o ministro, esse apoio poderáchegar aos 80 por cento do custo do tra-tamento, tendo o doente liberdade paraescolher o método e a instituição que pre-ferir.

«Vamos também alargar o regime de con-venções e de apoio a várias valências, nãoapenas ao internamento em comunidadesterapêuticas, mas também às clínicas dedesabituação, equipas de intervenção e derua, entre outras», sublinhou.José Sócrates anunciou também o lança-

mento de um programa de reinserção pro-fissional dos toxicodependentes, através dacriação de agências em cada uma das re-giões, destinadas exclusivamente à criaçãode emprego para os toxicodependentes re-cuperados.«É preciso criar um esquema para que os

ex-toxicodependentes possam encontraremprego com facilidade», disse, salientan-do a necessidade de atrair as empresaspara «este espaço de luta contra atoxicodependência».De acordo com o ministro, «as empresasdispõem já dos apoios para programas dedesemprego clássico, mas vão ter tambémuma pequena «discriminação positiva», ain-da em discussão, mas que deverá incidirna taxa social.Este programa será dirigido pelo Institutode Emprego e Formação Profissional emcolaboração com o Projecto Vida.A Comunidade Terapêutica Casa Grandede Vergada, Moselos, um projecto da As-sociação de Desenvolvimento Social «PeloPrazer de Viver-Saúde, Cultura e Vida», éuma unidade residencial de estada prolon-gada com capacidade para 20toxicodependentes.O internamento tem a duração de um ano,subdividido em quatro fases, e integra prá-ticas terapêuticas, como a psicoterapia,socioterapia e trabalho em grupo.O objectivo é devolver o indivíduo ao meio,mediante a sua inserção familiar, laboral,social e cultural.

DESTAQUE � CM Pecuária DESTAQUE - CM Ensino superior particular

A prevenção extremada face à «epidemia»da doença das «vacas locas» foi alvo deuma decisão governamental, durante a úl-tima reunião de Conselho de Ministros.Assim, o Executivo aprovou, no dia 22, odecreto-lei que adopta medidas de emer-gência relativas à EncefalopatiaEspongiforme dos Bovinos (EEB) proibin-do a utilização na alimentação animal deproteínas e gorduras obtidas a partir detecidos de mamíferos e determinando adestruição das respectivas existências,constatadas à data da entrada em vigor dodiploma.Este decreto-lei vem proibir - a exemplo doque já fora decretado relativamente à ali-mentação para ruminantes - a utilização naalimentação de todos os outros animais,sob qualquer forma, de farinhas de carne,farinhas de ossos, farinhas de carne e os-sos, farinhas de sangue e gorduras demamíferos.As matérias-primas referidas - farinhas decarne, farinhas de ossos, farinhas de car-ne e ossos, farinhas de sangue e todo equalquer tipo de gorduras obtidas a partirde tecidos de mamíferos, seja qual for asua origem ou proveniência - passam a serconsideradas resíduos, determinando-se aselagem e destruição total das existênciasdaquelas farinhas, das gorduras de mamí-feros, bem como dos alimentos compos-tos que as incorporem, constatadas à data

da entrada em vigor do diploma, quer eminstalações de transformação, quer em ar-mazém.Estas medidas de proibição total visam eli-minar qualquer suspeita de contaminaçãocruzada da alimentação de ruminantes apartir de alimentos compostos destinadosa outras espécies que incorporavam legal-mente os produtos referidos, mas que, apartir da entrada em vigor deste diploma,deixarão de o poder fazer, uma vez que,pura e simplesmente, se determina a des-truição das matérias-primas - agora classi-ficadas de resíduos - que serviam de basea todos aqueles produtos.

O Executivo deu carta branca, no dia 22, aum diploma que reconhece o interesse pú-blico, a título excepcional e com carácterprovisório, a um conjunto de estabelecimen-tos de ensino superior particular que inicia-ram o seu funcionamento sem reconheci-mento antes do ano lectivo de 1995-1996.Este decreto-lei atribui efeitos retroactivos àautorização de funcionamento de cursos ereconhecimentos de graus ou diplomas emrelação aos cursos que neles têm funciona-do e estabelece, para um período transitó-rio de quatro anos lectivos, um conjunto decondicionamentos e um processo especialde acompanhamento e fiscalização.Estas medidas inserem-se no quadro doprocesso de normalização da situação doensino superior particular e cooperativo epretendem, sem quebra das exigências denível e qualidade inerentes ao ensino supe-rior, permitir, ao menos parcialmente, mino-rar os prejuízos sofridos e os recursosdespendidos pelos estudantes e famílias e,simultaneamente, aproveitar o que de posi-tivo tenha emergido da referida realidade.No âmbito deste diploma, as instituições fi-cam sujeitas, durante um período provisório de quatro anos, a uma auditoriacientífico-pedagógica permanente a realizarpela Inspecção-Geral de Educação com acolaboração de peritos, a qual tornará pos-sível a tomada, tempestiva, de medidascorrectivas que eventualmente se revelemnecessárias.Findo o período transitório, as instituições

serão objecto de uma avaliação de nature-za global que conduzirá à consolidação doreconhecimento - se a instituição tiver de-monstrado, de maneira inequívoca, que sa-tisfez de forma continuada os parâmetrosde qualidade indispensáveis a uma institui-ção de ensino superior - ou, no limite, à suacaducidade, caso os referidos parâmetrosnão tenham sido satisfeitos.São sete os estabelecimentos de ensinosuperior contemplados com este reconhe-cimento de interesse público a título excep-cional e com carácter provisório: Conserva-tório Superior de Música de Gaia; EscolaSuperior Gallaecia; Instituto Superior de Ci-ências Educativas de Felgueiras; InstitutoSuperior de Ciências Educativas deMangualde; Instituto Superior de CiênciasHumanas e Tecnológicas; Instituto Superiorde Espinho; e Instituto Superior deTecnologia Empresarial.

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA11

PARLAMENTO

OITO RAZÕESPARA VOTAR «SIM» NO REFERENDO

DEPUTADO MIGUEL COELHO Regionalização

O deputado socialistaMiguel Coelho conside-rou no Parlamento que oreferendo sobre a regio-nalização agendado parao dia 8 de Novembro «re-

presenta a oportunidade para aimplementação da reforma estrutural maisimportante no nosso país e à qual, curiosa-mente, observou, se opõem as forças maisidentificadas com o conservadorismo e oimobilismo».Segundo Miguel Coelho, «situação análo-ga a esta só encontra paralelo com a ade-são do nosso país à União Europeia, en-tão CEE, momento no qual também os �ve-lhos do Restelo� se fizeram ouvir e todasas mesmas forças tentaram adiar a suaconcretização. Coincidências...».Como deputado eleito pelo círculo de Lis-boa, Miguel Coelho referiu não poder dei-xar de se congratular com a perspectivada instituição em concreto da Região deLisboa e Setúbal, região onde, infelizmen-te, salientou, existem «fenómenospreocupantes ao nível do desenvolvimen-to social e do conceito alargado da quali-dade de vida das pessoas».Num intervenção centrada na problemáti-ca da regionalização, Miguel Coelho apon-tou oito razões determinantes para o apoioa esta importante reforma.Em primeiro lugar, sublinhou, «o respeitopela Constituição da República, na qualestá consagrada desde 1976 a existênciade um nível de autarquia local designada

por Região Administrativa».Em segundo lugar, lembrou, «pela razão dese tratar de um compromisso eleitoral doPS e de António Guterres devidamentesufragado nas legislativas de 1995».

Reforço da coesão nacional

Em terceiro lugar, referiu ser pelaregionalização porque, na sua opinião, econtrariamente ao propagandeado, «refor-çará a coesão nacional».A quarta razão apontada pelo deputado doPS prende-se com a nossa integração naUnião Europeia.«Bom exemplo é o funcionamento do Co-mité das Regiões, onde os nossos repre-sentantes são os únicos que não foram elei-tos para o exercício de tais funções», dis-se.A quinta razão referida por Miguel Coelhoestá relacionada com motivos que se pren-dem com uma maior «racionalização erentabilização económica», dado que, con-forme explicou, «com a atribuição da coor-denação de projectos e também dos in-vestimentos, as regiões contribuirão parauma economia de meios».A sexta razão determinante tem a ver como que, segundo Miguel Coelho, aregionalização representa «como comba-te à burocracia do aparelho de Estado quesó prejudica os cidadãos.Em sétimo lugar é preciso regionalizar «parapermitir uma maior disponibilidade do Go-verno para as questões nacionais e glo-

bais».Por último, em oitavo lugar, é necessárioimplementar esta reforma porque, na opi-nião do deputado do PS, «a regionalização

implica o reforço dos municípios, contrari-amente ao que dizem agora alguns con-vertidos ao municipalismo».

J. C. CASTELO BRANCO

NOVA PORTARIA PARA REPORA VERDADE E FAZER JUSTIÇA

DEPUTADO VÍTOR MOURA Agricultura

As medidas governa-mentais de auxílio faceao mau ano agrícola noPaís não contemplam al-gumas das culturas queforam gravemente afec-

tadas. Esta constatação foi feita, «com es-tranheza», pelo deputado socialista VitorMoura, que não hesitou em avançar valo-res superiores a 75 por cento de perda deprodutividade, referindo-se a alguns cere-ais e frutas do distrito da Guarda.Neste contexto, o parlamentar do PS apre-sentou, no passado dia 21, um requerimen-to, também subscrito pelo deputado CarlosSantos, em que se exige a integração dasmalogradas culturas numa «nova portariaque reponha a verdade e, fazendo justiça,seja objecto do apoio a que os agriculto-res têm direito».Segundo Vitor Moura, a pêra, a maçã e auva são frutas a incluir na nova legislação

de apoio ao sector agrícola em crise.Quanto aos cereais, o deputado do GP/PSreferiu o centeio, trigo, a aveia e triticale.No requerimento, Vitor Moura afirma estarconvicto de que o Ministério da Agricultura«não deixará de ter em conta esta gravesituação», recordando, em seguida, o agra-vamento que a mesma sofrera pelas for-mas empresariais existentes no distrito daGuarda.A terminar o documento, o deputado soci-alista solicita ao Executivo, através do mi-nistro da Agricultura, Capoulas Santos, aresposta a duas questões: «Tenciona oGoverno corrigir a portaria supra referida,de harmonia com o que se deixou sugeri-do, salvaguardando o rendimento dos pe-quenos agricultores?» e, ainda, «tencionao Governo apoiar as cooperativas, permi-tindo-lhes, face aos prejuízos acumuladosdas últimas campanhas, fazer face aosseus custos fixos?». MJR

O GRAU ZERO DA RESPONSABILIDADE

DEPUTADO JOSÉ JUNQUEIRO Regionalização à direita

O deputado socialistaJosé Junqueiro defendeu,no plenário da Assembleiada República realizado nopassado dia 21, que sóserá possível valorizar os

cidadãos e construir com eles mais parceri-as para o desenvolvimento e qualidade devida se a própria sociedade decidir abando-nar um modelo centralista de desenvolvimen-to e optar pela regionalização.«As freguesias e os municípios são o resulta-do da descentralização que até agora seconseguiu, mas que ainda não se revela su-ficiente», afirmou o parlamentar o PS, lem-brando que as autarquias locais são, actual-mente, responsáveis pela administração decerca de 9 por cento das verbas do Orça-mento de Estado e conseguem realizar 25por cento do investimento global, bem comocriar 18 por cento dos postos de trabalho,mas, «com mais meios, outras atribuições ecompetências conseguirão, localmente, fa-zer mais e melhor».Fazendo um balanço dos três anos de admi-

nistração socialista do País, José Junqueirofrisou que o PS e o Governo são responsá-veis pela apresentação de mais de duas de-zenas de projectos e propostas de lei.«Contou com o contributo de alguns partidode oposição», reconheceu o deputado doGP/PS, não sem constatar a seguir que, «en-quanto isto, o PSD, também consequenteconsigo próprio, continuou durante estes trêsanos o trabalho dos últimos dez».Depois de acusar o PSD de nada fazer emmatéria de iniciativas legislativas neste domí-nio, o José Junqueiro passou à análise da-quilo a que se convencionou chamar «paco-te autárquico» - uma iniciativa laranja que temcomo alvo a divisão administrativa de Portu-gal -,considerando-o «um acervo de pertur-bações».«A finalidade é evidente: concretizar uma al-ternativa à regionalização, propondo umaregionalização citadina e sem referendo, afugir para o fino e em homenagem à linha deCascais», comentou o deputado.Destaque-se que a proposta do PSD prevêseis áreas metropolitanas - cinco para o lito-

ral -, fragmentando os concelhos desta zonae mais ainda o País em vários litorais e uminterior esquecido.Segundo o parlamentar do PS, «Vila Real,Bragança, Guarda, Castelo Branco,Portalegre, Évora, Beja e muitas outras, sãoexemplos de cidades e de concelhos que,conjuntamente com todos os outros, o PSDpretende marginalizar».Isto representa, nas palavras de JoséJunqueiro, «o grau zero da responsabilidadee o grau zero do discurso político».«O que o PSD pretende fazer e inviabilizar ofuncionamento do poder local é complicar avida às pessoas, multiplicando os níveis dedecisão e investindo forte na burocracia»,concluiu, acrescentando, a modo de expli-cação, que «entre o município e o Estado pas-sariam a existir quatro níveis de decisão: as-sociação de municípios, junta metropolitana,distrito e comissão de coordenação. Nãocontando com o número indeterminado deassociações de municípios, as oito juntas, os18 distritos e a cinco CCR».José Junqueiro acusou o principal partido de

oposição de ser «troca-tintas em matéria deregionalização», pois «pretendia camuflar aausência de verticalidade política com tãoinsensatas propostas e disfarçar também apreguiça de três anos de improdutividadelegislativa».«O PSD perde o respeito por si próprio», aler-ta Junqueiro, garantindo que «não é assimque se faz oposição».Para terminar a sua alocução, o deputadosocialista diz que a nova AD só quer o poderpelo poder, tendo já começado a partilha.Mas, «o Partido Socialistas, que não cala nemconsente, continuará a dizer �Sim� àregionalização, ao esforço e prestígio do po-der local, às pessoas, à descentralização, aocombate à burocracia, ao despotismo e àeconomia de meios e recursos. E dirá �Não�à falta de responsabilidade, ao tacticismopolítico e a um PSD que, ao lançar uma OPAsobre o CDS/PP, se pretende constituir numasociedade anónima de irresponsabilidade ili-mitada em que os sócios não têm outro pro-jecto que não o do seu próprio umbigo», con-cluiu. MJR

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 29 OUTUBRO 1998

PARLAMENTO

GOVERNO DE CONSCIÊNCIATRANQUILA

PACOTE LEGISLATIVO CONTRIBUI PARA A VALORIZAÇÃO E DIGNIFICAÇÃO

INTEGRAÇÃO REGIONALE GLOBALIZAÇÃO SÃO PROCESSOS

COMPLEMENTARES

DEPUTADO PEDRO BAPTISTA Cimeira Ibero-Americana DEPUTADO NELSON BALTAZAR Saúde

O deputado do PS PedroBaptista, numa interven-ção na Assembleia daRepública, centrada so-bre a VIII Cimeira Ibero-Americana, considerouque a Declaração Final

do Porto «consagrou a integração regionale a globalização como processos comple-mentares e vantajosos, não podendo nummundo progressivamente mais globalizadoser a integração regional analisada apenaspelo prisma económico».«Há uma dimensão política crescente nanecessidade de intensificar a cooperaçãobilateral e multilateral nos domínios da cul-tura, da educação e de vários outros cam-pos, como os da luta contra a droga, acorrupção ou a degradação ambiental»,acrescentou.Pedro Baptista disse que o Porto e as suasgentes estiveram à medida do aconteci-mento, considerando que, para a cidade,«foi importante não apenas a projecção in-ternacional granjeada, como o investimen-to público feito, quer no edifício da Alfân-dega Nova quer nas zonas de patrimóniomundial adjacentes».Referindo que «quis o destino que fosseno Porto, donde partiu o grosso da emi-gração portuguesa para a América do Sul,que se realizasse esta reunião», sublinhouque, para Portugal, «considerando o incre-mento das relações com a União Europeia

e o Mercosul, no seguimento do Acordo-Quadro de Cooperação ratificado pela ARem 1996, e considerando o protagonismoque nos está destinado, sobretudo no queconcerne ao Brasil, a escolha e o calendá-rio não podiam ser mais convenientes».É que, frisou, «Portugal rompeu com a tra-dição da retórica das promessas na coo-peração com o Mercosul, em particularcom o país lusófono, e passou às realida-des de expressão económica, comercial efinanceira, um outro cimento para as rela-ções políticas e comerciais».

Redescoberta económica do Brasil

Lembrando que em 1994, o InvestimentoPortuguês Directo no Estrangeiro (IPDE) noBrasil não representava nem um por centodo total, o ex-candidato do PS à Câmarade Gondomar afirmou que em 1996, «en-cetou-se a redescoberta económica doBrasil, com as empresas portuguesas ainvestirem cerca de 48 milhões de contos,representando um terço do valor de todo oinvestimento português no estrangeiro, eem 1997, ano em que o primeiro-ministro,António Guterres, visita o Brasil, o valor doinvestimentoportuguês subiu para os 85 milhões, paranão falar do ano presente em que só o in-vestimento na privatização da Telebrás foiaos 668 milhões de contos».

J. C. CASTELO BRANCO

«Um claro oportunismopolítico.» Foi assim que odeputado Nelson Baltazarclassificou a iniciativa par-lamentar laranja deagendar um debate de ur-

gência, no dia 22, na Assembleia da Repú-blica, para o período anterior à ordem do dia,sobre um alegado descontrolo financeiro nosector da saúde.«Foi necessário criar este debate de urgên-cia para que pudessem ter o palco políticopara uma afirmação que todos sabem e ossenhores deputados do PSD também sa-bem, que é demagógica. Puro oportunismo»,disse o parlamentar do PS, depois de lem-brar que o Serviço Nacional de Saúde (SNS)herdado da administração cavaquista apre-sentava sintomas de uma «gestão ruinosa»que durou cerca de 12 anos.Referindo-se às necessidades financeiras daárea da saúde pública, Nelson Baltazar fri-sou: «Nunca afirmámos que o SNS fosse umserviço com dinheiro a mais, sempre disse-mos o contrário e continuaremos a dizer en-quanto se mantiverem os patamares de fi-nanciamento que temos tido».«O que sempre afirmámos é que com o mes-mo dinheiro seríamos capazes de fazer me-lhor», acrescentou, convicto. E, para que nãorestassem dúvidas, Nelson Baltazar não per-deu tempo, passando a enumerar algumasdas alterações positivas no sector da saúdeque se verificaram durante a actual gestãosocialista.Mais consultas em hospitais e centros de saú-

de, mais acessibilidade com mais primeirasconsultas em todas as ARS, mais edifíciosnovos a funcionar, melhor organização geraldo SNS e melhor funcionamento da rede decuidados primários foram, entre outros, osavanços apontados por Nelson Baltazar.«Não há descontrolo financeiro, o que há sãoacréscimos de prestações de cuidados, oque há é mais satisfação dos utentes em qua-lidade e quantidade, o que há são grandesinvestimentos em áreas abandonadas peloanterior Governo», garantiu o deputado doGP/PS.Num discurso claramente dirigido à banca-da laranja, Nelson Baltazar advertiu: «A vos-sa causa é, à partida, uma causa perdida.»«Temos desde já a certeza que quem assu-mir o controlo do SNS no futuro o encontrarámuito melhor do que nós encontrámos», afir-mou, assegurando de seguida que o Gover-no PS tem a consciência tranquila quanto aodesempenho do trabalho efectuado.«Mantemos contudo a intranquilidade quan-to à necessidade de melhorar muitas dasfrentes de trabalho e de resolver os proble-mas dos doentes que procuram os serviçospúblicos de saúde. Mas também temoslançadas sementes que permitirão rentabilizá-los», reafirmou.A concluir a sua intervenção, Nelson Baltazargarantiu que o Executivo socialista está acumprir o seu programa de governo.«Por muito que vos custe a aceitar, temos umaequipa, temos um projecto, temos objecti-vos e temos uma estratégia traçada para asaúde em Portugal», terminou. MJR

DEPUTADO BARBOSA DE OLIVEIRA Estatuto dos funcionários públicos

O deputado socialistaBarbosa de Oliveira sus-tentou no dia 8, naAssembleia da Repúbli-ca, que «uma Administra-ção Pública moderna ao

serviço dos cidadãos impõe a adopção denovas formas de gestão e a mobilizaçãodos funcionários. Mais objectividade, maistransparência, mais inovação, melhor ser-viço e menos burocracia».Barbosa de Oliveira, que falava durante adiscussão de um conjunto de diplomas doGoverno que visam melhorar o estatuto dosfuncionários públicos, considerou estas ini-ciativas legislativas «de grande importân-cia para a qualificação, dignificação e mo-tivação dos recursos humanos da Admi-nistração, ou seja, a consagração legal daliberdade sindical e dos direitos das asso-ciações sindicais, a reforma das carreirasda Administração Pública, alterações aoestatuto do pessoal dirigente da Adminis-tração Pública e alterações ao regime jurí-dico das férias, faltas e licenças dos traba-

lhadores da Administração Pública».Segundo sublinhou, estas iniciativaslegislativas do Executivo socialista, resul-tando do «diálogo e da concertação», cum-prem os objectivos e as medidas inscritasno programa, comportando «soluções ade-quadas e conformes aos interesses dostrabalhadores e do sistema administrativo».Na sua intervenção, Barbosa de Oliveira fezuma análise de cada uma dessas iniciativas,referindo os principais aspectos que, na suaperspectiva, merecem ser sublinhados.Assim, no que respeita à proposta de leigovernamental que regula o exercício daactividade sindical na função pública, odeputado do PS frisou que a aprovaçãodeste diploma, conjugada com a lei danegociação colectiva para a administraçãopública, recentemente publicada, «confereaos respectivos trabalhadores, o reconhe-cimento e a consolidação dos seus direi-tos sindicais através da adopção de umquadro legal próprio e adequado e faz de-les cidadãos iguais aos demais».Quanto à proposta de lei do Executivo so-

cialista que pretende congregar num úni-co diploma legislativo «coerente e homo-géneo» o regime jurídico aplicável ao pes-soal dirigente dos serviços e organismosda Administração Central e Local do Esta-do e da Administração Regional, Barbosade Oliveira disse que esta iniciativalegislativa «assume particular relevância noquadro dos objectivos defendidos pelo PSpara uma Administração Pública viradapara as necessidades dos cidadãos».Ou seja, adiantou, «um modelo baseadona transparência, competência edignificação profissional. Um modelodespartidarizado e desgovernamentali-zado».

Transparênciae despartidarização

No que concerne à proposta de lei de revi-são do regime de carreiras da Administra-ção Pública, há muito aguardada pelos tra-balhadores da função pública, o deputadodo GP/PS sublinhou que a aprovação do

referido diploma «contribuirá para adignificação e motivação dos funcionáriospúblicos que vêem assim consagradasmuitas das suas aspirações».Por último, a proposta de lei referente aoregime de férias, faltas e licenças dos fun-cionários e agentes da Administração tam-bém mereceu rasgados elogios de Barbo-sa de Oliveira.Entre as inovações preconizadas no diplo-ma e que, na sua opinião, «melhoramsubstancialmente» o regime em vigor, Bar-bosa de Oliveira destacou a consagraçãode um novo regime para o gozo de fériasno primeiro ano de serviço; o regime deausências de ausências por greve e devi-do ao exercício da actividade sindical; oregime de recuperação de vencimentoperdido devido a faltas motivadas pordoença; a revisão das condições de con-cessão de licenças sem vencimento, as-sim como a possibilidade de apresenta-ção a concurso dos funcionários em situ-ação de licença sem vencimento de lon-ga duração. J. C. CASTELO BRANCO

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA13

INTERNACIONAL

TIMOR-LESTE Com supervisão internacional...

rada de Timor-Leste «sem demora», aIndonésia também acordou uma reduçãogradual das suas tropas no território. Mastal promessa permanecerá inválida a nãoser que as Nações Unidas verifiquem, comregularidade, se as reduções estão, real-mente, a ser efectuadas.Na verdade, a Resistência Timorense re-portou a chegada de milhares de efectivosde novas tropas indonésias, ao longo dasúltimas semanas.Um assunto de maior importância para opovo timorense é, para além de tudo isto,a continuidade da violação indonésia dosdireitos humanos. Jacarta deve comprome-ter-se a pôr termo às actividades dos seussoldados, agentes dos serviços secretose grupos paramilitares que continuam aaterrorizar a população.Casos indescritíveis de tortura, desapare-cimentos e massacres colectivos são averdadeira face da cruel anexação do nos-so país à Indonésia.Exigimos que a Indonésia viabilize a entra-da em Timor-Leste de uma equipa interna-cional de observadores que conduza umapesquisa sobre estes abusos contra os di-reitos do homem. Só assim a comunidadeinternacional e o povo indonésio ficarão aconhecer o quanto sofrem os timorensese quanto amamos e merecemos a nossaliberdade.Para o povo de Timor-Leste, o encontro deAgosto, em Nova Iorque, abriu uma portapara o diálogo sério e produtivo, aquele que

deverá permitir a nossa participação di-recta e plena.Saudamos o secretário-geral da ONU,Kofi Annan, e o seu porta-voz, JamsheedMarker, pelos seus esforços históricos.Os timorenses estão prontos para enfren-tar o desafio da paz, um repto que have-remos de encarar com o mesmo espíritodeterminado que nos tem guiado ao lon-go de 23 anos de luta pela liberdade.Continuaremos a apoiar o processo depaz honestamente, desde que ele respei-te o nosso direito à autodeterminação,conforme o ESTIPULADO na 10ª resolu-ção das Nações Unidas e reafirmado peloTribunal Internacional de Justiça.Os Estados Unidos podem desempenharum papel importante neste processo. Emnome da justiça, da liberdade, da paz eda democracia, o presidente Clinton podeajudar a pôr fim à ilegal ocupaçãoindonésia da nossa pátria. Uma boa ma-neira de começar seria cessar o forneci-mento de armas às forças militaresindonésias, bem como o apoio ao seu trei-no.

Xanana GusmãoPresidente do Conselho Nacional da Re-sistência Timorense capturado em Timor-Leste por soldados indonésios em 1992.Cumpre uma pena de 20 anos num esta-belecimento prisional na Indonésia pelo«crime» de rebelião.

MJR (tradução)

Enquanto activistas pró-democracia con-tinuam a sua luta pelo fim do regime mili-tar de Habibie, na Indonésia, os meuscompanheiros timorenses e eu permane-cemos prisioneiros desse mesmo país.A minha cela prisional é como outra qual-quer, situada na cadeia local de Cipinang.A prisão dos meus 750 mil companhei-ros timorenses é o nosso país, aquele queo exército indonésio invadiu, com a ajudados EUA, em 1975.Quase 23 anos depois, o brutal jugo daforça militar indonésia permanece na nos-sa pátria. Mais de 250 mil timorenses �cerca de um terço da população residenteem Timor-Leste antes da invasão � mor-reram vítimas da ocupação ilegal daIndonésia. Mas, apesar da queda, emMaio último, de Suharto, o mais antigoditador indonésio, pouco mudou emTimor-Leste sob os desígnios dagovernação do sucessor, Habibie.As mudanças verificaram-se no contextomais alargado em que a ocupação temlugar. Nunca como agora houve tantapressão externa sobre a Indonésia comvista à desocupação de Timor-Leste e àrealização de um referendo fiscalizado poruma equipa de supervisores internacio-nais, conforme o previsto pelas resolu-ções das Nações Unidas.A economia indonésia é um desastre. Acrise económica arrastou mais de 80 mi-lhões de indonésios para a fome e o de-semprego. E, como se isso não bastas-

EUA APOIAM REFERENDOCongresso norte-americanodeu, no passado dia 21, emWashington, o seu apoio à rea-lização de um referendo super-

visionado internacionalmente sobre o es-tatuto de Timor-Leste, nos termos da ver-são final da lei de apropriação de fundospara as operações externas.Aprovada, no mesmo dia, pelo Senado,após idêntica posição tomada pela Câma-ra dos Representantes, a lei proíbe o usode armas americanas no território e o trei-no de membros das Forças Armadasindonésias pelos Estados Unidos.Tanto o Senado como a Câmara dos Re-presentantes tinham já aprovado versõesligeiramente diferentes desta lei, que ago-ra, numa versão única, se torna parte da leiamericana.Nos termos da lei, o Congresso determinaque qualquer acordo para venda de armasà Indonésia deve declarar que «os EstadosUnidos esperam que o material não venhaa ser utilizado em Timor-Leste».Este órgão norte-americano expressa ain-da o seu apoio a «um referendo supervisi-onado internacionalmente, de modo a de-terminar uma solução global para o estatu-to político de Timor-Leste».No que respeita ao treino de militares

indonésios, ao abrigo do programa JCET,a lei refere que o Congresso está muito«perturbado» pelo facto de o mesmo tersido fornecido de «modo inconsistente»,pelo que se requer ao Pentágono que pas-se a fornecer um relatório detalhado do trei-no de pessoal militar estrangeiro.

Resistência satisfeita

Em Portugal, a notícia do apoio do Con-

se, as forças militares da Indonésia � o ver-dadeiro poder em Jacarta � encontra-senuma situação de vulnerabilidade políticatanto mais aguda quanto maior se torna onúmero das suas atrocidades reveladas.Entretanto, o «activismo doméstico» inten-sifica a sua pressão sobre Jacarta para quese dê avanço a reformas realmente demo-cráticas.Estes factores internos e externos força-ram o governo indonésio a assumir umapostura de aparente flexibilidade. Assim,depois de tantos anos de recusa de todae qualquer mudança no estatuto de Timor-Leste, Jacarta deu um passo sem prece-dentes ao «oferecer» autonomia aostimorenses. Porém, esta não será umaproposta séria enquanto não permita,efectivamente, ao povo de Timor decidirsobre o seu próprio destino político, atra-vés de um referendo.A proposta indonésia, contudo, abriu umespaço importante para a actividade diplo-mática. Nas malogradas negociações rea-lizadas no passado mês de Agosto, emNova Iorque, sob os auspícios das NaçõesUnidas, a Indonésia e Portugal acordaramestabelecer alvos de interesse nas respec-tivas capitais. (Portugal, ex-colonizador deTimor-Leste, continua a ser o «poder admi-nistrativo» do país de acordo com a legis-lação internacional).Apesar de Jacarta ter, desde sempre, des-respeitado as resoluções do Conselho deSegurança da ONU que lhe exigiam a reti-

gresso norte-americano à realização deum referendo em Timor-Leste foi recebi-da com «muita satisfação» pela resistên-cia timorense, cujos principais dirigentesse encontravam reunidos em Vilamoura.É uma decisão «sem precedentes», dis-se José Ramos-Horta, vice-presidentedo Conselho Nacional da ResistênciaTimorense.Ramos-Horta sublinhou que com a apro-vação desta lei, «a Administração ame-

Desde a cela de uma prisão de Jacarta

ricana tem de tomar medidas para as-segurar o seu cumprimento», acrescen-tando que, caso contrário, «o presiden-te Clinton pode ser acusado de violar asleis».A decisão norte-americana, além de re-forçar a posição da resistência, consti-tui, no entendimento de Ramos-Horta,um aviso às autoridades indonésias -«Qualquer intensificação das acções ar-madas em Timor pode despoletar novasmedidas do Congresso», nomeadamen-te um embargo comercial a Jacarta.

Xanana escreveno «Washington Post»

Numa atitude que poderia ser classifi-cada como premoni tór ia , XananaGusmão assinou um artigo de opiniãopublicado, no passado dia 21, no influ-ente jornal norte-americano «WashingtonPost».No texto Xanana convida o presidente BillClinton a «ajudar» a terminar com a ocu-pação de Timor-Leste.O «Acção Socialista» publica, nesta arti-go, a versão portuguesa do escrito dolíder histórico timorense, originalmenteredigido em inglês. MJR

O

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ACÇÃO SOCIALISTA 14 29 OUTUBRO 1998

INTERNACIONAL

JAIME GAMA CONSEGUE«COMPROMISSO»

SCHROEDER JÁ É CHANCELER

RELAÇÕES PERIGOSAS ENTRE GOVERNOS E NARCOTRAFICANTES

GUINÉ-BISSAU Encontro «Nino»/Mané

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Jai-me Gama, confirmou, no passado dia 25,o «compromisso» do encontro a realizaresta semana entre o Presidenteguineense, «Nino» Vieira, e o líder da Jun-ta Militar, brigadeiro Ansumane Mané.Jaime Gama, que deixou Bissau no do-mingo, depois de uma presença no paísde cerca de 24 horas, revelou também tertido a «afirmação solene» de ambas aspartes de que até à realização desse en-contro não entrarão em hostilidades.O ministro dos Negócios Estrangeiros por-tuguês, que passou cerca de 16 horas emreuniões de trabalho, fez um veementeapelo aos comandantes militares da linhada frente, de um lado e outro, para querespeitem o compromisso do cessar-fogo,para que assim «se viabilize uma esperan-ça de paz» para a Guiné-Bissau.Nas suas declarações, Jaime Gama afir-mou que o Governo senegalês «está per-feitamente ao corrente» da iniciativa diplo-mática portuguesa, acentuando que, nomesmo período da sua visita, deslocou-se também à Guiné-Bissau para contac-tos o ministro do Interior senegalês,Lamine Cissé.«Antes de me deslocar à Guiné-Bissau fa-lei longamente com o ministro dos Negó-cios Estrangeiros do Senegal e, tão de-pressa volte a Lisboa, vou tornar a fazê-lo», disse, então, Gama.Antes da sua partida para Lisboa, o titularda pasta dos Negócios Estrangeiros teve

uma última reunião com o Presidenteguineense, «Nino» Vieira, que durou cer-ca de 45 minutos e foi marcada por umamanifestação realizada por um «Comitépara a Paz» em frente ao palácio presiden-cial.«Não viemos aqui para fazer política, nãoé essa a ideia do nosso comité», afirmouum dos oradores, ao mesmo tempo quecerca de 500 manifestantes gritavam:«Nós exigimos paz, nós temos direito àpaz.»O ministro dos Negócios Estrangeiros por-tuguês reuniu ainda durante o dia de do-mingo com o primeiro-ministro guineense,Carlos Correia, e com o presidente daAssembleia Nacional Popular.Antes, tinha estado também com o bispode Bissau, com o presidente da Comis-são Nacional de Boa Vontade, tendo al-moçado com os embaixadores de Portu-gal, Francisco Henriques da Silva, e deFrança, François Chapplet, e com a en-carregada de Negócios da Suécia, a troikadiplomática que tem pressionado o Go-verno guineense para as negociações eque culminou com o convite de «Nino»Vieira para um encontro com AnsumaneMané.O encontro, que estava inicialmenteagendado para a terça-feira, dia 27, nãochegou a realizar-se, apesar dos notáveisesforços da diplomacia portuguesa, pordesacordo de ambas as partes relativa-mente ao local e hora do frente-a-frente.

DROGA Observatório Europeu alerta

Observatório Geopolítico daDroga (OGD) publicou o seurelatório anual no qual enfatizaa aliança cada vez menos sigi-

losa entre o crime organizado e as esferas«cada vez mais elevadas do próprio Estado».Citando, nomeadamente, a Rússia e asrepúblicas vizinhas da ex-União Soviética,e ainda o México e a Turquia, o relatório doObservatório Geopolítico da Droga, publi-cado em Paris, refere que «esta ligaçãoentre os Estados e a criminalidade, hoje emdia, é tão evidente que salta à vista».O OGD sublinha ainda que este«envolvimento da política com o crime»constitui um freio ao desenvolvimento dosrespectivos países.«As actividades mafiosas procuram bene-fícios cada vez mais substanciais, e sobre-tudo mais rapidamente, que a economiaformal», lê-se no relatório.O Observatório considera também que vá-rias dezenas de participantes - Chefes deEstado e seus representantes - naassembleia-geral das Nações Unidas con-tra a droga realizada em Junho último, «ti-nham tido ou tiveram ligações, quer pes-

soalmente, quer porque representam cer-tos países envolvidos, ou com ligações àcriminalidade, o narcotráfico ou até o bran-queamento de dinheiro».Subvencionado pela União Europeia, o re-latório do OGD, organização que se regepela Lei de 1901, foi compilado por 200jornalistas, correspondentes, investigado-res e membros do OGD.

Droga de extrema-direita

Na Turquia, a organização político-mafiosade extrema-direita, os «Lobos Cinzentos»,financia-se graças ao tráfico da heroína eé «protegida por altas personalidades doEstado turco que os utilizam para eliminaros seus inimigos políticos».De modo a estar conforme com as exigên-cias do Acordo de Livre Comércio da Amé-rica do Norte (NAFTA), o México abando-nou o seu princípio de «soberania alimen-tar».A receita agrícola diminuiu então de umaforma sensível e os camponeses começa-ram a cultivar cannabis e papoila «para as-segurar a sua sobrevivência».

ALEMANHA Governo

O social-democrata Gerhard Schroeder é des-de o passado dia 27 o novo chanceler da Ale-manha.A votação no Bundestag realizou-se durantea manhã, por voto secreto, e Schroeder foiempossado durante a tarde, juntamente como seu Governo, uma coligação SPD-Verdes.Recorde-se que no passado dia 20 sociais-democratas e ambientalistas alemães assina-ram em Bona o acordo de coligação paraconstituir novo Governo, abrindo assim cami-nho à eleição de Gerhard Schroeder comochanceler.O acordo assinado no dia 20 comprometeuos deputados dos dois partidos a votar emGerhard Schroeder para novo chefe do Go-verno, e estabeleceu que Joschka Fischer, oanterior líder da bancada de Os Verdes, serávice-chanceler e que o SPD terá 12 ministrose os ambientalistas três, entretanto já apresen-tados.Além disso, os dois partidos decidiram apre-sentar um candidato conjunto para sucederao actual Presidente da República, RomanHerozog (CDU). A escolha do candidato cabeao SPD.Os Verdes, por sua vez, garantiram o direitode propor um nome para suceder ao comis-sário europeu Martin Bangemann, que cessafunções em 1999.A outra comissária alemã é Monika Wulf-Mattthies, militante do SPD.Os sociais-democratas ganharam aslegislativas de dia 27 de Setembro, mas semmaioria absoluta, e iniciaram então negocia-ções com Os Verdes para formar Governo.A última vez que os sociais-democratas esti-

veram no poder em Bona foi entre 1969 e 1982,sob a vigência dos chanceleres Willy Brandt eHelmut Schmidt.Quanto aos Verdes, é a primeira vez que esta-rão representados no gabinete federal, 15 anosapós a sua fundação, em 1983, como partidoessencialmente dirigido contra o rearmamentoe a utilização da energia nuclear.

Redução do desempregoé prioridade

O acordo de coligação considera a «reduçãogradual» do elevado desemprego a principaltarefa do Governo de centro-esquerda, pro-metendo também melhores condições paraa actividade empresarial e o alargamento dosbenefícios sociais.Simultaneamente, anuncia-se uma «acçãoconsequente» para consolidar as finanças doEstado, «perante a pesada herança deixadapelo Governo do anterior chanceler HelmutKohl».

«A via do narco-desenvolvimento» enceta-da pelo México graças às alianças firma-das entre governantes, banqueiros, capi-tães da indústria e narcotraficantes é san-cionada por Washington, considera o rela-tório.No continente africano, a República Sul-Africana abriu-se ao mundo e pode tornar-se num actor importante nos tráficos inter-nacionais de cocaína e dos derivados dacannabis assim como um produtor impor-tante de drogas de síntese.Nigerianos, italianos, russos e chineses or-ganizam os tráficos e um em cada dezagentes policiais foi envolvido num caso decorrupção em 1997.Os traficantes destes mesmos países a quese juntam os tajiques, operam igualmentena Rússia.O Comité de Estado das Alfândegas Rus-sas refere a utilização cada vez mais fre-quente de aviões de carga pertencentes àsForças Armadas para distribuir a droga pelaÁsia Central.Em vigor desde Abril, a lei russa sobre «osestupefacientes e as substâncias psicotró-picas negligencia totalmente os aspectos

ligados ao tráfico para atacar, de formamuito conservadora, os consumidores».Na Ásia, a Birmânia, apesar das campa-nhas antidroga, «destinadas sobretudo àopinião internacional», continua a ser omaior produtor mundial de heroína e o se-gundo de ópio.Na China, o ano de 1997 continua a batertodos os recordes de detenções e apreen-sões. O primeiro laboratório de «ecstasy»descoberto no país foi desmantelado emZhuang Guanxi.A produção destinava-se às discotecas ecasas de divertimento nocturno de Xangaie Guangdong.No Afeganistão, os produtores de ópio nãocessam de crescer.Segundo um estudo realizado por uma or-ganização não-governamental (ONG) nodistrito de Nangahar, um hectare de papoilarende três a seis vezes mias que um hec-tare de trigo.Na Coreia do Norte, há múltiplos indíciosde que as autoridades de Pyongyang faci-litaram a produção industrial de diversospsicotrópicos para «satisfazer a sua deses-perada necessidade de divisas».

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA15

CULTURA

«UM BOM ORÇAMENTO»

PATRIMÓNIO É VECTOR DECISIVO

OE/99 Manuel Maria Carrilho

ministro da Cultura afirmou, nodia 26, em Lisboa, que o au-mento de 4 por cento na dota-ção do Orçamento de Estado

para o seu ministério no ano de 1999 tra-duz «uma clara afirmação das políticas cul-turais».Manuel Maria Carrilho, que apresentava àImprensa as linhas fundamentais da pro-posta orçamental para o seu ministério noano de 1999, considerou que este é «umbom orçamento para a cultura».O governante, apesar de considerar que oMinistério da Cultura (MC) continua «pobreem relação aos objectivos delineados», afir-mou que a política cultural do Governo«está no caminho correcto» e salientou queo orçamento deve crescer de modo equili-brado consoante as apostas estratégicas.A despesa consolidada do MC para 1999ascende a 42,1 milhões de contos - umcrescimento de 12,1 milhões desde o iní-cio da legislatura -, representando 0,6 porcento da despesa da administração cen-tral e mais 4,0 por cento do que em 1998,equivalente a um reforço financeiro de 2,9milhões de contos.O ministro salientou que a grande apostado orçamento do próximo ano na área dacultura vai para as artes do espectáculo (te-atros nacionais, Companhia Nacional deBailado e Orquestra Nacional do Porto),com um reforço financeiro na ordem dos18,6 por cento.A dotação para a área dos Arquivos, Bibli-otecas, Livro e Leitura cresce 10,5 por cen-to, para as Actividades de Apoio eSocioculturais 8,3 por cento, para o Patri-

mónio 4,9 por cento, enquanto se mantémpara as Artes do Espectáculo e Artes Visu-ais e Cinema, Audiovisual e Multimédia,sector que desde 1995 cresceu 77,7 porcento.Manuel Maria Carrilho realçou que na áreado investimento (PIDDAC) ocorre um acrés-cimo de 1,3 milhões de contos (mais 10,8por cento), tendo sido privilegiados os sec-tores dos Museus (cerca de meio milhãode contos - mais 47,6 por cento), Cinema,Audiovisual e Multimédia (cerca de meiomilhão de contos - mais 30,9 por cento) eArquivos, Bibliotecas, Livro e Leitura (cer-ca de 0,4 milhões de contos - mais 22,2por cento).Fazendo um balanço desde o início dalegislatura, o orçamento do Ministério daCultura passou de 30 milhões de contosem 1995 para 42,1 milhões de contos em

1999, registando um aumento de 12,1 mi-lhões, o que representa um acréscimo su-perior a 40 por cento.As despesas de funcionamento estão es-tabilizadas na ordem dos 15 milhões decontos, incluindo a transferência de 1,5milhões para a Fundação das Descober-tas. Em termos reais, as despesas previs-tas para 1999 estão ao nível de 1996.Neste período, as verbas destinadas aoinvestimento (PIDDAC e Fundos Comuni-tários) registaram um aumento significati-vo - cerca de 5,2 milhões de contos (mais42 por cento) e as receitas próprias mais3,2 milhões de contos (mais 60,4 por cen-to).Entre 1995 e 1999, o orçamento do MCcresceu 92,1 por cento na área das Artesdo Espectáculo e Artes Visuais, 77,7 porcento na do Cinema, Audiovisual eMultimédia, 53 por cento, na dos TeatrosNacionais, CNB e ONP, 37,4 por cento nados Arquivos, Bibliotecas, Livro e Leitura,24,9 por cento na das Actividades de Apoioe Socioculturais e 18,8 na do Património.

Dois milhões de contospara manter mosteiro

Este balanço e consequente prognósticofinanceiro realizou-se dois dias depois deManuel Maria Carrilho ter estado emCoimbra para confirmar a decisão de man-ter em ambiente seco as ruínas do Mostei-ro de Santa Clara-a-Velha, anunciando queos custos da solução adoptada rondam osdois milhões de contos.Durante uma visita ao monumento medie-

val, situado na margem esquerda do RioMondego, o governante revelou que a ma-nutenção do Claustro Grande a descober-to foi uma decisão tomada à luz de estu-dos de especialistas internacionais, do Ins-tituto Português do Património Arquitectó-nico (IPPAR) e Laboratório Nacional deEngenharia Civil (LNEC).Segundo o ministro, a solução adoptadaimplica a «construção de uma ensecadeirae a valorização do monumento e envolventeimediata».Até agora, os trabalhos de escavação, pre-servação e contenção das águas, atravésde um sistema de bombagem contínua (3600 metros cúbicos por hora), representa-ram um investimento global de 970 mil con-tos.O ministro da Cultura realçou o «rigor as-sumido na avaliação» pelos especialistas,cujo parecer definitivo acabou por aban-donar os outros dois cenários em aberto:manutenção em ambiente submerso (compreenchimento do vazio do Claustro Gran-de) e reenterramento das estruturas arque-ológicas descobertas.Carrilho elogiou o trabalho cientifico e téc-nico realizado nas ruínas desde o início dasobras, em 1995, que considerou «um exem-plo de como se deve trabalhar no domíniodo património».«A solução a seco é um risco calculado»,disse, defendendo que a intervenção per-mitirá que o mosteiro possa ser «continua-mente visitado e estudado» e frisando queo Ministério da Cultura elege o projectocomo «prioridade clara em termosorçamentais».

MUSEU DO CHIADO Projecto de alargamento

património deve ser um vectordecisivo de qualquer políticacultural, afirmou, no passadodia 23, o primeiro-ministro,

António Guterres, que presidiu à cerimóniade formalização do projecto de alargamen-to do Museu do Chiado, em Lisboa.A remodelação do museu, que ocupa par-te do Convento de São Francisco, ao Chi-ado, deverá estar concluída no ano 2000,o tempo necessário para proceder à trans-ferência dos serviços da PSP, actualmenteinstalados no mesmo edifício, e dar entãoinício às obras de alargamento do espaçomuseológico.O despacho conjunto resultou de uma ali-ança de esforços entre Governo e CâmaraMunicipal de Lisboa, no âmbito da qual seprevê a transferência dos serviços da PSPlocalizados no Convento - nomeadamenteuma garagem, uma tipografia e uma bom-ba de gasolina - para um terreno adisponibilizar pela autarquia.Na sessão estiveram também presentes osministros da Cultura e da Administração

Interna, respectivamente, Manuel MariaCarrilho e Jorge Coelho, o presidente daCâmara Municipal de Lisboa, João Soares,e a directora do Instituto Português de Mu-seus (IPM), Raquel Henriques da Silva.Depois de uma visita às instalações domuseu, Manuel Maria Carrilho e Jorge Co-elho assinaram o despacho que estabele-ce a criação de um grupo de trabalho como objectivo de estudar e propor a transfe-rência das áreas afectas à PSP.O grupo, de oito pessoas, é presidido pelogovernador civil de Lisboa, Alberto ManuelAvelino, e dispõe de um prazo de 60 diaspara elaborar um relatório em que constea avaliação da situação presente, a identi-ficação das áreas a transferir, a sua utiliza-ção futura e o calendário para aconcretização das medidas a tomar.Realçando o significado da iniciativa forma-lizada, o chefe do Executivo socialista re-feriu-se ao papel central que a área do pa-trimónio deve assumir na política culturalde um país. E, dirigindo palavras de agra-decimento à CML, notou que a medida

permite alcançar dois objectivos: a ampli-ação do museu e a atribuição à PSP deinstalações «com dignidade».Por outro lado, expressou o seu gosto pes-soal pelo Museu do Chiado, que desdesempre tem sido «um espaço preferido»pela sua família.Segundo Guterres, a decisão de alarga-mento do museu tem ainda a particulari-dade de coincidir com um momento «emque os portugueses readquirem a suaautoestima».No ano da Expo�98 e do Prémio Nobel daLiteratura, é significativo que se dê novoimpulso a um museu onde estão patentesas manifestações artísticas de 100 anos danossa história (de meados do século XIX ameados deste século) durante os quaisPortugal «teve uma enorme dificuldade emse encontrar consigo próprio», disse o pri-meiro-ministro.António Guterres referiu-se ainda ao inves-timento financeiro feito pelo seu executivona área do Património, traduzido num au-mento de cerca de 60 por cento em rela-

ção aos montantes disponibilizados parao sector entre 1992 e 1995.Na sua intervenção, o ministro da Culturadestacou a singularidade do acto formali-zado, lembrando que se insere num con-junto amplo de medidas dedicadas ao pa-trimónio e aos museus que serão desen-volvidas durante o ano de 1999.Por seu lado, o presidente da CML frisou aaposta da autarquia na dinamização davertente cultural na cidade, salientando aeste propósito «a inteligência e sensibilida-de do Governo do primeiro-ministro».Em declarações aos jornalistas no final dasessão, Jorge Coelho adiantou estar «maisou menos acordado» que os serviços daPSP a deslocar do Convento de São Fran-cisco deverão ser transferidos para umterreno com cerca de seis a sete mil me-tros quadrados localizado junto à avenidados EUA.De acordo com o ministro, é possível queessa área, a disponibilizar pela CML, venhaa centralizar outros serviços da PSP actual-mente dispersos pela cidade de Lisboa.

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 29 OUTUBRO 1998

SOCIEDADE & PAÍS

AUMENTOS SIGNIFICATIVOS, JUSTOS E COERENTESSEGURANÇA SOCIAL Actualização das pensões

aumento médio anual das pen-sões da Segurança Social, queentrará em vigor, como habitu-almente, a 1 de Dezembro, será

de 4,1 por cento.Falando numa conferência de Imprensa re-alizada em Lisboa, no dia 21, FerroRodrigues, ministro do Trabalho e da Soli-dariedade, anunciou que a 1 de Dezembro,além dos aumentos das pensões, que vari-am entre um mínimo de 2,5 por cento e ummáximo de 6,8 por cento, consoante o regi-me, o Rendimento Mínimo Garantido (RMG)também será aumentado, passando para23 600 escudos por adulto e 11 800 escu-dos por criança.Ferro Rodrigues sublinhou que todos estesaumentos são superiores à taxa de inflaçãoprevista para 1999, ou seja, a dois por cento.Em relação aos aumentos das pensões doRegime Geral da Segurança Social (RGSS),Ferro Rodrigues afirmou que os aumentosvariam entre um mínimo de 2,5 por cento eum máximo de 4,1 por cento.Enquanto a pensão mínima até 14 anos decarreira contributiva do RGSS passa para32 600 escudos, mais 4,1 por cento do queno anterior, as pensões deste regime comvalores abaixo dos 250 contos aumentarão3,3 por cento.Em relação ao aumento das pensões doRGSS superiores a 250 contos, será de 2,5por cento, com um limite máximo fixado em16 300 escudos.Quanto às pensões mínimas dosbeneficiários do RGSS com carreirascontributivas entre 15 e 40 anos ou mais,passarão a variar, respectivamente, entre ummínimo de 34 100 escudos e um máximode 42 670 escudos.A partir de 1 de Dezembro, a Pensão Social,incluída nos Regimes Não Contributivos eEquiparados (RNCE), passa para 23 600escudos, mais 6,8 por cento do que no anopassado.Por outro lado, a pensão dos Regimes Es-peciais de Segurança Social das Activida-des Agrícolas (RESSAA) aumenta 4,8 porcento face ao ano anterior, passando para24 200 escudos.

Além das pensões e do valor do Rendimen-to Mínimo Grantido, também vão ser au-mentados, a partir de 1 de Dezembro, ocomplemento por cônjuge a cargo e ossubsídios por assistência a terceira pessoatanto no RGSS, no RNCE e no RESSAA.O complemento por cônjuge a cargo sofreum aumento de cerca de quatro por cen-to, ao passar para 4 930 escudos.

Os subsídios por assistência a terceirapessoa passam para 11 310 escudos noRGSS (mais 4 por cento) e para 9 750 es-cudos no RNCE e no RESSAA (mais 5 porcento).Estes aumentos - que implicaram um cres-cimento superior a 100 milhões de contosda verba do Orçamento da Segurança So-cial para 1999 face ao ano anterior - «sóforam possíveis pelo rigor na execuçãoorçamental e pelo continuado cumprimen-to da Lei de Bases da Segurança Social»,sustentou o ministro.Entretanto, o ministro reafirmou que, emJunho de 1999, as pensões mínimas varia-rão entre 65 por cento e 100 por cento donovo salário mínimo estipulado para o pró-ximo ano, líquido da taxa correspondenteà contribuição do trabalhador para a Se-gurança Social, segundo os anos de car-reira contributiva.«Se tivermos em conta as taxas de inflaçãoverificadas em 1996 e 1997 e as previstaspara 1998 e 1999, pode concluir-se pelosignificativo aumento das pensões mínimasem termos reais», referiu ainda FerroRodrigues.Em paralelo com o apoio aos actuais pen-sionistas, o Governo do PS continua a to-mar medidas para defender os actuais ac-tivos e futuros pensionistas, sustentou Fer-ro Rodrigues.

Regime Geralda Segurança SocialNovos valoresdas pensões

Os reformados mais pobres, que recebema pensão social, serão os mais beneficia-dos, com um aumento de 6,8 por cento.Por outro lado, os pensionistas com refor-mas superiores a 250 contos terão umaactualização de 2,5 por cento.

Anos de A partir de A partir decontribuição Dez./98 Junho/99 (*)

-14 anos 32 600$ -15 e 16 anos 34 100$ 65%17 e 18 anos 34 600$ 68%19 e 20 anos 35 100$ 70%21 e 22 anos 35 600$ 72%23 e 24 anos 36 100$ 74%25 e 26 anos 36 600$ 76%27 e 28 anos 37 100$ 78%29 e 30 anos 38 100$ 80%31 anos 38 100$ 82%32 anos 38 600$ 84%33 anos 39 100$ 86%34 anos 39 600$ 88%35 anos 40 100$ 90%36 anos 40 600$ 92%37 anos 41 120$ 94%38 anos 41 630$ 96%39 anos 42 150$ 98%40 e mais anos 42 670$ 100%

* Em percentagem do salário mínimo nacionalFonte: Ministério do Trabalho e Solidariedade

Orçamento da Segurança Social para 1999Crescimento superior a 100 milhões de contos

O Orçamento da Segurança Social para 1999 apresenta uma verba superior a 1 280milhões de contos para o pagamento de pensões de velhice, invalidez e sobrevivên-cia, dos vários regimes da Segurança Social.Tal verba representa um crescimento superior a 100 milhões de contos em relação àprevisão de execução do Orçamento de 1998.Só o rigor na execução orçamental - no duplo nível do combate à fraude nas contribui-ções e nas prestações - e o continuado cumprimento da Lei de Bases da SegurançaSocial permitem que este último ano do XIII Governo Constitucional se caracterizepela consolidação das novas políticas sociais que têm sido postas no terreno e, no-meadamente, por uma nova melhoria do poder de compra dos pensionistas portu-gueses.

VALORIZAR PRODUTOS TRADICIONAISDESENVOLVIMENTO RURAL Évora

secretário de Estado do Desen-volvimento Rural, Vítor Barros,reiterou, no dia 22, em Évora, oempenho do Executivo socialis-

ta na valorização dos produtos tradicionais,tendo criado, para o efeito, diversos siste-mas de apoio dirigidos aos produtores esuas associações.O governante falava na sessão de abertu-ra da quinta edição da Feira dos Produtosda Região do Alentejo (Fepran), que reu-niu, até domingo último, 70 expositores,com destaque para o projecto de Alqueva

e os produtos tradicionais certificados,como os queijos, vinhos e enchidos.Vítor Barros fez questão de incentivar osprodutores e as suas associações a conti-nuar a sua acção no sentido de identificaros produtos tradicionais, de proteger osseus nomes, a sua genuinidade e qualida-de, e de proceder a respectiva divulgaçãoe comercialização, «contribuindo desta for-ma para um desenvolvimento rural susten-tável».Vítor Barros manifestou também a sua con-vicção de que as Fepran vão contribuir para

se dar mais um passo na direcção do cum-primento do objectivo de «tornar mais co-nhecidas as histórias fabulosas dos pro-dutos tradicionais portugueses e no senti-do de reforçar as perspectivas de desen-volvimento socioeconómico do Alentejo».Depois de reafirmar a importância dos pro-dutos tradicionais «genuínos e de qualida-de», Vítor Barros chamou também a aten-ção para a questão da sua comercialização,considerando que «o escoamento dos pro-dutos tradicionais não pode, nem deve es-gotar-se na venda directa».

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OAdiantou que até ao final do ano os «bonsresultados de 1997» permitirão adisponibilização de mais de 100 milhõesde contos para capitalização pública.«Há condições políticas para que um tra-balho sério e profundo nas comissões par-lamentares possa garantir a obtenção em1999 de um consenso alargado que per-mita novos desenvolvimentos na reformada Segurança Social», sublinhou o minis-tro do Trabalho e da Solidariedade.

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29 OUTUBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA17

AUTARQUIAS

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

Cascais

Lorca é nome de ruaA Câmara Municipal de Cascais aprovoupor unanimidade a atribuição a uma rua daFreguesia de Cascais do nome de FedericoGarcia Lorca, poeta e dramaturgo assas-sinado pela Falange no início da Guerra Civilde Espanha.Esta decisão da autarquia presidida porJosé Luís Judas assinala as comemora-ções do centenário do nascimento do po-eta.

Exposição de fotografia«Zona Invisível» é o título da exposição defotografia de Dimíter Anguelov, que a Câ-mara Municipal de Cascais promove até aodia 1 de Novembro, no Posto de Turismode Cascais.Dimíter Anguelov nasceu em 1945, naBulgária, e é actualmente professor na Uni-versidade Lusófona de Humanidades eTecnologias e crítico literário.Em complemento à sua actividadeacadémica e literária, desenvolve igualmen-te trabalhos fotográficos.

Fórum do DesportoRealizou-se no passado dia 24, no Auditó-rio da Associação dos Bombeiros Voluntá-rios Estoris, no Estoril, um Fórum do Des-porto do Concelho de Cascais, uma inicia-tiva da autarquia que reuniu mais de 120entidades desportivas.

Fafe

Concertos em diálogoA cidade de Fafe dispõe desde Outubrode uma Academia de Música, de qualida-de, a que está associado o nome doprestigiado maestro José Atalaya, que ga-rante a sua direcção artística.Poder contar com tão ilustre personalida-de na dinamização cultural do concelhoserá, para todos os fafenses, motivo degrande orgulho e a credibilização neces-sária neste projecto promovido pelo muni-cípio.O projecto surge, primordialmente, para darresposta às necessidades das consagra-das bandas filarmónicas locais mas não seesgota aí.O seu carácter é mais abrangente, estan-

do aberto a todos os cidadãos que quei-ram ter formação musical.Entretanto, no passado dia 27, a CâmaraMunicipal de Fafe promoveu um concer-to musical com a Academia de MúsicaJosé Atalaya para a inauguração dos«Concertos em diálogo» dirigidos a todaa população, o qual se realizou no Estú-dio Fénix.O programa do concerto teve como pontoalto a apresentação da obra «Foz Côa, àluz da esperança», numa nova versão parapercussão e banda magnética (com utili-zação da informática e samplagem, entreoutros recursos tecnológicos), da autoriae realização do maestro José Atalaya e deAntónio Feio.Aquela conhecida obra, um apelo à pre-servação mundial do património e dos va-lores ecológicos defendidos pela Unesco,em versão de bailado, teve a sua estreiaabsoluta por ocasião da inauguração doprimeiro parque de Foz Côa.

Benedita Stingl lança novo livroA jovem poetisa fafense Benedita Stingl vailançar amanhã, às 21 e 30, na Casa Muni-cipal de Cultura, o seu novo livro de poe-mas, «Corpo Escrito».A apresentação da obra está a cargo deIsabel Pinto Bastos, sua prefaciadora.João Rebelo e Benedita Stingl lêem poe-mas do livro, com acompanhamento mu-sical de Gervásio Pina.«Corpo Escrito» assume-se como um con-junto de textos poéticos de maior fôlego,ao longo de uma centena de páginas, divi-dindo-se por seis núcleos temáticos.

Ferreira do Alentejo

Cemitério ampliadoDevido à sobrelotação do espaço do ce-mitério municipal de Ferreira do Alentejo, aautarquia presidida pelo socialista LuísAmeixa procedeu através dos seus própri-os serviços à ampliação e arranjo urbanís-tico deste local.

Lisboa

Museu República e ResistênciaPropriedade da Câmara Municipal de Lis-boa, a Biblioteca/Museu República e Re-sistência, na Estrada de Benfica, é um equi-

pamento dedicado à História contemporâ-nea e à preservação da memória da resis-tência antifascista ao Estado Novo e a to-dos aqueles que neste séculoprotagonizaram, em Portugal, um abnega-do e corajoso combate pela democracia epela liberdade.A Biblioteca/Museu República e Resistên-cia pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas.

Povoação

Gala Regionaldos Pequenos CantoresEstão abertas até ao dia 30 de Novembroas inscrições para a VIII Gala Regional dosPequenos Cantores da Povoação«Caravela D´Ouro», uma iniciativa dopelouro da Cultura da Câmara Municipalda Povoação.Os interessados deverão enviar para opelouro da Cultura da Câmara uma cópiada partitura para piano e da letra, assimcomo uma cassete gravada com a voz dacriança interpretando a canção a seleccio-nar.As crianças concorrentes deverão ter ida-des compreendidas entre os cinco e os 10anos.Haverá um júri de selecção que apurará 12canções que irão concorrer ao Festival quese realizará em Março do próximo ano.

Santo Tirso

Bolsas de estudopara universitáriosO município de Santo Tirso, a exemplo deanos anteriores, vai atribuir bolsas de estu-do a estudantes do ensino superior do con-celho.

As inscrições estão abertas até ao dia 19de Novembro na Divisão de Educação daCâmara Municipal.Para a atribuição destas bolsas de estudo,a autarquia instituiu, há vários anos, umregulamento ao abrigo do qual concedeanualmente cinco bolsas de estudo no va-lor mensal de 10 contos cada.Podem candidatar-se todos os alunos re-sidentes no concelho, que tenham ingres-sado no ensino superior com média igualou superior a 14 valores e de fracos recur-sos económicos.

Sintra

Exposição de artesanato no CacémA Câmara de Sintra está a organizar, des-de o dia 24 de Outubro e até 8 de Novem-bro, no mercado municipal do Cacém, umaexposição de artesanato.Esta mostra, que conta com a colabora-ção de dois artesãos do concelho, Eduar-do e Maria de Lurdes Ceia, apresenta tra-balhos em desenho, pintura em tecido etela, pintura e decoração em barro,trapologia, arte aplicada, rendas e malhasfeitas à mão.

«Ser ecologista é...»Realizou-se no passado dia 21, na biblio-teca municipal de Agualva-Cacém, um de-bate subordinado ao tema «Ser ecologistaé...», em que participaram FernandaCristino, em representação da Câmara deSintra, e Pedro Barata, em representaçãoda Quercus.

Vila Real de S. António

Desenvolvimento desportivoA Câmara Municipal de Vila Real de S.António assinou no passado dia 23 deOutubro contratos-programa com 16 clu-bes e associações do concelho, com baseno plano de desenvolvimento desportivo daautarquia que prevê apoios da ordem de65 mil contos a distribuir por todas as co-lectividades.António Murta, presidente da Câmara, re-conhece que «o desenvolvimentodesportivo exige uma clara intervenção dopoder local», ao mesmo tempo que consi-dera que «essa intervenção supõe medi-das estratégicas de política desportiva, ori-entadas para um desenvolvimento progra-mado».

Para além dos apoios aos clubes, aedilidade vai investir na modernização dasinfra-estruturas desportivas e na melhoriada qualidade das actividades e práticasdesportivas, no plano material, humano elogístico.Vila Real de S. António é hoje um concelhoonde o desporto marca já uma presençaimportante na vida das suas gentes, masonde existem muitas potencialidade a de-senvolver que só podem atingir os seusobjectivos, com base num apoio integrado.

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ACÇÃO SOCIALISTA 18 29 OUTUBRO 1998

PS EM MOVIMENTO

ALGARVE Comunicado da Federação

BAIXO ALENTEJO Federação do PS na Internet

BENAVENTE Boletim informativo

COIMBRA Caravana da regionalização

PENHA DE FRANÇA Faleceu Alfredo Neto

PORTO JS denuncia contradições da JSD

VILA REAL PS solidário com Capoulas Santos

Almoço das mulheres socialistasCoelho ataca direita radical

Críticas contundentes ao comportamento dos partidos da direita radical, defesa daregionalização e alerta para os perigos de uma crise política aberta pela posturaultrademagógica de Marcelo e Portas, marcaram a intervenção do dirigente nacionaldo PS Jorge Coelho, no almoço das mulheres do PS realizado no dia 25, domingo,num restaurante da Feira Popular, um espaço de diversão que sofreu importantesobras de melhoramento nos últimos três anos.Alvo de constantes aplausos das mulheres socialistas ao longo da sua intervenção, ocamarada Jorge Coelho alertou para o facto de que «nada garante que não estejamosa chegar a uma crise política aberta pelo PSD, com o chumbo do Orçamento de Esta-do, e a eleições antecipadas por sua exclusiva responsabilidade».Acrescentou que, no entanto, e apesar de defenderem sempre o valor da estabilidadepolítica, os socialistas «não têm medo de eleições antecipadas».

A Federação Regional do Algarve do PS manifestou, num comunicado do dia 23, a sua«satisfação por, finalmente, ter sido encontrada uma solução para o traçado da auto-estra-da Lisboa-Algarve apressando assim a sua conclusão».Os socialistas algarvios congratulam-se ainda com a solução encontrada que, como sem-pre defenderam, «concilia a questão ambiental com o desenvolvimento».O PS/Algarve, no comunicado, chama também a atenção «para a articulação que deveráexistir com a Região do Algarve no acompanhamento do dossier, em especial no que dizrespeito à execução da ligação com a via longitudinal do Algarve».A Federação do PS/Algarve regozija-se ainda com o facto de que a conclusão desta obra«permitirá ligar pela auto-estrada do Atlântico Vila Real de Santo António a Valença do Minho».

No âmbito da política que vem sendo seguida pela Federação do PS/Baixo Alentejo, nosentido da divulgação das suas posições e da constituição e funcionamento dos órgãosdo PS, esta estrutura liderada por Gavino Paixão organizou uma página na Internet.Com esta iniciativa, a Federação visa valorizar o papel desenvolvido pelos autarcas e de-putados socialistas em defesa das populações, a constituição dos órgãos federativos econcelhios e os seus dirigentes, a campanha e as posições dos socialistas alentejanossobre a regionalização.O endereço é: members.xoom.com/PSBeja/.

A Comissão Política Concelhia do PS/Benavente, liderada pelo camarada José CarlosPedrosa, vai retomar brevemente a publicação de um boletim informativo, que considerafundamental para a circulação de informação entre todos os militantes.Entretanto, no passado domingo, o camarada José Carlos Pedrosa participou num debatesobre regionalização na Rádio Ateneu, de Vila Franca de Xira.Para além do líder da Concelhia de Benavente do PS, participaram no debate representan-tes do PSD e do CDS/PP.Lamentavelmente, o representante do PCP não compareceu.Aos argumentos dos defensores do não, a roçarem muitas vezes a demagogia e o populismomais primários, o camarada José Carlos Pedrosa contrapôs uma postura séria.Com dados irrefutáveis, o camarada José Carlos Pedrosa falou das numerosas vantagensda regionalização, uma reforma que considerou «fundamental para um desenvolvimentomais equilibrado do País».

No âmbito da campanha eleitoral para o referendo sobre a regionalização agendado parao dia 8 de Novembro, realiza-se hoje a «caravana da regionalização», que terá início às 10e 30 com uma visita ao mercado D. Pedro V e terminará às 19 e 30, em Góis, com um jantarde confraternização.Esta caravana será liderada pelo dirigente nacional do PS António José Seguro.

Comunicado da JSA JS/Coimbra que se tem pautado por uma presença permanente nos combates políticosque ultimamente se têm desenrolado, vai participar activamente na campanha daregionalização.Entre as numerosas iniciativas, destaque para o lançamento de um autocolante próprio epara a edição de um desdobrável com argumentário sobre as vantagens da regionalização.Numa nota à Imprensa, a JS/Coimbra sublinha que «os jovens portugueses são, hoje, osherdeiros de um combate histórico pela afirmação democrática, o que exige dos mesmosa seriedade, a maturidade e a responsabilidade para preservarem esse legado».Para a JS/Coimbra, «a abstenção não serve esse desafio. A desinformação não ajuda aessa tarefa e a associação da corrupção a uma reforma do Estado é irresponsável e la-mentável».«Esperámos até agora uma postura, em Coimbra, diferente da parte de outras organiza-ções políticas de juventude, por isso, e depois de esperar sem resultados, lhes lançamos odesafio sério para intervirem, ainda a tempo, no sentido de dar dignidade a este actoreferendário, de apelarem à participação dos jovens e de recusarem frontalmente o des-gaste do nosso regime com associações perversas e inócuas», lê-se no comunicado daJS/Coimbra, assinado pelo seu líder, o camarada Ricardo Castanheira.

doença súbita.Homem de causas e de princípios, o camarada Alfredo Neto,que norteou toda a sua actividade política em torno dos va-lores da liberdade, igualdade e fraternidade, foi um exemplode militância, tendo participado activamente nas grandesbatalhas que o PS travou no pós-25 de Abril.Na luta contra o gonçalvismo, no «Verão Quente» de 1975, edepois na oposição aos governos da AD, entre outras bata-lhas, a Secção da Penha de França liderada pelo camaradaAlfredo Neto esteve sempre na primeira linha, tendo sido

desde então e até agora uma das mais dinâmicas estruturas do PS.Mas, para além da intensa actividade política desenvolvida na Secção, o camarada AlfredoNeto foi ainda um destacado sindicalista.Defensor intransigente de um modelo de sindicalismo democrático, Alfredo Neto estevena fundação do Sindeq, tendo pertencido aos seus órgãos dirigentes.Dotado de grande afabilidade e capacidade política, a memória do camarada AlfredoNeto perdurará, muito grata, em quantos tiveram o privilégio de ser seus amigos e com-panheiros de luta.À família enlutada e à Secção da Penha de França, o «Acção Socialista», órgão oficial doPS, apresenta as mais sentidas condolências.

A JS/Porto, num comunicado, considera que «a criação das regiões administrativas, aocontrário do que é dito pela JSD/Porto e JSD/Lisboa, é um passo determinante no senti-do de acabar com as assimetrias galopantes entre o interior e o litoral, de reforçar o papeldas autarquias locais, de resolução mais eficaz dos problemas supramunicipais e decriação de estímulos ao desenvolvimento e à criação de riqueza geradora de mais em-prego e melhor qualidade de vida».Na questão da criação das regiões administrativas no continente, «passo fundamental»para o futuro dos jovens portugueses, a JS/Porto, liderada pelo camarada José ManuelRibeiro, acusa a JSD de agir «por pura obrigação imposta pela mera aliança táctico-partidária de direita, ao contrário da JS que sempre se bateu com convicção pela efectivadescentralização administrativa do continente».A JS/Porto «apela ao voto no Sim», e salienta que «está há muito tempo no terreno infor-mando os cidadãos sobre a criação das regiões administrativas, nomeadamente a futuraRegião de Entre Douro e Minho, tendo já desafiado as outras organizações políticas dejuventude para debates pedagógicos sobre a regionalização».

A Comissão Política da Federação Distrital de Vila Real manifestou «total compreensão esolidariedade para com os agricultores da região que se defrontam com os problemas quedecorrem de quebras acentuadas de produção no presente ano, designadamente os pe-quenos agricultores».Numa nota à Imprensa, o PS/Vila Real congratula-se ainda com as medidas anunciadasrecentemente pelo ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, CapoulasSantos.

Festa pela regionalizaçãoA Secção de Vila Real do PS organizou no passado dia 18, no Largo da Capela Nova, umagrandiosa festa pelo «sim à regionalização», animada pela Filandorra - Teatro do Nordeste,pela Associação Cultural O Cantaréu e pelo cantor da música ultraligeira Quim Barreiros.As intervenções políticas estiveram a cargo dos camaradas Jorge Coelho, António Martinho eAloísio da Fonseca.

A Secção da Penha de França está de luto. Alfredo Neto, 68 anos, um dos principaisimpulsionadores desta estrutura do PS de que foi secretário-coordenador, desde a suafundação, em 1974, até meados da década de 80, faleceu no passado dia 20, vítima de

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CULTURAS & DESPORTOS

QUE SE PASSA Maria João Rodrigues

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

SUGESTÃO

Arte-Sacra em Abrantes

Depois de, em Abril último, ter promovidoa realização de uma exposição de arqueo-logia, na Galeria Municipal, o Gabinete deArqueologia da Divisão de Educação, Cul-tura, Turismo e Desporto da autarquia localvolta, agora, a este espaço com uma mos-tra de Arte-Sacra.A exibição estará patente a partir de sába-do, dia 31 e até ao dia 22 de Novembro,podendo ser visitada no horário normal defuncionamento da galeria: terça a sábado,entre as 14 e as 20 horas, domingo, entreas 15 e as 19 horas, encerrando á segun-da-feira.

Miniaturas de casasem Braga

Uma exposição de miniaturas de casas tí-picas elaborada por Jorge Rodrigues es-pera por si na Casa dos Crivos.A iniciativa é composta por um conjunto detrabalhos de Jorge Rodrigues, umautodidacta que elabora obras represen-tativas da arquitectura popular portugue-sa.O artista utiliza sobretudo o granito comomatéria-prima para as suas obras, já que,segundo o mesmo, este «sobrevive naimensidão do tempo, o homem molda-o naimensidão do espaço».A mostra permanecerá aberta ao públicoaté ao dia 3 de Novembro.

Cinema em Cascais

A Câmara Municipal promove, a partir deamanhã e até ao dia 5 de Novembro, a 3ªedição do Ciclo de Cinema, este ano su-bordinado ao tema «Os Oceanos», numainiciativa que vai decorrer, a partir das 18 e15, no Atlântida Cine, em Carcavelos.Com entrada livre, este ciclo de cinemaexibirá «Titanic», de James Cameron (30 deOutubro); «Libertem Willy II», de SimonWinner (dia 31); «A Ilha das cabeças Cor-tadas», de Renny Harlin (1 de Novembro);«Tubarão», de Steven Spielberg (dia 2);«Caça ao Outubro Vermelho», de JohnMcTiermam (dia 3); «Cristóvão Colombo,A Descoberta», de Jonh Glen (dia 4); e«Amistad», de Steven Spielberg (dia 5).

Seduções em Coimbra

Hoje, pelas 21 e 30, é exibido, na SalaPolivalente da Casa Municipal da Cultura eno âmbito do ciclo de cinema «Seduções»,o filme de Manoel de Oliveira, «O Conven-to», com apresentação de FaustoCruchinho.Durante todo o dia de amanhã o Institutoda Juventude acolherá um seminário paraprofessores e educadores subordinado aotema «Sexualidade, Afectividade e Educa-ção».As «Conferências de Coimbra» prosse-guem no sábado, dia 31, às 16 horas, coma discussão em torno do tema «Ética de

Hoje, Ética de Amanhã».O evento, que contará com a participaçãodos oradores Luís Archer, Marina Themudoe Soromenho Marques, decorrerá na CasaMunicipal da Cultura.

Leituras em Fafe

«Fábulas de La Fontaine» é a sugestão parahoje, nas sessões das 10 e 30 e das 15horas da rubrica cultural «Leituras de Con-tos», a decorrer na Biblioteca MunicipalCalouste Gulbenkian.

Teatro em Guimarães

Hoje, pelas 21 e 45, será exibido no Audi-tório da Universidade do Minho, o filme deMoshen Makhmalbat, «Gabbeh».A iniciativa «1ª Mês do Teatro Amador» ter-mina no sábado, dia 31, com a represen-tação, no Auditório da Sociedade Musicalde Pevidém, ás 21 e 30, de «Cruz Amarela� 25 Horas de Serviço», uma peça que es-tará a cargo do grupo amador de teatro daCasa do Povo de Serzedo.

Concerto em Lisboa

Amanhã haverá duas novidades na «emen-ta» cinematográfica das salas lisboetas.«Doidos por Mary», o novo filme de BobbyFarrelly, e «Pesadelo Cor-de-Rosa», a pri-meira longa-metragem do realizador por-tuguês Fernando Fragata, com CatarinaFurtado e Diogo Infante nos principais pa-péis.Combinando uma rara aptidão para a dan-ça, a coreografia, a composição musical,o ensino e a investigação, PadmaSubrahmanyam foi a primeira artista a con-seguir transpor para a prática, de uma for-ma verdadeiramente cativante, as teoriase os conceitos em que se baseia a dançaindiana.Se passar, no dia 31, às 21 e 30, pelo Gran-de Auditório da Culturgest, poderá apreci-ar as formas tradicionais de dança como oBharatanayam, Kathakali, Kuchipudi, Odissiou Manipuri interpretadas por uma artista«exótica».No dia 1 de Novembro, o Coliseu dos Re-creios será palco para a actuação da Or-questra Filarmónica do Teatro Alla Scala.No concerto serão recriadas obras deSchumann e Tchaikovsky, sob a direcçãodo maestro Riccardo Muti.

Retrospectivaem Matosinhos

A Câmara Municipal promove, na galeriade exposições, uma retrospectiva da vidae obra do poeta Federico Garcia Lorca.A retrospectiva «Fragmentos de um Univer-so», que se realiza no âmbito das come-morações do centenário do autor, consistena representação da sua obra-prima, «ACasa de Bernarda Alba», pelo Teatro Expe-rimental do Porto e na exibição de docu-mentos relativos a este episódio histórico.

A iniciativa engloba também manuscritos,reproduções de desenhos e outras leitu-ras em português, espanhol e galego dopoeta e autor dramático.

Pintura em Portimão

O pintor Arnaldo Saavedra terá patente aopúblico, no Antigo Mercado Municipal, atéao dia 14 de Novembro, a sua mostra detrabalhos mais recentes intitulada «Percur-sos e Pesquisas da Terra e do Mar».A exposição poderá ser visitada de segun-da-feira a sábado, das 11 às 13 horas edas 15 às 22 horas.

Teatro infantil em Sintra

No âmbito do projecto de «Animação naBiblioteca» - Hora do conto/Teatro Infantil,será apresentada, hoje, às 10 e 30, umapeça, na Biblioteca Municipal.O grupo Utopia interpretará «Corre, correcabacinha» para os alunos do Colégio ÚtilJardim de Monte Abraão.

Contos em Valença

«O Pão Salvador» é o conto que o seu filhopoderá apreciar, amanhã, às 16 e 30, naBiblioteca Municipal. Mas se preferir darumas boas gargalhadas, então não percaa exibição do filme realizado por BetteThomas, a partir de amanhã e até ao dia 3de Novembro, no Cine-Ibéria.Trata-se da comédia «Dr. Dolittle», comEddie Murphy e Kristen Wilson nos princi-pais papéis.

Dança emVila Real de Santo António

A programação cultural da Câmara Muni-cipal referente ao mês de Outubro despe-de-se, este sábado, dia 31, pelas 21 e 30,com um espectáculo de dança contempo-rânea, a realizar-se no Centro Cultural.

SOLOFLAMENCO

Um «espectáculo de flamenco puro»,com coreografia e direcção artística deEduardo Serrano, «El Guito», e partici-pação da grande cantaora CarmenLinares, do guitarrista Moraíto e das bai-larinas Sara Baras e María Vivó. Assimse define «Solo Flamenco», o evento deraízes ciganas que poderá ver e ouvirse for ao Grande Auditório do CentroCultural de Belém, amanhã e no sába-do, às 21 e 30.Durante as duas horas de duração de«Solo Flamenco», emocionar-se-á como sabor clássico que possuem os gran-des intérpretes desse ritmo cigano ma-gistralmente interpretado por «El Guito».Na sua maturidade artística, o bailarinoe coreógrafo entrega-se a uma dançaque se foi estilizando, depurando, e queconserva todo o poder da comunicaçãoemocional que só os verdadeiros «reisdo flamenco» são capazes de produzir.Com um timbre sui generis e uma vozcheia de matizes e musicalidade,enaltecendo o canto com a força da sin-ceridade e com a intuição poética femi-nina, apresentar-se-á, em «SoloFlamenco» a cantaora Carmen Linares,desta feita acompanhada por Moraíto,um dos guitarristas com maior domíniorítmico, conhecimento e personalidadedo panorama actual da guitarraflamenca.Por tudo isto e mais, deixe-se embalarpela melodia cigana de «Solo Flamenco»e não perca o que promete ser um es-pectáculo memorável.

Suplico-te em silênciopara que o silêncio perdure

Suplico-te gritante e mudopara que se faça ausência e som

Olho-te em silêncioe nada mais que ausêncianos distinga

Olho-te na leveza da penumbrae nada mais apreendoapenas a rosácea flutuantede tua astral presença

Luís Filipe SarmentoIn «Tinturas Alquímicas»

ConcertoMANIC STREET

PREACHERSTHIS IS MY

TRUTH TELL MEYOURS

2 de NovembroColiseu de Lisboa

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ACÇÃO SOCIALISTA 20 29 OUTUBRO 1998

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaOrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMaria João RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé Raimundo

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Imprinter, Rua Sacadura Cabral 26,Dafundo1495 Lisboa Distribuição Vasp, Sociedade deTransportes e Distribuições, Lda., Complexo CREL,Bela Vista, Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

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6ª FILA Manuel dos Santos

SOC IAL ISTA

«José Cardoso Pires foi um sersolidário, um interventor cívico,presente em todos os combatesgenerosos, um progressista, queacreditava na condição humana e noprogresso.»Mário SoaresDiário de Notícias, 27 de Outubro

«No final da década de 50 as ForçasArmadas serão sacudidas da sualetargia face ao regime do EstadoNovo por três fenómenos denatureza diversa, sendo o primeiro acandidatura independente do generalHumberto Delgado à presidência em1958, seguindo-se a emergência daquestão colonial na ONU e emAngola em 1960-61 e a invasão deGoa pela União Indiana, em Dezem-bro deste último ano.»Medeiros FerreiraSeara Nova, edição de Verão, nº 61

«Em Portugal, nos últimos 10-15anos, estabeleceram uma boa redede centros de saúde, que muitospaíses europeus não têm. É umtrabalho que vem do tempo em queMaldonado Gonelha foi ministro daSaúde (ele era muito bom, aliás, eum dos melhores que vi na Europa).»Eirik Asval, director da OMS para aEuropaPúblico, dia 28 de Outubro

«Esta coisa de fazer a políticasegundo o �marketing� não éagradável. Não gosto muito dospolíticos que estão sempre com osorriso Pepsodent. Os políticosdevem ter convicções.»Mário SoaresSIC, 24 de Outubro

AS PALAVRAS DOS OUTROS ...!� Perjúrio - Juramento falso �in Dicionário da Língua Portuguesa, Francis-co Torrinha, Editorial Domingos Barreira.

�O perjúrio perante a ComissãoParlamentar é legalmente punível�Manuel dos Santos/JN 21.10.98

�Tendo em conta as insólitas edespropositadas acusações deperjúrio e de desobediência queManuel dos Santos, à margem dosorgãos próprios do Parlamento,resolveu lançar sobre MarceloRebelo de Sousa, o PSD decidiuaccionar um processo judicial�Nota da Comissão Política do PSD/JN21.10.98

�O preço das contradiçõesMarcelo: «A Sonae comprou os últimos 50por cento da CRD à Urano uma empresado próprio grupo Sonae.»Josapar: «A empresa compradora da nos-sa última participação accionária na CRDnão foi a Sonae, nem outra empresa por estacontrolada.»Marcelo: «A Urano comprou 50 por centoda CRD.»CVM: «O comprador do último lote aliena-

do pela Josapar da CRD foi o bancoSurinvest, de Montevideu.»Marcelo: «É pois, oficialmente registadoque a Josapar vendeu directamente a em-presa ligada ao grupo Sonae.»CVM do Brasil: «As informações contidasnos formulários são da responsabilidade dascompanhias que os preenchem, não tendoa CVM competência legal para certificardados.»Marcelo: «Estes elementos comprovam, apartir das demonstrações financeiras daJosapar, que esta vendeu à Urano 50 porcento do capital da CRD por 17,555 mil re-ais (cerca de 2,6 milhões de contos)»CVM do Brasil: «Os documentos não com-provam o preço pelo qual a Sonae adquiriu50 por cento das participações no capitalsocial da CRD.»Marcelo: «A Urano vendeu 50 por cento docapital da CRD à MIB/Sonae por 15,3 mi-lhões de contos (ou seja, por quase 6 ve-zes mais!)Advogados Brasileiros: «Em todas asdeclarações prestadas à CVM não há qual-quer menção à Urano.»Marcelo: «O Grupo Sonae comprou estes50 por cento por 85 milhões de dólares (15,3milhões de contos).»Josapar: «O preço é fantasioso. A venda

da totalidade da sua participação accionáriada CRD foi de 22 milhões de reais.»Marcelo: «O IPE pagou mais do quíntuplodo que deveria ter pago.»Banco Santander: «O intervalo de valo-res entre 170 milhões de dólares e 188 mi-lhões de dólares enquadra razoavelmentee de forma conservadora o valor dos capi-tais próprios da CRD.»Marcelo: «O negócio foi ruinoso para oEstado português.»Salomon Brothers: «A CRD está avalia-da em 200 milhões de doláres.»Marcelo: «Nenhum investimento novo sig-nificativo foi realizado, ou seja, nada explicao encarecimento 5 vezes da empresa.»Boto, Amorim e Associados: «O valoractualizado do investimento da Sonae noBrasil é de 144 milhões de dólares.»Marcelo: «O negócio PE/Sonae não servia,manifestamente, nenhum interesse público.»IPE: «A Modelo Brasil passou de nono parao quinto lugar do ranking do sector de dis-tribuição no Brasil, prevendo atingir um vo-lume de vendas superior a 1000 milhões dedólares até ao final do corrente ano.»�In A Capital - 22.10.98

P.S. Optei por assumir as palavras dos ou-tros! Para que se julgue (bem).