n.40 ediÇÃo gratuita 12.2019 . trimestral · 2020. 2. 21. · n.40 ediÇÃo gratuita 12.2019 ....

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N.40 EDIÇÃO GRATUITA 12.2019 . TRIMESTRAL

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N.40 E D I Ç Ã O G R AT U I TA12.2019 . TRIMESTRAL

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REVISTA AGROS Nº40 . 3

Editorial

O ano de 2019 assumiu-se como mais um marco histórico para a nossa União. A AGROS comemorou 70 Anos de Longe-vidade, Vanguarda e Voz conjunta pela defesa e afirmação do setor leiteiro, e é motivo de um imenso orgulho para todos nós, Família AGROS!No que se refere à produção, foi necessá-ria a medida de redução dos 37 milhões de litros contratualizados com a Lactogal, para assegurar a estabilidade quer ao ní-vel do preço médio do leite pago, quer ao nível dos volumes contratualizados em 2019 e para 2020. Por outro lado, para otimizar ao máximo o contrato efetua-do com a Lactogal, foi necessário imple-mentarmos uma nova metodologia na gestão dos contratos conferindo ao Pro-dutor uma maior autonomia e ao mesmo tempo uma maior responsabilidade, na gestão da sua exploração, informando-o mensalmente dos volumes globais entre-gues pela OP, e da folga gerada pelo facto de alguns Produtores, por várias razões, não estarem a produzir a totalidade pre-vista nos respetivos contratos.Este modelo mostrou-se eficaz, mas ape-sar deste esforço em rentabilizar o con-trato, todos temos de ter consciência da nova realidade em que esta redução de 37 milhões de litros de leite do contrato nos coloca ao nível da riqueza gerada, quer na AGROS, quer nas Cooperativas, quer em cada uma das explorações, pelo que é cada vez mais premente o foco de todos na eficiência das operações inter-nas, assente em boas práticas de produ-ção leiteira e de gestão.

Este paradigma levou-nos a reajustar as Orientações Estratégicas do quadriénio 2018-2021:

Garantir a estabilidade e susten-tabilidade da Produção de Lei-te, promovendo a eficiência e as boas práticas na produção das explorações leiteiras:Este continuará a ser o principal desígnio da AGROS e tudo faremos para que 2020 seja um ano de estabilidade. É na persecu-ção deste objetivo que temos trabalhado, através de todas as medidas desencadea-das nestes últimos anos, para conseguir-mos superar as contingências do mercado e assegurar a melhor valorização do leite, após a grande reviravolta que foi o fim das quotas leiteiras em 2015.Quanto aos 6 pilares das boas práticas na

JOSÉ CAPELA, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA AGROS

produção de leite, iniciamos a certifica-ção do Bem-estar Animal, que culminará em julho de 2020 com a Certificação em Bem-estar animal do produto - o Leite, re-colhido nas nossas explorações, sob o re-ferencial Welfare Quality (WQ)®, que será aprovado por uma entidade certificadora externa.Esta e outras certificações são fundamen-tais para que os consumidores tenham evidências e acreditem, desta forma inde-pendente, no que tão bem sabemos fazer, e se combata, de uma forma transparente e séria, a proliferação de desinformação acerca do Leite, auxiliando a minimizar os ataques destas vertentes radicais e alar-mistas que tentam, das mais variadas for-mas e feitios, ludibriar a opinião pública.Mas já antes das Entidades Oficiais Portu-guesas se comprometerem internacional-mente com a “neutralidade carbónica” até 2050, a AGROS, como entidade responsá-vel e parceira, estava empenhada em mi-nimizar o impacto do setor leiteiro, através de vários projetos, como é o caso do pro-jeto de eficiência energética e hídrica em explorações leiteiras (MilkEE) ou o projeto da melhoria da gestão dos efluentes nas explorações leiteiras, bem como também nós, Produtores de Leite, temos feito um grande esforço quanto à entrega seletiva dos resíduos agrícolas, e várias Coope-rativas que têm centros de recolha para poderem auxiliar no seguimento destes resíduos.

Fortalecer o alinhamento estratégi-co através da melhoria na comuni-cação com as partes interessadas (com enfoque nas Cooperativas e Produ-tores).Desejámos continuar a criar valor para o setor cooperativo, pois será certamente mais vantajoso para o setor e para os Pro-dutores, se todos estivermos na mesma direção, e tendo este como o pilar basilar e exemplo da nossa atuação conjunta - AGROS e Cooperativas. Quanto à AGROS, pretendemos continuar a comunicar mais e melhor, e de uma forma mais célere e clarificadora.

Prosseguir a inovação, consoli-dando as competências tecnoló-gicas, de forma a promover um maior desempenho organizacio-nal, assente na responsabiliza-ção, controlo e melhoria contínua.É imperativo manter a capacidade inova-

dora para dar resposta aos constantes de-safios, visando sempre uma maior eficiên-cia e eficácia nos processos internos e na gestão de recursos disponíveis, pois temos que continuar a otimizar e a alavancar as inúmeras atividades desenvolvidas. Como exemplo, um dos muitos projetos relevantes que estão atualmente em cur-so nas Empresas do Grupo AGROS, é a implementação do novo ERP até 2020, e reconhecendo as dificuldades no arranque e adaptações até ao seu funcionamento normalizado, acreditamos que este investi-mento terá um impacto e retorno bastante significativos, assim como criará mais valor para a Organização.

Continuar a potenciar a AGROS e a AgroSemana - Feira Agrícola do Norte, como referências no panorama nacional em prol da defesa do Leite e do setor agropecuário cooperativo.Apesar do incontestável valor do Leite, é perentório e estratégico continuarmos a promover e a sensibilizar para os benefí-cios do seu consumo numa alimentação saudável, sendo que o expoente máximo é a AgroSemana, reconhecida já como evento de referência na defesa do setor agropecuário, e desde já, anuncio que a edição de 2020, irá realizar-se entre 3 e 6 de setembro.A AGROS continuará a assumir o seu per-curso, e continuará a desempenhar um papel ativo no desenvolvimento de um conjunto de iniciativas e ações de comu-nicação acerca do nosso produto de exce-lência, o Leite, e do maneio produtivo que demonstrem as boas práticas na produção implementadas pelos nossos Produtores.Para 2020, deixo uma mensagem e um desafio a todos: o futuro sustentável que idealizamos estará sempre assente na União das nossas mãos!

Por um futuro sustentável

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Ficha TécnicaPROPRIEDADE E EDITORAAGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L.

SEDERua Cidade da Póvoa de Varzim, 554490-295 Argivai - Póvoa de VarzimTel. 252 241 000Fax. 252 241 009E-mail: [email protected] | Url: www.agros.pt

DIRETORJosé Fernando Martins Capela

PRODUÇÃO E COORDENAÇÃOServiço de Marketing

SEDE DE REDAÇÃORua Cidade da Póvoa de Varzim, 554490-295 Argivai - Póvoa de Varzim

N.º DE CONTRIBUINTE500291950

DEPÓSITO LEGAL295758/09

ISSN1647-3264

REGISTO NA ERC125612

ESTATUTO EDITORIALwww.agros.pt/revista-agros-estatuto-editorial

DESIGN E COMPOSIÇÃO GRÁFICAServiço de Eventos e Gestão de Espaços

IMPRESSÃO GRÁFICASersilito - Empresa Gráfica, Lda.Travessa Sá e Melo, 209Apartado 1208, Gueifães 4471 Maia

TIRAGEM2000 exemplares

PERIODICIDADEN.40 -Trimestral

FOTOSAGROS, U.C.R.L.; iStockPhoto;Shutterstock; Freepik.

Consulte a Revista em PDF

Os textos publicados nesta edição são da responsabilidade dos respetivos autores.

Índice03 Editorial

Por um futuro sustentável

05 DestaqueEstudo afirma que crianças que consomem leite gordo/inteiro têm menor probabilidade de serem obesas

06 Artigo TécnicoVacas valorizam o acesso a escovas mecânicas no estábulo

08 Artigo LeiteBebidas vegetais, uma boa alternativa ao leite?

12 Agros ComercialA BOUMATIC Robotics instala os primeiros três robôs MR-S2 na Península Ibérica

14 Artigo LeiteO leite de vaca tem antibióticos, bactérias e rouba cálcio aos ossos?

18 Artigo TécnicoMeat the facts

20 Agros ComercialCândido Manuel Silva Miranda

21 Agros ComercialExploração Silvestre Rebelo da Silva

22 Artigo TécnicoPacto Ecológico Europeu

24 Artigo TécnicoComportamento social em bovinos

28 Ucanorte XXIMilho grão: uma cultura de futuro com escoamento garantido

30 Artigo TécnicoCaracterísticas reprodutivas na avaliação genética nacional dos bovinos da Raça Holstein-Frísia

34 Acontecimentos

44 Espaço LúdicoAgenda Cultural Agrícola Sabores da Nossa TerraSudoku

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IMAGEM Organização Mundial de Saúde (OMS)

REVISTA AGROS Nº40 . 5

Destaque

Um novo estudo sugere que crianças que consomem lei-te gordo/ inteiro têm uma menor probabilidade de ter peso a mais (ou sofrerem de obesidade) do que aquelas que consomem leite com teor de gordura reduzido.Esta pesquisa, publicada no The American Journal of Cli-nical Nutrition e levada a cabo pelo St. Michael’s Hos-pital of Unity Health de Toronto (Canadá) analisou os resultados de 28 estudos de 7 países diferentes, com o objetivo de explorar o vínculo potencial entre o consu-mo de certos tipos de leite e o aumento geral de peso e o risco de obesidade. O que os dados revelaram é que, no que concerne ao público infantil, as crianças que be-biam regularmente leite gordo/ inteiro tinham até 40% menos de probabilidade de ser obesas do que aquelas que consomem outros tipos de leite.Nenhum dos estudos, que envolveram um total de 21 mil crianças entre 1 e 18 anos de idade, demonstrou que o consumo de leite com teor de gordura reduzi-do se traduziria num menor risco de ter peso acima da média ou de sofrer de obesidade. Não só os dados não apoiam a troca para o leite magro, como existem evidências que apontam para benefícios em manter o

leite gordo/ inteiro na dieta. Os académicos acreditam que estes resultados advêm do facto que as crianças que consomem este tipo de leite se sentirem mais sa-ciadas durante mais tempo, o que as leva consequen-temente a comer menos alimentos pouco saudáveis ou com calorias elevadas, como bolachas ou batatas fritas, que podem levar ao aumento de peso.Dos 28 estudos, 18 destes sugerem que crianças que consomem leite gordo/ inteiro têm menor probabilida-de de terem peso em excesso, enquanto os outros 10 não revelaram nenhum tipo de ligação.A obesidade infantil é um crescente problema a nível global. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o número de crianças com excesso de peso ou obesida-de entre os 0 e 5 anos de idade passou de 32 milhões em 1990 para 41 milhões em 2016, sendo já considerada uma epidemia mundial. Sem intervenção, crianças obe-sas provavelmente continuarão obesos durante a ado-lescência e idade adulta. A obesidade na infância está associada a uma ampla gama de complicações graves de saúde e a um maior risco de aparecimento prematuro de doenças, incluindo diabetes e doenças cardíacas.

ESTUDO AFIRMA QUE CRIANÇAS QUE CONSOMEM LEITE GORDO/INTEIRO TÊM MENOR PROBABILIDADE DE SEREM OBESAS

ACABAR COM A OBESIDADE

INFANTIL

CONTROLO DE PESO

SAÚDE, NUTRIÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA PARA CRIANÇAS EM

IDADE ESCOLAR

CUIDADOS NA PRECONCEÇÃO E

DURANTE A GRAVIDEZ

PROMOVER A ATIVIDADE FÍSICA

PROMOVER O CONSUMO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS

DIETA E ATIVIDADE FÍSICA DESDE CEDO

NA INFÂNCIA

TEXTO Adaptado por AGROS

FONTE The American Journal of Clinical Nutrition; World Health Organization

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6 . REVISTA AGROS Nº40

Artigo Técnico

INTRODUÇÃOO termo grooming, cada vez mais utilizado em Por-tugal, refere-se às ações que humanos e animais realizam para manter a sua aparência. No caso dos animais, o grooming ajuda-os a remover sujidade, pa-rasitas e outros contaminantes da pele e pelo e pode influenciar positivamente o seu estado emocional. As vacas podem fazê-lo a elas próprias, por exemplo, lambendo-se, ou participar em comportamentos de grupo para este efeito. Em ambientes naturais utiliza-riam os troncos de árvores ou outras superfícies abra-sivas para se coçarem e higienizarem.

Quando mantidas em estábulos, estas necessidades permanecem e é importante garantir formas de assegu-rar este comportamento. Felizmente, nos últimos anos são muitos os Produtores que possuem nos seus está-bulos escovas mecânicas automatizadas que permitem que os seus animais cubram estas necessidades.

VACAS VALORIZAM O ACESSO A ESCOVAS MECÂNICAS NO ESTÁBULOEm ambientes naturais, as vacas utilizam as árvores e outras superfícies abrasivas para se coçarem e higienizarem. Felizmente, nos últimos anos são muitos os Produtores que possuem nos seus estábulos escovas mecânicas automatizadas que permitem aos seus animais satisfazer estas necessidades. Neste estudo, os investigadores procuraram perceber qual a motivação das vacas para aceder a estas escovas mecânicas, uma ferramenta que facilmente pode ser instalada no interior dos estábulos. Os animais em estudo foram treinados para empurrar um portão pesado para conseguirem alcançar a comida fresca (controlo positivo), um espaço com a referi-da escova mecânica e ainda outro espaço sem a escova (controlo negativo). O peso do portão foi aumentando gradualmente, para determinar o peso em que os animais deixariam de o empurrar para terem acesso a cada um dos espaços testados. Curiosamente, os resultados mostraram que os animais se esforçaram tanto para aceder à comida fresca como para aceder à escova mecânica, e movimentaram muito menos peso para aceder ao espaço vazio, como era esperado.

Em países como a Dinamarca, o acesso a escovas me-cânicas nos estábulos é já uma questão obrigatória. Os bovinos que têm acesso a estas escovas mantêm-se mais limpos, e empregam bastante tempo na utiliza-ção destas ferramentas, o que reflete a sua importân-cia para estes animais.

Testes de motivação representam um método para de-terminar a importância que um determinado recurso/estímulo tem para um animal. Quanto mais o animal estiver disposto a esforçar-se para aceder a esse re-curso/estímulo, mais importante consideramos que ele seja para o animal em causa. Um dos métodos de realização de testes de motivação em animais consiste no seu treino para empurrarem um portão (com um peso associado) para poderem aceder ao recurso em teste. Depois, gradualmente, vai-se aumentando esse peso até determinar o peso máximo que os animais se esforçaram para aguentar, no sentido de conseguirem abrir o portão.

No presente estudo, investigadores do Programa de Bem-estar Animal da “University of British Columbia”, no Canadá, procuraram perceber qual a motivação das vacas para aceder a estas escovas mecânicas, um equi-pamento instalado no interior dos estábulos, e que permite aos animais uma adequada manutenção dos seus comportamentos de grooming.

Os animais em estudo foram então treinados para em-purrar o portão pesado para conseguirem alcançar a comida fresca (controlo positivo), um espaço com a referida escova mecânica (estímulo em teste) e ainda outro espaço vazio, sem a escova (controlo negativo). Sendo a comida fresca uma necessidade básica do ani-mal, os investigadores assumem que a sua motivação para aceder a este estímulo, principalmente em ani-mais que sofreram privação alimentar, seria máxima,

TEXTOAdaptado de

McConnachie E, Smid AMC, Thompson AJ,

Weary DM, Gaworski MA, von Keyserlingk

MAG. 2018. Cows are highly motivated to

access a grooming substrate. Biol. Lett.

14: 20180303.

IMAGEM 1Utilização de escova

mecânica por uma vaca no "University

of Britsh Columbia's Dairy Education and

Research Centre".

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funcionando como um bom estímulo de comparação para o que queriam verificar. Consideraram como ex-pectável que a motivação para aceder ao espaço com a escova fosse inferior ao espaço com comida fresca, mas superior à motivação para aceder ao espaço vazio.

IMAGEM 2 Desenho da estrutura montada para realização dos testes de motivação, com portão ao qual são associados os pesos.

MATERIAL E MÉTODOS

Fase 1: Habituação Dez vacas de raça Holstein Frísia em lactação, sau-dáveis e gestantes foram utilizadas neste estudo. Os animais tiveram 5 dias iniciais no estudo, para socia-lizarem e interagirem e para conhecerem os espaços.

Fase 2: Treino Todos os animais foram treinados para empurrar o portão da sua posição inicial fechada, de forma a o conseguirem abrir. Para serem incluídas neste estu-do, as vacas teriam que ser capazes de empurrar um portão com 7kg de peso associado, sem a presença de pessoal implicado no treino.

Fase 3: TestesOs testes de motivação ocorreram de forma a permitir manter o dia-a-dia normal de uma exploração leiteira e gerindo a existência de um único portão na experiên-cia. Neste contexto, foram avaliados em quatro testes consecutivos: A. Escova mecânica 1; B. Comida Fresca (Unifeed); C. Espaço vazio; D. Escova mecânica 2.

A introdução de uma segunda escova mecânica foi realizada no sentido de clarificar qualquer efeito re-lacionado com a ordem de realização dos testes, que pudesse condicionar os animais.

O peso foi progressivamente aumentado até ao ponto em que os animais não estavam dispostos a esforçar-se para abrir o portão. No caso do estímulo para a esco-va mecânica e para o espaço vazio, as vacas tinham acesso constante ao portão e o peso foi aumentado a cada 3 dias.

No caso do teste de motivação para a comida fresca, o método foi alterado para poder contemplar períodos de restrição alimentar. Assim, neste caso, o teste era rea-lizado diariamente, sendo as vacas trazidas individual-mente para o local de teste, onde ficavam 15 min, para poderem empurrar o portão e aceder a comida fresca. Se a vaca empurrasse o portão e acedesse à comida, no dia seguinte era adicionado peso extra ao portão. Para este teste as vacas foram privadas de alimento 1.5 h an-tes e de alimento fresco 15h antes da avaliação. Entre cada ensaio diferente todas as vacas foram sujeitas a 3 sessões de treino por um período de 3 dias.

RESULTADOSNão foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no peso suportado pelos animais para as duas escovas mecânicas. Curiosamente, também não existiram diferenças significativas no peso suportado para aceder a ambas as escovas mecânicas e à comida fresca. Como era de esperar, os animais empurraram significativamente menos peso para aceder ao espaço vazio do que aos restantes estímulos.

1.0

0.9

0.8

0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

Peso ligado a cada sistema de roldanas (kg)

Prop

orçã

o em

purr

ada

por r

ecur

so

GRÁFICO 1Resultados dos testes

de motivação para as duas escovas

mecânicas, espaço vazio e comida

fresca.

LEGENDA Escova I

Escova II Espaço

Comida Fresca

CONCLUSÃOEstes resultados demonstram que as vacas valorizam bastante a utilização de escovas mecânicas. Estas são utilizadas para o groo-ming, um comportamento natural que permanece altamente con-servado em várias espécies. Este processo tem um papel essencial nos animais, tendo sido demonstrada a sua importância como re-gulador de stress nos animais, podendo diminuir a destruição de outras superfícies e equipamentos pelos animais.Estes equipamentos num sistema de estabulação permanente são importantes e a sua colocação deve ser estimulada junto dos Pro-dutores. O Produtor terá os seus animais mais limpos e satisfeitos e esta realidade agrada ao consumidor final.

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8 . REVISTA AGROS Nº40

Artigo Leite

BEBIDAS VEGETAIS

UMA BOA ALTERNATIVA AO LEITE?

TEXTOProf. Doutor Nuno BorgesNutricionista, Professor Associado na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto

Dr.ª Ana Gabriela CabilhasAlumni FCNAUP

FONTE Pensar Nutrição

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Temos assistido nos últimos anos a uma substituição do leite por alternativas de base vegetal. A variedade de opções disponíveis no mercado não pára de aumentar – bebidas de soja, arroz, amêndoa, aveia, coco, quinoa, noz, com versões light, bio, sem açúcares, com cálcio, sabor a chocolate, baunilha, entre outros. Muitas destas alternativas são conhecidas e popularmente apelidadas de “leite”, quando na realidade apenas se assemelham a este na sua aparência e consistência. As bebidas ve-getais são ainda frequentemente percecionadas como saudáveis pelos consumidores.Assim, face ao rápido crescimento do mercado e po-pularidade destas bebidas, importa esclarecer se estas constituem alternativas válidas ao leite sob o ponto de vista nutricional.

VALOR NUTRICIONAL DO LEITEComeçamos por apresentar, de forma simples e clara, o valor nutricional do leite.O leite e alguns dos seus derivados, como o iogurte ou o queijo, são alimentos que a espécie humana consome há vários milhares de anos. O seu consumo constituiu, comprovadamente, uma vantagem evolutiva para algu-mas populações primitivas que o podiam digerir, fruto da sua elevada riqueza nutricional. De facto, os lácteos possuem um teor importante de proteínas de alto valor biológico, de cálcio altamente biodisponível e de ou-tras vitaminas e minerais, como as vitaminas A, D, B2 e B12 ou os minerais fósforo, potássio, selénio e iodo, tornando-os alimentos com um papel importante na alimentação humana. Os produtos lácteos constituem, por isso, um dos grupos da Roda dos Alimentos Portu-guesa, variando entre duas e três porções diárias a sua recomendação, consoante a idade.

RAZÕES PARA A DIMINUIÇÃO DO CONSUMO DE LEITE E SUBIDA DAS BEBIDAS VEGETAISVárias são as razões que têm contribuído para a dimi-nuição do consumo de leite e sucessivo aumento da procura de alternativas vegetais. Existem razões direta-mente relacionadas com a saúde, como a alergia e into-lerâncias alimentares, mas também as que se prendem com a adoção de dietas vegetarianas, veganas, dietas com considerações éticas contra o consumo de leite ou que espelham preocupações ambientais. Também a opinião controversa sobre o consumo de leite e a disse-minação de informação, nem sempre de base científica, que associa o consumo de leite a efeitos negativos na saúde humana contribuíram para esta realidade, não esquecendo os que substituem o leite por bebidas ve-getais porque “é moda”.

PERFIL NUTRICIONAL DAS BEBIDAS VEGETAISDe seguida, é feita uma análise ao perfil nutricional das bebidas vegetais, quer ao nível da composição nutricio-nal como da biodisponibilidade de nutrientes.

ProteínaA principal desvantagem das bebidas vegetais disponíveis no mercado é o seu baixo teor proteico. Algumas bebi-das de amêndoa, arroz, aveia, avelã, caju e coco podem atingir um proteico muito baixo (<0,5%). Em contraste, a bebida de soja é a única que se aproxima ao leite de vaca no que diz respeito à quantidade de proteína.

É importante notar que o teor proteico das diversas bebi-das vegetais varia de forma expressiva, inclusive quando utilizada a mesma base vegetal (Figura 1).De forma similar, também a qualidade das proteínas ve-getais se mostra inferior às proteínas do leite de vaca, de-vido ao menor teor em aminoácidos essenciais e à baixa digestibilidade. Dentro das proteínas vegetais, a proteína de soja é a que apresenta melhor qualidade proteica.

4

3,5

3

2,5

2

1,5

1

0,5

0Leite Vaca

Soja Aveia Arroz Amênd. Côco Avelã Quinoa

GorduraO teor de gordura das bebidas vegetais varia considera-velmente. No que diz respeito ao perfil de ácidos gor-dos, os saturados estão presentes em baixa quantidade, enquanto que ácidos gordos mono e polinsaturados são predominantes. A exceção à tendência são as bebidas de coco, por serem distintamente ricas em gordura sa-turada. Naturalmente, as alternativas vegetais ao leite não contêm colesterol.

Hidratos de carbonoO teor de hidratos de carbono das bebidas vegetais pode variar entre 0,1 e 15,0 g por 100 g. A bebida de arroz distingue-se pelo seu elevado teor de hidratos de carbono e açúcares, verificando-se o oposto com a bebida de amêndoa. De forma geral, as bebidas à base de cereais (de arroz, aveia, espelta) apresentam um teor de hidratos de carbono superior ao do leite de vaca. Na maioria das alternativas vegetais ao leite, mais de 70% dos hidratos de carbono presentes são açúcares. Nenhuma destas bebidas contém lactose.É de salientar o facto do índice glicémico das bebidas

FIGURA 1Teor proteico de algumas bebidas vegetais disponíveis no mercado português.

FONTE Pensar Nutrição

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vegetais ser superior ao do leite de vaca. Especifica-mente, as bebidas de coco e arroz exibem um índice glicémico alto.

CálcioFontes vegetais utilizadas nas bebidas vegetais, como os cereais, apresentam quantidades reduzidas de cál-cio. Como tal, muitas bebidas são fortificadas neste micronutriente, com a finalidade de se tornarem com-paráveis ao leite de vaca. Quando fortificadas, muitas revelam um teor de cálcio superior ao do leite de vaca, com valores a atingirem os 200 mg. Contudo, a maioria das bebidas não fortificadas apresenta entre 0 e 10 mg de cálcio. Assim, é possível verificar que o teor de cálcio das bebidas vegetais é altamente variável.Ademais, a adição de cálcio não garante que as bebidas vegetais e o leite de vaca sejam equivalentes do ponto de vista nutricional, mesmo quando o teor de cálcio ro-tulado é semelhante, dado que a sua biodisponibilidade depende da matriz alimentar e do agente de fortificação.A sedimentação do cálcio adicionado permanece um problema. Análises a bebidas de soja comerciais reve-laram que, quando não agitadas, estas continham ape-nas 31% do teor de cálcio rotulado, e quando agitadas, perto de 59%.

Outros micronutrientesDe forma a combater possíveis défices nutricionais, al-gumas bebidas são fortificadas em vitaminas, principal-mente B12, B2, D e A. Sobre os minerais, estas detêm menores teores de fósforo, potássio, selénio e iodo, re-lativamente ao leite.A bebida de soja é a que mais se aproxima ao leite de vaca no que diz respeito ao conteúdo em vitaminas e minerais.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS NUTRICIONAIS PARA O LEITEDo acima exposto, observa-se que existem diferenças importantes entre a grande maioria das bebidas vege-tais e o leite. As mais relevantes são o menor teor (com a exceção da bebida de soja) e qualidade da proteína, a menor biodisponibilidade do cálcio, um maior teor de hidratos de carbono, nomeadamente de açúcares e uma menor quantidade de vitaminas e minerais. Ana-lisando com mais pormenor, percebemos que a ques-tão da proteína é bastante relevante, uma vez que os lácteos podem constituir uma fração apreciável da in-gestão proteica total. Segundo os dados do Inquérito Alimentar Nacional de 2016, 15,9% da ingestão protei-ca dos Portugueses provém dos lácteos, podendo este valor ser ainda mais elevado em grupos etários como as crianças. Ainda mais significativos são os dados re-lativos à ingestão de cálcio, onde podemos verificar que 44,8% da ingestão de cálcio provém dos lácteos, confirmando este grupo como o principal fornecedor deste mineral. Se é certo que cerca de metade destas bebidas vegetais são suplementadas com cálcio de

modo a que os respetivos teores se assemelhem aos do leite, a sua biodisponibilidade é comprovadamente menor, fruto de uma matriz alimentar distinta onde fa-tores como a presença de fitatos ou oxalatos impedem uma absorção tão eficaz deste micronutriente ou da própria precipitação/sedimentação do sal de cálcio na embalagem.

Relativamente a outros micronutrientes, os estudos mos-tram que a equivalência com os leite apenas se verifica quando há suplementação das bebidas vegetais com es-sas vitaminas e minerais, sobretudo as vitaminas B2, B12, D e A, sendo que os estudos mais recentes mostram que esta suplementação está longe de ser universal.Acresce que algumas destas bebidas vegetais, nomea-damente as que têm por base o arroz apresentam geralmente um teor de hidratos de carbono, e conse-quentemente de energia, significativamente superior ao do leite. Mais ainda, estes hidratos de carbono são maioritariamente açúcares, o que faz com que, na be-bida de arroz, a carga glicémica seja equivalente à de refrigerantes ou bolos.

RISCOS ASSOCIADOS A ESTA SUBSTITUIÇÃONão existem estudos sobre o impacto direto na saúde humana da substituição do leite por bebidas vegetais. Alguns estudos compararam os efeitos do consumo de bebidas vegetais com o consumo de leite em marcadores de risco para algumas doenças. Uma revisão sistemática recente, incluindo oito ensaios clínicos, concluiu que a evidência disponível sobre o impacto da bebida de soja nos lípidos plasmáticos é limitada e permanece contro-versa. Thorning e col ., num trabalho de 2016, concluem que a evidência disponível é insuficiente para que possa-mos atribuir às bebidas vegetais alguma vantagem sobre o leite em termos de benefícios para a saúde.

Por outro lado, começam a ser frequentes os casos des-critos na literatura em que se associam deficiências nu-tricionais em crianças ao consumo destas bebidas, com destaque para o raquitismo, o kwashiorkor ou o escor-buto. Foi ainda descrita uma estatura média mais baixa em crianças que consumiam preferencialmente as bebi-das vegetais, comparadas com as que consumiam leite.Em conclusão, as bebidas vegetais não se podem con-siderar alternativas ao consumo de leite, sob o ponto de vista nutricional. Embora a bebida de soja fortifica-da possa apresentar uma razoável semelhança com o leite, todas as outras são suficientemente diferentes para que não lhes possamos atribuir essa capacidade, havendo mesmo alguns potenciais riscos para a saúde, sobretudo de crianças, que podem estar associados a essa substituição.

NOTA: A bibliografia deste artigo é disponibilizada mediante solicitação.

Artigo Leite

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A BOUMATIC Robotics instala os primeiros três robôs MR-S2 na Península Ibérica TEXTO AGROS • FONTE Vaca Pinta

O novo robô de ordenha BouMatic Robotics chega a Portugal através da Agros Comercial, que colocou em funcionamento três unidades na Exploração de Luís Neves Alves, em Esposende.

Agros Comercial - Grupo AGROS

Características do Robô

GRANDE FACILIDADE DE INSTALAÇÃONão requer grandes reformas no estábulo e a sua instalação é rá-pida e fácil. Depois de ligar a corrente elétrica, a água e os tubos de ar e de leite, o robô está pronto para começar a trabalhar.

ORDENHA TRASEIRAO braço do robô realiza todas as operações desde a parte de trás do animal, movendo-se entre as patas traseiras para se aproximar do úbere. Essa situação aporta inúmeras vantagens: uma experiência de ordenha ideal para a vaca, segurança para o Produtor e proteção para o próprio sistema.

RESPEITA A FILOSOFIA DE ORDENHA DA BOUMATICRápida, suave e completa.

CONEXÃO DAS TETINAS TECNOLOGICAMENTE AVANÇADAA câmara 3D combinada com um laser, define a posição exata de cada teto.

ECRÃ TEAT TEACHA câmara mostra a imagem do úbere no ecrã e o operador apon-ta para as extremidades de cada teto para "mostrar" à câmara onde se localizam os tetos desse animal em particular.

TETINAS PARA DIFERENTES FUNÇÕESTetinas de limpeza e estimulação são diferentes das de ordenha.

PORTA DE SELEÇÃO INCORPORADAEste robô conta com entradas e saídas de ambos os lados, o que permite escolher a saída do animal, sem a necessidade de cercas ou portas adicionais.

ÁREA TÉCNICA MUITO ACESSÍVELIncluída no próprio robô, o que facilita a sua manutenção.

OPÇÃO DE ORDENHA MANUALSe existir uma falha de emergência ou necessidade de uma reparação complexa, o robô oferece a possibilidade de realizar a ordenha manual, algo muito apreciado pelos agricultores.

AMBIENTE ACOLHEDOR PARA OS ANIMAISAs vacas adaptam-se ao sistema em tempo recorde; entrar no robô é uma ação fácil para elas.

CAPACIDADE ACIMA DA MÉDIACapacidade para 60 vacas por robô.

TELA SENSÍVEL AO TOQUE INSTALADA NO ROBÔ O operador pode aceder a todas as informações que o softwa-re da máquina disponibiliza.

CONTROLO À DISTÂNCIAControlo remoto de dados através de PC, telemóvel ou tablet.

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Porque é que decidiram substituir a sala de ordenha por um robô?A nossa ideia inicial era optar por uma sala rotativa, mas então surgiu a oportunidade da instalação do robô da BouMatic. Foi a possibilidade da terceira ordenha que nos fez eleger esse sistema. É verdade que tam-bém poderíamos fazê-lo numa sala, mas, nesse caso, era necessária mais mão-de-obra e, como somos uma empresa familiar, iria significar mais trabalho a recair sobre nós próprios.

O que é que os motivou a escolher BouMatic Robotics?Nas visitas que fiz a Explorações com robôs de outras marcas, vi falhas. Pensei então que, se todos falham, de-veríamos pelo menos escolher a máquina que nos desse o melhor suporte técnico e aí a Agros Comercial entrou, porque é uma empresa que consegue chegar facilmente às pessoas. Se houver um problema, eles sabem para onde ir. Confiamos na Agros Comercial, sabemos que estão lá quando precisamos.

Há quanto tempo estão a trabalhar com o robô?Três semanas (à data da entrevista - novembro 2019).

Como está a ser a adaptação dos animais?Os primeiros dias foram fantásticos, porque tínhamos aqui os técnicos da BouMatic Robotics da Holanda e os técnicos da Agros Comercial. Era algo novo para todos e qualquer problema que surgisse era facilmente resolvi-do. Depois, sem os técnicos na Exploração, os animais começaram a sentir nossa falta e tivemos que enfrentar alguns problemas. No geral, estamos satisfeitos, mas é uma adaptação lenta. Disseram-nos que em seis meses estaríamos a funcionar com toda a capacidade e, de momento, ainda só estamos a utilizar o robô há três se-manas, por isso…

O que destacaria destes robôs?Principalmente a robustez e a ordenha traseira. Nunca vi o braço sujo, nem danificado por um coice, porque a

FOTOMaria Zulmira Santa

Marinha Alves, Luís Carlos Alves

(entrevistado) e Luís Neves Alves.

vaca não o alcança. Além disso, no caso de ter que fazer algum tratamento, o operador está na parte traseira da vaca, que é a posição de trabalho mais segura.Eu também destacaria o controlo remoto dos proces-sos, conseguir a colocação das tetinas, saber o que se passa com cada animal… e qualquer problema no sis-tema informático é facilmente resolvido. Quanto à esti-mulação do animal, nos outros robôs não gostei porque era muito rápida e a vaca não tinha tempo de baixar o leite. Neste robô, quando as tetinas são colocadas, a vaca já está pronta para ser ordenhada.

Que melhorias notou com a instalação do robô?Alguns animais que íamos eliminar por serem muito bravos na ordenha, com o robô, tornaram-se animais cinco estre-las, dóceis, que deixam colocar sem dificuldade as teti-nas. E também notei que o rebanho está mais calmo. Também não temos a hora de ordenha, o que nos dá um pouco mais de liberdade familiar.

E quanto à gestão do rebanho?Algumas informações já tínhamos com a sala, mas ago-ra o robô fornece informações individualizadas de cada quarto, como a condutividade. Também oferece dados relacionados com a alimentação, que é algo que nós que-ríamos, para fornecer o concentrado específico para cada vaca de acordo com seu status de lactação e produção.

Qual a avaliação que faz desta mudança?Passávamos oito horas por dia na ordenha, quase não via meu filho acordado durante semanas, e agora chego a casa e tenho tempo para comer com ele, brincar... isso é o principal. Quanto à produção, estamos numa fase muito inicial e não é de estranhar que tenha caído um pouco, mas a nossa intenção a médio e longo prazo é atingir 40 litros/dia por vaca, estamos a trabalhar nisso, mas leva o seu tempo.

Exploração Luís Neves AlvesGandra, Esposende

Ano da Fundação 1998

Média de Produção 29,5 Litros vaca/dia

Nº de Animais 330 dos quais 145 vacas lactantes

Alimentação Silagem de milho, concentrado e palha

Número de Funcionários 1

"Confiamos na Agros Comercial, sabemos que estão lá quando precisamos."

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Artigo Leite

O leite de vaca tem antibióticos, bactérias e rouba cálcio aos ossos?Os mitos sobre o leite são muitos e propagam-se velozmente nas redes sociais. Uma recente publicação enumera um conjunto de substâncias nocivas que supostamente compõem o leite, tendo sido denunciada como "fake news" por utilizadores do Facebook.

TEXTOFilipa Traqueia

FONTE Polígrafo

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Verificação de factos

A tradição de beber três copos de leite por dia para ter ossos fortes e muito cálcio está a cair em desuso. Nos últimos anos, os movimentos contra o consumo de leite têm vindo a ganhar força e as redes sociais constituem um dos grandes palcos para este fenómeno. O principal atingido é o leite de vaca que é também o mais comercia-lizado. São cada vez mais os mitos que aparecem associa-dos a este alimento.

Em recente publicação no Facebook, partilhada centenas de vezes, destaca-se uma lista de substâncias que supos-tamente podem ser encontradas dentro de um pacote de leite. “O leite de vaca é rico em: antibióticos, pestici-das, hormônios, dioxinas (cancerígeno), bactérias (líde-res em contaminação), sangue e pus (até 750 milhões por litro), alumínio (demência, Parkinson…), solvente de limpeza, substâncias radioativas, vírus da leucemia bovi-na”, indica-se na mensagem, acrescentando que o “leite de vaca é rico em cálcio, mas não é fonte de cálcio. Na verdade ele rouba o cálcio dos seus ossos pois é um pro-duto altamente ácido”.

O Polígrafo falou com vários especialistas que desmisti-ficaram, ponto por ponto, esta vasta lista de elementos que supostamente constituem o leite, tendo chegado à conclusão de que nenhuma das alegações é verdadeira.Comecemos pela denúncia de que o “leite de vaca é rico em cálcio, mas não é fonte de cálcio. Na verdade ele rou-ba o cálcio dos seus ossos pois é um produto altamente ácido”. Todos os nutricionistas contactados pelo Polígrafo refutaram ou desmentiram esta alegação.

“O leite é uma fonte natural de cálcio e costuma-se dizer que é rico em cálcio porque aporta mais de 30% da inges-tão necessária para fazer face às necessidades diárias de um ser humano”, explica Ana Maria Gomes, especialista na área de Ciência e Tecnologia Alimentar e professora na Universidade Católica do Porto.

“O leite é fonte de cálcio, esse cálcio está bastante biodis-ponível. O que significa que o cálcio se apresenta numa forma que é relativamente fácil de ser absorvido ao nível do intestino, alcança mais facilmente a circulação sanguí-nea e os órgãos alvo - entre os quais o osso e desencadeia a sua ação biológica”, assegura, considerando que a refe-rida alegação é um “disparate”.

Também Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nu-tricionistas, e Pedro Carvalho, professor de Nutrição na Universidade Católica do Porto e nutricionista no Centro de Inovação Médica, apontam no mesmo sentido.

O nutricionista Pedro Carvalho, que escreveu um livro so-bre “Os Mitos que Comemos”, vai mais longe e destaca que “a ingestão de cálcio e lacticínios aumenta a densi-dade mineral óssea e pode diminuir o risco de fratura, sobretudo em mulheres”, citando artigos que o com-

provam. Afirma também que “os lacticínios, sobretudo os fermentados, até podem ter um efeito preventivo na demência e doença de Alzheimer ”.

Apesar da sua importância nutricional, a absorção do cál-cio presente no leite não depende única e exclusivamen-te da ingestão deste alimento. “Há outros fatores”, subli-nha Alexandra Bento, “nomeadamente a exposição solar e a atividade física”. É importante ressalvar que o cálcio não é um exclusivo do leite e está também presente em vários outros alimentos. No entanto, a sua absorção pelo organismo não é tão fácil como no caso do leite.

A alegação de que o leite é ácido também é falsa. O pH registado no leite varia entre os valores 6 e 7, sendo tendencialmente neutro, mas podendo assumir valores ligeiramente ácidos. Contudo, existem vários outros ali-mentos como o tomate, o vinagre, o limão ou o café - que são muito mais ácidos do que o leite.

Na publicação em análise também é feita uma ligação entre o consumo de leite e os países “líderes em osteo-porose, osteopenia e fratura do quadril”, algo que, na perspetiva de Ana Maria Gomes, consiste numa des-contextualização do assunto. “Ao associarem esta ques-tão do consumo de leite com os níveis de osteoporose, também se esqueceram de outros fatores de risco que podem estar aqui implícitos”, esclarece, referindo-se ao “consumo de álcool, por exemplo, ou tabagismo, idades abrangidas, obesidade”.

"Temos de olhar para os outros fatores de risco. Bem sa-bemos que a obesidade é um fator de risco para a os-teoporose. Não podem fazer esta associação”, critica a mesma especialista.

Apesar de ser um alimento importante na dieta saudá-vel, o leite não pode ser visto como “um anjo” nem “um diabo”, salienta Alexandra Bento. “Ele deve ser inserido no contexto de uma alimentação saudável, contexto esse em que devemos ter mais alimentos de origem vegetal do que de origem animal e não nos podemos esquecer de que o leite é de origem animal, mas que a sua posição na alimentação deve estar presente”, explica a bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

“Não existe evidência científica que justifique que possa-mos eliminar o leite da nossa alimentação. Só o devemos eliminar em algumas circunstâncias. Primeiro, se não gostarmos, em termos de saúde há duas situações que

"O leite é uma fonte natural de cálcio e costuma-se dizer que é rico em cálcio porque aporta mais de 30% da ingestão necessária para fazer face às ne-cessidades diárias de um ser humano.”Ana Maria Gomes, especialista na área de Ciência e Tecnologia Alimentar e professora na Univer-sidade Católica do Porto

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é a intolerância à lactose posso não ter a enzima que é responsável pela digestão da lactose e terei de o retirar, podendo, em alguns casos, utilizar equivalentes nutricio-nais do leite e a alergia à proteína do leite de vaca - que, em bom rigor, é das primeiras alergias observadas nos seres humanos, porque é um dos primeiros alimentos a serem introduzidos quando se inicia a diversificação ali-mentar. O que existe atualmente é uma contra-informa-ção à volta dos benefícios e potenciais malefícios do leite. São muitas vezes inverdades que levam a que muitas pes-soas acabem por retirar o leite e podem estar, em última instância, a piorar o equilíbrio alimentar”.

Cada vez existem mais opções sem lactose e bebidas com componentes vegetais. No entanto, o leite de vaca con-tinua a ser predominante no mercado. “O leite de vaca é o mais comum, o mais barato, estando presente na sua versão magra. O leite de ovelha tem a vantagem de ter quase o dobro da proteína do leite de vaca com a mesma quantidade de hidratos, sendo por isso um alimento inte-ressante, mas ainda caro para consumo diário e com mui-ta gordura. O leite de cabra tem o dobro da gordura que o leite de vaca para a mesma quantidade de proteína, o que faz dele uma opção menos interessante. Quanto a bebidas vegetais de coco, amêndoa, aveia, entre outras, é preciso ver a sua quantidade de açúcar, pois muitas op-ções continuam a ter valores elevadíssimos, equiparáveis a muitos sumos e refrigerantes”, esclarece Pedro Carva-lho, sugerindo que “a opção por bebidas vegetais light é bem melhor nestes casos”.

Antibióticos, bactérias e pus… Afinal o que há no leite?Quando o consumidor compra um pacote de leite no supermercado, pode não saber como se produz e trata este produto, e tão pouco perceber exatamente o que está na composição do leite. Mas a verdade é que, du-rante todo o processo até chegar ao copo dos consu-midores, o leite passa por vários períodos de análise e controlo de qualidade e outros processos que tornam este alimento seguro.

“O leite que nós bebemos é pasteurizado ou UHT”, sub-linha Paula Teixeira, especialista em Microbiologia e Se-

gurança Alimentar e professora na Universidade Católica do Porto. Este processo que a professora indica é um tratamento térmico pelo qual o leite passa de forma a exterminar qualquer bactéria ou vírus que possa existir no soro que é retirado das vacas.

O processo de pasteurização depende do tipo de leite a que nos referimos: se estivermos a falar do denomina-do leite do dia, o tratamento é feito a temperaturas mais baixas, enquanto no leite ultrapasteurizado - também co-nhecido como UHT e que vulgarmente encontramos nos supermercados fora dos refrigeradores -, as temperatu-ras são mais elevadas, o que possibilita um maior perío-do de conservação do produto. Submetidas ao calor, as bactérias e vírus são mortas, tornando o leite seguro para consumo humano. “Se efetivamente houver boas condi-ções de maneio, de higiene na própria colheita do leite, este virá sempre com quantidades mínimas de bacté-rias, mas, ainda assim, essas bactérias sofrem morte di-reta no tratamento térmico”, afirma Ana Maria Gomes.

O leite cru retirado diretamente da vaca sem qualquer tratamento térmico, por outro lado, pode ter alguns contaminantes. “Quando nós falamos de leite cru, este pode estar contaminado com bactérias patogénicas. Nós sabemos que pode ter a bactéria responsável pela tuberculose, pela brucelose, salmonelas… No leite cru é possível, mas as pessoas são alertadas que não devem consumir leite cru”, explica Paula Teixeira. Os próprios Produtores de Leite que consomem o leite retirado das suas vacas fervem o leite antes de o consumir, execu-tando um processo semelhante à pasteurização.

Nem as “bactérias (líderes em contaminação)” nem o “vírus da leucemia bovina”, referido na publicação, nem mesmo qualquer outro vírus sobrevive ao processo de pasteurização. De qualquer modo, o vírus da leucemia bovina - também conhecido como leucose - não é visto como um problema, pois não só está erradicado em Por-tugal como não provoca qualquer efeito nos humanos. “Portugal já erradicou o vírus da leucose”, garante Ricar-do Bexiga, médico veterinário e professor de Clínica de Espécies Pecuárias na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. “Neste momento estamos a tentar erradicar a brucelose e a tuberculose. Existe um plano nacional de erradicação e todos os animais são tes-tados todos os anos”.

O tratamento dos animais é também uma preocupação no que toca à produção de leite e um dos assuntos refe-ridos na publicação sob a forma de “antibióticos”. Uma vaca que tenha algum problema de saúde - os mais fre-quentes são as infeções das glândulas mamárias, conhe-cidas por mastites, e as infeções uterinas - é submetida a um tratamento que pode passar pela admissão de anti-bióticos, o que deixa o animal fora do processo de produ-ção de leite durante algum tempo. “Todos os antibióticos têm intervalos de segurança claramente definidos para a carne ou para o leite”, diz Ricardo Bexiga, acrescentando

"Acho que é mesmo importante que o consumi-dor tenha confiança naquilo que consome e na indústria alimentar, porque a indústria alimen-tar é altamente controlada e nunca foi tão con-trolada como é hoje. Esse tipo de notícias só vem lançar a confusão porque são desinformações, a maior parte das vezes sem qualquer fundamen-to”.Ana Maria Gomes, especialista na área de Ciência e Tecnologia Alimentar e professora na Univer-sidade Católica do Porto

Artigo Leite

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CONCLUSÃOEste conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteú-do é falso. As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificado-res de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

FALSO

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que “durante aquele tempo, o leite continua a ser orde-nhado, mas não vai para consumo humano”.

Os antibióticos são uma das principais preocupações da indústria de produção de leite e nenhum leite é proces-sado depois de ser identificada a presença destes medi-camentos. “Haver antibiótico no leite é o maior desastre que pode acontecer na vacaria”, sublinha o veterinário. Porquê? “Imaginando que temos 10 mil litros de leite numa cisterna e há uma vaca que tem antibióticos e que, por azar ou falta de marcação do animal, aquele antibió-tico foi para o tanque. Na fábrica é feito o teste e esse leite tem de ser destruído”, explica. Nesses casos, o Pro-dutor não recebe o valor pelo leite vendido e pode ter que pagar o prejuízo a outros Produtores se contaminar o leite de outras vacarias.

Em cada fase da produção, o leite é testado e analisado e existem vários elementos que são tidos em conta: o teor de proteína, de gordura assim como as células somáticas, também conhecidas como glóbulos brancos. “São células de reação inflamatória que estão presentes no leite mes-mo sem infeção - como nós temos no sangue - a vigiar a entrada de algum microrganismo”, afirma Ricardo Bexiga.Numa vaca saudável, a concentração ronda as 50 mil cé-lulas por mililitro (50 milhões por cada litro) e a legislação ao nível da União Europeia não permite a produção de leite com valores de células somáticas superiores a 400 mil por mililitro (400 milhões por litro). “São as mesmas células que estão no pus? Sim, mas não tem nada a ver uma coisa com a outra", refuta o médico veterinário. "Era a mesma coisa que dizer que o sangue era igual ao pus e não é. O pus é uma concentração muito elevada de gló-bulos brancos”.

A publicação refere ainda as “dioxinas” que, como explica Paula Teixeira, são “contaminantes ambientais” que não é expectável que estejam presentes no leite porque o ambiente é controlado; de “alumínio” que, segundo Ana Maria Gomes, pode estar relacionado com as antigas bi-lhas de transporte mas “hoje em dia as bilhas são de aço inoxidável e portanto a contaminação por metais não se coloca”; de “hormonas”, referindo-se provavelmente à BST um composto hormonal que faz o animal produzir leite e que na Europa não é permitido; aos “solventes de limpeza” que segundo a mesma professora “têm de ser licenciados” ao abrigo das “boas práticas de higiene e re-quisitos de segurança alimentar”; e, por fim, das “subs-tâncias radioativas” que Paula Teixeira diz não conseguir perceber qual o fundamento de tal alegação.

Do pasto ao copo, o processo do leite em PortugalCarlos Neves, Produtor de Leite e vice-presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal, estava no meio das suas vacas quando explicou ao Polígrafo o processo de produção do leite. “As vacas são ordenhadas duas a três vezes por dia na sala de ordenha”, começa por

dizer, acrescentando que o leite é arrefecido e guarda-do em refrigeradores específicos até ser carregado para a cisterna que o transporta até às fábricas de produção. “Todo o leite que sai da vacaria é analisado e se, por azar, contaminássemos o leite, o agricultor não recebia e tinha de pagar o prejuízo dos outros”, salienta.

Para evitar que haja essa contaminação, os Produtores de Leite dispõem de kits que permitem fazer uma pri-meira análise à presença de antibióticos no leite. No camião é feito um teste, ao chegar à fábrica é feito ou-tro e, chegado ao fim o processo, ainda é necessário realizar um controlo de qualidade. “Quem está hoje na atividade foi quem resistiu e quem cumpre uma série de exigências de fiscalização e de análise. É um produto muito controlado e produzido com todos os cuidados”, garante, deixando ainda uma certeza em tom de brinca-deira: “O único leite que leva coisas é o leite achocola-tado, leva açúcar e chocolate”.

“Acho que é mesmo importante que o consumidor tenha confiança naquilo que consome e na indústria alimentar”, enfatiza Ana Maria Gomes. “Porque a indústria alimentar é altamente controlada e nunca foi tão controlada como é hoje. Esse tipo de notícias só vem lançar a confusão porque são desinformações, a maior parte das vezes sem qualquer fundamento”.

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Artigo Técnico

A CONFAGRI, em conjunto com diversas organizações europeias, uniu esforços para apoiar a iniciativa “Euro-pean Livestock Voice” através da disponibilização e di-vulgação do site Meat the Facts, que tem como objetivo o esclarecimento de questões recentemente trazidas a público sobre os mitos e estereótipos associados ao se-tor pecuário e de produção de carne.

SOBRE A EUROPEAN LIVESTOCK VOICEAs eleições Europeias de 2019 trouxeram para o topo da agenda pública os temas do bem-estar animal e da pro-dução pecuária. Os agricultores, assim como todos os profissionais do setor, são cada vez mais confrontados com informações erradas, muitas vezes sem a capacida-de e/ ou a possibilidade de responder. Esta situação tem de mudar. Estamos convencidos que todos os sistemas de produção pecuária trouxeram e continuarão a trazer muitos benefícios à Europa, num processo de melhoria contínua das suas práticas.

A “European Livestock Voice” é um grupo diverso de parceiros da fileira pecuária da União Europeia que decidiu unir-se com o objetivo de retomar um diálogo equilibrado sobre um setor que desempenha um papel essencial na rica herança e no futuro da Europa. Estas organizações que representam todos os setores da filei-ra pecuária, pretendem informar o público sobre o valor social da produção pecuária e a sua contribuição para os desafios globais, mostrando outra perspetiva para os atuais debates.

MANIFESTO DA CAMPANHADe facto, o setor pecuário está hoje no epicentro dos debates públicos na Europa e do Mundo. Estes debates trouxeram muitos mitos e estereótipos que criam uma imagem que contrasta fortemente com a realidade sen-tida e vivida diariamente por milhares de agricultores europeus e pelos profissionais que os apoiam nas suas explorações agrícolas. Esta situação é perigosa uma vez que o modelo de produção pecuária da UE enfrenta enormes desafios para assegurar a viabilidade econó-mica, a renovação geracional e a adaptação aos requisi-tos sociais e ambientais.

O modelo de produção pecuária da UE, baseado em estruturas agrícolas locais e familiares diversificadas, é a espinha dorsal das áreas rurais da Europa. Suporta um grande número de empregos e indústrias, contribui para a abordagem circular na bioeconomia, ao mes-mo tempo que garante um fornecimento constante e acessível de alimentos seguros e nutritivos, necessários para uma dieta equilibrada. Enquanto o setor está cons-ciente e a encarar os diversos desafios, a eliminação da produção pecuária da Europa, um “Livestock Exit”, teria consequências drásticas. A “European Livestock Voice” pretende dar a conhecer os factos e o outro lado da his-tória equilibrando o debate sobre o futuro da pecuária. Não lhe vamos dizer o que deve pensar ou o que fazer, mas é fundamental que conheça os dois lados da histó-ria, porque quando faz uma escolha, também escolhe todas as suas consequências! #MeattheFacts

MEAT FACTSTH

ETEXTO

Adaptado por AGROS

FONTE Meat the Facts:

www.meatthefacts.pt

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Tendo em consideração o investimento realizado com a aqui-sição de uma Ceifeira Debulhadora da marca CLAAS, Modelo Avero 240 e de uma Frente Moressil MR700, quais as principais razões que o levaram a decidir pela solução disponibilizada pela Agros Comercial?Penso que a ceifeira CLAAS sempre foi pioneira na debulha. Sempre gostei desta marca de equipamentos e aproveitei o fac-to de a Agros Comercial ser representante para a poder adquirir e fechar o negócio.

Está satisfeito com os resultados obtidos pelo equipamento adquirido tendo em conta que é utilizado na prestação de ser-viços, estando por isso sujeito a uma maior variabilidade nas condições que poderão influenciar o seu desempenho? Acon-selharia este equipamento a outros interessados? A máquina faz um bom trabalho. Ceifa e debulha o milho de for-ma perfeita. Um dos meus receios era que partisse o grão, mas a máquina faz uma ótima debulha. Depois da fase de adaptação, cerca de 4 ou 5 dias depois de trabalhar com ela, foi afinada e desde então executa um ótimo trabalho. Tirando o facto de ter grandes dimensões, não existindo grandes áreas na região para uma máquina destas trabalhar, cumpre o serviço. Estou satisfeito e aconselho este equipamento a outros interessados.

Quais são as principais diferenças em relação a outras even-tuais soluções disponibilizadas pelo mercado? Pela relação qualidade vs. preço? Pela versatilidade, facilidade de operar, ou por outros fatores?Penso que é das melhores ceifeiras que existe no mercado. Tinha visto 3 equipamentos, sendo uma bastante mais dispendiosa e a outra com um preço semelhante a esta. Os fatores decisivos

Agros Comercial - Grupo AGROS

Cândido Manuel Silva MirandaFoto: Cândido Manuel Silva Miranda

Localidade Barqueiros, Barcelos

Ano da Fundação 2014

Cliente Agros Comercial Desde 2018

foram o motor e o sistema de visibilidade. Gostei sempre desta marca e é muito conceituada.

Considera positivo o apoio, disponibilidade e rapidez na respos-ta dados pela empresa Agros Comercial? Quais os aspetos que considera mais positivos na forma de trabalhar da empresa?Estou satisfeito com a Agros Comercial. Tive até um problema com o equipamento num terreno e eles trabalharam durante todo o dia para que estivesse pronto ao serviço no dia seguinte. De momento não tenho nada a apontar e considero positivo o apoio prestado.

Tem trabalhado com a Agros Comercial em mais alguma gama de produtos (Material Tubular, Produtos de Higiene, Máquinas Agrícolas, Equipamentos de Refrigeração, Manutenção e Assis-tência Técnica, etc.)? Quais os motivos?Sim, tenho comprado AdBlue e mais dois ou três produtos. A em-presa ainda é recente na área das máquinas agrícolas, mas têm-me facilitado muito em diversas situações.

Para si quais as áreas de negócio ou tipo de produtos que en-tende que poderiam ser alargadas e que a Agros Comercial po-deria desenvolver?A área das máquinas agrícolas deveria ser mais divulgada. A mar-ca CLAAS, que a Agros Comercial representa, é uma boa marca para expandir o mercado. E apostar também na formação de pes-soal especializado na área da mecânica para responder de forma mais eficaz às necessidades dos clientes.

Pretende manter a Agros Comercial como parceira?Sim, de momento não tenho nenhum aspeto que indique o contrário.

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Tendo em consideração o investimento realizado com a aqui-sição de uma grade rápida da marca Lemken, Modelo - Rubin 9/300U, quais as principais razões que o levaram a optar pela decisão de trabalhar com a Agros Comercial?As principais razões que me levaram a optar trabalhar com a Agros Comercial foi pela fiabilidade da própria empresa e pela assistência prestada.

Está satisfeito com os resultados obtidos ao nível do desem-penho do equipamento na sua Exploração? Aconselharia este equipamento a outros Produtores? Sim, surpreendeu-me! Já tinha visto outras máquinas a trabalhar e por isso escolhi a marca Lemken. Dentro da gama de grades rápidas, considero que é um equipamento que executa um ex-celente trabalho e presta um serviço perfeito no campo. Assim, recomendo a aquisição desta grade a outros Produtores. Quais são as principais diferenças em relação a outras even-tuais soluções disponibilizadas pelo mercado? Pela relação qualidade vs. preço? Pela versatilidade, facilidade de operar, ou por outros fatores?Pelo serviço final no terreno. Já tínhamos visto outro tipo de gra-des de marcas concorrentes a trabalhar, antes da aquisição deste modelo, e, nas mesmas condições de trabalho, ficamos mais sa-tisfeitos com a Lemken, sendo muito fácil de operar.

Exploração Silvestre Rebelo da SilvaFoto: Silvestre Rebelo da Silva e filho.

Localidade Labruge, Vila do Conde

Ano da Fundação 1987

Nº de Animais 210 dos quais 80 vacas lactantes

Cliente Agros Comercial Desde 2007

Quantidade Contratualizada 988.327 Litros

Cliente Empresas Grupo AGROS Segalab e PEC Nordeste

Considera positivo o apoio, disponibilidade e rapidez na respos-ta dados pela empresa Agros Comercial? Quais os aspetos que considera mais positivos na forma de trabalhar pela empresa?A nível do apoio prestado por toda a equipa técnica, sempre que precisamos de algo, como a afinação da máquina, etc., têm de-monstrado disponibilidade total.

Tem trabalhado com a Agros Comercial em mais alguma gama de produtos (Material Tubular, Produtos de Higiene, Equipamentos de Refrigeração, Manutenção e Assistência Técnica, etc.)? Sim, com produtos de higiene para a ordenha e adquirimos tam-bém uma escova para os animais. Recentemente compramos ainda placas de vigas para cobrir a parte da recria.

Para si quais as áreas de negócio que entende que poderiam ser alargadas e que a Agros Comercial poderia desenvolver?Dentro daquilo que necessitamos para exercer a nossa profissão, penso que a Agros Comercial tem um portfólio que abrange pra-ticamente tudo.

Pretende manter a Agros Comercial como parceira da sua Ex-ploração?A nível de qualidade e preço, a empresa satisfaz as nossas neces-sidades na Exploração. Por isso, sim. Pretendemos manter a Agros Comercial como parceira no futuro.

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Artigo Técnico

A Comissão Europeia apresentou, a 11 de dezembro de 2019, o Pacto Ecológico Europeu — um roteiro para tornar a economia da União Europeia (EU) sustentá-vel, transformando os desafios climáticos e ambientais em oportunidades em todos os domínios de interven-ção política e proporcionando uma transição justa e inclusiva para todos. A presidente Ursula von der Le-yen afirmou: «O Pacto Ecológico Europeu é a nossa nova estratégia de crescimento; um crescimento que adiciona mais do que subtrai. Mostra como transformar o nosso modo de viver e trabalhar, de produzir e consumir, por forma a termos uma vida mais saudável e a tornar as nossas empresas inovadoras. Todos podemos participar na transição e todos podemos beneficiar das oportunida-des geradas. Se tomarmos a dianteira e avançarmos rapidamente, contribuiremos para que a nossa econo-mia seja líder mundial. Estamos determinados em ser bem-sucedidos, em prol do nosso planeta e da vida na Terra — em prol do património natural da Europa, da biodiversidade, das nossas florestas e dos nossos mares. Ao mostrarmos ao resto do mundo como ser sustentável e competitivo, podemos convencer outros países a avançarmos juntos.»

O vice-presidente executivo, Frans Timmermans, acrescentou: «Vivemos uma situação de emergência climática e ambiental. O Pacto Ecológico Europeu é uma oportunidade para melhorar a saúde e o bem-es-tar dos nossos cidadãos, transformando o nosso mo-delo económico. O nosso plano indica como reduzir as emissões, restabelecer a saúde do nosso ambiente natural, proteger a vida selvagem, criar novas oportu-nidades económicas e melhorar a qualidade de vida dos nossos cidadãos. Todos nós temos um papel im-portante a desempenhar e todos os setores e países participarão nesta transformação. Além disso, é nossa responsabilidade garantir que a transição será justa e que ninguém ficará para trás na implementação do Pacto Ecológico Europeu.»

O Pacto Ecológico Europeu prevê um roteiro com ações para dinamizar a utilização eficiente dos recur-sos, através da transição para uma economia limpa e circular, e para pôr termo às alterações climáticas, in-verter a perda de biodiversidade e reduzir a poluição. Descreve os investimentos necessários e os instru-mentos de financiamento disponíveis e explica como assegurar uma transição justa e inclusiva.

Abrange todos os setores da economia, nomeadamen-te os transportes, a energia, a agricultura, o imobiliá-rio e indústrias como o aço, o cimento, as TIC, os têx-teis e a química.

PACTO ECOLÓGICO EUROPEU

TEXTOAdaptado por

AGROS

FONTE Comissão Europeia

O Pacto Ecológico Europeu perspetiva o caminho a seguir para converter a Europa no primeiro continente neutro do ponto de vista climático no horizonte de 2050, estimulando a economia, melhorando a saúde e a qualidade de vida das pessoas, cui-dando da natureza e não deixando ninguém para trás.

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A fim de concretizar em legislação a ambição política de fazer da Europa o primeiro continente neutro do ponto de vista climático no horizonte de 2050, a Co-missão apresentará, no prazo de 100 dias, a primeira «lei europeia do clima». Para realizar as nossas ambi-ções em termos climáticos e ambientais, a Comissão apresentará também a estratégia de biodiversidade para 2030, a nova estratégia industrial e o plano de ação para a economia circular, a estratégia «do prado ao prato» para uma alimentação sustentável e pro-postas para uma Europa sem poluição. Começaremos imediatamente a trabalhar no sentido de elevar os ob-jetivos europeus de emissões para 2030, definindo um caminho realista para o objetivo de 2050.

Para cumprir os objetivos do Pacto Ecológico Europeu, serão necessários investimentos significativos. Para a consecução dos objetivos climáticos e energéticos atuais para 2030, calcula-se que será necessário um investimento anual suplementar de 260 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 1,5 % do PIB de 2018 e exigirá a mobilização dos setores público e privado. No início de 2020, tendo em vista a cobertura das necessidades de financiamento, a Comissão apre-sentará um plano de investimento para uma Europa sustentável. Pelo menos 25 % do orçamento da UE a longo prazo deve ser consagrado a ações a favor do cli-ma e o Banco Europeu de Investimento – o banco eu-ropeu para o clima – garantirá apoios adicionais. Para que o setor privado contribua para o financiamento da transição ecológica, a Comissão apresentará, em 2020, uma estratégia de financiamento verde.

A luta contra as alterações climáticas e a degradação do ambiente é um esforço comum, mas o ponto de partida não é o mesmo em todas as regiões e em to-dos os Estados Membros. Um Mecanismo de Transi-ção Justa apoiará as regiões fortemente dependentes de atividades hipercarbónicas. Este mecanismo apoia-rá os cidadãos mais vulneráveis à transição, proporcio-nando acesso a programas de requalificação e opor-tunidades de emprego em novos setores económicos.Em março de 2020, a Comissão irá lançar um «Pacto sobre o Clima», com o objetivo de dar aos cidadãos uma voz e um papel na conceção de novas ações, na partilha de informações e na divulgação de atividades em pequena escala, assim como na apresentação de soluções, que possam ser generalizadas.

Os desafios mundiais das alterações climáticas e da degradação ambiental exigem uma resposta mundial. A UE continuará a promover as suas metas e os seus padrões ambientais nas convenções das Nações Unidas no domínio da biodiversidade e do clima e a reforçar a sua diplomacia «ecológica». O G7, o G20, as conven-ções internacionais e as relações bilaterais serão utili-zados para persuadir os outros a intensificarem os seus esforços. A UE utilizará também a sua política comercial para assegurar a sustentabilidade e estabelecerá parce-

rias com os seus vizinhos dos Balcãs e em África, para os ajudar nas suas transições.

PRÓXIMAS ETAPASA Comissão convida o Parlamento Europeu e o Con-selho Europeu a apoiarem as suas ambições para a economia e o ambiente futuros da Europa e a contri-buírem para a concretização desses desideratos. A Co-missão apresentará as medidas anunciadas no roteiro do Pacto Ecológico Europeu.

CONTEXTOAs alterações climáticas e a degradação do ambiente re-presentam uma ameaça existencial para a Europa e para o mundo. Para superar este desafio, a Europa necessita de uma nova estratégia de crescimento, que transforme a União numa economia moderna, eficiente no aprovei-tamento dos recursos e competitiva, em que não haja emissões líquidas de gases com efeito de estufa no ho-rizonte de 2050, em que o crescimento económico seja dissociado da utilização dos recursos e em que ninguém nem nenhuma região seja deixado para trás.

A União Europeia já tem um forte historial de redu-ção das suas emissões de gases com efeito de estufa, sem prejuízo do crescimento económico. Em 2018, as emissões foram 23 % inferiores às de 1990, tendo o PIB da União crescido 61 % no mesmo período. É pre-ciso, contudo, irmos ainda mais longe. A UE, dada a sua vasta experiência, está a liderar a criação de uma economia verde e inclusiva.

A comunicação sobre o Pacto Ecológico indica o rumo a seguir nos próximos meses e anos. Os futuros tra-balhos da Comissão terão em conta os pedidos de ação provenientes do público e as provas científicas incontestáveis amplamente apresentadas pelo IPCC, pela IPBES, pelo Global Resources Outlook e pelos relatórios SOER da AEA de 2019. As nossas propostas assentarão em factos comprovados e serão apoiadas por amplas consultas.

Uma esmagadora maioria dos europeus considera que a proteção do ambiente é importante (95 %). Quase 8 em cada 10 europeus (77 %) afirmam que a proteção do ambiente pode impulsionar o crescimento econó-mico. Os resultados do inquérito Eurobarómetro sobre as atitudes dos cidadãos da UE face ao ambiente con-firmam o amplo apoio público a legislação ambiental ao nível da UE, bem como ao financiamento, por parte da UE, de atividades respeitadoras do ambiente.

Em março de 2020, a Comissão irá lançar um «Pacto sobre o Clima», com o objetivo de dar aos cidadãos uma voz e um pa-pel na conceção de novas ações, na partilha de informações e na divulgação de atividades em pequena escala, assim como na apresentação de soluções, que possam ser generalizadas.

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Artigo Técnico

O ritmo diário de um bovino carateriza-se por fases al-ternadas entre alimentação, descanso e ruminação,

em que algumas intervenções humanas podem também ser relevantes em termos de atividade comportamental.

Os bovinos revelam padrões de organização social, que definem as suas interações entre grupos e entre ani-mais do mesmo efetivo, contribuindo para minimizar os efeitos negativos da competição. O conhecimento destes padrões de organização social é imprescindível para o maneio adequado dos animais, principalmente quando criados em sistemas de estabulação controla-dos, como no caso das vacas leiteiras.

Os animais não se dispersam ao acaso pelo estábulo, existindo uma grande relação com as estruturas físicas

COMPORTAMENTO SOCIAL EM BOVINOS

TEXTOProf. Doutor Joaquim Lima Cerqueira,

Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC)Centro de Ciência Animal e Veterinária (CECAV), UTAD - Vila Real

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e ambientais, assim como com o comportamento so-cial. Os bovinos normalmente apresentam um padrão de comportamento em que partilham os espaços com tolerância mútua entre si. Não são considerados ani-mais essencialmente territoriais, não sendo comum a defesa de áreas específicas de alimentação, descanso, socialização ou de qualquer outra. A vaca requer espaço individual que é representado pela área onde o animal se encontra e compreende ainda o espaço físico que o animal necessita para realizar os movimentos básicos, o espaço social que carateriza a distância mínima que se estabelece entre um animal e os restantes membros do efetivo animal. Existe ainda a denominada zona de fuga, que é uma área de segurança individual da vaca, que define a distância de conforto perante uma ameaça de outra vaca ou de qualquer outro animal ou pessoa.

HIERARQUIAS COMPORTAMENTAISOs sinais visuais representam um dos meios mais impor-tantes de comunicação em bovinos, uma vez que, por questões evolutivas, os mamíferos herbívoros possuem olhos grandes e ampla visão panorâmica, na ordem de 320°, uma adaptação que garante a sua sobrevivência, tendo em conta que numa perspetiva natural compor-tam-se como presas. A comunicação por intermédio de sinais visuais ou a linguagem corporal dos bovinos pode envolver movimentos de corpo inteiro ou apenas de de-terminadas regiões corporais. A mobilidade da cabeça dos bovinos, que permite vários posicionamentos em relação ao seu corpo, desempenha um papel muito im-portante, principalmente para demonstração de agres-sividade ou submissão.

Em confinamento as vacas demonstram a necessidade de estabelecer e desenvolver a capacidade de inter--relação com as restantes parceiras. A vaca procura o contacto com outros animais do efetivo em períodos de descanso, alimentação, deslocações, mas por sua vez necessita de manter ao seu redor um espaço vital mí-nimo que a delimita socialmente e sem o qual se sente ameaçada, traduzindo-se este efeito em maior agressi-vidade, desconforto e menor produtividade.

Um fator extremamente importante na gestão de con-flitos nas explorações de bovinos leiteiros é a separação dos vitelos por sexo e após o desmame por escalões etários previamente estabelecidos. Em vacas adultas é bastante comum constituírem-se grupos de animais por níveis diferenciados de produção de leite, o que facilita o maneio e a socialização entre os animais. Em bovi-nos, a reatividade pode ser influenciada facilmente pelo medo que o animal sente, ou seja, a reação que o ani-mal esboça perante a perceção de um perigo iminente, que ameaça a sua integridade, uma vez que desempe-nha um papel importante na prevenção de situações potencialmente perigosas.

A dominância num efetivo é estabelecida por inter-médio de interações agressivas entre vacas do mesmo grupo ao competirem por um determinado recurso, como por exemplo a prioridade no acesso ao cubículo,

"A VACA PROCURA O CONTACTO COM OUTROS ANIMAIS DO EFETIVO EM PERÍODOS DE DESCANSO, ALIMENTAÇÃO, DESLOCAÇÕES, MAS POR SUA VEZ NECESSITA DE MANTER AO SEU REDOR UM ESPAÇO VITAL MÍNIMO QUE A DELIMITA SOCIALMENTE E SEM O QUAL SE SENTE AMEAÇADA."

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cubículos e por vezes manifestação de claudicação se-vera) favorecida usualmente por problemas de dimen-sionamento dos estábulos e dos tipos de pisos (quando são escorregadios). Outros comportamentos anormais indicadores de stress poderão observar-se através do aumento exagerado da frequência de micção, defeca-ção, assim como diminuição do tempo de descanso, rejeição aos cubículos e prostrarem-se deitados nos corredores de circulação dos estábulos.

Por conveniência um efetivo de vacas leiteiras (lote) em contato permanente não deveria ultrapassar os 120 animais, até por facilitar o maneio geral das operações diárias do produtor. De qualquer forma, é importante que o efetivo seja estável na sua composição. Qualquer alteração, principalmente com a entrada de novos ani-mais vai alterar a hierarquia social previamente estabe-lecida, com influência direta na produção e bem-estar dos animais. O tipo de maneio e o número de animais do efetivo afetam a frequência e natureza do compor-tamento social e a ordem hierárquica. Como os efetivos de vacas leiteiras são muito dinâmicos, principalmen-te pela elevada taxa de substituição de animais (baixa longevidade produtiva), em apenas um ano é possível observar alterações do estatuto social em 25 a 30% do efetivo, em que uma vaca passa muito rapidamente de subordinada a dominante.

Os fatores mais importantes na definição da posição so-cial em vacas são a raça, a idade e o tamanho (estatura e peso), pelo que normalmente as primíparas são rele-gadas para as posições inferiores na hierarquia do efeti-vo. Os conflitos hierárquicos podem demonstrar maior frequência em efetivos mais heterogéneos, no entanto tendem a estabilizar na maioria dos casos com posturas de ameaça da parte das vacas dominantes e a subse-quente submissão e fuga das subordinadas.

Deve-se manter especial atenção com as vacas no pe-ríodo de secagem (entre 45 a 60 dias pré-parto), pois se a restrição de movimentos for muito severa poderá levar ao desenvolvimento de comportamentos anor-mais (enrolar da língua, lamber grades, entre outros), que tendem a prolongar-se e afetar também o início da próxima lactação.

à manjedoura, ao bebedouro ou à ordenha. As vacas dominantes são, portanto, as que ocupam as posições mais altas na hierarquia, com prioridade sobre qualquer recurso dentro da exploração.

Curiosamente, num efetivo de vacas leiteiras com algu-mas exceções de liderança, poderá referir-se que os ani-mais se comportam como uma unidade, na qual a maio-ria dos membros apresenta o mesmo comportamento simultaneamente. Existe sempre um animal (líder) que inicia o movimento ou as alternâncias de atividade, que normalmente é imitado pelos restantes animais do efe-tivo. Geralmente são as vacas mais velhas que lideram e isto faz sentido se considerarmos que a estrutura social dos bovinos é originalmente matrilinear.

DENSIDADE ANIMALNos sistemas intensivos de produção de bovinos leitei-ros é muito importante cumprir os rácios de densidade animal, no entanto quando são ultrapassados os limites aceitáveis verificam-se efeitos adversos sobre a expres-são do comportamento e do desempenho produtivo in-dividual das vacas. Quando a densidade é muito elevada os animais não podem evitar a violação do seu espaço individual, o que normalmente resulta num aumento das interações agonísticas e stress social. Quando os efetivos são muito grandes os animais revelam dificul-dades em reconhecer cada coabitante e em memorizar o estatuto social de todos, o que leva a um incremento da incidência de interações agressivas. Um bovino pode ser capaz de reconhecer e distinguir entre 50 a 70 in-divíduos diferentes, possivelmente através das suas caraterísticas fenotípicas e comportamentais. Os bovi-nos utilizam os principais sentidos para comunicação e por conseguinte o seu comportamento dependerá em grande parte da sua capacidade de perceção, relaciona-da principalmente com as caraterísticas sensoriais mais importantes como a visão, audição, olfato e tato.

Como resultado, os animais mantidos em grupos nume-rosos com alta densidade, manifestam redução do de-sempenho individual e apresentam anomalias compor-tamentais (estereótipos). Elevada densidade dificulta a possibilidade de manifestação de uma grande varie-dade de comportamentos, sendo comum a manifesta-ção de atitudes anómalas como apatia (diminuição do interesse por estímulos ambientais) e a diminuição da locomoção (menor frequência de alternâncias postu-rais, demoram mais tempo a deitar-se e levantar-se dos

"QUANDO A DENSIDADE É MUITO ELEVADA OS ANIMAIS NÃO PODEM EVITAR A VIOLAÇÃO DO SEU ESPAÇO INDIVIDUAL, O QUE NORMALMEN-TE RESULTA NUM AUMENTO DAS INTERAÇÕES AGONÍSTICAS E STRESS SOCIAL."

CONCLUSÃOAs vacas apresentam comportamento social típi-co com grande necessidade de interagir com as suas congéneres, formando grupos hierarquica-mente bem definidos. Para comunicar as vacas recorrem aos diferentes sentidos, mas é através do cheiro e da visão que percecionam melhor o ambiente em seu redor porque naturalmente são presas, sendo na maioria das vezes motivadas pelo medo. Por isso são estimuladas instintiva-mente à organização socialmente em grupos.

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Criar uma alternativa aos agricultores que desistiram da produção de leite.

Aproveitar a capacidade instalada existente na produção de silagem (maquinaria e área disponível).

Garantia de escoamento da produção.

O risco na obtenção da produção é diminuto face a outras alternativas.

INSTALAÇÕES SILARES E DE SECAGEM DE MILHO EM GRÃO

OGM Free (valorização do produto através da criação de uma linha de produtos OGM Free).

Diminuição da dependência da importação.

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Ucanorte XXI - Grupo AGROS

O milho é a cultura arvense mais importante em Por-tugal, estimando-se que envolva mais de 75.000

explorações agrícolas, ocupando 150.000 hectares de área cultivada do norte e sul do País. O milho nacional representa cerca de 35 a 40% do consumo interno, sen-do as restantes necessidades preenchidas por milho im-portado de várias regiões do mundo.

Ao longo dos últimos anos temos assistido à desistên-cia sistemática da produção de leite, que se traduz no abandono de terras ocupadas pela cultura de milho com destino à silagem. Pretendemos aproveitar os co-nhecimentos adquiridos ao longo dos últimos anos pe-los Produtores na produção de milho, com o intuito de incrementar novamente uma cultura de milho grão que já ocupou grande parte da região e que, por falta de in-fraestruturas, não se desenvolveu ao mesmo ritmo que em outras localidades.

A Direção da Ucanorte XXI, atenta a esta necessidade, decidiu investir na instalação de um secador de milho com grande capacidade, criando assim condições para que os Produtores possam aí secar o milho produzido. Um dos fatores limitativos na produção de qualquer cultura é a garantia de escoamento do produto final, que neste caso será assegurada dentro das condições de mercado.

Esta nova forma de abordar a cultura requer uma pro-fissionalização dos Produtores, pois vamos estar em pé de igualdade com a concorrência de outras regiões que há muito produzem milho para o mercado. Essencial-mente, a produção de milho com destino a silagem ou grão tem por base os mesmos princípios, no entanto, é necessário reforçar os cuidados quando o destino do milho é para grão.

De seguida, serão abordados alguns aspetos da produ-ção, com destaque para fatores principais que podem influenciar a produtividade do milho grão por hectare.

PREPARAÇÃO DO SOLO E SEMENTEIRAÉ nesta fase que serão iniciados os trabalhos, tendo como objetivo a máxima produção por hectare. A preparação do solo deve ser de forma a criar uma es-trutura de solo favorável a uma rápida e homogénea germinação, assim como um bom desenvolvimento do sistema radicular, que permita à planta uma boa sustentabilidade e um conveniente aproveitamento da água e nutrientes.

Na produção de silagem, a escolha do ciclo da varieda-de é uma decisão importante já que pode comprome-ter a qualidade do produto final. Quando a cultura tem como destino o grão, esta decisão torna-se ainda mais fundamental porque não só aumenta o risco da colhei-ta decorrer num ambiente invernal (risco de chuva e vento), assim como de ser feita com humidade alta, encarecendo a matéria-prima com gastos desneces-sários na secagem. Por estas razões, é preciso enca-rar esta fase com atenção e cautela, e tomar decisões conscientes de forma a minimizar os riscos. Quanto à densidade de sementeira, esta deve ser a recomenda-da pelas empresas detentoras da marca de milho, pois têm como base centenas de ensaios que lhes permi-tem recomendar uma densidade para obter o máximo potencial das variedades. A velocidade de sementeira deverá ser 4-5 Km/hora, para atingir uma maior homo-geneidade da germinação.

FERTILIZAÇÃOTodos os nutrientes são importantes para o sucesso da cultura, mas o azoto em particular deverá ser planeado com algum cuidado, devido ao forte impacto que poderá ter, não só a nível económico, mas também ambiental.

A aplicação de azoto deve ter em consideração os se-guintes aspetos:

• Necessidades de azoto pela cultura de milho;• Fornecimento de azoto à cultura do milho a partir

do solo;• Coeficiente de utilização do azoto aplicado no

ano em causa, através de fertilizantes orgânicos e minerais;

• O aumento da mineralização das formas orgânicas de azoto no solo devido às regas;

• O fornecimento de azoto originalmente contido nas águas de rega.

Um dos pontos mais importantes é termos presente que o ritmo de absorção do azoto varia ao longo do ciclo cultural do milho:

• Até à fase das 8-10 folhas - 10% do total de azoto absorvido;

• Das 10 folhas até ao escurecimento das barbas - 60-70% do total absorvido;

• Durante o enchimento do grão - 20-30 do total absorvido.

Tendo em conta este ritmo de absorção devemos fracio-nar a fertilização de forma a colocar ao dispor das plantas

MILHO GRÃO: UMA CULTURA DE FUTURO COM ESCOAMENTO GARANTIDO

TEXTOUcanorte XXI

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o nutriente de acordo com as suas necessidades.Quando a cultura se destina à produção de grão, as nor-mas gerais a reter, relativamente às necessidades em azoto, são as seguintes:

• 22 kg de azoto por 1000 kg de grão (a 14,5% de hu-midade) para produtividade inferior a 10000 kg/ha;

• 21 kg de azoto por 1000 kg de grão (a 14,5% de humidade) para produtividade inferior a 10 12000 kg/ha;

• 20 kg de azoto por 1000 kg de grão (a 14,5% de humidade) para produtividade inferior a 10 12000 kg/ha.

REGAO regadio surge como a única forma de ultrapassar a ca-racterística de irregularidade pluviométrica e tirar partido do potencial de temperaturas e insolação de que dispo-mos na região. Com a rega, o Produtor dispõe de uma im-portante ferramenta para regular as produções da cultura.

A cultura do milho é sensível ao stress hídrico a partir das 10 folhas até ao estado pastoso do grão. Se ocorrer stress durante o período de floração, o número de flores é afe-tada, originando um menor número de grãos por m2. Se ocorrer mais tardiamente, na fase de enchimento do grão, o peso médio dos grãos diminui, comprometendo a produção. Em resumo, a água deverá ser disponibilizada ao longo do ciclo tendo em conta as necessidades da cultura na quantidade e qualidade requerida.

PROTEÇÃO FITOSSANITÁRIANa maioria da área cultivada em Portugal, a proteção fitossanitária limita-se ao tratamento de sementes, e a desinfeção do solo.

Pragas mais comuns: • Alfinete;• Roscas;• Scutigerella;• Ralos, etc.

COMBATE ÀS INFESTANTESNa cultura do milho é conveniente eliminar, o mais cedo possível, a concorrência das infestantes para que não fiquem comprometidos os níveis de produtividade pre-tendidos. O combate a infestantes deve ser eficaz de modo a assegurar que estas não venham a concorrer ao nível dos nutrientes existentes e ao mesmo tempo não venham a servir de local de multiplicação de agentes de pragas e doenças.

COLHEITAO milho está pronto para ser colhido a partir da matu-ração fisiológica do grão, o que acontece no momento em que 50% das sementes na espiga apresentam uma pequena mancha preta no ponto de inserção das mes-mas com o carolo.

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30 . REVISTA AGROS Nº40

Artigo Técnico

A importância económica da produção de leite e das outras características produtivas (kg e % de gordura e proteína), tem definido os principais objetivos de se-leção da maioria dos programas de melhoramento de bovinos leiteiros. A eficiência destes programas foi pro-vada na prática (Gráfico 1) com um crescimento da pro-

Características Reprodutivas na Avaliação Genética Nacional dos Bovinos da Raça Holstein-Frísia

TEXTOZootecnista Hugo

Teixeira Silva e Prof. Doutor Júlio

Carvalheira,CIBIO-InBio -

Universidade do Porto

GRÁFICO 1Evolução da

produção real de Leite nos últimos 15 anos, por ordem de

lactação (1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª+ Lactações). Médias por vaca/

ano de produção do rebanho Nacional

em contraste.

LEGENDA L1 L2 L3

L4+

dutividade dos animais em mais de 100% nos últimos 50 anos (dos 4-5.000 kg de leite por vaca/ano dos anos ’60 para os atuais 9-10.000 kg por vaca/ano).

Por todo o mundo houve progressos enormes na pro-dução e produtividade das vacas mas, como é sabido, a eficiência reprodutiva tem sofrido reveses importantes (e sem reprodução não há produção). Por exemplo, o número de dias entre partos consecutivos e o número de dias necessários para a vaca ficar de novo gestante, foram aumentando de ano para ano, acompanhando o progresso na produção mas no sentido inverso, isto é, mais dias para ficar prenha, menos partos durante a vida produtiva da vaca. Se levarmos esta tendência ao limite, poderemos ter uma vaca com alta produtividade por parto mas com uma baixa produção total durante a sua vida produtiva. Em termos de Melhoramento Ani-mal, dizemos que estas características (produção de um lado e fertilidade do outro) têm uma Correlação Negati-va pois, enquanto a seleção faz aumentar a produção e produtividade, a eficiência reprodutiva (características

10.500

10.000

9.500

9.000

8.500

8.000

7.500

7.0002000 2003 2006 2009 2012 2015

ANO DE PARTO

KG D

E LE

ITE

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REVISTA AGROS Nº40 . 31

relacionadas com a fertilidade) diminui, o que a longo prazo, pode pôr em causa o objetivo da exploração.

O rebanho Nacional não é exceção a este fenómeno. Apesar da produção de leite ser o principal produto da pecuária leiteira, as perdas económicas advindas de questões relacionadas com a fertilidade, como o au-mento de distúrbios reprodutivos, aumento do refugo involuntário de vacas, aumento na taxa de reposição, aumento dos custos com a inseminação e outras tec-nologias reprodutivas, fez com que os programas de melhoramento genético voltassem a sua atenção para as características reprodutivas. A produtividade média por vaca tem vindo a aumentar sistematicamente des-de que há registos na ANABLE (Associação Nacional de Criadores de Bovinos Leiteiros). Este progresso é sem dúvida resultado da seleção dos reprodutores para as características produtivas nestas últimas décadas. No entanto, nunca se proporcionou (até recentemente), avaliarmos as consequências (mesmo que indiretas) desta seleção em outras características nomeadamen-te, as reprodutivas.

O programa de melhoramento de bovinos leiteiros de Portugal inclui neste momento a avaliação de caracte-rísticas produtivas (leite, proteína e gordura), funcionais (contagem de células somáticas) e de conformação, as principais das quais fazem parte do M€T que corres-ponde ao nosso Índice de Mérito Total. Neste momento podemos dizer que já é possível ter acesso a dados de reprodução quer em quantidade, quer em qualidade para podermos proceder à sua análise com um nível su-ficiente de confiança.

O Gráfico 2 mostra, para vacas no 2.º parto, que a mé-dia da produção de leite Nacional tem aumentado a uma taxa de 131 kg por vaca/ano e no entanto, a Taxa de Prenhez dessas mesmas vacas tem baixado em mé-dia 0,08% ao ano. Estes valores refletem a ausência de características reprodutivas no M€T e urge portan-to colmatar essa lacuna de modo a mitigar uma ainda maior deterioração da fertilidade do rebanho Nacio-nal. Este é o resultado da seleção negativa, mesmo que feita de forma indireta, nas características repro-dutivas e são um exemplo da Correlação Negativa que existe entre estas duas características.

Neste sentido, estudos que permitam representar o pro-gresso genético reprodutivo dos rebanhos leiteiros são de grande importância para a avaliação dos resultados proporcionados pela seleção direta e/ou indireta, além de fornecer informações para auxiliar o desenvolvimen-to de estratégias a serem implementadas nos programas de melhoramento genético. É por este motivo que nos últimos 20 anos se tem observado um aumento consi-derável do número de trabalhos avaliando diferentes metodologias e características reprodutivas para serem incluídos nos processos de avaliações genéticas com o objetivo das incluir em Índices de Seleção.

10.400 26,50

10.000 26,00

9.600 25,50

9.200 25,00

8.800 24,50

8.400 24,00

8.000 23,50

7.600 23,002000 2003 2006 2009 2012 2015

ANO DE PARTO

KG D

E LE

ITE

O objetivo deste trabalho foi, portanto, apresentar os resultados da primeira avaliação genética para algumas características reprodutivas da população de bovinos da raça Holstein de Portugal e mostrar os efeitos da seleção indireta nestas características através da visualização grá-fica das respetivas tendências genéticas.

Os dados utilizados neste estudo foram obtidos através do BOVINFOR contendo, para além da informação geral sobre os animais e explorações, dados reprodutivos (da-tas de partos e de inseminações) das vacas da raça Hols-tein, coletados entre os anos de 1995 e 2018. As carac-terísticas reprodutivas avaliadas foram: intervalo entre partos (IP), definido como o número de dias entre dois partos consecutivos; intervalo entre parto e primeira in-seminação (IPIA), expresso como o número de dias entre o parto e a 1.ª inseminação após o período voluntário de espera pós-parto (42 dias); dias em aberto (DO), defini-do como o número de dias entre o parto e a insemina-ção fecundante; taxa de prenhez (DPR), correspondente a percentagem do número de ciclos éstricos (de 21 em 21 dias) após o período voluntário de espera que foram necessários para a vaca ficar gestante (DPR=21/((DO-42)+21)×100). Para a análise do DO, só foram considera-dos dados confirmados pelo parto seguinte, isto é, a data da inseminação fecundante mais o período de gestação (280±15 dias) teve que corresponder à data do parto se-guinte. De modo a manter a consistência com a avaliação das características produtivas, só foram utilizados dados referentes aos 3 primeiros partos.

A Tabela 1 dá uma indicação dos dados disponíveis. Os valores extremos foram eliminados e a normalidade dos dados foi verificada para todas as características. Os li-mites mínimos e máximos foram definidos sempre que possível de acordo com critérios biológicos e de maneio adaptado às nossas condições.

GRÁFICO 2Evolução da produção real de Leite na 2.ª Lactação (L2 - kg) versus evolução da Taxa de Prenhez (DPR - %) em vacas de 2.º parto. Médias por vaca/ano de parto do rebanho Nacional em contraste.

LEGENDA DPR-2: -0,08% de

Taxa de Prenhez/ano

L2: +131 kg de leite /ano

"A produtividade média por vaca tem vindo a aumentar sistemati-camente desde que há registos na ANABLE. Este progresso é sem dúvida resultado da seleção dos reprodutores para as característi-cas produtivas nestas últimas décadas."

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32 . REVISTA AGROS Nº40

Características1 Ordem do Parto N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

IP (dias)

1 399.650 426,4 86,63 307 730

2 295.541 426,2 82,99 307 730

3 185.878 426,8 82,04 307 730

Total 881.069 426,5 83,89

IPIA (dias)

1 169.332 87,6 31,48 42 168

2 158.887 87,8 31,54 42 168

3 105.044 89,3 31,53 42 168

Total 433.263 88,2 31,52

DO (dias)

1 337.259 122,7 53,33 42 252

2 253.108 125,2 53,10 42 252

3 146.114 125,2 52,43 42 252

Total 736.481 124,0 53,09

DPRb2 (%)

1 337.259 28,36 17,66 9,09 100

2 253.108 27,43 17,15 9,09 100

3 146.114 27,11 16,63 9,09 100

Total 736.481 27,79 17,29

Os modelos de avaliação usados para avaliar genetica-mente os animais são semelhantes aos usados interna-cionalmente (no nosso caso, modelo animal autorre-gressivo de repetibilidade) sendo portanto, compatíveis para publicação. Como em todas características repro-dutivas, a variabilidade genética estimada foi relativa-mente baixa, com uma heritabilidade variando entre 0,05 e 0,09. Estes valores são muito semelhantes aos reportados na literatura mundial e indicam que os fa-tores ambientais são muito importantes na expressão destas características. Por exemplo, o Gráfico 3 mostra como o IP varia de acordo com a Estação do ano em que se verificou o parto. A ocorrência de partos no Ou-tono (Estação 3) parece estar associada a IPs mais lon-gos quando comparada com outras Estações no mesmo ano. É interessante notar que também é no Outono que se observam os picos sazonais da produção de lei-te. Esta sazonalidade está com certeza associada a uma maior disponibilidade nutricional e a melhores condi-ções ambientais para a produção de leite nesta época.

TABELA 1Número observações

e descrição estatística sumária das características

avaliadas.

LEGENDA1IP = Intervalo

entre Partos; IPIA = Intervalo Parto 1ª Inseminação;

DO = Intervalo Parto Inseminação Fecundante; DPR =

Taxa de Prenhez.

2Antes da avaliação, a DPR sofre uma

transformação linear e muda de escala

para poder ser analisada (o conceito

é semelhante ao que acontece na

transformação das CCS em SCS).

GRÁFICO 3Influência do Ano-

Estação do parto no Intervalo entre

Partos. Médias ajustadas ao modelo

da avaliação do rebanho Nacional.

LEGENDA3Estação 1 =

Primavera; 2 = Verão; 3 = Outono; 4

= Inverno.

A relação entre as 4 características é evidenciada nos gráficos do progresso genético (Gráfico 4). Enquanto no IP, IPIA e DO quanto mais dias, menor a eficiência reprodutiva, o inverso verifica-se no DPR onde, quanto maior a percentagem de prenhez, maior a eficiência re-produtiva o que explica a curva desta ser praticamente inversa à do DO (para cada 1% de DPR corresponde a uma diminuição de 4 dias no DO). De uma forma geral, todas estas características têm uma evolução genética semelhante (o formato da curva é praticamente coin-cidente) o que justifica o uso quase exclusivo do DPR como característica de eleição para inclusão nos Índi-ces de Seleção. A Taxa de Prenhez (Gráfico 4: DPR) é conceptualmente uma característica fácil de compreen-der e apresenta-se numa escala em que maior significa melhor. As tendências genéticas para as características reprodutivas têm vindo a melhorar nos últimos anos. A DPR por exemplo, apresenta um progresso positivo nos machos de 0,4% por ano (desde 2000) e nas fêmeas de 0,3% por ano (desde 2008).

IP (D

IAS)

427,5

427,0

426,5

426,0

425,5

425,0

424,5

424,02010-1 2010-2 2010-3 2010-4 2011-1 2011-2 2011-3 2011-4 2012-1 2012-2 2012-3 2012-4 2013-1 2013-2 2013-3 2013-4 2014-1 2014-2 2014-3 2014-4 2015-1 2015-2 2015-3 2015-4

ANO-ESTAÇÃO DO PARTO3

Artigo Técnico

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REVISTA AGROS Nº40 . 33

15

10

5

0

-5

-10

-15

-201980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

ANO DE NASCIMENTO

EBV-

DO

(DIA

S)

30

20

10

0

-10

-20

-30

-401980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

ANO DE NASCIMENTO

EBV-

DO

(DIA

S)

IP

5

4

3

2

1

0

-1

-21980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

ANO DE NASCIMENTO

EBV-

DO

(DIA

S)

6

4

2

0

-2

-4

-6

-81980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

ANO DE NASCIMENTO

EBV-

DO

(DIA

S)

DPR

IPIA

A correlação negativa destas características com a produção de leite tem também origem genética. Se observarmos o progresso genético do DPR, por exem-plo, em relação com o progresso genético do leite (Gráfico 5), verificamos que a progressão é inversa, isto é, o ponto de inversão das curvas coincide (a par-tir do ano 2000 para os Touros e 2008 para as Vacas) e após os quais, o leite tende a descer enquanto, pelo contrário, o DPR passa a ter uma resposta positiva. Esta resposta deve ser considerada como uma respos-ta indireta pois em Portugal o DPR nunca foi incluído como critério de seleção.

GRÁFICO 4Tendências genéticas de touros e vacas por ano de nascimento para as características.

LEGENDA Machos Fêmeas

GRÁFICO 5Comparação das tendências entre os progressos genéticos do Leite e do DPR ao longo do tempo.

LEGENDA DPR Leite

Com este trabalho pretende-se entregar mais uma ferramenta para apoiar a seleção dos bovinos da raça Holstein. A disponibilização destes valores genéticos no sistema do BOVINFOR vai permitir aos criadores e seus assessores terem uma noção mais concreta dos seus patrimónios genéticos e poderem assim tomar decisões de seleção mais coerentes com os objetivos das suas explorações. Outra prioridade da equipa de investiga-ção será estudar a inclusão da DPR no M€T de modo a minimizar as consequências negativas que uma seleção exclusivamente centrada na produção pode trazer à efi-ciência reprodutiva do rebanho Nacional.

DO

DPR

(%)

DPR

(%)

1.000 4

500 2

0 0

-500 -2

-1.000 -4

-1.500 -6

-2.000 -8

-2.500 -101980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

ANO DE NASCIMENTO

KG D

E LE

ITE

TOUROS1.000 4

500 2

0 0

-500 -2

-1.000 -4

-1.500 -6

-2.000 -8

-2.500 -101980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

ANO DE NASCIMENTO

KG D

E LE

ITE

VACAS

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34 . REVISTA AGROS Nº40

Acontecimentos

O projeto MilkEE promoveu os primeiros eventos públicos nos dias 23 e 24 de setembro de 2019

na PROLEITE (Ul - Oliveira de Azeméis), e no Espaço AGROS (Póvoa de Varzim). Os eventos foram dirigidos aos técnicos que, de forma direta ou indireta, pres-tam apoio aos Produtores de Leite. Durante as duas sessões foram abordados todos os temas envolvidos nesta iniciativa, tendo a apresentação da mesma sido realizada pela CONFAGRI, resultante de um consórcio entre esta entidade e a AGROS, PROLEITE, LACTICOOP, UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e o ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade.Foram divulgados os resultados dos diagnósticos ener-géticos e hídricos a explorações leiteiras, conduzidos pelo ISQ, tendo o Eng.º João Silva deste Instituto apre-sentado os resultados obtidos evidenciando os princi-pais consumos e analisado as principais medidas que permitem aumentar a eficiência destas explorações nestes domínios.O Prof. Doutor Henrique Trindade da UTAD fez o diag-nóstico das explorações relativamente ao uso dos

efluentes, evidenciando a importância do balanço de nutrientes na gestão das explorações leiteiras.O ISQ, na pessoa do Eng.º Pedro Miranda, apresentou ainda a aplicação MilkEE, desenvolvida no âmbito do projeto e que permite a cada exploração leiteira ace-der e, carregando alguma informação relativa aos seus consumos e equipamentos, ter um autodiagnóstico com sugestões de melhoria, além de fazer uma análise comparativa com a média das outras explorações que já utilizaram a aplicação, mantendo sempre a confi-dencialidade dos dados.No evento da PROLEITE, foram ainda convidados os técnicos da DGADR – Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Eng.ª Patricia Moreira da Fonseca, Eng.º Pedro Borges e Eng.ª Carla Dias que apresentaram uma comunicação sobre as emissões de amoníaco a partir dos efluentes pecuários e da sua va-lorização e a forma de minimizar essas emissões.Na sessão da AGROS foi a vez da Agros Comercial, que, na sequência da intervenção do Eng.º João Sil-va, apresentou a sua experiência sobre algumas solu-

TEXTOAdaptado por AGROS

FONTE CONFAGRI

FOTOS1. Painel de oradores.

Sessões de Apresentação do Projeto MilkEE

1

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REVISTA AGROS Nº40 . 35

ções de eficiência energética ao alcance das explora-ções leiteiras.Depois das primeiras apresentações do projeto, dirigi-das aos técnicos ligados à produção leiteira, seguiram-se novos eventos com vista à divulgação e transferên-cia de conhecimentos dos resultados aos Produtores de Leite em Oliveira de Azeméis e Montemor-o-Novo, a 25 e a 27 de novembro de 2019, respetivamente, e a 3 de dezembro novamente no Espaço AGROS.Neste último evento, a apresentação do projeto Mil-kEE, que visa promover a competitividade dos Pro-dutores de Leite através da diminuição dos custos de produção, mostrando que é possível ter explorações mais competitivas e em simultâneo ambientalmente mais sustentáveis, mediante a melhoria da eficiência na utilização da água, da energia e dos efluentes, este-ve a cargo do Eng.º Domingos da CONFAGRI.Este é um projeto cofinanciado pelo Programa de De-senvolvimento Rural 2014-2020 (PDR 2020), Portugal 2020 e pela União Europeia – Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural.

Parceria MilkEE – Promoção da utilização efi-ciente de recursos e bioeconomia das explo-rações leiteiras

Objetivos e Resultados esperados Os Produtores de Leite e respetivas Cooperativas, como a maioria das empresas, sentem constantemente a pressão para se manterem competitivas e reduzirem os seus custos. No entanto, a discussão atual está focada na perspetiva do preço pago por litro de leite, e atra-vés deste projeto a parceria pretende focar na questão do custo de produção, que é algo em que o Produtor pode atuar, ao contrário do que acontece com o pre-ço. Ultrapassar esta barreira inicial será fundamental, e deverá ser realizada através da caracterização dos sis-temas relacionados com os consumos de energia e de água de forma a mostrar claramente aos Produtores o peso que tem o consumo de recursos nos seus custos, para depois sensibilizar e formar relativamente a ações a adotar para a sua redução. Mobilizar as explorações leiteiras para a adoção de um modelo económico mais sustentável, com base na utilização eficiente de recur-sos e a promoção da bioeconomia através da valoriza-ção de subprodutos procurando estabelecer as ações para a realização de projetos setoriais de dimensão acrescida, promovendo a economia circular. Alicerçado num conhecimento maturado no domínio da eficiência no uso de recursos e bioeconomia, e nos conhecimen-tos mais recentes a nível internacional, a CONFAGRI, o ISQ, a UTAD e as Uniões de Cooperativas AGROS, LACTI-COOP e PROLEITE, empreendem um conjunto de ações de capacitação e mobilização das explorações leiteiras para a eficiência no uso de recursos e promoção da bioeconomia, procurando estabelecer no setor as con-dições de base para a realização de projetos setoriais de dimensão acrescida, promovendo a economia circular.

FOTOS 2. Sessão de abertura - Sr. José Capela, Presidente do Grupo AGROS.

3. Intervenção do Eng.º João Silva, ISQ.

4. Intervenção do Eng.º Domingos Godinho, CONFAGRI.

2

3 4

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36 . REVISTA AGROS Nº40

Acontecimentos

A 12.ª edição do evento competitivo de ornitofilia “Grande Prémio Costa Verde” decorreu entre os

dias 18 e 20 de outubro no Espaço AGROS, organizado pela Associação de Canaricultores de Vila do Conde (ACVC), e contou com o apoio da AGROS, da Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Vila do Conde e da Federação Ornitológica Nacional Portuguesa.

Já com comprovado sucesso, a organização da Expo Barcelos, também conhecida como a “Festa do Galo”,

levou a cabo a 8.ª edição deste certame, realizada entre os dias 11 e 13 de outubro de 2019, no Estádio Cidade de Barcelos.Marcaram presença na Feira de Atividades Económi-cas de Barcelos diversos setores, como o comércio local, indústria, têxtil, turismo, gastronomia, artesana-

Esta iniciativa surge com o objetivo de fomentar o gosto pelos canários, por criadores e amantes destas aves, e assim assegurar uma evolução constante da ACVC através da angariação de novos associados, ami-gos e apoiantes. Com cerca de 1250 aves e mais de 90 expositores a concurso, a preparação desta exposição teve início no dia 12 de outubro com a receção dos animais, e prolongou-se até ao dia 17 com julgamento e atribui-ção da respetiva classificação aos canários. O dia 18 de outubro ficou marcado como a abertura oficial do evento ao público geral, onde a variedade de espéci-mes foi um fator de grande atração. Destaca-se a visi-ta de entidades oficiais convidadas, como a Vereadora da Câmara Municipal de Vila do Conde, Dr.ª Dália dos Santos Vieira e o Presidente da Junta de Freguesia de Vila do Conde, Dr. Isaac Braga.Assumindo a vincada identidade da AGROS como uma empresa cooperativa líder nacional ao nível da reco-lha, rastreabilidade e qualidade do Leite, é crucial pro-mover um apoio ativo a iniciativas de cariz social na região onde se insere. É com esse espírito de respon-sabilidade que, com satisfação, a AGROS se associa, ano após ano, ao “Grande Prémio Costa Verde”.

to, entre outros, com destaque para o setor agrope-cuário, com o 4.º Concurso de Galos (vivos) de Barce-los e o 6.º Concurso Regional da Raça Holstein Frísia Agribar, que incluiu também o 2.º Concurso de Jovens Manejadores Agribar. No que concerne a este último, organizado pela João Dantas Unipessoal, Lda., em par-ceria com a Cooperativa Agrícola de Barcelos, e com o apoio técnico da Associação Portuguesa dos Criadores da Raça Frísia - APCRF, da Associação para o Apoio à Bovinicultura Leiteira do Norte – ABLN e apoio da Câ-mara Municipal de Barcelos, de entre os diversos pré-mios atribuídos, destaca-se o seguinte: Vaca Grande Campeã Jovem (J) pertencente à Sociedade Agro-Pec. Vilas Boas & Pereira Lda., que arrecadou também a distinção de Melhor Criador na categoria geral.Tendo em consideração a importância e destaque da produção leiteira no concelho de Barcelos, é funda-mental para a AGROS e restantes empresas do Grupo fazerem-se representar nesta iniciativa, divulgando os seus produtos e serviços.

VENCEDORES DO CONCURSO DA RAÇA HOLSTEIN FRÍSIA

CRIADOR BOVICONTROL

Sociedade Agro-Pecuária Vilas Boas & Pereira, Lda Ponte de Lima

TEXTO AGROS

FOTOAbertura oficial ao público com

visita das entidades convidadas.

TEXTO AGROS

FOTOMilk Drink.

12.º Grande Prémio Costa Verde 2019

Expo Barcelos

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REVISTA AGROS Nº40 . 37

AGROS recebe a visita da Deputada do Parlamento Europeu, Professora Doutora Isabel Estrada Carvalhais

O Presidente da Assembleia da AGROS U.C.R.L., em conjunto com o Conselho de Administração, tive-

ram a honra de receber, no passado dia 15 de novem-bro de 2019, no Espaço AGROS, a visita da Deputada do Parlamento Europeu, Professora Doutora Isabel Estrada Carvalhais, assim como dos Deputados da As-sembleia da República Portuguesa, o Eng.º Joaquim Barreto e a Dr.ª Palmira Maciel, e do Eng.º Carlos Duarte em representação do IDARN - Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Norte.Esta reunião de trabalho serviu, essencialmente, para inteirar a Eurodeputada sobre a realidade do setor do leite, das raças autóctones, carne e hortícolas, da de-pendência e elevados custos dos fatores de produção e dos projetos de jovens agricultores, no nosso país em geral, e na Região de Entre Douro e Minho e Trás--os-Montes, em particular.

Doutorada em Sociologia e professora associada da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, Isabel Carvalhais é também membro titular (efetiva) da comissão parlamentar da Agricultura e Desenvolvimento Rural (AGRI) e membro suplente das comissões do Desenvolvimento Regional (REGI) e das Pescas (PECH).A visita de uma individualidade da Comissão Europeia, a quem foi possível manifestar as preocupações do setor, reforça o posicionamento da AGROS enquanto líder nas atividades que desempenha, e o seu reco-nhecimento como uma organização que assume um papel importante de pro atividade em toda a cadeia de valor, e preparada para interagir a nível político e administrativo junto daqueles com competência para implementarem soluções e transformarem as perspe-tivas e realidades vigentes.

TEXTO AGROS

FOTOReunião de trabalho com as Entidades envolvidas.

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Foi com enorme satisfação que o Espaço AGROS aco-lheu novamente o 4.º Encontro do Setor Cooperati-

vo Leiteiro, organizado pela FENALAC, em colaboração com as suas federadas AGROS, Proleite e Lacticoop, e que se realizou no passado dia 30 de outubro de 2019.O encontro anual do setor cooperativo leiteiro, para além de ser o momento de confraternização, visa de-bater assuntos do interesse do setor, nomeadamente, as tendências de mercado e os benefícios do leite e dos produtos lácteos na dieta humana, desmistificando cer-tas teorias falaciosas que têm surgido nos últimos tem-pos. Nesta edição o mote da iniciativa foi o Ambiente, pois também aqui, a Pecuária tem sido alvo de críticas e preconceitos no mínimo, pouco fundamentados. Assim, pretendeu-se transmitir algumas das preocupações do setor nesta matéria, não só na produção, mas também ao longo da cadeia de valor, naquele que foi um dia

Acontecimentos

TEXTOAGROS

FOTOS1. Intervenção do

Presidente do Grupo AGROS, Sr. José

Capela.

2. Apresentação da Dr.ª Isabel Santos,

AGROS.

3. Apresentação da Eng.ª Ingrid Falcão,

Tetra Pak.

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produtivo, capaz de surpreender todos os presentes, e catalisador de uma união forte e inspiradora para os de-safios que se colocam ao setor leiteiro.A Sessão de Abertura foi proferida pelo Sr. José Capela – Presidente do Grupo AGROS. Seguiram-se as intervenções por parte dos oradores con-vidados, todos eles especialistas na temática abordada.A primeira intervenção esteve a cargo da Dr.ª Isabel Santos, Médica Veterinária e Responsável na AGROS pelo Serviço de Certificação e Sustentabilidade das Explorações Leiteiras. Tendo em consideração que o setor cooperativo leiteiro iniciou muito recentemente o processo de certificação das suas explorações pelo Protocolo Welfare Quality (WQ)®, já utilizado em ou-tros países, visando avaliar a conformidade em Bem--Estar Animal, a Dr.ª Isabel Santos efetuou a apresen-tação deste processo.De seguida, a Eng.ª Ingrid Falcão, Responsável pela Área de Sustentabilidade de Clientes da Tetra Pak nos mercados Ibéricos e de Itália, abordou um tema também de interesse para o setor e que se encontra relacionado com as embalagens. Com efeito, a impor-tância do tema ambiental revela-se, não só ao nível da produção, mas também ao longo de toda a cadeia de valor. Neste caso em particular, foi abordado de que forma a embalagem pode ajudar a melhorar os índices de sustentabilidade da indústria. Por fim, a terceira e última apresentação do painel con-tou com a presença da Dr.ª Maria José Patrício, do Depar-tamento de Marketing da Lactogal. Como obviamente é

do conhecimento de todos, a Lactogal é uma entidade determinante no sucesso do setor cooperativo leiteiro, pelo que se releva a importância das informações que fo-ram aqui transmitidas, entre as quais consta a visão sobre a Evolução do Mercado Lácteo em Portugal. A sessão incluiu ainda um momento de debate, mo-derado pelo Eng.º Fernando Cardoso, Secretário-Ge-ral da FENALAC, onde além dos oradores já referidos, também contou com a participação de representantes da PROLEITE e da LACTICOOP que desenvolvem o processo de certificação nestas organizações.Para terminar a manhã da 4.ª edição do Encontro do Setor Cooperativo Leiteiro, teve lugar um momento motivacional, com a intervenção do Eng.º Sérgio Al-meida sob o tema “Lemon Leader - Do sucesso à felici-dade nas Organizações”, que desde 2009 se dedica ao tema da felicidade e humanização no contexto organi-zacional, através de programas que alinham a criação de riqueza das instituições com o bem-estar dos seus colaboradores. Criou o método Power, que permite o desenvolvimento das novas competências necessárias para enfrentar a era digital e a indústria 4.0, numa evolução do high tech para o human touch.As condições meteorológicas adversas que se fizeram sentir impediram que o evento se estendesse para a parte da tarde, altura em que iria decorrer uma ativi-dade lúdico-desportiva de orientação, organizada pelo Grupo Desportivo 4 Caminhos.As honras da Sessão de Encerramento foram incum-bência do Sr. Joaquim Cardoso - Presidente da LACTI-COOP e do Presidente da PROLEITE e da FENALAC, o Sr. Comendador Manuel Santos Gomes.

FOTOS4. Apresentação da Dr.ª Maria José Patrício, Lactogal.

5. Intervenção do Presidente da PROLEITE e da FENALAC, Sr. Comendador Manuel Santos Gomes.

6. Intervenção do Presidente da LACTICOOP, Sr. Joaquim Cardoso.

7. Painel de Oradores; Momento de Debate.

8. Momento motivacional; apresentação do Eng.º Sérgio Almeida, Lemon Leader.

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Integrado nas comemorações do 70.º Aniversário da AGROS, decorreu no dia 22 de novembro de 2019,

no Espaço AGROS, um Seminário Técnico onde foram abordadas temáticas de interesse para o atual momen-to do setor. O principal objetivo deste evento foi apoiar o Produtor, proporcionando-lhe mais um espaço para o esclarecimento de dúvidas e aquisição de novos co-

nhecimentos. Este momento de partilha de ideias e experiências contou com a presença de cerca de 530 Produtores e técnicos especializados.O Seminário Técnico AGROS teve início com a Sessão de Abertura, proferida pelo Sr. José Capela, Presidente do Grupo AGROS, que sublinhou o quão marcante foi ano de 2019 para esta União de Produtores que celebrou

TEXTOAGROS

FOTOS1. Aspeto da

assistência no Seminário.

Acontecimentos

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70 Anos de existência, de longevidade, e de vanguar-da pelo setor leiteiro e agradeceu a presença de todos num evento que permite o debate de temáticas impor-tantíssimas para continuarmos a caminhar para a sus-tentabilidade da produção de leite.O programa abordado percorreu assuntos transversais aos 6 pilares do “Cartaz das Boas Práticas na Produção de Leite”, nomeadamente:

• Bem-estar Animal;• Saúde Animal;• Higiene do Leite;• Nutrição (Alimento e Água);• Ambiente;• Gestão Socioeconómica da Exploração.

Assim, a prossecução da Missão e da Visão da AGROS, está assente na execução da principal Orientação Es-tratégica revista deste quadriénio (2018/2021) desta Administração, que é:

Garantir a estabilidade e sustentabilidade da Produção de Leite, promovendo a eficiência e as boas práticas na produção das explorações leiteiras.

A primeira comunicação esteve a cargo do Prof. Doutor George Stilwell da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa com o tema “A importância do bem-estar na recria como futuro da Exploração”. O Prof. Dr. Telmo Nunes, também da Faculdade de Medi-cina Veterinária da Universidade de Lisboa, apresentou a “Biossegurança em Explorações leiteiras”. Seguiu-se o Prof. Doutor Joaquim Lima Cerqueira – Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, que se pronunciou sobre o “bem-estar animal e uso eficien-te da água nas explorações de vacas leiteiras”. No final do conjunto de apresentações da manhã foi proporcio-nado um momento de debate para colocação de ques-tões aos palestrantes.As apresentações prolongaram-se durante a tarde com um novo painel de oradores, e foi o Dr. Jose Miguel Cue-vas Martinez, Diretor do Departamento de Compra de

Leite na Leche Celta, que retomou o programa com o “Caso Leche Celta - certificação em bem-estar animal e pastoreio”. Este estudo de caso foi também extrema-mente relevante, uma vez que a AGROS iniciou a certifi-cação de um dos pilares das boas práticas, o Bem-Estar Animal, e que culminará em julho de 2020 com a Certi-ficação em Bem-estar animal do produto - o leite, reco-lhido nas nossas explorações, sob o referencial Welfare Quality, que será aprovado por uma Entidade certifica-dora externa. Foi neste enquadramento que o Serviço de Certificação e Sustentabilidade das Explorações foi criado, com o reforço de quadros técnicos, que estão a apoiar os Produtores, juntamente com os técnicos das Cooperativas neste processo de certificação. Por fim, a Dr.ª Isabel Couceiro, Gestora de Comunica-ção Institucional na Lactogal, apresentou a todos os presentes o portfólio de novos produtos da Lactoga. É necessário atuar face às atuais preocupações dos con-sumidores, pois no momento da decisão de compra as questões relacionadas com sustentabilidade e bem-es-tar animal serão, certamente, um fator decisivo. É, por isso, estratégico prosseguir com as várias iniciativas que a AGROS tem vindo a desenvolver com vista à promo-ção e divulgação das boas práticas na produção e a sua importância na obtenção de um produto de excelência, o Leite.

FOTOS2. Intervenção do Presidente do Grupo AGROS, Sr. José Capela.

3. Apresentação do Prof. Doutor Joaquim Lima Cerqueira, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

4. Apresentação do Prof. Doutor George Stilwell, Faculdade de Medicina Vete rinária da Universidade de Lisboa.

5. Apresentação do Dr. Jose Miguel Cue-vas Martinez, Leche Celta.

6. Dr.ª Isabel Couceiro, Lactogal.

7. Aspeto da assistência no Seminário.

8. Momento de debate; Painel de Oradores.

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No dia 27 de novembro de 2019, o ALIP - Associação Interprofissional do Leite e Lacticínios e a ANABLE -

Associação Nacional para o Melhoramento dos Bovinos Leiteiros, organizaram dois workshops para médicos veterinários e para Produtores de Leite sobre os diag-nósticos precoces de gestação, vulgarmente chamados de testes de prenhez, a partir da amostra do contraste leiteiro. Para isso, contou com um orador convidado, o Dr. Loïc Commun, consultor da IDEXX, a convite da VE-TAP, empresa distribuidora do teste em Portugal.O objetivo destes seminários foi apresentar o serviço de diagnóstico precoce de gestação como mais uma ferramenta de apoio às explorações leiteiras e mostrar de que forma o médico veterinário pode tirar partido desta análise quando incorporada no seu serviço de apoio á reprodução.A este respeito o Dr. Loïc Commun começou por expli-car a importância da deteção precoce de vacas vazias de modo a melhorar a rentabilidade da exploração.

5.5 €

5 €

4.5 €

4 €

3.5 €

3 €

2.5 €

390 400 410 420 430 440Intervalo entre partos (dias)

Cust

o po

r di

a ex

tra

em v

azio

Relativamente aos métodos de diagnósticos existentes, fez também uma breve análise das vantagens e incon-venientes de cada um.Assim, começou por referir que no caso do exame de ultrassom transretal (ecógrafo) as principais vantagens são o facto de ser um exame imediato, ser possível a datação dos embriões e a capacidade de verificar os órgãos de reprodução. Como desvantagens podemos considerar a necessidade de contenção das vacas, ser um método invasivo e a necessidade de termos um profissional especializado e experiente além do tempo gasto com esta tarefa.Por palpação retal o resultado é instantâneo, não é ne-cessário equipamento adicional, mas é um exame inva-sivo e não é um diagnóstico precoce.Pelo teste de gestação não há necessidade de registar as vacas nem prendê-las, há uma economia de tempo, é um método não invasivo, o que provoca menos stress aos animais e é confiável a partir dos 28 dias após a IA. Precisamos no entanto de alguns dias para obter o re-sultado e não fornece nenhuma informação extra so-bre o aparelho reprodutivo. Neste contexto o Produtor pode, em colaboração com o seu médico veterinário as-sistente programar a sua gestão reprodutiva, passando a ter mais uma ferramenta disponível.

O teste baseia-se nas proteínas associadas á gestação (PAG) que são sintetizadas a partir da placenta, são pois específicas da gestação o que justifica a sua elevada fia-bilidade (precisão de 98%).

7 14 21 28 35 42 49Dias pós inseminação

0,25

0,1

PAG

no

leite

GRÁFICO 2 Evolução da PAG após a inseminação numa vaca gestante.

De acordo com os valores de PAG obtidos, podemos concluir o seguinte:

• Valores de PAG inferiores a 0,1, a partir dos 28 dias após a I.A, identificam vacas vazias;

• Valores de PAG acima de 0,25 representam vacas gestantes.

Relativamente aos diferentes períodos de teste durante a gestação podemos considerar 3 períodos principais:

• Teste precoce, a partir dos 28 dias, para identificar vacas vazias o mais cedo possível, para reinseminá--las rapidamente;

• Teste para confirmação entre os 60 e 80 dias após a I.A. para detecção de perdas embrionárias;

• Teste antes da secagem para evitar secar uma vaca vazia pensando que ela vai parir.

WORKSHOP - Teste de Diagnóstico de Gestação no Contraste Leiteiro

Acontecimentos

TEXTOABLN

GRÁFICO 1Custo por vaca vazia

por dia em função do intervalo médio

entre partos

CONCLUSÃOPodemos dizer que este teste* permite:

Menos trabalho, menos stress para as vacas.Testar a gestação através de amostra de leite permite menos manipulação, menos conten-ção. Significa maior ganho de tempo para o produtor e menos stress para as vacas.

Melhor desempenho de reprodução.A identificação de vacas vazias o mais cedo possível (desde os 28 dias) permite (re)inse-miná-las mais rapidamente.

Melhor rentabilidade.Estudos demonstram que o custo médio de uma vaca não gestante atinge os 5 euros por dia.

*Este teste será disponibilizado pela ABLN a partir das amostras do contraste leiteiro, em 2020, sendo o ALIP a entidade responsável pela operacionalização do serviço ao nível laboratorial.

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Espaço Lúdico

41.ª Feira Internacional de Máquinas Agrícolas - FIMA AGRÍCOLA 202025 a 29 de fevereiro de 2020, SaragoçaO futuro do mundo agrícola reúne-se em Saragoça – Espanha, entre 25 e 29 de fevereiro de 2020 naquela que é a 41.ª Feira Internacional de Máquinas Agrícola – FIMA AGRÍCOLA. Se estiver registado na Extranet da Feira de Saragoça, a entrada profissional é gratuita.

Feira de SaragoçaAutovia A - 2, km 31150012 Saragoça - Espanhawww.feriazaragoza.es/fima-agricola-2020

II Simpósio Ibérico de Engenharia Hortícola 20204 a 6 de março de 2020, Ponte de LimaA comissão organizadora do II Simpósio Ibérico de Engenharia Hortícola (SIbEH2020), nesta edição com a temática da Agricultura 4.0, convida-os a participar neste evento que se realizará de 4 a 6 de março em Refóios do Lima, Ponte de Lima (Portugal). As or-ganizadoras do evento são a Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e a Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH), sendo a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC) o organizador local. Nesta edição, o sim-pósio terá conferências plenárias; workshops técnicos; apresentações de trabalhos; e visita técnica. Atualmente o setor agrícola enfrenta uma transformação na forma de produzir, baseada na utilização de novas ferramentas, onde se destacam a utilização de sensores e a aquisição e tratamento de dados.

Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC) Rua D. Mendo Afonso, 147 - Refóios do Lima4990-706 Ponte de Limawww. sibeh2020.ipvc.pt

Feira Anual da Trofa6 a 8 de março de 2020, TrofaDecorrerá, de 6 a 8 de março de 2020, mais uma Feira Anual da Trofa, organizada pela Junta de Freguesia de Bougado (S. Martinho e Santiago) e em estreita colaboração com a Câmara Municipal da Trofa, no sentido de promover o setor agropecuário. Espe-ra-se que nesta edição do evento, que já se realiza desde 1946, se continue a afirmar uma feira agropecuária reconhecida, emblemática e ilustre da região.

Mercado da Feira da TrofaRua do Padrão - 4785, Trofa

VIII Jornadas Internacionais de Bovinicultura13 e 14 de março de 2020, Vila RealMais uma vez a IAAS-UTAD (Associa-ção Internacional de Estudantes de Agricultura da Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro) aceitou o desafio de realizar as VIII Jornadas In-ternacionais de Bovinicultura nos dias 13 e 14 de março de 2020. Em pas-sadas edições este evento conseguiu juntar o saber dos mais experientes à vontade de aprender dos alunos, sa-tisfazendo também as necessidades dos técnicos e profissionais da área em atualizar o seu conhecimento, dando a conhecer novas ideias, solu-ções e perspetivas de produção.

Universidade de Trás-os-Montes e Alto DouroQuinta de Prados5001-801, Vila Real

53.ª AGRO - Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação2 a 5 de abril de 2020, BragaA InvestBraga – Agência para a Dina-mização Económica, EM, vai organizar a 53.ª AGRO – Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação, no Altice Fórum Braga de 2 a 5 de abril de 2020.

Altice Fórum BragaAv. Dr. Francisco Pires Gonçalves4711-909, Braga

AGENDA CULTURAL AGRÍCOLA

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REVISTA AGROS Nº40 . 45

Espaço Lúdico

Sabores da Nossa Terra

Pudim de LeiteIngredientes:

• 1 lata de leite condensado;• 1 raspa de um limão;• 4 ovos;• 5 dl de leite UHT Meio Gordo Agros;

Para o caramelo:• 5 colheres de sopa de açúcar;• 1 colher de sopa de água.

Preparação da Receita:

Num tacho leve ao lume o açúcar e a água e deixe ferver até obter um caramelo dourado. Forre uma forma de pudim ou outra com o caramelo.Deite o leite condensado numa tigela, junte-lhe a raspa de limão e os ovos e bata bem. Adicione o leite UHT Meio Gordo Agros, mexa e deite na forma já forrada com o caramelo.Coloque a forma em banho-maria e leve ao forno a 180º C durante 1h10m.Deixe arrefecer, desenforme e sirva.

Sopa de Abóbora Ingredientes:

• 500 ml Natas UHT Agros;• 500 g de abóbora;• 1 cebola;• 1 colher de sobremesa de manteiga Agros com sal;• Sal q.b.;• Pimenta q.b.;• Noz-moscada q.b;• Ramo de salsa.

Preparação da Receita:

Pique a cebola e refogue numa panela com manteiga Agros com sal. De seguida, limpe a abóbora e corte em pedaços. Coloque a abóbora na panela, cubra com água e deixe cozer até ficar tenra. Assim que estiver no ponto, adicione sal, pimenta e noz-moscada a gosto. Triture tudo com a varinha mágica até obter a consistência de puré. Adicione as Natas UHT Agros e sirva quente.

Broa RecheadaIngredientes:

• 1 broa de pão de centeio;• 2 linguiças;• 150 g de bacon;• 2 pacotes de queijo flamengo fatias Agros;• 1 cebola;• 2 dentes de alho;• Maionese q.b.;• 1 colher de chá de orégãos secos.

Preparação da Receita:

Comece por tirar uma tampa ao pão. Retire depois todo o interior, o miolo, em pedaços e reserve.Pique os alhos e a cebola muito bem na picadora. Retire a pele à linguiça e a parte do couro ao bacon. Pique também e de seguida envolva com o alho e a cebola. Triture o queijo flamengo fatias Agros e adicione os oregãos. Junte maionese a gosto.Coloque a mistura dentro da broa e leve ao forno pré aquecido a 180º durante 15 minutos, ou até gratinar bem. A meio do tempo coloque à volta os pedacinhos de pão e a tampa.Sirva com os pedacinhos de pão torrado e com tostas.

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Espaço Lúdico

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417832695

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874265913

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158943726

497261358

875412963

914637285

632859147

549326871

326178594

781594632

Nível M

édio

632598741

148267593

957431862

563724189

824319675

719685234

295846317

981972456

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Nível D

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526891743

791543628

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653987214

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278415369

165738492

847259136

932164875

Nível Expert

SUDOKU

Soluções

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