música e ensino de ciências

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SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia. II Encontro Nacional de Ensino de Biologia. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia. 12 a 15 de Agosto de 2007.

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Page 1: Música e ensino de ciências

SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia.

II Encontro Nacional de Ensino de Biologia.

Universidade Federal de Uberlândia.

Uberlândia.

12 a 15 de Agosto de 2007.

Page 2: Música e ensino de ciências

Mini-curso: A música popular brasileira e o ensino de ciências naturais.

Marcelo Diniz Monteiro de Barros.Professor Assistente III do Núcleo de Docência do

Departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas.

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1 – Considerações iniciais acerca da educação em ciências naturais.

• Mas... o que é ciência?• Ensino de ciências e educação básica

no Brasil.• Como estamos trabalhando?• É possível utilizar a música como um

recurso auxiliar no ensino de ciências naturais?

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2 – Os quatro eixos temáticos para a apresentação de conteúdos em ciências naturais.

• Terra e Universo.

• Vida e Ambiente.

• Ser Humano e Saúde.• Tecnologia e Sociedade.

Page 5: Música e ensino de ciências

• Ética.

• Saúde.

• Meio-ambiente.• Orientação sexual.

• Pluralidade cultural.

• Trabalho e consumo.

• Temas locais.

3 – Os temas transversais propostos para o trabalho nas escolas.

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Procurando bem , todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacinaE tem piriri, tem lombriga, tem ameba, só a bailarina que não tem E não tem coceira , berruga nem frieira, nem falta de maneira ela não temFutucando bem, todo mundo tem piolho, ou tem cheiro de creolina Todo mundo tem um irmão meio zarolho, só a bailarina que não tem Nem unha encardida, nem dente com comida, nem casca de ferida ela não tem Não livra ninguém, todo mundo tem remela, quando acorda às seis da matina Teve escarlatina, ou tem febre amarela, só a bailarina que não tem Medo de subir, gente, medo de cair, gente, medo de vertigem quem não tem Confessando bem, todo mundo faz pecado, logo assim que a missa termina Todo mundo tem um primeiro namorado, só a bailarina que não tem Sujo atrás da orelha, bigode de groselha, calcinha um pouco velha, ela não tem.

O padre também pode até ficar vermelho, se o vento levanta a batina Reparando bem, todo mundo tem pentelho, só a bailarina que não tem Sala sem mobília, goteira na vasilha, problema na família, quem não tem Procurando bem, todo mundo tem...

Ciranda da bailarinaComposição: Edu Lobo / Chico Buarque

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Coração de EstudanteComposição: Wagner Tiso / Milton Nascimento Quero falar de uma coisaAdivinha onde ela andaDeve estar dentro do peitoOu caminha pelo arPode estar aqui do ladoBem mais perto que pensamosA folha da juventudeÉ o nome certo desse amor

Já podaram seus momentosDesviaram seu destinoSeu sorriso de meninoQuantas vezes se escondeuMas renova-se a esperançaNova aurora a cada diaE há que se cuidar do brotoPra que a vida nos dêFlor e fruto

Coração de estudanteHá que se cuidar da vidaHá que se cuidar do mundoTomar conta da amizadeAlegria e muito sonhoEspalhados no caminhoVerdes, planta e sentimentoFolhas, coração,Juventude e fé.

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PassaredoFrancis Hime - Chico Buarque

Ei, pintassilgoOi, pintaroxoMelro, uirapuruAi, chega-e-viraEngole-ventoSaíra, inhambuFoge, asa-branca

Bico caladoToma cuidadoQue o homem vem aíO homem vem aíO homem vem aí

Ei, quero-queroOi, tico-ticoAnum, pardal, chapimXô, cotoviaXô, ave-friaXô pescador-martim

Some, rolinhaAnda, andorinha

Vai, patativaTordo, tuju, tuimXô, tié-sangueXô, tié-fogoXô, rouxinol, sem-fimSome, coleiroAnda, trigueiroTe esconde, colibriVoa, macucoVoa, viúvaUtiariti

Te esconde, bem-te-viVoa, bicudoVoa, sanhaçoVai, juritiBico caladoMuito cuidadoQue o homem vem aíO homem vem aíO homem vem aí

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Sapato VelhoComposição: Mu / Claudio Nucci / Paulinho Tapajós Você lembra, lembraDaquele tempoEu tinha estrelas nos olhosUm jeito de heróiEra mais forte e velozQue qualquer mocinho de cowboyVocê lembra, lembraEu costumava andarBem mais de mil léguasPra poder buscarFlores de maio azuisE os seus cabelos enfeitar

Água da fonteCansei de beberPra não envelhecerComo quisesseRoubar da manhãUm lindo por de solHoje, não colho maisAs flores de maioNem sou mais velozComo os heróisÉ talvez eu seja simplesmenteComo um sapato velhoMas ainda sirvoSe você quiserBasta você me calçarQue eu aqueço o frioDos seus pés.

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Solar Composição: Milton Nascimento / Fernando Brant Venho do sol, a vida inteira no solSou filha da terra do sol, hoje escuroO meu futuro é luz e calor, de um novo mundo eu souE o mundo novo será mais claroMas é no velho que procuro, o jeito mais sábio de usarA força que o sol me dá, canto o que eu quero viver

É o sol, somos crianças ao solA aprender a viver e a sonhar, e o sonho é beloPois tudo ainda faremos, nada está no lugarTudo está por pensar, tudo está por criar

Saí de casa para ver outro mundo, conheciFiz mil amigos nas cidades de láAmigo é o melhor lugar, mas me lembrei do nosso inverno azulEu quero é viver o sol, é triste não ter o solÉ triste não ter o azul todo diaA nos alegrarNossa energia solarIrá nos iluminar O caminho

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Querelas do BrasilComposição: Maurício Tapajós, Aldir Blanc O Brazil não conhece o BrasilO Brasil nunca foi ao BrazilTapir, jabuti, iliana, alamanda, ali, alaúdePiau, ururau, aki, ataúdePiá-carioca, porecramecrã,Jobim, akarone, jobim-açuUou, uou, uouPererê, camará, tororó, olerêPiriri, ratatá, caratê, olará

O Brazil não merece o BrasilO Brazil tá matando o BrasilJereba, saci, caandradeaCunhãs, ariranha, aranhaSertões, guimarães, bachianas, águasImarionaíma, ariraribóia,Na aura das mãos de jobim-açuuou, uou, uouJererê, sarará, cururu, olerêBlá-blá-blá, bafafá, sururu, olaráDo Brasil, SOS ao BrasilTinhorão, urutu, sucuriUjobim, sabiá, bem-te-viCabuçu, Cordovil, Cachambi,Madureira, Olaria e Bangu,Cascadura, Água Santa, Acari,Ipanema e Nova Iguaçu, OlerêDo Brasil, SOS ao BrasilDo Brasil, SOS ao Brasil

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CigarraComposição: Milton Nascimento / Ronaldo Bastos

Porque você pediu uma canção para cantarComo a cigarra arrebenta de tanta luzE enche de som o arPorque a formiga é a melhor amiga da cigarraRaízes da mesma fábula que ela arranhaTece e espalha no arPorque ainda é inverno em nosso coraçãoEsta canção é para cantarComo a cigarra acende o verão E ilumina o ar

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SobradinhoComposição: Sá e Guarabyra O homem chega e já desfaz a naturezaTira a gente põe represa, diz que tudo vai mudarO São Francisco lá prá cima da BahiaDiz que dia menos dia vai subir bem devagarE passo a passo vai cumprindo a profeciaDo beato que dizia que o sertão ia alagarO sertão vai virar marDá no coraçãoO medo que algum diaO mar também vire sertãoVai virar marDá no coraçãoO medo que algum diaO mar também vire sertão

Adeus remanso, casa nova, sento-séAdeus pilão arcado vem o rio te engolirDebaixo d'água lá se vai a vida inteiraPor cima da cachoeira o Gaiola vai subirVai ter barragem no salto do SobradinhoE o povo vai se embora com medo de se afogarO sertão vai virar marDá no coraçãoO medo que algum diaO mar também vire sertãoVai virar marDá no coraçãoO medo que algum dia O mar também vire sertão

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O RelógioComposição: Vinicius de Moraes / Paulo Soledade Passa, tempo, tic-tac Tic-tac, passa, hora Chega logo, tic-tac Tic-tac, e vai-te embora Passa, tempo Bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansadoJá perdi Toda a alegria De fazer Meu tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac Tic-tac Dia e noite Noite e dia

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Lindo Balão Azul Composição: Guilherme Arantes Eu vivo sempre no mundo da luaPorque sou um cientistaO meu papo é futurista é lunáticoeu vivo sempre no mundo da luaTenho alma de artistaSou um gênio sonhador e românticoEu vivo sempre no mundo da luaPorque sou aventureiroDesde o meu primeiro passo pro infinitoEu vivo sempre no mundo da luaPorque sou inteligenteSe você quer vir com a gente, venha que será um baratoPegar carona nessa cauda de cometaVer a Via Láctea, estrada tão bonitaBrincar de esconde-esconde numa nebulosaVoltar pra casa nosso lindo balão azul

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Rosa de HiroshimaComposição: Vinícius de Moraes / Gérson Conrad Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas, oh, não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroshimaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada

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Quem vai querer comprar caranguejo? Caranguejo uçá caranguejo uçáapanho ele na lama e boto no meu caçuá (2x)Tem caranguejo tem gordo guaiamumcada corda de dez, eu dou mais umeu dou mais um, eu dou mais umcada corda de dez eu dou mais um. (2x)

Eu perdi a mocidade com os pés sujos de lamaeu fiquei analfabeto mais meus “fio criô” famapelo gosto dos “menino”pelo gosto da “mulé”eu já ia descansarnão sujava mais os “pé”os “bichinho tão criado”, satisfiz o meu desejoeu podia descansar,mas continuo vendendo caranguejo.

Vendedor de caranguejoComposição: Waldeck Artur de Macêdo (Gordurinha)

Caranguejo uçá / tem gordo guiamum / cada corda de dez / eu dou mais um, cada corda de dez, eu dou mais um, eu dou mais um, eu dou mais um, cada corda de dez eu dou mais um, eu dou mais um, mais um, mais um, cada corda de dez eu dou mais um.

Caranguejo uçá caranguejo uçáapanho ele na lama e boto no meu caçuá (2x) no meu caçuá (uçá) gordo guiamum (mais um) no meu caçuá (uçá) quem vai querer comprar caranguejo?

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Debulhar o trigorecolher cada bago do trigoforjar no trigo o milagre do pãoe se fartar de pão.

Decepar a canarecolher a garapa da canaroubar da cana a doçura do melse lambuzar de mel.

Afagar a terraconhecer os desejos da terracio da terra propícia estaçãoe fecundar o chão

O cio da terraComposição: Milton Nascimento / Chico Buarque

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Trabalhando o salÉ amor, o suor que me saiVou viver cantando O dia tão quente que faz Homem ver criança Buscando conchinhas no mar Trabalho o dia inteiro Pra vida de gente levar

Água vira sal lá na salina Quem diminuiu água do mar Água enfrenta o sol lá na salina Sol que vai queimando até queimar

Canção do salComposição: Milton Nascimento

Trabalhando o sal Pra ver a mulher se vestirE ao chegar em casa Encontrar a família a sorrir Filho vir da escola Problema maior é o de estudar Que é pra não ter meu trabalho E vida de gente levar

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Ainda é cedo amor Mal começaste a conhecer a vida Já anuncias a hora de partida Sem saber mesmo o rumo que irás tomar Preste atenção querida Embora eu saiba que estás resolvida em cada esquina cai um pouco a tua vida Em pouco tempo não serás mais o que és Ouça-me bem amor Preste atenção o mundo é um moinho Vai triturar teus sonhos tão mesquinho Vai reduzir as ilusões à póPreste atenção querida De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares estás à beira do abismoAbismo que cavaste com teus pés

O mundo é um moinhoComposição: Cartola

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Amo os peixes e os bichos da águaAmo as aves e os bichos do céuAmo as flores e os seres da TerraTudo o que vive e se move nela.

Há sempre andorinhas por onde eu vouBrincam no vento, nas asas do amorAmo a vida em toda a extensãoHá um São Francisco no meu coração.

As pessoas, plantas e os animaisSão canteiros do mesmo jardimQuerem a alegria, o amor e a pazAo beijo da vida, todos dizem sim.

AndorinhasComposição: Marcus Viana

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Pombo CorreioComposição: Moraes Moreira / Dodo / Osmar

Pombo correio voa depressaE essa carta leva para o meu amorLeva no bico que eu aqui fico esperandoPela resposta que é prá saber se ela ainda gosta de mimPombo correio se acaso um desencontroAcontecer não perca nem um só segundoVoar o mundo se preciso forO mundo voa mas me traga uma notícia boaPombo correio voa ligeiroMeu mensageiro e essa mensagem de amorLeva no bico que eu aqui fico cantandoQue é prá espantar essa tristezaQue a incerteza do amor trazPombo correio nesse caso eu lhe contoPor estas linhas a que ponto quer chegarMeu coração o que mais gostaVolta pra mim seria assim a melhor resposta boa.

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Quando, seu moço, nasceu meu rebento, não era o momento dele rebentarJá foi nascendo com cara de fome e eu não tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando, não sei lhe explicar, fui assim levando ele a me levarE na sua meninice, ele um dia me disse que chegava láOlha aí, olha aí, olha aí, ai o meu guri, olha aí, olha aí, é o meu guri e ele chega. Chega suado e veloz do batente e traz sempre um presente pra me encabularTanta corrente de ouro, seu moço, que haja pescoço pra enfiar Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro, chave, caderneta, terço e patuáUm lenço e uma penca de documentos, pra finalmente eu me identificar, olha aí Olha aí, ai o meu guri, olha aí, olha aí, é o meu guri e ele chega Chega no morro com o carregamento, pulseira, cimento, relógio, pneu, gravadorRezo até ele chegar cá no alto, essa onda de assaltos tá um horrorEu consolo ele, ele me consola, boto ele no colo pra ele me ninar, de repente acordo,olho pro lado, e o danado já foi trabalhar, olha aí, olha aí, ai o meu guri, olha aí, olha aí, é o meu guri e ele chega, chega estampado, manchete, retrato, com venda nos olhos, legenda e as iniciais, eu não entendo essa gente, seu moço, fazendo alvoroço demais. O guri no mato, acho que tá rindo, acho que tá lindo de papo pro ar, desde o começo, eu não disse, seu moço, ele disse que chegava lá, olha aí, olha aí, olha aí, ai o meu guri, olha aí, olha aí, é o meu guri.

O meu guriComposição: Chico Buarque

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Anda, quero te dizer nenhum segredoFalo nesse chão, da nossa casa, vem que tá na hora de arrumarTempo, quero viver mais duzentos anos, quero não ferir meu

semelhante, nem por isso quero me ferirVamos precisar de todo mundo prá banir do mundo a opressãoPara construir a vida nova vamos precisar de muito amor A felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode ver A paz na Terra, o pé na Terra, a paz na Terra, amor, o sal da... Terra, és o mais bonito dos planetas, tão te maltratando por dinheiro, tu que és a nave nossa irmãCanta, leva tua vida em harmonia, e nos alimenta com seus frutos, tu

que és do homem a maçãVamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois Prá melhor juntar as nossas forças é só repartir melhor o pão Recriar o paraíso agora para merecer quem vem depoisDeixa nascer o amor, deixa fluir o amorDeixa crescer o amor, deixa viver o amor, o sal da Terra.

O sal da TerraComposição: Beto Guedes / Ronaldo Bastos

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Quando oiei a terra ardendo, quá fogueira de São JoãoEu perguntei a Deus do céu, ai, pruque tamanha judiaçãoQui brasero, que fornaia, nem um pé de prantaçãoPor falta d'água, perdi meu gado, morreu de sede, meu alazãoInté mesmo a asa branca, bateu asas do sertãoEntonce eu disse adeus Rosinha, guarda contigo meu coraçãoHoje longe muitas légua, numa triste solidãoEspero a chuva cair de novo, pra mim vortá pro meu sertãoQuando o verde dos teus óio, se espraiá na prantaçãoEu te asseguro num chore não, viu?Que eu voltarei, viu, meu coração

Asa BrancaComposição: Humberto Teixeira / Luiz Gonzaga

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A água arrepiada pelo ventoA água e seu cochichoA água e seu rugidoA água e seu silêncio A água me contou muitos segredosGuardou os meus segredosRefez os meus desenhosTrouxe e levou meus medosA grande mãe me viu num quarto cheio d'águaNum enorme quarto lindo e cheio d'águaE eu nunca me afogavaO mar total e eu dentro do eterno ventre E voz de meu pai, voz de muitas águasDepois o rio passa Eu e água, eu e água Eu cachoeira, lago, onda, gota Chuva miúda, fonte, neve, mar

Eu e águaComposição: Caetano Veloso

A vida que me é dada Eu e água... a água lava as mazelas do mundo... e lava a minha alma, lava minha alma.

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Quanto nome tem a Rainha do Mar? Quanto nome tem a Rainha do Mar?

Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá,Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Dona Iemanjá.Onde ela vive? Onde ela mora? Nas águas, na loca de pedra, num

palácio encantado, no fundo do mar.O que ela gosta? O que ela adora? Perfume, flor, espelho e pente, toda

sorte de presente pra ela se enfeitar.Como se saúda a Rainha do Mar? Como se saúda a Rainha do Mar? Alodê, Odofiaba, Minha-mãe, Mãe-d'água, Odoyá!Qual é seu dia, Nossa Senhora? É dia dois de fevereiro, quando na beira

da praia eu vou me abençoar.O que ela canta? Por que ela chora? Só canta cantiga bonita. Chora

quando fica aflita, se você chorar.Quem é que já viu a Rainha do Mar? Quem é que já viu a Rainha do

Mar? Pescador e marinheiro quem escuta a sereia cantar. É com o povo que é praieiro que dona Iemanjá quer se casar.

Iemanjá Rainha do MarComposição: Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro

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Dentro do mar tem rio... Dentro de mim tem o quê? Vento, raio, trovão. As águas do meu

querer. Dentro do mar tem rio... lágrima, chuva, aguaceiro. Dentro do rio

um terreiro. Dentro do terreiro o quê? Dentro do raio trovão. E o raio logo se vê. Depois da dor se acende. Tua ausência na canção. Deságua em mim a paixão. No coração um berreiro. Dentro de você o quê? Chamas de amor em vão. Um mar de sim e de não. Dentro do mar tem rio. É calmaria e

trovão. Dentro de mim tem o quê? Dentro da dor a canção. Dentro do guerreiro a flor. Dama de

espada na mão. Dentro de mim tem você. Beira-marBeira-mar, ê ê beira-mar. Cheguei agora, ê ê beira-mar. Beira-

mar beira de rio, ê ê beira-mar.

Beira-marComposição: Roberto Mendes e Capinan

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O menino e o velho Chico viagens Mergulham em meus olhos Barrancos, carrancas, paisagensFrancisco, Francisco Tantas águas corridas Lágrimas escorridas, despedidas, saudades Francisco meu santo, a velha canoa Gaiolas são pássaros Flutuantes imagens deságuam os instantes O vento e a vela Me levam distante

Adeus velho Chico Diz o povo nas margens

Francisco, FranciscoComposição: Roberto Mendes / Capinan

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Relíquia do folclore nacionalJóia rara que apresentoNesta paisagem em que me vejoNo centro da paixão e do tormentoSem nenhuma ilusãoNeste cenário de tristezaRelembro momentos de real bravuraDos que lutaram com ardorEm nome do amor à natureza

Cinzentas nuvens de fumaçaUmedecendo meus olhosDe aflição e de cansaçoImensos blocos de concretoOcupando todos os espaçosDaquela que já foi a mais bela cidadeQue o mundo inteiro consagrouCom suas praias tão lindasTão cheias de graça, de sonho e de amor

Amor à naturezaComposição: Paulinho da Viola

Flutua no ar o desprezoDesconsiderando a razãoQue o homem não sabe se vai encontrarUm jeito de dar um jeito na situaçãoE se uma semente atiradaNum solo tão fértil não deve morrerÉ sempre uma nova esperançaQue a gente alimenta de sobreviver

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O automóvel corre a lembrança morre, o suor escorre e molha a calçada A verdade na rua, a verdade no povo, a mulher toda nua mas nada de novo A revolta latente que ninguém vê, e nem sabe se sente pois é pra que O imposto, a conta, o bazar barato, o relógio aponta o momento exatoDa morte incerta, a gravata enforca, o sapato aperta, o país exporta E na minha porta ninguém quer ver, uma sombra morta pois é pra que?Que rapaz é esse, que estranho canto, seu rosto é santo seu canto é tudoSaiu do nada, da dor fingida, desceu a estrada subiu na vidaA menina aflita ele não quer ver , a guitarra excita pois é pra que?A fome a doença, o esporte, a gincanaA praia compensa o trabalho, a semana O chopp, o cinema, o amor que atenua, um tiro no peito, o sangue na ruaA fome a doença, não sei mais porque, que noite, que lua, meu bem pra que?O patrão sustenta o café, o almoço, o jornal comenta um rapaz tão moçoO calor aumenta, a família cresce, o cientista inventa uma flor que pareceA razão mais segura pra ninguém saber, de outra flor que tortura No fim do mundo tem um tesouro, quem for primeiro carrega o ouroA vida passa no meu cigarro, quem tem mais pressa que arranje um carroPra andar ligeiro sem ter porque, sem ter pra onde pois é pra que.

Pois é pra quê?Composição: Sidney Miller

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Amor é um livro - Sexo é esporteSexo é escolha - Amor é sorteAmor é pensamento, teoremaAmor é novela - Sexo é cinemaSexo é imaginação, fantasiaAmor é prosa - Sexo é poesiaO amor nos torna patéticosSexo é uma selva de epiléticosAmor é cristão - Sexo é pagãoAmor é latifúndio - Sexo é invasãoAmor é divino - Sexo é animalAmor é bossa nova - Sexo é carnavalAmor é para sempre - Sexo tambémSexo é do bom... Amor é do bem...Amor sem sexo, é amizade Sexo sem amor, é vontade

Amor e SexoComposição: Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor

Amor é um - Sexo é doisSexo antes - Amor depoisSexo vem dos outros e vai emboraAmor vem de nós e demoraAmor é cristão - Sexo é pagãoAmor é latifúndio - Sexo é invasão Amor é divino - Sexo é animalAmor é bossa nova - Sexo é carnaval Amor é isso, sexo é aquilo... e coisa e tal... e tal e coisa... Ai o amor... Hum, o sexo.

Page 33: Música e ensino de ciências

Mandacaru quando 'fulora' na seca é um sinal que a chuva chega no sertãoToda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já

chegou no coraçãoMeia comprida, não quer mais, sapato baixo, vestido bem

cintado, não quer mais vestir timão.Ela só quer, só pensa em namorar (2x) De manhã cedo já tá pintada. Só vive suspirando sonhando

acordadaO pai leva ao 'dotor' a filha adoentadaNão come, nem estuda, não dorme e nem quer nada Ela só quer, só pensa em namorar (2x) Mas o 'doto' nem examina, chamando o pai dum lado lhe diz

logo em surdina: “que o mal é da idade e que pra tal menina não tem um só remédio em toda medicina!“

Ela só quer, só pensa em namorar (2x)

O xote das meninasComposição: Zé Dantas / Luiz Gonzaga

Page 34: Música e ensino de ciências

Os cidadãos no Japão, fazem, lá na China um bilhão, fazemFaçamos, vamos amar! Os espanhóis, os lapões, fazem,Lituanos e letões, fazem, façamos, vamos amar! Os alemães em Berlim, fazem e também lá em Bonn... Em Bombaim, fazem, os hindus acham bom.Nisseis, nikeis e sanseis, fazem,lá em São Francisco muitos gays fazem Façamos, vamos amar! Os rouxinóis, os saraus fazem, irritantes pica-paus fazem Façamos, vamos amar! Uirapurus no Pará, fazem, tico-ticos no fubá, fazem Façamos, vamos amar! Chinfrins galinhas afins fazem e jamais dizem não... Corujas, sim, fazem, sábias como elas são E os perus, todos nus, fazem, gaviões, pavões e urubus, fazemFaçamos, vamos amar! Dourados no Solimões, fazem Camarões em camarãs, fazem Façamos, vamos amar! Piranhas, só por fazer, fazem, namorados, por prazer,

fazem, façamos, vamos amar!

Façamos (vamos amar)Composição: Chico Buarque / Elza Soares

Page 35: Música e ensino de ciências

Peixes elétricos bem, fazem, entre beijos e choques... Garçons também fazem, sem falar nos hadocs Salmões no sal, em geral, fazem, bacalhaus no mar em Portugal, fazemFaçamos, vamos amar Libélulas em bambus, fazem, centopéias sem tabus, fazem Façamos, vamos amar!Os Louva-Deuses, com fé, fazem, dizem que bichos de pé, fazemFaçamos, vamos amar! As taturanas também fazem, um ardor incomum Grilos, meu bem, fazem e sem grilo nenhum. Com seus ferrões, os zangões, fazem, pulgas em calcinhas e calções, fazemFaçamos, vamos amar! Tamanduás e tatus, fazem, corajosos cangurus, fazem Façamos, vamos amar! Coelhos só e tão só, fazem, macaquinhos no cipó, fazemFaçamos, vamos amar Gatinhas com seus gatões, fazem, dando os gritos de ais...Os garanhões fazem, esses fazem demaisLeões ao léu, sob o céu, fazem, ursos lambuzando-se no mel, fazemFaçamos, vamos amar! Façamos, vamos amar!

Page 36: Música e ensino de ciências

Por ser de lá do Sertão, lá do CerradoLá do interior, do matoDa caatinga, do roçado.Eu quase não saioEu quase não tenho amigoEu quase que não consigoFicar na cidade Sem viver contrariado.Por ser de lá Na certa, por isso mesmo Não gosto de cama mole Não sei comer sem torresmo.Eu quase não falo Eu quase não sei de nada Sou como rês desgarradaNessa multidão boiada Caminhando a esmo.

Lamento sertanejoComposição: Gilberto Gil / Dominguinhos

Page 37: Música e ensino de ciências

Zabelê, zumbi, besouro, vespa fabricando mel Guardo teu tesouro, jóia marrom, raça como nossa cor Nossa linda juventude, página de um livro bom Canta que te quero cais e calor, claro como o sol raiou Claro como o sol raiou Maravilha, juventude, pobre de mim, pobre de nós Via Láctea, brilha por nós, vi...das pe..que..nas da esqui...na Fado, sina, lei, tesouro, canta que te quero bem Brilha que te quero luz andaluz, massa como o nosso amor Nossa linda juventude, página de um livro bom Canta que te quero cais e calor, claro como o sol raiou Claro como o sol raiou Maravilha, juventude, tudo de mim, tudo de nós Via Láctea, brilha por nós, vi...das bo..ni..tas da esqui...na. Zabelê, zumbi, besouro....

Linda juventudeComposição: Flávio Venturini / Márcio Borges

Page 38: Música e ensino de ciências

O ouro afunda no marMadeira fica por cima Ostra nasce do lodo Gerando pérolas finasNão queria ser o mar, me bastava a fonteMuito menos ser a rosa, simplesmente o espinho Não queria ser caminho, porém o atalho Muito menos ser a chuva, apenas o orvalho Não queria ser o dia, só a alvorada Muito menos ser o campo, me bastava o grão Não queria ser a vida, porém o momento Muito menos ser concerto, apenas a canção.

O ouro e a madeiraComposição: Ederaldo Gentil

Page 39: Música e ensino de ciências

Amor de índioComposição: Beto Guedes / Ronaldo Bastos

Tudo que move é sagrado e remove as montanhas Com todo cuidado, meu amor Enquanto a chama arder, todo dia te ver passar Tudo viver ao teu lado, com o arco da promessa No azul pintado prá durar Abelha fazendo mel, vale o tempo que não voou A estrela caiu do céu, o pedido que se pensou O destino que se cumpriu, de sentir teu calor e ser todo Todo dia é de viver, para ser o que for e ser tudo Sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor A massa que faz o pão, vale a luz do teu suor Lembra que o sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de

viver No inverno te proteger, no verão sair prá pescar, no outono te conhecer,

primavera poder gostar No estio me derreter, prá na chuva dançar e andar junto O destino que se cumpriu, de sentir teu calor e ser tudo

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Sete em cores, de repenteO arco-íris se desata Na água límpida e contente Do ribeirinho da mata. O sol, ao véu transparente Da chuva, de ouro e de prata Resplandece resplendente No céu, no chão, na cascata. E abre-se a porta da arca. Lentamente surgem francas A alegria e as barbas brancas Do prudente patriarca. Vendo ao longe aquela serraE as planícies tão verdinhas, Diz Noé: que boa terra Pra plantar as minhas vinhas. Ora vai, na porta aberta, De repente, vacilante, Surge lenta, longa e incerta Uma tromba de elefante.

A arca de NoéComposição: Vinícius de Moraes / Toquinho

E de dentro de um buraco De uma janela aparece Uma cara de macacoQue espia e desaparece. "Os bosques são todos meus!", Ruge soberbo o leão. "Também sou filho de Deus", Um protesta, e o tigre - "Não!" A arca desconjuntada parece que vai ruir Entre os pulos da bicharada toda querendo sair. Afinal, com muito custo, indo em fila, aos casais; uns com raiva, outros com susto, vão saindo os animais. Os maiores vêm à frente trazendo a cabeça erguida. E os fracos, humildemente, vêm atrás, como na vida. Longe o arco-íris se esvai e desde que houve essa história, quando o véu da noite cai, erguem-se os astros em glória. Enchem o céu de seus caprichos, em meio à noite calada. Ouve-se a fala dos bichos na terra repovoada.

Page 41: Música e ensino de ciências

Depende de Nós Composição: Ivan Lins / Vitor Martins Depende de nós Quem já foi ou ainda é criança Que acredita ou tem esperança Quem faz tudo pra um mundo melhor Depende de nós Que o circo esteja armado Que o palhaço esteja engraçado Que o riso esteja no ar Sem que a gente precise sonhar Que os ventos cantem nos galhos Que as folhas bebam orvalhos Que o sol descortine mais as manhãs Depende de nósSe esse mundo ainda tem jeitoApesar do que o homem tem feito Se a vida sobreviverá