teorias curriculares e o ensino superior de música

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Instituto de Artes Campus de São Paulo unesp Universidade Estadual Paulista Mestrado em Artes Música 2000

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Defesa do mestrado na UNESP - 2000

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Page 1: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Instituto de ArtesCampus de São Paulo

unespUniversidade Estadual Paulista

Mestrado em ArtesMúsica

2000

Page 2: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Teorias Curriculares e suas Implicações no Ensino Superior de Música:

Um estudo de caso

Magali Oliveira Kleber

Orientadora: Profª Drª Marisa Trench FonterradaCo-orientadora: Profª Drª Jusamara Souza

2000

Page 3: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

• Que linha de pensamento filosófico e pedagógico caracteriza o atual currículodo curso de Música da UEL?

• Existem contradições entre o discurso e a prática,do ponto de vista dos docentes e discentes?

• Quais as perspectivas dos docentes e discentes para uma possível transformaçãodo currículo?

• Qual ou quais paradigmas curriculares estãosubjacentes à proposta?

Page 4: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

“...um terreno de produção e política cultural, no qual

os materiais existentes funcionam como matéria

prima de criação, recriação e, sobretudo, de

contestação e transgressão.” Moreira e Silva

Currículo

“um empreendimento humanístico, uma situcionalidade educador/educando, dialógica

e problematizadora, mediatizada pela proposta cultural de uma sociedade que é

também temporal e tem seu ritmo histórico” Domingues

Page 5: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Interesses humanos •técnico•consensual •emancipador

•empírico-analítico •histórico-hemenêutico•praxiológico

Enfoques de Pesquisa

Paradigmas Curriculares •Técnico-linear•Circular-consensual•Dinâmico-dialógico

Page 6: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Dinâmico-dialógicoConhecimento: construção de significados e valores culturais;Currículo: integrado na totalidade do social;Currículo: ato político emancipador

Técnico-linearConhecimento válido:universal, científico, objetivo e neutro;Ênfase na informação, controle e na eficiência;Pedagogia desideologizada e acrítica; Currículo: transmissão do conhecimento e da cultura.

Circular-consensualConhecimento: resultante de vivências, da prática da vida, de comunicações intersubjetivas;Ênfase no cotidiano e no contexto do aluno;Currículo: centrado no aluno.

Page 7: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

ANÁLISE DO CURRÍCULO DO CURSO DE MÚSICA DA UEL

O conceito de conhecimento

A função da educação e da educação musical

O entendimento do currículo

Page 8: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Três enfoques

O currículo formal e oficial: o documento

O currículo experienciado: vivência dos alunos

O currículo percebido: vivência dos docentes

Page 9: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

O currículo formal e oficial: o documento

O primeiro bloco contextualiza a proposta pedagógica

O segundo bloco refere-se à disposição e às características das

disciplinas do curso

Page 10: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

O currículo formal e oficial: o documento

Idéias de conhecimento

Conhecimento centrado no objeto.

Conhecimento previamente selecionado;

Compartimentalizado em disciplinas estanques

Page 11: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

A função da educação e da educação musical circular-consensual técnico-linear

concepção que privilegia os

aspectos subjetivos e inter-subjetivos

conhecimento: algo a ser repassado,

circunscrito a um corpo de

conteúdos Indivíduo: sujeito do processo de construção do

conhecimento, com vistas à conquista de sua autonomia

dinâmico-dialógico

Page 12: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

O CURRÍCULO EXPERIENCIADO: a vivência dos alunos no Curso

“Acho que o conhecimento (...) começa desde que a pessoa nasce e a todo momento você está recebendo e passando novas informações (...) seja através de

alguma conversa, da visão, odores;... E o conhecimento musical, acontece da mesma maneira:

as pessoas começam do zero, por exemplo, quer aprender tocar violão, fazer os acordes, cantar e tocar

melodia acompanhada...” (Rodolfo)

Conhecimento: acúmulo de informações

Page 13: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO E

DA EDUCAÇÃO MUSICAL

“A educação, ela pode levar ao conhecimento sim. Mas não só isso. A educação assim fica só um

pacote de informações, que você joga pro aluno, ela não cumpre seu papel. Acho que tem que ter um algo mais que entra na faixa da reflexão do educador e que deve também levar seu aluno à

uma reflexão.” (Fábia)

Mais do que informações

Page 14: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO E

DA EDUCAÇÃO MUSICAL

“É a única forma de transformar (...) Porque transformar a sociedade profundamente, só se você mexer com o ser humano...” (Júlio)

Valorização da dimensão humana e do contexto social.

Page 15: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

CURRÍCULO ENQUANTO PROCESSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O papel do professor e do aluno: - O professor detentor do conhecimento/ aluno receptor:

- O professor mediador no processo de construção do conhecimento do aluno:

“O professor ele tem que ter o domínio do conhecimento...[para] fazer com que o aluno

passe por experiência.” (Jussara)

“... o professor é essa pessoa que tem que estar atenta... pra realmente saber se o conteúdo, nãosó está sendo interessante, mas está sendoestimulante para o aluno. Acho que a grande sacada do professor é essa...” (Júlio)

Page 16: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Seleção de Conteúdo

Processo centrado no aluno, nas suas necessidades:

“A seleção de conteúdos deve ser de acordo com a idéia que os alunos têm sobre um

determinado assunto. A vivência que os alunos têm... o mais próximo possível...No caso de música, o currículo deve ser

baseado totalmente em cima do aluno pra poder atingir, de certa forma, os interesses

dele também, não só os interesses do professor.” (Milton)

Page 17: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Formação do educador musical

“...Você está mexendo com pessoas, são vidas, tem uma história, tem todo seu contexto social onde estão inseridos, mas tem também perspectivas, tem também anseios, tem desejos... e tudo isso,

acho que deve ser levado em conta na formação do educador musical...”

(Fábia)

“ensinar não é transferir conhecimento... é uma

especificidade humana” Paulo Freire

Page 18: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

UM OLHAR NO CURRÍCULO DO CURSO DE MÚSICA DA UEL

-A VIVÊNCIA NO CURSO

-CRÍTICAS E SUGESTÕES

-O ESTÁGIO

-A AVALIAÇÃO

Page 19: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

UM OLHAR NO CURRÍCULO DO CURSO DE MÚSICA DA UEL

O ESTÁGIO“...a questão educacional é complicada; nós alunos, enquanto educadores, só vamos nos testar quando agente entrar no estágio...vai ser um ano (4º ano) evocê vai ter 6 meses em cada turma...A realidade édiferente, porque aqui no curso, a gente tem váriosinstrumentos para fazer um laboratório; nos colégios, não tem...a gente deve ter acesso ao estágio um pouco mais cedo...” (Rodolfo)

Page 20: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

“...a gente pegou nesse primeiro semestre o CAIC na

região de periferia... pessoal carente... crianças, sabe?....

Eles sabem que eles são excluídos, eu acho...” Como é

que você vê a cultura musical deles? Qual o tipo de repertório?

“Por exemplo, forró eles adoram. É uma coisa que outros

do centro da cidade têm repugnância. Isso é um lixo,

isso não é música. O bom é rock'n roll. E eles já não.

Eles gostam de forró. Eles adoram forró, baião e xote...

Cantam junto. (...) as crianças são maravilhosas...” (Otávio)

O ESTÁGIO

Page 21: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

UM OLHAR NO CURRÍCULO DO CURSO DE MÚSICA DA UEL

A AVALIAÇÃO

“Para mim a avaliação deve ser contínua, não pode fechar

num bloco de conhecimentos como um único material

registrado...precisa acontecer dia a dia, para o aluno,

para o professor e para o curso...Não é uma prova, mas

é o pensar, o falar, o expressar, o conversar, tudo isso

pode estar sendo instrumento de avaliação.

(Tereza)

Page 22: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

O CURRÍCULO PERCEBIDO:

VIVÊNCIA DOS DOCENTES NO CURSOCONCEITO DE CONHECIMENTO

o paradigma técnico-linear:“... Os conhecimentos em educação musical (...)

são informações, são vivências que podem ser

trazidas pra cada pessoa. (...) eu não tenho assim

nenhuma informação de conceito de conhecimento

que...eu utilize pra minha reflexão sobre educação

musical. Então isso é uma coisa minha, é o que existe

na vida, de informações, de vivências, de experiências

que podem ser... adquiridas, passadas e trabalhadas,

com os alunos.” (Vanessa)

Page 23: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

“...No caso da música...acredito que só há o conhecimento

a partir do momento que o sujeito é o centro do interesse

daquilo que ele está buscando, aquilo que vem...[ao]

encontro [d]ele...Daí da necessidade de o professor

aprender com os alunos aquilo que ele vai ensinar...

o professor que não aprende com o aluno, que não

escuta o aluno, não consegue essa interatividade...”

(Lívia)

CONCEITO DE CONHECIMENTO

o paradigma circular-consensual:

Page 24: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO

E DA EDUCAÇÃO MUSICAL

Educação: Algo essencial no processo de

humanização e no exercício da cidadania plena

Educação musical: A música é algo inerente ao

ser humano, e, portanto, fundamental na sua formação por desenvolver as dimensões

estética, artística, cognitiva, afetiva, canalizadas pela capacidade de expressão

Page 25: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO O Papel do Professor e do Aluno

“um trabalho de duas mãos, duas vias, [em que] os professores aprendem com os alunos e os alunos

aprendem com os professores...” (Vanessa)

“...é preciso modificar uma certa cristalização daquela situação em que o professor é o detentor do

conhecimento e o aluno está ali na sala de aula pra receber aquele conhecimento detido pelo professor.”

(Roberto)

Page 26: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Seleção de Conteúdos

Os critérios de seleção do conteúdo

tendem a ser centrados no aluno, nas suas

necessidades, dando ênfase ao contexto

do aluno, embora não deixe de ser

considerada a preferência do professor.

Page 27: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Os docentes consideram que a formação do educador

musical deve instrumentaliza-lo para uma atuação que

considere o aluno e seu contexto como ponto de partida

para um trabalho educativo, tendo como eixo a

competência específica e a didático-pedagógica.

Além disso, um pressuposto básico para qualquer

profissão: gostar do que faz e relacionar a prática

com as coisas da vida. Prevalece pontos de identificação

com o paradigma circular consensual.

A Formação do Educador Musical

Page 28: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

UM OLHAR PARA O CURRÍCULO DO CURSO DE MÚSICA DA UEL

A AVALIAÇÃO

Os professores acham difícil avaliar porque a complexidade implícita no processo de avaliação

educacional abarca questões de ordem conceitual, juízo de valores, procedimentos, encaminhamentos.

Estas questões estão diretamente relacionadas a uma visão do sujeito avaliado, do sujeito que avalia

e do objeto.

Page 29: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo desvelou-me que qualquer modelo de

educação adota uma posição e uma orientação

seletiva frente à cultura e ao conhecimento, que

se concretizam, precisamente, no currículo.

Page 30: Teorias Curriculares e o ensino superior de música

Há que se pensar em um currículo que contemple as

diferenças nos diversos contextos sociais e culturais,

para se vislumbrar caminhos que nos levem à

igualdade e à solidariedade humana. Há que

pensar em currículos de música em que as

histórias dos sujeitos possam mostrar o seu verso e

seu reverso ou seja, o que é (real)

e o que poderia ser (ideal). Afinal, a possibilidade de

realizar mudanças não é uma crença ingênua

em utopias, mas uma capacidade humana.