mudanças demograficas e seus impactos na previdência social

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As Mudanas no Cenrio Demogrfico Brasileiro e seus Impactos na Previdncia

Daniel de Castro CasagrandeBI Cincia e Economia 1 Perodo Universidade Federal de Alfenas [email protected]

Vanessa Pereira TerraBI Cincia e Economia 1 Perodo Universidade Federal de Alfenas [email protected]

Pedro Mrcio da Costa Jnior *BI Cincia e Economia 1 Perodo Universidade Federal de Alfenas [email protected]

Taynara BarbosaBI Cincia e Economia 1 Perodo Universidade Federal de Alfenas [email protected]

06 de Maio de 2011

A populao brasileira tem sofrido profundas transformaes nas ltimas dcadas, mudanas essas, que tero enorme repercusso na esfera econmica e social do pas. O comportamento da taxa de fecundidade, o aumento na expectativa de vida e a complexidade no mercado de trabalho brasileiro tem sido bastante estudado, de forma que o principal objetivo deste trabalho apresentar as Mudanas Demogrficas no Brasil e Seus Impactos na Previdncia Social.

Palavras-Chave: Demografia; Impactos; Previdncia, Taxa de Fecundidade,Expectativa de Vida; Complexidade; Mercado de Trabalho; Fator Demogrfico.

___________________________ *Pedro Mrcio da Costa Jnior

1.

Introduo

O crescimento populacional tem sofrido profundas transformaes nas ltimas dcadas o qual se torna cada vez mais estvel, mudanas essas, que tero enormes repercusses em termos sociais e econmicos para o Brasil. Pesquisas feitas pelo IBGE, mostraram que a populao brasileira com o passar dos anos tem adquirido outro perfil: o de uma populao mais madura, com um ndice de fecundidade que vem se reduzindo exponencialmente, o aumento da expectativa de vida cada vez maior e que cada vez mais, o mercado tem operado com uma escala de complexidade cada vez maior. O aumento da expectativa de vida tem uma relao direta sobre o clculo do fator previdencirio, cujo fator principal o tempo de contribuio; outra mudana em nosso cenrio demogrfico a tendncia ao processo de declnio rpido e generalizado da taxa de fecundidade no Brasil. Deve-se considerar que essas mudanas causaro grande impacto no mercado de trabalhado. Neste artigo, apresentaremos a situao do cenrio demogrfico brasileiro, os impactos que suas mudanas causaro na Previdncia Social e algumas de suas possveis solues.

2.

Mudanas Demogrficas: Novos Desafios Para o Brasil

A populao brasileira tem sofrido inmeras transformaes no ltimo sculo; at o incio da dcada de 1930 o crescimento da populao contou com grande contribuio da imigrao, mas a partir da adoao da "Lei de Cotas" que estabeleceu limites entrada de imigrantes no pas, o aumento da populao passou a depender, principalmente, do seu crescimento vegetativo. Aps a Segunda Guerra Mundial, que ocorreu entre 1939 e 1945, o crescimento tornou-se acelerado, devido enorme diminuio na taxa de mortalidade. Entre 1940 e 1960 foi registrado a maior evoluo das taxas de crescimento populacional, atingindo em 1960 a taxa de 29% ao ano, foi quando este perodo marcou a primeira fase de transio demogrfica brasileira. A partir da dcada de 1960 comeou ento, ocorrer uma desacelerao demogrfica contnua, registrando em 2000 um crescimento demogrfico de 16% ao ano, com forte tendncia queda. Essa mudana no padro de crescimento da populao mostra-nos uma situao tpica da segunda fase de transio demogrfica. Atualmente, diante das principais mudanas demogrficas (aumento da expectativa de vida, diminuio da taxa de fecundidade e complexidade do mercado de trabalho brasileiro), encontramos grandes desafios sociais e econmicos para o pas, pois a velocidade da transio que tem ocorrido alta e suas consequncias podem ser expressivas, cabendo ao governo adotar polticas pblicas para enfrentar este desafio e a sociedade em apreender estas mudanas e aceit-las como reais.

2.1 Enquanto a expectativa de vida aumenta, a aposentadoria reduz.Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) publicada no primeiro semestre de 2011 mostra que a expectativa de vida no Pas aumentou cerca de trs anos no perodo considerado de 1999 a 2009, passando para 73,1 anos. Entre as mulheres so registradas as maiores taxas de expectativa, que passou de 73,9 anos para 77 anos. Entre os homens, passou de 66,3 para 69,4 anos. Segundo o IBGE, a taxa de expectativa de vida no Brasil ainda menor que a da Amrica Latina e do Caribe (73,9 anos) e Amrica do Norte (79,7 anos), s ficando frente da sia (69,6 anos) e da frica (55 anos). A pesquisa mostra que o aumento da esperana de vida ao nascer e a queda da fecundidade no Pas tm feito subir o nmero de idosos, que passou entre 1999 e 2009 de 6,4 milhes para 9,7 milhes.

Na imagem acima vemos a grande modificao das pirmides, mostrando o envelhecimento da populao.

O aumento da expectativa de vida tem uma relao direta sobre o clculo do fator previdencirio, cujo um fator principal o tempo de contribuio. Fator previdencirio, frmula de clculo de benefcios criada para tentar estancar o rombo das contas do INSS. Com o fator, alm da contribuio do segurado, a idade e a expectativa de vida na hora da aposentadoria tambm influenciam no valor do benefcio. Quanto maior o tempo no qual supostamente a pessoa ainda viver, ou seja, a expectativa de vida, depois que comear a receber da Previdncia, menor o valor a ser recebido. A expectativa de vida, por exemplo, muda de acordo com a idade do trabalhador no momento em que requere o benefcio. Mas toda vez que a expectativa de vida aumenta, as novas aposentadorias pagas pelo INSS tendem a cair. Atravs disso, para atender a esta necessidade da Previdncia, que a expectativa de vida do brasileiro passou a ser calculada anualmente pelo IBGE, o que antes era feita de dez em dez anos. Para garantir uma aposentadoria cada vez maior, cabe ao segurado do INSS ter um tempo de trabalho cada vez maior, superando os 30 anos exigidos na lei para mulheres e 35 anos para os homens. Isso porque, com o fator previdencirio, a idade maior e o tempo de contribuio estendido aumentam o valor do benefcio, num efeito contrrio daquele provocado pelo aumento da expectativa de vida.

Mas mesmo o fator previdencirio reduzindo os benefcios, o fato dos brasileiros estarem vivendo mais ajuda a piorar ainda mais o rombo nas contas da Previdncia, pois com a taxa de natalidade cada vez menor e o aumento da expectativa de vida cada vez maior estes contribuem para o envelhecimento da populao.

2.2 Com o decrscimo do nmero de filhos por mulher, o nmero de contribuintes est diminuindo.A taxa de fecundidade do Brasil j semelhante dos pases mais ricos. A informao da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), que alerta para um rpido envelhecimento da populao brasileira e consequncias diretas para o financiamento de aposentadoria. De acordo com a OCDE, cada mulher brasileira tem, em mdia, 1,8 filho. Entre as moradoras das naes mais ricas do mundo, a taxa de natalidade , em mdia, de 1,74. Entre os maiores pases emergentes, apenas a China tem uma taxa inferior do Brasil (1,5), e isso graas a um controle de natalidade rgido imposto pelo governo. Na comparao com outros emergentes, o cenrio brasileiro radicalmente diferente. Na ndia, por exemplo, so 2,7 filhos por mulher. A reduo do nmero de filhos ter impacto econmico para a Unio, segundo a OCDE, a consequncia ser o envelhecimento da sociedade e a necessidade de garantir uma maior participao da populao ativa no pagamento de impostos para assegurar as aposentadorias. As prioridades de gastos pblicos tambm tero de ser revistas. "No mdio prazo, haver uma presso menor para destinar recursos para crianas e maior para os gastos com penses e sade, j que uma populao mais velha exige tambm um servio de sade maior", diz Simon Chapple, da diviso de polticas sociais da OCDE. Dados de 2009 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) divulgados em Abril de 2011 confirmam as tendncias demogrficas que comearam na dcada de 1970: desacelerao no ritmo de crescimento populacional e envelhecimento da populao. De acordo com a Coordenadora de Populao e Cidadania do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA), Ana Amlia Camarano, em 1970, acreditava-se que a populao brasileira chegaria a 200 milhes de habitantes nos anos 2000. Hoje, estima-se que a marca ser atingida em 2020. Para Camarano, o Pas deve parar de crescer em 2030, devido ao fato de a taxa mdia de fecundidade (1,8 filho por mulher) se encontrar abaixo do patamar de reposio, que seria de 2,1 filhos. O nvel de fecundidade passou de 91 filhos nascidos vivos a cada mil mulheres em 1992 para 63 em 2009 e houve reduo no nmero de adolescentes grvidas. A populao brasileira est envelhecendo, o que nos faz pensar tambm em novas polticas pblicas pelo aumento na demanda por cuidados de longa durao e por servios de sade. Em 2040, a previso de que teremos 204,7 milhes de pessoas no Brasil, diz a Coordenadora. Acompanhando a tendncia mundial, o crescimento demogrfico brasileiro vem se desacelerando nas ltimas quatro dcadas. Esse processo decorrente principalmente da queda constante da taxa de fecundidade. Em 2009, a densidade demogrfica no Brasil era de 22,5 habitantes por quilmetro quadrado.

2.3 A Taxa de Fecundidade no Brasil: Abaixo do Nvel de Reposio?A partir da dcada de 1960, iniciou-se no pas uma desacelerao contnua no ritmo de crescimento populacional e de envelhecimento da populao. A diminuio das taxas de fecundidade (que representa a quantidade de lhos que cada mulher tem na vida) passou a ser maior que a das taxas de mortalidade, regristrando no ano de 2000 um crescimento demogrfico de 1,6% a.a. com tendncia queda. Estudos demogrficos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), demonstram que as famlias esto tendo cada vez menos filhos: em 1960, a mdia era de seis filhos por mulher, caiu para 2,85 em 1991 e, em 2000, para 2,38; no ano de 2009, a pesquisa revelou, que a mdia passou para 1,94 filhos por mulher. Tal valor, traduz o resultado de um processo intenso e acelerado de declnio da fecundidade ocorrido na sociedade brasileira nas ltimas dcadas (Grfico 1).

(Grfico1: Evoluo da taxa de fecundidade no Brasil entre 1950 e 2000) O decrscimo da taxa de fecundidade, pode estar associado a vrios fatores, entre eles podemos citar a urbanizao crescente, melhoria do nvel educacional, ampliao do uso de mtodos contraceptivos, maior participao da mulher na fora de trabalho e instabilidade de emprego. Estudos revelam, que os nveis mais baixos da taxa de fecundidade se encontram nos estados da Regio Sudeste, sobretudo no Rio de Janeiro e Minas Gerais com valores um pouco acima de 1,60 filho por mulher (Grfico 2).

(Grfico 2: Taxa de Fecundidade Total, segundo as unidades de Federao -2009) Com isso, acompanhando a tendncia mundial, o crescimento demogrfico brasileiro vem se desacelerando nas ltimas dcadas, processo esse que decorrente principalmente da queda constante da taxa de fecundidade, levando o Brasil a ter taxas igual a de pases desenvolvidos, levando em conta que nas naes mais ricas do mundo, a taxa de fecundidade , em mdia, de 1,74 filhos por mulher. A informao divulgada pela Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), alerta para um rpido envelhecimento da populao brasileira, que remete consequncias diretas para o financiamente de aposentadoria. Taxas inferiores a 2,1 indicam fecundidade insuficiente para assegurar a reposio populacional. Com isso, pressupe-se que, a partir de 2015, a populao brasileira ter uma taxa de crescimento igual zero, isto , tender a uma populao estvel, com crescimento nulo, o que corresponder a uma populao estacionria, combinada ainda com outros fatores, tais como profunda modificao na estrutura etria, os avanos tecnolgicos, especialmente na rea da sade, faz com que o grupo de idosos ocupe um espao mais significativo na sociedade brasileira, tendo assim, profundas implicaes sobre toda a vida social e econmica do Pas (Grfico 3).

(Grfico 3: Fecundidade j est abaixo da reposio mesmo no meio rural. Fonte: Folha de So Paulo, 21/07/08)

2.4 As constantes mudanas no cenrio demogrfico brasileiro obrigaro as empresas a rever seus conceitos.Atualmente no mercado de trabalho brasileiro e mundial tem-se a ideia de que importante contratar pessoas mais jovens, pois na teoria, estas possuem maior motivao e constituem, na maioria das vezes, mo-de-obra mais acessvel devido falta de experincia. Porm, com o advento das mudanas demogrficas, ser necessrio que haja uma reviso de conceitos. Com o aumento da expectativa de vida e a diminuio da taxa de fecundidade, haver envelhecimento da populao, ser importante que as empresas estejam voltadas capacitao e treinamento dos funcionrios com idade avanada, pois estes constituiro a maior parcela da Populao Economicamente Ativa do pas. visvel o incio da mudana de comportamento das empresas, j que, nos ltimos anos, presencia-se, por exemplo, a prioridade na produo de alimentos que agridem menos a sade e diminuio dos alimentos calricos e com alto ndice de gorduras. aconselhvel que as pessoas associem-se no apenas Previdncia Social, mas tambm s Previdncias Complementares, para garantir uma aposentadoria digna no futuro. O governo tender a aumentar o tempo de contribuio ao INSS para que homens e mulheres tenham direito aposentadoria, evitando assim, colapsos na Previdncia Social, por isso, de extrema importncia que as empresas estejam preparadas para essa revoluo anunciada no mercado de trabalho do Brasil.

3

Concluso e Discusso

Com a realizao deste trabalho, fez-se a sintese entre os trs principais fatores demograficos que influenciam na Previdncia, o que vital para uma posterior compreenso do tema em causa. Os fatores apresentados aqui no , de forma alguma, os nicos possveis, bem pelo contrrio, mas so os principais. Percebemos que pela teoria do ciclo de vida, quando os pases se encontram em estgio de razo de dependncia demogrfica alta, possuindo grande proporo de jovens ou por possurem grande participao de idosos, a poupana nacional tende a ser baixa e a demanda por gastos pblicos aumenta. Para finalizar, nota-se que o Brasil est passando por uma fase nica em sua histria, a chamada Transio Demogrfica, onde as mudanas tem sido altas e rpidas, fazendo com que suas futuras consequncias sejam expressivas. Dito isso, necessrio que o Brasil adote, com urgncia, politcas pblicas para enfrentar tais desafios na Previdncia. Como tal, lcito afirmar que por todas essas condies, assistiremos no futuro a um acrscimo da investigao e debate nesta rea, tendo em vista a busca de melhores e mais abrangentes ndices estatsticos.

Referncias[1] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Sntese de Indicadores Sociais Uma analise das condies de vida da populao brasileira. Disponvel em: Acesso em 1/05/2011 [2] VALIM, D. Segundo dados do Institudo Brasileiro de Geografia e Estatstica, populao de idosos aumenta no pas. Disponvel em: Acesso em 28/04/2011 [3] CARVALHO, J. A. M. de. Tendncia regionais de fecundidade e mortalidade no Brasil. Belo Horizonte: CEDEPLAR/UFMG, 1974 (Monografia 8) [4] CHADE, J. Brasil j tem taxas de natalidade igual de pases desenvolvidos. Disponvel em: Acesso em 28/04/2011 [5] CARVALHO, J. A. M. de. "Evoluo demogrfica recente no Brasil". Pesquisa e Planejamento Econmico. Rio de Janeiro Agosto/1998 [6] MERRICK, T.W., BERQU, E. The determinants of Brazil recent rapid fertility decline. Washington: National Academy Press, 1983