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ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL YTHALANGE GIRLAINE TENÓRIO BEZERRA MORTALIDADE MATERNA POR ECLÂMPSIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2007 SALVADOR 2010

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ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

YTHALANGE GIRLAINE TENÓRIO BEZERRA

MORTALIDADE MATERNA POR ECLÂMPSIA NO BRASIL NO

PERÍODO DE 2000 A 2007

SALVADOR 2010

1

YTHALANGE GIRLAINE TENÓRIO BEZERRA

MORTALIDADE MATERNA POR ECLÂMPSIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2007

Monografia apresentada a Atualiza Associação Cultural, como exigência do Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Enfermagem em Emergência.

Orientadora: Prof. Msc Sandra Portella

SALVADOR

2010

2

YTHALANGE GIRLAINE TENÓRIO BEZERRA

MORTALIDADE MATERNA POR ECLÂMPSIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2007

Monografia para obtenção do grau de Especialista na Atualiza Associação cultural

em Enfermagem em Emergência.

Salvador, ___/___/___.

EXAMINADOR:

Nome:______________________________________________________________

Titulação:____________________________________________________________

PARECER FINAL:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3

AGRADECIMENTOS

Ao meu maravilhoso Deus por ter me protegido e me dado forças nessa

longa caminhada;

Aos meus pais, meu noivo e meu irmão por todo amor, pela paciência das

horas ausentes, pelas alegrias nas horas de descontração e pela ajuda nas

horas difíceis.

Aos meus familiares de Salvador por terem me acolhido muito bem;

A Atualiza Associação Cultural onde fiz o curso de pós-graduação;

Aos meus amigos por todo o incentivo;

A professora Sandra Portella por toda orientação e compreensão;

A bibliotecária Adriana Márcia por todo apoio;

A todas as mulheres que foram alvo e participaram indiretamente desse

trabalho;

Aos meus colegas do curso por todas as situações compartilhadas ao longo

desse período de 01 ano e 08 meses de convivência;

A todas as pessoas que de um modo ou de outro contribuíram para a

realização deste estudo.

4

“Mortalidade materna é morrer no curso de uma gestação, durante o parto e até no puerpério. Conforma-se a destino tão funéreo, é crime social sem remissão. Perder a vida por infecção é caso muito grave e muito sério. Morrer de aborto, por complicação, causa revolta, suscita impropério. Morrer de eclâmpsia, de cardiopatia, é um absurdo, uma aberração. Mas este matricídio é evitável. Por isso, essa hecatombe abominável. Exige do governo solução.” Sebastião Ayres de Queiroz

5

RESUMO

A eclâmpsia é uma das complicações obstétricas mais graves. É um tipo de doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG). A DHEG apesar de ter sua causa ainda desconhecida, acomete, principalmente, as mulheres nulíparas, multíparas, muito jovens ou idosas. Pode ser detectada a partir da vigésima semana de gestação e durar até 14 dias após o parto. A pré-eclâmpsia é tratada afim de que, se evite a eclâmpsia ou a síndrome HELLP. O tratamento é realizado com medicamentos, repouso, dieta branda, e nos casos mais graves o parto está indicado. Pois, na maioria deles, a recuperação é imediata após o parto. Mesmo assim, ainda pode ocorrer a eclâmpsia pós-parto nas primeiras 24 horas. A eclâmpsia é caracterizada pela hipertensão, edemas, proteinúria e convulsões. Este estudo epidemiológico permite confrontar o ideal do real, observando as altas taxas de mortalidade materna por eclâmpsia no período de 2000 a 2007 no Brasil. O ideal seria que essa taxa fosse zero, pois nos dias atuais, nenhuma mulher deveria morrer por complicações da gravidez, parto e puerpério. A partir da ampliação dos conhecimentos dos profissionais de saúde, este trabalho tem a finalidade de promover um aumento na qualidade prestada às mulheres no pré-natal, parto, puerpério, urgências e emergências obstétricas. É fundamental também, que o profissional de saúde explique as clientes a respeito dos sinais e sintomas que devem ser informados imediatamente a eles, que elas cuidem da própria saúde e sejam assíduas as consultas marcadas. Contudo, ainda se faz necessário reduzir as altas taxas de mortalidade materna e fetal, aumentando a sobrevida do binômio mãe e filho. Palavras-chave: eclâmpsia, mortalidade, gravidez, parto, puerpério.

6

ABSTRACT Eclampsia is one of the most serious obstetric complications. It is a type of hypertensive disorders of pregnancy (HDP). The HDP despite its cause still unknown, affects predominantly nulliparous women, multiparous, very young or elderly. Can be detected from the twentieth week of pregnancy and lasts until 14 days after delivery. Preeclampsia is treated so that, to avoid eclampsia or HELLP syndrome. Treatment is with medicines, rest, bland diet, and in severe cases delivery is indicated. Well, most of them, recovery is immediate after delivery. Still, it can occur postpartum eclampsia in the first 24 hours. Eclampsia is characterized by hypertension, edema, proteinuria and seizures. This epidemiological study allows a comparison between the ideal of the real, noting the high rates of maternal mortality by eclampsia in the period 2000 to 2007 in Brazil. Ideally, this rate was zero, because these days, no woman should die from complications of pregnancy, childbirth and postpartum. From the expansion of knowledge of health professionals, this work aims to promote an increase in quality provided to women in prenatal care, childbirth, postpartum, and emergency obstetric emergencies. It is also essential that health professionals explain the customers about the signs and symptoms that should be reported immediately to them, they take care of their health and the regulars are scheduled appointments. However, it is intended to reduce the high rates of maternal and fetal mortality, increasing the survival of both mother and child. Keywords: preeclampsia, mortality, pregnancy, childbirth, postpartum.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 08 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 10 2.1. ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL 10 2.1.1. Políticas, Programas e Pactos de Assistência à Saúde da Mulher e Reduçâo da Mortalidade Materna 10 2.1.1.1 O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) 10 2.1.1.2 O programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) 11 2.1.1.3 Política Nacional de Assistência Obstétrica e Neonatal (NN) 11 2.1.1.4 Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal 12 2.1.1.5 Pacto pela Saúde 2006 12 2.2 MORTALIDADE MATERNA: contextualização 13 2.3 EPIDEMIOLOGIA 15 2.4 Doenças Hipertensivas Específicas da Gravidez 16 2.5 Eclâmpsia 17 3 METODOLOGIA 21 3.1 TIPO DE ESTUDO 21 3.2 COLETA DE DADOS 21

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 23

5 CONCLUSÃO 28

REFERÊNCIAS 29

8

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Manual dos Comitês de Mortalidade Materna (2007) a

mortalidade materna é definida como a morte de uma mulher durante a gestação ou

dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independentemente

de duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com

ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não

devidas a causas acidentais ou incidentais. Antigamente, era natural, porém nos

dias atuais nenhuma mulher deveria morrer por complicações da gravidez, parto ou

puerpério.

Todavia, no Brasil e em outros países do mundo, o que se observa, é a alta

taxa de mortalidade materna. Em países desenvolvidos como Canadá e Estados

Unidos as taxas de mortalidade materna tem valores inferiores a nove óbitos por

100.000 nascidos vivos e a de países em desenvolvimento como Brasil, Bolívia,

Peru e Paraguai possuem valores superiores a cem óbitos por 100.000 nascidos

vivos. Entretanto, países em desenvolvimento como Cuba e Costa Rica, apresentam

taxas de mortalidade materna baixas, demonstrando que a morte materna pode ser

um excelente indicador da determinação política de garantir a saúde não apenas das

mulheres, mas de toda a população (BRASIL, 2000).

Essas elevadas taxas de mortalidade nos países em desenvolvimento

levaram a considerar a mortalidade materna como importante problema de saúde

pública nessas áreas. São necessários esforços no sentido de sensibilizar os

responsáveis pela saúde da população para que seja vista essa questão como

prioridade.

Além do mais, no Brasil e nos países em desenvolvimento, a taxa de

mortalidade materna conhecida é inferior ao número real, devido à existência de

cemitérios clandestinos, à ocorrência de partos domiciliares em áreas rurais, à

dificuldade de acesso aos cartórios, ao desconhecimento da população quanto à

importância do atestado de óbito como instrumento de cidadania e ao

preenchimento inadequado das declarações de óbito.

A hipertensão é uma das mais sérias e mais comuns complicações da

gravidez. E é responsável por 15 a 20% da mortalidade materna (ZIEGEL e

CRANLEY, 1985).

9

Porém, quando é diagnosticado que uma gestante está com DHEG

precocemente, medidas preventivas são tomadas para que elas não apresentem as

convulsões, caracterizando a eclâmpsia que é uma das complicações obstétricas

mais graves.

A escolha deste tema expressa primeiramente afinidade pessoal com a

emergência obstétrica e também os anseios de conhecer mais detalhadamente as

taxas mais atualizadas de mortalidade materna por eclâmpsia. Desejos estes

despertados durante o dia a dia no trabalho, verificando a alta taxa de mortalidade

materna, onde o correto deveria ser o contrário, ou seja, esta taxa ser zero.

É relevante a realização deste estudo para que o profissional de saúde tenha

conhecimento para agir na redução das altas taxas de mortalidade materna, uma

vez que a maioria desses óbitos é evitável mediante uma boa assistência no pré-

natal, parto, puerpério, urgências e emergências maternas.

Portanto este trabalho tem como contribuição ampliar os conhecimentos de

todos os profissionais de saúde, não apenas das enfermeiras (os).

10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL

2.1.1 Políticas, Programas e Pactos de Assistência à Saúde da Mulher e

Redução da Mortalidade Materna

O Ministério da Saúde (MS), ao longo de sua história, sempre buscou

aprimorar a assistência de saúde no Brasil. A partir da percepção da importância da

saúde da mulher e do impacto que ela tem sobre o desenvolvimento do país, foram

surgindo diversos programas dotados de planos que visam esse crescimento

nacional no que diz respeito à saúde.

2.1.1.1 O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM)

Lançado pelo MS em 1983, foi anunciado como uma nova e diferenciada

abordagem da saúde da mulher. Sendo a primeira vez em que o governo federal

propôs explicitamente e implantou, embora de modo parcial, um programa que

contemplava a regulação da fecundidade, propondo o atendimento à saúde

reprodutiva das mulheres, no âmbito da atenção integral à saúde, e não mais a

utilização de ações isoladas em planejamento familiar (OSIS, 1998).

Em 2003, foi lançado um novo documento chamado de Princípios e Diretrizes

para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – 2004 a 2007,

elaborado pela equipe da Área Técnica de Saúde da Mulher. Esse documento

incorpora a integralidade e a promoção da saúde como princípios norteadores e

busca consolidar os avanços no campo dos direitos sexuais e direitos reprodutivos,

com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção

ao abortamento e no combate à violência doméstica e sexual (BRASIL, 2003a).

Entre os objetivos para o período de 2004 a 2007 apresentados nesse

documento, estão: a) promover a saúde sexual e reprodutiva das mulheres e

adolescentes; b) prevenir e tratar os agravos decorrentes da violência doméstica e

sexual; c) reduzir a morbimortalidade por DST/AIDS na população feminina; d)

reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina; e) ampliar e qualificar

a atenção integral à saúde de grupos da população feminina, ainda não

11

considerados devidamente nas políticas públicas: trabalhadoras rurais, mulheres

negras, na menopausa e na terceira idade, com deficiência, lésbicas, indígenas e

presidiárias. Além disso, promover a saúde mental das mulheres, com enfoque de

gênero; f) fortalecer a participação e o controle social (BRASIL, 2003a).

2.1.1.2 O Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN)

Foi instituído pelo MS, através da Portaria nº 569/GM, em 01 de junho de

2000, e constitui-se numa resposta às necessidades de atenção específica à

gestante, ao recém-nascido e à mulher no período pós-parto. Esse programa busca

a redução das altas taxas de morbi-mortalidade materna e perinatal, procurando

assegurar o acesso, a melhoria da cobertura e da qualidade do acompanhamento do

pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal (NN). Busca, também,

investir nas redes estaduais de assistência à gestação de alto risco, incrementar o

custeio de procedimentos específicos e outras ações como o Projeto de Capacitação

de Parteiras Tradicionais (BRASIL, 2002a).

O PHPN, para alcançar seus objetivos, sugere a ampliação do acesso ao pré-

natal, o estabelecimento de procedimentos e ações, cuja realização é fundamental

para esse acompanhamento, e a promoção do vínculo entre a assistência

ambulatorial e o momento do parto. O PHPN instituiu, ainda, uma estratégia para

induzir e auxiliar a maioria dos municípios a implementar essas ações, introduzindo

novos recursos para o custeio dessa assistência e transferindo-os mediante o

cumprimento de critérios mínimos, necessários para melhorar a qualidade da

assistência (SERRUYA e CECCATI, 2004).

2.1.1.3 Política Nacional de Assistência Obstétrica e Neonatal (NN)

Foi instituída pelo MS em 06 de julho de 2005, através da portaria nº. 1067.

Propõe-se ser executada conjuntamente pelo MS e as Secretarias de Saúde dos

Estados, dos Municípios e do Distrito Federal e tem por objetivo o desenvolvimento

de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém-

nascidos, promovendo a ampliação do acesso a essas ações, o incremento da

qualidade da assistência obstétrica e NN, bem como sua organização e regulação

no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005).

12

A partir dessa política deve ocorrer um processo de contratualização de

metas entre os gestores municipais, estaduais e o MS para organização da rede de

atenção obstétrica e NN nos estados e municípios, de acordo com as diretrizes e

condições a serem aprovadas pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e

Conselho Nacional de Saúde (CNS). O processo de contratualização de metas para

atenção obstétrica e NN deve contemplar também o ajuste do PHPN e a

reclassificação das unidades de referência para atendimento às gestantes e recém-

nascidos de alto risco nos estados e municípios (BRASIL, 2005).

2.1.1.4 Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal

Lançado no dia 08 de Março de 2004, pelo governo federal, teve como meta

inicial a redução da MM e NN em 15%, até o final de 2006, e como objetivo

estratégico, nas próximas duas décadas, a redução desses indicadores aos níveis

considerados aceitáveis pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse Pacto

exige a participação efetiva dos governos estaduais e municipais e da sociedade

civil organizada. Desde o seu lançamento já foram realizados seminários de

implementação estaduais e municipais (FEBRASGO, 2005; BRASIL, 2004).

Entre suas ações estão o fornecimento de verbas, a qualificação de equipes

profissionais de 27 maternidades brasileiras (uma por estado) na atenção obstétrica

e NN humanizada e com compromisso de multiplicar o treinamento nas

maternidades dos 78 municípios prioritários em 2005 (FEBRASGO, 2005; BRASIL,

2004).

Dentre os tantos desafios a serem enfrentados, se pretende, com o Pacto,

minimamente garantir que toda brasileira grávida receba acompanhamento no pré-

natal para que tenha uma gestação saudável e os eventuais riscos e agravos

possam ser detectados precocemente e tratados adequadamente; que haja

atendimento hospitalar da gestante no momento do parto, acabando a busca de um

leito (FEBRASGO, 2005; BRASIL, 2004).

2.1.1.5 Pacto pela Saúde 2006

Na perspectiva de superar dificuldades apontadas, os gestores do SUS assumiram o

compromisso público da construção desse pacto, aprovado em janeiro de 2006,

13

expelidos nas portarias nº 399 e nº 699, que seria anualmente revisado, com base

nos princípios constitucionais do SUS, e com ênfase nas necessidades de saúde da

população (BRASIL, 2006).

Para isso foi necessário instituir o exercício simultâneo de definição de

prioridades em três componentes: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e

Pacto de Gestão do SUS (BRASIL, 2006).

É importante abordar nesse trabalho algumas informações sobre o Pacto pela

Vida, já que entre suas prioridades está a sua atenção especial à MM. Esse pacto

constitui-se de um conjunto de compromissos sanitários, derivados da análise da

situação de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos federal,

estadual e municipal. Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá

ser executada com foco em resultados e com a explicitação dos compromissos

orçamentários e financeiros para o alcance desses resultados (BRASIL, 2006).

Entre as prioridades de atenção que constam nesse pacto, para 2006,

estavam: Saúde do idoso; Câncer de colo de útero e de mama; Mortalidade infantil e

materna; Doenças emergentes e endemias, com ênfase na Dengue, Hanseníase,

Tuberculose, Malária e Influenza; Promoção da saúde; Atenção básica à saúde

(BRASIL, 2006).

2.2 MORTALIDADE MATERNA: contextualização

O Ministério da Saúde (2000) afirma existir dois tipos de mortes maternas

obstétricas que são: as obstétricas diretas que ocorrem por complicações obstétricas

durante a gravidez, parto ou puerpério, devido a ações, omissões e ou tratamentos

incorretos com negligência, imprudência ou imperícia e as obstétricas indiretas que

são causadas por doenças que já existiam antes da gestação ou que desenvolveram

na gestação, não ocasionadas por causas obstétricas diretas, mas favorecidas pelos

efeitos fisiológicos da gravidez.

A morte materna causada por acidentes ou causas incidentais não

relacionadas à gravidez é conhecida como morte materna não obstétrica ou morte

não relacionada. Sendo assim, esse tipo de óbito não entra no cálculo de

mortalidade materna (BRASIL, 2007).

Segundo o Ministério da saúde (2007) morte materna tardia é devido a

causas obstétricas diretas ou indiretas, porém ocorre em um período superior a 42

14

dias e inferior a um ano após o término da gravidez. Já esse tipo de morte entra no

cálculo de mortalidade materna.

A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) justifica a

inclusão das mortes que ocorreram até um ano após o parto, com a afirmação de

que os inúmeros avanços médicos e tecnológicos ocorridos, principalmente, nas

duas últimas décadas, permitiram prolongar a vida das mães que apresentaram

alguma patologia relacionada ao ciclo gravídico-puerperal por semanas, e até

meses. Assim, as mortes ocorridas serão, necessariamente, maternas,

independentemente de elas terem acontecido depois do período estipulado como

puerperal (SANTOS et al, 1998 apud CARVALHO, 2007).

Mortalidade de mulheres em idade fértil é aquela morte ocorrida em mulheres

na faixa etária de 10 a 49 anos de idade no Brasil, já internacionalmente a faixa

etária é de 15 a 49 anos. A faixa etária de mulheres em idade fértil no Brasil é

diferente devido à existência de gravidez em mulheres menores de 15 anos

(BRASIL, 2007).

Baseando-se nos dados encontrados na Declaração de Óbito (D.O.), a morte

materna ainda pode ser classificada em (BRASIL, 2002a):

• Morte Materna Declarada, quando as informações registradas na D.O.

permitem classificar o óbito como materno;

• Morte Materna Não Declarada, quando as informações registradas na D.O.

não permitem classificar o óbito como materno, porém após uma investigação nos

dados obtidos, descobre tratar-se de morte materna;

• Morte Materna Mascarada é aquela cuja causa básica, relacionada ao

estado gravídico-puerperal, não consta na D.O. por falhas no preenchimento. Um

exemplo comum é a ocorrência de um óbito materno na UTI, e o médico, por

desconhecer o que se passou anteriormente com a mulher, atesta apenas a causa

terminal.

Denomina-se de Morte Hospitalar aquela que ocorre a qualquer momento e

em qualquer dependência de um hospital ou estabelecimento de saúde,

independentemente do tempo transcorrido entre a chegada da paciente e seu

falecimento. O óbito da paciente dentro da ambulância, a caminho do hospital,

também é considerado hospitalar; Morte Domiciliar é aquela que ocorre dentro do

domicílio; e Morte em Via Pública é aquela que ocorre em local público ou em

15

trânsito num veículo não destinado especificamente ao transporte de pacientes e

sob a responsabilidade de pessoa não profissional de saúde (BRASIL, 2002a).

Considera-se Morte por Residência aquela morte ocorrida na cidade em que a

vítima morava; já Morte por Ocorrência é considerada nos casos em que a vítima foi

a óbito em outra cidade (BRASIL, 2001).

2.3 EPIDEMIOLOGIA

O Ministério da saúde (2007) explica o cálculo da razão de mortalidade

materna (RMM), onde reúne as mortes devido às complicações da gravidez, parto,

puerpério e abortos. Este indicador tem como objetivo medir o risco de morte por

estas causas, avaliando a cobertura e a qualidade da assistência à mulher prestada

neste período. O cálculo deve ser feito com o número total de óbitos maternos,

independentemente da causa, dividido pelo número de nascidos vivos (NV),

multiplicando o resultado por 100.000, sempre para a mesma área e no ano

considerado. Utiliza-se o número de nascidos vivos para saber o número

aproximado de gestantes.

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) foi desenvolvido e

implantado no Brasil pelo MS em 1975, e tornou-se essencial para criação de um

sistema de vigilância epidemiológica no país. Em 1992, foi desenvolvido por técnicos

da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)/MS e implantado nas secretarias

estaduais de saúde, um sistema computadorizado que veio agilizar a codificação

das D.O. e descentralizar o estado (BRASIL 2003b).

O documento padrão do SIM usado para a notificação do óbito é a D.O. que é

o documento oficial que comprova a morte de um indivíduo. Ele é impresso em 03

vias pré-numeradas sequencialmente, pelo MS ou por intermédio do Centro

Nacional de Epidemiologia (CENEPI), da FUNASA, e distribuído às secretarias

estaduais de saúde para subsequente fornecimento às secretarias municipais de

saúde, que repassam aos estabelecimentos de saúde, para ser entregue às

Unidades Notificadoras (BRASIL, 2003b).

No Brasil em 1987, também com o apoio do MS, foram implantados os

comitês de morte materna, cuja função é analisar todos os óbitos maternos do país e

socializar medidas de redução destes óbitos (BRASIL, 2007).

16

Desde 28 de Maio de 2003, o óbito materno é considerado evento de

notificação compulsória no Brasil, o que torna obrigatória a investigação dos óbitos

de mulheres em idade fértil em todo o território Brasileiro, cujas causas possam

ocultar o óbito materno (BRASIL, 2007).

Ocorrido o falecimento, o estabelecimento onde ocorreu deve preencher a

D.O. A primeira via é retida para um recolhimento posterior na busca ativa pelos

setores responsáveis pelo processamento, secretarias estaduais e/ou municipais de

saúde. A segunda via é entregue aos familiares para o registro civil em cartório e a

terceira via permanece na Unidade Notificadora para ser arquivada aos registros

médicos do falecido (BRASIL, 2003b).

A vigilância Epidemiológica da mortalidade materna é de responsabilidade

dos municípios, onde é executada pelas secretarias municipais e de forma

complementar pelas secretarias estaduais.

Vigilância Epidemiológica é o conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer, a qualquer momento, o comportamento ou história natural das doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus fatores condicionantes, com o fim de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e eficientes que levem à prevenção e ao controle de determinadas doenças (BRASIL, 1990, p.03).

2.4 DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ

A hipertensão induzida pela gravidez também pode ser chamada de toxemia.

E segundo Ziegel e Cranley (1985) é uma doença da última metade da gestação,

onde a gestante apresenta hipertensão, edema e proteinúria. Sua ocorrência foi

atribuída a maus espíritos, a ingestão de sódio e ganho de peso durante a gestação.

Porém, a causa da toxemia permanece desconhecida até hoje.

Para o Ministério da Saúde (2000) hipertensão arterial aguda é definida pelo

aumento abrupto nos níveis pressóricos basais, independente dos valores absolutos.

E crise hipertensiva ocorre quando a pressão arterial diastólica atinge 110 mmHg.

Os principais tipos de DHEG são pré-eclâmpsia que pode ser dividida em leve

e grave ou síndrome HELLP e eclâmpsia.

Lowdermilk, Perry e Bobak (2002) conceituam pré-eclâmpsia como uma

condição específica da gestação onde a hipertensão desenvolve-se após a vigésima

17

semana de gestação em uma gestante previamente normotensa, é um processo de

doença multissistêmico, vasoespástico, caracterizado pela hemoconcentração, pela

hipertensão e pela proteinúria. O diagnóstico de pré-eclâmpsia baseia-se na

presença de hipertensão com proteinúria, no edema patológico ou em ambos.

Segundo Sibai (1996) síndrome HELLP é uma variação da pré-eclâmpsia

grave, presente em até 12% das gestações complicadas pela pré-eclâmpsia. Onde

HELLP significa: H = hemólise, EL = elevação das enzimas hepáticas, LP =

contagem baixa de plaquetas.

Na síndrome HELLP as mulheres relatam mal-estar durante vários dias, dor

epigástrica ou no quadrante superior direito do abdômen, náuseas e vômitos. É

importante salientar que muitas são normotensas ou apresentam ligeiras elevações

na pressão sanguínea e a proteinúria pode estar ausente (LOWDERMILK, PERRY e

BOBAK, 2002).

Rezende e Montenegro (1987) afirmam que a DHEG é uma doença

multisistêmica, ocorrendo habitualmente no fim da gestação, tendo como

características principais: hipertensão, edema e proteinúria. Nas formas graves, em

virtude da irritabilidade do sistema nervoso central, manifestam-se as convulsões e a

doença é denominada eclâmpsia.

2.5 ECLÂMPSIA

É a forma mais grave da DHEG, ocorrendo convulsões devido à irritabilidade

do sistema nervoso central, podendo até levar a morte.

De acordo com o Ministério da Saúde (2000) é definida pela presença de

convulsões tônico-clônicas generalizadas e ou coma. Das formas hipertensivas é a

principal causa de morte materna, com incidência de até 14% do total de casos.

Para Gilbert e Harmon (1998) a eclâmpsia é caracterizada por convulsões,

pelos efeitos cerebrais profundos da pré-eclâmpsia é o principal perigo materno.

Normalmente, a morbidade e a mortalidade materna são mais altas entre os casos

em que a eclâmpsia é vista no início da gestação, pois provavelmente já existia

hipertensão crônica antes da gestação.

Segundo Lowdermilk, Perry e Bobak (2002) a eclâmpsia é a ocorrência de

convulsões ou coma, em uma paciente com pré-eclâmpsia, que não pode ser

atribuída a outras causas. Aproximadamente a metade dos casos de eclâmpsia

18

ocorre antes do início do trabalho de parto, com outra metade dividida, igualmente,

entre os períodos intraparto e pós-parto.

Lowdermilk, Perry e Bobak (2002) afirmam que a fisiopatologia da eclâmpsia

relaciona-se com as mudanças fisiológicas da gestação. As adaptações fisiológicas

normais incorporam o aumento do volume do plasma sanguíneo, a vasodilatação, a

diminuição da resistência vascular sistêmica, o débito cardíaco elevado e a

diminuição da pressão osmótica colóide. O vasoespasmo arteriolar diminui o

diâmetro dos vasos sanguíneos, impedindo o fluxo de sangue a todos os órgãos e

elevando a pressão sanguínea. A função de órgãos como a placenta, os rins, o

fígado e o cérebro é deprimida de 40 a 60%.

Para Dildy e et al (1991) com a perfusão placentária diminuída haverá o

envelhecimento precoce da placenta e o possível retardo do crescimento fetal intra

uterino. A perfusão renal reduzida diminui o tempo de filtração glomerular e leva a

mudanças glomerulares degenerativas e à oligúria. A proteína, principalmente, a

albumina perde-se na urina. A depuração do ácido úrico é diminuída. Contudo, o

nitrogênio da uréia sanguínea, a creatinina sérica e os níveis séricos do ácido úrico

aumentam.

Há, portanto, a retenção de sódio e de água. A pressão osmótica colóide do

plasma diminui, assim como os níveis de albumina sérica. O volume intravascular cai

com o movimento do líquido para fora do compartimento intravascular, resultando

em hemoconcentração, em aumento da viscosidade sanguínea e em edema do

tecido. O valor do hematócrito eleva-se quando o líquido deixa o espaço

intravascular (CUNNINGHAM e et al, 1997).

O valor do hematócrito eleva-se, à medida que a condição agrava. Na pré-

eclâmpsia grave, o volume de sangue pode cair para os níveis pré-gestacionais ou

abaixo, o edema grave desenvolve-se e observa-se um ganho rápido de peso

(SCOTT, 1994).

Dildy e et al (1991) afirma também que os vasoespasmos arteriolares e a

diminuição do fluxo sanguíneo para a retina levam a sintomas visuais como o

escotoma (manchas cegas) e a visão enevoada. A mesma condição patológica leva

ao edema cerebral e às hemorragias e a irritabilidade aumentada do sistema

nervoso central.

19

Scoott (1994) complementa que a irritabilidade do sistema nervoso central

manifesta-se como cefaléia e, ocasionalmente, como desenvolvimento de

eclampsia. As mudanças no afeto são sintomas típicos do edema cerebral.

Na eclâmpsia todos os músculos entram em estado de contração tônica, e a

seguir se contraem e se relaxam alternadamente. Frequentemente surge quando a

paciente está dormindo. Em geral a face da paciente torna-se cianótica e distorcida

com a boca desviada para um lado, observa-se também a protrusão da língua e a

saliva espumante. Apresenta-se totalmente inconsciente e insensível à luz, durante

o acesso a respiração cessa. Após uma inspiração, longa e profunda, voltam os

movimentos respiratórios. Os ataques convulsivos podem durar de 10 a 15

segundos, ou de convulsões violentas que duram até 02 minutos. (ZIEGEL e

CRANLEY, 1985)

A detecção precoce da hipertensão na gestação é importante para prevenir

sequelas maternas e fetais. Uma estratégia eficiente é identificar a gestante de alto

risco logo na consulta inicial de pré-natal, quando houver uma hipertensão crônica

ou o aumento da pressão arterial a partir da vigésima semana de gestação (DHEG)

e ter um cuidado minuncioso em avaliar os sinais e sintomas que caracterizam a pré-

eclâmpsia a fim de evitar a eclâmpsia.

Em uma consulta ambulatorial ou até mesmo em um atendimento hospitalar

devem-se entrevistar as gestantes ou familiares da mesma, perguntando seus

antecedentes pessoais e familiares, hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo,

etilismo e o consumo de drogas ilícitas, obtendo informações preciosas para a saúde

da cliente.

O exame físico é outro fator decisivo na qualidade do atendimento prestado a

gestante. A pressão sanguínea deve ser verificada e registrada na sua maneira

padronizada, deve-se também observar a presença de edemas, onde estão

localizados e qual o grau dos mesmos.

Deve-se fazer de tudo para evitar a eclâmpsia, porém, se acontecer de a

gestante desenvolvê-la, a equipe de saúde assistirá a mulher, afim de evitar

complicações piores maternas ou fetais e ou até mesmo a morte de um dos do

binômio ou de ambos.

O cuidado imediato durante uma convulsão é a garantia de uma via aérea

desobstruída. A mulher deve ser colocada na posição lateral para prevenir a

aspiração. Após o término da convulsão, os alimentos e os líquidos são aspirados da

20

glote ou da traquéia, e o oxigênio é ofertado por máscara facial. Drogas como o

sulfato de magnésio e ou outros anticonvulsivantes são administrados conforme

prescrição médica (SIBAI, 1996).

Lowdermilk, Perry e Bobak (2002) lembram da importância de registrar a

hora, a duração e a descrição das convulsões e qualquer alteração na eliminação da

urina e da evacuação fecal. Após a convulsão avalia-se o estado fetal e cervical e a

atividade uterina. Pois, uma decisão deve ser tomada em relação à ocorrência do

parto, uma vez controladas a atividade convulsiva e a pressão sanguínea.

21

3 METODOLOGIA

3.1TIPO DE ESTUDO

O presente estudo caracteriza-se em uma pesquisa descritiva, a qual tem

como objetivo informar sobre a distribuição de um evento, na população, em termos

quantitativos. Estes podem ser de incidência ou prevalência e são utilizados para

identificar grupos de risco, o que informa sobre as necessidades e as características

dos segmentos que poderiam beneficiar-se de alguma forma de medida saneadora,

por isso a íntima relação da epidemiologia com a prevenção de doenças e

planejamento de saúde (PEREIRA, 1995).

A análise utilizada foi do tipo quantitativa, uma vez que realizou uma

avaliação apenas através de variáveis com o objetivo de esclarecer em forma de

quantidade e proporção e utilizando-se de técnicas estatísticas. (PAPALÉO, 2006)

Trata-se de uma pesquisa do tipo epidemiológica, uma vez que a análise dos

dados permitirá traçar o perfil da MM por eclâmpsia no Brasil no período de 2000 a

2007.

Com relação à técnica de pesquisa, os tipos de documentação utilizados

foram à indireta, através de pesquisa bibliográfica de fontes secundárias, tais como,

livros, publicações periódicas, impressos diversos; e a direta através do acesso e

transcrição do banco de dados.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 2002) e segundo

Marconi e Lakatos (2002) este tipo de pesquisa pode propiciar um exame do tema

sob um novo enfoque e chegando a novas conclusões, não sendo desta forma a

repetição do que já foi dito ou escrito.

3.2 COLETA DE DADOS

Foi realizada uma análise do banco de dados do Sistema de Informação de

Mortalidade (SIM) no site do DATA SUS do Ministério da Saúde (MS). A pesquisa

dos dados deste estudo foi relacionada à frequência de mortalilade materna, seja na

gravidez, parto ou puerpério independente da faixa etária, cor, escolaridade, estado

22

civil, causada por eclâmpsia no Brasil durante o período de 2000 a 2007. Foram

consideradas apenas as mortes que ocorreram nas cidades em que as vítimas

moravam, ou seja, as mortes por residência.

Paralelamente, realizaram-se várias buscas de referências bibliográficas,

livros nacionais e internacionais, periódicos e impressos diversos, todos de fontes

confiáveis para complemento deste trabalho.

Não foi necessária a aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa por se

tratar de uma pesquisa epidemiológica, descritiva e bibliográfica.

23

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Após a transcrição dos dados retrospectivos, foi realizada uma análise de

maneira quantitativa a fim de exibi-los estatisticamente, para uma melhor

identificação dos perfis das regiões brasileiras devido à mortalidade materna por

eclâmpsia no período de 2000 a 2007. E refletir a assistência obstétrica, a partir da

literatura levantada.

O primeiro ano pesquisado foi o de 2000, onde o Brasil apresentou um total

de 245 MM por eclâmpsia. A região Sudeste foi a que apresentou o maior número

com 87 mortes. Já a região Centro-Oeste apresentou o menor com 15. A região Sul

teve 22, a Norte 38 e a Nordeste teve 83.

Em 2001 foram 205 mortes no Brasil, ou seja, houve uma diminuição de 40

mortes. Desta vez a região Nordeste apresentou o maior número com 81, depois

veio a Sudeste com 55, a Sul com 26, a Norte com 22 e com o menor número

novamente a Centro Oeste com 21.

Já em 2002 teve um aumento de 03 mortes no total do Brasil com relação ao

ano de 2001. Pois, em 2002 foram 208 mortes. O Nordeste continuou em primeiro

lugar com 90 mortes, seguido do Sudeste com 60, Norte com 22, e por último com

18 vieram o Sul e o Centro-Oeste.

No ano de 2003 a MM por eclâmpsia também aumentou com relação a 2001

foram 215 mortes por eclâmpsia. O Nordeste continua liderando com 98 mortes,

Sudeste com 54, Norte com 30, Centro-Oeste com 17 e Sul com 16 apresentando

pela primeira vez o menor número.

A região Sul em 2004 continua apresentando o menor número de MM por

eclâmpsia sendo 14 mortes, depois vem a Centro-Oeste com 17, Norte com 22,

Sudeste com 55 e o Nordeste com 83. O Brasil até que diminuiu o número de mortes

apresentando em sua totalidade 191.

O Centro-Oeste em 2005 volta a apresentar o menor número de MM por

eclâmpsia, além de apresentar pela primeira vez apenas 08 mortes, depois vem o

Sul com 14, Norte com 35, Sudeste com 53 e o Nordeste com 82. Foram 192 mortes

no Brasil todo.

O Nordeste em 2006 diminuiu o número de MM por eclâmpsia, obtendo o seu

menor número durante o período todo do estudo, apresentando 70 mortes, mesmo

24

assim, o número ainda é muito alto. O Sudeste teve 44, o Norte 35, o Sul 19 e o

Centro-Oeste 11. O Brasil teve 179 no total.

O último ano estudado foi o de 2007, pois o site pesquisado só disponibilizava

até este ano. Foi o ano em que o Brasil teve o menor número de MM por eclâmpsia.

Foram 168 mortes. A região Sul também obteve seu menor número, foram 07

mortes, depois veio a Centro-Oeste com 08 também foi seu menor número, mas já

tinha apresentado em 2005. A região Norte teve 23, um a mais do seu menor

número. A Sudeste teve 50 mortes, seu segundo menor número. E o Nordeste 80,

também o seu segundo menor número de mortes.

Apesar do número de MM por eclâmpsia estar diminuindo no Brasil, este

índice ainda continua muito alto. Principalmente para a região Nordeste que além de

ter apresentado o maior número de mortes em 07 dos 08 anos estudados, esses

números foram altíssimos.

Além disso, é importante considerar que os números de mortes analisados

nessa pesquisa pode não condizer com a realidade dos óbitos maternos ocorridos

no período de 2000 a 2007. Uma vez que, foram vistas nesse estudo fragilidades

que ocorrem no sistema de notificação e investigação desses óbitos, causando o

mascaramento da Mortalidade Materna.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera-se ideal um

coeficiente de MM de 10 mortes por 100.000 NV e aceitável, um coeficiente de até

20 mortes por 100.000 NV. No Brasil, os números oficiais indicaram como média

nacional em 1997, um coeficiente de 51,6 óbitos maternos por 100.000 nascidos

vivos (BRASIL, 2002b).

O Brasil teve um total de 2.039 registros de óbitos maternos, de uma maneira

geral, em 1998 e, nesse mesmo ano, a RMM brasileira obtida a partir de óbitos

declarados foi de 64,8. Nas regiões Sul e Sudeste estes valores foram,

respectivamente, de 76,2 e 70. Já nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste foram

de 56,1, 54,8 e 57, respectivamente. Essas disparidades devem-se à melhor

qualidade do registro de óbitos nas regiões primeiramente citadas e não ao fato de a

saúde estar melhor nas últimas 03 regiões (BRASIL, 2007).

A situação da MM no Brasil é preocupante. O Painel de indicadores do SUS

(2006) afirma que no Brasil, onde 97% dos partos são hospitalares e ocorre uma

forte expansão da assistência pré-natal, a MM associa-se ao direito de acesso aos

25

serviços de saúde como também à sua qualidade e procedimentos, muitas vezes

inadequados ou iatrogênicos.

Associa-se, também, às desigualdades e iniquidades sociais. Os dados

apresentados são da publicação Saúde Brasil 2005, da Secretaria de Vigilância e

Saúde (SVS), recolhidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do

Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC), ambos do MS (BRASIL,

2006).

Tendo em vista os dados fornecidos pelo SIM e o SINASC o cálculo da RMM

na região nordeste, em 2005, obteve o maior número de óbitos maternos, 620

óbitos, seguidos pela região Sudeste com 477 óbitos e a região Sul com 216 óbitos;

além disso, o nordeste revelou-se como o segundo maior número em NV, com um

total de 924.983, ficando atrás da região sudeste, com 1.171.841 NV e seguido, em

terceiro lugar, pela região Sul, com um total de 392.107 NV. O nordeste apresentou,

também, a RMM mais elevada, 67,03, quando comparada a outras regiões do Brasil

que ficaram com RMM inferiores a 57,49.

A MM é, portanto, um bom indicador da realidade sócio-econômica de um

país e da qualidade de vida de sua população. Ela também aponta a determinação

política de uma nação em realizar ações de saúde coletivas e socializadas (BRASIL,

2007; LAURENTI, MELLO e GOTLIEB, 2004). Prova disso é que, apesar de estarem

em situação socioeconômica semelhante à dos demais países latino-americanos,

Chile, Cuba, Costa Rica e Uruguai têm RMM substancialmente inferiores - menores

que 40 por 100.000 nascidos vivos (BRASIL, 2007).

Com relação à causa de MM mais freqüente, um estudo realizado no ano de

1997, em 15 cidades dos estados do Pará, Rio Grande do Norte e Mato Grosso,

identificou, aproximadamente, 21,7% das mortes maternas tiveram como causa a

eclâmpsia. As síndromes hemorrágicas ficaram em segundo lugar das causas de

óbito, seguidas pelas cardiopatias complicadas pela gestação (TANAKA e MITSUIKI,

1999).

Concordando com as informações relatadas anteriormente, Costa e et al

(2002), em um estudo realizado em Recife entre o ano de 1994 e 2000, composto

por 4.611 mães, verificou esse predomínio das causas obstétricas diretas de morte

materna (quase 70%), sendo as causas mais freqüentes hipertensão (19,4%),

hemorragia (16%) e infecção puerperal (11%). Por outro lado, entre as causas

indiretas, destacaram-se as cardiopatias. Observou-se que a maioria dos óbitos

26

ocorreu em hospital durante o puerpério, principalmente nos 42 primeiros dias.

Óbitos durante a gravidez apresentaram dados importantes e os casos ocorridos

durante o parto foram raros.

Osmanagaoglu e et al (2006), também de acordo, relatam que apesar do

desenvolvimento de instalações terciárias de cuidado, tratamento intensivo e de

técnicas avançadas de transfusão de sangue, as desordens hipertensivas da

gravidez são a causa principal de MM na maioria dos países.

Bezerra e et al (2005), realizaram um estudo das MM por hipertensão em uma

maternidade escola no Ceará no período de 1981 a 2003, onde foi constatado maior

frequência na faixa etária de 18 a 22 anos, seguida pela faixa etária de 28 a 32

anos. Com relação à paridade, o estudo apresentou predomínio das primigestas,

seguidas pelas secundigestas e tercigestas. Evidenciou-se que grande maioria dos

óbitos aconteceu no puerpério, seguido pelos ocorridos antes do parto, e raros

casos aconteceram durante o TP, porém quanto à eclâmpsia, prevaleceu durante a

gestação, subsequentemente no puerpério e, por fim, durante o TP. No que diz

respeito ao tipo de parto, predominou o cesário. A maioria das mulheres não

freqüentou o pré-natal, outras tiveram pelo menos uma consulta, e apenas 6%

tiveram seis ou mais consultas.

Porém, as cinco principais causas de MM direta nos países em

desenvolvimento, relatadas pela WHO (2005), são as hemorragias (25%), seguidas

pelas infecções (15%), as complicações do aborto (13%), a eclâmpsia (12%) e as

distócias/obstruções no TP (8%).

De acordo com as informações acima, uma análise dos últimos 15 anos,

numa maternidade escola de Minas Gerais, mostrou que não houve morte por pré-

eclampsia/eclâmpsia nem infecção puerperal. As principais causas de MM foram

hemorragia periparto, aborto e as mortes por causas obstétricas indiretas

(ANDRADE e et al, 2006).

Em um estudo realizado em Campinas, no período de 1992 a 1994, foi

verificada uma maior concentração dos casos de MM na faixa etária de 30 a 34 anos

e secundários às complicações do aborto. As complicações por hipertensão, do TP e

do puerpério foram mais comuns em idades menores, até 29 anos. Não houve

óbitos em mulheres com idade inferior a 15 anos e nem superiores de 34 anos

(PARPINELLI e et al, 1999).

27

O que pode ser observado nesses estudos relatados é o perfil da MM, a

maioria relata o predomínio das MM por causas obstétricas diretas, principalmente

por problemas hipertensivos, que poderiam ser resolvidos através de uma

assistência de pré-natal digna, contribuindo para a redução da MM, pois quando o

pré-natal é de qualidade e fácil acesso, os sinais ou os fatores de risco para

morbidade e MM são descobertos precocemente, permitindo, dessa forma, que

intervenções apropriadas sejam instituídas (BUCHABQUI, ABECHE e BRIETZKE,

2002; ALENCAR JÚNIOR, 2006).

28

5 CONCLUSÃO

De ante do que foi analisado, a taxa de MM por eclâmpsia está diminuindo

no Brasil no período de 2000 a 2007. Porém, essa taxa continua elevada,

principalmente na região Nordeste. Primeiramente, é preciso estender os serviços

de saúde às pessoas que ainda não têm uma boa assistência e aperfeiçoar o

atendimento às que já a possuem.

Os Programas de Saúde da família (PSF) devem ter uma atenção especial

para o planejamento familiar tanto para aquelas mulheres que não desejam

engravidar, quanto para aquelas que estão pensando em engravidar, pois qualquer

alteração que ela tenha de saúde, como a pressão arterial, pode ser corrigida ou

controlada antes da gravidez, visando o bem estar do futuro binômio mãe e filho,

afastando a possibilidade da morte de ambos.

O pré-natal de baixo risco deve ser realizado com alta qualidade pela

enfermeira(o) e pelo médico(a) do próprio Programa de Saúde da Família (PSF), ao

observarem alguma característica de alto risco, encaminha-se a gestante para uma

unidade de referência. As visitas e consultas puerperais também devem ser

lembradas e realizadas com qualidade.

Os atendimentos nos Ambulatórios, nas Urgências e Emergências devem

ser eficientes, prestando atenção não só na causa principal da gestante referida,

mas nela como um todo. Uma boa assistência obstétrica independente do nível de

complexidade do atendimento é uma questão essencial. Além disso, deve-se prestar

atenção para a saúde global das mulheres, não apenas para a saúde reprodutora.

Sugere-se a continuação de estudos para a redução na MM no Brasil,

principalmente na região Nordeste. Visto que, foi a região que apresentou maior

número de MM.

A gestante deve ter seu direito garantido a um pré-natal digno, a

maternidade bem equipada, profissionais capacitados e humanizados, para que

caso venha a ter uma eclâmpsia, ela seja acompanhada de forma responsável.

Diminuindo, assim, a incidência de MM por eclâmpsia e até mesmo a mortalidade

fetal.

29

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30

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