condutas do enfermeiro no atendimento...

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL CAROLINE MEIRA SANDE CONDUTAS DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO EMERGENCIAL AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Salvador 2010

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

CAROLINE MEIRA SANDE

CONDUTAS DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO EMERGENCIAL AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO:

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Salvador 2010

CAROLINE MEIRA SANDE

CONDUTAS DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO EMERGENCIAL AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO:

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Monografia apresentada à: Universidade Castelo Branco/ Atualiza Associação Cultural, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Enfermagem em Emergência, sobre a orientação do professor Fernando Reis do Espírito Santo.

Salvador

2010

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado força e coragem para vencer mais uma etapa na minha

formação profissional.

Aos meus pais, irmãos e familiares pelo carinho, apoio e incentivo.

Aos meus amigos, em especial Ana Carolina, amiga que conheci durante a

especialização, uma bela amizade que nasceu a partir de propósitos comuns, por ter

estado sempre presente durante todo o curso incentivando e motivando.

A Todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão desse estudo.

Muito obrigada!

“... e para se chegar, onde quer que seja,

aprendi que não é preciso dominar a força,

mas a razão. É preciso, antes de mais nada

querer." Amyr Klink.

RESUMO

Este estudo trata das condutas do enfermeiro na assistência ao paciente politraumatizado

durante um atendimento emergencial. Tem como objetivo: identificar as condutas do

enfermeiro no atendimento emergencial ao politraumatizado. É uma pesquisa

bibliográfica, exploratória de natureza qualitativa sobre as condutas do enfermeiro no

atendimento emergencial ao politraumatizado. Os dados foram coletados a partir de

livros e artigos científicos selecionados contendo o conteúdo específico para o estudo,

adquiridos em bibliotecas convencionais e eletrônicas reconhecidas nacionalmente e

internacionalmente. A coleta de dados foi realizada durante os meses de agosto a

dezembro de 2009. O índice elevado de morbimortalidade e complexidade que envolve

o cuidado ao politraumatizado exigem da enfermagem uma sistematização da

assistência objetivando a minimização de seqüelas incapacitantes e ausência de

complicações que podem levar à vítima a letalidade. Após a análise dos dados verificou-

se que o enfermeiro é o principal gestor dos cuidados aos politraumatizados, tem a

função de coordenar e organizar toda a assistência, disponibilizar recursos materiais e

humanos, garantindo uma abordagem eficaz, rápida e de qualidade aos pacientes.

Verificou-se também o quanto é importante o conhecimento técnico científico para a

preservação da integridade física do indivíduo lesado e a necessidade de investimentos

educacionais e de conscientização da população referente ao trauma por este constituir

um problema social relevante.

PALAVRAS - CHAVE: Politraumatismo; Unidade de Emergência; Enfermeiro

Emergencista; Atendimento Emergencial ao Politraumatizado; Assistência de

Enfermagem ao Politraumatizado; Reabilitação do Politraumatizado.

ABSTRAT

This study deals with the conduct of nurses in patient care during a multiple trauma

emergency care. Aims: to identify the behaviors of nurses in emergency care to

polytrauma. It is a literature of exploratory qualitative nature on the behavior of nurses

in emergency care to polytrauma. Data were collected from books and scientific articles

containing the specific content selected for the study, acquired in conventional libraries

and electronic recognized nationally and internationally. Data collection was performed

during the months August to December 2009. The high morbidity and complexity

involved in the care of multiple trauma requiring a nursing care system aiming at the

minimization of disabling sequelae, and lack of complications that can lead to the

victim lethality. After analyzing the data it was found that the nurse is the principal

manager of care for the injuries, that serves to coordinate and organize all the assistance,

providing material and human resources, ensuring an effective approach, fast and

quality for patients. It was also noted how important the scientific expertise to preserve

the physical integrity of the individual victim and the need for investment education and

public awareness regarding the trauma this was an important social problem.

KEY - WORDS: Multiple Trauma; Emergency Unit; Nurse Emergency; Emergency

Service to Multiple Traumas; Nursing Care to Multiple Traumas; Multiple Traumas

Rehabilitation.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 UNIDADE DE EMERGÊNCIA ---------------------------------------11

2.2 ENFERMAGEM DE EMERGÊNCIA-------------------------------14

2.3 TRAUMA-------------------------------------------------------------------17

2.3.1 Contextualização do trauma---------------------------------------20

2.3.2 Mecanismo de lesão do trauma------------------------------------22

2.4 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO

POLITRAUMATIZADO-------------------------------------------------------23

2.4.1 Preparação-------------------------------------------------------------24

2.4.2 Triagem-----------------------------------------------------------------24

2.4.3 Exame primário-------------------------------------------------------25

2.4.4 Exame secundário----------------------------------------------------32

2.4.5 Reavaliação------------------------------------------------------------35

2.4.6 Cuidados definitivos-------------------------------------------------36

2.4.7 Registros e considerações legais-----------------------------------36

2.5 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO---------------------------------37

2.6 REABILITAÇÃO DO PACIENTE POLITRAUMATIZADO-38

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS------------------------------------------------41

4 REFERÊNCIAS

7

1 INTRODUÇÃO

Apresentação do objeto de estudo

O crescimento da mortalidade por trauma é um fenômeno mundial. Em 2004 foram

notificados 127.470 óbitos causados por lesões externas no Brasil. Este número coloca o

trauma no terceiro lugar dentre as principais causas de mortalidade. Já em 2006, foram

internados 791.826 pacientes com o mesmo diagnóstico nos hospitais do Sistema Único de

Saúde (SUS). As repercussões do trauma nas condições físicas, psicológicas e sociais dos

sobreviventes têm implicações de grande magnitude na saúde pública (ALVES, A. L. et al,

2009; BAHIA, 2004).

O alto grau de morbimortalidade e seqüelas apresentadas pelos pacientes politraumatizados,

bem como, a complexidade e abrangência que envolve o cuidado a este tipo de paciente,

exigem da enfermagem ações articuladas, integradas e contínuas às vítimas.

Com o aumento da demanda e a complexidade dos atendimentos de saúde, deu-se a

necessidade de fracionar esse serviço em diversas áreas, surgindo assim, entre elas, a Unidade

de Urgência e Emergência e, consequentemente, o Enfermeiro Emergencista.

A Enfermagem é uma ciência humana com amplo campo de conhecimento, fundamentação e

prática de cuidar de seres humanos, que abrange do estado de saúde ao estado de doença,

dotada pela criatividade, sensibilidade, observação aguçada e improvisação.

O Enfermeiro Emergencista, mediante as situações muitas vezes críticas, deve usufruir de

conhecimentos técnicos - científicos para uma sistematização da assistência de enfermagem

rica, segura e eficaz, objetivando a minimização de seqüelas incapacitantes e a ausência de

complicações que podem levar à vítima a letalidade.

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Justificativa

O interesse pelo tema surgiu pelo crescimento do número de pacientes politraumatizados

internados no meu ambiente de trabalho, um hospital de grande porte da cidade de Salvador,

que como enfermeira, motivou-me a contribuir para uma assistência sistematizada de

enfermagem aos politraumatizados, proporcionando uma qualidade no atendimento, a fim de

diminuir os índices de incapacidades graves ou mesmo a morte desses clientes.

Problema

Quais as condutas do enfermeiro no atendimento emergencial ao paciente politraumatizado?

Objetivo

Identificar as condutas do enfermeiro no atendimento emergencial ao paciente

politraumatizado.

Metodologia

Este estudo é uma revisão bibliográfica sobre as condutas do enfermeiro no atendimento

emergencial ao paciente politraumatizado. Segundo Gil (2002), o estudo bibliográfico

exploratório permite uma maior familiaridade com o tema, com a pretensão de torná-lo mais

explícito.

A pesquisa bibliográfica possui como base material já elaborado, constituído principalmente

de livros e artigos científicos. A principal vantagem desse tipo de estudo é permitir ao

investigador a cobertura de uma variedade de fenômenos muito mais ampla do que aquela

que poderia pesquisar diretamente. No entanto, o pesquisador deve se assegurar dos dados

obtidos, analisar as informações, a fim de detectar possíveis incoerências ou contradições

(GIL, 2002).

Para Marconi e Lakatos (2002), a pesquisa bibliográfica é também denominada de pesquisa

de fonte secundária, pois abrange toda a bibliografia já publicada em relação ao tema de

9

estudo, desde jornais, revistas, teses, pesquisas, dentre outras fontes. É ressaltado que essa

pesquisa não é uma simples repetição do que já foi dito ou escrito sobre o assunto, porém

favorece um novo enfoque ou abordagem do tema, podendo chegar a conclusões

inovadoras.

Lubisco e cols (2008) ainda discutem que a essência da revisão bibliográfica é levantar

fundamentação teórica de uma forma minuciosa, identificando os autores que discutem

sobre o tema em questão, buscando compreender o assunto em diversos aspectos.

Gil (2002) enfatiza que a qualidade da pesquisa pode ser comprometida caso as fontes

secundárias apresentam dados coletados ou processados de forma equivocada, portanto, é

imprescindível que os dados sejam coletados em fontes de dados confiáveis e de

reconhecimento nacional.

Os livros selecionados contendo o conteúdo específico para o estudo foram adquiridos em

bibliotecas convencionais. Os artigos específicos sobre o tema foram obtidos em bibliotecas

eletrônicas reconhecidos nacionalmente e internacionalmente. As bases de dados estão

disponíveis na Internet nos sites da PubMed, SciELO – Scientific Eletronic Library Online –

a busca foi feita através de links de sites acadêmicos.

A PubMed é um serviço de informações da U.S. National Library of Medicine (Livraria

Nacional de Medicina dos Estados Unidos) que abrange mais de 18 milhões de citações da

MEDLINE, jornais sobre ciências da vida e artigos biomédicos completos. (PUBMED,

2008)

SCIELO é uma livraria eletrônica online que engloba artigos em ciências da saúde

publicados em jornais e revistas científicos. Esta base de dados é um projeto desenvolvido

pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) em conjunto com o

BIREME – Centro Latino americano y del Caribe de Información en Ciencias de la Salud.

Dispõe-se de acesso universal a artigos dentro dos países Ibero-americanos (SCIELO,

2008).

Além destas bases de dados, sites de revistas científicas brasileiras disponíveis online

também foram consultados. Salienta-se que os critérios de inclusão para os artigos foram:

10

abordar o tema proposto para o estudo – Condutas do Enfermeiro no Atendimento

Emergencial ao Paciente Politraumatizado; estar disponível em formato integral; e estar no

idioma inglês ou português.

Para a busca dos artigos científicos foram utilizados os seguintes unitermos/descritores:

politraumatismo, atendimento emergencial ao politraumatizado, assistência de enfermagem

ao politraumatizado, unidade de emergência, enfermeiro emergencista e reabilitação do

politraumatizado.

Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica não foi necessária a aprovação por um Comitê de

Ética em Pesquisa.

Apresentação da estrutura do trabalho

Este estudo está constituído em seis momentos. No primeiro momento, é caracterizada a

unidade de emergência, conceituando emergência e descrevendo a unidade de emergência. O

segundo momento enfatiza a enfermagem de emergência, enfoca o cuidado na emergência e a

importância da enfermeira especialista em emergência. No terceiro, aborda o trauma com todo

o seu contexto histórico e os mecanismos de lesões. O quarto momento é a descrição da

sistematização da assistência ao politraumatizado, evidencia todas as etapas (preparação,

triagem, exame primário, exame secundário, reavaliação, cuidados definitivos, registros e

considerações legais). No quinto momento, enfoca o cuidado do enfermeiro no processo de

atendimento ao politraumatizado. O sexto momento ressalta a importância da conscientização

da equipe de saúde no processo de reabilitação e melhoria da qualidade de vida do

politraumatizado.

11

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 UNIDADE DE EMERGÊNCIA

O conceito de emergência pode ter duas conotações: o primeiro conceito refere-se aos

clientes em situação de emergência e o segundo conceito trata do local onde estes clientes são

atendidos:

1. Constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco

iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, intervenção imediata;

2. Unidade destinada à assistência de clientes em condições de emergência. (MS,

1995).

A unidade de emergência oferece serviços de alta complexidade e diversidade no atendimento

a pacientes em situação de risco iminente de vida. É um setor multidisciplinar composto por

diversas classes de profissionais da saúde com perícia para tratar pacientes em um estado

grave. Além da equipe de saúde especializada a Unidades de Emergência (UE) deve dispor de

uma organização física que atenda todas as necessidades de seus usuários (WEHBE E

GALVÃO, 2005).

Dessa forma, sua localização deve ser num local de melhor acesso do hospital, possibilitando

ao cliente externo e interno a fácil identificação e no caso de uma situação de caráter urgente

ou emergente. Alem disso, de acordo com Smeltzer e Bare (2002), Wehbe e Galvão (2005) e

Figueiredo (2005), no interior da UE devem conter repartições que atendam de forma

organizada o paciente como: a recepção, onde é feita a ficha de atendimento; sala de espera,

local que os usuários aguardam pelo atendimento; sala de pré-consulta ou triagem, composta

pelo enfermeiro para a realização da consulta de enfermagem e verificação das prioridades de

cada paciente da sala de espera. As enfermeiras na área de triagem coletam alguns tópicos

cruciais das informações: sinais vitais e história, achados da avaliação neurológica e nível

glicêmico, se necessário. Os protocolos podem ser seguidos para iniciar os exames

12

laboratoriais ou radiográficos a partir da área de triagem, enquanto o paciente aguarda por um

leito na UE.

Os consultórios médicos, locais de consulta médica; sala de emergência, local de

atendimento a pacientes em situações críticas e que correm risco eminente de vida; sala de

observação, ambiente que o paciente repousa e recebe medicações e cuidados da equipe de

enfermagem; posto de enfermagem, sala de preparo de medicações e registros de enfermagem;

sala de traumas, local onde são atendidos os pacientes com traumas ortopédicos, ferimentos,

queimaduras, dentre outros; sala de gesso, local utilizado para confeccionar aparelho gessado;

sala de curativos, uma sala para realização de curativos contaminados e outra para não

contaminados; sala de isolamento, nesta são acomodados os pacientes imunodeprimidos ou

portadores de doenças infecto-contagiosas; salas ginecológicas, destinadas para realização de

consultas e exames ginecológicos; sala de parto, local reservado para realizar partos de

emergência; sala de pequena cirurgia, departamento para proceder pequenas cirurgias – por

exemplo, retirada de corpo estranho, pequenas amputações de extremidades distais; sala de

procedimentos especiais, utilizadas para lavagem intestinal, toque retal, banhos e etc.; sala de

coleta, onde são coletados materiais para exames laboratoriais; salas de diagnóstico por

imagem, localidades de realizações de exames radiológicos, tomografias computadorizadas e

ressonâncias magnéticas.

A UE ainda é composta por: sala de utilidades, lugar para armazenamentos de materiais de

apoio ao paciente e à equipe - por exemplo, papagaios, cadeira de rodas, macas, lençóis,

dentre outros; expurgo, local onde são depositados e processados os materiais contaminados,

sujos ou usados; sanitários, alguns para uso exclusivo dos pacientes e outros para uso da

equipe de profissionais; copa, local reservado para refeições e lanches; sala de reuniões,

espaço para treinamentos, mini-cursos, educação continuada e reuniões da equipe de

profissionais; sala do enfermeiro, destinado para o enfermeiro (a) responsável pela unidade de

emergência desenvolver sua função assistencial, administrativa e de pesquisa.

Segue abaixo um exemplo de uma planta da estrutura física da Unidade de Emergência

conforme os dados e autores citados.

13

É ressaltado também que juntamente com a equipe de profissionais de saúde e as instalações

físicas, a equipe administrativa vem somar os fatores que a Unidade de Emergência e

Urgência necessita para seu funcionamento. Nesta parte burocrática, a equipe administrativa é

responsável pela operação cotidiana da unidade, da manutenção dos registros e de execução

de procedimentos da rotina administrativa.

Smeltzer e Bare (2002) enfatizam que devido à crescente quantidade de pessoas infectadas

com hepatite B e com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), os profissionais da saúde

14

encontram-se em risco aumentado de exposição a doenças transmissíveis através do sangue ou

de outros líquidos corporais. Esse risco é ainda maior na Unidade de Emergência devido ao

uso comum de tratamento invasivos, além da ampla gama de distúrbios do paciente.

Sendo assim todos os profissionais de saúde em emergência devem aderir estritamente às

precauções padronizadas para minimizar a exposição.

2.2 ENFERMAGEM DE EMERGÊNCIA

O foco do cuidado de emergência é preservar a vida, evitar a deterioração, antes que o

tratamento definitivo possa ser fornecido, e restaurar o paciente a função ótima. Quando o

cuidado é fornecido para um paciente em uma situação de emergência, devem ser tomadas

muitas decisões vitais. Essas decisões exigem um julgamento razoável com base em uma

compreensão da condição que produziu a emergência e seu efeito sobre a pessoa.

Para o paciente que entra no Serviço de Emergência (SE), o cuidado enfoca a determinação da

extensão da lesão ou doença e o estabelecimento de prioridades para iniciar o tratamento. Essas

prioridades são determinadas por qualquer ameaça a vida da pessoa. As condições que

interferem com a função fisiológica vital (p.ex. via aérea obstruída, sangramento maciço) têm

prioridade. Em geral, as lesões de face, pescoço e tórax que comprometem a respiração são as

mais urgentes. As equipes de cuidado de saúde de emergência devem ser profissionais que

possuem habilidades altamente técnicas, conhecimento específico na área e práticas necessárias

para fornecer amplo cuidado individualizado ao paciente. (SMELTZER E BARE, 2002).

A enfermagem enquanto parte integrante do sistema de cuidados de saúde é uma ciência que

inclui a promoção de saúde, a prevenção da doença e a reabilitação, em todas as idades e em

qualquer fase do ciclo de vida do indivíduo.

No vasto ambiente de cuidados de saúde, a enfermagem partilha com outros profissionais de

saúde e outros setores do serviço público, as funções de planejamento, de realização e de

avaliação, a fim de garantirem um funcionamento satisfatório do sistema de saúde. (PINTO E

SARAIVA 2003).

15

Lima apud Figueiredo (2005), conceitua que “a enfermagem é uma ciência humana, de pessoas

e experiências, com campo de conhecimento, fundamentação e prática de cuidar de seres

humanos, que abrange do estado de saúde ao estado de doença, mediado por transações

pessoais, profissionais, científicas, estéticas, éticas e políticas”. Dessa forma, a enfermagem

resume-se a “arte de cuidar”, no qual os profissionais criam as condições para que os clientes

se recuperem.

O executor da arte é um artista. Assim, como artista na assistência à saúde, o enfermeiro deve

se dispor de quatro características fundamentais: criatividade, sensibilidade, observação

aguçada e improvisação (ARNHEIN apud FIGUEIREDO, 2005). A criatividade é o processo

que resulta em um produto novo, que é aceito como útil, e/ou satisfatório por um número

significativo de pessoas em algum ponto no tempo. A sensibilidade corresponde à percepção

das influências emitidas pelo meio pela utilização de todos os sentidos. Já a observação

aguçada refere à capacidade de visão além daquilo que está sendo mostrado. E a improvisação

caminha junto com a criatividade, e se caracteriza pela capacidade de interpretação e

organização imediata através de recursos disponíveis, sem ônus para o indivíduo.

Pinto e Saraiva (2003) enfatizam que a enfermagem enquanto arte combina elementos de

conhecimento, de destreza, de saber ser, de intuição que permitem ajudar alguém na sua

situação singular. Esta perspectiva é, sobretudo, significativa em situações de emergências e

urgências, nomeadamente em traumatologia.

Os acidentes de várias ordens são uma realidade cotidiana que levam ao Serviço de

Emergência grande número de vítimas, em estados mais ou menos graves e são causa de morte

ou de incapacidades de um elevado número de indivíduos. As conseqüências imediatas de um

acidente podem refletir a vários níveis corporais, isoladamente ou em associação, pelo que os

profissionais devem estar preparados para agir adequadamente em cada situação, oferecendo

serviços de qualidade que diminuam o risco de morte e previnam ao máximo as incapacidades

residuais.

A enfermeira de emergência deve ter uma educação especializada, treinamento e experiência

para estar apta a avaliar e identificar problemas de cuidados de saúde de pacientes em situações

de crise. Além disso, a enfermeira de emergência estabelece prioridades, monitoriza e avalia

16

continuamente os pacientes agudamente doentes e lesados, apóia e auxilia as famílias,

supervisiona o pessoal de saúde e ensina os pacientes e famílias dentro de um ambiente de

cuidado sob elevada pressão e tempo limitado (SMELTZER E BARE, 2002).

Baggio et al (2009) ressaltam que o profissional de enfermagem ao atuar em unidade crítica de

saúde deve demonstrar destreza, agilidade, habilidade, bem como, capacidade para estabelecer

prioridades e intervir de forma consciente e segura no atendimento ao ser humano, sem

esquecer que, mesmo na condição de emergência o cuidado é o elo de

interação/integração/relação entre profissional e cliente.

Dessa forma, percebe-se a necessidade de desenvolver o cuidado humano que possibilite a

visão individual e coletiva do ser humano e do ambiente que este co-habita, aspirando-se o

cuidado multidimensional, que concebe e integra as múltiplas dimensões do ser humano.

Para Wehbe e Galvão (2005), os profissionais que atuam em unidade de emergência (UE)

deveriam cada vez mais receber treinamento específico e aperfeiçoamento técnico-científico na

prática, pois é neste local que a equipe de enfermagem em conjunto com a equipe médica,

executa um atendimento sincronizado ao paciente vítima de trauma. A literatura indica que a

prática da enfermagem de emergência está inteiramente ligada a competência clínica,

desempenho, cuidado holístico e metodologia científica; assim, é salientada a importância da

capacitação do profissional para atuar nesta área de atendimento.

Neste cenário, o enfermeiro da unidade de emergência é elemento chave da equipe responsável

pelo atendimento ao paciente vítima de trauma durante cada fase do cuidado prestado neste

setor. Assim sendo, ele deve continuamente buscar seu aprimoramento em relação às

habilidades de liderança (relacionamento interpessoal, trabalho em equipe, comunicação,

motivação e a tomada de decisão), e ao mesmo tempo se atualizar nos moldes preconizados

pelos programas educativos específicos para atuação nesta área de atendimento.

17

2.3 TRAUMA

O trauma é um importante problema de saúde pública em todo o mundo. É a terceira causa

global de mortalidade e a primeira na faixa etária de 5 a 40 anos no Brasil. Estima-se que, a

cada ano, mais de 100.000 brasileiros morrem devido ao trauma, que deixa aproximadamente

1.500.000 feridos (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005).

O trauma não descrimina idade, raça, sexo e nível econômico. É a principal causa de morte em

indivíduos com idade entre 1 e 44 anos na maioria dos países desenvolvidos e vem assumindo

uma posição mais proeminente em países com renda mais baixa, à medida que as doenças

infecciosas são erradicadas (ATLS, 2000).

Dacin e Cavazzola (2005) denominam o trauma em uma doença. Possui um hospedeiro (o

doente) e um vetor de transmissão (automóvel, arma de fogo etc.). Comparativamente a outras

doenças, apenas uma pequena quantidade de recursos e de esforços têm sido gastos no

combate desta doença que acomete os membros potencialmente mais produtivos de cada

sociedade e os seus recursos nacionais mais valiosos, as crianças. Além disso, o impacto

econômico é assustador, o atendimento a pacientes traumatizados consome uma proporção

significativa dos recursos de saúde em qualquer nação.

Os autores supracitados realizaram uma comparação sobre as principais ocorrências atendidas

por um atendimento pré-hospitalar, segundo tipo de causa e mês da ocorrência, em uma

grande capital do Brasil. Veja a tabela e a figura abaixo:

18

19

Os custos decorrentes do trauma excedem anualmente 100 bilhões de dólares -

aproximadamente 40 % dos gastos em saúde. Esse custo é representado por salários não

recebidos, despesas médicas, custos administrativos, danos materiais e custos indiretos.

Mesmo assim com esse custo elevado, menos de quatro centavos de dólares são usados na

pesquisa do trauma. Infelizmente, o problema do trauma não chama a atenção do público e

dos legisladores da mesma forma que outros problemas de saúde. (ATLS, 2000; DACIN e

CAVAZZOLA, 2005).

Pires (2006) relata que a abordagem ao paciente politraumatizado é uma tarefa complexa que

requer da equipe de saúde um amplo conhecimento, habilidade técnica, capacidade de

julgamento e de liderança. O paciente politraumatizado é diferente de qualquer outro tipo de

doente, pelas próprias circunstâncias que originaram o seu estado; de modo geral, era uma

pessoa hígida e com saúde, até que subitamente, devido a algum tipo de acidente, passou a se

encontrar em estado grave, necessitando de assistência médica imediata, sem que se

encontrasse preparado de maneira alguma para tal situação. Assim, as lesões traumáticas têm

um imenso impacto na sociedade. Tanto para a vítima como para seus familiares ocorrem

danos físicos e emocionais, além de prejuízos materiais e financeiros, que se prolongam pelo

período de recuperação.

É salientado por Dacin e Cavazzola (2005) que quanto mais precoce a idade do

politraumatizado ou mais avançada, mais susceptível a lesões graves que ameaçam a

sobrevida. É de máxima importância que todos os membros das equipes de urgência-

emergência estejam treinados em medidas de suporte avançado de vida, para assistir a esse

paciente que chega à emergência com sinais e sintomas muitas vezes mascarados, e que pode

evoluir para o óbito, por um ligeiro descuido de observação eficaz do profissional. As queixas

nunca devem ser subestimadas e, deve ser lembrado que o organismo tem mecanismos

compensatórios que, às vezes, mascaram o quadro e pode fazer com que o tempo se torne um

adversário da equipe na batalha que, a cada momento, se instala quando o traumatizado entra

na sala de emergência.

A mortalidade decorrente do trauma é distribuída em um de três grandes momentos. O

primeiro pico, Morte imediata - ocorre nos 30 minutos subseqüentes à agressão. Durante esse

período inicial as mortes resultam em geral de apnéia, causada por lesões graves cerebrais ou

da medula espinhal alta; ou por lacerações do coração, da aorta e de outros grandes vasos

20

sanguíneos. Pouquíssimos desses doentes podem ser salvos, devido à gravidade de suas

lesões. Somente a prevenção é capaz de reduzir, de modo significativo, este pico de

mortalidade.

O segundo pico, Morte precoce, corresponde àquelas que ocorrem nas primeiras duas horas

após o trauma em conseqüência de choque hemorrágico. O terceiro pico, Morte tardia, refere-

se às mortes após primeira semana do trauma, é devido, mais frequentemente, à sepse e a

insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas. Os cuidados proporcionados durante cada uma

das fases precedentes influenciam no resultado final desta etapa. Assim, tanto a primeira

pessoa que atende a vítima como aquelas que acompanham durante sua evolução, têm um

papel direto no prognóstico final do politraumatizado (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA,

2005).

ATLS (2000), Dacin e Cavazzola (2005) e Pires (2006) enfatizam que o tratamento de um

paciente seriamente traumatizado requer um acesso rápido às lesões e a instalação de medidas

terapêuticas de suporte de vida. Desde que o tempo é essencial no atendimento ao

traumatizado, é desejável uma abordagem sistematizada, que possa ser revista, treinada e

aplicada. É importante que se estabeleçam prioridades de avaliação e condutas no atendimento

hospitalar e também no pré - hospitalar. Essas prioridades são estabelecidas nos sinais e nas

lesões que impedem a função vital.

2.3.1 Contextualização do Trauma

Antes de 1980 o atendimento aos pacientes traumatizados era considerado como superficial;

não existia um programa padronizado para a assistência ao traumatizado e nem um de

treinamento para os profissionais de saúde. Em fevereiro de 1976 ocorreu uma tragédia que

mudou a face do atendimento na “primeira hora” às vítimas de trauma nos Estados Unidos e

potencialmente em demais países. Um ortopedista, pilotando seu próprio avião, caiu em uma

plantação de milho, na zona rural de Nebraska. O cirurgião e seus filhos sofreram

traumatismos graves e sua esposa morreu no local. Reconhecendo que seu atendimento não

fora adequado, o cirurgião começou a questionar como poderia oferecer melhor atendimento

de emergência, concluiu então que o sistema deveria ser modificado (ATLS, 2000).

21

Assim um grupo de cirurgiões e clínicos em Nebraska, juntamente com o Centro Médico da

Universidade de Nebraska, o Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões do

Estado de Nebraska e os Serviços de Emergência Médica do Sudeste de Nebraska,

identificaram a necessidade de treinamento no atendimento à vítima de trauma, com uma

combinação de palestras, associada à demonstração de procedimentos de reanimação e

experiências práticas em laboratório, formaram o primeiro curso de trauma-ATLS/SAVT

(Suporte Avançado de Vida no Trauma/Advanced Trauma Life Support). Esse curso baseou-

se na premissa de que atendimento inicial, dado de forma adequada e em tempo hábil, poderia

melhorar significamente o prognóstico de traumatizados graves (ATLS, 2000).

A proposta original do programa foi o de treinar médicos que não costumavam atender, de

forma rotineira, vítimas de traumas graves. Este objetivo inicial do curso mudou e,

atualmente, o método ATLS é aceito como padrão de cuidados a vítimas de traumatismos, na

primeira hora, por muitos profissionais da área, tanto em zona rural como nos centros (ATLS,

2000).

O ATLS enfoca que o trauma mata de acordo com uma cronologia previsível. Assim deve ser

realizada uma avaliação do doente de forma rápida e precisa, reanimando-o e estabilizando-o

de acordo com as prioridades. Deve determinar se as prioridades dos doentes excedem as

disponibilidades da instituição, providenciando, de forma adequada, a transferência inter e

intra hospitalar do doente assegurando que o atendimento seja o melhor possível. Sendo

assim, foi desenvolvido a abordagem dos “ABCDEs” para a avaliação e o tratamento das

vítimas de trauma (ATLS, 2000).

ATLS (2000) e Pires (2006) ressaltam que o método “ABCDE” define de modo seqüencial e

ordenado, as medidas específicas de avaliação e as intervenções correspondentes que devem

ser adotadas em todos os doentes politraumatizados. É bastante simples e objetivo

identificando as condições de risco de vida, segue a seguinte seqüência:

22

A (airway) vias aéreas com proteção da coluna cervical;

B (breathing) respiração e ventilação;

C (circulation) circulação e controle de hemorragia;

D (disability) incapacidade: estado neurológico;

E (exposure) exposição/ controle ambiental: despir completamente o

paciente, mas prevenir a hipotermia.

2.3.2 Mecanismo de lesão do trauma

O trauma ocorre quando uma força energética externa atinge o corpo, causando alterações

estruturais ou fisiológicas e lesões diversas. Estas forças externas podem ser formas de energia

de radiação, elétrica, química ou mecânica. O conhecimento do mecanismo de lesão ajuda os

profissionais de saúde a antecipar e predizer potenciais lesões internas (BORGES, 2005).

Segundo American College of Surgeons (2000), o traumatismo por impacto, resulta na

maioria das vezes de acidentes motorizados, desportos de contato, pancadas ou quedas. As

lesões resultam de forças suportadas durante uma rápida mudança de velocidade

(desaceleração). Como o corpo pára subitamente, os tecidos e órgãos continua deslocar-se

para frente. Esta súbita mudança de velocidade causa lesões de que resultam lacerações ou

esmagamentos das estruturas internas do corpo.

Segundo Borges (2005), as lesões penetrantes resultam de agressões por armas brancas, de

fogo ou empalamento com objetos estranhos que penetram na pele, com prejuízo das

estruturas internas.

O mesmo autor diz ainda, que as lesões penetrantes podem ser ignoradas, o exterior da ferida

não determina a extensão da lesão interna. Os projéteis de alta velocidade, por exemplo,

podem criar cavidades interiores até 10 vezes superiores ao tamanho da bala. Vários fatores

determinam à extensão do prejuízo sofrido em conseqüência de um traumatismo penetrante.

Armas diferentes e objetos diferentes causam tipos de lesões distintas. A gravidade da ferida

depende do tipo de arma ou objeto, da distância e ângulo em que se insere no corpo.

23

Os mecanismos de lesão podem sugerir a intensidade das lesões, assim como alertar para a

ocorrência de traumas específicos, para os quais o doente deve ser avaliado. Deve-se dar

ênfase à obtenção e documentação de informações necessárias à triagem ao chegar ao

hospital, como por exemplo, hora do trauma, eventos relacionados ao trauma e história do

doente (ATLS, 2000).

2.4 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO POLITRAUMATIZADO

O tratamento de um doente vítima de trauma grave requer avaliação rápida das lesões e

instituição de medidas terapêuticas de suporte de vida. Visto que o tempo é essencial, é

desejável uma abordagem sistematizada, que possa ser facilmente revista e aplicada. Este

processo é denominado “avaliação inicial” e inclui atividades que devem ocorrer em paralelo

ou simultaneamente como: preparação; triagem; exame primário (ABCDE); exame secundário

(da cabeça aos pés) e história; reavaliação e monitoração contínuas após a reanimação;

cuidados definitivos; registros e considerações legais. Os exames primário e secundário devem

ser repetidos com freqüência, no intuito de detectar qualquer deterioração do estado do doente

e de identificar as medidas terapêuticas a serem adotadas tão logo se descubra à mudança

ocorrida (ATLS, 2000).

Dacin e Cavazzola (2005) enfatizam que diante de um politraumatizado, separar as medidas

diagnósticas das terapêuticas, com freqüência, é impraticável. A restrição do tempo oferecida

pela gravidade das lesões, às vezes, impede a utilização de recursos propedêuticos sofisticados

e as indicações dos procedimentos terapêuticos são baseadas no exame clínico inicial. Apesar

da complexidade do caso, o politraumatizado deve ser encarado como portador de uma

entidade única, e, portanto, atendido, examinado e tratado de forma global. Portanto, é

importante estabelecer prioridades as quais são estabelecidas pelos sinais e nas lesões que

impedem a função vital.

24

2.4.1 Preparação:

O atendimento ao paciente politraumatizado deve incluir duas diferentes situações: o

atendimento pré-hospitalar e o atendimento hospitalar. A fase pré-hospitalar onde deve existir

uma coordenação central na comunidade que receba o pedido de socorro e que envie a unidade

móvel, mais próxima para realizar o socorro emergencial. Uma central deve receber todas as

informações da unidade móvel a respeito das condições clínicas do doente e repassa-las ao

hospital que irá receber o paciente, antes de sua chegada. A ênfase deve ser centrada na

manutenção da vias aéreas, controle dos sangramentos externos, imobilização do paciente e

transporte imediato. Além de procurar diminuir o tempo de permanência no local do acidente e

agilizar o transporte, os socorristas devem obter dados referentes à hora do trauma, eventos

relacionados ao acidente e história pregressa do paciente (PIRES, 2006).

Segundo o autor supracitado, na fase hospitalar de posse das informações recebidas da central

de atendimento, deve ser feito o preparo para a chegada do doente, com equipamentos e

materiais necessários ao atendimento de urgência, soluções cristalóides e medicações, além

dos serviços de apoio (laboratório, Banco de sangue, centro cirúrgico e obstétrico, radiologia,

bio-imagem, etc.). A equipe deve ter treinamento específico em emergência e deve estar

preparada contra doenças infecto-contagiosa (precauções universais).

2.4.2 Triagem

A triagem é a classificação de clientes de acordo com o tipo de tratamento necessário e os

recursos disponíveis. A assistência deve enfocar nas prioridades ABC (Vias aéreas e controle

da coluna cervical, Respiração, Circulação e controle de hemorragias). É também aplicada a

classificação dos doentes no local e à escolha do hospital para o qual o doente deverá ser

transportado. A responsabilidade da remoção do paciente apropriado ao hospital apropriado é

da equipe do pré-hospitalar de seu diretor médico.

Devem sempre ser priorizados os clientes em risco iminente de vida e com traumatismos

multissistêmicos exceto em situações de desastre. Nesta situação, onde o número de doentes e

25

a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento do hospital e da equipe, os

clientes com maiores possibilidades de sobrevida, cujo atendimento implica em menor gasto

de tempo, de equipamentos, de recursos e de pessoal, serão atendidos primeiro.

2.4.3 Exame primário

No exame primário, os clientes são avaliados e as prioridades de tratamento estabelecidas de

acordo com as lesões sofridas, sinais vitais e o mecanismo de lesão. A assistência ao cliente

deve consistir em um exame primário rápido e eficiente, reanimação das funções vitais, um

exame secundário pormenorizado e início do tratamento definitivo. Este processo é

constituído pelo método ABCDE dos cuidados de doente politraumatizado e identifica as

condições que implicam em risco de vida (ATLS, 2000).

A desobstrução das vias aéreas é a prioridade e deve ser assegurada sua permeabilidade,

observando sinais de obstrução, presença de corpos estranhos e fraturas faciais, mandibulares

ou traqueolaríngeas. As manobras para a desobstrução das vias aéreas devem ser realizadas

com proteção da coluna cervical, evitando movimentos excessivos nessa região (usar o colar

cervical), a cabeça e o pescoço não devem ser hiperestendidos ou hiperfletidos ou rodados

(DACIN E CAVAZZOOLA, 2005).

O objetivo do atendimento é restabelecer a passagem de ar pelas vias aéreas e ofertar

oxigênio, pois o que conduz o paciente à morte mais rapidamente é a impossibilidade de

oxigenação do sistema nervoso central. O oxigênio é fundamental na reanimação do

politraumatizado, e pode haver dois obstáculos que impeçam que ele seja aproveitado pelo

aparelho respiratório: 1- a obstrução das vias aéreas superiores, do nariz até a traquéia, por

qualquer causa; e 2- o impedimento do pulmão em aproveitar o oxigênio que penetra pelas

vias aéreas. Seja por lesão parenquimatosa, como ruptura ou contusão pulmonar, seja por

compressão visceral como pneumotórax hipertensivo ou hemotórax maciço. (ALBINO e

RIGGENBACH, 2004).

26

A obstrução das vias aéreas pode ser causada por: secreções, sangue, resíduos alimentares,

fragmentos de dentes, próteses, língua, mucosa bucal ou lábios lacerados. As medidas

recomendadas são a manobra de “levantamento do queixo” (“chin lift”) ou de “ anteriorização

da mandíbula” ( “jaw thrust”).

É enfatizado por ATLS (2000) que se o doente comunicar-se verbalmente, é pouco provável

que a obstrução das vias aéreas possa representar um risco imediato; entretanto, é prudente

que a permeabilidade das vias aéreas seja avaliada em curtos intervalos de tempo. Deve-se

também considerar a existência de uma lesão de coluna cervical em todo doente com

traumatismo multissêmicos, especialmente naqueles que apresentam nível de consciência

alterado ou traumatismos fechado acima da clavícula. A proteção da medula deve ser feita e

mantida com uso de dispositivos apropriados de imobilização e caso se faça necessária a

retirada temporária desse dispositivo, um dos membros da equipe de saúde deve ser

encarregado de imobilizar manualmente a cabeça e o pescoço, mantendo-os alinhados. Esses

dispositivos devem ser mantidos até que seja excluída uma lesão de coluna cervical.

Dacin e Cavazzola (2005) salientam que a permeabilidade das vias aéreas por si só não

implica em uma ventilação adequada. Uma troca adequada de gases é necessária para que seja

possível a oxigenação e eliminação de dióxido de carbono num grau máximo.Uma boa

ventilação requer pulmões, parede torácica e diafragma com funcionamento adequado. Com

isso, deve ser realizado o exame físico do tórax (inspeção, palpação, percussão e ausculta

pulmonar) para identificar qualquer lesão que comprometa a ventilação.

Seguindo o método ABCDE após a manutenção de uma ventilação e perfusão adequadas

segue a avaliação da circulação e controle de hemorragias. O politraumatizado, pelas lesões

que sofre, perde sangue e apresenta choque. No trauma a hemorragia é a principal causa de

choque e de morte no período pós-traumático. A hipotensão em doentes traumatizados deve

ser considerada como hipovolêmia até que seja descartado esse diagnóstico. É essencial a

avaliação rápida e precisa do estado hemodinâmico do cliente. Os parâmetros que oferecem

informações importantes são: nível de consciência, quando há hipovolêmia, há redução da

perfusão cerebral alterando o nível de consciência; cor da pele, a coloração acinzentada e

esbranquiçada da pele e extremidades exsanguinadas são sinais de hipovolêmia; pulso, deve

sempre avaliar um pulso central (carotídeo ou femural) bilateralmente observando freqüência,

qualidade e regularidade. Pulsos rápidos e filiformes são sinais de hipovolêmia e pulsos

27

irregulares são sinais de irregularidade cardíaca, ausência de pulsos centrais significa a

necessidade de intervenção imediata, reanimação para restaurar déficit sanguíneo e o débito

cardíaco evitando-se a morte do cliente. (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005).

Para reverter a hipovolêmia e estabilizar as funções hemodinâmicas cabe o enfermeiro

emergencista promover uma punção venosa com cateter periférico de grosso calibre,

administrar soluções para reposição da volemia corporal e medicamentos de acordo com a

prescrição médica; coletar sangue para exames laboratoriais; notificar banco de sangue;

controlar sangramento por compressão direta; realizar monitorização cardíaca dos sinais vitais

e se necessário inserir sonda vesical de foley para iniciar o balanço hídrico e notificar qualquer

alteração das condições do politraumatizado ao médico (PAVELQUEIRES, 1997).

Albino e Riggenbach (2004) relatam que quando há hemorragia externa, o tamponamento

local com auxílio de compressas é a medida inicial eficaz na maioria das vezes. Quando o

choque é grave, quem faz o primeiro socorro providencia a reposição inicial. No hospital,

frente a um caso de choque grave, e quando não existe sangramento externo, deve-se pensar

em 4 compartimentos para descobrir a sua origem: (1) tórax; (2) abdômen; (3) bacia e

retroperitônio; (4) extremidades. Quando se trata de ferida, deve-se pesquisar a possibilidade

de lesão de grandes vasos em tórax e abdômen, pois os projéteis de arma de fogo são

responsáveis por 90% delas. Quando o trauma é fechado, presume-se, caso se trate de

abdômen, ser lesão de víscera maciça; caso seja de tórax, lesão pulmonar primeiramente. A

bacia pode fraturar-se e, na maioria das vezes, o paciente responde ao tratamento inicial. A

gravidade é proporcional ao alargamento do anel pélvico. A imobilização provisória precoce

auxilia no tratamento inicial das fraturas até que sejam tratadas definitivamente. Mas graves

são as amputações e os esmagamentos, que requerem urgência na cirurgia.

Segundo Dacin e Cavazzola (2005), a monitorização eletrocardiográfica é necessária a todos

os traumatizados, a fim de avaliar a presença de arritmias. A introdução de sondas urinárias e

gástricas deve ser considerada como parte de reanimação. O débito urinário é um indicador

eficiente de volemia do cliente. A cateterização urinária está contra - indicada nos casos em

que se suspeita de secção uretral (suspeitar quando há sangramento no meato peniano, sangue

no escroto e a próstata está alta e não é palpada).Desta maneira só realizar o cateterismo após

exame do reto e genitália.

28

Já as sondas gástricas estão indicadas para reduzir a distensão gástrica e reduzir riscos de

aspiração. É contra-indicada a passagem de SNG quando há suspeita de Fratura de placa

crivosa (fratura de base de crânio), sendo que está deve ser passada oralmente, a fim de evitar

a passagem da sonda para o crânio.

Após o controle hemodinâmico, no final do exame primário, realiza-se uma avaliação

neurológica rápida. Esta avaliação neurológica estabelece o nível de consciência do doente,

assim como o tamanho da pupila e sua reação, sinais de lateralização e o nível de lesão da

medula espinhal.

A escala de Glasgow é um método rápido e simples para determinar o nível de consciência e

pode prognosticar a evolução do doente. Caso não realizada no exame primário, deve ser feita

como parte de uma avaliação neurológica quantitativa mais pormenorizada, no exame

secundário.

29

O rebaixamento do nível de consciência pode representar a diminuição na oxigenação e/ou na

perfusão cerebral ou ser resultado de um trauma direto ao cérebro. A alteração do nível de

consciência implica em necessidade imediata de reavaliação da ventilação, da oxigenação e da

perfusão. Hipoglicemia, álcool, narcóticos e/ou outras drogas podem também alterar o nível de

consciência do doente. No entanto, se excluídos os problemas mencionados, toda alteração do

nível de consciência deve ser considerada como originária de um trauma ao sistema nervoso

central até que se prove o contrário (ATLS, 2000).

Para finalizar o exame primário, o paciente politraumatizado após a sua estabilização deve ser

totalmente despido, sendo minuciosamente examinado em busca de lesões associadas, quando

então será instituído o tratamento específico de cada uma delas. Esta é a etapa da Exposição

descrita no ATLS, e é o momento para a identificação de lesões no dorso, períneo ou outras

áreas que não sejam de identificação imediata à chegada do paciente. Orifícios de entrada e de

saída de projéteis, escoriações, hematomas, presença de otorragia, de hematúria, de

sangramento de aspecto arterial e outros sinais deverão ser valorizados. (PIRES, 2006)

O doente deve ser protegido com cobertores aquecidos ou com dispositivos de aquecimentos

externos para prevenir a ocorrência de hipotermia no serviço de emergência. Para tanto os

fluidos intravenosos devem ser aquecidos antes da infusão e a temperatura ambiente deve ser

mantida em níveis adequados (SMELTZER E BARE, 2002).

Segue o esquema prático sobre a conduta imediata ao politraumatizado:

30

31

32

2.4.4 Exame secundário

O exame secundário só deve ser iniciado depois de finalizado o exame primário (ABCDEs) e

quando as medidas indicadas de reanimação tiverem sidos adotadas e o doente demonstrar

tendência para normalização de suas funções vitais.

O exame secundário é um exame sistemático do doente traumatizado e deve ser feito da cabeça

aos pés do cliente, ou seja, crânio - caudal e cada região deve ser avaliada por completo. É

realizada uma história clínica, exame físico completo, incluindo a reavaliação de todos os

sinais vitais. Nessa fase deve também ser realizado um exame neurológico completo, incluindo

a determinação do escore na Escala de Coma de Glasgow, se não tiver sido calculado no exame

primário (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005).

Procedimentos especiais, como exames radiológicos específicos, tomografia computadorizada,

estudos laboratoriais entre outros são também providenciados durante esta fase. Uma avaliação

completa do cliente exige a realização de exames físicos repetidos (PIRES, 2006).

Na maioria das situações não se consegue obter uma história do próprio paciente. Nestes casos,

devem ser consultadas a família e a equipe do pré-hospitalar com o intuito de conseguir

informações que possam esclarecer melhor o estado fisiológico do traumatizado. A utilização

do código “AMPLA” é uma fórmula mnemônica útil para alcançar essa finalidade (ATLS,

2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005).

Informações sobre A-alergias; M-usos de medicações habitualmente tomadas; P-antecedentes

mórbidos, prenhez e cirurgias anteriores; L-líquidos e alimentos ingeridos recentemente,

pesquisando ingesta de álcool ou drogas; A-ambiente relacionado ao trauma.

Segundo Pavelqueires (1997), as condições do doente são fortemente influenciadas pelo

mecanismo do trauma. A equipe de atendimento pré - hospitalar pode fornecer valiosas

informações quanto tais mecanismos e deve reportar os dados pertinentes a equipe hospitalar.

Alguns tipos de lesões podem ser suspeitados de acordo com a direção, da força e a quantidade

de energia transferida.

33

Em casos de traumas contundentes, como costuma acontecer em acidentes automobilísticos,

são importantes as informações sobre o uso de cinto de segurança, deformação da direção ou

do painel, sinais de penetração contundente na compressão de passageiros ou evidências de

ejeção de dentro do veículo são fundamentais para determinar o tipo de mecanismo de ação do

trauma que nos dá indicações do padrão de lesão a ser encontrado.

Quando o paciente for atropelado, o padrão de lesão envolve TCE, lesões de tórax e abdome e

fraturas nos MMII. Quando as lesões são causadas por queimaduras, é importante saber se

houve associado qualquer tipo de trauma contundente. Outro fato importante a ser conhecido

em queimaduras é o tipo de material inflamado, para saber que tipo de substância poderia ter

sido inalado. Em acidentes com substâncias tóxicas, igualmente é necessário ter informações

do tipo de exposição ou ingestão, as quantidades e o tempo decorrido.

Nos traumas penetrantes, são importantes as informações do tipo do objeto penetrante e a

direção de penetração. Em casos de armas brancas, o tipo de lâmina e tamanho; em casos de

armas de fogo, o calibre, a distância da arma e o alvo também são relevantes.

De acordo com ATLS (2000); Dacin e Cavazzola (2005); Pavelqueires (1997), o exame

secundário inicia com a avaliação da cabeça e com a identificação de todas as lesões

neurológicas relacionadas e significativas. Toda a cabeça e o couro cabeludo devem ser

examinados à procura de lacerações, contusões ou evidências de fraturas. Os olhos devem ser

avaliados quanto à acuidade visual, tamanho das pupilas, hemorragias do fundo e da

conjuntiva, lesões penetrantes, lentes de contatos (remover antes que ocorra edema),

deslocamento de cristalino e encarceramento ocular.

Deve-se observar o terço médio da face para identificar presença de trauma maxilo-facial e

fraturas da placa crivosa (que são associadas à obstrução de vias aéreas). Os doentes com

trauma craniano e maxilo-facial devem ser considerados como portadores de lesão instável de

coluna cervical (fraturas e/ou lesões de ligamentos). Seu pescoço deve ser imobilizado até que

sua coluna cervical tenha sido estudada por completo e tenham sido excluídas possíveis lesões.

Ausência de défice neurológico não exclui lesão de coluna cervical. Um exame radiológico

completo é necessário para ajudar no diagnóstico.

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Procede-se o exame do pescoço que inclui inspeção, palpação e ausculta. Dor ao longo da

coluna cervical, enfisema subcutâneo, desvio da traquéia e fratura de laringe podem ser

evidenciados em um exame mais detalhado. As artérias carótidas devem ser palpadas e

auscultadas para verificar a presença de frêmitos e sopros.

A inspeção visual do tórax, em sua face anterior e posterior, permite identificar lesões como

pneumotórax aberto e grandes segmentos instáveis. Uma avaliação completa do tórax requer a

palpação de toda a caixa torácica incluindo clavículas, costelas e esterno. A pressão esternal é

dolorosa quando o tórax está fraturado e as contusões ou hematomas da parede torácica devem

alertar para possibilidade de lesões ocultas.

Lesões torácicas significativas podem manifestar-se por dor, dispnéia, ou hipóxia. A avaliação

inclui a ausculta e a radiografia do tórax. O murmúrio vesicular é auscultado para a

identificação de pneumotórax simples, pneumotórax hipertensivo, hemotórax e tamponamento

cardíaco.

As lesões abdominais são enfatizadas pelos autores supracitados os quais relatam que devem

ser identificadas e tratadas de maneira agressiva e com correção cirúrgica devido à

perigosidade das mesmas. Pacientes com hipotensão inexplicada, lesões neurológicas,

alteração do sensório decorrente do uso de álcool e drogas são candidatas a uma lavagem

peritonial. Fraturas da pelve e das últimas costelas dificultam a interpretação dos achados

abdominais.

Seguindo o exame físico, o períneo deve ser examinado a procura de contusões, hematomas,

lacerações e sangramento uretral. O toque retal deve ser realizado antes da sonda vesical.

Especificamente, o médico deve avaliar a presença de sangue na luz intestinal, próstata alta

flutuante, fraturas pélvicas e a integridade da parede do reto e a tonicidade do esfíncter.

ATLS (2000) ressalta que os pacientes do sexo feminino, o toque vaginal é parte fundamental,

deve avaliar a presença de sangue na vagina e a existência de lacerações vaginais. Além disso,

um teste de gravidez deve ser realizado em todas as mulheres em idade fértil.

35

As extremidades devem ser inspecionadas para verificar a presença de contusões e

deformidades. A palpação dos ossos pesquisando as crepitações ou mobilidade anormal a fim

de identificar fraturas. Observar pulsos periféricos para identificar lesões vasculares.

Perdas de sensibilidade ou contratilidade muscular voluntária podem ser decorrentes de uma

lesão nervosa ou isquêmica, incluindo a síndrome comparti mental.

É salientado por ATLS (2000) que a avaliação músculo-esquelética não é completa sem o

exame do dorso do doente. Se o dorso do doente não for examinado, lesões significativas

podem passar despercebidas.

Finalizando o exame secundário, é realizado um exame neurológico abrangente o qual não

inclui apenas uma avaliação sensorial e motora das extremidades, mas também a reavaliação

do nível de consciência e do tamanho e da resposta da pupila do cliente. A escala de coma de

Glasgow facilita a identificação precoce de alterações no estado neurológico do cliente.

Qualquer evidência de paralisia ou paresia sugere lesão grave de coluna ou sistema nervoso

periférico. A imobilização do cliente com manta longa, colar cervical deve ser mantido até que

se excluam lesões de coluna.

As alterações do nível de consciência devem ser monitoradas, pois podem indicar progressão

de uma lesão intracraniana. Se um paciente com TCE piora do ponto de vista neurológico, a

oxigenação, a perfusão cerebral e a adequação de ventilação (ABCDEs) devem ser reavaliadas.

2.4.4 Reavaliação

O paciente traumatizado deve ser constantemente reavaliado assegurando que fatos novos não

passem despercebidos e para identificar o agravamento de sintomas já detectados. À medida

que as lesões graves são tratadas, outras lesões menos aparentes podem complicar. Patologias

pré existentes podem agravar o quadro do cliente e o prognóstico (DACIN e CAVAZZOLA,

2005; AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS ON TRAUMA, 2000).

36

O alívio da dor é uma parte importante no manuseio do traumatizado. Muitas lesões,

especialmente as músculo-esqueléticas, produzem dor e ansiedade no doente consciente. A

analgesia para ser efetiva, requer geralmente a utilização de opiáceos intravenosos ou

ansiolíticos. Injeções intramusculares devem ser evitadas. Esses agentes devem ser

administrados cautelosamente e em pequenas doses para alcançar o nível desejado de conforto

para o doente e alívio da ansiedade evitando, ao mesmo tempo, a depressão respiratória e o

mascaramento de lesões sutis ou de mudança no estado do doente (ATLS, 2000).

Pavelqueires (1997) ressalta que deve existir uma monitorização contínua dos sinais vitais,

saturação de oxigênio, débito urinário, escala de Glasgow e hemogasometria.

2.4.5 Cuidados definitivos

Os critérios da triagem intra - hospitalar levam em consideração o estado fisiológico do

paciente, mecanismo do trauma, lesões evidentes, doença associada e fraturas que podem

alterar o prognóstico do cliente. A equipe de emergência deverá transferir o cliente para um

centro de trauma ou outro hospital mais especializado para tratar as lesões. O hospital

apropriado mais próximo deve ser escolhido com base na sua capacidade de tratar o cliente

politraumatizado, porém o cliente só deverá ser transferido após ser assistido no

ABCDEs.(ATLS,2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005; PIRES, 2006).

2.4.7 Registros e considerações legais

O registro meticuloso, como documentação cronológica de todos os eventos, é muito

importante. Frequentemente, vários profissionais de saúde assistem ao cliente. Um registro

preciso é fundamental para avaliar suas necessidades e seu estado clínico. Problemas éticos -

legais ocorrem e o registro preciso dos fatos ajuda em todos os aspectos (DACIN E

CAVAZZOLA, 2005).

37

2.5 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE

POLITRAUMATIZADO

Atualmente, o enfermeiro da unidade de emergência se tornou um profissional generalista,

especializado no atendimento e assistência a pacientes estáveis e instáveis, pacientes graves e

um profissional habilitado para atuar em situações de stress e caos, visto que a emergência é

uma unidade onde se destaca a imprevisibilidade e as flutuações de movimento são constante.

Esse enfermeiro é atualmente um profissional que tem necessidade de se especializar e de

buscar caminhos para o desenvolvimento técnico - científico, desenvolvendo, também, as

capacidades cognitivas, de intuição e altamente imbuído de valores humanos e habilidade de

“comandar” a equipe sem absorver o “stress” da situação e da unidade nos momentos difíceis.

(DACIN e CAVAZZOLA, 2005).

De acordo com a Secretária da Saúde da Bahia (2004), o enfermeiro na unidade de

emergência, além de ser o coordenador de assistência ao politrauma, ao paciente grave,

orienta, delega, atua em situações de urgência /emergência, define prioridades e, por isso,

necessita de discernimento e habilidades para lidar com “pessoas”. Na verdade, é um

gerenciador da assistência que atua desde a montagem da unidade de emergência até a

assistência direta ao politrauma.

Dacin e Cavazzola (2005), Smeltzer e Bare (2002) e a Secretaria da Saúde da Bahia (2004)

relatam que todas as etapas do exame primário e secundário são acompanhadas e realizadas

também pelo enfermeiro que define as prioridades e atua na assistência.

O enfermeiro deve receber o paciente, avaliar as vias aéreas, imobilizar com auxilio a coluna

cervical, verificar circulação e respiração eficaz, providenciar o acesso venoso e conter

hemorragias, monitorizar dados vitais, oximetria, auxiliar e expor o paciente. Enfim, todas as

etapas do processo, sempre reavaliando o estado geral do cliente, suspeitando de lesões

ocultas e não substituindo as alterações percebidas, mesmo que mínimas; e também

gerenciando o registro em prontuário com a finalidade de ter um instrumento ético - legal para

proteção da equipe (BROWNER et. al,2000).

O enfermeiro tem papel relevante no processo de atendimento ao cliente politraumatizado

(porque assiste ao paciente, discernindo e avaliando as prioridades da assistência e conduzindo

38

a correta freqüência do ABCDEs), juntamente com o médico. Deve priorizar desde o preparo

da sala de atendimento de emergência com materiais, medicações e equipamentos necessários,

até o final do atendimento como encaminhamento do paciente para o tratamento definitivo.

(DACIN e CAVAZZOLA, 2005).

Smeltzer e Bare (2002) enfatizam que o enfermeiro é um profissional que deve por si só

buscar o conhecimento, o aperfeiçoamento a cada dia. Lembra que, a cada emergência, uma

nova oportunidade de experiência, de aprendizado e de sabedoria.

2.6 REABILITAÇÃO DO PACIENTE POLITRAUMATIZADO

Alves et. al (2009) define reabilitação como um processo que busca o desenvolvimento das

capacidades remanescentes, permitindo que o indivíduo alcance sua independência nas

atividades físicas, profissionais e sociais, de acordo com o seu nível de lesão e incapacidade.

Browner (2000) destaca que por ordem das prioridades, em primeiro lugar é necessário que a

vida do paciente politraumatizado seja salva e tudo deve ser feito para tal. Para que se alcance

esse objetivo são essenciais: serviços de resgate eficientes, rede de referência de atendimento,

pronto-soccoros equipados com recursos humanos e hospitais e equipamentos capacitados

para o seguimento e acompanhamento do caso, de acordo com a sua complexidade.

A luta para se obter atendimento sistematizado e integrado ao politraumatizado grave vem

sendo gradualmente vencida, mormente na fase inicial, mas um dos custos do processo de

melhoria é o aumento do número de casos que evoluem com incapacidades graves que, por

sua vez, demandam atendimento de reabilitação mais eficiente.

Na elaboração de políticas públicas ou privadas de saúde do nosso país há uma tendência

generalizada em considerar o tratamento dos pacientes politraumatizados como

responsabilidade exclusiva das unidades de emergência e serviços de cirurgia e traumatologia,

inseridos dentro de um hospital geral, sem considerar a reabilitação como parte integrante do

tratamento. Normalmente, o tratamento básico cessa no momento da alta hospitalar. Nesse

modelo, praticado na maioria dos serviços de saúde brasileiros que atendem

39

politraumatizados, cabe ao paciente e à sua família buscarem pelo tratamento de reabilitação

após a alta hospitalar.

Alves et. al (2009) ressalta que os pacientes politraumatizados mais graves podem apresentar

síndromes incapacitantes que comprometem várias funções corporais. As lesões neurológicas,

por exemplo, caracterizam-se por alterações da motricidade, da sensibilidade superficial e

profunda e distúrbios autonômicos dos segmentos e órgãos do corpo localizados abaixo da

lesão.

A reabilitação desses pacientes se inicia na fase aguda, logo após a ocorrência do trauma,

principalmente por meio de cuidados respiratórios, prevenção das úlceras de pressão e de

deformidades dos segmentos paralisados ou imobilizados; esvaziamento vesical e intestinal

realizados de maneira adequada e cuidados com os distúrbios vasomotores; prevenção dos

fenômenos tromboembólicos; cuidados com a formação de ossificações heterotópicas e

orientação familiar.

Browner (2000) informa que os programas de reabilitação são realizados nos chamados

centros ou hospitais de reabilitação, que funcionam, na maioria absoluta dos casos, de forma

autônoma, totalmente desvinculados do atendimento inicial dado ao paciente. Este modelo

hierarquizado e fragmentado desconsidera a importância dos cuidados de reabilitação

integrados ao atendimento inicial, para a prevenção das incapacidades secundárias, como

necessidade essencial no tratamento do politraumatizado.

Na maioria dos centros especializados para o atendimento de traumas prepondera o modelo

fragmentado de atendimento. É freqüente a participação de fisioterapeutas no atendimento

inicial dos pacientes politraumatizados e cabe a esses profissionais toda a responsabilidade

dos cuidados de reabilitação necessários, independente do diagnóstico e gravidade de cada

caso. Deve-se salientar que, embora importantes no tratamento dos pacientes

politraumatizados, os procedimentos fisioterápicos não preenchem todas as necessidades das

incapacidades secundárias que, na maioria das vezes, não se restringem ao sistema

musculoesquelético.

Não existe, na imensa maioria dos hospitais, uma equipe multiprofissional de reabilitação

treinada que possa atender e dar suporte ao paciente e sua família, desde o momento inicial do

40

trauma até a fase final de alta hospitalar e reintegração do paciente ao seu ambiente familiar e

social. Tampouco existe uma rede de referência de atendimento ao paciente politraumatizado

que considere o tratamento de reabilitação como parte integrante no momento do

encaminhamento do paciente.

Alves et. al (2009) e Browner (2000) ressaltam que mais do que equipes multidisciplinares de

reabilitação atuantes no ambiente de emergência, ou uma infra-estrutura sofisticada e onerosa,

é preciso uma consciência ou preocupação coletiva de todos os membros de uma equipe de

tratamento com a reabilitação e qualidade futura de cada paciente atendido. É necessário

formar equipes coesas que possam aplicar e zelar pela aplicação de todos os cuidados

preventivos que evitem as complicações secundárias: deformidades osteoarticulares, úlceras

de pressão, complicações urinárias, ossificações heterotópicas e rigidez muscular. Essas

complicações são evitáveis e seu tratamento demanda um tempo precioso, o que agrava o

prognóstico e retarda o tratamento de reabilitação, e são um dos maiores fatores de custo no

tratamento desses pacientes.

41

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo demonstra que o trauma é a terceira causa de morte no Brasil, perdendo apenas para

as doenças cardiovasculares e neoplasias. Atualmente, o trauma merece destaque pelas

elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Além da alta incidência de óbitos, o trauma,

também inativa ou incapacita grande parte da população economicamente ativa, gerando

gastos adicionais, diretos, provenientes do atendimento pré e intra - hospitalar e da

reabilitação da vítima, e indiretos em relação ao comprometimento da capacidade de trabalho.

A incidência está aumentando nos adultos com menos de 44 anos, tendo como principais

fatores o vício em álcool e drogas.

Percebe-se com a realização deste estudo que o tratamento de um paciente seriamente

traumatizado requer um acesso rápido às lesões e a instalação de medidas terapêuticas de

suporte de vida. Sendo que o tempo é essencial no atendimento ao politraumatizado, é

desejável uma abordagem sistematizada, que possa ser revista, treinada e aplicada.

Os autores pesquisados ressaltam que a melhoria da morbidade e a diminuição da mortalidade

do politraumatismo dependem diretamente da execução de um plano de assistência organizado

à vítima, desde o momento do acidente até a recuperação definitiva, por uma equipe de saúde

especializada, preparada e com disponibilidade de recursos adequados, ambos, sempre que

possível regionalmente centralizado. A base dessa assistência organizada repousa na tríade,

atendimento correto no local do acidente, transporte rápido e adequado para a unidade ou

centro hospitalar de emergência e assistência hospitalar ordenado por prioridades, praticadas

por pessoas especificamente preparadas.

As conseqüências imediatas de um acidente podem refletir-se a vários níveis corporais,

isoladamente ou em associação, pelo que os profissionais devem estar preparados para agir

adequadamente em cada situação, oferecendo serviços de qualidade que diminuam o risco de

morte e previnam o máximo as incapacidades residuais. A sua ação deve ser orientada

segundo prioridades de acordo com o grau de gravidade dos problemas, seguindo uma

abordagem/avaliação seqüenciada e pormenorizada.

42

A enfermagem, enquanto parte integrante do sistema de cuidado de saúde é uma ciência que

inclui a promoção de saúde, a prevenção da doença e a reabilitação, em todas as idades e em

qualquer fase do ciclo da vida.

Essa pesquisa enfatiza a relevância do processo de enfermagem. Este é considerado a essência

da enfermagem e tem sido a principal ferramenta do enfermeiro para prestação qualitativa de

cuidados diretos e indiretos ao paciente. Na sua definição, trata-se de um sistema deliberado

para a identificação e evolução dos problemas de saúde no sentido de facilitar as condutas do

enfermeiro para que seja suprida a necessidade do paciente. Além disso, o processo de

enfermagem dinamiza as ações, sistematizando-as e relacionando-as, visando à assistência ao

ser humano. Suas principais etapas incluem: o histórico de enfermagem, o diagnóstico de

enfermagem, o planejamento das ações de enfermagem, a implementação das ações e a

evolução de enfermagem.

Na assistência ao politrauma, os profissionais devem usufruir conhecimentos que permite

visar situações que representam risco imediato de vida a vítima. Desse modo, vários sistemas

são desenvolvidos em uma tentativa de triar os pacientes portadores de trauma como a pré-

elaboração de protocolos destinados a anamnese do politraumatizado. Esses métodos

direcionam o enfermeiro e sua equipe na avaliação da gravidade das lesões, orientando-os

para as prioridades de condutas baseadas nas necessidades de cada politraumatizado.

É ressaltado pelos autores analisados que o politraumatizado deve ser avaliado e reavaliado

continuamente, pelo enfermeiro e pelo médico na unidade de urgência e emergência, na

possibilidade de se fazer novos achados que não foram detectados na avaliação inicial ou

secundária, ou ainda identificar problemas que possam surgir ao longo do período de

observação. Referem ainda, que para planejar o tratamento agudo do politraumatizado, os

efeitos do trauma sobre a fisiologia do paciente devem ser apreciados. O enfermeiro da

unidade de emergência e urgência deve possuir um conhecimento funcional dos efeitos

sistêmicos do trauma a fim de planejar com segurança a recuperação do paciente, evitando

complicações posteriores.

O estudo revela a enfermagem como parte integrante e fundamental da equipe de saúde, sendo

o enfermeiro, principal gestor de cuidados imediatos e qualitativos as vítimas de trauma, tem a

43

função de coordenar e organizar toda assistência de enfermagem ao paciente politraumatizado

que chega ás unidades de emergência e urgência. Este também, deve disponibilizar todos os

recursos materiais e humanos necessários para um atendimento favorável, trazendo segurança

e informação à equipe de saúde e qualidade da assistência a população.

Atualmente observa-se que o aumento do índice de acidentes está relacionado com a

imprudência pessoal, o álcool e as drogas, que levam ao acometimento dos sistemas orgânicos

de indivíduos que são atendidos nas unidades de urgência e emergência. Para isso, os

profissionais devem usufruir conhecimentos que permitam visar situações que representem

risco imediato de vida a vítima. Desse modo, a elaboração de protocolos é essencial para

direcionar o enfermeiro e sua equipe na avaliação do politraumatizado, orientando-os para as

prioridades na assistência de cada cliente.

Diante destas considerações, verifica-se o quanto é importante o conhecimento técnico

científico na abordagem intra-hospitalar ao paciente politraumatizado e uma assistência rápida

e eficaz a fim de preservar a integridade física do indivíduo lesado.

Verifica-se também que paciente atendidos nas unidades de urgência e emergência vítimas de

trauma constituem um problema social importante, pois atingem na maioria das vezes os

indivíduos jovens e potencialmente produtivos, que na maioria das vezes apresentam lesões

graves levando ao afastamento no trabalho e perda da capacidade produtiva, um problema de

saúde pública. Isso demonstra a necessidade e importância de investimentos educacionais e de

conscientização da população nesse setor.

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Politraumatizado. Artigos Catarinenses de Medicina. v. 33 n. 3, 2004, p. 18-22

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