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MORAL e DIREITO

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Normas morais e normas jurídicas são a mesma coisa? Há diferença entre elas?

Sabemos que as normas morais e as normas

jurídicas são estabelecidas pelos membros

da sociedade, e ambas destinam-se a regulamentar as relações nesse grupo de pessoas.

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Há, então, vários aspectos comuns entre normas morais e jurídicas.

Por exemplo:

- apresentam-se como imperativos, ou seja, normas que devem ser seguidas por todos;

- buscam propor, por meio de normas, uma convivência melhor entre os indivíduos;

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- orientam-se pelos valores culturais próprios de uma determinada sociedade;

- têm um caráter histórico, isto é, mudam de acordo com as transformações histórico sociais. No entanto, a despeito dessas semelhanças, há diferenças fundamentais entre a moral e o direito;

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e as normas morais são cumpridas a partir da convicção pessoal de

cada indivíduo, enquanto as normas jurídicas devem

ser cumpridas sob pena de punição do Estado em

caso de desobediência;

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•a punição, no campo do direito, está prevista na legislação, ao passo que, no campo da moral, a sanção eventual pode variar bastante, pois depende fundamentalmente da consciência moral do sujeito que infringe a norma;

a moral não se traduz em um código formal, enquanto o direito sim;

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•a esfera da moral é mais ampla, atingindo diversos aspectos da vida humana, enquanto a esfera do direito se restringe a questões específicas nascidas da interferência de condutas sociais. O direito costuma ser regido pelo seguinte princípio: tudo é permitido que se faça, exceto aquilo que a lei expressamente proíbe;

•o direito mantém uma relação estreita com o Estado, enquanto a moral não apresenta essa vinculação.

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De todas essas diferenças, talvez uma mereça maior destaque: a coercibilidade da norma jurídica, que conta com a força e a repressão potencial do Estado (através da ação da justiça e da polícia) para ser obedecida pelas pessoas.

Já a norma moral não é sustentada pela coerção do Estado, isso implica que ela depende, de certo modo, da aceitação de cada indivíduo para ser cumprida. Por isso, a norma moral costuma ser vinculada, por alguns filósofos, à ideia de liberdade.

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Moral e liberdadeA consciência é a característica que distingue o ser humano dos outros animais. Ela permite o desenvolvimento do saber e da racionalidade que se empenha em separar o falso do verdadeiro.

Além dessa consciência lógica, o ser humano possui também consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e as intenções futuras.

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E depois de julgar, o homem tem condições de

escolher, dentre as circunstâncias possíveis, seu

próprio caminho na vida.

A essa possibilidade que o homem tem de escolher

seu caminho, construir sua maneira de ser e sua

história chamamos liberdade.

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Assim, se consciência moral e liberdade estão intimamente relacionadas, só tem sentido julgar moralmente a ação de uma pessoa se essa ação foi praticada em liberdade.

Quando não se tem escolha (liberdade), quando se é coagido a praticar uma ação, é impossível decidir entre o bem e o mal (consciência moral).

A decisão, nesse caso, é imposta pelas forças coativas,

isto é, que determinam uma conduta. Exemplo: tendo o filho sequestrado, o pai cumpre ordens do sequestrador. A ação desse pai está determinada pela coação do criminoso.

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Quando, entretanto, estamos livres para

escolher entre esta ou aquela

ação e fazemos uma escolha, tornamo-nos

responsáveis pelo que praticamos e podemos ser julgados moralmente por isso.

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Observemos que o termo responsabilidade vem do latim respondere, "responder", e significa

estar em condições de

responder pelos atos praticados,

isto é, de justificá-los e assumi-los.

É essa responsabilidade, enfim, que pode ser julgada pela consciência moral do próprio indivíduo ou do grupo social.

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Outra característica da consciência moral é a de que

ela geralmente nos fala como uma voz interior que

nos inclina para o caminho da virtude. 'Mas o que é

virtude?

A palavra virtude deriva do latim virtus, "força ou

qualidade essencial", e significa, no contexto da moral, a qualidade ou a ação que dignifica o homem. E qual é essa qualidade ou ação?

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Há muitas interpretações sobre esse tema, mas podemos dizer, basicamente, que é a prática constante do bem, correspondendo ao uso da liberdade com responsabilidade moral. Assim, são consideradas virtudes a polidez, a fidelidade, a prudência, a justiça, a coragem, a generosidade etc.

À ideia de virtude se opõe a de vício, que consiste na prática do mal, correspondendo ao uso da liberdade sem responsabilidade moral. Assim, são considerados vícios a violência, a infidelidade, a insensatez, a injustiça, a covardia, a mesquinhez etc.

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Analisando essa relação entre responsabilidade e

virtude, Erich Fromm concluiu que a responsabilidade primordial do ser humano

está relacionada com a própria condição

humana, isto é, com a realização de suas potencialidades

de vida.

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Assim:

“O bem é a afirmação da vida, o desenvolvimento

das capacidades do homem. A virtude consiste em

assumir a responsabilidade por sua própria existência. O mal constitui a mutilação das capacidades do homem; o vicio reside na irresponsabilidade perante si mesmo”. FROMM, Erich. Análise do homem, p. 30.

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Pelo que vimos até aqui, há responsabilidade

moral quando existe liberdade pessoal. Isso nos coloca diante de outra questão:

Somos realmente livres para decidir?

Que liberdade é essa?

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Do ponto de vista da discussão filosófica, podemos sintetizar três respostas diferentes para essa questão:

1)A ênfase no determinismo A liberdade não existe, pois o homem é sempre determinado, seja

por sua natureza biológica (necessidades e instintos),

seja por sua natureza histórico-social (leis, normas, costumes). Ou seja, as ações individuais seriam causadas e determinadas por fatores naturais ou constrangimentos sociais, e a liberdade seria

apenas uma ilusão.

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2) A ênfase na liberdade. O homem é sempre

livre. Embora os defensores dessa posição admitam

a existência das determinações de origem externa,

sociais, e as de origem interna, tais como desejos,

impulsos etc., sustentam a tese de que o indivíduo

possui uma liberdade moral que está acima dessas

determinações.

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Ou seja, apesar de todos os fatores sociais e subjetivos que atuam sobre cada indivíduo, ele sempre possui uma possibilidade de escolha e

pode agir livremente a partir de sua

autodeterminação.

A maior expressão dessa concepção filosófica acerca da liberdade é encontrada no

pensamento de Jean Paul Sartre, que afirmou que "o homem

está condenado a ser livre".

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3) A dialética entre liberdade e determinismo. 

O homem é determinado e livre ao mesmo tempo. Determinismo e liberdade não se excluem, mas se complementam.

Nessa perspectiva não faz sentido pensar em uma liberdade absoluta nem em uma negação absoluta da liberdade.

A liberdade é sempre uma liberdade concreta, situada no interior de um conjunto de condições objetivas de vida. 

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Embora a nossa liberdade seja restringida por fatores objetivos que cercam a nossa existência concreta, podemos sempre atuar no sentido de alargar as possibilidades dessa liberdade, e isso será tanto mais eficiente quanto maior for a nossa consciência a respeito desses fatores.

Essa concepção é encontrada nos pensamentos de Espinosa, Hegel e Marx. Embora haja muitas diferenças entre eles, o ponto em comum é a idéia de que a liberdade é a compreensão da

necessidade (dos determinismos).

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AS TRANSFORMAÇÕES DA MORALDissemos que o sistema moral de cada grupo social é elaborado ao longo do tempo de acordo com os valores reconhecidos por aquele grupo como significativos para a convivência social.

Num primeiro momento, esses valores são adquiridos pelos indivíduos como uma herança cultural. Cada indivíduo assimila, desde a infância, as noções do que é bom e desejável, e também do que é ruim, desaconselhável ou repugnante. De acordo com esses valores, ele passará a julgar como bons ou maus o seu próprio comportamento e o dos outros.

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No entanto, é importante notar que, apesar desse caráter social, a moral tem também um aspecto pessoal. Ou seja, embora herdemos um conjunto estabelecido de normas morais, chega um momento em nossas vidas em que podemos

refletir sobre elas, aceitá-las consciente e livremente ou rejeitá-las.

Por isso dissemos anteriormente, na comparação entre normas morais e normas jurídicas, que o comportamento moral se caracteriza essencialmente pela livre escolha do indivíduo. Portanto, a liberdade é a base da conduta moral.

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Na relação entre indivíduo e sociedade, o indivíduo

pode reafirmar e consolidar a moralidade existente. Mas ele pode também negá-la e, dessa forma, contribuir para a transformação dessa moralidade.

Assim, podemos caracterizar essa relação entre sociedade e indivíduo como dialética, ou seja, uma relação de mútua influência entre dois polos, em que:

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por um lado, o indivíduo, um ser singular, é levado, através da educação, à universalidade expressa nos costumes e normas morais. Isso significa que cada indivíduo assimila os princípios morais consolidados como próprios do ser humano até então.

E por outro lado, os indivíduos, não assimilando passivamente esses princípios, podem contestá-los ou interferir em sua formulação, de acordo com as novas condições histórico sociais, e acabar por transformar as normas e costumes morais.