monografia t4 2010 john final

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ JOHN DAVID CARDOSO COSTA ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCO NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS Rio de Janeiro 2010

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Page 1: Monografia T4 2010 JOHN Final

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

JOHN DAVID CARDOSO COSTA

ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCO NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DAS INDÚSTRIAS

QUÍMICAS

Rio de Janeiro 2010

Page 2: Monografia T4 2010 JOHN Final

JOHN DAVID CARDOSO COSTA

ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCO NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DAS INDÚSTRIAS

QUÍMICAS

Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito para a conclusão do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho com habilitação em Engenheiro de Segurança do Trabalho.

ORIENTADOR: FELIPE DA COSTA BRASIL

Rio de Janeiro 2010

Page 3: Monografia T4 2010 JOHN Final

JOHN DAVID CARDOSO COSTA

ANALISE E GERENCIAMENTO DE RISCO NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS

Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito para a conclusão do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho com habilitação em Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Aprovada em ______________ de ______________ de ______________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

Professor Felipe da Costa Brasil (Orientador)

Universidade Estácio de Sá

___________________________________________________________

Professor (a) ________________________________________________

Universidade Estácio de Sá

___________________________________________________________

Professor (a) ________________________________________________

Universidade Estácio de Sá

Page 4: Monografia T4 2010 JOHN Final

4

Dedico esta Monografia aos meus pais espirituais e terrenos.

Page 5: Monografia T4 2010 JOHN Final

5

"Aqueles que desenvolvem as tecnologias, que promovem a eles e estão para

lucrar mais com eles, não são aqueles que sofrem os seus riscos. A análise das

tecnologias é inclinada para o seu uso porque os promotores da tecnologia em

geral, carecem de conhecimento e incentivo para analisar os riscos das

tecnologias para a saúde humana e o meio ambiente ".

Patricia Hynes , autora de "The Recurring Silent Spring"

" Agora eu realmente acredito que nós, desta geração devemos entrar em

acordo com a natureza, e eu penso que nós somos desafiados, como a

humanidade nunca foi contestada, para provar nossa maturidade e nosso

domínio, não da natureza, mas de nós mesmos."

Rachel Carson, autora de Silent Spring

Page 6: Monografia T4 2010 JOHN Final

6

Agradecimentos

Agradeço,

Ao Grande Arquiteto do Universo pela existência.

Aos Senhores da Lei pela misericórdia de permitir que concluísse mais

esta obra.

Aos meus pais espirituais pela infinita paciência e misericórdia.

Aos meus pais terrenos pela infinita paciência e amor.

Ao meu irmão terreno pelo companheirismo e paciência.

Aos Amigos do Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho, pelo

companheirismo, entusiasmo e alegria durante as aulas. E pelas novas

amizades.

Ao meu irmão Alessandro, por me acompanhar em mais esta jornada.

Aos Professores do Curso de Pós-graduação, em especial, ao Professor

Felipe Brasil, cujos conhecimentos passados, foram muito importantes no meu

desenvolvimento profissional na Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Aos companheiros da SMAC: Arquiteta e Engenheira de Segurança

Alessandra Elias, Eng. Química Débora Barros e ao Eng. Civil Luís André pelo

material fornecido, que foram vitais na execução deste trabalho. A Geóloga

Denise Glória pela orientação e revisão dos textos. Ao Eng. Mecânico

Fernando Cappella e ao Eng. Químico Manoel Martins pelo incentivo na

realização deste trabalho.

E a todos que contribuíram direta e indiretamente a este trabalho, os

meus sinceros e profundos agradecimentos.

Page 7: Monografia T4 2010 JOHN Final

7

Resumo

Os grandes acidentes industriais das décadas de 70 e 80, como os

acidentes de Flixborough (1974), Seveso (1976), Bhopal (1984) e Chernobil

(1986), despertaram as atenções do mundo para necessidade de prevenir

estes acidentes. É neste contexto que a Análise e o Gerenciamento de Risco

surgem como ferramenta para prevenir acidentes, minimizando os riscos nas

atividades industriais, sobretudo nas indústrias químicas e petroquímicas.

Estes recursos normativos que os órgãos governamentais implementaram

visando à proteção do meio ambiente e a saúde e segurança dos trabalhadores

foram inseridos no processo de licenciamento ambiental. O presente trabalho

propõe-se a apresentar uma abrangente revisão bibliográfica da analise e

gerenciamento de risco usado no licenciamento ambiental das indústrias

químicas e a sua relação com a Engenharia de Segurança do Trabalho.

Palavras-chave Segurança Ambiental; Risco, Análise de Risco; Gerenciamento de Risco;

Licenciamento Ambiental.

Page 8: Monografia T4 2010 JOHN Final

8

Abstract

The major industrial accidents from the 70s and 80s, such as accidents at

Flixborough (1974), Seveso (1976), Bhopal (1984) and Chernobyl (1986),

aroused the world's attention to the need to prevent these accidents. In this

context, Analysis and Risk Management emerge as a tool to prevent accidents

and minimize the risks in industrial activities, mainly in chemical and

petrochemical industries. These normative sources that government agencies

have implemented in order to protect the environment and health and safety of

workers were placed in the environmental licensing process. This paper aims to

present a comprehensive review and analysis of risk management used in

environmental licensing of the chemical industries and its relationship with the

Occupational Safety Engineering.

Keywords Environmental security; Risk, Risk analisys; Risk management;

Environmental licensing

Page 9: Monografia T4 2010 JOHN Final

9

Sumário

1 Introdução.............................................................................................. 1

2 Conceitos e Definições......................................................................... 3

2.1. Risco e Perigo ....................................................................................... 3 2.2. Classificação dos Riscos....................................................................... 5 2.3. Percepção dos Riscos........................................................................... 9

3 Evolução Histórica da Análise de Risco e o do Prevencionismo ... 11

3.1. Antecedentes ...................................................................................... 11 3.1.1. Estudos de Heirinch ................................................................ 13 3.1.2. Estudos de Bird....................................................................... 14 3.1.3. Estudos da ICNA..................................................................... 15 3.1.4. Estudos de Flechter & Douglas............................................... 16 3.1.5. Estudos de Hammer ............................................................... 17 3.1.6. Estudos da DuPont ................................................................. 17

3.2. Os Grandes Acidentes Industriais....................................................... 19 3.2.1. Refinaria de Duque de Caxias ................................................ 22 3.2.2. Flixborough ............................................................................. 23 3.2.3. Desastre de Seveso................................................................ 24 3.2.4. Incêndio na Vila Socó ............................................................. 25 3.2.5. Acidente de Bhopal ................................................................. 26 3.2.6. Acidente nuclear de Chernobil ................................................ 28 3.2.7. Incêndio na plataforma Piper Alpha ........................................ 32

3.3. Programas Internacionais para Prevenção de Acidentes Industriais 34 3.3.1. Organização das Nações Unidas............................................ 34 3.3.2. Comunidade Européia ............................................................ 35 3.3.3. Estados Unidos ....................................................................... 36 3.3.4. Conselho Internacional das Indústrias Químicas (ICCA)........ 37

4 O Licenciamento Ambiental e Estudo de Análise de Risco no Brasil38

Page 10: Monografia T4 2010 JOHN Final

10

4.1. Surgimento da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA).............. 38 4.2. O Licenciamento Ambiental ................................................................ 41

4.2.1. Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental44 4.2.2. Estudo de Análise de Risco no Licenciamento Ambiental ...... 45

4.2.2.1. Classificação quanto a Periculosidade das Instalações.. 48 4.2.2.1.1. Classificação dos Gases e Líquidos quanto à

toxicidade e inflamabilidade................................................................................. 49 4.2.2.1.2. Determinação da Massa Mínima de Referência . 50 4.2.2.1.3. Fator de Perigo (FP)............................................ 51 4.2.2.1.4. Fator de Distância (FD) ....................................... 52 4.2.2.1.5. Determinação do Nível de Risco Preliminar........ 53

4.2.2.2. Complexidade do EAR em função do Nível de risco....... 54 4.2.2.2.1. Relatório de Segurança....................................... 54

5 Análise, Avaliação e Gerenciamento de Riscos Ambientais........... 56

5.1. Estudo de Análise de Riscos............................................................... 56 5.1.1. Avaliação Prévia ..................................................................... 58 5.1.2. Identificação dos Perigos ........................................................ 58

5.1.2.1. Analise Preliminar de Perigo (APP)................................. 60 5.1.2.2. Estudo de Perigo e Operabilidade (HAZOP)................... 62

5.1.3. Avaliação de Riscos................................................................ 67 5.1.3.1. Estimativa de Freqüências .............................................. 67 5.1.3.2. Estimativa de Conseqüência e Vulnerabilidade .............. 69

5.1.3.2.1. Vazamentos ........................................................ 70 5.1.3.2.2. Incêndios............................................................. 72 5.1.3.2.3. Explosões............................................................ 75 5.1.3.2.4. Analise dos Efeitos físicos................................... 78 5.1.3.2.5. Análise de Vulnerabilidade.................................. 80

5.1.3.3. Estimativa dos Riscos ..................................................... 87 5.1.3.3.1. Risco Individual ................................................... 88 5.1.3.3.2. Risco Social ........................................................ 89 5.1.3.3.3. Indicadores de Risco........................................... 91

5.1.4. Gerenciamento de Risco......................................................... 93 5.1.4.1. Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) ................ 95

5.1.4.1.1. Alocação de Responsabilidades do PGR ........... 95 5.1.4.1.2. Informação sobre Segurança de Processo......... 96 5.1.4.1.3. Análise de Riscos no PGR.................................. 97

Page 11: Monografia T4 2010 JOHN Final

11

5.1.4.1.4. Procedimentos Operacionais .............................. 97 5.1.4.1.5. Treinamento ........................................................ 98 5.1.4.1.6. Gerenciamento de Modificações......................... 99 5.1.4.1.7. Manutenção....................................................... 100 5.1.4.1.8. Plano de Ação de Emergências (PAE) ............. 102 5.1.4.1.9. Auditorias .......................................................... 107

5.2. Equipe para realização do EAR ........................................................ 109 5.2.1.1. Importância do Engenheiro de Segurança do Trabalho na

realização do EAR............................................................................................. 110

6 Conclusões ........................................................................................ 112

7 Referências Bibliográficas ............................................................... 113

Page 12: Monografia T4 2010 JOHN Final

12

Lista de figuras

Figura 1 - Seqüência de Eventos (Kirchhoff, 2004)...............................................4 Figura 2: Classificação dos Riscos ambientais (Modificado de Cerri & Amaral,

1998)..............................................................................................................6 Figura 3: Riscos Empresariais (Souza, 1995) .......................................................8 Figura 4: Pirâmide de Heirinch ............................................................................13 Figura 5: Pirâmide de Bird (De Cicco & Fantazzini, 1993) ..................................14 Figura 6: Dominó de Bird (Silva . S, 2008 apud Furnas, 2006) ...........................15 Figura 7: Pirâmide da ICNA (De Cicco & Fantazzini, 1993) ................................16 Figura 8: Pirâmide da DuPont (Reis,2008 apud DuPont, 2008)..........................18 Figura 9: Pirâmide da DuPont para acidentes ambientais (Reis,2008 apud

DuPont, 2008)..............................................................................................18 Figura 10: Evolução da produção industrial mundial (Moreira, 2008) .................20 Figura 11: Crescimento populacional mundial. (Martins, 2009) ..........................20 Figura 12: Jornal A Notícia de 30 de março de 1972 ..........................................22 Figura 13; Planta da Nypro após as explosões (Pascon, 2009)..........................24 Figura 14: Equipe de socorro em Seveso (Almeida, 2008) .................................25 Figura 15: Vila Socó após o incêndio (Folha de São Paulo, 25/02/1984). ..........26 Figura 16: Sobreviventes do acidente de Bhopal (Feliciano, 2008). ...................27 Figura 17 – Mapa mostrando o avanço da radiação após o acidente (CIA

Handbook of International Economic Statistics, 1996). ...............................30 Figura 18: Criança nascida após o acidente (Duply. 2007).................................31 Figura 19: O Sarcófago (Montgomery, 2006). .....................................................31 Figura 20: Monumento em memória as vitimas do acidente (Wikipedia, 2005). .34 Figura 21: Órgãos Estaduais que compõem o SISNAMA (Programa Nacional de

Capacitação de Gestores Ambientais, Caderno de Formação, Volume 1, p

40, 2006)......................................................................................................40 Figura 22: Quadro sinóptico dos bens protegidos pela Constituição (Poveda,

2004)............................................................................................................41 Figura 23: AR, PGR e PAE segundo GENERINO. (Caderno de Licenciamento

Page 13: Monografia T4 2010 JOHN Final

13

Ambiental, p. 44. MMA 2009) ......................................................................48 Figura 24: Fatores que influenciam os estudos de análise de riscos em

instalações industriais (CETESB 2003) .......................................................48 Figura 25: Matriz de classificação de risco: Freqüência x Severidade (AGUIAR,

2001)............................................................................................................62 Figura 26: Fluxograma de tubulação e instrumentação com marcação dos nós

(adaptado, Pinto, 2009) ...............................................................................63 Figura 27: Fluxograma do procedimento de um HAZOP (Souza, 1995).............65 Figura 28: Exemplo de um diagrama de AAE para um evento indesejado

(Bozzolan, 2006...........................................................................................68 Figura 29: Exemplo de AAE com quantificação de probabilidade e custo

(Kichhoff, 2004) ...........................................................................................69 Figura 30: Tipos de Vazamentos (CETESB, 2008) .............................................70 Figura 31: Jato de dispersão de gás pesado. (CETESB, 2008)..........................71 Figura 32: Jato de dispersão de gás neutro. (CETESB, 2008) ...........................71 Figura 33: sistemas geradores de nuvem: dispersão por jato e flasheamento da

poça (CETESB,2008) ..................................................................................72 Figura 34: Efeito Dominó gerado por um incêndio. (Bozzolan, 2006) .................73 Figura 35: Incêndio em poça. (NR comentada, 2009).........................................74 Figura 36: Bolo de Fogo. (NR comentada, 2009)................................................75 Figura 37: Efeito dominó causado por uma explosão (Bozzolan, 2006) .............77 Figura 38: Simulação de BLEVE usando o software ALOHA 5.4........................80 Figura 39: Simulação dos efeitos de sobrepressão causados pela explosão de

um VCE .......................................................................................................83 Figura 40: Simulação de liberação de nuvem tóxica ...........................................87 Figura 41: Estimativa do número de vítimas para o cálculo do risco social

(CETESB, 2000) ..........................................................................................89 Figura 42: Exemplo de plotagem de contorno de risco individual (CETESB,

2008)............................................................................................................92 Figura 43: Critério de tolerabilidade para risco social (CETESB 2008)...............93 Figura 44: Exemplo de Plotagem de dados no gráfico de tolerabilidade

(Kirchhof,2004) ............................................................................................93 Figura 45: Processo de Redução de Risco (CETESB, 2008) .............................94 Figura 46: Estrutura organizacional de um PAE (CETESB, 2008)....................105 Figura 47: Fluxograma do desenvolvimento das Ações de Emergência...........106 Figura 48: Cenário de um acidente e o planejamento das equipes (Araújo,

2005)..........................................................................................................107

Page 14: Monografia T4 2010 JOHN Final

14

Figura 49: Foco da Auditoria Ambiental (Almeida, J., 2008) .............................108

Page 15: Monografia T4 2010 JOHN Final

15

Lista de tabelas

Tabela 1 - Acidentes com perdas acima de dez milhões de dólares (Silva,

S.,2008) .......................................................................................................18 Tabela 2: Classificação das substâncias tóxicas pelo CL50 (CETESB, 2000) .....49 Tabela 3: Classificação das substâncias inflamáveis (CETESB, 2003) ..............50 Tabela 4: Classificação quanto à inflamabilidade dada pelo NR20.....................50 Tabela 5: Massa Mínima de Referência, em Kg, considerada a Toxicidade

(FEEMA, 2005) ............................................................................................51 Tabela 6: Massa Mínima de Referência, em Kg, considerada a inflamabilidade

(FEEMA, 2005) ............................................................................................51 Tabela 7: Determinação do NRP para gases e gases liquefeitos (FEEMA, 2005)

.....................................................................................................................53 Tabela 8: Determinação do NRP para líquidos (FEEMA, 2005) .........................54 Tabela 9: Relação entre Probit e percentagem. (CETESB 2008) .......................81 Tabela 10: Níveis de Radiação térmica: Probabilidade de Morte x tempo de

exposição (CETESB 2008) ..........................................................................82 Tabela 11: Porcentagem de morte por hemorragia pulmonar devido a

sobrepressão. (CETESB 2008) ...................................................................84 Tabela 12: Porcentagem de ruptura de tímpano devido a sobrepressão(CETESB

2008)............................................................................................................84 Tabela 13: Constantes para letalidade da equação de probit (AICHE, 2000).....85

Page 16: Monografia T4 2010 JOHN Final

16

Lista de quadros

Quadro 1: Termos e conceitos relacionados a risco (Rovisco, 2009) ...................5 Quadro 2: Riscos Ambientais no ambiente de trabalho com as cores

preconizadas pela NR 5 ................................................................................7 Quadro 3: Riscos de morte por ano segundo (Modificado, Feliciano, 2008).......10 Quadro 4 – Alguns dos principais acidentes (Décadas de 70 e 80). (CETESB,

2008)............................................................................................................21 Quadro 5: Complexidade do EAR em relação ao NRP (FEEMA, 2005) .............54 Quadro 6: Análise sumária comparativa entre três Principais tipos de Análise de

Risco (adaptação, Rovisco, 2009) ...............................................................56 Quadro 7: Técnicas de identificação de riscos (Adaptação CETESB, 2008) ......59 Quadro 8: Planilha de APP (Adaptado, NBR 15662/2009) .................................60 Quadro 9: Freqüência de ocorrência de cenários (AGUIAR, 2001) ....................60 Quadro 10: Categoria de Severidade (AGUIAR, 2001).......................................61 Quadro 11: Legenda da matriz de classificação de risco (AGUIAR, 2001).........62 Quadro 12: Palavras guias e seus significados ( adaptado, AGUIAR, 2001)......64 Quadro 13: Listas de desvios para HAZOP de processo contínuos (

adaptado,AGUIAR, 2001) ............................................................................64 Quadro 14: Planilha HAZOP (NBR 15662/2009).................................................66 Quadro 15: Modelos matemáticos a serem utilizadas em função do estado físico

do produto (CETESB, 2008) ........................................................................78 Quadro 16: Principais modelos para avaliação de conseqüências (Feliciano,

2008)............................................................................................................79 Quadro 17: Efeitos potenciais da radiação térmica (Kichhhof, 2004)..................82 Quadro 18: Danos às estrutura devido a sobrepressão (CETESB, 2008) ..........85 Quadro 19: Exemplo de lista de Responsabilidade e Comunicação (Araújo, 2005)

.....................................................................................................................96 Quadro 20: Frequência para realização de testes e inspeções em equipamentos

(CETESB 2008) .........................................................................................101 Quadro 21: Funções dos integrantes da equipe que realizará o EAR ..............109

Page 17: Monografia T4 2010 JOHN Final

17

Lista de abreviaturas

AAE Análise da Árvore de Eventos

AAF Análise de Árvore de Falhas

AF Arvore de Falhas

ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEGL Acute Exposure Guidance Level AICHE American Institute of Chemical Engineers (Instituto Americano

de Engenheiros Químicos)

ALARA As Low As Reasonably Achievable ALARP As Low As Reasonably Praticable AMFE Análise de Modo de Falhas e Efeitos

APELL Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level API American Petroleum Institute

APP Análise Preliminar de Perigos

APR Análise Preliminar de Risco

AR Análise de Risco

ARCHE Automated Resource for Chemical Hazard Incident Evaluation

ASME American Society of Mechanical Engineers (Sociedade

Americana de Engenheiros Mecânicos)

BLEVE Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion CAER Comunity Awareness and Emergency Response

CEE Comunidade Econômica Européia

CEPP Chemical Emergency Preparedness Program CETESB Companhia Tecnologia de Saneamento Ambiental

CFR Code of Federal Regulations CHARM Complex Hazardous Air Release Model CIMAH Control of Industrial Major Hazards CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

CL50 Concentração Letal 50

CMA Chemical Manufacture Association

COMAH Control of Major Hazards

Page 18: Monografia T4 2010 JOHN Final

18

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONFEA Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

CRFB Constituição da Republica Federativa do Brasil

DDT Dicloro-Difenil-Tricloroetano

DL50 Dose Letal 50

DR Distancia de Referência

EAR Estudos de Análise de Risco

EEGL Emergency Exposure Guidance Level EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPA U.S. Environmental Protection Agency EPCRA Emergeny Planning and Comunity Right-to-Know Act EST Engenheiro de Segurança do Trabalho

FD Fator de Distância

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz

Roessler

FISPQ Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos

FMEA Failure Modes and Effects Analysis GLP Gás Liquefeito de Petróleo

HAZOP Hazard and Operability Studies IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis

ICCA International Council of Chemical Associations

ICMESA Industrie Chimiche Meda Società Azionaria

ICNA Insurance Company of North America

IDLH Immediately Dangerous to Life on Health concentration

INEA Instituto Estadual do Ambiente

IPCS International Programme on Chemical Safety IR Índice de Referência

ISO International Organization for Standardization LI Licença de Instalação

LO Licença de Operação

LP Licença Prévia

MIC Isocianeto de Metila

MLA Massa Liberada Acidentalmente

MORT Management Oversight and Risk Tree

Page 19: Monografia T4 2010 JOHN Final

19

MMR Massa Mínima de Referência

NFPA National Fire Protection Association NIOSH National Institute for Ocupational Safety and Health NR Norma Regulamentadora

NRP Nível de Risco Preliminar

NRDA Natural Resource Damage Assessment OEMAs Órgãos Estaduais de Meio Ambiente

OHSAS Occupational Health and Safety Assesment Series OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

OSHA Occupational Safety and Health Administration PAE Plano de Ação de Emergências

PED Programa de Preparativos para Situações de Emergência e

Socorro em caso de Desastre

PE Ponto de Ebulição

PF Ponto de Fulgor

PGR Programa de Gerenciamento de Risco

POP Poluentes Orgânicos Persistentes

PNMA Política Nacional de Meio Ambiente

PNUMA Programa das Nações Unidas para Meio ambiente

PPRA Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais

PSM Process Safety Management RCRA Resource Conservation and Recovery Act REDUC Refinaria de Duque de Caxias

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

RMP Risk Management Program

RMS Royal Mail Steamship RPT Rapid Phase Transition

SAFETI Software for Assessment of Flamable Explosive Toxic Impact SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

TCDD Tetraclorodibenzoparadioxina

TCP Triclorofenol

VCE Vapor Cloud Explosion

Page 20: Monografia T4 2010 JOHN Final

1

1 Introdução

Os grandes acidentes industriais ocorridos nas décadas de 70 e 80, como

os acidentes de Flixborough (1974), Seveso (1976), Bhopal (1984) e Chernobyl

(1986), despertaram as atenções do mundo para necessidade de prevenir

estes acidentes. É neste contexto que a Análise e o Gerenciamento de Risco

surgem como ferramenta para prevenir acidentes, minimizando os riscos nas

atividades industriais, sobretudo nas indústrias químicas e petroquímicas.

Estas atividades sofreram grandes transformações após a segunda guerra

mundial, sobretudo na década de 60, quando passaram a manipular grandes

quantidades de produtos químicos perigosos.

No Brasil, com a publicação da Resolução nº 1, de 23/01/86, do Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que instituiu a necessidade de

realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do respectivo Relatório de

Impacto Ambiental (RIMA) para o licenciamento de atividades modificadoras do

meio ambiente, os Estudos de Análise de Riscos (EAR) passaram a ser

incorporados nesse processo, para determinados tipos de empreendimentos,

de forma que, além dos aspectos relacionados com a poluição, também fosse

contemplado a prevenção de acidentes e desastres no processo de

licenciamento.

A prevenção de acidentes e a manutenção da saúde e segurança do

trabalhador é o principal objetivo do Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Quando os acidentes extrapolam os limites da planta industrial, além dos danos

a integridade do trabalhador, pode causar danos ao meio ambiente. Deste

modo o Engenheiro de Segurança do Trabalho atuando nesta linha tênue entre

o meio ambiente laboral e o meio ambiente geral, exerce um papel fundamental

na prevenção dos acidentes industriais. Este desafio é pautado nos objetivos

estabelecidos na Norma Regulamentadora 9 (NR9) que define as etapas para

elaboração do Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA):

Antecipação, Reconhecimento, Avaliação, Monitoramento e Controle. O

Licenciamento Ambiental é uma oportunidade deste profissional trabalhar na

Page 21: Monografia T4 2010 JOHN Final

2

fase de antecipação, reconhecimento e avaliação dos riscos ambientais,

quando a industria ainda está na fase de projeto. Além disso, o projeto e

execução dos sistemas de segurança de combate e prevenção contra

incêndios e explosões são atribuições do Engenheiro de Segurança do

Trabalho, sendo estas conseqüências, as principais causas de acidentes

catastróficos nas indústrias químicas e petroquímicas.

O presente trabalho propõe-se a apresentar uma abrangente revisão

bibliográfica da analise e gerenciamento de risco usado no licenciamento

ambiental das indústrias químicas. O trabalho foi organizado em 6 capítulos,

sendo o primeiro apenas introdutório. No capítulo 2, são apresentados os

conceitos e definições que aparecem em todo o trabalho. No Capítulo 3, é

apresentado o breve histórico da análise de risco, buscando suas raízes

teóricas e sua conexão histórica com a prevenção de acidentes. Neste capítulo

é apresentado os principais acidentes indústrias das décadas de 70 e 80, bem

como os programas internacionais que surgiram em reação a estes eventos.

No Capítulo 4, é estudada a legislação ambiental brasileira desde sua criação

até a incorporação do EAR no processo de licenciamento ambiental. No

Capítulo 5, são apresentadas as técnicas de Análise e Gerenciamento de Risco

utilizadas no Licenciamento Ambiental e os profissionais necessários para sua

realização. No Capitulo 6, são apresentadas as conclusões relativas ao tema.

No Capitulo 7 são apresentadas as Referências Bibliografias usadas no

trabalho.

Page 22: Monografia T4 2010 JOHN Final

3

2 Conceitos e Definições

2.1.Risco e Perigo

A conceituação moderna de risco advém da combinação entre a

probabilidade de ocorrência de evento fortuito e a magnitude das perdas e

danos, caso este ocorra. A fonte causadora destes danos seria o perigo

propriamente dito, ou seja, o perigo é uma propriedade da situação ou coisa

capaz de causar dano.

Usando o exemplo de Orkrent, 1980:

“[..] duas pessoas cruzando um oceano, uma em um navio e outra em um barco a remo. O principal perigo de águas profundas e grandes ondas são o mesmo nos dois casos, porém o risco (ou seja, a probabilidade de acontecer algum dano) é muito maior para a pessoa que está no barco a remo."

Sendo assim, risco é a “probabilidade de acontecer algum dano” e

depende da exposição ao perigo, visto que o perigo não pode ser controlado ou

reduzido, mas sua exposição pode ser gerenciada. Assim podemos dizer que:

(1)

Onde:

• R é o Risco

• P é o perigo

• E quantifica a exposição.

Podemos dizer que o risco é a razão do perigo e as medidas de

segurança, sendo estas medidas de redução da exposição ou sistemas de

proteção e salvaguarda:

asSalvaguardPerigoRisco = (2)

R= P x E

Page 23: Monografia T4 2010 JOHN Final

4

A exposição ao perigo pode ser substituída pela freqüência de ocorrência

do evento indesejado em relação à magnitude do dano. Assim teremos a

seguinte equação:

Ri= Fi x Mi (3)

Onde:

• Ri é o risco associado ao evento indesejado.

• Fi é a freqüência de ocorrência do evento

• Mi é a magnitude da conseqüência do evento ou conseqüência do

dano.

Sendo assim o risco pode ser estimado quantitativamente e

qualitativamente, desde que conhecido os perigos, a magnitude de suas

conseqüências e a freqüência de ocorrência do evento indesejado. Assim

podemos modelar o risco como uma seqüência de eventos, conforme figura

abaixo:

Figura 1 - Seqüência de Eventos (Kirchhoff, 2004)

Segundo Canter & Knox (1990), a quantificação do risco inclui definir o

perigo, identificar o evento inicial causado pela fonte de potencial dano, as

conseqüências ao sistema receptor e atribuir freqüências de acontecimento

desse evento.

No presente trabalho usará os conceitos baseados na OHSAS 18.001:

• Perigo: Fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos

de lesão, doença, dano à propriedade, meio ambiente, local de trabalho

ou a combinação destes.

• Risco: Combinação da probabilidade de ocorrência e das conseqüências

de um determinado evento perigoso.

Page 24: Monografia T4 2010 JOHN Final

5

Além do conceito de risco há outras definições associadas que merecem

destaque no que tange a sua conceituação e estão relacionadas no Quadro 1.

Quadro 1: Termos e conceitos relacionados a risco (Rovisco, 2009)

Acidente Ao contrário do conceito de risco, acidente é um fato já ocorrido, evento não intencional que pode causar ferimentos, pequenas perdas e danos materiais e/ou ambientais, mas é prontamente controlado pelo sistema de gestão (exemplo: incêndio em uma indústria, controlado pelos bombeiros).

Evento Assim como o acidente, evento é um fato já ocorrido, fenômeno com características, dimensões e localização geográfica registrada no tempo, onde não foram registradas conseqüências sociais e/ou econômicas (perdas e danos).

Frequência Número de ocorrências por unidade de tempo.

Desastre Evento não intencional que pode causar ferimentos médios e graves, danos materiais/ambientais razoáveis, e é parcialmente controlado pelo sistema de gestão (exemplo: vazamento e explosão de material inflamável, com contaminação de curso de água e solo).

Perigo Condição ou fenômeno com potencial de ameaçar a vida humana, a saúde, propriedade ou ambiente, trazendo conseqüências desagradáveis.

Vulnerabilidade Grau de fragilidade de um dado elemento, grupo ou comunidade dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um fenômeno ou processo.

Área de Risco Área passível de ser atingida por fenômenos ou processos naturais e/ou induzidos que causem efeitos adversos. As pessoas que habitam essas áreas estão sujeitas a danos a integridade físicas, perdas materiais e patrimoniais. Normalmente no contexto das cidades brasileiras, essas áreas correspondem a núcleos habitacionais de baixa renda (assentamentos precários).

2.2.Classificação dos Riscos

Segundo Cerri & Amaral (1998), os riscos podem ser classificados

segundo a origem dos eventos potencialmente causadores de danos aos seres

humanos e ao meio ambiente sendo eles de origem natural ou antrópico

(Figura 2).

Page 25: Monografia T4 2010 JOHN Final

6

Figura 2: Classificação dos Riscos ambientais (Modificado de Cerri & Amaral, 1998)

Cabe ressaltar a classificação dada pela Norma Regulamentadora 9

(NR9)- PPRA, para os riscos no ambiente de trabalho, classificando segundo

as fontes de dano a saúde do trabalhador que podem gerar o pagamento do

adicional de insalubridade dependendo do grau de exposição estabelecidos na

NR15 – Atividades e Operações Insalubres . Apesar da NR9 só considerar os

Riscos Físicos, Químicos e Biológicos para o PPRA, a Engenharia de

Segurança e Medicina do Trabalho também considera como riscos ambientais,

Riscos

Ambientais

Antrópico Naturais

Físicos Biológicos

Atmosférica:

Furacões,

descargas

atmosféricas,

granizo.

Hidrológicos:

Enchentes e

inundações

Geológicos

Associado a

Flora: Pragas,

plantas

venenosas etc.

Associadas a

fauna: Doenças

causadas por

vírus, animais,

pragas

(roedores e

gafanhotos)

Tecnológicos:

Vazamentos de

produtos tóxicos e

inflamáveis,

radioativos, colisões

de aviões e

automóveis etc.

Sociais:

Terrorismo,

Assaltos, guerras,

atentados,

massacres,

genocídios etc.

Endógenos: Vulcanismo

e Maremotos

Exógenos:

Escorregamentos,

erosão, assoreamento.

Page 26: Monografia T4 2010 JOHN Final

7

os chamados riscos ergonômicos e de acidentes e estão caracterizados no

quadro 3. Estes são previstos pelo mapa de risco contido na NR 5 - CIPA, não

são legalmente exigidos quando da elaboração do PPRA. Algumas empresas

optam por relatar estes riscos em seu PPRA, porém será uma iniciativa própria,

não amarrada a qualquer exigência da legislação trabalhista. Quadro 2: Riscos Ambientais no ambiente de trabalho com as cores preconizadas pela NR 5

Riscos Físicos

Riscos Químicos

Riscos Biológicos

Riscos Ergonômicos

Riscos de Acidentes

Compreendem

grandezas de

natureza

física, tais

como: ruído,

vibrações,

pressões

anormais,

temperaturas

extremas,

radiações

ionizantes e

não

ionizantes.

Representados

pelas

substâncias,

compostos e

produtos que

possam

penetrar no

organismo

pela via

respiratória,

nas formas de

poeiras,

fumos, névoas,

neblinas,

gases ou

vapores, ou

que, pela

natureza da

atividade de

exposição,

possam ter

contato ou ser

absorvido pelo

organismo

através da

pele ou por

ingestão.

Compreendem

microorganismos

como bactérias,

fungos, vírus, e

outros, e são

capazes de

desencadear

doenças devido

à contaminação

e pela própria

natureza do

trabalho.

Compreendem

disfunção entre

o indivíduo e

seu posto de

trabalho,

postura

inadequada no

trabalho, pouca

iluminação dos

ambientes,

trabalho

repetitivo,

isolamento,

levantamento

excessivo de

peso, falta de

organização no

processo

produtivo e as

situações de

conflito

comportamental.

Ocorrem em

função das

condições

físicas do

trabalho e

tecnológicas

impróprias,

capazes de

colocar em

risco a

integridade

física do

trabalhador, tais

como arranjo

físico

inadequado,

maquinas sem

proteção, EPI

inadequado,

armazenamento

inadequado,

ferramentas

defeituosas,

falta de

sinalização, etc.

Page 27: Monografia T4 2010 JOHN Final

8

Os riscos empresariais e econômicos devem ser considerados no

gerenciamento de risco, segundo De Cicco & Fantazzini (1994), sendo estes

classificados em riscos puros (estáticos, possibilidade de perdas) e

especulativos (dinâmicos, possibilidade de ganhos) representados na figura 3.

Figura 3: Riscos Empresariais (Souza, 1995)

Riscos

Empresariais e

Econômicos

Puros Especulativos

Á propriedade

Ás Pessoas

De

Responsabilidade

De Inovação

Políticos

Administrativos

De Mercado

Financeiro

De Produção

Page 28: Monografia T4 2010 JOHN Final

9

Os riscos puros são aqueles que envolvem possibilidade de danos a

terceiros, pessoas ou propriedades. Os prejuízos decorrentes de danos à

propriedade são provenientes de incêndios e explosões, vandalismo, roubo,

sabotagem, danos aos equipamentos e ações naturais (ventos, inundações,

etc.). Os riscos as pessoas são aqueles relacionados a doenças e acidentes de

trabalho (morte, invalidez, incapacitação e doenças laborais). Os riscos de

responsabilidade são os riscos que resultam em pagamento de prejuízos

causados a terceiros e ao meio ambiente (Souza, 1995). Os riscos

especulativos representam as incertezas administrativas, mudanças políticas,

incertezas de mercado e inovações tecnológicas, fatores externos que

influenciam nas decisões internas da empresa que estão sempre em

constantes mudanças.

2.3.Percepção dos Riscos

A percepção dos riscos está associada à compreensão do perigo e a sua

capacidade de reconhecimento. Segundo Slovic, 1987:

“A percepção de riscos é entendida pelos seus analistas como os julgamentos intuitivos do risco, utilizados pela maioria das pessoas leigas em oposição aos métodos tecnologicamente sofisticados empregados pelos especialistas.”

Sendo assim no processo de percepção dos riscos, o individuo atribui

valores e significados adquiridos pela sua experiência no sistema. Um evento

que pode parecer perigoso para um, não será perigoso para outro. Apesar

disso, haverá sempre a probabilidade de falha humana, visto que as situações

de perigo podem ser subestimadas pela percepção humana:

Em 14 de abril de 1912 o White Star a vapor RMS Titanic, quando se aproximava de uma região povoada de imensos blocos de gelo, chocou-se com um iceberg. O navio, o qual estava realizando a sua viagem inaugural, afundou em aproximadamente 2 horas e 40 minutos despejando no mar gélido um total de 2201 passageiros, dos quais apenas 712 conseguiram sobreviver. O navio possuía botes salva-vidas para apenas 1176 pessoas, o que satisfazia as exigências do Board of Trade (980 lugares) para uma embarcação daquele tamanho. O Titanic foi considerado por muitos como indestrutível, embora seus construtores não compactuassem com esta idéia. Porém, como o representante dos construtores, um dos

Page 29: Monografia T4 2010 JOHN Final

10

projetistas do navio, e o capitão pereceram no desastre, pode-se assumir que os responsáveis pelo projeto e operação do Titanic não esperavam que ele porventura afundaria. (Jackson & Carter, 1992)

Entretanto, correr riscos é uma opção da sociedade industrializada

(Araújo, 2005). Em inúmeras situações ou atividades do dia-a-dia onde há

riscos, entretanto são aceitáveis ou voluntariamente estamos nos submetendo

a estes (quadro 3).

Quadro 3: Riscos de morte por ano segundo (Modificado, Feliciano, 2008)

Atividade Frequência

Fumar (20 cigarros por dia) 5 x 10-3

Beber (Garrafa de vinho por dia) 7,5 x 10-5

Jogar futebol 4,0 x 10-5

Corrida de Carros 1,2 x 10-3

Leucemia 8,0 x 10-5

Meteoros 6,0 x 10-11

Transporte químico 2,0 x 10-8

O quadro 3 demonstra o risco associado à atividade segundo a percepção

concebida no Reino Unido. Podemos perceber que risco zero não existe, visto

que este é uma combinação da frequência e gravidade (Araújo, 2005). A

percepção dos riscos influência na análise e gerenciamento dos riscos de uma

atividade, visto que a aceitabilidade do risco depende também de fatores

cognitivos.

Page 30: Monografia T4 2010 JOHN Final

11

3Evolução Histórica da Análise de Risco e o do Prevencionismo

3.1.Antecedentes

Desde tempos pré-modernos, as novas tecnologias por si trazem perigos.

O homem na Antigüidade, com o advento do fogo, ao passar a aprender a

manuseá-lo, percebeu o perigo que este novo conhecimento trazia. O fogo

trouxe todos os benefícios que conhecemos tais como: o cozimento de

animais, iluminação, calor e proteção contra predadores, mas também trouxe o

perigo de incêndios e queimaduras. O poder destrutivo do fogo era de tal

magnitude que sua força era usada como arma de guerra e causava destruição

de agrupamentos populacionais inteiros. Se por um lado o fogo trouxe riscos à

humanidade, também foi responsável pela sua sobrevivência e o seu grau de

desenvolvimento.

O fogo era um presente dos deuses, segundo a mitologia grega, e o

perigo advindo do seu uso nada mais que um ato divino, não imputado a uma

conduta errada humana. Assim o primeiro conceito de risco, não imputava falha

ou responsabilidade ao ser humano e era considerado como um evento natural

no qual pouco poderia se fazer, a não ser minimizar os seus impactos.

A palavra risco começou a ser utilizada na época das grandes

navegações (séculos XV e XVI), quando os exploradores se referiam as suas

viagens em mares desconhecidos. A noção de risco era associada à

insegurança e aos perigos das viagens marítimas (Ewald, 1993). O conceito de

risco nesta época ainda era associado à vontade de uma força maior, alheio as

ações humanas.

As sociedades apenas começaram a tentar entender e mensurar os riscos

com o advento da probabilidade. A primeira tentativa de tentar calcular o risco

está documentada no Talmud (livro sagrado dos judeus), havendo um

raciocínio sobre a legitimidade ou não de um homem se separar de uma

mulher pela desconfiança de que ela poderia ter tido relações sexuais antes do

casamento, usando um conjunto de perguntas baseadas em um conjunto de

Page 31: Monografia T4 2010 JOHN Final

12

possibilidades (Goldim, 1997). Apesar do raciocínio probabilístico, ainda não

havia o cálculo matemático de probabilidade e a quantificação dos riscos.

A tentativa de calcular as possibilidades viria com advento dos jogos de

azar. Em 1654, foi proposto a Blaise Pascal (1623-1662), responder a uma

questão clássica proposta pelo frei Lucas Pacciolli (1445-1517) que consistia

em jogo interrompido de dois apostadores, no qual um deles havia ganhado

seis vezes e outro havia ganhando cinco vezes e como seria divido o dinheiro

das apostas. Pascal e o matemático Pierre de Fermat (1601-1665) começaram

a trocar correspondências afim de resolver a questão. Eles começaram a

calcular a probabilidade de alguém ganhar ou perder e mensurar os riscos nos

jogos de azar. Os estudos de Pascal e Fermat foram um marco, pois foi uma

ruptura com o passado no sentido de que as tomadas de decisões já não se

baseariam apenas nas crenças.

Daniel Bernouli (1700-1782) introduz no seu estudo de probabilidades e

mensuração de riscos, aspectos sobre o comportamento humano. Thomas

Bayes (1702-1762) e Pierre Simon de Laplace (1749-1827) contribuíram para

que a mensuração do risco fosse utilizada em outras áreas do conhecimento

tais como as ciências sociais, meteorologia, área financeira, jurídica etc. Assim

o uso da probabilidade como medição de risco passou a ser também um

processo de investigações usadas em diversas áreas do conhecimento.

Laplace chegou a afirmar que os eventos não são casualidades naturais e

acontecem por causa de eventos precedentes:

Os eventos presentes estão ligados aos eventos precedentes por um vínculo, baseado no princípio óbvio de que uma coisa não pode ocorrer sem uma causa que a produza (...) Todos os eventos mesmos aqueles que, devido a insignificância, não parecem seguir as grandes leis da natureza, resultam delas tão necessariamente como das resoluções do sol. (Bernstein, 1997)

As grandes transformações sociais impetradas pela revolução industrial

inglesa no século XVIII, introduziram novas tecnologias, como a máquina de

tear e a máquina a vapor de James Watts (1736-1819). Neste contexto o

trabalhador, base da sociedade que se formava, era uma mera engrenagem da

máquina e atendia os ditames de acumulação de capital da classe patronal.

Neste contexto, o trabalhador sofria com os riscos das novas tecnologias

Page 32: Monografia T4 2010 JOHN Final

13

(perigos de mutilações), das jornadas excessivas (fadiga) e da insalubridade

das unidades fabris (umidade, ruído, falta de iluminação e poeiras). Cabe

ressaltar que a poluição ambiental trazida pelas máquinas e o crescimento

desordenado das cidades foram conseqüências nocivas desta revolução

tecnológica.

Em meados do século XIX, com a organização da classe operária, surge

a preocupação com as acidentes de trabalho e os riscos, que eram freqüentes

no interior das fábricas. Surgem as primeiras legislações, como o Factory Act de 1833, com intuito de assegurar os direitos dos trabalhadores e diminuir o

índice de acidentes. As correntes prevencionistas surgiram neste contexto e se

espalharam pela Europa e pelo ocidente, sobretudo nos Estados Unidos, onde

pensadores como Heirinch, Bird, Fletcher, Douglas e Hammer deram sua

contribuição para fomentação da Análise e Gerenciamento de Riscos.

3.1.1.Estudos de Heirinch

Em 1931, Hebert William Heirinch, publicou no seu livro Industrial Accident Prevention, A Scientific Approach que havia uma relação direta entre

os custos indiretos e os custos dos acidentes, sendo essa pesquisa

fundamentada em dados estatísticos da indústria americana da década de 20.

Heirinch conclui, investigando vários relatórios de acidentes, que maioria dos

acidentes são causados por “falha humana”. Ele definiu que acidente como

todo evento indesejado capaz de interromper uma atividade econômica. As

proporções mostradas em seus estudos estão representadas na figura 4.

Figura 4: Pirâmide de Heirinch

Page 33: Monografia T4 2010 JOHN Final

14

Deste modo, os acidentes com ou sem lesões, devem levar em

consideração as atitudes do trabalhador quanto à realização de atos inseguros

e as condições inseguras do ambiente. Segundo Alberton,1996, Heinrich e R.

P. Blake propuseram um conjunto de medidas, com base na análise dos dados

estatísticos obtidos. Sugeriram que as empresas deveriam se preocupar não

apenas com a segurança dos empregados, mas também com os acidentes de

qualquer natureza. A análise permitiu chegar à conclusão de que os acidentes

que ocasionavam perdas materiais e lesões aos trabalhadores, tinham origens

semelhantes.

Em 1965, os acidentes com danos materiais nas empresas superavam

em quase duas vezes, os acidentes de trânsito de 1964, ficando as perdas em

um valor de US$ 1,5 bilhões para estes e de US$ 2,8 bilhões para aqueles

(Alberton, 1996).

3.1.2.Estudos de Bird

Em 1966, Frank E. Bird Jr. (1921-2007), baseando-se na análise de

90.000 acidentes ocorridos na industria siderúrgica Luckens Steel durante um

período de sete anos, observou que de um total, 145 acidentes incapacitantes,

15.000 com lesão e 75.000 acidentes com danos a propriedade, chegando a

proporção demonstrada na figura 5.

Figura 5: Pirâmide de Bird (De Cicco & Fantazzini, 1993)

A proporção alcançada por Bird não é mais significativa que a de

Heirinch, cada empresa deve chegar às próprias proporções com os próprios

Page 34: Monografia T4 2010 JOHN Final

15

dados levantados em campo. A importância dos estudos de Bird deve-se ao

fato que seus estudos apresentam projeções estatísticas e financeiras, além

das perdas materiais e lesões. Seus estudos ficaram conhecidos como Teoria

do Controle de Perdas e Administração e Gerenciamento de Perdas podem ser

sintetizadas no “Dominó de Bird” representado na figura 6.

FALTA

DE

CO

NTR

OLE

CA

US

A B

ÁS

ICA

CA

US

A IM

EDIA

TA

AC

IDE

NTE

PESS

OA

S/PRO

PRIE

DA

DE

q p

Figura 6: Dominó de Bird (Silva . S, 2008 apud Furnas, 2006)

Em síntese, um controle administrativo eficaz poderia atuar na base da

pirâmide, o que minimizaria as demais ocorrências, ou seja, cada dominó

representa um conjunto de fatos negativos que desencadeia o conjunto

subseqüente, a queda do dominó gera a queda de todos os dominós

subseqüentes, na qual, a ocorrência de um grupo de fatos negativos

representados em um dominó gera a ocorrência do imediatamente posterior e

assim sucessivamente (Furnas, 2006)

Apesar desta nova visão de segurança cujo foco é combater qualquer

forma de acidente, quer ele seja laboral ou material, não diminuíram

significativamente a quantidade de acidentes, mas diminuíram a taxa de

gravidade dos mesmos.

3.1.3.Estudos da ICNA

Em 1969, a Insurance Company of North América (ICNA) publicou um

estudo a partir de dados estatísticos de 297 empresas americanas que

Page 35: Monografia T4 2010 JOHN Final

16

empregavam um montante de 1.750.000 operários, onde foram relatados

1.753.498 ocorrências (Alberton 1996). Com esta amostragem se chegou a

uma proporção mais significativa que a de Bird e Heirinch, sintetizados na

figura 7.

Figura 7: Pirâmide da ICNA (De Cicco & Fantazzini, 1993)

Pode ser observada a inclusão de um elemento novo: o “quase-acidente”

ou incidente que são os acidentes que não ocasionam perda e nem paralisação

da atividade, mas teriam potencial para tal. Apesar do objetivo da ICNA ser

exclusivamente econômico-financeiro, os resultados apresentados são de

grande importância não só para evitar as perdas materiais, mas também para

evitar as perdas pessoais, já que se o acidente "quase ocorreu", a perda

também "quase aconteceu" e se realmente ocorresse, poderia ser tanto

material como pessoal (Alberton 1996).

3.1.4.Estudos de Flechter & Douglas

Em 1970, quatro anos mais tarde, John A. Fletcher e H.M. Douglas

aprofundaram o trabalho de Frank Bird, propondo um programa de Controle

Total de Perdas contemplando os acidentes ocupacionais e materiais, mas

também a proteção ao meio ambiente e a segurança dos processos.

Objetivando reduzir e eliminar todos os acidentes que pudessem interferir ou

Page 36: Monografia T4 2010 JOHN Final

17

paralisar o sistema, os programas de Controle Total de Perdas preocupam-se

com todo e qualquer tipo de evento que interfira negativamente no processo

produtivo, prejudicando a utilização plena do pessoal, máquinas, materiais e

instalações. O Programa de Fletcher & Douglas é o que mais se aproxima dos

programas modernos de segurança.

3.1.5.Estudos de Hammer

A corrida espacial e a guerra fria criam na década de 70 a Engenharia de

Segurança de Sistemas. Foram desenvolvidas várias técnicas de avaliação de

riscos através de metodologias oriundas da indústria militar e aeroespacial

americanas. Willie Hammer foi o responsável por trazer e adaptar estas

metodologias para a área da indústria civil (Castellan, 2008). Seus

antecessores, Bird, Heirinch e Fletcher, focavam os programas na parte

administrativa. Os estudos de Hammer vieram ajudar a compreender melhor os

erros humanos, que na maioria das vezes, são provocados por projetos ou

materiais deficientes e, por este mesmo motivo, devem ser debitados à

organização e não ao executante - o operário (Alberton 1996).

3.1.6.Estudos da DuPont

Em meados do século XX, sobretudo os anos 80, a maioria das empresas

tinham programas prevencionistas. Cabe ressaltar, neste período, os estudos

da DuPont Safety Ressource que chegou a uma proporção, baseado na

pirâmide de Bird, em que são considerados os desvios de processo. Estes

desvios nada mais são que avisos do que poderiam acontecer e podem

culminar ou não em um “quase-acidente” ou incidente, portanto merecem ser

investigados. Esta proporção está representada na figura 8. A figura 9 faz uma

alusão aos acidentes ambientais1, utilizando os mesmos conceitos. Podemos

perceber a linha tênue entre os acidentes laborais e os que afetam o meio

ambiente.

1 No caso um vazamento de algum produto químico de uma industria.

Page 37: Monografia T4 2010 JOHN Final

18

Figura 8: Pirâmide da DuPont (Reis,2008 apud DuPont, 2008)

Figura 9: Pirâmide da DuPont para acidentes ambientais (Reis,2008 apud DuPont, 2008)

Apesar da difusão dos programas de segurança, os números de

acidentes com perdas materiais de grande vulto, só aumentavam. A tabela 1

ilustra essa evolução nos números de acidentes. Estes acidentes se devem as

novas descoberta tecnológicas e o avanço da indústria química no sentido de

descobertas de novas substâncias químicas.

Tabela 1 - Acidentes com perdas acima de dez milhões de dólares (Silva, S.,2008)

Período Números Perdas (em milhões US$) 1948-1957 5 169 1958-1967 13 442 1968-1977 33 1.438 1978-1989 56 3.966

Page 38: Monografia T4 2010 JOHN Final

19

Nas décadas de 70 e 80, acidentes de grande repercussão despertaram a

sociedade para questões relativas à proteção do meio ambiente e a inclusão da

análise e gerenciamento de risco no processo de licenciamento.

3.2. Os Grandes Acidentes Industriais

Após a segunda guerra mundial, sobretudo na década de 60, com o

aumento significativo da população mundial, as indústrias foram forçadas a se

adequar para atender a demanda de consumo no período pós-guerra, que se

deu no primeiro momento, na ampliação da capacidade de produção e

posteriormente nas melhorias do processo e da qualidade (Silva, S, 2008 apud

Machado, 2000). Podemos fazer esta leitura através da figura 9 e 10 que

mostram o acentuado aumento na produção industrial e consumo de recursos

naturais de um lado, e de outro a explosão demográfica a partir desta década.

Com isto as indústrias passaram a consumir mais matérias primas,

energia e a movimentar mais substâncias químicas, aumentando

consideravelmente a complexidade de suas operações. Nesta época a

produção teve uma ênfase exagerada, valorizando o “fazer a qualquer custo”,

sem que os empresários se dessem conta dos riscos que estavam correndo, e

é justamente nesta época que os acidentes de grande repercussão começam a

acontecer no mundo (Silva, S.,2008).

Page 39: Monografia T4 2010 JOHN Final

20

Figura 10: Evolução da produção industrial mundial (Moreira, 2008)

Figura 11: Crescimento populacional mundial. (Martins, 2009)

Page 40: Monografia T4 2010 JOHN Final

21

Os acidentes industriais ocorridos nas décadas de 70 e 80 fizeram as

autoridades mundiais buscarem métodos para prevenir esses eventos

catastróficos com o objetivo de proteger a sociedade e o meio ambiente. A

partir destes acidentes catastróficos as indústrias de petróleo, química e

petroquímica incorporaram a Análise de Riscos no seu sistema de gestão

ambiental e de segurança, tanto em novos projetos quanto na operação das

unidades em funcionamento.

O quadro 3 mostra os acidentes mais significativos deste período, com as

substâncias químicas envolvidas.

Quadro 4 – Alguns dos principais acidentes (Décadas de 70 e 80). (CETESB, 2008)

Data Local Atividade Substância Causa Conseqüência 30/03/72 Rio de

Janeiro, Brasil

Estocagem GLP BLEVE 37 mortes, 53 feridos

13/07/73 Potchefstroom, África do sul

Estocagem Amônia Vazamento 18 mortes, 65 intoxicados

01/06/74 Flixborough, Reino Unido

Planta de Caprolactama

Ciclohexano Explosão 28 mortes, 104 feridos Perdas de US$ 412 milhões

09/07/76 Seveso, Itália

Planta de processo

TCDD Explosão Contaminação de grande área devido a emissão de dioxina

16/03/78 Portsall, Reino Unido

Navio – Amoco Cadiz

Petróleo Encalhe 227000 toneladas Perdas de US$ 85,2 milhões

11/07/78 San Carlos, Espanha

Caminhão tanque

Propeno VCE 216 mortes, 200 feridos

24/02/84 Cubatão, Brasil

Duto Gasolina Incêndio Vazamento de 700 m² 508 mortes

19/11/84 Cidade do México, México

Estocagem GLP BLEVE incêndio

650 mortes Perdas de US$ 22,5 milhões

03/12/84 Bophal, India

Estocagem Isocianato de metila

Emissão tóxica

4000 mortes 170.000 intoxicados

28/04/86 Chernobyl, Ucrãnia

Usina nuclear

Urânio Explosão 135.000 pessoas evacuadas

06/06/88 Mar do Norte, Grã-Bretanha

Plataforma –Piper Alpha

Petróleo Explosão incêndio

167 mortes

03/06/89 Ufa, Rússia Duto GLN VCE 645 mortes 500 feridos

24/03/89 Alasca, EUA

Navio- Exxon Valdez

Petróleo Encalhe 40.000 toneladas 35.000 aves mortas

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22

3.2.1. Refinaria de Duque de Caxias

No dia 30 de março de 1972, durante drenagem de esfera contendo GLP

(gás liquefeito do petróleo), o operador perde o controle da operação, a válvula

de bloqueio do dreno congela e o vazamento de gás se espalha até atingir um

ponto de ignição. A esfera de gás ficou sendo aquecida por esta chama que

ardeu bem na sua base e, após aproximadamente meia hora ocorre o primeiro

BLEVE. Houve lançamento de fragmentos que atingiu o centro da cidade de

Duque de Caxias, a 7 quilômetros de distância, bem como as ondas de choque

que ocasionaram, o estilhaçamento do vidro das esquadrias das edificações

nesta mesma distância. O acidente teve um total de 38 mortos e 300 feridos.

Este acidente, até hoje é lembrado pelos moradores mais antigos e pelos

trabalhadores da REDUC (figura 12) que guardam noticias daquela época,

sendo este fato um marco para os acidentes acontecidos na indústria

petroquímica brasileira.

Figura 12: Jornal A Notícia de 30 de março de 1972

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3.2.2.Flixborough

No dia 1º de junho de 1974, na cidade de Flixborough no condado de

Humberside, região nordeste da Inglaterra, ocorreu uma ruptura em uma

tubulação de uma planta de caprolactama2 da Nypro Ltda que ocasionou o

vazamento de ciclohexano quente, cuja a massa foi estimada em torno de 30 á

50 toneladas3 (Pascon 2009, apud Parker 1975). As ondas de choque

causadas pela explosão causaram a morte de 28 pessoas, lesões graves em

36 funcionários e 53 pessoas do público dos arredores da fábrica. A planta foi

totalmente destruída e os danos se estenderam num raio de 13 quilômetros.

Um dos reatores havia sido removido para reparos e no lugar de

instalaram uma tubulação formado um by-pass do sistema, com os outros

reatores em linha. A tubulação não foi devidamente fixada no local,

apresentando o vazamento de ciclohexano após 3 meses de operação. Além

disso, não houve um projeto específico para a tubulação que necessitaria de

um especialista: O projeto de tubulações de grande calibre, submetidas a tensão, para operar em pressões e temperaturas elevadas é um dos ramos de especialização da engenharia mecânica. Mas a equipe de manutenção em Flixborough não sabia disto, como também não percebeu que deveria ter chamado um projetista de tubulação. Eles não poderiam ser tomados como culpados. Eles não tiveram o treinamento profissional que os possibilitaria enxergar quando uma intervenção especializada se faz necessária. (...) A responsabilidade era dos gerentes que pediram para executar uma tarefa para a qual eles não eram qualificados. (Pascon 2009, apud Parker 1975)

O layout da planta também contribui para o desastre. Após a forte

trepidação na tubulação do by-pass que a fez romper e liberar o ciclohexano,

este atingiu uma unidade de hidrogênio quente que destruiu a casa de controle

de operação. Após perder a casa de controle, não havia como impedir isolar

várias partes da planta e assim impedir o chamado efeito dominó. Após 54

2 É um composto orgânico o qual é uma lactama de ácido 6-aminohexanóico e o uso

industrial primário é como um monômero na produção de nylon. 3 Vários autores divergem quanto à quantidade exata, ficando estimado entre estas duas

quantidades.

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segundos da destruição da casa de controle, há uma explosão que destrói toda

a fábrica (figura 13).

Figura 13; Planta da Nypro após as explosões (Pascon, 2009).

3.2.3. Desastre de Seveso

No dia 9 de julho de 1976, em Seveso, na província de Milão, Itália,

ocorreu à ruptura do disco de segurança de um reator de em uma planta

industrial da empresa ICMESA (Industrie Chimiche Meda Società Azionaria)

que fabricava produtos domissanitários.

A ruptura acarretou na emissão de uma nuvem tóxica de vários

componentes, entre eles o triclorofenol (TCP), etilenoglicol e 2,3,7,8-

tetraclorodibenzoparadioxina (TCDD). A nuvem se espalhou numa área

aproximada de 5 quilômetros quadrados, contaminando pessoas, animais e o

solo. No momento do acidente, a planta encontrava-se paralisada, pois era um

final de semana. A presença de etilenoglicol e hidróxido de sódio causaram

uma reação exotérmica descontrolada que fez a pressão interna do reator

exceder a tensão de ruptura do disco de segurança. Além disso, a temperatura

interna entre 400ºC e 500ºC, contribuiu para formação da dioxina de TCDD. O

reator não possuía um sistema de resfriamento automático e como era um final

de semana, havia poucos funcionários para realização manual da operação.

Page 44: Monografia T4 2010 JOHN Final

25

A vegetação nas proximidades da área afetada, morreu de imediato

devido ao contato com os compostos clorados. Foi denominado de Zona A,

uma área de 108 hectares que possuía uma alta concentração de dioxina

TCDD, cujos moradores foram proibidos de retornar após a descontaminação e

permaneceu isolado por muitos anos (figura 14). A concentração de dioxina na

área era de ²/240 mgμ , as equipes de socorro tiveram que usar proteção

completa (figura 10), pois a dioxina é altamente inflamável e letal a uma dose

de kgg /1μ .

Foram afetados pelo evento cerca de 30.000 habitantes, somando os

habitantes locais e de províncias vizinhas. Cerca de 250 pessoas contrariam

cloroacne, dermatose provocada pela exposição a compostos clorados e até

hoje os efeitos à saúde são monitorados. Na época o Vaticano autorizou o

aborto entre as grávidas que sofreram os efeitos da intoxicação.

Os custos com a evacuação, remediação ambiental e descontaminação

foram estimados em US$ 10 milhões.

Figura 14: Equipe de socorro em Seveso (Almeida, 2008)

3.2.4. Incêndio na Vila Socó

Na madrugada do dia 25 de fevereiro de 1984, aconteceu um incêndio em

um duto que passava em baixo de uma ocupação irregular com quase 6000

moradores na Vila Socó, Cubatão, Estado de São Paulo. A ocupação irregular

estava situada em uma área alagadiça e os barracos eram edificados sobre

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26

palafitas. Nesta área passava um duto da Petrobras. No dia do acidente, houve

uma falha operacional que resultou no alinhamento de uma tubulação de

gasolina fechada, esta começou a transferência e por conseqüência, vazou

aproximadamente 700 mil litros de gasolina. Os moradores recolheram o

combustível para fins lucrativos. Com a movimentação das marés, o liquido foi

disperso por toda a área, resultando na ignição dos vapores. O incêndio se

alastrou, consumindo as palafitas (figura 15).

O número oficial de mortos chega a 93, mas estima-se que houveram

mais mortes não contabilizadas, como denunciam os moradores: “O que mais me revolta é ouvir que morreram 93 pessoas. E os bebês que derreteram? E os corpos que acharam em pedaços, divididos? Morreram mais de 200", (Maria do Carmo da Silva Fagundes, dona de casa 59 anos, a Folha de São Paulo, edição do dia 15 de fevereiro de 2004).

Figura 15: Vila Socó após o incêndio (Folha de São Paulo, 25/02/1984).

3.2.5.Acidente de Bhopal

Quando funcionários fizeram a limpeza dos dutos de uma fábrica da

Union Carbide, na cidade de Bhopal, estado de Madhya Padresh, na Índia,

acidentalmente água usada para lavar os dutos foi admitida em um dos vasos

ocasionando uma reação exotérmica que resultou na expansão e vazamento

de 40 toneladas4 de isocianeto de metila. Na madrugada do dia 3 de dezembro 4 Diversos autores divergem quanto a quantidade.

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27

de 1984, uma nuvem tóxica da substância vazou expondo 500.000 pessoas.

Quase 4000 pessoas morreram quando entraram em contato com a nuvem,

outros 10.000 morreram após 72 horas a exposição e outros 25.000 morreram

com doenças relacionadas a exposição as substancias químicas.

O isocianeto de metila (MIC) era uma substância usada na fabricação de

inseticidas como o Sevin e o Temik, sendo “uma das ironias do acidente de

Bhopal, foi que o praguicida que estava sendo manufaturado [...] era substituto

do DDT num intuito de evitar os riscos desse praguicida organoclorado”

(Feliciano, 2008). Há diversas teorias de como a água foi admitida no tanque, a

mais plausível é que as válvulas das tubulações estivessem em péssimo

estado de conservação. Além disso, os sistemas de refrigeração do tanque de

MIC falharam no momento crítico, no qual poderia ter evitado o desastre. Outro

fato é a localização da planta, um local densamente povoado da cidade, sem

plano de emergência e carente de recursos médicos. As torres de depuração

que deveriam neutralizar os gases emitidos estavam desativadas quando o

produto foi liberado na atmosfera.

Ao menos 150 mil sofrem hoje de doenças crônicas resultantes do

vazamento, tais como úlcera nas córneas, câncer de pulmão e doenças de pele

(figura 16), e 20 mil permanecem sob o risco de serem envenenados pelo lixo

tóxico deixado no local, que inclui vários tipos de poluentes orgânicos

persistentes (POPs) e metais pesados, como mercúrio, de acordo com estudos

científicos do Greenpeace realizados em 1999, 2002 e 2004. Os sobreviventes

e suas crianças ainda sofrem de problemas de saúde como câncer ou

tuberculose, ou defeitos de nascimento (Greenpeace, 2004).

Figura 16: Sobreviventes do acidente de Bhopal (Feliciano, 2008).

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3.2.6.Acidente nuclear de Chernobil

Na madrugada do dia 26 de abril de 1986, aproveitando um desligamento

de rotina, procederam-se à realização de alguns testes para observar o

funcionamento do reator a baixa energia. Os técnicos encarregados desses

testes não seguiram as normas de segurança e pelo fato de o moderador de

nêutrons ser à base de grafite, o reator poderia apresentar instabilidade num

curto período de tempo. O quarto reator da usina de Chernobil - conhecido

como Chernobil-4 - sofreu uma catastrófica explosão de vapor que resultou em

incêndio, uma série de explosões adicionais, e um derretimento nuclear. Os

habitantes locais foram alertados 30 horas depois do acidente, até então, tudo

havia sido mantido em segredo:

“Boa tarde, meus camaradas. Todos vocês sabem que houve um inacreditável erro – o acidente na usina nuclear de Chernobyl. Ele afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós confrontamos a força real da energia nuclear, fora de controle”. (Mikhail Gorbachev, líder soviético da União soviética admitindo o acidente nuclear ao mundo)

Há duas teorias oficiais sobre a causa do acidente. A primeira foi

publicada em agosto de 1986, e atribuiu a culpa aos operadores da usina. A

segunda teoria foi publicada em 1991 e atribuíram o acidente a defeitos no

projeto do reator, especificamente nas hastes de controle. Ambas as teorias

foram fortemente apoiadas por diferentes grupos, inclusive os projetistas dos

reatores, pessoal da usina de Chernobil, e o governo. Alguns especialistas

independentes agora acreditam que nenhuma teoria estava completamente

errada.

O defeito mais significativo do projeto era o desenho das hastes de

controle. As pontas das hastes de controle eram feitas de grafite e os

extensores (as áreas finais das hastes de controle acima das pontas, medindo

um metro de comprimento) eram ocas e cheias de água, enquanto o resto da

haste - a parte realmente funcional que absorve os nêutrons e, portanto para a

reação - era feita de carbono-boro. Com este projeto, quando as hastes eram

inseridas no reator, as pontas de grafite deslocavam uma quantidade de água

para resfriar. Isto aumenta a taxa de fissão nuclear, uma vez que a grafite é um

Page 48: Monografia T4 2010 JOHN Final

29

moderador de nêutrons mais potente. Então nos primeiros segundos após a

ativação das hastes de controle, a potência do reator aumenta, em vez de

diminuir, como desejado. Este comportamento do equipamento não é intuitivo

(ao contrário, o esperado seria que a potência começasse a baixar

imediatamente), e, principalmente, não era de conhecimento dos operadores.

Além disso, os operadores violaram procedimentos, possivelmente porque eles

ignoravam os defeitos de projeto do reator. Também muitos procedimentos

irregulares contribuíram para causar o acidente. Um deles foi a comunicação

ineficiente entre os escritórios de segurança (na capital, Kiev) e os operadores

encarregados do experimento conduzido naquela noite.

Para reduzir custos, e devido a seu grande tamanho, o reator foi

construído com somente contenção parcial. Isto permitiu que os contaminantes

radioativos escapassem para a atmosfera depois que a explosão de vapor

queimou os vasos de pressão primários. Depois que parte do teto explodiu a

entrada de oxigênio, combinada com a temperatura extremamente alta do

combustível do reator e da grafite moderador, iniciando o seu incêndio. Este

incêndio contribuiu para espalhar o material radioativo e contaminar as áreas

vizinhas.

A maior parte da radiação foi emitida nos primeiros dez dias. Inicialmente

houve predominância de ventos norte e noroeste. No final de abril o vento

mudou para sul e sudeste. As chuvas locais freqüentes fizeram com que a

radiação fosse distribuída local e regionalmente (Figura 17).

Cerca de 1800 helicópteros jogaram cerca de 5000 toneladas de material

extintor, como areia e chumbo, sobre o reator que ainda queimava. Os

habitantes da cidade de Pripyat foram evacuados, somando cerca de 130 mil

pessoas. Muitas pessoas sofreram de câncer e diversas doenças relacionadas

à exposição a radiação, inclusive transmitindo a seus descendentes (figura 18).

Em novembro de 1986 foi construído o “sarcófago” (figura 19), destinado a

absorver a radiação e conter o combustível remanescente. Considerado uma

medida provisória e construído para durar de 20 a 30 anos, seu maior problema

é a falta de estabilidade, pois, como foi construído às pressas, há risco de

ferrugem nas vigas. Em 12 de dezembro de 2000, após vários acordos

internacionais, a usina de Chernobyl foi desativada.

Page 49: Monografia T4 2010 JOHN Final

30

Figura 17 – Mapa mostrando o avanço da radiação após o acidente (CIA Handbook of International Economic Statistics, 1996).

O acidente da usina nuclear de Chernobil foi considerado a maior

catástrofe nuclear da história, e as suas conseqüências até hoje são visíveis:

[...] o reator que explodiu, o trabalho dos “liqüidadores”,esses oitocentos mil bombeiros, soldados do contingente e voluntários que, com perigo de suas vidas, apagaram o fogo do reator, varreram o lixo radioativo e construíram o sarcófago. Verão também a cidade de Pripyat, onde viviam os trabalhadores da central e suas famílias, cinqüenta mil pessoas ao todo que foram evacuadas 36 horas depois da explosão. Essa cidade está lá, quase intacta, mas privada de vida pelos próximos vinte mil anos. Verão também o processo dos responsáveis. O mais duro de ver são as fotos dos bebês monstros que nasceram de mães que tiveram a infelicidade de estar grávidas em Pripyat, naquele 26 de abril de 1986.” Jean-Pierre Dupuy ,Retour de Tchernobyl. Journal d’un homme en colère (Duply, 2007).

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31

Figura 18: Criança nascida após o acidente (Duply. 2007).

.

Figura 19: O Sarcófago (Montgomery, 2006).

Page 51: Monografia T4 2010 JOHN Final

32

3.2.7. Incêndio na plataforma Piper Alpha

No dia 06 de julho de 1988, no Mar do norte, Grã Bretanha, na

plataforma marítima de petróleo Piper Alpha, uma bomba de condensado falha

e os operadores partem, então, a bomba reserva que retornara da manutenção

naquele mesmo dia, um pouco mais cedo. Nesta manutenção a válvula de

alívio tinha sido retirada e reposta, porém sem ter sido feito teste de vedação.

Ocorre um vazamento de gás que entra imediatamente em ignição. O resultado

foi uma explosão que destruiu os sistemas de combate a incêndios e de

comunicação da plataforma. As linhas e depósitos de óleo e gás da plataforma

adjacente continuam a alimentar os incêndios por cerca de uma hora. Outras

linhas rompem e a plataforma afunda tomba na água. O plano de emergência

previa a evacuação da plataforma por helicóptero, porém as explosões

tornaram este escape impossível. Poucos operadores escaparam da morte ao

se atirarem no mar de uma altura aproximada de 50 metros. Morreram 167

operadores e a plataforma foi completamente destruída. (Silva, S.,2008).

O grupo de investigação coordenado por Lord Cullen foi estabelecido em

novembro de 1988 para descobrir as causas do desastre. Em novembro de

1990, ele concluiu que o vazamento inicial era resultante de trabalho de

manutenção sendo realizado simultaneamente numa bomba e sua válvula de

segurança. A Occidental Petroleum, responsável pela operação da plataforma,

foi declarada culpada de ter procedimentos de manutenção inapropriados.

O evento que iniciou a catástrofe foi à tentativa do turno da noite de ligar

a bomba reserva que estava inoperante por estar em manutenção. Os

operários do turno da noite desconheciam que esta bomba estava em

manutenção, por não haver encontrado a ordem de serviço correspondente.

Numa instalação industrial, o conhecimento das ordens de serviço em

andamento é crucial para o andamento do processo produtivo e para a

segurança.

Foram verificadas diversas falhas de projeto. O sistema dilúvio coletava

a água do mar para o sistema abaixo da plataforma, próxima do local onde os

mergulhadores tinham que trabalhar em algumas etapas de perfuração. Para

segurança dos mergulhadores, o sistema de coleta de água era colocado em

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33

manual cada vez que havia trabalho com mergulho nas proximidades, para

evitar que os mergulhadores fossem sugados pelas bombas. Com o tempo, os

procedimentos foram relaxados e o sistema passou a ser deixado em manual

sempre, independente de haver ou não trabalho de mergulho nas

proximidades. Isso dava segurança para os mergulhadores, mas foi fatal para a

plataforma e para outras 167 pessoas, pois quando o sistema foi necessário,

estava inoperante. As paredes corta-fogo não foram projetadas para resistir a

explosões. A explosão inicial as derrubou, e o fogo subseqüente se espalhou,

quando poderia ter sido contido se as paredes corta-fogo tivessem também

resistido à explosão. Estações mais novas têm paredes de explosão que

evitariam uma repetição das fases iniciais do desastre. O posicionamento dos

alojamentos no projeto dificultou o escape da tripulação nos momentos críticos

do incêndio, todas as rotas para os barcos salva-vidas foram bloqueadas por

fumaça e chamas, e na falta de qualquer outra instrução, saltaram ao mar à

espera de serem salvos por barco. Foram salvos sessenta e dois homens

desta forma; a maioria dos outros 167 morreram sufocados em monóxido de

carbono e fumaça na área de alojamentos.

Outro fator relevante foi à falta de treinamento da tripulação. Embora

houvesse um plano de abandono, três anos haviam se passado sem que

recebessem treinamento nestes procedimentos. Planos de Ação de

Emergência são inúteis se existem apenas no papel e as pessoas não tomam

conhecimento dele.

Foi criado um monumento no Haziehead Park, em Alberdeen (figura 19)

em lembrança das vítimas do desastre de Piper Alpha, considerado um dos

maiores acidentes em plataformas de petróleo. Este acidente é amplamente

utilizado nos cursos de gerenciamento de risco, pois mostra todas as falhas

mais comuns que ocasionam em sinistro, tais como falha de projeto, falha nos

procedimentos de manutenção, falha de procedimentos de segurança, falta de

treinamento e um plano de emergências inadequado.

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Figura 20: Monumento em memória as vitimas do acidente (Wikipedia, 2005).

3.3. Programas Internacionais para Prevenção de Acidentes Industriais

3.3.1.Organização das Nações Unidas

Em 1980, a Organização das Nações Unidas (ONU) implementou o

International Programme on Chemical Safety (IPCS) com o objetivo de

estabelecer bases científicas para o uso de substancias químicas, desenvolver

metodologias para avaliação de risco e capacitar recursos humanos nesta área

com o objetivo de dar suporte aos países membros. O programa conta com a

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35

colaboração da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Programa das

Nações Unidas para Meio ambiente (PNUMA) e a Organização Mundial da

Saúde (OMS).

O PNUMA mantém programas relacionados à substancias químicas.

Entre eles o que merece destaque é o APELL (Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level), cujos objetivos são de estimular o

desenvolvimento de alertas públicos quanto à existência de possíveis perigos

na comunidade, estimular o desenvolvimento de planos de cooperação e

estimular a prevenção de acidentes indústrias. No Brasil o manual do APELL

foi traduzido pela Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM).

Neste sentido a OIT, na 80º sessão da Conferência de Genebra (1993),

aprovou a convenção nº 174, que traz recomendações para implementação de

programas de prevenção de acidentes em instalações industriais,

contemplando ações a serem adotadas pelas indústrias, governo e pelos

trabalhadores.

A OMS possui um programa intitulado Programa de Preparativos para

Situações de Emergência e Socorro em caso de Desastre (PED). Um dos

principais objetivos do programa é apoiar programas nacionais de ação em

eventos desastrosos junto ao Ministério da Saúde, desenvolvendo capacitação

na área de desastres e desenvolver atividades relacionadas a acidentes

químicos.

3.3.2.Comunidade Européia

Tendo em vista os acontecimentos dos acidentes de Seveso e

Flixborough, a Comunidade Econômica Européia (CEE) adotou o uma série de

providências com vista à prevenção de acidentes. Em 1982, foi publicada a

Diretiva de Seveso que foi o primeiro grande acordo mundial sobre o tema

(CETESB, 2008).

Segundo a diretiva, os países membros da CEE comprometeram-se em

implementar programas preventivos junto às unidades industriais que

manipulassem substâncias químicas perigosas. Mais tarde os países membros

fizeram uma revisão levando em consideração os acidentes de Bhopal e na

Cidade do México, os quais indicaram uma maior preocupação com o

Page 55: Monografia T4 2010 JOHN Final

36

zoneamento urbano afim de evitar a proximidade destas atividades com zonas

residenciais e ter mais controle do uso e ocupação do solo, que foi chamada de

Diretiva de Seveso II.

Após a publicação da Diretiva de Seveso, o Reino Unido implementou

denominada Control of Industrial Major Hazards (CIMAH) que mais se tornou o

Control of Major Hazards (COMAH), com a finalidade de implementar as ações

previstas na Diretiva de Seveso II. A regulamentação se aplicava as indústrias

químicas com armazenamento de produtos perigosos e plantas nucleares,

onde as quantidades das substâncias eram acima dos limites estabelecidos.

3.3.3.Estados Unidos

Após os acidentes de Bhopal e da Cidade do México, a Chemical Manufacture Association (CMA) iniciou o desenvolvimento de um programa

voluntário denominado Comunity Awareness and Emergency Response

(CAER) com intuito de desenvolver programas de atendimento a emergência

junto à comunidade local. Paralelamente, a Agência de Proteção Ambiental dos

Estados Unidos (EPA) desenvolveu um programa conhecido como Air Toxic Strategy, com o intuito de controlar as emissões de produtos químicos tanto em

situações normais quanto em situação de emergência. Mais tarde, foi

desenvolvido um programa especifico para liberações acidentais de

substancias químicas, que ficou conhecido como Chemical Emergency Preparedness Program (CEPP).

Com o estabelecimento do EPCRA (Emergeny Planning and Comunity Right-to-Know Act) em 1986, as empresas americanas foram obrigadas a

fornecer informações sobre as substancias perigosas e vazamentos em suas

instalações, sendo as informações utilizadas por comitês formados por

instituições da comunidade local, bem como órgãos públicos, tais como o corpo

de bombeiros, instituições de saúde e órgãos ambientais.

Atualmente, o governo americano instituiu os programas de prevenção de

risco conhecidos como RMP (Risk Management Program5) e o PSM (Process

5 Programa de Gerenciamento de Risco

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37

Safety Management6). O RMP é coordenado pela EPA, estabelece que a

empresa deva criar seu plano de emergência baseado no pior caso possível. O

PSM é coordenado pela OSHA (Occupation Safety Health Administration), é

voltado para saúde e segurança ocupacional, abrangendo as atividades de

terceiros que operem nas indústrias assistidas pelo programa.

3.3.4.Conselho Internacional das Indústrias Químicas (ICCA)

O Programa Responsable Care foi criado pelo Canadian Chemical Producers Association e implementado em mais de quarenta países pelo

ICCA7. O programa propõe um sistema de gerenciamento de risco envolvendo

os aspectos ambientais, de segurança ocupacional e segurança de processos.

No Brasil o programa recebeu o nome de Atuação Responsável e é

coordenado pela ABIQUIM que ao longo dos anos vem implementando-o junto

as indústrias. A ABIQUIM desenvolveu 6 códigos adaptados para realidade

brasileira com os seguintes temas: Segurança de Processo, Segurança e

Saúde do Trabalhador, Proteção Ambiental, Transporte e Distribuição,

Gerenciamento de produtos e o ultimo, Diálogo com a Comunidade,

Preparação e Atendimento a Emergências.

6 Gerenciamento de Segurança de Processos 7 International Council of Chemical Associations

Page 57: Monografia T4 2010 JOHN Final

38

4 O Licenciamento Ambiental e Estudo de Análise de Risco no Brasil

4.1. Surgimento da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)

Nas sociedades contemporâneas há uma crescente preocupação com a

degradação do meio ambiente trazida pela revolução tecnológica e as

complicações geradas a saúde e bem-estar do ser humano. Esta preocupação

se dá por causa das constantes agressões ao meio ambiente tais como

despejo de resíduos industriais no solo e nos aqüíferos, desmatamento,

emissões de poluentes atmosféricos e derramamentos de óleos e acidentes

industriais de grande vulto e de difícil reparação.

O meio ambiente era visto como uma fonte de recursos inesgotáveis para

serem explorados, pois se acreditava que a capacidade de regeneração da

natureza era capaz de absorver a poluição ambiental causados pela sua

exploração. Assim os sistemas industriais eram dissociados da natureza e sua

exploração era feita de maneira descontrolada. As constantes agressões ao

meio ambiente despertaram as sociedades no entendimento que a poluição

ambiental ameaça seriamente a sobrevivência e a qualidade de vida da

humanidade.

Em 1962, foi publicado o livro Primavera Silenciosa8 de Rachel Carson,

cujo tema principal era sensibilizar a opinião pública para os riscos do uso

DDT. O estudo apresentado no livro não só fez com que o governo controlasse

o uso da substancia, mas também criou uma forte comoção da comunidade

científica e na opinião pública, sobre a preservação da natureza.

Em 1972, o Clube de Roma9, produziu o chamado relatório de Meadows

que causou grande impacto na comunidade científica. Este relatório se apoiava

na tese do “Crescimento Zero”, ou seja, a industrialização acelerada, forte

8 Silent Spring 9 É um grupo de cientistas, políticos e industriais, fundado em 1968, que se reúnem para

discutir assuntos ligados a política, meio ambiente, economia e desenvolvimento sustentável.

Page 58: Monografia T4 2010 JOHN Final

39

crescimento populacional, insuficiência crescente da produção de alimentos,

esgotamento dos recursos naturais não renováveis e degradação irreversível

do meio ambiente levariam o crescimento econômico ao limite. Outro marco

para o despertar da consciência ecológica no mundo neste mesmo ano, foi a

Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente em Estocolmo, Suécia.

Segundo Oliveira (2005), a posição defendida pelo Brasil na conferência foi mal

interpretada pela opinião pública internacional, sendo considerado que o país

“preconizava o desenvolvimento econômico a qualquer custo, mesmo devendo

pagar o preço da poluição em alto grau”. Na realidade o Brasil defendia que a

“proteção ambiental deveria ser o Homem”, sendo tão danosa a falta de

saneamento básico e de cuidados com a saúde pública, bem como a poluição

industrial.

Como forma de mudar esse quadro, foi criada a Secretaria Especial do

Meio Ambiente (SEMA), pelo Decreto 73.030 de 30 de setembro de 1973, uma

autarquia da administração direta ligado ao Ministério do Interior. O SEMA tinha

atribuições específicas:

"Acompanhar as transformações do ambiente através de técnicas de aferição direta e sensoriamento remoto, identificando as ocorrências adversas e atuando no sentido de sua correção". As demais também representam notável progresso, basta ver que entre suas competências estava a de "promover a elaboração e o estabelecimento de normas e padrões relativos à preservação do meio ambiente, especialmente dos recursos hídricos, que assegurem o bem-estar das populações e o seu desenvolvimento econômico" (Inagé 2009).

O SEMA foi a primeira tentativa do Poder Público de elaborar normas

relacionadas ao meio ambiente.

Elaborado pelo SEMA e discutido no Congresso Nacional, em 1981 foi

sancionada a Lei 6938/81 que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente.

Com isso um dos instrumentos de controle e planejamento instituído pelo

PNMA foi o Licenciamento Ambiental e a Avaliação de Impactos Ambientais

(AIA) das atividades consideradas efetivamente poluidoras.

Cabe ressaltar que a PNMA, atrelou o sistema de licenciamento aos

órgãos estaduais e ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos

Renováveis (IBAMA). Junto com o Conselho Nacional de Meio Ambiente

Page 59: Monografia T4 2010 JOHN Final

40

(CONAMA), integram o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e são

responsáveis pela proteção do meio ambiente (figura 20).

Figura 21: Órgãos Estaduais que compõem o SISNAMA (Programa Nacional de Capacitação

de Gestores Ambientais, Caderno de Formação, Volume 1, p 40, 2006)

Compete ao IBAMA o licenciamento de atividades cuja localização ou

impactos ambientais ultrapassem os limites de mais de um estado ou os limites

territoriais do país. Cabe ressaltar que há consulta aos órgãos ambientais do

Estado e do município em que o empreendimento será implantado. Os

principais órgãos licenciadores, em termos quantitativos, são órgãos Estaduais

de Meio Ambiente (OEMAs). Compete aos municípios o licenciamento de

empreendimentos e atividades de impacto local.

A Constituição da República Federativa do Brasileira (CRFB) de 1988 nos

diz no artigo 225:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

Page 60: Monografia T4 2010 JOHN Final

41

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Cabem então ao Estado, ações preventivas para evitar a poluição

ambiental e a responsabilização do dano que possa advir da atividade

poluidora para o bem da sociedade.

A CRFB de 1988 define os bens ambientais a serem protegidos pela

legislação considerados de interesse publico que estão ilustrados na figura

abaixo (figura 21).

Figura 22: Quadro sinóptico dos bens protegidos pela Constituição (Poveda, 2004).

4.2. O Licenciamento Ambiental

O Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo que visa

estabelecer condições “para que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, de

direito privado ou de direito público, implante, amplie ou opere o

empreendimento sob sua responsabilidade” que seja potencialmente poluidora

(Araújo, 2002). Foi baseado no principio do poluidor-pagador do direito francês.

Conforme Machado (1991) “a atividade poluente acaba sendo uma apropriação

pelo poluidor do direito de outrem, pois na realidade a emissão poluente

representa um confisco do direito de alguém (...)”, ou seja, o agente poluidor

recebe o bônus e o lucro de sua atividade em detrimento do direito da

sociedade em gozar de meio ambiente saudável. Assim o agente poluidor deve

Meio Ambiente

Natural Laboral Artificial e Cultural

• Água: Superficial e

Subterrânea

• Terra: Solo e

subsolo

• Fauna

Saúde e segurança do

trabalhador • Patrimônio

Histórico: Artístico,

turístico,

paisagístico.

• Meio Urbano

Page 61: Monografia T4 2010 JOHN Final

42

pagar a sociedade, a autorização para a poluição do meio ambiente, dentro de

normas e padrões estabelecidos.

Cabe ainda citar o princípio da precaução que presume que em caso de

dúvida cientifica sobre os riscos de uma atividade, produto ou processo, devem

ser adotadas medidas para evitar os danos ao meio ambiente e a saúde

pública. A adoção de tal princípio faz com que se assuma a postura de “não

esperar para tomar ações contra sérias ameaças até que seja providenciadas

evidências cientificas” (Kichhoff 2004, apud Vrom, 2003). Também importante,

o princípio da prevenção que preconiza que se sabendo dos riscos de uma

atividade, estes devem ser prevenidos. Ambos são importantes, pois norteiam

a legislação ambiental brasileira. (Kirchhoff 2004)

Sendo assim o licenciamento ambiental, impõe normas e procedimentos

para implantação e operação de atividades poluidoras, com o intuito de

prevenir os impactos ambientais antes que possam ocorrer. Segundo

Resolução CONAMA nº 001/86 entende-se como impacto ambiental:

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais. [...]

O Decreto 88.351, de 1º de junho de 1983, que regulamenta a PNMA,

instituiu três tipos de licenciamento ambiental: a Licença Prévia (LP), Licença

de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO), para as fases de planejamento,

construção e operação, respectivamente.

A Licença Prévia é onde órgão ambiental faz a análise prévia do

empreendimento antes da sua implantação, verificando a sua viabilidade e

impondo condições para as próximas etapas do licenciamento. Nesta etapa é

verificado, através do zoneamento municipal, se o empreendimento é

tecnicamente viável para o local pretendido. Outros tipos de estudos podem ser

Page 62: Monografia T4 2010 JOHN Final

43

pedidos nesta fase, como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório

de Impacto Ambiental (RIMA)

Quando todas as condicionantes da licença prévia são cumpridas, é

expedida a autorização para implantação do empreendimento através da LI. O

empreendimento é implantado conforme projetos apresentados e aprovados na

licença anterior, com novas medidas de controle ambiental referentes à

construção do empreendimento. A LO é a autorização para que o

empreendimento possa a funcionar dentro das condicionantes estabelecidas e

medidas de controle ambientais, desde que sejam cumpridas as exigências das

licenças anteriores.

Diferente da licença administrativa, a licença ambiental não confere ao

possuidor, direito adquirido pela mesma. Fixa prazos e validade em suas

condicionantes com o objetivo de evitar a manutenção de padrões tecnológicos

ultrapassados.

Pela necessidade de revisão dos procedimentos e critérios utilizados no

licenciamento, de forma a efetivar a utilização do sistema como instrumento de

gestão ambiental, CONAMA instituiu, em 19 de dezembro de 1997, a

Resolução n° 237 que, inclusive, aplicou seus efeitos aos processos de

licenciamento em tramitação nos órgãos ambientais. Esta resolução estabelece

quais atividades estão sujeitas ao licenciamento ambiental.

A partir da vigência da Lei de Crimes Ambientais, Lei n° 9.605, de 12 de

fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas

derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, a sociedade

brasileira, os órgãos ambientais e o Ministério Público passaram a contar com

um instrumento que lhes garantira agilidade e eficácia na punição aos

infratores do meio ambiente. Essa lei veio em decorrência do § 3° do artigo 225

da Constituição Federal, o qual estabelece:

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Page 63: Monografia T4 2010 JOHN Final

44

Assim, condutas consideradas lesivas ao meio ambiente passam a ser

punidas nas esferas civil, administrativa e criminal, ou seja, constatada a

degradação ambiental, o poluidor, além de ser obrigado a promover a sua

recuperação, responderá com o pagamento de multas e responder processos

criminais. A importância do licenciamento ambiental encontra-se destacada no

seu artigo 60: “Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional estabelecimentos, obras ou serviços potência poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competem contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as cumulativamente”.

O Decreto nº 6514 de 22 de julho de 2008, que regulamenta a Lei de

Crimes Ambientais, complementa em seu artigo 66:

“ Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: [...] Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem: [...] [...]II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença ambiental. “10

O objetivo do licenciamento ambiental é disciplinar a construção,

instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades

utilizadores de recursos ambientais, consideradas efetivamente ou

potencialmente poluidoras bem como aqueles capazes de causar degradação

ambiental.

4.2.1.Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) foi instituído dentro PNMA, através

da Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986. É acompanhado

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), relatório que reflete todas as

conclusões apresentadas no EIA. Deve ser elaborado de forma objetiva e

possível de se compreender, ilustrado por mapas, quadros e gráficos, com

10 Com redação dada pelo Decreto nº 6686 de 20 de dezembro de 2008

Page 64: Monografia T4 2010 JOHN Final

45

linguagem acessível ao leigo, livre de jargão técnico. Deve também respeitar o

sigilo industrial (se este for solicitado) e deve ser acessível ao público. Elas têm

um papel fundamental na prevenção, pois estabelecem o impacto que será

causado pelo projeto a ser empreendido e o conjunto de ações que

minimizarão os seus efeitos.

Cabe ressaltar que a Resolução CONAMA nº 09 de 03 de dezembro de

1987, estabeleceu que as audiências públicas deverão expor o conteúdo do

RIMA, inclusive recolhendo críticas e sugestões e, quando solicitado, dirimir

dúvidas das entidades da sociedade, do Ministério Público ou por cinqüenta ou

mais cidadãos. No anexo I da Resolução CONAMA nº 01/86 apresenta a

relação de atividades que necessitam da apresentação de EIA/RIMA.

4.2.2.Estudo de Análise de Risco no Licenciamento Ambiental

No Brasil, o Estudo de Análise de Risco (EAR) passou a fazer parte do

licenciamento ambiental após o acidente de acontecido na Vila Socó, São

Paulo e a com a publicação da Resolução CONAMA nº 01/86.

Com a publicação da Diretiva de Seveso, técnicos da CETESB em 1985

começaram a estudar o tema com objetivo de introduzi-lo na prevenção de

acidentes, sobretudo no pólo petroquímico de Cubatão, cujo entorno sofrera

com diversos deslizamentos e acidentes com emissões poluentes neste ano.

Em 1986, a CETESB realizou o primeiro curso sobre Análise de Risco (AR) no

Estado de São Paulo, se tornando pioneiro no assunto e o primeiro órgão

ambiental a criar um setor específico para tratar do tema. No mesmo ano o

CONAMA publicou a Resolução nº 01/86 que instituía a necessidade de EIA e

RIMA no processo de licenciamento ambiental, quando o EAR passou a fazer

parte destes documentos como instrumento complementar. Segundo Kichhoff

(2004), o EIA dá respostas à viabilidade ambiental do empreendimento,

analisando os impactos previsíveis, enquanto a AR analisa os riscos

associados a determinadas ações antrópicas.

Apesar de não estar explícito nesta resolução e nem na PNMA, o EAR

tem como base o artigo nº 225 da CRFB:

Page 65: Monografia T4 2010 JOHN Final

46

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito11, incumbe ao Poder Público: [...] V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.

A Resolução CONAMA nº 237/97, define a análise de risco como uma das

etapas dos Estudos Ambientais exigidas no processo de licenciamento:

Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:[...] II - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: [...] análise preliminar de risco. (grifo nosso)

A Análise de Risco busca tem por objetivo responder as seguintes

questões quanto aos perigos em potencial (Kaplan & Garrick, 1981).

• O que pode dar de errado?

• Com que freqüência isto pode acontecer?

• Quais as conseqüências, se o evento acontecer?

• Os riscos são toleráveis?

O objetivo principal da análise de risco no licenciamento ambiental é a

prevenção de acidentes que possam causar danos ao meio ambiente, tornando

a probabilidade de ocorrência tão baixas quanto tolerável, através de medidas

de controle e tomada de decisão.

É utilizada no licenciamento de atividades que processam, armazenam e

transportam grandes quantidades de substanciais perigosas, especialmente às

tóxicas e inflamáveis. As principais atividades onde a análise de risco é

requerida são as: Indústrias Químicas e Farmacêuticas, Indústrias de Petróleo,

Gás e Petroquímicas, Indústrias dotadas de refrigeração (alimentícias, de

bebidas, frigoríficas, etc.), Indústrias de produção de água tratada, Oleodutos e

Gasodutos e Usinas Termelétricas á gás.

A análise de risco serve de subsídio para elaboração do Programa de

Gerenciamento de Risco (PGR) e para o Plano de Ação a Emergências (PAE)

conforme figura abaixo e que será detalhado a seguir, segundo Generino, 2001

(figura 23). 11 Referência ao direito ao meio ambiente equilibrado

Page 66: Monografia T4 2010 JOHN Final

47

Figu

ra 2

3: A

R, P

GR

e P

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GE

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O. (

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l, p.

44.

MM

A 2

009)

Page 67: Monografia T4 2010 JOHN Final

48

Figura 23: AR, PGR e PAE segundo GENERINO. (Caderno de Licenciamento Ambiental, p.

44. MMA 2009)

4.2.2.1.Classificação quanto a Periculosidade das Instalações

A classificação da indústria quanto à periculosidade tem como objetivo

estabelecer quais estudos de análise de risco serão necessários para o

licenciamento ambiental. Esta classificação baseia-se na metodologia do

critério que propõe o seguinte princípio:

“O risco de uma instalação industrial para a comunidade e para o

meio ambiente, circunvizinhos e externos aos limites do empreendimento, está diretamente associado às características das substâncias químicas manipuladas, suas respectivas quantidades e à vulnerabilidade da região onde a instalação está ou será localizada”. (CETESB 2000)

Sendo assim a classificação da instalação está baseada na

periculosidade da substância em relação a sua quantidade e a distancia das

áreas vulneráveis (Figura 24).

Figura 24: Fatores que influenciam os estudos de análise de riscos em instalações industriais

(CETESB 2003)

Periculosidade

das

substâncias

Quantidade das

substâncias

Risco

Vulnerabilidade

da região

Page 68: Monografia T4 2010 JOHN Final

49

A primeira etapa consiste em selecionar as substâncias, líquidas ou

gasosas, que, de acordo com a sua toxicidade e inflamabilidade, apresentam

um potencial para causar danos ao ser humano e ao meio ambiente. O

Instituto Estadual do Ambiente (INEA) possui um Manual de Orientação a

Análise de Risco que está ainda em regulamentação que classifica as

instalações em quatro níveis de risco dependendo da periculosidade das

substâncias e distancia de referência das áreas vulneráveis.

4.2.2.1.1.Classificação dos Gases e Líquidos quanto à toxicidade e inflamabilidade

Para a classificação das substâncias são definidos quatro níveis de

toxicidade, de acordo com a CL50 e DL50, via respiratória para rato ou

camundongo, para substâncias que possuam pressão de vapor igual ou

superior a 10 mmHg a 25 ºC, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2: Classificação das substâncias tóxicas pelo CL50

12 (CETESB, 2000)

Nível de toxicidade C (ppm.h)

4 - Muito tóxica C ≤ 500

3 - Tóxica 500 < C = 5000

2 - Pouco tóxica 5000 < C = 50000

1 - Praticamente não tóxica 50000 < C =150000

As substâncias classificadas nos níveis de toxicidade 3 e 4 são

consideradas como gases e líquidos tóxicos perigosos. Deve-se ressaltar que

esta classificação se aplica às substâncias tóxicas que possuem pressão de

vapor igual ou superior a 10 mmHg nas condições normais de temperatura e

pressão (25ºC e 1 atm) e também àquelas cuja pressão de vapor puder se

tornar igual ou superior a 10 mmHg em função das condições de

armazenamento ou processo.

Quanto inflamibilidade as substâncias são classificadas de acordo com o

ponto de fulgor e o ponto de ebulição (tabela 3). As substâncias do nível 4,

12 A classificação dada pelo DL50 é mesma utilizada para CL50, inclusive as

concentrações (C).

Page 69: Monografia T4 2010 JOHN Final

50

líquidas ou gasosas, e do nível 3, somente líquidas, são consideradas

substâncias inflamáveis perigosas. Cabe ressaltar a classificação dada pela

NR20 muito usada nos relatórios de segurança e no EAR, que classifica as

substâncias quanto ao ponto de fulgor (tabela 4), classificando em líquidos

combustíveis e inflamáveis.

Tabela 3: Classificação das substâncias inflamáveis (CETESB, 2003)

Nível de inflamabilidade

Ponto de fulgor (PF) e/ou Ponto de ebulição (PE)

(oC)

4 - Gás ou líquido altamente inflamável PF = 37,8 e PE = 37,8

3 - Líquido facilmente inflamável PF > 37,8 e PE > 37,8

2 - Líquido inflamável 37,8 < PF < 60

1 - Líquido pouco inflamável PF > 60

Tabela 4: Classificação quanto à inflamabilidade dada pelo NR20

Tipo Ponto de fulgor (PF)

Líquidos Combustíveis 70º ≤PF <93,3º

Líquidos Inflamáveis PF≤37,7º

Líquidos Inflamáveis (Combustíveis Classe II) 37,7º≤PF<70º

4.2.2.1.2.Determinação da Massa Mínima de Referência

A Massa Mínima de Referência (MMR) é definida (em kg) para cada uma

das substâncias perigosas e pode ser entendida como a menor quantidade da

substância capaz de causar danos a certa distância do ponto de liberação. O

Calculo de MMR é baseado na concentração imediatamente perigosa a vida ou

saúde humana, o IDLH (Immediately Dangerous to Life on Health concentration) estabelecido pela NIOSH (National Institute for Ocupational

Safety and Health13). Dependendo do IDLH da substancia, é estimada a MMR

(tabela 5). A substancia é considerada não tóxica para a comunidade, para fins

de verificação de risco, quando o IDLH for superior a 2000 ppm. Também não

são consideradas na analise de risco para a comunidade, substancias cuja

13 Agência dos Estados Unidos

Page 70: Monografia T4 2010 JOHN Final

51

pressão de vapor seja inferior a 10 mmHg a 20 ºC, tendo em vista que o risco

depende da propagação da substancia pelo ar, sob a forma de gás e vapor.

Para substâncias inflamáveis e combustíveis temos a relação de MMR

apresentada na Tabela 6.

Tabela 5: Massa Mínima de Referência, em Kg, considerada a Toxicidade (FEEMA, 2005)

IDLH (ppm) >1000

≤2000

>500

≤1000

>250

≤500

>100

≤250

>50

≤100

>10

≤50

<1

≤10

>0

≤1

Gases 100 100 100 100 50 50 50 50

Gase Liquefeitos 1000 1000 500 500 500 250 250 250

>350

<760

2000 1000 1000 500 500 500 250 250

>100

≤350

2000 2000 1000 1000 500 500 500 250

>50

≤100

5000 2000 2000 1000 1000 500 500 500

>25

≤50

5000 5000 2000 2000 1000 1000 500 500

Líquidos

com

pressão

de

vapor a

20º C

(mmHg)

na faixa

de ≥10

≤25

5000 5000 5000 2000 2000 1000 1000 500

Tabela 6: Massa Mínima de Referência, em Kg, considerada a inflamabilidade (FEEMA, 2005)

Substancia Massa Mínima de Referência

Gases 500 kg

Gases Liquefeitos 2500 kg

>250 mmHg

<760 mmHg

5000 kg

>100 mmHg

≤250 mmHg

10000 kg

Líquidos inflamáveis com

pressão de vapor a 20ºC

≤100 mmHg 25000 kg

Líquidos Combustíveis classe II 25000 kg

4.2.2.1.3.Fator de Perigo (FP)

O Fator de Perigo é calculado com base na massa M (em Kg) de cada

substancia tóxica armazenada e na massa M total (em Kg) das substancias

Page 71: Monografia T4 2010 JOHN Final

52

combustíveis e inflamáveis que se possa inflamar em um só cenário acidental.

Devem ser considerados passiveis de se inflamar em um cenário acidental:

• Quando os tanques estão na mesma bacia de contenção

• Vasos de pressão afastados uns dos outros por menos de 7,50

metros

• Os gasômetros afastados uns dos outros, por menos de 3 metros.

• Os grupos de bombonas e tambores, afastados uns dos outros, por

menos de 3 metros, ou que mesmo a distancia maior, possam ser

envolvidos em um incêndio decorrente de um espalhamento no

piso.

Para substancia tóxicas temos:

MMRMFP = (4)

Para substancias combustíveis e inflamáveis temos:

menorMMRMnMMFP ).....21( ++

= (5)

A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler

(FEPAM) do Estado do Rio Grande do Sul, utiliza o termo Massa Liberada

Acidentalmente (MLA) para o calculo do FP. O MLA é quantidade de material

perigoso capaz de participar de uma liberação acidental de substância perigosa

devido a vazamento ou ruptura de tubulações, componentes em linhas,

bombas, vasos, tanques, etc. ou por erro de operação ou de reação

descontrolada ou de explosão confinada ou não, nas instalações. Sendo assim:

MMRMLAFP = (6)

4.2.2.1.4.Fator de Distância (FD)

O Fator de Distância (FD) ou Distância de Referência (DR) é definida

como a menor distância entre o ponto de liberação e a área receptora de

Page 72: Monografia T4 2010 JOHN Final

53

interesse, onde estão localizadas as áreas vulneráveis. Para substâncias

tóxicas é medida a distancia de cada recipiente ou tanque. Para substancias

combustíveis e inflamáveis, é medida a distancia de cada grupo de tanques ou

recipientes da ocupação sensível mais próxima. No caso da distancia ser

menor que 50 metros deve ser considerado FP ou DR igual a 50 metros. Então

temos:

50)(tan mciadisFD = (7)

Deve ser considerado como área receptora de interesse, as ocupações

humanas, rios, cursos d’águas e áreas de proteção ambiental (mangues,

florestas, etc...).

4.2.2.1.5.Determinação do Nível de Risco Preliminar

Para determinação do nível de risco é necessário verificar o índice de

risco ou os índices de risco, e neste caso, adotar o menor valor. O índice de

risco (IR) é a relação entre Fator de Distancia (FD) e Fator de Perigo (FP):

FDFPIR = (8)

Utiliza-se as tabelas abaixo para identificação do Nível Preliminar de

Risco (NRP)(Tabelas 7 e 8).

Tabela 7: Determinação do NRP para gases e gases liquefeitos (FEEMA, 2005)

Densidade populacional

Até 25 pessoas por

hectare

De 26 a 160

pessoas por

hectare

Mais de 160

pessoas por

hectare

Índice de Risco

Nível de Risco Preliminar

≤1 1 1 2

>1 e ≤2,5 1 2 3

>2,5 e ≤5 2 3 4

>5 3 4 4

Page 73: Monografia T4 2010 JOHN Final

54

Tabela 8: Determinação do NRP para líquidos (FEEMA, 2005) Densidade populacional

Até 25 pessoas por

hectare

De 26 a 160

pessoas por

hectare

Mais de 160

pessoas por

hectare

Índice de Risco

Nível de Risco Preliminar

≤1 1 1 2

>1 e ≤5 1 2 2

>5 e ≤20 2 2 3

>20 e ≤100 2 3 3

>100 3 3 4

4.2.2.2. Complexidade do EAR em função do Nível de risco

No Manual de Orientação a Análise de Risco do INEA, a complexidade do

EAR dependerá da classificação do NRP, atendendo o indicado no quadro

abaixo (Quadro 5):

Quadro 5: Complexidade do EAR em relação ao NRP (FEEMA, 2005)

Nível de Risco Preliminar

(NRP)

Tipo de Analise de Risco

NRP =2 Analise Preliminar de Perigo

NRP =3 Analise Preliminar de Perigo e Estudo de Conseqüência e

Vulnerabilidade

NRP =4 Analise Preliminar de Perigo, Estudo de Conseqüência e

Vulnerabilidade e Calculo de risco Individual e Social

As atividades enquadradas com NRP igual a 1 estão isentas de

apresentar o EAR. Cabe ressaltar a diferença entre o nível de risco de

incêndios usadas em projetos de combate a incêndio e pânico, onde a

classificação é definida pela carga de incêndio, ou seja, pelo poder calorífico

dos materiais armazenados e utilizados na edificação.

4.2.2.2.1.Relatório de Segurança

As atividades cujo NRP igual é igual a 1, são isentas de apresentar o

EAR, devem ser apresentadas um Relatório de Segurança. Nas Instruções

Page 74: Monografia T4 2010 JOHN Final

55

Técnicas para Apresentação de Análise de Risco do INEA, este relatório deve

conter informações relativas ao processo, tais como:

• Descrição da atividade

• Fluxograma da atividade

• quantidade de substancias envolvidas e a suas classificações

(quanto a inflamabilidade e toxicidade),

• identificação dos sistemas (equipamentos e/ou processos com

potencial risco

• Descrição dos sistemas de controle (medidas mitigadoras e

preventivas)

• Descrição dos sistemas de segurança e combate a emergência

• Caracterização da vizinhança

• Avaliação e conclusões.

Page 75: Monografia T4 2010 JOHN Final

56

5 Análise, Avaliação e Gerenciamento de Riscos Ambientais.

5.1. Estudo de Análise de Riscos

A determinação da natureza do risco e promover a combinação de

freqüência e as conseqüências dos acidentes utilizando técnicas de engenharia

de avaliação são chamados de Análise de Risco.

Análise de Risco e Avaliação de Risco em geral são entendidas como

sinônimos, o que decorre das diferentes traduções sobre o tema (Kichhoff,

2004). Adotaremos no presente trabalho, a Avaliação de Risco como parte da

Análise de Risco e esta sendo mais abrangente, sendo esta a vertente norte-

americana (EPA), que é a precursora no assunto.

Existem diferentes tipos de analise de risco que abrangem aspectos de

segurança, saúde humana, meio ambiente (ecológica), valores patrimoniais e

financeiros. As três primeiras estão relacionadas no quadro 5, que mostra os

pontos em comum entre os três tipos de analise que apesar de terem focos

diferentes, acabam se relacionando quanto ao licenciamento ambiental.

Quadro 6: Análise sumária comparativa entre três Principais tipos de Análise de Risco

(adaptação, Rovisco, 2009)

Segurança Saúde Ambiental

1-Identificação de perigo: Materiais, equipamento, procedimentos (e.g., inventários de tamanho e localização), flamabilidade, reactividade ou materiais de toxicidade aguda; e acontecimentos de iniciação, (e.g., mau funcionamento do equipamento, erro humano, falha em reservatórios).

1-Identificação de perigo: Quantidades e concentrações de agentes químicos, físicos, e biológicos no ambiente num local ou área de estudo; seleção dos químicos de interesse.

1-Formulação do problema (hazard screening) Fauna e flora residente e transiente, especialmente espécies ameaçadas ou em perigo; levantamentos aquáticos e terrestres; contaminantes e indutores de stress de interesse nos limites do estudo.

Page 76: Monografia T4 2010 JOHN Final

57

Continuação do quadro 6 2. Estudo de estimativa de probabilidade/ freqüência de causas Possibilidade de iniciação/propagação de acontecimentos e acidentes a partir de causas internas e externas.

2. Avaliação de exposição Caminhos e direções, receptores potenciais incluindo subgrupos sensíveis, taxas de exposição, e períodos de tempo.

2. Avaliação de exposição Circuitos, habitats ou populações receptoras, especialmente espécies protegidas ou valorizadas; concentrações de contaminantes em pontos de exposição.

3. Análise de consequências Natureza, magnitude e probabilidade de efeitos adversos, (e.g., fogos, explosões, libertação súbita de materiais tóxicos); meteorologia; receptores.

3. Dose-resposta ou Avaliação de toxicidade Relação entre exposição ou dose de contaminante e efeitos adversos para a saúde.

3. Avaliação de efeitos tóxicos Testes aquáticos, terrestres e microbianos, e.g., LC50, estudos de campo.

4. Avaliação de Risco Integração das probabilidades e conseqüências para a expressão quantitativa de riscos de segurança; revisão de sistema aceitável.

4. Caracterização de risco Integração de dados de toxicidade e exposição para a qualificação e quantificação de expressões de riscos para a saúde;

4. Caracterização de risco Integração de levantamentos de campo, dados de toxicidade e exposição para a caracterização de riscos ecológicos significativos, relações causais, incertezas.

Aplicações típicas Processo de segurança químico e petroquímico; Transporte de materiais perigosos; Processo de gestão segurança da OSHA; Programas de gestão de risco da EPA e estatais.

Locais de deposição de resíduos perigosos (Superfund, RCRA) Licenciamento relacionado com ar, água e solo, Alimentos, medicamentos, Cosméticos, Expansão ou encerramento de indústria.

Estudos de impacto ambiental, Localização de indústria, estudos de zonas úmidas, Registro de pesticidas Natural Resource Damage Assessments (NRDA) Superfund/RCRA sites.

A análise de risco utilizada na primeira coluna do quadro 5 é utilizada em

indústrias químicas e petroquímicas. A da segunda coluna é utilizada no

licenciamento de novos medicamentos e produtos químicos. A da terceira é

utilizado em grandes estudos de impacto ambiental. Apesar de terem

estruturas diferentes as etapas de identificação, avaliação e analise das

conseqüências estão presentes nas três analises.

O Estudo de Análise de Risco se desenvolve nas seguintes etapas:

Page 77: Monografia T4 2010 JOHN Final

58

• Avaliação prévia

• Identificação dos Perigos

• Avaliação de Riscos

• Gerenciamento de Riscos

5.1.1.Avaliação Prévia

Nesta etapa cabe a caracterização do local onde vai ser implementado o

empreendimento o qual tem a finalidade de identificar possíveis pontos de

interferência, sendo estes o próprio meio ambiente e outros empreendimentos.

Além disso, deve-se fazer o levantamento das características da atividade,

compreendendo os processos industriais e as substâncias envolvidas.

As principais etapas da caracterização do empreendimento são:

• Descrição das atividades operacionais

• Diagnóstico do local (identificação e caracterização das diferentes

áreas, localização da empresa, corpos hídricos, áreas de

residências e proteção ambiental, sistemas viários, infraestrutura,

uso e ocupação do solo, pedologia, características meteorológicas

da região; distribuição populacional da região)

• Substâncias químicas identificadas que serão armazenadas,

processadas e transportadas. Listando suas características

(FISPQs14)

• Layout das instalações e fluxogramas de processos

• Sistema de proteção e segurança.

5.1.2.Identificação dos Perigos

Esta etapa consiste na aplicação de técnicas estruturas com o objetivo de

identificar os possíveis eventos perigosos, possibilitando definir hipóteses

acidentais que levarão aos acidentes mais significativos.

Segundo Kolluru (1994), nesta etapa deve ser definido:

• Definir os limites analíticos

Page 78: Monografia T4 2010 JOHN Final

59

• Identificar os perigos associados ao empreendimento e a sua

operação

• Determinar inventários de materiais perigosos, modo de

armazenamento e transporte.

• Determinar eventos iniciantes

• Revisar procedimentos de engenharia e procedimentos

administrativos.

• Identificar potencial de vazamento e explosão

Segundo a OSHA15 as técnicas mais utilizadas estão listadas no quadro

abaixo (quadro 6), com a suas principais aplicações. As técnicas mais

utilizadas são a Analise Preliminar de Perigos (APP) e o Estudo de Perigo e

Operabilidade (HAZOP). Cabe ressaltar o uso de listas de verificação

(Checklist) para subsidiar o Programa de Gerenciamento de Risco, que deve

ser feito nesta etapa. O estudo deve ser feito com uma equipe multidisciplinar

com o objetivo de detalhar os riscos e cenários acidentais.

Quadro 7: Técnicas de identificação de riscos (Adaptação CETESB, 2008)

Aplicação Checklist What If (“se”)

AMFE16 APP HAZOP

Identificação de desvios relacionados a

boas práticas

Identificação de Perigos

Identificação de causa básica (eventos

iniciadores)

Proposta de Medidas para mitigar os

riscos

Método Qualitativo

Método Quantitativo

14 Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos 15 As técnicas utilizadas foram tiradas da OSHA 3133 – Process Safety Management for

Compliance 16 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (Failure Modes and Effects Analysis – FMEA)

Page 79: Monografia T4 2010 JOHN Final

60

5.1.2.1.Analise Preliminar de Perigo (APP)

Também conhecido como Análise Preliminar de Risco (APR), é um

método estruturado para identificar os possíveis eventos acidentais de novas

instalações industriais ou da operação da indústria que manipula materiais

perigosos. Através do preenchimento de uma planilha (quadro 8), faz uma

estimativa qualitativa dos riscos associados a cada evento, a partir da

probabilidade e severidade das conseqüências.

Quadro 8: Planilha de APP (Adaptado, NBR 15662/2009) Análise preliminar de perigo (APP)

Unidade:

Data:

Revisão:

Medidas preventivas

ou corretivas

Perigo Causas

Possíveis

Conseqüências Categoria de

probabilidade

Categoria

de

severidade

Categoria

de risco

Existentes A

implantar

Todo

evento

com

potencial

para

causar

danos

Causas

responsáveis

pelo perigo,

envolvendo

falhas

humanas e

de

equipamentos

Efeito dos

acidentes:

explosão,

vazamento,

liberação, etc.

Freqüência

definida no

quadro 9

A

severidade

é descrita

no quadro

10

Definido

no

quadro

11 e

figura 25

Recomendações

propostas pela equipe

técnica afim de

mitigar os riscos

Definido os cenários acidentais e discutidos as prováveis causas e

possíveis conseqüências, cabe a identificação da freqüência esperada de

ocorrência do evento (quadro 8), que pode ser avaliada pela experiência da

equipe que esta desenvolvendo o estudo ou de um banco de dados.

Quadro 9: Freqüência de ocorrência de cenários (AGUIAR, 2001)

Categoria Denominação Faixa de Freqüência (anual) Descrição

A Extremamente

Remota F<10-4

Conceitualmente possível, mas extremamente improvável de ocorrer durante a vida útil do

processo/ instalação.

B Remota 10-4<F<10-3 Não esperado ocorrer durante a vida útil do processo/ instalação.

Page 80: Monografia T4 2010 JOHN Final

61

C Improvável 10-3<F<10-2 Pouco provável de ocorrer durante a vida útil do processo/ instalação.

D Provável 10-2<F<10-1 Esperado ocorrer até uma vez durante a vida útil do processo/

instalação.

E Frequente F>10-1 Esperado de ocorrer várias vezes durante a vida útil do processo/

instalação.

Em seguida, a equipe técnica define a severidade das conseqüências dos

cenários acidentais identificados. O quadro 8 apresenta as categorias de

severidade usadas na APP.

Quadro 10: Categoria de Severidade (AGUIAR, 2001)

CATEGORIA DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO/CARACTERISTICAS

I

Desprezível

• Sem danos ou danos insignificantes aos equipamentos, propriedade e/ou ao meio ambiente;

• Não ocorrem lesões/mortes de funcionários e/ou de terceiros; o Maximo que pode ocorrer são casos de primeiros socorros ou tratamento médico menor;

II

Marginal

• Danos leves aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente (os danos materiais são controláveis e/ou de baixo custo de reparo);

• Lesões leves em empregados, prestadores de serviço ou em membros da comunidade;

III

Crítica

• Danos severos aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente;

• Lesões de gravidade moderada em empregados, prestadores de serviço ou em membros da comunidade (probabilidade remota de morte);

• Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em catástrofe;

IV

Catastrófica

• Danos irreparáveis aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente;

• Provoca mortes ou lesões em varias pessoas (empregados, prestadores de serviço, comunidade, etc)

Page 81: Monografia T4 2010 JOHN Final

62

No final procede-se a classificação qualitativa do risco, propondo as

medidas de prevenção e de mitigação das conseqüências dos eventos. Utiliza-

se a matriz da figura 25, confrontando-se a freqüência e a severidade escolhida

pela equipe que está preparando o APP, para classificação de risco dada na

legenda do quadro 11. O APP deve ser realizado para cada parte da planta

industrial.

Figura 25: Matriz de classificação de risco: Freqüência x Severidade (AGUIAR, 2001)

Quadro 11: Legenda da matriz de classificação de risco (AGUIAR, 2001)

SEVERIDADE FREQUÊNCIA RISCO

I – Desprezível A – Extremamente Remota 1 – Desprezível

II – Marginal B – Remota 2 – Menor

III – Crítica C - Improvável 3 – Moderado

IV – Catastrófica D – Provável 4 – Sério

E – Freqüente 5 – Crítico

5.1.2.2.Estudo de Perigo e Operabilidade (HAZOP)

O Estudo de Perigo e Operabilidade (HAZOP) é um método mais

abrangente e detalhado que a APP, visa detectar problemas de operabilidade

Page 82: Monografia T4 2010 JOHN Final

63

de um processo industrial, fazendo a revisão do projeto. Através da análise

sistemática dos diversos caminhos do processo industrial, verifica-se em quais

pontos pode haver falhas ao serem operados de forma errada ou que levassem

as situações de operação indesejada. Com o isso, o HAZOP enfoca tantos os

aspectos de segurança ocupacional, quanto os aspectos da segurança dos

processos, podendo ser empregado tanto para indústrias já instaladas, quanto

na fase de projeto.

Inicialmente faz-se uma analise sistemática de cada circuito do processo,

analisando linha por linha, elegendo-se nós de estudo. Para efeito de estudo do

HAZOP, uma linha é um conexão entre os equipamentos industriais, podendo

ser por tubulação ou não (Souza, 1995). Para a analise do HAZOP, são

necessários os fluxogramas de engenharia (de blocos, de processo e de

tubulação e instrumentação17), dados dos equipamentos, memorial descritivo e

dados sobre as reações químicas para que seja realizada a primeira análise e

a escolha dos nós de estudo (figura 26).

Figura 26: Fluxograma de tubulação e instrumentação com marcação dos nós (adaptado,

Pinto, 2009)

Aplica-se nesses nós, palavras-guias que ajudam a identificar os desvios

de processo que podem levar aos cenários acidentais. As diferentes

combinações das palavras guias e dos parâmetros de processo, podem 17 Também conhecido com P & ID (Pipping and Instrumetation Diagram)

Nó 1

Nó 3

Nó 2

Page 83: Monografia T4 2010 JOHN Final

64

detectar diversas falhas e levam a equipe estudar diferentes formas de

visualizar o projeto, que normalmente não ocorreria. Nos quadros 12 e 13 são

apresentadas às palavras guias mais utilizadas e a combinação com os

parâmetros de processo.

Quadro 12: Palavras guias e seus significados ( adaptado, AGUIAR, 2001) Palavra Guia Significado

Não/Nenhum Negação de propósito

Menos Decréscimo quantitativo

Mais /Maior Acréscimo Qualitativo

Também/ Bem como Acréscimo qualitativo

Parte de Decréscimo qualitativo

Reverso Oposição lógica do propósito de projeto

Outro que/ Senão Substituição completa

Quadro 13: Listas de desvios para HAZOP de processo contínuos ( adaptado,AGUIAR, 2001)

Parâmetro Palavra Guia Desvio

Fluxo Nenhum

Menos

Mais

Reverso

Também

Nenhum fluxo

Menos fluxo

Mais fluxo

Fluxo reverso

Contaminação

Pressão Menos

Mais

Pressão Baixa

Pressão Alta

Temperatura Menos

Mais

Temperatura baixa

Temperatura alta

Nível Menos

Mais

Nível baixo

Nível alto

Viscosidade Menos

Mais

Viscosidade baixa

Viscosidade alta

Reação Nenhum

Menos

Mais

Reverso

Também

Nenhuma reação

Reação incompleta

Reação descontrolada

Reação inversa

Reação secundária

Assim como na APP, deve-se preencher uma planilha que guiará a

análise (quadro 14), aplicando-o em cada linha ou equipamento. Na coluna

Page 84: Monografia T4 2010 JOHN Final

65

“detecção”, são preenchidos os modos de detecção dos desvios relacionados

pela equipe, podendo ser por inspeção visual, por equipamento ou ainda

eletrônica. Em seguida, da-se prosseguimento a classificação do risco através

da matriz de freqüência e severidade, finalizando com a analise das

conseqüências e recomendações de segurança, conforme o fluxograma abaixo

(figura 27). Cabe ressaltar que deve ser analisado o custo das intervenções,

para que não se faça intervenções desnecessárias.

Figura 27: Fluxograma do procedimento de um HAZOP (Souza, 1995)

Page 85: Monografia T4 2010 JOHN Final

66

Rec

omen

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Sis

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Con

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Page 86: Monografia T4 2010 JOHN Final

67

5.1.3.Avaliação de Riscos

Nesta etapa é detalhado o estudo dos riscos de maior relevância

identificados na etapa anterior, sobretudo os riscos críticos e catastróficos.

Devem ser detalhadas quantitativamente as estimativas de conseqüências e

frequência dos eventos acidentais, bem como a vulnerabilidade do processo.

Assim é obtido a estimativa dos riscos, verificando-se a tolerabilidade dos

riscos, que servirá de base para tomada de decisões.

5.1.3.1.Estimativa de Freqüências

Para a escolha dos eventos acidentais, é utilizada a Análise da Árvore de

Eventos (AAE)18 onde é desenvolvida a seqüência de fatos gerados por um

cenário acidental, “prevendo situações de sucesso ou falha, de acordo com as

interferências existentes, até a conclusão das mesmas com a definição das

diferentes tipologias acidentais”(CETESB, 2000). Este tipo de análise é

baseado no efeito dominó no quais as diversas interferências são analisadas,

acarretando caminhos que levam ao desenvolvimento ocorrências, gerando

diferentes eventos acidentais (figura 27).

Cabe ressaltar que existem outras técnicas com mesma finalidade da

AAE, tais como a Análise de Árvore de Falhas (AAF), a Análise de Diagrama

de Blocos (ADB) e a Management Oversight and Risk Tree19 (MORT). Todas

essas técnicas são quantitativas (figura 28 e 29) e guiam à equipe na definição

dos cenários acidentais a serem simulados na modelagem matemática dos

efeitos físicos e a analisar as freqüências de ocorrência de forma acumulada.

18 Também conhecido como Event Tree Analisys (ETA) 19 Arvore de Supervisão e Gerenciamento de Risco (tradução nossa)

Page 87: Monografia T4 2010 JOHN Final

68

Figura 28: Exemplo de um diagrama de AAE para um evento indesejado (Bozzolan, 2006

Figu

ra 2

8: E

xem

plo

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AE

par

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eve

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6)

Page 88: Monografia T4 2010 JOHN Final

69

Figura 29: Exemplo de AAE com quantificação de probabilidade e custo (Kichhoff, 2004)

Em alguns estudos deve ser considerada a freqüência de falha dos

equipamentos, as falhas humanas e a freqüência de ocorrência de fatores

externos ao empreendimento. Entendem-se como fatores externos os riscos

puros, originados tanto por fatores naturais (furacões, terremotos, enchentes,

deslizamentos, etc), como tecnológicos (queda de aviões, corte de energia

etc.). Dados sobre a freqüência de falha dos equipamentos geralmente é

fornecida pelos fabricantes. Algumas empresas mantêm banco de dados de

histórico de falha dos equipamentos com o objetivo de prevenir acidentes e

orientar programas de manutenção. Segundo a AICHE20 (2000), 80% dos

acidentes são causados por erros humanos na manutenção, por isso deve ser

considerado nas estimativas de freqüência. Deve-se ter o cuidado ao analisar,

pois diversos fatores influenciam este tipo de analise, tais como fatores

comportamentais (motivação, stress), fatores administrativos (treinamento,

qualidade dos procedimentos) e fatores ambientais.

5.1.3.2.Estimativa de Conseqüência e Vulnerabilidade

Através de cálculos e modelagem matemática, estima-se o

comportamento de uma substancia tóxica ou inflamável a partir de uma

liberação acidental, analisando a vulnerabilidade dos receptores, ou seja,

aqueles que receberão o dano. A quantificação dos efeitos físicos é baseada

nos cenários acidentais obtidos nas etapas anteriores.

20 American Institute of Chemical Engineers

Page 89: Monografia T4 2010 JOHN Final

70

Através do cenário acidental é realizada a simulação matemática com

objetivo de quantificar os efeitos físicos. As principais tipologias acidentais

usadas para estas estimativas, são geradas pela liberação do material

perigoso, onde podemos citar:

• Vazamentos: Concentrações tóxicas decorrentes de emissões de

gases e vapores.

• Radiação térmicas de incêndios: Jato de fogo (jet fire), Incêndio em

poça (pool fire), Incêndio em nuvem (flash fire), Bola de fogo (fire ball)

• Sobrepressões provenientes de explosões

5.1.3.2.1.Vazamentos

Os vazamentos ocorrem pela ruptura de um vaso ou tubulação e pode ser

de três tipos: líquido, gasoso e bifásico (figura 30).

Figura 30: Tipos de Vazamentos (CETESB, 2008)

O vazamento líquido é aquele em que a substância é liberada na fase

liquida podendo haver a formação de poças que, apesar de tender a ficar na

forma líquida, pode ocorrer o seu flasheamento21, formando nuvens de vapor.

Neste tipo, o vazamento pode ser do tipo isotérmico, onde se admite uma

pressão constante do vapor que está dentro do vaso enquanto ocorre o 21 Uma corrente líquida é enviada a um vaso ou a uma coluna onde sofre uma súbita

redução de pressão e/ ou de temperatura, parte do fluido vaporiza, gerando-se, portanto duas

correntes de processo, uma líquida e uma em fase vapor. Este processo é comumente

chamado de flasheamento (do inglês flashing).

Page 90: Monografia T4 2010 JOHN Final

71

vazamento, ou adiabático onde ocorre a variação de temperatura e pressão.

Neste caso ocorre o resfriamento do líquido e consequentemente a redução da

pressão do vapor em seu interior. Em vasos maiores com isolamento térmico,

tende-se a ter o vazamento do tipo adiabático enquanto em vasos menores e

sem isolamento térmico ocorre o tipo isotérmico (CETESB, 2008).

O vazamento gasoso ocorre quando há liberação de substancias gasosas

mantidas sobre pressão, sendo crítica a liberação onde a pressão no interior do

vaso é superior em duas vezes o mais, a pressão atmosférica. Ocorre a

dispersão do gás na atmosfera ocorrendo a formação de nuvens ou jatos,

dependendo a densidade do gás (figura 31 e 32)

Figura 31: Jato de dispersão de gás pesado. (CETESB, 2008)

Figura 32: Jato de dispersão de gás neutro. (CETESB, 2008)

Page 91: Monografia T4 2010 JOHN Final

72

No vazamento bifásico ocorre a liberação de gás em vasos contendo

líquidos sobre pressão, podendo ocorrer uma despressurização interna do vaso

e a liberação de gás e líquido em forma de aerossol.

Estes tipos de liberação geram nuvens na atmosfera (figura 33) que

dependendo da volumetria do vaso e das condições meteorológicas, da

rugosidade22 do terreno e o movimento dos ventos podem gerar eventos

catastróficos que são calculados pelos modelos matemáticos.

Figura 33: sistemas geradores de nuvem: dispersão por jato e flasheamento da poça

(CETESB,2008)

5.1.3.2.2.Incêndios

Os Incêndios ocorrem quando há a combustão de materiais que geram a

liberação de calor de forma descontrolada. Constituem um dos maiores riscos

para as industriais químicas, pois são iniciadores de eventos maiores, que se

não debelados em tempo podem gerar eventos catastróficos, através do efeito

22 É a medida da altura média dos obstáculos que causam turbulência na atmosfera, devido à ação do vento, influenciando na dispersão de uma nuvem de gás ou vapor.

Page 92: Monografia T4 2010 JOHN Final

73

dominó. Na figura 34 ilustra as principais etapas ligadas ao efeito dominó de

um incêndio.

Figura 34: Efeito Dominó gerado por um incêndio. (Bozzolan, 2006)

Figu

ra 3

4: E

feito

Dom

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006)

Page 93: Monografia T4 2010 JOHN Final

74

Nesta figura são identificadas algumas modalidades de incêndio que vão

ser detalhadas a seguir.

O Jato de Fogo (Jet fire) ocorre quando há a combustão de uma

substancia liquida ou gasosa inflamável no vazamento em jato de dispersão,

devido ao contato com uma fonte de ignição. Geralmente, o produto apresenta

uma concentração de 1 a 2% em volume, devido ao arraste do ar no momento

do vazamento, que é o limite inferior de inflamabilidade de muitas substâncias,

ocasionando a uma combustão perfeita.

O Incêndio em poça (Pool fire) é quando um vazamento de líquido

inflamável origina uma poça solo que entra ao entrar em contato com uma

fonte de ignição, entra em combustão (Figura 35). Incêndio em Nuvem (Flash Fire) é quando ocorre há a combustão de uma mistura de ar e substância

inflamável dispersa na atmosfera. Geralmente é rápida, pois não há

alimentação das chamas.

Figura 35: Incêndio em poça. (NR comentada, 2009)

Page 94: Monografia T4 2010 JOHN Final

75

Bola de Fogo (Fire ball) ocorre quando há a combustão instantânea e

superficial de uma mistura de vapor e partículas liquidas de uma substancia

inflamável dispersada de modo acidental e ocorre de forma violenta, quando

um vaso se rompe repentinamente (figura 36). Este tipo de evento está

associado a explosão por BLEVE quando ocorre a ruptura do vaso de

estocagem ocasionado por um incêndio em poça, que ocasiona o

enfraquecimento do casco (Bozzzolan, 2006). Em conseqüência ocorre uma

expansão adiabática que resulta na violenta vaporização do líquido e liberação

de nuvem de vapor e partículas do líquido que podem ultrapassar 200 vezes o

seu volume, gerando ondas de choque e lançamento de fragmentos.

Figura 36: Bolo de Fogo. (NR comentada, 2009)

5.1.3.2.3.Explosões

As explosões são fenômenos onde ocorre uma liberação violenta e rápida

de energia de origem química ou física associada a uma expansão de gases.

Dependendo da velocidade de expansão dos gases pode haver dois tipos

de explosões: a detonação e a deflagração. Na detonação as velocidades de

frente de chama são superiores a velocidade do som (340 m/s). Na

deflagração, as velocidades não são superiores a 340 m/s, sendo neste caso

Page 95: Monografia T4 2010 JOHN Final

76

não há a completa consumação do oxigênio, o que pode gerar nova

combustão. Podemos classificar as explosões e três tipos: as não confinadas,

as confinadas e a “rapid phase transition” (RPT). As explosões do tipo RPT são

criadas pela mudança repentina de estado de uma substancia, não

apresentando chamas.

As explosões não confinadas são as chamadas explosões de nuvem de

vapor não confinada (VCE). O processo de combustão gera gases que

apresentam um volume maior que nos estágios iniciais, provocando turbulência

na atmosfera. Esta turbulência provoca mistura entre gás e vapor deixando os

entre o limite de inflamabilidade, provocando nova combustão que gera nova

turbulência. Esse movimento sucessivo pode transformar um flash fire em uma

explosão, devido ao aumento da velocidade da frente de chama. Este tipo de

explosão merece destaque, não apenas pelo efeito destrutivo, mas devido que

a ignição pode não ocorrer na área onde foi gerada a liberação, ampliando os

impactos ambientais a comunidade local.

Nas explosões confinadas, a substancia envolvida entra em combustão e

apresentam aumento de volume. Devido ao confinamento, ocorre um aumento

de temperatura e pressão que se for maior que a resistência do recipiente, este

entrará em colapso. Podem ocorrer em tanques, reatores ou ainda em uma

nuvem de vapor confinada por edificações. Os danos provocados pelas

explosões são devido à projeção de mísseis (fragmentos), radiação térmica e

ondas de choque. Deve-se analisar o efeito dominó causado pelas explosões

conforme apresentado na figura 37.

Page 96: Monografia T4 2010 JOHN Final

77

Figura 37: Efeito dominó causado por uma explosão (Bozzolan, 2006)

Page 97: Monografia T4 2010 JOHN Final

78

5.1.3.2.4.Analise dos Efeitos físicos

Nesta etapa há a simulação dos efeitos físicos causados pelas

substâncias nos diferentes cenários acidentais verificados nas etapas

anteriores, através de modelos matemáticos23 (quadro 15). Geralmente são

usados modelos matemáticos rodados em softwares específicos, para o pior

cenário analisado (worst-case24). O quadro 16 mostra os principais softwares

usados.

Quadro 15: Modelos matemáticos a serem utilizadas em função do estado físico do produto

(CETESB, 2008)

Estado físico do produto

Modelos Matemáticos

Gases inflamáveis

ou tóxicos

liquefeitos

Gases inflamáveis

ou tóxicos

Substâncias liquidas

a pressão e

temperatura

ambiente e/ou

criogênica 25

Vazão de saída de líquido

Vazão de saída de gás

Vazão de saída bifásica

Fração “flasheada”

Formação e evaporação

de poça

Formação e dispersão de

jato

Dispersão de nuvem

neutra ou pesada

Radiação térmica

Poça

Jato

Flash fire

BLEVE/Fire ball 26

VCE

23 Os modelos matemáticos não serão detalhados neste trabalho 24 Comparando com máximo alcance de exposição. (EPA, 2009) 25 Substância mantida líquida por redução de temperatura (CETESB, 2008) 26 Considerar fire ball apenas para produtos inflamáveis

Page 98: Monografia T4 2010 JOHN Final

79

Quadro 16: Principais modelos para avaliação de conseqüências (Feliciano, 2008)

Modelo Nome Comentários

ARCHIE Automated Resource

for Chemical Hazard

Incident Evaluation

Programa criado para o DOT e para EPA

visando auxiliary no planejamento de

emergências. Permite avaliar a seqüência e a

natureza dos eventos que podem ocorrer após

um acidente. Possui vários métodos para

estimar os impactos do vazamento de outros

materiais perigosos

CHARM Complex Hazardous

Air Release Model

Conjunto de modelos para avaliar a dispersão

de gases tóxicos. Inclui um banco de dados de

produtos químicos, um processador gráfico e

pode mapear isopletas das concentrações de

interesse. Permite a introdução de dados

meteorológicos em tempo real.

BREEZE HAZ Modelos para vazamanetos de gases tóxicos.

Fornece gráficos

PHAST Contém modelos para vazamento de gases e

líquidos, dispersão, radiação térmica, BLEVE,

bola de fogo, incêndio de jato e poça e

sobrepressão de explosões.

SAFETI Software for

Assessment of

Flamable Explosive

Toxic Impact

Contém um pacote complete de modelos de

consequencia e análise de risos, incluindo

curvas de isso-risco e curvas F-N

EFFECTS Conjunto de modelos matemáticos para

estimativa das conseqüências de vazamentos

de substancias químicas tóxicas e inflamáveis

ALOHA Conjunto de modelos matemáticos para

estimativa das conseqüências químicas

tóxicas e inflamáveis

A figura abaixo (figura 38) mostra a simulação das conseqüências de uma

explosão causada por um BLEVE de um tanque com 18 toneladas de GLP

armazenado em estado liquido, usando o software ALOHA 5.4. A partir dos

dados do modelo matemático, são analisados a vulnerabilidade das regiões em

torno do evento.

Page 99: Monografia T4 2010 JOHN Final

80

Figura 38: Simulação de BLEVE usando o software ALOHA 5.4

5.1.3.2.5.Análise de Vulnerabilidade

A Analise de Vulnerabilidade tem como identificar quais os níveis de

radiação térmica, sobrepressões e exposição a elementos tóxicos, gerados por

um evento acidental, é capaz de provocar danos a população expostas

(Feliciano, 2008). Os modelos de Vulnerabilidade se baseiam numa função

matemática de Probit (Pr) desenvolvida por Eisenberg:

Pr= a + b x ln(X) (9)

Onde:

Page 100: Monografia T4 2010 JOHN Final

81

.a e b são constantes e são em função da substância e cenário acidental

.x descreve a magnitude do impacto físico.

Pr é uma variável aleatória de distribuição gausiana, representa a

probabilidade de mortos e/ou feridos. A relação entre os Probit e as fatalidades

são obtidas na tabela 9.

Tabela 9: Relação entre Probit e percentagem. (CETESB 2008)

% fatalidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0 -

2,67 2,95 3,12 3,25 3,36 3,45 3,52 3,59 3,66

10 3,72 3,77 3,82 3,87 3,92 3,96 4,01 4,05 4,08 4,12

20 4,16 4,19 4,23 4,26 4,29 4,33 4,26 4,39 4,42 4,45

30 4,48 4,50 4,53 4,56 4,59 4,61 4,64 4,67 4,69 4,72

40 4,75 4,77 4,80 4,82 4,85 4,87 4,90 4,92 4,95 4,97

50 5,00

5,03 5,05 5,08 5,10 5,13 5,15 5,18 5,20 5,23

60 5,25 5,28 5,31 5,33 5,36 5,39 5,41 5,44 5,47 5,50

70 5,52 5,55 5,58 5,61 5,64 5,67 5,71 5,74 5,77 5,81

80 5,84 5,88 5,92 5,95 5,99 6,04 6,08 6,13 6,18 6,23

90 6,28 6,34 6,41 6,48 6,55 6,64 6,75 6,88 7,05 7,33

_ 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

99 7,33 7,37 7,41 7,46 7,51 7,58 7,65 7,75 7,88 8,09

Page 101: Monografia T4 2010 JOHN Final

82

Para analisar a vulnerabilidade a radiação térmica é utilizada a equação

de Probit abaixo, que gera os dados da tabela 10.

Pr = -14,9 + 2,56 ln )10( 4.34

tQ (10)

Onde:

.t = duração da exposição (s)

Q – carga térmica (W)

Tabela 10: Níveis de Radiação térmica: Probabilidade de Morte x tempo de exposição

(CETESB 2008)

Tempo de exposição para probabilidade de morte (s) Radiação térmica

(KW/m²) 1% 50% 99%

1,6 500 1300 3200

4,0 150 370 930

12,5 30 80 200

37,5 8 20 50

Utilizando a simulação da figura 38 podemos concluir que a probabilidade

de danos nas zonas vermelha, amarela e laranja, levando em consideração o

tempo de exposição. Podemos estimar os possíveis danos (quadro 17) para

que possa servir de subsídio ao PGR e ao PAE.

Quadro 17: Efeitos potenciais da radiação térmica (Kichhhof, 2004) Intensidade (KW/m²) Efeitos

0,8 – 1,2 Radiação solar (meio dia)

1,6 Sem desconforto em longas exposições

2,1 Mínimo para dor após 60 segundos

4,0 0% de chance para fatalidade

4,7 Causa dor em 15 s, ferimentos após 30 s, não causa fatalidade após

minutos de exposição

8,0 Causa morte em minutos

9,5 Causa dor em 8 s, queimaduras de 2º grau após 20 s

12,5 Intensidade mínima para madeira pegar fogo, 50% de chance de

fatalidade após 80 s

23 10% de fatalidade para exposição instantânea

Page 102: Monografia T4 2010 JOHN Final

83

30 Ignição da madeira

37,6 Danos a equipamentos, 25% de fatalidade para exposição

instantânea.

60 100% de fatalidade para exposição instantânea

Da mesma forma é estimada a probabilidade de mortes para os danos

causados pela sobrepressão causada por explosões. Usando os mesmo dados

da simulação do BLEVE para simular um VCE27, temos os seguintes dados

plotados na figura abaixo (figura 39).

Figura 39: Simulação dos efeitos de sobrepressão causados pela explosão de um VCE

27 O ALOHA 5.4 não simula a sobrepressão causada pelo BLEVE

Page 103: Monografia T4 2010 JOHN Final

84

O principal dano causado pela sobrepressão de uma explosão, que causa

letalidade a população é a hemorragia de pulmões, cuja equação de probit é

demonstrada a seguir:

Pr = -77 +6,91 ln(P) (11)

Deve ser considerado o tempo na estimativa de danos a estrutura, devido

a resistência de certos materiais. Na tabela abaixo estão relacionados as

probabilidade de mortes para as zonas relacionadas pela simulação. Deve se

considerar que para zona vermelha, laranja e amarela as pressões de 0,55,

0,24 e 0,07 bar, respectivamente. Na tabela 11 está relacionada a

probabilidade de ruptura do tímpano, um dano muito comum neste tipo de

acidente.

Tabela 11: Porcentagem de morte por hemorragia pulmonar

devido a sobrepressão. (CETESB 2008)

Sobrepressão (bar) Probabilidade de Morte

1 1

1,2 10

1,4 50

1,75 90

2 99

Tabela 12: Porcentagem de ruptura de tímpano devido a

sobrepressão(CETESB 2008)

Sobrepressão (bar) Probabilidade de dano

0,16 1

0,19 10

0,43 50

0,84 90

Em uma explosão, a população receptora sofre mais danos devido ao

colapso das estruturas e a projeção de fragmentos, sendo que estes devem ser

considerados na estimativa de vítimas. No quadro abaixo está relacionado os

danos causados a estrutura devido à sobrepressão.

Page 104: Monografia T4 2010 JOHN Final

85

Quadro 18: Danos às estrutura devido a sobrepressão (CETESB, 2008)

Sobrepressão (bar) Danos

0,0020 Quebra ocasional de vidros

0,0027 Ruído elevado (143 dB)

0,0068 Quebra de vidros pequenos sob esforço

0,010 Pressão típica para quebra de vidros

0,02 Alguns danos a telhados, 10% de quebra de vidros

0,034 -0,068 Vidros estilhaçados e alguns danos as esquadrias

0,048 Danos menores as estruturas de casas

0,068 Demolição parcial de casas (sem condição de moradia)

0,068 - 0,136 Concreto não reforçado estilhaçado

0,156 Limite inferior para severos danos estruturais

0,17 50% de destruição de estruturas de tijolo

0,20 – 0,27 Destruição de construções sem estrutura de aço

0,27 Ruptura de rebocos de estruturas de concreto simples

0,34 -0,48 Quase completa destruição de casas

0,48 – 0,61 Tombamento de vagões de carga/demolição de vagões de carga

0,68 Provavelmente destruição total de prédios

Simulando a liberação de nuvem tóxica de cloro em tanque de 30 m³, no

software ALOHA 5.4 (figura 40). A equação de Probit para determinação da

probabilidade de morte neste caso é dada:

Pr= a + b x ln(Cnt) (12)

Onde:

.a, b e n – são características da substancia (tabela 6)

. C - concentração em questão (ppm)

. t - tempo de exposição (minutos)

Tabela 13: Constantes para letalidade da equação de probit (AICHE, 2000)

Substância a .b .n

Acroleina -9,931 2,049 1,0

Acrilonitrila -29,42 3,008 1,43

Amônia -35,9 1,85 2,0

Page 105: Monografia T4 2010 JOHN Final

86

Benzeno -109,78 5,3 2,0

Brometo de Metila -56,81 5,27 1,0

Bromo -9,04 0,92 2,0

Cianeto de hidrogênio -29,42 3,008 1,43

Cloreto de hidrogênio -16,85 2,0 1,0

Cloro -8,29 0,92 2,0

Dióxido de enxofre -15,67 2,1 1,0

Dióxido de hidrogênio -13,79 1,4 2,0

Fluoreto de hidrogênio -25,87 3,354 1,0

Formaldeído -12,24 1,3 2,0

Fosgênio -19,27 3,686 1,0

Isocianato de Metila -5,642 1,637 0,653

Monóxido de Carbono -37,42 3,7 1,0

Oxido de propileno -7,415 0,509 2,0

Sulfeto de hidrogênio -31,42 3,008 1,43

Tetracloreto de carbono -6,29 0,408 2,5

Tolueno -6,794 0,408 2,5

No caso para o exemplo dado, querendo saber a probabilidade de morte

teremos:

Para zona amarela: Pr = -8,29 + 0,92 ln(0,5² x 60) = -5,79 = 0%

Para zona laranja: Pr = -8,29 + 0,92 ln(2² x 60) = -3,24 = 0%

Para zona vermelha: Pr = -8,29 + 0,92 ln(20² x 60) = 0,98 = 98 %

Para concentrações em mg/m³ as constantes adotadas são diferentes.

Outros limites de exposição podem ser adotados, tais como o IDLH –

“Immediately Dangerous for Life or Health”, EEGL –“Emergency Exposure Guidance Level”, TLV – STEL –“Threshold Limit Value – Short Term Exposure Limit””, AEGL – “Acute Exposure Guidance Level” e outros. Para alguns gases

deverá considerar o limiar de odor, visto que este poderá ser um alerta para a

população e permitir a sua fuga, antes que receba doses em maiores

concentrações..No caso do cloro o limiar de odor acontece a concentrações de

0,08 ppm, ou seja, seu odor seria percebido a distancia de 10 km.

Page 106: Monografia T4 2010 JOHN Final

87

Figura 40: Simulação de liberação de nuvem tóxica

5.1.3.3.Estimativa dos Riscos

Nesta etapa os riscos são estimados e verificados os critérios de

tolerabilidade, se são aceitáveis ou inaceitáveis. Esta estimativa é feita para os

riscos individuais e sociais (populacionais).

Page 107: Monografia T4 2010 JOHN Final

88

5.1.3.3.1.Risco Individual

O risco Individual é a probabilidade de morte da população exposta as

conseqüências do cenário acidental, na vizinhança do perigo e em um

determinado período.

Para o cálculo do risco individual num determinado ponto da vizinhança

de uma planta industrial, pode-se assumir que as contribuições de todos os

eventos possíveis. Dessa forma, o risco individual total num determinado ponto

pode ser calculado pela somatória de todos os riscos individuais nesse ponto,

conforme apresentado a seguir:

∑1

,,,

n

iiyxyx RIRI

=

= (13)

Onde:

RIx,y =r isco individual total de fatalidade no ponto x,y;

(chance de fatalidade por ano (ano-1))

RIx,y,i = risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i; (chance de

fatalidade por ano (ano-1))

n = número total de eventos considerados na análise.

Os dados de entrada na equação anterior são calculados a partir da

equação que segue:

fiiiyx pfRI .,, = (14)

Onde:

RIx,y,i=risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i;(chance de

fatalidade por ano (ano-1))

fi =freqüência de ocorrência do evento i;

pfi =probabilidade que o evento i resulte em fatalidade no ponto x,y,

de acordo com os efeitos resultantes das conseqüências esperadas.

Page 108: Monografia T4 2010 JOHN Final

89

5.1.3.3.2.Risco Social

Risco social é a estimativa de incidência de uma população exposta. Para

cada tipologia acidental deverá ser estimado o número provável de vítimas

fatais, de acordo com as probabilidades de fatalidades associadas aos efeitos

físicos. A estimativa do número de vítimas fatais poderá ser realizada,

considerando-se probabilidades médias de morte, conforme figura 41.

Figura 41: Estimativa do número de vítimas para o cálculo do risco social (CETESB, 2000)

Considerando o anteriormente exposto, o número de vítimas fatais para

cada um dos eventos finais poderá ser estimado, conforme segue:

Nik = Nek1 . 0,75 + Nek2 . 0,25 (15)

Onde:

Nik = número de fatalidades resultante do evento final i;

Nek1 = número de pessoas presentes e expostas no quadrante k até a

distância delimitada pela curva correspondente à probabilidade de

fatalidade de 50%;

Região 1 Aplicar

probabilidade

0,75 Fonte do

Vazamento Curva de

50% de

Curva de

1% de

Região 2 Aplicar

probabilidade

0,25

Page 109: Monografia T4 2010 JOHN Final

90

Nek2 = número de pessoas presentes e expostas no quadrante k até a

distância delimitada pela curva correspondente à probabilidade de

fatalidade de 1%.

Para o caso de flashfire, o número de pessoas expostas é o

correspondente a 100% do número das pessoas presentes sobre a nuvem até

o limite da curva correspondente ao Limite Inferior de Inflamabilidade (LII);

assim tem-se:

Nik = Nek (16)

Onde:

Nik = número de fatalidades resultante do evento final i;

Nek = número de pessoas presentes no quadrante k até a

distância delimitada pela curva correspondente ao LII.

Para cada um dos eventos considerados no estudo deve ser estimada

a frequência final de ocorrência, considerando-se as probabilidades

correspondentes a cada caso, como por exemplo, a incidência do vento no

quadrante, a probabilidade de ignição e fator de proteção, entre outras; assim,

tomando como o exemplo a liberação de uma substância inflamável, a

frequência de ocorrência do evento final i poderá ser calculada da seguinte

forma:

Fi = fi . pp . pk . pia (17)

Onde:

Fi = frequência de ocorrência do evento final i;

fi = frequência de ocorrência do evento i;

pp = probabilidade correspondente ao fator de proteção;

pk = probabilidade do vento soprar no quadrante k;

pi = probabilidade de ignição.

Page 110: Monografia T4 2010 JOHN Final

91

O número de pessoas afetadas por todos os eventos finais deve ser

determinado, resultando numa lista do número de fatalidades, com as

respectivas frequências de ocorrência. Esses dados devem então ser

trabalhados em termos de frequência acumulada, possibilitando assim que a

curva F-N seja construída; assim, tem-se:

FN = ∑ Fi para todos os cenários decorrentes do evento final i (18)

Onde:

FN = frequência de ocorrência de todos os efeitos dos eventos finais que

afetam N ou mais pessoas;

Fi = frequência de ocorrência de todos os efeitos causados pelo evento final

i;

Ni = número de pessoas afetadas pelos efeitos decorrentes do evento final i.

5.1.3.3.3.Indicadores de Risco

Os indicadores de Riscos são apresentações das estimativas de risco

individual e social. Podem ser apresentado sob três formas (Kirchhoff, 2005):

• Plotagem dos mapas de iso-risco

• Perfil de risco (risk profile), individual ou populacional, mostrando as

frequências esperadas x a distância da fonte, ou frequência x

magnitude da conseqüência.

• Curvas F-N (frequência-número), gráfico logarítmico da frequência

acumulada x conseqüência ou frequência acumulada que causa N

fatalidades ou outros efeitos.

Page 111: Monografia T4 2010 JOHN Final

92

A figura 42 mostra a representação de um mapa de iso-risco plotados nas

zonas de efeito dos acidentes, através de contornos coloridos (risk contour plot) e a legenda mostrando a chance de risco de fatalidade28.

Figura 42: Exemplo de plotagem de contorno de risco individual (CETESB, 2008)

Os locais de vulnerabilidade específicos, tais como escolas, hospitais e

áreas de grandes concentrações de pessoas, devem ser identificados no

mapa.

Para apresentação de risco social, é utilizado o critério F-N (figuras 43 e

44). O gráfico logarítmico apresenta três regiões, sendo a região intermediária

denominada de ALARP (As Low As Reasonably Praticable), embora situado

abaixo da região de intolerabilidade, indica que o risco deve ser reduzido tanto

quanto praticado. Há o termo ALARA (As Low As Reasonably Achievable)

utilizado para expressar mesma finalidade. O conceito de ALARP ou ALARA

também se aplica ao risco individual, que deve ser reduzido tanto quanto

praticado.

28 Por exemplo: 10-7 = 1 chance em 10.000.000

Curvas de iso-

risco

Page 112: Monografia T4 2010 JOHN Final

93

Figura 43: Critério de tolerabilidade para risco social (CETESB 2008)

Figura 44: Exemplo de Plotagem de dados no gráfico de tolerabilidade (Kirchhof,2004)

5.1.4.Gerenciamento de Risco

O Gerenciamento de Risco é o conjunto de medidas, procedimentos

técnicos e administrativos que visam o controle e redução dos riscos, bem

Page 113: Monografia T4 2010 JOHN Final

94

como manter uma instalação industrial operando dentro dos padrões de

segurança em toda sua vida útil. Considerando que o risco é uma função da

frequência e magnitude das conseqüências, a redução dos riscos em uma

instalação pode ser conseguida através de medidas físicas e administrativas

que visem reduzir as frequências de ocorrência dos acidentes e também a

reduzir as suas respectivas conseqüências (figura 45).

Figura 45: Processo de Redução de Risco (CETESB, 2008)

As medidas que envolvem a redução de frequência de acidentes,

normalmente são as melhorias tecnológicas na instalação e medidas

relacionadas a confiabilidade dos equipamentos tais como:

• Aumento de confiabilidade individual dos componentes e do

sistema.

• Revisão da frequência de inspeção dos equipamentos vitais

• Automação dos sistemas de segurança.

As medidas para redução das conseqüências só terão efeito se tomadas

antes que o evento aconteça, como por exemplo, a troca de uma substancia

perigosa por outro de menor poder ou alteração da disposição dos

equipamentos e unidades.

Page 114: Monografia T4 2010 JOHN Final

95

5.1.4.1.Programa de Gerenciamento de Risco (PGR)

O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) é uma ferramenta de

prevenção de acidentes dentro da instalação. Utilizando os dados obtidos na

análise de risco é elaborado um programa com normas e procedimentos de

segurança a serem seguidos. O PGR tem como objetivo a redução dos riscos

ambientais e mitigação das conseqüências dos cenários acidentais.

Um PGR deve ter os seguintes elementos (FEPAM, 2001):

• Alocação de Responsabilidades

• Informação sobre segurança de processo

• Análise de riscos

• Procedimentos operacionais

• Treinamento

• Gerenciamento de modificações

• Garantia de integridade dos equipamentos críticos e dos sistemas de

proteção

• Planejamento de Ação de Emergências (PAE)

• Auditorias

5.1.4.1.1.Alocação de Responsabilidades do PGR

O PGR deve contar com a participação da alta administração, assim como

de todos os funcionários que terão atribuições e responsabilidades definidas.

Neste item é definida a estrutura organizacional do PGR, para que seja definida

as responsabilidades pela implementação do programa e sua continuidade. A

empresa deve prever normas internas para definir as responsabilidades

individuais, tal como exemplificado no quadro 19.

Recomenda-se a nomeação de um responsável geral pelo programa que

será o responsável pela implantação do PGR em todos os níveis operacionais.

Page 115: Monografia T4 2010 JOHN Final

96

Quadro 19: Exemplo de lista de Responsabilidade e Comunicação (Araújo, 2005)

Função Nome / Local Responsabilidades Telefones

(residência)

Gerente / Coordenador

de Fábrica

Coordenador de Emergência

Gerente / Coordenador

de distribuição

Coordenador de Emergência

de acidentes de transporte

Surpevisor de

segurança Regional

Comandar a brigada de

incêndio da fabrica e

assessorar acidentes em

clientes e transporte

Gerente de Segurança

Qualidade e Meio

Ambiente

Assessor de Emergência

Departamento de

Comunicação

Coordenador de comunicação

a imprensa

Coordenação de

Recursos humanos

Regional

Coordenador de comunicação

aos funcionários e familiares

Medico do Trabalho

Regional

Coordenador para atendimento

as vítimas

Gerente Jurídico Coordenador Jurídico

Gerente / Coordenador

de Serviços Técnicos

Coordenador de emergência

em acidentes envolvendo

instalações e clientes

5.1.4.1.2.Informação sobre Segurança de Processo

È vital para o sucesso do PGR a documentação das informações sobre os

procedimentos de segurança. Os responsáveis pelo programa devem manter

atualizados os dados sobre as substâncias perigosas e dados referentes à

tecnologia e aos equipamentos do processo. Estas informações devem estar

atualizadas e servem de base para os procedimentos de segurança.

Os equipamentos novos das instalações, em geral recebem ajustes

depois de sua montagem que devem ser documentadas para não gerarem

não-conformidades. Qualquer alteração nos fluxogramas e desenhos das

tubulações deve se manter atualizados, com objetivo de evitar decisões

tomadas erradas com base em informações desatualizadas que podem

Page 116: Monografia T4 2010 JOHN Final

97

acarretar situações de perigo. Além disso, as informações atualizadas sobre os

equipamentos auxiliam o aperfeiçoamento das instalações e aos programas de

manutenção.

Essas documentações devem contemplar os seguintes dados (CETESB,

2008):

• Fichas de Segurança (FISPQs) e informações das características

dos produtos e suas reações.

• Plantas locacionais, de equipamentos, fluxograma de processos

atualizados.

• Procedimentos de segurança e de manuntenção.

• Especificação técnica de todos os equipamentos

• Normas (normas ambientais, de segurança, normas técnicas:

ABNT, ASME, API, ISO, NFPA, etc.)

• Critério para tomada de decisões no gerenciamento de risco

• Registro de acidentes.

• Elementos de proteção.

5.1.4.1.3.Análise de Riscos no PGR

A analise de Risco no âmbito do PGR, deve ser atualizada sempre que

houver alteração na planta ou modificação do processo e no mínimo a cada 5

anos ou conforme orientação do órgão ambiental.

5.1.4.1.4.Procedimentos Operacionais

Os procedimentos operacionais devem ser estabelecidos e escritos para

que se garanta a padronização das atividades, com o objetivo de evitar

desvios. Devem estar previstos nos procedimentos:

• Cargos dos responsáveis pelas operações

• Instruções precisas que propiciem as condições necessárias para

realização de operações seguras, considerando as informações de

segurança do processo e ocupacionais.

Page 117: Monografia T4 2010 JOHN Final

98

• Condições operacionais em todas as etapas do processo: partida,

operações normais, operações temporárias, parada, e repartida,

programadas ou não.

• Limites operacionais: valores dos limites operacionais dos

parâmetros críticos de segurança do processo, conseqüências da

ocorrência de desvios operacionais (valores dos parâmetros fora

dos limites operacionais),passos necessários para se evitar a

ocorrência dos desvios operacionais

A OSHA menciona no documento 29 CFR 1910 (Process Safety of Highly Hazardous Chemical), que os procedimentos devem ser revisados com

frequência, de forma a assegurar as boas práticas de segurança.

5.1.4.1.5.Treinamento

O erro humano é dos principais fatores de acidentes em uma indústria

química. O principal fator para assegurar a redução do erro humano é a

compatibilidade entre o operador e os equipamentos, bem como a forma

correta de operar o equipamento. O treinamento visa reduzir os erros causados

pela má operação dos equipamentos, assegurar a utilização dos

procedimentos de segurança e capacitar o trabalhador a agir caso ocorra um

evento indesejado.

Como foi verificado no capitulo 3, muitos acidentes ocorrem por

deficiências no treinamento. Um treinamento adequado deve contemplar

informações sobre as características das substancias envolvidas, a definição

da filosofia de projeto e as razões pelas quais um determinado equipamento

deve ser operado de forma específica ou por que tal procedimento deve ser

feito de forma especifica (CETESB, 2008). Há a necessidade de equilibrar

teoria e prática, para evitar que o operador se utilize de “atalhos impróprios’ ao

realizar a tarefa.

O treinamento inicial deve ser realizado e documentado, é aquele em que

o trabalhador recebe os procedimentos operacionais mencionados no tópico

anterior. A reciclagem dos treinamentos também é uma exigência dos órgãos

ambientais. Este tipo de treinamento é importante para reciclagem dos

conhecimentos esquecidos com o tempo e atualização das práticas de trabalho

Page 118: Monografia T4 2010 JOHN Final

99

e segurança. A OSHA recomenda uma reciclagem anual, enquanto a API

sugere uma reciclagem a cada três anos para operadores de plantas perigosas

(API, 1990).

Em geral, um programa de treinamento deve contemplar os seguintes

aspectos:

• Requisitos básicos de formação para diferentes funções

• Procedimentos operacionais, de segurança e de manutenção

• Formas de avaliação do conhecimento

• Acompanhamento do desempenho da execução das tarefas

• Documentação dos treinamentos: documentar e arquivar cada

treinamento de cada funcionário

5.1.4.1.6.Gerenciamento de Modificações

As industrias químicas estão em constantes modificações de sua formar de

operar, quer seja para atender uma demanda especifica ou atender uma

dificuldade operacional. Assim, considerando a complexidade dos processos

industriais, bem como outras atividades que envolvam a manipulação de

substâncias químicas perigosas é imprescindível ser estabelecido um sistema

gerencial apropriado para assegurar que os riscos decorrentes dessas

alterações possam ser adequadamente identificados, avaliados e gerenciados

previamente à sua implementação. No acidente de Flixborough, podemos

verificar que a falta de uma gerencia de modificações auxiliaram na ocorrência

do evento desastroso.

O PGR deve levar em consideração a administração de modificação de

processos e tecnologia, devendo ser considerado os seguintes aspectos:

• Bases de projeto do processo e mecânico para as alterações

propostas;

• Análise das considerações de segurança e de meio ambiente

envolvidas nas modificações propostas, contemplando inclusive os

estudos para a análise e avaliação dos riscos impostos por estas

modificações, bem como as implicações nas instalações do

processo à montante e à jusante das instalações a serem

modificadas;

Page 119: Monografia T4 2010 JOHN Final

100

• Necessidade de alterações em procedimentos e instruções

operacionais, de segurança e de manutenção;

• Documentação técnica necessária para registro das alterações;

• Formas de divulgação das mudanças propostas e suas implicações

ao pessoal envolvido;

• Obtenção das autorizações necessárias, inclusive licenças junto

aos órgãos competentes. Cada alteração no projeto deve ser

comunicada e submetida ao órgão ambiental

5.1.4.1.7.Manutenção

Como verificado no capitulo 3, alguns acidentes industriais estão

relacionados com a integridade dos equipamentos. PGR deve prever um

programa de manutenção e garantia da integridade desses sistemas, com o

objetivo de garantir o correto funcionamento dos mesmos, por intermédio de

mecanismos de manutenção preditiva, preventiva e corretiva. Assim, todos os

sistemas nos quais operações inadequadas ou falhas possam contribuir ou

causar condições ambientais ou operacionais inaceitáveis ou perigosas, devem

ser considerados como críticos.

Esse programa deve incluir o gerenciamento e o controle de todas as

inspeções e o acompanhamento das atividades associadas com os sistemas

críticos para a operação, segurança e controle ambiental. Essas operações se

iniciam com um programa de garantia da qualidade e terminam com um

programa de inspeção física que trata da integridade mecânica e funcional.

Dessa forma, os procedimentos para inspeção e teste dos sistemas críticos

devem incluir, entre outros, os seguintes itens (CETESB,2003):

• Lista dos sistemas e equipamentos críticos sujeitos as inspeções e

testes;

• Procedimentos de testes e de inspeção em concordância com as

normas técnicas e códigos pertinentes;

• Documentação das inspeções e testes, a qual deverá ser mantida

arquivada durante a vida útil dos equipamentos;

• Procedimentos para a correção de operações deficientes ou que

estejam fora dos limites aceitáveis;

Page 120: Monografia T4 2010 JOHN Final

101

• Sistema de revisão e alterações nas inspeções e testes.

• Técnicas de Engenharia de Confiabilidade

• Normas e procedimentos de manutenção

Um programa adequado deve levar em consideração a frequência de

inspeção em função da criticidade do equipamento. O quadro 18 mostra a

periodicidade das inspeções dos equipamentos nas indústrias químicas.

Quadro 20: Frequência para realização de testes e inspeções em equipamentos (CETESB

2008) Frequencia Método equipamento Área de aplicação

Diária Inspeção sensorial

Inspeção

Todos

Instrumentos de

monitorização, painéis

de alarme

Vazamentos,

vibração, corrosão

externa, desgaste de

isolamento

Fluxos de processo

e uitlidades,

operação

Semanal Teste de Calibração Analisados, detectores,

sistemas de alarme de

incêndio

Operação

Bimensal Inspeção Retificadores de

proteção catódica

Tubulações

subterrâneas

Semestral Inspeção Vasos e Linhas Ensaios de corrosão,

corrosão externa e

isolamento

Anual Inspeção

Teste

Teste

Teste

Disco de ruptura, corta

chamas, vents,

dispositivo de controle

de pressão

Sistemas Subterrâneos

Válvulas de segurança,

alarmes,

intertravamentos

Sprinklers, extintores e

mangueiras de incêndio

Operação

Centelhas

(eletricidade

estática) Set points

de ativação do

equipamento

Corrosão, operação

desgaste,

vazamento

Page 121: Monografia T4 2010 JOHN Final

102

Teste

Teste

Vasos e linhas

Válvulas de

desligamento/isolamento

Visores e

espessuras

Operação

Quinquenal Teste Hidrostático, inspeção

interna ou “PIG”

instrumentado

Todos os Vasos e

tubulações

Uso prioritário Inspeção Magueiras, conexões e

flexíveis

Desgaste, danos e

vazamentos

5.1.4.1.8.Plano de Ação de Emergências (PAE)

O PAE é parte integrante do PGR e tem como função minimizar as

conseqüências de um evento indesejado. O PAE deve conter ações comuns a

qualquer situação de emergência como, por exemplo, informações relativas a

alarmes, comunicação, responsabilidade de gestão, evacuação e contagem de

pessoal, entre outros (Silva, V.,2003). Os planos de ação de emergência

devem ser elaborados para cada um dos cenários acidentais evidenciados no

EAR.

Segundo a CETESB um PAE deve conter:

• Introdução;

• Estrutura do plano;

• Descrição das instalações envolvidas;

• Cenários acidentais considerados;

• Área de abrangência e limitações do plano;

• Estrutura organizacional, contemplando as atribuições e

responsabilidades dos envolvidos;

• Fluxograma de acionamento;

• Ações de resposta às situações emergenciais compatíveis com os

cenários acidentais considerados, de acordo com os impactos

esperados e avaliados no estudo de análise de riscos, considerando

procedimentos de avaliação, controle emergencial (combate a incêndios,

Page 122: Monografia T4 2010 JOHN Final

103

isolamento, evacuação, controle de vazamentos, etc.) e ações de

recuperação;

• Recursos humanos e materiais;

• Divulgação, implantação, integração com outras instituições e

manutenção do plano;

• Tipos e cronogramas de exercícios teóricos e práticos, de acordo com

os diferentes cenários acidentais estimados;

• Documentos anexos: plantas de localização da instalação e lay-out,

incluindo a vizinhança sob risco, listas de acionamento (internas e

externas), listas de equipamentos, sistemas de comunicação e

alternativos de energia elétrica, relatórios, etc.

Para a FEPAM, o PAE se aplica apenas paras as instalações de grau de

risco 3 e 4, tendo o seu conteúdo descrito no seu Manual de Análise de Risco,

a seguir:

“Os responsáveis pela atividade regulamentada deverão desenvolver e implementar um Plano de Ação de Emergência (PAE) com o objetivo de proteger os empregados, o público externo e o meio ambiente. Tal programa deverá envolver, pelo menos, os elementos relacionados a seguir.

a) Atribuição de responsabilidades b) Designação de um Centro de Controle de Emergência

(principal e alternativo) c) Procedimentos para comunicação com Autoridades

Competentes d) Procedimentos para informação ao público potencialmente

afetado e) As bases técnicas para a elaboração do Plano f) Procedimentos e medidas de ação de emergência no

decorrer do acidente g) Procedimentos para revisão e atualização do Plano h) Procedimentos para treinamento periódico dos empregados

As bases técnicas para elaboração do PAE deverão ser consistentes com os resultados da análise de riscos das instalações envolvidas, identificando claramente os cenários de acidente tomados como base para o desenvolvimento do Plano e contemplando procedimentos e medidas de ação de emergência específica para o controle das emergências geradas por cada um dos cenários analisados ou por grupos de cenários que apresentem evoluções semelhantes.”

O PAE não só deve ser planejado em cima dos cenários acidentais, bem

como no grupo de cenários, contribuindo para flexibilidade do plano.

No documento Instruções Técnicas para Apresentação de Análise de

Risco do INEA, estabelece os seguintes pontos a serem desenvolvidos:

• Constituição ou composição das equipes

Page 123: Monografia T4 2010 JOHN Final

104

• Atribuições de cada equipe, de seu líder e coordenador

• Indicação do cargo inerente a coordenação e á liderança de cada

equipe e respectivos nomes

• Ações em casos de vazamentos: quais recursos a serem

empregados e quais os EPI a serem utilizados.

• Ações em caso de incêndio e explosão: quais recursos a serem

empregados e quais os EPI a serem utilizados.

• Ações de Evacuação

• Ações de atendimento a acidentados (primeiros socorros a

população da instalação e a população vizinha)

• Ações de caráter externo: comunicação aos órgãos

governamentais (Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, órgão

ambiental, capitania dos Portos, Policias, Companhias de água e

eletricidade)

• Sistemas de Comunicação: como o aviso é dado, como as equipes

se comunicam durante as emergências.

• Sistema alternativo de energia: como os recursos necessários

durante a emergência poderão continuar operando em caso de

falhas normais.

• Especificação do tipo de treinamento e periodicidade previstos pelo

coordenador.

A estrutura organizacional deve ser fortalecida, com implementação das

atribuições específicas de cada membro das equipes. A figura 46 mostra o

fluxograma de uma estrutura organizacional de um PAE que deve ser adaptada

para os diversos cenários acidentais. Dependendo do nível de participação no

PAE as equipes deverão ter treinamento nos seguintes itens:

• Prevenção e combate a incêndio

• Primeiros Socorros

• Intervenção em emergências químicas

• Uso de equipamentos de emergência e EPI

• Proteção Respiratória

• Comunicação e acionamento do PAE ou Plano de Contingência

Page 124: Monografia T4 2010 JOHN Final

105

Figura 46: Estrutura organizacional de um PAE (CETESB, 2008)

Para cada cenário acidental ou grupo de cenários estudados na analise

de vulnerabilidade e conseqüência, deverão ter uma forma de acionamento das

equipes (exemplificado na figura 47) e proposta de ação resposta que devem

contemplar os pontos relacionados acima. Os cenários acidentais estudados

servem para o planejamento das equipes, conforme mostra a figura 4829, que

mostra a alocação das equipes em diferentes zonas. Estas zonas de riscos,

segundo o Manual da ABIQUIM, são classificadas em zonas quente, morna e

fria, no qual representam o nível de contaminação ou afetação.

29 A figura mostra o cenário de um vazamento gasoso e seu respectivo PAE

Coordenador Geral

Coordenação de Operação

Assessoria de Imprensa Assessoria Jurídica

Grupo de Combate Grupo de Apoio

Equipe de Socorro

Médico

Equipe de Combate

a Vazamentos

Brigada de

combate a incêndios

Equipe de

Vigilância e Evacuação

Equipe de Manutenção

Equipe de Manutenção

Page 125: Monografia T4 2010 JOHN Final

106

Figura 47: Fluxograma do desenvolvimento das Ações de Emergência

Page 126: Monografia T4 2010 JOHN Final

107

Figura 48: Cenário de um acidente e o planejamento das equipes (Araújo, 2005)

Cabe ressaltar a diferença entre Plano de Emergências e Plano de

Contingências:

Dependendo dos impactos que essas atividades podem causar

à população e ao meio ambiente, há dois tipos de planos: Plano de Contingência e Plano de Ação para Emergência. O primeiro, Plano de Contingência, detalha a ação conjunta dos órgãos públicos e empresas privadas em caso de emergência de grande porte. O Plano de Ação para Emergência é exigido das atividades cujo nível de risco definido pela Análise de Risco seja igual a 3 ou 4; nele é detalhada a ação interna de uma empresa em caso de emergência. (FEEMA, 2005).

O Plano de Contingência envolve o auxílio mutuo de várias empresas e

os órgãos públicos em caso de acidentes maiores.

5.1.4.1.9.Auditorias

Auditar a eficiência do PGR tem como objetivo verificar a eficiência do

plano e o nível de implementação na instalação, a eficiência das respectivas

medidas preventivas, e o desempenho dos gerentes e operários nas ações

Page 127: Monografia T4 2010 JOHN Final

108

referentes. As auditorias poderão ser realizadas por equipes internas da

empresa ou mesmo por auditores independentes, de acordo com o

estabelecido no PGR. Todos os trabalhos decorrentes das auditorias realizadas

nas instalações e atividades correlatas devem ser devidamente documentados

(CETESB 2000).

Apesar de órgãos como a OSHA e a API recomendarem a realização de

auditorias com periodicidade variando entre três a cinco anos, é recomendado

que o plano deve estar em constante avaliação para garantir sua eficiência. No

Estado do Rio de Janeiro, a Auditoria Ambiental é regulamentada pela lei nº.

1.898, de 26 de novembro de 1991, recomenda uma periodicidade de no

máximo um ano, devendo ser disponibilizado para consulta pública, os

documentos relacionados às diretrizes auditadas e os currículos dos

profissionais envolvidos.

A auditoria de um PGR tem o foco relacionado na sua eficiência e nas

conformidades com a legislação, sendo a Auditoria Ambiental, mais ampla que

acaba englobando a Gestão de Riscos (figura 49).

Figura 49: Foco da Auditoria Ambiental (Almeida, J., 2008)

Page 128: Monografia T4 2010 JOHN Final

109

5.2.Equipe para realização do EAR

Para realização do EAR é necessária uma equipe multidisciplinar com o

objetivo de alcançar o maior número de identificação de perigos. A equipe deve

ser distribuída e composta de acordo com o exposto no quadro 19. Conforme

foi verificado ao longo deste capítulo, faz-se necessário que na equipe tenha

pelo menos um membro que tenha conhecimento pleno do processo envolvido

na análise de risco e outro especialista em segurança de processos.

Dependendo do tipo de instalações outros especialistas devem compor a

equipe.

Quadro 21: Funções dos integrantes da equipe que realizará o EAR

FUNÇÃO PERFIL/ATIVIDADES

Coordenador

Pessoa responsável pelo evento que deverá:

• Definir a equipe; • Reunir informações atualizadas, tais como: fluxogramas de

engenharia, especificações técnicas do projeto, etc; • Distribuir material para a equipe; • Programar as reuniões; • Encaminhar aos responsáveis as sugestões e modificações

surgidas no EAR;

Líder

Pessoa conhecedora da metodologia, sendo responsável por:

• Explicar a metodologia a ser empregada aos demais

participantes;

• Conduzir as reuniões e definir o ritmo de andamento das

mesmas;

• Cobrar dos participantes pendências de reuniões

anteriores;

Especialistas

• Pessoas que estarão ou não ligadas ao evento, mas que

detêm informações sobre o sistema a ser analisado ou

experiência adquirida em sistemas similares;

Relator

• Pessoa que tenha poder de síntese para fazer anotações,

Page 129: Monografia T4 2010 JOHN Final

110

A Instrução Técnica para Análise de Risco do INEA, recomenda que na

equipe do EAR tenha pelo menos o responsável técnico pelo projeto, o

responsável técnico pela operação ou manutenção da planta química e um

Engenheiro de Segurança do Trabalho.

5.2.1.1. Importância do Engenheiro de Segurança do Trabalho na realização do EAR

O Ministério do Trabalho criou a profissão de Engenheiro de Segurança

do Trabalho (EST) através do Decreto-Lei n.º 6.479, de 9 de maio de 1944 e,

posteriormente, na criação do Serviço Especializado em Engenharia de

Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Através da Lei n. 6.514 de 22 de

julho de 1.977, quando foi alterado o capítulo 5º, que trata da segurança e da

medicina do trabalho, foi inserido a profissão na CLT (Rosa, 2006). A profissão

é regulamentada pela Lei n.º 7.410 de 27 de novembro de 1985. Desde 2007,

as atribuições dos profissionais do sistema CONFEA/CREA são

regulamentadas pela Resolução nº 1010 de 2005 onde merece destaque pois

trata-se de uma atribuição regida por legislação específica. Apesar de ser um

curso de pós-graduação, o EST é considerado uma profissão com atribuições

específicas que apenas acrescentam as atribuições conquistadas na

graduação.

Dentre estas atribuições listadas no anexo II da Resolução nº 1010 do

sistema CONFEA/CREA , podemos citar:

4.1.09 Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar atividades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes. 4.01.11 Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficácia. 4.01.12 Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição.

Page 130: Monografia T4 2010 JOHN Final

111

4.01.13 Elaborar planos, projeto e programas destinados a criar e desenvolver a prevenção de acidentes. 4.01.14 Elaborar programas de treinamento geral para capacitar o trabalhador no que diz respeito às condições nos locais de trabalho 4.01.17 Propor medidas preventivas de modo a evitar a expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente, informando aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de seus representantes, as condições que possam trazer danos a sua integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas. 4.01.27 Elaborar e executar analise de riscos, como Análise Preliminar de Riscos - APR, Árvore de Falhas -AF e outras

4.01.29 Estudar e analisar as condições de vulnerabilidade das instalações e equipamentos (HAZOP)

Nesta mesma resolução há referência a analise de risco é feita apenas a

três modalidades da engenharia: a geológica, de minas e de produção. As duas

primeiras fazem menção a analise de risco geoambiental que trata de

contaminação do solo e recursos hídricos. Quanto a Engenharia de Produção

são faz menção a analise de risco no trabalho. Contudo, pelo parecer 19/87 do

Conselho Federal de Educação, de 27 janeiro de 1987, atendendo o disposto

na Lei 7410/85 e no Decreto 92.530/86, propõe o Currículo Básico do Curso de

Especialização, onde "Gerência de Riscos" é apenas uma disciplina do curso (

60 horas aula ), o que não pode em hipótese alguma transformar em uma

modalidade de Engenharia, especificamente numa atividade de prevenção e

combate a incêndio, o que já está delineada como atividades do EST. Sendo

assim o gerenciamento de riscos é atribuição do EST. Analisando as

atribuições dadas pela Resolução nº 1010/05, podemos perceber que por

formação o Engenheiro de segurança é único que possui as atribuições de

Segurança Contra Incêndio e Gerenciamento de Riscos. Para ambos e

somente os detentores deste título têm, não apenas as atribuições legais para

realizar projetos como detém os conhecimentos necessários, adquiridos nas

referidas disciplinas (Rosa. 2006).

Page 131: Monografia T4 2010 JOHN Final

112

6 Conclusões

Os principais acidentes de caráter catastrófico, verificados ao longo do

trabalho evidenciam a linha tênue entre a prevenção de acidentes do trabalho e

os acidentes que extrapolam os limites da instalação industrial. A ocorrência

desses acidentes que causaram muitos óbitos nas populações vizinhas as

atividades que manipulam grandes quantidades de produtos químicos,

mobilizaram a sociedade e fizeram com que os órgãos governamentais

legislassem sobre o assunto.

O Estudo de Análise de Risco é um dos recursos normativos que os

órgãos governamentais implementaram visando à proteção do meio ambiente e

a saúde e segurança dos trabalhadores. Os grandes acidentes industriais das

décadas de 70 e 80 nos mostram que as principais causas de acidentes estão

relacionadas à fase de projeto, ao treinamento ineficiente dos operadores e um

inadequado dimensionamento do plano de ação de emergências. Sendo

assim, o EAR para o licenciamento ambiental acaba envolvendo o meio

ambiente laboral, espaço de atuação do Engenheiro de Segurança do

Trabalho.

Neste contexto o Engenheiro de Segurança do Trabalho por atribuição e

por formação é a profissional chave para analise e gerenciamento de riscos

das instalações industriais. Ao trabalhar a segurança e saúde do trabalhador, a

segurança ambiental acaba sendo uma conseqüência.

O envolvimento do EST no gerenciamento de risco se torna mais

complexo na operação da indústria, onde terá que atuar no treinamento dos

operadores, na verificação dos aspectos de segurança de manutenção e

operação e no dimensionamento do PAE. Por ser temas complexos,

recomendo que estes possam ser assuntos para futuros trabalhos.

Page 132: Monografia T4 2010 JOHN Final

113

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Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e

da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,

avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes

ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a

proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Portaria 3.214, 08 jun

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