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MAGALHÃES, Maria Auxiliadora de Sá. Exposição a agrotóxicos na atividade agrícola: um estudo de percepção de riscos á saúde dos trabalhadores rurais no distrito de Pau Ferro -Salgueiro- PE. Recife, PE: Fundação Osvaldo Cruz, 2010 (dissertação). Disponível em< http://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2010magalhaes-mas.pdf> Acesso em 20 de mai. 2010. Maria Auxiliadora possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco em 1992. Possui Especialização em Gestão de Vigilância Ambiental e atua como secretária estadual de Saúde de Pernambuco. Fez Mestrado Profissional em Saúde Coletiva pela Fundação Oswaldo Cruz. A dissertação “Exposição a agrotóxicos na atividade agrícola: um estudo de percepção de riscos á saúde dos trabalhadores rurais no distrito de Pau Ferro”, teve como objetivo analisar a percepção dos trabalhadores rurais acerca dos riscos e danos à saúde decorrentes da exposição a agrotóxicos. O estudo foi realizado no Distrito de Pau Ferro, município de Salgueiro-PE, com os trabalhadores rurais cadastrados na Associação dos Trabalhadores Rurais do Pau Ferro. A pesquisa foi realizada em dois momentos, sendo o primeiro preliminar e de caráter quantitativo. Nesta etapa, a finalidade foi realizar um diagnóstico inicial da situação de utilização e exposição aos agrotóxicos e caracterizar o perfil sócio-econômico dos trabalhadores rurais. O segundo momento do estudo teve caráter qualitativo, com o objetivo de entender o processo de produção agrícola, as práticas e atitudes dos

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Page 1: Modelo Resenha

MAGALHÃES, Maria Auxiliadora de Sá. Exposição a agrotóxicos na atividade agrícola: um estudo de percepção de riscos á saúde dos trabalhadores rurais no distrito de Pau Ferro -Salgueiro-PE. Recife, PE: Fundação Osvaldo Cruz, 2010 (dissertação). Disponível em< http://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2010magalhaes-mas.pdf> Acesso em 20 de mai. 2010.

Maria Auxiliadora possui graduação em Medicina Veterinária pela

Universidade Federal Rural de Pernambuco em 1992. Possui Especialização em

Gestão de Vigilância Ambiental e atua como secretária estadual de Saúde de

Pernambuco. Fez Mestrado Profissional em Saúde Coletiva pela Fundação Oswaldo

Cruz.

A dissertação “Exposição a agrotóxicos na atividade agrícola: um estudo de

percepção de riscos á saúde dos trabalhadores rurais no distrito de Pau Ferro”, teve

como objetivo analisar a percepção dos trabalhadores rurais acerca dos riscos e

danos à saúde decorrentes da exposição a agrotóxicos. O estudo foi realizado no

Distrito de Pau Ferro, município de Salgueiro-PE, com os trabalhadores rurais

cadastrados na Associação dos Trabalhadores Rurais do Pau Ferro.

A pesquisa foi realizada em dois momentos, sendo o primeiro preliminar e de

caráter quantitativo. Nesta etapa, a finalidade foi realizar um diagnóstico inicial da

situação de utilização e exposição aos agrotóxicos e caracterizar o perfil sócio-

econômico dos trabalhadores rurais. O segundo momento do estudo teve caráter

qualitativo, com o objetivo de entender o processo de produção agrícola, as práticas

e atitudes dos trabalhadores durante a utilização de agrotóxicos, identificando a

percepção desses trabalhadores rurais quanto aos riscos e danos à saúde

decorrente da exposição a agrotóxicos. Os dados quantitativos foram coletados

através de questionário e para a abordagem qualitativa utilizou-se técnicas de

entrevistas e observação participante.

A dissertação encontra-se dividida em oito partes. A primeira é a introdução,

na qual a autora contextualiza o tema, discorrendo sobre a história da agricultura em

nível mundial e depois nacional. Na seção 2, a pesquisadora inicia a fundamentação

teórica apresentando uma abordagem sobre o produto químico denominado

agrotóxico, detalhando o início da sua utilização, como um dos pilares da

modernização da agricultura até os dias de hoje. Principia explicando a origem do

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nome agrotóxico, o conceito e as finalidades a que se propõe. Em seguida, discorre

sobre a história dos agrotóxicos no mundo e no Brasil e, por fim, apresenta a

classificação dos agrotóxicos, enfocando as características das diferentes classes.

Para tanto, recorre aos contrcutos teóricos dos seguintes autores Gelmini (1991),

Aurélio (2002), Food and agriculture organization (2003), Silva (et al., 2005), Macario

(2001), Erlers (1999), Frank (et al, 2004), Organização Panamericana de Saude

(1996) e Gonçalves (2008).Na seção 3 (três), a pesquisadora apresenta os objetivos

da pesquisa. Na parte 4 (quatro) ela discorre sobre os materiais e métodos adotados

na investigação. Na parte 5 (cinco), que corresponde aos resultados da pesquisa, a

autora apresenta a história do distrito de Pau Ferro, área de residência dos

trabalhadores rurais entrevistados. Fala dos hábitos individuais de cada trabalhador

rural, bem como condições de moradia, renda, entre outros.

Por meio da pesquisa, a autora constatou que um trabalhador rural começa a

trabalhar com a lavoura por volta dos 6 a 7 anos de idade, ou seja, na idade em que

deveriam estar na escola, as crianças já começam a trabalhar. No tocante ao uso

dos agrotóxicos, verificou que 80% dos entrevistados sabe da importância de usar

os equipamentos de proteção individual, mas apenas 20% faz uso desses

equipamentos. Em relação a doenças causadas por agrotóxicos, quase 60% dos

entrevistados declararam ter alguma doença relacionada ao uso desses insumos. A

pesquisadora ainda discute a questão, recorrendo a outros estudos já feitos sobre o

tema e chega a conclusão de que a realidade dos trabalhadores rurais a que

entrevistou não difere muito da de outros trabalhadores rurais do resto do pais.

Percebeu também que grande parte dos trabalhadores não recebeu treinamento

adequado acerca do manuseio dos insumos agrícolas.

A médica veterinária conclui a pesquisa apontando a necessidade de políticas

publicas municipais para melhorar as condições de vida dos trabalhadores rurais.

Verificou também que os trabalhadores encaram os agrotóxicos de maneira

diferente; para uns é veneno e para outros um remédio que protege as plantas.

Enfim, notou também que há um desconhecimento de outras tecnologias que podem

ser usadas para proteção das lavouras e que não prejudicam o meio ambiente nem

o ser humano. A pesquisa analisada apesar de ter sido bem desenvolvida,

apresenta uma visão parcial e limitada do uso de agrotóxicos, posto que a

pesquisadora recorreu apenas a teóricos da área de saúde. Não há uma relação

acerca de como a questão territorial interfere na formação das lavouras e do uso de

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agrotóxicos. Uma abordagem interessante na pesquisa diz respeito à percepção que

os agricultores têm acerca dos agrotóxicos, alguns consideram como remédio,

outros como veneno, mas a pesquisadora não critica a terminologia usada pelos

empresários, a saber, defensivos agrícolas, para maquiar o uso desses insumos

agrícolas.