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Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais Projeto de Pesquisa: Mobilizando Conhecimentos para Desenvolver Mobilizando Conhecimentos para Desenvolver Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais de Micro e Pequenas Empresas no Brasil de Micro e Pequenas Empresas no Brasil Atividade 03 Relatório Final Arranjo Produtivo Local - Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena Cleonice Alexandre Le Bourlegat Nelly Rocha de Arruda Coordenação Helena M. M. Lastres e José Eduardo Cassiolato

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Projeto de Pesquisa:

Mobilizando Conhecimentos para DesenvolverMobilizando Conhecimentos para DesenvolverArranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

de Micro e Pequenas Empresas no Brasilde Micro e Pequenas Empresas no Brasil

Atividade 03

Relatório Final

Arranjo Produtivo Local - Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena

Cleonice Alexandre Le Bourlegat Nelly Rocha de Arruda

Coordenação

Helena M. M. Lastres e José Eduardo Cassiolato

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Equipe de Coordenação no Rio de Janeiro

Coordenação Geral

Helena M. M. Lastres e José Eduardo Cassiolato

Pesquisadores RedeSist-RJ Cristina Lemos Marina Szapiro Fabio Stalivieri

Marcelo de Matos

Estagiárias Júlia Queiroz

Carolina Garcia

Gerente-Administrativa Fabiane da Costa Morais

Gerente de Tecnologia da Informação

Max Hubert dos Santos

Apoio Técnico-Admistrativo Tatiane da Costa Morais

Secretária Eliane Pires

Equipe de Coordenação em Mato Grosso do Sul

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Coordenação Geral

Cleonice Alexandre Le Bourlegat

Apoio à coordenação

Bolsista mestranda: Nelly Rocha de Arruda

Equipe de Apoio na coleta e tabulação de dados

Mestrandas: Carla Maria Maciel Salgado

Ione de Souza Coelho

Equipe de Apoio na coleta de dados

Mestrandos: Domingos Savio de Souza Mariuba

Lino de Souza de Lima

Paula Sant’ Anna Batassini

Roseni Aparecida Pereira de Macedo

Tsinduka Antonio Muana Uta

Vera Lucia Ferreira Santos

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................... 04

1. PERFIL DO APL DE TURISMO BONITO/ SERRA DA BODOQUENA........ 07

1.1 DIMENSÃO DO AMBIENTE NATURAL : RISCOS E POTENCIALIDADES..... 08

1.2 DIMENSÃO CULTURAL: POTENCIALIDADES ....................................... 16

1.3 DIMENSÃO SÓCIO-ECONÔMICA.......................................................... 28

1.4 ORIGEM HISTÓRICA DO APL............................................................... 31

1. 5 DESEMPENHO RECENTE DO APL........................................................ 41

2. PERFIL DOS PRINCIPAIS ATORES E ATIVIDADES REALIZADAS............. 49

2.1 ATORES ECONÔMICOS DO APL........................................................... 49

2.3 ORGANISMOS DE APOIO PROMOÇÃO E REGULAÇÃO............................ 73

2.4 INFRA-ESTRUTURA DE APOIO.............................................................. 81

3. CAPACITAÇÃO PRODUTIVA E INOVATIVA DO APL................................. 84

4. PERSPECTIVAS E PROPOSIÇÕES POLÍTICAS............................................. 88

REFERÊNCIAS............................................................................................ 91

ANEXOS.................................................................................................... 94

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Introdução

O Arranjo Produtivo Local de Turismo Bonito/Serra da Bodoquena, que abrange três

Municípios: Bonito, Bodoquena e Jardim (Mapa 01), localizados a sudoeste de Mato

Grosso do Sul, numa faixa de 200 por 30 quilômetros, em que vivem 47. 865 habitantes

(IBGE, 2000)1,

Mapa 01 Municípios do APL de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena

1 Censo demográfico, 2000.

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Apresenta como especialidade econômica o ecoturismo, praticado em ambiente de

rochas carbonáticas.

O APL, tomando por base os dados do FUNDTUR, recebe um fluxo anual em torno

de 120 mil turistas, com uma receita média de 354 milhões de reais, 19% de origem

internacional.

Bonito constitui o Município core desse APL, enquanto os outros dois Municípios

usufruem mais recentemente dos efeitos de transbordamento do primeiro.

Três marcas características da cultura desse modelo territorial de atividade turística o

têm distinguido dos demais: (01) a significativa preocupação com a profissionalização e

melhoria de desempenho da organização interna dos atores na oferta do serviço, baseado

em ações de coordenação público-privada; (02) conscientização desses mesmos atores em

relação à sustentabilidade do ecossistema, que se reverte em ações rigorosamente

planejadas no uso dos atrativos naturais; (03) a exploração dos atrativos turísticos pelo

proprietário das terras em que os recursos naturais se manifestam, transformando-a em

atividade complementar à pecuária.

De fato, pela quarta vez consecutiva Bonito foi eleito o “melhor destino ecoturístico

brasileiro”2. A revista “Ecoturismo” elaborou uma matéria, em 2006 sobre o Município,

com o título “Bonito dá um banho de Ecoturismo Correto”. Esse Município esteve ainda

entre os sete casos de sucesso apresentados pelo Sebrae ao Fórum Mundial de Turismo em

2005 e o APL como um todo (Bodoquena e Jardim incluídos) tem oferecido elementos

para o governo federal considerar o Mato Grosso do Sul como referência na gestão do

turismo brasileiro. Esses são alguns dos indicadores da imagem da qual usufrui o APL e

que integra sua dimensão cultural.

Portanto, o APL de Bonito/ Serra da Bodoquena distingue-se e atrai turistas, não só

pelas belezas naturais e tipos de passeios que oferece, como também por esse receptivo

diferenciado na organização e planejamento do acesso aos atrativos, em que os cuidados

com a conservação e recuperação da natureza estão sempre presentes.

Esse modelo organizativo e conservador do ambiente do APL em questão implicam

em preços de passeios, considerados os mais elevados do país e que, à primeira vista,

parece expô-lo a riscos de perda de competitividade, principalmente diante do constante

2 O prêmio foi atribuído pela “Revista Viagem e Turismo”, da Editora Abril, em 2005.

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aumento de oferta de territórios turísticos e da crise econômica que abate esse setor em

nível nacional.

O objetivo geral da pesquisa foi, portanto, identificar e caracterizar o Arranjo

Produtivo Local de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena e suas potencialidades

organizativas e criativas enraizadas na cultura local, avaliando as competências dessa

dimensão do território no desafio à superação de suas limitações internas, para poder se

manter no mercado.

Os objetivos específicos foram:

• Descrever a origem do arranjo, analisando os fatores decisivos na sua

constituição, que conduziram às características do modelo cultural atual de coordenação e

planejamento das atividades;

• Investigar o perfil do arranjo, caracterizando os principais atores e

organizações de apoio envolvidos, infra-estrutura disponível, bem como as formas de

interação, cooperação e coordenação desse APL, observando as iniciativas estratégicas

inovadoras que tenham agregado diferenciais competitivos e vantagens dinâmicas para sua

sustentabilidade e competitividade;

• Identificar os principais desafios que ora se apresentam ao APL e como os

atores vêm respondendo aos mesmos, na tentativa de superação e manutenção da

especificidade do território turístico, como oferta diferenciada.

A abordagem foi sistêmica e o enfoque teórico, conceitual e metodológico, baseado

fundamentalmente naquele já desenvolvido pela RedeSist (www.sinal.redesist.ie.ufrj.br),

centrado na visão de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais.

O procedimento metodológico adotado para coleta, organização e compreensão dos

dados coletados consistiu na análise integrada da realidade, combinando-se técnicas

quantitativas e qualitativas.

Junto às fontes secundárias foram obtidas informações estatísticas, documentais e

cartográficas a respeito do APL.

Foram aplicados questionários, entrevistas semi-estruturadas e abertas junto aos 686

atores econômicos identificados dentro do APL. Os questionários, geradores de

informações quantitativas e da percepção dos atores com relação aos aspectos de inovação,

seguiram os critérios e proposições da RedSist, com adaptações à realidade do APL. Foram

aplicados a uma amostra não-aleatória de um universo de 272 atores econômicos locais

(empresas), por estratificação de diferenciação estabelecida entre os mesmos. O tamanho

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amostral obtido levou em conta um nível de confiança de 87,25% e um erro amostral de

12,65%. Os atores econômicos que serviram de base para a amostra corresponderam a 17

estratos de atividades, considerados dentro dos atrativos turísticos, meios de hospedagem,

agências de viagem, restaurantes e similares, lojas de souvenirs e núcleos de artesãos.

Aos 414 atores econômicos autônomos, empresas individuais ou micro-empresas na

oferta de produtos turísticos como guias de turismo, remadores, monitores ambientais,

oferta de meios de transporte aos passeios (locadoras, taxistas, moto-taxistas) e artesãos,

foram aplicadas entrevistas específicas.

Aos organismos locais e organizações de apoio ao APL, foram realizadas entrevistas

semi-estruturadas, de modo que se pudesse compreender seu papel e peso dentro do APL.

As entrevistas abertas foram aplicadas a pessoas qualificadas, previamente

selecionadas, lideranças e integrantes representativos que fizeram história no APL, visando

permitir a melhor interpretação dos dados quantitativos gerados pelos questionários e

entrevistas semi-estruturadas do processo e da percepção dos atores em relação ao modelo

e ações empreendidas, assim como para sentir de perto as aspirações, potencialidades,

dificuldades e possíveis conflitos entre os atores do APL.

O material coletado foi agrupado e organizado com base nas categorias de análise,

complementado por instrumentos de ilustração que amparam na visualização dos

fenômenos que se pretendeu compreender.

A interpretação e análise dos dados coletados e agrupados pelas diversas categorias

eleitas foram obtidas, inserindo as diversas variáveis de análise em uma situação do

contexto do APL, com apoio das teorias e categorias conceituais relacionadas com o

método de abordagem sitêmico, buscando-se compreender como as variáveis foram se

combinando no tecido complexo de relações, numa ordem multidimensional (unidades

constituídas das inter-relações) e multiescalar (local, regional, nacional e internacional).

1- Perfil do APL De Turismo Bonito/ Serra Da Bodoquena

O APL de Turismo de Bonito/ Serra da Bodoquena, do qual fazem parte os

Municípios de Bonito, Jardim e Bodoquena, localiza-se a sudoeste do Estado do Mato

Grosso do Sul.

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1.1 DIMENSÃO DO AMBIENTE NATURAL : RISCOS E POTENCIALIDADES

O principal potencial ecoturístico desse território turístico é constituído pelo

ambiente da Serra da Bodoquena (Mapa 02), uma forma de relevo residual de rochas

calcárias que fica em evidência, em função do processo erosivo que deu origem às áreas de

depressões do entorno (Bonito, Miranda e Apa) , sendo chamada pelos moradores locais de

“serra” (Foto 01). Em realidade, essa formação se constitui em um planalto com escarpa

(entre 450 a 650 m de altitude) voltada ao Pantanal e faz parte do conjunto de uma grande

faixa de dobramentos, modelada sobre terrenos de origem précambriana (Proterozóico

Inferior, Médio e Superior), que sofreu intensos processos de pediplanação. Em 2000,

criou-se o Parque Nacional da Bodoquena, com 76,4 mil hectares.

A exposição de pacotes metacarbonáticos a um clima úmido, desde a era

quaternária, deu origem a condutos e canais de dissolução, associados principalmente aos

sistemas de fraturamentos e falhas. A carstificação, como é chamado esse processo,

resultou em formas características do “relevo cárstico” de grutas e dolinas. As águas dos

rios desaparecem em “sumidouros” e reaparecem pelos fenômenos de “ressurgências” de

rara beleza, além de permitirem a formação de cachoeiras de tufas calcárias. Nas escarpas

da “serra” aparecem canyons.

Foto 01 Serra da BodoquenaMapa 02 Geologia de MS e Serra da Bodoquena

Fonte: IPLAN

Miguel V

on Behr

SERRA DA BODOQUENA

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A paisagem cárstica, associada à flora e fauna local, atribui características

ambientais peculiares, especialmente em função da natureza das águas superficiais e

subterrâneas, cujas características físicas lhes atribuem uma cor azulada e um aspecto

transparente e que permite apreciar a flora e fauna subaquática. A fauna e flora são

representantes do Cerrado, Floresta Estacional Decidual e Semidecidual, Pantanal e o

Chaco (Foto 02). Entre o rio Paraguai e as escarpas do Planalto, em terras cadiuéu, existem

exemplares de matas chaquenhas, ricas em fauna, que ainda permanecem preservadas. As

águas dos córregos e rios exibem uma peculiar paisagem subaquática, com uma ampla

gama de ictiofauna (piraputanga, dourado, curimbatá, pintado, cachara, pacú, piau, traíra e

outras espécies de menor porte), de interesse para a aquariofilia ornamental, além de

plantas aquáticas (algas, musgos e plantas com flores).

1.1.1 Riscos ambientais por inadequação do uso

Nesta região, o fenômeno de carstificação dá origem a condições instáveis no

subsolo, especialmente por fenômenos de dissolução, causado pela infiltração de águas

superficiais de composição ácida, consequentemente, oferecendo riscos de segurança à

população, quando ocorre o uso inadequado do solo ou a poluição dos recursos hídricos.

Segundo Nakazawa & Prandini (1991), os principais problemas relacionados ao uso

inadequado desse ambiente cárstico têm sido:

Daniel de G

ranville Manço

Foto 02 Cobertura vegetal - Rio Formoso

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- fenômenos de subsidências e colapsos (afundamento do terreno de forma brusca) na

superfície –isso porque em condições de “carste coberto”, em que o calcário é intercalado

por outro tipo de rocha, podem se constituir cavidades de fundo, com colapso de teto. Sua

ocorrência oferece sérios riscos à população, tendo sido registrado mortes,

desaparecimento de pessoas, animais e máquinas tragados pelos colapsos. No Brasil,

ficaram conhecidos os fenômenos de colapsos e afundamentos na cidade de Cajamar,

Estado de São Paulo.

- degradação dos recursos hídricos subterrâneos por poluição e/ ou sobreexploração

– as superfícies cársticas se mostram vulneráveis à poluição dos aqüíferos subterrâneos por

efluentes de diversas naturezas. A formação cárstica dá origem a verdadeiras redes

subterrâneas de drenagem que se comunicam com as redes superficiais, à imagem de um

“queijo suíço” e que dificulta a filtragem do material e, portanto sem condições de

depuração do efluente por um longo período, submetendo o usuário da água a diversos

riscos, inclusive de intoxicação. Conseqüências graves podem ocorrer ainda, se houver

infiltração de gasolina, benzeno ou outra susbstância combustível, no caso de vazamento

de indústrias, postos de gasolina, caminhões ou outros efluentes urbanos. Os gases de

evaporação podem causar intoxicação ou mesmo explosões no subsolo, podendo submeter

a população local a verdadeiras catástrofes.

- recalques em fundação – as obras de engenharia relacionadas à urbanização e infra-

estrutura podem se tornar sobrecarga ou incompatíveis no terreno, causando efeitos

bruscos, por recalques de fundação. Assim, a construção de estruturas de grande porte

(barragens, equipamentos mecânicos pesados, pontes, edifícios com mais de andares, pistas

de pouso) e mesmo mais leves (estradas, pequenas edificações, obras de infra-estrutura

urbana) podem sofrer recalques de suas fundações, com fenômenos de subsidência ou

colapso de teto, quando há cavidades na rocha ou no solo.

- fugas de água em reservatório – a construção de reservatórios de água para diversos

fins também pode sofrer fuga de água, quando existem condutos abertos que ligam

montante e jusante.

- destruição do patrimônio espeleológico - as estalagmites e estalagtites das cavernas

podem ser abaladas diante de atividades que promovam trepidações no terreno.

Além desses riscos decorrentes da formação geológica e geomorfológica do carste,

que podem ser causados por obras de infra-estrutura e efluentes, existem os cuidados que

também devem ser tomados na conservação da paisagem local, incluindo flora e fauna

superficial e subaquática, durante as visitações.

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1.1.2 Potencialidades dos recursos naturais para o turismo

As formações cársticas que mais atraem os turistas são:

- Grutas – o mapeamento da serra da Bodoquena feito por imagens satélites, pelo

IBAMA, já permitiu diagnosticar a presença de cerca de quatrocentas cavidades, 30 delas

já identificadas. Entretanto, as grutas abertas à visitação são a Gruta do Lago Azul e Gruta

São Miguel (fotos 03 e 04).

As grutas do Lago Azul e Nossa Senhora da Aparecida (Bonito) foram tombadas em

1978, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, do Ministério

da Cultura, dado o valor cênico e importância científica. A gruta do Lago Azul contém

fauna endêmica de crustáceos aquáticos e concentração de fósseis do período

pleistocênico.

Dolinas –constituem depressões ou cavidades profundas, conseqüência de

desabamento de solo e rochas de teto de cavernas. Entre as mais conhecidas estão:

“Abismo Anhumas” (Fotos 05 e 06), “Lagoa Misteriosa” (Foto 07) e Buraco das Araras

(Foto 08).

Alex Uchoa

Miguel V

on Behr

Foto 03 Gruta do Lago Azul Foto 04 Gruta São Miguel

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Foto 07 Lagoa Misteriosa

Foto 08 Buraco das Araras

As cavidades subaquáticas da Serra da Bodoquena estão entre as consideradas

melhores do mundo para espeleomergulho, com dimensões de dezenas de metros de seus

“salões”.

Prodetur / Sul

Brazil on Board

Foto 06 Abismo Anhumas Visão interna

Travel Blog

Foto 05 Abismo Anhumas Visão externa

Travel Blog

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- Tufas calcárias -

Fenômeno de calcificação por precipitação química de carbonato de cálcio, formando

camadas externas horizontais, superpostas ao solo, com certa compactação e altura,

retendo os compostos vegetais (musgos, folhas, caules, troncos) consolidados ou revestidos

externamente por cálcio e magnésio, ocasionando barreiras transversais ao leito dos

córregos e rios, chegando represar suas águas e formar cascatas.

O crescimento contínuo desses depósitos calcários associados aos vegetais nos cursos

d'água, acabam gerando uma seqüência de lagos interligados por estas barragens naturais e

cascatas. As tufas calcárias são porosae e muito frágeis, não resistem a pisoteios.

Foto 09 Cachoeira Aquidaban Foto 10 Cachoeiras Estância Mimosa

Águas Transparentes e azuladas

As condições fisio-químicas da água sob as variáveis climáticas locais dão origem a

águas transparentes e azuladas, proporcionando cenários superficiais e subaquáticos de rara

beleza, quando associados aos fenômenos de surgência dos rios e à flora e fauna reinante

no mundo das águas.

Rosa Rosé

Brazilien

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Surgências

O processo de dissolução do solo e da rocha pode levar rios a desaparecerem

(sumidouros), adentrando vales abertos no interior do subsolo e reaparecerem

(ressurgências), estas conhecidas regionalmente por "olhos d'água" ou nascentes e

representam pontos de beleza incomparável, a exemplo do que ocorre no chamado Aquário

Natural (Baia Bonita), Lagoa Misteriosa, Rio Sucuri, Rio da Prata.

Foto 11 Surgência no Rio da Prata

Jardins subaquáticos

A diversidade e beleza da flora e fauna local podem ser apreciadas, por meio de

flutuação ou mergulho nos rios, como se fossem jardins submersos.

Foto 12 Flora subaquática Foto 13 Ictiofauna no rio Baía Bonita

Brasil Mochila

Paulo Robson de Souza

Recanto Ecológico Rio da Prata

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Essas belezas subaquáticas são frágeis aos impactos oriundos do uso humano e dos

efluentes, pois dependem da combinação de muitos elementos do ambiente natural, como

luz, temperatura, características físico-químicas da água e atividade biológica para se

manterem.

Canyons

Rios com vales em canyons, a exemplo do rio Salobra atraem turistas de rapel, vôos

panorâmicos e vista para a aldeia indígena dos Kadwéus.

Foto 14 Rio Salobra Foto 15 Rapel

Biodiversidade vegetal e animal

O Planalto da Bodoquena constiui a maior extensão de florestas naturais preservadas

do estado de Mato Grosso do Sul e uma das maiores áreas de floresta estacional decidual

do país. Tais condições favorecem a diversidade de espécies vegetais e animais. O

ambiente local propicia alimento abundante e proteção necessária a animais (arara

vermelha, capivara e queixada, dentre outras), inclusive para alguns considerados raros e

ameaçados de extinção (onça pintada, ariranha, lontra, tatu canastra, veado campeiro,

gavião real, tamanduá bandeira, urubu-rei, arara azul).

FUND

TUR-MS

Daniel de G

ranville Manço

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1.2 DIMENSÃO CULTURAL: POTENCIALIDADES

O APL de turismo de Bonito / Serra da Bodoquena conta com recursos históricos e

culturais peculiares do lugar.

1.2.1 Potencialidade histórica

Guerra do Paraguai

Uma das potencialidades está ligada ao fato de Bonito ter sido palco da sangrenta

Guerra contra o Paraguai, no século XIX. Existem remanescentes desse conflito, seja na

presença de geração de famílias descendentes de heróis da Guerra que permaneceram no

lugar, seja pela presença de mitos e narrativas relacionados à Guerra, como o caso dos

“tesouros enterrados”, entre outros.

1.2.2 Potencialidades culturais

Nação Kadiwéu

Em áreas contíguas ao APL (divisa com Porto Murtinho) encontra-se a maior terra

indígena do Estado, pertencente à Nação Kadiwéu, doada por Dom Pedro I como

recompensa à aliança com esses índios cavaleiros, que permitiu ganhar a Guerra contra o

Paraguai. São 538.536 hectares em terra demarcada desde 1984, onde vivem cerca de

1.500 índios. É apreciada na cultura desse povos.

São remanescentes dos Mbayá, um ramo dos Guaikurú. Incorporaram o uso dos

cavalos, dos espanhóis colonizadores do século XVI, ficando conhecidos como "índios

cavaleiros". Organizados em uma sociedade de nobres e cativos, garantiram sua

reprodução biológica, por longo tempo, vivendo do saque e do tributo de seus vizinhos. Os

capturados passavam a ser incluídos na sociedade como "cativos", ou gootagi (nossos

cativos), incluídos entre eles, tanto índios (como os Xamakôko), como não índios.

Estabeleceram aliança com os Terena (um subgrupo dos então chamados Guaná ou

Txané), adotando o casamento entre seus nobres e as mulheres de alta estirpe Terena. E por

meio dessa aliança, por longo tempo, trocaram sua proteção de homens guerreiros pelos

produtos agrícolas dos terena.

Chama atenção na cultura dessa nação indígena a pintura corporal, de traços

simétricos, pelo nível de elaboração e beleza artística, assim como a arte em cerâmica.

Ambos possuem registros feitos por viajantes europeus desde o século XVI. Foi motivo

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para uma das obras mais importantes do antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, denominada

“Kadiwéu: Ensaios Etnológicos sobre o Saber, o Azar e a Beleza” escrita em 1940. Essa

arte também foi analisada pelo antropólogo francês Claude-Levy Strauss em 1937. A arte

kadiwéu ainda tem sido merecedora de constantes destaques em exposições internacionais,

a exemplo dos espaço para a mostra de cerâmica e grafismo kadiwéu realizada em Paris,

em 20053 (Foto 16) pela Unicamp. A arte Kadiwéu também se expressa nos cânticos das

mulheres velhas, nas músicas dos tocadores de flauta e tambor e nas danças coletivas.

Foto 16 Exposição kadiwéu na França -2005

A pintura corporal manifesta uma significativa habilidade artística para criar

estampas no rosto e corpo, com desenhos minuciosos e simétricos e que no passado

marcava a diferença entre nobres, guerreiros e cativos.

Os desenhos geométricos e complexos revelam um grande equilíbrio e beleza

artística (Foto 17 e Figuras 01 e 02). Além do corpo, a pintura pode aparecer também em

couros, esteiras e abanos. Utilizam-se de cores vivas (vermelho, negro, esverdeado e

branco), que revelam, segundo os estudiosos, o esforço de transmitir a alegria.

3 A exposição “Brésil Indien, les arts des amérindiens du Brésil" foi realizada por Regina Pólo Muller do Instituto de Arte, Unicamp.

Felipe Tassara

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18

Foto 17 Pintura em india Kadiwéu, 1895

Figura 01 Padrões de pintura Kadiwéu

A arte em cerâmica é produzida pelas mulheres kadwéu (Foto 21), tanto sob forma

de pratos, como de urnas e animais, seguindo sempre o padrão simétrico e colorido (Fotos

18 a 20).

Foto 18 Urna Kadiwéu

Portal Bonito

Foto 19 Pratos em cerâmica kadiwéu

Cerâmica N

orio

Socioambiental

J.H. Fric, 1

943

Guido Boggiani, 1895

Foto 20 Animal em cerâmica

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19

Em 1997, o escritório Brasil Arquitetura de São Paulo (arquitetos Francisco Fanucci

e Marcelo Ferraz) ganhou um concurso para a reestruturação de um conjunto habitacional

em Hellersdorf, bairro de Berlim, com 3.200 habitações, ao basear-se na utilização da arte

kadiwéu como azulejos das fachadas e saguões (Foto 22), cuja autoria foi atribuída a seis

índias que foram a Berlim em 1998, ver o resultado de seu trabalho. Pela primeira vez na

história, houve o reconhecimento autoral da arte de uma Nação Indígena. Em 2002, foi

realizado no Museu Etnológico de Berlim, a exposição “Copyright by Kadiwéu”, com a

presença de mais uma delegação de artistas da tribo (Foto 23).

Foto 22 Azulejos Kadwéu em Berlim Foto 23 Exposição de arte em Berlim

Arquitexto

Arquitexto

Foto 21 Índias ceramistas kadiwéu

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20

O índio kadwéu ainda mantém um forte apego a um modo de vida apoiado no uso

e criação de cavalos (Foto 24).

Foto 24 Indio kadiwéu

A delegacia da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) mantém delegacia em Bonito,

para atendimento especialmente aos kadwéus.

Cultura de integração fronteiriça

As fazendas de gado fizeram parte da estratégia de organização territorial de Mato

Grosso do Sul antes e depois da Guerra do Paraguai. Grande parte das terras havia sido

doada pelo Império a militares heróis de guerra, com o intuito de mantê-las ocupadas e

vigiadas nessa faixa de fronteira perante possíveis investidas do país vizinho.

As condições fronteiriças e de antiga área missioneira possibilitaram o encontro

cultural entre o fazendeiro recém-chegado de outros lugares do Brasil (mineiros e sulistas

principalmente), o paraguaio e os indígenas, que ainda vivem no local. Os traços do modo

de vida na lida com o gado na fazenda, a religiosidade, assim como gostos musicais e

danças (polca paraguai, guarânia, chamamé e rancheira), uso do mate e do tereré,

gastronomia, são comuns nesse espaço transfronteiriço e marcam essa convivência inter-

étnica na fronteira.

-Transmissão oral da cultura

Os hábitos e costumes e as visões de mundo estão presentes nas narrativas orais dos

contadores de “causos”, pessoas comuns da sociedade local. Fazem-se presentes nas

conversas em festas rurais, em calçadas e bares na cidade, entre outro espaços interativos.

Funai

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Os contadores de histórias são transmissores orais dessa cultura fronteiriça, na medida em

que mantém interação e diálogo com seus ouvintes. Essa prática de contar e ouvir “causos”

reveste-se do linguajar cotidiano, a partir do qual a tradição é passada e recriada

diariamente.

_Roda do tereré na integração social e cultural

O tereré é uma bebida semelhante ao chimarrão, que tem como base a água e erva-

mate desidratada, moída e ligeiramente torrada, consumida com água fria. A “guampa” é o

recipiente utilizado para colocar o tereré, feito de um chifre cortado ao meio. Suga-se o

mate com auxílio da “bomba”, uma espécie de tubo parecido ao chimarrão ( Foto 25).

Foto 25 -Tereré

O hábito do tereré foi adotado pelos índios guarani, desde a época das missões

jesuíticas. Para consumi-lo constituem-se as “rodas de tereré”, momento em que podem ser

tomadas grandes decisões ou então as utilizam nas ocasiões das narrativas dos “causos” ou

do “bate papo” e descontração, quando se chega a dar boas gargalhadas.. A “roda de

tereré” aparece sempre como um fenômeno de integração social e cultural que caracteriza

toda a região fronteiriça de Mato Grosso do Sul.

-Culinária diversificada

A culinária também revela em grande parte a convivência do colonizador brasileiro

de origem européia com os paraguaios e indígenas É significativo, por exemplo, o hábito

alimentar com a mandioca “amarela”, “chipa”, “sopa paraguaia”, churrasco no espeto,

“guariroba” (palmito amargo) como exemplo dessa diversidade de origens paraguaias e

indígenas. Mas também contribuem tradições alimentares oriundas de mineiros, sulistas,

Clube do Tereré

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cuiabanos, a exemplo do arroz carreteiro, caribéu (carne seca com mandioca), quibebe

(carne seca com abóbora) farofas com banana, churrasco com mandioca, doces de caju,

bocaiúva, carambola, furrundum (doce de mamão com rapadura de cana), entre outros.

-Festa do clube do laço e da pecuária

Na fazenda, o gado bovino é tanto um referencial econômico como um referencial

social e mesmo cultural, pois ele mediatiza as relações entre as pessoas e delas com a

natureza, integrando o mundo cultural da sociedade que integra o APL da Serra da

Bodoquena.

Bonito e Bodoquena, a exemplo de grande parte dos Municípios de Mato Grosso do

Sul, contam com o “Clube do Laço”. Através dele se mantém as tradições culturais

relacionadas com as lides na pecuária, ressaltando-se o churrasco e a laçada do boi. Em

Bonito a festa do Clube do Laço realiza-se três vezes ao ano: (01) no dia do trabalhador em

parceria com o Sindicato Rural com a “Festa do Peão Boiadeiro”, com campeonato de

laçadas (Foto 26 ), bailes (Foto 27) e churrasco com mandioca; (02) em agosto; (03) em

dezembro com a “Festa do Boi Mocho”.

Foto 26 Festa do peão boiadeiro Foto 27 Festa do peão boiadeiro

Em Bodoquena, a “Festa do Clube do Laço” também ocorre três vezes ao ano

(agosto setembro e outubro). Em Jardim, no lugar do Clube do Laço, destaca-se a “Expo-

Jardim”, evento iniciado em 2004 pelo sindicato Rural de Jardim, com realização em maio,

congregando os agro pecuaristas de Jardim e região, com exposição de gado de leite, gado

de corte, ovinos, eqüinos, leilões, difusão de tecnologia, maquinários, artesanato local e

turismo.

Somam-se a essas festas outras similares, como são os casos do “Rodeio Country

de Bonito” (rodeio e baile) promovidos geralmente em abril, em Bonito, e do “Leilão

Beneficente”, realizado pelo Sindicato Rural e uma empresa de leilões, em outubro,

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ocasião em que são ofertados animais e também objetos (obras de arte, móveis entre

outros), oferecendo-se os valores arrecadados a entidades beneficentes.

-Festas religiosas

As festas religiosas no APL também são variadas do ponto de vista da origem e não

foram mercantilizadas pela atividade turística. Manifestam-se, por exemplo, no APL, a

festa do divino, folia de reis e a dos padroeiros São Sebastião, São Pedro, como também a

comunidade paraguaia comemora no dia 8 de dezembro a festa de Nossa Senhora do

Caacupé.

- Festas recentes

Em Bonito, algumas novas festas vêm sendo promovidas, por iniciativa local ou

extra-local, de natureza cultural.

A Prefeitura Municipal passou a organizar três tipos de eventos: (01) o “Festival da

Guavira”, em fim de novembro, por ocasião da frutificação da guavira (fruto do cerrado),

apresenta exposição em praça pública, com objetivo de valorizar a culinária típica, a

música e a dança regional; (02) a “Semana Municipal de Música Gospel” em maio (em

baixa temporada), reúne as bandas Gospel de Mato Grosso do Sul; (03) a “Feira de

Artesanato de Bonito”, na segunda quinzena de maio, visando promover a cultura local,

através de exposição e venda de artesanatos, apresentações de artistas locais e regionais.

Participam entidades sociais do município, visando arrecadação de recursos financeiros

para manutenção de programas sociais.

O “Turisfest” é de iniciativa de uma empresa privada de Bonito, por ocasião da baixa

temporada turística, com o intuito de promover a integração regional, através de

manifestações culturais, exposição e venda de artesanato, comercialização de comidas

típicas. Os potenciais turísticos também são divulgados através de stands institucionais dos

municípios da Serra da Bodoquena e Pantanal Sul. Ocorrem palestras e seminários na área

de turismo e agro negócio.

De iniciativa externa emergiram dois eventos mais recentemente. O mais antigo é o

“Festival de Inverno”(FestinBonito), oferecido quando se inicia a baixa temporada (entre

segunda quinzena de julho ou agosto), realizado por uma empresa de Campo Grande e

patrocinado pelo governo de Estado desde 2000. Oferece manifestações de arte e cultura

aos visitantes e moradores do município de Bonito, além de seminários e oficinas nas áreas

de meio ambiente e turismo. O outro evento é o “Gay Bonito”, iniciado em 2005, que

ocorre por iniciativa de uma empresa externa em parceria com um empresário local. Além

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de oferecer palestras sobre temas de interesse do público de gays, lésbicas e simpatizantes

– GLS, também promove; shows musicais em ambientes abertos e fechados; com

programação opcional de passeios turísticos.

-Artesanato local

O artesanato local é também rico em diversidade e ainda pouco conhecido pelos

turistas. Existe não só o artesanato produzido pelos índios kadwéus, como outros de

origem local.

Segundo as informações do Mapeamento Cultural realizado pelo governo estadual

em 2005, a produção baseia-se principalmente em matéria-prima vinda da pecuária (couro

e osso), como também ocorre o uso de argila, taboa, madeira e rochas, sementes e penas de

aves regionais, ou de tecidos, lã, linha e barbante. Os produtos constituem adornos

(bijuterias, toalhas, tapetes, estatuetas, porta-jóias, bandejas, entre outros) e mesmo

utensílios (cintos, chaveiros, selas, sapatos) para uso em fazenda.

A arte em osso é desenvolvida por alguns núcleos de artesão, apoiados pelo Sebrae-

MS (Geor) e que já fizeram jus a prêmios nacionais. Os mais trabalhos mais expressivos

em originalidade e quantidade estão em no Município de Jardim.

Foto 27 Arte Kadwéu Foto 28 Berrantes de chifre de boi

Foto 29 Arte em osso de boi Foto 30 Arte em madeira

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Foto 31 Arte em argila Foto 32 Arte em cestaria

Músicas regionais de fronteira

Remanesce entre os habitantes tradicionais do lugar, o uso e gosto por alguns

instrumentos e sons musicais que resultaram do tempo das vaquejadas, saladeros, grandes

estâncias, em territórios antes espanhóis e que depois do movimento da descolonização

ibérica tornaram-se paraguaios, brasileiros e argentinos. Esses ritmos abarcaram as terras

platinas e se disseminaram por meio de violas e violões, sob forma de polcas paraguaias,

guarânias e chamamés, especialmente nas faixas de fronteira do Mato Grosso do Sul,

durante o ciclo da erva mate. O controle da Matte Laranjeira pelos argentinos desde os

anos 20 do século XX e a significativa imigração paraguaia pós-guerra no trabalho

ervateiro favoreceram essa disseminação cultural.

Lendas e misticismos na representação coletiva local

O misticismo fantástico impregnado nas raízes culturais ainda povoa a representação

coletiva desse território fronteiriço.

Destaca-se, entre outras, a história de “sinhozinho”4 (ou senhorzinho), figura lendária

de um suposto curandeiro e milagreiro5, morto e esquartejado6, visitado por São Pedro em

1945, considerado santo padroeiro de Bonito e que retornaria em 2075. Sinhozinho

4 Essa lenda já foi objeto de pesquisa e de um documentário específico feito na mídia do Estado de Mato Grosso do Sul. 5 Sua imagem é veiculada como um senhor de barbas longas, olhos e cabelos claros, com um longo manto que escondia seu braço esquerdo. Alimentava-se somente de frutas, mandioca, peixe e mel, molhando os lábios apenas com um frasco que carregava consigo. Comunicava-se com a população apenas por gestos. 6 Sua morte teria sido causada por autoridades locais, em função da ira despertada pelo seu poder de cura e predição.

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arrebanhou muitos seguidores locais, ganhando uma capela específica com signos ligados à

sua história7, sendo objeto de visitação de devotos, que realizam no dia 12 de outubro uma

procissão em direção à capela, junto do rio Mimoso. Nos diversos relatos, misturam-se

lendas relacionadas aos cuidados com a natureza, como o corpo de sinhozinho jogado às

águas e responsável pela sua cristalinidade e limpidez ou então, sobre a enorme serpente

existente no subsolo da cidade, que poderá emergir causando tragédias, caso as pessoas

não cuidem bem da natureza.

Outra lenda bastante conhecida é a dos “enterros de tesouros” relacionados aos eventos da Guerra contra o Paraguai. Os assaltos e saques realizados junto às famílias de moradores as teriam submetido à fuga, induzindo-as a enterrar seus pertences em potes ou baús, perto da propriedade para posterior resgate. Entretanto, nem todas conseguiram retornar, morrendo no meio da mata ou assassinadas por soldados da guerra. Algumas pessoas sabedoras desses enterros, descendentes ou não, têm sido ajudadas pelos espíritos dos mortos que se comunicam com eles por meio de sonhos. Estes sonhos se manifestam sob forma de labaredas de fogo no local exato do enterro. O elemento que tenha essa comunicação com os mortos não pode contá-lo a ninguém, sob ameaça da maldição dos mortos, até encontrar o local em que a labareda se manifesta e ali rezar fervorosamente enquanto escava até detectar e retirar o tesouro. Só então, os espíritos poderão encontrar o descanso da guarda dos mesmos.

Cultura organizativa local

Os fazendeiros de gado dessas terras fronteiriças por longo tempo isoladas dos

grandes centros e das suas regulações, e que conheceram os eventos da Guerra contra o

Paraguai, apresentam especificidades. Parte desses fazendeiros descende de heróis ex-

combatentes da Guerra, ou de militares da “Guarda Nacional”8, sendo favorecidos pelas

políticas coronelistas da Velha República. Muitos se constituíram em lideranças

econômicas e políticas locais, na proposição e manutenção da ordem, sem necessidade de

se imporem pela força, mas muito mais por aceitação, reconhecimento e prestígio social. 7 São guardadas junto à capela, cruzes de madeira que o peregrino teria construído e fincado por onde passava. 8A Guarda Nacional foi criada pela primeira vez no Brasil, durante o período da regência de Feijó , recrutando-se cidadãos locais de renda mais, como instrumento de garantia da segurança e ordem local, defendendo a Constituição, a liberdade, a independência e a integridade do Império, uma cópia da Guarda Real da polícia portuguesa que incorporara os princípios da Gendarmerie francesa, criada em 1791. Teve grande importância durante a Guerra do Paraguai e foi reformulada durante a República, deixando de ser divisão territorial de inspeção, para se tornar comandos de tropa, divididos em Comandos de Guarnição e Comandos de Fronteira. Em 1898 foram criados os distritos militares ligados ao Ministério da Guerra, sendo Mato Grosso um deles. Nessas unidades de fronteira surgiram na década de 30 as colônias militares.

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Esse espaço sul-mato-grossense, especialmente no período coronelista, ficou mais

vulnerável ao comércio clandestino de fronteira, acompanhado de investidas de banditismo

e de bandoleiros, aos quais tinha que se impor a ordem local. Já existem várias obras

literárias e históricas que relatam com maior detalhe esses acontecimentos.

Tornou-se lendária, nessa faixa de fronteira, por exemplo, a história de Selvino

Jacques9, gaúcho e afilhado de Getúlio Vargas que teria inicialmente se aliado ao

presidente da república para sufocar o movimento de independência de Mato Grosso do

Sul em relação ao Norte (hoje Mato Grosso), manifestado especialmente quando eclodiu a

revolução constitucionalista de 1932. Silvino Jacques acabou punindo por morte um militar

no Rio Grande do Sul por haver assassinado seu irmão. Foragido da polícia tornou-se um

bandoleiro na fronteira sul-mato-grossense, até ser morto pelo delegado da “captura”, pai

do atual governador Orcírio dos Santos. Esse complexo e lendário personagem da

fronteira, conhecido como “justiceiro bandoleiro”, ficou marcado por dois lados de sua

personalidade. De um lado, o belo porte e maneiras cavalheirescas de se portar,

manifestando proezas em versos, roubando dos ricos para dar aos pobres, acompanhado de

sua destemida companheira Raída. De outro, o lado perverso, responsabilizado pela morte

de mais de 150 pessoas. Tornou-se um ícone da violência a ser combatida com a ordem

estabelecida no local.

Nesses rincões do país, quando não se tem a lei, se cria ou se respeita códigos

informais de ética nos relacionamentos, ainda popularmente conhecidos no local como

9 Para melhor conhecimento desse relato, ler a obra “Serra da Bodoquena, MS História - Natureza – Cultura”. Campo Grande: Editora Free, 2001 e “Silvino Jacques, o Último dos Bandoleiros”,escrita por Brígido Ibanhes em 1986 e editado pelo Tribunal de Justiça do Estado seis anos depois.

Foto 35 Bandoleiros de Selvino Jacques Foto 33 Selvino Jacques (à esquerda)

Mig

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Miguel von B

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Foto 34 Raída

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“acordo de cavalheiros” ou “no fio do bigode”, quase sempre tão ou mais importantes que

os acordos contratuais legalizados.

1.3 DIMENSÃO SÓCIO-ECONÔMICA

As características comuns a esses três Municípios do APL são atribuídas às

potencialidades naturais e sócio-culturais, uma vez que as funções econômicas de

sustentação de cada Município, embora todas exerçam a atividade pecuária e em menor

proporção a agricultura, apresentam características peculiares.

Os Municípios da Serra da Bodoquena totalizaram em 2000 (IBGE), 47.865

habitantes, respondendo por apenas 2,30 % da população total do Estado (Tabela 01).

Tabela 01 População dos Municípios do APL

1980 1991 2000 Município

População % População % População %

Bodoquena - -

Total 8.120 100,00 8.367 100,00

Urbana - - 4.125 50,80 5.223 62,42

Rural - - 3.995 49,20 3.144 37,58

Bonito

Total 11.014 100,00 15.543 100,00 16.956 100,00

Urbana 5.110 46,40 10.322 66,41 12.928 76,24

Rural 5.904 53,60 5.221 33,59 4.028 23,76

Jardim

Total 13.822 100,00 19.325 100,00 22.542 100,00

Urbana 11.038 79,86 17.601 91,08 20.953 92,95

Rural 2.784 20,14 1.724 8,92 1.589 7,05

TOTAL APL 24.836 42.988 47.865

Fonte: Censos do IBGE

Jardim, que goza de uma situação de nó rodoviário no Sudoeste do Estado, tem como

item mais importante de sua receita, o comércio, cujo montante de arrecadação é o maior

dos três Municípios. O Município é o mais populoso e denso (10,24 hab/ km2), com uma

população preponderantemente urbana (92,95%), além de exibir o IDH mais alto entre os

três (13º lugar no ranking do Estado). Em termos de arrecadação, a pecuária é atividade

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quase tão importante quanto a agricultura, mas as fazendas de pecuária constituem os

empreendimentos de maior destaque e a maior fonte de empregos no Município.

Já Bonito tem na pecuária a atividade de maior arrecadação, além de contar com a

maior arrecadação de ICMS entre os três Municípios, fato que pode ser atribuído em

grande parte, ao turismo. No total do APL, ainda é o Município que menos arrecada. Sua

atividade principal baseou-se até os anos 90, principalmente na pecuária, seguida da

agricultura e exploração de calcário. Vem apresentando taxas elevadas de urbanização nas

duas últimas décadas, mas diferente de Jardim, ainda mantém 23,7% de população no

campo e uma densidade demográfica bem mais baixa (3,44 hab/ km2). Conheceu uma

significativa melhoria nos índices de IDH nos últimos anos, passando a 18º lugar no

ranking do Estado.

Bodoquena, Município criado rentemente (1980), desmembrado de Miranda, tem na

indústria de cimento do grupo Camargo Correa sua principal fonte arrecadadora e que

contribui com que ele se destaque com a maior receita anual dentro do APL, quase seis

vezes a de Jardim e que incide na atividade comercial, a segunda mais importante em

arrecadação dentro do APL. Bodoquena surgiu de uma colonização agrícola realizada na

década de 50 por iniciativa do governo do Estado10, como estratégia de ocupação da zona

fronteiriça, fato que explica a maior predominância da agricultura familiar em pequenas

propriedades. A população rural (62,428%) ainda se mantém maior que a urbana, embora o

seu total não passe de metade daquele de Bonito e também seja a mais rarefeita (3,34 hab/

km2) do APL. Nesse Município, pecuária e agricultura são menos expressivas como

atividade. Predomina no campo uma agricultura familiar com modelo baseado na

policultura, de pouco peso econômico no conjunto da arrecadação do Município e do APL.

O IDH da população é sensivelmente o mais baixo dos três (69º lugar no ranking do

Estado).

Os Municípios do APL estão em posição média do ranking dos 77 Municípios do

Estado, com Bonito e Jardim ocupando melhores posições (respectivamente 34º e 35º

lugares) do que Bodoquena (45º lugar).

É significativa a proporção de pessoas que vive de baixos salários. Aqueles que

ganham de menos de 1até 2 salários mínimos representam entre 35 a 40% da população de

10 anos e mais nos três Municípios (Tabela 02). Entre 3 a 10 salários mínimos estão cerca

10 Colônia Arnaldo Estêvão de Figueiredo, instalada em 1948, em 40.000 há de terra, durante o governo Eurico Dutra, como continuação da política iniciada por Vargas em terras fronteiriças..

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de 10 a 11 % da população e acima de 10 salários está incluída entre 1,7 a 4%, sendo o

maior índice pertencente a Jardim e o menor a Bodoquena (Tabela 02).

Tabela 02 CLASSES DE RENDIMENTO NO APL

Pessoas de 10 anos ou mais Bonito Jardim Bodoquena

Classes de rendimento

No % No % No % + de 20 salários 136 1,02 299 1,68 14 0,21 + de 10-20 salários mínimos 209 1,56 425 2,39 99 1,52 + de 05 a 10 salários mínimos 509 3,80 960 5,40 229 3,51 + de 03 a 05 salários mínimos 824 6,16 995 5,59 353 5,42 + de 02 a 03 salários mínimos 879 6,57 928 5,22 344 5,28 + de 01 a 02 salários mínimos 2.781 20,78 2.570 14,45 977 14,99 Até 01 salário mínimo 2.774 20,72 4.235 23,81 1.395 21,41 Sem rendimento 5.183 38,72 7.374 41,46 3.106 47,66 TOTAL 13.385 100,0 17.786 100,0 6.517 100,0 Fonte: IBGE/Censo 2000

1.4 ORIGEM HISTÓRICA DO APL

As terras dos atuais Municípios fronteiriços do APL, que ainda mantém

remanescentes de territórios indígenas, serviram de passagem aos desbravadores espanhóis

e portugueses durante o período colonial, na busca das minas do Peru.

Abrigaram entre 1608 a 1648 o território jesuítico das Missões do Itatim e os

primeiros colonizadores brasileiros vindos de Minas Gerais apoiados pela Colônia Militar

de Nioac, no início do século XX.

Constituíram palco da Guerra contra o Paraguai e parte de suas terras ficaram sob

forma de posse do governo nas mãos de militares heróis de guerra e de militares da Guarda

Nacional, como também de antigos fazendeiros que retornaram no pós-guerra. Também

fizeram parte amplas concessões de terras dadas à Companhia Mate Laranjeira, para

exploração de erva-mate.

Com exceção das colônias agrícolas de base familiar em Bodoquena, a pecuária de

corte tornou-se a atividade principal desses Municípios, abrindo-se espaço para a

agricultura de café, na década de 50 e agricultura mecanizada de soja e milho em Jardim e

Bonito, durante a passagem da fronteira agrícola pelo Estado, na década de 70 e 80. Os três

Municípios pertenceram ao Território Federal de Ponta Porá entre 1943 e 1946 (governo

Vargas) e mais tarde, serviram de base para instalação de assentamentos rurais da Reforma

Agrária.

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A formação geológica local tem favorecido atividades de exploração e indústria de

calcário e mármore, além do cimento.

1.4.1 Prefeitura na indução do Turismo de Lazer estudantil

O turismo em Bonito iniciou-se entre meados da década de 70 e início de 80, por

meio de excursões escolares originárias dos Municípios do próprio Estado e com o apoio

da Prefeitura, que cedia aos alunos as escolas para pernoite, por falta de hotel na cidade e

às vezes refeições (VIEIRA, 2003). As visitas gratuitas eram realizadas no atual balneário

da cidade e à gruta do Lago Azul e mais tarde, gruta Nossa Senhora Aparecida e Ilha do

Padre. Atendendo solicitações da Prefeitura, essas visitas quase sempre acompanhadas por

moradores locais, inclusive do proprietário da terra em que se situa a gruta do Lago Azul.

Em 1978, e então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural tombava as duas grutas

visitadas, como patrimônio nacional.

Essas visitas estimularam a Prefeitura distribuir folhetos promocionais em 1983, que

atingiram e atraíram colégios e universidades de São Paulo a partir de 1985, cujos

estudantes turistas acampavam no balneário (Idem, 2003). Além disso, os fazendeiros

recebiam amigos e parentes em suas propriedades. Diante desse afluxo, a Prefeitura

arrendou a área do balneário municipal11 para melhor estruturá-lo e, mais tarde, a Ilha do

Padre, visando a exploração com fins comerciais.

Com a ampliação da demanda, novos atrativos foram sendo preparados, como o

Aquário Natural, Rio do Peixe e Rio Sucuri, com abertura de trilhas, construção de escadas

e decks acesso aos rios, inovando mais tarde, com passeios de bote no rio Formoso e

passeios em cachoeiras (tufas calcárias), além de se melhorar o acesso às fazendas. Surgia

o primeiro hotel e restaurante da cidade e em meados de 80, já havia três agências de

turismo..

Entre 1987 e 1988, a prefeitura desapropriou o Balneário Municipal,

complementando ela própria a infra-estrutura que considerou necessária.

1.4.2 Profissionalização dos serviços de ecoturismo com a participação da iniciativa

privada

Presença dos espeleo-mergulhadores

11 Decreto Municipal 076/85 aprovado em 14/04/86

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Entre 1992 e 1995, num ambiente de Eco-92 no Brasil e no mundo, Bonito foi

marcado por eventos que lhe permitiram presença na mídia e notoriedade nacional e que se

relacionaram à visitação de grupos de mergulhadores autônomos de cavernas, uma

atividade que começava a ganhar adeptos no Brasil. Esses acontecimentos conduziram à

profissionalização dos serviços turísticos.

A expedição franco-brasileira organizada pelo Grupo Bambuí de Minas Gerais, ao

chegar em 1992, sob o nome de “Expedição Jacques Cousteau”, levando muitos a

acreditarem que o cientista francês estivesse em Bonito12. Nesse sentido, ganhou o apoio

do Estado, universidades locais e importante visibilidade no país através da Rede Globo,

projetando a imagem de Bonito.

Atrás desse, vieram vários outros grupos de espeleo-mergulhadores e documentários

televisivos sobre Bonito, repercutindo no aumento expressivo do fluxo de turistas, além de

surgir uma nova modalidade de turismo em Bonito: o mergulho de caverna, atraindo

inclusive, pessoal especializado na atividade para residir na cidade.

Parceria na formação dos guias de turismo

O alerta das universidades

Conscientes da vulnerabilidade do ambiente cárstico frente à ameaça do impacto do

fluxo turístico existente e em perspectiva, os pesquisadores das universidades regionais

envolvidas com a presença dos mergulhadores franceses e brasileiros do Grupo Bambuí13,

em 1992, acompanhados de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (IPHAM) e apoiados pelo governo municipal e estadual, advertiram por meio de

palestras14, sobre os possíveis riscos ambientais graves a que iriam se submeter, se não

tomasse as providências cabíveis de estruturação adequada do receptivo em tempo.

Em função da oportunidade, o governo estadual se sentiu estimulado a produzir, logo

a seguir, um guia turístico de Mato Grosso, incluindo Bonito entre as atrações turísticas,

para divulgação em evento europeu15. As atrações divulgadas foram as grutas do Lago

12 O grupo havia conseguido patrocínio do governo de Mato Grosso do Sul, que colocou um ônibus de excursão à disposição e, mais tarde, ajuda da Prefeitura Municipal para o alojamento. 13 No início, as universidades regionais envolvidas foram apenas a Universidade Federal de Mato Grosso e a Universidade Católica Dom Bosco, mas à qual se aliavam integrantes da Universidade de São Paulo. 14 A palestra realizada em parceria com os espeleo-mergulhadores do Grupo Bambuí e visitantes franceses, feita no Salão Paroquial da cidade, em 1992, reuniu cerca de 500 participantes. 15 O guia turístico de Mato Grosso do Sul, bilíngüe (português e inglês), foi lançado no governo de Pedro Pedrossian, pela recém-criada diretoria de Turismo que integrava a Companhia de Desenvolvimento

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Azul e Nossa Senhora da Aparecida (ambas tombadas pelo IPHAM), Ilha do Padre, Rio

Formoso e Morro do Cristo.

Formação e conscientização de guias de turismo

Esses eventos oportunizaram o diálogo entre administradores municipais e

universidades, momento em que os atores locais puderam refletir a respeito dos impactos

significativos a que estavam sujeitos o ecossistema local, se não se realizasse um trabalho

preventivo nesse sentido.

Em 1993 e até o início de 2000, com o apoio das lideranças locais e órgãos públicos

de conservação (IBAMA e IPHAN), ocorreu a primeira iniciativa compartilhada, adotada

por consenso, entre universidade, Prefeitura Municipal, Sebrae e Senac16, para formar

“guias de turismo”, credenciados pela Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), na

intenção de colocá-los como linha de frente na visitação aos atrativos, vigiando e

conscientizando os turistas na conservação do ambiente natural.

Foram programados três cursos durante esse tempo e que formaram 92 guias. Como

nem todos exerceram a profissão, houve a proposta de um quarto curso para mais 40

alunos.

Grande parte dos guias que não exerceram diretamente a profissão deslocaram-se

para a abertura e implantação de seu próprio negócio na prestação do serviço turístico,

principalmente no ramo da agência de turismo.

Ambiente institucional favorável

Na década de 90, emergiu um conjunto amplo de políticas públicas, introduzindo o

planejamento e normatização relacionados à prática do turismo, que se tornaram grandes

fomentadoras do dinamismo deflagrado em Bonito.

A concepção de “ecodesenvolvimento”, como uma forma de desenvolvimento

sustentável que poderia ser obtido via planejamento passou a ser veiculada, nesse período,

principalmente por Ignacy Sachs. Em nível internacional, a Organização Mundial de

Turismo vinha defendendo essas posições, especialmente após a Eco-92.

Econômico de Mato Grosso do Sul (CODEMS), com o apoio do curso de Geografia da UCDB na elaboração de um mapa turístico e o patrocínio da ag6encia de viagesn do Banco do Brasil (BBTUR) e Varig. 16 Mais tarde, a organização desses cursos ficou sob responsabilidade desses dois órgãos.

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Em abril de 1995, por iniciativa da ONU, ocorreu a “Primeira Conferência sobre

Turismo Sustentável”17, que trazia como preocupação a falta de sensibilidade da iniciativa

privada com os programas e ações de conservação ambiental. O objetivo era desenvolver

nas empresas uma nova atitude baseada no maior cuidado com sua imagem, para obter da

sociedade valorização e reconhecimento de seus atos.Nesse ambiente de idéias entraram

em vigor as normas internacionais de gestão ambiental, denominadas de série ISO 14000.

Políticas públicas federais

Em 1993, ano em que ocorreu o primeiro curso de guia de turismo em Bonito, essa

profissão foi instituída no Brasil pela Lei 8 623/93 e regulamentada pelo Decreto 946/93.

Para sua habilitação, esse profissional precisava ser cadastrado na EMBRATUR e para

esse fim, exigia-se, no mínimo a conclusão do segundo grau e o curso de formação

profissional de Guia de Turismo credenciado por esse órgão federal.

A Embratur criou em 1994, um Grupo de Trabalho que, após diagnosticar os

problemas brasileiros em relação à conservação no serviço turístico, elaborou o documento

“Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo”, que definiu ecoturismo, como:

"segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o

patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas".

Na mesma época, passou a ser implantado o Programa Nacional de Municipalização

do Turismo (PNMT), desenvolvido e coordenado pela EMBRATUR, que procurou adotar

a metodologia da Organização Mundial do Turismo (OMT), visando implementar um novo

modelo de gestão da atividade turística, simplificado e uniformizado, para os Estados e

Municípios, de maneira integrada. Buscava maior eficiência e eficácia na administração da

atividade turística, de forma participativa.

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

criou, em 1997, o Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV)

com a finalidade de propor, normatizar, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio

espeleológico, bem como fomentar levantamentos, estudos e pesquisas sobre as cavernas

brasileiras. Foram criados 09 centros de visitantes, nos estados brasileiros com maior

concentração de cavernas, entre eles a serra da Bodoquena. Repassou-se os termos de 17 Essa conferência ocorreu em em Lanzarote, nas Ilhas Canárias e foi co-patrocinada pelo Programa Ambiental dessa mesma organização, e pelo Programa sobre o Homem e a Biosfera da UNESCO e pela OMT.

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referência a todas as prefeituras com interesse em explorar o turismo espeleológico, e que

orienta na elaboração de planos de manejo.

Política pública no Estado

Em Mato Grosso do Sul, como decorrência das políticas federais, foi proposto o

Plano de Desenvolvimento Turístico Sustentável de Mato Grosso do Sul (PDTUR),

desenvolvido pelo Sebrae/MS /MS, EMBRATUR, SENAC/MS e Prefeitura Municipal,

visando práticas de capacitação de empresários, guias e outros profissionais, com fins da

profissionalização do turismo, maior responsabilidade na conservação ambiental e

compartilhamento de ações entre órgãos públicos, privados e a população nos processos de

gestão. Além disso, da implantação do PDTUR, surgiu um inventário turístico dos 77

municípios do Mato Grosso do Sul, incluindo os Municípios da Serra da Bodoquena,

apontando e caracterizando os atrativos, empreendimentos, equipamentos turísticos e

potencialidades existentes;

A política municipal em relação ao guia de turismo

Esse período marcado por diversas políticas públicas no setor teve reflexos positivos

em Bonito, em função das precondições já acumuladas nesse território Municipal relativas

ao mesmo, tanto as históricas como culturais.

Em 1995, a Lei Municipal 689/95 tornou obrigatório o acompanhamento de guias

nos passeios turísticos locais, com exceção dos balneários. Pela lei, o guia deveria ser o

agente responsável pela disseminação das informações sobre o ambiente natural dos

atrativos e história local, além de fomentar atitudes conservacionistas entre os turistas, bem

como zelar pela segurança dos mesmos, atuando como fiscais do ambiente, denunciando

possíveis danos.

Foi destinado para a criação da associação dos guias e monitores de turismo, assim

como para a capacitação profissional a ser promovida por ela, 16% da arrecadação da

venda de ingressos para o Balneário Municipal.

Em 2002, pela lei municipal 919/2002, a prefeitura passou a exigir, não só o guia de

turismo com formação específica e especializada em atrativo turístico da região e

devidamente cadastrado na EMBRATUR e Secretaria Municipal de Turismo, como que o

mesmo comprove residir no Município, pelo menos três anos. Essa medida foi para

impedir a atuação no mercado de guias não formados nos cursos locais ou que não

conhecem o nível de exigência coletiva a respeito dele.

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Lei Municipal que criou o COMTUR e o FUTUR

Ainda em 1995, a estruturação da atividade o turística foi complementada pela

aprovação da Lei Municipal 695/95 e a 914/2002, que instituiu o Conselho Municipal de

Turismo (COMTUR), como um órgão deliberativo, consultivo e de assessoramento,

responsável pela conjunção entre o Poder Público e a sociedade civil. Estabeleceu como

missão: Fomentar e normatizar a atividade turística no município de Bonito, de

forma integrada e sustentável,visando o desenvolvimento econômico e social de toda a comunidade, através da excelência na qualidade dos serviços.

O COMTUR passou a ser integrado por 04 representantes do Executivo municipal e

06 (posteriormente 08) representantes do trade turístico local.

Os Conselheiros representam as associações de classe: (Associação Comercial,

Associação dos Transportes, Associação Bonitense de Hotelaria, Associação de Agências

de Turismo, Associação de Guias de Turismo, Associação dos Atrativos Turísticos,

Associação de Operadores de Bote, Sindicato Rural), o executivo Municipal (Vice-

prefeito, Assessor Jurídico, Secretário de Turismo Indústria e Comércio), o legislativo

(representante da Câmara de Vereadores), além de representantes de dois órgãos federais

(IBAMA e IPHAN). Ainda em 1995, foi criado o decreto 0033/95 criando o regimento

interno do COMTUR.

Simultaneamente, foi instituído o Fundo Municipal de Turismo (FUTUR),

vinculado à Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, esta também

criada em 1995.

Passaram a constituir receitas do COMTUR, os preços de cessão de espaços públicos

para eventos de cunho turístico e de negócios, a venda de publicações turísticas editadas

pelo Poder Público, a participação na renda de filmes e vídeos de propaganda turística do

município, créditos orçamentários ou especiais que lhe sejam destinados, recursos de

convênios, operações de crédito e rendimentos de aplicação, entre outras.

Normatização municipal do voucher-único

Ainda em 1995, foi estabelecida a Resolução Normativa 1/95 da Prefeitura

Municipal que regulamentou o “voucher único”, principal instrumento do ordenamento da

atividade turística em Bonito, mais tarde transformado na lei 043/2001.

O voucher é um termo inglês utilizado internacionalmente pelos prestadores de

serviço ao turista e que se refere a um documento emitido ao cliente sob a forma de um

contrato da prestação dos serviços a serem oferecidos em acordo com a solicitação do

cliente (VIEIRA, 2003). Enfim, nele se lista os serviços adquiridos pelo turista.

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A definição de capacidade de carga e exigência da presença do guia de turismo para

cada passeio destinado a diferentes atrativos, inclusive para as grutas de responsabilidade

do Município, implicava em articulação entre estes cinco atores envolvidos na venda dos

passeios e, portanto o contrato de serviço abrangia a todos: agenciador do passeio, guia de

turismo, Prefeitura, dono do atrativo na fazenda e o turista.

Inicialmente, o voucher destinava-se apenas a um acerto entre o dono da agência e o

turista. Os outros agentes envolvidos faziam anotações em cadernetas pessoais sobre o

número de turistas atendidos e no momento do acerto de contas, nem sempre o montante

apresentado coincidia entre os integrantes dessa rede de serviços, causando transtornos.

Desse modo, a idéia de se criar um voucher único como instrumento de compromisso

padronizado e transparente para os diferentes agentes da venda do passeio, partiu de um

deles e foi facilmente aceito por todos e normatizado pela Prefeitura, conforme solicitação

dos mesmos. Para o Município, a grande vantagem passou a ser em relação ao

recolhimento do imposto sobre os serviços e ao mesmo tempo, a possibilidade de manter

informações estatísticas sempre atualizadas a respeito da entrada do turista.

O talão do voucher-único, feito em cinco vias (uma para cada agente e outra para o

turista), passou a ser confeccionado na Prefeitura e requisitado semanalmente pela agência

de turismo, condicionando o acerto de contas e inclusive do pagamento de impostos em

tempo semanal, o que de fato não chega a acontecer. Além do desconto do ISSQN, o

percentual de participação dos agentes sobre o valor do passeio, depende da decisão de

cada dono de atrativo.

Os blocos numerados permitem o controle da Prefeitura sobre a ação das agências de

viagem e, mediante alguma inconformidade às resoluções do COMTUR ou da

regulamentação fiscal, a agência pode deixar de receber um novo bloco de Voucher e fica,

na prática, impedida de operar, como forma de sanção.

A compra do(s) passeio(s) solicitado(s) pelo cliente passou a ser feito diretamente na

agência de turismo local, que atua mediante consulta às centrais de venda da Prefeitura e

dos atrativos, bloqueando vagas até se atingir a capacidade de suporte definida por passeio

e é a agência quem preenche e distribui as guias do voucher e quem também determina o

guia de turismo para acompanhar o turista ou um grupo. A Associação dos Guias de

Turismo encarrega-se de distribuir esses profissionais para o atendimento das agências.

Também tem sido essas que recebem o pagamento do cliente e fazem os acertos com as

outras partes, sendo que cada uma deve recolher a sua cota em ISSQN.

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Na forma de lei, estabelecida em 2002, coube à Secretaria Municipal de Turismo

encaminhar mensalmente à Associação de Guias de Turismo de Bonito, às Agências de

Turismo e aos proprietários de áreas, sítios, atrativos naturais e demais áreas de visitação

turística no Município, a relação completa dos Guias de Turismo cadastrados e aptos ao

exercício da profissão.

O voucher- único tornou obrigatória a compra dos passeios em agências de turismo

localizadas em Bonito, o que dificulta, via de regra, a ingerência de agências e operadoras

externas nesse mercado.

Ação do IBAMA na elaboração do Plano de Manejo das Cavernas

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

criou, em 1997, o “Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV)”

para cuidar do licenciamento das cavernas e da educação ambiental de seus visitantes,

como forma de protegê-las. •

Visando interagir melhor e sensibilizar as comunidades em áreas de maior

concentração de cavernas, o CECAV elegeu 9 delas, entre as quais Bonito, para ali instalar

um escritório local. Nesse sentido, interditou em Bonito, algumas cavernas de visitação,

institucionalizando procedimentos disciplinadores de infra-estrutura do receptivo e limites

de visitação, através de planos de manejo, com aval dos pesquisadores das universidades

regionais. Foi disponibilizado um termo de referência para a elaboração do plano de

manejo, que passou a ser exigido, para fins de operação.

O primeiro projeto implantado em grutas brasileiras com metodologia desenvolvida

pelo CECAV foi executado em parceria com a UFMS, IPHAN, a Secretaria de Meio

Ambiente e Turismo do Estado, e a prefeitura municipal de Bonito, denominado "Plano de

Manejo e Avaliação de Impacto Ambiental de Visitação Turística das grutas do Lago Azul

e a de Nossa Senhora Aparecida”. Esse plano foi o grande vencedor do Prêmio Rodrigo

Melo Franco de Andrade-2002, o mais importante reconhecimento pelos relevantes

serviços de conservação do patrimônio espeleológico brasileiro. Entretanto, por questões

de entraves burocráticos ainda não se obteve o licenciamento de operação dessas grutas,

com tolerância de funcionamento apenas para a Gruta do Lago Azul.

Ação da SEMA-MS no Plano de Manejo dos atrativos locais

A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) de Mato Grosso do Sul , junto com a

Companhia Estadual da Polícia Militar Ambientaldo Estado cuidam respectivamente do

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licenciamento e fiscalização dos projetos turísticos com impacto ambiental. A maior

preocupação desses órgãos públicos ambientais é com a conservação de nascentes e de

matas ciliares.

Os casos de denúncia e agressão ao meio ambiente são tratados judicialmente no

próprio Município, por meio de um representante do Ministério Público. A grande parte

dos inquéritos instaurados nesse órgão tem se relacionado com a aus6encia de

licenciamento dos atrativos e passeios turísticos.

Outras iniciativas compartilhadas de conservação ambiental

Além dessas ações decorrentes de políticas públicas, passaram a coexistir aquelas

ações compartilhadas no local, relacionadas com pesquisa e ações de recuperação e

conservação, suprindo as ações do Estado nesse sentido.

Os próprios atores empresariais locais e mesmo do governo Municipal envolveram-

se com a criação de grupos que se voltaram à recuperação e posterior conservação de áreas

consideradas degradadas, entendendo que seriam prejudiciais ao bom andamento de seu

negócio.

Pode-se citar o caso da Fundação Neotrópica do Brasil, criada em Bonito desde

1993 e que mantém várias parcerias locais e extra-locais em projetos de recuperação e de

desenvolvimento local. Uma dessas ações diz respeito ao “Projeto Formoso Vivo” que

visa a recuperação das Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal, tanto das

propriedades situadas às margens dos rio Formoso, como dos córregos de toda a bacia.

Através dele, praticamente 12 proprietários já estão tentando transformar suas fazendas em

“Reservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPN)”. A mesma ONG envolveu-se

tanto com a criação do Parque Nacional da Serra da Bodoquena (preservação da vegetação

e fauna, como também das nascentes), como com a inclusão das comunidades do entorno

do parque nesse projeto de ecodesenvolvimento. Além desses, ocupa-se de projetos

relacionados com corredores biológicos e de preservação da fauna local.

A Associação Amigos do Mimoso (atual Instituto da Águas da Serra da Bodoquena)

foi criada no município em 2001, por proprietários rurais, empresários, ambientalistas e

comunidade ribeirinha, voltando-se ao reflorestamento de matas ciliares e trabalhos de

educação ambiental na bacia do rio Mimoso.

O chamado “Projecto Vivo”, de iniciativa privada e como empreendimento turístico,

mas com objetivos de educação ambiental em uma das fazendas e funcionando como

atrativo, acabou transbordando para dar origem a uma ONG “Associação Amigos do

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Brazil Bonito” em 2002, divulgando esse trabalho de educação ambiental nas escolas do

Município.

Essas ações permitiram, que após pouco mais de uma década de prática dos serviços

turísticos, ao contrário do que se podia esperar, as áreas naturais em que se situam os

atrativos encontram-se em uma situação de equilíbrio de sua dinâmica, muito maior do que

no início dessas atividades turísticas.

A adesão dos fazendeiros pecuaristas e comerciantes

As lideranças locais, que vinham participando das conversações e decisões da

Prefeitura e parceiros, grande parte, proprietários de terra, passaram a vislumbrar no

turismo uma atividade complementar à pecuária de corte, o que os conduziu a detectar e

estruturar os recursos em potencial dentro de suas fazendas, ampliando o mercado de oferta

de atrativos. Outros, mais atuantes no comércio e serviços urbanos, optaram por investir na

abertura de agências locais, meios de hospedagem, restaurantes, lojas de souvenirs.

O negócio relacionado aos serviços do turismo encontrou resistência junto aos

agricultores, considerados pela sociedade local, como os maiores depredadores do

ambiente natural.

A organização potencializada pela cultura de base local

A prática do ecoturismo, como se pode discutir antes, ao organizar-se no contexto de

zona fronteiriça de proteção militar (cultura da ordem) e antigo palco da Guerra do

Paraguai, nasceu no quadro dos latifúndios de pecuária do Município, cujos proprietários

vêem nela uma forma de economia complementar, num momento de dificuldades no

mercado da carne.

Nesse contexto, a cultura ordenadora herdada do território manifesta-se de forma

espontânea entre os atores envolvidos, em parceria com o poder público, universidades e

outros órgãos de apoio, na busca de soluções locais, dada a situação local periférica e de

interior do Estado, em que as instituições ainda se apresentam relativamente frágeis.

O sucesso inicial na exploração sustentável do ecoturismo dependeu também da

capacidade de grande parte desses empreendedores em se aglutinarem em torno da solução

de problemas comuns, para organizarem e planejarem as atividades com normas próprias,

sem comprometer o ambiente natural.

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1. 5 DESEMPENHO RECENTE DO APL

Desempenho de Bonito

As condições em que ocorreram a origem e trajetória do APL de turismo em Bonito,

favorecidas por ingerências de âmbito externo, tanto no nível nacional como estadual, só

podem ser explicadas quando combinadas com as condições locais que espelham um

conhecimento tácito, fruto da cultura territorial construída ao longo do tempo, efeito da

combinação de vários fatores convergentes, de natureza social, econômica, política e

relacionada ao ambiente natural.

Como se pôde constatar, essa cultura específica relacionada à ordenação das ações e

preservação do ambiente, ao se combinar às potencialidades da natureza acabou sendo a

marca principal da imagem veiculada sobre Bonito, constituindo o motor de seu

dinamismo interno, favorecido por um ambiente institucional direcionado ao turismo e à

conservação ambiental, num mercado de turistas em expansão.

Entre 1993 e até 2002, pode-se afirmar que essa curva de desempenho foi

ascendente, promovendo uma significativa concentração de serviços destinados ao

atendimento dos turistas, ampliando a renda municipal e os postos de trabalho.

Situação do trade de Bonito em 1999

Por meio de uma pesquisa realizada por Barbosa & Zamboni (2000), publicada pelo

IPEA de Brasília, pôde-se verificar o desempenho da economia dos serviços turísticos em

Bonito,em 1999. Segundo esse estudo, durante esse ano, Bonito teria recebido cerca de 250

mil ecoturistas e o trade contava com 133 empresas.

A hotelaria de Bonito teria saltado num período de 6 anos (1993 a 1999) de 300 para

3 mil leitos em 57 meios de hospedagem (cresceu dez vezes) e as agências de turismo de

06 para 26 estabelecimentos (cresceram 4 vezes). Os atrativos também aumentaram para

19 unidades (cresceram cerca de 6 vezes). Em 1999 havia 14 restaurantes e 17 lojas de

artigos para turistas. Os postos de trabalho teriam saltado de 180 para 865 (cresceu mais de

5 vezes).Dentre eles, 56 eram guias de turismo operando no voucher- único.

Bonito, portanto, havia conhecido o fenômeno da concentração de unidades

empresariais de serviços turísticos.

O tipo de empresa do trade que mais tinha atraído investimento em Bonito foram os

hotéis (76%), enquanto que os atrativos representaram apenas 15%. Os 9% restantes foram

investimentos em agências, restaurantes e lojas de artigos para turistas.

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Em 1999, segundo Barbosa & Zamboni (2000), os passeios turísticos eram de três

naturezas: ecoturismo, aventura e lazer. Os passeios relacionados ao ecoturismo (incluiu aí

o turismo rural) atraíram 73% dos vouchers emitidos e 80% do total arrecadado pelos

atrativos. A segunda categoria representou 21% dos vouchers e o terceiro 5,7%.

Situação do trade de Bonito em 2002

De acordo com o inventário realizado sobre o trade de Bonito, pelo Fundo Brasileiro

para a Biodiversidade (FUNBIO) em parceria com o COMTUR, em 2002, essa

concentração foi ampliada, demonstrando que ainda havia um significativo dinamismo.

Após 3 anos, os atrativos (chamados aqui de sítios turísticos) tinham demonstrado

um aumento de 63% (31 empreendimentos)18 e os passeios de flutuação eram os que

haviam mais se profissionalizado e inovado, especialmente com a introdução de

equipamentos especiais de apoio e as roupas de neoprene.

Nesse período, os restaurantes foram os que mais cresceram, triplicando em relação

a 1999, com 43 unidades.

Os meios de hospedagem (hotéis e pousadas) e as lojas de artigos para turistas (ou

artesanato) cresceram mais um terço do total de 1999, totalizando respectivamente 77

unidades e 4.188 leitos e 23 lojas. Em 2002, foi detectada um crescimento do alojamento

na modalidade de camping, tendo sido registrada a presença de 09 unidades de camping

para abrigar 995 pessoas (MPE/FUNBIO, 2002).

O crescimento das agências de turismo foi mais tímido, saltando de 26 para 29

unidades.

No inventário MPE/FUNBIO (2002) detectou-se ainda 21 empreendimentos de

transporte com 99 unidades da frota e 77 guias de turismo19, o que se leva a crer que sejam

voltados muito mais ao traslado interno.

Dados apontados nessa etapa pela CODEMS/ EMBRATUR em 2000, a fonte de

origem mais significativa dos turistas para o APL de turismo da Serra da Bodoquena no

ano de 2000 era nacional (81%) e desse total, 43% vinham da própria região. E de fora do

Estado, São Paulo e Rio Grande do Sul eram líderes, enquanto que entre os turistas

estrangeiros, metade deles era europeu (Gráficos 02).

18 Desse total 04 atrativos, embora organizados e vendidos por Bonito, pertenciam aos dois outros Municípios do APL. 19 Pelas informações dadas, esse foi o número de guias que compareceram à entrevista, podendo haver mais deles.

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De acordo com as pesquisas da CODEMS/EMBRATUR, praticamente a metade

(47%) do fluxo de turistas que vinham a Bonito era de famílias, 23% chegavam em grupo e

15% em excursão. Somente 15% deles vinham sozinhos.

Situação do trade de Bonito em 2006

No momento da presente pesquisa, a situação foi percebida pelos atores locais como

de baixo dinamismo, em termos de fluxo turístico, embora esse dado não tenha sido obtido

em nenhuma fonte oficial ou científica, para fins de melhor apreciação.

O segmento que mais se ressentiu parece ter sido o dos atrativos, sendo detectado o

fechamento de alguns deles, passando para 23 empreendimentos.20 É preciso lembrar que

na estatística de alguns pesquisadores, os passeios que surgiram como diversificação de

alguns empreendimentos, foram considerados como um novo empreendimento, fato que

dificulta um pouco essa constatação21. Verificou-se uma tentativa de inovação em direção

20 Como foi demonstrado no texto anterior referente ao ano de 2002, estão incluídos neste total 04 empreendimentos que apresentam seus escritórios de venda e participam do voucher-único em Bonito, embora a localização dos mesmos seja em Jardim (03 deles) e Bodoquena (01 atrativo), o que leva a identificar 35 empreendimentos com atrativos localizados em Bonito. 21 É o caso dos passeios de quadriciclo e ou operadoras de bote, incorporados a empresas já existentes, sem ganhar um novo formato jurídico.

Origem dos turistas internacionais

América Norte10%

Outros25%

América Sul

15%

Europa50%

Gráfico 02 Origem dos turistas para o APL de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena

Origem Nacional dos turistas

SP26%

GO1%

DF1%

SC 3%

RJ 4%

PR11%

MT 4%

PA 3%

MS47%

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ao turismo de aventura, inclusive com o esforço coletivo de certificação nesse tipo de

atividade, com o apoio do Ministério do Turismo.

Continuou ampliando o número de agências, passando de 29 para 38 (31%) e a

inovação mais passível de observação no desempenho desse segmento deu-se com relação

à nova modalidade de atuação. Desse total 12 agências, praticamente um terço delas,

acumulou à anterior função de receptivas a função de agências emissivas, o que significa

poder operar na aquisição de passagens fora de Bonito, visando a captação de turistas,

função antes delegada às operadoras externas.

O número de bares e restaurantes não ampliou muito nesse período. O acréscimo foi

de apenas 4 unidades (10%). Desse total (47), apenas 27 atuam exclusivamente nessa

função. Os outros 20 são vinculados a estabelecimentos de turismo, como hotéis, pousadas

e atrativos.

As lojas de artigos para turistas, a exemplo dos bares e restaurantes, também teve um

acréscimo menor em relação ao dinamismo anterior. Surgiram apenas 4 novos

empreendimentos. Entretanto, verificou-se visível melhoria na apresentação das fachadas e

interiores das mesmas.

O segmento do trade que demonstrou redução na oferta de serviço foi o hoteleiro,

passando de 77 para 63 unidades e de 4.188 para 3.694 leitos22. Observou-se que a redução

deu-se em relação às pousadas e que entre as unidades atuantes, uma parte demonstra estar

ampliando as instalações para ampliar o número de leitos. Em contrapartida, cresceu o

número de camping de 9 para 12 unidades e sua capacidade de 995 para 1605 pessoas

(mais de uma vez e meia), o que pode denotar alterações na natureza e finalidade do fluxo

turístico atual.

Transbordamento do modelo para os outros municípios do APL

Os Municípios de Jardim e Bodoquena vêm sendo alvos recentes do transbordamento

do modelo e dinamismo das atividades relacionadas ao turismo de Bonito, inclusive com

alguns de seus recursos naturais explorados como atrativos diretamente por

empreendedores de Bonito.

O Arranjo Produtivo Local do Turismo de Bonito/ Serra da Bodoquena passou a

abranger os três Municípios, embora cerca de 70% dos fluxos de turistas ainda têm como

22 Não estão incluídos aqui os hotéis-fazenda (pesqueiros) de Bonito localizados junto ao rio Miranda e fora da Serra da Bodoquena, que apresentam outro modelo de oferta de serviços e de demanda turística.

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destino o Município de Bonito (PRODETUR-SUL, 2005). Sua infra-estrutura turística está

concentrada no município de Bonito. De acordo com os dados da Fundação de Turismo de

Mato Grosso do Sul (FUNDTUR), em 2000, o APL já era alvo de 19% do fluxo turistas

que vinham para Mato Grosso do Sul (Gráfico 03).

De acordo com os dados coletados, o APL conta com 652 atores econômicos

(empresas e autônomos) que atuam com o apoio de ???? organizações públicas e privadas.

Levando em conta os dados obtidos pela FUNDTUR sobre os gastos médios do

turista/dia e sobre o fluxo de turistas que atingem o APL, seu faturamento anual oscila em

torno de 27 a 31 milhões de reais.

No caso de Bonito, mesmo que o setor primário (agricultura e pecuária) supere o

faturamento em relação ao do trade turístico, seu impacto na economia local é bem menor

do que o das atividades turísticas. Além da pecuária de corte e as culturas agrícolas (soja,

milho e arroz), não ocuparem muita mão-de-obra, dependem de insumos provenientes, em

grande parte, de fora do APL.

Por outro lado, o setor agropecuário vem perdendo dinamismo, principalmente diante

dos problemas da febre aftosa que atingiu o gado de fronteira, favorecendo a migração para

as áreas urbanas. E nesse caso, como podem atestar as taxas de urbanização e o aumento

dos postos de trabalho nos serviços de oferta turística, avalia-se que estes têm servido de

foco de atração desse fluxo, como nova fonte de emprego.

Gráfico 03 Fluxo de Turistas em Mato Grosso do Sul por Regiões Fonte: CODEMS /EMBRATUR, 2000

Fluxo de turistas para o Mato Grosso do Sul

por regiões - 2000

SERRA DA BODOQUENA

19%

CAMPO GRANDE23%

PANTANAL21%

OUTRAS37%

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Macro-Programas previstos que atingem o APL

Prodetur-Sul

Essa concentração urbana e os fluxos de turistas já demonstram indícios do

comprometimento das condições sanitárias e habitacionais das três cidades, diante do

aumento da poluição por esgotos domésticos e a degradação ambiental e da qualidade de

vida. Esse constitui um dos motivos desse APL ter sido incluído como área prioritária de

Mato Grosso do Sul para ser beneficiada do Programa de Desenvolvimento do Turismo no

Sul do Brasil (PRODETUR SUL), com financiamento previsto pelo BID, que envolve

ainda os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O objetivo do Prodetur-Sul é propiciar o desenvolvimento sustentável da atividade

turística, melhorando a qualidade dos serviços prestados ao turista e possibilitando novos

empregos. O Programa promove o planejamento integrado da atividade turística, a

melhoria da infra-estrutura e o desenvolvimento institucional dos Municípios, tendo em

vista melhor qualidade de vida da população e proteção dos recursos ambientais. As ações

a serem financiadas já foram identificadas por meio da elaboração de um Plano Integrado

de Desenvolvimento Turístico Sustentável (PDITS) que leva em conta um processo

participativo de planejamento, a identificação dos aspectos ambientais onde haja oferta de

serviços turísticos e a correção dos impactos negativos causadas pela presença de turistas.

Programa Pantanal

O desenvolvimento do ecoturismo do APL também está incluído no Programa

Pantanal, cujo objetivo é evitar que ações antrópicas destruam o ecossistema local . Prevê-

se recursos de US$ 200 milhões, embora ainda se tenha dúvida quanto à sua aprovação. O

objetivo do programa é a melhoria da qualidade de vida da população local e o

desenvolvimento de atividades sustentáveis na bacia do Alto Paraguai (BAP).

No componente Unidade de Conservação do referido programa está previsto a

implantação e consolidação da rodovia MS-178, que liga o município de Bonito a

Bodoquena e que consolidaria uma aspiração dos empresários do APL, no sentido da oferta

de roteiros turísticos regionais, incluindo o Pantanal. Na Agenda Marrom do Programa

Pantanal estão previstos ainda investimentos para construção e ampliação da rede de

esgoto dos três municípios (Bodoquena, Bonito e Jardim).

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Projeto GEF Rio Formoso

O projeto apoiado pelo “Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF)”, e viabilizado

pelo Banco Mundial, está sendo coordenado pela Embrapa Solos do Rio de Janeiro e conta

com várias parcerias regionais na execução (Idaterra), iniciado em 2005 e previsto para ser

realizado em 4 anos.

O trabalho visa a conservação da biodiversidade (vegetação, peixes e animais

silvestres) da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso, através do uso sustentável do solo e da

água. Pretende criar alternativas para o desenvolvimento das atividades econômicas do

município (agropecuária e turismo), com a participação ativa da comunidade, sem degradar

o meio ambiente e promovendo sua recuperação. Em função da importância do projeto, o

Banco mundial instalou no início de 2006, um escritório local de acompanhamento.

Áreas Protegidas do APL

A grande fragilidade dos ecossistemas, ao qual já se referiu no início do relatório,

exige maior disciplinamento das atividades destinadas ao turismo, sob pena de degradação

continuada e de levar, inclusive, à destruição dos atrativos e ao desaparecimento dos

ecossistemas nos quais eles se inserem.

Por iniciativa de ONGs locais e apoio de órgãos governamentais o APL passou a

contar com áreas protegidas do ponto de vista institucional, de natureza pública (federal,

estadual e municipal) e privada.

Parque Nacional da Serra da Bodoquena

O Parque Nacional da Serra da Bodoquena, criado em 2000, é a única unidade de

conservação de natureza federal, implantada em Mato Grosso do Sul em 76.481 hectares,

abrangendo os três Municípios e Porto Murtinho, sob a gestão do IBAMA. Seu objetivo é

proteger vegetação de mata que recobre a serra da Bodoquena. O IBAMA já adquiriu parte

11,8% da área, mas por falta do plano de manejo, o parque ainda não foi aberto à visitação

pública.

Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN)

Existem ainda algumas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), em

Bonito e Jardim, em áreas de valor turístico situadas em propriedades rurais.

A RPPN São Geraldo, criada em 2001 no Município de Bonito, em conjunto com o

Parque Nacional da Bodoquena e outras RPPNs existentes na região formam importante

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complexo de Unidades de Conservação. Essa é uma das RPPNs reconhecidas como zonas

núcleo da Reserva da Biosfera do Pantanal. Com 642 hectares, é parte integrante da

Fazenda São Geraldo, com o atrativo do “Rio Sucuri” e seu objetivo é preservar as

nascentes do Rio Sucuri.

A RPPN Fazenda da Barra, criada em 2003, em 88 hectares da referida fazenda junto

ao rio Formoso, no Município de Bonito, é onde se desenvolve o “Projecto Vivo” de

educação ambiental que trabalha com lixo e reciclagem, tendo ações que contemplam todo

município de Bonito. Existe, no interior da área, um programa de uso público, o qual inclui

trilhas de contemplação e educação ambiental que contribuem para a preservação da área.

A RPPN Cabeceira do Prata, de 1.399,9246 hectares, no Município de Jardim, foi

criada em 2001 na fazenda Recanto Ecológico Rio da Prata, para proteção do rio da Prata,

uma das principais atrações turísticas. Essa RPPN também compõe uma das zonas núcleo

da Reserva da Biosfera do Pantanal. Dela faz parte o atrativo “Recanto Ecológico do Rio

da Prata”. As trilhas que levam os turistas para o passeio de flutuação, principal atrativo da

RPPN, também são monitoradas pelos guias, no sentido de orientar os visitantes sobre

como devem se portar dentro de uma unidade de conservação.

A RPPN do Parque Ecológico Rio Formoso, com 27,75 hectares faz parte da fazenda

Trevo.

Sítio Geológico e Paleontológico

A Gruta do Lago Azul, juntamente com a Gruta Nossa Sra. Aparecida, foi tombada

pelo IPHAN em 1978, como sítio geológico e paleontológico, em função do valor

paisagístico e do interesse científico expresso pelo conteúdo mineral e formas atípicas de

seus espeleotemas, conteúdo paleontólogico (megafauna pleistocência) e bioespeleológico.

Monumento Natural

No município de Bonito, encontra-se o Monumento Natural da Gruta do Lago Azul,

criado pelo governo estadual em junho de 2001, visando proteger as grutas Nossa Senhora

Aparecida e Lago Azul, manter o lençol freático na região, proteger a vegetação e espécies

em perigo e ou ameaçadas de extinção.

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2. PERFIL DOS PRINCIPAIS ATORES E ATIVIDADES REALIZADAS

2.1 ATORES ECONÔMICOS DO APL

O APL aglutina um total de 686 atores econômicos (figura 01), sendo que 272, ou

seja, 39,6% constituem os empreendimentos principais de oferta de bens e serviços ao

turista. Mas esses são amparados por 414 outros tipos de empreendimentos ou atividades

de autônomos e que representam 60,4% do total.

Figura 01 Atores Econômicos do APL: principais e complementares

2.1.1 Empreendimentos principais do APL

Os empreendimentos principais do Arranjo Produtivo de Turismo de Bonito/Serra da

Bodoquena envolvem-se com quatro segmentos de bens e serviços oferecidos aos turistas e

totalizam 272 atores (Figura 02): (1) atrativos turísticos locais (15,4%); (2) agenciamento

receptivo e emissivo (15,8%); (3) infra-estrutura de hospedagem, alimentação e comércio

de souvenirs (68%) e (4) captação e apoio a eventos (Quadro 01).

Em p re e n d im e n t o sd e e c o tu ris m o

Em p re e n d im e n t o sd e e c o tu ris m o

P RIN CI P AISP RIN CI P AIS

B a ln e á rio s( la ze r)

B a ln e á rio s( la ze r)Gu ia s de t u ri s m o

M o n i t o re sRe m a do re s

Gu ia s de t u ri s m oM o n i t o re s

Re m a do re s

COM P LEM EN TARE SCOM P LEM EN TARE S

Ag ê n c ia sAg ê n c ia s Ope ra do ra sOpe ra do ra s

B a re s ere s t a u ra n t e s

B a re s ere s t a u ra n t e s

Co m é rc i o de s o u ve n ir

Co m é rc io d e s o u ve n ir M e io s de

h o s p e da g e m

M e io s deh o s pe da g e m

N ú c le o s de Art e s ã o s

N ú c le o s de Art e s ã o s

Tra s la do :c o m ve íc u l o s m a io r po rt eTa xi s t a s e m o t o -t a xi s t a s

Tra s la do :c o m ve íc u lo s m a io r po rt eTa xi s t a s e m o t o -t a xi s t a s

ATRATIVOS

AGE N CIAM E N TO

IN FRA-E S TRU TU RAD E AP OIO D IRETO

Co n ve n t io n &Vis i t o rsB u re a u

Co n ve n t io n &Vis i t o rsB u re a u

Ce n t ro deCo n ve n ç õ e s

de B o n i t o

Ce n t ro deCo n ve n ç õ e s

de B o n i t o AP OIO A EVE N TOS

4 1 4 a to re s 6 8 6 a to re s=2 7 2 a to re s

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Pelo critério utilizado pelo SEBRAE de classificação de porte de empresas por

número de mão-de-obra ocupada, na amostra dessa pesquisa esses empreendimentos

apresentam-se como de micro e pequeno porte, todas formalizadas, sendo que as micro-

empresas são significativamente predominantes, representando 94,2% do total e

respondem por 81,7% da mão de obra ocupada.

Do conjunto desses empreendimentos principais, 96% surgiram a partir da década de

90. Desse total, 46% emergiram na década de 90 e 64% no período de 2000- 2006,fato que

demonstra maior dinamismo nesse segundo período. Existe praticamente uma agência para

cada atrativo e os meios de hospedagem estão no dobro dessa proporcionalidade.

Entre os micro empreendimentos, 91,6 % tem origem no capital local, e 8,4% no

capital nacional. Entre os empreendimentos de pequeno porte, também a predominância é

local, aparecendo capital nacional e mesmo internacional (um caso) na rede hoteleira. No

caso dos micro-empreendimentos, 88% do capital veio dos próprios sócios e no segundo

100%.

111!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~`

``

Figura 02 Empreendimentos Principais do APL

AP OIO A EVEN TOS Ce n t ro d e Co n ve n ç õ e s

Co n ve n ti o n &Vis i to rs B u re a u

IN FRA-ES TRU TURA TU RÍS TICA

M e io s d e h o s p e d a g e m B a re s e re s t a u ra n t e s

Lo ja s d e s o u ve n i r

AGEN CIAM EN TO RECEP TIVO E EM IS S IVO Ag ê n c i a s e o p e ra d o ra s

ATRATIVOS d e la z e r e e c o tu ris m o

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Quadro 01 Empreendimentos principais do APL - 2006

Fonte: COMTUR, 2006, ATRATUR, 2006, FUNBIO-MPE, 2002, SEBRAE-MS, 2005.

Nas empresas de pequeno porte predominam os contratos formais na vinculação com

a mão-de-obra (89,6%), enquanto que nos micro-empreendimentos esse índice cai

sensivelmente para 54,4%. A participação dos sócios-proprietários é bem mais

significativa na condução das atividades das micro-empresas (16, 1%), além de se contar

ATORES ECONÔMICOS (oferta de bens e serviços)

Bonito

Jardim

Bodo-quena

TOTAL

1- NA OFERTA DOS ATRATIVOS Atrativos Ecoturísticos (empreendimentos) 19 03 05 27 Balneários (lazer recreativo) 05 05 05 15 Sub-total 24 08 10 42 2-NA OFERTA DO AGENCIAMENTO RECEPTIVO E EMISSIVO

Operadoras 12 - - 12 2.1 Agenciamento Agências 26 05 - 31

Sub-total 38 05 00 43 3- NA OFERTA DE INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA

Hotéis 17 09 04 30

Hotéis-pousadas 08 - 01 09

Hotéis-fazenda 04 - 02 06

Esta

bele

c.

Hot

elei

ros

Pousadas 33 - 03 36

Albergue 01 - - 01

Camping 12 - - 12 3.1

Hos

peda

gem

Out

ros

SUB-TOTAL 75 09 10 94 Restaurantes 13 04 03 20 Pizzarias

03 - 03 06

Rest

aura

ntes

es

tabe

leci

- m

ento

s de

be

bida

s

Estabelecim. de Bebidas (bares)

03 - 03 06

Lanchonetes 05 02 - 07 Outros 03 14 04 21 3.

2 Re

stau

rant

es e

O

utro

s es

tabe

l.

Lanc

hon

etes

SUB-TOTAL 27 20 13 60

Lojas de souvenir

27

03

01

31

3.3

Com

érci

o pa

ra

Turis

tas

SUB-TOTAL 27 03 01 31 SUB-TOTAL 129 32 24 185 4- NA CAPTAÇÃO E APOIO A EVENTOS 4.1 Centro de Convenções 01 - - 01 4.2 Convention & Visitors Bureau 01 - - 01 SUB-TOTAL 02 - - 02 TOTAL GERAL 93 45 34 272

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com o trabalho de membros da família (9,6%). Também contratam terceiros para trabalhos

eventuais e terceirizados (15,4%), e alguns estagiários (4,4%).

Entretanto, as micro-empresas trabalham com pessoal mais escolarizado que a de

porte médio. Nessa, 65% da mão-de-obra apresenta o ensino fundamental incompleto e

apenas 8,1% detém o diploma do ensino superior. Na micro-empresa, embora exista 3% de

analfabetos contratados, apenas 27,4% tem ensino fundamental incompleto. E ela conta

com índice maior de mão-de-obra de nível superior (21%), incluídos aí mesmo indivíduos

com pós-graduação. Já o pessoal de ensino médio é admitido na mesma proporção na

micro e pequena empresa (em torno de 22 a 25%) do total da mão-de-obra.

No caso dos sócio-fundadores das empresa de pequeno porte, todos eles apresentam

escolaridade de nível superior. Já nas micro-empresas, aparecem vários níveis de

escolaridade, mas com predomínio do ensino médio completo e superior (65,3%).

Empreendimentos na oferta dos atrativos

O primeiro segmento de atividades turísticas constitui-se de 53 “atrativos”

organizados como empreendimentos. Desse total, 48 deles (89%) estão organizados como

empresas privadas nas propriedades dos pecuaristas23. Entre os outros, estão 3 balneários24

e a Gruta do Lago Azul sob responsabilidade dos Municípios, a Ilha do Padre sob os

cuidados do Estado e o Parque Nacional da Serra da Bodoquena sob responsabilidade

federal (IBAMA).

O Município de Bonito concentra na área municipal 66% dos atrativos e empreende

diretamente mais 7,5% de atrativos dos Municípios vizinhos, o que lhe garante um trabalho

direto com 73,5% dos atrativos do APL.

Essa variedade de atrativos possibilita preços muito variados de passeios, podendo

atender a diferentes camadas de renda. O valor oscila entre dez e cem reais, chegando a

existir alguns passeios que atingem até mesmo quatrocentos e oitenta reais.

Podem-se distinguir dois tipos básicos de atrativos como empreendimentos: os

dedicados ao lazer e os voltados para a prática de atividades turísticas.

23 Foram registrados apenas 02 casos em que o proprietário da terra não é pecuarista e vive apenas do empreendimento turístico. 24 Cada um dos 3 Municípios contam com balneário municipal e que também são explorados como área de lazer e pelos quais paga-se o ingresso.

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53

Atrativos dedicados ao lazer: balneários

Nesse caso estão incluídos os 15 balneários que representam 28% do total de

atrativos. Estão bem distribuídos entre os três Municípios e são os que mais atraem a

população local, sendo que cada um dos três Municípios conta com um balneário público

(Quadro 02).

Quadro 02 Balneários do APL de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena -2006

Fonte:

Os balneários apresentam como atividades de lazer a natação, flutuação e mergulho

nos rios e banhos em rios e cachoeiras, complementadas por atividades esportivas e em

alguns casos trilhas. Via de regra é dotada de um receptivo com banheiros, vestiários,

redário e restaurantes e infra-estrutura para esportes. Também é comum apresentarem

espaço para camping e somente num caso, existem chalés (Quadro 03).

Muni-cípio

OR- DEM

NOME FANTASIA

LOCALIZAÇÃO NO AMBIENTE NATURAL

PROPRIEDADE EM QUE SE LOCALIZA O EMPREENDIMENTO

01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL

02 BALNEÁRIO MUNICIPAL Rio Formoso Área da Prefeitura Municipal

03 BALNEÁRIO TARUMÃ Rio Anhumas Fazenda Lomba

04 PRAIA DA FIGUEIRA

Rio Formoso – Empreend. Privado na área do Hotel Zagaia

BO

NIT

O

05 ILHA DO PADRE Rio Formoso Área desapropriada pelo Estado

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA

Rio da Prata Área da Prefeitura Municipal

02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Rio da Prata Estância Águas do Prata

03 BALNEÁRIO DO ASSIS Rio da Prata ?????

04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Rio da Prata Fazenda Santuário do Prata

JARD

IM

05 BALNEÁRIO VERANO Rio da Prata Fazenda Verano

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA

Rio Betione (Gruta Califórnia)

Prefeitura Municipal – em estruturação

02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)

Rio Betione Fazenda ??

03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL Rio Betione Fazenda???

04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)

Rio Betione ?????

BO

DO

QU

EN

A

05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)

Rio Betione Fazenda Perseverança

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54

Quadro 03 Atividades desenvolvidas nos balneários do APL- 2006

Atrativos organizados para a prática do ecoturismo

Os atrativos organizados para a prática do ecoturismo, esse entendido como uma

atividade de turismo que segue os critérios e princípios básicos de desenvolvimento

sustentável (Funbio, 2006).

Desde 1994, quando se criou as “Diretrizes para a Política do Programa Nacional de

Ecoturismo”, o ecoturismo foi assim definido no documento:

"um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o

patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas." (Ministério do Turismo, 1994)

Os atrativos para ecoturistas constituem os empreendimentos numericamente

predominantes no APL (64% do total), e os mais vulneráveis à sazonalidade (gráfico 04).

Muni-cípio

OR- DEM

NOME FANTASIA

ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO

01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL

Natação, cachoeiras Lanchonete, redário, sanitários, trampolim, quadras de vôlei e futebol de areia, churrasqueira

02

BALNEÁRIO MUNICIPAL

Natação e lazer Sanitários, quadra de vôlei de areia, lanchonetes e sorveteria

03

BALNEÁRIO TARUMÃ

Piscina natural , trilha , cachoeira, flutuação, natação.

Estacionamento, restaurante, lanchonete e vestiבrios, 02 decks, redário, sanitário , aluguel de equipamentos.

04

PRAIA DA FIGUEIRA

Lazer com natação e mergulho autônomo no lago

Receptivo com bar, vestiários, banheiros e restaurante com comida típica e churrasco

BO

NIT

O

05

ILHA DO PADRE

Cachoeiras, piscinas naturais Cabanas de madeira, churrasqueiras, lanchonete e infra-estrutura para camping

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA

Natação e lazer Receptivo, lanchonete, banheiros, vestiários, churrasqueira.

02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Natação e lazer Receptivo com banheiros, vestiário.

03 BALNEÁRIO DO ASSIS

Trilha, natação, tirolesa e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, quiosques e quadra de areia.

04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA

Trilha interpretativa, natação e lazer Receptivo com sanitários e vestiários. JARD

IM

05 BALNEÁRIO VERANO

Natação e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, restaurante e lanchonete área para camping,, quadra de vôlei

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA

Trilha suspensa, rapel, tirolesa Receptivo em construção

02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)

Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário

03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL

Trilhas , Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário restaurante, piscinas e chalés

04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)

Trilha, grutas (03), natação e lazer Sede da fazenda com pista de pouso, restaurante, banheiros e vestiários B

OD

OQ

UEN

A

05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)

Natação, visita ao casarão e lazer Sede da fazenda com restaurante, banheiros e vetiário.

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55

Do conjunto de balneários e atrativos ecoturísticos, Bonito concentra 57% do total (gráfico

05).

Balneários 36% Atrativos

Ecoturísticos64%

Gráfico 04 Balneários e atrativos no APL

Com exceção da Gruta Lago Azul, os atrativos de ecoturismo estão nas mãos da

iniciativa privada, especialmente dos fazendeiros locais. Nesse caso, se distinguem por

apresentar um maior enraizamento territorial. Constituem os empreendimentos que mais se

apóiam no fornecimento de serviços e bens de empresas como na mão-de-obra local e que

estão mais inseridos na cultura local.

O Município de Bonito apresenta não só a maior concentração de atrativos

destinados ao ecoturismo (70%) dentro do APL (gráfico 05), como se destaca pela maior

organização dos mesmos entre si e da infra-estrutura de apoio. Todos eles fazem uso do

voucher-único para atuar e são integrados à Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito

e região (ATRATUR).

0

5

10

15

20

25

Bonito Jardim Bodoquena

Balneários Atrativos Ecoturísticos

Gráfico 05 Balneários e atrativos ecoturísticos por Município no APL

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56

Os atrativos de ecoturismo organizam diferentes atividades em sua propriedade, cuja

programação constitui o “passeio”. É esse tipo de prática que exige a presença do guia e o

estabelecimento do limite de capacidade de pessoas por grupo.

Na tentativa de superar crises e sasonalidade, têm sido os “passeios” os principais

alvos da inovação e que foram se distinguindo em pelo menos três modalidades de prática

turística: (01) o ecoturismo propriamente dito (modalidade tradicional) e o turismo de

aventura (modalidade que vem sendo mais inovada).

Ecoturismo tradicional e capacidade de carga dos passeios

Os passeios que se identificam com a prática tradicional do ecoturismo no APL

incluem diferentes atividades, com diferentes capacidades de carga para cada grupo: visita

à gruta (8 a 10 pessoas), banho de rio ou cachoeira (12 a 15 pessoas), natação, flutuação ou

mergulho superficial (8 a 10 pessoas), passeio de bote (12 pessoas), trilha de interpretação

ecológica, contemplação da fauna ou flora (12 a 15 pessoas). Como esses passeios ocorrem

dentro das fazendas, alguns deles podem incluir ainda a “cavalgada” (6 a 10 pessoas), uma

prática típica do turismo rural.

O ecoturismo é a modalidade de passeio que ainda atrai a cerca de 2/3 dos visitantes

ao APL (MPE/Funbio, 2002).

Ecoturismo de aventura

Os passeios de aventura constituem-se de atividades baseadas nos esportes de

aventura, mas com caráter recreativo. No APL o turismo de aventura consta de atividades

como o bóia cross (passeio com bóias individuais de borracha por corredeiras), tirolesa25,

arvorismo26, rappel (descer paredes com auxílio de equipamentos), escalada (subir paredes

25 Originada na cidade de Tirol - Áustria, a Tirolesa consiste em um cabo aéreo ancorado horizontalmente entre dois pontos, pelo qual o aventureiro se desloca através de roldanas conectadas por mosquetões a uma cadeirinha de alpinismo.Tal atividade permite ao praticante a emoção de voar por vales contemplando as mais belas paisagens. 26 Travessia de trilhas aéreas montadas sobre as copas das árvores, com apoio de cabos de aço, cordas e outros equipamentos.

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57

verticais), biking (cicloturismo), circuito por meio do quadriciclo, mergulho de

profundidade em rio e em gruta27 autônomo e com apoio de equipamentos.

Trata-se, portanto, de passeios mais radicais, destinados a quem aprecia emoções

fortes, cujo mercado vem se consolidando no Brasil desde 1998, com um mercado

específico, trazendo novo enfoque de ofertas e possibilidades.

A oferta desse serviço exige a orientação de profissionais qualificados para a função,

como também de equipamentos e técnicas que proporcionem, além da prática adequada, a

segurança dos profissionais e dos turistas. Trata-se de uma atividade sujeita a diretrizes,

estratégias, normas, regulamentos, processos de certificação e outros instrumentos que

garantam a segurança do turista.

O Ministério de Turismo criou o projeto de “Normalização e Certificação em

Turismo de Aventura”, em 2003, buscando identificar os aspectos críticos da operação

responsável e segura do turismo de aventura, para o desenvolvimento de um sistema de

normas às diversas atividades dessa modalidade. O Instituto Hospitalidade é a entidade

executora do Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura, uma

iniciativa do Ministério do Turismo.

O IBAMA, desde 2001, também criou dentro do CECAV, o Conselho Especializado

em Mergulho de Cavernas (CEMEC), visando diagnosticar as características e impactos do

espeleo-mergulho, para normalizar e acompanhar essa atividade no Brasil.

Essa atividade suscita novos tipos de fornecedores de equipamentos, como também

seguradoras e outros produtos e atividades associadas. E, diante de suas especificidades,

ela exige, principalmente quanto ao quesito segurança, a necessidade de delimitar sua

abrangência em relação a outros tipos de turismo, tanto para embasar a formulação e

execução de políticas públicas como também para subsidiar os interessados nas

características e questões legais desse tipo de mercado.

O número de empreendimentos que incluem esses tipos de atividade ainda é

relativamente restrito, mas tende à ampliação.

27 O mergulho de gruta havia sido fechado em todo o Brasil pelo CECAV/ IBAMA, desde 2001, restrição exigida para regulamentar as atividades no interior das cavidades naturais, que além de muito arriscadas poderiam causar danos às mesmas. Recentemente, foi editada uma Instrução Normativa (Ibama nº 100/06) com o objetivo de normatizar a atividade e tornar mais dinâmico o processo para liberação de autorizações e o manejo das cavernas. Desse modo, a primeira liberação no Brasil para o espeleo-mergulho foi feita em setembro de 2006 para a caverna “Buraco das Abelhas”, localizada no Município de Jardim, mas explorada por uma agência de turismo de Bonito.

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58

Mudança no modelo de organização na oferta do produto

O turismo de aventura também apresenta especificidades de estruturação que alteram

o modelo de organização local adotado para a prática do ecoturismo tradicional. Essa nova

modalidade de passeio não tem nascido de iniciativa do tradicional fazendeiro que já

trabalha com o ecoturismo. Não raro, ela parte de proprietários de agências, que por

estarem mais conectados ao mercado, mostram-se mais sensíveis a esse tipo de inovação.

Mas também tem ocorrido por iniciativa de donos de hotéis ou de outro serviço correlato.

Em função dessas iniciativas, tem sido comum o turismo de aventura aparecer

apenas como diversificação do negócio original, sem que isso implique na criação de uma

nova empresa. Esses novos serviços são organizados em propriedades de terceiros,

inclusive daqueles que já possuem atrativos, pagando-se percentagem sobre os lucros pelo

uso do ambiente específico (recurso natural de interesse) dentro da fazenda. Pode ocorrer

que a propriedade ou parte dela seja adquirida apenas para a organização do passeio.

Existem modalidades de passeios, como o quadriciclo e o passeio de bote,

estruturados e oferecidos pelas agências, em espaços considerados públicos (leito de

estrada ou de rio) e que, portanto, não exigem aquisição ou aluguel de propriedades de

terceiros.

Agências de turísmo emissivo e receptivo

Os serviços de agenciamento de turismo, originalmente atuando apenas como

receptivos e dependentes de operadoras externas (foto 36), tendem a se transformar em

agenciamento também emissivo (foto 37), transformando-se em operadoras internas. O

APL conta com 43 empreendimentos dessa natureza, sendo que 31% deles já atuam na

forma de operadoras (gráfico 06).

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59

Gráfico 06 Agências e operadoras de turismo no APL -2006

Esse tipo de serviço expandiu-se rapidamente com o dinamismo do fluxo turístico ao

APL, facilitado pelas regras do voucher-único e ainda pelo pouco capital exigido para sua

instalação e operação, de modo que há uma proporção de praticamente uma agência para

cada atrativo.

Portanto, não é de se estranhar que nela operem não só empreendedores locais, como

também vindos de fora e, nem sempre, com experiência ou grau de profissionalismo nesse

segmento de serviços. E nesse sentido, tem sido um dos pontos de vulnerabilidade do APL.

O voucher-único obriga que toda venda de pacotes ou passeios destinados aos

turistas seja realizada diretamente ou mediada pelas agências locais, ao menos no caso de

Bonito. Por garantir a clientela no local e ainda pelo fato da agência ser a porta de entrada

do turista, essa função acaba tendo vantagens em relação às de outros atores locais

Foto 36 Agência YgarapéFoto 37 Operadora de turismo

31%69% agências

operadoras

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60

envolvidos no processo. Uma dessas vantagens é a de receber de antemão o pagamento e

poder operar com ele antes de prestar contas aos outros integrantes do voucher-único.

Como nem sempre são empresas enraizadas na cultura da ordem e compromisso local,

deixam de honrar alguns compromissos de pagamento em relação aos parceiros, podendo

até fechar e ir embora.

Por outro lado, à agência cabe uma série de operações e responsabilidades, tais como

a de inserir o guia do passeio, a locadora do transporte de traslado e se articular com os

atrativos e meios de hospedagem. Ela articula a rede interna de atores e faz circular por ela

a remuneração dada pelo turista aos serviços prestados. Mas é ela quem realiza também a

articulação com as operadoras externas e mesmo agências de turismo regional.

As operadoras, além do receptivo mediam serviços das operadoras externas, como

também podem realizar seus próprios pacotes e os vender diretamente ao cliente,

agenciando seu deslocamento e estadia no lugar.

Esse modelo não tem agradado muito às operadoras externas, porque parte ou todo

seu tipo de serviço pode ser dispensado. E não é ela que faz a regra do jogo e sim o trade

turístico interno.

Infra-estrutura de hospedagem, alimentação e comércio de souvenir

Esse grupo de empreendimentos (Gráfico 07) constitui maioria numérica (68% do

total). A metade ocupa-se em oferecer meios de hospedagem e que por si só corresponde a

três vezes a quantidade de atrativos.

Os hotéis em suas várias categorias (hotel, hotel-pousada e hotel-fazenda) somam 45

empreendimentos (48% do total), as pousadas 38% e o restante (albergue e camping) 14%.

Desse total 80% está em Bonito. Os vários padrões permitem atender diferentes segmentos

de renda e preferência do turista (Fotos 36 a 41).

Foto 40 Pousada Rosa Rosé

Foto 38 Hotel Wetiga

José Marcolino

Foto 39 Pousada Céu de Estrelas

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61

A oferta abundante desse tipo de serviço em um momento considerado de queda de

fluxo (gráfico 07), cria dificuldades para sua manutenção. Como decorrência, os

empreendedores dos meios de hospedagem tendem a diversificar seu negócio, agregando

ao hotel ou pousada funções normalmente destinadas a outros atores do trade (agência,

restaurante, atrativo). Cinco dos hotéis de maior capacidade também optaram por incluir

infra-estrutura que possibilite a realização de eventos.

Gráfico 07 MEIOS DE HOSPEDAGEM NO APL

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Bonito Jardim Bodoquena

CampingAlberguePousadasHotéis-fazendaHotéis-pousadasHotéis

Bares e restaurantes

Essa categoria, em especial os restaurantes, cresceu significativamente no APL

(Gráfico 08), principalmente pela iniciativa dos hotéis de Bonito em oferecer refeições

(Fotos 44 a 51). Em parte, esse é um dos motivos alegados pelos donos de restaurantes

autônomos em se estruturar na oferta de uma gastronomia local, fato que se soma à

Foto 41 Pousada Remanso Foto 43 Pousada bar Balneário do Betione

Foto 42 Hotel Zagaia

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62

irregularidade e sazonalidade do fluxo de turistas. Com efeito, os pratos exibidos como

integrante da gastronomia local é feito por um número muito reduzido de restaurantes.

Gráfico 08 Bares restaurantes e similares no APL

0

5

10

15

20

25

30

Bonito Jardim Bodoquena

Outros

Lanchonetes

Bares

Pizzarias

Restaurantes

Bonito detém 45% dessa infra-estrutura no APL e Jardim 33% .

Foto 44 Restaurante em Bonito Foto 45 Restaurante Taboa - Bonito

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63

Lojas de souvenir

As lojas de souvenir estão concentradas em Bonito e se apóiam principalmente

em artesanato e camiseteria com motivos ecológicos (Fotos 52 a 56).

Foto 49 Restaurante Santa Esmeralda -Bonito

Foto 46 O casarão -Bonito

Foto 50 Lanchonete em Bonito Foto 51 Restaurante em Bodoquena

Foto 48 Restaurante Pantanal –Bonito

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64

Foto 52 Lojas de artesanato em Bonito

Foto 53 Interior de uma loja de souvenir Foto 54 Feito à Mão – Artesanato

Foto 55 Loja de Confecções para Turistas - Bonito Foto 56 Artigos em camiseteria - Bonito

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65

Captação de Apoio a eventos

O Município de Bonito passou a contar, a partir de 2006, com dois empreendimentos

inter-relacionados que atuam na captação e apoio a eventos e, para esse fim, promovem

Bonito como território turístico: o Bonito Convention & Visitors Bureau e o Centro de

Convenções de Bonito.

Foi iniciativa dos mesmos empresários, vindos de Curitiba, mas com raízes no local e

que trazem experiência profissional nesse segmento.

Bonito Convention & Visitors Bureau (BCVB)

O BCVB integra-se az parte da International Association of Convention & Visitors

(IACVB) Bureaux, organização internacional que nasceu em Detroit, EUA, em 1915 e que

tem como filosofia o protagonismo da comunidade empresarial local na promoção e apoio

a eventos que possam atrair turistas e dinamizar o local, mesmo sem o Estado. Cada

unidade dessa organização tem autonomia para agir. Ela atua com empresas parceiras que a

integram por adesão, entregando mensalmente uma contribuição.

O escritório do Bonito Convention & Visitors Bureau foi inaugurado em 2006 como

uma associação privada e sem fins lucrativos que reúne empresas, organizações e

profissionais do turismo do Município e região, promovendo a imagem desse território

turístico e lucros para os associados. O objetivo é captar eventos, congressos e feiras de

âmbito regional, nacional e internacional, baseados na logística de atendimento local e em

acordo com sua capacidade de carga, participando de feiras, eventos e congressos.

Também se propõe prestar assessoria técnica às entidades ou empresas promotoras de

eventos no estudo de viabilização e nos projetos de realização de eventos em Bonito. A

meta é promover o desenvolvimento sustentável do turismo local e regional.

A organização ainda se encontra em fase da procura de adesões e já conta com os

seguintes associados: 8 agências de turismo, 17 atrativos, 05 restaurantes, 20 hotéis e

pousadas, a Instituição de Ensino Superior FUNLEC Instituição de Ensino Superior

(FUNLEC) e 05 empresas comerciais (03 delas voltadas à oferta de souvenirs). O primeiro

grande evento já realizado entre 17 e 22 de setembro de 2006 foi o Fertbio, tendo sido

aguardado cerca de 1.500 pessoas.

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66

Centro de Convenções de Bonito

O Centro de Convenções de Bonito é um empreendimento que oferece o espaço de

apoio para eventos e embora, empresa independente, está vinculado ao Bonito Convention

& Visitors Bureau.

Sua arquitetura foi pensada, de forma a integrar essa área construída à natureza,

valorizando a cultura e flora regional. Sua estrutura conta com recursos tecnológicos já

avançados na área de eventos, como cabeamento estruturado, provedor de internet próprio,

internet sem fio, projetores multimídia de última geração, voz sobre IP (VoIP), entre outros

(Figura 01). Na área construída, apresenta estacionamento amplo, uma recepção coberta

com 380 m2 de área livre (fotos 57 e 58), auditório com 872 assentos (fotos 59), dois

auditórios como 272 assentos (fotos 61 e 62), os três com paredes divisórias retráteis que

podem duplicar esses ambientes, além de 2 salas multi-uso (40 assentos cada), espaço para

feiras e coffee break de dois pavimentos (foto 60) e ambulatório, com passarela coberta

para circulação entre os blocos (Fotos 63 e 64).

Centro de Convenções de Bonito

Foto 58 Recepção do Centro de Convenções – ambiente interno.

Foto 57 Recepção do Centro de Convenções –frente externa

Figura 01 Croquis do projeto do Centro de Convenções de Bonito

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67

.

2.1.2 Atores econômicos na oferta de bens e serviços complementares

Foto 62 Auditório menor –vista interna

Foto 63 Passarela de circulação interna

Foto 61 Auditório menor –vista externa

Foto 60 Espaço para exposições Foto 59 Auditório maior

Foto 64 Detalhe do teto em sapé da passarela

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68

Os atores econômicos que atuam na oferta de bens e serviços complementares aos

empreendimentos turísticos do APL podem aparecer sob forma de empresa privada ou de

autônomo (Quadro 04).

Quadro 04 Atores econômicos na oferta de bens e serviços complementares -2006

Fonte : Ministério do Turismo, 2006 ( guias) Prefeitura Municipal de Bodoquena, 2005 (monitores ambientais) MPE/ Funbio, 2002 (remadores) SEBRAE-MS/Geor APL Artesato, 2006 (núcleos de artesãos) Prefeitura Municipal de Bonito- ISSQN, 2006 (transportadores) Taxistas e moto-taxistas de Jardim (por telefone)

Serviços complementares aos passeios de ecoturismo

Os passeios turísticos, tanto por exigência do voucher-único, como pelo nível de

profissionalismo alcançado e mesmo exigido (caso do turismo de aventura) implicam na

contratação de serviços de acompanhamento, instrução e orientação do turista na realização

do passeio e que totalizam 174 profissionais no APL, constituídos pelos: guias de turismo,

instrutores e monitores ambientais, operadores de bote, remadores.

Guias de turismo

Os guias de turismo têm presença mais significativa (64 %) entre esses profissionais

requisitados. No caso de Bonito, por força de lei Municipal, constituem acompanhamento

ATORES ECONÔMICOS (empresas correlatas, autônomos e outros)

Bonito

Jardim

Bodo-quena

TOTAL

1- NO APOIO AOS PASSEIOS ECOTURÍSTICOS 1.1 Guias de turismo 96 16 - 112 1.2 Instrutores e Monitores ambientais 21 - 32 32 1.3 Remadores 20 - 20 Sub-total 137 16 32 164 2- NA OFERTA DO SERVIÇO DE TRASLADO ÀS AGENCIAS DE TURISMO 2.1 Locação de veículos de maior porte 59 04 02 65 2.2 Táxi 31 35 08 74 2.3 Moto-táxi 45 50 08 103 2.4 Cooperativa de transportes 01 01 - 02 Sub-total 136 90 18 244 3- NO APOIO AO COMÉRCIO DE SOUVENIR 3.1 Núcleos de artesãos 01 03 02 06 SUB-TOTAL 01 03 02 06 TOTAL GERAL 414

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69

obrigatório ao turista ou ao grupo de turistas, mas apenas nos passeios de ecoturismo. Os

balneários estão isentos dessa exigência e o turismo de aventura exige instrutor habilitado

para cada modalidade.

É exigida do guia a formação específica e especializado em atrativo turístico da

região, seu cadastramento na Empresa Brasileira de Turismo - EMBRATUR e na

Secretaria Municipal de Turismo e comprovação de residência no local de pelo menos três

anos.

A Secretaria Municipal de Turismo fica encarregada de enviar mensalmente à

Associação de Guias de Turismo de Bonito, às Agências de Turismo e aos proprietários de

áreas de visitação turística no Município, a relação completa dos Guias de Turismo

cadastrados e aptos ao exercício da profissão.

Instrutores, Monitores ambientais e Remadores

Essa constitui a segunda categoria de profissionais de acompanhamento dos turistas

nos passeios (36%) em quantidade. Esses profissionais aparecem para orientar e instruir

turistas naqueles tipos de passeios que exigem habilidades ou treinamentos específicos e

seu acompanhamento tem como objetivo garantir a segurança do visitante. São mais

freqüentes em práticas do turismo de aventura, como por exemplo: passeio de Bote,

quadriciclo, rappel, arvorismo, mergulho e outros.

O monitor ambiental, no caso de trabalhar em Jardim e de Bodoquena, fora da

regulação do voucher-único, pode operar como guia de turismo, desde que credenciado

para esse fim.

Gráfico 08 Profissionais de apoio aos passeios de ecoturismo

0

20

40

60

80

100

120

140

Bonito Jardim Bodoquena

Remadores

Instrutores e MonitoresambientaisGuias de turismo

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Empreendimentos e autônomos no serviço de traslado

O traslado é um serviço requisitado pelas agências e seu objetivo, no caso de Bonito

é deslocar o turista ou grupo de turistas do hotel ou agência ao atrativo e vice-versa. No

caso de Bonito, esse serviço está atrelado às agências envolvidas com o voucher-único,

mas nos outros Municípios, esse serviço funciona de forma mais independente da agência.

O prestador de serviço de traslado pode atuar como autônomo ou como empresa

individual, e em menor número, como empresa com mais de um proprietário e coligada a

empreendimento externo. A empresa contratante recolhe menores tributos quando o

contratado atua por meio de uma empresa com formato jurídico, fato que explica a

existência desse segmento de empresas individuais.

Em Bonito, opera a Cooperativa Prestadora de Serviços Turísticos, Agências de

Viagens e Turismo de Bonito (COOPERBON) da qual grande parte desses profissionais ou

empresas individuais faz parte. Ela se transformou num mediador importante entre o

locador de transporte e a agência.

Outra diferenciação entre esses prestadores de serviço está no tipo de veículo

utilizado. Nesse aspecto podem-se distinguir três modalidades de locadoras de transporte: a

que opera com veículos de maior porte (ônibus, micro-ônibus, van, sprinter e similares);

os taxistas e moto-taxistas.

O transporte de traslado ao atrativo tornou-se um dos gargalos na oferta do passeio,

em função, principalmente da distância e condições pouco favoráveis das vias de acesso

aos atrativos. Os custos com desgaste e vida útil do veículo dificultam a obtenção de

lucros, motivo pelo qual esse empreendimento tem sido relegado a terceiros.

Por outro lado, essa dificuldade transformou-se em possibilidade aberta de trabalho

para várias famílias que têm ou adquirem o veículo. Mas os altos custos de manutenção do

serviço incidem no preço, onerando muito o bolso do turista, quando é somado ao valor do

passeio.

Nesse sentido, o veículo maior tem sido preferido pelas agências, especialmente

quando aparecem grupos, ou então como forma de compartilhamento do uso entre

agências. Para o turista solitário, a moto-taxi acaba se transformando em opção de

deslocamento de valor bem mais baixo, mesmo que menos confortável e que pode

proporcionar sensação de aventura.

Desse modo, pode-se compreender porque em Bonito, onde esse serviço de traslado

ao passeio é complementar ao trabalho da agência, as locadoras de veículos de maior porte

e o moto-táxi são mais freqüentes que o táxi-comum.

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Como se pode apreciar no gráfico 04, em Bonito os empreendimentos voltados à

locação de veículos de maior porte representa 43,4% do total municipal, seguido pelos

moto-taxistas (22,7%). Pela pesquisa MPE/FUNBIO (2002), em Bonito já havia 12

prestadores de serviço de traslado ao turista, que se utilizavam do ônibus (foto 59), e de

forma bem mais rara, o ônibus tracionado por outro veículo (foto 60) .

Já em Jardim, os moto-taxistas representam mais da metade dos envolvidos (55,5%)

e as locadoras de veículos maiores são pouco expressivas. Em Bodoquena, essa última

modalidade quase não aparece, mas taxistas e moto-taxistas praticamente se equilibram em

quantidade (gráfico 06).

Gráfico 06 Serviços de Transporte de traslado no APL-2006

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Bonito Jardim Bodoquena

Moto-táxi

Táxi

Locação de veículos demaior porte

Foto 59 Ônibus de traslado em Bonito Foto 60 Ônibus de traslado tracionado - Bonito

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Núcleos de artesão no apoio ao comércio de souvenir

Além da cerâmica Kadwéu, o comércio de souvenir ampara-se no material produzido

pelos seis núcleos de artesanato do APL.

Esses núcleos de artesãos que aparecem distribuídos nos três Municípios, em sua

grande maioria, têm sido articulados e capacitados pelo Sebrae-MS, por meio de um

projeto GEOR.

De acordo com as informações do GEOR Projeto APL do Turismo e Artesanato

Serra da Bodoquena (2006), a maior concentração está em Jardim com três Núcleos: (01)

Associação MOR que trabalha com osso, madeira e reciclado: (02) Mãos à Obra que se

utiliza de osso e madeira; (03) Associação Arte e Osso (madeira couro e osso).

Em Bodoquena aparecem mais dois núcleos: (01) Associação dos Artesãos Arte

Serrana que faz crochê e artesanato com reciclados (do projeto GEOR); (02) Artesãos da

Prefeitura Municipal, que trabalham madeira, osso e fibra vegetal (Foto 57).

O Município, através da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, começou está

construindo o Memorial Serra da Bodoquena (Foto 58), devendo reservar nele um espaço

para os artesãos locais .

De Bonito faz parte a Associação dos Artesãos de Bonito que trabalham com

bijuterias de sementes e madeira (biojóias), tricô, osso.

2.3 ORGANISMOS DE APOIO PROMOÇÃO E REGULAÇÃO

O APL de turismo Bonito /Serra da Bodoquena conta, atualmente, com um leque

amplo de organismos de apoio, desde o nível internacional até o local (figura 03).

Foto 57 Artesãs do Núcleo monitorado pelo Município

Foto 58 Maquete do Projeto Memorial Serra da Bodoquena

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2.3.1 Entidades profissionais em Bonito e o COMTUR

Tanto os atores econômicos principais como os atores econômicos complementares

do APL estão organizados por categoria profissional, cujas associações foram criadas, em

grande parte, por ocasião da criação do Conselho Municipal do Turismo (COMTUR),

como resposta às oficinas de treinamento do PNMT.

Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região (ATRATUR)

A Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região (ATRATUR), fundada em

1996, é uma sociedade civil de direito privado e sem fins lucrativos, que reúne

proprietários de atrativos, como também empreendedores de alguns passeios relacionados

ao turismo de aventura (bóia cross, arvorismo), para Incentivar e proporcionar maior

entendimento e cooperação entre os associados e entidades similares, com autoridades do

país, bem como do exterior, visando proteger, facilitar e estimular o exercício de suas

atividades.

Figura 03 Organismos de Apoio ao APL - 2006

Essa associação é ativa, articulada e que articula um dos segmentos mais

profissionalizados do APL, demonstrando preocupaçãoo com a organização dos serviços e

com a sustentabilidade do ambiente natural. Reúne praticamente todos os atrativos de

OrganismosNacionais

Organismos de regulação e incentivoao turismo e conservação ambiental,disseminação de ciência e tecnologia

OrganismosNacionais

Organismos de regulação e incentivoao turismo e conservação ambiental,disseminação de ciência e tecnologia

Organismos Estaduais

Organismos de regulação e incentivo ao turismo e conservação ambiental,

art iculação e capacitação empresarial,disseminação de conhecimento e tecnologia

Organismos Estaduais

Organismos de regulação e incentivo ao turismo e conservação ambiental,

articulação e capacitação empresarial,disseminação de conhecimento e tecnologia

Organismos Municipais

Organismos de regulação e incentivo aoturismo e conservação ambiental,

difusão de conhecimento,entidades profissionais

Organismos Municipais

Organismos de regulação e incentivo aoturismo e conservação ambiental,

difusão de conhecimento,entidades profissionais

Secretaria de Turismo e Meio Ambiente/ CONTURATRATUR (atrativos)ABAETUR(agências)AGTB (guias)ABH (hotéis)ABRASEL (restaurantes)APOBB (operadores de bote)COOPERBON (transportes)ACIB (comércio e indústria)Associação e Núcleos de ArtesãosSindicato Rural de Bonito (proprietários rurais)Fundação Neotrópica do Brasil (ONG)Amigos do Braz il Bonito (ONG)IASB (ONG)IESF/ UNIGRAN (faculdade)

Secretaria de Produção e Turismo/ FUNDETUR/ SEPROTUR Secretaria Estadual de Meio Ambiente/ Polícia AmbientalSEBRAE-MSSENAC-MSUniversidade Federal de Mato Grosso do SulUniversidade Católica Dom Bosco

Ministério do Turismo/ EMBRATURMinistério do Meio Ambiente/ IBAMAMinistério da Cultura/ IPHANMinistério PúblicoMinistério da Agricultura e Pecuária/ EMBRAPA Solos-RJFundação Boticário

Banco MundialWWFConservation International

Organismos internacionaisOrganismos de fomento econservação ambiental

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Bonito e alguns dos Municípios vizinhos. Foi a única a expandir sua atuação para

todo o APL, mantendo representações em várias organizações28

Além disso, mantém uma parceria com o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena

(IASB), na promoção e difusão da defesa, preservação e conservação das Bacias dos Rios

da região da Serra da Bodoquena;

Associação Bonitense das Agências de Ecoturismo (ABAETUR)

Também fundada em 1996, essa associação apresentou maior dificuldade inicial para

articular e contar com a adesão dos empreendimentos relacionados aos meios de

hospedagem, pois parte de seus integrantes têm origem externa, o que sugere a existência

de um segmento um pouco menos enraizado no lugar. Atualmente a ABAETUR conta com

81% dos empreendimentos entre seus associados.

A ABAETUR mantém um representante com assento no Conselho Municipal de

turismo. A forma como esse ator se insere no modelo de organização do trade turístico no

território lhe atribui maior controle financeiro e de articulação da rede, uma vez que é ele

quem faz o contato com o cliente e o ajuda a eleger o atrativo e o hotel no agendamento

dos serviços de receptivo.

Mas como é ele que faz o contato externo, também fica mais sensível às necessidades

do cliente e às novidades do mercado, o que lhe atribui características mais inovadoras

dentro do APL. O turismo de aventura, como se pôde averiguar tem sido introduzido, em

vários casos, por iniciativa de donos de agência.

Por outro lado, é um segmento do trade que ainda não conta com regulação

específica do Município e está em processo de profissionalização.

Uma das preocupações dessa associação refere-se, portanto, ao marketing externo e

às inovações dentro do setor. Mas também esforça-se por um bom relacionamento com os

guias de turismo e para incentivar parcerias ou pressionar a Prefeitura no sentido de um

maior esforço para a divulgação dos produtos turísticos e do APL.

28 COMTUR (Conselho Municipal de Bonito-MS); COREDES (Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável da Região Sudoeste); COMDEMA (Conselho Municipal do Meio Ambiente de Bonito-MS); Conselho do Programa Pantanal e da Reserva da Biosfera do Pantanal; Conselho Municipal da Saúde de Bonito/MS; Conselho Municipal da Saúde de Jardim/MS; Conselho Estadual da Saúde de Mato Grosso do Sul; Comitê Gestor do Projeto “Ecodesenvolvimento no Entorno do Parque da Serra da Bodoquena”, desenvolvido pela Fundação Neotrópica do Brasil; CECA (Conselho Estadual de Controle Ambiental); COMTURB (Conselho Regional de Turismo de Bonito, Jardim e Bodoquena); Fórum de Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul;

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Associação Bonitense de Hotéis – ABH

A fundação da associação deu-se um pouco mais tarde em relação às outras duas

anteriores, ou seja, em 1998.

A Associação Bonitense de Hotelaria constitui-se do segmento com número mais

significativo de empresários vindos de fora, especialmente no caso de grandes hotéis e

eles não participam do sistema do voucher-único. Por outro lado, nesse segmento

predomina o gerenciamento familiar e ainda pouco profissionalizado. Existem várias

pousadas que não evoluíram nos serviços de melhoria de atendimento ao cliente.

Entretanto, o número de unidades hoteleiras ampliou significativamente e a grande

oferta expôs o segmento a problemas de baixa ocupação, agravados pela sazonalidade do

fluxo de turistas.

A associação ainda está em fase de consolidação, uma vez que apresenta dificuldades

na adesão dos empreendimentos hoteleiros, o que impede formação de consenso para

enfrentar as questões que afetam a todos.

Os serviços mais prestados aos associados têm sido os cursos de capacitação e têm

assento no COMTUR.

Associação dos Guias de Turismo de Bonito (AGTB)

Essa foi a primeira associação a ser fundada (1994) e é uma das mais organizadas em

termos de adesão e contribuição dos associados, até porque dessa organização depende a

participação do guia como profissional no acompanhamento ao turista.

Esse segmento é regulamentado e os associados têm sua vida profissional

acompanhada pela Prefeitura. Os guias de turismo foram e continuam sendo os

profissionais mais capacitados para exercer a função que exercem junto ao trade do

turismo.

O trabalho que o guia faz junto aos turistas durante os passeios é considerado de

fundamental importância para o APL e nesse sentido a AGTB e os guias gozam de

prestígio local.

Outras associações em Bonito

Além dessas, existem outras associações de classe um pouco menos expressivas no

ambiente de turismo de Bonito, como a Associação Comercial e Industrial de Bonito

(ACIB), a Associação de Bares, Restaurantes e Similares de Bonito/MS - ABRASEL (esta

é mais recente e ainda não faz parte do Conselho do COMTUR) e o Sindicato Rural.

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Também emergiu mais recentemente, a “Associação dos Proprietários e Operadores

de Bote (APOBB)” que congrega 8 dos 10 empreendedores desse passeio e que também

estão incluídos como associados da ATRATUR.

Conselho Municipal de Turismo (COMTUR)

O Conselho Municipal do Turismo (COMTUR) foi criado pela Prefeitura, junto à

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, em 1995.

Funciona como um órgão deliberativo, consultivo e de assessoramento, responsável

pela conjunção entre o Poder Público e a sociedade civil, na promoção do turismo como

fator de desenvolvimento social, econômico e cultural, devendo fomentar o

desenvolvimento ou a criação de condições para o incremento e o desenvolvimento da

atividade turística do município de Bonito/MS.

Fazem parte do COMTUR 14 membros, 8 associações de classe, 4 representantes do

executivo da Prefeitura Municipal e 2 representantes de órgãos federais:

Entidades profissionais do COMTUR:

1. Associação Comercial e Industrial de Bonito (ACIB):

2. Instituto Associação Bonitense de Hotelaria (ABH):

3. Associação de Proprietários e Operadores de Bote de Bonito/MS:

4. Associação de Guias de Turismo de Bonito (AGTB):

5. Cooperativa de Transportes de Bonito/MS (COOPERBON)

6. Associação dos Proprietários de Atrativos Turísticos de Bonito e Região

(ATRATUR):

7. Sindicato Rural Patronal de Bonito:

8. Associação Bonitense Dos Proprietários de Agências de Ecoturismo (ABAETUR):

Órgãos federais:

1.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

2. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA):

2.3.2 Entidades profissionais nos outros dois Municípios do APL e o COMTURB

Nos outros dois Municípios do APL (Jardim e Bodoquena),com exceção dos núcleos

e associações de artesãos, inexistem associações de classe diretamente ligada ao turismo.

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As associações existentes estão relacionadas principalmente com as atividades rurais

e no caso de Bodoquena, também com a indústria da construção civil (esta relacionada

com os trabalhadores da indústria de cimento).

As ações decorrentes dos interlocutores das políticas relacionadas com o

PRODETUR-Sul e o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil vêm

sensibilizando as prefeituras de Jardim e Bodoquena a pensar o turismo da Serra da

Bodoquena como um APL, levando-as a reestruturar o COMTUR em seus Municípios.

Durante as oficinas proporcionadas em 2001 pelos técnicos do governo estadual,

relacionadas ao PRODETUR-Sul, projeto que busca recursos para desenvolvimento

sustentável dos três Municípios, estes foram tratados como integrantes de uma região

turística no “Planos Integrados de Desenvolvimento Turístico Sustentável (PDITS)”. Um

dos objetivos é a integração turística territorial com gestão compartilhada. E, nesse sentido,

houve o estímulo à criação do Conselho Regional de Turismo de Bonito, Jardim e

Bodoquena (COMTURB).

Entretanto, a morosidade nos resultados financeiros do projeto contribui para o

desaquecimento das iniciativas já tomadas, mas agora reanimadas pela idéia de roteirização

turística, antes já proposta entre Foz de Iguaçu-Serra da Bodoquena e Pantanal.

Na Feira Internacional de Turismo (FIT) realizada em Buenos Aires em 2005, essa

proposição da criação de roteiros turísticos regionalizados avançou como um plano

internacional, envolvendo a Argentina e esses APLs do turismo em Mato Grosso do Sul,

que parece reanimar os empreendedores do APL de turismo de Bonito/ Serra da

Bodoquena. Essa iniciativa, segundo esses atores, depende da melhoria das vias de

transporte entre esses lugares, seja terrestre ou aéreo.

2.3.3 Instituições de Apoio ao APL

Em nível internacional: organismos de fomento e ONGs

Em nível internacional, Bonito recebe o apoio de organizações que patrocinam

projetos relacionados com ao desenvolvimento do turismo e à conservação ambiental.

Nesse particular, destaca-se o Banco Mundial que vem avaliando os relatórios do

PRODETUR-Sul e já sinalizou apoio, como também é o gestor de um projeto de

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recuperação da bacia do rio Formoso, patrocinado pelo GEF29 e que para exercer esse

segundo papel, mantém um escritório em Bonito.

ONGs internacionais de conservação de meio ambiente, como Conservation

International (CI) e WWF do Brasil atuam em Bonito, seja como parceiras de outras

organizações regionais e locais dessa natureza, a exemplo da Associação de Proprietários

de Reservas Particulares de Mato Grosso do Sul (REPAMS) ou do Consorcio

Intermunicipal para a Gestão Integrada das Bacias dos Rios Miranda e Apa (CIDEMA),

seja por meio de ações relacionadas a projetores próprios30.

Em nível nacional: organismos de regulação e ONG

Em nível nacional atuam três organizações que apóiam e regulam as atividades

relacionadas ao turismo, à conservação do ambiente e patrimônio cultural.

O Ministério de Turismo, em nível nacional é a instância incentivadora e

normatizadora do turismo e atividades a ele relacionadas no país e atua por meio de

formulação e implementação de políticas públicas nesse sentido. Essa instituição mantém

cadastro dos principais atores dos serviços turísticos do país e ocasionalmente promove

pesquisa para melhor conhecimento dos turistas e disponibiliza o banco de dados. As

políticas públicas, mediadas pela Secretaria do Turismo e do CONTUR têm tido

significativa repercussão na dinâmica do APL.

O IBAMA é responsável pela gestão do “Parque Nacional da Serra da Bodoquena” e

para esse fim, mantém um escritório local. Além disso, normatiza e fiscaliza mais

especificamente as ações relacionadas à conservação do ambiente espeleológico, por parte

dos organizadores dos passeios às grutas. Tem participação direta no CONTUR de Bonito.

O IPHAN é o órgão nacional regulador as ações de preservação da cultura e em

Bonito sua intervenção tem ocorrido na preservação do patrimônio arqueológico das

grutas, mantendo uma representação no CONTUR de Bonito.

O Ministério Público também mantém uma unidade em Bonito, como órgão de

representação desse ministério, para punição a atrativos que não obtiveram o licenciamento

29 Global Environment Facility (GEF) é uma organização financeira que apóia o desenvolvimento de países com projetos que beneficiem o ambiente global e promove a sustentabilidade da vida nas comunidades locais. . 30 Vale destacar aqui o projeto de implantação de corredores ecológicos de responsabilidade do CI, o projeto Água para a Vida da WWF do Brasil ou ainda a parceria do CI no projeto de conservação e uso sustável do Rio Formoso.

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ambiental para seus empreendimentos ou ainda para supostos danos ambientais, cujos

casos são tratados judicialmente no próprio Município, muitas vezes, implicando em ações

destinadas a reparar ou mitigar os danos causados.

A Fundação Boticário vem atuando como parceira da Fundação Neotrópica do

Brasil, desde seu início, especialmente na execução de vários projetos ambientalistas e de

eco-desenvolvimento em prol de unidades de conservação.

A EMBRAPA-Solos do Rio de Janeiro propôs e coordena a execução do projeto de

conservação e o uso sustentável da Bacia do Rio Formoso.

Em nível estadual: órganizações de regulação, capacitação empresarial e de difusão de

conhecimento e tecnologia

Em nível estadual, existem instituições reguladoras e organizações que atuam na

articulação e capacitação profissional dos atores envolvidos na oferta dos serviços

turísticos, assim como de difusão de conhecimento e tecnologia.

A Fundação de Turismo, integrada à Secretaria de Produção e Turismo

(SEPROTUR), tem por objetivo viabilizar o desenvolvimento integrado e a

sustentabilidade (econômica, social, política, ambiental e cultural) da exploração dos

recursos turísticos e ao mesmo tempo, promover e divulgar o destino Mato Grosso do Sul.

A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) apresenta, entre outras atribuições, aquela

do licenciamento e fiscalização dos projetos turísticos com impacto ambiental.

A Companhia Estadual da Polícia Militar Ambiental é o órgão responsável pela

fiscalização permanente de toda área correspondente à Serra da Bodoquena, função

realizada por um contingente de policiais sediados em Bonito. Atua principalmente na

conservação de nascentes e de matas ciliares.

Como organizações capacitação profissional de destaque estão o Sebrae-MS e o

Senac-MS. O apoio inicial e significativo do SENAC e SEBRAE deu-se com relação à

organização e oferta dos cursos de Guia de Turismo. Além disso, o Sebrae-MS, em alguns

casos com a parceria do Senanc-MS, ofereceu cursos de preparação a futuros

empreendedores, aperfeiçoamento profissional para policiais militares, remadores,

recepcionistas de hotéis e de agências de viagem, garçons, gerentes de hotéis e

profissionais no atendimento ao comércio.

O Sebrae-MS tem exercido também o papel de articulador dos atores e desses com as

organizações de apoio dentro do APL, especialmente através de um projeto de apoio ao

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APL do turismo de Bonito, como também dos projetos de GEOR, especialmente voltados

ao desenvolvimento do artesanato local.

As universidades regionais, com destaque para a Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul, a Universidade Católica Dom Bosco tiveram papel preponderante na oferta

dos cursos de guia de turismo organizados pelo Sebrae-MS e Senac-MS, disponibilizando

seu corpo docente. Mas além dessas duas, outras universidades e faculdades da região vêm

se dedicando a estudos mais sistematizados sobre a realidade do APL, apresentando

potencialidades a serem dinamizadas e dificuldades a serem superadas no APL.

Em nível local: organismos de regulação e incentivo, entidades de classe e difusão de

conhecimento

Nesse nível atuam organismos de regulação e apoio ao turismo e meio ambiente, de

difusão de conhecimento e associações e cooperação de classe.

A Secretaria de Meio Ambiente e Turismo atua por meio do Conselho Municipal de

Turismo (COMTUR) e Conselho Municipal de Meio Ambiente, como organização pública

municipal normatizadora e incentivadora do turismo e meio ambiente.

Nesse nível também se organizaram e atuam três organizações ambientalistas:

Fundação Neotrópica do Brasil, Associação Amigos do Brazil Bonito e IASB, cujas

naturezas e tipo de ações desenvolvidas já foram apresentados no item 1.4.2.

Desde 2002, Bonito passou a contar com uma unidade da UNIGRAN, o Instituto de

Ensino Superior da Funlec (IESF), que pelo pouco tempo de existência ainda tem um papel

mais formativo, exercido através do funcionamento de dois cursos: Turismo e

Administração Rural respectivamente com 100 e 50 vagas.

2.4 INFRA-ESTRUTURA DE APOIO

2.4.1 Infra-estrutura de Acesso

Bonito, Jardim e Bodoquena contam com facilidade de acesso por rodovias federais e

estaduais asfaltadas (Mapa, 03), mas somente Bonito usufrui da existência de um

aeroporto.

Para Jardim e Bonito a BR-419 (mapa 03) tem sido a rodovia mais utilizada e que

apresenta as melhores condições de acesso. Já para Bodoquena, é a BR-262 acrescida da

MS-339 (Mapa 03) a mais utilizada. A ligação entre Jardim e Bonito com Bodoquena feito

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pela chamada “estrada-parque” (MS-178) não está totalmente asfaltada, o que tem

dificultado a oferta de roteiros de ligação entre estas três cidades.

Para os turistas que tentam visitar Bonito por meio aéreo e mesmo por ônibus, via de

regra optam pelo traslado Campo Grande-Bonito-Campo Grande, enquanto um contingente

de menor porte prefere a locação de veículos para o mesmo trajeto. Nesse caso, o turista

costuma se utilizar desse mesmo meio de locomoção para chegar até os atrativos.

As vias internas de acesso, constituídas quase sempre de estradas vicinais mantidas

pela Prefeitura, são as que se apresentam em estado mais precário para circulação dos

veículos.

ATRATUR, 2006

Mapa 03 Vias rodoviárias de acesso ao APL

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82

Desde 2005, o aeroporto de Bonito, ainda em construção pela Prefeitura Municipal,

sob concessão do governo de Estado, passou a receber um fluxo semanal de cerca de 100

turistas, em linhas aéreas ainda provisórias e que opera na forma de vôos fretados.

A iniciativa de aeronaves fretadas da TAM Linhas Aéreas S.A, com capacidade para

108 passageiros, partiu de uma operadora externa, a Agência de Viagens CVC. Os vôos

partem às 8h20 do aeroporto internacional de Guarulhos (SP) e chegam em Bonito às

10h20. O retorno também é no domingo, saindo às 10h50 de Bonito, com escala em

Campo Grande (e decolagem às 11h50) e chegada às 13h25 em São Paulo.

A CVC, desde a década de 80, vem sendo conhecida por operar no Brasil e mesmo

fora dele, via projetos cooperados com outras empresas do trade do turismo (tais como

agência aérea, transportadora terrestre, meios de hospedagem, atrativos). Além disso, faz

parcerias com organismos oficiais do turismo e adota uma política de preços acessíveis.

Utiliza-se de lojas virtuais para venda de seus pacotes e contrata vôos charters para uso

exclusivo de seus passageiros.

Diante da resistência das agências locais a esse tipo de prática, que envolve turismo

de massa e foge às propostas de ecoturismo do APL, a operadora aliou-se a uma empresa

ATRATUR, 2006

Mapa 04 - Vias rodoviárias de acesso aos atrativos de Bonito e Jardim

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de transportes turísticos de Campo Grande, que abriu uma agência em Bonito e passou a

operar com alguns hotéis e atrativos, sem passar pelo sistema de voucher-único.

Em reação a essa iniciativa, algumas agências de turismo de Bonito passaram a se

transformar em agências de viagem (operadoras), tornando-se emissivas. E, embora sem a

mesma regularidade, elas também vêm se esforçando para a adoção da prática de vôos

fretados aos sábados, em entendimentos com outras operadoras e a BRA Transportes

Aéreos, partindo de Guarulhos (SP) para Bonito, com escala em Campo Grande.

3. CAPACITAÇÃO PRODUTIVA E INOVATIVA DO APL

A organização do ecoturismo no APL de Bonito/ Serra da Bodoquena, como se pôde

apreciar nasceu de parcerias público-privadas estratégicas, com significativo apoio de

universidades e organismos de articulação e capacitação profissional regionais, amparada

por uma institucionalidade de nível nacional e municipal.

A ordem e governança estabelecida no local, por meio do voucher-único, coordenada

pelo COMTUR e instrumentalizada pelo voucher-único, emergiu conscientizada da

importância da conservação ambiental e da aprendizagem coletiva constante para o sucesso

do negócio. Afinal, grande parte dos empreendimentos turísticos que se envolveu na

organização pertencia a indivíduos que havia passado pela formação profissional de guia

oferecida pelas organizações regionais de apoio.

Portanto, esse formato inicial de organização compartilhada e conscientizada de seu

papel, com marcas da cultura local, teve e continua tendo peso significativo no

comportamento produtivo e inovativo do APL, ainda que existam indícios de

transformação em processo.

3.1 Interação, cooperação e difusão do conhecimento

Dentro do APL do turismo Bonito/ Serra da Bodoquena, a interação dos atores locais

ocorre cotidianamente dentro do trade, nos vários níveis (local, regional, nacional e

internacional).

A cooperação interna dos atores econômicos entre si ocorre em pelo menos 2 níveis:

o das entidades profissionais e o do voucher-único/ COMTUR e contribuem para várias

modalidades de processos coletivos de aprendizagem e inovação, com apoio de organismos

de várias naturezas, implicando em disseminação. Mas a aprendizagem desses atores

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econômicos também se dá através da experiência interativa direta de cada ator com o

mercado fornecedor ou consumidor, possibilitando inovações. Nesse caso, a difusão nem

sempre ocorre de forma equânime.

3.1.1 Interação e inovação no âmbito das entidades profissionais

A associação de classe tem como maior objetivo defender os interesses e apoiar as

reivindicações da categoria profissional.

-Capacitação para inovações incrementais

As capacitações em parceria com organizações especializadas, via de regra visam a

melhoria da performance do segmento (diversificação, melhoria de qualidade no

atendimento, certificação etc..), caso no qual se inclui também a cooperativa de transportes

de traslado e a associação e os núcleos de artesãos. A difusão do conhecimento ocorre no

âmbito dos associados.

Pode-se destacar aí o esforço de aperfeiçoamento no atendimento no interior do

segmento de hotelaria e dos restaurantes e similares, como dos artesãos no aprendizado

com novos materiais e design ou então dos organizadores de passeios em turismo de

aventura para obter certificação. Essa forma de aprendizado coletivo ao implicar na

aquisição de novos conhecimentos, competências e habilidades, os transforma em

conhecimento especializado, gerando inovações incrementais sucessivas. A fonte do

aprendizado coletivo é o “aprender interagindo” com organismos de capacitação

empresarial.

-Parcerias estratégicas e capacitação para inovações radicais

Também emergem parcerias estratégicas, por iniciativa de alguns atores, discutidas

no âmbito da associação, não só no sentido de redução das incertezas do mercado em

relação às ações tradicionalmente praticadas, como também para incorporar conhecimentos

novos que os permitam se inserir em mercados potenciais.

As ações de redução dos riscos em função de incertezas do mercado e do

descumprimento de pactos entre parceiros, podem ser vislumbradas no caso dos atrativos

de ecoturismo tradicional. Esses propõem uma nova forma de relação na interação com as

agências de turismo e agências bancárias. No novo formato organizacional sugerido pela

ATRATUR, ainda em experimentação, a agência deve depositar o pagamento (à vista ou a

prazo) direto na conta do dono do atrativo ou do organizador do passeio. Para esse fim, foi

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necessário um aprendizado no uso de um instrumento programado pelo banco (Visa Net),

preparado a pedido específico dessa associação. Trata-se de uma proposição inovativa mais

radical, na medida em que sua adoção pode criar uma ruptura no padrão organizativo

anterior, se ocorrer a esperada alteração na correlação de forças entre agências e

organizadores dos atrativos e passeios na condução da venda e oferta do produto turístico

do APL. Trata-se de um aprendizado do tipo “aprender fazendo” entre os integrantes

envolvidos no processo.

O segmento de agenciamento do APL, diante das incertezas de mercado e da

concorrência da CVC, para continuar assegurando seu papel de exclusividade na venda e

oferta do produto turístico do APL, envolve-se num processo da aprendizagem interativa,

tentando criar parcerias estratégicas com pares internos (outras agências e meios de

hospedagem) e agentes externos (operadoras e empresas aéreas) para incorporar maior

conhecimento a respeito de comercialização e mercado que favoreçam o trabalho com

fretamento aeroviário, na atração de novos fluxos turísticos. Esse procedimento pode

resultar em inovação de novos processos de comercialização e de mercado.

3.1.2 Interação no âmbito do voucher-único e COMTUR

Essa interação ocorre entre atores que exercem diferentes funções dentro do trade

turístico local, o que significa apenas parte deles. Estão aí as agências de turismo, os guias,

os donos de atrativos ecoturísticos e organizadores de passeios de turismo de aventura e a

Prefeitura Municipal, com a ação complementar dos responsáveis pelo traslado.

Trata-se de uma forma de parceria estratégica de natureza público-privada, como o

objetivo precípuo de controlar o mercado de venda e oferta do produto ecoturístico do

APL, mais difícil de ser obtido de forma isolada.

Partiu do pressuposto do compartilhamento das informações e da parceria, com

resultados vantajosos para seus integrantes. Além disso, é uma forma de cooperação que

disponibiliza estatísticas em tempo real, a respeito da demanda histórica e do perfil e

quantidade de fluxo dos turistas.

O voucher-único, como formato organizacional vem correndo risco de desvios do

conteúdo proposto inicialmente. Por um lado, isso ocorre, na proporção em que o poder

Municipal o privilegia como instrumento fundamental de controle de arrecadação fiscal e o

utiliza para novas arrecadações. De outro lado, a dificuldade que o sistema tem de se

flexibilizar para permitir novos entrantes de interesse estratégico, ampliando a participação

e o fortalecimento de todo o trade turístico do APL.

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No âmbito do COMTUR, os atores econômicos locais vêm obtendo maior resultado

em processos sinérgicos de escala no enfrentamento de choques à economia; maior

redução e racionalização dos dispêndios com materiais de divulgação dos atrativos e

imagem do território do APL reforçando a marca organizacional do APL e sua distinção

como produto no mercado; favorecimento de processos de pesquisa e desenvolvimento,

especialmente na prospecção de mercado. E, sobretudo, tem sido no âmbito do COMTUR,

que muitos dos interesses locais vêm sendo resguardados por meio de uma

institucionalidade atribuída pelo Poder Municipal, a exemplo da exclusividade das

agências locais na venda de passeios, da presença de guias preparados no local para

acompanhamento dos visitantes nos passeios ecoturísticos, entre outros.

O “aprender fazendo” emergindo do processo interativo entre parceiros no voucher-

único é um processo de aprendizagem coletiva que se pode atribuir às agências e ao

segmento que lhe proporciona traslado. A Cooperbon, especializada na oferta do traslado

em veículos de maior porte, apareceu como uma iniciativa do segmento do transporte,

como resposta à necessidade de maior agilidade no atendimento e no barateamento dessa

prestação de serviço na oferta do produto turístico. Essa inovação faz parte de várias outras

de caráter incremental, como o uso da Internet e do programa “Agência” voltadas ao

mesmo objetivo.

- Interação direta do empreendimento com o mercado fornecedor e consumidor

Um exemplo de parceria estratégica nascida entre atores econômicos locais e atores

extra-locais, como aproveitamento de demanda turística potencial e que implica em

inovação radical, tem sido a incorporação do turismo de aventura como uma nova

modalidade de turismo (um novo produto e um novo mercado) que introduz um padrão

tecnológico e organizacional do passeio de outra natureza.

Esse tipo de inovação do produto e mercado emergiu principalmente de um

aprendizado originário da interação da agência local e outros agentes do mercado turístico

externo (learning-by-using), dentre os quais operadoras e clientes, tanto na prática

cotidiana do trabalho, como na participação em eventos relativos a negócios turísticos, que

favorece o conhecimento de tendências e mercados futuros. O processo de incorporação do

novo conhecimento e de inserção no mercado significou diversificação na natureza do

negócio e implicou em capacitação por organismo habilitado (Instituto Hospitalidade)

visando a certificação na nova especialidade, uma forma do “aprender interagindo”.

Outro exemplo nesse sentido vem ocorrendo com boa parte dos donos de atrativos

ecoturísticos (os fazendeiros). O contato interativo mantido por esses empresários com os

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usuários de seu produto turístico, no momento da visita, tem se manifestado, segundo eles,

como oportunidade de aprendizagem a respeito das expectativas e preferências do público-

alvo, direcionando inovações incrementais no processo de atendimento e no produto. As

melhorias de infra-estrutura do sítio turístico e diversificações do passeio e

aperfeiçoamentos no atendimento se devem, principalmente a essa forma do aprender

interagindo com o cliente.

4. PERSPECTIVAS E PROPOSIÇÕES POLÍTICAS

A forma organizativa do APL em questão, respaldada na cultura histórica de

formação sócio-espacial dessas sociedades latifundiárias de pecuária de corte, em

ambientes de fronteira e, amparada por universidades e organismos técnicos de

capacitação, órgãos públicos e terceiro setor, constitui a grande potencialidade do APL,

mas que só ganha sentido e verdadeiro valor, por também estar alicerçada na raridade e

beleza dos recursos naturais e paisagísticos do ecossistema constituído na Serra da

Bodoquena. Esse formato de arranjo já nasceu com os integrantes “aprendendo a aprender”

e ainda se notabiliza pela inovação da proposta. Desse modo, a tendência local poderá ser a

de se retro-alimentar desse modelo inicial, já enraizado na cultura da prática dos negócios

turísticos, em função dos êxitos já obtidos anteriormente. A saída criativa para formas

inovadoras manifesta-se em todos os segmentos do APL, embora mais em uns que em

outros, por razões de natureza histórica e conjuntural, ou seja, de como aquele segmento

convergiu e foi inserido na teia de relações do APL.

A prática dos preços dos atrativos, percebidos como elevados no mercado turístico,

não decorrem apenas do cálculo de custos de obtenção do produto turístico, mas,

sobretudo, da atitude de preservação do equilíbrio dinâmico do ambiente natural. Esta

consciência nasceu do conhecimento científico das universidades repassado aos atores, que

passaram a ver na preservação não só o sucesso de seu negócio, como também a

preservação da vida. O desequilíbrio do ecossistema, como se afirmou anteriormente

submete a população a riscos catastróficos, especialmente os colapsos de teto do chamado

“carste coberto”.

Em função disso, se não for o preço mais elevado do passeio, a estratégia de

preservação de determinados meios mais vulneráveis a riscos de desequilíbrio, outros

instrumentos de preservação deverão ser encontrados.

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Nesse formato organizacional articulado ao ecossistema de belezas raras e exóticas,

leva-se em conta na escolha do parceiro ou interlocutor, valores como confiança e

reputação, reconhecimento e prestigio social. Os códigos informais de ética, como já se

afirmou anteriormente, são tão importantes como os contratuais legalizados. Os elos

comunicativos ocorrem basicamente em função dessa informalidade nos contatos.

Em parte, esse comportamento ainda informal de se comunicar, pela sua maior

lentidão na passagem da informação, constitui um aspecto de vulnerabilidade do APL,

quando se considera a atual condição de globalização do mercado turístico que

disponibiliza os meios técnicos permitindo maior velocidade na transmissão da

informação.

O uso dos recursos da Internet ainda é inicial e até certo ponto, precário, na

articulação dos atores econômicos locais dentro do APL e desses com o mercado externo.

Nos contatos feitos para operacionalização do voucher-único ainda prepondera o telefone.

As vendas virtuais apenas se iniciam e não se disseminaram o suficiente, para que as

agências locais ganhem maior autonomia de vendas em relação às operadoras externas.

Por outro lado, o voucher-único favorece a manutenção de um banco de informações

estatísticas que permite conhecer, em parte, a demanda turística real, a demanda histórica e

futura31 do contingente por ele atendido. Entretanto, não permite obter informações a

respeito da “demanda turística potencial”, ou seja, o mercado de turistas ainda não

conquistado e que poderia se transformar em alvo estratégico do APL, como também os

incrementos adicionais que se poderia conseguir da demanda futura, como conseqüência da

melhoria dos serviços locais (BOULLÓN, 2002).

Diante da euforia dos atores na perspectiva de ampliação do negócio durante a fase

de intenso dinamismo do turismo para o APL, a infra-estrutura cresceu muito mais que o

mercado pode absorver em baixas temporadas, com fraco investimento na demanda

potencial para captação de novos segmentos de mercado. Essa iniciativa foi tomada só

muito recentemente pelo Poder Municipal, amparando-se na busca de consultoria e pela

empresária que instalou o Centro de Convenções de Bonito, trazendo consigo o

Convention Bureau. O hiato de tempo sem resposta significou oportunidade para a entrada

da CVC no fretamento de aeronaves.

31 Para Boullón (2002) a demanda real indica a quantidade de turistas existente em um dado momento, em determinado lugar, assim como a soma dos bens e serviços efetivamente solicitados pelos consumidores durante sua estadia; a demanda histórica consiste na análise das variações da demanda real ao longo do tempo e a demanda futura implica na projeção de dados baseados nessa série cronológica.

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A estratégia mais importante consta do domínio de meios e recursos humanos no

acesso, organização e disseminação das informações necessárias que levem os atores do

trade a operarem estrategicamente em cada estação, seja para suprir as reduções da

demanda no período de baixa temporada e administrar os períodos de alta com melhoria de

atendimento.

A redução dos preços dos pacotes turísticos no período de baixa estação não é a

única forma de estimular a demanda do mercado na baixa estação, tomando-se o cuidado

para não se focar em um turismo de massa, o que poderia repercutir em impactos negativos

ao ecossistema.

Existem, por exemplo, muito segmentos de mercado ainda a serem conquistados ou

ampliados e que poderiam suprir as deficiências de fluxo dos momentos de baixa

temporada, como a terceira idade, excursionistas, trabalhadores assalariados, estudantes,

entre outros. Sua prospecção deve ocorrer tanto em nível regional, como nacional e

internacional. Essas iniciativas já existem no local, embora ainda pouco disseminadas no

trade.

Além da diversificação da demanda, novas oportunidades podem advir da

diversificação da oferta. Nesse sentido, o “turismo de aventura” já em andamento é uma

potencialidade, assim como o turismo de eventos científicos e técnicos. Esta segunda

modalidade que apenas se inicia pode significar uma inovação radical dentro do arranjo,

pelas alterações organizativas a que podem dar origem no território.

O desenvolvimento sustentável do APL não depende apenas da conquista de novos

mercados para enfrentar problemas de sazonalidade. Existem outras dificuldades internas a

serem superadas, com ajuda de políticas públicas direcionadas.

Uma delas diz respeito à melhoria da infra-estrutura que compõe o meio local. A

infra-estrutura do esgotamento sanitário transformou-se em necessidade crucial, quando se

leva em conta o adensamento do fluxo de turistas, diante dos riscos a que a sua falta expõe

a população local, já explanado anteriormente. O APL encontra-se em compasso de espera

para a liberação dos recursos do Banco Mundial ao PRODETUR-Sul, em parte voltados a

esse fim.

A infra-estrutura de transportes tem sido outro gargalo que poderia ser superado com

apoio de políticas públicas direcionadas (e que de certa forma já existem em nível

nacional). E isso se reporta tanto ao acesso aos passeios (melhoria das estradas vicinais),

como o asfaltamento da rodovia que liga Bonito a Bodoquena, e ao término do aeroporto,

estabelecendo facilidade de acesso e regularidade de circulação. A idéia que parte de

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alguns atores locais, em comum acordo com outros lugares turísticos do centro do

continente, tem sido a de se favorecer a roteirização fora do eixo Rio - São Paulo.

Entretanto, todas essas iniciativas devem estar amparadas no melhor conhecimento

geotécnico do ecossistema, de modo a se mapear os espaços de maior vulnerabilidade.

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ANEXOS

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LOCALIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS/ ATRATIVOS NO APL DA SERRA DE BODOQUENA

MUNI- CÍPIO

FUN- ÇÃO

OR- DEM

NOME FANTASIA

LOCALIZAÇÃO NO AMBIENTE NATURAL

PROPRIEDADE EM QUE SE LOCALIZA O EMPREENDIMENTO

01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL (Agrop. Serradinho)

Rio Formoso Fazenda Cerradinho

02 BALNEÁRIO MUNICIPAL Rio Formoso Área da Prefeitura Municipal

03 BALNEÁRIO TARUMÃ Rio Anhumas Fazenda Lomba

04 PRAIA DA FIGUEIRA Rio Formoso – Empreend. Privado na área do Hotel Zagaia BALN

EÁRIO

S

05 ILHA DO PADRE Rio Formoso Área desapropriada pelo Estado

01 ABISMO ANHUMAS Rio Anhumas Fazenda Jaraguá

02 BARRA DO SUCURI Rio Formoso Eduardo Soares Sena Madureira ME

03 BONITO AVENTURA Rio Formoso Propriedade privada

04 CACHOEIRAS DO AQUIDABAN Rio Aquidaban* Fazenda Baía das Garças

05 CACHOEIRAS DO RIO DO PEIXE Rio do Peixe Fazenda Água Viva

06 CEITA CORÊ ECOTURISMO Rio Chapena Fazenda Ceita Core

07 CIRCUITO ARVORISMO Rio Formoso Rubens Magalhães Cardoso (empreend. Privado)

08 DIVE DISCOVERY Vários rios locais Empreend. Privado

09 ECO PARQUE LA PALOMA – (YBIRAPE Canopy Tour ) Rio Formoso Afonso Ramão Rodrigues Jr (área privada)

10 ENO BOKOTI (Fechado) Rio do Peixe Fazenda Eno Bokoti

11 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO Rio Mimoso Estância Mimosa

12 FAZENDA SEGREDO (pousada e agência Segredo) Rio Formoso Fazenda Segredo

13 GRUTA DO LAGO AZUL Rio Formoso Monumento Natural na Fazenda Anhumas

14 PARQUE ECOLÓGICO RIO FORMOSO Rio Formoso RPPN da Fazenda Trevo

15 PROJETO JIBÓIA Educação ambiental com cobras Henrique Naufal- empreendimento em espaço urbano

16 PROJECTO VIVO Rio Formoso RPPN da Fazenda Barra

17 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA (Aquário Natural) Rio Baía Bonita Área privada

18 RIO SUCURI Rio Sucuri RPPN da Fazenda São Geraldo

BO

NIT

O

ECO

TU

RIS

MO

19 VALE DO ANHUMAS EMPREENDIMENTOS LTDA (Gruta São Miguel)

Rio Anhumas RPPN do Vale do Anhumas

24 TOTAL DE ATRATIVOS em Bonito

* Localiza-se em Porto Murtinho nos limites com o Município de Bonito

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95

MUNI-CÍPIO

FUN-ÇÃO

OR-DEM

NOME FANTASIA

LOCALIZAÇÃO NO AMBIENTE LOCAL DO EMPREENDIMENTO

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA Rio da Prata Área da Prefeitura Municipal

02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Rio da Prata Estância Águas do Prata

03 BALNEÁRIO DO ASSIS Rio da Prata ?????

04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Rio da Prata Fazenda Santuário do Prata

LAZER

RECREATIV

O

05 BALNEÁRIO VERANO Rio da Prata Fazenda Verano

01 BURACO DAS ARARAS BR-267 Fazenda Alegria

02 PASSO DO CURÉ (Lagoa Misteriosa) Rio da Prata Fazenda Passo do Curê

JAR

DIM

ECO

TU

-RIS

MO

03 RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA Rio da Prata Fazenda Recanto Ecológico Rio da Prata

08 TOTAL DE ATRATIVOS EM JARDIM

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA Rio Betione (Gruta Califórnia) Prefeitura Municipal – em estruturação

02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA) Rio Betione Fazenda ??

03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL Rio Betione Fazenda???

04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO) Rio Betione ????? LAZER

RECREATIV

O

05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)

Rio Betione Fazenda Perseverança

01 BOCA DA ONÇA ECOTUR Rio Salobra Fazenda Boca da Onça

02 CORREGO AZUL Córrego Azul afluente do rio Salobra ?????

03 FAZENDA RANCHO BRANCO- (FAZENDA AROEIRA) Córrego Azul afluente do rio Salobra Fazenda Rancho Branco (uso de pesquisadores)

04 FAZENDA CALIFÓRNIA Rio Betione (Gruta California) RPPN da Fazenda Califórnia

05 PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BODOQUENA Serra da Bodoquena Área do IBAMA

BO

DO

QU

EN

A

ECO

TU

- RIS

MO

06 PESQUEIRO CHAPENA Rio Miranda Pesqueiro Chapena

11 TOTAL DE ATRATIVOS EM BODOQUENA

43 TOTAL GERAL DE ATRATIVOS NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA

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96

ATIVIDADES NOS ATRATIVOS DO APL DA SERRA DE BODOQUENA

MUNI- CÍPIO

FUN- ÇÃO

OR- DEM

NOME FANTASIA

ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO

01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL

Natação, cachoeiras Lanchonete, redário, sanitários, trampolim, quadras de vôlei e futebol de areia, churrasqueira

02

BALNEÁRIO MUNICIPAL

Natação e lazer Sanitários, quadra de vôlei de areia, lanchonetes e sorveteria

03

BALNEÁRIO TARUMÃ

Piscina natural , trilha , cachoeira, flutuação, natação. Estacionamento, restaurante, lanchonete e vestiבrios, 02 decks, redário, sanitário , aluguel de equipamentos.

04

PRAIA DA FIGUEIRA

Lazer com natação e mergulho autônomo no lago Receptivo com bar, vestiários, banheiros e restaurante com comida típica e churrasco

BALN

EÁRIO

S

LAZER

05

ILHA DO PADRE

Cachoeiras, piscinas naturais Cabanas de madeira, churrasqueiras, lanchonete e infra-estrutura para camping

01

ABISMO ANHUMAS

Rapel em dolina, mergulho autônomo Deck flutuante dentro da dolina e equipamentos e estrutura em madeira para treinamento na cidade.

02 BARRA DO SUCURI

Flutuação, mergulho, cavalgadas, bicicleta e passeio de bote Quadras para futebol, voleibol, horse shoes, bar, vestiários decks e escadas de acesso

03

BONITO AVENTURA

Mergulho, flutuação e discovery, almoço. Equipamentos de segurança , receptivo com restaurante , bar e loja de souvenirs.

04

CACHOEIRAS DO AQUIDABAN

Trilhas, cachoeiras Receptivo com restaurante e redário na Fazenda Baía das Garças

05 CACHOEIRAS DO RIO DO PEIXE Trilha, com cachoeiras e piscinas naturais e almoço típico Restaurante e redário na sede da fazenda Água Viva

06 CEITA CORÊ ECOTURISMO Trilhas para grutas, cachoeiras e animais, almoço típico Restaurante, redário, vestiários e banheiros .

07 CIRCUITO ARVORISMO Trilhas, passarelas, pontes, tirolesas Estrutura e equipamentos para a prática dos esportes

18 ECOPARQUE LA PALOMA Trilha, arvorismo natação. -

09 ENO BOKOTI (fechado) Trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, natação, almoço Receptivo com banheiros, vestiários, restaurante, redário.

10 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO

Trilha interpretativa (mata ciliar do Rio Mimoso) e banho em cachoeiras de tufas calcárias

Trilhas

11 FAZENDA SEGREDO

Passeio de bote, cachoeiras, cavalgada Agência e pousada na fazenda

12 GRUTA DO LAGO AZUL Gruta Receptivo com lanchonete e loja de souvenir

13 PARQUE ECOLÓGICO RIO FORMOSO Trilha interpretativa, flutuação e almoço Decks, restaurante da Lagoa, banheiros, vestiários.

14 PROJETO JIBÓIA Projeto de educação ambiental com cobras Estrutura montada como receptivo na cidade

15 PROJECTO VIVO (atividades turísticas encerrradas por tempo indeterminado)

Trilha interpretativa, passeio de bote, cavalgada. Hotel-fazenda na Fazenda da Barra, com banheiros, vestiário, bar e restaurante, redário.

BO

NIT

O

ECO

TU

RIS

MO

16 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA (Aquário Natural)

Flutuação’(snorkeling); trilha,cachoeira, natação. Restaurante, museu de historia natural, loja de artesanato e piscinas para treinamento.

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97

17 RIO SUCURI Passeio de pick-up , bicicleta, cavalgada. Restaurante, vestiários, piscina e redário da Faz. São Geraldo

18 ROTA BOIADEIRA (da Igarapé Turismo)

Quadriciclo Quadriciclos e equipamentos do passeio

19 VALE DO ANHUMAS EMPREENDIMENTOS LTDA (Gruta São Miguel)

Trilhas interpretativas, gruta de formação calcária, contemplação da natureza.

Bar, banheiros e um mirante, carro elétrico, trilhas suspensas.

24 TOTAL DE ATRATIVOS em Bonito

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98

MUNI-CÍPIO

FUN-ÇÃO

OR-DEM

NOME FANTASIA

ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA

Natação e lazer Receptivo, lanchonete, banheiros, vestiários, churrasqueira.

02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Natação e lazer Receptivo com banheiros, vestiário.

03

BALNEÁRIO DO ASSIS

Trilha, natação, tirolesa e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, quiosques e quadra de areia.

04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Trilha interpretativa, natação e lazer Receptivo com sanitários e vestiários.

LAZER R

ECREATIV

O

05 BALNEÁRIO VERANO

Natação e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, restaurante e lanchonete , área para camping,, quadra de vôlei

01 BURACO DAS ARARAS Trilha no entorno da dolina Banheiros, Bar e churrasqueira

02 PASSO DO CURÉ Contemplação e mergulho na lagoa Misteriosa Escadaria até o lago

JAR

DIM

ECO

TU

-RIS

MO

03 RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA Trilha, flutuação, mergulho, cavalgada, almoço típico. Sede da fazenda com restaurante, banheiros, vestiários, redário.

08 TOTAL DE ATRATIVOS EM JARDIM

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA

Trilha suspensa, rapel, tirolesa Receptivo em construção

02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)

Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário

03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL

Trilhas , Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário restaurante, piscinas e chalés

04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)

Trilha, grutas (03), natação e lazer Sede da fazenda com pista de pouso, restaurante, banheiros e vestiários

LAZER R

ECREATIV

O

05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)

Natação, visita ao casarão e lazer Sede da fazenda com restaurante, banheiros e vetiário.

01

BOCA DA ONÇA ECOTUR Trilhas, cachoeiras, rapel em canyon, vôlei de piscina, jogos Quiosque com bar, restaurante, piscina, ducha natural, banheiros, vestiários, hidromassagem, mesa sinuca, sala de jogos.

02 CORREGO AZUL Flutuação e mergulho -

03 FAZENDA RANCHO BRANCO- (FAZENDA AROEIRA)

Recebe pesquisadores Sede da fazenda

04 FAZENDA CALIFÓRNIA

05 PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BODOQUENA

Trilhas, passeios de barco com contemplação da natureza

BO

DO

QU

EN

A

ECO

TU

- RIS

MO

06 PESQUEIRO CHAPENA

11 TOTAL DE ATRATIVOS EM BODOQUENA

43 TOTAL GERAL DE ATRATIVOS NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA

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99

ATIVIDADES NOS ATRATIVOS DO APL DA SERRA DE BODOQUENA

MUNI- CÍPIO

FUN- ÇÃO

OR- DEM

NOME FANTASIA

ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO

01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL

Natação, cachoeiras Lanchonete, redário, sanitários, trampolim, quadras de vôlei e futebol de areia, churrasqueira

02

BALNEÁRIO MUNICIPAL

Natação e lazer Sanitários, quadra de vôlei de areia, lanchonetes e sorveteria

03

BALNEÁRIO TARUMÃ

Piscina natural , trilha , cachoeira, flutuação, natação. Estacionamento, restaurante, lanchonete e vestiבrios, 02 decks, redário, sanitário , aluguel de equipamentos.

04

PRAIA DA FIGUEIRA

Lazer com natação e mergulho autônomo no lago Receptivo com bar, vestiários, banheiros e restaurante com comida típica e churrasco

BALN

EÁRIO

S

LAZER

05

ILHA DO PADRE

Cachoeiras, piscinas naturais Cabanas de madeira, churrasqueiras, lanchonete e infra-estrutura para camping

01

ABISMO ANHUMAS

Rapel em dolina, mergulho autônomo Deck flutuante dentro da dolina e equipamentos e estrutura em madeira para treinamento na cidade.

02 BARRA DO SUCURI

Flutuação, mergulho, cavalgadas, bicicleta e passeio de bote Quadras para futebol, voleibol, horse shoes, bar, vestiários decks e escadas de acesso

03

BONITO AVENTURA

Mergulho, flutuação e discovery, almoço. Equipamentos de segurança , receptivo com restaurante , bar e loja de souvenirs.

04

CACHOEIRAS DO AQUIDABAN

Trilhas, cachoeiras Receptivo com restaurante e redário na Fazenda Baía das Garças

05 CACHOEIRAS DO RIO DO PEIXE Trilha, com cachoeiras e piscinas naturais e almoço típico Restaurante e redário na sede da fazenda Água Viva

06 CEITA CORÊ ECOTURISMO Trilhas para grutas, cachoeiras e animais, almoço típico Restaurante, redário, vestiários e banheiros .

07 CIRCUITO ARVORISMO Trilhas, passarelas, pontes, tirolesas Estrutura e equipamentos para a prática dos esportes

18 ECOPARQUE LA PALOMA Trilha, arvorismo natação. -

09 ENO BOKOTI (fechado) Trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, natação, almoço Receptivo com banheiros, vestiários, restaurante, redário.

10 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO

Trilha interpretativa (mata ciliar do Rio Mimoso) e banho em cachoeiras de tufas calcárias

Trilhas

11 FAZENDA SEGREDO

Passeio de bote, cachoeiras, cavalgada Agência e pousada na fazenda

12 GRUTA DO LAGO AZUL Gruta Receptivo com lanchonete e loja de souvenir

13 PARQUE ECOLÓGICO RIO FORMOSO Trilha interpretativa, flutuação e almoço Decks, restaurante da Lagoa, banheiros, vestiários.

14 PROJETO JIBÓIA Projeto de educação ambiental com cobras Estrutura montada como receptivo na cidade

15 PROJECTO VIVO (atividades turísticas encerrradas por tempo indeterminado)

Trilha interpretativa, passeio de bote, cavalgada. Hotel-fazenda na Fazenda da Barra, com banheiros, vestiário, bar e restaurante, redário.

BO

NIT

O

ECO

TU

RIS

MO

16 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA (Aquário Natural)

Flutuação’(snorkeling); trilha,cachoeira, natação. Restaurante, museu de historia natural, loja de artesanato e piscinas para treinamento.

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Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br

100

17 RIO SUCURI Passeio de pick-up , bicicleta, cavalgada. Restaurante, vestiários, piscina e redário da Faz. São Geraldo

18 ROTA BOIADEIRA (da Igarapé Turismo)

Quadriciclo Quadriciclos e equipamentos do passeio

19 VALE DO ANHUMAS EMPREENDIMENTOS LTDA (Gruta São Miguel)

Trilhas interpretativas, gruta de formação calcária, contemplação da natureza.

Bar, banheiros e um mirante, carro elétrico, trilhas suspensas.

24 TOTAL DE ATRATIVOS em Bonito

MUNI-CÍPIO

FUN-ÇÃO

OR-DEM

NOME FANTASIA

ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA

Natação e lazer Receptivo, lanchonete, banheiros, vestiários, churrasqueira.

02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Natação e lazer Receptivo com banheiros, vestiário.

03

BALNEÁRIO DO ASSIS

Trilha, natação, tirolesa e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, quiosques e quadra de areia.

04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Trilha interpretativa, natação e lazer Receptivo com sanitários e vestiários.

LAZER R

ECREATIV

O

05 BALNEÁRIO VERANO

Natação e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, restaurante e lanchonete , área para camping,, quadra de vôlei

01 BURACO DAS ARARAS Trilha no entorno da dolina Banheiros, Bar e churrasqueira

02 PASSO DO CURÉ Contemplação e mergulho na lagoa Misteriosa Escadaria até o lago

JAR

DIM

ECO

TU

-RIS

MO

03 RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA Trilha, flutuação, mergulho, cavalgada, almoço típico. Sede da fazenda com restaurante, banheiros, vestiários, redário.

08 TOTAL DE ATRATIVOS EM JARDIM

01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA

Trilha suspensa, rapel, tirolesa Receptivo em construção

02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)

Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário

03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL

Trilhas , Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário restaurante, piscinas e chalés

04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)

Trilha, grutas (03), natação e lazer Sede da fazenda com pista de pouso, restaurante, banheiros e vestiários

LAZER R

ECREATIV

O

05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)

Natação, visita ao casarão e lazer Sede da fazenda com restaurante, banheiros e vetiário.

01

BOCA DA ONÇA ECOTUR Trilhas, cachoeiras, rapel em canyon, vôlei de piscina, jogos Quiosque com bar, restaurante, piscina, ducha natural, banheiros, vestiários, hidromassagem, mesa sinuca, sala de jogos.

BO

DO

QU

EN

A

ECO

TU

- RIS

M

02 CORREGO AZUL Flutuação e mergulho -

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Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br

101

03 FAZENDA RANCHO BRANCO- (FAZENDA AROEIRA)

Recebe pesquisadores Sede da fazenda

04 FAZENDA CALIFÓRNIA

05 PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BODOQUENA

Trilhas, passeios de barco com contemplação da natureza

06 PESQUEIRO CHAPENA

11 TOTAL DE ATRATIVOS EM BODOQUENA

43 TOTAL GERAL DE ATRATIVOS NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA

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AGENCIAS DE VIAGEM E LOCADORAS DE TRANSPORTES NO APL

MUNI- CÍPIO

FUN- ÇÃO

OR- DEM

NOME DO EMPREENDIMENTO

LIGADO AO EMPREENDIMENTO

COM SEDE EXTERNA

01 AGÊNCIA AR VIAGENS E TURISMO

02 AGÊNCIA GIRASSOL OP. VIAGENS TURISMO LTDA (ex-Trilha do Sol)

Pousada Girassol

03 BIG TOUR VIAGENS E TURISMO

04 CARANDÁ ECOTUR Pousada Carandá

05 DIVE BONITO LTDA

06 IMPACTO VIAGENS DE TURISMO LTDA Campo Grande

07 LA DIFFERENCE OPERADORA DE TURISMO (Xavier & Ocampos Ltda)

08 NATURA TOUR (Lima & Perdigão Ltda)

09 PANT TOUR VIAGENS E TURISMO LTDA

10 TAMANDUÁ AGENCIAS DE VIAGENS E TURISMO LTDA

11 WEST TOUR (WE Agências de Viagens Ltda) Campo Grande

OP

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Progra

mas

Turí

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12 YGARAPÉ TOUR VIAGENS E TURISMO LTDA

01 AGÊNCIA PANAMERICANA DE VIAGENS E TURISMO LTDa + microônibus

02 ÁGUAS DE BONITO TURISMO Hotel Águas de Bonito

03 BARRA DO SUCURI TOUR AG. DE VIAGENS Hotel Tapera

04 BONITUR (Dutra de Oliveira & Rocha Ltda ME)

05 BRASIL BONITO VIAGENS E TURISMO

06 CAMINHO DAS ÁGUAS

07 CANAÃ TURISMO Hotel Canaã

18 CARAMANCHÃO TOUR Pousada Caramanchão

09 CLASS TRAVEL TOUR AG. DE VIAGENS Hotel Bonsai

10 CRISVAL AGÊNCIA DE TURISMO LTDA Blue Tree Hotel

11 FERNANDA LIMA AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO

12 GEMILA TOUR VIAGENS E TURISMO Hotel Gemila

13 JATEIKAA TOUR AG. DE VIAGENS TURISMO LTDA

14 LAM AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA Bonito Ecological Tour

15 MUITO BONITO TURISMO (Doblach & Doblack Ltda) Pousada Muito Bonito

16 OLHO D'ÁGUA AG. DE VIAGENS E TURISMO LTDA Pousada Olho d’Água

17 PARK BONITO AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA

18 PERALTA VIAGENS E TURISMO Pousada do Peralta

19 PORTAL NATUREZA AGÊNCIA DE TURISMO (Pinheiro & Seki Ltda)

20 REFÚGIO ECOTUR AGENCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA ME

Hotel Refúgio

21 RUMO CERTO TURISMO (Marcos Alves Borges ME)

22 SEGREDO TOUR (Najara Mancuelho Dauban ME ) Pousada do Segredo

23 TAICA TUR (Nogueira& Prado Ltda)

24 TERRA D’ÁGUA TURISMO E TRANSPORTE Pousada Rancho Jarinu

25 TRILHA DO SOL

BO

NIT

O

AG

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CIA

S

Ven

das

de

Progra

mas

Turí

stic

os

26 TUCANO TUR AGÊNCIA DE TURISMO LTDA + microônibus Translocar Campo Grande

TOTAL 38 Em Bonito

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103

MUNI- CÍPIO

FUN- ÇÃO

OR- DEM

NOME DO EMPREENDIMENTO

LIGADO AO EMPREENDIMENTO

COM SEDE EXTERNA

01 AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO RIO DA PRATA

RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA

AG

ÊN

- C

IA

02 ROTAS VIAGENS E TURISMO

01 ABELHA’S TURISMO

02 GM TUR AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO (Dantas Guterres & Cia Ltda ME)

JAR

DIM

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ÊN

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03 GRAND MASTER TURISMO

Campo Grande

TOTAL 05 em Jardim

TOTAL 43 No APL de Turismo da Serra da Bodoquena

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MEIOS DE HOSPEDAGEM NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA CLASSIFICAÇÃO

CAPACIDADE

MUNI- CÍPIO

CLASSE

SUB-CLASSE

OR- DEM

EMPREENDIMENTO

UNIDADES HABITA-CIONAIS

LEITOS

01 BLUE TREE VILLAGE BONITO -ZAGAIA ECO RESORT HOTEL 98 UHS 306 02 CHALÉ APART HOTEL 09 UHS* 90 03 EXCEL PARK HOTEL 33 UHS 61 04 GEMILA PALACE HOTEL 24 UHS 70 05 HOTEL CANAÃ 36 UHS 120 06 HOTEL FLORESTAL 20 UHS 45 07 HOTEL LAGO AZUL 28 UHS 94 08 HOTEL PARAÍSO DAS AGUAS 35 UHS 120 09 HOTEL PIRA MIUNA 39 UHS 102 10 HOTEL RECANTO DOS PÁSSAROS 20 UHS 80 11 HOTEL REFUGIO 29 UHS 116 12 JANDIA HOTEL (Ilha Bonita Empreendimentos Hoteleiros) 16 UHS 64 13 LA PALOMA RESIDENCE 15UHSs* 96 14 MARRUÁ HOTEL 54 UHS 200 15 PORTO BELO 06 UHS 28 16 TAPERA HOTEL 34 UHS 90

HOTEIS

17 WETIGA HOTEL 67 UHS 110 01 HOTEL POUSADA ARAÚNA 08 UHS 32 02 HOTEL POUSADA AGUAS DE BONITO 20 UHS 65 03 HOTEL POUSADA ARIZONA 48 UHS 16 04 HOTEL POUSADA BONSAI LTDA 26 UHS 87 05 HOTEL POUSADA GUARANY 32 UHS 49 06 HOTEL POUSADA OLHO D’ÁGUÁ 20 UHS 60 07 HOTEL POUSADA ROSA ROSÉ 10 UHS 40

HOTÉIS-POUSADA

08 HOTEL POUSADA SEGREDO 08 UHS 32 01 HOTEL CABANAS 13 UHS 33 02 HOTEL FAZENDA RIO FORMOSO 13 UHS 45 03 HOTEL FAZENDA CACHOEIRA 14 UHS 52 04 HOTEL SANTA ESMERALDA 15 UHS 30

HOTÉIS- FAZENDA

05 HOTEL FAZENDA CABANA DO PESCADOR 01 ÁGUA AZUL POUSADA 33 UHS 110 02 POUSADA AGUA BONITA 06 UHS 20 03 POUSADA ALIANÇA 08 UHS 31 04 POUSADA ANHUMAS 06 UHS 22 05 POUSADA BEIJA FLOR 03 UHS 12 06 POUSADA CALLIANDRA 12 UHS 48 07 POUSADA CANTO DO BAMBU 14 UHS 52 08 POUSADA CARAMANCHÃO 11 UHS 34 09 POUSADA CARANDÁ 08 UHS 32 10 POUSADA CASA VERDE 10 UHS 29 11 POUSADA CEU DE ESTRELAS 12 UHS 44 12 POUSADA CHÃO DE PEDRA 11 UHS 32 13 POUSADA CHALÉ DO BOSQUE 06 UHS 18 14 POUSADA DEI FIORI 14 UHS 60 15 POUSADA DO ESTUDANTE 06 UHS 88 16 POUSADA GIRASSOL (ex- Pousada do Sol) 10 UHS 38 17 POUSADA JACARÉ 06 UHS 20 18 POUSADA JM 12 UHS 42 19 POUSADA LUA AZUL 07 UHS 26 20 POUSADA MOINHO DE VENTO 12 UHS 32 21 POUSADA MUITO BONITO 14 UHS 40 22 POUSADA PARAISO 10 UHS 40 23 POUSADA DO PERALTA 09 UHS 31 24 POUSADA RANCHO JARINU 09 UHS 33 25 POUSADA REMANSO 15 UHS 44 26 POUSADA SÃO JORGE 12 UHS 38 27 POUSADA SOBRADINHO 07 UHS 30 28 POUSADA SONHO MEU 13 UHS 36 29 POUSADA SUCURI 13 UHS 39 30 POUSADA VILA RICA 13 UHS 40 31 POUSADA VILA VERDE 23 UHS 66

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POUSADAS

33 POUSADA GAIVOTA PANTANEIRA 05 UHS 34 ALBERGUE 01 BONITO ECOLOGICAL HOTEL (E CAMPING) 17 UHS 100

01 BARRA BONITA 30 UHS** 90 02 CACHOEIRA NOVA 30 UHS** 90 03 CENTER CLUB 55 UHS*** 100 04 CLUBE DO LAÇO 50 UHS** 150 05 DA ILHA DO PADRE 60 UHS** 180 06 PÉ DO MORRO 30 UHS** 90 07 DO PERALTA 59 UHS*** 100 08 FORMOSINHO 15 UHS** 45 09 POLIANA (Cachoeira do Hormínio) 50 UHS** 100 10 RINCÃO DOS SONHOS 60 UHS** 150 11 RIO FORMOSO (ao lado do Balneário Municipal) 120 UHS*** 360

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TOS

CAMPING

12 DO QUEIJINHO 50 UHS** 150 TOTAL -Bonito 75 MEIOS DE HOSPEDAGEM

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105

CLASSIFICAÇÃO

CAPACIDADE

MUNI- CÍPIO

CLASSE

SUB-CLASSE

OR- DEM

EMPREENDIMENTO UNIDADES

HABITA-CIONAIS

LEITOS

01 HOTEL TROPICAL 28 UHS 60 02 NOVO HOTEL JARDIM 18 UHS 38 03 HOTEL IPANEMA 11 UHS 36 04 HOTEL ESTÂNCIA 15 UHS 25 05 HOTEL RIO BRANCO 06 HOTEL VITORIA 20 UHS 35 07 HOTEL BRASIL 22 UHS 50 08 HOTEL DO EDIR 13 UHS 36 JA

RD

IM

ESTA

BEL

ECIM

EN-

TOS

HO

TELE

IRO

S

HOTEIS

09 JARDIM PALACE HOTEL FECHADO TOTAL Jardim 09 MEIOS DE HOSPEDAGEM

01 HOTEL ELDORADO 21 UHS 63 02 HOTEL FLORIDA 08 UHS 58 03 HOTEL CATARINENSE 20 UHS 52

HOTEIS

04 HOTEL A CASEIRA 07 UHS 30 HOTEL-POUSADA 01 HOTEL POUSADA RECANTO DA SERRA 20 UHS 43

01 RESORT HOTEL BETIONE (fechado) 24 UHS* 72 HOTEL-FAZENDA 02 PESQUEIRO CHAPENA 08 UHS 48

01 POUSADA BETIONE 03 UHS 09 BO

DO

QU

ENA

ESTA

BEL

ECIM

ENTO

S H

OTE

LEIR

OS

02 POUSADA POR-DO-SOL (fechado) 08 UHS 32

POUSADA

03 POUSADA DA SERRA 03 UHS 12 TOTAL Bodoquena 10 MEIOS DE HOSPEDAGEM TOTAL DO APL SERRA DA BODOQUENA 94 MEIOS DE HOSPEDAGEM

• CHALÉS ** BARRACAS *** BARRACAS E TRAILERS

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RESTAURANTES E ESTABELECIMENTOS DE BEBIDAS DO APL CLASSIFICAÇÃO

MUNI- CÍPIO

CLASSE

SUB-CLASSE

OR- DEM

EMPREENDIMENTO

01 CHURRASCARIA PANTANAL 02 ESPAGUETERIA SANTA ESMERALDA 03 RESTAURANTE AQUÁRIO RESTAURANTE 04 RESTAURANTE CANTINHO DO PEIXE 05 RESTAURANTE DA LAGOA 06 RESTAURANTE DA PRAÇA 07 RESTAURANTE DA VOVÓ 08 RESTAURANTE NOVA ARCO ÍRIS 09 RESTAURANTE O CASARÃO 10 RESTAURANTE PALADAR CAIPIRA 11 RESTAURANTE SALLE PEPE 12 TABOA & CIA

RE

ST

AU

RA

NTES

13 TAPERA RESTAURANTE 01 BARCURI 02 CARECAS BAR

RES

TA

UR

AN

TES

E

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TA

BELEC

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TO

S D

E B

EB

IDA

S

BA

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ES

03 TABOA BAR 01 GUGU LANCHES 02 LANCHONETE AMIGÃO 03 LANCHONETE BE HAPPY 04 LANCHONETE BEIRA RIO

LA

NC

HO

-N

ETES

05 VICIO DA GULA 01 PIZZARIA CASTELLABATE 02 PIZZARIA E RESTAURANTE PANTANEIRA

PIZ

ZA

-R

IAS

03 PIZZARIA SAN MARINO 01 CONFEITARIA E PADARIA COLÔNIA 02 PADARIA TRIGOS

LA

NC

HO

NET

ES

E

OU

TR

OS

OU

-T

RO

S

03 PANIFICADORA THALLY ENNE SUB-TOTAL 27

01 EXCEL PARK HOTEL 02 HOTEL POUSADA ÁGUAS DE BONITO 03 HOTEL POUSADA ARAUNA 04 HOTEL POUSADA BONSAI 05 HOTEL SANTA ESMERALDA 06 HOTEL TAPERA 07 JANDIÁ HOTEL 08 MARRUÁ HOTEL 09 POUSADA OLHO D´ÁGUA 10 WETIGA HOTEL

EM

ME

IOS

DE

H

OSP

ED

AG

EM

11 BLUE TREE HOTEL 01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL 02 BONITO AVENTURA 03 CACHOEIRAS RIO DO PEIXE 04 FAZENDA CEITA CORÊ 05 ENO BOKOTI (fechado) 06 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO 07 PARQUE DAS CACHOEIRAS 08 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA

RE

STA

UR

AN

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TO

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AT

RA

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OS

TU

RÍS

TIC

OS

09 RIO SUCURI

BO

NIT

O

TOTAL BONITO 47

01 RESTAURANTE BABY LANCHES

02 RESTAURANTE DO CHICÃO 03 RESTAURANTE O LANCHÃO

RE

ST

. E

ES

TA

B.

BEB

IDA

RE

STA

U-

RA

NT

ES

04 RESTAURANTE O CAIPIRA 01 BAR E LANCHONETE DO NEGÃO LAN-

CHES 02 LANCHONETE R2 01 PANIFICADORA FATALA 02 PANIFICADORA OURO BRANCO 03 PANIFICADORA, RESTAURANTE, PIZZARIA PIC 04 PANIFICADORA PROGRESSO 05 PANIFICADORA CASAS DOS PÃES 06 CONVENIÊNCIA NELORE

JAR

DIM

LA

NC

HO

NE

TE

S E

O

UT

RO

S

OU

TR

OS

07 CONVENIÊNCIA DO MANÉ

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08 LÉO COVENIÊNCIA 09 CONVENIÊNCIA PONTO Z 10 SORVETERIA ZERO GRAU 11 PINGO D’ OURO 12 SORVETERIA “SORVETE ITALIANO” 13 SKIMEL SORVETES

LA

NC

HO

NE

TE

S E

OU

TR

OS

OU

TR

OS

14 SORVETERIA PALÁCIO DOS SORVETES SUB TOTAL 20

01

BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA

02 BALNEÁRIO VERANO

VIN

C.

OU

TR

. E

STA

B.

AT

RA

-T

IVO

S

03 BURACO DAS ARARAS

JAR

DIM

TOTAL JARDIM 23 01 GULOSEIMA CARIOCA - RESTAURANTE/LANCHONETE 02 PASTEL GIGANTE RESTAURANTE

RE

ST

.

03 BAR E RESTAURANTE TREVO 01 BAR DO CHIQUINHO 02 BAR PARADA OBRIGATÓRIA

RE

ST

AU

R.

E

ES

TA

BELEC

. D

E B

EB

IDA

B

AR

03 BAR PONTO X 01 BATIDÃO LANCHES E ESPETINHO 02 LANCHONETE TOCA DA ONÇA

LAN-CHES

03 VAVÁ LANCHES 01 PIZZARIA CAIAQUE 02 PIZZARIA SERRANA

PIZZA

03 VARANDA PIZZARIA E LANCHONETE 01 CASCÃO SORVETES 02 PEDÁGIO SORVETE ITALIANO 03 SORVETERIA TENTAÇÃO

LA

NC

HO

NE

TE

S E

OU

TR

OS

OU

TR

OS

04 CONVENIÊNCIA PANIFICADORA LIMA

SUB-TOTAL 16

01 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL 02 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO) 03 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)

VIN

C.

OU

TR

. E

STA

B

AT

RA

-T

IVO

S

04 BOCA DA ONÇA ECOTUR

BO

DO

QU

EN

A

TOTAL BODOQ. 20

TOTAL NO APL 90

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COMÉRCIO DE SOUVENIRS -2006 MUNICÍPIO ORDEM EMPREENDIMENTO

01 ARTE MANIA 02 ALÉM DA ARTE 03 ADRIANO ANTUNES 04 AROEIRA CONV. E ARTESANATO 05 AVES DO BRASIL 06 BECO DA ARTE 07 BELAS ARTES 18 BELL PRESENTES 09 BERÔ CAN ARTE INDÍGENA 10 BICHO DA GRUTA 11 CANINDÉ ARTESANATO 12 CASA DO ARTESÃO 13 CASA DO TURISTA 14 CLAUDIA ARTESANATOS E CAMISETAS 15 ERNILDO ESTEVAM BIOLO 16 FORMA PRESENTES 17 MANDALA ARTESANATOS 18 MINI SHOPPING FORMOSO 19 MN BONITENSE 20 NÔMADAS 21 O CURUMIM 22 OFICINA DE ARTE 23 PANTANAL ARTESANATO 24 PEDRAS E CIA. 25 TEAR & CIA. 26 TOCA DA ONÇA 27 VÍCIO DA ARTE

BONITO

27 TOTAL EM BONITO 01 ARTE E OSSO 02 PROJETO MOR 03 PROGRAMA MÃOS Ä OBRA

JARDIM

03 TOTAL EM JARDIM 01 ARTESÃOS ARTE SERRANA BODOQUENA 01 TOTAL EM BODOQUENA

31

TOTAL NO APL