mobilizando conhecimentos para desenvolver arranjos e ... 08 - cleonice le-bourlegat.pdf · rede de...
TRANSCRIPT
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
RReeddee ddee PPeessqquuiissaa eemm SSiisstteemmaass ee AArrrraannjjooss PPrroodduuttiivvooss ee IInnoovvaattiivvooss LLooccaaiiss
Projeto de Pesquisa:
Mobilizando Conhecimentos para DesenvolverMobilizando Conhecimentos para DesenvolverArranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
de Micro e Pequenas Empresas no Brasilde Micro e Pequenas Empresas no Brasil
Atividade 03
Relatório Final
Arranjo Produtivo Local - Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena
Cleonice Alexandre Le Bourlegat Nelly Rocha de Arruda
Coordenação
Helena M. M. Lastres e José Eduardo Cassiolato
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
1
Equipe de Coordenação no Rio de Janeiro
Coordenação Geral
Helena M. M. Lastres e José Eduardo Cassiolato
Pesquisadores RedeSist-RJ Cristina Lemos Marina Szapiro Fabio Stalivieri
Marcelo de Matos
Estagiárias Júlia Queiroz
Carolina Garcia
Gerente-Administrativa Fabiane da Costa Morais
Gerente de Tecnologia da Informação
Max Hubert dos Santos
Apoio Técnico-Admistrativo Tatiane da Costa Morais
Secretária Eliane Pires
Equipe de Coordenação em Mato Grosso do Sul
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
2
Coordenação Geral
Cleonice Alexandre Le Bourlegat
Apoio à coordenação
Bolsista mestranda: Nelly Rocha de Arruda
Equipe de Apoio na coleta e tabulação de dados
Mestrandas: Carla Maria Maciel Salgado
Ione de Souza Coelho
Equipe de Apoio na coleta de dados
Mestrandos: Domingos Savio de Souza Mariuba
Lino de Souza de Lima
Paula Sant’ Anna Batassini
Roseni Aparecida Pereira de Macedo
Tsinduka Antonio Muana Uta
Vera Lucia Ferreira Santos
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................... 04
1. PERFIL DO APL DE TURISMO BONITO/ SERRA DA BODOQUENA........ 07
1.1 DIMENSÃO DO AMBIENTE NATURAL : RISCOS E POTENCIALIDADES..... 08
1.2 DIMENSÃO CULTURAL: POTENCIALIDADES ....................................... 16
1.3 DIMENSÃO SÓCIO-ECONÔMICA.......................................................... 28
1.4 ORIGEM HISTÓRICA DO APL............................................................... 31
1. 5 DESEMPENHO RECENTE DO APL........................................................ 41
2. PERFIL DOS PRINCIPAIS ATORES E ATIVIDADES REALIZADAS............. 49
2.1 ATORES ECONÔMICOS DO APL........................................................... 49
2.3 ORGANISMOS DE APOIO PROMOÇÃO E REGULAÇÃO............................ 73
2.4 INFRA-ESTRUTURA DE APOIO.............................................................. 81
3. CAPACITAÇÃO PRODUTIVA E INOVATIVA DO APL................................. 84
4. PERSPECTIVAS E PROPOSIÇÕES POLÍTICAS............................................. 88
REFERÊNCIAS............................................................................................ 91
ANEXOS.................................................................................................... 94
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
4
Introdução
O Arranjo Produtivo Local de Turismo Bonito/Serra da Bodoquena, que abrange três
Municípios: Bonito, Bodoquena e Jardim (Mapa 01), localizados a sudoeste de Mato
Grosso do Sul, numa faixa de 200 por 30 quilômetros, em que vivem 47. 865 habitantes
(IBGE, 2000)1,
Mapa 01 Municípios do APL de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena
1 Censo demográfico, 2000.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
5
Apresenta como especialidade econômica o ecoturismo, praticado em ambiente de
rochas carbonáticas.
O APL, tomando por base os dados do FUNDTUR, recebe um fluxo anual em torno
de 120 mil turistas, com uma receita média de 354 milhões de reais, 19% de origem
internacional.
Bonito constitui o Município core desse APL, enquanto os outros dois Municípios
usufruem mais recentemente dos efeitos de transbordamento do primeiro.
Três marcas características da cultura desse modelo territorial de atividade turística o
têm distinguido dos demais: (01) a significativa preocupação com a profissionalização e
melhoria de desempenho da organização interna dos atores na oferta do serviço, baseado
em ações de coordenação público-privada; (02) conscientização desses mesmos atores em
relação à sustentabilidade do ecossistema, que se reverte em ações rigorosamente
planejadas no uso dos atrativos naturais; (03) a exploração dos atrativos turísticos pelo
proprietário das terras em que os recursos naturais se manifestam, transformando-a em
atividade complementar à pecuária.
De fato, pela quarta vez consecutiva Bonito foi eleito o “melhor destino ecoturístico
brasileiro”2. A revista “Ecoturismo” elaborou uma matéria, em 2006 sobre o Município,
com o título “Bonito dá um banho de Ecoturismo Correto”. Esse Município esteve ainda
entre os sete casos de sucesso apresentados pelo Sebrae ao Fórum Mundial de Turismo em
2005 e o APL como um todo (Bodoquena e Jardim incluídos) tem oferecido elementos
para o governo federal considerar o Mato Grosso do Sul como referência na gestão do
turismo brasileiro. Esses são alguns dos indicadores da imagem da qual usufrui o APL e
que integra sua dimensão cultural.
Portanto, o APL de Bonito/ Serra da Bodoquena distingue-se e atrai turistas, não só
pelas belezas naturais e tipos de passeios que oferece, como também por esse receptivo
diferenciado na organização e planejamento do acesso aos atrativos, em que os cuidados
com a conservação e recuperação da natureza estão sempre presentes.
Esse modelo organizativo e conservador do ambiente do APL em questão implicam
em preços de passeios, considerados os mais elevados do país e que, à primeira vista,
parece expô-lo a riscos de perda de competitividade, principalmente diante do constante
2 O prêmio foi atribuído pela “Revista Viagem e Turismo”, da Editora Abril, em 2005.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
6
aumento de oferta de territórios turísticos e da crise econômica que abate esse setor em
nível nacional.
O objetivo geral da pesquisa foi, portanto, identificar e caracterizar o Arranjo
Produtivo Local de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena e suas potencialidades
organizativas e criativas enraizadas na cultura local, avaliando as competências dessa
dimensão do território no desafio à superação de suas limitações internas, para poder se
manter no mercado.
Os objetivos específicos foram:
• Descrever a origem do arranjo, analisando os fatores decisivos na sua
constituição, que conduziram às características do modelo cultural atual de coordenação e
planejamento das atividades;
• Investigar o perfil do arranjo, caracterizando os principais atores e
organizações de apoio envolvidos, infra-estrutura disponível, bem como as formas de
interação, cooperação e coordenação desse APL, observando as iniciativas estratégicas
inovadoras que tenham agregado diferenciais competitivos e vantagens dinâmicas para sua
sustentabilidade e competitividade;
• Identificar os principais desafios que ora se apresentam ao APL e como os
atores vêm respondendo aos mesmos, na tentativa de superação e manutenção da
especificidade do território turístico, como oferta diferenciada.
A abordagem foi sistêmica e o enfoque teórico, conceitual e metodológico, baseado
fundamentalmente naquele já desenvolvido pela RedeSist (www.sinal.redesist.ie.ufrj.br),
centrado na visão de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais.
O procedimento metodológico adotado para coleta, organização e compreensão dos
dados coletados consistiu na análise integrada da realidade, combinando-se técnicas
quantitativas e qualitativas.
Junto às fontes secundárias foram obtidas informações estatísticas, documentais e
cartográficas a respeito do APL.
Foram aplicados questionários, entrevistas semi-estruturadas e abertas junto aos 686
atores econômicos identificados dentro do APL. Os questionários, geradores de
informações quantitativas e da percepção dos atores com relação aos aspectos de inovação,
seguiram os critérios e proposições da RedSist, com adaptações à realidade do APL. Foram
aplicados a uma amostra não-aleatória de um universo de 272 atores econômicos locais
(empresas), por estratificação de diferenciação estabelecida entre os mesmos. O tamanho
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
7
amostral obtido levou em conta um nível de confiança de 87,25% e um erro amostral de
12,65%. Os atores econômicos que serviram de base para a amostra corresponderam a 17
estratos de atividades, considerados dentro dos atrativos turísticos, meios de hospedagem,
agências de viagem, restaurantes e similares, lojas de souvenirs e núcleos de artesãos.
Aos 414 atores econômicos autônomos, empresas individuais ou micro-empresas na
oferta de produtos turísticos como guias de turismo, remadores, monitores ambientais,
oferta de meios de transporte aos passeios (locadoras, taxistas, moto-taxistas) e artesãos,
foram aplicadas entrevistas específicas.
Aos organismos locais e organizações de apoio ao APL, foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas, de modo que se pudesse compreender seu papel e peso dentro do APL.
As entrevistas abertas foram aplicadas a pessoas qualificadas, previamente
selecionadas, lideranças e integrantes representativos que fizeram história no APL, visando
permitir a melhor interpretação dos dados quantitativos gerados pelos questionários e
entrevistas semi-estruturadas do processo e da percepção dos atores em relação ao modelo
e ações empreendidas, assim como para sentir de perto as aspirações, potencialidades,
dificuldades e possíveis conflitos entre os atores do APL.
O material coletado foi agrupado e organizado com base nas categorias de análise,
complementado por instrumentos de ilustração que amparam na visualização dos
fenômenos que se pretendeu compreender.
A interpretação e análise dos dados coletados e agrupados pelas diversas categorias
eleitas foram obtidas, inserindo as diversas variáveis de análise em uma situação do
contexto do APL, com apoio das teorias e categorias conceituais relacionadas com o
método de abordagem sitêmico, buscando-se compreender como as variáveis foram se
combinando no tecido complexo de relações, numa ordem multidimensional (unidades
constituídas das inter-relações) e multiescalar (local, regional, nacional e internacional).
1- Perfil do APL De Turismo Bonito/ Serra Da Bodoquena
O APL de Turismo de Bonito/ Serra da Bodoquena, do qual fazem parte os
Municípios de Bonito, Jardim e Bodoquena, localiza-se a sudoeste do Estado do Mato
Grosso do Sul.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
8
1.1 DIMENSÃO DO AMBIENTE NATURAL : RISCOS E POTENCIALIDADES
O principal potencial ecoturístico desse território turístico é constituído pelo
ambiente da Serra da Bodoquena (Mapa 02), uma forma de relevo residual de rochas
calcárias que fica em evidência, em função do processo erosivo que deu origem às áreas de
depressões do entorno (Bonito, Miranda e Apa) , sendo chamada pelos moradores locais de
“serra” (Foto 01). Em realidade, essa formação se constitui em um planalto com escarpa
(entre 450 a 650 m de altitude) voltada ao Pantanal e faz parte do conjunto de uma grande
faixa de dobramentos, modelada sobre terrenos de origem précambriana (Proterozóico
Inferior, Médio e Superior), que sofreu intensos processos de pediplanação. Em 2000,
criou-se o Parque Nacional da Bodoquena, com 76,4 mil hectares.
A exposição de pacotes metacarbonáticos a um clima úmido, desde a era
quaternária, deu origem a condutos e canais de dissolução, associados principalmente aos
sistemas de fraturamentos e falhas. A carstificação, como é chamado esse processo,
resultou em formas características do “relevo cárstico” de grutas e dolinas. As águas dos
rios desaparecem em “sumidouros” e reaparecem pelos fenômenos de “ressurgências” de
rara beleza, além de permitirem a formação de cachoeiras de tufas calcárias. Nas escarpas
da “serra” aparecem canyons.
Foto 01 Serra da BodoquenaMapa 02 Geologia de MS e Serra da Bodoquena
Fonte: IPLAN
Miguel V
on Behr
SERRA DA BODOQUENA
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
9
A paisagem cárstica, associada à flora e fauna local, atribui características
ambientais peculiares, especialmente em função da natureza das águas superficiais e
subterrâneas, cujas características físicas lhes atribuem uma cor azulada e um aspecto
transparente e que permite apreciar a flora e fauna subaquática. A fauna e flora são
representantes do Cerrado, Floresta Estacional Decidual e Semidecidual, Pantanal e o
Chaco (Foto 02). Entre o rio Paraguai e as escarpas do Planalto, em terras cadiuéu, existem
exemplares de matas chaquenhas, ricas em fauna, que ainda permanecem preservadas. As
águas dos córregos e rios exibem uma peculiar paisagem subaquática, com uma ampla
gama de ictiofauna (piraputanga, dourado, curimbatá, pintado, cachara, pacú, piau, traíra e
outras espécies de menor porte), de interesse para a aquariofilia ornamental, além de
plantas aquáticas (algas, musgos e plantas com flores).
1.1.1 Riscos ambientais por inadequação do uso
Nesta região, o fenômeno de carstificação dá origem a condições instáveis no
subsolo, especialmente por fenômenos de dissolução, causado pela infiltração de águas
superficiais de composição ácida, consequentemente, oferecendo riscos de segurança à
população, quando ocorre o uso inadequado do solo ou a poluição dos recursos hídricos.
Segundo Nakazawa & Prandini (1991), os principais problemas relacionados ao uso
inadequado desse ambiente cárstico têm sido:
Daniel de G
ranville Manço
Foto 02 Cobertura vegetal - Rio Formoso
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
10
- fenômenos de subsidências e colapsos (afundamento do terreno de forma brusca) na
superfície –isso porque em condições de “carste coberto”, em que o calcário é intercalado
por outro tipo de rocha, podem se constituir cavidades de fundo, com colapso de teto. Sua
ocorrência oferece sérios riscos à população, tendo sido registrado mortes,
desaparecimento de pessoas, animais e máquinas tragados pelos colapsos. No Brasil,
ficaram conhecidos os fenômenos de colapsos e afundamentos na cidade de Cajamar,
Estado de São Paulo.
- degradação dos recursos hídricos subterrâneos por poluição e/ ou sobreexploração
– as superfícies cársticas se mostram vulneráveis à poluição dos aqüíferos subterrâneos por
efluentes de diversas naturezas. A formação cárstica dá origem a verdadeiras redes
subterrâneas de drenagem que se comunicam com as redes superficiais, à imagem de um
“queijo suíço” e que dificulta a filtragem do material e, portanto sem condições de
depuração do efluente por um longo período, submetendo o usuário da água a diversos
riscos, inclusive de intoxicação. Conseqüências graves podem ocorrer ainda, se houver
infiltração de gasolina, benzeno ou outra susbstância combustível, no caso de vazamento
de indústrias, postos de gasolina, caminhões ou outros efluentes urbanos. Os gases de
evaporação podem causar intoxicação ou mesmo explosões no subsolo, podendo submeter
a população local a verdadeiras catástrofes.
- recalques em fundação – as obras de engenharia relacionadas à urbanização e infra-
estrutura podem se tornar sobrecarga ou incompatíveis no terreno, causando efeitos
bruscos, por recalques de fundação. Assim, a construção de estruturas de grande porte
(barragens, equipamentos mecânicos pesados, pontes, edifícios com mais de andares, pistas
de pouso) e mesmo mais leves (estradas, pequenas edificações, obras de infra-estrutura
urbana) podem sofrer recalques de suas fundações, com fenômenos de subsidência ou
colapso de teto, quando há cavidades na rocha ou no solo.
- fugas de água em reservatório – a construção de reservatórios de água para diversos
fins também pode sofrer fuga de água, quando existem condutos abertos que ligam
montante e jusante.
- destruição do patrimônio espeleológico - as estalagmites e estalagtites das cavernas
podem ser abaladas diante de atividades que promovam trepidações no terreno.
Além desses riscos decorrentes da formação geológica e geomorfológica do carste,
que podem ser causados por obras de infra-estrutura e efluentes, existem os cuidados que
também devem ser tomados na conservação da paisagem local, incluindo flora e fauna
superficial e subaquática, durante as visitações.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
11
1.1.2 Potencialidades dos recursos naturais para o turismo
As formações cársticas que mais atraem os turistas são:
- Grutas – o mapeamento da serra da Bodoquena feito por imagens satélites, pelo
IBAMA, já permitiu diagnosticar a presença de cerca de quatrocentas cavidades, 30 delas
já identificadas. Entretanto, as grutas abertas à visitação são a Gruta do Lago Azul e Gruta
São Miguel (fotos 03 e 04).
As grutas do Lago Azul e Nossa Senhora da Aparecida (Bonito) foram tombadas em
1978, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, do Ministério
da Cultura, dado o valor cênico e importância científica. A gruta do Lago Azul contém
fauna endêmica de crustáceos aquáticos e concentração de fósseis do período
pleistocênico.
Dolinas –constituem depressões ou cavidades profundas, conseqüência de
desabamento de solo e rochas de teto de cavernas. Entre as mais conhecidas estão:
“Abismo Anhumas” (Fotos 05 e 06), “Lagoa Misteriosa” (Foto 07) e Buraco das Araras
(Foto 08).
Alex Uchoa
Miguel V
on Behr
Foto 03 Gruta do Lago Azul Foto 04 Gruta São Miguel
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
12
Foto 07 Lagoa Misteriosa
Foto 08 Buraco das Araras
As cavidades subaquáticas da Serra da Bodoquena estão entre as consideradas
melhores do mundo para espeleomergulho, com dimensões de dezenas de metros de seus
“salões”.
Prodetur / Sul
Brazil on Board
Foto 06 Abismo Anhumas Visão interna
Travel Blog
Foto 05 Abismo Anhumas Visão externa
Travel Blog
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
13
- Tufas calcárias -
Fenômeno de calcificação por precipitação química de carbonato de cálcio, formando
camadas externas horizontais, superpostas ao solo, com certa compactação e altura,
retendo os compostos vegetais (musgos, folhas, caules, troncos) consolidados ou revestidos
externamente por cálcio e magnésio, ocasionando barreiras transversais ao leito dos
córregos e rios, chegando represar suas águas e formar cascatas.
O crescimento contínuo desses depósitos calcários associados aos vegetais nos cursos
d'água, acabam gerando uma seqüência de lagos interligados por estas barragens naturais e
cascatas. As tufas calcárias são porosae e muito frágeis, não resistem a pisoteios.
Foto 09 Cachoeira Aquidaban Foto 10 Cachoeiras Estância Mimosa
Águas Transparentes e azuladas
As condições fisio-químicas da água sob as variáveis climáticas locais dão origem a
águas transparentes e azuladas, proporcionando cenários superficiais e subaquáticos de rara
beleza, quando associados aos fenômenos de surgência dos rios e à flora e fauna reinante
no mundo das águas.
Rosa Rosé
Brazilien
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
14
Surgências
O processo de dissolução do solo e da rocha pode levar rios a desaparecerem
(sumidouros), adentrando vales abertos no interior do subsolo e reaparecerem
(ressurgências), estas conhecidas regionalmente por "olhos d'água" ou nascentes e
representam pontos de beleza incomparável, a exemplo do que ocorre no chamado Aquário
Natural (Baia Bonita), Lagoa Misteriosa, Rio Sucuri, Rio da Prata.
Foto 11 Surgência no Rio da Prata
Jardins subaquáticos
A diversidade e beleza da flora e fauna local podem ser apreciadas, por meio de
flutuação ou mergulho nos rios, como se fossem jardins submersos.
Foto 12 Flora subaquática Foto 13 Ictiofauna no rio Baía Bonita
Brasil Mochila
Paulo Robson de Souza
Recanto Ecológico Rio da Prata
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
15
Essas belezas subaquáticas são frágeis aos impactos oriundos do uso humano e dos
efluentes, pois dependem da combinação de muitos elementos do ambiente natural, como
luz, temperatura, características físico-químicas da água e atividade biológica para se
manterem.
Canyons
Rios com vales em canyons, a exemplo do rio Salobra atraem turistas de rapel, vôos
panorâmicos e vista para a aldeia indígena dos Kadwéus.
Foto 14 Rio Salobra Foto 15 Rapel
Biodiversidade vegetal e animal
O Planalto da Bodoquena constiui a maior extensão de florestas naturais preservadas
do estado de Mato Grosso do Sul e uma das maiores áreas de floresta estacional decidual
do país. Tais condições favorecem a diversidade de espécies vegetais e animais. O
ambiente local propicia alimento abundante e proteção necessária a animais (arara
vermelha, capivara e queixada, dentre outras), inclusive para alguns considerados raros e
ameaçados de extinção (onça pintada, ariranha, lontra, tatu canastra, veado campeiro,
gavião real, tamanduá bandeira, urubu-rei, arara azul).
FUND
TUR-MS
Daniel de G
ranville Manço
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
16
1.2 DIMENSÃO CULTURAL: POTENCIALIDADES
O APL de turismo de Bonito / Serra da Bodoquena conta com recursos históricos e
culturais peculiares do lugar.
1.2.1 Potencialidade histórica
Guerra do Paraguai
Uma das potencialidades está ligada ao fato de Bonito ter sido palco da sangrenta
Guerra contra o Paraguai, no século XIX. Existem remanescentes desse conflito, seja na
presença de geração de famílias descendentes de heróis da Guerra que permaneceram no
lugar, seja pela presença de mitos e narrativas relacionados à Guerra, como o caso dos
“tesouros enterrados”, entre outros.
1.2.2 Potencialidades culturais
Nação Kadiwéu
Em áreas contíguas ao APL (divisa com Porto Murtinho) encontra-se a maior terra
indígena do Estado, pertencente à Nação Kadiwéu, doada por Dom Pedro I como
recompensa à aliança com esses índios cavaleiros, que permitiu ganhar a Guerra contra o
Paraguai. São 538.536 hectares em terra demarcada desde 1984, onde vivem cerca de
1.500 índios. É apreciada na cultura desse povos.
São remanescentes dos Mbayá, um ramo dos Guaikurú. Incorporaram o uso dos
cavalos, dos espanhóis colonizadores do século XVI, ficando conhecidos como "índios
cavaleiros". Organizados em uma sociedade de nobres e cativos, garantiram sua
reprodução biológica, por longo tempo, vivendo do saque e do tributo de seus vizinhos. Os
capturados passavam a ser incluídos na sociedade como "cativos", ou gootagi (nossos
cativos), incluídos entre eles, tanto índios (como os Xamakôko), como não índios.
Estabeleceram aliança com os Terena (um subgrupo dos então chamados Guaná ou
Txané), adotando o casamento entre seus nobres e as mulheres de alta estirpe Terena. E por
meio dessa aliança, por longo tempo, trocaram sua proteção de homens guerreiros pelos
produtos agrícolas dos terena.
Chama atenção na cultura dessa nação indígena a pintura corporal, de traços
simétricos, pelo nível de elaboração e beleza artística, assim como a arte em cerâmica.
Ambos possuem registros feitos por viajantes europeus desde o século XVI. Foi motivo
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
17
para uma das obras mais importantes do antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, denominada
“Kadiwéu: Ensaios Etnológicos sobre o Saber, o Azar e a Beleza” escrita em 1940. Essa
arte também foi analisada pelo antropólogo francês Claude-Levy Strauss em 1937. A arte
kadiwéu ainda tem sido merecedora de constantes destaques em exposições internacionais,
a exemplo dos espaço para a mostra de cerâmica e grafismo kadiwéu realizada em Paris,
em 20053 (Foto 16) pela Unicamp. A arte Kadiwéu também se expressa nos cânticos das
mulheres velhas, nas músicas dos tocadores de flauta e tambor e nas danças coletivas.
Foto 16 Exposição kadiwéu na França -2005
A pintura corporal manifesta uma significativa habilidade artística para criar
estampas no rosto e corpo, com desenhos minuciosos e simétricos e que no passado
marcava a diferença entre nobres, guerreiros e cativos.
Os desenhos geométricos e complexos revelam um grande equilíbrio e beleza
artística (Foto 17 e Figuras 01 e 02). Além do corpo, a pintura pode aparecer também em
couros, esteiras e abanos. Utilizam-se de cores vivas (vermelho, negro, esverdeado e
branco), que revelam, segundo os estudiosos, o esforço de transmitir a alegria.
3 A exposição “Brésil Indien, les arts des amérindiens du Brésil" foi realizada por Regina Pólo Muller do Instituto de Arte, Unicamp.
Felipe Tassara
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
18
Foto 17 Pintura em india Kadiwéu, 1895
Figura 01 Padrões de pintura Kadiwéu
A arte em cerâmica é produzida pelas mulheres kadwéu (Foto 21), tanto sob forma
de pratos, como de urnas e animais, seguindo sempre o padrão simétrico e colorido (Fotos
18 a 20).
Foto 18 Urna Kadiwéu
Portal Bonito
Foto 19 Pratos em cerâmica kadiwéu
Cerâmica N
orio
Socioambiental
J.H. Fric, 1
943
Guido Boggiani, 1895
Foto 20 Animal em cerâmica
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
19
Em 1997, o escritório Brasil Arquitetura de São Paulo (arquitetos Francisco Fanucci
e Marcelo Ferraz) ganhou um concurso para a reestruturação de um conjunto habitacional
em Hellersdorf, bairro de Berlim, com 3.200 habitações, ao basear-se na utilização da arte
kadiwéu como azulejos das fachadas e saguões (Foto 22), cuja autoria foi atribuída a seis
índias que foram a Berlim em 1998, ver o resultado de seu trabalho. Pela primeira vez na
história, houve o reconhecimento autoral da arte de uma Nação Indígena. Em 2002, foi
realizado no Museu Etnológico de Berlim, a exposição “Copyright by Kadiwéu”, com a
presença de mais uma delegação de artistas da tribo (Foto 23).
Foto 22 Azulejos Kadwéu em Berlim Foto 23 Exposição de arte em Berlim
Arquitexto
Arquitexto
Foto 21 Índias ceramistas kadiwéu
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
20
O índio kadwéu ainda mantém um forte apego a um modo de vida apoiado no uso
e criação de cavalos (Foto 24).
Foto 24 Indio kadiwéu
A delegacia da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) mantém delegacia em Bonito,
para atendimento especialmente aos kadwéus.
Cultura de integração fronteiriça
As fazendas de gado fizeram parte da estratégia de organização territorial de Mato
Grosso do Sul antes e depois da Guerra do Paraguai. Grande parte das terras havia sido
doada pelo Império a militares heróis de guerra, com o intuito de mantê-las ocupadas e
vigiadas nessa faixa de fronteira perante possíveis investidas do país vizinho.
As condições fronteiriças e de antiga área missioneira possibilitaram o encontro
cultural entre o fazendeiro recém-chegado de outros lugares do Brasil (mineiros e sulistas
principalmente), o paraguaio e os indígenas, que ainda vivem no local. Os traços do modo
de vida na lida com o gado na fazenda, a religiosidade, assim como gostos musicais e
danças (polca paraguai, guarânia, chamamé e rancheira), uso do mate e do tereré,
gastronomia, são comuns nesse espaço transfronteiriço e marcam essa convivência inter-
étnica na fronteira.
-Transmissão oral da cultura
Os hábitos e costumes e as visões de mundo estão presentes nas narrativas orais dos
contadores de “causos”, pessoas comuns da sociedade local. Fazem-se presentes nas
conversas em festas rurais, em calçadas e bares na cidade, entre outro espaços interativos.
Funai
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
21
Os contadores de histórias são transmissores orais dessa cultura fronteiriça, na medida em
que mantém interação e diálogo com seus ouvintes. Essa prática de contar e ouvir “causos”
reveste-se do linguajar cotidiano, a partir do qual a tradição é passada e recriada
diariamente.
_Roda do tereré na integração social e cultural
O tereré é uma bebida semelhante ao chimarrão, que tem como base a água e erva-
mate desidratada, moída e ligeiramente torrada, consumida com água fria. A “guampa” é o
recipiente utilizado para colocar o tereré, feito de um chifre cortado ao meio. Suga-se o
mate com auxílio da “bomba”, uma espécie de tubo parecido ao chimarrão ( Foto 25).
Foto 25 -Tereré
O hábito do tereré foi adotado pelos índios guarani, desde a época das missões
jesuíticas. Para consumi-lo constituem-se as “rodas de tereré”, momento em que podem ser
tomadas grandes decisões ou então as utilizam nas ocasiões das narrativas dos “causos” ou
do “bate papo” e descontração, quando se chega a dar boas gargalhadas.. A “roda de
tereré” aparece sempre como um fenômeno de integração social e cultural que caracteriza
toda a região fronteiriça de Mato Grosso do Sul.
-Culinária diversificada
A culinária também revela em grande parte a convivência do colonizador brasileiro
de origem européia com os paraguaios e indígenas É significativo, por exemplo, o hábito
alimentar com a mandioca “amarela”, “chipa”, “sopa paraguaia”, churrasco no espeto,
“guariroba” (palmito amargo) como exemplo dessa diversidade de origens paraguaias e
indígenas. Mas também contribuem tradições alimentares oriundas de mineiros, sulistas,
Clube do Tereré
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
22
cuiabanos, a exemplo do arroz carreteiro, caribéu (carne seca com mandioca), quibebe
(carne seca com abóbora) farofas com banana, churrasco com mandioca, doces de caju,
bocaiúva, carambola, furrundum (doce de mamão com rapadura de cana), entre outros.
-Festa do clube do laço e da pecuária
Na fazenda, o gado bovino é tanto um referencial econômico como um referencial
social e mesmo cultural, pois ele mediatiza as relações entre as pessoas e delas com a
natureza, integrando o mundo cultural da sociedade que integra o APL da Serra da
Bodoquena.
Bonito e Bodoquena, a exemplo de grande parte dos Municípios de Mato Grosso do
Sul, contam com o “Clube do Laço”. Através dele se mantém as tradições culturais
relacionadas com as lides na pecuária, ressaltando-se o churrasco e a laçada do boi. Em
Bonito a festa do Clube do Laço realiza-se três vezes ao ano: (01) no dia do trabalhador em
parceria com o Sindicato Rural com a “Festa do Peão Boiadeiro”, com campeonato de
laçadas (Foto 26 ), bailes (Foto 27) e churrasco com mandioca; (02) em agosto; (03) em
dezembro com a “Festa do Boi Mocho”.
Foto 26 Festa do peão boiadeiro Foto 27 Festa do peão boiadeiro
Em Bodoquena, a “Festa do Clube do Laço” também ocorre três vezes ao ano
(agosto setembro e outubro). Em Jardim, no lugar do Clube do Laço, destaca-se a “Expo-
Jardim”, evento iniciado em 2004 pelo sindicato Rural de Jardim, com realização em maio,
congregando os agro pecuaristas de Jardim e região, com exposição de gado de leite, gado
de corte, ovinos, eqüinos, leilões, difusão de tecnologia, maquinários, artesanato local e
turismo.
Somam-se a essas festas outras similares, como são os casos do “Rodeio Country
de Bonito” (rodeio e baile) promovidos geralmente em abril, em Bonito, e do “Leilão
Beneficente”, realizado pelo Sindicato Rural e uma empresa de leilões, em outubro,
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
23
ocasião em que são ofertados animais e também objetos (obras de arte, móveis entre
outros), oferecendo-se os valores arrecadados a entidades beneficentes.
-Festas religiosas
As festas religiosas no APL também são variadas do ponto de vista da origem e não
foram mercantilizadas pela atividade turística. Manifestam-se, por exemplo, no APL, a
festa do divino, folia de reis e a dos padroeiros São Sebastião, São Pedro, como também a
comunidade paraguaia comemora no dia 8 de dezembro a festa de Nossa Senhora do
Caacupé.
- Festas recentes
Em Bonito, algumas novas festas vêm sendo promovidas, por iniciativa local ou
extra-local, de natureza cultural.
A Prefeitura Municipal passou a organizar três tipos de eventos: (01) o “Festival da
Guavira”, em fim de novembro, por ocasião da frutificação da guavira (fruto do cerrado),
apresenta exposição em praça pública, com objetivo de valorizar a culinária típica, a
música e a dança regional; (02) a “Semana Municipal de Música Gospel” em maio (em
baixa temporada), reúne as bandas Gospel de Mato Grosso do Sul; (03) a “Feira de
Artesanato de Bonito”, na segunda quinzena de maio, visando promover a cultura local,
através de exposição e venda de artesanatos, apresentações de artistas locais e regionais.
Participam entidades sociais do município, visando arrecadação de recursos financeiros
para manutenção de programas sociais.
O “Turisfest” é de iniciativa de uma empresa privada de Bonito, por ocasião da baixa
temporada turística, com o intuito de promover a integração regional, através de
manifestações culturais, exposição e venda de artesanato, comercialização de comidas
típicas. Os potenciais turísticos também são divulgados através de stands institucionais dos
municípios da Serra da Bodoquena e Pantanal Sul. Ocorrem palestras e seminários na área
de turismo e agro negócio.
De iniciativa externa emergiram dois eventos mais recentemente. O mais antigo é o
“Festival de Inverno”(FestinBonito), oferecido quando se inicia a baixa temporada (entre
segunda quinzena de julho ou agosto), realizado por uma empresa de Campo Grande e
patrocinado pelo governo de Estado desde 2000. Oferece manifestações de arte e cultura
aos visitantes e moradores do município de Bonito, além de seminários e oficinas nas áreas
de meio ambiente e turismo. O outro evento é o “Gay Bonito”, iniciado em 2005, que
ocorre por iniciativa de uma empresa externa em parceria com um empresário local. Além
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
24
de oferecer palestras sobre temas de interesse do público de gays, lésbicas e simpatizantes
– GLS, também promove; shows musicais em ambientes abertos e fechados; com
programação opcional de passeios turísticos.
-Artesanato local
O artesanato local é também rico em diversidade e ainda pouco conhecido pelos
turistas. Existe não só o artesanato produzido pelos índios kadwéus, como outros de
origem local.
Segundo as informações do Mapeamento Cultural realizado pelo governo estadual
em 2005, a produção baseia-se principalmente em matéria-prima vinda da pecuária (couro
e osso), como também ocorre o uso de argila, taboa, madeira e rochas, sementes e penas de
aves regionais, ou de tecidos, lã, linha e barbante. Os produtos constituem adornos
(bijuterias, toalhas, tapetes, estatuetas, porta-jóias, bandejas, entre outros) e mesmo
utensílios (cintos, chaveiros, selas, sapatos) para uso em fazenda.
A arte em osso é desenvolvida por alguns núcleos de artesão, apoiados pelo Sebrae-
MS (Geor) e que já fizeram jus a prêmios nacionais. Os mais trabalhos mais expressivos
em originalidade e quantidade estão em no Município de Jardim.
Foto 27 Arte Kadwéu Foto 28 Berrantes de chifre de boi
Foto 29 Arte em osso de boi Foto 30 Arte em madeira
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
25
Foto 31 Arte em argila Foto 32 Arte em cestaria
Músicas regionais de fronteira
Remanesce entre os habitantes tradicionais do lugar, o uso e gosto por alguns
instrumentos e sons musicais que resultaram do tempo das vaquejadas, saladeros, grandes
estâncias, em territórios antes espanhóis e que depois do movimento da descolonização
ibérica tornaram-se paraguaios, brasileiros e argentinos. Esses ritmos abarcaram as terras
platinas e se disseminaram por meio de violas e violões, sob forma de polcas paraguaias,
guarânias e chamamés, especialmente nas faixas de fronteira do Mato Grosso do Sul,
durante o ciclo da erva mate. O controle da Matte Laranjeira pelos argentinos desde os
anos 20 do século XX e a significativa imigração paraguaia pós-guerra no trabalho
ervateiro favoreceram essa disseminação cultural.
Lendas e misticismos na representação coletiva local
O misticismo fantástico impregnado nas raízes culturais ainda povoa a representação
coletiva desse território fronteiriço.
Destaca-se, entre outras, a história de “sinhozinho”4 (ou senhorzinho), figura lendária
de um suposto curandeiro e milagreiro5, morto e esquartejado6, visitado por São Pedro em
1945, considerado santo padroeiro de Bonito e que retornaria em 2075. Sinhozinho
4 Essa lenda já foi objeto de pesquisa e de um documentário específico feito na mídia do Estado de Mato Grosso do Sul. 5 Sua imagem é veiculada como um senhor de barbas longas, olhos e cabelos claros, com um longo manto que escondia seu braço esquerdo. Alimentava-se somente de frutas, mandioca, peixe e mel, molhando os lábios apenas com um frasco que carregava consigo. Comunicava-se com a população apenas por gestos. 6 Sua morte teria sido causada por autoridades locais, em função da ira despertada pelo seu poder de cura e predição.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
26
arrebanhou muitos seguidores locais, ganhando uma capela específica com signos ligados à
sua história7, sendo objeto de visitação de devotos, que realizam no dia 12 de outubro uma
procissão em direção à capela, junto do rio Mimoso. Nos diversos relatos, misturam-se
lendas relacionadas aos cuidados com a natureza, como o corpo de sinhozinho jogado às
águas e responsável pela sua cristalinidade e limpidez ou então, sobre a enorme serpente
existente no subsolo da cidade, que poderá emergir causando tragédias, caso as pessoas
não cuidem bem da natureza.
Outra lenda bastante conhecida é a dos “enterros de tesouros” relacionados aos eventos da Guerra contra o Paraguai. Os assaltos e saques realizados junto às famílias de moradores as teriam submetido à fuga, induzindo-as a enterrar seus pertences em potes ou baús, perto da propriedade para posterior resgate. Entretanto, nem todas conseguiram retornar, morrendo no meio da mata ou assassinadas por soldados da guerra. Algumas pessoas sabedoras desses enterros, descendentes ou não, têm sido ajudadas pelos espíritos dos mortos que se comunicam com eles por meio de sonhos. Estes sonhos se manifestam sob forma de labaredas de fogo no local exato do enterro. O elemento que tenha essa comunicação com os mortos não pode contá-lo a ninguém, sob ameaça da maldição dos mortos, até encontrar o local em que a labareda se manifesta e ali rezar fervorosamente enquanto escava até detectar e retirar o tesouro. Só então, os espíritos poderão encontrar o descanso da guarda dos mesmos.
Cultura organizativa local
Os fazendeiros de gado dessas terras fronteiriças por longo tempo isoladas dos
grandes centros e das suas regulações, e que conheceram os eventos da Guerra contra o
Paraguai, apresentam especificidades. Parte desses fazendeiros descende de heróis ex-
combatentes da Guerra, ou de militares da “Guarda Nacional”8, sendo favorecidos pelas
políticas coronelistas da Velha República. Muitos se constituíram em lideranças
econômicas e políticas locais, na proposição e manutenção da ordem, sem necessidade de
se imporem pela força, mas muito mais por aceitação, reconhecimento e prestígio social. 7 São guardadas junto à capela, cruzes de madeira que o peregrino teria construído e fincado por onde passava. 8A Guarda Nacional foi criada pela primeira vez no Brasil, durante o período da regência de Feijó , recrutando-se cidadãos locais de renda mais, como instrumento de garantia da segurança e ordem local, defendendo a Constituição, a liberdade, a independência e a integridade do Império, uma cópia da Guarda Real da polícia portuguesa que incorporara os princípios da Gendarmerie francesa, criada em 1791. Teve grande importância durante a Guerra do Paraguai e foi reformulada durante a República, deixando de ser divisão territorial de inspeção, para se tornar comandos de tropa, divididos em Comandos de Guarnição e Comandos de Fronteira. Em 1898 foram criados os distritos militares ligados ao Ministério da Guerra, sendo Mato Grosso um deles. Nessas unidades de fronteira surgiram na década de 30 as colônias militares.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
27
Esse espaço sul-mato-grossense, especialmente no período coronelista, ficou mais
vulnerável ao comércio clandestino de fronteira, acompanhado de investidas de banditismo
e de bandoleiros, aos quais tinha que se impor a ordem local. Já existem várias obras
literárias e históricas que relatam com maior detalhe esses acontecimentos.
Tornou-se lendária, nessa faixa de fronteira, por exemplo, a história de Selvino
Jacques9, gaúcho e afilhado de Getúlio Vargas que teria inicialmente se aliado ao
presidente da república para sufocar o movimento de independência de Mato Grosso do
Sul em relação ao Norte (hoje Mato Grosso), manifestado especialmente quando eclodiu a
revolução constitucionalista de 1932. Silvino Jacques acabou punindo por morte um militar
no Rio Grande do Sul por haver assassinado seu irmão. Foragido da polícia tornou-se um
bandoleiro na fronteira sul-mato-grossense, até ser morto pelo delegado da “captura”, pai
do atual governador Orcírio dos Santos. Esse complexo e lendário personagem da
fronteira, conhecido como “justiceiro bandoleiro”, ficou marcado por dois lados de sua
personalidade. De um lado, o belo porte e maneiras cavalheirescas de se portar,
manifestando proezas em versos, roubando dos ricos para dar aos pobres, acompanhado de
sua destemida companheira Raída. De outro, o lado perverso, responsabilizado pela morte
de mais de 150 pessoas. Tornou-se um ícone da violência a ser combatida com a ordem
estabelecida no local.
Nesses rincões do país, quando não se tem a lei, se cria ou se respeita códigos
informais de ética nos relacionamentos, ainda popularmente conhecidos no local como
9 Para melhor conhecimento desse relato, ler a obra “Serra da Bodoquena, MS História - Natureza – Cultura”. Campo Grande: Editora Free, 2001 e “Silvino Jacques, o Último dos Bandoleiros”,escrita por Brígido Ibanhes em 1986 e editado pelo Tribunal de Justiça do Estado seis anos depois.
Foto 35 Bandoleiros de Selvino Jacques Foto 33 Selvino Jacques (à esquerda)
Mig
uel vo
n B
ehr
Mig
uel vo
n B
ehr
Miguel von B
ehr
Foto 34 Raída
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
28
“acordo de cavalheiros” ou “no fio do bigode”, quase sempre tão ou mais importantes que
os acordos contratuais legalizados.
1.3 DIMENSÃO SÓCIO-ECONÔMICA
As características comuns a esses três Municípios do APL são atribuídas às
potencialidades naturais e sócio-culturais, uma vez que as funções econômicas de
sustentação de cada Município, embora todas exerçam a atividade pecuária e em menor
proporção a agricultura, apresentam características peculiares.
Os Municípios da Serra da Bodoquena totalizaram em 2000 (IBGE), 47.865
habitantes, respondendo por apenas 2,30 % da população total do Estado (Tabela 01).
Tabela 01 População dos Municípios do APL
1980 1991 2000 Município
População % População % População %
Bodoquena - -
Total 8.120 100,00 8.367 100,00
Urbana - - 4.125 50,80 5.223 62,42
Rural - - 3.995 49,20 3.144 37,58
Bonito
Total 11.014 100,00 15.543 100,00 16.956 100,00
Urbana 5.110 46,40 10.322 66,41 12.928 76,24
Rural 5.904 53,60 5.221 33,59 4.028 23,76
Jardim
Total 13.822 100,00 19.325 100,00 22.542 100,00
Urbana 11.038 79,86 17.601 91,08 20.953 92,95
Rural 2.784 20,14 1.724 8,92 1.589 7,05
TOTAL APL 24.836 42.988 47.865
Fonte: Censos do IBGE
Jardim, que goza de uma situação de nó rodoviário no Sudoeste do Estado, tem como
item mais importante de sua receita, o comércio, cujo montante de arrecadação é o maior
dos três Municípios. O Município é o mais populoso e denso (10,24 hab/ km2), com uma
população preponderantemente urbana (92,95%), além de exibir o IDH mais alto entre os
três (13º lugar no ranking do Estado). Em termos de arrecadação, a pecuária é atividade
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
29
quase tão importante quanto a agricultura, mas as fazendas de pecuária constituem os
empreendimentos de maior destaque e a maior fonte de empregos no Município.
Já Bonito tem na pecuária a atividade de maior arrecadação, além de contar com a
maior arrecadação de ICMS entre os três Municípios, fato que pode ser atribuído em
grande parte, ao turismo. No total do APL, ainda é o Município que menos arrecada. Sua
atividade principal baseou-se até os anos 90, principalmente na pecuária, seguida da
agricultura e exploração de calcário. Vem apresentando taxas elevadas de urbanização nas
duas últimas décadas, mas diferente de Jardim, ainda mantém 23,7% de população no
campo e uma densidade demográfica bem mais baixa (3,44 hab/ km2). Conheceu uma
significativa melhoria nos índices de IDH nos últimos anos, passando a 18º lugar no
ranking do Estado.
Bodoquena, Município criado rentemente (1980), desmembrado de Miranda, tem na
indústria de cimento do grupo Camargo Correa sua principal fonte arrecadadora e que
contribui com que ele se destaque com a maior receita anual dentro do APL, quase seis
vezes a de Jardim e que incide na atividade comercial, a segunda mais importante em
arrecadação dentro do APL. Bodoquena surgiu de uma colonização agrícola realizada na
década de 50 por iniciativa do governo do Estado10, como estratégia de ocupação da zona
fronteiriça, fato que explica a maior predominância da agricultura familiar em pequenas
propriedades. A população rural (62,428%) ainda se mantém maior que a urbana, embora o
seu total não passe de metade daquele de Bonito e também seja a mais rarefeita (3,34 hab/
km2) do APL. Nesse Município, pecuária e agricultura são menos expressivas como
atividade. Predomina no campo uma agricultura familiar com modelo baseado na
policultura, de pouco peso econômico no conjunto da arrecadação do Município e do APL.
O IDH da população é sensivelmente o mais baixo dos três (69º lugar no ranking do
Estado).
Os Municípios do APL estão em posição média do ranking dos 77 Municípios do
Estado, com Bonito e Jardim ocupando melhores posições (respectivamente 34º e 35º
lugares) do que Bodoquena (45º lugar).
É significativa a proporção de pessoas que vive de baixos salários. Aqueles que
ganham de menos de 1até 2 salários mínimos representam entre 35 a 40% da população de
10 anos e mais nos três Municípios (Tabela 02). Entre 3 a 10 salários mínimos estão cerca
10 Colônia Arnaldo Estêvão de Figueiredo, instalada em 1948, em 40.000 há de terra, durante o governo Eurico Dutra, como continuação da política iniciada por Vargas em terras fronteiriças..
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
30
de 10 a 11 % da população e acima de 10 salários está incluída entre 1,7 a 4%, sendo o
maior índice pertencente a Jardim e o menor a Bodoquena (Tabela 02).
Tabela 02 CLASSES DE RENDIMENTO NO APL
Pessoas de 10 anos ou mais Bonito Jardim Bodoquena
Classes de rendimento
No % No % No % + de 20 salários 136 1,02 299 1,68 14 0,21 + de 10-20 salários mínimos 209 1,56 425 2,39 99 1,52 + de 05 a 10 salários mínimos 509 3,80 960 5,40 229 3,51 + de 03 a 05 salários mínimos 824 6,16 995 5,59 353 5,42 + de 02 a 03 salários mínimos 879 6,57 928 5,22 344 5,28 + de 01 a 02 salários mínimos 2.781 20,78 2.570 14,45 977 14,99 Até 01 salário mínimo 2.774 20,72 4.235 23,81 1.395 21,41 Sem rendimento 5.183 38,72 7.374 41,46 3.106 47,66 TOTAL 13.385 100,0 17.786 100,0 6.517 100,0 Fonte: IBGE/Censo 2000
1.4 ORIGEM HISTÓRICA DO APL
As terras dos atuais Municípios fronteiriços do APL, que ainda mantém
remanescentes de territórios indígenas, serviram de passagem aos desbravadores espanhóis
e portugueses durante o período colonial, na busca das minas do Peru.
Abrigaram entre 1608 a 1648 o território jesuítico das Missões do Itatim e os
primeiros colonizadores brasileiros vindos de Minas Gerais apoiados pela Colônia Militar
de Nioac, no início do século XX.
Constituíram palco da Guerra contra o Paraguai e parte de suas terras ficaram sob
forma de posse do governo nas mãos de militares heróis de guerra e de militares da Guarda
Nacional, como também de antigos fazendeiros que retornaram no pós-guerra. Também
fizeram parte amplas concessões de terras dadas à Companhia Mate Laranjeira, para
exploração de erva-mate.
Com exceção das colônias agrícolas de base familiar em Bodoquena, a pecuária de
corte tornou-se a atividade principal desses Municípios, abrindo-se espaço para a
agricultura de café, na década de 50 e agricultura mecanizada de soja e milho em Jardim e
Bonito, durante a passagem da fronteira agrícola pelo Estado, na década de 70 e 80. Os três
Municípios pertenceram ao Território Federal de Ponta Porá entre 1943 e 1946 (governo
Vargas) e mais tarde, serviram de base para instalação de assentamentos rurais da Reforma
Agrária.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
31
A formação geológica local tem favorecido atividades de exploração e indústria de
calcário e mármore, além do cimento.
1.4.1 Prefeitura na indução do Turismo de Lazer estudantil
O turismo em Bonito iniciou-se entre meados da década de 70 e início de 80, por
meio de excursões escolares originárias dos Municípios do próprio Estado e com o apoio
da Prefeitura, que cedia aos alunos as escolas para pernoite, por falta de hotel na cidade e
às vezes refeições (VIEIRA, 2003). As visitas gratuitas eram realizadas no atual balneário
da cidade e à gruta do Lago Azul e mais tarde, gruta Nossa Senhora Aparecida e Ilha do
Padre. Atendendo solicitações da Prefeitura, essas visitas quase sempre acompanhadas por
moradores locais, inclusive do proprietário da terra em que se situa a gruta do Lago Azul.
Em 1978, e então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural tombava as duas grutas
visitadas, como patrimônio nacional.
Essas visitas estimularam a Prefeitura distribuir folhetos promocionais em 1983, que
atingiram e atraíram colégios e universidades de São Paulo a partir de 1985, cujos
estudantes turistas acampavam no balneário (Idem, 2003). Além disso, os fazendeiros
recebiam amigos e parentes em suas propriedades. Diante desse afluxo, a Prefeitura
arrendou a área do balneário municipal11 para melhor estruturá-lo e, mais tarde, a Ilha do
Padre, visando a exploração com fins comerciais.
Com a ampliação da demanda, novos atrativos foram sendo preparados, como o
Aquário Natural, Rio do Peixe e Rio Sucuri, com abertura de trilhas, construção de escadas
e decks acesso aos rios, inovando mais tarde, com passeios de bote no rio Formoso e
passeios em cachoeiras (tufas calcárias), além de se melhorar o acesso às fazendas. Surgia
o primeiro hotel e restaurante da cidade e em meados de 80, já havia três agências de
turismo..
Entre 1987 e 1988, a prefeitura desapropriou o Balneário Municipal,
complementando ela própria a infra-estrutura que considerou necessária.
1.4.2 Profissionalização dos serviços de ecoturismo com a participação da iniciativa
privada
Presença dos espeleo-mergulhadores
11 Decreto Municipal 076/85 aprovado em 14/04/86
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
32
Entre 1992 e 1995, num ambiente de Eco-92 no Brasil e no mundo, Bonito foi
marcado por eventos que lhe permitiram presença na mídia e notoriedade nacional e que se
relacionaram à visitação de grupos de mergulhadores autônomos de cavernas, uma
atividade que começava a ganhar adeptos no Brasil. Esses acontecimentos conduziram à
profissionalização dos serviços turísticos.
A expedição franco-brasileira organizada pelo Grupo Bambuí de Minas Gerais, ao
chegar em 1992, sob o nome de “Expedição Jacques Cousteau”, levando muitos a
acreditarem que o cientista francês estivesse em Bonito12. Nesse sentido, ganhou o apoio
do Estado, universidades locais e importante visibilidade no país através da Rede Globo,
projetando a imagem de Bonito.
Atrás desse, vieram vários outros grupos de espeleo-mergulhadores e documentários
televisivos sobre Bonito, repercutindo no aumento expressivo do fluxo de turistas, além de
surgir uma nova modalidade de turismo em Bonito: o mergulho de caverna, atraindo
inclusive, pessoal especializado na atividade para residir na cidade.
Parceria na formação dos guias de turismo
O alerta das universidades
Conscientes da vulnerabilidade do ambiente cárstico frente à ameaça do impacto do
fluxo turístico existente e em perspectiva, os pesquisadores das universidades regionais
envolvidas com a presença dos mergulhadores franceses e brasileiros do Grupo Bambuí13,
em 1992, acompanhados de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAM) e apoiados pelo governo municipal e estadual, advertiram por meio de
palestras14, sobre os possíveis riscos ambientais graves a que iriam se submeter, se não
tomasse as providências cabíveis de estruturação adequada do receptivo em tempo.
Em função da oportunidade, o governo estadual se sentiu estimulado a produzir, logo
a seguir, um guia turístico de Mato Grosso, incluindo Bonito entre as atrações turísticas,
para divulgação em evento europeu15. As atrações divulgadas foram as grutas do Lago
12 O grupo havia conseguido patrocínio do governo de Mato Grosso do Sul, que colocou um ônibus de excursão à disposição e, mais tarde, ajuda da Prefeitura Municipal para o alojamento. 13 No início, as universidades regionais envolvidas foram apenas a Universidade Federal de Mato Grosso e a Universidade Católica Dom Bosco, mas à qual se aliavam integrantes da Universidade de São Paulo. 14 A palestra realizada em parceria com os espeleo-mergulhadores do Grupo Bambuí e visitantes franceses, feita no Salão Paroquial da cidade, em 1992, reuniu cerca de 500 participantes. 15 O guia turístico de Mato Grosso do Sul, bilíngüe (português e inglês), foi lançado no governo de Pedro Pedrossian, pela recém-criada diretoria de Turismo que integrava a Companhia de Desenvolvimento
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
33
Azul e Nossa Senhora da Aparecida (ambas tombadas pelo IPHAM), Ilha do Padre, Rio
Formoso e Morro do Cristo.
Formação e conscientização de guias de turismo
Esses eventos oportunizaram o diálogo entre administradores municipais e
universidades, momento em que os atores locais puderam refletir a respeito dos impactos
significativos a que estavam sujeitos o ecossistema local, se não se realizasse um trabalho
preventivo nesse sentido.
Em 1993 e até o início de 2000, com o apoio das lideranças locais e órgãos públicos
de conservação (IBAMA e IPHAN), ocorreu a primeira iniciativa compartilhada, adotada
por consenso, entre universidade, Prefeitura Municipal, Sebrae e Senac16, para formar
“guias de turismo”, credenciados pela Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), na
intenção de colocá-los como linha de frente na visitação aos atrativos, vigiando e
conscientizando os turistas na conservação do ambiente natural.
Foram programados três cursos durante esse tempo e que formaram 92 guias. Como
nem todos exerceram a profissão, houve a proposta de um quarto curso para mais 40
alunos.
Grande parte dos guias que não exerceram diretamente a profissão deslocaram-se
para a abertura e implantação de seu próprio negócio na prestação do serviço turístico,
principalmente no ramo da agência de turismo.
Ambiente institucional favorável
Na década de 90, emergiu um conjunto amplo de políticas públicas, introduzindo o
planejamento e normatização relacionados à prática do turismo, que se tornaram grandes
fomentadoras do dinamismo deflagrado em Bonito.
A concepção de “ecodesenvolvimento”, como uma forma de desenvolvimento
sustentável que poderia ser obtido via planejamento passou a ser veiculada, nesse período,
principalmente por Ignacy Sachs. Em nível internacional, a Organização Mundial de
Turismo vinha defendendo essas posições, especialmente após a Eco-92.
Econômico de Mato Grosso do Sul (CODEMS), com o apoio do curso de Geografia da UCDB na elaboração de um mapa turístico e o patrocínio da ag6encia de viagesn do Banco do Brasil (BBTUR) e Varig. 16 Mais tarde, a organização desses cursos ficou sob responsabilidade desses dois órgãos.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
34
Em abril de 1995, por iniciativa da ONU, ocorreu a “Primeira Conferência sobre
Turismo Sustentável”17, que trazia como preocupação a falta de sensibilidade da iniciativa
privada com os programas e ações de conservação ambiental. O objetivo era desenvolver
nas empresas uma nova atitude baseada no maior cuidado com sua imagem, para obter da
sociedade valorização e reconhecimento de seus atos.Nesse ambiente de idéias entraram
em vigor as normas internacionais de gestão ambiental, denominadas de série ISO 14000.
Políticas públicas federais
Em 1993, ano em que ocorreu o primeiro curso de guia de turismo em Bonito, essa
profissão foi instituída no Brasil pela Lei 8 623/93 e regulamentada pelo Decreto 946/93.
Para sua habilitação, esse profissional precisava ser cadastrado na EMBRATUR e para
esse fim, exigia-se, no mínimo a conclusão do segundo grau e o curso de formação
profissional de Guia de Turismo credenciado por esse órgão federal.
A Embratur criou em 1994, um Grupo de Trabalho que, após diagnosticar os
problemas brasileiros em relação à conservação no serviço turístico, elaborou o documento
“Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo”, que definiu ecoturismo, como:
"segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o
patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas".
Na mesma época, passou a ser implantado o Programa Nacional de Municipalização
do Turismo (PNMT), desenvolvido e coordenado pela EMBRATUR, que procurou adotar
a metodologia da Organização Mundial do Turismo (OMT), visando implementar um novo
modelo de gestão da atividade turística, simplificado e uniformizado, para os Estados e
Municípios, de maneira integrada. Buscava maior eficiência e eficácia na administração da
atividade turística, de forma participativa.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
criou, em 1997, o Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV)
com a finalidade de propor, normatizar, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio
espeleológico, bem como fomentar levantamentos, estudos e pesquisas sobre as cavernas
brasileiras. Foram criados 09 centros de visitantes, nos estados brasileiros com maior
concentração de cavernas, entre eles a serra da Bodoquena. Repassou-se os termos de 17 Essa conferência ocorreu em em Lanzarote, nas Ilhas Canárias e foi co-patrocinada pelo Programa Ambiental dessa mesma organização, e pelo Programa sobre o Homem e a Biosfera da UNESCO e pela OMT.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
35
referência a todas as prefeituras com interesse em explorar o turismo espeleológico, e que
orienta na elaboração de planos de manejo.
Política pública no Estado
Em Mato Grosso do Sul, como decorrência das políticas federais, foi proposto o
Plano de Desenvolvimento Turístico Sustentável de Mato Grosso do Sul (PDTUR),
desenvolvido pelo Sebrae/MS /MS, EMBRATUR, SENAC/MS e Prefeitura Municipal,
visando práticas de capacitação de empresários, guias e outros profissionais, com fins da
profissionalização do turismo, maior responsabilidade na conservação ambiental e
compartilhamento de ações entre órgãos públicos, privados e a população nos processos de
gestão. Além disso, da implantação do PDTUR, surgiu um inventário turístico dos 77
municípios do Mato Grosso do Sul, incluindo os Municípios da Serra da Bodoquena,
apontando e caracterizando os atrativos, empreendimentos, equipamentos turísticos e
potencialidades existentes;
A política municipal em relação ao guia de turismo
Esse período marcado por diversas políticas públicas no setor teve reflexos positivos
em Bonito, em função das precondições já acumuladas nesse território Municipal relativas
ao mesmo, tanto as históricas como culturais.
Em 1995, a Lei Municipal 689/95 tornou obrigatório o acompanhamento de guias
nos passeios turísticos locais, com exceção dos balneários. Pela lei, o guia deveria ser o
agente responsável pela disseminação das informações sobre o ambiente natural dos
atrativos e história local, além de fomentar atitudes conservacionistas entre os turistas, bem
como zelar pela segurança dos mesmos, atuando como fiscais do ambiente, denunciando
possíveis danos.
Foi destinado para a criação da associação dos guias e monitores de turismo, assim
como para a capacitação profissional a ser promovida por ela, 16% da arrecadação da
venda de ingressos para o Balneário Municipal.
Em 2002, pela lei municipal 919/2002, a prefeitura passou a exigir, não só o guia de
turismo com formação específica e especializada em atrativo turístico da região e
devidamente cadastrado na EMBRATUR e Secretaria Municipal de Turismo, como que o
mesmo comprove residir no Município, pelo menos três anos. Essa medida foi para
impedir a atuação no mercado de guias não formados nos cursos locais ou que não
conhecem o nível de exigência coletiva a respeito dele.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
36
Lei Municipal que criou o COMTUR e o FUTUR
Ainda em 1995, a estruturação da atividade o turística foi complementada pela
aprovação da Lei Municipal 695/95 e a 914/2002, que instituiu o Conselho Municipal de
Turismo (COMTUR), como um órgão deliberativo, consultivo e de assessoramento,
responsável pela conjunção entre o Poder Público e a sociedade civil. Estabeleceu como
missão: Fomentar e normatizar a atividade turística no município de Bonito, de
forma integrada e sustentável,visando o desenvolvimento econômico e social de toda a comunidade, através da excelência na qualidade dos serviços.
O COMTUR passou a ser integrado por 04 representantes do Executivo municipal e
06 (posteriormente 08) representantes do trade turístico local.
Os Conselheiros representam as associações de classe: (Associação Comercial,
Associação dos Transportes, Associação Bonitense de Hotelaria, Associação de Agências
de Turismo, Associação de Guias de Turismo, Associação dos Atrativos Turísticos,
Associação de Operadores de Bote, Sindicato Rural), o executivo Municipal (Vice-
prefeito, Assessor Jurídico, Secretário de Turismo Indústria e Comércio), o legislativo
(representante da Câmara de Vereadores), além de representantes de dois órgãos federais
(IBAMA e IPHAN). Ainda em 1995, foi criado o decreto 0033/95 criando o regimento
interno do COMTUR.
Simultaneamente, foi instituído o Fundo Municipal de Turismo (FUTUR),
vinculado à Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, esta também
criada em 1995.
Passaram a constituir receitas do COMTUR, os preços de cessão de espaços públicos
para eventos de cunho turístico e de negócios, a venda de publicações turísticas editadas
pelo Poder Público, a participação na renda de filmes e vídeos de propaganda turística do
município, créditos orçamentários ou especiais que lhe sejam destinados, recursos de
convênios, operações de crédito e rendimentos de aplicação, entre outras.
Normatização municipal do voucher-único
Ainda em 1995, foi estabelecida a Resolução Normativa 1/95 da Prefeitura
Municipal que regulamentou o “voucher único”, principal instrumento do ordenamento da
atividade turística em Bonito, mais tarde transformado na lei 043/2001.
O voucher é um termo inglês utilizado internacionalmente pelos prestadores de
serviço ao turista e que se refere a um documento emitido ao cliente sob a forma de um
contrato da prestação dos serviços a serem oferecidos em acordo com a solicitação do
cliente (VIEIRA, 2003). Enfim, nele se lista os serviços adquiridos pelo turista.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
37
A definição de capacidade de carga e exigência da presença do guia de turismo para
cada passeio destinado a diferentes atrativos, inclusive para as grutas de responsabilidade
do Município, implicava em articulação entre estes cinco atores envolvidos na venda dos
passeios e, portanto o contrato de serviço abrangia a todos: agenciador do passeio, guia de
turismo, Prefeitura, dono do atrativo na fazenda e o turista.
Inicialmente, o voucher destinava-se apenas a um acerto entre o dono da agência e o
turista. Os outros agentes envolvidos faziam anotações em cadernetas pessoais sobre o
número de turistas atendidos e no momento do acerto de contas, nem sempre o montante
apresentado coincidia entre os integrantes dessa rede de serviços, causando transtornos.
Desse modo, a idéia de se criar um voucher único como instrumento de compromisso
padronizado e transparente para os diferentes agentes da venda do passeio, partiu de um
deles e foi facilmente aceito por todos e normatizado pela Prefeitura, conforme solicitação
dos mesmos. Para o Município, a grande vantagem passou a ser em relação ao
recolhimento do imposto sobre os serviços e ao mesmo tempo, a possibilidade de manter
informações estatísticas sempre atualizadas a respeito da entrada do turista.
O talão do voucher-único, feito em cinco vias (uma para cada agente e outra para o
turista), passou a ser confeccionado na Prefeitura e requisitado semanalmente pela agência
de turismo, condicionando o acerto de contas e inclusive do pagamento de impostos em
tempo semanal, o que de fato não chega a acontecer. Além do desconto do ISSQN, o
percentual de participação dos agentes sobre o valor do passeio, depende da decisão de
cada dono de atrativo.
Os blocos numerados permitem o controle da Prefeitura sobre a ação das agências de
viagem e, mediante alguma inconformidade às resoluções do COMTUR ou da
regulamentação fiscal, a agência pode deixar de receber um novo bloco de Voucher e fica,
na prática, impedida de operar, como forma de sanção.
A compra do(s) passeio(s) solicitado(s) pelo cliente passou a ser feito diretamente na
agência de turismo local, que atua mediante consulta às centrais de venda da Prefeitura e
dos atrativos, bloqueando vagas até se atingir a capacidade de suporte definida por passeio
e é a agência quem preenche e distribui as guias do voucher e quem também determina o
guia de turismo para acompanhar o turista ou um grupo. A Associação dos Guias de
Turismo encarrega-se de distribuir esses profissionais para o atendimento das agências.
Também tem sido essas que recebem o pagamento do cliente e fazem os acertos com as
outras partes, sendo que cada uma deve recolher a sua cota em ISSQN.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
38
Na forma de lei, estabelecida em 2002, coube à Secretaria Municipal de Turismo
encaminhar mensalmente à Associação de Guias de Turismo de Bonito, às Agências de
Turismo e aos proprietários de áreas, sítios, atrativos naturais e demais áreas de visitação
turística no Município, a relação completa dos Guias de Turismo cadastrados e aptos ao
exercício da profissão.
O voucher- único tornou obrigatória a compra dos passeios em agências de turismo
localizadas em Bonito, o que dificulta, via de regra, a ingerência de agências e operadoras
externas nesse mercado.
Ação do IBAMA na elaboração do Plano de Manejo das Cavernas
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
criou, em 1997, o “Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV)”
para cuidar do licenciamento das cavernas e da educação ambiental de seus visitantes,
como forma de protegê-las. •
Visando interagir melhor e sensibilizar as comunidades em áreas de maior
concentração de cavernas, o CECAV elegeu 9 delas, entre as quais Bonito, para ali instalar
um escritório local. Nesse sentido, interditou em Bonito, algumas cavernas de visitação,
institucionalizando procedimentos disciplinadores de infra-estrutura do receptivo e limites
de visitação, através de planos de manejo, com aval dos pesquisadores das universidades
regionais. Foi disponibilizado um termo de referência para a elaboração do plano de
manejo, que passou a ser exigido, para fins de operação.
O primeiro projeto implantado em grutas brasileiras com metodologia desenvolvida
pelo CECAV foi executado em parceria com a UFMS, IPHAN, a Secretaria de Meio
Ambiente e Turismo do Estado, e a prefeitura municipal de Bonito, denominado "Plano de
Manejo e Avaliação de Impacto Ambiental de Visitação Turística das grutas do Lago Azul
e a de Nossa Senhora Aparecida”. Esse plano foi o grande vencedor do Prêmio Rodrigo
Melo Franco de Andrade-2002, o mais importante reconhecimento pelos relevantes
serviços de conservação do patrimônio espeleológico brasileiro. Entretanto, por questões
de entraves burocráticos ainda não se obteve o licenciamento de operação dessas grutas,
com tolerância de funcionamento apenas para a Gruta do Lago Azul.
Ação da SEMA-MS no Plano de Manejo dos atrativos locais
A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) de Mato Grosso do Sul , junto com a
Companhia Estadual da Polícia Militar Ambientaldo Estado cuidam respectivamente do
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
39
licenciamento e fiscalização dos projetos turísticos com impacto ambiental. A maior
preocupação desses órgãos públicos ambientais é com a conservação de nascentes e de
matas ciliares.
Os casos de denúncia e agressão ao meio ambiente são tratados judicialmente no
próprio Município, por meio de um representante do Ministério Público. A grande parte
dos inquéritos instaurados nesse órgão tem se relacionado com a aus6encia de
licenciamento dos atrativos e passeios turísticos.
Outras iniciativas compartilhadas de conservação ambiental
Além dessas ações decorrentes de políticas públicas, passaram a coexistir aquelas
ações compartilhadas no local, relacionadas com pesquisa e ações de recuperação e
conservação, suprindo as ações do Estado nesse sentido.
Os próprios atores empresariais locais e mesmo do governo Municipal envolveram-
se com a criação de grupos que se voltaram à recuperação e posterior conservação de áreas
consideradas degradadas, entendendo que seriam prejudiciais ao bom andamento de seu
negócio.
Pode-se citar o caso da Fundação Neotrópica do Brasil, criada em Bonito desde
1993 e que mantém várias parcerias locais e extra-locais em projetos de recuperação e de
desenvolvimento local. Uma dessas ações diz respeito ao “Projeto Formoso Vivo” que
visa a recuperação das Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal, tanto das
propriedades situadas às margens dos rio Formoso, como dos córregos de toda a bacia.
Através dele, praticamente 12 proprietários já estão tentando transformar suas fazendas em
“Reservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPN)”. A mesma ONG envolveu-se
tanto com a criação do Parque Nacional da Serra da Bodoquena (preservação da vegetação
e fauna, como também das nascentes), como com a inclusão das comunidades do entorno
do parque nesse projeto de ecodesenvolvimento. Além desses, ocupa-se de projetos
relacionados com corredores biológicos e de preservação da fauna local.
A Associação Amigos do Mimoso (atual Instituto da Águas da Serra da Bodoquena)
foi criada no município em 2001, por proprietários rurais, empresários, ambientalistas e
comunidade ribeirinha, voltando-se ao reflorestamento de matas ciliares e trabalhos de
educação ambiental na bacia do rio Mimoso.
O chamado “Projecto Vivo”, de iniciativa privada e como empreendimento turístico,
mas com objetivos de educação ambiental em uma das fazendas e funcionando como
atrativo, acabou transbordando para dar origem a uma ONG “Associação Amigos do
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
40
Brazil Bonito” em 2002, divulgando esse trabalho de educação ambiental nas escolas do
Município.
Essas ações permitiram, que após pouco mais de uma década de prática dos serviços
turísticos, ao contrário do que se podia esperar, as áreas naturais em que se situam os
atrativos encontram-se em uma situação de equilíbrio de sua dinâmica, muito maior do que
no início dessas atividades turísticas.
A adesão dos fazendeiros pecuaristas e comerciantes
As lideranças locais, que vinham participando das conversações e decisões da
Prefeitura e parceiros, grande parte, proprietários de terra, passaram a vislumbrar no
turismo uma atividade complementar à pecuária de corte, o que os conduziu a detectar e
estruturar os recursos em potencial dentro de suas fazendas, ampliando o mercado de oferta
de atrativos. Outros, mais atuantes no comércio e serviços urbanos, optaram por investir na
abertura de agências locais, meios de hospedagem, restaurantes, lojas de souvenirs.
O negócio relacionado aos serviços do turismo encontrou resistência junto aos
agricultores, considerados pela sociedade local, como os maiores depredadores do
ambiente natural.
A organização potencializada pela cultura de base local
A prática do ecoturismo, como se pode discutir antes, ao organizar-se no contexto de
zona fronteiriça de proteção militar (cultura da ordem) e antigo palco da Guerra do
Paraguai, nasceu no quadro dos latifúndios de pecuária do Município, cujos proprietários
vêem nela uma forma de economia complementar, num momento de dificuldades no
mercado da carne.
Nesse contexto, a cultura ordenadora herdada do território manifesta-se de forma
espontânea entre os atores envolvidos, em parceria com o poder público, universidades e
outros órgãos de apoio, na busca de soluções locais, dada a situação local periférica e de
interior do Estado, em que as instituições ainda se apresentam relativamente frágeis.
O sucesso inicial na exploração sustentável do ecoturismo dependeu também da
capacidade de grande parte desses empreendedores em se aglutinarem em torno da solução
de problemas comuns, para organizarem e planejarem as atividades com normas próprias,
sem comprometer o ambiente natural.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
41
1. 5 DESEMPENHO RECENTE DO APL
Desempenho de Bonito
As condições em que ocorreram a origem e trajetória do APL de turismo em Bonito,
favorecidas por ingerências de âmbito externo, tanto no nível nacional como estadual, só
podem ser explicadas quando combinadas com as condições locais que espelham um
conhecimento tácito, fruto da cultura territorial construída ao longo do tempo, efeito da
combinação de vários fatores convergentes, de natureza social, econômica, política e
relacionada ao ambiente natural.
Como se pôde constatar, essa cultura específica relacionada à ordenação das ações e
preservação do ambiente, ao se combinar às potencialidades da natureza acabou sendo a
marca principal da imagem veiculada sobre Bonito, constituindo o motor de seu
dinamismo interno, favorecido por um ambiente institucional direcionado ao turismo e à
conservação ambiental, num mercado de turistas em expansão.
Entre 1993 e até 2002, pode-se afirmar que essa curva de desempenho foi
ascendente, promovendo uma significativa concentração de serviços destinados ao
atendimento dos turistas, ampliando a renda municipal e os postos de trabalho.
Situação do trade de Bonito em 1999
Por meio de uma pesquisa realizada por Barbosa & Zamboni (2000), publicada pelo
IPEA de Brasília, pôde-se verificar o desempenho da economia dos serviços turísticos em
Bonito,em 1999. Segundo esse estudo, durante esse ano, Bonito teria recebido cerca de 250
mil ecoturistas e o trade contava com 133 empresas.
A hotelaria de Bonito teria saltado num período de 6 anos (1993 a 1999) de 300 para
3 mil leitos em 57 meios de hospedagem (cresceu dez vezes) e as agências de turismo de
06 para 26 estabelecimentos (cresceram 4 vezes). Os atrativos também aumentaram para
19 unidades (cresceram cerca de 6 vezes). Em 1999 havia 14 restaurantes e 17 lojas de
artigos para turistas. Os postos de trabalho teriam saltado de 180 para 865 (cresceu mais de
5 vezes).Dentre eles, 56 eram guias de turismo operando no voucher- único.
Bonito, portanto, havia conhecido o fenômeno da concentração de unidades
empresariais de serviços turísticos.
O tipo de empresa do trade que mais tinha atraído investimento em Bonito foram os
hotéis (76%), enquanto que os atrativos representaram apenas 15%. Os 9% restantes foram
investimentos em agências, restaurantes e lojas de artigos para turistas.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
42
Em 1999, segundo Barbosa & Zamboni (2000), os passeios turísticos eram de três
naturezas: ecoturismo, aventura e lazer. Os passeios relacionados ao ecoturismo (incluiu aí
o turismo rural) atraíram 73% dos vouchers emitidos e 80% do total arrecadado pelos
atrativos. A segunda categoria representou 21% dos vouchers e o terceiro 5,7%.
Situação do trade de Bonito em 2002
De acordo com o inventário realizado sobre o trade de Bonito, pelo Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade (FUNBIO) em parceria com o COMTUR, em 2002, essa
concentração foi ampliada, demonstrando que ainda havia um significativo dinamismo.
Após 3 anos, os atrativos (chamados aqui de sítios turísticos) tinham demonstrado
um aumento de 63% (31 empreendimentos)18 e os passeios de flutuação eram os que
haviam mais se profissionalizado e inovado, especialmente com a introdução de
equipamentos especiais de apoio e as roupas de neoprene.
Nesse período, os restaurantes foram os que mais cresceram, triplicando em relação
a 1999, com 43 unidades.
Os meios de hospedagem (hotéis e pousadas) e as lojas de artigos para turistas (ou
artesanato) cresceram mais um terço do total de 1999, totalizando respectivamente 77
unidades e 4.188 leitos e 23 lojas. Em 2002, foi detectada um crescimento do alojamento
na modalidade de camping, tendo sido registrada a presença de 09 unidades de camping
para abrigar 995 pessoas (MPE/FUNBIO, 2002).
O crescimento das agências de turismo foi mais tímido, saltando de 26 para 29
unidades.
No inventário MPE/FUNBIO (2002) detectou-se ainda 21 empreendimentos de
transporte com 99 unidades da frota e 77 guias de turismo19, o que se leva a crer que sejam
voltados muito mais ao traslado interno.
Dados apontados nessa etapa pela CODEMS/ EMBRATUR em 2000, a fonte de
origem mais significativa dos turistas para o APL de turismo da Serra da Bodoquena no
ano de 2000 era nacional (81%) e desse total, 43% vinham da própria região. E de fora do
Estado, São Paulo e Rio Grande do Sul eram líderes, enquanto que entre os turistas
estrangeiros, metade deles era europeu (Gráficos 02).
18 Desse total 04 atrativos, embora organizados e vendidos por Bonito, pertenciam aos dois outros Municípios do APL. 19 Pelas informações dadas, esse foi o número de guias que compareceram à entrevista, podendo haver mais deles.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
43
De acordo com as pesquisas da CODEMS/EMBRATUR, praticamente a metade
(47%) do fluxo de turistas que vinham a Bonito era de famílias, 23% chegavam em grupo e
15% em excursão. Somente 15% deles vinham sozinhos.
Situação do trade de Bonito em 2006
No momento da presente pesquisa, a situação foi percebida pelos atores locais como
de baixo dinamismo, em termos de fluxo turístico, embora esse dado não tenha sido obtido
em nenhuma fonte oficial ou científica, para fins de melhor apreciação.
O segmento que mais se ressentiu parece ter sido o dos atrativos, sendo detectado o
fechamento de alguns deles, passando para 23 empreendimentos.20 É preciso lembrar que
na estatística de alguns pesquisadores, os passeios que surgiram como diversificação de
alguns empreendimentos, foram considerados como um novo empreendimento, fato que
dificulta um pouco essa constatação21. Verificou-se uma tentativa de inovação em direção
20 Como foi demonstrado no texto anterior referente ao ano de 2002, estão incluídos neste total 04 empreendimentos que apresentam seus escritórios de venda e participam do voucher-único em Bonito, embora a localização dos mesmos seja em Jardim (03 deles) e Bodoquena (01 atrativo), o que leva a identificar 35 empreendimentos com atrativos localizados em Bonito. 21 É o caso dos passeios de quadriciclo e ou operadoras de bote, incorporados a empresas já existentes, sem ganhar um novo formato jurídico.
Origem dos turistas internacionais
América Norte10%
Outros25%
América Sul
15%
Europa50%
Gráfico 02 Origem dos turistas para o APL de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena
Origem Nacional dos turistas
SP26%
GO1%
DF1%
SC 3%
RJ 4%
PR11%
MT 4%
PA 3%
MS47%
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
44
ao turismo de aventura, inclusive com o esforço coletivo de certificação nesse tipo de
atividade, com o apoio do Ministério do Turismo.
Continuou ampliando o número de agências, passando de 29 para 38 (31%) e a
inovação mais passível de observação no desempenho desse segmento deu-se com relação
à nova modalidade de atuação. Desse total 12 agências, praticamente um terço delas,
acumulou à anterior função de receptivas a função de agências emissivas, o que significa
poder operar na aquisição de passagens fora de Bonito, visando a captação de turistas,
função antes delegada às operadoras externas.
O número de bares e restaurantes não ampliou muito nesse período. O acréscimo foi
de apenas 4 unidades (10%). Desse total (47), apenas 27 atuam exclusivamente nessa
função. Os outros 20 são vinculados a estabelecimentos de turismo, como hotéis, pousadas
e atrativos.
As lojas de artigos para turistas, a exemplo dos bares e restaurantes, também teve um
acréscimo menor em relação ao dinamismo anterior. Surgiram apenas 4 novos
empreendimentos. Entretanto, verificou-se visível melhoria na apresentação das fachadas e
interiores das mesmas.
O segmento do trade que demonstrou redução na oferta de serviço foi o hoteleiro,
passando de 77 para 63 unidades e de 4.188 para 3.694 leitos22. Observou-se que a redução
deu-se em relação às pousadas e que entre as unidades atuantes, uma parte demonstra estar
ampliando as instalações para ampliar o número de leitos. Em contrapartida, cresceu o
número de camping de 9 para 12 unidades e sua capacidade de 995 para 1605 pessoas
(mais de uma vez e meia), o que pode denotar alterações na natureza e finalidade do fluxo
turístico atual.
Transbordamento do modelo para os outros municípios do APL
Os Municípios de Jardim e Bodoquena vêm sendo alvos recentes do transbordamento
do modelo e dinamismo das atividades relacionadas ao turismo de Bonito, inclusive com
alguns de seus recursos naturais explorados como atrativos diretamente por
empreendedores de Bonito.
O Arranjo Produtivo Local do Turismo de Bonito/ Serra da Bodoquena passou a
abranger os três Municípios, embora cerca de 70% dos fluxos de turistas ainda têm como
22 Não estão incluídos aqui os hotéis-fazenda (pesqueiros) de Bonito localizados junto ao rio Miranda e fora da Serra da Bodoquena, que apresentam outro modelo de oferta de serviços e de demanda turística.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
45
destino o Município de Bonito (PRODETUR-SUL, 2005). Sua infra-estrutura turística está
concentrada no município de Bonito. De acordo com os dados da Fundação de Turismo de
Mato Grosso do Sul (FUNDTUR), em 2000, o APL já era alvo de 19% do fluxo turistas
que vinham para Mato Grosso do Sul (Gráfico 03).
De acordo com os dados coletados, o APL conta com 652 atores econômicos
(empresas e autônomos) que atuam com o apoio de ???? organizações públicas e privadas.
Levando em conta os dados obtidos pela FUNDTUR sobre os gastos médios do
turista/dia e sobre o fluxo de turistas que atingem o APL, seu faturamento anual oscila em
torno de 27 a 31 milhões de reais.
No caso de Bonito, mesmo que o setor primário (agricultura e pecuária) supere o
faturamento em relação ao do trade turístico, seu impacto na economia local é bem menor
do que o das atividades turísticas. Além da pecuária de corte e as culturas agrícolas (soja,
milho e arroz), não ocuparem muita mão-de-obra, dependem de insumos provenientes, em
grande parte, de fora do APL.
Por outro lado, o setor agropecuário vem perdendo dinamismo, principalmente diante
dos problemas da febre aftosa que atingiu o gado de fronteira, favorecendo a migração para
as áreas urbanas. E nesse caso, como podem atestar as taxas de urbanização e o aumento
dos postos de trabalho nos serviços de oferta turística, avalia-se que estes têm servido de
foco de atração desse fluxo, como nova fonte de emprego.
Gráfico 03 Fluxo de Turistas em Mato Grosso do Sul por Regiões Fonte: CODEMS /EMBRATUR, 2000
Fluxo de turistas para o Mato Grosso do Sul
por regiões - 2000
SERRA DA BODOQUENA
19%
CAMPO GRANDE23%
PANTANAL21%
OUTRAS37%
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
46
Macro-Programas previstos que atingem o APL
Prodetur-Sul
Essa concentração urbana e os fluxos de turistas já demonstram indícios do
comprometimento das condições sanitárias e habitacionais das três cidades, diante do
aumento da poluição por esgotos domésticos e a degradação ambiental e da qualidade de
vida. Esse constitui um dos motivos desse APL ter sido incluído como área prioritária de
Mato Grosso do Sul para ser beneficiada do Programa de Desenvolvimento do Turismo no
Sul do Brasil (PRODETUR SUL), com financiamento previsto pelo BID, que envolve
ainda os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O objetivo do Prodetur-Sul é propiciar o desenvolvimento sustentável da atividade
turística, melhorando a qualidade dos serviços prestados ao turista e possibilitando novos
empregos. O Programa promove o planejamento integrado da atividade turística, a
melhoria da infra-estrutura e o desenvolvimento institucional dos Municípios, tendo em
vista melhor qualidade de vida da população e proteção dos recursos ambientais. As ações
a serem financiadas já foram identificadas por meio da elaboração de um Plano Integrado
de Desenvolvimento Turístico Sustentável (PDITS) que leva em conta um processo
participativo de planejamento, a identificação dos aspectos ambientais onde haja oferta de
serviços turísticos e a correção dos impactos negativos causadas pela presença de turistas.
Programa Pantanal
O desenvolvimento do ecoturismo do APL também está incluído no Programa
Pantanal, cujo objetivo é evitar que ações antrópicas destruam o ecossistema local . Prevê-
se recursos de US$ 200 milhões, embora ainda se tenha dúvida quanto à sua aprovação. O
objetivo do programa é a melhoria da qualidade de vida da população local e o
desenvolvimento de atividades sustentáveis na bacia do Alto Paraguai (BAP).
No componente Unidade de Conservação do referido programa está previsto a
implantação e consolidação da rodovia MS-178, que liga o município de Bonito a
Bodoquena e que consolidaria uma aspiração dos empresários do APL, no sentido da oferta
de roteiros turísticos regionais, incluindo o Pantanal. Na Agenda Marrom do Programa
Pantanal estão previstos ainda investimentos para construção e ampliação da rede de
esgoto dos três municípios (Bodoquena, Bonito e Jardim).
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
47
Projeto GEF Rio Formoso
O projeto apoiado pelo “Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF)”, e viabilizado
pelo Banco Mundial, está sendo coordenado pela Embrapa Solos do Rio de Janeiro e conta
com várias parcerias regionais na execução (Idaterra), iniciado em 2005 e previsto para ser
realizado em 4 anos.
O trabalho visa a conservação da biodiversidade (vegetação, peixes e animais
silvestres) da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso, através do uso sustentável do solo e da
água. Pretende criar alternativas para o desenvolvimento das atividades econômicas do
município (agropecuária e turismo), com a participação ativa da comunidade, sem degradar
o meio ambiente e promovendo sua recuperação. Em função da importância do projeto, o
Banco mundial instalou no início de 2006, um escritório local de acompanhamento.
Áreas Protegidas do APL
A grande fragilidade dos ecossistemas, ao qual já se referiu no início do relatório,
exige maior disciplinamento das atividades destinadas ao turismo, sob pena de degradação
continuada e de levar, inclusive, à destruição dos atrativos e ao desaparecimento dos
ecossistemas nos quais eles se inserem.
Por iniciativa de ONGs locais e apoio de órgãos governamentais o APL passou a
contar com áreas protegidas do ponto de vista institucional, de natureza pública (federal,
estadual e municipal) e privada.
Parque Nacional da Serra da Bodoquena
O Parque Nacional da Serra da Bodoquena, criado em 2000, é a única unidade de
conservação de natureza federal, implantada em Mato Grosso do Sul em 76.481 hectares,
abrangendo os três Municípios e Porto Murtinho, sob a gestão do IBAMA. Seu objetivo é
proteger vegetação de mata que recobre a serra da Bodoquena. O IBAMA já adquiriu parte
11,8% da área, mas por falta do plano de manejo, o parque ainda não foi aberto à visitação
pública.
Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN)
Existem ainda algumas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), em
Bonito e Jardim, em áreas de valor turístico situadas em propriedades rurais.
A RPPN São Geraldo, criada em 2001 no Município de Bonito, em conjunto com o
Parque Nacional da Bodoquena e outras RPPNs existentes na região formam importante
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
48
complexo de Unidades de Conservação. Essa é uma das RPPNs reconhecidas como zonas
núcleo da Reserva da Biosfera do Pantanal. Com 642 hectares, é parte integrante da
Fazenda São Geraldo, com o atrativo do “Rio Sucuri” e seu objetivo é preservar as
nascentes do Rio Sucuri.
A RPPN Fazenda da Barra, criada em 2003, em 88 hectares da referida fazenda junto
ao rio Formoso, no Município de Bonito, é onde se desenvolve o “Projecto Vivo” de
educação ambiental que trabalha com lixo e reciclagem, tendo ações que contemplam todo
município de Bonito. Existe, no interior da área, um programa de uso público, o qual inclui
trilhas de contemplação e educação ambiental que contribuem para a preservação da área.
A RPPN Cabeceira do Prata, de 1.399,9246 hectares, no Município de Jardim, foi
criada em 2001 na fazenda Recanto Ecológico Rio da Prata, para proteção do rio da Prata,
uma das principais atrações turísticas. Essa RPPN também compõe uma das zonas núcleo
da Reserva da Biosfera do Pantanal. Dela faz parte o atrativo “Recanto Ecológico do Rio
da Prata”. As trilhas que levam os turistas para o passeio de flutuação, principal atrativo da
RPPN, também são monitoradas pelos guias, no sentido de orientar os visitantes sobre
como devem se portar dentro de uma unidade de conservação.
A RPPN do Parque Ecológico Rio Formoso, com 27,75 hectares faz parte da fazenda
Trevo.
Sítio Geológico e Paleontológico
A Gruta do Lago Azul, juntamente com a Gruta Nossa Sra. Aparecida, foi tombada
pelo IPHAN em 1978, como sítio geológico e paleontológico, em função do valor
paisagístico e do interesse científico expresso pelo conteúdo mineral e formas atípicas de
seus espeleotemas, conteúdo paleontólogico (megafauna pleistocência) e bioespeleológico.
Monumento Natural
No município de Bonito, encontra-se o Monumento Natural da Gruta do Lago Azul,
criado pelo governo estadual em junho de 2001, visando proteger as grutas Nossa Senhora
Aparecida e Lago Azul, manter o lençol freático na região, proteger a vegetação e espécies
em perigo e ou ameaçadas de extinção.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
49
2. PERFIL DOS PRINCIPAIS ATORES E ATIVIDADES REALIZADAS
2.1 ATORES ECONÔMICOS DO APL
O APL aglutina um total de 686 atores econômicos (figura 01), sendo que 272, ou
seja, 39,6% constituem os empreendimentos principais de oferta de bens e serviços ao
turista. Mas esses são amparados por 414 outros tipos de empreendimentos ou atividades
de autônomos e que representam 60,4% do total.
Figura 01 Atores Econômicos do APL: principais e complementares
2.1.1 Empreendimentos principais do APL
Os empreendimentos principais do Arranjo Produtivo de Turismo de Bonito/Serra da
Bodoquena envolvem-se com quatro segmentos de bens e serviços oferecidos aos turistas e
totalizam 272 atores (Figura 02): (1) atrativos turísticos locais (15,4%); (2) agenciamento
receptivo e emissivo (15,8%); (3) infra-estrutura de hospedagem, alimentação e comércio
de souvenirs (68%) e (4) captação e apoio a eventos (Quadro 01).
Em p re e n d im e n t o sd e e c o tu ris m o
Em p re e n d im e n t o sd e e c o tu ris m o
P RIN CI P AISP RIN CI P AIS
B a ln e á rio s( la ze r)
B a ln e á rio s( la ze r)Gu ia s de t u ri s m o
M o n i t o re sRe m a do re s
Gu ia s de t u ri s m oM o n i t o re s
Re m a do re s
COM P LEM EN TARE SCOM P LEM EN TARE S
Ag ê n c ia sAg ê n c ia s Ope ra do ra sOpe ra do ra s
B a re s ere s t a u ra n t e s
B a re s ere s t a u ra n t e s
Co m é rc i o de s o u ve n ir
Co m é rc io d e s o u ve n ir M e io s de
h o s p e da g e m
M e io s deh o s pe da g e m
N ú c le o s de Art e s ã o s
N ú c le o s de Art e s ã o s
Tra s la do :c o m ve íc u l o s m a io r po rt eTa xi s t a s e m o t o -t a xi s t a s
Tra s la do :c o m ve íc u lo s m a io r po rt eTa xi s t a s e m o t o -t a xi s t a s
ATRATIVOS
AGE N CIAM E N TO
IN FRA-E S TRU TU RAD E AP OIO D IRETO
Co n ve n t io n &Vis i t o rsB u re a u
Co n ve n t io n &Vis i t o rsB u re a u
Ce n t ro deCo n ve n ç õ e s
de B o n i t o
Ce n t ro deCo n ve n ç õ e s
de B o n i t o AP OIO A EVE N TOS
4 1 4 a to re s 6 8 6 a to re s=2 7 2 a to re s
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
50
Pelo critério utilizado pelo SEBRAE de classificação de porte de empresas por
número de mão-de-obra ocupada, na amostra dessa pesquisa esses empreendimentos
apresentam-se como de micro e pequeno porte, todas formalizadas, sendo que as micro-
empresas são significativamente predominantes, representando 94,2% do total e
respondem por 81,7% da mão de obra ocupada.
Do conjunto desses empreendimentos principais, 96% surgiram a partir da década de
90. Desse total, 46% emergiram na década de 90 e 64% no período de 2000- 2006,fato que
demonstra maior dinamismo nesse segundo período. Existe praticamente uma agência para
cada atrativo e os meios de hospedagem estão no dobro dessa proporcionalidade.
Entre os micro empreendimentos, 91,6 % tem origem no capital local, e 8,4% no
capital nacional. Entre os empreendimentos de pequeno porte, também a predominância é
local, aparecendo capital nacional e mesmo internacional (um caso) na rede hoteleira. No
caso dos micro-empreendimentos, 88% do capital veio dos próprios sócios e no segundo
100%.
111!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~`
``
Figura 02 Empreendimentos Principais do APL
AP OIO A EVEN TOS Ce n t ro d e Co n ve n ç õ e s
Co n ve n ti o n &Vis i to rs B u re a u
IN FRA-ES TRU TURA TU RÍS TICA
M e io s d e h o s p e d a g e m B a re s e re s t a u ra n t e s
Lo ja s d e s o u ve n i r
AGEN CIAM EN TO RECEP TIVO E EM IS S IVO Ag ê n c i a s e o p e ra d o ra s
ATRATIVOS d e la z e r e e c o tu ris m o
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
51
Quadro 01 Empreendimentos principais do APL - 2006
Fonte: COMTUR, 2006, ATRATUR, 2006, FUNBIO-MPE, 2002, SEBRAE-MS, 2005.
Nas empresas de pequeno porte predominam os contratos formais na vinculação com
a mão-de-obra (89,6%), enquanto que nos micro-empreendimentos esse índice cai
sensivelmente para 54,4%. A participação dos sócios-proprietários é bem mais
significativa na condução das atividades das micro-empresas (16, 1%), além de se contar
ATORES ECONÔMICOS (oferta de bens e serviços)
Bonito
Jardim
Bodo-quena
TOTAL
1- NA OFERTA DOS ATRATIVOS Atrativos Ecoturísticos (empreendimentos) 19 03 05 27 Balneários (lazer recreativo) 05 05 05 15 Sub-total 24 08 10 42 2-NA OFERTA DO AGENCIAMENTO RECEPTIVO E EMISSIVO
Operadoras 12 - - 12 2.1 Agenciamento Agências 26 05 - 31
Sub-total 38 05 00 43 3- NA OFERTA DE INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA
Hotéis 17 09 04 30
Hotéis-pousadas 08 - 01 09
Hotéis-fazenda 04 - 02 06
Esta
bele
c.
Hot
elei
ros
Pousadas 33 - 03 36
Albergue 01 - - 01
Camping 12 - - 12 3.1
Hos
peda
gem
Out
ros
SUB-TOTAL 75 09 10 94 Restaurantes 13 04 03 20 Pizzarias
03 - 03 06
Rest
aura
ntes
es
tabe
leci
- m
ento
s de
be
bida
s
Estabelecim. de Bebidas (bares)
03 - 03 06
Lanchonetes 05 02 - 07 Outros 03 14 04 21 3.
2 Re
stau
rant
es e
O
utro
s es
tabe
l.
Lanc
hon
etes
SUB-TOTAL 27 20 13 60
Lojas de souvenir
27
03
01
31
3.3
Com
érci
o pa
ra
Turis
tas
SUB-TOTAL 27 03 01 31 SUB-TOTAL 129 32 24 185 4- NA CAPTAÇÃO E APOIO A EVENTOS 4.1 Centro de Convenções 01 - - 01 4.2 Convention & Visitors Bureau 01 - - 01 SUB-TOTAL 02 - - 02 TOTAL GERAL 93 45 34 272
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
52
com o trabalho de membros da família (9,6%). Também contratam terceiros para trabalhos
eventuais e terceirizados (15,4%), e alguns estagiários (4,4%).
Entretanto, as micro-empresas trabalham com pessoal mais escolarizado que a de
porte médio. Nessa, 65% da mão-de-obra apresenta o ensino fundamental incompleto e
apenas 8,1% detém o diploma do ensino superior. Na micro-empresa, embora exista 3% de
analfabetos contratados, apenas 27,4% tem ensino fundamental incompleto. E ela conta
com índice maior de mão-de-obra de nível superior (21%), incluídos aí mesmo indivíduos
com pós-graduação. Já o pessoal de ensino médio é admitido na mesma proporção na
micro e pequena empresa (em torno de 22 a 25%) do total da mão-de-obra.
No caso dos sócio-fundadores das empresa de pequeno porte, todos eles apresentam
escolaridade de nível superior. Já nas micro-empresas, aparecem vários níveis de
escolaridade, mas com predomínio do ensino médio completo e superior (65,3%).
Empreendimentos na oferta dos atrativos
O primeiro segmento de atividades turísticas constitui-se de 53 “atrativos”
organizados como empreendimentos. Desse total, 48 deles (89%) estão organizados como
empresas privadas nas propriedades dos pecuaristas23. Entre os outros, estão 3 balneários24
e a Gruta do Lago Azul sob responsabilidade dos Municípios, a Ilha do Padre sob os
cuidados do Estado e o Parque Nacional da Serra da Bodoquena sob responsabilidade
federal (IBAMA).
O Município de Bonito concentra na área municipal 66% dos atrativos e empreende
diretamente mais 7,5% de atrativos dos Municípios vizinhos, o que lhe garante um trabalho
direto com 73,5% dos atrativos do APL.
Essa variedade de atrativos possibilita preços muito variados de passeios, podendo
atender a diferentes camadas de renda. O valor oscila entre dez e cem reais, chegando a
existir alguns passeios que atingem até mesmo quatrocentos e oitenta reais.
Podem-se distinguir dois tipos básicos de atrativos como empreendimentos: os
dedicados ao lazer e os voltados para a prática de atividades turísticas.
23 Foram registrados apenas 02 casos em que o proprietário da terra não é pecuarista e vive apenas do empreendimento turístico. 24 Cada um dos 3 Municípios contam com balneário municipal e que também são explorados como área de lazer e pelos quais paga-se o ingresso.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
53
Atrativos dedicados ao lazer: balneários
Nesse caso estão incluídos os 15 balneários que representam 28% do total de
atrativos. Estão bem distribuídos entre os três Municípios e são os que mais atraem a
população local, sendo que cada um dos três Municípios conta com um balneário público
(Quadro 02).
Quadro 02 Balneários do APL de Turismo Bonito/ Serra da Bodoquena -2006
Fonte:
Os balneários apresentam como atividades de lazer a natação, flutuação e mergulho
nos rios e banhos em rios e cachoeiras, complementadas por atividades esportivas e em
alguns casos trilhas. Via de regra é dotada de um receptivo com banheiros, vestiários,
redário e restaurantes e infra-estrutura para esportes. Também é comum apresentarem
espaço para camping e somente num caso, existem chalés (Quadro 03).
Muni-cípio
OR- DEM
NOME FANTASIA
LOCALIZAÇÃO NO AMBIENTE NATURAL
PROPRIEDADE EM QUE SE LOCALIZA O EMPREENDIMENTO
01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL
02 BALNEÁRIO MUNICIPAL Rio Formoso Área da Prefeitura Municipal
03 BALNEÁRIO TARUMÃ Rio Anhumas Fazenda Lomba
04 PRAIA DA FIGUEIRA
Rio Formoso – Empreend. Privado na área do Hotel Zagaia
BO
NIT
O
05 ILHA DO PADRE Rio Formoso Área desapropriada pelo Estado
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA
Rio da Prata Área da Prefeitura Municipal
02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Rio da Prata Estância Águas do Prata
03 BALNEÁRIO DO ASSIS Rio da Prata ?????
04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Rio da Prata Fazenda Santuário do Prata
JARD
IM
05 BALNEÁRIO VERANO Rio da Prata Fazenda Verano
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA
Rio Betione (Gruta Califórnia)
Prefeitura Municipal – em estruturação
02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)
Rio Betione Fazenda ??
03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL Rio Betione Fazenda???
04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)
Rio Betione ?????
BO
DO
QU
EN
A
05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)
Rio Betione Fazenda Perseverança
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
54
Quadro 03 Atividades desenvolvidas nos balneários do APL- 2006
Atrativos organizados para a prática do ecoturismo
Os atrativos organizados para a prática do ecoturismo, esse entendido como uma
atividade de turismo que segue os critérios e princípios básicos de desenvolvimento
sustentável (Funbio, 2006).
Desde 1994, quando se criou as “Diretrizes para a Política do Programa Nacional de
Ecoturismo”, o ecoturismo foi assim definido no documento:
"um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o
patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas." (Ministério do Turismo, 1994)
Os atrativos para ecoturistas constituem os empreendimentos numericamente
predominantes no APL (64% do total), e os mais vulneráveis à sazonalidade (gráfico 04).
Muni-cípio
OR- DEM
NOME FANTASIA
ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO
01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL
Natação, cachoeiras Lanchonete, redário, sanitários, trampolim, quadras de vôlei e futebol de areia, churrasqueira
02
BALNEÁRIO MUNICIPAL
Natação e lazer Sanitários, quadra de vôlei de areia, lanchonetes e sorveteria
03
BALNEÁRIO TARUMÃ
Piscina natural , trilha , cachoeira, flutuação, natação.
Estacionamento, restaurante, lanchonete e vestiבrios, 02 decks, redário, sanitário , aluguel de equipamentos.
04
PRAIA DA FIGUEIRA
Lazer com natação e mergulho autônomo no lago
Receptivo com bar, vestiários, banheiros e restaurante com comida típica e churrasco
BO
NIT
O
05
ILHA DO PADRE
Cachoeiras, piscinas naturais Cabanas de madeira, churrasqueiras, lanchonete e infra-estrutura para camping
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA
Natação e lazer Receptivo, lanchonete, banheiros, vestiários, churrasqueira.
02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Natação e lazer Receptivo com banheiros, vestiário.
03 BALNEÁRIO DO ASSIS
Trilha, natação, tirolesa e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, quiosques e quadra de areia.
04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA
Trilha interpretativa, natação e lazer Receptivo com sanitários e vestiários. JARD
IM
05 BALNEÁRIO VERANO
Natação e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, restaurante e lanchonete área para camping,, quadra de vôlei
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA
Trilha suspensa, rapel, tirolesa Receptivo em construção
02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)
Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário
03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL
Trilhas , Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário restaurante, piscinas e chalés
04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)
Trilha, grutas (03), natação e lazer Sede da fazenda com pista de pouso, restaurante, banheiros e vestiários B
OD
OQ
UEN
A
05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)
Natação, visita ao casarão e lazer Sede da fazenda com restaurante, banheiros e vetiário.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
55
Do conjunto de balneários e atrativos ecoturísticos, Bonito concentra 57% do total (gráfico
05).
Balneários 36% Atrativos
Ecoturísticos64%
Gráfico 04 Balneários e atrativos no APL
Com exceção da Gruta Lago Azul, os atrativos de ecoturismo estão nas mãos da
iniciativa privada, especialmente dos fazendeiros locais. Nesse caso, se distinguem por
apresentar um maior enraizamento territorial. Constituem os empreendimentos que mais se
apóiam no fornecimento de serviços e bens de empresas como na mão-de-obra local e que
estão mais inseridos na cultura local.
O Município de Bonito apresenta não só a maior concentração de atrativos
destinados ao ecoturismo (70%) dentro do APL (gráfico 05), como se destaca pela maior
organização dos mesmos entre si e da infra-estrutura de apoio. Todos eles fazem uso do
voucher-único para atuar e são integrados à Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito
e região (ATRATUR).
0
5
10
15
20
25
Bonito Jardim Bodoquena
Balneários Atrativos Ecoturísticos
Gráfico 05 Balneários e atrativos ecoturísticos por Município no APL
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
56
Os atrativos de ecoturismo organizam diferentes atividades em sua propriedade, cuja
programação constitui o “passeio”. É esse tipo de prática que exige a presença do guia e o
estabelecimento do limite de capacidade de pessoas por grupo.
Na tentativa de superar crises e sasonalidade, têm sido os “passeios” os principais
alvos da inovação e que foram se distinguindo em pelo menos três modalidades de prática
turística: (01) o ecoturismo propriamente dito (modalidade tradicional) e o turismo de
aventura (modalidade que vem sendo mais inovada).
Ecoturismo tradicional e capacidade de carga dos passeios
Os passeios que se identificam com a prática tradicional do ecoturismo no APL
incluem diferentes atividades, com diferentes capacidades de carga para cada grupo: visita
à gruta (8 a 10 pessoas), banho de rio ou cachoeira (12 a 15 pessoas), natação, flutuação ou
mergulho superficial (8 a 10 pessoas), passeio de bote (12 pessoas), trilha de interpretação
ecológica, contemplação da fauna ou flora (12 a 15 pessoas). Como esses passeios ocorrem
dentro das fazendas, alguns deles podem incluir ainda a “cavalgada” (6 a 10 pessoas), uma
prática típica do turismo rural.
O ecoturismo é a modalidade de passeio que ainda atrai a cerca de 2/3 dos visitantes
ao APL (MPE/Funbio, 2002).
Ecoturismo de aventura
Os passeios de aventura constituem-se de atividades baseadas nos esportes de
aventura, mas com caráter recreativo. No APL o turismo de aventura consta de atividades
como o bóia cross (passeio com bóias individuais de borracha por corredeiras), tirolesa25,
arvorismo26, rappel (descer paredes com auxílio de equipamentos), escalada (subir paredes
25 Originada na cidade de Tirol - Áustria, a Tirolesa consiste em um cabo aéreo ancorado horizontalmente entre dois pontos, pelo qual o aventureiro se desloca através de roldanas conectadas por mosquetões a uma cadeirinha de alpinismo.Tal atividade permite ao praticante a emoção de voar por vales contemplando as mais belas paisagens. 26 Travessia de trilhas aéreas montadas sobre as copas das árvores, com apoio de cabos de aço, cordas e outros equipamentos.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
57
verticais), biking (cicloturismo), circuito por meio do quadriciclo, mergulho de
profundidade em rio e em gruta27 autônomo e com apoio de equipamentos.
Trata-se, portanto, de passeios mais radicais, destinados a quem aprecia emoções
fortes, cujo mercado vem se consolidando no Brasil desde 1998, com um mercado
específico, trazendo novo enfoque de ofertas e possibilidades.
A oferta desse serviço exige a orientação de profissionais qualificados para a função,
como também de equipamentos e técnicas que proporcionem, além da prática adequada, a
segurança dos profissionais e dos turistas. Trata-se de uma atividade sujeita a diretrizes,
estratégias, normas, regulamentos, processos de certificação e outros instrumentos que
garantam a segurança do turista.
O Ministério de Turismo criou o projeto de “Normalização e Certificação em
Turismo de Aventura”, em 2003, buscando identificar os aspectos críticos da operação
responsável e segura do turismo de aventura, para o desenvolvimento de um sistema de
normas às diversas atividades dessa modalidade. O Instituto Hospitalidade é a entidade
executora do Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura, uma
iniciativa do Ministério do Turismo.
O IBAMA, desde 2001, também criou dentro do CECAV, o Conselho Especializado
em Mergulho de Cavernas (CEMEC), visando diagnosticar as características e impactos do
espeleo-mergulho, para normalizar e acompanhar essa atividade no Brasil.
Essa atividade suscita novos tipos de fornecedores de equipamentos, como também
seguradoras e outros produtos e atividades associadas. E, diante de suas especificidades,
ela exige, principalmente quanto ao quesito segurança, a necessidade de delimitar sua
abrangência em relação a outros tipos de turismo, tanto para embasar a formulação e
execução de políticas públicas como também para subsidiar os interessados nas
características e questões legais desse tipo de mercado.
O número de empreendimentos que incluem esses tipos de atividade ainda é
relativamente restrito, mas tende à ampliação.
27 O mergulho de gruta havia sido fechado em todo o Brasil pelo CECAV/ IBAMA, desde 2001, restrição exigida para regulamentar as atividades no interior das cavidades naturais, que além de muito arriscadas poderiam causar danos às mesmas. Recentemente, foi editada uma Instrução Normativa (Ibama nº 100/06) com o objetivo de normatizar a atividade e tornar mais dinâmico o processo para liberação de autorizações e o manejo das cavernas. Desse modo, a primeira liberação no Brasil para o espeleo-mergulho foi feita em setembro de 2006 para a caverna “Buraco das Abelhas”, localizada no Município de Jardim, mas explorada por uma agência de turismo de Bonito.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
58
Mudança no modelo de organização na oferta do produto
O turismo de aventura também apresenta especificidades de estruturação que alteram
o modelo de organização local adotado para a prática do ecoturismo tradicional. Essa nova
modalidade de passeio não tem nascido de iniciativa do tradicional fazendeiro que já
trabalha com o ecoturismo. Não raro, ela parte de proprietários de agências, que por
estarem mais conectados ao mercado, mostram-se mais sensíveis a esse tipo de inovação.
Mas também tem ocorrido por iniciativa de donos de hotéis ou de outro serviço correlato.
Em função dessas iniciativas, tem sido comum o turismo de aventura aparecer
apenas como diversificação do negócio original, sem que isso implique na criação de uma
nova empresa. Esses novos serviços são organizados em propriedades de terceiros,
inclusive daqueles que já possuem atrativos, pagando-se percentagem sobre os lucros pelo
uso do ambiente específico (recurso natural de interesse) dentro da fazenda. Pode ocorrer
que a propriedade ou parte dela seja adquirida apenas para a organização do passeio.
Existem modalidades de passeios, como o quadriciclo e o passeio de bote,
estruturados e oferecidos pelas agências, em espaços considerados públicos (leito de
estrada ou de rio) e que, portanto, não exigem aquisição ou aluguel de propriedades de
terceiros.
Agências de turísmo emissivo e receptivo
Os serviços de agenciamento de turismo, originalmente atuando apenas como
receptivos e dependentes de operadoras externas (foto 36), tendem a se transformar em
agenciamento também emissivo (foto 37), transformando-se em operadoras internas. O
APL conta com 43 empreendimentos dessa natureza, sendo que 31% deles já atuam na
forma de operadoras (gráfico 06).
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
59
Gráfico 06 Agências e operadoras de turismo no APL -2006
Esse tipo de serviço expandiu-se rapidamente com o dinamismo do fluxo turístico ao
APL, facilitado pelas regras do voucher-único e ainda pelo pouco capital exigido para sua
instalação e operação, de modo que há uma proporção de praticamente uma agência para
cada atrativo.
Portanto, não é de se estranhar que nela operem não só empreendedores locais, como
também vindos de fora e, nem sempre, com experiência ou grau de profissionalismo nesse
segmento de serviços. E nesse sentido, tem sido um dos pontos de vulnerabilidade do APL.
O voucher-único obriga que toda venda de pacotes ou passeios destinados aos
turistas seja realizada diretamente ou mediada pelas agências locais, ao menos no caso de
Bonito. Por garantir a clientela no local e ainda pelo fato da agência ser a porta de entrada
do turista, essa função acaba tendo vantagens em relação às de outros atores locais
Foto 36 Agência YgarapéFoto 37 Operadora de turismo
31%69% agências
operadoras
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
60
envolvidos no processo. Uma dessas vantagens é a de receber de antemão o pagamento e
poder operar com ele antes de prestar contas aos outros integrantes do voucher-único.
Como nem sempre são empresas enraizadas na cultura da ordem e compromisso local,
deixam de honrar alguns compromissos de pagamento em relação aos parceiros, podendo
até fechar e ir embora.
Por outro lado, à agência cabe uma série de operações e responsabilidades, tais como
a de inserir o guia do passeio, a locadora do transporte de traslado e se articular com os
atrativos e meios de hospedagem. Ela articula a rede interna de atores e faz circular por ela
a remuneração dada pelo turista aos serviços prestados. Mas é ela quem realiza também a
articulação com as operadoras externas e mesmo agências de turismo regional.
As operadoras, além do receptivo mediam serviços das operadoras externas, como
também podem realizar seus próprios pacotes e os vender diretamente ao cliente,
agenciando seu deslocamento e estadia no lugar.
Esse modelo não tem agradado muito às operadoras externas, porque parte ou todo
seu tipo de serviço pode ser dispensado. E não é ela que faz a regra do jogo e sim o trade
turístico interno.
Infra-estrutura de hospedagem, alimentação e comércio de souvenir
Esse grupo de empreendimentos (Gráfico 07) constitui maioria numérica (68% do
total). A metade ocupa-se em oferecer meios de hospedagem e que por si só corresponde a
três vezes a quantidade de atrativos.
Os hotéis em suas várias categorias (hotel, hotel-pousada e hotel-fazenda) somam 45
empreendimentos (48% do total), as pousadas 38% e o restante (albergue e camping) 14%.
Desse total 80% está em Bonito. Os vários padrões permitem atender diferentes segmentos
de renda e preferência do turista (Fotos 36 a 41).
Foto 40 Pousada Rosa Rosé
Foto 38 Hotel Wetiga
José Marcolino
Foto 39 Pousada Céu de Estrelas
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
61
A oferta abundante desse tipo de serviço em um momento considerado de queda de
fluxo (gráfico 07), cria dificuldades para sua manutenção. Como decorrência, os
empreendedores dos meios de hospedagem tendem a diversificar seu negócio, agregando
ao hotel ou pousada funções normalmente destinadas a outros atores do trade (agência,
restaurante, atrativo). Cinco dos hotéis de maior capacidade também optaram por incluir
infra-estrutura que possibilite a realização de eventos.
Gráfico 07 MEIOS DE HOSPEDAGEM NO APL
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Bonito Jardim Bodoquena
CampingAlberguePousadasHotéis-fazendaHotéis-pousadasHotéis
Bares e restaurantes
Essa categoria, em especial os restaurantes, cresceu significativamente no APL
(Gráfico 08), principalmente pela iniciativa dos hotéis de Bonito em oferecer refeições
(Fotos 44 a 51). Em parte, esse é um dos motivos alegados pelos donos de restaurantes
autônomos em se estruturar na oferta de uma gastronomia local, fato que se soma à
Foto 41 Pousada Remanso Foto 43 Pousada bar Balneário do Betione
Foto 42 Hotel Zagaia
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
62
irregularidade e sazonalidade do fluxo de turistas. Com efeito, os pratos exibidos como
integrante da gastronomia local é feito por um número muito reduzido de restaurantes.
Gráfico 08 Bares restaurantes e similares no APL
0
5
10
15
20
25
30
Bonito Jardim Bodoquena
Outros
Lanchonetes
Bares
Pizzarias
Restaurantes
Bonito detém 45% dessa infra-estrutura no APL e Jardim 33% .
Foto 44 Restaurante em Bonito Foto 45 Restaurante Taboa - Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
63
Lojas de souvenir
As lojas de souvenir estão concentradas em Bonito e se apóiam principalmente
em artesanato e camiseteria com motivos ecológicos (Fotos 52 a 56).
Foto 49 Restaurante Santa Esmeralda -Bonito
Foto 46 O casarão -Bonito
Foto 50 Lanchonete em Bonito Foto 51 Restaurante em Bodoquena
Foto 48 Restaurante Pantanal –Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
64
Foto 52 Lojas de artesanato em Bonito
Foto 53 Interior de uma loja de souvenir Foto 54 Feito à Mão – Artesanato
Foto 55 Loja de Confecções para Turistas - Bonito Foto 56 Artigos em camiseteria - Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
65
Captação de Apoio a eventos
O Município de Bonito passou a contar, a partir de 2006, com dois empreendimentos
inter-relacionados que atuam na captação e apoio a eventos e, para esse fim, promovem
Bonito como território turístico: o Bonito Convention & Visitors Bureau e o Centro de
Convenções de Bonito.
Foi iniciativa dos mesmos empresários, vindos de Curitiba, mas com raízes no local e
que trazem experiência profissional nesse segmento.
Bonito Convention & Visitors Bureau (BCVB)
O BCVB integra-se az parte da International Association of Convention & Visitors
(IACVB) Bureaux, organização internacional que nasceu em Detroit, EUA, em 1915 e que
tem como filosofia o protagonismo da comunidade empresarial local na promoção e apoio
a eventos que possam atrair turistas e dinamizar o local, mesmo sem o Estado. Cada
unidade dessa organização tem autonomia para agir. Ela atua com empresas parceiras que a
integram por adesão, entregando mensalmente uma contribuição.
O escritório do Bonito Convention & Visitors Bureau foi inaugurado em 2006 como
uma associação privada e sem fins lucrativos que reúne empresas, organizações e
profissionais do turismo do Município e região, promovendo a imagem desse território
turístico e lucros para os associados. O objetivo é captar eventos, congressos e feiras de
âmbito regional, nacional e internacional, baseados na logística de atendimento local e em
acordo com sua capacidade de carga, participando de feiras, eventos e congressos.
Também se propõe prestar assessoria técnica às entidades ou empresas promotoras de
eventos no estudo de viabilização e nos projetos de realização de eventos em Bonito. A
meta é promover o desenvolvimento sustentável do turismo local e regional.
A organização ainda se encontra em fase da procura de adesões e já conta com os
seguintes associados: 8 agências de turismo, 17 atrativos, 05 restaurantes, 20 hotéis e
pousadas, a Instituição de Ensino Superior FUNLEC Instituição de Ensino Superior
(FUNLEC) e 05 empresas comerciais (03 delas voltadas à oferta de souvenirs). O primeiro
grande evento já realizado entre 17 e 22 de setembro de 2006 foi o Fertbio, tendo sido
aguardado cerca de 1.500 pessoas.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
66
Centro de Convenções de Bonito
O Centro de Convenções de Bonito é um empreendimento que oferece o espaço de
apoio para eventos e embora, empresa independente, está vinculado ao Bonito Convention
& Visitors Bureau.
Sua arquitetura foi pensada, de forma a integrar essa área construída à natureza,
valorizando a cultura e flora regional. Sua estrutura conta com recursos tecnológicos já
avançados na área de eventos, como cabeamento estruturado, provedor de internet próprio,
internet sem fio, projetores multimídia de última geração, voz sobre IP (VoIP), entre outros
(Figura 01). Na área construída, apresenta estacionamento amplo, uma recepção coberta
com 380 m2 de área livre (fotos 57 e 58), auditório com 872 assentos (fotos 59), dois
auditórios como 272 assentos (fotos 61 e 62), os três com paredes divisórias retráteis que
podem duplicar esses ambientes, além de 2 salas multi-uso (40 assentos cada), espaço para
feiras e coffee break de dois pavimentos (foto 60) e ambulatório, com passarela coberta
para circulação entre os blocos (Fotos 63 e 64).
Centro de Convenções de Bonito
Foto 58 Recepção do Centro de Convenções – ambiente interno.
Foto 57 Recepção do Centro de Convenções –frente externa
Figura 01 Croquis do projeto do Centro de Convenções de Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
67
.
2.1.2 Atores econômicos na oferta de bens e serviços complementares
Foto 62 Auditório menor –vista interna
Foto 63 Passarela de circulação interna
Foto 61 Auditório menor –vista externa
Foto 60 Espaço para exposições Foto 59 Auditório maior
Foto 64 Detalhe do teto em sapé da passarela
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
68
Os atores econômicos que atuam na oferta de bens e serviços complementares aos
empreendimentos turísticos do APL podem aparecer sob forma de empresa privada ou de
autônomo (Quadro 04).
Quadro 04 Atores econômicos na oferta de bens e serviços complementares -2006
Fonte : Ministério do Turismo, 2006 ( guias) Prefeitura Municipal de Bodoquena, 2005 (monitores ambientais) MPE/ Funbio, 2002 (remadores) SEBRAE-MS/Geor APL Artesato, 2006 (núcleos de artesãos) Prefeitura Municipal de Bonito- ISSQN, 2006 (transportadores) Taxistas e moto-taxistas de Jardim (por telefone)
Serviços complementares aos passeios de ecoturismo
Os passeios turísticos, tanto por exigência do voucher-único, como pelo nível de
profissionalismo alcançado e mesmo exigido (caso do turismo de aventura) implicam na
contratação de serviços de acompanhamento, instrução e orientação do turista na realização
do passeio e que totalizam 174 profissionais no APL, constituídos pelos: guias de turismo,
instrutores e monitores ambientais, operadores de bote, remadores.
Guias de turismo
Os guias de turismo têm presença mais significativa (64 %) entre esses profissionais
requisitados. No caso de Bonito, por força de lei Municipal, constituem acompanhamento
ATORES ECONÔMICOS (empresas correlatas, autônomos e outros)
Bonito
Jardim
Bodo-quena
TOTAL
1- NO APOIO AOS PASSEIOS ECOTURÍSTICOS 1.1 Guias de turismo 96 16 - 112 1.2 Instrutores e Monitores ambientais 21 - 32 32 1.3 Remadores 20 - 20 Sub-total 137 16 32 164 2- NA OFERTA DO SERVIÇO DE TRASLADO ÀS AGENCIAS DE TURISMO 2.1 Locação de veículos de maior porte 59 04 02 65 2.2 Táxi 31 35 08 74 2.3 Moto-táxi 45 50 08 103 2.4 Cooperativa de transportes 01 01 - 02 Sub-total 136 90 18 244 3- NO APOIO AO COMÉRCIO DE SOUVENIR 3.1 Núcleos de artesãos 01 03 02 06 SUB-TOTAL 01 03 02 06 TOTAL GERAL 414
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
69
obrigatório ao turista ou ao grupo de turistas, mas apenas nos passeios de ecoturismo. Os
balneários estão isentos dessa exigência e o turismo de aventura exige instrutor habilitado
para cada modalidade.
É exigida do guia a formação específica e especializado em atrativo turístico da
região, seu cadastramento na Empresa Brasileira de Turismo - EMBRATUR e na
Secretaria Municipal de Turismo e comprovação de residência no local de pelo menos três
anos.
A Secretaria Municipal de Turismo fica encarregada de enviar mensalmente à
Associação de Guias de Turismo de Bonito, às Agências de Turismo e aos proprietários de
áreas de visitação turística no Município, a relação completa dos Guias de Turismo
cadastrados e aptos ao exercício da profissão.
Instrutores, Monitores ambientais e Remadores
Essa constitui a segunda categoria de profissionais de acompanhamento dos turistas
nos passeios (36%) em quantidade. Esses profissionais aparecem para orientar e instruir
turistas naqueles tipos de passeios que exigem habilidades ou treinamentos específicos e
seu acompanhamento tem como objetivo garantir a segurança do visitante. São mais
freqüentes em práticas do turismo de aventura, como por exemplo: passeio de Bote,
quadriciclo, rappel, arvorismo, mergulho e outros.
O monitor ambiental, no caso de trabalhar em Jardim e de Bodoquena, fora da
regulação do voucher-único, pode operar como guia de turismo, desde que credenciado
para esse fim.
Gráfico 08 Profissionais de apoio aos passeios de ecoturismo
0
20
40
60
80
100
120
140
Bonito Jardim Bodoquena
Remadores
Instrutores e MonitoresambientaisGuias de turismo
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
70
Empreendimentos e autônomos no serviço de traslado
O traslado é um serviço requisitado pelas agências e seu objetivo, no caso de Bonito
é deslocar o turista ou grupo de turistas do hotel ou agência ao atrativo e vice-versa. No
caso de Bonito, esse serviço está atrelado às agências envolvidas com o voucher-único,
mas nos outros Municípios, esse serviço funciona de forma mais independente da agência.
O prestador de serviço de traslado pode atuar como autônomo ou como empresa
individual, e em menor número, como empresa com mais de um proprietário e coligada a
empreendimento externo. A empresa contratante recolhe menores tributos quando o
contratado atua por meio de uma empresa com formato jurídico, fato que explica a
existência desse segmento de empresas individuais.
Em Bonito, opera a Cooperativa Prestadora de Serviços Turísticos, Agências de
Viagens e Turismo de Bonito (COOPERBON) da qual grande parte desses profissionais ou
empresas individuais faz parte. Ela se transformou num mediador importante entre o
locador de transporte e a agência.
Outra diferenciação entre esses prestadores de serviço está no tipo de veículo
utilizado. Nesse aspecto podem-se distinguir três modalidades de locadoras de transporte: a
que opera com veículos de maior porte (ônibus, micro-ônibus, van, sprinter e similares);
os taxistas e moto-taxistas.
O transporte de traslado ao atrativo tornou-se um dos gargalos na oferta do passeio,
em função, principalmente da distância e condições pouco favoráveis das vias de acesso
aos atrativos. Os custos com desgaste e vida útil do veículo dificultam a obtenção de
lucros, motivo pelo qual esse empreendimento tem sido relegado a terceiros.
Por outro lado, essa dificuldade transformou-se em possibilidade aberta de trabalho
para várias famílias que têm ou adquirem o veículo. Mas os altos custos de manutenção do
serviço incidem no preço, onerando muito o bolso do turista, quando é somado ao valor do
passeio.
Nesse sentido, o veículo maior tem sido preferido pelas agências, especialmente
quando aparecem grupos, ou então como forma de compartilhamento do uso entre
agências. Para o turista solitário, a moto-taxi acaba se transformando em opção de
deslocamento de valor bem mais baixo, mesmo que menos confortável e que pode
proporcionar sensação de aventura.
Desse modo, pode-se compreender porque em Bonito, onde esse serviço de traslado
ao passeio é complementar ao trabalho da agência, as locadoras de veículos de maior porte
e o moto-táxi são mais freqüentes que o táxi-comum.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
71
Como se pode apreciar no gráfico 04, em Bonito os empreendimentos voltados à
locação de veículos de maior porte representa 43,4% do total municipal, seguido pelos
moto-taxistas (22,7%). Pela pesquisa MPE/FUNBIO (2002), em Bonito já havia 12
prestadores de serviço de traslado ao turista, que se utilizavam do ônibus (foto 59), e de
forma bem mais rara, o ônibus tracionado por outro veículo (foto 60) .
Já em Jardim, os moto-taxistas representam mais da metade dos envolvidos (55,5%)
e as locadoras de veículos maiores são pouco expressivas. Em Bodoquena, essa última
modalidade quase não aparece, mas taxistas e moto-taxistas praticamente se equilibram em
quantidade (gráfico 06).
Gráfico 06 Serviços de Transporte de traslado no APL-2006
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Bonito Jardim Bodoquena
Moto-táxi
Táxi
Locação de veículos demaior porte
Foto 59 Ônibus de traslado em Bonito Foto 60 Ônibus de traslado tracionado - Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
72
Núcleos de artesão no apoio ao comércio de souvenir
Além da cerâmica Kadwéu, o comércio de souvenir ampara-se no material produzido
pelos seis núcleos de artesanato do APL.
Esses núcleos de artesãos que aparecem distribuídos nos três Municípios, em sua
grande maioria, têm sido articulados e capacitados pelo Sebrae-MS, por meio de um
projeto GEOR.
De acordo com as informações do GEOR Projeto APL do Turismo e Artesanato
Serra da Bodoquena (2006), a maior concentração está em Jardim com três Núcleos: (01)
Associação MOR que trabalha com osso, madeira e reciclado: (02) Mãos à Obra que se
utiliza de osso e madeira; (03) Associação Arte e Osso (madeira couro e osso).
Em Bodoquena aparecem mais dois núcleos: (01) Associação dos Artesãos Arte
Serrana que faz crochê e artesanato com reciclados (do projeto GEOR); (02) Artesãos da
Prefeitura Municipal, que trabalham madeira, osso e fibra vegetal (Foto 57).
O Município, através da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, começou está
construindo o Memorial Serra da Bodoquena (Foto 58), devendo reservar nele um espaço
para os artesãos locais .
De Bonito faz parte a Associação dos Artesãos de Bonito que trabalham com
bijuterias de sementes e madeira (biojóias), tricô, osso.
2.3 ORGANISMOS DE APOIO PROMOÇÃO E REGULAÇÃO
O APL de turismo Bonito /Serra da Bodoquena conta, atualmente, com um leque
amplo de organismos de apoio, desde o nível internacional até o local (figura 03).
Foto 57 Artesãs do Núcleo monitorado pelo Município
Foto 58 Maquete do Projeto Memorial Serra da Bodoquena
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
73
2.3.1 Entidades profissionais em Bonito e o COMTUR
Tanto os atores econômicos principais como os atores econômicos complementares
do APL estão organizados por categoria profissional, cujas associações foram criadas, em
grande parte, por ocasião da criação do Conselho Municipal do Turismo (COMTUR),
como resposta às oficinas de treinamento do PNMT.
Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região (ATRATUR)
A Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região (ATRATUR), fundada em
1996, é uma sociedade civil de direito privado e sem fins lucrativos, que reúne
proprietários de atrativos, como também empreendedores de alguns passeios relacionados
ao turismo de aventura (bóia cross, arvorismo), para Incentivar e proporcionar maior
entendimento e cooperação entre os associados e entidades similares, com autoridades do
país, bem como do exterior, visando proteger, facilitar e estimular o exercício de suas
atividades.
Figura 03 Organismos de Apoio ao APL - 2006
Essa associação é ativa, articulada e que articula um dos segmentos mais
profissionalizados do APL, demonstrando preocupaçãoo com a organização dos serviços e
com a sustentabilidade do ambiente natural. Reúne praticamente todos os atrativos de
OrganismosNacionais
Organismos de regulação e incentivoao turismo e conservação ambiental,disseminação de ciência e tecnologia
OrganismosNacionais
Organismos de regulação e incentivoao turismo e conservação ambiental,disseminação de ciência e tecnologia
Organismos Estaduais
Organismos de regulação e incentivo ao turismo e conservação ambiental,
art iculação e capacitação empresarial,disseminação de conhecimento e tecnologia
Organismos Estaduais
Organismos de regulação e incentivo ao turismo e conservação ambiental,
articulação e capacitação empresarial,disseminação de conhecimento e tecnologia
Organismos Municipais
Organismos de regulação e incentivo aoturismo e conservação ambiental,
difusão de conhecimento,entidades profissionais
Organismos Municipais
Organismos de regulação e incentivo aoturismo e conservação ambiental,
difusão de conhecimento,entidades profissionais
Secretaria de Turismo e Meio Ambiente/ CONTURATRATUR (atrativos)ABAETUR(agências)AGTB (guias)ABH (hotéis)ABRASEL (restaurantes)APOBB (operadores de bote)COOPERBON (transportes)ACIB (comércio e indústria)Associação e Núcleos de ArtesãosSindicato Rural de Bonito (proprietários rurais)Fundação Neotrópica do Brasil (ONG)Amigos do Braz il Bonito (ONG)IASB (ONG)IESF/ UNIGRAN (faculdade)
Secretaria de Produção e Turismo/ FUNDETUR/ SEPROTUR Secretaria Estadual de Meio Ambiente/ Polícia AmbientalSEBRAE-MSSENAC-MSUniversidade Federal de Mato Grosso do SulUniversidade Católica Dom Bosco
Ministério do Turismo/ EMBRATURMinistério do Meio Ambiente/ IBAMAMinistério da Cultura/ IPHANMinistério PúblicoMinistério da Agricultura e Pecuária/ EMBRAPA Solos-RJFundação Boticário
Banco MundialWWFConservation International
Organismos internacionaisOrganismos de fomento econservação ambiental
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
74
Bonito e alguns dos Municípios vizinhos. Foi a única a expandir sua atuação para
todo o APL, mantendo representações em várias organizações28
Além disso, mantém uma parceria com o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena
(IASB), na promoção e difusão da defesa, preservação e conservação das Bacias dos Rios
da região da Serra da Bodoquena;
Associação Bonitense das Agências de Ecoturismo (ABAETUR)
Também fundada em 1996, essa associação apresentou maior dificuldade inicial para
articular e contar com a adesão dos empreendimentos relacionados aos meios de
hospedagem, pois parte de seus integrantes têm origem externa, o que sugere a existência
de um segmento um pouco menos enraizado no lugar. Atualmente a ABAETUR conta com
81% dos empreendimentos entre seus associados.
A ABAETUR mantém um representante com assento no Conselho Municipal de
turismo. A forma como esse ator se insere no modelo de organização do trade turístico no
território lhe atribui maior controle financeiro e de articulação da rede, uma vez que é ele
quem faz o contato com o cliente e o ajuda a eleger o atrativo e o hotel no agendamento
dos serviços de receptivo.
Mas como é ele que faz o contato externo, também fica mais sensível às necessidades
do cliente e às novidades do mercado, o que lhe atribui características mais inovadoras
dentro do APL. O turismo de aventura, como se pôde averiguar tem sido introduzido, em
vários casos, por iniciativa de donos de agência.
Por outro lado, é um segmento do trade que ainda não conta com regulação
específica do Município e está em processo de profissionalização.
Uma das preocupações dessa associação refere-se, portanto, ao marketing externo e
às inovações dentro do setor. Mas também esforça-se por um bom relacionamento com os
guias de turismo e para incentivar parcerias ou pressionar a Prefeitura no sentido de um
maior esforço para a divulgação dos produtos turísticos e do APL.
28 COMTUR (Conselho Municipal de Bonito-MS); COREDES (Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável da Região Sudoeste); COMDEMA (Conselho Municipal do Meio Ambiente de Bonito-MS); Conselho do Programa Pantanal e da Reserva da Biosfera do Pantanal; Conselho Municipal da Saúde de Bonito/MS; Conselho Municipal da Saúde de Jardim/MS; Conselho Estadual da Saúde de Mato Grosso do Sul; Comitê Gestor do Projeto “Ecodesenvolvimento no Entorno do Parque da Serra da Bodoquena”, desenvolvido pela Fundação Neotrópica do Brasil; CECA (Conselho Estadual de Controle Ambiental); COMTURB (Conselho Regional de Turismo de Bonito, Jardim e Bodoquena); Fórum de Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul;
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
75
Associação Bonitense de Hotéis – ABH
A fundação da associação deu-se um pouco mais tarde em relação às outras duas
anteriores, ou seja, em 1998.
A Associação Bonitense de Hotelaria constitui-se do segmento com número mais
significativo de empresários vindos de fora, especialmente no caso de grandes hotéis e
eles não participam do sistema do voucher-único. Por outro lado, nesse segmento
predomina o gerenciamento familiar e ainda pouco profissionalizado. Existem várias
pousadas que não evoluíram nos serviços de melhoria de atendimento ao cliente.
Entretanto, o número de unidades hoteleiras ampliou significativamente e a grande
oferta expôs o segmento a problemas de baixa ocupação, agravados pela sazonalidade do
fluxo de turistas.
A associação ainda está em fase de consolidação, uma vez que apresenta dificuldades
na adesão dos empreendimentos hoteleiros, o que impede formação de consenso para
enfrentar as questões que afetam a todos.
Os serviços mais prestados aos associados têm sido os cursos de capacitação e têm
assento no COMTUR.
Associação dos Guias de Turismo de Bonito (AGTB)
Essa foi a primeira associação a ser fundada (1994) e é uma das mais organizadas em
termos de adesão e contribuição dos associados, até porque dessa organização depende a
participação do guia como profissional no acompanhamento ao turista.
Esse segmento é regulamentado e os associados têm sua vida profissional
acompanhada pela Prefeitura. Os guias de turismo foram e continuam sendo os
profissionais mais capacitados para exercer a função que exercem junto ao trade do
turismo.
O trabalho que o guia faz junto aos turistas durante os passeios é considerado de
fundamental importância para o APL e nesse sentido a AGTB e os guias gozam de
prestígio local.
Outras associações em Bonito
Além dessas, existem outras associações de classe um pouco menos expressivas no
ambiente de turismo de Bonito, como a Associação Comercial e Industrial de Bonito
(ACIB), a Associação de Bares, Restaurantes e Similares de Bonito/MS - ABRASEL (esta
é mais recente e ainda não faz parte do Conselho do COMTUR) e o Sindicato Rural.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
76
Também emergiu mais recentemente, a “Associação dos Proprietários e Operadores
de Bote (APOBB)” que congrega 8 dos 10 empreendedores desse passeio e que também
estão incluídos como associados da ATRATUR.
Conselho Municipal de Turismo (COMTUR)
O Conselho Municipal do Turismo (COMTUR) foi criado pela Prefeitura, junto à
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, em 1995.
Funciona como um órgão deliberativo, consultivo e de assessoramento, responsável
pela conjunção entre o Poder Público e a sociedade civil, na promoção do turismo como
fator de desenvolvimento social, econômico e cultural, devendo fomentar o
desenvolvimento ou a criação de condições para o incremento e o desenvolvimento da
atividade turística do município de Bonito/MS.
Fazem parte do COMTUR 14 membros, 8 associações de classe, 4 representantes do
executivo da Prefeitura Municipal e 2 representantes de órgãos federais:
Entidades profissionais do COMTUR:
1. Associação Comercial e Industrial de Bonito (ACIB):
2. Instituto Associação Bonitense de Hotelaria (ABH):
3. Associação de Proprietários e Operadores de Bote de Bonito/MS:
4. Associação de Guias de Turismo de Bonito (AGTB):
5. Cooperativa de Transportes de Bonito/MS (COOPERBON)
6. Associação dos Proprietários de Atrativos Turísticos de Bonito e Região
(ATRATUR):
7. Sindicato Rural Patronal de Bonito:
8. Associação Bonitense Dos Proprietários de Agências de Ecoturismo (ABAETUR):
Órgãos federais:
1.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
2. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA):
2.3.2 Entidades profissionais nos outros dois Municípios do APL e o COMTURB
Nos outros dois Municípios do APL (Jardim e Bodoquena),com exceção dos núcleos
e associações de artesãos, inexistem associações de classe diretamente ligada ao turismo.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
77
As associações existentes estão relacionadas principalmente com as atividades rurais
e no caso de Bodoquena, também com a indústria da construção civil (esta relacionada
com os trabalhadores da indústria de cimento).
As ações decorrentes dos interlocutores das políticas relacionadas com o
PRODETUR-Sul e o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil vêm
sensibilizando as prefeituras de Jardim e Bodoquena a pensar o turismo da Serra da
Bodoquena como um APL, levando-as a reestruturar o COMTUR em seus Municípios.
Durante as oficinas proporcionadas em 2001 pelos técnicos do governo estadual,
relacionadas ao PRODETUR-Sul, projeto que busca recursos para desenvolvimento
sustentável dos três Municípios, estes foram tratados como integrantes de uma região
turística no “Planos Integrados de Desenvolvimento Turístico Sustentável (PDITS)”. Um
dos objetivos é a integração turística territorial com gestão compartilhada. E, nesse sentido,
houve o estímulo à criação do Conselho Regional de Turismo de Bonito, Jardim e
Bodoquena (COMTURB).
Entretanto, a morosidade nos resultados financeiros do projeto contribui para o
desaquecimento das iniciativas já tomadas, mas agora reanimadas pela idéia de roteirização
turística, antes já proposta entre Foz de Iguaçu-Serra da Bodoquena e Pantanal.
Na Feira Internacional de Turismo (FIT) realizada em Buenos Aires em 2005, essa
proposição da criação de roteiros turísticos regionalizados avançou como um plano
internacional, envolvendo a Argentina e esses APLs do turismo em Mato Grosso do Sul,
que parece reanimar os empreendedores do APL de turismo de Bonito/ Serra da
Bodoquena. Essa iniciativa, segundo esses atores, depende da melhoria das vias de
transporte entre esses lugares, seja terrestre ou aéreo.
2.3.3 Instituições de Apoio ao APL
Em nível internacional: organismos de fomento e ONGs
Em nível internacional, Bonito recebe o apoio de organizações que patrocinam
projetos relacionados com ao desenvolvimento do turismo e à conservação ambiental.
Nesse particular, destaca-se o Banco Mundial que vem avaliando os relatórios do
PRODETUR-Sul e já sinalizou apoio, como também é o gestor de um projeto de
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
78
recuperação da bacia do rio Formoso, patrocinado pelo GEF29 e que para exercer esse
segundo papel, mantém um escritório em Bonito.
ONGs internacionais de conservação de meio ambiente, como Conservation
International (CI) e WWF do Brasil atuam em Bonito, seja como parceiras de outras
organizações regionais e locais dessa natureza, a exemplo da Associação de Proprietários
de Reservas Particulares de Mato Grosso do Sul (REPAMS) ou do Consorcio
Intermunicipal para a Gestão Integrada das Bacias dos Rios Miranda e Apa (CIDEMA),
seja por meio de ações relacionadas a projetores próprios30.
Em nível nacional: organismos de regulação e ONG
Em nível nacional atuam três organizações que apóiam e regulam as atividades
relacionadas ao turismo, à conservação do ambiente e patrimônio cultural.
O Ministério de Turismo, em nível nacional é a instância incentivadora e
normatizadora do turismo e atividades a ele relacionadas no país e atua por meio de
formulação e implementação de políticas públicas nesse sentido. Essa instituição mantém
cadastro dos principais atores dos serviços turísticos do país e ocasionalmente promove
pesquisa para melhor conhecimento dos turistas e disponibiliza o banco de dados. As
políticas públicas, mediadas pela Secretaria do Turismo e do CONTUR têm tido
significativa repercussão na dinâmica do APL.
O IBAMA é responsável pela gestão do “Parque Nacional da Serra da Bodoquena” e
para esse fim, mantém um escritório local. Além disso, normatiza e fiscaliza mais
especificamente as ações relacionadas à conservação do ambiente espeleológico, por parte
dos organizadores dos passeios às grutas. Tem participação direta no CONTUR de Bonito.
O IPHAN é o órgão nacional regulador as ações de preservação da cultura e em
Bonito sua intervenção tem ocorrido na preservação do patrimônio arqueológico das
grutas, mantendo uma representação no CONTUR de Bonito.
O Ministério Público também mantém uma unidade em Bonito, como órgão de
representação desse ministério, para punição a atrativos que não obtiveram o licenciamento
29 Global Environment Facility (GEF) é uma organização financeira que apóia o desenvolvimento de países com projetos que beneficiem o ambiente global e promove a sustentabilidade da vida nas comunidades locais. . 30 Vale destacar aqui o projeto de implantação de corredores ecológicos de responsabilidade do CI, o projeto Água para a Vida da WWF do Brasil ou ainda a parceria do CI no projeto de conservação e uso sustável do Rio Formoso.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
79
ambiental para seus empreendimentos ou ainda para supostos danos ambientais, cujos
casos são tratados judicialmente no próprio Município, muitas vezes, implicando em ações
destinadas a reparar ou mitigar os danos causados.
A Fundação Boticário vem atuando como parceira da Fundação Neotrópica do
Brasil, desde seu início, especialmente na execução de vários projetos ambientalistas e de
eco-desenvolvimento em prol de unidades de conservação.
A EMBRAPA-Solos do Rio de Janeiro propôs e coordena a execução do projeto de
conservação e o uso sustentável da Bacia do Rio Formoso.
Em nível estadual: órganizações de regulação, capacitação empresarial e de difusão de
conhecimento e tecnologia
Em nível estadual, existem instituições reguladoras e organizações que atuam na
articulação e capacitação profissional dos atores envolvidos na oferta dos serviços
turísticos, assim como de difusão de conhecimento e tecnologia.
A Fundação de Turismo, integrada à Secretaria de Produção e Turismo
(SEPROTUR), tem por objetivo viabilizar o desenvolvimento integrado e a
sustentabilidade (econômica, social, política, ambiental e cultural) da exploração dos
recursos turísticos e ao mesmo tempo, promover e divulgar o destino Mato Grosso do Sul.
A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) apresenta, entre outras atribuições, aquela
do licenciamento e fiscalização dos projetos turísticos com impacto ambiental.
A Companhia Estadual da Polícia Militar Ambiental é o órgão responsável pela
fiscalização permanente de toda área correspondente à Serra da Bodoquena, função
realizada por um contingente de policiais sediados em Bonito. Atua principalmente na
conservação de nascentes e de matas ciliares.
Como organizações capacitação profissional de destaque estão o Sebrae-MS e o
Senac-MS. O apoio inicial e significativo do SENAC e SEBRAE deu-se com relação à
organização e oferta dos cursos de Guia de Turismo. Além disso, o Sebrae-MS, em alguns
casos com a parceria do Senanc-MS, ofereceu cursos de preparação a futuros
empreendedores, aperfeiçoamento profissional para policiais militares, remadores,
recepcionistas de hotéis e de agências de viagem, garçons, gerentes de hotéis e
profissionais no atendimento ao comércio.
O Sebrae-MS tem exercido também o papel de articulador dos atores e desses com as
organizações de apoio dentro do APL, especialmente através de um projeto de apoio ao
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
80
APL do turismo de Bonito, como também dos projetos de GEOR, especialmente voltados
ao desenvolvimento do artesanato local.
As universidades regionais, com destaque para a Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, a Universidade Católica Dom Bosco tiveram papel preponderante na oferta
dos cursos de guia de turismo organizados pelo Sebrae-MS e Senac-MS, disponibilizando
seu corpo docente. Mas além dessas duas, outras universidades e faculdades da região vêm
se dedicando a estudos mais sistematizados sobre a realidade do APL, apresentando
potencialidades a serem dinamizadas e dificuldades a serem superadas no APL.
Em nível local: organismos de regulação e incentivo, entidades de classe e difusão de
conhecimento
Nesse nível atuam organismos de regulação e apoio ao turismo e meio ambiente, de
difusão de conhecimento e associações e cooperação de classe.
A Secretaria de Meio Ambiente e Turismo atua por meio do Conselho Municipal de
Turismo (COMTUR) e Conselho Municipal de Meio Ambiente, como organização pública
municipal normatizadora e incentivadora do turismo e meio ambiente.
Nesse nível também se organizaram e atuam três organizações ambientalistas:
Fundação Neotrópica do Brasil, Associação Amigos do Brazil Bonito e IASB, cujas
naturezas e tipo de ações desenvolvidas já foram apresentados no item 1.4.2.
Desde 2002, Bonito passou a contar com uma unidade da UNIGRAN, o Instituto de
Ensino Superior da Funlec (IESF), que pelo pouco tempo de existência ainda tem um papel
mais formativo, exercido através do funcionamento de dois cursos: Turismo e
Administração Rural respectivamente com 100 e 50 vagas.
2.4 INFRA-ESTRUTURA DE APOIO
2.4.1 Infra-estrutura de Acesso
Bonito, Jardim e Bodoquena contam com facilidade de acesso por rodovias federais e
estaduais asfaltadas (Mapa, 03), mas somente Bonito usufrui da existência de um
aeroporto.
Para Jardim e Bonito a BR-419 (mapa 03) tem sido a rodovia mais utilizada e que
apresenta as melhores condições de acesso. Já para Bodoquena, é a BR-262 acrescida da
MS-339 (Mapa 03) a mais utilizada. A ligação entre Jardim e Bonito com Bodoquena feito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
81
pela chamada “estrada-parque” (MS-178) não está totalmente asfaltada, o que tem
dificultado a oferta de roteiros de ligação entre estas três cidades.
Para os turistas que tentam visitar Bonito por meio aéreo e mesmo por ônibus, via de
regra optam pelo traslado Campo Grande-Bonito-Campo Grande, enquanto um contingente
de menor porte prefere a locação de veículos para o mesmo trajeto. Nesse caso, o turista
costuma se utilizar desse mesmo meio de locomoção para chegar até os atrativos.
As vias internas de acesso, constituídas quase sempre de estradas vicinais mantidas
pela Prefeitura, são as que se apresentam em estado mais precário para circulação dos
veículos.
ATRATUR, 2006
Mapa 03 Vias rodoviárias de acesso ao APL
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
82
Desde 2005, o aeroporto de Bonito, ainda em construção pela Prefeitura Municipal,
sob concessão do governo de Estado, passou a receber um fluxo semanal de cerca de 100
turistas, em linhas aéreas ainda provisórias e que opera na forma de vôos fretados.
A iniciativa de aeronaves fretadas da TAM Linhas Aéreas S.A, com capacidade para
108 passageiros, partiu de uma operadora externa, a Agência de Viagens CVC. Os vôos
partem às 8h20 do aeroporto internacional de Guarulhos (SP) e chegam em Bonito às
10h20. O retorno também é no domingo, saindo às 10h50 de Bonito, com escala em
Campo Grande (e decolagem às 11h50) e chegada às 13h25 em São Paulo.
A CVC, desde a década de 80, vem sendo conhecida por operar no Brasil e mesmo
fora dele, via projetos cooperados com outras empresas do trade do turismo (tais como
agência aérea, transportadora terrestre, meios de hospedagem, atrativos). Além disso, faz
parcerias com organismos oficiais do turismo e adota uma política de preços acessíveis.
Utiliza-se de lojas virtuais para venda de seus pacotes e contrata vôos charters para uso
exclusivo de seus passageiros.
Diante da resistência das agências locais a esse tipo de prática, que envolve turismo
de massa e foge às propostas de ecoturismo do APL, a operadora aliou-se a uma empresa
ATRATUR, 2006
Mapa 04 - Vias rodoviárias de acesso aos atrativos de Bonito e Jardim
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
83
de transportes turísticos de Campo Grande, que abriu uma agência em Bonito e passou a
operar com alguns hotéis e atrativos, sem passar pelo sistema de voucher-único.
Em reação a essa iniciativa, algumas agências de turismo de Bonito passaram a se
transformar em agências de viagem (operadoras), tornando-se emissivas. E, embora sem a
mesma regularidade, elas também vêm se esforçando para a adoção da prática de vôos
fretados aos sábados, em entendimentos com outras operadoras e a BRA Transportes
Aéreos, partindo de Guarulhos (SP) para Bonito, com escala em Campo Grande.
3. CAPACITAÇÃO PRODUTIVA E INOVATIVA DO APL
A organização do ecoturismo no APL de Bonito/ Serra da Bodoquena, como se pôde
apreciar nasceu de parcerias público-privadas estratégicas, com significativo apoio de
universidades e organismos de articulação e capacitação profissional regionais, amparada
por uma institucionalidade de nível nacional e municipal.
A ordem e governança estabelecida no local, por meio do voucher-único, coordenada
pelo COMTUR e instrumentalizada pelo voucher-único, emergiu conscientizada da
importância da conservação ambiental e da aprendizagem coletiva constante para o sucesso
do negócio. Afinal, grande parte dos empreendimentos turísticos que se envolveu na
organização pertencia a indivíduos que havia passado pela formação profissional de guia
oferecida pelas organizações regionais de apoio.
Portanto, esse formato inicial de organização compartilhada e conscientizada de seu
papel, com marcas da cultura local, teve e continua tendo peso significativo no
comportamento produtivo e inovativo do APL, ainda que existam indícios de
transformação em processo.
3.1 Interação, cooperação e difusão do conhecimento
Dentro do APL do turismo Bonito/ Serra da Bodoquena, a interação dos atores locais
ocorre cotidianamente dentro do trade, nos vários níveis (local, regional, nacional e
internacional).
A cooperação interna dos atores econômicos entre si ocorre em pelo menos 2 níveis:
o das entidades profissionais e o do voucher-único/ COMTUR e contribuem para várias
modalidades de processos coletivos de aprendizagem e inovação, com apoio de organismos
de várias naturezas, implicando em disseminação. Mas a aprendizagem desses atores
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
84
econômicos também se dá através da experiência interativa direta de cada ator com o
mercado fornecedor ou consumidor, possibilitando inovações. Nesse caso, a difusão nem
sempre ocorre de forma equânime.
3.1.1 Interação e inovação no âmbito das entidades profissionais
A associação de classe tem como maior objetivo defender os interesses e apoiar as
reivindicações da categoria profissional.
-Capacitação para inovações incrementais
As capacitações em parceria com organizações especializadas, via de regra visam a
melhoria da performance do segmento (diversificação, melhoria de qualidade no
atendimento, certificação etc..), caso no qual se inclui também a cooperativa de transportes
de traslado e a associação e os núcleos de artesãos. A difusão do conhecimento ocorre no
âmbito dos associados.
Pode-se destacar aí o esforço de aperfeiçoamento no atendimento no interior do
segmento de hotelaria e dos restaurantes e similares, como dos artesãos no aprendizado
com novos materiais e design ou então dos organizadores de passeios em turismo de
aventura para obter certificação. Essa forma de aprendizado coletivo ao implicar na
aquisição de novos conhecimentos, competências e habilidades, os transforma em
conhecimento especializado, gerando inovações incrementais sucessivas. A fonte do
aprendizado coletivo é o “aprender interagindo” com organismos de capacitação
empresarial.
-Parcerias estratégicas e capacitação para inovações radicais
Também emergem parcerias estratégicas, por iniciativa de alguns atores, discutidas
no âmbito da associação, não só no sentido de redução das incertezas do mercado em
relação às ações tradicionalmente praticadas, como também para incorporar conhecimentos
novos que os permitam se inserir em mercados potenciais.
As ações de redução dos riscos em função de incertezas do mercado e do
descumprimento de pactos entre parceiros, podem ser vislumbradas no caso dos atrativos
de ecoturismo tradicional. Esses propõem uma nova forma de relação na interação com as
agências de turismo e agências bancárias. No novo formato organizacional sugerido pela
ATRATUR, ainda em experimentação, a agência deve depositar o pagamento (à vista ou a
prazo) direto na conta do dono do atrativo ou do organizador do passeio. Para esse fim, foi
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
85
necessário um aprendizado no uso de um instrumento programado pelo banco (Visa Net),
preparado a pedido específico dessa associação. Trata-se de uma proposição inovativa mais
radical, na medida em que sua adoção pode criar uma ruptura no padrão organizativo
anterior, se ocorrer a esperada alteração na correlação de forças entre agências e
organizadores dos atrativos e passeios na condução da venda e oferta do produto turístico
do APL. Trata-se de um aprendizado do tipo “aprender fazendo” entre os integrantes
envolvidos no processo.
O segmento de agenciamento do APL, diante das incertezas de mercado e da
concorrência da CVC, para continuar assegurando seu papel de exclusividade na venda e
oferta do produto turístico do APL, envolve-se num processo da aprendizagem interativa,
tentando criar parcerias estratégicas com pares internos (outras agências e meios de
hospedagem) e agentes externos (operadoras e empresas aéreas) para incorporar maior
conhecimento a respeito de comercialização e mercado que favoreçam o trabalho com
fretamento aeroviário, na atração de novos fluxos turísticos. Esse procedimento pode
resultar em inovação de novos processos de comercialização e de mercado.
3.1.2 Interação no âmbito do voucher-único e COMTUR
Essa interação ocorre entre atores que exercem diferentes funções dentro do trade
turístico local, o que significa apenas parte deles. Estão aí as agências de turismo, os guias,
os donos de atrativos ecoturísticos e organizadores de passeios de turismo de aventura e a
Prefeitura Municipal, com a ação complementar dos responsáveis pelo traslado.
Trata-se de uma forma de parceria estratégica de natureza público-privada, como o
objetivo precípuo de controlar o mercado de venda e oferta do produto ecoturístico do
APL, mais difícil de ser obtido de forma isolada.
Partiu do pressuposto do compartilhamento das informações e da parceria, com
resultados vantajosos para seus integrantes. Além disso, é uma forma de cooperação que
disponibiliza estatísticas em tempo real, a respeito da demanda histórica e do perfil e
quantidade de fluxo dos turistas.
O voucher-único, como formato organizacional vem correndo risco de desvios do
conteúdo proposto inicialmente. Por um lado, isso ocorre, na proporção em que o poder
Municipal o privilegia como instrumento fundamental de controle de arrecadação fiscal e o
utiliza para novas arrecadações. De outro lado, a dificuldade que o sistema tem de se
flexibilizar para permitir novos entrantes de interesse estratégico, ampliando a participação
e o fortalecimento de todo o trade turístico do APL.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
86
No âmbito do COMTUR, os atores econômicos locais vêm obtendo maior resultado
em processos sinérgicos de escala no enfrentamento de choques à economia; maior
redução e racionalização dos dispêndios com materiais de divulgação dos atrativos e
imagem do território do APL reforçando a marca organizacional do APL e sua distinção
como produto no mercado; favorecimento de processos de pesquisa e desenvolvimento,
especialmente na prospecção de mercado. E, sobretudo, tem sido no âmbito do COMTUR,
que muitos dos interesses locais vêm sendo resguardados por meio de uma
institucionalidade atribuída pelo Poder Municipal, a exemplo da exclusividade das
agências locais na venda de passeios, da presença de guias preparados no local para
acompanhamento dos visitantes nos passeios ecoturísticos, entre outros.
O “aprender fazendo” emergindo do processo interativo entre parceiros no voucher-
único é um processo de aprendizagem coletiva que se pode atribuir às agências e ao
segmento que lhe proporciona traslado. A Cooperbon, especializada na oferta do traslado
em veículos de maior porte, apareceu como uma iniciativa do segmento do transporte,
como resposta à necessidade de maior agilidade no atendimento e no barateamento dessa
prestação de serviço na oferta do produto turístico. Essa inovação faz parte de várias outras
de caráter incremental, como o uso da Internet e do programa “Agência” voltadas ao
mesmo objetivo.
- Interação direta do empreendimento com o mercado fornecedor e consumidor
Um exemplo de parceria estratégica nascida entre atores econômicos locais e atores
extra-locais, como aproveitamento de demanda turística potencial e que implica em
inovação radical, tem sido a incorporação do turismo de aventura como uma nova
modalidade de turismo (um novo produto e um novo mercado) que introduz um padrão
tecnológico e organizacional do passeio de outra natureza.
Esse tipo de inovação do produto e mercado emergiu principalmente de um
aprendizado originário da interação da agência local e outros agentes do mercado turístico
externo (learning-by-using), dentre os quais operadoras e clientes, tanto na prática
cotidiana do trabalho, como na participação em eventos relativos a negócios turísticos, que
favorece o conhecimento de tendências e mercados futuros. O processo de incorporação do
novo conhecimento e de inserção no mercado significou diversificação na natureza do
negócio e implicou em capacitação por organismo habilitado (Instituto Hospitalidade)
visando a certificação na nova especialidade, uma forma do “aprender interagindo”.
Outro exemplo nesse sentido vem ocorrendo com boa parte dos donos de atrativos
ecoturísticos (os fazendeiros). O contato interativo mantido por esses empresários com os
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
87
usuários de seu produto turístico, no momento da visita, tem se manifestado, segundo eles,
como oportunidade de aprendizagem a respeito das expectativas e preferências do público-
alvo, direcionando inovações incrementais no processo de atendimento e no produto. As
melhorias de infra-estrutura do sítio turístico e diversificações do passeio e
aperfeiçoamentos no atendimento se devem, principalmente a essa forma do aprender
interagindo com o cliente.
4. PERSPECTIVAS E PROPOSIÇÕES POLÍTICAS
A forma organizativa do APL em questão, respaldada na cultura histórica de
formação sócio-espacial dessas sociedades latifundiárias de pecuária de corte, em
ambientes de fronteira e, amparada por universidades e organismos técnicos de
capacitação, órgãos públicos e terceiro setor, constitui a grande potencialidade do APL,
mas que só ganha sentido e verdadeiro valor, por também estar alicerçada na raridade e
beleza dos recursos naturais e paisagísticos do ecossistema constituído na Serra da
Bodoquena. Esse formato de arranjo já nasceu com os integrantes “aprendendo a aprender”
e ainda se notabiliza pela inovação da proposta. Desse modo, a tendência local poderá ser a
de se retro-alimentar desse modelo inicial, já enraizado na cultura da prática dos negócios
turísticos, em função dos êxitos já obtidos anteriormente. A saída criativa para formas
inovadoras manifesta-se em todos os segmentos do APL, embora mais em uns que em
outros, por razões de natureza histórica e conjuntural, ou seja, de como aquele segmento
convergiu e foi inserido na teia de relações do APL.
A prática dos preços dos atrativos, percebidos como elevados no mercado turístico,
não decorrem apenas do cálculo de custos de obtenção do produto turístico, mas,
sobretudo, da atitude de preservação do equilíbrio dinâmico do ambiente natural. Esta
consciência nasceu do conhecimento científico das universidades repassado aos atores, que
passaram a ver na preservação não só o sucesso de seu negócio, como também a
preservação da vida. O desequilíbrio do ecossistema, como se afirmou anteriormente
submete a população a riscos catastróficos, especialmente os colapsos de teto do chamado
“carste coberto”.
Em função disso, se não for o preço mais elevado do passeio, a estratégia de
preservação de determinados meios mais vulneráveis a riscos de desequilíbrio, outros
instrumentos de preservação deverão ser encontrados.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
88
Nesse formato organizacional articulado ao ecossistema de belezas raras e exóticas,
leva-se em conta na escolha do parceiro ou interlocutor, valores como confiança e
reputação, reconhecimento e prestigio social. Os códigos informais de ética, como já se
afirmou anteriormente, são tão importantes como os contratuais legalizados. Os elos
comunicativos ocorrem basicamente em função dessa informalidade nos contatos.
Em parte, esse comportamento ainda informal de se comunicar, pela sua maior
lentidão na passagem da informação, constitui um aspecto de vulnerabilidade do APL,
quando se considera a atual condição de globalização do mercado turístico que
disponibiliza os meios técnicos permitindo maior velocidade na transmissão da
informação.
O uso dos recursos da Internet ainda é inicial e até certo ponto, precário, na
articulação dos atores econômicos locais dentro do APL e desses com o mercado externo.
Nos contatos feitos para operacionalização do voucher-único ainda prepondera o telefone.
As vendas virtuais apenas se iniciam e não se disseminaram o suficiente, para que as
agências locais ganhem maior autonomia de vendas em relação às operadoras externas.
Por outro lado, o voucher-único favorece a manutenção de um banco de informações
estatísticas que permite conhecer, em parte, a demanda turística real, a demanda histórica e
futura31 do contingente por ele atendido. Entretanto, não permite obter informações a
respeito da “demanda turística potencial”, ou seja, o mercado de turistas ainda não
conquistado e que poderia se transformar em alvo estratégico do APL, como também os
incrementos adicionais que se poderia conseguir da demanda futura, como conseqüência da
melhoria dos serviços locais (BOULLÓN, 2002).
Diante da euforia dos atores na perspectiva de ampliação do negócio durante a fase
de intenso dinamismo do turismo para o APL, a infra-estrutura cresceu muito mais que o
mercado pode absorver em baixas temporadas, com fraco investimento na demanda
potencial para captação de novos segmentos de mercado. Essa iniciativa foi tomada só
muito recentemente pelo Poder Municipal, amparando-se na busca de consultoria e pela
empresária que instalou o Centro de Convenções de Bonito, trazendo consigo o
Convention Bureau. O hiato de tempo sem resposta significou oportunidade para a entrada
da CVC no fretamento de aeronaves.
31 Para Boullón (2002) a demanda real indica a quantidade de turistas existente em um dado momento, em determinado lugar, assim como a soma dos bens e serviços efetivamente solicitados pelos consumidores durante sua estadia; a demanda histórica consiste na análise das variações da demanda real ao longo do tempo e a demanda futura implica na projeção de dados baseados nessa série cronológica.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
89
A estratégia mais importante consta do domínio de meios e recursos humanos no
acesso, organização e disseminação das informações necessárias que levem os atores do
trade a operarem estrategicamente em cada estação, seja para suprir as reduções da
demanda no período de baixa temporada e administrar os períodos de alta com melhoria de
atendimento.
A redução dos preços dos pacotes turísticos no período de baixa estação não é a
única forma de estimular a demanda do mercado na baixa estação, tomando-se o cuidado
para não se focar em um turismo de massa, o que poderia repercutir em impactos negativos
ao ecossistema.
Existem, por exemplo, muito segmentos de mercado ainda a serem conquistados ou
ampliados e que poderiam suprir as deficiências de fluxo dos momentos de baixa
temporada, como a terceira idade, excursionistas, trabalhadores assalariados, estudantes,
entre outros. Sua prospecção deve ocorrer tanto em nível regional, como nacional e
internacional. Essas iniciativas já existem no local, embora ainda pouco disseminadas no
trade.
Além da diversificação da demanda, novas oportunidades podem advir da
diversificação da oferta. Nesse sentido, o “turismo de aventura” já em andamento é uma
potencialidade, assim como o turismo de eventos científicos e técnicos. Esta segunda
modalidade que apenas se inicia pode significar uma inovação radical dentro do arranjo,
pelas alterações organizativas a que podem dar origem no território.
O desenvolvimento sustentável do APL não depende apenas da conquista de novos
mercados para enfrentar problemas de sazonalidade. Existem outras dificuldades internas a
serem superadas, com ajuda de políticas públicas direcionadas.
Uma delas diz respeito à melhoria da infra-estrutura que compõe o meio local. A
infra-estrutura do esgotamento sanitário transformou-se em necessidade crucial, quando se
leva em conta o adensamento do fluxo de turistas, diante dos riscos a que a sua falta expõe
a população local, já explanado anteriormente. O APL encontra-se em compasso de espera
para a liberação dos recursos do Banco Mundial ao PRODETUR-Sul, em parte voltados a
esse fim.
A infra-estrutura de transportes tem sido outro gargalo que poderia ser superado com
apoio de políticas públicas direcionadas (e que de certa forma já existem em nível
nacional). E isso se reporta tanto ao acesso aos passeios (melhoria das estradas vicinais),
como o asfaltamento da rodovia que liga Bonito a Bodoquena, e ao término do aeroporto,
estabelecendo facilidade de acesso e regularidade de circulação. A idéia que parte de
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
90
alguns atores locais, em comum acordo com outros lugares turísticos do centro do
continente, tem sido a de se favorecer a roteirização fora do eixo Rio - São Paulo.
Entretanto, todas essas iniciativas devem estar amparadas no melhor conhecimento
geotécnico do ecossistema, de modo a se mapear os espaços de maior vulnerabilidade.
REFERÊNCIAS ALBAGLI, Sarita, MACIEL, Maria Lucia. Informação e Conhecimento na inovação e no
desenvolvimento local. In Ciência da Informação, Brasília, vol.33, n.3,p.9-16, set/dez, 2004.
ALMEIDA, F. F. Marques, – Geologia da Serra da Bodoquena (MT). Bol. DNPM – Rio
de Janeiro/-RJ. (215-219), 96p. 1965. ARRUDA, Érico Correia. Perfil do Município de Bonito. Campo Grande, 2001. BARBOSA,M.A.C. e ZAMBONE, . Formação de um Cluster em Torno do Turismo de
Natureza Sustentável em Bonito – MS. Brasília: CEPAL- Comissão Econômica para a América Latina e Caribe e IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada., 2000.
BOGGIANI. P.C. & CLEMENTE, J. 1999. A questão do Licenciamento Ambiental de
Empreendimentos Turísticos no Planalto da Bodoquena – Mato Grosso do Sul. Revista de Geografia, UFMS, AGB-Dourados, (9): 24- 32.
BOGGIANI, P. C. et al. Tufas calcárias da Serra da Bodoquena. In Sítios Geológicos e
Paleontológicos do Brasil (34), dezembro de 1999. BEHR, Miguel Von. Serra da Bodoquena – História, Cultura, Natureza. Campo Grande:
Campo Grande: Ed. Free, 2001. CASSIOLATO, José E. e LASTRES, Helena M. M. Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais na Indústria Brasileira. Nota Técnica nº 27. Grupo de Economia da Inovação do Instituto de Economia da UFRJ, dezembro de 2000.
CASSIOLATO, José E.; LASTRES, Helena M.M. Glossário de Arranjos e Sistemas
Produtivos e Inovativos Locais. Rio de Janeiro:UFRJ-SEBRAE, 2005. CONSELHO MUNICIPAL DE TURISMO (CONTUR-MS). Pólo Ecoturístico de
Bonito: inventário - 1ª etapa (Relatório Preliminar). Bonito: CONTUR, dezembro de 2002.
CORRÊA, J. A ; CORREIA FILHO, F. C. L. ; CISLEWSKI, G.; NETO, C.;
CAVALLON. L. A ; CERQUEIRA, N. L. S. ; NOGUEIRA, V. L. - Geologia das regiões Centro e Oeste de Mato Grosso, Projeto Bodoquena. Depto. Nac. de Produção Animal-DNPM/CPRM. Série Geologia Básica nº3, 111p., mapa geológico esc 1:250.000, 1979.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
91
FLORES, James. J.B.et al. Turismo e Desenvolvimento Local em Bonito: uma análise dos aspectos eco-sociais através da comunidade estudantil. Campo Grande (2000). Monografia de Especialização. Universidade Católica Dom Bosco.
FUNBIO- Programa Melhores Práticas para o Turismo-MPE. Pólo Turístico de Bonito.
Relatório Preliminar, dezembro de 2002. GRUBITS, Sônia, DARRAULT-HARRIS, Ivan, PEDROSO, Maira. Mulheres indígenas:
poder e tradição. In Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 3, p. 363-372, set./dez. 2005.
IBANHES, Brígido. Serra da Bodoquena-MS História - Natureza – Cultura. Campo
Grande: Editora Free, 2001 IBANHES, Brígido. Silvino Jacques, o Último dos Bandoleiros. Tribunal de Justiça do
Estado, 1986. LABEGALINI, José Ayrton. Levantamento dos impactos das atividades antrópicas em
regiões cársticas- estudo de caso: proposta de mínimo impacto para implantação de infra-estrutura turística na Gruta do Lago Azul- Serra da Bodoquena (Município de Bonito). São Carlos (1996). Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos.
LASTRES, Helena M.M. & CASSIOLATO, José Eduardo. Novas políticas na era do
conhecimento: o foco em arranjos produtivos e inovativos locais. In Parcerias Estratégicas, setembro de 2003.
LEMOS, Cristina. Inovação na era do conhecimento. In Ciência, Tecnologia e
Sociedade.Parcerias estratégicas, n.8, p. 157-179, maio de 2000. LUNAS, José Roberto da Silva. Turismo sustentável Descrição e avaliação da gestão do
turismo de Bonito – MS. Universidade de Brasília (2000). 106p. (Dissertação de Mestrado).
MARIANI, Milton A P. Geografia e turismo no paraíso das águas: O caso de Bonito.
Universidade de São Paulo (2000). Tese de Doutorado. MATO GROSSO DO SUL. SEMA/IMAP/Gerência de Recursos Hídricos. Projeto GEF
Pantanal/Alto Paraguai (ANA, GEF, PNUMA, OEA) Relatório de Qualidade das Águas Superficiais da Bacia do Alto Paraguai – 2002. Campo Grande, MS, 2005. 130 p.
Nakazawa, Valdir A. & Prandini, Fernando L.. Subsisdências e colapsos em regiões
cársticas: revisão e monitoramento em áreas urbanas. Curso de Geologia de Engenharia Aplicada a Problemas Ambientais. São Paulo: IPT/AGAMA-DIGEM, 1991.
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO SUL DO BRASIL -
PRODETUR/SUL. O Turismo:Uma Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável do Estado de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, 2001
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
92
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO SUL DO BRASIL - PRODETUR/SUL. Perfil da Área Turística: Serra da Bodoquena-MS. Campo Grande, setembro de 2002.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: HUCITEC, 1999. SANTOS, Milton. O retorno do território. In Território: globalização e fragmentação.
Milton Santos et al. (orgs). São Paulo: Hucitec, 1994. SCREMIN-DIAS, E.; POTT, V.J.; HORA, R.C. & SOUZA, P.R. Nos jardins submersos
da Bodoquena: guia para identificação de plantas aquáticas de Bonito e região. 1 ed. Campo Grande, MS: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 1999. p.10-23.
SOUZA, M. J. L. de. O território: sobre espaço e poder, autonomia é desenvolvimento. In
CASTRO, I. E . de et alli. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO – UCDB. Plano de Desenvolvimento
Turístico Sustentável do Município de Jardim – MS. Jardim, 1998. VARGAS, I. A.. Ecoturismo e desenvolvimento sustentável em Bonito – MS: elementos de
análise para uma educação ambiental. Campo Grande, 1998. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
VIEIRA, João Francisco Leite. Voucher único: um modelo de gestão da atividade
Turística em bonito – MS. Campo Grande, 2003. (Dissertação de Mestrado). Universidade Católica Dom Bosco.
VON BEHR, Miguel. Serra da Bodoquena-MS: história, cultura, natureza. Free
editora,s/d. ZIMMERMANN: ASSESSORIA GERENCIAL E EVENTOS LTDA. Plano de
Desenvolvimento Turístico Sustentável de Mato Grosso do Sul – PDTUR-MS.. Campo Grande, 1999.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
93
ANEXOS
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
LOCALIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS/ ATRATIVOS NO APL DA SERRA DE BODOQUENA
MUNI- CÍPIO
FUN- ÇÃO
OR- DEM
NOME FANTASIA
LOCALIZAÇÃO NO AMBIENTE NATURAL
PROPRIEDADE EM QUE SE LOCALIZA O EMPREENDIMENTO
01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL (Agrop. Serradinho)
Rio Formoso Fazenda Cerradinho
02 BALNEÁRIO MUNICIPAL Rio Formoso Área da Prefeitura Municipal
03 BALNEÁRIO TARUMÃ Rio Anhumas Fazenda Lomba
04 PRAIA DA FIGUEIRA Rio Formoso – Empreend. Privado na área do Hotel Zagaia BALN
EÁRIO
S
05 ILHA DO PADRE Rio Formoso Área desapropriada pelo Estado
01 ABISMO ANHUMAS Rio Anhumas Fazenda Jaraguá
02 BARRA DO SUCURI Rio Formoso Eduardo Soares Sena Madureira ME
03 BONITO AVENTURA Rio Formoso Propriedade privada
04 CACHOEIRAS DO AQUIDABAN Rio Aquidaban* Fazenda Baía das Garças
05 CACHOEIRAS DO RIO DO PEIXE Rio do Peixe Fazenda Água Viva
06 CEITA CORÊ ECOTURISMO Rio Chapena Fazenda Ceita Core
07 CIRCUITO ARVORISMO Rio Formoso Rubens Magalhães Cardoso (empreend. Privado)
08 DIVE DISCOVERY Vários rios locais Empreend. Privado
09 ECO PARQUE LA PALOMA – (YBIRAPE Canopy Tour ) Rio Formoso Afonso Ramão Rodrigues Jr (área privada)
10 ENO BOKOTI (Fechado) Rio do Peixe Fazenda Eno Bokoti
11 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO Rio Mimoso Estância Mimosa
12 FAZENDA SEGREDO (pousada e agência Segredo) Rio Formoso Fazenda Segredo
13 GRUTA DO LAGO AZUL Rio Formoso Monumento Natural na Fazenda Anhumas
14 PARQUE ECOLÓGICO RIO FORMOSO Rio Formoso RPPN da Fazenda Trevo
15 PROJETO JIBÓIA Educação ambiental com cobras Henrique Naufal- empreendimento em espaço urbano
16 PROJECTO VIVO Rio Formoso RPPN da Fazenda Barra
17 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA (Aquário Natural) Rio Baía Bonita Área privada
18 RIO SUCURI Rio Sucuri RPPN da Fazenda São Geraldo
BO
NIT
O
ECO
TU
RIS
MO
19 VALE DO ANHUMAS EMPREENDIMENTOS LTDA (Gruta São Miguel)
Rio Anhumas RPPN do Vale do Anhumas
24 TOTAL DE ATRATIVOS em Bonito
* Localiza-se em Porto Murtinho nos limites com o Município de Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
95
MUNI-CÍPIO
FUN-ÇÃO
OR-DEM
NOME FANTASIA
LOCALIZAÇÃO NO AMBIENTE LOCAL DO EMPREENDIMENTO
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA Rio da Prata Área da Prefeitura Municipal
02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Rio da Prata Estância Águas do Prata
03 BALNEÁRIO DO ASSIS Rio da Prata ?????
04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Rio da Prata Fazenda Santuário do Prata
LAZER
RECREATIV
O
05 BALNEÁRIO VERANO Rio da Prata Fazenda Verano
01 BURACO DAS ARARAS BR-267 Fazenda Alegria
02 PASSO DO CURÉ (Lagoa Misteriosa) Rio da Prata Fazenda Passo do Curê
JAR
DIM
ECO
TU
-RIS
MO
03 RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA Rio da Prata Fazenda Recanto Ecológico Rio da Prata
08 TOTAL DE ATRATIVOS EM JARDIM
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA Rio Betione (Gruta Califórnia) Prefeitura Municipal – em estruturação
02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA) Rio Betione Fazenda ??
03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL Rio Betione Fazenda???
04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO) Rio Betione ????? LAZER
RECREATIV
O
05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)
Rio Betione Fazenda Perseverança
01 BOCA DA ONÇA ECOTUR Rio Salobra Fazenda Boca da Onça
02 CORREGO AZUL Córrego Azul afluente do rio Salobra ?????
03 FAZENDA RANCHO BRANCO- (FAZENDA AROEIRA) Córrego Azul afluente do rio Salobra Fazenda Rancho Branco (uso de pesquisadores)
04 FAZENDA CALIFÓRNIA Rio Betione (Gruta California) RPPN da Fazenda Califórnia
05 PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BODOQUENA Serra da Bodoquena Área do IBAMA
BO
DO
QU
EN
A
ECO
TU
- RIS
MO
06 PESQUEIRO CHAPENA Rio Miranda Pesqueiro Chapena
11 TOTAL DE ATRATIVOS EM BODOQUENA
43 TOTAL GERAL DE ATRATIVOS NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
96
ATIVIDADES NOS ATRATIVOS DO APL DA SERRA DE BODOQUENA
MUNI- CÍPIO
FUN- ÇÃO
OR- DEM
NOME FANTASIA
ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO
01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL
Natação, cachoeiras Lanchonete, redário, sanitários, trampolim, quadras de vôlei e futebol de areia, churrasqueira
02
BALNEÁRIO MUNICIPAL
Natação e lazer Sanitários, quadra de vôlei de areia, lanchonetes e sorveteria
03
BALNEÁRIO TARUMÃ
Piscina natural , trilha , cachoeira, flutuação, natação. Estacionamento, restaurante, lanchonete e vestiבrios, 02 decks, redário, sanitário , aluguel de equipamentos.
04
PRAIA DA FIGUEIRA
Lazer com natação e mergulho autônomo no lago Receptivo com bar, vestiários, banheiros e restaurante com comida típica e churrasco
BALN
EÁRIO
S
LAZER
05
ILHA DO PADRE
Cachoeiras, piscinas naturais Cabanas de madeira, churrasqueiras, lanchonete e infra-estrutura para camping
01
ABISMO ANHUMAS
Rapel em dolina, mergulho autônomo Deck flutuante dentro da dolina e equipamentos e estrutura em madeira para treinamento na cidade.
02 BARRA DO SUCURI
Flutuação, mergulho, cavalgadas, bicicleta e passeio de bote Quadras para futebol, voleibol, horse shoes, bar, vestiários decks e escadas de acesso
03
BONITO AVENTURA
Mergulho, flutuação e discovery, almoço. Equipamentos de segurança , receptivo com restaurante , bar e loja de souvenirs.
04
CACHOEIRAS DO AQUIDABAN
Trilhas, cachoeiras Receptivo com restaurante e redário na Fazenda Baía das Garças
05 CACHOEIRAS DO RIO DO PEIXE Trilha, com cachoeiras e piscinas naturais e almoço típico Restaurante e redário na sede da fazenda Água Viva
06 CEITA CORÊ ECOTURISMO Trilhas para grutas, cachoeiras e animais, almoço típico Restaurante, redário, vestiários e banheiros .
07 CIRCUITO ARVORISMO Trilhas, passarelas, pontes, tirolesas Estrutura e equipamentos para a prática dos esportes
18 ECOPARQUE LA PALOMA Trilha, arvorismo natação. -
09 ENO BOKOTI (fechado) Trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, natação, almoço Receptivo com banheiros, vestiários, restaurante, redário.
10 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO
Trilha interpretativa (mata ciliar do Rio Mimoso) e banho em cachoeiras de tufas calcárias
Trilhas
11 FAZENDA SEGREDO
Passeio de bote, cachoeiras, cavalgada Agência e pousada na fazenda
12 GRUTA DO LAGO AZUL Gruta Receptivo com lanchonete e loja de souvenir
13 PARQUE ECOLÓGICO RIO FORMOSO Trilha interpretativa, flutuação e almoço Decks, restaurante da Lagoa, banheiros, vestiários.
14 PROJETO JIBÓIA Projeto de educação ambiental com cobras Estrutura montada como receptivo na cidade
15 PROJECTO VIVO (atividades turísticas encerrradas por tempo indeterminado)
Trilha interpretativa, passeio de bote, cavalgada. Hotel-fazenda na Fazenda da Barra, com banheiros, vestiário, bar e restaurante, redário.
BO
NIT
O
ECO
TU
RIS
MO
16 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA (Aquário Natural)
Flutuação’(snorkeling); trilha,cachoeira, natação. Restaurante, museu de historia natural, loja de artesanato e piscinas para treinamento.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
97
17 RIO SUCURI Passeio de pick-up , bicicleta, cavalgada. Restaurante, vestiários, piscina e redário da Faz. São Geraldo
18 ROTA BOIADEIRA (da Igarapé Turismo)
Quadriciclo Quadriciclos e equipamentos do passeio
19 VALE DO ANHUMAS EMPREENDIMENTOS LTDA (Gruta São Miguel)
Trilhas interpretativas, gruta de formação calcária, contemplação da natureza.
Bar, banheiros e um mirante, carro elétrico, trilhas suspensas.
24 TOTAL DE ATRATIVOS em Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
98
MUNI-CÍPIO
FUN-ÇÃO
OR-DEM
NOME FANTASIA
ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA
Natação e lazer Receptivo, lanchonete, banheiros, vestiários, churrasqueira.
02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Natação e lazer Receptivo com banheiros, vestiário.
03
BALNEÁRIO DO ASSIS
Trilha, natação, tirolesa e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, quiosques e quadra de areia.
04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Trilha interpretativa, natação e lazer Receptivo com sanitários e vestiários.
LAZER R
ECREATIV
O
05 BALNEÁRIO VERANO
Natação e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, restaurante e lanchonete , área para camping,, quadra de vôlei
01 BURACO DAS ARARAS Trilha no entorno da dolina Banheiros, Bar e churrasqueira
02 PASSO DO CURÉ Contemplação e mergulho na lagoa Misteriosa Escadaria até o lago
JAR
DIM
ECO
TU
-RIS
MO
03 RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA Trilha, flutuação, mergulho, cavalgada, almoço típico. Sede da fazenda com restaurante, banheiros, vestiários, redário.
08 TOTAL DE ATRATIVOS EM JARDIM
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA
Trilha suspensa, rapel, tirolesa Receptivo em construção
02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)
Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário
03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL
Trilhas , Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário restaurante, piscinas e chalés
04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)
Trilha, grutas (03), natação e lazer Sede da fazenda com pista de pouso, restaurante, banheiros e vestiários
LAZER R
ECREATIV
O
05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)
Natação, visita ao casarão e lazer Sede da fazenda com restaurante, banheiros e vetiário.
01
BOCA DA ONÇA ECOTUR Trilhas, cachoeiras, rapel em canyon, vôlei de piscina, jogos Quiosque com bar, restaurante, piscina, ducha natural, banheiros, vestiários, hidromassagem, mesa sinuca, sala de jogos.
02 CORREGO AZUL Flutuação e mergulho -
03 FAZENDA RANCHO BRANCO- (FAZENDA AROEIRA)
Recebe pesquisadores Sede da fazenda
04 FAZENDA CALIFÓRNIA
05 PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BODOQUENA
Trilhas, passeios de barco com contemplação da natureza
BO
DO
QU
EN
A
ECO
TU
- RIS
MO
06 PESQUEIRO CHAPENA
11 TOTAL DE ATRATIVOS EM BODOQUENA
43 TOTAL GERAL DE ATRATIVOS NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
99
ATIVIDADES NOS ATRATIVOS DO APL DA SERRA DE BODOQUENA
MUNI- CÍPIO
FUN- ÇÃO
OR- DEM
NOME FANTASIA
ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO
01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL
Natação, cachoeiras Lanchonete, redário, sanitários, trampolim, quadras de vôlei e futebol de areia, churrasqueira
02
BALNEÁRIO MUNICIPAL
Natação e lazer Sanitários, quadra de vôlei de areia, lanchonetes e sorveteria
03
BALNEÁRIO TARUMÃ
Piscina natural , trilha , cachoeira, flutuação, natação. Estacionamento, restaurante, lanchonete e vestiבrios, 02 decks, redário, sanitário , aluguel de equipamentos.
04
PRAIA DA FIGUEIRA
Lazer com natação e mergulho autônomo no lago Receptivo com bar, vestiários, banheiros e restaurante com comida típica e churrasco
BALN
EÁRIO
S
LAZER
05
ILHA DO PADRE
Cachoeiras, piscinas naturais Cabanas de madeira, churrasqueiras, lanchonete e infra-estrutura para camping
01
ABISMO ANHUMAS
Rapel em dolina, mergulho autônomo Deck flutuante dentro da dolina e equipamentos e estrutura em madeira para treinamento na cidade.
02 BARRA DO SUCURI
Flutuação, mergulho, cavalgadas, bicicleta e passeio de bote Quadras para futebol, voleibol, horse shoes, bar, vestiários decks e escadas de acesso
03
BONITO AVENTURA
Mergulho, flutuação e discovery, almoço. Equipamentos de segurança , receptivo com restaurante , bar e loja de souvenirs.
04
CACHOEIRAS DO AQUIDABAN
Trilhas, cachoeiras Receptivo com restaurante e redário na Fazenda Baía das Garças
05 CACHOEIRAS DO RIO DO PEIXE Trilha, com cachoeiras e piscinas naturais e almoço típico Restaurante e redário na sede da fazenda Água Viva
06 CEITA CORÊ ECOTURISMO Trilhas para grutas, cachoeiras e animais, almoço típico Restaurante, redário, vestiários e banheiros .
07 CIRCUITO ARVORISMO Trilhas, passarelas, pontes, tirolesas Estrutura e equipamentos para a prática dos esportes
18 ECOPARQUE LA PALOMA Trilha, arvorismo natação. -
09 ENO BOKOTI (fechado) Trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, natação, almoço Receptivo com banheiros, vestiários, restaurante, redário.
10 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO
Trilha interpretativa (mata ciliar do Rio Mimoso) e banho em cachoeiras de tufas calcárias
Trilhas
11 FAZENDA SEGREDO
Passeio de bote, cachoeiras, cavalgada Agência e pousada na fazenda
12 GRUTA DO LAGO AZUL Gruta Receptivo com lanchonete e loja de souvenir
13 PARQUE ECOLÓGICO RIO FORMOSO Trilha interpretativa, flutuação e almoço Decks, restaurante da Lagoa, banheiros, vestiários.
14 PROJETO JIBÓIA Projeto de educação ambiental com cobras Estrutura montada como receptivo na cidade
15 PROJECTO VIVO (atividades turísticas encerrradas por tempo indeterminado)
Trilha interpretativa, passeio de bote, cavalgada. Hotel-fazenda na Fazenda da Barra, com banheiros, vestiário, bar e restaurante, redário.
BO
NIT
O
ECO
TU
RIS
MO
16 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA (Aquário Natural)
Flutuação’(snorkeling); trilha,cachoeira, natação. Restaurante, museu de historia natural, loja de artesanato e piscinas para treinamento.
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
100
17 RIO SUCURI Passeio de pick-up , bicicleta, cavalgada. Restaurante, vestiários, piscina e redário da Faz. São Geraldo
18 ROTA BOIADEIRA (da Igarapé Turismo)
Quadriciclo Quadriciclos e equipamentos do passeio
19 VALE DO ANHUMAS EMPREENDIMENTOS LTDA (Gruta São Miguel)
Trilhas interpretativas, gruta de formação calcária, contemplação da natureza.
Bar, banheiros e um mirante, carro elétrico, trilhas suspensas.
24 TOTAL DE ATRATIVOS em Bonito
MUNI-CÍPIO
FUN-ÇÃO
OR-DEM
NOME FANTASIA
ATIVIDADES TURÍSTICAS E DE LAZER INFRA-ESTRUTURA NO SÍTIO TURÍSTICO
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA
Natação e lazer Receptivo, lanchonete, banheiros, vestiários, churrasqueira.
02 BALNEÁRIO DO ANICÉZIO Natação e lazer Receptivo com banheiros, vestiário.
03
BALNEÁRIO DO ASSIS
Trilha, natação, tirolesa e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, quiosques e quadra de areia.
04 BALNEÁRIO SANTUÁRIO DA PRATA Trilha interpretativa, natação e lazer Receptivo com sanitários e vestiários.
LAZER R
ECREATIV
O
05 BALNEÁRIO VERANO
Natação e lazer Receptivo com sanitários, churrasqueiras, estacionamento, restaurante e lanchonete , área para camping,, quadra de vôlei
01 BURACO DAS ARARAS Trilha no entorno da dolina Banheiros, Bar e churrasqueira
02 PASSO DO CURÉ Contemplação e mergulho na lagoa Misteriosa Escadaria até o lago
JAR
DIM
ECO
TU
-RIS
MO
03 RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA Trilha, flutuação, mergulho, cavalgada, almoço típico. Sede da fazenda com restaurante, banheiros, vestiários, redário.
08 TOTAL DE ATRATIVOS EM JARDIM
01 BALNEÁRIO MUNICIPAL PRUDENTE CORRÊA
Trilha suspensa, rapel, tirolesa Receptivo em construção
02 BALNEÁRIO DO SILVEIRA (ÁGUAS DE BODOQUENA)
Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário
03 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL
Trilhas , Natação e lazer Receptivo com banheiros e vestiário restaurante, piscinas e chalés
04 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO)
Trilha, grutas (03), natação e lazer Sede da fazenda com pista de pouso, restaurante, banheiros e vestiários
LAZER R
ECREATIV
O
05 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)
Natação, visita ao casarão e lazer Sede da fazenda com restaurante, banheiros e vetiário.
01
BOCA DA ONÇA ECOTUR Trilhas, cachoeiras, rapel em canyon, vôlei de piscina, jogos Quiosque com bar, restaurante, piscina, ducha natural, banheiros, vestiários, hidromassagem, mesa sinuca, sala de jogos.
BO
DO
QU
EN
A
ECO
TU
- RIS
M
02 CORREGO AZUL Flutuação e mergulho -
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
101
03 FAZENDA RANCHO BRANCO- (FAZENDA AROEIRA)
Recebe pesquisadores Sede da fazenda
04 FAZENDA CALIFÓRNIA
05 PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BODOQUENA
Trilhas, passeios de barco com contemplação da natureza
06 PESQUEIRO CHAPENA
11 TOTAL DE ATRATIVOS EM BODOQUENA
43 TOTAL GERAL DE ATRATIVOS NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
AGENCIAS DE VIAGEM E LOCADORAS DE TRANSPORTES NO APL
MUNI- CÍPIO
FUN- ÇÃO
OR- DEM
NOME DO EMPREENDIMENTO
LIGADO AO EMPREENDIMENTO
COM SEDE EXTERNA
01 AGÊNCIA AR VIAGENS E TURISMO
02 AGÊNCIA GIRASSOL OP. VIAGENS TURISMO LTDA (ex-Trilha do Sol)
Pousada Girassol
03 BIG TOUR VIAGENS E TURISMO
04 CARANDÁ ECOTUR Pousada Carandá
05 DIVE BONITO LTDA
06 IMPACTO VIAGENS DE TURISMO LTDA Campo Grande
07 LA DIFFERENCE OPERADORA DE TURISMO (Xavier & Ocampos Ltda)
08 NATURA TOUR (Lima & Perdigão Ltda)
09 PANT TOUR VIAGENS E TURISMO LTDA
10 TAMANDUÁ AGENCIAS DE VIAGENS E TURISMO LTDA
11 WEST TOUR (WE Agências de Viagens Ltda) Campo Grande
OP
ER
AD
OR
AS
/ A
GÊ
NC
IAS
O
rganiz
açã
o e
Ven
das
de
Progra
mas
Turí
stic
os
12 YGARAPÉ TOUR VIAGENS E TURISMO LTDA
01 AGÊNCIA PANAMERICANA DE VIAGENS E TURISMO LTDa + microônibus
02 ÁGUAS DE BONITO TURISMO Hotel Águas de Bonito
03 BARRA DO SUCURI TOUR AG. DE VIAGENS Hotel Tapera
04 BONITUR (Dutra de Oliveira & Rocha Ltda ME)
05 BRASIL BONITO VIAGENS E TURISMO
06 CAMINHO DAS ÁGUAS
07 CANAÃ TURISMO Hotel Canaã
18 CARAMANCHÃO TOUR Pousada Caramanchão
09 CLASS TRAVEL TOUR AG. DE VIAGENS Hotel Bonsai
10 CRISVAL AGÊNCIA DE TURISMO LTDA Blue Tree Hotel
11 FERNANDA LIMA AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO
12 GEMILA TOUR VIAGENS E TURISMO Hotel Gemila
13 JATEIKAA TOUR AG. DE VIAGENS TURISMO LTDA
14 LAM AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA Bonito Ecological Tour
15 MUITO BONITO TURISMO (Doblach & Doblack Ltda) Pousada Muito Bonito
16 OLHO D'ÁGUA AG. DE VIAGENS E TURISMO LTDA Pousada Olho d’Água
17 PARK BONITO AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA
18 PERALTA VIAGENS E TURISMO Pousada do Peralta
19 PORTAL NATUREZA AGÊNCIA DE TURISMO (Pinheiro & Seki Ltda)
20 REFÚGIO ECOTUR AGENCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA ME
Hotel Refúgio
21 RUMO CERTO TURISMO (Marcos Alves Borges ME)
22 SEGREDO TOUR (Najara Mancuelho Dauban ME ) Pousada do Segredo
23 TAICA TUR (Nogueira& Prado Ltda)
24 TERRA D’ÁGUA TURISMO E TRANSPORTE Pousada Rancho Jarinu
25 TRILHA DO SOL
BO
NIT
O
AG
EN
CIA
S
Ven
das
de
Progra
mas
Turí
stic
os
26 TUCANO TUR AGÊNCIA DE TURISMO LTDA + microônibus Translocar Campo Grande
TOTAL 38 Em Bonito
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
103
MUNI- CÍPIO
FUN- ÇÃO
OR- DEM
NOME DO EMPREENDIMENTO
LIGADO AO EMPREENDIMENTO
COM SEDE EXTERNA
01 AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO RIO DA PRATA
RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA
AG
ÊN
- C
IA
02 ROTAS VIAGENS E TURISMO
01 ABELHA’S TURISMO
02 GM TUR AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO (Dantas Guterres & Cia Ltda ME)
JAR
DIM
AG
ÊN
CIA
/
LO
CA
DO
RA
Tra
nsp
ort
es
03 GRAND MASTER TURISMO
Campo Grande
TOTAL 05 em Jardim
TOTAL 43 No APL de Turismo da Serra da Bodoquena
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
MEIOS DE HOSPEDAGEM NO APL DE TURISMO DA SERRA DA BODOQUENA CLASSIFICAÇÃO
CAPACIDADE
MUNI- CÍPIO
CLASSE
SUB-CLASSE
OR- DEM
EMPREENDIMENTO
UNIDADES HABITA-CIONAIS
LEITOS
01 BLUE TREE VILLAGE BONITO -ZAGAIA ECO RESORT HOTEL 98 UHS 306 02 CHALÉ APART HOTEL 09 UHS* 90 03 EXCEL PARK HOTEL 33 UHS 61 04 GEMILA PALACE HOTEL 24 UHS 70 05 HOTEL CANAÃ 36 UHS 120 06 HOTEL FLORESTAL 20 UHS 45 07 HOTEL LAGO AZUL 28 UHS 94 08 HOTEL PARAÍSO DAS AGUAS 35 UHS 120 09 HOTEL PIRA MIUNA 39 UHS 102 10 HOTEL RECANTO DOS PÁSSAROS 20 UHS 80 11 HOTEL REFUGIO 29 UHS 116 12 JANDIA HOTEL (Ilha Bonita Empreendimentos Hoteleiros) 16 UHS 64 13 LA PALOMA RESIDENCE 15UHSs* 96 14 MARRUÁ HOTEL 54 UHS 200 15 PORTO BELO 06 UHS 28 16 TAPERA HOTEL 34 UHS 90
HOTEIS
17 WETIGA HOTEL 67 UHS 110 01 HOTEL POUSADA ARAÚNA 08 UHS 32 02 HOTEL POUSADA AGUAS DE BONITO 20 UHS 65 03 HOTEL POUSADA ARIZONA 48 UHS 16 04 HOTEL POUSADA BONSAI LTDA 26 UHS 87 05 HOTEL POUSADA GUARANY 32 UHS 49 06 HOTEL POUSADA OLHO D’ÁGUÁ 20 UHS 60 07 HOTEL POUSADA ROSA ROSÉ 10 UHS 40
HOTÉIS-POUSADA
08 HOTEL POUSADA SEGREDO 08 UHS 32 01 HOTEL CABANAS 13 UHS 33 02 HOTEL FAZENDA RIO FORMOSO 13 UHS 45 03 HOTEL FAZENDA CACHOEIRA 14 UHS 52 04 HOTEL SANTA ESMERALDA 15 UHS 30
HOTÉIS- FAZENDA
05 HOTEL FAZENDA CABANA DO PESCADOR 01 ÁGUA AZUL POUSADA 33 UHS 110 02 POUSADA AGUA BONITA 06 UHS 20 03 POUSADA ALIANÇA 08 UHS 31 04 POUSADA ANHUMAS 06 UHS 22 05 POUSADA BEIJA FLOR 03 UHS 12 06 POUSADA CALLIANDRA 12 UHS 48 07 POUSADA CANTO DO BAMBU 14 UHS 52 08 POUSADA CARAMANCHÃO 11 UHS 34 09 POUSADA CARANDÁ 08 UHS 32 10 POUSADA CASA VERDE 10 UHS 29 11 POUSADA CEU DE ESTRELAS 12 UHS 44 12 POUSADA CHÃO DE PEDRA 11 UHS 32 13 POUSADA CHALÉ DO BOSQUE 06 UHS 18 14 POUSADA DEI FIORI 14 UHS 60 15 POUSADA DO ESTUDANTE 06 UHS 88 16 POUSADA GIRASSOL (ex- Pousada do Sol) 10 UHS 38 17 POUSADA JACARÉ 06 UHS 20 18 POUSADA JM 12 UHS 42 19 POUSADA LUA AZUL 07 UHS 26 20 POUSADA MOINHO DE VENTO 12 UHS 32 21 POUSADA MUITO BONITO 14 UHS 40 22 POUSADA PARAISO 10 UHS 40 23 POUSADA DO PERALTA 09 UHS 31 24 POUSADA RANCHO JARINU 09 UHS 33 25 POUSADA REMANSO 15 UHS 44 26 POUSADA SÃO JORGE 12 UHS 38 27 POUSADA SOBRADINHO 07 UHS 30 28 POUSADA SONHO MEU 13 UHS 36 29 POUSADA SUCURI 13 UHS 39 30 POUSADA VILA RICA 13 UHS 40 31 POUSADA VILA VERDE 23 UHS 66
ESTA
BEL
ECIM
ENTO
S H
OTE
LEIR
OS
POUSADAS
33 POUSADA GAIVOTA PANTANEIRA 05 UHS 34 ALBERGUE 01 BONITO ECOLOGICAL HOTEL (E CAMPING) 17 UHS 100
01 BARRA BONITA 30 UHS** 90 02 CACHOEIRA NOVA 30 UHS** 90 03 CENTER CLUB 55 UHS*** 100 04 CLUBE DO LAÇO 50 UHS** 150 05 DA ILHA DO PADRE 60 UHS** 180 06 PÉ DO MORRO 30 UHS** 90 07 DO PERALTA 59 UHS*** 100 08 FORMOSINHO 15 UHS** 45 09 POLIANA (Cachoeira do Hormínio) 50 UHS** 100 10 RINCÃO DOS SONHOS 60 UHS** 150 11 RIO FORMOSO (ao lado do Balneário Municipal) 120 UHS*** 360
BO
NIT
O
OU
TRO
S A
LOJA
MEN
TOS
CAMPING
12 DO QUEIJINHO 50 UHS** 150 TOTAL -Bonito 75 MEIOS DE HOSPEDAGEM
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
105
CLASSIFICAÇÃO
CAPACIDADE
MUNI- CÍPIO
CLASSE
SUB-CLASSE
OR- DEM
EMPREENDIMENTO UNIDADES
HABITA-CIONAIS
LEITOS
01 HOTEL TROPICAL 28 UHS 60 02 NOVO HOTEL JARDIM 18 UHS 38 03 HOTEL IPANEMA 11 UHS 36 04 HOTEL ESTÂNCIA 15 UHS 25 05 HOTEL RIO BRANCO 06 HOTEL VITORIA 20 UHS 35 07 HOTEL BRASIL 22 UHS 50 08 HOTEL DO EDIR 13 UHS 36 JA
RD
IM
ESTA
BEL
ECIM
EN-
TOS
HO
TELE
IRO
S
HOTEIS
09 JARDIM PALACE HOTEL FECHADO TOTAL Jardim 09 MEIOS DE HOSPEDAGEM
01 HOTEL ELDORADO 21 UHS 63 02 HOTEL FLORIDA 08 UHS 58 03 HOTEL CATARINENSE 20 UHS 52
HOTEIS
04 HOTEL A CASEIRA 07 UHS 30 HOTEL-POUSADA 01 HOTEL POUSADA RECANTO DA SERRA 20 UHS 43
01 RESORT HOTEL BETIONE (fechado) 24 UHS* 72 HOTEL-FAZENDA 02 PESQUEIRO CHAPENA 08 UHS 48
01 POUSADA BETIONE 03 UHS 09 BO
DO
QU
ENA
ESTA
BEL
ECIM
ENTO
S H
OTE
LEIR
OS
02 POUSADA POR-DO-SOL (fechado) 08 UHS 32
POUSADA
03 POUSADA DA SERRA 03 UHS 12 TOTAL Bodoquena 10 MEIOS DE HOSPEDAGEM TOTAL DO APL SERRA DA BODOQUENA 94 MEIOS DE HOSPEDAGEM
• CHALÉS ** BARRACAS *** BARRACAS E TRAILERS
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
106
RESTAURANTES E ESTABELECIMENTOS DE BEBIDAS DO APL CLASSIFICAÇÃO
MUNI- CÍPIO
CLASSE
SUB-CLASSE
OR- DEM
EMPREENDIMENTO
01 CHURRASCARIA PANTANAL 02 ESPAGUETERIA SANTA ESMERALDA 03 RESTAURANTE AQUÁRIO RESTAURANTE 04 RESTAURANTE CANTINHO DO PEIXE 05 RESTAURANTE DA LAGOA 06 RESTAURANTE DA PRAÇA 07 RESTAURANTE DA VOVÓ 08 RESTAURANTE NOVA ARCO ÍRIS 09 RESTAURANTE O CASARÃO 10 RESTAURANTE PALADAR CAIPIRA 11 RESTAURANTE SALLE PEPE 12 TABOA & CIA
RE
ST
AU
RA
NTES
13 TAPERA RESTAURANTE 01 BARCURI 02 CARECAS BAR
RES
TA
UR
AN
TES
E
ES
TA
BELEC
IMEN
TO
S D
E B
EB
IDA
S
BA
-R
ES
03 TABOA BAR 01 GUGU LANCHES 02 LANCHONETE AMIGÃO 03 LANCHONETE BE HAPPY 04 LANCHONETE BEIRA RIO
LA
NC
HO
-N
ETES
05 VICIO DA GULA 01 PIZZARIA CASTELLABATE 02 PIZZARIA E RESTAURANTE PANTANEIRA
PIZ
ZA
-R
IAS
03 PIZZARIA SAN MARINO 01 CONFEITARIA E PADARIA COLÔNIA 02 PADARIA TRIGOS
LA
NC
HO
NET
ES
E
OU
TR
OS
OU
-T
RO
S
03 PANIFICADORA THALLY ENNE SUB-TOTAL 27
01 EXCEL PARK HOTEL 02 HOTEL POUSADA ÁGUAS DE BONITO 03 HOTEL POUSADA ARAUNA 04 HOTEL POUSADA BONSAI 05 HOTEL SANTA ESMERALDA 06 HOTEL TAPERA 07 JANDIÁ HOTEL 08 MARRUÁ HOTEL 09 POUSADA OLHO D´ÁGUA 10 WETIGA HOTEL
EM
ME
IOS
DE
H
OSP
ED
AG
EM
11 BLUE TREE HOTEL 01 BALNEÁRIO ECOLÓGICO DO SOL 02 BONITO AVENTURA 03 CACHOEIRAS RIO DO PEIXE 04 FAZENDA CEITA CORÊ 05 ENO BOKOTI (fechado) 06 ESTÂNCIA MIMOSA ECOTURISMO 07 PARQUE DAS CACHOEIRAS 08 RESERVA ECOLÓGICA BAÍA BONITA
RE
STA
UR
AN
TE
S E
EST
AB
EL
EC
IME
NT
OS
DE
B
EB
IDA
S V
INC
UL
AD
OS
A O
UT
RO
S E
STA
BE
LE
CIM
EN
TO
S
EM
AT
RA
TIV
OS
TU
RÍS
TIC
OS
09 RIO SUCURI
BO
NIT
O
TOTAL BONITO 47
01 RESTAURANTE BABY LANCHES
02 RESTAURANTE DO CHICÃO 03 RESTAURANTE O LANCHÃO
RE
ST
. E
ES
TA
B.
BEB
IDA
RE
STA
U-
RA
NT
ES
04 RESTAURANTE O CAIPIRA 01 BAR E LANCHONETE DO NEGÃO LAN-
CHES 02 LANCHONETE R2 01 PANIFICADORA FATALA 02 PANIFICADORA OURO BRANCO 03 PANIFICADORA, RESTAURANTE, PIZZARIA PIC 04 PANIFICADORA PROGRESSO 05 PANIFICADORA CASAS DOS PÃES 06 CONVENIÊNCIA NELORE
JAR
DIM
LA
NC
HO
NE
TE
S E
O
UT
RO
S
OU
TR
OS
07 CONVENIÊNCIA DO MANÉ
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
107
08 LÉO COVENIÊNCIA 09 CONVENIÊNCIA PONTO Z 10 SORVETERIA ZERO GRAU 11 PINGO D’ OURO 12 SORVETERIA “SORVETE ITALIANO” 13 SKIMEL SORVETES
LA
NC
HO
NE
TE
S E
OU
TR
OS
OU
TR
OS
14 SORVETERIA PALÁCIO DOS SORVETES SUB TOTAL 20
01
BALNEÁRIO MUNICIPAL DE JARDIM RIO DA PRATA
02 BALNEÁRIO VERANO
VIN
C.
OU
TR
. E
STA
B.
AT
RA
-T
IVO
S
03 BURACO DAS ARARAS
JAR
DIM
TOTAL JARDIM 23 01 GULOSEIMA CARIOCA - RESTAURANTE/LANCHONETE 02 PASTEL GIGANTE RESTAURANTE
RE
ST
.
03 BAR E RESTAURANTE TREVO 01 BAR DO CHIQUINHO 02 BAR PARADA OBRIGATÓRIA
RE
ST
AU
R.
E
ES
TA
BELEC
. D
E B
EB
IDA
B
AR
03 BAR PONTO X 01 BATIDÃO LANCHES E ESPETINHO 02 LANCHONETE TOCA DA ONÇA
LAN-CHES
03 VAVÁ LANCHES 01 PIZZARIA CAIAQUE 02 PIZZARIA SERRANA
PIZZA
03 VARANDA PIZZARIA E LANCHONETE 01 CASCÃO SORVETES 02 PEDÁGIO SORVETE ITALIANO 03 SORVETERIA TENTAÇÃO
LA
NC
HO
NE
TE
S E
OU
TR
OS
OU
TR
OS
04 CONVENIÊNCIA PANIFICADORA LIMA
SUB-TOTAL 16
01 BALNEÁRIO PÔR-DO-SOL 02 BAR E BALNEÁRIO BETIONE (BALNEÁRIO DO REGINO) 03 BALNEÁRIO TENENTE ADAUTO (CABECEIRA DO BETIONE)
VIN
C.
OU
TR
. E
STA
B
AT
RA
-T
IVO
S
04 BOCA DA ONÇA ECOTUR
BO
DO
QU
EN
A
TOTAL BODOQ. 20
TOTAL NO APL 90
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – Www.sinal.redesist.ie.ufrj.br
108
COMÉRCIO DE SOUVENIRS -2006 MUNICÍPIO ORDEM EMPREENDIMENTO
01 ARTE MANIA 02 ALÉM DA ARTE 03 ADRIANO ANTUNES 04 AROEIRA CONV. E ARTESANATO 05 AVES DO BRASIL 06 BECO DA ARTE 07 BELAS ARTES 18 BELL PRESENTES 09 BERÔ CAN ARTE INDÍGENA 10 BICHO DA GRUTA 11 CANINDÉ ARTESANATO 12 CASA DO ARTESÃO 13 CASA DO TURISTA 14 CLAUDIA ARTESANATOS E CAMISETAS 15 ERNILDO ESTEVAM BIOLO 16 FORMA PRESENTES 17 MANDALA ARTESANATOS 18 MINI SHOPPING FORMOSO 19 MN BONITENSE 20 NÔMADAS 21 O CURUMIM 22 OFICINA DE ARTE 23 PANTANAL ARTESANATO 24 PEDRAS E CIA. 25 TEAR & CIA. 26 TOCA DA ONÇA 27 VÍCIO DA ARTE
BONITO
27 TOTAL EM BONITO 01 ARTE E OSSO 02 PROJETO MOR 03 PROGRAMA MÃOS Ä OBRA
JARDIM
03 TOTAL EM JARDIM 01 ARTESÃOS ARTE SERRANA BODOQUENA 01 TOTAL EM BODOQUENA
31
TOTAL NO APL