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Os artigos com urgência pagarão 40 |rs. por linha, correctos, o responsabilisando- ysé pela inserção seus autores, \ "V , /~ ^tfevJ0°oT*v VISITA D^íílIMlUS i O (To^M*^y^r~iz^\ yyy mmãmmmmmmmmmmtmmmm^.^ Priminha Emilia, aqui me tem, não p Odia ser mais prompta seu chamado, apenas re^- cebi o seu bilhete, fiquei bera persuadida que não estava mal comigo pela minha ausência. Sim, sim, minha ingrata foi preciso es- , crever-lhe para ter o gosto de a ver ; ;se sou- besse o que dizem por ahi as nossas câmara- v (linhas.....>..,> ^jiiçosas, e' bastante tem estfanhado de não vetem ríò Periódico dos Pobres a nossa pales- Itra f se voc^ Otrvisse uma sessão entre tres espifitwosas moças. |fe Paliarão -era bem, ouvmal priminha ? Muito mal, uma dizia as taes primi- «nhas, cederão ao pedido de alguém para « não continuarem a taramelar. » Outra dizia « ora qual dona fulana, é porque ellas estão « agora trabalhando em costuras para o arse- « nalyque à faltarmos a vferdade são bera ((mal pagas. » Finalmente a terceira moça 0 que dizem ellas priminha ? . Quasi todas as moças nos tem por pre- bastante1 espirituosa, teimava, « que certa mo- « cinha que foi erapacotilhada', por escre- « ver tre^e cartas e todas ellas com mil finezas « dirigidas seu bemsinho, deixando-o com « agua na boca, por casar com outro, fizera (( com que nós não continuássemos a, nossa <( tarefa, dando-nòs «um lugar na assembléa cc das senhoras que ultimamente se abrio, pa- cc ra discutireui sobre a lei não haâe cazar. Ora você vio, priminha como ellas se levan tão? ; Pouco aballo me dão essas cousas, ra - nhas Correnlinhas; deixe fallar quem falia»; porque nós havemos ser sempre as mesma s *:?¦:> :.<V V-y- jdqv ' -: z ¦ * -: **%:• - *V^m Se prezaes a honra de vosso nome ; se julgais que de- veis reputar-vos orgulhoso de pertencér-des á Ordem de Christo, apressai-vos em me restituir o dinheiro que salvou vosso pai. e a vós tambera. ²Eu o farei, senhor, parto d'aqui a trez dias. Hi-? rei a'Coimbra realisar a venda de alguns bens que me restão da nossa antiga oppulencia. Não pdsso informar- vos do tempo.preciso para effectuar essa venda, porém farei Iodos os esforços para que.em breve me veja de- sonerado d'essa divida. Como o dissestes, senhor, preso muito a rainha reputação : a ordem que me adorna o peito, e sobre tudo o nome de Portuguez. y . —Descançai pois. ²Permitti que antes d'isso vos confesse nexisleiv cia que tenho de arroslar d'aqui em diante, será bem mesquinha e miserável; contudo em presença d'ella, não vos odiarei, pelo contrario erguerei ao céo frequen- tes ora«;ões implorando a Deos que se sirva afugentar de vós os desgostos e pezares que me tem desde a in- facia perseguido...... ²E' este o resultado da rainha viagem, cujo apres- so-me em participar-te, para que desle modo le vás ha- bituando á idéa de que hiremos em breve mendigar o sustento quotidiano. ²E' mais uraa prova que Deos me ha reservado, porém corao bom christão curvo-me resignado aos seus decretos. Advinha pois, raeu querido Nuno, a impressão que esla carta produziria no espirito de minha mãi, princi- ¦Y •*«;*;»* V Y , -V •¦*¦¦.} ¦<«?.;¦ ¦$$& :W. o* -85- , 9V IV ^ •—Permitti que vol'o diga, a esse respeito, sou um pouco incrédulo; além disso, um motivo tambem muito poderoso, a desigualdade dos annos. ²Quereis dizer com isso que sou velho e vossa ii- lha moça. Que idade julgaes vós que tenho1?. ²Quarenta e cinco a 48 ânnos. —• Enganai-vos, Sr. Torres, não costumo faltar á verdade. Fiz 50 annos era ;março passado, porém não inculco essa idade, e a prova é de que vos falhou o vos- so calculo. ²Muito bem, senhor, tendes 50 annos, minha Pi- lha não fez ainda 20; e além disso não quer por ora casar-se. ²Mas om «pai póde tudo ", ²Eu não quero abusar d'esse poder. ²Educastes então vossa filha para freira? ²Não, porque acho as suas idéas uai tanto mun- danas. ²Então que destino lhe pertendeis dar? A \# —-Deixal-a guiar por seus instinctos naturaes, por- que demasiado conheço o quanto uma ligação forçada, torna desgraçados -o homem e a mulher. ²Ora isso não 6-convincente. Se todos osconsor- cios fossem feitos por amor, ha muito que o mundo te- ria acabado! ²Bella idéa, senhor, aòhaes então que émais ulil o casamento focado e de conveniência? ²Não digo tanto, porém o resultado é sempre o mesmo. . ' Ç »,'"íí' , .,-¦'• y„\ -yvv v:vVV ¦vv v- ytíttt-y YYY '.- V.-' ¦;; - Í ¦' '".''¦-- ' :

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t, , , V, V V Í.Í.V1* / WAS 1)0 MEZ E SEUS ACONTECIMENTOS.Pubhca-se as terças, quintas e sabbados., [(não sendo dia santo). Subscreve-se para está \Sabbado ãl—Santa Ursula e suas compa-fnlhn mr 3 mezes 2*000 —Avulso 80 rs ivnheiras» Y^pãrtyres.— Os sarracenosiolha,;pc^^pezes ^Annuncios 4(Trsí.por linha, sendo entregues<no / Domingo 22— San tf Mariá^lomé.— Suble-

$ criptorio,rua da Valia n. 65. ' y;'. v V í vaçãò do Cairo era 1792. |

Àçceita-se qualquer arligo gracioso e critico,não sendo politico ou offensivo á moral '

publica. Os artigos com urgência pagarão 40|rs. por linha, correctos, o responsabilisando-

ysé pela inserção seus autores, \ "V ,

/~ ^tfevJ0°oT*v

VISITA D^íílIMlUSi O (To^M*^y^r~iz^\

yyymmãmmmmmmmmmmtmmmm^.^

Priminha Emilia, aqui me tem, não p Odiaser mais prompta aò seu chamado, apenas re^-cebi o seu bilhete, fiquei bera persuadida quenão estava mal comigo pela minha ausência.

— Sim, sim, minha ingrata foi preciso es-

, crever-lhe para ter o gosto de a ver ; ;se sou-besse o que dizem por ahi as nossas câmara-

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^jiiçosas, e' bastante tem estfanhado de nãovetem ríò Periódico dos Pobres a nossa pales-

Itra f se voc^ Otrvisse uma sessão entre tresespifitwosas moças.

|fe Paliarão -era bem, ouvmal priminha ?— Muito mal, uma dizia j« as taes primi-

«nhas, cederão ao pedido de alguém para« não continuarem a taramelar. » Outra dizia« ora qual dona fulana, é porque ellas estão« agora trabalhando em costuras para o arse-« nalyque à faltarmos a vferdade são bera((mal pagas. » Finalmente a terceira moça0 que dizem ellas priminha ? .

Quasi todas as moças nos tem por pre- bastante1 espirituosa, teimava, « que certa mo-

« cinha que já foi erapacotilhada', por escre-« ver tre^e cartas e todas ellas com mil finezas« dirigidas aó seu bemsinho, deixando-o com« agua na boca, por casar com outro, fizera(( com que nós não continuássemos a, nossa<( tarefa, dando-nòs «um lugar na assembléacc das senhoras que ultimamente se abrio, pa-cc ra discutireui sobre a lei não haâe cazar.

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Se prezaes a honra de vosso nome ; se julgais que de-veis reputar-vos orgulhoso de pertencér-des á Ordemde Christo, apressai-vos em me restituir o dinheiro quesalvou vosso pai. e a vós tambera.

Eu o farei, senhor, parto d'aqui a trez dias. Hi-?rei a'Coimbra realisar a venda de alguns bens que merestão da nossa antiga oppulencia. Não pdsso informar-vos do tempo.preciso para effectuar essa venda, porémfarei Iodos os esforços para que.em breve me veja de-sonerado d'essa divida. Como o dissestes, senhor, presomuito a rainha reputação : a ordem que me adorna opeito, e sobre tudo o nome de Portuguez. y .

—Descançai pois.Permitti que antes d'isso vos confesse nexisleiv

cia que tenho de arroslar d'aqui em diante, será bemmesquinha e miserável; contudo em presença d'ella,não vos odiarei, pelo contrario erguerei ao céo frequen-tes ora«;ões implorando a Deos que se sirva afugentarde vós os desgostos e pezares que me tem desde a in-facia perseguido......

E' este o resultado da rainha viagem, cujo apres-so-me em participar-te, para que desle modo le vás ha-bituando á idéa de que hiremos em breve mendigar osustento quotidiano.

E' mais uraa prova que Deos me ha reservado,porém corao bom christão curvo-me resignado aos seusdecretos.

Advinha pois, raeu querido Nuno, a impressão queesla carta produziria no espirito de minha mãi, princi-

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•—Permitti que vol'o diga, a esse respeito, sou umpouco incrédulo; além disso, hà um motivo tambemmuito poderoso, a desigualdade dos annos.

Quereis dizer com isso que sou velho e vossa ii-lha moça. Que idade julgaes vós que tenho1?.

Quarenta e cinco a 48 ânnos.• —• Enganai-vos, Sr. Torres, não costumo faltar á

verdade. Fiz 50 annos era ;março passado, porém nãoinculco essa idade, e a prova é de que vos falhou o vos-so calculo.

Muito bem, senhor, tendes 50 annos, minha Pi-lha não fez ainda 20; e além disso não quer por oracasar-se.

Mas om «pai póde tudo ,Eu não quero abusar d'esse poder.Educastes então vossa filha para freira?

Não, porque acho as suas idéas uai tanto mun-danas.

Então que destino lhe pertendeis dar? A\# —-Deixal-a guiar por seus instinctos naturaes, por-que demasiado conheço o quanto uma ligação forçada,torna desgraçados -o homem e a mulher.

Ora isso não 6-convincente. Se todos osconsor-cios fossem feitos por amor, ha muito que o mundo te-ria acabado!

Bella idéa, senhor, aòhaes então que émais ulilo casamento focado e de conveniência?

Não digo tanto, porém o resultado é sempre omesmo.

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Ü UHUiami a-Ka '««¦wnii.il rn, rmi.nm.

primínhas, mesmo que nos acuzem de taga-rellas. , *....

Sim, tagarêllos porque dizemos as verda--des, não I assim; minhas prizões?

,— De certo, e para prova dessa mesma

verdade ; havemos fazer um pedido bastanteaítenciozo aos assignantes do Periódico dosPobres, que estão em atrazo com as suas as-signaturas, hajão de as satisfazer, visto que aempreza bastante preciza desse contingente,

porque as despezas são muitas, e sem haver•aquillo com que se comprão os melões, nada

pode andar em boa ordem. Eis aqui uraa ver-dade, apezar que nem todas as verdades sedizem, porém esta não offende.

De certo; mas talvez haja esquecimentonesse pagamento.

Também não digo o contrario, porquetodos nós lemos esquecimentos.

Por isso mesmo havemos fazer o pe-dido aquelles que estão em bastante atrazo.

Apoiadissimo, priminha, embora noschamem de tagarellas.

-—Então diga-me priminha, que é feito devocô ? que motivou a sua auzència ?

A careslia dos gêneros obrigarão-me asahir da cidade.

Boas; então fora da cidade não ba ea-réstia ?

Não é tanto, priminha.

Deixe-se disso , o mal vai sendo conta-

giozo por toda a parte.Pois olhe o meu pensar é outro.Qual é ?Que o graadecissimo monopólio, impera

com todo o seu poder sobre nós.Pois acabem com os monopolistas, como

acabarão com os açougues, que mais pareciãoexpeluncas. .

Devemos isso ao benemérito CidadãoMello, louvoresjhe sejão dados pelos seus bonsserviços e commodidade publica.

'O* priminha, não falle assim, porque

pôde chegar aos ouvidos daquelle cortador darua Direita de Nitberohy, .que,faliar-ihe emaçougues monstros, é o mesmo que o padreKe-lé fallar-lhe no diabo.

—- Já vocO quer afinar a rabequinha! mal-dosa !

Deos me iivre de tal isto é conversar,se eu afinasse a rabequinha, perguntariaaquelle novo mestre que anda na barca dacarreira de Nitberohy, qual foi o motivo por-que não atracou em S. Domingos na quinlafeirai ás 7 1[2 horas da . noite, fazendo comque desessete pessoas caminhassem a pé de-baixo de cupiosa chuva, desde Nitherohy atéS. Domingos.

Então isso nao é afinar a rabequinha,priminha?

Gentes! você está hoje mais impaciente

que cerlos guardas fiscaes com a limpeza;daqui a-pouco teremos de a guardar em ca sa

I porque se os barris leVáo tampas, alirão-so,'.algumas fora para pagar multa ; se vão ?les-tapados pagão da mesma maneira, etc. etc ,Ora vão já .erilendel-os!

A propósito, quero contar-lhe um caso.jque também me contarão. Ha dias foi umprelo da rua do Sabão fazer limpeza ; o bar-ril levava tampa (talvez melhor que as her-meticaes) o caso é que a tampa deitou-se aomar, e houve multa por infracção dc pos-tura, ou pepineira do guarda fiscal! O pretofoi preso, e o senhor se o quiz tirar custou-;lhe alguns mil réis, e chama-se a isto justiçapriminha ?

—-Não se admire, porque quasi todos os }dias appaçecem destes casos, e hão de appa.-recer. Como podem chegar vinte e cinco mi ^réis por mez, sem haver estes emolumentosforcados ?

Pois augmen tem os ordenados dessesguardas, v

Qual augmento, basta que tenhão boasespadas para metter medo aquelle que nãoquizer pagar a multa, cá, cá,cá...

Apre, você hoje está com uma Iingui-nha de prata.Ainda eu não lhe fiz uma pergunta.A que respeito priminha ?

Daquelle casamento que estava para ef-fectuar-se no grande campo.-

— 86 —

Muito bem; pensaes maravilhosamente. Se asociedade fosse formada d'esse modo ; ha muito tempoque uma guerra geral rebentaria entre ella.

Mas nao sabeis, Sr. Torres, que essa sociedadeencobre habilmente seus defeitos e faltas; e patenteiao que lhe aprás.

Ua suas excepções, senhor, lastimo-vos por pen-sar-desd'esse modo ; como'porém as nossas idéas se-jão inteiramente opostas, declaro-vos firmemente quenáo estou resolvido a conceder-vos a mão de minhafilha. /

Pois bem, Sr. Torres! exclamou Peres, levan-tando-searrebaladamente; quereis guerra?! tel-a-heis.Dou-vos. vintee. quatro horas para refflexão ; se expi-rado esse prazo, repetir-des a negativa de ha pouco,principiaremos o combate.

E acabando de pronunciar estas palavras, sahio doquarto, entregue a um cego.furor.

Por mais violenta que tivesse sido esta scena ;nào me sorpreheudeu o seu desenlace ; porque conhe-cia a fundo o caracter de Affonso. Assim quando elledesappareceu, dispuz-me a tudo sacrificar: menos tu,minha querida filha.

Espirando o praso das vinte e quatro horas, Peresprocurou-me, perguntando o resultado desse tempo dereffiexão. E' preciso notar que durante esse lapso detempo, elle se absteve de dirigir-me a palavra a eslerespeito; e logo que Affonso entrou no meu quarto,

•TV — 87

conheci que a esperança de tomar-lo por esposa, não olinha abandonado.

*¦»

Apressei-mc em desenganal-o, dizendo-lhe :•—Era desnecessário qualquer tempo de refflexão ;

porqne a minha resolução de ha muito está medilada.Não acceito os vossos Jisongeiros oferecimentos, por-qüe prefiro a indigencia, a causar o menor desgostoaquella que me ha ajudado a soffrer com resignação osdiversos embates da sorte.

Sois um déspota, respondeu elle com socego.Respondeis-me negativamente, sem consultar-des vossafilha; é esle um proceder que não abona muito a con-dueta que me confessastes seguir, respeito ao futuro devossa filha.

Os precedentes obrigão-me a prescindir de simou não approvação de minha filha, porque ainda mes-mo quesuecedesse o contrario; antes de dar um pa-recer, eu a poria ao faclo d'esses precedentes; e estoucerto que recusaria o vosso oíferecimenlo.

Ignoro que a meu respeito hajão principios pou-co favoráveis. Explicai-mos, senhor.

E' inutil; repito-vos que não cedo ás vossas pro-posições.

Ah ! Sr. Torres! bradou o hespanhol enchole-risado, adoplas-les a guerra, quando eu vos oífereciaa paz, euma amisade sincera ; pois bem, seja feita avossa vontade. De hoje para sempre, tudo acabou en-tre nós. Vou expedir as competentes ordens para quea divida de vosso pai seja paga no praso de oito dias.

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$&¦

Está tudo era notas parlamentares; po-1rém já que o. moço foi tolo, e não a soube'ía^er, peça a. Deos que o mate ; olhe outramoça não torna elle a furtar para se casar.Eas notas parlamentares estão bem fei-tas, priminha? Y \ ¦ /Brevemente vão ser publicadas, e saohem interessantes.

Faço idéia ; pobre moço que tanto o ai-Jucinou o amor por essa joven, e ppr causadelia, tantos benefícios fez a quem lhe querhoje mal! File ainda ama essa moca, pri-minha? li — E' provável que siga o ditado :

'

¦Como'amor. une vontadesE se nutre de união/Ama-se corao prezenteEra longa separação.Bravb, deu agora era poeta priminha *

continue ;.

-

\ A. .

' ' ';

' \j.

dor principia a regatear no preço ostin.S" i iP""'1", reMbííll(Jo «° «scríplorio as esmo-(notLe qL o dinheiro K $$& . fetf M&»J$! ° ft*í «

íi íy.

Amar á vistaDevido amor ;" \Amar na ausência, ^Tem mais valor. ' .r

' - •.....--.<¦.'.,

a — Basta de massada, você pucha-me pelalíngua, e depois diz que eu sou tagareÜa. Voudeixal-a. •-....Ora, priminha, ainda é muito cedo;

gosto de a ter a meu lado,, e sempre estoualegre na sua companhia, mais alegre queaquella mocinha de olhos asues, quando fal-la (la janella com o seu namorado.Depois diga quesoueu que tenho málíngua.Pois olhe isto não é ter inveja ; desejo

tenho eu, que ella faça ura feliz casamentopur ser tão bella e amável. - _.' '

Deixe namorar a moça de olhos azues ;conte-me alguma novidade, priminha.' — A maisjresquinha, 6 que não tirei a sor-lo grande, estando eu habilitada a ella, sern-i pre branco os bilhetes.

Vá vêr a extracção, e depois veja se ain-da encontra algum numero, que sahisse pre-miado.Boas. Já não ha tolos, que vendãobi-

lhetes ou vigésimos, depois de andar a roda,á escolha de qualquer; e se os houvesse mui-ta gente seria rica. - -Pois saiba que houve nesta loteria umadessas expeculações, e foi frustada por ser to-lo e muito tolo o comprador; havia ser o ne-gocio comigo que eu lhe diria se estava hojecom ura oitavo dos dez contos.U' priminha -conte-me essa historietaquero saber de tudo.

Curio-a ! preste attenção.Toda eu sou Ouvidos!*Como sabe, no dia 20 andou a roda ;principiou-se a exlrahir os números e pareceque o segundo ou terceiro numero, sahido daroda, foi preraeado cora dez contos. Achava-se sentado n'um banco logo á entrada um po-bre homem que já teve alguma cousa, porémhoje de louça nem um pires, isto acontece amuita gente, levado talvez ali por um persa-gio de felicidade. Ouvio apregoar os dezcon-tos, e immcdiatameYite sahio era procura dessenumero; mas o receio que levo de o procu-rar nas casas da Carioca, c suas immediaçõeso levarão á rua de S. Pedro, chegado ali en-tra n'uraa dessas casas Ue vigésimos, e per-gunta se tem fazenda para vender. O donorespondeu-lhe : - apenas tenho urn oitavo

quer?—Deixe ver, respondeu o comprador-o oitavo era o da bixa ! ! tomou o compra-dor - qua nto quer ?— tres mil réis, e islo por

(note-se que o dinheiro que tinha na algibei*ra erao tres mil réis!) ajusta não ajusta, otempo vai passando, e o dono da casa recusavendê-lo e mette-o na gaveta, dizendo-ago-raia o não vendo — estas palavras, forão ou-vidas comooraa senteça, pelo comprador queacabava de perder perto de dous contos m *¦:•§ Que homem tão estúpido ! porque não"havia elle dar o dinheiro que se lhe pedia poresse oitavo ! é bem corto, priminha -dá Deosnozes.a quem não tem dentes, e o que se se-guio depois .; -7 O comprador vendo qüe a sua perda erainevitável, qmz pela noticia ver se obtia ai-gum prêmio (fraco prêmio, á vista do que ellepodia obter! I [) e declara a\> vendedor queaquelle oitavo era de dez contos ! a noticia foisatislatoria, o homem bastante onrjinv a fipois que lhe deu, cinco mil réis ! m s^a.ii MaW ' W&$& o não desa-priminha o que aconteceu , no co mi T EE & '.'».«>'»«» con.segum.oa. m a nossapriminha o que aconteceu % pouco mais oumenos Deos dava a felicidade aquelle homem.Apoiado, priminha, porisso é bera ver-dade o que se diz: que a quem Deos promettenaotalta; era áqnelle homem que pertenciaaquejle oitavo, e que por ignorância ou m s-qumhez o perdeu.Que chore na cama que é lugar quenteOra priminha vou dar-lhe uma noticiabastante triste.

Nada, nada de tristezas, já me retiro.Escute, chamo-lhe triste, porque me ma-goou bastante o coração ver o estado de mise-na a que está reduzida a viuva de Pedro daMotta, rodeada de tres fiihinhos em vésperasde Outro. Seu marido depois de tres annos depadecimenlo deu a alma ao Greador um diadestes, ficando essa. pobre familia lutandocom os rigores da fome, da miséria e nudezcausou-me dó ver esses iniiocènlinhos agar-rados a mim, talvez pedindo-mo [ião ! f Aslagrimas dessa viuva lizorão-iné enternecerconfesso-lhe que tambeip chorei, e depois fizserenar o pranto dessa triste viuva ; promet-tendo-lhe que eu e você deligenciariamos

para lhe arranjar meios para não soffreremíorae

Muito prompta, priminha; mas comohavemos principiar essa tarefa ou essa obratãq meritoria?Como ? eu lhe digo ; escreveremos àoMorando, redactor do Periódico dos Pobres,

para que em seu escriptorio receba qualqueresmola das pessoas que queiráo valer a esla'desgraçada familia; os que duvidarem, ouqueirão indagar, procurarão 11a rna do BomJardim, n'um cortiço quo ha aulos chegar aoAlterrado, e num desses quartos, n.° 7, en-contrarão a infeliz Felicia rodeada desses> in-nocentes fiihinhos, sem amparo algum, maisdo que o das almas bemlazejas!!

— Lembrou muito bem priminha ; e á sualembrança juntarei oulra, que vera a ser: en-viar uma Circular a todas as senhoras quelêem o Periódico dos Pobres, para que ellasconcorrão com suas esmolas, quando não sejadinheiro, ao menos alguns veslidinhos, paraessa desgraçada familia, viuva, dous menino*,e uma menina. Ora estou bem cerla, que nàohaverá uma só senhora que se recuse a pres-

I tar lão valiozo serviço á humanidade ; e coniosei que quasi todas as senhoras que lêem ess;i(YJi... .,.-... K.....1 1. ¦.-:- •• ' _¦¦ v

For (ant0. a infeliz viuva e seus iunocentesfiihinhos nãosoíírerão íonie. nem suas carnesdeixarão de ser cobertas, não, priminha^ a vic-tona será nossa, e com os nossos pedidos*conseguiremos soccorre-los. O povo Flumi-nense é hospitaleiro e bamfazejo, e não que-rera que morrão á fome tres 'Fluminenses,

aquem lhe falta um amparo, urn abrigo ; sendoapenas o alimento dessa infeliz.mãi as Jagtvmas que correm sobre suas descarnadas ia-

— A sua descripcao fez-me chorar, primi-nha. l-Depois de sahir a publica este pedido;nos lhe levaremos essas? esmolas, é risonhas econtentes, voltaremos de nossa missão de ca- ¦

ridade.Apoiadissimo, mãos á Obra, e não desa-

.4 .-ir. mm"- 'A. *

Moíina, haver ura Asylo para os pobres, (seesta bem ou mal organisado, nisso não falia-mos, o caso é que se fez) assim corno conse-guimos haver segurança nos passageiros queembareão para Nilherohy, e vice-versa, fazen-do com que as pranchas tenhão cabos dos la-dos evitando qualquer dasastre.- Finalmenteoutras muitas couzas devidas á nossa palestracomo por exemplo, bomba e companhia dèbombeiros existente na Casa da Correção, equo até ah não havia, e morreria tudo torrado,quando lá chegasse a primeira bomba etc. etc'Iorque não obteremos agora esmolas a tavorde ume íamilia sem amparo algum?!Por hoje hasta priminha, se vamos poreste fallar, seca-se a lingua na boca.róis venha tornar chá e depois conti-nuará.

D. 0. C.Á ÍLLM.a Slí.a

D. Marianna M. de Gastro.DESEJOS.

S'eu fôra poetapor Deus inspirado,Sublimes teus dotes quizera exaltar :Pois tantas virtudes, q^ornão teu peito,Nao pode uma penna ião débil traçar.\ om throno- rio glorias, a li, ô donzella,rangendo na lyra eu quizera elevar,Fiòr a mais bella do celico jardim,Seu fora, quizera lua fronte adornar.j

£>;i tarde o fávonlo, suave e fagueiroQuizera, s'eu fôra, teu rosto oscular:/->;« coma brilhante—cabellos tão lindosPor sobre leu collo faria ondular.S'eu fôra essa estrella, que os passos te guiaDitosos teus dias qnizera outhorgarAs rn^oas que sentes... que calas risonha.. .•í> eu fôra teu fado quizera aplacar!...Mas cu não sou fiôr, nem vale nem auraRHm astro que possa teus dias dourar;

'Lyra uao lenho :—sou um ente sensivelQue só—amisade—te pode offerlar.....

M. P. G. C. J.Innocente pergunta !

Pergunta-se ao Illm. Sr. Commandanle do1.° Batalhão de Fuzileiros, qual o castigo quesoíireu o Cadele-Sargenlo por náo ter cum-í prido cohi o seu dever, não apresentando ar-. lolha, são dotadas de um espiriio nobre oca- mi-k -i !>-.., ,!,>;,-, „ ' - £" -••••-•*rilativo.mohvo porque conlõ já nm o co rio

' ,-mhf-í ?*!- i™ qUe pâSSa:'a

com oseu contingente. E' ver dade Í an £ fiíard,í dí r d tó ^U&cmtm pela, rada dessa infeliz viuva é longe, mas weston- fandrt'nf? -, v ,e'VeZ P°r eSlar ''en"! do-se a isso o nosso Morando, como Se]£ °* Q™mem$' '

L- c b

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Page 4: mmmmymmtiw>mwmmm. -'--¦¦¦ n. iu vmemoria.bn.br/pdf/709697/per709697_1854_00111.pdf · torna desgraçados -o homem e a mulher. ²Ora isso não 6-convincente. Se todos osconsor-cios

^k^^mw

C!

'.A, V

J_ YR A.

A MADRUGADA.

Ah! quanto és.bella,OhJ madrugadaComo engraçada,Vens despontando.

Da noile as trevasTão pavorosas,Fogem medrosas,Quando te vêem.

>jos nossos bosquesc o sabiá,

Saudando está,Tua presença.1

Com ar festivoA naturezaTua bellezaJá aprecia.

N'aquella porta.

* ¦ "i ¦

Quc ali se abrio,Delia sahio •Um lavrador.

AA?íAA;A'. A Aí yç}c:.Pelos escravosTio seu terreiro,Eil-o primeiro,Que está bradando,

Uns tornão foice,Outros machado,E p'ra o roçadoTão caminhando.

O seu curralO boi deixou,E já voltouPara o trabalho.

Oh! quão formosos,Os verdes prados,Tão aljofradosSe não osteníão !

O ar lão puro,Tão delicado,Embalsamado,jrJstá de llores.

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MOTTE.

n Se durmo, sonho comtigo,« Se velo, só penso em ti. »

GLOSA.

Por ti despreso o perigoSó por ti vivo, e respiro ;Velando me dás alivio

<c Se durmo, sonho comtigo,Com mil disvcllos le sigo, ,Depois que leus olhos vi,Vivo, e respiro por tiCom tão vehemente desejo 't>

Quc em meus sonhos só te vejo,

Se vêl-o, só penso em li.

Á \Í\Vu%-

Ninguém, como elle padeceuNetii taes tormenlos hade passar,— 2

Na ruina está,Quem estiver p'ra s'arruinar. — 2

E\\*\é bella^é moreninhaE' bella e coisa boa,Quereis saber ondo mora,Ella mora ra Gamboa.

. E' uma ingrata,Por despresar,Quem seií coraçãoLhe queria offertar.

AVISO.

Adverte-se ás pessoas que queirão assignar

este periódico, ua mão dos deslribuidon-s,

que o não facão sem recibo (jo redactor,-para

evitar duvidas..

Se da boca delia o ouvisseEntão ditoso eu seria,

'

'-¦¦¦

Se o contrario me dissesse,De desgosto eu morreria. — 1

N'um triste baixei, a merco das águasElla me faltou, perdi o tinoChorei por me vér^perdidoTriste foi o meu destino. — 1

Ditoso nome de mãiOh! quem me dera vêl-a,Morreu, e só existeSua mana, o que me será ella?— 2

Não sei quc sinto no peitoQue me devora o coração,Tenho sempre por ella,A mais ardente paixão.

O Lisboeta.

Ao Cordeiro d'Ouro.¦rr, .¦-.'.'

21 A. RÜA DOS OURIVES. 21 A.

ENTRE A DO CANO EDA CADEIA.'

J. P. Baptista, com loja e fabrica de ourives,avisa aos seus amigos e freguezes, que recebeu

um rico sortimento de jóias do mais apurado

gosto, que tem apparecido alé hoje. Na mes-

ma casa concertão-se leques e jóias com per-feição, assim como se compra ouro, prata, e

pedras preciosas.¦ i *, im

MmChC.£.'MTC-5\¦mmÊgm

AXuvadeOuro

RUA DOS OURIVES N. 1 h

PRÓXIMA A' DO OUVIDOR.1 Ha sempre nesta casa. completo sortimento

de luvas. fresquissimas dc Jouvin, pretas ede

cores, para homens e senhoras ; que se reco-

bem por todos os paquetes da Europa.Também ha um variado sortimento de per-

fumarias dos melhores fabricantes; gravatas,bengallas, etc. etc., e superiores charutos de

Havana e Bahia, ludo a preços moderados.

Sou útil para viver — 1.De boa não lenho nada, — 1

Sou de pau, ferro, e metal,Pelos homens fabricada.

€. M. P. N. Junior.

CIOSATTENCAO !

Na rua da Valia n. 127, ha uma pessoa (jueancarrega-se de pôr vidros em vidraças.

Para o dia de Finados.

Na typographia do theatro de S. Pedro de

Alcântara existe uma pessoa, que .a'troco de

uma pequena retribuição, se encarrega de

fazer com a maior brevidade possivel poesiasde qualquer qualidade que seja, para ins"

cripçõesde sepultura, imprimindo-se também

em papel, setim, veludo, cartão etc. , doura-

das e coloridas.LARGO DO ROCIO N.

'39.

CHAPEOS DE MOLA

MENTRE AS RUAS DO CANO E ASSEMBLÉA.

E'impossível que haja chapeos que tenhão as molas tão fortes, e merinó tão fino, como

os que se vendem a 6$, 7<g), e 8$ rs., na casa acima.

Chapeos de pello de seda.

Kom-se as Pessoas que quizerem possuir uni bom chapéo, de virem escolher que encon-

iraràõ de Ké 9$, affiançando-se o serei» franezes, e o grande espaço de tempo quelhe hade durar, pola boa qualidade, e particular composição.

ROUPA FEITA.

Grandesorlimchtò depalelócs do pano finíssimo, preto e de pom, para Í|.|>|J#^S-lambem ha com golla de velludo, calças d,casimira de cores a 8$ e 9^(1tas pnt«d.WeS lindos colletes, de seda feitio moderno com botões de madre, pérola a 5, 6© e 7$

demUm e U rs. de setim preto igual Mllo, a 5© 6» e 7©,gravatas de .«das as

SnáS^M nmias, luvas de pelica, cintas, suspensorios, chicotes, bonés, chapeos d, sol,

H ò^ortes de Sm ra a 5®500, emfim, uma infinidade de objectos, que o prop.ie.ar> -

do «tóbriídm'níi ria as pelsoasde irem examinar, affiançando-il.es desde já, que eomo

praráõ mais do que teneionão, 4 vista da modicidade dos preços.

16 B. Rua dos Ourives. 16 B.

• i

Miguel S. Typ. dos Pobres—RuadaValla 5Í. 6o.