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112 ISSN 0102-0099 Dezembro, 2004 Sete Lagoas, MG Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Introdução mencionou que o primeiro híbrido de milho Em uma economia globalizada e de alta testado na estação experimental em competitividade, a busca por maior eficiência Connecticut, EUA, em 1908, produziu na produção agrícola, tem sido uma 12600 kg/ha, época em que a produtividade constante dos setores envolvidos na cadeia média de milho era de 2500 a 3700 kg/ha. produtiva. Procura-se mostrar nesse artigo Posteriormente, de acordo com Vyn (2001) os limites e as potencialidades da produção há relatos do agricultor Herman Warsaw do nacional de milho, a partir dos padrões Estado de Illinois, EUA, que em 1985 obteve tecnológicos utilizados atualmente e pela 23.200 kg/ha e do agricultor Francis Child melhoria dos sistemas de produção. Assim, do Estado de Iwoa, EUA, que em 1999 uma análise geral da cultura do milho no obteve o recorde de 24.700 kg/ha. De Brasil, identificando os principais fatores acordo com Vyn (2001), na maioria dos agronômicos envolvidos nos sistemas de experimentos conduzidos nas Universidades produção é apresentada. Americanas, as produtividades de milho, normalmente, estavam abaixo de 12500 Potencial Teórico e Recordes de kg/ha. Produtividades Estudos teóricos, com simulações feitas No Brasil, a partir da década de 1970, foi com o uso de computadores, mostram que instituído o concurso de produtividade de o potencial de produtividade de milho nas milho, coordenado pelas instituições oficiais condições do cinturão do milho nos EUA de assistência técnica, pesquisa e firmas (“Corn Belt”) é da ordem de 31400 kg/ha produtoras de sementes. Além do caracter (Yamada, 1997). Entretanto, poucos dados educacional e transferência de tecnologias são disponíveis relatando produtividades aos agricultores, buscava-se também, com recordes de milho à nível de campo. O base nas tecnologias disponíveis, a obtenção primeiro relato foi o de Richard (1947) de altas produtividades de milho. citado por Lowenberg-DeBoer (1998) o qual do Na tabela 1, são sumariados os resultados Desafios para obtenção de altas produtividades de milho 1 Palestra a ser apresentada no XXV Congresso Nacional de Milho e Sorgo a ser realizado em Cuiabá, MT, no período de 29 de Agosto a 02 de Setembro de 2004. 2 Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, CP 151, Sete Lagoas, MG. e-mail: [email protected] Antônio Marcos Coelho José Carlos Cruz Israel A. Pereira Filho² 1 1

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112ISSN 0102-0099Dezembro, 2004Sete Lagoas, MG

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

Introdução m e n c io n o u q u e o p r i m e i r o h í b r id o d e m il h o Em uma economia globalizada e de alta testado na estação experimental em

competitividade, a busca por maior eficiência Connecticut, EUA, em 1908, produziu

na produção agrícola, tem sido uma 12600 kg/ha, época em que a produtividade

constante dos setores envolvidos na cadeia média de milho era de 2500 a 3700 kg/ha.

produtiva. Procura-se mostrar nesse artigo Posteriormente, de acordo com Vyn (2001)

os limites e as potencialidades da produção há relatos do agricultor Herman Warsaw do

nacional de milho, a partir dos padrões Estado de Illinois, EUA, que em 1985 obteve

tecnológicos utilizados atualmente e pela 23.200 kg/ha e do agricultor Francis Child

melhoria dos sistemas de produção. Assim, do Estado de Iwoa, EUA, que em 1999

uma análise geral da cultura do milho no obteve o recorde de 24.700 kg/ha. De

Brasil, identificando os principais fatores acordo com Vyn (2001), na maioria dos

agronômicos envolvidos nos sistemas de experimentos conduzidos nas Universidades

produção é apresentada. Americanas, as produtividades de milho,

normalmente, estavam abaixo de 12500

Potencial Teórico e Recordes de kg/ha.

Produtividades Estudos teóricos, com simulações feitas No Brasil, a partir da década de 1970, foi

com o uso de computadores, mostram que instituído o concurso de produtividade de

o potencial de produtividade de milho nas milho, coordenado pelas instituições oficiais

condições do cinturão do milho nos EUA de assistência técnica, pesquisa e firmas

(“Corn Belt”) é da ordem de 31400 kg/ha produtoras de sementes. Além do caracter

(Yamada, 1997). Entretanto, poucos dados educacional e transferência de tecnologias

são disponíveis relatando produtividades aos agricultores, buscava-se também, com

recordes de milho à nível de campo. O base nas tecnologias disponíveis, a obtenção

primeiro relato foi o de Richard (1947) de altas produtividades de milho.

citado por Lowenberg-DeBoer (1998) o qual do

Na tabela

1, são sumariados os resultados

Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

1 Palestra a ser apresentada no XXV Congresso Nacional de Milho e Sorgo a ser realizado em Cuiabá, MT, no período de 29 de Agosto a 02 de Setembro de 2004. 2 Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, CP 151, Sete Lagoas, MG. e-mail: [email protected]

Antônio Marcos CoelhoJosé Carlos CruzIsrael A. Pereira Filho²

1

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2 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

campeões de produtividade de milho. Com sincronizados para se ter um ambiente

base nesses resultados, o recorde de ótimo, não se pode concluir que altas doses

produtividade de milho no Brasil, é de 16800 de fertilizantes foram os ingredientes

kg/ha, obtida pelo agricultor, Geraldo N. essenciais para os agricultores campeões em

Lacerda, no município de Virginópolis, MG, produtividade.

em 1994.

O histórico de área; a escolha do híbrido; a

Apesar do grande número de agricultores população de plantas; as condições químicas

envolvidos nos concursos de produtividade, e físicas do solo; o manejo de pragas,

representando diferentes condições doenças e plantas daninhas; as condições

edafoclimáticas, muitas informações climáticas como: quantidade e distribuição

relevantes não foram monitoradas. Seria de chuvas, temperatura, radiação solar e

importante conhecer as condições em que luminosidade; e a aplicação espacial e

esses agricultores obtiveram essas altas temporal dos insumos (administração);

produtividades. Normalmente, os podem ser fatores mais importantes na

agricultores que obtêm altas produtividades obtenção de altas produtividades do que

de milho, dão muita ênfase as altas doses doses de aplicação de nutrientes

de fertilizantes (N, P, K) aplicadas, isoladamente.

geralmente acima dos níveis recomendados

em suas regiões. Entretanto, devido ao fato Do ponto de vista das características de

que muitos fatores da cultura, solo e solo, é importante conhecer quais de suas

condições climáticas devem estar propriedades (físicas, químicas e biológicas)

Tabela 1. Campeões de produtividade de milho no Brasil, no período de 1977 a 1999.

Fonte: adaptada de 1/Agroceres, 199...? e 2/ Emater MG, 199...?

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3Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

poderiam melhor explicar a variabilidade e o anterior, o que representa 5,5 milhões de

potencial de produção de milho. Mais toneladas.

pesquisas, de caráter multidisciplinar,

envolvendo pesquisadores especialistas das O milho é praticamente cultivado em todo o

diferentes áreas, são necessárias, para território nacional (Figura 2), sendo que na

determinar os elementos chaves do sucesso safra 2000/2001, 77 % da área plantada e

na obtenção de altas produtividades de 92 % da produção concentrou-se nas

milho. regiões Sul (42,32 % área e 53,70 %

produção), Sudeste (19,01 % área e

Área Plantada, Produção e 19,62% produção) e Centro - Oeste (15,77

Rendimento % área e 19,22% produção). Conforme

O milho no Brasil, é cultivado em 3,6 ilustrado na Tabela 3, a contribuição dessas

milhões de propriedades rurais, abrangendo regiões em área plantada e produção ao

na safra 2000/2001, uma área de 13 longo dos últimos 31 anos, tem-se alterado.

milhões de hectares, e apresentou, A região Nordeste tem apresentado grandes

respectivamente, produção e produtividade variações na área plantada e produção o que

de 41500 milhões de toneladas e 3272 dificulta estimar se sua participação tem

kg/ha (IBGE, 2001). aumentado ou diminuído. Na região Sul a

Nos últimos 31 anos a área plantada participação na área plantada e produção

aumentou em 2,38 milhões de hectares, a tem-se mantido praticamente constante,

produtividade em 1619 kg/ha e produção enquanto que a região Sudeste reduziu em

total em 23,61 milhões de toneladas (Figura 10 % a área plantada e produção. As

1). Estimativa da CONAB (2002) para a regiões Norte e Centro - Oeste,

safra de 2001/2002 é uma redução de 13,3 apresentaram no mesmo período, aumentos

% na produção de milho em relação a safra na participação da área plantada e produção

Figura 1. Área plantada, produção e rendimento de milho no Brasil no período de 1971 a

2001.

Fonte: elaborada dos dados do IBGE, 2001

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4 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

(Tabela 2). Enquanto que a região Norte decorrer da década de 1990, o processo de

aumentou sua participação em 5,3 % em deslocamento de cultura do milho da safra

área plantada e 2,8 % em produção, a normal pela soja se intensificou, passando

região Centro Oeste aumentou sua parte do cereal a ser cultivado em sucessão

participação em 9,6 % na área plantada e a oleaginosa, como uma cultura de segunda

14,6 % em produção. safra (milho safrinha). Essa mudança se

acentuou nos últimos anos, de modo que em

Há uma enorme diversidade nas condições 1999 a área da cultura do milho safrinha nos

de cultivo que vão desde a agricultura estados de Mato Grosso e Mato Grosso do

tipicamente de subsistência sem o emprego Sul foi maior do que a safra normal

de insumos, e cuja produção visa o consumo (Tsunechiro & Freitas, 2001).

próprio sendo o excedente comercializado.

No outro extremo, há agricultores que A baixa produtividade média de milho no

utilizam o máximo de tecnologia disponível e Brasil (Figura 1) não reflete o bom nível

têm produtividade equivalente à obtida em tecnológico alcançado por parte dos

países de agricultura mais avançada. De produtores, já que as médias são obtidas nas

acordo com levantamento realizado pela mais diferentes regiões, em lavouras com

Cargill Agrícola S.A. (1995), a estratificação diferentes sistemas de cultivos e finalidade

da cultura por níveis tecnológicos, foi assim da produção. Como pode ser observado na

distribuída: a) nível tecnológico marginal = Tabela 3, enquanto o rendimento médio para

43 %; b) nível tecnológico baixo = 24 %; c) a Região Nordeste, onde predomina a cultura

nível tecnológico médio = 22 %; d) nível de subsistência, apresentou um aumento de

tecnológico alto = 11 % da área cultivada. 11 kg/ha/ano, a região Centro Oeste, com

características de exploração comercial

Recentemente, ocorreram importantes apresentou um aumento de 81 kg/ha/ano. A

mudanças nos sistemas de produção de produtividade média dos estados localizados

sequeiro, destacando-se o aumento da área nessa região é superior a 4500 kg/ha (Figura

do milho “safrinha” definido como o milho 3). Assim, para aumento da produtividade é

de sequeiro cultivado extemporaneamente, necessário que em parte das propriedades

de janeiro a abril, quase sempre depois da sejam adotadas técnicas básicas, incluindo

soja precoce, na região Centro - Sul e, a cultivares melhoradas, práticas de manejo,

expansão do sistema de plantio direto. No calagem e adubação, etc., e noutras, o

Tabela 2. Estimativas1/ do aumento ou redução anual da participação, área plantada,

produção e rendimento de milho por regiões do Brasil, no período de 1971 a 2001

1/ Coeficientes da regressão linear, significativos ao nível de 5 %, obtidos com base nos dados do IBGE (2001). 2/

Participação em relação ao total do Brasil. ns = não significativo. 3/ De acordo com Alley & Roygard (2001).

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5Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

aprimoramento integrado de todas as representa a agricultura tradicional, que usa

técnicas culturais para suplantar os atuais somente terra e trabalho, num ambiente

tetos de 6000 a 8000 kg/ha. inadequado para a agricultura moderna. Por

outro lado, as taxas de crescimento da

Dentro desse enfoque, e de acordo com os produtividade, aumentam

dados do Censo Agropecuário de 1995/96, proporcionalmente com o aumento do

verifica-se que há uma relação direta entre o rendimento médio (Tabela 3), apontando

tamanho da área cultivada pelos agricultores para uma concentração da lavoura de milho

e a produtividade de milho ( primeira e em alguns pontos do território nacional,

segunda colunas da Tabela 3); isto é, a caminhando se dessa forma para o

medida que há um aumento no tamanho da surgimento de um cinturão de milho, não tão

lavoura há um incremento no rendimento. concentrado como o “corn belt” americano,

Isto pode estar relacionado com o efeito de mas localizado em alguns pólos.

escala de capitalização do agricultor, uso de

mecanização, etc., resultando em maior uso È importante ressaltar, que nos últimos

de tecnologias. Observa-se ainda na Tabela anos, a cultura do milho no Brasil, vem

3 que as lavouras menores do que 5 ha, passando por importantes mudanças

coincidentemente, apresentam produtividade tecnológicas, resultando em aumentos

média (963 kg/ha) equivalente a média das significativos da produtividade e produção

lavouras incluídas na classe com até 2000 (Tabelas 2 & 3). Entre essas tecnologias

kg/ha no trabalho apresentado por Alves et destaca-se a adoção de sementes de

al. (1999). Essa classe de agricultores cultivares melhoradas (variedades e

Figura 2. Percentual do total da área plantada (ha) da cultura do milho, por unidade da federação,

Brasil, 1999. Fonte: IBGE (1999). Edição: Geoprocessamento Embrapa Milho e Sorgo,

2002

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6 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

Figura 3. Produtividades médias de milho por unidades da federação. Brasil, médias de 3

anos (1998 2001). Fonte: CONAB/DIPLA, 2001.

híbridos), alterações no espaçamento e final ao consumidor. Considerações

densidade de semeadura de acordo com as ambientais estão relacionadas com a

características das cultivares e, a poluição causada pelo insumos utilizados na

conscientização dos produtores da produção, controle de erosão, e

necessidade da melhoria na qualidade dos sustentabilidade. As mudanças tecnológicas

solos, visando uma produção sustentada. são rapidamente difundidas aos agricultores

Essa melhoria na qualidade dos solos está pelos modernos meios de comunicação,

geralmente relacionada ao manejo adequado, como por exemplo o lançamento constante

o qual inclui entre outras práticas, a de novos materiais genéticos. Sistema de

rotação de culturas, plantio direto, manejo posicionamento global (GPS) e sistema de

da fertilidade através da calagem, gessagem informações geográficas (SIG) possibilita a

e adubação equilibrada com macro e localização de área específicas dentro do

micronutrientes, utilizando fertilizantes campo e a aplicação variada de insumos.

químicos e/ou orgânicos (estercos, Computadores para armazenar e analisar

compostos, adubação verde, etc.). dados e controlar as máquinas para

aplicações diferenciadas de insumos,

Fatores Envolvidos nos Sistemas de possibilita aos agricultores e consultores

Produção tomar decisões com base em melhores

Os principais fatores afetando os sistemas informações. Finalmente, o público

de produção da cultura do milho, são os de consumidor em geral deve ver o produto

aspecto econômico, ambiental, tecnológico como sendo de boa qualidade e saudável ou

(Figura 4) e qualidade do produto. O aspecto corre-se o risco de perda do mercado com

econômico baseia-se no fato de que há um sérias conseqüências econômicas.

decréscimo relativo do valor da produto

comparado ao custo de produção e custo Nos sistemas de produção os fatores

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7Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

tecnológicos podem ser divididos em possibilitam a colheita da produção que tem

“construção da produtividade” e “proteção sido construída: a) controle de ervas

de produtividade (Figura 4). Os fatores de daninhas; b) controle de pragas; c) controle

construção da produtividade são: a) genético de doenças; d) manejo da colheita.

- cultivares; b) manejo cultural - precisão na Ênfase será dado ao “fatores de construção

semeadura; c) fertilidade do solo, nutrição e da produtividade” pois são esses fatores que

adubação; d) clima (disponibilidade espacial aumentam a produção em termos de

e temporal de água e temperatura). Os quilogramas por hectare. Os fatores de

fatores de proteção da produtividade, proteção aumentam a produção que se é

Figura 4. Fatores tecnológicos que afetam o potencial de produtividade da cultura do

milho.

Tabela 3. Rendimento médio e taxa de crescimento da produtividade de milho de acordo

com o tamanho das lavouras dos agricultores.

Fonte: 1/Censo Agropecuário 1995/96 e 2/Alves et al. (1999).

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8 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

possível colher, mas não se pode colher uma para os híbridos e de 31 kg/ha/ano para as

produção que não tem sido construída. variedades.

Acredita-se que na maioria dos casos os Deve ser enfatizado que no Brasil são

agricultores e consultores não estão oferecidos anualmente, sementes

dedicando aos seus sistemas de produção melhoradas, suficientes para o plantio de

atenção suficiente aos fatores de construção cerca de 8 milhões de hectares, sendo

da produtividade. A intensificação dos provavelmente o insumo moderno de uso

esforços para analisar e implementar as mais generalizado na cultura do milho.

mudanças nas áreas de construção da Entretanto, mais de 4 milhões de hectares

produtividade, é o caminho para continuam sendo plantados com materiais de

significativamente melhorar as condições baixo potencial de produção, como

econômicas e ambientais, associadas com variedades locais não melhoradas (milho de

muitos sistemas agrícolas. paiol) e segunda geração de híbridos

comerciais (Embrapa, 1993).

Melhoramento Genético CultivaresAtualmente, os agricultores, dispõe de mais

Conforme discutido anteriormente, o de uma centena de cultivares de milho para

melhoramento genético tem contribuído implantação das lavouras com ampla

significativamente para o aumento da diversidade genética. Por exemplo, na safra

produção do milho. Por exemplo, no Brasil, o 2001/02, foram disponibilizadas cerca de

aumento no últimos 31 anos foi de 1619 180 cultivares de milho, sendo que os

kg/ha (Tabela 2). Embora não se disponha de híbridos triplos e simples, modificados ou

informações sobre a participação dos fatores não, representaram 63 % das cultivares.

responsáveis pelo aumento da produtividade, Esses dados enfatizam a necessidade de se

pode-se inferir, a exemplo do que ocorreu aprimorar os sistemas de produção

nos EUA, que o melhoramento genético, utilizados, para melhor explorar o potencial

associado as melhorias no manejo dos solos genético dessas sementes (Cruz et al.,

e da cultura, como fundamentais no 2001). Em termos de quantidade de

aumento dessa produtividade. sementes vendidas, os híbridos duplos ainda

predominam no mercado (Tabela 4), mas a

Alguns trabalhos tem sido realizados no melhoria do nível tecnológico em regiões

Brasil para quantificar o progresso genético específicas e a maior competitividade do

obtido por meio do melhoramento (Vencovsk mercado nacional de sementes, tem

et al., 1986; Ramalho, 1999). Araujo (1995) aumentado a oferta de híbridos triplos e

comparou em 10 locais da região Centro - simples que somados já dominam uma maior

Sul, a performance de híbridos e variedades fatia de mercado (Tabela 4).

desenvolvidas em diferentes décadas,

obtendo um ganho médio de 51 kg/ha/ano Aumentou a introdução de germoplasmas de

Tabela 4. Percentagem dos diferentes tipos de sementes de cultivares de milho vendidas no Brasil.

Fonte: Associação Paulista dos Produtores de Sementes APPS, Circular 005/1999 e 004/2000.

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9Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

clima temperado de porte baixo, geralmente explorar ao máximo o potencial genético de

mais precoce e maior índice de colheita, uma cultivar em uma determinada condição

permitindo o uso de maior densidade edafoclimática, levando em consideração

populacional e flexibilidade nos sistemas de aspectos econômicos e a sustentabilidade

rotações e sucessões de culturas. Esses do sistema de produção. Dessa forma o

modernos materiais genéticos apresentam manejo correto do solo, a época de

também características específicas para semeadura, o espaçamento e densidade, o

resistência as doenças, pragas (alguns para controle de plantas daninhas, pragas e

resistência a herbicidas), capacidade de doenças e aspectos relacionados a

manter as folhas verdes até próximo a fertilidade do solo, nutrição e adubação são

maturidade dos grãos (“stay green”), essenciais para o sucesso de uma lavoura.

qualidade para mercado específicos, e É importante usar corretamente os métodos

variações no potencial de produção. de preparo do solo para evitar a progressiva

A escolha da cultivar mais adequada é um degradação física, química e biológica do

aspecto fundamental para o solo. A utilização constante do mesmo

estabelecimento de um sistema de produção equipamento, como a grade aradora, muito

mais eficiente. A eficiência na escolha de comum no Brasil Central, provoca

materiais genéticos pode ser implementada compactação abaixo da camada preparada

pela observação de um conjunto de (pé-de-grade). Essa camada compactada

informações para a cultura dentro de cada diminui a infiltração da água no solo, com o

região. Dentre essas informações, as conseqüente aumento no escorrimento

seguintes características devem ser superficial causando erosão. Os sistemas

observadas: a) adaptação à região; b) radiculares das culturas ficam mais

potencial produtivo; c) estabilidade de superficiais, explorando menor volume de

produção; c) tolerância a doenças solo e tornando as plantas mais suscetíveis

(principalmente em plantio direto), inclusive ao veranico, comum em várias regiões.

quanto a sanidade dos grãos; d)

resistência ao acamamento de colmo e de Nos últimos anos tem aumentado

raiz; e) ciclo; f) características dos grãos - substancialmente o uso do plantio direto,

textura e coloração. sendo que atualmente, mais de 12 milhões

Outras características são também de hectares, já são cultivados com este

mencionadas como: velocidade de sistema e, cerca de 3 milhões de hectares

emergência e sistema radicular vigoroso ocupado com a cultura do milho. Nas

(importante para o plantio direto), perda de regiões onde se cultiva a soja e o milho, o

umidade após maturação fisiológica (“dry plantio direto se beneficia desta rotação que

down”), empalhamento, prolificidade, peso é benéfica para ambas as culturas. O

de 1000 grãos e densidade (g/l), tolerância mesmo ocorre no plantio do milho

a algum herbicida e, adaptação a “safrinha” plantado após a soja precoce.

espaçamentos mais estreitos. Para o sucesso do plantio direto, um fator

Com base nessas informações, as quais muito importante é o aporte de material

devem ser atualizadas periodicamente, e de orgânico e cobertura vegetal. Neste caso, o

acordo com as necessidades do agricultor é milho apresenta papel de destaque por sua

possível selecionar o mais apropriado híbrido grande produção de biomassa e por ser esta

ou variedade para um específico sistema de de relação C/N alta, o que colabora para

produção. uma maior cobertura do solo, tanto em

quantidade como em tempo de permanência

Manejo Cultural Precisão na na superfície.

SemeaduraO manejo cultural deve ser adequado para A semeadura do milho na época certa,

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10 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

embora não tenha nenhum efeito no custo de densidades mais elevadas e

de produção, seguramente afetará o espaçamentos mais estreitos. Quanto à

rendimento e, consequentemente, o lucro do disponibilidade de nutrientes e hídrica, a

agricultor. Trabalhos de pesquisas, relação com a densidade de plantio é direta,

realizados no Brasil Central, mostram que, isto é, quanto maior a disponibilidade destes

dependendo da cultivar, o atraso na fatores maior será a densidade

semeadura a partir da época mais adequada recomendada. A Tabela 5 mostra faixas de

(geralmente em outubro) pode resultar em densidades de semeadura para diferentes

redução no rendimento de até 30 kg/ha por tipos de cultivares de milho.

dia. Obviamente, por razões diversas, este Visando o aumento da produtividade, existe

atraso muitas vezes não depende do uma tendência de reduzir o espaçamento e

produtor. Entretanto, se o produtor atrasar a aumentar a população de plantas por área

semeadura por negligência ou por para a maioria dos modernos híbridos. Entre

desconhecimento, estará perdendo dinheiro as vantagens potenciais da utilização de

e comprometendo seu negócio. Atualmente, espaçamentos menores (0,50 a 0,70 m),

já se dispõe do zoneamento agroclimático podem ser citados o aumento na eficiência

para a cultura do milho nos principais de utilização da luz solar, água, nutrientes e,

estados produtores (Zoneamento Agrícola, controle de plantas daninhas. Devido a uma

2000), em que são estabelecidas as épocas melhor distribuição espacial das plantas na

de semeadura com menor probabilidade de área, há um fechamento mais rápido dos

expor a cultura as geadas e ao déficit hídrico espaços disponíveis, diminuindo a duração

(Figura 6). do período crítico de competição das ervas

daninhas e a erosão, em conseqüência do

Outro importante componente do sistema de efeito da cobertura antecipada da superfície

produção é a densidade de semeadura, a do solo.

qual é função da cultivar, da disponibilidade

hídrica e de nutrientes. Assim, qualquer Com desenvolvimento das tecnologias de

fator que afetar a disponibilidade de água e agricultura de precisão, é possível manejar a

nutrientes para o milho também afetará a variabilidade das áreas de produção a níveis

escolha da densidade de semeadura. Em de escala muito menor que a empregada no

relação a cultivar, a densidade poderá variar passado. As modernas semeadoras podem

em função do porte, da arquitetura da ser equipadas para variar a quantidade de

planta, da resistência ao acamamento e da sementes, e assim a população de plantas

finalidade a que se destina o plantio. pode ser alterada no campo de acordo com

Normalmente, cultivares mais precoces, de as necessidades, como tipo de solo,

menor porte e mais eretas, permitem o uso cultivares, etc. Colheitadeiras equipadas

Tabela 5. Densidade de plantas recomendadas para os diferentes tipos de cultivares

comercializadas na safra 2001/02.

Fonte: adaptado de Cruz et al. (2001).

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11Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

com monitores de colheita e GPS, razão disso, é que a rotação interrompe o

possibilitam a obtenção de mapas de ciclo biológico das plantas daninhas mais

variabilidade na produção e comuns, ou seja, aquelas mais competitivas

consequentemente o delineamento de zonas e que exigem outras técnicas de manejo

de manejo. cultural adequadas. O sistema de rotação

milho e soja tem evidenciado este propósito,

Para evitar perdas no rendimento, a lavoura principalmente, quando utiliza-se para o

deve ser mantida no limpo até a 6ª ou 7ª milho o mesmo espaçamento adotado para

semana após a emergência do milho. Um soja (0,50 m), o que pode inibir o

bom controle do mato pode ser obtido tanto desenvolvimento das plantas daninhas,

com a utilização de métodos mecânico e/ou minimizando ou até mesmo eliminando o uso

químico. Embora o controle químico de de herbicidas pós emergentes.

plantas daninhas na cultura do milho no

Brasil tem sido cada vez mais freqüente, a Nos últimos anos, tem-se verificado um

taxa de adoção dessa tecnologia ainda é aumento acentuado de ocorrência de pragas

relativamente pequena. Segundo Kissmann e doenças na cultura do milho. Desde que o

(2000), enquanto que no Brasil, somente controle químico de doenças geralmente não

28% da área cultivada com milho é tratada é econômico, o produtor deve utilizar

com herbicidas, no Paraguai esse valor cultivares mais resistentes associado à

atinge a 30%, no Uruguai, 65% e na outras práticas de manejo como: rotação de

Argentina, 98%. Atualmente, são 4 milhões culturas e épocas de semeaduras mais

de hectares, mas estima-se que poderá adequadas.

chegar a 6 milhões num prazo de 8 anos No controle de pragas, o método químico é

(Ramos, 2001). Assim, o baixo consumo de normalmente utilizado. Entretanto, a

herbicidas na cultura do milho no Brasil, aplicação incorreta pode propiciar o

pode ser um indicativo da predominância de desenvolvimento de raças de pragas

pequenas lavouras, onde o uso de resistente ao inseticida aplicado. Além disso,

tecnologias é menor. o uso indiscriminado de inseticidas tem

levado a eliminação de inimigos naturais.

Por outro lado, pesquisas tem demonstrado Uma boa estratégia tem sido a utilização de

a eficiência do uso de práticas integradas de inseticidas químicos via tratamento de

manejo no controle de plantas daninhas. sementes. O custo do inseticida para o

Vários autores tem demonstrado que essa tratamento de sementes é apenas 4,8 % do

estratégia pode reduzir o uso de custo total dos insumos, considerando, além

agroquímicos (Anderson. 1997). Redução do inseticida, a semente, o adubo e o

entre 30 e 40 % foi obtida por McMaster et herbicida (Cruz et al.,1999). Deve-se

al. (1987) e Anderson (1997), na cultura do ressaltar que na venda de inseticidas para o

trigo de inverno. A combinação de tratamento de sementes, o milho foi a

espaçamento, densidade de semeadura, cultura que representou maior valor de

cultivares com diferenças nos ciclos e faturamento do segmento, representando em

arquiteturas mais eretas e, níveis de 2000, cerca de 57 %, seguido do algodão

fertilizantes, especialmente o nitrogênio, (19,3%), arroz (6,6%), feijão (6,5%), soja

pode constituir um sistema, em que o milho (6,4%) e trigo (4,0%) (Ferreira et. al.,2002).

seja mais competitivo com as plantas Dentre as pragas foliares, a lagarta do

daninhas (Swanton & Murphy,1996; cartucho (Spodoptera frugiperda) é a mais

Teasdale, 1995). importante praga da cultura do milho no

A rotação de culturas, tem também, Brasil. Tem sido relatado que as reduções no

demonstrado sua importância no controle rendimento do milho provocada por essa

das plantas daninhas (Lorenzi 1986). A lagarta chegam a 34 %. As perdas

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12 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

econômicas causadas por essa praga na fertilidade do solo; b) requerimento

cultura do milho são estimadas em 400 nutricional do milho de acordo com a

milhões de dólares (Cruz et al., 1999). A má finalidade de exploração, grãos ou forragem;

regulagem dos equipamentos e a escolha c) os padrões de absorção e acumulação do

incorreta de inseticidas tem aumentado o nutrientes, principalmente N e K; d) fontes

número médio de aplicações na cultura do dos nutrientes; e) métodos e épocas de

milho, sem no entanto, atingir os objetivos aplicação.

de controle dessa praga (Cruz, 1995). Além

da escolha dos produtos químicos Nos últimos 4 anos, o consumo de

adequados e equipamentos de aplicação, fertilizantes na cultura do milho, aumentou

métodos alternativos, como o controle com de 2,03 para 2,62 milhões de toneladas,

a identificação dos inimigos naturais devem representando um aumento de 30 %

ser considerados (Cruz et al., 1999). (Anuário..., 1999). Acredita-se, que o milho,

com cerca de 13 milhões de hectares

Fertilidade do Solo, Nutrição e cultivados e, um consumo médio de 95

Adubação kg/ha de N, P2O5 e K2O (Figura 5), será em

A fertilidade dos solos, a nutrição e futuro próximo, a principal cultura

adubação são componentes essenciais para consumidora de fertilizantes.

a construção de um sistema de produção Diagnose da fertilidade do soloeficiente. A disponibilidade de nutrientes Para que o objetivo do manejo racional da

deve estar sincronizada com o requerimento fertilidade do solo seja atingido é

da cultura, em quantidade, forma e tempo. imprescindível a utilização de uma série de

Um programa racional de adubação envolve instrumentos de diagnose de possíveis

as seguintes considerações: a) diagnose da problemas nutricionais que, uma vez

Figura 5. Consumo aparente de fertilizantes pelas culturas produtoras de alimentos básicos

(mandioca, feijão, arroz e milho) e de exportação (citrus, soja, cana e café), no Brasil,

em 1998. Fonte: elaborada com base em Lopes, A. S., comunicação pessoal.

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13Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

corrigidos, aumentarão as probabilidades de com o potencial de produção. Por exemplo,

sucesso na agricultura. dados médios de nossos experimentos

conduzidos em Sete Lagoas e Janaúba, MG,

Assim, o agricultor ao planejar o cultivo do dão uma idéia da extração de nutrientes pelo

milho deve levar em consideração os milho, cultivado para produção de grãos e

seguintes aspectos: a) diagnose adequada silagem (Tabela 5). Observa-se que a

dos problemas análise de solo e histórico de extração de nitrogênio, fósforo, potássio,

calagem e adubação das glebas; b) quais cálcio e magnésio aumenta linearmente com

nutrientes devem ser considerados neste o aumento na produtividade, e que a maior

particular caso? (muitos solos tem adequado exigência do milho refere-se ao nitrogênio e

suprimento de Ca, Mg, Fe, etc.); c) quais potássio, seguindo-se cálcio, magnésio e

nutrientes não necessitam ser considerados fósforo.

a cada ano ? (Ca e Mg suprido pela calagem;

Zn e Cu residual no solo e, maior ou menor Devido ao fato de que culturas com maiores

exigência da cultura); d) quantidades de P rendimento extraírem e exportarem maiores

e K necessários na semeadura ? - quantidades de nutrientes (Tabela 4) e,

determinado pela análise de solo e removido portanto, necessitarem de doses diferentes

pela cultura; e) qual a fonte, quantidade e, de fertilizantes, nas recomendações oficiais

quando aplicar N ? (baseado na análise de de adubação para a cultura do milho no

solo e produtividade desejada); f) quais Brasil, as doses dos nutrientes são

nutrientes podem ter problemas neste solo ? segmentadas conforme a produtividade

(lixiviação de nitrogênio em solos arenosos, esperada. Isso se aplica mais

ou são necessários em grandes apropriadamente, a nutrientes como

quantidades); g) outros fatores agronômicos nitrogênio e o potássio, extraídos em

(híbridos, espaçamento, densidade de grandes quantidades, mas também é valido

plantas, sanidade, disponibilidade de água, para o fósforo e, de certo modo para o

etc.), são satisfatórios ? enxofre. O conceito é menos importante

para o cálcio e o magnésio, cujos teores nos

Requerimento nutricional solos, com a acidez adequadamente

O requerimento nutricional varia diretamente corrigida, devem se suficientes para culturas

Fonte: Coelho & França, 1995.

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14 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

de milho com altas produtividades Isto enfatiza que para altas produções,

mínimas condições de estresses devem

No que se refere à exportação dos nutrientes ocorrer durante todos os estádios de

(Tabela 5), o fósforo e o nitrogênio é quase desenvolvimento da planta.

todo translocado para os grãos, seguindo-se

o magnésio, o potássio e o cálcio. Isso A absorção de potássio apresenta um

implica que a incorporação dos restos padrão diferente em relação ao nitrogênio e

culturais do milho devolve ao solo parte dos ao fósforo, com a máxima absorção

nutrientes, principalmente potássio e cálcio, ocorrendo no período de desenvolvimento

contidos na palhada. Entretanto, mesmo vegetativo, com elevada taxa de acúmulo

com a manutenção da palhada na área de nos primeiros 30 a 40 dias de

produção e, em decorrência da grandes desenvolvimento, com taxa de absorção

quantidades que são exportadas pelos grãos, superior ao de nitrogênio e fósforo,

faz-se necessária a reposição desses sugerindo maior necessidade de potássio na

nutrientes em cultivos seguintes. O milho fase inicial como um elemento de

destinado a produção de forragem, tem "arranque'. Para o nitrogênio e o fósforo, o

recomendações especiais porque todo milho apresenta dois períodos de máxima

material é cortado e removido do campo absorção durante as fases de

antes que a cultura complete seu ciclo. Com desenvolvimento vegetativo e reprodutivo ou

isso, a remoção de nutrientes é muito maior formação da espiga, e menores taxas de

do que aquela para a produção de grãos absorção no período compreendido entre a

(Tabela 5). emissão do pendão e o inicio da formação

da espiga.

Padrões de absorção e acumulação de nutrientes Com o desenvolvimento de novas cultivares

Definida a necessidade de aplicação de e melhoria nas práticas de manejo, tem-se

fertilizantes para a cultura do milho, o passo questionado se esses fatores afetam a

seguinte, e de grande importância no manejo acumulação de matéria seca e nutrientes.

da adubação, visando a máxima eficiência, é Mullins & Burmester (1996), compararam a

o conhecimento da absorção e acumulação variação da absorção de N, P e K pelo milho

de nutrientes nas diferentes fases de entre os trabalhos reportados por Sayre

desenvolvimento da planta, identificando as (1948) e Karlen et al. (1987). Embora estes

épocas em que os elementos são exigidos estudos foram conduzidos com diferenças

em maiores quantidades. Esta informação, de 42 anos, isto é, quatro décadas de

associada ao potencial de perdas por melhoramento genético e melhoria das

lixiviação de nutrientes nos diferentes tipos tecnologias de manejo e adubação, eles

de solos, são fatores importantes a apresentaram padrão similar de acumulação

considerar na aplicação parcelada de de matéria seca e absorção de nutrientes. A

fertilizantes, principalmente nitrogenados e produção de grãos e nutrientes absorvido no

potássicos. estudo de Karlen et al. (1987) foram 1,7 e

2,6 vezes maiores, respectivamente, do que

O milho apresenta períodos diferentes de os obtidos por Sayre (1948). O aumento do

intensa absorção, com o primeiro ocorrendo acúmulo de matéria seca e nutrientes dos

durante a fase de desenvolvimento novos híbridos, em relação aos antigos,

vegetativo (V12 V18), quando o número pode ser atribuído, em parte, ao aumento da

potencial de grãos está sendo definido, e o tolerância às altas densidades de semeadura

segundo, durante a fase reprodutiva ou e maiores doses de fertilizantes aplicadas.

formação da espiga, quando o potencial

produtivo é atingido (Karlen et al., 1987). Fontes dos nutrientes

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15Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

A indústria de fertilizantes coloca no de aplicação, sem prejuízos na produção, o

mercado uma enorme quantidade de adubos potássio deve ser aplicado no máximo até

simples e formulados, em pó, mistura de 30 dias após o plantio. Assim, a aplicação

grânulos e granulados. Esta diversidade de parcelada do potássio pode ser feita nas

opções possibilita uma adequação das seguintes situações: a) solos altamente

adubações de base e cobertura de acordo deficientes nesse nutriente, em que são

com as necessidades da cultura. necessárias altas doses de fertilizante e b)

quando o milho for cultivado para produção

Métodos e épocas de aplicação de de forragem, em que normalmente são

fertilizantes. necessárias doses mais altas de potássio

Com a introdução do conceito de adubação devido à maior exportação desse nutriente.

dos sistema de produção e não por culturas

específicas, pode-se dizer que o manejo dos Manejo do nitrogêniocorretivos da acidez do solo (calcário e No Brasil, aplicação de N em milho tem sido,

gesso), fertilizantes fostados, potássicos e tradicionalmente, feita de forma parcelada,

micronutrientes, são bem definidos. De com uma pequena dose na semeadura,

acordo com as necessidades dos solos e geralmente de 10 a 30 kg/ha, e o restante

culturas estes podem ser manejados através em cobertura no estágio de 6 a 8 folhas. As

da aplicação a lanço, na pré - semeadura razões para o parcelamento incluem evitar o

como adubação corretiva; no sulco de excesso de sais no sulco de semeadura mas,

semeadura, como adubação de manutenção principalmente, perdas de N por lixiviação de

e, combinação desses métodos. Para os nitrato. Existia o conceito generalizado, de

micronutrientes a aplicação pode também que em solos tropicais, a intensidade de

ser via foliar e nas sementes. Para a cultura nitrificação era rápida e as perdas de N

do milho o potássio e principalmente o atribuídas principalmente a lixiviação de N-

nitrogênio merecem algumas considerações NO3.

especiais com respeito as épocas de

aplicação. Experimentos conduzidos a partir da década

de 1980, usando a metodologia do 15N

Manejo do potássio (Libardi et al., 1981; Reichardt et al., 1982;

O parcelamento da adubação potássica na Urquiaga, 1982; Coelho et al., 1991;

cultura do milho, com aplicação de parte da França et al., 1994), possibilitaram um

dose na semeadura e parte em cobertura, melhor entendimento da dinâmica do

tem-se tornado prática rotineira, como nitrogênio em solos tropicais e o destino do

alternativa as tradicionais recomendações da N-fertilizante aplicado as culturas. Os

aplicação de toda a dose no sulco de resultados dessas pesquisas mostraram que:

semeadura ou a lanço na pré semeadura. a) o N - fertilizante recuperado pelas

Isto tem sido sugerido para evitar redução culturas, variou de 53 a 64 %, com média

na população de plantas devido ao efeito de 56 %, com aplicação de 60 a 100 kg de

salino dos adubos potássicos ou para evitar N/ha; b) a maior parte do N - fertilizante

perdas por lixiviação devido a alta medido no solo após a colheita, estava na

concentração de K+ na solução do solo, camada superficial do solo (0 30 cm); c)

ocasionada pela aplicação de uma alta dose não houve indicação de movimentação de N-

em um reduzido volume de solo no sulco de NO3 no perfil do solo; d) das perdas por

semeadura. Para evitar o problema, lixiviação de 10 a 20 kg de N/ha, apenas 20

recomenda-se aplicar parte dela em % eram derivadas do fertilizante; e) do N -

cobertura para doses superiores a 60 kg/ha. fertilizante encontrado na camada superficial

Entretanto, ao contrário do nitrogênio, em do solo, após a colheita, 70 a 90 % estava

que é possível maior flexibilidade na época na forma orgânica, contribuindo para

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16 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

redução nas perdas por lixiviação; f) em Um dos primeiros trabalhos sobre aplicação

média, 85 % do N - fertilizante aplicado foi antecipada de nitrogênio em milho,

recuperado no sistema solo - planta. utilizando a metodologia do 15N, foi

Verificou-se também que em solos de realizado por Neptune (1977), em Monte

cerrado, o processo de nitrificação não é tão Azul Paulista, SP, em sistema de preparo

rápido, prolongando a permanência do N na convencional do solo. Os dados

forma amoniacal, o que contribui para a apresentados na Tabela 6 mostram que a

redução das perdas por lixiviação de nitrato antecipação da aplicação do N não resultou

(Mello Jr. et al., 1994, Coelho, 1995) em diminuição dos rendimentos de grãos em

As pesquisas mencionadas acima relação à aplicação convencional (na

demonstraram grande estabilidade do N no semeadura do milho e em cobertura, 40 dias

solo durante o período de desenvolvimento após a semeadura). Entretanto, verifica-se

das culturas, sem evidências de alto que na antecipação da adubação

potencial de perdas por lixiviação no perfil nitrogenada, o método de aplicação do N

do solo. Essas informações, vislumbraram a afetou o rendimento de grãos. A aplicação

possibilidade de se antecipar a aplicação de do N em faixas, produziu a mais, 22 %

nitrogênio no milho. A idéia se deveu ao (1300 kg/ha), em relação a aplicação a

fato de que sendo a adubação de cobertura lanço. Outro aspecto relevante, é o efeito

uma prática a mais a ser realizada, muitos dos métodos e épocas de aplicação do N

agricultores, por algum motivo, deixavam de fertilizante, no aumento da absorção pela

executá-la com grandes reflexos na planta do N do solo, sugerindo uma maior

produtividade. Assim, se fosse comprovada intensidade de mineralização da matéria

que o aumento da dose de nitrogênio orgânica com a aplicação a lanço do

aplicada em pré ou na semeadura, fertilizante (Tabela 6).

apresentasse a mesma eficiência em relação

ao método convencional, haveria um Na década de 1990, com a expansão em

aumento substancial no consumo desse larga escala do sistema de plantio direto, 12

fertilizante e consequentemente aumentos milhões de hectares dos quais 40 % em

significativos na produtividade da cultura do áreas de cerrado, associado a rotação

milho. (principalmente milho e soja) e sucessão de

culturas, verificou-se a necessidade de

Tabela 6. Nitrogênio absorvido e produção de milho, em função do manejo do 15N fertilizante,

na dose de 100 kg ha-1, na forma de sulfato de amônio.

(1)Lanço aplicação na pré-semeadura e incorporada no solo; (2)Faixa aplicação em sulcos na pré-semeadura;

(3)Cobertura aplicação aos 40 dias após semeadura; (4)Nitrogênio absorvido até o florescimento;

(5)Aumento na absorção de N do solo. Fonte: adaptada de Neptune (1977).

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17Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

ajustar e ou desenvolver estratégias de aplicação do N em cobertura (Tabela 7). Isso

manejo de nitrogênio para o milho, diferente ocorreu em um ano com excesso de chuvas

daquela recomendada para o sistema de em outubro e novembro. Nos dois outros

manejo convencional dos solos. Assim a anos, não houve efeito da época de

idéia de antecipar a adubação nitrogenada aplicação do N, ou seja não houve vantagem

de cobertura do milho em plantio direto, foi na antecipação da adubação sobre o

sugerida. rendimento de grãos (Tabela 7).

Os primeiro estudos visando à antecipação A alternativa de aplicar todo o N a lanço ou

da aplicação de N em milho em plantio direto em sulcos, na pré semeadura do milho, tem

estabelecido foram conduzidos por Sá despertado grande interesse porque

(1996) na região dos Campos Gerais, PR, e, apresenta algumas vantagens operacionais,

por Pöttker & Wiethölter (2000), na região como maior flexibilidade no período de

de Passo Fundo, RGS. execução da adubação, racionalização do

uso de máquinas e mão-de-obra. Entretanto,

Os resultados obtido por Sá (1996), devido à extrema complexidade da dinâmica

mostraram que a antecipação da aplicação do nitrogênio no solo, a qual é fortemente

do N não resultou em diminuição dos influenciada pelas variáveis ambientais, os

rendimentos de grãos em relação à aplicação resultados de experimentos de campo não

convencional (na semeadura do milho e em são consistentes o bastante para que se

cobertura, com as plantas com 6 a 8 folhas) possa generalizar a recomendação dessa

e, em alguns casos, observou se até um prática. Por outro lado, a aplicação de N em

pequeno acréscimo de rendimento com cobertura quase sempre assegura

antecipação da adubação nitrogenada. incrementos significativos no rendimento de

milho, independente de a precipitação pluvial

Por outro lado, Pöttker & Wiethölter (2000), ser normal ou excessiva, principalmente no

observaram em um dos anos de condução período inicial de desenvolvimento da

dos experimentos, substancial redução da cultura.

produção quando a maior parte do N foi

aplicado em pré semeadura, após a rolagem Fatores Climáticos: Condições da aveia preta ou na semeadura do milho, Hídricas e Zoneamentoem comparação com a obtida com a O objetivo da construção da produtividade

Tabela 7. Efeito dos métodos e épocas de aplicação de nitrogênio sobre a produção de

milho em sistema de plantio direto.

(1)aplicação a lanço; (2)aplicação em linhas espaçadas de 45 cm; (3) adubação de cobertura a lanço;

(4)adubação de cobertura incorporada a 20 cm ao lado das linhas. Fonte: adaptada de Pöttker & Wiethölter (2000).

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18 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

com relação a disponibilidade de água no diversos setores da economia, o

solo, é maximizar a eficiência da água usada desenvolvimento de cinturões de produção de

para a produção de grãos. Os fatores que uma determinada cultura, em regiões mais

devem ser considerados para o manejo da favoráveis, onde ela possa mais facilmente

disponibilidade de água são: a) expressar o seu potencial produtivo é

disponibilidade de água da precipitação e extremamente importante. Dentro deste

para irrigação e épocas de sua enfoque, tem-se verificado que a cultura do

disponibilidade; b) retenção da precipitação; milho na safra normal é muito mais produtiva

c) capacidade de armazenamento de água quando plantada em locais com altitudes igual

nos diferentes tipos de solo; e) requerimento ou acima de 700 m.

de água pelo milho.

Dados dos Ensaios Nacionais de Milho (Tabela

Com base na análise dos dados de 9) mostram que nos experimentos instalados

precipitação (no mínimo de 30 anos) de um em locais com altitudes acima de 700 m,

específico município ou região, aspectos produziram cerca de 18% a mais do aqueles

relevantes sobre os seguintes questões instalados em locais com altitudes abaixo de

podem ser levantadas : a) qual é o padrão de desse valor. Acredita-se que a menor

distribuição da precipitação e as temperatura noturna, associada a um aumento

probabilidades de ocorrência de déficit no ciclo das culturas são fatores

hídricos; b) qual o tipo de cultivar, de clico preponderantes para explicar essas diferenças

precoce ou normal, que pode ter sucesso no rendimento. Deve-se também ressaltar que

nessas condições; c) qual o tipo de solo que a maioria dos materiais de divulgação de

não deveria ser utilizado para a cultura cultivares de milho das Empresas que

nestas condições. comercializam sementes de milho, separam

O padrão de distribuição da precipitação, estas duas situações de altitudes (acima e

sistema de manejo (preparo convencional, abaixo de 700m) nas suas recomendações

plantio direto) e textura dos solos, técnicas.

interagem, afetando a disponibilidade de

água. A tabela 8, ilustra a variabilidade na

produção de milho de uma área de 25 ha,

com diferentes tipos de solos com relação a

capacidade armazenamento da água

disponível e seu efeito na produção de

milho, em anos com e sem déficit hídrico.

Com o aumento da competitividade nos

Muitos sistemas de produção tem evoluído ao

longo dos anos, sem um claro entendimento

da disponibilidade de água. Entretanto, para

um futuro refinamento dos sistemas e/ou

necessidades de mudanças para se obter um

sistema sustentável, há necessidade de se

obter as seguintes informações: a)

requerimento de água pela cultura; b)

Tabela 8. Capacidade de armazenamento de água disponível em diferentes tipos de solos e seu

efeito na produção de milho.

(1)Água disponível até a profundidade de 120 cm; (2)ano com acentuado déficit hídrico;

(3)ano sem déficit hídrico. Adaptado de Alley & Roygard (2001).

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19Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

capacidade de armazenamento de água em climatologia, já se dispões para as diferentes

profundidade dos diferentes tipos de solos; c) regiões do Brasil do zoneamento agrícola para

profundidade do sistema radicular; d) histórico as algumas culturas, entre elas o milho, que

da precipitação e padrão de distribuição. O fornece informações importantes sobre as

objetivo dessa análise é otimizar a épocas de plantio de milho com menores

disponibilidade de água para a produção de riscos (Figura 6).

grãos.

Considerações FinaisCom os avanços nos trabalhos na área de A análise geral da cultura do milho no Brasil,

Tabela 9. Produtividade média de grãos, em kg/ha, de cultivares de milho dos ensaios

nacionais, em função da altitude dos locais onde foram conduzidos.

(1) Referem-se ao número de experimentos instalados acima e abaixo de 700 m de altitude, respectivamente.

Fonte : adaptada de relatórios da EMBRAPA.

Figura 6. Espacial distribuição de riscos climáticos para a semeadura do milho ( cultivar de

ciclo de 120 dias) no período de 01 a 10 de outubro (Esquerda) e, 01 a 10 de

dezembro (Direita), considerando-se um solo com capacidade de armazenamento de

água disponível de 40 mm a uma profundidade de 60 cm. Edição:

Geoprocessamento Embrapa - Milho e Sorgo, 2001.

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20 Desafios para obtenção de altas produtividades de milho

nos últimos 31 anos, revela que embora tenha- social, cultural, edafoclimática e tecnológico

se verificado incrementos de mais de 100 % os quais possibilitariam definir estratégias para

na produtividade e produção total do país, a incrementar a produção de milho no Brasil.

produtividade média é ainda muito baixa. Por

outro lado, existe uma grande amplitude de Referências Bibliográficas variação desse valores entre as diferentes

regiões e estados. Por exemplo, a região Sul AGROCERES. Concurso Agroceres de

apresentou aumentos anuais da ordem de produtividade de milho. São Paulo, [199?].

346,58 mil toneladas na produção total e 63 Não publicado.

kg/ha no rendimento, enquanto que na região Alley, M.M. & Roygard, J.K.F. Intensifying

Nordeste, os aumentos foram de 32,38 mil agronomic crop production systems. InfoAg

toneladas e 11 kg/ha. Embora tenha-se 2001 Conference Proceedings, August 7-9,

informação de que é possível produzir 16000 Indianapolis, CD Room.

kg de grãos/ha, são restritas as indicações Alves, E.; Souza, G.S. & Garagorry, F.L. A

sobre como, e em que condições isto seria evolução de produtividade do milho. Revista

possível. de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v.37,

n.1, p.77-96, 1999.

Em um país de dimensão continental e com Anderson, R.L. Cultural systems can reduce

uma extrema diversidade de clima e solo, não reprodutive potencial of winter annual grasses.

parece correto, discutir e comparar níveis de Weed Tecnology. v. 11:608-613. 1997.

produtividade em termos médios, Araújo, J.S. de. Ganhos genéticos obtidos em

principalmente para uma cultura como o milho, híbridos e variedades de milho representativos

cultivada praticamente em todo território de três décadas de melhoramento no Brasil.

nacional. Os aumentos de produtividade UFLA, Lavras, 1995. 64p. (Tese de Mestrado).

verificados ao longo dos últimos 31 anos, Coelho, A.M. & França, G.E. de. Nutrição e

variando de 11 a 81 kg/ha/ano, entre as adubação. In: Potafós (Piracicaba, SP.) Seja

diferentes regiões onde se cultiva o milho, doutor do seu milho. 2 ed. Aum. Piracicaba,

reflete muito bem esta situação. 1995. p. 1-9 (Potafos, Arquivo do

Agrônomo,2)

É evidente que as diferenças culturais, sócio - Coelho, A.M. Efeito de níveis de N-uréia na

econômicas e ambientais, exercem grande dinâmica de amônio e nitrato em latossolo

influência na atividade agrícola resultando em cultivado com milho irrigado. In: Congresso

diferenças no objetivo da produção e na Nacional De La Ciencia Del Solo, Temuco,

adoção de tecnologias, o que sem dúvida ira Chile. 1995. Resumos... Temuco, 1995. p. 6.

resultar em diferentes níveis de produtividade. Coelho, A.M.; França, G.E.de.; Bahia Filho,

Nessas condições, a difusão e adoção de A.F.C. & Guedes, G.A.A. Balanço de

tecnologias terão, logicamente, impactos nitrogênio (15N) em um latossolo vermelho

diferentes no aumento da produção e renda do escuro fase cerrado, cultivado com milho. R.

agricultor. Bras. Ci. Solo, Campinas: v.15, n.2, p. 187-

193, 1991.

Com a introdução dos conceitos de agricultura Cruz,J.C.; Correa, L.A.; Pereira Filho, I.A.;

de precisão, o objetivo principal é a amplitude Gama, E.E.G. & Pereira, F.T.F. Variedades de

de variação na produtividade e não o valor milho para esta safra. Cultivar,

médio. Do mesmo modo, poderíamos utilizar Pelotas,v.3,n.33, out. 2001. Caderno Técnico.

esse conceito para delinear a variabilidade da Cruz, I. A lagarta-do-cartucho na cultura do

produção de milho no Brasil o que possibilitaria milho. Sete Lagoas: EMBRAPA. CNPMS,

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Comitê de Publicações

Presidente: Jamilton Pereira dos Santos

Secretário-Executivo: Frederico Ozanan M. Durães

Membros: Antônio Carlos de Oliveira, Arnaldo Ferreira

da Silva, Carlos Roberto Casela, Fernando Tavares

Fernandes e Paulo Afonso Viana

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:

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Endereço: Caixa Postal 151

35701-970 Sete Lagoas, MG

Fone: (31) 3779-1000

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1ª edição

1ª impressão (2004): 200 exemplares

Expediente Supervisor editorial: Antônio Carlos de Oliveira

Revisão de texto: Dilermano Lúcio de Oliveira

Tratamento das ilustrações: Tânia Mara A. Barbosa

Editoração eletrônica: Tânia Mara A. Barbosa

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

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