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Mancha-angular do Feijoeiro Comum: Controle Químico com Mistura de Fungicidas Aloísio Sartorato 1 Introdução A mancha-angular do feijoeiro comum é uma das principais doenças fúngicas desta leguminosa e encontra-se presente em todas as regiões produtoras, podendo ocasionar até 70% de perdas no rendimento. O agente causal é o fungo Phaeoisariopsis griseola (Sacc.) Ferr. O controle da doença através de práticas culturais torna-se muito difícil devido à disseminação do patógeno ser realizada através de correntes aéreas. O controle através da resistência genética do hospedeiro também é difícil devido à grande variabilidade patogênica (raças) que o agente causal apresenta. Como resultado, para o controle da mancha-angular, na maioria das vezes, só resta ao produtor, a realização de pulverizações com fungicidas na parte aérea das plantas. Vários fungicidas têm sido recomendados para o controle desta doença. Entretanto, devido à importância da mesma, há sempre a necessidade da avaliação de novos princípios ativos e/ou suas combinações. Assim, a Embrapa Arroz e Feijão vem, periodicamente, avaliando a eficiência destes produtos, aplicados pelo método convencional, em condições de campo. ISSN 1678-961X Santo Antônio de Goiás, GO Novembro, 2006 121 1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitopatologia, Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, 75375-000 Santo Antônio de Goiás, GO. [email protected] Metodologia O experimento foi conduzido nos campos experimentais da Embrapa Arroz e Feijão, situada no município de Santo Antônio de Goiás. Utilizou-se um delineamento de blocos completos casualizados, com oito tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída de cinco linhas de 5 m de comprimento, espaçadas de 0,5 m (12,5 m 2 de área total e 6,0 m 2 de área útil), com 15 sementes por metro da cultivar BRS Horizonte. Com 15 dias de antecedência à semeadura do ensaio, foi realizado o plantio de uma bordadura utilizando a mesma cultivar já mencionada. Vinte dias após a semeadura (DAS), a bordadura foi inoculada com uma mistura de isolados local do fungo Phaeoisariopsis griseola na concentração de 2 x 10 4 esporos.ml -1 . Antes da semeadura do ensaio, as sementes foram tratadas com o inseticida Cruiser 700 WS, na dose de 150 g/100 kg de sementes para o controle da mosca-branca (Bemisia tabaci ) vetor do vírus do mosaico dourado. A adubação, na semeadura, foi de 450 kg ha -1 da fórmula 4-30-16+Zn e, na cobertura, 150 kg ha -1 de sulfato de amônia, aplicados 24 DAS. O controle de invasoras foi realizado com uma aplicação de Flex + Fusilade (1,0+1,2 L.ha -1 ) aos 30 DAS.

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Mancha-angular doFeijoeiro Comum: ControleQuímico com Mistura deFungicidas

Aloísio Sartorato1

Introdução

A mancha-angular do feijoeiro comum é uma das principaisdoenças fúngicas desta leguminosa e encontra-se presenteem todas as regiões produtoras, podendo ocasionar até70% de perdas no rendimento. O agente causal é o fungoPhaeoisariopsis griseola (Sacc.) Ferr.O controle da doença através de práticas culturais torna-semuito difícil devido à disseminação do patógeno serrealizada através de correntes aéreas. O controle através daresistência genética do hospedeiro também é difícil devidoà grande variabilidade patogênica (raças) que o agentecausal apresenta. Como resultado, para o controle damancha-angular, na maioria das vezes, só resta aoprodutor, a realização de pulverizações com fungicidas naparte aérea das plantas. Vários fungicidas têm sidorecomendados para o controle desta doença. Entretanto,devido à importância da mesma, há sempre a necessidadeda avaliação de novos princípios ativos e/ou suascombinações. Assim, a Embrapa Arroz e Feijão vem,periodicamente, avaliando a eficiência destes produtos,aplicados pelo método convencional, em condições decampo.

ISSN 1678-961XSanto Antônio deGoiás, GONovembro, 2006

121

1Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitopatologia, Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, 75375-000 Santo Antônio de Goiás, GO. [email protected]

Metodologia

O experimento foi conduzido nos campos experimentais daEmbrapa Arroz e Feijão, situada no município de SantoAntônio de Goiás. Utilizou-se um delineamento de blocoscompletos casualizados, com oito tratamentos e quatrorepetições. Cada parcela foi constituída de cinco linhas de 5 mde comprimento, espaçadas de 0,5 m (12,5 m2 de área total e6,0 m2 de área útil), com 15 sementes por metro da cultivarBRS Horizonte. Com 15 dias de antecedência à semeadura doensaio, foi realizado o plantio de uma bordadura utilizando amesma cultivar já mencionada. Vinte dias após a semeadura(DAS), a bordadura foi inoculada com uma mistura de isoladoslocal do fungo Phaeoisariopsis griseola na concentração de 2 x104 esporos.ml-1. Antes da semeadura do ensaio, as sementesforam tratadas com o inseticida Cruiser 700 WS, na dose de150 g/100 kg de sementes para o controle da mosca-branca(Bemisia tabaci) vetor do vírus do mosaico dourado.A adubação, na semeadura, foi de 450 kg ha-1da fórmula4-30-16+Zn e, na cobertura, 150 kg ha-1 de sulfato deamônia, aplicados 24 DAS. O controle de invasoras foirealizado com uma aplicação de Flex + Fusilade (1,0+1,2L.ha-1) aos 30 DAS.

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2006. Resultados

Os resultados do efeito dos fungicidas na severidade dedoença e no rendimento de grãos e seus componentes estãoapresentados na Tabela 2.A severidade da doença em todos os tratamentos foibastante alta, variando de 56,25 a 73,75%.Todos os tratamentos com fungicidas diferiramsignificativamente da testemunha. As seqüências dosfungicidas dos tratamentos 3 e 4 (ver Tabela 1) diferiramsignificativamente na severidade da doença em relação aosdemais tratamentos. Nos tratamentos 2, 5 e 6, cujo iníciodo controle ocorreu no estádio V4, ou seja 15 dias após ostratamentos 3 e 4, a severidade da doença foisignificativamente maior. Estes resultados demonstraram a

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O controle de pragas (mosca-branca, vaquinha, lagarta-enroladeira das folhas, etc.) foi realizado com Actara(100 g ha-1) 16 e 24, Thiodan (1,0 L ha-1) 23 e 38, Sevin(1,5 L ha-1) 24 e 31, Lorsban (1,0 L ha-1) 45 e 61 e, Azodrin(1,0 L ha-1) aos 55 DAS.Os fungicidas e doses utilizados estão apresentados naTabela 1 e foram aplicados aos 15, 30, 46 e 61 DAS,utilizando um pulverizador costal de CO2, com barra decinco bicos Teejet, em leque, a uma pressão de 0,4 Mpa euma vazão de 250 L ha-1.A primeira avaliação da intensidade dos sintomas foirealizada um dia antes da primeira aplicação dos fungicidase, as demais, dez dias após cada aplicação, estimando-se aporcentagem da área foliar afetada de cada parcela. Paraefeito da análise de variância foi utilizada apenas a últimaavaliação e os valores obtidos foram transformados em arcoseno .Com os resultados da primeira e da quarta avaliações foitambém determinada a taxa de infecção (r).Na colheita, realizada 81 DAS, foram determinados onúmero médio de plantas por metro, de vagem por planta,de grãos por planta e a massa de 100 grãos e o rendimentoem kg ha-1, corrigidos para 13% de umidade.Os resultados obtidos (Tabela 2) foram submetidos à analisede variância e, para a comparação das médias, foi emprega-do o teste de Scott-Knott ao nível de P≤0,05.

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importância do controle da doença ser iniciado tão logo osprimeiros sintomas sejam observados.Embora tenham sido observadas diferenças significativasentre os tratamentos com relação à severidade da doença,não foi possível constatar diferenças significativas nem parao rendimento nem para os seus componentes (Tabela 2).Entretanto, observou-se uma diferença de 278,3 kg/ha defeijão entre o tratamento que apresentou a menor severidadede doença e a testemunha. Entre o florescimento e o final dociclo da cultura, foi observada, em todos os tratamentos,uma intensa desfolhação (Figura 1) diminuindo,conseqüentemente, a área fotossintética e influenciando,negativamente, a fase de enchimento dos grãos.Foi também observada diferença significativa na taxa deinfecção (r) da doença entre os diversos tratamentos. Atestemunha apresentou uma taxa de infecçãosignificativamente maior que os demais tratamentos,demonstrando uma maior velocidade no desenvolvimentoda doença.

Conclusões

1. Os tratamentos 3 e 4 (ver Tabela 1) diferiramsignificativamente dos demais quanto ao controle dadoença, apresentando as menores severidades de mancha-angular e as maiores produções (kg/ha).2. Os tratamentos 2, 5 e 6 apresentaram uma eficiênciasignificativamente menor no controle da doença que ostratamentos acima diferindo, entretanto, significativamenteda testemunha.3. Foi observada uma alta severidade da mancha-angulardurante o estádio de enchimento de grãos, causandoelevada queda de folhas e diminuindo a área fotossintéticadas plantas.4. Não foram observadas diferenças significativas entre ostratamentos para o rendimento e seus componentes.

Fig. 1. Alto índice de desfolha do feijoeiro comum, cultivar BRS Horizonte, 55 dias após a emergência.

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Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Arroz e FeijãoRodovia GO 462 Km 12 Zona RuralCaixa Postal 17975375-000 Santo Antônio de Goiás, GOFone: (62) 35332123Fax: (62) 35332100E-mail: [email protected]

1a edição1a impressão (2006): 1000 exemplares

Presidente: Carlos A. RavaSecretário-Executivo: Luiz Roberto Rocha da Silva

Supervisor editorial: Marina A. Souza de OliveiraRevisão de texto: Vera M. Tietsman SilvaTratamento das ilustrações: Denise Xavier LemesEditoração eletrônica: Denise Xavier Lemes

Comitê depublicações

Expediente

ComunicadoTécnico, 121

CGPE: 5911