microposicionador angular

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA TÉCNICAS DE PROJETO APLICADAS NO DESENVOLVIMENTO DE UM MICROPOSICIONADOR ANGULAR LUCIANA MONTANARI, Eng a . Mecânica Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Jaime Gilberto Duduch, Ph.D. São Carlos - 1999 -

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Tecnicas de proyecto aplicadas en el desenvolvimiento de un microposicionador angular

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA

    TCNICAS DE PROJETO APLICADAS NO DESENVOLVIMENTO DE UM MICROPOSICIONADOR

    ANGULAR

    LUCIANA MONTANARI, Enga. Mecnica

    Dissertao apresentada Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Mecnica

    Orientador: Prof. Jaime Gilberto Duduch, Ph.D.

    So Carlos - 1999 -

  • Aos meus pais Heitor e Zlia,

    aos meus irmos Nelci, Suzelei, Adevair e Geovana

    e a minha sobrinha Anna.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por tudo.

    Ao Prof. Dr. Jaime Gilberto Duduch pela orientao e amizade.

    Ao meu grande amigo e Co-orientador Prof. Juan Carlos Campos

    Rubio (UFMG) pela sugestes, discusses e empenho em ajudar-me em

    toda a realizao desse trabalho.

    Ao Fernando Santoro pelas discusses sobre modelagem e

    simulaes, pela sua pacincia e especialmente pela sua amizade.

    Kelen e Gi por serem grandes amigas e companheiras.

    Ao Prof. Dr. Rosalvo Tiago Ruffino pelas dicas sobre teoria de projeto.

    Aos meus amigos e companheiros de laboratrio Helder, Renato,

    Pagotto e Rogrio pela ajuda e discusses sobre o trabalho, alm de

    proporcionarem um timo ambiente de trabalho.

    Ao Prof. Dr. Arthur Jos Vieira Porto pela ajuda sempre que

    necessria.

    Ao Godoy que ajudou-me, principalmente com problemas

    relacionados a computador e especialmente pelo seu companheirismo.

    Aos meus amigos da ps Fabiana, Rodrigo, Mariano, Volnei, Ana

    Lcia, Marcello (Barata), Marcelo (Barro), Claudio, Z Luiz, Geraldo,

    Celso, Neilor, Teodora, Richard, Panam, Alexandre (Chiquinho), Alexandre,

    Klauss, Dinho, Schammas, Leonardo, Rogrio, Paulo, Jalon, Fabrcio Flores,

    Fabrcio Tadeu, Vagner, Rosenda, Denise, Toddy, Luciano.

    Ao Jos pelas discusses relacionadas a problemas matemticos.

    Ao Deivid e ao Gustavo Cristiano Pereira pela ajuda nos desenhos.

    D. Nilza e Sr. Romualdo pelo carinho e ateno com que me

    receberam e aos deliciosos almoos de domingo.

    s meninas da secretaria, Ana Paula e Beth, pela disposio em

    ajudar-me sempre que necessrio. Em especial Beth pelas suas oraes e

    carinho.

    Ao Fer pela sua amizade e ajuda desde a minha chegada a So

    Carlos.

  • Aos meus amigos do vlei: Marisa, Ceclia, Tati, Sabrina, Cris,

    Juliana, Flvia, Malu, Sissy, Teresinha, Virgnia, Vanessa, Eveline, Virglio,

    James, Batman, Jlio, Tano, Fabiano, Daniel, M, Klein, Marquinhos,

    Pochete, Bisteca e Joel.

    Ao CNPq pelo apoio financeiro concedido durante o desenvolvimento

    deste trabalho.

    Agradecimento especial aos meus pais e irmos pelo incentivo e

    apoio em todos os momentos.

  • Sumrio i

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ......................................................................................iv

    LISTA DE TABELAS ......................................................................................vi

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................vii

    LISTA DE SMBOLOS ..................................................................................viii

    RESUMO ........................................................................................................x

    ABSTRACT ....................................................................................................xi

    1 INTRODUO ..........................................................................................1

    1.1 - Aspectos gerais .........................................................................1

    1.2 - Justificativas ..............................................................................5

    1.3 - Objetivos ....................................................................................6

    2 - REVISO DA LITERATURA .....................................................................9

    2.1 - Projeto .......................................................................................9

    2.1.1 - A histria do projeto em engenharia ...............................9

    2.1.2 - Definies de projeto ....................................................11

    2.1.3 - Mtodos de projeto de engenharia ...............................12

    2.1.4 - Mtodos sistemticos de projeto ..................................14

    2.1.5 - Morfologia do processo de projeto ................................18

    2.1.6 - Modelos prescritivos .....................................................19

    2.1.7 - Uma avaliao crtica dos modelos prescritivos ...........30

    2.1.8 - Um estudo mais profundo do modelo de Krick .............33

    2.1.8.1 - Formulao do problema .....................................34

    2.1.8.2 - Anlise do problema .............................................35

  • Sumrio ii

    2.1.8.3 - Procura de solues .............................................35

    2.1.8.4 - Tomada de deciso ..............................................37

    2.1.8.5 - Especificao da soluo .....................................42

    2.1.9 - Concluso .....................................................................43

    2.2 - Sistemas Posicionadores de Preciso ....................................43

    2.2.1 - Consideraes gerais ...................................................44

    2.2.2 - Classificao dos sistemas de posicionamento ............45

    2.2.3 - Estrutura funcional de um posicionador ........................46

    2.2.4 - Componentes de um posicionador ...............................48

    2.2.4.1 - Guias de movimento ............................................49

    2.2.4.2 - Transmisses mecnicas conversoras ................55

    2.2.4.3 - Acionamento .......................................................58

    2.2.4.4 - Sensores ..............................................................63

    2.2.5 - Concluso .....................................................................70

    3 - METODOLOGIA DE PROJETO ..............................................................71

    3.1 - A escolha do modelo ...............................................................71

    3.2 Anlise tcnica ..........................................................................72

    3.2.1 - Procura de solues ....................................................72

    3.2.2 - Princpio de funcionamento...........................................74

    3.2..3 - Anlise de valor ............................................................75

    4 MODELAGEM CINEMTICA .................................................................79

    4.1 Introduo ................................................................................79 4.2 Definio de Matriz de Transformao Homognea ...............79

    4.2.1 - Movimento de translao ..............................................81

    4.2.2 - Movimento de rotao ..................................................83

  • Sumrio iii

    4.3 - Descrio do mecanismo ........................................................86

    4.4 - Sistema de coordenadas cartesianas .....................................87

    4.5 - Anlise cinemtica ...................................................................89

    4.6 - Descrio dos movimentos para os atuadores .......................89

    4.6.1 - Atuador B ......................................................................90

    4.6.2 - Atuador A ......................................................................94

    4.6.3 - Atuador C ......................................................................98

    5 SIMULAES ......................................................................................105

    6 - CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .......114

    BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................118

    APNDICE Desenhos do microposicionador angular

  • Lista de Figuras iv

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1.1 O desenvolvimento da usinagem no sculo XX (TANIGUCHI,

    1983) .........................................................................................2

    FIGURA 1.2: Esquema da localizao do posicionador. ................................7

    FIGURA 2.1 Representao de um sistema .............................................16

    FIGURA 2.2 Decomposio da caixa preta ...............................................16

    FIGURA 2.3 Modelo de Watts (EVBUOMWAN et al., 1996) .....................22

    FIGURA 2.4 Modelo de Marples (EVBUOMWAN et al., 1996) .................23

    FIGURA 2.5 Modelo de Archer (EVBUOMWAN et al., 1996) ....................24

    FIGURA 2.6 - Modelo de Krick .....................................................................25

    FIGURA 2.7 Modelo de Nigel Cross ..........................................................26

    FIGURA 2.8 Modelo de French (EVBUOMWAN et al., 1996) ...................28

    FIGURA 2.9 Modelo VDI 2221 (MARIBONDO et al., 1998) ......................30

    FIGURA 2.10 Modelo de Krick ..................................................................34

    FIGURA 2.11 Passos da avaliao das variantes .....................................40

    FIGURA 2.12 - Estrutura funcional de um posicionador ..............................47

    FIGURA 2.13 Curvas caractersticas de atrito em guias (LICHTBLAU,

    1989) .......................................................................................50

    FIGURA 2.14 (a) Esquema construtivo de um PZT (PHYSIK

    INSTRUMENTE, 1992); (b) Tipo de PZT comercial ................62

    FIGURA 2.15 Princpio operacional de um laser interferomtrico

    (TAVARES, 1995) ...................................................................67

    FIGURA 2.16 Interfermetro de Michelson ...............................................68

    FIGURA 2.17 Interfermetro de Fizeau .....................................................69

    FIGURA 3.1 - Tipos construtivos de posicionadores angulares - (a) cunha de

    encosto angular, (b) cunha de apoio semi-esfrico, (c)

    transmisso por came, (d) posicionador micromtrico

    diferencial, (e) transmisses rotativas, (f) plataforma de Stewart

    ..................................................................................................73

    FIGURA 4.1 Sistema de coordenadas cartesianas ...................................80

  • Lista de Figuras v

    FIGURA 4.2 Rotao do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo XR ........83 FIGURA 4.3 Rotao do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo YR ........84 FIGURA 4.4 Rotao do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo ZR .........85 FIGURA 4.5 Esquema do posicionador angular ........................................86

    FIGURA 4.6 Sistema absoluto de coordenadas OXYZ, segundo a regra da

    mo direita ...............................................................................87

    FIGURA 4.7 - Posio do sistema absoluto de coordenadas OXYZ no

    posicionador ............................................................................88

    FIGURA 4.8 Posicionador na posio inicial .............................................88

    FIGURA 5.1 Esquema do posicionador mostrando os ngulos de rotao

    em torno de X e Y ...............................................................105

    FIGURA 5.2 Variao dos ngulos 1 e 2 ..............................................106 FIGURA 5.3 Fixao do ngulo 2 e variao do ngulo 1 .....................108 FIGURA 5.4 Fixao do ngulo 1 e variao do ngulo 2 .....................109 FIGURA 5.5 Posio inicial do posicionador no referencial relativo ........110

    FIGURA 5.6 Variao dos ngulos 1 e 2 para l=60 mm ........................111 FIGURA 5.7 Fixao do ngulo 2 e variao do ngulo 1 para l=60 mm

    .............................................................................................112

    FIGURA 5.8 Fixao do ngulo 1 e variao do ngulo 2 para l=60 mm .............................................................................................113

  • Lista de Tabelas vi

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 2.1 Determinao do valor global (HNHE, 1990b) ...................42

    TABELA 2.2 Comparao entre guias de preciso ...................................52

    TABELA 2.3 Caractersticos tcnicos de mancais de preciso .................55

    TABELA 2.4 Propriedades das caractersticas de diferentes fusos (WECK

    et al., 1998) ..............................................................................58

    TABELA 2.5 Dados comparativos de sistemas de medio (TAVARES,

    1995) .......................................................................................66

    TABELA 3.1 - Fatores de importncia ..........................................................76

    TABELA 3.2 Determinao do valor global do posicionador .....................77

  • Lista de Abreviaturas e Siglas vii

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CNC Comando numrico computadorizado

    IC - Circuitos integrados

    PZT - Atuadores piezoeltricos

    VDI - Verein Deutscher Ingenieure

  • Lista de Smbolos viii

    LISTA DE SMBOLOS

    A - amplitude

    d translao do ponto central do posicionador na direo Z

    dA deslocamento do atuador A

    dB - deslocamento do atuador B

    dC deslocamento do atuador C

    Dm, Dn decises

    E - ambiente particular

    i = variante

    i

    - vetor unitrio da direo X

    j = critrio

    j

    - vetor unitrio da direo Y

    k

    - vetor unitrio da direo Z

    l distncia dos atuadores ao centro do mecanismo

    n = nmero de critrios

    N - fatores externos

    Owvj = valor global

    P - exigncias do projeto

    Ra rugosidade mdia

    v - velocidade de movimento

    vij = sub-valor da variante i em relao ao critrio j

    vmax = valor mximo de todas as variantes

    wi = peso i-simo do critrio j

    Xi = valor global segundo o valor mximo

    XL, YL, ZL - coordenadas do sistema de referncia

    XR, YR, ZR - coordenadas do sistema absoluto

    - comprimento de onda A - coeficiente de atrito 1 giro em torno do eixo X 2 giro em torno do eixo Y

  • Lista de Smbolos ix

    - produto final - freqncia

  • Resumo x

    RESUMO

    MONTANARI, L. (1999). Tcnicas de projeto aplicadas no desenvolvimento de um microposicionador angular. 126p. Dissertao (Mestrado)

    Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.

    Para se obter alto desempenho em mquinas-ferramenta de

    ultrapreciso, so necessrios o desenvolvimento de sistemas de

    posicionamento e o controle de movimento, os quais no raramente devem

    operar com resoluo e repetibilidade na faixa submicromtrica. A utilizao

    das modernas tcnicas de metodologia de projeto auxiliam no

    desenvolvimento deste tipo de sistema. Neste trabalho so discutidas e

    analisadas as diversas alternativas disponveis para os elementos

    constituintes do sistema de posicionamento. Aspectos crticos como

    cinemtica, acionamento, guias e apoios so estudados e confrontados

    usando o mtodo de anlise de valor. E baseados no resultado do estudo

    prvio, obtm-se um sistema hbrido para microposicionamento angular de

    alta rigidez e ampla largura de banda, capaz de posicionar uma superfcie

    com resoluo angular inferior a 4.10-5 graus. Atravs das tcnicas de

    modelagem, pode-se verificar a funcionalidade desse sistema projetado,

    quanto ao seu comportamento esttico e dinmico. Uma modelagem

    cinemtica apresentada com o objetivo de auxiliar na veracidade do

    projeto do posicionador angular, atravs da qual pretende-se observar a

    influncia de cada ponto de apoio no posicionamento final. So

    apresentados os resultados obtidos em simulaes numricas, as quais

    constatam no s o prprio desempenho do posicionador, como tambm, a

    validade da tcnica utilizada.

    Palavras-chave: projeto; ultrapreciso; microposicionamento; atuadores;

    cinemtica.

  • Abstract xi

    ABSTRACT

    MONTANARI, L. (1999). Design techniques applied to development of an angular micro-positioner. 126p. Dissertao (Mestrado) Escola de

    Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.

    In order to achieve high performance in ultra-precision machine tools,

    appropriate capability is required of motion control and positioning systems

    which have to operate at resolutions and repeatability in the sub-micrometre

    range. Machining may reach high levels of precision through the use of

    suitable sensors, actuators and controllers so that the development of micro-

    positioner with low backlash, high bandwidth and accuracy is a crucial aspect

    of high precision machining technology. Modern design techniques can

    greatly assist in the development and design of such systems. In this work,

    several design options for the elements of a positioning system are

    discussed and analysed. Critical aspects such as kinematics, driving and

    bearings are studied and compared using the value analysis method. A

    hybrid system based upon the results of this study is proposed which

    combines the best characteristics of each design option. The system

    possesses the capability of positioning a workpiece and/or tool angularly

    and/or linearly (micro-tilt stage) with a resolution better than 4 10-5 arc degree

    and high stiffness and bandwidth. Through modelling techniques, it is

    possible to verify the static and dynamic behaviour of the system. A

    kinematics model of the micro-tilt stage is presented in order to establish a

    relationship between the displacement of the actuators and the final position

    of the stage. It is anticipated that such an approach will be required in respect

    of interferometric feedback control. Simulations of the model are performed

    showing that the technique applied is valid and the system fulfils the

    requirements for ultra-precision design.

    Keywords: design; ultra-precision; micro-positioning; actuators; kinematics

  • Captulo 1 1

    CAPTULO 1

    INTRODUO

    1.1 Aspectos gerais

    Indstrias de alta tecnologia como as de informtica, microeletrnica,

    ptica e mecnica de preciso tm procurado desenvolver constantemente

    pesquisas em diversas reas como as dos materiais, de instrumentao, de

    controle e fabricao, no intuito de produzir componentes e equipamentos

    cada vez mais precisos e de melhor qualidade.

    Um fator de grande importncia para a produo de diversos

    componentes, tem sido o significativo desenvolvimento que equipamentos de

    fabricao e instrumentos de medio de preciso tm alcanado nas

    ltimas dcadas. TANIGUCHI (1983) analisou historicamente este

    desenvolvimento e extrapolou para o futuro sua provvel tendncia. Estas

    informaes foram sintetizadas em um diagrama reproduzido na FIGURA

    1.1, onde so apresentados tambm diversos equipamentos de fabricao e

    instrumentos de medio que atuam em diferentes graus de exatido.

    Particularmente, nestes ltimos quinze anos, ocorreu nas mais diversas

    reas da cincia e da tecnologia, o surgimento da nanotecnologia, onde a

    grandeza fsica na qual se trabalha da ordem de 10-9 m (IKAWA et al.,

    1987; TANIGUCHI, 1992 & PENTEADO, 1996). Essa busca incessante da

    perfeio uma caracterstica inerente da engenharia de preciso, o que

  • Captulo 1 2

    torna inevitvel que os equipamentos de preciso de hoje venham a se

    tornar os equipamentos comuns do futuro (WATANABE, 1992).

    FIGURA 1.1 O desenvolvimento da usinagem no sculo XX (TANIGUCHI,

    1983)

    medida que as caractersticas metrolgicas e de acabamento

    superficial tornam-se mais crticas, o desempenho da mquina-ferramenta

    cresce em importncia. Desta forma, quando ingressamos no campo da

    mecnica de preciso, o desempenho desejado das mquinas-ferramenta

    destinadas fabricao de componentes de elevada preciso de forma e

    rugosidade superficial (na faixa de 10 nm Ra; como por exemplo, moldes

    para lentes, discos de memria de computador, lentes e espelhos para

    sistemas pticos), demandam a utilizao de mquinas com melhor preciso

    de posicionamento (DOWN et al.,1991; HARA et al., 1990 & IKAWA et al.,

    1991). Uma exigncia muito comum para a obteno de espelhos para

  • Captulo 1 3

    sistemas pticos a necessidade de movimentos com resoluo de 0,01 m livres de folga, num curso aproximado de 1-2 mm para cargas entre 20 a

    2000 N (LANGENBECK, 1992). Dentro das modernas tcnicas de

    manufatura, existe ainda, a produo de tecnologia de circuitos integrados

    (IC), que exige geometria submicromtica com resoluo de posicionamento

    na ordem de 0,1 m (TAYLOR & TU, 1996).

    O crescente aumento nas exigncias em relao preciso de forma

    e qualidade superficial de elementos pticos e em geral, dentro da classe de

    mecnica de preciso, exige-se um constante aperfeioamento no

    desempenho das mquinas-ferramenta para a usinagem de ultrapreciso.

    Estas mquinas, apesar de apresentarem um desempenho

    excepcional com relao preciso e tambm produtividade, ainda so

    desenvolvidas de acordo com os conceitos bsicos de projeto mecnico,

    onde a grande diferena se encontra na preciso com que cada componente

    fabricado individualmente (PURQUERIO et al., 1994).

    Na fabricao de ultrapreciso, como no caso de componentes para

    aplicaes em equipamentos mecnicos, pticos e eletrnicos so

    necessrias mquinas que apresentam rigidez e preciso de posicionamento

    que garantam a qualidade nanomtrica. Seu elevado grau de

    desenvolvimento tem sido alcanado atravs de grandes esforos cientficos

    e tecnolgicos, tanto no setor acadmico quanto no industrial

    (SCHROETER, 1997).

    Os elementos mecnicos bsicos que compem uma mquina de

    ultrapreciso so os responsveis diretos pela qualidade da usinagem.

    Devem apresentar elevada preciso, rigidez esttica adequada e

    estabilidade dimensional, a fim de minimizar toda e qualquer fonte de erro.

    Essas caractersticas podem ser obtidas atravs da concepo correta do

    projeto e da definio dos materiais utilizados.

  • Captulo 1 4

    Movimentos relativos indesejveis entre a pea e a ferramenta

    provocados por erros na rvore ou nas guias, variaes no avano,

    comportamento trmico da mquina, deformaes da estrutura devido ao

    peso prprio ou foras de usinagem, assim como comportamento dinmico

    relacionado vibraes e outros fatores, podero ter grande influncia sobre

    a rugosidade, qualidade dimensional ou de forma da pea produzida

    (KANIZAR et al, 1996). Devido a isto, uma mquina-ferramenta de usinagem

    para ser classificada como de ultrapreciso, deve possuir caractersticas

    peculiares de extrema importncia. Estas caractersticas so: elevada

    rigidez, isolamento de vibraes, estabilidade trmica, preciso de

    posicionamento (repetibilidade e resoluo), alto grau de retilineidade das

    guias, entre outras (SCHROETER, 1997).

    Desta forma, para que determinada mquina possa operar na faixa

    submicromtrica, so necessrias modificaes que muitas vezes tornam

    este processo altamente dispendioso, sendo ainda, economicamente

    invivel.

    O principal objetivo almejado para a melhoria do desempenho das

    mquinas-ferramenta de preciso a gerao de deslocamentos relativos

    entre ferramentas e peas o mais prximo possvel do planejado. Neste

    sentido, as mquinas-ferramenta para usinagem de ultrapreciso necessitam

    de sistemas de posicionamento de alta resoluo, assim como de sistemas

    de correo de erros necessrios para corrigir erros provindos dos seus

    elementos constituintes. Esta uma das maneiras mais direta de se

    alcanar a preciso desejada, sem dispor de grandes recursos econmicos.

    Os avanos em sistemas de microposicionamento surgem, na maioria

    das vezes, apoiados em desenvolvimentos de sensores de posio e na

    tecnologia de software de controle. O controle de posio realizado atravs

    do uso de atuadores piezoeltricos, os quais possuem resoluo

    extremamente fina, mas com alcance limitado. Sistemas projetados com

    sensores de posio apropriados e avanadas estratgias de controle

  • Captulo 1 5

    podem reduzir erros tpicos de movimento a um nvel abaixo de 4,5 nm

    (OTSUKA, 1992). Segundo ISHIHARA (1991), atravs do desenvolvimento

    da tecnologia, os motores lineares so aplicados em sistemas de

    posicionamento, aumentando tambm as aplicaes em circuitos integrados.

    Atuadores de movimento mais radicais como o piezoeltrico e atuadores

    lineares ultrasnicos sero indubitavelmente desenvolvidos no futuro,

    juntamente com a tecnologia dos microposicionadores (TOJO & SUGIHARA,

    1989).

    Em adio aos atuadores de movimento, o controle de

    microposicionadores exigem sensores de posio de alto desempenho. Os

    codificadores pticos tradicionais so tipicamente substitudos por

    interfermetros a laser (STEINMERTZ, 1990).

    1.2 - Justificativas

    Nos ltimos anos, diversos posicionadores de alta preciso tm sido

    desenvolvidos. A configurao mais tradicional consiste em dois sistemas de

    posicionamento translativos montados ortogonalmente, onde cada eixo

    controlado independentemente.

    Com o intuito de inovar os sistemas posicionadores existentes em

    mquinas e equipamentos de ultrapreciso, proporcionando movimentos

    angulares com resoluo submicromtrica, este trabalho trata do projeto de

    um microposicionador angular, atravs da utilizao de modernas tcnicas

    de projeto, visando alcanar o desempenho otimizado num arranjo o mais

    simplificado possvel.

    Foi feito um levantamento bibliogrfico da teoria de Projeto,

    observando suas metodologias e modelos a fim de encontrar algumas das

  • Captulo 1 6

    possveis alternativas dos elementos constituintes de sistemas

    posicionadores, com o intuito de obter xito na resoluo do problema, de

    uma forma cientfica.

    1.3 - Objetivos

    Este trabalho tem como objetivo desenvolver um microposicionador

    capaz de movimentar-se angularmente, seguindo passo a passo as tcnicas

    de projeto.

    Prope-se a utilizao de sistemas de microposicionamento

    modulares de alta resoluo, capazes de posicionar elementos nas

    mquinas com um alto grau de exatido e rapidez, auxiliando tanto no

    posicionamento relativo ferramenta/pea como na compensao de erros

    sistemticos presentes. Para tanto, so abordados aspectos do projeto e

    construo de um sistema de microposicionamento angular de alta rigidez e

    ampla largura de banda, capaz de posicionar uma superfcie com uma

    resoluo angular inferior a 4.10-5 graus.

    prevista a utilizao desse sistema de microposicionamento no

    torno CNC (ASG 2500 Rank Pneumo do Laboratrio de Ultrapreciso da

    EESC USP), como pode ser observado pelo esquema de localizao da

    FIGURA 1.2.

  • Captulo 1 7

    O desenvolvimento deste trabalho conta com o desenvolvimento de

    captulos da seguinte forma.

    No Captulo 2 so abordados alguns aspectos gerais sobre projeto.

    So definidos conceitos, mtodos, metodologia e modelos de projeto. Dentre

    eles ser escolhido o meio mais adequado para se desenvolver um

    microposicionador. Dentro deste captulo, ainda so abordados aspectos

    gerais relativos aos sistemas posicionadores e seus elementos constituintes.

    O Captulo 3 define uma metodologia de projeto e os parmetros a

    serem utilizados neste desenvolvimento, e ainda, so caracterizados

    diversos princpios de funcionamento para posicionadores angulares

    presentes na literatura. Dentre os vrios tipos construtivos abordados, um

    levantamento das caractersticas intrnsecas de cada um permite uma

    anlise tcnica detalhada da alternativa de maior viabilidade. Seguindo isso,

    ser feita a tomada de deciso, a fim de obter o microposicionador mais

    adequado para a tarefa.

    FIGURA 1.2 - Esquema da localizao do posicionador

  • Captulo 1 8

    No Captulo 4 apresentada uma modelagem cinemtica do

    microposicionador selecionado, visando obter uma ferramenta matemtica

    que permita verificar e efetivar a sua funcionalidade.

    No Captulo 5 apresentada uma simulao numrica.

    No Captulo 6 so apresentadas as concluses e propostas para

    trabalhos futuros.

  • Captulo 2 9

    CAPTULO 2

    PROJETO E

    SISTEMAS POSICIONADORES DE PRECISO REVISO DA LITERATURA

    2.1 Projeto

    Neste item, atravs da reviso da literatura pertinente a todo o

    contexto da teoria de projeto, foi feito um levantamento da histria do projeto

    em engenharia, bem como suas definies, mtodos, modelos, entre outros;

    os quais podem ser perfeitamente observados a seguir.

    2.1.1 A histria do projeto em engenharia

    O homem, desde seus primrdios, revelou-se muito astuto nas lutas e batalhas ferozes para sobreviver. No somente dominou seus inimigos

    naturais como tambm a certo ponto, dominou a prpria natureza. Isto

    porque comeou a moldar e usar, de forma apropriada, os recursos que a

    natureza colocava a sua disposio. Aprendeu a modificar seu meio

    ambiente de forma a adequ-lo s suas necessidades e obter vantagens

  • Captulo 2 10

    sobre outras criaturas. Desta forma, o homem tem estado, em todas as

    pocas, melhorando seus meios de sobrevivncia (QUIRINO, 1996).

    A engenharia, como hoje se apresenta, basicamente a resultante de

    dois processos histricos que por muito tempo evoluram parte, sem

    qualquer relao entre si. De um lado, o aparecimento gradual, atravs dos

    sculos, de um especialista na soluo de problemas cuja ocupao era

    criar dispositivos, estruturas e processos de utilidades para o homem,

    melhorando seus meios de sobrevivncia. De outro, a rpida e recente

    expanso dos conhecimentos cientficos.

    Assim permaneceu a engenharia por muitos sculos, a acumular, pela

    simples experincia, os conhecimentos necessrios soluo de seus

    problemas. Com a Renascena, o nvel de aprimoramento aumentou.

    Entretanto, durante o perodo de desenvolvimento da mquina a vapor, no

    sculo XVIII, os criadores de mquinas e estruturas baseavam-se

    principalmente de conhecimentos empricos e da sua capacidade criativa,

    mas muito pouco da cincia (KRICK, 1970).

    No sculo XIX, os engenheiros reconheceram as potencialidades das

    novas descobertas da cincia, na soluo de inmeros problemas da

    humanidade, e comearam a tirar proveito delas.

    Atualmente, para a soluo dos inmeros problemas da humanidade,

    aplicam-se conhecimentos mediante uma metodologia que compreende

    matemtica, computao, processos grficos e outros. Para chegar ao

    sistema desejado, os engenheiros utilizam um processo denominado

    projeto. A importncia do projeto na engenharia foi claramente identificada e publicada por FEILDEN (1963) apud WALLACE & BURGESS (1995) e,

    desde ento, vem sendo repetida por todos os pesquisadores relacionados

    rea.

  • Captulo 2 11

    2.1.2 Definies de projeto

    Muitos projetistas, engenheiros e pesquisadores, atravs da

    observao e experincia, expressam seus pontos de vista na definio de

    projeto ou o que eles consideram ser o projeto. Alguns destes pontos de

    vista so apresentados a seguir.

    FEILDEN apud EVBUOMWAN et al. (1996): Projeto de engenharia faz uso

    de princpios cientficos, informaes tcnicas e define uma estrutura

    mecnica, mquina ou sistema para representar funes especficas com a

    mxima economia e eficincia.

    FINKELSTEIN & FINKELSTEIN apud EVBUOMWAN et al. (1996): Projeto

    o processo criativo que comea com uma exigncia e acaba com a definio

    de um sistema, utilizando um mtodo na realizao dessa definio.

    LUCKMAN apud EVBUOMWAN et al. (1996): Projeto o principal passo

    em direo ao controle do seu ambiente. O processo de projeto a

    translao de informaes na forma de exigncias em solues potenciais,

    para encontrar as caractersticas exigidas.

    ARCHER apud EVBUOMWAN et al. (1996): Projeto envolve um modelo

    com inteno de concretizar na presena de um passo criativo.

    ASIMOW (1968); BACK (1983) e SUH (1990): Projeto de engenharia uma

    atividade orientada para o atendimento das necessidades humanas,

    principalmente daquelas que podem ser satisfeitas por fatores tecnolgicos

    de nossa cultura.

    As definies de projeto, dadas acima, refletem os vrios pontos de

    vista dos autores. Em geral, certas frases e palavras-chave podem ser

    comuns. Por exemplo, exigncias, solues, especificaes, criatividade,

    restries, princpios cientficos, informaes tcnicas, entre outras. Fazendo

    uso dessas palavras-chave, projeto pode ser descrito como:

  • Captulo 2 12

    O processo de estabelecimento de exigncias baseadas nas

    necessidades humanas, transformando as especificaes e funes

    (assunto ou restries) que so mapeadas em solues de projeto (usando

    criatividade, princpios cientficos e conhecimentos tcnicos) e que podem

    ser economicamente produzidas (EVBUOMWAN et al. 1996).

    O processo de projeto envolve a definio do problema; a aplicao

    de conhecimentos e da capacidade criadora concepo de solues

    alternativas; a previso do desempenho dessas solues; a tomada de

    decises; a especificao da soluo escolhida e uma grande variedade de

    outras atividades.

    A engenharia est fortemente relacionada com projetos. O que

    distingue um projeto de engenharia de outros tipos de projetos a extenso

    da contribuio dos fatores tecnolgicos utilizados na sua elaborao.

    2.1.3 Mtodos de projeto de engenharia

    A atividade de projeto de engenharia, embora representada por

    muitos sculos, praticamente no teve qualquer estrutura ou organizao.

    Foi somente depois da metade deste sculo que houve uma tentativa para

    dar mais formalismo ao caminho para se chegar ao projeto, atravs dos

    mtodos de projeto.

    O surgimento dos mtodos de projeto se deu por volta dos anos de

    1950 e 1960, como um desejo de se obter projetos de um modo mais

    cientfico. Os mtodos cientficos surgiram para resolver os tipos mais

    urgentes de problemas, como os decorrentes da Segunda Guerra Mundial -

    chegando ao controle da tcnica de tomada de deciso e ao

    desenvolvimento de tcnicas criativas nos anos de 50 (CROSS, 1993 &

    SUH, 1990).

  • Captulo 2 13

    O surgimento de novos mtodos de projeto desencadeou uma srie

    de conferncias nos anos de 1960 a 1980 - Londres, 1962 (Jones e

    Thornley, 1963); Birmingham, 1965 (Gregory, 1966); Portsmouth, 1967

    (Broadbent e Ward, 1969); Cambridge, Mass., 1969 (Moore, 1970); Londres,

    1973; New York 1974 (Spillers, 1974); Berkeley, Calif., 1975, Portsmouth

    novamente em 1976 (Evans et al., 1982) e mais uma vez em 1980 (Jacques

    e Powel, 1981) CROSS (1993).

    Os primeiros livros de mtodos ou metodologias de projeto tambm

    surgiram neste perodo - ASIMOW (1962), ARCHER (1965), JONES (1970)

    e BROADBENT (1973), juntos com os primeiros livros de criatividade de

    projeto - GORDON (1961) e OSBORN (1963).

    As metodologias de projeto foram sendo desenvolvidas ao longo dos

    anos, com a inteno de ...satisfazer as necessidades de ensino em projeto,

    organizao de projeto, proviso de auxlio ao trabalho dos projetistas e

    automao das informaes de projeto (FINKELSTEIN & FINKELSTEIN,

    1983). Todas elas sugerem um fluxo de atividades com base em etapas, que

    devem ser seguidas pelo projetista para que se possa, a partir da definio

    da lista de requisitos de projeto, encontrar uma soluo adequada para o

    problema em estudo. De uma forma geral, todas elas procuram levantar as

    demandas, estabelecer os requisitos de projeto, desenvolver o projeto

    conceitual, o projeto preliminar, o projeto detalhado e, assim, chegar

    soluo do problema (MARIBONDO et al., 1998).

    Metodologia de projeto definida como o estudo dos princpios,

    prticas e procedimentos de projeto. Segundo CROSS (1984), metodologia

    de projeto, inclui ainda, o estudo do trabalho de projeto, a estabilidade das

    estruturas apropriadas para o processo do projeto, o desenvolvimento e

    aplicao de novos mtodos de projeto, tcnicas e procedimentos, reflexo

    da natureza de aplicao e extenso do conhecimento dos problemas de

    projeto.

  • Captulo 2 14

    Existem muitos caminhos para encontrar a soluo do problema em

    estudo, ou seja, uma aproximao sistemtica do projeto definitivo. Cada

    projetista tem um critrio particular para esta fase, pois cada problema pode

    ter seu mtodo especfico de soluo (RUFFINO, 1991).

    2.1.4 Mtodos sistemticos de projeto

    Todas as tcnicas desenvolvidas nesta rea de metodologia de

    projeto so mtodos sistemticos para resoluo de problemas, no

    somente para auxiliar na sntese de novos projetos, mas tambm para

    melhorar os projetos existentes (McKEOWN, 1988). Pode-se destacar

    algumas destas tcnicas desenvolvidas:

    1. rvores de deciso - a partir de um problema surgem diversos

    subproblemas, isto , idias para resoluo desse problema. E assim

    sucessivamente at chegar soluo ideal do problema inicial

    (ASIMOW, 1968).

    2. Mtodo morfolgico O mtodo se baseia em uma carta morfolgica ou

    matriz de projeto e somente produz efeito no estgio de apresentao de

    idias alternativas. Para usar esta matriz de projeto, com este objetivo,

    de fundamental importncia que o projetista tenha estabelecido suas

    especificaes (RUFFINO, 1991).

    3. Sinergia - o termo sinergia foi adotado para a traduo de Synectics. Este

    mtodo tem-se mostrado bastante eficiente em produzir boas invenes

    e aplicvel em problemas complexos e abstratos. A sinergia foi

    desenvolvida como uma deliberada imitao do modo como a mente de

    um indivduo trabalha quando est na sua melhor forma. O mtodo

    comprime este trabalho num perodo de tempo mais curto, forando

  • Captulo 2 15

    idias e associaes em vez de esperar que surjam espontaneamente

    (BACK, 1983).

    4. PABLA (Problem Analysis by Logical Approach) Este mtodo baseia-se

    no preenchimento de quatro cartas, obrigando com isto o projetista a

    percorrer todas as fases do processo de projeto, o que deve conferir uma

    correta atitude para a sua soluo. Com isto, evita-se tambm a

    tendncia do projetista de, na primeira fase do projeto, tomar o lpis e

    comear a desenhar (RUFFINO, 1991).

    5. Tcnica de Inteligncia Artificial a aplicao da tcnica de redes

    neurais artificiais na resoluo de problemas, principalmente em projetos

    de automao (SMITH & BROWNE, 1993).

    6. Anlise de valor o mtodo que aplica uma anlise altamente tcnica e

    lgica com o objetivo de se chegar na melhor soluo de um problema de

    projeto.

    7. Brainstorming - esta tcnica foi introduzida por Alex Osborn em 1939. A

    tcnica baseada no princpio de associao e tem como objetivo bsico

    estimular um grupo de pessoas a detectar problemas ou produzir idias e

    solues para questes existentes de maneira rpida e direta (BACK,

    1983).

    8. Inverso - o mtodo consiste em observar um problema complexo de

    uma forma diferente da tradicional, ou seja, de modo invertido. Neste

    mtodo, as palavras usadas so: inverter de posio, inverter os

    movimentos, de dentro para fora, de modo a obter outras idias (BACK,

    1983).

    9. Analogia - solues de problemas so sugeridas muitas vezes a partir de

    situaes anlogas e encontradas na natureza e mesmo na literatura

    (BACK, 1983).

  • Captulo 2 16

    10. Tcnica da caixa preta - consiste na anlise de um sistema que tenha

    uma certa entrada e que se requer uma determinada sada, como pode

    ser observado na FIGURA 2.1. Supe-se que no se conhea o

    mecanismo que efetua esta operao, mas podem-se desenvolver

    subsistemas e componentes (BACK, 1983). Trabalhando a partir dos

    extremos para o meio da caixa, o problema inicial pode ser redefinido,

    como mostra a FIGURA 2.2.

    CAIXAPRETAentrada sada desejada

    (a) (b) sadaentrada

    11. Fantasia consiste em imaginar solues que adotam coisas irreais ou

    processos sobrenaturais (BACK, 1983).

    12. Empatia significa identificar-se pessoalmente ou sentir por outro. Esta

    tcnica freqentemente usada em relaes humanas e significa

    colocar-se no lugar de outra pessoa. O termo tambm pode ser adotado

    no ato de identificar-se com coisas, partes ou processos que se pretende

    desenvolver ou projetar (BACK, 1983).

    Sem dvida existem vantagens e desvantagens em cada uma destas

    tcnicas, mas pode-se dizer que, de uma forma geral, elas ajudam os

    FIGURA 2.1 Representao de um sistema

    FIGURA 2.2 Decomposio da caixa preta

  • Captulo 2 17

    projetistas a tomar as melhores decises em todos os estgios do processo

    de projeto, envolvendo assim, todas as causas. Esses mtodos exigem que

    muitos projetistas tomem parte simultnea no processo de projeto e

    asseguram a responsabilidade tanto na recuperao quanto na produo de

    projeto. Um possvel perigo atravs do uso de metodologia de projeto que,

    se no tratado cuidadosamente, pode sufocar a intuio e a criatividade.

    A tcnica de anlise de valor , provavelmente, o desenvolvimento

    mais importante nesta categoria, por ser uma anlise extremamente tcnica

    e lgica. Qualquer projeto que no for submetido a uma anlise de valor

    apresenta baixo nvel de qualidade (McKEOWN, 1988). A principal funo da

    aplicao da tcnica de anlise de valor analisar um projeto

    detalhadamente e fazer as mudanas convenientes que resultam em grande

    eficincia. Essa anlise pode ser realizada atravs da aplicao de conceitos

    matemticos.

    Neste trabalho, prope-se a definio de uma metodologia de projeto

    para sistemas de microposicionamento de alta resoluo. Viu-se a

    necessidade de se aplicar uma anlise tcnica e lgica para obteno do

    microposicionador angular com a melhor funcionalidade e desempenho

    dinmico possvel. Este posicionador deve ser capaz de posicionar

    elementos nas mquinas com alto grau de exatido e rapidez, auxiliando

    tanto no posicionamento relativo ferramenta/pea como na compensao de

    erros sistemticos presentes no sistema dinmico, atenuando distrbios

    presentes no processo de corte (MONTANARI et al., 1998). Trata-se,

    portanto, de um sistema complexo que engloba vrios parmetros tcnicos.

    De acordo com a literatura, so caracterizados diversos princpios de

    funcionamento para microposicionador angular. Dentre os vrios tipos

    construtivos em estudo, um levantamento das caractersticas intrnsecas de

    cada um permite uma anlise tcnica detalhada da alternativa de maior

    viabilidade.

  • Captulo 2 18

    Como forma de auxiliar na tomada de deciso, ser utilizado o

    mtodo de anlise de valor, j que esta tcnica oferece os recursos

    fundamentais para se obter com sucesso a resoluo do problema. Aspectos

    como cinemtica, acionamento, guias e apoios so estudados e

    confrontados.

    2.1.5 Morfologia do processo de projeto

    O projeto de um componente ou de um sistema apresenta, em cada

    caso, caractersticas e peculiaridades prprias. medida que um projeto

    iniciado e desenvolvido, desdobra-se uma seqncia de eventos em ordem

    cronolgica, formando um modelo que sempre ser comum a todos os

    projetos (ASIMOW, 1968). Estes eventos de projeto so, de forma geral,

    distintos e devem ser seqenciados e encaixados de modo a transformar

    recursos em objetos teis.

    Os modelos de projeto so representaes de filosofias ou

    estratgias, propostas para mostrar como pode ser feito o projeto. De acordo

    com os pontos de vista filosficos, existem duas classes principais de

    modelos de projeto, chamadas modelos descritivos e modelos prescritivos.

    Os modelos prescritivos tendem a olhar o projeto atravs de uma

    perspectiva global, adotando um procedimento e seguindo-o passo a passo.

    Os modelos descritivos envolvem as aes e as atividades dos projetistas

    durante a execuo do projeto (EVBUOMWAN et al., 1996).

    Mais recentemente, outros grupos de modelos conhecidos como

    modelos computacionais tm comeado a despontar. Esses modelos usam

    tcnicas computacionais numricas e qualitativas e tcnicas de inteligncia

    artificial.

  • Captulo 2 19

    Considerando o projeto de um microposicionador angular para

    mecnica de preciso, ser adotado o modelo prescritivo. Esta escolha

    justificada pelo fato desse modelo analisar o problema apresentado de uma

    forma global e apresentar um algoritmo sistemtico para a elaborao do

    projeto, onde todo o procedimento a ser seguido especificado passo a

    passo antes de se iniciar a execuo do processo de projeto. Enquanto no

    modelo descritivo, como comentado, so tomadas atitudes durante a

    execuo do processo de projeto. Ainda no h a necessidade de utilizar

    recursos dispendiosos, tais como nos modelos computacionais, onde neste

    caso, so utilizados computadores mais avanados, software, programas de

    clculos, etc.

    2.1.6 Modelos prescritivos

    Esses modelos, em geral, tendem a prescrever o processo de projeto

    de uma forma global, sugerindo o melhor caminho para a sua execuo.

    Eles usualmente oferecem um algoritmo sistemtico para proceder na

    execuo do projeto, atravs de uma metodologia particular.

    A seguir so apresentados alguns modelos prescritivos, com suas

    principais caractersticas. Dentre estes, ser escolhido o modelo que mais se

    adequa realizao do projeto do microposicionador angular proposto.

    Modelo de J. C. Jones

    O modelo de Jones constitudo basicamente por trs estgios:

    anlise, sntese e evoluo do problema. O primeiro estgio engloba a

    descrio de todos e quaisquer fatores relacionados ao problema. No

  • Captulo 2 20

    segundo estgio, so usadas tcnicas de criatividade, como por exemplo

    brainstorming, para gerar idias e solues das especificaes. Fazendo

    uma iterao entre as idias surgidas no processo criativo e os fatores

    relacionados ao problema do primeiro estgio, surge uma combinao

    parcial das solues compatveis. No ltimo estgio do modelo, so

    envolvidas atividades de operao e manufatura do produto, alm da

    deteco de erros que possam ser corrigidos (JONES, 1970). Esse modelo

    destaca a necessidade de estabelecer especificaes como soluo do

    problema proposto, atravs de iteraes entre os fatores de projeto.

    Modelo de Asimow

    ASIMOW (1968) exibe o processo de projeto em sete fases, sendo as

    trs primeiras fases primrias e as ltimas fases relacionadas com o ciclo de

    produto-consumo. Neste trabalho dado enfoque apenas s trs primeiras

    fases, pois a partir da que inicia-se o processo de projeto. As trs fases

    representadas so: estudo da exeqibilidade do projeto, projeto preliminar e

    projeto detalhado.

    1. Estudo da exeqibilidade do projeto: tem como objetivo reunir um

    conjunto de solues teis para os problemas do projeto. So geradas

    solues plausveis e, essas solues, so analisadas a fim de se obter a

    realizao fsica, econmica e financeira do produto.

    2. Projeto preliminar: a meta do projeto preliminar estabelecer qual das

    alternativas propostas apresenta a melhor concepo para o projeto. Os

    aspectos crticos do projeto devem ser verificados com a finalidade de se

    validar sua concepo e de se fornecerem as informaes essenciais

    para a fase posterior.

  • Captulo 2 21

    3. Projeto detalhado: fornece as descries de engenharia do projeto

    verificado. Os sub-sistemas, componentes e partes do produto so

    completamente projetados e, juntamente com isso, so preparados seus

    respectivos desenhos.

    O processo de projeto, assim como discutido por Asimow, dividido

    em vrios passos dentro das trs fase de projeto, tais como, anlise, sntese,

    evoluo, deciso, otimizao e reviso (ASIMOW, 1968). Este um dos

    seus aspectos mais importantes.

    Modelo de Pahl e Beitz

    Pahl e Beitz apresentam seu modelo de projeto em quatro fases: (a)

    esclarecimento do assunto; (b) projeto conceitual; (c) prottipo e (d) projeto

    detalhado. A primeira fase envolve a coleta de todas as informaes sobre a

    soluo do problema. A segunda fase envolve a pesquisa dos princpios de

    solues e uma combinao dos conceitos variantes. Na fase de construo

    do prottipo, o projetista determina o layout e desenvolve um mtodo para

    construo de um prottipo, de acordo com as consideraes tcnicas e

    econmicas. Na ltima fase, so colocadas todas as dimenses,

    propriedades superficiais e de forma para todas as partes individuais, os

    materiais so especificados, os desenhos e outros documentos so

    produzidos (PAHL & BEITZ, 1996).

    Modelo de Watts

    Watts representa o processo de projeto por um modelo icnico e

    apresenta sua relao dinmica com o meio ambiente. O processo de

  • Captulo 2 22

    projeto consiste de trs estgios: anlise, sntese e evoluo, como tambm

    proposto por Jones. Pode-se observar atravs da FIGURA 2.3 que o

    processo de projeto segundo Watts tem um desempenho cclico, ou seja, sai

    de um nvel inferior (abstrato) para um nvel superior (concreto),

    representando as fases do projeto. No decorrer desse caminho (do abstrato

    ao concreto), o projetista vai tomando decises e reiterando o processo de

    projeto, formando a estrutura vertical do cilindro (Dm, Dn, etc.). O processo

    pode ser considerado completo quando o projetista consegue combinar as

    exigncias do projeto (P) com um ambiente particular (E), de forma a ter

    como produto final um artefato , isto , o projeto final sob a influncia de todos os fatores externos (N), necessrios para o sucesso desse projeto.

    Esses fatores externos podem ser dados pela reputao do projetista e por

    outros efeitos do meio scio-econmico.

    Evolu

    o Sntese

    Anlise

    Deciso

    Concreto

    Abstrato

    (E)

    N

    DDm

    Dn

    ( )

    P

    FIGURA 2.3 Modelo de Watts (EVBUOMWAN et al., 1996).

    Modelo de Marples

    Este modelo representa uma forma para resumir o processo de

    projeto como um resultado de estudo de caso. Este estudo de caso

    mostrado de forma ilustrativa, como uma seqncia de decises. Assim,

    inicia-se com o problema de uma forma geral e termina-o com uma proposta

  • Captulo 2 23

    de melhor soluo, de acordo com as exigncias e especificaes

    previamente estabelecidas. Isso representado pela rvore de Marples,

    mostrada na FIGURA 2.4.

    O

    2 111 2 11 2

    2 1 2 1 1 2 2 2 11 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2

    2 2 2 2 2 1

    2 2 3 12 2 2 1 2 2 2 2

    2 2 2

    2 2 1

    2 2 2 31 1 1 2

    1 1 1 2 1 12 1 2

    2 1 2 12 2 1 1

    2 2 3

    2 3 1

    2 3 1 1

    3 1 3 2 3 3

    3 3 2 13 3 11

    3 3 1 3 3 23 2 1

    3 2 11

    2 3 2

    pp

    p p 2 1p p p

    ppp p

    p

    p

    p

    p p

    p p

    p

    p

    a aa

    a

    a

    aa a a

    aa

    a a

    a

    aa

    a1

    2

    3

    a = A lt e r n a t i v ap = S u b - p r o b l e m aS o l u o r e je i t a d aS o l u o a c e i t a

    FIGURA 2.4 Modelo de Marples (EVBUOMWAN et al., 1996).

    Para um determinado n, so derivados sub-problemas como sendo

    uma possvel soluo para o problema inicial. Dentre esses sub-problemas,

    faz-se a melhor escolha at surgir a resposta final para a resoluo do

    problema, como pode ser observado na FIGURA 2.4.

    O modelo de Marples envolve trs fases principais: sntese, evoluo

    e deciso. Na fase de sntese, so envolvidas duas atividades, as quais so

    a pesquisa para as possveis solues e o estudo detalhado dessas

    solues propostas. A segunda fase a evoluo das solues viveis

    segundo certos critrios adotados. A fase da deciso feita diante da

    escolha de uma soluo particular.

    Modelo de Archer

  • Captulo 2 24

    Em seu modelo, Archer define a metodologia de projeto em seis

    estgios:

    1. Programao: estabelece o problema e a proposta de ao;

    2. Coleta de dados: coleta e classifica os dados;

    3. Anlise: identifica os sub-problemas, prepara as especificaes do

    projeto, reconsidera e estima o programa proposto;

    4. Sntese: prepara as propostas do projeto;

    5. Desenvolvimento: desenvolve o prottipo de projeto, prepara e executa

    os estudos de validao;

    6. Comunicao: prepara os documentos para a manufatura.

    Estes seis estgios podem ser agrupados e classificados em trs

    fases: analtica, criativa e executiva, como mostra a FIGURA 2.5. Na

    descrio de seu modelo, Archer comenta que: ...as caractersticas

    especiais do processo de projeto so dadas pela fase analtica, que requer a

    observao dos objetivos e raciocnio indutivo, e pela fase criativa que

    envolve o julgamento subjetivo e o raciocnio dedutivo. As decises cruciais

    j foram tomadas, ento o processo de projeto continua com a execuo de

    desenhos, esquemas etc..

    Programao

    Coletade dados

    Anlise

    Sntese

    Desenvolvimento

    ComunicaoSoluo

    ExperinciaFase

    analtica

    Fasecriativa

    Faseexcecutiva

    Instrues

    Treinamento

    Programao

    Coletade dados

    Anlise

    Sntese

    Desenvolvimento

    Comunicao

    ObservaoRaciocnio indutivo

    EvoluoJulgamento

    Raciocnio dedutivoDeciso

    DescrioTransmisso

    ( a ) ( b )

    FIGURA 2.5 Modelo de Archer (EVBUOMWAN et al., 1996)

  • Captulo 2 25

    Modelo de Krick

    Em seu modelo, Krick descreve o processo de projeto em cinco

    estgios: formulao, anlise, pesquisa, deciso e especificao do

    problema. O primeiro passo envolve a definio clara do problema a ser

    resolvido. O segundo passo envolve a anlise do problema chegando a uma

    definio detalhada das especificaes, restries e critrios. No terceiro

    passo, feita a pesquisa para gerar as solues alternativas, usando

    criatividade e pesquisa. O estgio de deciso envolve a evoluo e

    comparao das solues alternativas at encontrar a melhor soluo.

    Finalmente, o quinto passo, envolve uma documentao detalhada da

    escolha de projeto com desenhos tcnicos, artigos e um possvel modelo

    icnico (KRICK, 1970). Um esquema do modelo de Krick pode ser

    observado na FIGURA 2.6.

    Anlise do problema

    Formulao do problema

    Procura das solues

    Deciso

    Especificao

    FIGURA 2.6 - Modelo de Krick

  • Captulo 2 26

    Modelo de Nigel Cross

    Cross expressa o processo de projeto em seis estgios, atravs de

    um modelo problema/soluo de uma forma simtrica. Os seis estgios so:

    esclarecimento dos objetivos, estabelecimento das funes, especificao

    do projeto, gerao das alternativas, evoluo das alternativas e detalhes de

    projeto, como mostra a FIGURA 2.7. Para cada estgio aplicado um

    mtodo de soluo. No primeiro estgio, o mtodo rvore usado para

    esclarecer os objetivos e sub-objetivos e a relao entre eles. O mtodo de

    anlise de funo ento usado para estabelecer a funo requerida e os

    limites de sistemas. O terceiro estgio envolve um conjunto de exigncias,

    onde so feitas certas especificaes usando o mtodo de especificaes de

    desempenho. O mtodo morfolgico usado no quarto estgio para gerar

    todas as solues alternativas do projeto. No quinto estgio, h uma

    evoluo das alternativas de projeto usando o mtodo de anlise de valor

    para comparar a utilidade de valores das propostas alternativas do projeto. O

    sexto estgio envolve o estabelecimento dos detalhes de projeto usando o

    mtodo de engenharia de valor a fim de aumentar ou manter o valor final do

    produto, reduzindo seu custo de produo (CROSS, 1994).

    Problema Soluo

    Sub-problemas Sub-solues

    Esclarecimentodos objetivos

    Estabelecimentodas funes

    Especificaesdo projeto

    Detalhesdo projeto

    Evoluodas alternativas

    Geraodas alternativas

    FIGURA 2.7 Modelo de Nigel Cross

  • Captulo 2 27

    Modelo de Hubka

    O modelo de Hubka representa o processo de projeto em quatro fases

    e seis passos (EVBUOMWAN et al., 1996). Essas fases e passos so:

    Fase 1: Elaborao de um determinado problema

    Passo 1: elaborar ou esclarecer determinadas especificaes

    Fase 2: Projeto conceitual

    Passo 2: estabelecer a estrutura funcional

    Passo 3: estabelecer o conceito

    Fase 3: Esboo

    Passo 4: estabelecer um layout preliminar

    Passo 5: estabelecer um layout dimensional

    Fase 4: Elaborao

    Passo 6: elaborao e detalhamento do projeto

    Modelo de French

    Este modelo, como mostra a FIGURA 2.8, baseado nas seguintes

    atividades de projeto:

    1. Fase da anlise do problema - envolve a identificao das necessidades

    a serem satisfeitas.

    2. Fase de projeto conceitual - envolve a gerao de vrias solues na

    forma de esquemas.

    3. Fase de construo de prottipos dos esquemas propostos - envolve o

    desenvolvimento de prottipos.

    4. Fase de detalhamento - o esquema escolhido trabalhado em detalhes

    finais.

  • Captulo 2 28

    Desenhos, etc

    Seleode esquemas

    Especificaodo problema

    Necessidade

    Anlisedo Problema

    Projetoconceitual

    Incorporaodos esquemas

    Detalhamento

    Feed

    back

    FIGURA 2.8 Modelo de French (EVBUOMWAN et al., 1996)

    Modelo de Back

    Segundo o modelo de Back, o processo de projeto passa diretamente

    por oito fases: estudo da viabilidade, projeto preliminar, projeto detalhado,

    reviso e testes, planejamento da produo, planejamento do mercado,

    planejamento do consumo, planejamento da obsolescncia, sendo que

    somente as quatro primeiras fases so de interesse para esse estudo. A

    primeira fase tem como objetivo a elaborao de um conjunto de solues

    teis para o projeto, explorando os problemas gerados pelas necessidades e

  • Captulo 2 29

    identificando seus elementos, tais como parmetros, limitaes e critrios

    importantes. Essas solues so filtradas ou separadas atravs da

    viabilidade fsica, econmica e financeira. O objetivo da segunda fase

    estabelecer qual das alternativas propostas apresenta a melhor concepo

    para o projeto. A terceira fase fornece as descries de engenharia de um

    projeto verificado atravs do projeto detalhado ou das especificaes dos

    componentes. Na quarta fase, so feitas constantes verificaes e testes

    experimentais, principalmente de solues ou componentes cujo

    desempenho ainda desconhecido. So construdos modelos experimentais

    para verificar formulaes ainda no testadas (BACK, 1970).

    Modelo VDI 2221

    Esse modelo foi proposto por um grupo de pesquisadores alemes,

    Verein Deutscher Ingenieure (VDI), Aproximao sistemtica do projeto de

    sistemas tcnicos e produtos. O modelo VDI descreve o processo de projeto

    em sete estgios, como mostra a FIGURA 2.9. Esses estgios envolvem:

    1. Esclarecimento e definio do problema de projeto;

    2. Verificao das funes e de suas estruturas;

    3. Pesquisa dos princpios de solues para todas sub-funes e de suas

    estruturas;

    4. A diviso da soluo em mdulos realizveis;

    5. Configuraes dos mdulos principais;

    6. Configurao do produto total;

    7. Fixao das informaes de execuo e de uso.

  • Captulo 2 30

    Estgios ResultadosPassos

    Lista de requisitos

    Estrutura de funes

    Soluo inicial

    Estrutura modular

    Projeto preliminar

    Projeto detalhado

    Documentao do produto

    Esclarecer formulao do projeto

    Verificao das funes e desuas estruturas

    Pesquisa dos princpios desolues e de suas estruturas

    Estruturao em mdulos

    Configurao dos mdulos principais

    Configurao do produto total

    Fixao das informaes deexecuo e de uso

    Tarefa

    Produto

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    FIGURA 2.9 Modelo VDI 2221 (MARIBONDO et al., 1998)

    2.1.7 Uma avaliao crtica dos modelos prescritivos

    Atravs de uma reviso mais profunda dos modelos prescritivos dos

    processos de projeto, nota-se que a maioria deles baseia-se em passos que

    podem ser considerados como atividades de projeto (anlise, sntese,

  • Captulo 2 31

    evoluo, decises, modelagem, etc.), enquanto outros modelos tomam

    como base fases/estgios de projeto (projeto conceitual, construo de

    prottipos e projeto detalhado).

    Os modelos baseados nas fases/estgios do processo de projeto,

    incluem Asimow, Pahl e Beitz, Watts, Hubka, French, Back e VDI 2221. Com

    a exceo de French e VDI 2221, os outros modelos contm uma forma

    mais detalhada para cada uma das fases/estgios. No modelo de Watts,

    observam-se somente duas fases do projeto, isto , a abstrata e a concreta,

    com um intervalo entre elas representado por um processo cclico (iterativo,

    refinado e progressivo).

    Os modelos de Pahl e Beitz e VDI 2221 abordam os temas de projeto

    de produtos modulares e modularidade em produtos industriais. Entretanto,

    seus conceitos ainda no esto totalmente uniformizados e suas

    sistemticas no esto bem documentadas. Desta forma, essas

    metodologias no deixam claro quais os possveis caminhos a serem

    percorridos pelos projetistas, a fim de desenvolver uma famlia de produtos,

    a partir da combinao de um grupo de componentes bsicos

    (MARIBONDO, 1998).

    Os modelos baseados nas atividades de projeto, incluem Jones,

    Marples, Archer, Krick e Cross. Pode ser observado em todos os modelos

    trs caractersticas predominantes, isto , anlise, sntese e evoluo. Na

    maioria dos casos, a anlise utilizada para analisar o problema de projeto,

    suas exigncias e especificaes. A sntese refere-se s idias geradas,

    propondo solues para os problemas de projeto e avaliando essas solues

    de acordo com as exigncias e especificaes do projeto, associados a

    certos critrios definidos. No modelo de Krick, o estgio de sntese foi

    substituda pela pesquisa e o estgio da evoluo pela deciso.

    As atividades de anlise, sntese e evoluo representam a parte

    central do processo de projeto. Se o problema no for analisado

    corretamente, de acordo com as suas exigncias, poder haver dificuldades

  • Captulo 2 32

    na procura de solues ou surgir solues imprprias como resoluo do

    problema. No entanto, criando solues plausveis para o problema, existe a

    necessidade de evoluo, como o teste que assegura a fidelidade das

    exigncias e especificaes originais em conjunto aos critrios adotados.

    Alm destas trs atividades, existem outras que podem tambm ser

    necessrias durante o processo de projeto. So elas: otimizao, reviso,

    coleta de dados, documentao, comunicao, seleo, tomada de deciso,

    modelagem, etc. Algumas dessas atividades foram includas em vrios

    modelos.

    De acordo com as caractersticas predominantes dos modelos

    especificados anteriormente e atravs de uma avaliao crtica para o

    projeto de um microposicionador angular para mecnica de preciso, como

    proposto neste trabalho, ser utilizado o modelo de Krick. Esta escolha

    justificada pelo fato do projeto deste microposicionador angular exigir um

    profundo estudo das caractersticas intrnsecas dos vrios tipos construtivos,

    provenientes de uma pesquisa bibliogrfica ou atravs de observaes de

    mecanismos j existentes em mquinas ou equipamentos de preciso.

    Justifica-se ainda, a escolha pelo modelo de Krick, quando a evoluo

    substituda pela deciso pois, neste caso, pode-se usar o mtodo de anlise

    de valor (discutido no item 2.1.4), onde os componentes de preciso exigem

    um alto nvel de qualidade. Para o projeto do microposicionador, tem-se o

    objetivo de alcanar preciso nanomtrica.

    Aps a escolha dos componentes do microposicionador angular, ser

    feita uma modelagem cinemtica de seus mecanismos, com o intuito de

    verificar sua funcionalidade, de acordo com as exigncias do projeto.

  • Captulo 2 33

    2.1.8 Um estudo mais profundo do modelo de Krick

    Diante do exposto, ser feita uma explanao sobre o modelo de

    Krick, com o objetivo de explicar os estgios comentados em seu modelo,

    disseminando seus fundamentos e desenvolvendo o processo de projeto.

    O primeiro passo no sentido de resolver qualquer problema de projeto

    de engenharia a definio desse problema, sendo necessrio identificar as

    suas caractersticas mais relevantes. As solues alternativas no sero

    todas igualmente convenientes. Portanto, tero que ser comparadas entre si.

    Por um processo de eliminao, baseando-se num critrio dado, aparecer

    no fim uma soluo adequada.

    O processo geral recomendado para a soluo dos problemas de

    engenharia, segundo KRICK (1970), pode ser observado na FIGURA 2.10 e

    compreende as seguintes fases:

    Fase da formulao - o problema definido em termos relativamente amplos e genricos.

    Fase da anlise - o problema passa a ser definido em termos relativamente pormenorizados. Compreende a coleta, o exame, o

    processamento e a seleo de informaes, com intuito de determinar

    as caractersticas especficas do problema.

    Fase da procura das solues alternativas busca-se solues por meio de criatividade, consultas etc.

    Fase da deciso - as solues alternativas so avaliadas, comparadas e eliminadas at, dentre elas, surgir a melhor.

    Fase da especificao - resulta na descrio completa das caractersticas fsicas e no desempenho da soluo escolhida.

  • Captulo 2 34

    Processosolucionador

    Anlise do problema

    Formulao do problema

    Procura das solues

    Deciso

    Especificao

    Identificaodo problema a

    resolver

    Soluocompletamente

    especificada

    FIGURA 2.10 Modelo de Krick

    2.1.8.1 Formulao do problema

    Os objetivos da fase de formulao so: identificar o problema em

    termos gerais e verificar se ele merece soluo. A formulao uma viso

    ampla do problema, onde o problema definido de uma maneira geral,

    isento de mincias. Ela pode ser dada atravs de algumas idias ou

    anotaes rascunhadas. Um problema pode ser satisfatoriamente formulado

    por palavras ou diagramas.

    2.1.8.2 Anlise do problema

  • Captulo 2 35

    Para resolver um problema satisfatoriamente necessrio melhor conhecimento de suas entradas e sadas, isto , o que se tem e o que se

    deseja obter. Este um dos principais objetivos da anlise do problema.

    Nesta fase, determinam-se todas as caractersticas relevantes, quantitativas

    e qualitativas, dos estados de entrada e sada do problema.

    So poucas as caractersticas, tanto das entradas como das sadas,

    que se mantm inalterveis. Por isso, para resolver satisfatoriamente um

    problema, h a necessidade de se obterem informaes fidedignas sobre as

    provveis flutuaes das entradas e sadas.

    Um outro objetivo importante da anlise a determinao das

    condicionantes impostas ao problema. Os critrios a serem aplicados na

    escolha da melhor soluo devero ser estabelecidos durante a fase da

    anlise do problema.

    Os tipos de solues consideradas na fase da procura das

    alternativas dependem da importncia atribuda aos critrios. Portanto, estes

    devero ser fixados antes de passar fase mencionada a seguir.

    2.1.8.3 Procura de solues

    O objetivo desta fase descobrir as solues possveis para o

    problema. Neste caso, raramente tem-se como resultado um conjunto de

    solues completas e mutuamente exclusivas. Pelo contrrio, provvel que

    os resultados consistam essencialmente de solues parciais relativas a

    somente alguns dos estgios ou das variveis que a soluo completa

    finalmente comportar.

    Na busca de solues para determinados problemas, dever-se-o

    experimentar alternativas em todas as reas que ofeream perspectivas de

    conter a soluo tima. Porm, existem medidas cautelosas a serem

  • Captulo 2 36

    tomadas, evitando uma procura feita a esmo. Trs dos meios de reduzir o

    carter aleatrio dessa busca so: (1) tomar como base o volume de

    produo, a utilizao e os critrios; (2) sistematizar decisivamente a

    procura; (3) utilizar certos processos matemticos e grficos que facilitem a

    localizao da soluo tima (KRICK, 1970).

    A utilizao, o volume da produo e os critrios relativos ao

    problema servem, at certo ponto, para orientar na localizao geral das

    reas que mais provavelmente possam conter a soluo tima.

    Outro meio de tornar o processo menos aleatrio a adoo de

    medidas que sistematizem diretamente a procura. Isto se torna possvel

    principalmente pela organizao das idias, indagaes e pesquisas, de

    modo a levar em considerao grande variedade de solues

    essencialmente diversas.

    Um terceiro meio de orientar a procura no espao de solues

    consiste em processos matemticos e grficos que auxiliam

    quantitativamente a localizao da soluo tima.

    Das inmeras solues possveis para qualquer problema, se

    algumas so relativamente complexas, outras so admiravelmente simples,

    mas nem por isso menos eficazes. Como regra geral, as idias simples

    tendem a ser as mais econmicas de produzir, de usar e, tambm, aquelas

    cujo funcionamento inspira maior confiana.

  • Captulo 2 37

    2.1.8.4 Tomada de deciso

    No processo do projeto, aps o levantamento de todas alternativas

    possveis, procede-se a fase de tomada de deciso.

    Nesta fase, tomar uma deciso significa assumir um compromisso

    direto com o projeto. Nesta oportunidade todos os fatores devero ser

    ponderados. A deciso correta ser aquela que melhor pondere as variveis

    otimizando o valor total (RUFFINO, 1991).

    Existem teorias que apresentam a metodologia para se atingir o

    compromisso otimizado (NUTT, 1998). Os mtodos de otimizao, o estudo

    das probabilidades, os clculos estatsticos e a anlise de valores so

    aplicveis nesta oportunidade. Por estes caminhos ter-se- a soluo

    objetiva (RUFFINO, 1991).

    Por outro lado, muitas vezes, a soluo provm de fatores humanos,

    no quantitativos, e a complexidade aumenta. Isto considerando que a

    soluo final ser composta pela soluo objetiva e pela soluo subjetiva

    (NARUTAKI et al., 1996).

    Em qualquer processo de deciso necessrio ter as metas bem

    definidas o objetivo deve ser claro. A funo produto ou funo resultado

    pode ser um simples item ou uma combinao ponderada de vrios itens

    (PAHL &BEITZ, 1996).

    Segundo KRICK (1970), os conhecimentos e mtodos especializados

    a empregar dependem da natureza do problema, da complexidade e da

    variedade das alternativas, da importncia relativa da deciso e de muitas

    outras circunstncias. Os processos de deciso variam desde os mais

    elaborados e exaustivos, que requerem medidas, pesquisas, previses e

    comparaes de custos, at o julgamento rpido, simples e informal. Embora

    as caractersticas especficas possam variar de situao para situao,

  • Captulo 2 38

    quase sempre as quatro etapas abaixo devero ser obedecidas para chegar-

    se a uma deciso consciente: (1) escolher o critrio; (2) prever a eficcia das

    solues alternativas; (3) comparar a eficcia prevista para as alternativas; e

    (4) proceder escolha da soluo.

    1. Escolha dos critrios - Os critrios estabelecidos, pelo menos em seus termos gerais, como parte da anlise do problema, constituem a base

    para a escolha da soluo mais conveniente.

    2. Previso do desempenho - de grande importncia a previso satisfatria da maneira pela qual as solues alternativas, se adotadas,

    comportar-se-iam com relao aos critrios estabelecidos.

    3. Comparao das alternativas - Para permitir uma escolha consciente, o desempenho das alternativas dever ser comparado pelo critrio

    adotado.

    4. Funo de otimizao - A otimizao compreende a procura das solues e a tomada de deciso. A anlise de valor um importante

    caminho para encontrar um bom projeto.

    Dentre todas as alternativas possveis para o processo de tomada de

    deciso, ser utilizada neste trabalho, a tcnica de anlise de valor, descrita

    no item 2.1.4. De acordo com um conjunto de princpios tcnicos,

    estabelecidos durante a fase de formulao, anlise do problema e procura

    de solues capazes de satisfazer a funo global de posicionamento e suas

    sub-funes, atravs de uma avaliao, ser escolhida a melhor variante

    (soluo) para cada uma das funes exigidas na tarefa de posicionamento.

    Para isso ser empregado o mtodo de combinao de variantes de

    princpios tcnicos.

  • Captulo 2 39

    Mtodo de combinao de variantes

    O mtodo de combinao de variantes consiste na combinao de

    princpios tcnicos, capazes de realizar a funo global e suas sub-funes,

    de acordo com os parmetros de projeto (TAVARES, 1995).

    Funo global uma funo que rene todas as demais funes (sub-

    funes) que um produto possa ter (PAHL & BEITZ, 1996).

    A funo global do microposicionador posicionar a pea/ferramenta

    com preciso e resoluo, com deslocamentos nas direes x, y e z. Esta

    funo subdivide-se em diversas sub-funes necessrias execuo do

    posicionamento.

    O prximo passo avaliar cada uma das combinaes das variantes

    tcnicas agrupadas segundo uma sub-funo em comum, submetendo estas

    combinaes a critrios de avaliao.

    Os critrios de avaliao tm como objetivo determinar

    seqencialmente as variantes de princpios tcnicos que satisfazem

    determinadas sub-funes, arbitrando valores absolutos para as variantes e

    para os critrios. Os valores so expressos por pontos. Como resultado,

    obtm-se uma variante tima ou uma ordem de preferncias hierrquicas de

    variantes (PAHL & BEITZ, 1996).

    Segundo HNHE (1990b), a FIGURA 2.11 esquematiza a seqncia

    de passos envolvidos no mtodo de avaliao de variantes tcnicas.

  • Captulo 2 40

    Nmero de variantes

    Coletar as variantes

    Determinar critrios

    Determinar fatoresde influncia

    Determinar valores paravariantes e critrios

    Calcular avaliao total

    Decidir

    Variante tima

    Tendo sido determinados os sub-valores para todas as variantes, o

    valor global pode ser calculado. Assim, o valor global de uma variante j pode

    ser determinada segundo a equao 2.1:

    n

    1i

    n

    1i ijwvijviwjOwv (2.1)

    onde: Owvj = valor global

    FIGURA 2.11 Passos da avaliao das variantes

  • Captulo 2 41

    vij = sub-valor da variante i em relao ao critrio j

    wi = peso i-simo do critrio j

    i = variante

    j = critrio

    n = nmero de critrios

    A equao 2.1 mostra que o valor global de uma variante j pode ser

    determinado atravs do somatrio dos n pesos dos critrios de projeto,

    especificados de acordo com as suas exigncias (rigidez, preciso, etc. do

    posicionador), multiplicado pelo sub-valor das variantes do projeto

    (acionamento, transmisses, etc.) em relao ao peso especfico dos

    critrios.

    Se uma comparao relativa das variantes for considerada

    insuficiente, ento o valor global refere-se a um valor ideal imaginrio que

    resulta segundo o valor mximo atribudo aos critrios, como mostra a

    equao 2.2 (PAHL & BEITZ, 1996 & HHNE, 1990b). Isto , determina-se

    o valor global como na equao 2.1 e divide-se o produto pelo valor mximo

    atribudo e somatrio dos valores destes critrios.

    Quando se determina o valor global deste modo, calcula-se o valor

    mnimo que cada variante pode obter dentro das exigncias de projeto.

    Desta forma, tem-se que:

    n1i iwmaxv

    n

    1i ijviw

    n

    1i iwmaxv

    jOwv

    iX (2.2)

    onde: Xi = valor global segundo o valor mximo

    vmax = valor mximo de todas as variantes

  • Captulo 2 42

    Como forma de melhor entendimento, a TABELA 2.1 ilustra todo o

    processo de atribuio e anlise de valores, chegando-se ao valor global.

    Variantes

    variante

    (v1)

    variante

    (v2)

    variante

    (vj)

    no de

    critrios

    peso de

    importncia

    sub-valor peso do

    sub-valor

    sub-valor peso do

    sub-valor

    sub-valor peso do

    sub-valor

    n1 w1 v11 w1v11 v12 w1v12 v1j w1v1j

    n2 w2 v21 w2v21 v22 w2v22 v2j w2v2j

    ni wi vi1 wivi1 vi2 wivi2 vij wivij

    n wn vn1 wnvn1 vn2 wnvn2 vnj wnvnj

    n

    iiw

    1

    Ov1 Owv1 Ov2 Owv2 Ovj Owvj

    2.1.8.5 Especificao da soluo

    Depois de ter escolhido uma soluo, as suas caractersticas fsicas e

    de desempenho devero ser especificadas com todos os pormenores

    necessrios para que outras pessoas possam entender satisfatoriamente. O

    TABELA 2.1 Determinao do valor global (HNHE, 1990b)

  • Captulo 2 43

    fato de que geralmente no o projetista que constri, opera ou mantm a

    sua criao, torna imperativo que ele documente cuidadosamente e

    comunique eficientemente a soluo que prope (KRICK, 1970).

    Um dos meios utilizados para comunicar as especificaes consiste

    em um conjunto de desenhos do dispositivo, estrutura ou processo proposto.

    Outro meio de transmitir especificaes atravs de um relatrio tcnico,

    que entre outras coisas, descreve a necessidade da soluo proposta, a

    prpria soluo e sua justificativa. Um possvel terceiro meio de

    comunicao seria um modelo icnico tridimensional da proposta.

    2.1.9 Concluso

    Ao iniciar-se um projeto, sabe-se relativamente pouco quanto

    provvel soluo final, de modo que nesse estgio h muitas incertezas e

    corre-se assim certo risco em supor que a iniciativa seja vivel. medida

    que o projeto progride, aparecem condicionantes, surgem solues

    alternativas, comparam-se possibilidades, concretizam-se outras

    informaes, a auxiliar numa resposta a essa perene questo. Portanto, o

    risco de tomar uma soluo errada mximo ao incio do processo e

    decresce com a apario de novos elementos.

    2.2 Sistemas Posicionadores de Preciso

    Desbravados os conceitos de metodologia, mtodos e modelos de

    projetos, com o intuito de chegar resoluo do problema, ou seja, um

    microposicionador angular para mecnica de preciso, faz-se necessrio

  • Captulo 2 44

    obter informaes a respeito de sistemas posicionadores e seus elementos

    constituintes.

    2.2.1 Consideraes gerais

    O grande interesse dispensado ao desenvolvimento de sistemas

    posicionadores de preciso encontra justificativa na sua crescente demanda,

    como em equipamentos indispensveis fabricao de componentes de

    preciso, empregados em diversas reas como engenharia mecnica,

    ptica, engenharia eltrica e computao.

    Mquinas para usinagem de ultrapreciso necessitam de sistemas de

    posicionamento e sistemas de correo dos erros provindos dos elementos

    componentes da mquina. a maneira mais direta de se alcanar a

    preciso desejada porque em projetos de ultrapreciso no se deve tentar

    aumentar a preciso da mquina aumentando ao mximo a preciso de

    cada elemento, pois os custos certamente tornaro o projeto proibitivo

    (PURQUERIO et al., 1994).

    Basicamente, um sistema de posicionamento tem como objetivo

    movimentar um objeto ao longo de uma trajetria pr-determinada at uma

    posio desejada, em geral por meio de energia mecnica, ou seja, os

    sistemas posicionadores so construdos com o propsito de estabelecer

    posies relativas entre elementos de um mesmo sistema; por exemplo, o

    posicionamento de uma ferramenta em relao a uma pea a ser usinada

    em uma mquina-ferramenta. O controle do processo em mquinas-

    ferramenta vem se desenvolvendo, principalmente em funo da preciso da

    mquina, pois as dificuldades e os custos aumentam de acordo com o nvel

    de preciso desejado (TNSHOFF et al., 1988 & THOMPSON et al., 1982).

    Na usinagem de ultrapreciso se requer um rgido controle do perfil a ser

  • Captulo 2 45

    usinado, assim surge a necessidade de se obterem movimentos na faixa

    micromtrica.

    O projeto de um sistema posicionador efetuado de tal modo que ele

    se comporte, tanto quanto possvel, como um corpo rgido. Existem sistemas

    de posicionamento que possuem movimentos de translao e/ou rotao,

    podendo apresentar um ou mais graus de liberdade, ou eixos de movimento

    (ASANO & GOTO, 1991).

    Foram desenvolvidos vrios tipos de sistemas posicionadores de

    preciso com diferentes princpios de funcionamento, mas em todos eles os

    desvios entre os posicionamentos tericos desejados e os reais obtidos

    sempre ocorrem devido presena de fatores perturbadores de origem

    interna ou externa aos equipamentos. A busca por sistemas posicionadores

    cada vez mais precisos tornou necessria a construo de equipamentos de

    melhor qualidade e a elaborao de novos mtodos para a identificao e

    minimizao dos erros de posicionamento. Esta minimizao pode ser obtida

    atravs da otimizao dos elementos que compem os sistemas

    posicionadores ou atravs da compensao de erros, utilizando-se

    atuadores de alta exatido, resoluo e velocidade de posicionamento, alm

    de alta rigidez quando comparadas aos equipamentos convencionais

    (WATANABE, 1992).

    2.2.2 Classificao dos sistemas de posicionamento

    Existem sistemas de posicionamento manuais e automticos, com

    movimentos de translao e de rotao, podendo apresentar um ou mais

    graus de liberdade, ou eixos de movimentos. Estes sistemas podem ser

    acionados basicamente por motores eltricos (servomotores) ou motores

    hidrulicos. Em posicionadores de alta preciso, atualmente j esto sendo

    empregados acionamentos piezoeltricos para movimentos com cursos de

  • Captulo 2 46

    dezenas de micrmetros, com preciso de 3 nm e resoluo de 5 nm (ASANO & GOTO, 1991).

    Sistemas de posicionamento manuais caracterizam-se por

    apresentarem acionamento manual dos eixos de movimento por meio de

    parafuso micromtrico, onde o controle e resoluo so dependentes da

    sensibilidade visual e habilidade do operador. O controle do posicionamento

    normalmente executado pelo operador do sistema por meio de escalas e

    microscpios pticos de medio. Em geral, caracterizam-se tambm por

    terem uma estrutura e mecanismos relativamente simples, de baixo custo,

    sendo indicado para tarefas de posicionamento de mdia preciso (HNHE,

    1990a).

    O sistema de posicionamento automtico acionado por

    servomotores eltricos ou cilindros pneumticos/hidrulicos. Contudo, tendo

    em vista que atuadores pneumticos so de difcil controle e preciso

    limitada, prefervel usar servomotores eltricos ou atuadores hidrulicos,

    que so mais facilmente controlados.

    Os posicionadores automticos caracterizam-se por possurem

    sensores para o monitoramento de posio e velocidade, alm de

    subsistemas eletrnicos para o comando e controle das variveis funcionais.

    Possui maior complexidade eletro-mecnica que os sistemas de

    posicionamento manuais, porm conseguem-se obter preciso e resoluo

    de ordem submicromtrica (HNHE, 1990a).

    2.2.3 Estrutura funcional de um posicionador

    Num posicionador, o controlador executa sinais de comando de

    posio e os compara com os valores das variveis controladas, enviando o

    sinal resultante para o acionamento. O acionamento tem como sub-funo

  • Captulo 2 47

    transformar controladamente a energia eltrica em energia mecnica,

    movimentando a mesa do posicionador atravs de mecanismos adequados

    que convertem e reduzem os sinais provenientes do atuador (sinais de

    entrada) em deslocamentos de translao e rotao. Estes deslocamentos

    (sinais de sada) so medidos por sensores e realimentam a unidade

    controladora, fechando a malha de controle (TAVARES, 1995). Atravs da

    FIGURA 2.12 pode-se observar a estrutura funcional de um posicionador.

    sistema demedio de sensores

    atuador acoplamento redutor conversor demovimentos

    mesaguias

    Wel

    controlador U

    U - variveis de comando Wel - energia eltrica

    FIGURA 2.12 - Estrutura funcional de um posicionador

    Sistemas posicionadores rotativos ou lineares convencionais

    movimentam-se normalmente atravs do deslizamento ou do rolamento

    sobre guias, ocasionando problemas de desgaste e de stick-slip.

    Equipamentos de preciso como mquinas-ferramenta de preciso,

    mquinas de medir a trs coordenadas e equipamentos litogrficos para a

    fabricao de componentes eletrnicos empregam usualmente mancais

    aerostticos ou hidrostticos em suas guias, eliminando assim, os problemas

    mencionados (desgaste e stick-slip).

    Servo-motores de corrente contnua ou de corrente alternada,

    motores de passo e motores hidrulicos so os elementos acionadores

  • Captulo 2 48

    rotativos mais utilizados nos sistemas posicionadores. A associao destes

    motores a conjuntos fuso-castanha apresenta-se como a soluo mais usual

    quando se deseja transformar o movimento de rotao em translao. Para

    diversas aplicaes, esta associao bastante satisfatria, pois os

    conjuntos fuso-castanha trabalham como redutores, permitindo a obteno

    de pequenos deslocamentos lineares com motores de baixos torques.

    As limitaes quanto preciso dos sistemas posicionadores

    convencionais e a necessidade de se produzirem componentes cada vez

    mais precisos e de m