minha vida fora de serie - 2ª temporada

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PAULA PIMENTA AUTORA DA SÉRIE BEST-SELLER FAZENDO MEU FILME temporada Minha vida ora de série

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Na 2ª temporada de Minha vida fora de série, Priscila, agora com 16 anos, começa a lidar com questões mais sérias da adolescência: A proximidade do vestibular e com ele todos os receios dessa fase, amizades que parecem sólidas e que de repente se perdem, o aprendizado de que um namoro tem que ser constantemente cuidado para não se desgastar. Ela descobre que atos sem pensar, que parecem estar esquecidos no passado, podem marcar irreversivelmente o presente.

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Page 1: Minha vida fora de serie -  2ª temporada

Paula P imentaautora da sér i e best - seller FAzendo meu F ilme

temporada

O livro Minha vida fora de série não é

feito apenas de páginas, mas também de ensinamentos e sonhos. Nunca imaginei que

um livro iria me ajudar a encantar uma garota

que eu amava.Emmanuel Castro

14 anos

A Paula Pimenta consegue entrar no

universo adolescente e expressar todas as nossas dúvidas, emoções,

preocupações... Os personagens são tão reais, que parece que vamos

encontrá-los no shopping, e ela escreve de um jeito tão contagiante,

que não conseguimos desgrudar nem um minuto do livro!

Vick Barreto 14 anos

Sou professora e sempre procurei livros que

incenti vassem os meus alunos a ler mais. E foi assim que conheci a Paula Pimenta. Ela fala a mesma

linguagem deles, tendo cuidado com a língua portuguesa e envolvendo o leitor

em sua narrati va. Nossas crianças e nossos adolescentes precisam sonhar, se encantar,

imaginar; e a Paula, ao contar as suas histórias, leva-nos para esse mundo

que antes era só dela e agora passa a ser nosso também!

Lissandra Dias 32 anos

A Paula Pimenta revolucionou o meu gostopor leitura. Comecei a ler

e não consegui mais parar. Um livro para todas as idades e gêneros.

Eu posso garanti r uma coisa: se você ainda não passou, irá passar por várias situações vivenciadas

pelas personagens.Otávio Lopes

15 anos

Minha vida fora de série é

simplesmente a série mais fofa e perfeita que existe!

Não importa quantas vezes eu leia, sinto sempre as mesmas emoções, como se toda vez voltasse a ser a primeira...

Jaqueline Torres 15 anos

Minha vida fora de sériePA

ULA

PIMEN

TA

PAULA PIMENTA se formou em Pu-blicidade, mas – para nossa sorte – descobriu que gosta mesmo é de escrever livros.

Ela tem alma de princesa, confi a em sonhos, ama os animais e ensina música. Não sei se é pela simpati a, por viver no mundo da lua ou por acreditar tão avidamente no “felizes para sempre” que eu chego a pensar que a Paula nem é gente de verdade, e sim uma personagem de algum conto de fadas que saiu por aí, fugida, querendo de qualquer jeito contar novas histórias...

Mas ela não é só uma escrito-ra, pelo menos não para mim. Eu a conheci através dos seus livros, mas já faz tempo que a considero uma amiga. Uma amiga que eu admiro ao extremo e a quem desejo, todos os dias, o maior sucesso do mundo.

Carol Christo

www.paulapimenta.comwww.twitt er.com/paulapimenta

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Visite o site: www.minhavidaforadeserie.com.br

Na 2ª temporada de Minha vida fora de série, Priscila,

agora com 16 anos, começa a li-dar com questões mais sérias da adolescência: a proximidade do vesti bular e, com ele, todos os re-ceios dessa fase; amizades que parecem sólidas e que de repen-te se perdem; o aprendizado de que um namoro tem que ser cons-tantemente cuidado para não se desgastar. Ela também descobre que atos impensados, que pare-cem estar esquecidos no passado, podem marcar irreversivelmente o presente.

Nossos queridos personagens – já conhecidos pela série Fazendo meu fi lme – estão de volta, para não deixar ninguém com saudade. Não perca os próximos episódios da vida fora de série de Priscila. Você não vai conseguir desgrudar até terminar de ler.

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Paula P imenta

temporada

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Julia: Às vezes me pergunto se esses sentimentos irão desaparecer algum dia.

(Party of five)

Tudo começou exatamente um ano atrás... Mas, para a minha memória, nem um dia se passou.

Era o meu aniversário de 15 anos. Meus pais bem que insis-tiram... Eles queriam que eu tivesse uma grande festa, com valsa, DJ, muita gente, muita comida... Muito dinheiro desperdiçado em uma noite só. E por isso mesmo, por achar que eu poderia fazer muito mais com aquela grana toda, recusei. Obrigada, papai e mamãe, vamos deixar a festa de arromba para o meu casamento, caso eu me case algum dia. Quero de presente uma viagem. Com destino à Disney.

Clichê? Sim. Mas eu tenho essa teoria de que, se é clichê, não tem como ser ruim. Clichê nada mais é que uma coisa que já foi repetida várias e várias vezes. E por que alguém repetiria, voluntariamente, algo que não fosse bom?

“Mas você já foi à Disney”, meus pais responderam, por mais que soubessem que naquela época eu tinha apenas sete anos de idade e só pude ir aos brinquedos que a minha pouca altura per-mitiu. Apenas anos depois foi que cresci todos os centímetros que hoje me fazem ser considerada uma garota alta. Na ocasião, não foi nada divertido ter que ficar segurando a mão da minha mãe enquanto via meu irmão e meu pai andarem em todas aquelas montanhas-russas radicais. Mas agora seria diferente. Eu queria viajar sozinha. Quero dizer, sem família. Apenas com minhas amigas, já que com o Rodrigo eu sabia perfeitamente que eles

Prólogo

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não permitiriam de jeito nenhum. E eu também duvidava muito que meus pais deixassem que eu fosse para Londres, Paris, Nova York, Dubai ou qualquer outra cidade que eu sonhava conhecer. Já a Disney tinha um aspecto puro, encantado... O que quatro meninas de 15 anos poderiam aprontar na terra do Mickey, além de dar voltas e voltas em mil brinquedos e gastar nos outlets todo o dinheiro destinado à alimentação?

Era isso também o que eu pensava. Que nada de mais po-deria acontecer. Que eu entraria naquele avião e voltaria 12 dias depois, cheia de malas e histórias inocentes, que abasteceriam meus sonhos por muito tempo...

Como eu estava enganada... Sim, eu voltei 12 dias depois. Com as malas abarrotadas. E

com muitas histórias. Mas, ao contrário do esperado, elas não eram nada infantis... E não me fizeram sonhar. Simplesmente porque, desde então, a lembrança daquela viagem não me deixa mais dormir.

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Jerry: Feliz aniversário? Nem tanto.

(Seinfeld)

“Não se esqueça de fazer um pedido, Priscila!”Eu já estava com os olhos fechados e segurando o fôlego

para soprar todas aquelas 16 velas, mas a voz do Arthur me tirou a concentração. Então, em vez de apagar tudo de uma vez, de-morei uns segundos pensando no que pediria, enquanto olhava as velinhas derretendo em cima do bolo de brigadeiro.

“Ela nunca se lembra de desejar alguma coisa...”, a Bruna cutucou o meu irmão. “Também, com um bolo maravilhoso desse, meu único pensamento seria apagar tudo depressa pra atacá-lo o mais rápido possível...”

“Não tira a concentração da Pri, gente! Aposto que ela está desejando coisas bem altruístas, como ganhar na loteria pra sal-var todos os cachorros de rua ou entrar no Big Brother e, com o prêmio, abrir um abrigo para gatos abandonados...”

Ei! As ideias da Larissa eram muito boas... Prendi o ar, fechei os olhos, e, quando eu já me preparava novamente para soprar, meu pai falou: “Contanto que ela não peça outra viagem ao exterior, tudo bem. Ela causou um rombo no meu cartão de crédito com aquela ida à Disney no ano passado”.

Em vez de soprar, eu meio que engasguei com o ar que tinha segurado e comecei a tossir. Meu irmão tirou depressa o bolo da minha frente, dizendo que eu iria contaminá-lo com os germes da minha tosse. Eu já ia responder que o bolo era meu e que poderia fazer o que quisesse com ele, só que de repente percebi que sabia exatamente o que queria pedir e, por isso mesmo, dei um grande sopro, que apagou de uma vez só todas as velas, ainda que o Arthur já tivesse se distanciado.

“Uau, esse foi forte!”, a Bruna disse rindo. “Aposto que o pedido foi feito com muita energia também!”

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Ela não poderia estar mais certa. Desejei com toda a força que ninguém nunca mais falasse daquela viagem comigo, que a palavra “Disney” sumisse do vocabulário de todo mundo e que eu tivesse uma amnésia que apagasse aqueles dias da minha mente de uma vez por todas! Mas, pelo visto, eu podia esquecer...

“Por falar em Disney, a Luísa voltou mesmo este ano pra lá?”, meu pai me perguntou. “É por isso que ela não está aqui?”

“Ela foi com a família”, a Larissa respondeu por mim. “Des-de que nós voltamos, a irmãzinha dela não parou de falar que queria ter ido também, que foi uma grande injustiça a Luísa ter ganhado a viagem e ela não... Nem adiantou os pais explicarem que aquele tinha sido o presente de 15 anos da Lu, assim como o meu, o da Bruna e o da Pri. Ela reclamou tanto, que eles aca-baram economizando para viajar com as duas filhas nestas férias. Mas a Luísa já escreveu falando que não está achando a menor graça desta vez, que ir com a gente foi infinitamente melhor e que não vê a hora de voltar pra casa...”

“Isso prova que o que importa é a companhia, e não o lugar”, meu pai falou. “Ainda bem, pois assim a Priscila não vai reclamar de passar as férias inteiras aqui com vocês, em vez de viajar.”

“Bebeu o que, pai?”, o Arthur falou devolvendo o bolo para a mesa e já preparando para cortá-lo. “Desde que chegou, tudo o que ela faz é reclamar! Já falou que a gaiola do Chico está enferrujada, que o apartamento é apertado, que só passa seriado repetido na televisão, que não para de chover... Tem certeza de que não quer reconsiderar e deixá-la viajar com o Rodrigo?”

Eu ainda estava meio anestesiada por causa daquele papo todo sobre a Disney, mas despertei ao ouvir o nome “Rodrigo” e aproveitei o incentivo do meu irmão.

“É, pai! Por favor... Me dá isso de presente de aniversário! Ainda dá tempo, ele só vai daqui a alguns dias!”

“Priscila, eu já te dei um presente. Aliás, um não... Dois! Não tenho culpa se você acabou com ele em um dia. Não en-tendo como você consegue ver séries de TV nessa velocidade! A graça é exatamente ficar uma semana esperando pelo próximo episódio...”

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“Então você já acabou de ver Joan of Arcadia e Being Erica? Posso pegar emprestado?”

Eu nem tive tempo de responder a pergunta da Larissa, pois o meu pai voltou a falar antes.

“Pensei que essa conversa sobre a viagem com o Rodrigo já tivesse chegado ao fim! Não quero ouvir mais nada sobre esse assunto. Já falei que você não tem idade pra viajar com namorado, e ponto final! Além do mais, você passa o ano inteiro com sua mãe, gostaria que você quisesse ficar comigo pelo menos nas férias... No ano passado, já tive que abrir mão de você por duas semanas por causa da Disney.”

De novo aquela palavra...“E, além do mais”, meu pai continuou, “se o Rodrigo qui-

sesse mesmo ficar com você, teria vindo pra cá. E não inventado de viajar pro Nordeste!”

“Do jeito que você fala, parece até que ele me trocou por uma praia com os amigos! Já expliquei que o Rodrigo só viajou porque fazia mais de um ano que não via a irmã dele, que mora no Canadá! E agora que ela veio passar uns dias no Brasil com o namorado canadense, o Rô quer ficar o máximo possível perto dela, o que significa viajar com eles para Morro de São Paulo! O gringo queria conhecer o famoso litoral brasileiro, por isso eles alugaram uma casa grande lá, com uns quatro quartos. A mãe, o pai, o Daniel e a namorada dele vão também... que mal teria em eu ir junto?!”

“Concordo com você, pai”, o Arthur disse com a boca cheia. Só então percebi que ele já tinha partido o meu bolo e o estava devorando sem dó! “Isso é matemática de ensino fundamental: existem quatro quartos na casa. O pai e a mãe do Rodrigo vão ficar no primeiro quarto. A irmã e o namorado, no segundo. O irmão e a namorada, no terceiro. O Rodrigo, sozinho, no último. Se a Pri fosse, onde será que iriam colocá-la, hein?”

“No quarto quarto!”, a Larissa respondeu. Olhei feio para ela, que logo disse: “Desculpa, Pri, não resisti! Não podia deixar de dizer ‘quarto quarto’, que combinação legal!”

“Olha, pai, se esse é o problema, eu posso dormir na sala! Ou falo pro Rodrigo dormir com o Daniel, e eu durmo com a

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namorada dele! Sei que eles não vão se importar... Na verdade, aposto que ninguém nem está pensando em dormir, todo mundo quer mais é ficar acordado o máximo possível curtindo as férias! Poxa, pai! Por favor!”

Meu pai deu um longo suspiro, e eu cheguei a pensar que ele ia me entregar o cartão de crédito para que eu comprasse a passagem. Em vez disso, ele falou: “Priscila, parte meu coração ter que brigar com você no dia do seu aniversário. Mas, se você não parar com esse papo agora, vou levar as suas amigas pra casa delas e acabar com esta festa, já que pelo visto você não está interessada em nada do que tem aqui”.

Ele subiu um pouco o tom de voz, e eu percebi que estava falando sério. Era difícil ver o meu pai bravo, mas, quando ele ficava assim, era de dar medo. E, pelo jeito, não era só eu que pensava isso; meu irmão enfiou o resto da fatia de bolo na boca e saiu de fininho. Notei também que a Bruna e a Larissa estavam se entreolhando assustadas, como se estivessem procurando a saída de emergência.

Eu não respondi nada, só fiquei olhando para o bolo e para os salgadinhos, com vontade de gritar que nada daquilo me inte-ressava mesmo, mas eu sabia que não era verdade. Eu reconhecia o esforço do meu pai, por ter comprado tudo e ainda saído do trabalho mais cedo para buscar as minhas amigas, que agora moravam muito longe do novo apartamento. E eu realmente estava gostando da festinha... Mas lembrar que o Rodrigo ia pas-sar o verão em alguma praia, longe de mim, me tirava do sério!

Meu pai me deu uma última olhada, balançou a cabeça e, antes que eu pudesse dizer alguma coisa, se virou e saiu da sala.

“Nossa, Pri...”, a Larissa comentou assim que ele sumiu de vista. “Seu pai preparou essa comemoração com o maior carinho! Comprou o bolo que você mais gosta, encheu tudo de balões... e você age como se não estivesse nem aí... Tadinho!”

Eu tinha acabado de pensar exatamente a mesma coisa, mas ouvir da boca de outra pessoa me deu a maior vontade de chorar. Deixei a Larissa e a Bruna na sala e fui para o meu quarto, que eu ainda não considerava exatamente “meu”, mas que era onde eu

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ficava agora quando ia a São Paulo. Desde a separação, três anos atrás, meu pai começou a achar a nossa antiga casa muito grande só para ele e o meu irmão. E recentemente o trabalho dele tinha ganhado uma nova sede, na Bela Vista, onde o Arthur também fazia estágio. Dessa forma, os dois estavam passando mais tem-po no trânsito do que dentro de casa, aonde iam praticamente apenas para dormir. Por isso, há seis meses, me comunicaram que o lugar onde eu tinha crescido seria vendido.

No começo, quase tive um colapso. Por mais que eu fosse lá apenas em alguns feriados e nas férias, aquela ainda era a mi-nha maior referência de São Paulo. Era perto da minha antiga escola e no condomínio onde as minhas amigas ainda moravam. Atualmente eu considerava BH muito mais minha casa do que lá, mas São Paulo teria para sempre algo que lugar nenhum do mundo poderia me dar... a minha infância. Era para lá que eu ia quando procurava, nas minhas lembranças, as brincadeiras nas ruas do condomínio, o início da minha amizade com as meninas, as primeiras festinhas e paqueras, o amor que o meu pai e a minha mãe sentiam um pelo outro.

Eu deveria saber. Tudo um dia acaba.

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