temporada 2014 | novembro

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1 AGOSTO 2014 Sempre nossa, onde for. FORTISSIMO novembro Nº 10 / 2014

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Notas de programa sobre: RAFF | Dama Kobold, op. 154: Abertura BEETHOVEN | Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 19 LISZT | Ce qu’on entend sur la montagne - Poema Sinfônico nº 1 BAX | Tintagel CALANDRELLI | Concerto para clarinete de jazz ZEMLINSKY | A Sereia MEHMARI | Suíte de Danças Reais e Imaginárias MOZART | Concerto para piano nº 9, K. 271, "Jeunehomme" BORODIN | Sinfonia nº 2 em si menor

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VIVACE

ALLEGRO

VIVACE

Emmanuel Siffert, regente convidadoRonaldo Rolim, piano

RAFF Dama Kobold, op. 154: Abertura

BEETHOVEN Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 19

LISZT Ce qu on entend sur la montagne – Poema Sinfônico nº 1

Marcos Arakaki, regenteEddie Daniels, clarinete

BAX Tintagel CALANDRELLI Concerto para clarinete de jazz

ZEMLINSKY A Sereia

Fabio Mechetti, regenteCristian Budu, piano

MEHMARI Suíte de Danças Reais e Imaginárias

MOZART Concerto para piano nº 9 em Mi bemol maior, K. 271, “Jeunehomme” BORODIN Sinfonia nº 2 em si menor

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p. 36

SUMÁRIO

Ministério da Cultura e Governo de Minas apresentam

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Depois de anos de ansiedade e antecipação, é com grande alegria que anunciamos a primeira temporada da Filarmônica em sua nova casa: a Sala Minas Gerais. No concerto de hoje, com a presença marcante do maestro convidado Emmanuel Siffert e do jovem pianista brasileiro Ronaldo Rolim, apresentamos uma nova realidade que passará a ser vivida a partir do ano que vem. Convido todos a examinarem as novas opções de assinaturas, assim como se familiarizarem com nossa nova Sala que, esperamos, seja frequentada ativamente por todos vocês.

Neste mês salientamos ainda a presença extraordinária de Eddie Daniels, um grande nome internacional do clarinete de jazz, amalgamando uma linguagem nova à sonoridade clássica da orquestra sinfônica. Certamente um momento único e inusitado para aqueles que acompanham periodicamente nossos concertos.

Terminamos o mês de novembro com a presença de outro talento do piano brasileiro, Cristian Budu, vencedor do último Concurso Clara Haskil, que faz, neste concerto, sua estreia em nossos programas de assinatura. Concluímos a noite com uma eletrizante obra do eclético André Mehmari e com o dinamismo e vigor da Segunda Sinfonia de Borodin.

Grandes concertos, grandes notícias, grande futuro para nossa Filarmônica de Minas Gerais, logo, em sua própria casa.

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

D I R E T O R A R T Í S T I C O E R E G E N T E T I T U L A R

Fabio Mechetti

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FABIO MECHETTIDiretor Art íst ico e Regente Titular

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Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. Recentemente, foi convidado a levar ao Oriente o seu talento e capacidade de solidificar orquestras, sendo nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse, Orquestra Sinfônica de Spokane e da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, sendo, agora, Regente Emérito destas últimas duas.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia,

particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2014 voltou ao Peru, desta vez regendo a Orquestra Nacional do Peru. Em breve viaja à Espanha, onde se apresenta pela primeira vez com a Orquestra da RTV Espanhola.

No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson,

Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.

Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

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Joachim RAFF Dama Kobold, op. 154: Abertura [7 min]

Ludwig van BEETHOVEN Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 19 [29 min] Allegro con brio

Adagio

Rondo – Molto alegro

RONALDO ROLIM, piano

— i n t erva lo —

Franz LISZT Ce qu’on entend sur la montagne – Poema Sinfônico nº 1 [30 min]

Emmanuel Siffert, regente convidadoRonaldo Rolim, piano

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Grande Teatro do Palácio das Artes

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terça, 20h30

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EMMANUELSIFFERT

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O regente suíço Emmanuel Siffert foi maestro principal da Ópera de Câmara Europeia, Londres, da Orquestra de Câmara da Suíça, Sinfônica de Aosta, Itália, e da Sinfônica Nacional do Equador. Desde 2012 é o principal regente convidado da Orquestra de Concertos Welsh.

Entre as orquestras que Emmanuel conduziu figuram a Philharmonia, Royal Philharmonic, Ópera Nacional Galesa, London Mozart Players, Sinfônica da Rádio de Saarbrücken, Filarmônica de Bucareste George Enescu, filarmônicas da Cidade do México, de Joanesburgo, da Armênia, da Eslovênia, de Volgogrado, de Montevidéu e de Grã Canária, Espanha. Orquestra Operahouse Plzen, Orquestra Mozart de Viena, Symphonieorchester St. Gallen, Filarmônica Lutoslawski, Polônia, Orchestra della Svizzera

Italiana, Sinfônica de Berna, Filarmônica Rubinstein, Polônia, Orquestra Mozarteum de Salzburgo, Sudwestdeutsche Philharmonie Konstanz, sinfônicas da Bulgária, da Venezuela, do Cairo e Nacional do Peru.

Emmanuel tem uma vasta discografia e lançou várias gravações com a Royal Philharmonic, a Filarmônica de Volgogrado, Orquestra de Câmara da Suíça e Sinfônica de Aosta. Suas gravações em rádio incluem a Sinfônica da Rádio de Saarbrücken, Orchestra della Svizzera Italiana e a Orquestra de Câmara Suíça.

Atualmente, ele trabalha como professor e condutor freelancer de música para orquestra, ópera e balé.

Emmanuel Siffert foi maestro assistente na Opera St. Gallen

sob John Neschling. Atuou nesta função no Festival de Ópera de Avenches, no Grande Teatro de Genebra sob Armin Jordan, no Teatro Lírico de Cagliari sob Rafael Frühbeck de Burgos e sob Gérard Korsten. Também foi assistente em The Merry Widow de Franz Lehár na Casa de Ópera de Lyon. Outros trabalhos em óperas incluem o Teatro Opera Valle, Itália, a Ópera de Nuremberg e a Ópera da Moldávia, em Chisinau. Siffert conduziu duas temporadas do Balé Nacional Inglês e trabalha com o Royal Ballet de Covent Garden.

É professor de regência na Europa e na América Latina e dá

aulas para cantores de ópera em academias de verão. Atualmente está envolvido na preparação de peças orquestrais de raras sinfonias italianas do século XVIII e na gravação de obras orquestrais e de ópera de compositores suíços, com a gravadora VDE-GALLO.

Emmanuel ganhou o prêmio de regência no Schweizerischen Tonkünstlenverein em 1993 e 1995. Estudou condução com Horst Stein, Ralf Weikert, Joma Panula e Carlo Maria Giulini. Estudou violino em Salzburgo com Sandor Végh e se apresentou como violinista com a Camerata Salzburg Academia de 1989 a 1994.

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RONALDOROLIM

Nascido em 1986, Ronaldo Rolim vem se destacando como um importante nome da nova geração do piano brasileiro. Natural de Votorantim, SP, iniciou seus estudos musicais com a mãe, aos quatro anos de idade. Estudou com bolsa integral na Fundação Magda Tagliaferro, São Paulo, onde foi orientado por Zilda Candida dos Santos e Armando Fava Filho. Transferiu-se para os Estados Unidos e lá estudou com o pianista Flavio Varani na Oakland University, Michigan. Nesse período, realizou recitais, apresentou-se como solista com a Pontiac Symphony Orchestra sob regência de Greg Cunningham e recebeu os prêmios Outstanding Student in Piano Performance pela Oakland University e Outstanding Musician pela Mu Phi Epsilon Music Association. Aceito no prestigiado

Peabody Conservatory, em Baltimore, na classe de Benjamin Pasternack, concluiu bacharelado e mestrado em Piano Performance. Por seu desempenho artístico e acadêmico, recebeu o Pauline Favin Memorial Award in Piano. Ronaldo tem participado de masterclasses e cursos de verão com alguns dos mais distintos músicos da atualidade, como Leon Fleisher, Richard Goode, Menahem Pressler, Lilya Zilberstein e Boris Berman.

Com mais de vinte premiações no Brasil e no exterior, foi o grande vencedor do Bösendorfer International Piano Competition 2011, um dos vencedores do James Mottram International Piano Competition 2010 e vencedor por unanimidade do Harrison Winter Piano Concerto Competition 2008. No Brasil, ganhou o Grande

Concurso Magda Tagliaferro, o Concurso Jovens Solistas do Brasil e o Concurso OSB Nelson Freire.

Ronaldo atua ativamente no Brasil e no exterior, tendo se apresentado no Carnegie Hall, Steinway Hall, Palazzo Chigi Saracini, Théâtre de Vevey, Friedberg Hall e nas mais importantes salas brasileiras. Foi solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, Sinfonia Cultura, sinfônicas de Piracicaba, da USP, de Campinas e de Sorocaba, Royal Liverpool Philharmonic Orchestra, Peabody Symphony Orchestra, Peabody Camerata e estreou com a Filarmônica de Minas Gerais em 2011. Rolim trabalhou com os regentes Aylton Escobar, Yeruham Scharovsky, Ernst Mahle, Lutero Rodrigues, Jonicler Real, Ronaldo Bologna, Owain Arwel Hughes, Gene Young e Hajime Teri Murai.

Na música de câmara, mantém duo com o violoncelista Kayami Satomi e é membro fundador do Trio Appassionata, com a violinista Lydia Chernicoff e a violoncelista Andrea Casarrubios.

Ronaldo Rolim continua seus estudos no Peabody Conservatory. Em 2011, foi aceito no concorrido e prestigiado Artist Diploma, programa reservado somente a talentos excepcionais de todas as partes do globo.

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Entre os anos de 1840 e 1844, Raff optou, finalmente, pela carreira musical. À época, ensinava numa escola primária na Suíça – havia cursado filologia no Ginásio Jesuíta. Embora quando criança tivesse aprendido violino, órgão e canto com seu pai, sua estreia como compositor dá-se apenas na década de 1840. Em 1843 consulta a opinião de Mendelssohn que, muito elogioso em relação ao seu trabalho, o indica para a editora Breitkopf & Härtel, que lançaria suas primeiras obras para piano. Em Zurique, Raff se estabelece como professor de piano, copista e intérprete. No verão de 1845 é apresentado a Franz Liszt, que o toma logo como protegido e sugere sua mudança para a Alemanha. Mais que um aluno, torna-se

verdadeiro discípulo do compositor húngaro. Fixa-se em Weimar, em 1850, como assistente de mestre de capela. Alinha-se ativamente ao movimento de vanguarda encabeçado por Liszt e Wagner, envolvendo-se em polêmicas em defesa de ambos. Apesar do apoio de Liszt, que não apenas promove suas obras orquestrais como também lhe oferece algum aporte financeiro, Raff decide deixar Weimar por considerar ínfimas, nesta cidade, suas possibilidades profissionais como compositor. Em 1865 troca o círculo de Weimar pela produção independente em Wiesbaden e, pelos 21 anos seguintes, lecionará harmonia, piano e canto. Ali Raff compôs suas principais obras – suas primeiras sinfonias e a ópera cômica

Dame Kobold – tornando-se, nos anos de 1870, um dos mais executados compositores da Alemanha.

Em 1851, ainda sob supervisão de Liszt, Raff havia composto sua primeira ópera, König Alfred. A despeito do apoio de Liszt, a obra provara um traumático fracasso. No entanto, o desapontamento com essa ópera que, por anos, assombrara o compositor, tornou-se a justificativa para a retomada do gênero em 1865. Creditando o fracasso de sua ópera inicial à temática exacerbadamente séria, Raff opta por estilo mais leve e cômico, alinhando-se à música de Rossini. À época, Ludwig Schnoor von Carolsfeld – o conhecido intérprete do Tristão de Wagner – sugere a Raff que adapte a peça do poeta espanhol Pedro Calderón de la Barca, La Dama Duende. Escrita em 1629, trata-se da narrativa fantástica de um homem seduzido por uma mulher invisível, ora escondida, ora coberta por um véu, ora imersa na mais profunda escuridão. Raff, porém, prefere trabalhar na ópera Die Parole,

que não chega a ser encenada. Em 1869, finalmente, Raff acata a sugestão de Carolsfeld e compõe Dame Kobold: ópera cômica em três atos. Diferentemente das anteriores, para as quais ele mesmo escrevera os libretos, Raff pede a Paul Reber que faça a adaptação de acordo com o público e o humor alemães. A obra é estreada no Teatro da Corte de Weimar em 9 de abril de 1870 e alcança um enorme sucesso, garantindo-lhe certa visibilidade como operista. Liszt, porém, criticaria a “miscelânea de estilos” que caracteriza a obra. Apesar do sucesso inicial, a ópera não se fixa no repertório, e apenas sua abertura, publicada em 1870, virá posteriormente a receber atenção.

Para ouvir CD Joachim Raff – Symphony no. 5, “Lenore”; Overtures; Abends – Orchestre de la Suisse Romande – Neeme Järvi, regente – Chandos digital – CHSA 5135 – 2014

Acesse: fil.mg/raff

Para lerHelene Raff – Joachim Raff: Portrait of a Life – Alan Howe, tradução inglesa – Editado por www.raff.org – 2012

Para visitarwww.raff.org

igor reyner | Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

JOACHIM RAFF (Suíça , 1822 – Alemanha , 1882)

Dama Kobold, op. 154: Abertura (1869)

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O período dedicado por Beethoven à composição de concertos para piano e orquestra se estende de 1784 a 1811 e corresponde à primeira parte dos cinquenta anos que dedicaria à música. Ele considerava seus concertos para piano como os “cavalos de batalha” que estabeleceriam a sua reputação como pianista virtuose e compositor. Uma vez seu objetivo alcançado – principalmente em Viena, onde vivia e onde se digladiavam outros trezentos pianistas profissionais –, ele pôde abandonar definitivamente o gênero. Essa renúncia foi presumivelmente reforçada pelo agravamento da surdez, a qual viria a impedi-lo de estrear, em 1811, seu quinto e último concerto para piano, apelidado Imperador.

A primeira incursão de Beethoven no gênero foi o inacabado Concerto

para piano em mi bemol, que não integra a lista oficialmente reconhecida por ele e do qual subsiste somente a parte do solista. Prova precoce de seu formidável talento, esse concerto foi escrito quando Beethoven tinha treze anos e assumira o cargo de organista da corte de Bonn, sua cidade natal. Aos dezoito anos, Beethoven compôs a primeira versão do Concerto para piano nº 2, em si bemol maior, op. 19. Iniciado antes daquele que viria a ser o Concerto nº 1 em dó maior, op. 15, o Concerto em si bemol foi finalizado depois, em 1801, tendo sido por isso designado como segundo. Em nenhuma outra obra do gênero Beethoven empregou tanto tempo (mais de duas décadas) quanto no Concerto em si bemol, revisando-o e recompondo-o. Em 1793 ele revisou o terceiro movimento, Rondo, e, após dois

anos, substituiu-o por outro, além de compor novo movimento lento. Em 1798, antes de executá-lo em Praga, Beethoven novamente reescreveu a partitura e, em 1809, compôs uma nova e brilhante cadenza para o primeiro movimento.

“Não considero este concerto um dos melhores que escrevi”, disse o autor aos editores, opinião que os críticos descuidadamente acataram. O desmerecimento vindo de Beethoven deve-se em parte a uma severa autocrítica e, em parte, à necessidade de justificar a venda de uma obra já estreada. Segundo ele, a música só deveria ser lançada em público quando o brilho do virtuose já se tivesse dissipado: “é de boa política musical conservar para si próprio os melhores concertos, durante bastante tempo”, confessou aos editores Breitkopf & Härtel.

Pode-se dizer que o Concerto em si bemol foi concebido como uma encomenda para si mesmo, a fim de exibir-se em sua técnica pianística. O seu brilho não é, entretanto, mecânico e superficial.

O que o difere dos concertos de seus contemporâneos é justamente o revigoramento que promove na remanescente estilística clássica de Haydn e Mozart. O espírito beethoveniano surge ora na leveza das fioriture, em ornamentações da linha melódica, ora em momentos improvisatórios mais enérgicos, como a cadenza e a Eingang, ou entrada em alemão – termo criado por Mozart para designar pequenas improvisações que preparam o retorno do tema. A habilidade beethoveniana, acima de qualquer técnica de execução, é a de comunicar a música, propiciando a retórica dos sons com grandeza e virtude.

Para ouvir CD Beethoven – Concertos nos. 1 & 2 (1962) – Orquestra Filarmônica de Berlim – Wilhelm Kempff, piano – Ferdinand Leitner, regente – Deutsche Grammophon – 1988

Para assistir Orquestra Filarmônica de Londres – Bernard Haitink, regente – Vladimir Ashkenazy, pianoAcesse: fil.mg/bpiano2

Para ler Barry Cooper (org.) – Beethoven: um compêndio – Jorge Zahar Editor – 1996

marcelo corrêa | Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais

Instrumentação: flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, cordas.

LUDWIG VAN BEETHOVEN (Alemanha , 1770 – Áustria , 1827)

Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 19 (1790/1795, versão final 1801)

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Em setembro de 1847, após um concerto em Yelisavetgrad (hoje Kirovohrad, Ucrânia), Liszt colocou um ponto final em uma das carreiras de concertista mais bem-sucedidas de toda a história da música e se preparou para iniciar uma nova etapa em sua vida. Aos trinta e seis anos ele assumia o cargo de Kapellmeister (Mestre de Capela) na pacata Weimar, cidade onde outrora tinham vivido e morrido Goethe e Schiller. Entre suas obrigações estava a de dirigir a orquestra da corte nos concertos oficiais, assim como a de dar aulas a membros da nobreza. Em uma cidade com fortes tradições teatrais, reger uma orquestra com músicos incompetentes e pouco

dispostos não era tarefa fácil. Mas sobrava-lhe tempo para lecionar piano e dedicar-se à composição, apesar das dificuldades. Há anos ele desejava pôr em prática ideias musicais antigas que levava por toda parte. Uma delas era a fusão da música com a literatura. Não, porém, no sentido de uma aliança entre as duas, em que a música apenas ilustrasse o universo literário. Liszt desejava que a música tivesse o status da poesia. Ou seja, do texto literário ele tomaria a essência, e a trabalharia em linguagem puramente musical. No final, teríamos apenas a música, pois que nenhuma obra musical sem qualidade artística permaneceria viva apenas por ter

tido, como pano de fundo, um bom programa literário.

Mas quando Liszt chegou a Weimar ainda não sabia como realizar esse plano. Ce qu’on entend sur la montagne (O que se escuta no alto da montanha), também conhecido como Bergsymphonie (Sinfonia da montanha), o primeiro de seus poemas sinfônicos, é uma das inúmeras obras de Liszt que comportam a ideia de conexão com uma fonte extramusical. Os primeiros esboços de Ce qu’on entend... datam do início dos anos 1830; vários motivos (temas) foram concebidos em 1847, e a primeira versão ficou pronta em 1848.

Ce qu’on entend sur la montagne foi inspirado no poema de mesmo nome, quinto poema da coleção Les feuilles d’automne (As folhas do outono), de Victor Hugo, publicada em 1831. Liszt e Hugo eram amigos havia décadas. Nos anos 1850 Victor Hugo lhe cunharia o carinhoso apelido de “Orfeu de Weimar”.

No poema de Victor Hugo, o narrador pergunta ao leitor se ele alguma vez subiu uma montanha na borda do oceano e se, na quietude e no silêncio, parou para escutar

Para ouvir CD Liszt – Les Préludes; Hungarian Fantasy; Ce qu’on entend sur la montagne – Hungarian National Philharmonic Orchestra – Zoltán Kocsis, regente – Warner Classics – 2011 (gravação ao vivo)

Orquestra Filarmônica de Londres – Bernard Haitink, regente | Acesse: fil.mg/lpoema1

Para ler Lauro Machado Coelho – O cigano visionário: vida e obra de Franz Liszt – Algol – 2009

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

FRANZ LISZT (Hung ria , 1811 – Alemanha , 1886)

Ce qu’on entend sur la montagne – Poema Sinfônico nº 1 (1848/1849 – versão final 1854)

Uma vinha do mar; canto de glória! hino de felicidade!

Era a voz das ondas que conversavam entre elas.

A outra, que se elevava da terra onde estamos, –

era triste; era o murmúrio dos homens.

E nesse grande concerto, que cantava dia e noite,

cada onda tinha a sua voz e cada homem, seu ruído. .................................................................. Uma dizia: NATUREZA! e a outra: HUMANIDADE!

o som que nos chega aos ouvidos. Revela-nos então que, lá de cima, se escutam duas vozes:

A essência do poema está na dualidade entre a voz da Natureza,

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“alegre e pacífica”, e a da Humanidade, “como a dobradiça enferrujada de uma porta do inferno” que o tempo todo grita injúrias e blasfêmias. Liszt parte dessa mesma essência para compor seu poema sinfônico. A música se inicia com uma longa introdução (Poco allegro). Aos poucos conseguimos distinguir as vozes: primeiramente a Natureza e depois os Homens, cantando seus temas bem distintos. A primeira parte termina com trombones e tuba (seguidos das madeiras e, posteriormente, das cordas) executando um tema de caráter religioso (Andante religioso) que, em razão do adjetivo, nos faz pensar na voz do Criador: “Como esse grande leão que hospedou Daniel, o oceano por momentos abaixava sua alta voz e eu julgava ver, no poente em chamas, sob sua juba dourada, passar a mão de Deus” (alusão de Hugo a Daniel na caverna dos leões, no mesmo poema). Inicia-se a segunda seção (Allegro moderato – Alla breve) e, aos poucos, chega-nos o conflito das duas vozes que,

à medida que o tempo passa, fica cada vez mais tempestuoso (vozes “que cantam ao mesmo tempo o canto universal”, “que se mesclam”, mas que ainda somos capazes de distinguir, como “duas correntes que se cruzam sob a onda”). O confronto nos leva a lutas violentas, bem como a alguns breves momentos meditativos. E, ao contrário do poema de Hugo, que possui um final pessimista, Liszt fecha sua obra com o tema religioso (Andante religioso), trazendo um pouco de esperança ao interminável conflito entre a Humanidade e a Natureza.

Dedicado à princesa Carolyne de Sayn-Wittgenstein (“àquela que é a companhia de minha vida, o firmamento de meus pensamentos, a oração viva e o céu de minha alma”), Ce qu’on entend sur la montagne é o mais longo poema sinfônico de Liszt e, provavelmente, de todo o século XIX. A primeira versão foi apresentada pelo compositor, em Weimar, em 1850. Liszt ainda apresentaria uma segunda versão em 1853 e, a versão final, em 1857.

guilherme nascimento | Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e .

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Arnold BAX Tintagel [15 min]

Jorge CALANDRELLI Concerto para clarinete de jazz [23 min] Allegro

Adagio

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eddie daniels, clarinete

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Alexander von ZEMLINKSKY A Sereia [43 min] Sehr maessig bewegt – Em tempo muito moderado

Sehr bewegt, rauschend – Animado, precipitado

Sehr gedehnt, mit schmerzvollem Ausdruck –

Muito sustentado, expressivamente doloroso

Marcos Arakaki, regenteEddie Daniels, clarinete

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Grande Teatro do Palácio das Artes

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quinta, 20h30

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MARCOSARAKAKI

Marcos Arakaki é natural de São Paulo. Bacharel em violino pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), concluiu seu mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, sob a orientação do maestro Lanfranco Marcelletti.

Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o do I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica em 2001, e I Prêmio Camargo Guarnieri, realizado pelo Festival Internacional de Campos do Jordão, em 2009.

Arakaki vem dirigindo as principais orquestras brasileiras, como as sinfônicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, a Petrobras Sinfônica, as sinfônicas do Teatro Nacional Claudio Santoro de Brasília, de Campinas, da USP, a Orquestra de Câmara da Osesp e a Orquestra Experimental de Repertório. No exterior, dirigiu orquestras nos Estados Unidos, México, Argentina, Ucrânia e República Tcheca.

Realizou turnês nacionais e regionais com a Camerata Fukuda,

com a Orquestra Sinfônica Brasileira e com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. À frente da Orquestra Sinfônica Brasileira, gravou em 2010 a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por Philip Glass.

Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou como regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como regente titular, Arakaki promoveu a reestruturação da Orquestra Sinfônica Brasileira

Jovem entre 2008 e 2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e do público na cidade do Rio de Janeiro.

Marcos Arakaki é Regente Associado da Orquestra Filarmonica de Minas Gerais, regente titular da Orquestra Sinfônica UFPB e professor visitante da Universidade Federal da Paraíba.

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EDDIEDANIELS

Eddie Daniels chamou a atenção do público de jazz primeiro como saxofonista tenor, com a Orquestra Lewis Thad Jones-Mel. Quando Thad e Mel iniciaram a organização de sua banda, em 1966, para se apresentarem às segundas-feiras à noite no Village Vanguard, em Nova York (onde ainda se apresentam), Eddie foi um dos primeiros músicos que convidaram. Mais tarde naquele ano, ele chegou a gastar quatrocentos dólares em um voo de ida e volta a Viena para participar da International Competition for Modern Jazz, concurso organizado pelo pianista

Fredrich Gulda e patrocinado pela cidade de Viena, ganhando ali o primeiro prêmio no saxofone. Daniels continuou trabalhando com Thad e Mel ao longo dos anos seguintes e excursionou pela Europa extensivamente com eles.

Um único solo de clarinete gravado com a orquestra de Thad Jones-Mel Lewis no álbum Live at the Village Vanguard chamou atenção suficiente para ele vencer o prêmio New star on Clarinet da crítica internacional, na DownBeat Magazine. Esta inclinação para o clarinete não

era nova, já que Eddie começou a praticar o instrumento aos treze anos e recebeu seu mestrado em Clarinete em The Juilliard School. Detentor de vários prêmios e indicações ao Grammy, Eddie Daniels revolucionou a mistura de jazz e música clássica. Recentemente, em fevereiro de 2014, ele venceu o Grande Prêmio da Academie Du Jazz da França para a melhor gravação do ano, um álbum chamado Duke at the Roadhouse.

Eddie Daniels é claramente um músico renascentista, um

virtuoso em jazz e música clássica, destinatário de elogios sem reservas de seus colegas, dos críticos e do público. O maior desejo de Eddie é alcançar o maior número possível de pessoas com a sua música, ampliando tanto o público de jazz quanto de música clássica e, ao mesmo tempo, derrubando as paredes que os separam. Nas mãos de Eddie, a música de Mozart pode ser tão envolvente quanto a de Charlie Parker, e um concerto que envolva ambos pode se tornar uma experiência única e gratificante para o público.

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Arnold Bax, nascido em uma abastada família inglesa, nunca frequentou escola regular e tampouco precisou trabalhar; pôde assim dedicar-se à leitura e à música. Lia sistematicamente óperas de Wagner ao piano – possuía enorme habilidade para a leitura de partes orquestrais à primeira vista, o que lhe proporcionou premiações na Royal Academy of Music, instituição na qual ingressou em 1900 e formou-se em 1905. Dedicou-se também a escrever literatura e, sob o pseudônimo de Dermot O’Byrne, publicou poemas, pequenas histórias e três de suas quatro peças teatrais.

Em 1902 Bax descobre o livro The Wanderings of Oisin and Other Poems de W. B. Yeats, figura de destaque do Celtic Revival, movimento irlandês de retomada e promoção da cultura celta. Deslumbrado por Yeats, viaja

constantemente para a Irlanda, onde encontra refúgio e inspiração. Inspiram-no, também, as viagens para a Noruega, Rússia e Ucrânia, entre os anos de 1905 e 1912. Sua linguagem reúne, às melodias e coloridos celtas e nórdicos, o romantismo de Liszt e Wagner e um impressionismo próprio, de texturas flutuantes bastante diferentes daquelas de Debussy.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Bax isolou-se em seu trabalho de composição. À época vivia também um conflito emocional: manter seu casamento com Elsita Sobrino ou entregar-se a sua paixão por Harriet Cohen, eminente pianista que conhecera em 1912. No verão de 1917, entre agosto e setembro, Bax decide viajar com Harriet por seis semanas para Tintagel, costa

norte de Cornwall. A guerra, o drama pessoal e a imagem das ruínas do castelo de Tintagel no alto da colina, invadindo o Atlântico, serviram de pretexto para a composição daquela que se tornaria sua obra mais popular, o poema sinfônico Tintagel, finalizado em outubro de 1917, logo após seu retorno a Londres.

Desde 1905 Bax dedicava especial atenção à composição de poemas sinfônicos, com predileção por temas marítimos, como seu favorito The Garden of Fand, de 1916. Apesar do impetuoso processo de composição, Tintagel só seria devidamente orquestrado e finalizado em janeiro de 1919. Sobre a obra, Bax declara: “Embora sem detalhar um programa específico, esta obra pretende evocar uma imagem tonal da falésia de Tintagel coroada por um castelo; e particularmente da grandeza do Atlântico, visto das falésias de Cornwall num ensolarado – embora por isso não menos ventoso – dia de verão. Na seção intermediária da peça imagina-se que o crescente tumulto do mar faz emergir à

memória as históricas e lendárias referências do lugar, especialmente as do Rei Arthur, do Rei Mark e de Tristão e Isolda.” Estreado em Winter Gardens, pela Bournemouth Municipal Orchestra regida por Dan Godfrey, em 20 de outubro de 1921, Tintagel não é mera pintura, ou um conjunto de impressões subjetivas, mas uma busca pela essência da paisagem e da história de Cornwall, mesclada com o incômodo da guerra e com o desconforto social provocado pelo seu relacionamento com Harriet Cohen, a quem a obra é dedicada.

Para ouvir Bax – Orchestral Works – vol. 3 – November Woods; The Happy Forest; The Garden of Fand; Summer Music; Tintagel – Ulster Orchestra – Bryden Thomson, regente – Chandos – CHAN10156X

Para assistirOrquestra da Rádio e Televisão Espanhola – Adrian Leaper, regente | Acesse: fil.mg/btintagel

Para lerLewis Foreman – Bax: A composer and his times – Boydell Press – 2007

Arnold Bax – Dermot O’Byrne: Poems – Thames Publishing – 1979

Para visitarwww.musicweb-international.com/bax/index.html

igor reyner | Pianista, Mestre em música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

ARNOLD BAX (Inglaterra , 1883 – República da Irlanda , 1953)

Tintagel (1917/1919)

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Do embate estético entre a alta e a baixa cultura nos séculos XX e XXI, surge a dicotomia música erudita/popular como fenômeno mais característico. Termos foram criados para classificar gostos e estilos, como highbrow e lowbrow, usados para definir o que pertence à alta ou à baixa cultura, respectivamente. Restrito ao universo musical, cunhou-se o termo crossover para designar a fusão de estilos e gêneros musicais – independentemente do local ou época de sua origem –, associado geralmente à música pop executada por intérpretes da música erudita e vice-versa. Renomados músicos, como Yo-Yo Ma, Plácido Domingo e Andrea Bocelli fazem parte desse crescente segmento. O sucesso

desses artistas, e de centenas de outros por todo o mundo, deve-se em grande parte a figuras menos conhecidas, como a do compositor argentino Jorge Calandrelli. Desde 1978, quando se fixou nos Estados Unidos, o “maestro Calandrelli” – como é chamado pelas divas e primiuomini – vem se destacando como um dos arranjadores mais prolíficos da atualidade. É um artista crossover por excelência, com versatilidade inigualável para a música erudita, pop, jazz, latina e suas vertentes.

Seu Concerto para clarinete de jazz foi escrito em Nova York, durante o inverno de 1984. Nele, os timbres dos clarinetes de Artie Shaw e Benny Goodman misturam-se ao

estilo do jazz orquestral de George Gershwin e de Leonard Bernstein. A música clássica é representada por inflexões rítmicas ao estilo de Béla Bartók e Igor Stravinsky e sofisticadas harmonias de Francis Poulenc. A sobreposição estilística é evidente na seção central do primeiro movimento, onde o improviso jazzístico do clarinete é pontilhado por acordes orquestrais reminiscentes de A Sagração da Primavera, de Stravinsky. A improvisação também desempenha um papel importante no último movimento, um cintilante Presto, no qual toda a orquestra improvisa sobre notas-padrão. A passagem é curta e o efeito é caótico e bem-humorado: o compositor também utiliza ruídos, como o bater das unhas no corpo dos instrumentos e cordas tocadas com o arco acima do cavalete. O Concerto foi encomendado pelo compositor Jack Elliot e pela Foundation for New American Music para ser especialmente executado pelo clarinetista de jazz Eddie Daniels, que estreou a obra em março de 1985. Existe também versão para solista e conjunto de sopros.

Jorge Calandrelli está inserido na indústria do entretenimento pop como um sólido artista. Seu trabalho junto a nomes como Madonna, Elton John e Julio Iglesias pode até afugentar os intelectualizados ouvintes highbrow, mas, longe de se preocupar com efeitos culturais de massa, em que o valor estético é medido por unidades vendidas, Calandrelli navega habilmente por vários nichos de mercado. Com 27 indicações e seis prêmios Grammy, tornou-se personagem de um novo paradigma, de um mundo cultural aberto e de infinitos acessos, sem discursos herméticos e sem divisões culturais, qualificado por um jornalista americano com uma nova expressão: nobrow.

Para ouvir CD Breakthrough – Orquestra Philharmonia – Ettore Stratta, regente – Eddie Daniels, clarinete – GPR Records – 1990

Para assistirOrquestra Sinfônica de Córdoba – Frederico Garcia Vigil, regente – Dante Augusto Ottaviano, clarineteAcesse: fil.mg/cclarinetejazz

Para lerMichael Thomas Roeder – A History of the Concerto – Amadeus Press – 1994

marcelo corrêa | Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 4 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, piano, harpa, cordas. Trio de jazz: piano, baixo acústico e bateria.

JORGECALANDRELLI (Argent ina , 1939)

Concerto para clarinete de jazz (1983/1984)

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Para ouvir Alexander von Zemlinsky – Die Seejungfrau – Orquestra Real do Concertgebouw – Riccardo Chailly, regente | Acesse: fil.mg/zsereia

Para lerAntony Beaumont – Zemlinsky – Cornell University Press – 2000

Instrumentação: 2 piccolos, 4 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 6 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, cordas.

ALEXANDER VON ZEMLINSKY (Áustria , 1871 – Estados Unidos, 1942)

A Sereia (1902/1903)

Originária de Sarajevo, a mãe de Alexander von Zemlinsky descendia de um judeu sefardim e de uma muçulmana da Bósnia. O pai era filho de imigrante eslovaco e de mãe austríaca. A família converteu-se à religião judaica em 1870, pouco antes de Alexander nascer, em Viena. Aos quatro anos o menino começou a demonstrar habilidade ao piano. Em 1886, matriculou-se no Conservatório de Viena para estudar piano, harmonia, contraponto e composição. Seus mestres para composição foram Johann Nepomuk Fuchs e Bruckner.

Em 1893, as obras de câmara de Zemlinsky começaram a ser executadas pela orquestra Wiener Tonkünstlerverein. Impressionado

com o que ouvira, Johannes Brahms recomendou o jovem autor a seu editor. Entre 1895 e 1896, iniciando uma carreira de regente de grande prestígio, Zemlinsky dirigiu a orquestra Polyhymnia, na qual Arnold Schoenberg era um dos violoncelistas. Em razão dessa circunstância, e a partir de uma relação informal entre professor e aluno (como único desvio na orientação autodidata de Schoenberg, Zemlinsky lhe deu aulas de contraponto), os dois tornaram-se amigos. Zemlinsky orientou Schoenberg na composição do Quarteto de Cordas em ré menor (1897), e Schoenberg dedicou as Duas Canções, op. 1 (1898) ao “professor e amigo”. Por outra parte, Zemlinsky contou

com a colaboração de Schoenberg na preparação da parte vocal da ópera Sarema, com a qual ganhou o prêmio Luitpold em 1896. Em 1900, a segunda de suas oito óperas, Era uma vez, estreou em Viena sob a regência de Gustav Mahler.

Quando, em 1901, Arnold Schoenberg esposou Mathilde, irmã de Zemlinsky, este estava apaixonado por Alma Schindler. A Sereia constitui a primeira reação musical do compositor à rejeição da mulher que, em 1902, viria a se casar com Gustav Mahler.

As primeiras obras de Zemlinsky sugerem uma espécie de acordo entre as influências de Wagner e Brahms. As óperas Sarema e Era uma vez já revelavam seu talento para a cor e para o desenvolvimento do drama. Com A Sereia, sua música torna-se febril. A composição dessa fantasia sinfônica, inspirada em Andersen, foi iniciada em 1902 e concluída em 1903. O autor estreou-a em 25 de janeiro de 1905, juntamente com Pelléas et Mélisande (poema sinfônico, op. 5), de Schoenberg.

Seguiram-se apresentações em Praga e Berlim.

Ao fugir da perseguição nazista, Zemlinsky asilou-se em Nova York em 1938. Viajou para a América abandonando o terceiro movimento de A Sereia na Europa. Em 1984, a partitura foi finalmente reunida e executada pela quarta vez.

O primeiro movimento apresenta a sereia no mar, o salvamento do príncipe, e sua decisão de deixar o oceano por ele. O segundo descreve o encontro com a feiticeira, que lhe corta a língua em troca de uma aparência humana, para que chegue ao palácio e aí encontre o príncipe e noivo. O terceiro movimento expressa o retorno ao oceano, a transformação em espuma e a dissolução da espuma pelo vento.

carlos palombini | Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

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Grande Teatro do Palácio das Artes

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terça, 20h30

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Fabio Mechetti, regenteCristian Budu, piano

André MEHMARI Suíte de Danças Reais e Imaginárias [15 min] Prelude Sillywalking GigaValsa Espera

Maracastrava Trégua Catala Pavana

Finale

Wolfgang Amadeus MOZART Concerto para piano nº 9 em Mi bemol maior, K. 271, “Jeunehomme” [32 min] Allegro

Andantino

Rondeau: Presto

cristian budu, piano

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Alexander BORODIN Sinfonia nº 2 em si menor [26 min] Allegro

Scherzo: Prestissimo – Allegretto

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Finale: Allegro molto vivo

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CRISTIANBUDU

Cristian Budu é considerado um dos expoentes de sua geração. Dotado de musicalidade genuína e uma calorosa força de comunicação, sua personalidade artística e sensível toque ao piano vêm sendo internacionalmente reconhecidos. Desde os nove anos de idade, foi laureado com o primeiro lugar em diversos concursos nacionais, como o Concurso Nelson Freire 2010 e o Programa Prelúdio da TV Cultura 2007.

Em 2013, tornou-se o primeiro brasileiro a vencer o 25º Concours International de Piano Clara Haskil, na Suíca. Considerado um dos mais importantes concursos da atualidade, o Clara Haskil tem

entre seus vencedores, em edições passadas, o alemão Christoph Eschenbach, o norte-americano Richard Goode, a japonesa Mitsuko Uchida e o russo Evgeni Korolyov. Essa conquista de Budu tem sido considerada pela crítica no Brasil como a mais importante premiação a um pianista brasileiro nos últimos vinte anos. Além do grande prêmio, Cristian também arrebatou o prêmio do público e o prêmio Children’s Corner. No mesmo ano, venceu também o concurso Wild Card Ensemble Honors Competition, do New England Conservatory, em Boston.

Cristian desenvolve uma carreira intensa como solista e camerista, apresentando-se na América do

Sul, Europa, Estados Unidos e Israel, em salas como Jordan Hall, em Boston, Ateneu de Bucareste, Teatro Municipal de São Paulo, Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, Museu da Casa Brasileira, entre outras.

Apresentou-se com a Orchestre de la Suisse Romande, Orquestra Sinfônica Brasileira, Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica de Sergipe e em recitais no Festival de Campos do Jordão. Fez sua estreia com a Filarmônica de Minas Gerais em 2013. Dividiu o

palco com os artistas Frederic Chaslin, Sebastian Baverstam, Roberto Minczuk, George Li, Iosif Ion Prunner, Guilherme Mannis, Julio Medaglia dentre outros.

Cristian Budu é formado em Música pela USP, onde teve como professor o renomado pianista Eduardo Monteiro, a quem considera seu principal mentor. Nos Estados Unidos, Cristian tornou-se Mestre em Performance Pianística pelo New England Conservatory, e cursa o Artist Diploma sob orientação da sul-coreana Wha Kyung Byun.

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André Mehmari nasceu em Niterói em 1977. Seu interesse pela música foi despertado pelo piano de sua mãe, na sala. Aos oito anos de idade ingressou numa escola de música, em Ribeirão Preto, para onde a família se mudara, e descobriu o jazz e a improvisação. Cinco anos depois, começou a apresentar-se como jazzista e a realizar composições e arranjos. Em 1993 estudou com Roberto Sion e Gil Jardim no Festival de Inverno de Campos do Jordão, ao qual retornou, no ano seguinte, para participar do curso de arranjo de Moacir Santos. Mehmari mudou-se para São Paulo em 1995 e passou a estudar piano com Amílcar Zani e a frequentar os cursos de Willy Corrêa de Oliveira, Olivier Toni, Régis Duprat e Lorenzo Mammi, na ECA-USP. Sua Sinfonia elegíaca conquistou o primeiro lugar no Concurso Nacional

de Composição Sinfonia para Mário Covas, em 2001.

André Mehmari tem sido premiado tanto na área da música erudita quanto popular. Com a composição Omaggio a Berio, baseada em Monteverdi, venceu o concurso de composição Camargo Guarnieri de 2003, promovido pela Orquestra Sinfônica da USP. Em 2010 assinou contrato com o selo italiano Egea para gravar cinco discos nos próximos anos.

Sua música já foi tocada por solistas como Maria João Pires, Ricardo Castro e Fábio Cury, e por grupos como Osesp, Osusp, OSB, Petrobras Sinfônica, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Sujeito a Guincho e Quinteto Villa-Lobos, entre outros.

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, celesta, cravo, cordas.

ANDRÉ MEHMARI (Brasil , 1977)

Suíte de Danças Reais e Imaginárias (2005)

A convite de seu diretor artístico, Eduardo Marturet, em 2015 Mehmari atuará como compositor residente junto à Sinfônica de Miami, quando estreará seu Concerto para dois pianos e orquestra.

A Suíte de Danças Reais e Imaginárias foi composta sob encomenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo para o Segundo Concurso Internacional de Regência – Prêmio Osesp, realizado na Sala São Paulo em fevereiro de 2006. A obra foi composta entre setembro e novembro de 2005. Mehmari a descreve nos seguintes termos:

Partindo de um tema do compositor barroco inglês Henry Purcell (de Fairy Queen), criei uma suíte de danças bem contrastantes, mas sempre dialogando com o tema do prelúdio. Sillywalking foi inspirado num quadro homônimo do Monty Python’s Flying Circus. Gigavalsa, como o próprio nome diz, contém uma giga e uma valsa. Foi criada no auge da crise do mensalão, e o apito utilizado na orquestração representaria a tão esperada punição dos criminosos.

Espera, Trégua e Catala seriam as tais danças imaginárias, inspiradas no universo fantástico dos cronopios e famas do escritor argentino Julio Cortázar. Maracastrava encontra uma ponte entre as síncopes stravinskianas e as do maracatu pernambucano. Neste movimento exploro o contraste do rústico com o polido. A Pavana é uma livre variação sobre o tema de Purcell, que leva à sua reexposição, no finale.

A Suíte, composta em nove partes, foi executada pela Osesp, conduzida por John Neschling, nos dias 6 e 7 de julho de 2006, na Sala São Paulo, e no dia 8 de julho, no Auditório Claudio Santoro, durante a abertura do 37º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.

carlos palombini | Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

Para ouvir André Mehmari – Suíte de Danças Reais e Imaginárias – Osesp – John Neschling, regente – Sala São Paulo | Acesse: fil.mg/ mdancas

Para assistir André Mehmari – Suíte de Danças Reais e Imaginárias – Osesp – John Neschling, regente – Auditório Claudio Santoro – Festival de Inverno de Campos do Jordão Acesse: fil.mg/mdancasosesp

Para visitar www.andremehmari.com.br

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Aos onze anos, preparando-se com entusiasmo para mais uma viagem a Viena, Wolfgang fez, para piano e orquestra, quatro arranjos de sonatas de diferentes autores, juntando-as três a três para constituírem os três movimentos de cada “concerto”. Esses arranjos, que ele denominou “pastiches”, termo usado na época sem caráter pejorativo, foram incluídos no catálogo Köchel como “Peças de sonatas francesas agrupadas em ‘pasticcio’ e arranjadas em quatro concertos para cravo por Mozart”, e figuram no catálogo como os primeiros quatro concertos de Mozart para piano, de uma série de 27. Para a maioria dos estudiosos, no entanto, o primeiro que pode ser considerado realmente de sua autoria é o Concerto K. 175, em Ré maior, composto em Salzburgo em 1773. Por essa visão, o número

de concertos é 23, e o Concerto Jeunehomme recebe o número 5.

Aos dezessete anos, Wolfgang está em Salzburgo, submetido ao medíocre ambiente cultural da cidade e às funções que exerce junto ao príncipe arcebispo Colloredo. No entanto, ao compor o Concerto K. 175, reage à superficialidade do estilo galante e apresenta nova profundidade de emoção. Embora não deixe de contar com o virtuosismo do solista, destina à orquestra um papel de fato concertante. Com experiência em todos os gêneros musicais e autonomia conscientemente conquistada, Wolfgang compõe em 1776 mais três concertos. Ele, que adotara sem reservas o piano de martelos (Hammerklavier), em detrimento do cravo, criou, em mais de um

Instrumentação: 2 oboés, 2 trompas, cordas.

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Áustria , 1756 – 1791)

Concerto para piano nº 9 em Mi bemol maior, K. 271, “Jeunehomme” (1777)

terço dos concertos que compôs para esse instrumento, até o último ano de sua vida, uma das contribuições mais notáveis de toda a sua obra de compositor.

O ano de 1777, cheio de acontecimentos importantes para Wolfgang, sob todos os pontos de vista, começou com um estímulo inesperado. Chega a Salzburgo a renomada pianista parisiense Mlle. Jeunehomme, e a Mozart pedem que escreva um concerto para a artista. O fato é como uma rajada de entusiasmo para o compositor, extraordinário virtuose, que era quase sempre o único intérprete de suas peças para piano. Assim nasce o Concerto em Mi bemol, K. 271.

O Allegro inicial se inicia de maneira excepcional entre os concertos de Mozart. O tutti orquestral apresenta o início do primeiro tema em uníssono, vigoroso, mas é o piano que imediatamente se impõe e o termina. Este primeiro movimento, cheio de energia e otimismo, contém, pela primeira vez, um verdadeiro desenvolvimento temático. Segue-se o comovente

Para ouvir CD Mozart – The great piano Concertos – Orquestra da Academy of St. Martin in the Fields – Sir Neville Marriner, regente – Alfred Brendel, piano – Phillips – 1994

Para assistirOrquestra Filarmônica de Viena – John Eliot Gardiner, regente – Maria João Pires, pianoAcesse: fil.mg/mpiano9

Para ler H. C. Robbins Landon (org.) – Mozart: um compêndio – Zahar – 1996

Olívio Tavares de Araújo – Procurar Mozart – Métron/Editora Síntese – 1991

Andantino, em dó menor, em que largas frases do piano, em recitativo, expressam emoções íntimas, de forma pessoal mais livre do que em obras anteriores. O rondó final, Presto, em que ressalta especial liberdade formal, se inicia com um grande trecho do solista, cheio de verve, e transcorre com audácia e entusiasmo até o fim dos diálogos entre solista e orquestra.

berenice menegale | Pianista, diretora da Fundação de Educação Artística.

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Impulsionado pelos ideais do Romantismo, o movimento musical nacionalista russo conseguiu força decisiva por volta de 1862, com a formação do núcleo que fez história sob a denominação de Grupo dos Cinco. Curiosamente, todos os seus integrantes dedicaram-se de maneira muito irregular à música, mantendo, em maior ou menor grau, outras atividades profissionais.

Alexander Borodin, músico de inspiração requintada, sempre se considerou químico de profissão, ligado a célebres cientistas, como Mendeleief. Daí o reduzido catálogo de sua obra musical. Interessante observar ter sido por seus feitos científicos — e não pelos musicais — que o governo soviético erigiu uma estátua em sua homenagem.

O folclore de colorido semioriental da região do Cáucaso marcou profundamente a sensibilidade do compositor que, desde criança, demonstrara grande interesse pela música. A amizade com Mussorgsky (músico originalíssimo, de inspiração intrinsecamente russa) e o casamento com a pianista Ekaterina Protopopova (grande intérprete de Chopin, Schumann e Liszt) foram fatores decisivos para o amadurecimento de seu estilo. Como cientista e músico, afeito às dualidades, Borodin soube conciliar em sua obra as tradições musicais da antiga Rússia com as contribuições do Romantismo ocidental. O processo conduziu-o a um resultado inteiramente novo. O reconhecimento internacional se impôs pelas mãos de Liszt, que, sempre atento às inovações

ALEXANDER BORODIN (Rúss ia , 1833 – 1887)

Sinfonia nº 2 em si menor (1869/1876)

e à revelação de talentos desconhecidos, dirigiu a Sinfonia nº 2 de Borodin em Baden-Baden, em 1880.

No primeiro movimento (Allegro), um vigoroso motivo inicial de apenas três compassos, em uníssono e de natureza cromática, serve de introdução. É, na realidade, a primeira parte do tema principal. A segunda parte, também de três compassos, aparece imediatamente no registro superior. O caráter russo desse motivo, fragmentário e facilmente divisível, permite que seus dois motivos constituintes dominem o movimento, parafraseados, fragmentados ou desenvolvidos em tessituras e ritmos diversos. O segundo tema, contrastante, apresenta melodia encantadora, baseada em uma escala de cinco notas. Esta frase lírica aparece primeiramente nos violoncelos e depois nas madeiras. Na sequência, os dois temas se alternam e formam um tecido sonoro de grande efeito. O motivo inicial será sempre o mais valorizado – no desenvolvimento, os trombones e a tuba o conduzem a uma espécie de stretto sobre uma longa nota dos metais; no final, três acordes

fortíssimos o anunciam mais dilatado e prolongado.

O segundo movimento, Scherzo: Prestissimo, inicia-se com um acorde violento. O primeiro tema, com desenho ascendente, reaparece como refrão. Uma seção em Allegretto, na tonalidade de Ré maior, funciona como trio central: o oboé apresenta a melodia simples e melancólica que passará ao clarinete e à flauta, para depois ser amplamente proclamada pelas madeiras e cordas. Com seu toque oriental, essa melodia se extingue num agradável efeito de diluição sonora. Repete-se então o scherzo, mas com novos desenvolvimentos das ideias temáticas. O movimento termina com um longo acorde de clarinetes e trompas, que começa em piano e termina quase inaudível.

Para ouvir Borodin – Symphony nº 2 – Slovak Philharmonic Orchestra – Stephen Gunzenhauser, regente – Naxos Historical, Alemanha – 1995

Orquestra Sinfônica da Rádio de Stuttgart – Carlos Kleiber, regente | Acesse: fil.mg/bsinf2a (1º e 2º movimentos)fil.mg/bsinf2b (3º e 4º movimentos)

Para ler Ralph Hill – Sinfonia – Editora Ulisseia – 1959

Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

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O Andante seguinte, terceiro movimento em Ré bemol maior, tem caráter rapsódico. O clarinete cria uma ambientação nostálgica para a trompa, que, acompanhada pela harpa, entoa longa melodia, bela e irregular em sua métrica. O colorido orquestral parece feito de mosaicos encantadores – nova e curta melodia se desenvolve pontilhada por elementos do tema principal, aos quais se acrescenta inesperado fragmento cromático de escala. Em súbito clímax da orquestra, a longa melodia do início se apresenta nas cordas. Depois do reaparecimento de vários fragmentos temáticos, o clarinete novamente anuncia a trompa que, como um eco longínquo, conclui o movimento.

No grande Allegro final, o primeiro tema é proclamado com todo brilho orquestral – primeiro em luminoso solo de flauta no registro agudo, sobre sons graves das

cordas e timbales em pianissimo; depois, pelo clarinete e pelo oboé. Uma nota prolongada aparece ameaçadora nas trompas e, durante o desenrolar do movimento, Borodin permanece fiel ao processo de jogar com pequenos blocos melódicos independentes até construir um clímax. O segundo tema é anunciado por um solo de clarinete. Sua melodia cantabile é repetida pela flauta, pelo oboé e, finalmente, em toda a plenitude da orquestra. A Sinfonia termina com uma coda muito condensada, mas notável pela síntese dos temas principais. Toda a obra reflete o anseio teatral do autor e oferece numerosas semelhanças com trechos de sua ópera O Príncipe Igor, inspirada em lendas medievais russas. A animação fervilhante do quarto movimento evoca as danças e cânticos festivos de bravos guerreiros comemorando a vitória, junto ao tumulto da alegre multidão.

paulo sérgio malheiros dos santos | Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado.

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olá, assinante

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Horário de funcionamento: de segunda a sexta, de 9h a 18h

www.filarmonica.art.br

ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO

Agora que você já conhece a Temporada 2015, fique atento(a) ao período

de renovação da sua assinatura. Aproveite as novidades da programação

e a oportunidade de escolher o seu lugar na Sala Minas Gerais.

Renovação e novas assinaturas

de 10 a 27 nov 2014

TEMPORADA 2015

RENOVAÇÃO

NOVAS ASSINATURAS

A partir de 1º de dezembro, é a vez dos novos assinantes. Avise aos

amigos, familiares e a todos com quem você quer compartilhar a

experiência de ser um Assinante Filarmônica.

de 1º dez 2014 a 30 jan 2015

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ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM

OUTRAS SÉRIES DE CONCERTOS

Concertos para a Juventude Realizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.

Clássicos na Praça Realizados em praças da Região Metropolitana de Belo Horizonte, os concertos proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica.

Concertos Didáticos Concertos destinados exclusivamente a grupos de crianças e jovens da rede escolar, bem como a instituições sociais, mediante inscrição prévia. Seu formato busca apoiar o público em seus primeiros passos na música clássica.

Festival Tinta Fresca Com o objetivo de fomentar a criação musical entre compositores brasileiros e gerar oportunidade para que suas obras sejam programadas e executadas em concerto, este Festival é sempre uma aventura musical inédita. Como prêmio, o vencedor recebe a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no ano seguinte, realimentando o ciclo da produção musical nos dias de hoje.

Laboratório de Regência Atividade inédita no Brasil, este laboratório é uma oportunidade para que jovens regentes brasileiros possam praticar com uma orquestra profissional. A cada ano, quinze maestros, quatro efetivos e onze ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e ensaios com o regente Fabio Mechetti. O concerto final é aberto ao público.

Concertos de Câmara Realizados para estimular músicos e público na apreciação da música erudita para pequenos grupos. A Filarmônica conta com grupos de Metais, Cordas, Sopros e Percussão.

Turnês Estaduais As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha contato direto com música sinfônica de excelência.

Turnês Nacionais e Internacionais Com essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2014, a Orquestra volta a se apresentar no Festival de Campos do Jordão.

NOVEMBRO

Dia 6 Concertos de Câmara Quinteto de Soprosquinta, 19h e 20h30,Memorial Minas Gerais ValeARNOLD / CALLADO / ABREU / BANDOLIM / BLUMER

Dia 13 Série Allegroquinta, 20h30, Palácio das Artes Marcos Arakaki, regenteEddie Daniels, clarineteBAX / CALANDRELLI / ZEMLINSKY

Dia 25 Série Vivaceterça, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regenteCristian Budu, pianoMEHMARI / MOZART / BORODIN

PRÓXIMOS CONCERTOS

DEZEMBRO

Dia 9 Série Vivaceterça, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regenteAsier Polo, violonceloEdna D’Oliveira, sopranoLeonardo Neiva, barítonoCoral Lírico de Minas GeraisBARBER / HAYDN / TCHAIKOVSKY / DVORÁK

Dia 18 Série Allegroquinta, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regenteCoro Infantojuvenil Palácio das ArtesTCHAIKOVSKY

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ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS / NOVEMBRO 2014

Primeiros Violinos Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna ZivkovicArthur Vieira TertoBaptiste RodriguesEliseu Martins de BarrosHyu-Kyung JungMarcio CecconelloMateus FreireMegumi TokosumiRodrigo BustamanteRodrigo Monteiro BragaRodrigo de Oliveira

Segundos ViolinosFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Bojana PantovicDante BertolinoJovana TrifunovicLeonardo OttoniLuka MilanovicMarija MihajlovicMartha de Moura PacíficoRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch ViolasJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry Varona

Gilberto Paganini Juan CastilloKatarzyna Druzd Luciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina

VioloncelosElise Pittenger ****Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesEneko Aizpurua PabloLina RadovanovicRobson Fonseca Francisca Garcia *****

ContrabaixosColin Chatfield *Nilson Bellotto ***Brian Fountain Hector Manuel EspinosaMarcelo CunhaPablo Guiñez William BrichettoValdir Claudino *****

FlautasCássia Lima *Renata Xavier ***Alexandre BragaElena Suchkova OboésAlexandre Barros *Ravi Shankar ***Israel MunizMoisés Pena

ClarinetesMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno *** Ney Campos FrancoAlexandre Silva

FagotesCatherine Carignan *Altair Venâncio ***Andrew HuntrissCláudio de Freitas

TrompasAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov ***Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata

TrompetesMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal ***Tássio Furtado

TrombonesMark John Mulley *Wagner Mayer ***Renato LisboaMarcos Flávio *****

TubasEleilton Cruz *Isaque Macedo *****

TímpanosPatricio Hernández Pradenas *

PercussãoRafael Alberto *Daniel Lemos ***Sérgio AluottoWerner Silveira

HarpasGiselle Boeters *Ana Angélica *****

TecladosAyumi Shigeta *Cliff Korman *****

gerente Jussan FernandesinspetoraKarolina Limaassistente administrativo Débora VieiraarquivistaSergio AlmeidaassistentesAna Lúcia KobayashiClaudio StarlinoJônatas Reissupervisor de montagemRodrigo CastromontadoresAndré BarbosaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar

* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** convidado

Diretor Artístico e Regente Titular

Fabio Mechetti

Regente Associado

Marcos Arakaki

INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA / NOVEMBRO 2014

FORTISSIMOnovembroNº 10 / 2014

ISSN 2357-7258

editoraMerrina Godinho Delgado

edição de textoBerenice Menegale

Conselho Administrativopresidente emérito Jacques Schwartzmanpresidente Roberto Mário Soares conselheiros Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de Almeida Ítalo GaetaniMarco Antônio Drumond Marco Antônio PepinoMarcus Vinícius Salum Mauricio FreireOctávio ElísioPaulo BrantPaulo PaivaSérgio Pena

Diretoria Executivadiretor presidente Diomar Silveira diretor administrativo-financeiro Estêvão Fiuzadiretora de comunicaçãoJacqueline Guimarães Ferreiradiretora de marketing e projetos Zilka Caribédiretor de produção musical Marcos Souzadiretor de operações Ivar Siewers

Equipe Técnicagerente de comunicação Merrina Godinho Delgadogerente de produção musicalClaudia da Silva Guimarãesassessora de programação musical Carolina Debrot produtores Geisa AndradeLuis Otávio RezendeNarren Felipe analistas de comunicação Andréa Mendes –ImprensaMarciana Toledo –PublicidadeMariana Garcia –MultimídiaRenata Romeiro – Design gráficoanalista de marketing de relacionamento Mônica Moreiraanalista de marketing e projetos Mariana Theodoricaassistente de comunicação Renata Gibsonassistente de marketing de relacionamento André Rozenbaum

Equipe Administrativa gerente administrativo-financeira Thais Boaventuraanalistas administrativos João Paulo de OliveiraPaulo Baraldianalista contábil Graziela Coelho analista de recursos humanos Quézia Macedo Silvasecretária executiva Flaviana Mendesassistente administrativo Cristiane Reisauxiliares administrativosPedro AlmeidaVivian Figueiredorecepcionista Lizonete Prates Siqueiraauxiliar de serviços gerais Ailda Conceiçãomensageiros Jeferson SilvaPablo Faria menor aprendiz Diego Soares

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PontualidadeUma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

Aparelhos celularesConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro. E também evite usar o celular durante o concerto, pois a luz atrapalha quem está perto de você.

Fotos e gravações em áudio e vídeoNão são permitidas na sala de concertos.

ConversaA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.

CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOSO programa mensal é elaborado com a participação de diversos especialistas e oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. Desfrute da leitura e estudo. Em 2014, ele ganha o nome Fortissimo e o registro do ISSN, um código que o identifica, permite a citação de seus textos como referência intelectual e acadêmica e sua indexação nos sistemas nacional e internacional de pesquisa. Para evitar o desperdício, traga sempre o seu programa. Caso o esqueça, use o exemplar entregue pelas recepcionistas e, ao final, deposite-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro. Programa disponível no site: www.filarmonica.art.br//index.php/blog/programas

PARA APRECIAR UM CONCERTO

AplausosAplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. Veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos

do regente.

TossePerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

CriançasCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

Comidas e bebidasSeu consumo não é permitido no interior da

sala de concerto.

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A G O S T O 2 0 1 4— em d e zem b r o vo c ê t em u m en co n t r o es p ec i a l —

TCHAIKOVSKYO quebra-nozes

Fabio Mechetti, regenteCoro Infantojuvenil Palácio das Artes

DIA 18

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Rua Paraíba, 330 / 12º andar | Funcionários | CEP 30.130-917 | Belo Horizonte MG

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