metodologia do trabalho cientÍfico.pdf

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  • Trabalho Cientfico

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    Regina Clia Veiga da Fonseca

    Metodologia do

    Trabalho Cientfico

    Fundao Biblioteca NacionalISBN 978-85-387-3140-5

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

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  • Regina Clia Veiga da Fonseca

    IESDE Brasil S.A.Curitiba

    2012

    Edio revisada

    Metodologia do Trabalho Cientfico

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  • 2007 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

    Capa: IESDE Brasil S.A.

    Imagem da capa: Shutterstock

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________________F742m Fonseca, Regina Clia Veiga da Metodologia do trabalho cientfico / Regina Clia Veiga da Fonseca. - 1. ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 90p. : 24 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3140-5 1. Pesquisa - Metodologia. I. Ttulo.

    12-7086. CDD: 001.42 CDU: 001.81

    28.09.12 15.10.12 039466 ________________________________________________________________________________

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  • Regina Clia Veiga da FonsecaMestre em Engenharia de Produo com con-centrao em Mdia e Conhecimento pela Uni-versidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Letras Portugus-Ingls pela Uni-versidade Tuiuti do Paran (UTP). Graduada em Psicologia pela UTP. Professora de Metodologia Cientfica e Comunicao Empresarial em cursos de graduao e ps-graduao. Seus estudos e pesquisas situam-se no mbito das Cincias Sociais Aplicadas, Humanas e da Sade.

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    O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

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    9 | A base do pensamento evolutivo

    10 | Raciocnio lgico

    11 | Raciocnio dedutivo

    11 | Raciocnio indutivo

    12 | O conhecimento de senso comum

    13 | O conhecimento cientfico

    14 | A metodologia cientfica

    O mtodo cientfico e a pesquisa 19

    20 | Mtodo experimental

    21 | O carter provisrio da cincia

    21 | Pesquisa

    O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

    27

    27 | A escolha do tema

    28 | Predicados de um bom tema

    29 | Como formular um problema?

    30 | Como construir hipteses?

    30 | Variveis

    Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

    35

    35 | Mtodo quantitativo

    35 | Mtodo qualitativo

    36 | Coleta de dados

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  • Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura 45

    46 | Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa

    49 | Tcnicas de leitura

    Estilo e redao de um texto: observao e linguagem cientfica

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    55 | Pargrafo

    56 | Frases curtas

    56 | Vocabulrio

    57 | Palavras desnecessrias ou vcios de linguagem

    58 | Coeso

    59 | Coerncia

    60 | Resumindo...

    61 | Estrutura de um texto

    62 | Observao e linguagem cientfica

    Estrutura de uma monografia 69

    69 | Elementos pr-textuais

    70 | Elementos textuais

    74 | Elementos ps-textuais

    75 | Estrutura de uma monografia

    76 | Exemplo de folha de rosto

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    Normas da ABNT 79

    79 | Digitao e estrutura de um trabalho acadmico

    82 | Notas de rodap

    83 | Citaes

    85 | Referncias

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  • ApresentaoPrezado aluno, A Metodologia Cientfica procura colocar

    sua disposio, um conjunto de diretrizes para auxili-lo na tarefa de pesquisa em diferentes contedos cientficos, na coleta e organizao de dados, na elaborao e na apresentao de textos cientficos.

    Espera-se que, a partir da teoria aqui apre-sentada, voc possa reconhecer a importncia da Metodologia Cientfica como um facilitador do pensamento cientfico sob todos os aspec-tos, alm de identific-la como base para a ativi-dade profissional que, por definio, precisa ser ordenada, metdica e lgica.

    Como resultado disso, esta obra caracteri-za-se com uma apresentao simples, clara e lgica, a fim de favorecer o desenvolvimento de competncias que melhorem a capacidade de pensar e agir com cientificidade, seja no mbito acadmico ou profissional.

    Esta obra comea falando sobre a base do pensamento evolutivo, que teve incio com a curiosidade inata da natureza humana e foi se aprimorando com o passar dos sculos, encan-tando o homem com a vastido do que pode ser conhecido no mundo.

    Em seguida, apresenta algumas diretrizes para a organizao desse pensar e as regras es-tabelecidas para tornar possvel, tanto a ordena-o quanto o repasse desse conhecimento acu-mulado para todos que por ele se interessarem. Isso a Metodologia Cientfica!

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  • 9O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

    A base do pensamento evolutivoA partir do momento em que o homem tomou conhecimento de sua

    existncia no mundo, comeou a explicar os fenmenos com os quais se deparava constantemente. Inicialmente, o fez de uma forma intuitiva, criando mitos para justificar aquilo que no compreendia. Durante algum tempo, essas explicaes bastaram ao homem, porm a sua capacidade pensante fez surgir nele a necessidade de uma outra explicao, que fosse racional, sobre si prprio, sobre o mundo e os seus inmeros fenmenos.

    Dessa necessidade nasceu a filosofia, na Grcia, por volta do sculo VI a.C. Por meio de um longo processo histrico, ela surgiu promovendo a passagem daquele saber intuitivo e superficial para um saber racional e mais seguro. Isso, no entanto, aconteceu sem o rompimento brusco com todos os conhe-cimentos do passado. Assim, durante muito tempo, os primeiros filsofos gregos compartilharam de diversas crenas mticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia.

    O homem queria uma nova explicao para o mundo, por isso partiu em busca de verdades decorrentes de um pensamento lgico e coerente. Essa busca o tornou cada vez mais exigente com o conhecimento que adquiria e transmitia.

    No incio, o saber filosfico designava a totalidade do conhecimento racional desenvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de conhecimento que hoje entendemos como pertencentes Matemtica, Astronomia, Fsica, Biologia, Lgica, tica etc. Todo o conjunto dos conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosfico.

    Com o passar dos anos, muitos desses conhecimentos foram conquistando autonomia e se desprenderam do saber filosfico. Assim, essas cincias passaram a direcionar suas investigaes a certos campos delimitados da

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    O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

    realidade, e o fazem ainda hoje de forma cada vez mais localizada. Esse processo continua evoluindo, de tal maneira, que o mundo atual caracteriza--se como a era dos especialistas. Essa especializao, no entanto, tambm pode constituir-se num problema, pois conduz a uma pulverizao do saber e perda da viso mais ampla do conhecimento humano (COTRIM, 1999).

    Hoje, o homem busca um conhecimento que, alm de ser verdadeiro, deve ser especfico nas diferentes reas de interesse.

    Todo o acmulo e a especificidade do conhecimento geram a necessidade, cada vez maior, de que o estudioso utilize mecanismos que facilitem e colaborem com o seu trabalho de investigao, para que o conhecimento a ser adquirido possa estar cada vez mais prximo da verdade.

    Raciocnio lgico O raciocnio lgico a arte de bem pensar e, de acordo com Hegel (apud

    CHAU, 1998, p. 80), de modo algum podemos renunciar ao pensamento. Para se ter uma ideia mais clara a respeito de raciocnio lgico, vejamos, sinteticamente, o que raciocnio e o que lgica.

    O raciocnio um processo mental que consiste em encadear logicamente dois ou mais juzos antecedentes, em busca de um juzo novo, denominado concluso ou inferncia. Em lgica, tem o nome de argumentao, que um tipo de operao discursiva do pensamento. A argumentao consiste em encadear logicamente juzos e deles tirar uma concluso. Tradicionalmente, dividimos os argumentos em dois tipos: os dedutivos e os indutivos.

    A lgica uma parte da filosofia, a cincia do pensamento. Sua definio geral pode ser a seguinte: cincia que tem por objetivo determinar, por entre todas as operaes intelectuais que tendem para o conhecimento do verdadeiro, as que so vlidas, e as que no o so (COTRIM, 1999, p. 303).

    Para o filsofo grego Aristteles (sc. IV a.C.), a lgica um instrumento para pensar melhor e, embora alguns filsofos anteriores a ele tenham estabelecido algumas leis do pensamento, nenhum o fez com tal amplitude e rigor. Por essa razo, a lgica Aristotlica permaneceu atravs dos sculos at os nossos dias (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 85). Essas contribuies foram incorporadas e desenvolvidas pelos modernos mtodos da lgica matemtica ou simblica.

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  • O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

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    Raciocnio dedutivo o argumento cuja concluso inferida necessariamente de duas pre-

    missas. o raciocnio que nos permite tirar, de uma ou vrias proposies, uma concluso que delas decorre logicamente. A Matemtica, por exemplo, usa predominantemente processos dedutivos de raciocnio.

    O argumento dedutivo aquele que se desenvolve de premissas gerais para chegar a uma concluso particular. Exemplo:

    Premissa A: Todos os homens so mortais.Premissa B: Epaminondas homem.Concluso: Logo, Epaminondas mortal.

    A concluso particular de que Epaminondas mortal necessria porque deriva das premissas anteriores de que todos os homens so mortais e de que Epaminondas homem.

    Raciocnio indutivo o raciocnio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular

    ao universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento das leis.

    O argumento indutivo aquele que parte de proposies particulares para chegar a uma concluso geral. Exemplo:

    Proposio A: O cobre, o zinco e a prata conduzem energia.Proposio B: Ora, o cobre, o zinco e a prata so metais.Concluso: Logo, todo metal condutor de energia.

    Partindo da observao e anlise dos fatos e fenmenos, podemos elaborar proposies particulares verdadeiras. Com base nessas proposies, o argumento indutivo tende a chegar a concluses gerais apenas provavelmente verdadeiras, mas no seguramente verdadeiras. (COTRIM, 1999, p. 312)

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    O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

    Chau (1998, p. 67) diz que a induo realiza um caminho exatamente contrrio ao da deduo. Com a induo partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definio geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares.

    O conhecimento de senso comum O conhecimento de senso comum a forma mais usual que o homem

    utiliza para interpretar a si mesmo, seu mundo e o universo como um todo. Essa produo de interpretaes significativas, isto , esse conhecimento, o do senso comum. Tambm chamado de conhecimento ordinrio, popular, comum ou emprico (KCHE, 1997). O conhecimento do senso comum o conhecimento do povo, obtido ao acaso, aps inmeras tentativas. ame-tdico e assistemtico (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).

    Esse conhecimento surge como consequncia da necessidade do homem de resolver problemas imediatos, que aparecem na vida prtica e decorrem do contato direto com os fatos e fenmenos que vo acontecendo no dia a dia. Na idade pr-histrica, por exemplo, o homem soube fazer uso das cavernas para abrigar-se das intempries e proteger-se da ameaa dos animais selvagens. Progressivamente, foi aprendendo a dominar a natureza, inventou a roda, meios mais eficazes de caa e de pesca, canoas para navegar nos lagos e rios, instrumentos para o cultivo do solo e tantos outros. O uso da moeda, o carro puxado por animais, o uso de remdios caseiros utilizando ervas hoje classificadas como medicinais, a fabricao de utenslios domsticos, o estabelecimento de normas e leis que regulamentavam a convivncia dos indivduos no grupo social, so exemplos que demonstram como o homem evoluiu historicamente buscando e produzindo um conhecimento til gerado pela necessidade de produzir solues para os seus problemas de sobrevivncia (KCHE, 1997).

    O conhecimento do senso comum o resultado da necessidade de resolver os problemas dirios. No , portanto, programado ou planejado antecipadamente. medida que a vida vai acontecendo, ele se desenvolve, seguindo a ordem natural dos acontecimentos. Nele, h uma tendncia de manter o sujeito que o elabora como um espectador passivo da realidade, sem uma reflexo acerca do assunto. Por isso, o conhecimento do senso comum caracteriza-se por ser elaborado de forma espontnea e instintiva. Segundo Buzzi (apud KCHE, 1997, p. 24), o conhecimento do senso comum um viver sem conhecer.

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  • O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

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    Esse conhecimento permanece num nvel superficial. Um viver sem conhecer significa que o senso comum, quando busca informaes e elabora solues para os seus problemas imediatos, no especifica as razes ou fundamentos tericos que demonstram ou justificam o seu uso, sua possvel correo ou confiabilidade, por no compreender e no saber explicar as relaes que h entre os fenmenos. No senso comum se utilizam, geralmente, conhecimentos que funcionam razoavelmente bem na soluo dos problemas imediatos, apesar de no se compreender ou de se desconhecer as explicaes a respeito de seu sucesso. Esses conhecimentos, pelo fato de darem certo, transformam--se em convices, em crenas que so repassadas de um indivduo para o outro e de uma gerao para a outra (KCHE, 1997).

    O conhecimento cientfico O conhecimento cientfico vai alm do emprico, procurando conhecer

    alm do fenmeno, suas causas e leis (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).

    O conhecimento cientfico surge da necessidade de o homem compreender os fenmenos de forma clara, a mais prxima da verdade. Ele sai de uma posio meramente passiva. Cabe ao homem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma forma sistemtica, metdica e crtica da sua funo de desvelar o mundo, compreend-lo, explic-lo e domin-lo (KCHE, 1997, p. 24). O autor diz,

    [...] o que impulsiona o homem em direo cincia a necessidade de compreender a cadeia de relaes que se esconde por trs das aparncias sensveis dos objetos, fatos ou fenmenos, captadas pela percepo sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva e a crtica pelo senso comum. O homem quer ir alm dessa forma de ver a realidade imediatamente percebida e descobrir os princpios explicativos que servem de base para a compreenso da organizao, classificao e ordenao da natureza em que est inserido. No a simples organizao ou classificao que caracterizam um conhecimento cientfico, mas a organizao e classificao sustentadas em princpios explicativos. O catlogo de um bibliotecrio um trabalho de grande valor e utilidade, sem, contudo, poder ser chamado de cincia.

    Por meio desses princpios, a realidade passa a ser percebida pelos olhos da cincia no de uma forma desordenada e fragmentada, como ocorre na viso subjetiva do senso comum, mas sob o enfoque de um princpio explicativo que esclarece e proporciona a compreenso do tipo de relao que se estabelece sobre os fatos, coisas e fenmenos, unificando a viso de mundo. Nesse sentido, o conhecimento cientfico expresso sob a forma de enunciados que explicam as condies que determinam a ocorrncia dos fatos e dos fenmenos relacionados a um problema (KCHE, 1997).

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    O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

    O conhecimento cientfico um produto resultante da investigao cientfica. Surge no apenas da necessidade de encontrar solues para problemas de ordem prtica da vida diria, caracterstica do conhecimento do senso comum, mas do desejo e da necessidade de fornecer explicaes sistemticas que possam ser testadas e criticadas atravs de provas empricas. um produto da necessidade de se alcanar um conhecimento seguro.

    Pode surgir como problema de investigao, tambm das experincias e crenas do senso comum [...]. A investigao cientfica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes, originrios das crenas do senso comum, das religies ou da mitologia, so insuficientes e impotentes para explicar os problemas e as dvidas que surgem. A investigao cientfica a construo e a busca de um saber que acontece no momento em que se reconhece a ineficcia dos conhecimentos existentes, incapazes de responder de forma consistente e justificvel s perguntas e dvidas levantadas. (KCHE, 1997, p. 24)

    A metodologia cientficaA metodologia trata das formas de se fazer cincia. Cuida dos procedi-

    mentos, das ferramentas e dos caminhos para se atingir a realidade terica e prtica, pois essa a finalidade da cincia (DEMO, 1985).

    Quando nos decidimos a fazer cincia, importante chegarmos a um determinado lugar previamente proposto. Para tanto, a metodologia oferece vrios caminhos. Cabe ao estudioso, ao cientista, escolher e usar a alternativa mais adequada ao seu trabalho.

    essencial entendermos a importncia da metodologia para a formao do cientista; ela condio fundamental de seu amadurecimento como personalidade cientfica. Quando o cientista segue um mtodo especfico, promove o esprito crtico, capaz de realizar a autoconscincia do trajeto feito e por fazer. Tambm delimita sua criatividade e sua potencialidade no espao de trabalho. A cincia prope-se a captar e manipular a realidade assim como ela . Segundo Demo (1985), a metodologia desenvolve a preocupao em torno de como chegar a essa realidade.

    Mais do que uma disciplina, a metodologia cientfica nos introduz no mundo dos procedimentos sistemticos e racionais, base da formao tanto do estudioso quanto do profissional, pois ambos atuam, alm da prtica, no mundo das ideias. Pode-se afirmar at que a prtica nasce da concepo sobre o que deve ser realizado e qualquer tomada de deciso fundamenta- -se naquilo que se afirma como o mais lgico, racional, eficiente e eficaz.

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  • O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

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    Os trabalhos cientficos mais comuns so:

    resenha resumo crtico de determinado livro. Geralmente requerida como tarefa intermediria complementar a uma disciplina de curso ou solicitada como artigo para divulgao em publicaes peridicas especializadas;

    reviso bibliogrfica discute as contribuies de vrios autores sobre um tema especfico. Geralmente, preparada logo aps a concluso do projeto de pesquisa e poder figurar como um captulo do trabalho final;

    projeto de pesquisa o planejamento da pesquisa propriamente dito, dele constando elementos como delimitao, fontes, metodologia, cronograma, entre outros. solicitado como a primeira etapa de qualquer pesquisa a ser desenvolvida;

    monografia o relato de uma pesquisa, geralmente escrita como tarefa final de uma disciplina, de um curso de graduao ou de espe-cializao;

    dissertao o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de mestrado;

    tese o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de doutorado.

    As diretrizes aqui apresentadas facilitam o procedimento na elaborao de trabalhos cientficos. Presume-se, portanto, que a sua ausncia dificulta o trabalho do estudante, transtorna a tarefa dos professores, complica a catalo-gao e armazenagem dos textos e prejudica a disseminao da informao. Elas no devem ser tomadas como uma camisa de fora`, mas como um con-junto de orientaes a serem seguidas. (AZEVEDO, 2000, p. 10).

    SnteseO estudo da Metodologia Cientfica estimula a reflexo, que propicia a descoberta da realidade que nos rodeia.

    Os fundamentos da Metodologia Cientfica fornecem instrumentos para a comprovao de hipteses que fazemos sobre a realidade.

    Os procedimentos em Metodologia Cientfica orientam-nos na anlise e na apresentao dos resultados da investigao cientfica.

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    O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

    Ampliando seus conhecimentos

    A coisa mais bela que o homem pode experimentar o sentido do mistrio. a fonte de toda verdadeira arte e de toda verdadeira cincia. Quem nunca experimentou essa sensao, encontra-se como que morto: seus olhos esto fechados. [...] Saber que aquilo, que para ns impenetrvel, existe realmente e se manifesta com a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos conseguem perceber somente em suas formas primitivas, essa conscincia, esse sentimento, a essncia da verdadeira religiosidade.

    Albert Einstein

    Atividades de aplicao1. Sinopse: Por causa de uma briga, apaga-se o fogo de uma tribo pr-

    -histrica, que s sabia conserv-lo, no reproduzi-lo. (A GUERRA do Fogo. Direo: Jean-Jacques Annaud. Frana/Canad, 1981. 1 filme (96 min.))

    O filme apresenta as principais hipteses de evoluo da humanidade a partir, ou em funo, da descoberta da tecnologia do fogo. Assista ao filme e reflita sobre a evoluo do homem.

    2. Pense e discuta com os seus colegas:

    a) Qual o sentido do ser humano pensar sobre seus problemas e seus questionamentos?

    b) possvel entender um problema sem saber a resposta dele?

    c) Existe um mtodo para desvendar mistrios?

    d) Qual a sua atitude diante do mistrio?

    RefernciasARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introduo filosofia. 2. ed. So Paulo: Moderna, 1999.

    AZEVEDO, Israel B. O Prazer da Produo Cientfica. 8. ed. So Paulo: Prazer de Ler, 2000.

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  • O pensamento evolutivo: metodologia, raciocnio e conhecimento

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    CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Cientfica. 3. ed. So Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

    CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Cientfica. 4. ed. So Paulo: Makron Books, 1996.

    CHAU, Marilena. Convite Filosofia. 7. ed. So Paulo: tica, 1998.

    COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 14. ed. So Paulo: Saraiva, 1999.

    DEMO, Pedro. Introduo Metodologia da Cincia. 2. ed. So Paulo: Atlas, 1985.

    ______. Pesquisa: princpio cientfico e educativo. So Paulo: Cortez, 2001.

    KCHE. Jos C. Fundamentos de Metodologia Cientfica: teoria da cincia e prtica da pesquisa. Petrpolis: Vozes, 1997.

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    O mtodo cientfico e a pesquisa

    Na Grcia antiga, a palavra methodos significava caminho para se chegar a um fim. Hoje, depois de tantos anos, o seu significado estendeu-se um pouco mais e vrios autores apresentaram diferentes definies para essa palavra. No entanto, o conceito de mtodo continua tendo uma ligao muito forte com o sentido grego original, e precisamente esse ponto que nos interessa: falar do mtodo como um caminho para se chegar a um fim.

    Todos ns conhecemos muitos mtodos. Eles fazem parte da nossa vida. Galliano (1986, p. 4) diz que qualquer pessoa civilizada uma espcie de ilha cercada de mtodos por todos o lados, ainda que nem sempre tenha cons-cincia disso. Do momento em que acordamos pela manh, todas as nossas aes seguem mtodos para que possam ser realizadas adequadamente. Desde preparar uma refeio, dirigir um carro, at estudar ou trabalhar, o mtodo est sempre presente em nossas vidas.

    O mtodo, portanto, constitui um dos pontos centrais nas formas de conhecimento do ser humano. Ao levarmos esse conceito para a aquisio do conhecimento em cincia, teremos um mtodo chamado cientfico. Este, por sua vez, caracteriza-se por um conjunto de procedimentos racionais e pre-estipulados de que o pesquisador se utiliza para atingir uma determinada meta.

    Em linhas gerais, o mtodo cientfico um instrumento utilizado pela cincia na sondagem da realidade, e para tanto, os cientistas adotam os seguintes passos:

    proposio de uma pergunta;

    formulao de uma hiptese (por induo);

    testes por meio de experimentos ou de novas observaes;

    concluses sobre a validade ou no da hiptese.

    Existem vrios tipos de mtodos cientficos, mas vamos analisar apenas um deles, o mtodo experimental.

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    O mtodo cientfico e a pesquisa

    Mtodo experimentalEm tese, o mtodo experimental se caracteriza pelas seguintes etapas:

    observao, hiptese, experimentao, generalizao (lei e teoria). Na prtica, porm, o processo no se realiza necessariamente nessa ordem, podendo variar conforme as circunstncias.

    Observao e hiptese : nem sempre o pesquisador comea o seu trabalho pela observao dos fatos, para depois realizar a seleo de dados.

    Entre os tantos fatos com os quais o pesquisador se depara, a questo mais importante saber selecionar os mais relevantes. Ora, como con-siderar a relevncia de um fato, a no ser que j tenha algumas hipte-ses preliminares orientando o seu olhar?

    Portanto, observao e hiptese se acham sempre relacionadas de maneira recproca. Se de incio a hiptese orienta a seleo dos fatos, em outro momento da pesquisa ela tem o papel de reorganizar esses fatos, dando-lhes uma interpretao provisria como proposta anteci-pada de soluo do problema.

    A intuio e a iluminao sbita (insight) nas descobertas cientficas so precedidas por longo trabalho e rigorosa elaborao conceitual. Alm disso, para ser cientfica, a hiptese precisa ser verificada e con-firmada pelos fatos e validada pela comunidade intelectual (ARANHA; MARTINS, 1999).

    Confirmao da hiptese : a verificao da hiptese feita de inmeras maneiras, dependendo das tcnicas disponveis e tambm do tipo de cincia considerado. Por exemplo, em Astronomia, a confirmao s se faz mediante nova observao. Assim, outros tipos de cincia tambm tero suas formas especficas de verificao das hipteses.

    Generalizao : Caso a hiptese referente elucidao de um fen-meno no se confirme pela experimentao, o trabalho deve ser reco-meado. Somente quando o resultado for positivo, ser possvel fazer generalizaes ou formular leis pelas quais so descritas as regulari- dades dos fenmenos.

    A grande fora do mtodo cientfico est na possibilidade de descoberta das relaes constantes e necessrias entre os fenmenos. Assim, se estabe-lecem as leis que permitem a previsibilidade da natureza.

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  • O mtodo cientfico e a pesquisa

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    O carter provisrio da cinciaApesar do rigor do mtodo cientfico, no convm concluir que a cincia

    um conhecimento certo e definitivo. A cincia avana em contnuo processo de investigao que supe alteraes e ampliaes necessrias diante de novas situaes e em diferentes pocas. Assim, medida em que surgem fatos novos, ou quando so inventados outros instrumentos de investigao, a cincia vai se alterando e adaptando, propiciando novos conhecimentos.

    PesquisaA pesquisa uma atividade voltada para a soluo de problemas. Assim,

    ela parte de uma dvida ou de um problema, buscando uma resposta ou soluo, com o uso do mtodo cientfico. Pesquisa tambm uma forma de obteno de conhecimentos e descobertas acerca de um determinado assunto ou fato. Existem vrios tipos de pesquisa:

    Pesquisa bibliogrficaA pesquisa bibliogrfica deve ser somada, necessariamente, a todo e

    qualquer outro tipo de pesquisa ou trabalho cientfico, constituindo uma base terica para o desenvolvimento de todo trabalho de investigao em cincia. Ela abrange toda bibliografia j tornada pblica em relao ao tema de estudo, desde publicaes avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartogrfico etc.; at meios de comunicao orais: rdio, gravaes em fita magntica; e audiovisuais: filmes e televiso. Sua finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferncias seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma, quer publicadas quer gravadas.

    A pesquisa bibliogrfica no mera repetio do que j foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a concluses inovadoras. necessrio refletir sobre ela para que se possa articular e correlacionar as informaes obtidas com o objeto de estudo.

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    O mtodo cientfico e a pesquisa

    Pesquisa documentalA caracterstica da pesquisa documental que a fonte de coleta de dados

    est restrita a documentos, escritos ou no. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenmeno ocorre, ou depois. So compiladas pelo autor. Exemplos: estatsticas, cartas, contratos, fotografias, filmes, mapas etc.

    Pesquisa descritivaA pesquisa descritiva, conforme diz o prprio nome, descreve uma reali-

    dade tal como esta se apresenta, conhecendo-a e interpretando-a por meio da observao, do registro e da anlise dos fatos ou fenmenos (variveis). Ela procura responder questes do tipo o que ocorre na vida social, poltica, e econmica, sem, no entanto, interferir nessa realidade.

    Os dados dessa pesquisa ocorrem em seu habitat natural. Eles precisam ser coletados e registrados ordenadamente para seu estudo. A pesquisa descritiva pode ter os objetivos de:

    familiarizar-se com um fenmeno ou descobrir nova percepo do mesmo;

    saber atitudes, pontos de vista e preferncias das pessoas;

    conhecer a motivao das pessoas para determinadas aes;

    fazer um estudo de caso sobre um determinado indivduo, comunidade ou empresa.

    Pesquisa experimental aquela que manipula deliberadamente algum aspecto da realidade, a

    partir de condies anteriormente definidas. Esse tipo de pesquisa busca estabelecer relaes de causa e efeito, ou seja, procura responder por que um fenmeno ocorre. Para desenvolver uma pesquisa experimental, preciso realizar um experimento, que dever acontecer em ambiente natural (pesquisa de campo), ou em laboratrio (pesquisa de laboratrio).

    Pesquisa de campoEsse tipo de pesquisa consiste na observao de fatos e fenmenos tal

    como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variveis que se presumem relevantes para os analisar. No deve ser confundida com a simples coleta de dados.

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  • O mtodo cientfico e a pesquisa

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    O objetivo da pesquisa de campo conseguir informaes e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hiptese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenmenos ou as relaes entre eles.

    As fases da pesquisa de campo requerem a realizao de uma pesquisa bibliogrfica. Esta permitir que se estabelea um modelo terico inicial de referncia, que auxiliar na determinao das variveis e elaborao do plano geral da pesquisa. Devem-se determinar as tcnicas que sero empregadas na coleta de dados e na determinao da amostra, que dever ser representativa e suficiente para apoiar as concluses.

    Por ltimo, antes que se realize a coleta de dados, preciso estabelecer tanto as tcnicas de registro desses dados como as tcnicas que sero utili-zadas em sua anlise posterior.

    Pesquisa de laboratrio

    A pesquisa de laboratrio um procedimento de investigao mais difcil, porm mais exato. Ela descreve e analisa o que ser ou ocorrer em situaes controladas. Exige instrumental especfico, preciso, e ambientes adequados.

    O objetivo da pesquisa de laboratrio depende daquilo que o pesquisador se props a alcanar e que deve ser previamente estabelecido. As tcnicas utilizadas tambm variam de acordo com o estudo a ser feito.

    Na pesquisa de laboratrio, as experincias so efetuadas em recintos fechados (casas, laboratrios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais ou reais, de acordo com o campo da cincia que est realizando-as, e se restringem a determinadas manipulaes.

    A pesquisa de laboratrio pode ser feita com pessoas, animais, vegetais ou minerais.

    No laboratrio, o cientista pode observar, medir e chegar a certos resultados, sejam eles esperados ou inesperados (LAKATOS; MARCONI, 1991).

    No existe um mtodo de pesquisa perfeito. Cabe ao pesquisador analisar cuidadosamente o seu objeto de pesquisa bem como os seus propsitos, para melhor definir a sua escolha metodolgica.

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    O mtodo cientfico e a pesquisa

    Ampliando seus conhecimentos

    Generalidades introdutrias sobre o mtodo(RUIZ, 2002)

    O mtodo constitui caracterstica to importante da cincia que, no raro, identificamos cincia com seu mtodo. Cumpre, pois, que o destaquemos para um breve estudo.

    A palavra mtodo de origem grega e significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigao dos fatos ou na procura da verdade.

    Os diversos passos do mtodo cientfico no foram estabelecidos aprio-risticamente; de fato, os homens procuraram agir cientificamente e s depois pararam para examinar o caminho que conduzira seu trabalho ao xito. Assim, surgiu o mtodo ou o traado fundamental do caminho a percorrer na pes-quisa cientfica.

    No foi somente com o mtodo que tal fenmeno de reflexo e sistema-tizao ocorreu, pois o homem primeiro viveu, e s depois estudou a vida: primeiro viveu moralmente, e s depois sistematizou a moral, primeiro racio-cinou com lgica espontnea ou natural, e s depois definiu as leis do racio-cnio; assim, tambm, o homem primeiro agiu metodicamente, e s depois estruturou os passos e exigncias do mtodo cientfico.

    A importncia do mtodo

    O mtodo confere segurana e fator de economia na pesquisa, no estudo, na aprendizagem. Estabelecido e aprimorado pela contribuio cumulativa dos antepassados, no pode ser ignorado hoje, em seus delineamentos gerais, sob pena de insucesso.

    Entretanto, se, por um lado, pode ser aceita a opinio de que um esprito medocre, mas guiado por um bom mtodo, far muitas vezes mais progressos nas cincias que outro mais brilhante que caminha ao acaso, por outro lado, preciso no exagerar a importncia do mtodo ou sua eficcia incondicional. O mtodo um extraordinrio instrumento de trabalho que ajuda, mas no

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  • O mtodo cientfico e a pesquisa

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    substitui por si s o talento do pesquisador. O melhor ser que o esprito talentoso no caminhe ao acaso ou s apalpadelas, mas aceite a contribuio do mtodo para conseguir progressos nas cincias.

    Mtodo um conjunto de normas padro que devem ser satisfeitas, caso se deseje que a pesquisa seja tida por adequadamente conduzida e capaz de levar a concluses merecedoras de adeso racional.

    Atividade de aplicao1. Em grupos de trs ou quatro alunos, exponha e discuta:

    a) Um problema de seu interesse para estudo.

    b) Quais os tipos de pesquisas adequados para a possvel soluo

    desse problema?

    RefernciasARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introduo filosofia. 2. ed. So Paulo: Moderna, 1999.

    GALLIANO, A. Guilherme. O Mtodo Cientfico: teoria e prtica. So Paulo: Harbra, 1986.

    LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Cientfica. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1991.

    RUIZ, Joo lvaro. Metodologia Cientfica: guia para eficincia nos estudos. 5. ed. So Paulo: Atlas, 2002.

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    O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

    Toda pesquisa tem o seu incio estabelecido a partir da escolha de um tema. Esse tema, por sua vez, deve ter algumas caractersticas que viabilizem a realizao da pesquisa. Somente aps a realizao dessa etapa que o pes-quisador pode dar incio elaborao do plano de trabalho.

    A escolha do temaA escolha do tema deve estar ligada rea de atuao profissional, ou

    que faa parte da experincia pessoal do estudante. Isso torna o trabalho de desenvolvimento monogrfico muito mais interessante e eficiente, porque o estudante j possui conhecimentos prvios que podero facilitar a interpretao de textos, ideias e jarges da rea, alm de orientar a busca de bibliografia e consulta a profissionais especializados.

    A pesquisa de material escrito, livros, revistas, peridicos, jornais etc., representa uma excelente fonte de ideias para escolha do tema/assunto a ser pesquisado. Pode-se iniciar a busca consultando os prprios livros, lembrando que cada nova leitura de um texto traz novas ideias, anlises e interpretaes (MARTINS; LINTZ, 2000).

    Algumas fontes de ideias para a escolha de um tema:

    experincias individuais;

    material escrito em livros, revistas, peridicos etc.;

    dilogos com professores, autoridades e colegas de curso;

    observao direta do comportamento de fenmenos e fatos;

    senso comum;

    participao em seminrios, encontros, congressos etc.;

    reflexo.

    Uma vez perguntaram a Newton como ele havia descoberto a lei da gravi-dade, e ele respondeu: Pensando sobre ela. Assim, percebe-se que a reflexo , sem dvida, uma rica fonte de ideias. Com apoio na reflexo, podem surgir

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    O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

    hipteses sobre relaes imprevistas, dvidas de entendimento, descober-ta de falhas ou subjetividades em certas teorias, e tantas outras questes relevantes.

    O senso comum, apesar de ser chamado de inimigo da cincia, tambm pode trazer ideias para serem pesquisadas cientificamente.

    Predicados de um bom temaQuando da escolha de um tema, preciso estar ciente de que tal assunto

    necessita de discusso, investigao, deciso ou soluo. Assim, deve-se refle tir se o foco de estudo possui:

    viabilidade o tema escolhido deve estar relacionado s evidncias empricas que permitam observaes, testes e validaes;

    importncia o tema importante quando, de alguma forma, est relacionado a uma questo que polariza, ou afeta, um segmento subs-tancial da sociedade;

    originalidade um tema original quando h indicadores de que seus resultados iro causar alguma surpresa. Isto , se h possibili-dades de encontrar novos resultados ainda no disseminados no am-biente cientfico-profissional (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 24).

    Por fim, de suma importncia que o tema tenha um foco de estudo res-trito. Isso proporcionar ao pesquisador mais segurana e facilidade na rea-lizao da pesquisa.

    Martins e Lintz (2000, p. 25) comparam o processo de escolha de um tema de pesquisa com a elaborao de um roteiro para iluminao de uma pea teatral. Os autores afirmam que, com criatividade e perspiccia, deve-se escolher onde jogar a luz (ou a cmera), ou seja, buscar uma perspectiva que possibilite dizer algo que ainda no foi dito, ou rever sob outra viso, o que j foi dito sobre o tema que voc pretende investigar (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 25).

    Evite:

    tema que fale de muitas coisas;

    questes que envolvam juzo de valor;

    simples suspeitas, vagas sensaes, primeiras impresses.

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  • O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

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    Como formular um problema?No fcil formular um problema. Para alguns, isso implica o exerccio

    de certa capacidade que no muito comum nos seres humanos. Todavia, no h como deixar de reconhecer que o treinamento desempenha papel fundamental nesse processo.

    Existem algumas condies que facilitam essa tarefa, tais como: imerso sistemtica no objeto, estudo da literatura existente e discusso com pessoas que acumulam muita experincia prtica no campo de estudo.

    Algumas regras prticas para a formulao de problemas cientficos (GIL,1996, p. 29):

    O problema deve ser formulado como pergunta Exemplo: Se algum disser que vai pesquisar a falncia das empresas,

    pouco estar dizendo. Mas, se propuser: Que fatores provocam a falncia das empresas?, ento estar efetivamente propondo um problema de pesquisa.

    O problema deve ser claro e preciso Exemplo: Como funciona a mente?. Esse no um problema claro, e

    tambm no preciso, portanto, no pode ser proposto. Ele deve ser reformulado para: Que mecanismos psicolgicos podem ser identifi-cados no processo de memorizao?

    O problema deve ser emprico Os problemas cientficos no devem se referir a valores. Exemplo:

    Os alunos de escolas particulares so mais inteligentes que os alunos de escolas pblicas?. Problemas desse tipo conduzem a julgamentos morais e, consequentemente, a consideraes subjetivas, invalidando os propsitos da investigao cientfica, a qual deve ser objetiva.

    O problema deve ser suscetvel de soluo Para formular adequadamente um problema preciso que se tenha

    ideia de como seria possvel coletar os dados necessrios sua reso-luo. Exemplo: Ligando-se o nervo tico s reas auditivas do crebro, a viso seria sentida auditivamente?. Essa pergunta s poderia ser res-pondida se a tecnologia dispusesse de instrumentos capazes de obter tais dados, portanto, no possvel de ser realizada.

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    O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

    O problema deve ser delimitado a uma dimenso vivel Exemplo: Em que pensam os jovens?. um problema muito amplo.

    Seria necessrio delimitar a populao de jovens a serem pesquisados: faixa etria, localidade abrangida etc. (GIL, 1996, p. 32).

    Caso o problema proposto no se adapte a essas regras, no precisa ser afastado. O melhor proceder sua reformulao ou esclarecimento.

    Como construir hipteses?Aps a colocao de um problema solucionvel, o passo seguinte consis-

    te em oferecer uma soluo possvel, por meio de uma proposio que ser declarada verdadeira ou falsa ao final da pesquisa. A essa proposio d-se o nome de hiptese. Assim, a hiptese a proposio testvel que pode vir a ser a soluo do problema.

    Como ilustrao considere-se o seguinte problema: Quem se interessa por Marketing? A hiptese poderia ser a seguinte: Pessoas que trabalham em campanhas publicitrias tendem a manifestar interesse por Marketing. Suponha-se que mediante a coleta e a anlise dos dados a hiptese tenha sido confirmada. Nesse caso, o problema ter sido solucionado porque a pergunta formulada pde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto, que no se consiga obter informaes claras que indiquem ser aquela qualidade fator determinante no interesse por Marketing. Neste caso, a hiptese no ter sido confirmada e, consequentemente, o problema no ter sido solucionado (GIL, 1996, p. 35).

    No h regras para se construir hipteses. Seu processo de elaborao de natureza criativa, por essa razo, frequentemente associado a certa qualidade de gnio. Entretanto, em boa parte dos casos a qualidade mais requerida do pesquisador a experincia na rea (GIL, 1996).

    VariveisO pesquisador cientfico precisa determinar quais so os componentes

    dos elementos que sero investigados, bem como a preciso utilizada para a mensurao do objeto de estudo. Para tanto, necessrio determinar as variveis da pesquisa para que estas possam permitir maior clareza e confia-bilidade nos resultados da pesquisa.

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  • O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

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    O termo varivel muito empregado na linguagem cientfica. Seu objetivo o de conferir maior preciso aos enunciados cientficos, sejam eles hipteses, teorias, leis, princpios ou generalizaes (GIL, 1996).

    O conceito de varivel refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes aspectos, valores e posies, segundo os casos particulares ou as circunstn-cias. Assim, a idade uma varivel porque pode abranger diferentes valores. Outros exemplos de variveis podem ser estatura, peso, sexo, temperatura, classe social, salrio, profisso, cor etc., desde que se destaquem os valores que contm.

    Podem-se destacar as variveis de duas formas especficas. A primeira aquela em que as variveis no descrevem nenhuma funo. Esse tipo de varivel chamada de genrica. o que acontece na pesquisa descritiva, em que no existem relaes entre as diversas variveis. Exemplo:

    O conceito que os alunos de Economia tm sobre desenvolvimento econmico.

    Variveis: nvel social da famlia, religio, contato anterior com a rea.

    A segunda forma de se nomear as variveis aquela que considera sua funo na relao causa-efeito. o que acontece na pesquisa experimental, em que existem relaes entre as variveis, que podem ser de causa, depen-dncia, influncia etc. Exemplo:

    A classe social da me influencia no tempo de amamentao dos filhos.

    Varivel independente (VI): classe social.

    Varivel dependente (VD): tempo de amamentao.

    De acordo com a sua funo na relao causa-efeito, as variveis podem ser classificadas em trs tipos: varivel independente, varivel dependente e varivel interveniente.

    Varivel Independente (VI) o fator que, provavelmente, ser o responsvel (causa) pelas modificaes em outro fenmeno observado e sempre antecede o efeito no tempo. aquilo que se supe ser a causa. Recebe a denominao de varivel independente por no possuir nenhuma condio anterior necessria para a sua ocorrncia.

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    O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

    Varivel Dependente (VD) o fator que, provavelmente, ser alterado pelo experimento (efeito). O efeito recebe a nomenclatura de varivel dependente, uma vez que depende diretamente da causa (VI). Existe uma relao direta de dependncia desta varivel em relao varivel independente (VI). Sem a ocorrncia da VI, no haver ocorrncia da VD.

    Varivel Interveniente (VIn) o fator que modifica a varivel depen-dente sem que tenha havido modificao na varivel independente. Apesar de no ser manipulada ou deliberadamente includa pelo pes-quisador, ocorreu (ou pode vir a ocorrer) e influenciou na variabilidade dos dados assumidos pela VD. A varivel interveniente recebe esse nome uma vez que, quando ocorre, ela intervm na relao entre a VI e a VD, alterando essa relao. A varivel interveniente s ocorre por dois mo-tivos: por conta do acaso ou por erro do pesquisador (CAMPOS, 2001). Exemplo:

    A classe social da me influencia no tempo de amamentao dos filhos.

    Suponha-se que nesta experincia, depois de um nmero x de participantes, o pesquisador j tenha os dados indicando a validade da sua experincia. Entretanto, na testagem das pr-ximas 5 participantes, o pesquisador percebe que nem houve amamentao porque as mes eram portadoras do vrus HIV (condio no observada no restante do grupo). Nesse caso, a experincia falhou, e revelou a contaminao pelo HIV como uma varivel interveniente (VIn).

    A percepo acerca da funo das variveis fundamental nas relaes causais, sendo importante que o pesquisador garanta que os resultados no sejam explicados pela ocorrncia de uma varivel interveniente. preciso tomar cuidado e garantir que no haja nenhuma interferncia externa que possa influir na relao que se deseja testar.

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  • O tema de uma pesquisa: problema, hipteses e variveis

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    Atividades de aplicao1. Em grupos de trs ou quatro alunos, exponha e discuta um tema para

    estudo, extrado da sua rea de atuao profissional. Aps a discusso, cada aluno defende a sua ideia, explicando a importncia do tema e a sua viabilidade de estudo ou pesquisa.

    2. Imagine que numa pesquisa a respeito do analfabetismo, temos a seguinte hiptese: Pases economicamente desenvolvidos apresentam baixos ndices de analfabetismo. A partir dessa hiptese, aponte as variveis existentes e explique o porqu.

    3. Leitura do livro: GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1996.

    Nessa obra o autor expe, de maneira clara e direta, vrios procedimentos pertinentes elaborao de um projeto de pesquisa. As orientaes so prticas, uma vez que esclarecem e facilitam o trabalho de pesquisa do estudante.

    RefernciasCAMPOS, Luiz F. de Lara. Mtodos e Tcnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Campinas: Alnea, 2001.

    GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1996.

    MARTINS, Gilberto A.; LINTZ, Alexandre. Guia para Elaborao de Monografias e Trabalhos de Concluso de Curso. So Paulo: Atlas, 2000.

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    Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

    Mtodo quantitativo aquele que se baseia em dados mensurveis das variveis, procurando

    verificar e explicar sua existncia, relao ou influncia sobre outra varivel. Quando uma pesquisa se vale desse tipo de mtodo, ela busca analisar a frequncia de ocorrncia para medir a veracidade ou no daquilo que est sendo investigado.

    Esse mtodo utiliza tcnicas especficas de mensurao, tais como ques-tionrios com respostas de mltipla escolha, por exemplo. Faz uso de clculos de mdia e propores, elaborao de ndices e escalas, procedimentos estatsticos.

    Esse caminho de investigao exige um nmero significativo de partici-pantes para que se possa produzir dados. A pesquisa quantitativa procura estabelecer uma regra, um princpio, algo que reflita a uniformidade do fenmeno (ou parte dele), preocupando-se com o que comum maioria das situaes (CAMPOS, 2001). A pesquisa quantitativa adequada para a regularidade de um fenmeno e no as suas possveis excees.

    Mtodo qualitativo Recebe esse nome pelo fato de se fundamentar em uma estratgia base-

    ada em dados coletados em interaes sociais ou interpessoais, analisadas a partir dos significados que participantes e/ou pesquisador atribuem ao fato (CHIZZOTI apud CAMPOS, 2001). Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador se prope a participar, compreender e interpretar as informaes.

    Os recursos disponveis para esse tipo de mtodo so entrevistas, observaes, questionrios abertos, interpretao de formas de expresso visual como fotografias e pinturas, e estudos de caso. Os procedimentos so interpretativos.

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    O mtodo qualitativo recebe muitas crticas por se considerar que o pes-quisador, como nica fonte de interpretao dos dados, pode no ter um nvel de compreenso cientfica significativa exigida para tal desempenho. Alm disso, ele pode imprimir a sua subjetividade na anlise dos resultados, impedindo, dessa forma, a sua replicao, uma vez que outro pesquisador no observar necessariamente os mesmos aspectos do pesquisador original. Todas essas questes poderiam comprometer a cientificidade das concluses do estudo.

    De qualquer maneira, o pesquisador que deve decidir, de acordo com a natureza da sua pesquisa, qual mtodo adotar. O importante nessa escolha o rigor cientfico aplicado ao longo da experincia e a coerncia absoluta com os seus objetivos preestabelecidos. Ademais, sabe-se que os dois mtodos tm a possibilidade de se complementar, oferecendo resultados que possam ser cruzados em diferentes etapas de uma outra pesquisa. Por exemplo: dados decorrentes de anlises quantitativas podem contribuir com estudos qualitativos.

    Coleta de dadosA coleta de dados a fase da pesquisa que tem por objetivo obter informa-

    es sobre a realidade. Conforme as informaes necessrias, existem diversos instrumentos e formas de oper-los. Nas cincias humanas, o questionrio e a entrevista so os mais frequentes instrumentos para coleta de dados. As suas respostas do ao pesquisador a informao necessria para o desenvolvimento do estudo. O conhecimento assim obtido refere-se expresso verbal do fato, pelo entrevistado, sendo que na maioria das vezes, o pesquisador no observou os acontecimentos diretamente (DENKER, 1998, p.137).

    EntrevistaA entrevista uma comunicao verbal entre duas ou mais pessoas, com

    um grau de estruturao previamente definido, cuja finalidade a obteno de informaes de pesquisa. uma conversa orientada para um objetivo definido, como receber informaes relacionadas a um determinado assunto, por exemplo.

    As perguntas so feitas oralmente e as respostas so registradas pelo pes-quisador, por escrito ou com um gravador, se o entrevistado assim o permitir.

    Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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  • Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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    importante lembrar que o entrevistador deve apenas coletar dados, e no os discutir com o entrevistado. Disso se conclui que o entrevistador deve falar pouco e ouvir muito. A entrevista pode ser:

    Estruturada

    Consiste de perguntas determinadas, isto , apresenta uma srie de perguntas conforme um roteiro preestabelecido. Esse roteiro dever ser aplicado a todos os entrevistados, sem alterao do teor ou da ordem das perguntas, a fim de que se possam comparar as diferenas entre as respostas dos vrios entrevistados.

    No estruturada

    Consiste de uma conversao informal que pode ser alimentada por per-guntas abertas ou de sentido genrico, proporcionando maior liberdade para o entrevistado. Esse tipo de entrevista mais difcil de ser tabulada. H uma dificuldade de contar com pesquisadores preparados para essa tarefa; por essa razo, o mais recomendvel a utilizao da entrevista estruturada. Exemplo de pergunta no estruturada:

    Em sua opinio, o que turismo e como ele pode contribuir para o desenvolvimento dos municpios?

    Conhece as leis de incentivo fiscal ao turismo?

    Em caso afirmativo: Qual a sua opinio sobre esse incentivo?

    Vantagens da entrevista:

    por sua flexibilidade, permite maior sinceridade de expresso, adequa- da para obter informaes de indivduos mais complexos e emotivos, ou para comprovar os sentimentos subjacentes a uma opinio;

    as perguntas so melhor entendidas e as informaes so mais precisas;

    aplicvel a analfabetos;

    permite observao e registro sobre aparncia, comportamento e ati- tudes do entrevistado.

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  • 38

    Desvantagens da entrevista:

    so mais dispendiosas e demoradas.

    precisam de mais habilidade para a aplicao.

    o respondente tem mais inibio.

    devido flexibilidade, difcil a comparao entre uma entrevista e outra.

    QuestionrioO questionrio a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita

    medir com exatido o que se deseja. A finalidade do questionrio obter, de maneira sistemtica e ordenada, informaes sobre as variveis que intervm em uma investigao, em relao uma populao ou amostra determinada.

    Essas informaes dizem respeito, por exemplo, a quem so as pessoas, o que fazem, o que pensam, suas opinies, sentimentos, esperanas, desejos etc.

    Os questionrios so impressos e respondidos pelos participantes, devendo por esse motivo constar no seu incio uma explicao resumida dos objetivos da pesquisa, instruo para o preenchimento e agradecimento. Boa parte do xito da investigao depende da redao do questionrio, que deve conter um conjunto de questes, todas logicamente relacionadas com um problema central (DENCKER, 1998).

    Como elaborar um questionrio:

    perguntas ordenadas em sequncia lgica;

    perguntas que realmente tenham relao com o objetivo de estudo;

    comear com perguntas fceis, deixando as mais difceis para o fim;

    comear com perguntas mais impessoais, deixando as de cunho mais ntimo para o fim;

    verificar se o participante tem condies de responder s questes.

    No incio do questionrio, colocar as informaes que servem para carac-terizar o informante: sexo, idade, estado civil. No caso de solicitar-se o nome,

    Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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  • Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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    verificar se a identificao do respondente necessria. Quando o partici-pante no identificado, as respostas so mais livres e sinceras.

    Quanto ao tipo de perguntas, elas podem ser:

    fechadas (ou com alternativas fixas) so aquelas que limitam as res-postas s alternativas apresentadas so muito usadas. Podem ter apenas duas alternativas: sim e no (dicotmicas), ou vrias. Destinam--se a obter respostas mais precisas. Exemplo:

    Seu nvel de escolaridade de:

    Ensino Fundamental Ensino Mdio Graduao Ps-Graduao

    abertas destinam-se a obter uma resposta livre. Exemplo:

    De que voc gosta mais na cidade?

    As respostas fechadas so padronizadas, de fcil aplicao, fceis de codi-ficar e analisar, porm oferecem dados menos exatos. As perguntas abertas so destinadas obteno de respostas livres. Embora possibilitem recolher dados ou informaes mais ricas e variadas, so codificadas e analisadas com maiores dificuldades (CERVO; BERVIAN, 1996).

    Vantagens do questionrio:

    mais rpido;

    grande nmero de participantes;

    obtm dados de longe;

    menos inibio do respondente.

    Desvantagens do questionrio:

    perguntas mal interpretadas ou dados inexatos;

    no aplicvel a analfabetos;

    sem observaes complementares.

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  • 40

    Idas a campoDepois de feita a opo quanto coleta de dados, se por meio de

    entrevistas ou questionrios, preciso montar um cronograma para as idas a campo, de forma a organizar as visitas e no se perder com os prazos preestabelecidos para a apresentao dos resultados finais da pesquisa. Veja o exemplo:

    Quadro 1 Cronograma de idas a campo

    DATA HORRIO ATIVIDADE OBJETIVO OBSERVAO

    13/08/03 10h Entrevistas Coleta de dados Teste piloto/ 2 perguntas

    27/08/03 10h Entrevistas Coleta de dados 5 perguntas

    10/09/03 10h Entrevistas Coleta de dados idem

    24/09/03 10h Entrevistas Coleta de dados idem

    08/10/03 10h Entrevistas Anlise de dados idem

    22/10/03 10h Entrevistas Redao do Relatrio final

    Descrio dos resultadosOs resultados devero ser apresentados de acordo com a sua anlise estats-

    tica, incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os grficos e outras ilustraes estritamente necessrias compreenso do desenrolar do raciocnio; os demais devero constar em apndice (MARCONI; LAKATOS, 2001).

    Discusso e interpretao dos resultadosAps a descrio dos resultados, proceder discusso e interpretao

    dos mesmos, que consiste em expressar o verdadeiro significado do material em termos do propsito do estudo. O pesquisador dever fazer as ligaes lgicas e comparaes, enunciar princpios e fazer generalizaes.

    A discusso e a interpretao dos resultados devem ser realizadas luz das teorias cientficas expostas na fundamentao terica do estudo. preciso ponderar todos os aspectos importantes revelados pela pesquisa, comparando-se o que era teoricamente esperado com aquilo que foi efetivamente observado. importante que, nessa fase do processo, se faa uma releitura criteriosa de todas as informaes tericas obtidas e uma reflexo acerca dos resultados e da pesquisa como um todo.

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    Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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  • Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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    Nessa etapa o pesquisador deve esclarecer se a hiptese inicial da pes-quisa foi, ou no, confirmada pelos resultados obtidos, sem superestimar ou subestimar os mesmos. Alm disso, o pesquisador deve tomar medidas que garantam a boa compreenso e discusso dos resultados: isso inclui a elaborao de um texto bem estruturado gramaticalmente e o uso de uma linguagem cientfica adequada.

    ConclusesAs concluses devem responder diretamente aos objetivos da pesquisa,

    ou seja, retomar os objetivos e responder a cada um deles, de forma sinttica e direta. Aps as concluses, o pesquisador deve dar sugestes para pesquisas futuras na rea, com base na pesquisa que acaba de concluir.

    Ampliando seus conhecimentos

    O pesquisador, o problema da pesquisa, a escolha de tcnicas: algumas reflexes

    (QUEIROZ, 1992, p. 16-17)

    Nas primeiras dcadas do sculo XX, observava-se j que as cincias exatas e naturais no estavam mais to certas e seguras em suas perspectivas e em seus resultados quanto se imaginara. Verificava-se pouco a pouco que as descobertas consideradas cientficas sofriam tambm influncias e limitaes da coletividade a que o investigador pertencia, assim como das prprias qualidades e preparo do mesmo; o contedo do seu saber estava assim condicionado pela sua insero numa sociedade, e tambm pelas circunstncias de tempo e de espao. A objetividade no podia ser, em seus resultados, to indubitvel quanto se acreditara, e as tcnicas quantitativas no fugiam s injunes de tempo, de espao, de predicados variados nas concluses a que chegavam, reunindo-se neste aspecto s qualitativas.

    Admitia-se agora que em toda cincia, em todo conhecimento a ela ligado, o fator qualidade vinha em primeiro lugar: era a qualidade que fazia uma coisa se distinguir de todas as demais; que fazia as cincias e os conhecimentos terem suas caractersticas prprias. A qualidade, composta pelos aspectos

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    sensveis de uma coisa ou de um fenmeno naquilo que a percepo pode captar, constitui assim o que fundamental em qualquer estudo ou pesquisa, pois o ponto de partida para qualquer um deles. Todo cientista, ao determinar o tema de sua pesquisa, se encontra inserido num universo fsico, social e intelectual que a delimita; tambm por meio da percepo do que neste universo existe que formula o que pretende investigar. Nesta fase primordial domina o diferencivel, isto , aquilo que plenamente qualitativo, e no a uniformidade quantificvel.

    Para poder operar neste nvel mais alto, necessita o pesquisador de uma formao especfica que lhe permita a tomada consciente de uma posio determinada no conjunto de conhecimentos que so os seus, oriundos de sua experincia, mas ampliada pelo saber j acumulado pelas cincias em geral e por sua cincia em particular. Deve ter [...] diagnosticado sua prpria posio nas diversas correntes de pensamento de sua disciplina; distinguido a variedade de tcnicas de que poder lanar mo no decorrer do trabalho e as limitaes de cada uma, a fim de escolher as mais eficientes na soluo de seu problema. Os cientistas [...] devem, portanto, ter uma formao terica especfica.

    Atividades de aplicao1. Em que circunstncias torna-se necessria a utilizao de questionrios?

    2. Quais os cuidados necessrios para a elaborao de um questionrio?

    3. Faa uma pesquisa com sua famlia, com entrevistas. Anote o depoimento de seus familiares acerca de um acontecimento histrico que tenham presenciado. Compare os depoimentos entre si e com a verso oficial existente nos livros de histria. Qual a sua concluso?

    4. Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, um industrial alemo recruta centenas de judeus para o trabalho em sua fbrica de panelas, salvando-os dos campos de concentrao nazistas. O filme inspirado em fatos reais.

    (A LISTA de Schindler. Direo de Steven Spielberg. EUA, 1993. 1 filme (195 min.))

    Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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  • Mtodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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    Assista ao filme e discuta a importncia da fotografia, dos depoimentos orais e dos registros escritos para a reconstituio dos crimes nazistas retratados no filme.

    RefernciasCAMPOS, Luiz F. de Lara. Mtodos e Tcnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Campinas: Alnea, 2001.

    CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Cientfica. 4. ed. So Paulo: McGraw- -Hill,1996.

    CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Cientfica. 4. ed. So Paulo: Makron Books, 1996.

    DENCKER, A. F. M. Mtodos e Tcnicas de Pesquisa em Turismo. So Paulo: Futura, 1998.

    FONSECA, Regina Clia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

    MARCONI, Marina A.; LAKATOS, Eva M. Metodologia do Trabalho Cientfico. 6. ed. So Paulo: Atlas, 2001.

    QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de, et al. Reflexes sobre a Pesquisa Sociolgica. So Paulo: MM Impress, 1992.

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    Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

    Como toda atividade racional e sistemtica, a pesquisa exige que as aes desenvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral, concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a formulao do problema, a especificao de seus objetivos, a construo de hipteses, a operacionalizao dos conceitos etc. O planejamento deve envolver tambm os aspectos referentes ao tempo a ser despendido na pesquisa, bem como aos recursos humanos, materiais e financeiros necessrios sua efetivao.

    A moderna concepo de planejamento envolve quatro elementos necessrios sua compreenso: processo, eficincia, metas e prazos.

    O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e sua equipe, j que apresenta o roteiro das aes a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa. Para quem contrata os servios de pesquisa, o projeto constitui documento fundamental, posto que esclarece o que ser pesquisado e apresenta a esti-mativa dos custos.

    Projeto de pesquisa

    Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 215), projeto uma das etapas componentes do processo de elaborao, execuo e apresentao da pesquisa. Esta necessita ser planejada com extremo rigor, caso contrrio o investigador, em determinada altura, encontrar-se- perdido num emaranhado de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos ou at desconhecendo seu significado e importncia.

    No existem regras fixas acerca da elaborao de um projeto. Sua estru-tura determinada pelo tipo de problema a ser pesquisado e tambm pelo estilo de seus autores. necessrio que o projeto esclarea como se proces-sar a pesquisa, quais as etapas que sero desenvolvidas e quais os recursos que devem ser alocados para atingir seus objetivos. necessrio, tambm, que o projeto seja suficientemente detalhado para proporcionar a avaliao do processo de pesquisa (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 215).

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    Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

    Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa

    CapaAutor, ttulo, cidade, ano.

    Folha de rostoAutor, ttulo, texto explicativo sobre o projeto mencionando o rgo (ou

    instituio) ao qual se destina o projeto orientador, cidade, ano.

    IntroduoExpe e delimita o tema a ser estudado/pesquisado.

    JustificativaExpe a relevncia acadmica ou social do tema apresentado. Apresenta as

    razes de ordem terica e/ou prtica que justificam a realizao da pesquisa.

    ProblemaDeve ser apresentado como uma pergunta especfica focada e delimi-

    tada sobre o tema a ser estudado. Essa pergunta deve ser clara, objetiva e suscetvel de soluo.

    Hiptese(s)Deve propor uma resposta para a pergunta estabelecida no problema.

    Essa resposta deve oferecer uma soluo possvel ao problema, que ser declarada falsa ou verdadeira ao final da pesquisa.

    ObjetivosRelatam o que se pretende alcanar com o desenvolvimento da pesquisa.

    Os objetivos dividem-se em: geral e especficos.

    Objetivo geral : relata onde se quer chegar com a pesquisa apresentada, isto , qual o resultado final (geral) que se procura alcanar. Elaborado num um nico pargrafo e iniciando sempre com um verbo de ao no infinitivo. Exemplos: analisar..., avaliar..., averiguar..., comparar..., compreender..., conhecer..., demonstrar..., desenvolver..., distinguir..., empregar..., estudar..., expor..., identificar..., interpretar..., introduzir..., observar..., propor... etc.

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  • Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

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    Objetivos especficos : relatam os passos especficos para se alcanar o objetivo geral. Cada objetivo deve iniciar com um verbo de ao no infinitivo, conforme descrito no item anterior.

    MtodoDescreve o mtodo de abordagem, ou seja, o tipo de pesquisa a ser utili-

    zado e os elementos necessrios para a sua realizao.

    Participantes : (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser pes-quisado. Quem e quantos sero os indivduos que sero estudados na pesquisa, indicando sexo e idade. Indica, tambm, o local e a data da pesquisa.

    Instrumentos : (com qu?) descreve os instrumentos utilizados para fazer a pesquisa, isto , questionrios, entrevistas, formulrios, fotos.

    Procedimentos : (como?) descreve como os indivduos sero avaliados, em que situao e momento a pesquisa ser feita.

    Anlise de dados : descreve sinteticamente o modo de organizao e anlise das informaes encontradas. D uma explicao acerca da tabulao dos dados (aspectos quantitativos, estatsticos) e critrios de anlise e julgamento. No caso da utilizao de software especficos, indicar nomes e fontes dos mesmos.

    Cronograma um esclarecimento e um controle do tempo necessrio ao desenvol-

    vimento da pesquisa. Detalha as diferentes fases do projeto, apresentando numa tabela o perodo correspondente a cada atividade da execuo do projeto. Exemplo:

    ATIVIDADES MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV

    Pesquisa bibliogrfica X X X X X X X

    Redao parcial X X X X X X

    Pesquisa de campo X X

    Tabulao dos dados X X

    Interpretao dos dados X

    Concluses X X

    Redao final X X X

    Apresentao final X

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    Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

    Referencial terico (tambm chamado de Marco Terico ou Fundamentao Terica)

    Indica a teoria ou as teorias de outros autores que fornecem a orientao geral da pesquisa. Aqui, necessrio que o pesquisador utilize algumas tcnicas adequadas de leitura para obter uma fundamentao terica consistente pesquisa. Alm disso, toda e qualquer informao utilizada no trabalho deve indicar a fonte de onde foi retirada, conforme as normas da ABNT.

    RefernciasIndicam todas as obras consultadas e mencionadas no projeto, principal-

    mente no Referencial Terico. Para tanto, devem seguir as orientaes nas Normas da ABNT.

    Os elementos de um projeto so, geralmente, assim distribudos e numerados:

    Capa (uma lauda)

    Folha de rosto (uma lauda)

    1 INTRODUO (inicia numa nova lauda)

    1.1 JUSTIFICATIVA (continua na mesma lauda)

    1.2 PROBLEMA (continua na sequncia da mesma lauda)

    1.3 HIPTESE (continua na sequncia da mesma lauda)

    1.4 OBJETIVO GERAL (continua na sequncia da mesma lauda)

    1.4.1 Objetivos especficos (continuam na sequncia da mesma lauda)

    1.5 MTODO (continua na sequncia da mesma lauda)

    1.6 CRONOGRAMA (continua na sequncia da mesma lauda)

    2 REFERENCIAL TERICO (inicia numa nova lauda)

    3 REFERNCIAS (iniciam numa nova lauda)

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  • Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

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    Ateno para:

    a ordem e a numerao dos itens; o uso de letras maisculas e minsculas;

    o uso de negrito ou no negrito;

    digitao: letra Arial ou Times New Roman 12, espao 1,5.

    De acordo com Fonseca (2007), convm lembrar que a ordem dessas etapas no absolutamente rgida. Em muitos casos, possvel simplific- -la ou modific-la. Essa uma deciso que cabe ao pesquisador, que poder adaptar o esquema s situaes especficas.

    Um projeto s pode ser definitivamente elaborado quando se tem o pro-blema claramente formulado, os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e anlise de dados (GIL, 1996, p. 23).

    Tcnicas de leituraA leitura um fator decisivo de estudo, no tarefa, cultura. A leitura

    propicia a ampliao de conhecimentos, a obteno de informaes bsicas ou especficas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematizao do pensamento, o enriquecimento de vocabulrio e o melhor entendimento do contedo das obras (LAKATOS; MARCONI, 1991).

    necessrio ler muito, e sempre, pois a maior parte dos conhecimentos obtida por intermdio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os elementos mais importantes dos secundrios. A leitura propor-ciona ao leitor uma compreenso melhor do mundo, capacitando-o a criticar, comparar e selecionar a informao que necessita.

    Na busca do material adequado para a leitura, preciso identificar o texto. Para tal, existem vrios elementos auxiliares, como segue (LAKATOS; MARCONI, 1991):

    ttulo acompanhado ou no por subttulo, estabelece o assunto;

    a data da publicao fornece elementos para certificar-se de sua atuali-zao e aceitao (nmero de edies);

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    Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

    a orelha ou contracapa permite verificar as credenciais ou qualificaes do autor;

    o ndice ou sumrio apresenta tanto os tpicos abordados na obra quan-to as divises a que o assunto est sujeito;

    a introduo, prefcio ou nota do autor propicia indcios sobre os obje-tivos do autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada;

    a bibliografia tanto final quanto as citaes de rodap, permite obter uma ideia das obras consultadas e suas caractersticas gerais.

    Uma leitura deve ser proveitosa e trazer resultados satisfatrios. Para tal, alguns aspectos so fundamentais, como: ateno, inteno, reflexo, esprito crtico, anlise e sntese. Uma leitura de estudo deve ser realizada com um objetivo ou propsito para que o conhecimento gerado possa ser avaliado, discutido e aplicado.

    Objetivos da leituraDe acordo com Lakatos e Marconi (1991), existem algumas maneiras e

    objetivos para lidar com um texto:

    encontrar frases ou palavras-chave; captar a ideia geral, sem entrar em mincias; obter uma viso ampla do contedo, principalmente do que interessa; absorver o contedo e todos os seus significados, lendo e relendo, se necessrio;

    estudar e formar um ponto de vista sobre o texto leitura crtica.

    Anlise de textoAnalisar um texto significa estudar, decompor, dividir ou interpretar. A

    anlise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade. Esse processo implica na decomposio das partes do texto para um estudo mais completo, determinando as relaes entre as ideias e com-preendendo a maneira pela qual esto organizadas; estruturando as ideias de maneira hierrquica.

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  • Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

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    a anlise que vai permitir observar os componentes de um conjunto, perceber suas possveis relaes ou seja, passar de uma ideia-chave para um conjunto de ideias mais especficas , passar generalizao e, finalmente, crtica (LAKATOS; MARCONI, 1991).

    Existem diferentes tipos de anlise de texto:

    leitura rpida assinala-se as expresses e palavras importantes para se ter uma viso global do texto.

    compreenso de texto separa-se as ideias centrais das secundrias. Procede-se a correlao entre elas e busca-se a compreenso do con-tedo do texto.

    interpretao e crtica correlaciona-se as ideias do autor com outras sobre o mesmo tema. Faz-se uma crtica fundamentada em argumentos vlidos, lgicos e convincentes.

    problematizao debate-se as questes do texto. Coloca-se opinies pessoais sobre o texto, mas fundamentadas em outras obras e autores. Pode-se levantar novas questes pertinentes ao texto.

    Ampliando seus conhecimentos

    Importncia da leitura(RUIZ, 2002, p. 34-35)

    No basta ir s aulas para garantir pleno xito nos estudos. preciso ler e, principalmente, ler bem. Quem no sabe ler no saber resumir, no saber tomar apontamentos e, finalmente, no saber estudar. Ler bem o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientaes e aberturas das aulas. muito importante participar das aulas; elas no circuns-crevem, no limitam; ao contrrio, abrem horizontes para as grandes caminha-das do aluno que leva a srio seus estudos e quer atingir resultados plenos de seus cursos. Alis, quase todas as cadeiras desenvolvem programas de pesqui-sa bibliogrfica para que o aluno desenvolva temas e reconstrua ativamente o que outros j construram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, necessrio ir s fontes, aos autores, aos livros; preciso ler, ler muito e, principalmente, ler bem. Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam criteriosa bibliografia; alguns livros so bsicos, ou de leitura obrigatria, para

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    Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

    quem quer colher todo fruto das aulas; outros so mais especializados ou se concentram em algum item do programa, e pode, entre os tratados gerais de consulta obrigatria, ser indicado um, como livro de texto. A indicao do livro de texto tem vantagens e inconvenientes cuja anlise ultrapassaria os limites que este compndio impe. Diremos, apenas, que o livro de texto muito bom para a preparao da aula, mas que o aluno no pode ater-se exclusivamente a ele. Timeo hominem unius libri, diziam os antigos. Devemos temer o homem de um livro s. necessrio abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais espe-cializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos programas.

    Se no possvel pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer aparecer espaos de tempo para o estudo extra-aula e se necessrio programar criteriosamente a utilizao desse tempo, no seria igualmente impossvel pensar em fazer um bom curso sem ter mo boas fontes de leitura? possvel que se pretenda fazer um curso universitrio sem frequentar bibliotecas ou sem adquirir, ao menos, os livros bsicos para cada programa?

    A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memria, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulrio e a facilidade de comunicao, disciplinando a mente e alargando a conscincia pelo contato com formas e ngulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser con-siderado. Quem l constri sua prpria cincia; quem no l memoriza elementos de um todo que no se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveramos no s estar capacitados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como tambm estar habilitados a desenvolver, atravs de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveramos ser uma pequena fonte, no um pequeno depsito de conheci-mentos, ou mero encanamento por onde as coisas apenas passam.

    preciso ler, ler muito, ler bem.

    preciso sentir atrao pelo saber, e encontrar onde busc-Io. necessrio iniciar este trabalho com determinao e perseverar nele; o crescimento cultural tem crises como o crescimento fsico; quem no sente apetite no deve deixar de alimentar-se; comprometeria sua sade. Tambm na leitura trabalhada devemos ser perseverantes; s esta perseverana garantir aquela espcie de saltos de integrao de dados, que se vo acumulando e associando como frutos da leitura continuada.

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  • Estrutura de um projeto e tcnicas de leitura

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    Atividades de aplicao1. Em grupos de trs ou quatro colegas, discutam e estabeleam a existncia

    de um problema a ser resolvido em sua cidade. Em seguida, apontem uma justificativa para o estudo de tal problema e, finalmente, apresentem uma hiptese para a soluo desse problema.

    2. Selecione um livro cientfico qualquer de seu interesse. Identifique neste livro, os vrios elementos existentes, tais como: ttulo, data de publicao, contracapa, ndice (ou sumrio), introduo (prefcio ou nota do autor) e bibliografia. Aps a anlise desses itens, apresente a sua opinio a respeito dessa obra como fonte de leitura e informao cientfica.

    RefernciasFONSECA, Regina Clia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

    LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Cientfica. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1991.

    GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1996.

    RUIZ, Joo lvaro. Metodologia Cientfica: guia para eficincia nos estudos. 5. ed. So Paulo: Atlas, 2002.

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    Estilo e redao de um texto: observao e linguagem cientfica

    O texto no uma unidade construda por uma soma de sentenas. Um bom texto se produz pelo encadeamento semntico de suas sentenas e pela relao harmoniosa entre os pensamentos ou ideias apresentadas.

    A clareza de um texto, em geral, est relacionada com o uso de pargrafos bem estruturados, com frases curtas, utilizao de vocabulrio simples (no tcnico) e eliminao de palavras desnecessrias. Esses itens devem estar reunidos com coeso e coerncia.

    PargrafoO pargrafo tem, antes de tudo, uma importncia visual. O texto dividido

    em pargrafos descansa a vista do leitor, impedindo que o olhar se perca num emaranhado sem fim de linhas. Compare as duas formas seguintes:

    (a) (b)

    Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

    Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

    Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxx xxxxxxxxxxxxxxxx.

    Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

    Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxx.

    Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxx xx xxxx xx.

    O pargrafo a unidade do discurso que tem em vista atingir um objetivo. Em geral, ideias novas compreendem pargrafos diversos, assim, quando mudar de assunto, abra novo pargrafo.

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    A transposio de um pargrafo para outro pode ser feita mediante a repetio, que consiste em iniciar o novo pargrafo com o vocbulo ou com a ideia de real importncia do pargrafo anterior.

    Uma das tcnicas recomendadas para manter a unidade do texto a utili-zao do tpico frasal. Para atrair a ateno do receptor, antes da elaborao da frase inicial do pargrafo, necessrio preocupar-se com a delimitao do assunto. Determinar uma ideia central para um texto e procurar torn-la a mais restrita possvel. Escrever de modo que a ideia do pargrafo seja identi-ficada rapidamente (atravs do tpico frasal). As frases do pargrafo devem estar intimamente inter-relacionadas, de tal modo que todas busquem alcanar o objetivo predeterminado.

    O tpico frasal em um pargrafo funciona como uma frase que resume todo o pensamento que ser desenvolvido no corpo do pargrafo ou nos pargrafos seguintes. Se no desenvolvimento desse pargrafo surgirem ideias que no foram expostas na frase inicial (tpico frasal), tal fato indica que ser melhor o redator abrir novo pargrafo.

    Frases curtasA frase curta apoia-se no fato de que mais fcil assimilar uma ideia por vez. Os perodos recheados de oraes subordinadas, em geral, contm muitas ideias, tornando-se complexos e de difcil entendimento. Frequentemente, frases com 10 a 15 palavras so as de decodificao mais simples. (MEDEIROS,1998, p. 57)

    Sempre que possvel, prefervel transformar uma frase longa em vrias unidades menores.

    Frases curtas possibilitam rpida compreenso. Terminada sua leitura, provvel que o leitor j a tenha assimilado. Assim, quando passar seguinte, j estar pronto para novas informaes. Isso, entretanto, no quer dizer que frases curtas produzem, por si mesmas, rpido entendimento. Alm da pequena extenso, outras caractersticas so necessrias, como: frases com-postas de sujeito, verbo e complemento; vocabulrio de domnio comum; adequada transio entre as ideias (com o uso correto de conjunes).

    VocabulrioEvite o uso de palavras abstratas ou de conotao que envolvem precon-

    ceito.

    Estilo e redao de um texto: observao e linguagem cientfica

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