mÉtodo de avaliaÇÃo de desempenho de programas de cÍrculos de controle de qualidade

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS FERNANDA MANFREDINI MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PROGRAMAS DE CÍRCULOS DE CONTROLE DE QUALIDADE JOINVILLE SC BRASIL 2013

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

FERNANDA MANFREDINI

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PROGRAMAS DE CÍRCULOS

DE CONTROLE DE QUALIDADE

JOINVILLE – SC – BRASIL

2013

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

FERNANDA MANFREDINI

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PROGRAMAS DE CÍRCULOS

DE CONTROLE DE QUALIDADE

Trabalho de graduação apresentado à Universidade do

Estado de Santa Catarina como requisito parcial para

obtenção do título de Engenheira de Produção e Sistemas.

Orientador: Dra. Silene Seibel

JOINVILLE – SC – BRASIL

2013

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FERNANDA MANFREDINI

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PROGRAMAS DE CÍRCULOS

DE CONTROLE DE QUALIDADE

Trabalho de graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheira do curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado

de Santa Catarina.

Banca Examinadora:

Orientador: _____________________________________________

Dra. Silene Seibel

Membro: _______________________________________________

Dr. Fernando Natal de Pretto

Membro: _______________________________________________

Me. Leandro Zvirtes

Joinville, 6 de Junho de 2013

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela presença constante em minha vida, sem que eu precise

pedir, pelo auxílio nas minhas escolhas e me confortar nas horas mais difíceis. Agradeço aos

meus pais Nilce e Antonio pelo amor e apoio incondicional prestado e pela educação e

suporte para que eu pudesse chegar até aqui. Agradeço ao meu irmão Junior, pela amizade e

compreensão que sempre tivemos. Agradeço o meu namorado Mychel, pela paciência, pelo

carinho e pela companhia, graças a sua presença foi mais fácil transpor os dias de desânimo e

cansaço. A todos vocês meu eterno amor.

Agradeço aos professores do curso de engenharia de produção e sistemas por todo

conhecimento transmitido na graduação, e principalmente à professora Silene Seibel pela

sabedoria e disposição em orientar este trabalho. A vocês minha eterna admiração.

A todos os meus amigos, pelo apoio, os momentos de alegria e tristeza, especialmente às

minhas “irmãs de coração” Gabriele, Renata, Debora e mais recentemente a Isabela, pelo

apoio, companheirismo e sólida amizade que construímos, a qual tenho certeza que será para

sempre. Aos meus colegas de empresa, pela ajuda constante, carinho e pela certeza de que

após este tempo de convivência deixamos de ser colegas para nos tornarmos amigos. A vocês

minha eterna amizade.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que de alguma forma me ajudaram a construir mais essa

conquista.

Obrigada!

5

"O sucesso nasce do querer, da

determinação e persistência em se chegar a

um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo,

quem busca e vence obstáculos, no mínimo

fará coisas admiráveis."

José Alencar

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FERNANDA MANFREDINI

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PROGRAMAS DE CÍRCULOS

DE CONTROLE DE QUALIDADE

RESUMO

Com a globalização a busca por melhores performances é uma constante nas empresas, as

companhias precisam desenvolver capacidades de identificar e analisar problemas e propor

melhorias. Esta busca por melhores resultados introduz na organização os círculos de controle

da qualidade (CCQs), que são pequenos grupos de funcionários que desempenham

voluntariamente atividades de controle de qualidade no local de trabalho, estes círculos têm

como meta melhorar o clima entre funcionários, deixar a criatividade dos trabalhadores fluir,

e aperfeiçoar a empresa. Neste contexto, surge a necessidade de avaliar a eficácia dos

programas CCQ nas empresas. O objetivo geral do presente trabalho é desenvolver um

método baseado em indicadores para avaliar o desempenho do programa de CCQ e aplicá-los

em uma empresa do ramo metal-mecânico da região de Joinville. Foram abordados assuntos

sobre CCQ como: conceituação, filosofia, características entre outros. As referências

bibliográficas pesquisadas serviram para o desenvolvimento de um método para avaliação dos

programas de CCQ mensurado em uma escala de pontuação. Os dados fornecidos pela

empresa juntamente com a visão geral dos circulistas foram necessários para medir o

desempenho da empresa. Ao final do trabalho foi possível concluir que o objetivo geral de

desenvolver um método de avaliação de desempenho do programa de CCQ foi alcançado e

aplicado na empresa onde verificou-se oportunidades de mudanças para melhorar o CCQ da

empresa.

PALAVRAS CHAVE: Círculos de Controle de Qualidade, Grupos de Melhoria, Melhoria

Contínua.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Revoluções do TQM

Figura 2 - Objetivos do CCQ

Figura 3 - Ciclo PDCA

Figura 4 - Diagrama de Causa e Efeito

Figura 5 - Etapas da Metodologia

Figura 6 - Método de Pontuação

Figura 7- Gráfico Radar

Figura 8- Exemplo 1 de Escala de Pontuação

Figura 9 - Exemplo 2 de Escala de Pontuação

Figura 10 - Gráfico Radar/ Oportunidade de Melhorias

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Pontuação das Práticas da Empresa

Tabela 2 - Pontuação da Visão dos Circulistas

Tabela 3 - Resumo de Pontuações

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Utilização dos cinco por quês

Quadro 2 - Indicadores para os CCQ e Perguntas para Aplicação

Quadro 3 - Melhores Práticas para os CCQs

Quadro 4 – Escala de Pontuação de Indicadores

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LISTA DE ABREVIATURAS

CCQ Círculo de Controle de Qualidade

CQ Controle de Qualidade

Gemba Palavra japonesa designada para chão de fábrica

GMA Grupos de Melhoria Automotiva

JUSE Union of Japanese Scientists and Engineers

MASP Método de Análise de Solução de Problemas

O&M Organização e Métodos

PBQP Programa Brasileiro da Qualidade e da Produtividade

PDCA Plan, Do, Check, Act (Planejar, Fazer, Verificar e Agir)

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TQM Total Quality Management (Gestão da Qualidade Total)

UBCCQ União Brasileira de Círculos de Controle de Qualidade

5W2H What, Why, Where, When, Who, How, How much (O quê, Por quê, Onde,

Quando, Quem, Como, Quanto)

6 M Máquinas, Mão de Obra, Materiais, Medida, Meio Ambiente, Método

11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 15

2.1. TRABALHO EM EQUIPE COMO CAMINHO DA BUSCA DA EXCELÊNCIA ... 15

2.2. CONCEITUAÇÃO DO CCQ .................................................................................... 16

2.3. ORIGEM DO CCQ ................................................................................................... 17

2.4. OBJETIVOS DO CCQ .............................................................................................. 19

2.5. ESTRUTURA DO CCQ ............................................................................................ 20

2.6. IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA PARA O CCQ ................................................ 20

2.7. RECOMPENSAS PARA OS CCQ. .......................................................................... 21

2.8. FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE PROBLEMAS .............................................. 22

3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 27

3.1. ETAPAS DA PESQUISA ......................................................................................... 27

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 31

4.1. A EMPRESA ............................................................................................................. 31

4.2. PROGRAMA DE CCQ NA DIVISÃO AUTOMOTIVA ......................................... 31

4.3. DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO .................................................................... 32

4.4. APLICAÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO CCQ NA

EMPRESA ESTUDADA ..................................................................................................... 36

4.5. ANÁLISE DO CCQ NA EMPRESA ........................................................................ 42

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 50

12

1. INTRODUÇÃO

A globalização e o progresso da tecnologia aumentam a velocidade das mudanças em

todas as áreas, tornando o mercado cada vez mais competitivo. O consumidor cria exigências

de produtos com crescente variedade, de diferentes materiais e origens, e valoriza a qualidade

destes bens ou serviços. A pressão do consumidor por produtos melhores persuadiu as

empresas a se atualizarem para atender às expectativas dos clientes. É neste contexto que a

qualidade se renova como requisito aos sistemas produtivos e, portanto, a Gestão da

Qualidade Total, Total Quality Management (TQM) continua uma ferramenta relevante para a

competitividade das empresas.

No contexto de alta variedade de produtos com ciclo de vida curto, as empresas

enfrentam uma complexidade crescente para atender o cliente com agilidade e atingir padrões

de conformidade com as necessidades do consumidor. Para a busca da flexibilidade produtiva,

que dá resposta aos requisitos dos consumidores, é necessário o envolvimento de todos e

tolerância zero aos defeitos. De acordo com Shiba (1997), o TQM é uma ferramenta relevante

para as empresas que buscam a excelência operacional, desenvolvendo a capacidade de

responder a requisitos como: ênfase no cliente, foco em melhoria contínua, participação total

dos empregados e entrelaçamento social. Ou seja, é importante que a empresa almeje o

envolvimento dos funcionários na busca da satisfação do cliente e em atividades de

aperfeiçoamento contínuo. Assim, toda companhia deve mobilizar-se para melhorar a forma

como executa o trabalho e satisfaz os clientes. A busca por melhor performance é uma

constante nas empresas, por isso se fala em melhoria contínua, e as empresas precisam

desenvolver a capacidade de identificar problemas e sugerir melhorias. Esta capacidade de

aprender passa a ser fundamental para a competitividade empresarial, tornando-se conforme

Drucker (1989), organizações que aprendem (learning organizations). Na cultura empresarial

japonesa foram criados os círculos de controle da qualidade (CCQs), como ambientes de

aprendizado contínuo em grupo, onde os colaboradores poderiam contribuir para a melhoria

de processos e ambientes de trabalho. Portanto os CCQs operacionalizam dois dos quatro

pilares do TQM: envolvimento total dos funcionários e a busca da melhoria contínua.

Segundo Imai (1994), os Círculos de Controle de Qualidade (CCQ) são pequenos

grupos de funcionários que desempenham voluntariamente atividades de controle de

qualidade no local de trabalho. Sua função é ajudar o setor a resolver problemas e aumentar a

qualidade das atividades exercidas. Os CCQs têm como meta melhorar o clima entre

13

funcionários, deixar a criatividade dos trabalhadores fluir, e aperfeiçoar a empresa dia após

dia.

Para Balestero–Alvarez (2012), nos dias de hoje os grupos de CQ deixaram de ser um

modismo, para tornarem realidade. Os grupos de melhoria muitas vezes são vistos como um

programa independente, não alinhado às prioridades da organização, muitos chefes não

aceitam que seus subordinados possam dar e oferecer ideias que proporcionem mudanças e

melhorias no setor. Segundo a autora, este modo de pensar acaba sendo o maior motivo para o

fracasso dos programas logo após a sua implementação nas organizações.

Na empresa analisada, os grupos de melhoria não utilizam ferramentas estruturadas

para auxiliar a análise das causas para solução de problemas, visam apenas ações onde se

aplica o ver e agir. Outra restrição encontrada é a dificuldade dos líderes para motivar os

integrantes dos grupos. O programa 2012 dos Grupos de Melhoria da empresa é compulsório,

as pessoas participam mais motivadas pelo prêmio do que por uma filosofia de melhoria

contínua. Desta maneira, surgiu a necessidade de avaliar a eficácia do programa CCQ na

empresa estudada, atuante no setor metal-mecânico da região de Joinville, levantando pontos

fortes e fracos, e propondo ações para a restruturação do programa. Este estudo justifica-se

pela relevância da qualidade como fator competitivo, já que a empresa trabalha como

fornecedora do setor automotivo, com requisitos de qualidade bastante rígidos e a necessidade

de atingir a excelência através da implantação de uma cultura de melhoria contínua na

organização, onde o CCQ representa uma ferramenta básica e muito relevante.

O objetivo geral é desenvolver um método baseado em indicadores para a avaliação de

desempenho de programas de CCQ e aplicá-lo em uma empresa. Os objetivos específicos

propostos são:

Identificar na literatura critérios de excelência na gestão de grupos de melhoria, para

compreender as boas práticas disponíveis e assim estabelecer indicadores de medida

para avaliar o desempenho dos programas de CCQ e visualizar o estado atual dos

grupos de melhoria na empresa;

Verificar as ferramentas utilizadas pelos grupos atuais da empresa para comparar com

as recomendações da literatura e identificar as lacunas que representam as

oportunidades de melhoria a serem exploradas;

Formular sugestões de melhoria para estruturar o programa de CCQ futuro da empresa

estudada.

14

Este trabalho delimita-se a propor ações de melhoria para serem aplicadas na empresa

estudada num período após a conclusão do TCC (trabalho de conclusão de curso). Não haverá

tempo hábil para teste ou validação da eficácia das sugestões formuladas.

O trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo é responsável por

situar o leitor no contexto do trabalho, apresentando a importância e a caracterização do tema,

a definição da problemática, os objetivos geral e específicos, justificativa, delimitação e

estrutura do trabalho. No segundo capítulo, será abordada a fundamentação teórica,

descrevendo a origem, conceitos, objetivos, ferramentas para aplicação e estrutura de

funcionamento dos grupos de melhorias. O terceiro capítulo apresenta os procedimentos

metodológicos utilizados na elaboração da pesquisa deste trabalho. No quarto capítulo

apresentaremos a empresa em estudo, assim como a análise e resultados obtidos. O quinto e

ultimo capítulo são apresentadas as considerações finais, onde é demonstrado o alcance dos

objetivos geral e específicos.

15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esse capítulo se destina à fundamentação teórica do trabalho, apresentando os conceitos

desenvolvidos pelos autores estudados relevantes para o estudo apresentado no capítulo 4.

2.1. TRABALHO EM EQUIPE COMO CAMINHO DA BUSCA DA EXCELÊNCIA

De acordo com Shiba (1997), à medida que o mundo se transforma, as forças

econômicas e sociais provocam a evolução dos conceitos de qualidade e das ferramentas e

práticas utilizadas para atingi-las. É neste contexto que muitas empresas buscam elevar a

qualidade de seus produtos e serviços através de conceitos e práticas do TQM, que está

diretamente relacionado com quatro revoluções no pensamento administrativo, tratadas na

Figura 1: foco no cliente, busca da melhoria contínua, participação total dos empregados e

entrelaçamento social.

Figura 1: Revoluções do TQM

Fonte: Shiba (1997)

O autor afirma que as empresas que buscam a excelência têm que se preocupar com os

quatro pilares do TQM:

a) Ênfase aos clientes: devem ser capazes de reagir rapidamente às necessidades dos

clientes e concentrar seus recursos limitados em atividades que o satisfazem.

16

b) Busca da melhoria contínua: procura de processos que resultem em produtos e

serviços de melhor qualidade. A melhoria contínua envolve a utilização de uma

abordagem científica para efetuar as mudanças, realizando-as por etapas para adequar-

se ao mercado rapidamente, além de melhorias para atingir cada vez maiores níveis de

qualidade.

c) Total participação dos funcionários: Toda a capacidade de todos os membros da

empresa deve ser utilizada se as empresas querem realizar melhorias contínuas e

buscar a satisfação do cliente.

d) Participar do aprendizado social: a fim de evitar a reinvenção de métodos, para

implementar práticas de qualidade mais rapidamente e criar uma cultura de qualidade

na realização dos negócios.

Todos em uma empresa devem estar envolvidos na satisfação do cliente e em

atividades de aperfeiçoamento contínuo, onde se insere o CCQ como forma de organizar a

participação das pessoas. O CCQ surgiu no Japão com objetivo de estabelecer equipes de

trabalho que busquem continuamente o aperfeiçoamento relacionado ao serviço, colocando

todos os funcionários de modo voluntário para desenvolvimento pessoal e mútuo.

2.2. CONCEITUAÇÃO DO CCQ

A primeira proposta para a estruturação dos Grupos de Melhorias, outra forma de

nomear os CCQs, partiu de Ishikawa (1993), por sua preocupação em tornar o trabalho mais

humano e participativo no gemba (chão de fábrica). Ele afirma que as pessoas que

desenvolvem os trabalhos devem poder propor ações de melhoria em suas atividades e devem

se conscientizar de que a qualidade do trabalho está em suas mãos.

Uma definição de círculo de Controle de Qualidade é oferecida por Imai (1994, p.15):

“Um grupo pequeno que desempenha voluntariamente atividades de controle de qualidade no

local de trabalho, realizando esta tarefa continuamente, como parte de um programa na

empresa inteira, de controle de qualidade, desenvolvimento próprio, ensino mútuo, controle

de fluxos e melhoramento no local de trabalho.” Nesta definição, o autor apresenta a

importância da participação voluntária dos profissionais integrantes do programa para

desenvolver métodos de controle de qualidade.

17

De acordo com Abreu (1991), o CCQ ajuda no desenvolvimento das habilidades dos

colaboradores, desta forma apresentam um crescimento pessoal e profissional relativamente

maior em relação àqueles que não participam do programa.

Para Drumond (1986), os CCQs são grupos pequenos de funcionários voluntários,

preferencialmente formados por colaboradores da mesma área, que se dispõe a aprender

técnicas para solucionar problemas, que se reúnem para identificar, analisar e resolver

adversidades relacionadas com o trabalho que executam, recomendando soluções para a

direção. Estes grupos atuam sob a orientação de coordenadores, facilitadores ou padrinhos.

Segundo Wiest (1985), são grupos de operários organizados exponencialmente, os quais sob o

comando de seus superiores conseguem melhorar a qualidade e a produtividade da empresa.

Neste contexto, os autores ressaltam a importância do envolvimento da alta gestão para

sucesso do problema.

Chaves (1998) declara que o CCQ é um pequeno grupo de funcionários atuantes na

mesma área da empresa que desenvolvem voluntariamente as atividades de controle de

qualidade. Neste conceito, a escritora enfatiza a preocupação com o número de membros dos

grupos.

Os conceitos abordados para os Grupos de Melhoria enfatizam vários fatores

relevantes para a avaliação de grupos de CCQ, como formatação dos grupos (pequenos),

participação voluntária, preocupação com as áreas que os circulistas atuam, o

desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes e a importância do apoio da média e

alta direção para o sucesso do programa.

2.3.ORIGEM DO CCQ

2.3.1. No Japão

Segundo Drumond (1986), o CCQ surgiu no Japão como estratégia nacional com os

objetivos de racionalizar o trabalho, melhorar a qualidade de vida e aumentar a produtividade.

De acordo com Abreu (1987), o CCQ surgiu no Japão após a segunda Guerra Mundial

quando o país buscava a reestruturação. O governo e os empresários japoneses buscavam uma

forma de retomar as exportações, desta forma, desenvolveu-se um programa nacional de

Controle de Qualidade para melhorar a imagem dos produtos do país, que tinham reputação

de serem baratos, porém de pouca qualidade. Como a prática deste controle era

18

completamente desconhecida, os japoneses buscaram especialistas no assunto. Em 1950, o

Dr. W. E. Deming apresentou a filosofia e os métodos da qualidade para gerentes de fábricas

japonesas, e como possuíam a crescente necessidade de melhorar, os ensinamentos foram

incorporados. Já no ano 1954, M. Juran somou novas contribuições aos ensinamentos de

Deming. Abreu (1987) descreve que a ideia de formação de grupos para discussão e solução

de problemas apresentados pelo Controle de Qualidade, surgiu na década de 60 e teria partido

da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers), onde o engenheiro e também

professor da universidade de Tóquio, Dr. Kaoru Ishikawa se dedicou no aprimoramento do

funcionamento dos Círculos, a criação de alguns métodos que são utilizados nas atividades do

CCQ e também se encarregou de difundi-lo em todo o país.

2.3.2. No Brasil

No Brasil o CCQ chegou apenas em 1971, as empresas Johnson & Johnson e a

Volkswagen competem até os dias de hoje para decidir a primazia do movimento. No país, os

círculos tiveram suas raízes na região sul e sudeste, os Estados de Santa Catarina e São Paulo

se destacaram pelo elevado número de empresas que aderiram ao programa. Em 1986, com a

visita do precursor Ishikawa ao Brasil, o movimento teve um grande impulso, atingindo a

marca de 1000 empresas com o programa de CCQ implantado. Com a grande evolução dos

números surgiu uma necessidade natural de “troca de ideias e intercâmbio de informações”.

Esta ânsia por comutar experiências incentivou a criação de associações regionais e estaduais,

com o objetivo de unir empresas e pessoas que aderiram ao movimento para difundir,

fortalecer, registrar e acompanhar experiências para auxiliar as organizações na busca da

melhoria da qualidade de produtos e serviços (ABREU, 1987).

Neste contexto, no início dos anos 80, foi criada a União Brasileira de CCQ

(UBCCQ), com sede em São Paulo, com o intuito de coordenar, em âmbito nacional, os

diversos esforços em busca da qualidade. Também foi seguindo essa tendência e

considerando a necessidade, cada vez maior, de aumentar o padrão de qualidade dos produtos

brasileiros e minimizar os custos, que o Governo lançou em 1990 o Programa Brasileiro da

Qualidade e da Produtividade – PBQP (DRUMOND, 1986).

19

2.4. OBJETIVOS DO CCQ

Segundo Ishikawa (1991), as atividades básicas desenvolvidas pelos CCQ em todas as

empresas, são: contribuir para o melhoramento e para o desenvolvimento do empreendimento;

respeitar a natureza humana e criar um local de trabalho animado e bom para se viver;

exercitar integralmente as capacidades humanas, eventualmente extrair infinitas

possibilidades e permitir suas aplicações. De acordo com Drumond (1986), são inúmeros os

objetivos de desenvolvimento nos CCQ, a busca por estes objetivos podem gerar à empresa

grandes resultados, alguns destes objetivos são: qualidade, reduções de perdas, aumento de

produtividade, desenvolvimento de pessoas, entre outros, que são expostos na Figura 2.

Abreu (1987) divide os objetivos globais dos círculos em três grupos: Objetivos em

relação à empresa, em relação ao grupo, e em relação ao colaborador individualmente. Já os

objetivos gerais são: a colaboração de gerentes e supervisores na análise e soluções de

problemas em suas áreas de trabalho; sugerir métodos, procedimentos e rotinas que tragam a

melhoria da qualidade dos produtos, serviços e recursos disponíveis e/ou que tragam a

otimização do uso dos recursos disponíveis. O autor ainda afirma que o CCQ nas

organizações é visto como o desenvolvimento de uma consciência de qualidade para a

permanente busca da qualidade global da empresa. Enfatiza que os grupos de melhoria são

um movimento de recursos humanos, para a transformação das pessoas.

Figura 2: Objetivos do CCQ

Fonte: Drumond (1986).

20

2.5. ESTRUTURA DO CCQ

De acordo com Balestero-Alvarez (2012), existem três classificações para os CCQs:

Homogêneo: formado apenas por funcionários de um mesmo setor e seus estudos se

concentram nos problemas da área que o grupo atua.

Heterogêneo: formado por colaboradores de diferentes áreas que atuam em qualquer

um dos locais a que pertencem os membros.

Especial: formado apenas para resolver um determinado problema.

Dentro dos grupos de melhoria não há hierarquia, todos integrantes possuem mesmo

grau de importância e responsabilidades, o que existe são papeis diferentes desempenhados

pelos colaboradores. Estes componentes são denominados: Circulista, líder, secretário e

coordenador.

Circulistas: são os participantes ativos voluntários não remunerados que se envolvem

no estudo dos projetos escolhidos pelos próprios participantes do círculo, colaborando

e contribuindo na análise das causas do problema e apresentando sugestões de

melhorias ou modificações.

Líder: orienta os circulistas nos conceitos de metodologia de controle de qualidade,

estimula e instiga a participação e entusiasmo do grupo. Outra função que pertence ao

líder é a tarefa de manter os trabalhos buscando a objetividade e aproveitar ao máximo

o tempo de reunião.

Secretário: descreve, registra, relata e arquiva os assuntos tratados em reuniões,

elabora as atas e distribui a todos os envolvidos.

Coordenador: tem como função principal reunir todas as informações da empresa que

dizem respeito aos grupos de melhoria, encaminha projetos, propostas, resultados das

áreas envolvidas, preocupa-se com os treinamentos dos circulistas, agenciam

congressos, simpósios, concursos para divulgar e promover os resultados obtidos com

os círculos.

2.6.IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA PARA O CCQ

2.6.1. Relevância do líder para o CCQ

Silva (2004) menciona que o líder tem a responsabilidade de conduzir o grupo de

melhoria de maneira participativa, é a pessoa que conduz as atividades e possui conhecimento

21

de ferramentas da qualidade. Essa participação é de extrema importância para o CCQ, pois a

premissa do programa é a participação dos trabalhadores, cabendo ao líder incentivar e

valorizar esta participação. Em contrapartida o autor acrescenta que conquistada à

autoconfiança, o gestor deve diminuir a quantidade de apoio e encorajamento para que não

seja criada uma equipe dependente do papel do líder.

2.6.2. A importância da alta e média gestão para o CCQ

Segundo Wiest (1985) os programas de CCQ devem ser introduzidos na empresa

como estratégia pela diretoria, desta forma a alta gestão deve tomar frente para as mudanças

necessárias para implantar o CCQ. Trata-se de uma decisão amadurecida. O autor cita que a

decisão de uma empresa optar por introduzir os grupos de melhoria é como mudar de clube de

futebol, partido político ou de religião, ou seja, é necessário se converter ao novo sistema.

De acordo com Ballestero-Alvarez (2012) muitos chefes não aceitam que seus

subordinados ofereçam ideias que possam proporcionar mudanças e melhorias no setor, deste

modo os grupos de melhorias podem perder força. É neste momento que a autora apresenta a

importância de conscientizar os líderes em todos os níveis, que devem estimular seus

subordinados à união ao redor de um objetivo comum de importância para todos: o

desenvolvimento, tanto profissional quanto na empresa inteira. Somente com o apoio total da

alta e média gestão é que o CCQ pode tomar robustez e começar a trazer resultados positivos

para a empresa.

2.7. RECOMPENSAS PARA OS CCQ.

Segundo Abreu (1987), as recompensas consistem em entregar premiações aos

integrantes dos CCQs que concluíram trabalhos e os viram implantados no âmbito da

empresa. Os prêmios não tem o cunho de “pagar” aos circulistas pelas suas contribuições, o

que traria um aspecto mercantilista ao movimento. A premiação tem como princípio servir

como estímulo e reconhecimento pelos esforços adicionais que fizeram para a companhia.

Os prêmios podem ser em bens ou serviços, não aconselhando a entrega de moeda

papel que tenderiam a desvirtuar as finalidades do programa de CCQ. Ou seja, a melhor

maneira de recompensar os integrantes do CCQ são premiações que exercem influência e

22

motivam os circulistas são de natureza não material (valorização dos integrantes, viagens,

almoços, passeios em família entre outros).

2.8. FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE PROBLEMAS

Vieira Filho (2003) descreve que as ferramentas da qualidade básicas foram criadas há

muito tempo por aqueles que iniciaram o processo de qualidade total. Sua importância é

reconhecida em todo o mundo. A partir do momento em que todos estão de acordo que as

decisões devem basear-se em fatos e dados, as ferramentas passaram a ser imprescindíveis.

Estas ferramentas são gerenciais e permitem a análise de fatos e tomadas de decisões com

base em dados, dando a certeza de que a decisão é realmente a indicada.

Segundo Toyota (2008), as Ferramentas da Qualidade utilizadas para coletar, sintetizar

e analisar dados (quantitativos e qualitativos) são: Folha de coleta de dados ou lista de

verificação, diagrama de Pareto, estratificação, diagrama de causa e efeito, histograma,

diagrama de dispersão, gráfico de controle. Pode-se utilizar as sete ferramentas básicas da

qualidade para o desenvolvimento de um CCQ, porém a partir do momento que o grupo

torna-se maduro e os membros desenvolvem maiores habilidades para manusear ferramentas

mais complexas podem utilizar ferramentas como diagrama de afinidades, diagrama de inter-

relação, diagrama de árvore, etc. Tais recursos auxiliam o grupo na execução do CCQ. Não se

espera que um CCQ use todas essas técnicas durante as atividades para solução de problemas

atividades, apenas o método mais adequado.

Abreu (1987), afirma que existem divergências entre os especialistas da área com

relação à identificação dos chamados “instrumentos clássicos de CCQ para solução de

problemas”, isto se deve ao uso, por alguns, de elementos de O&M (Organização e Métodos)

e também por técnicas de criatividade. Como prefere o autor, dá-se preferência àquelas

utilizadas inicialmente pelo Prof. Kaoru Ishikawa, como Diagrama de Pareto e Diagrama de

Causa e Efeito. Isto não significa que se devem descartar outros recursos metodológicos,

como ferramentas como o Ciclo PDCA, Fluxogramas, MASP (método de análise e solução de

problemas), entre outros. Deve-se a partir do tema a ser trabalhado, identificar as variáveis

envolvidas, para então selecionar a ferramenta que melhor se adapte para o estudo e análise.

23

Em resumo, existem inúmeras ferramentas e técnicas disponíveis para análise e

solução de problemas, basta que os participantes possuam maturidade suficiente para

identificar qual método será escolhido para resolver determinado tipo de anormalidade. A

seguir resumiremos alguns dos métodos de maior relevância e utilização nos CCQs.

2.8.1. PDCA

Segundo Pagano (2000), o ciclo PDCA, consiste em um método gerencial,

sistemático, de fácil compreensão e utilização, para prática de controle de processos.

O PDCA pode ser aplicado em todos os níveis de uma organização, desde a alta

administração até o gemba. Campos (1996, p.262) define o método de melhoria, ou ciclo

PDCA na seguinte citação: “O PDCA é o método de gerenciamento de processos ou de

sistemas”. Na Figura 3, temos o ciclo PDCA para maior entendimento da ferramenta.

De acordo com Campos (1992), a fase P(plan) consiste nas etapas de identificação do

problema, observação (reconhecimento das características do problema), análise do processo

(descoberta das causas principais que impedem o atingimento das metas) e plano de ação

(contramedidas sobre as causas principais). A fase D (do) do PDCA de melhoria é a de ação,

ou atuação de acordo com o plano de ação para bloquear as causas fundamentais. Na fase C

(check), é feita a verificação, ou seja, a confirmação da efetividade do plano de ação para ver

se o bloqueio foi efetivo. Já na fase A (action) existem duas etapas, a de padronização e a de

conclusão. Na etapa de padronização, caso o bloqueio tenha sido efetivo, é feita a eliminação

definitiva das causas para que o problema não reapareça. Na etapa de conclusão ocorre a

revisão das atividades e planejamento para trabalhos futuros. Caso na fase C (check), o

bloqueio não tenha sido efetivo, deve-se voltar na etapa observação da fase P (plan),

realizando novamente o ciclo descrito.

Figura 3: Ciclo PDCA

Fonte: Campos (1996)

24

2.8.2. Brainstorming

De acordo com Branco Filho (2000), o brainstorming foi criado como objetivo de

regular a participação das pessoas em um ambiente de reunião ou mesmo local de trabalho

quando se deseja ter ideias, levantar causas ou mesmo levantar problemas. É uma ferramenta

que se presta à atividade participativa, onde todos terão a oportunidade de expor opinião.

Segundo o autor, existem quatro regras básicas para o sucesso desta ferramenta: Eliminar

qualquer crítica, para que não haja inibição nem bloqueio; Apresentar as ideias tais quais

surgem na cabeça, sem rodeios, elaboração ou maiores considerações. As ideias consideradas

loucas podem ser as grandes soluções. Quantidade gera qualidade. Quanto mais ideias

surgirem melhor. Combinar e melhorar as ideias já existentes, facilitando a geração de ideias

adicionais.

2.8.3. Diagrama de causa e efeito

O diagrama de causa e efeito, Figura 4, conhecido como espinha de peixe ou diagrama

de Ishikawa, é utilizado quando precisamos investigar a causa de um problema. Este diagrama

parte do pressuposto de que a maior parte dos problemas da empresa esta ligado com os 6Ms

da cadeia produtiva: medição, materiais, mão de obra, maquinas, métodos e meio ambiente. O

diagrama atua como um guia para a identificação da causa fundamental do problema e para a

determinação das medidas corretivas que deverão ser adotadas (CAMPOS, 1996).

Figura 4: Diagrama de Causa e Efeito

Fonte: Ishikawa (1996)

25

2.8.4. Técnica 5W2H

Segundo Ballestero-Alvarez (2012), a técnica 5W2H é uma ferramenta bastante

simples, mas potente para auxiliar o desenvolvimento da análise e o conhecimento do

processo ou do problema a resolver. A técnica é prática e permite a qualquer instante saber

informações importantes e significativas a respeito de qualquer projeto. Seu nome (ou sigla)

se deve à inicial das sete palavras em inglês que lhe dão origem, assim: what (o quê); who

(quem); where (onde); why (por quê); when (quando); how (como); how much (quanto).

2.8.5. Método dos cinco porquês

O método dos cinco porquês é uma prática utilizada na solução de problemas com a

finalidade de descobrirmos a sua principal causa. Perguntamos o porquê da anomalia e ao

chegarmos ao quinto “Por quê”, provavelmente teremos a causa raiz do problema. No Quadro

1, será exemplificado o método dos 5 porquês.

Quadro 1 – Utilização dos cinco por quês

Problema: Excesso de poeira nas estradas, comprometendo a segurança.

1º Por que? Por que as estradas estão com excesso de poeira?

Porque não tem sido irrigadas adequadamente

2º Por quê? Por que não tem sido irrigadas adequadamente?

Porque a água tem sido insuficiente

3º Por quê? Por que a água tem sido insuficiente?

Porque há baixa vazão das bombas

4º Por quê? Por que há baixa vazão das bombas?

Porque existem bolhas de ar no interior das bombas

5º Por quê? Por que existem bolhas de ar no interior das bombas?

Porque o comprimento dos tubos não permite uma operação adequada

Fonte: Chaves (2006)

2.8.6. Gráfico de Pareto

Brassard (1994) relata que o Gráfico de Pareto é uma forma especial do gráfico de

barras verticais, que permite determinar quais problemas solucionar e quais anomalias são

prioridades. O Gráfico de Pareto, elaborado com base numa Folha de Verificação ou em outra

26

fonte de coleta de dados, ajuda a dirigir a atenção e esforços para problemas verdadeiramente

importantes. Em geral, alcançam-se melhores resultados se a ação for tomada com relação à

barra mais alta do gráfico do que nas barras menores.

Segundo Chaves (2006), o Gráfico de Pareto serve para dispor os dados de um

problema, e assim visualizar qual é a sua parte mais importante, sobre a qual se deve atuar

para obter um resultado que gere um maior impacto. Resolvido o tema mais relevante,

refazemos o gráfico, e assim atacamos a segunda prioridade e assim sucessivamente.

27

3. METODOLOGIA

O presente capítulo foi escrito com o propósito de situar o leitor quanto aos métodos e

procedimentos utilizados para a elaboração deste estudo, sistematizando a realização da

pesquisa e as etapas executadas para o alcance dos objetivos propostos.

3.1. ETAPAS DA PESQUISA

O presente trabalho tem como etapas de metodologia a sequência descrita na Figura 5 –

Etapas da Metodologia.

Figura 5 – Etapas da Metodologia

Fonte: Primária (2013)

28

Etapa 1. Pesquisa Bibliográfica: Foram pesquisados os assuntos que o presente

trabalho aborda, com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre os grupos de melhoria

contínua, sua conceituação, filosofia, características, objetivos e ferramentas utilizadas. Foram

utilizadas bibliografias na forma de livros, dissertações e artigos para identificar as práticas

recomendadas segundo a literatura.

Etapa 2. Definição de critérios para definir o desempenho de programas de CCQ:

Após aprofundar o referencial teórico, foi possível definir os critérios de excelência para os

programas de CCQ. Estes critérios de excelência são indicadores expostos no capitulo 4, é

uma pequena contribuição do presente trabalho e está presente no Quadro 2 onde para cada

indicador são selecionadas perguntas que são formuladas para apoiar o processo de pesquisa

de campo de cada critério definido. Após a seleção destes indicadores, são apresentadas as

melhores práticas para cada indicador de acordo com a literatura, (práticas consideradas

“classe mundial” são expostas no Quadro 3), e são referência para comparação com as

práticas da empresa.

Etapa 3. Desenvolvimento de uma escala de avaliação de desempenho: Continuando

no capítulo 4, desenvolveu-se o Quadro 4, que é uma escala de pontuação para a avaliação de

desempenho do programa de CCQ nas empresas. Este quadro avalia e compara as atividades

tomando como referência o Quadro 3, embasado em dados bibliográficos considerados ideais.

No Quadro 4, definiu-se uma escala de 1 a 5, relacionando os indicadores escolhidos. As

questões levantadas descrevem situações típicas 1, 3, 5, e situações intermediárias serão

pontuadas com 2 e 4. A escala de avaliação é resumida na Figura 6 – Método de Pontuação,

que exemplifica como são medidos os indicadores de melhores práticas de CCQ. No capítulo

4, a escala de avaliação é explicada com um exemplo prático para maior entendimento.

Figura 6: Método de Pontuação

Fonte: Seibel, 2004

1 2 3 4 5 Pontos

Nome do

IndicadorDescrição 1 Descrição 2 Descrição 3 3

Descrição 2 é a mais apropriada para a empresa. Logo, a

pontuação é 3

29

Etapa 4. Observação e coleta de dados sobre o programa CCQ na empresa: Foram

levantados dados quantitativos com a coordenação dos grupos de melhoria sobre o programa

CCQ, verificando as informações coerentes com os indicadores propostos utilizando como

base o Quadro - 3 de melhores práticas de CCQ.

Etapa 5. Estado atual pelos circulistas: Após o levantamento de dados quantitativos

relevantes para o estudo, foram feitas entrevistas semiestruturadas com os circulistas da

empresa, com o objetivo de aprofundar a compreensão do estado atual segundo descrito pela

coordenação dos grupos de CCQ da companhia.

Etapa 6. Descrição do estado atual do Programa CCQ na empresa: os dados coletados

nos documentos fornecidos pela coordenação e nas entrevistas com os participantes dos

grupos, foram utilizados para descrever e documentar em uma tabela o estado atual do

programa de CCQ na empresa. Após o desenvolvimento da tabela pontuou-se o nível de

desenvolvimento das práticas internas da companhia utilizando o Quadro 4. Desta forma, para

permitir a visualização das lacunas principais (oportunidades de melhorias) da empresa em

relação ao estado desejado segundo descreve a literatura, foi apresentado um gráfico radar

conforme a Figura 7, onde os eixos são os indicadores de excelência levantados.

Figura 7: Gráfico Radar

Fonte: Primária, 2013

Etapa 7. Elaboração das sugestões de melhoria: O gráfico radar permite visualizar

facilmente as áreas com as maiores lacunas, que devem ser priorizadas na proposta de

1

2

3

30

melhoria, desenvolvida com a participação dos circulistas. A elaboração da proposta-ação se

deu por meio de um comparativo de informações relevantes na bibliografia com as práticas

utilizadas na empresa, surgindo propostas de melhorias para a condução do programa de CCQ

na empresa estudada. Os principais problemas encontrados, bem como as suas possíveis

soluções, são apresentados no capítulo 4 deste trabalho.

31

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente capítulo consiste na definição dos indicadores relevantes para os programas

de CCQ e o desenvolvimento e aplicação do método proposto para a avaliação de

desempenho do programa de CCQ da empresa, integrando as etapas de apresentação da

empresa, do estudo realizado na companhia e a aplicação da análise pelo autor.

4.1. A EMPRESA

A empresa estudada é 100% brasileira, com atuação no mercado internacional. Iniciou

seus trabalhos no ano de 1963, como uma pequena fundição em Joinville, norte de Santa

Catarina. A divisão automotiva (objeto de estudo) começou seus trabalhos em 1980, é

considerada a maior fundição com usinagem integrada em seu segmento de atuação,

possuindo soluções completas em fundição, usinagem e montagem no mesmo parque fabril.

A empresa em estudo fornece autopeças para o mercado global de veículos comerciais

pesados, máquinas agrícolas e equipamentos de construção. Em sua linha de produtos

constam: suportes para suspensão e cabina, carcaças de eixo, transmissão e diferencial,

tampas e suportes de motor, componentes de freios, cubos de roda, blocos e pedestais de

quinta roda, entre outras peças.

4.2. PROGRAMA DE CCQ NA DIVISÃO AUTOMOTIVA

O programa de melhorias automotiva, conhecido como Grupo de Melhoria

Automotiva(GMA) da empresa analisada foi implantado em 2011. Os grupos de CQ da

companhia são formados por profissionais de diferentes setores que se reúnem

periodicamente com o objetivo de analisar e resolver problemas enfrentados no dia-a-dia.

A ideia de implementar o programa de CCQ surgiu da alta administração, que valoriza

e apoia as ações do programa. Esse apoio não é somente financeiro, as lideranças estão

sempre presentes nos eventos e encontros promovidos pelo programa de CCQ. Todos os

níveis de liderança participam de alguma forma no programa. O GMA se tornou uma fonte de

sugestões de melhorias em questões relacionadas com o bem-estar do funcionário,

produtividade, qualidade, segurança, saúde e inovação.

32

4.3. DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

A fundamentação teórica permitiu identificar indicadores relevantes para a avaliação

de desempenho de grupos de melhoria. Estes indicadores foram estudados, com base no

referencial teórico. No Quadro 2, seguem os indicadores escolhidos para medir os níveis de

desempenho dos CCQs assim como as perguntas que devem ser visualizadas e respondidas a

fim de mensurar os devidos indicadores.

Quadro 2 – Indicadores para o CCQ e Perguntas para aplicação

1. Participação dos empregados

em CCQ

2. Participação voluntária

dentro do CCQ.

3. Número ideal de integrantes

por grupo de CQ

Qual a porcentagem de

funcionários da empresa que estão

engajados nas atividades de CCQ?

Quais os programas concebidos na

empresa para envolvimento dos

empregados: programa de sugestão

de melhoria, círculos de qualidade,

etc.

Os participantes dos círculos de

CCQ conduzem suas atividades

de forma voluntária? Existe

alguma participação forçada no

programa da empresa?

Quantos colaboradores formam

um CCQ na empresa? Segundo a

literatura o número máximo de

colaboradores de CCQ é dez. E

afirmam que o número ideal são

cinco pessoas por círculo de

qualidade.

4. Apoio da Alta Gestão em

atividades de CCQ.

5. Apoio da Média Gestão em

atividades de CCQ

6. Critérios de escolha de líderes

de CCQs são claros na empresa?

A alta direção da empresa tem

engajamento com o CCQ?

Diretores assistem reuniões?

Reconhecem as melhores práticas

realizadas pelos CCQs? Participam

de mostras de CCQ na empresa?

Os supervisores apoiam o CCQ

através de reconhecimento de

práticas realizadas na área.

Assistem reuniões?

Reconhecem as melhores

práticas dos CCQs? Participam

de mostras de CCQ na

empresa?

O líder é um colaborador

motivado? Possui conhecimento

em ferramentas de qualidade?

Como ele é escolhido para ser

líder?

7. Métodos de reconhecimento

dos integrantes de CCQ.

8. Treinamentos para os

CCQs

9. Ferramentas para resolução

de problemas

A empresa possui a política de

reconhecer os melhores trabalhos

dentro da empresa? Quais são as

recompensas utilizadas? Obs.:

Premiações de maior influência são

as de natureza não material

(valorização dos circulistas,

almoços, passeios), premiações em

dinheiro desvirtuam o CCQs.

Existe treinamento voltado aos

integrantes dos CCQs? Há uma

frequência para realização

destes treinamentos? Quantos

treinamentos são ministrados

durante o ano?

Como os problemas são tratados?

A equipe trabalha em conjunto

para encontrar as causas e

soluções para os problemas? Quais

ferramentas são utilizadas pelos

participantes: PDCA?

Brainstorming? Diagrama de

causa e efeito? 5W2H?

5 por quês? Gráfico de Pareto?

Fonte: Primaria, 2013

Desenvolveu-se na sequência o Quadro 3, que define o critério de desempenho de

acordo com a literatura, fornecendo como base as melhores práticas visualizadas na

pesquisa bibliográfica consideradas como situações ideais de CCQ, que servirão como

referência “classe mundial” para avaliar o desempenho do CCQ nas empresas.

33

Quadro 3 – Melhores Práticas para o CCQ

Indicador Critério Melhores Práticas

1

Participação dos

empregados em

CCQ

Porcentagem total dos

funcionários da empresa

participando de grupos de CCQ

O engajamento dos funcionários deve ser

grande, ou seja, no mínimo 80% da

companhia deve estar envolvidas com as

praticas de melhoria contínua.

2

Participação

voluntária (sem

obrigação) dentro

do CCQ.

Porcentagem de participação

voluntária dentro dos grupos de

CQ realizando e sugerindo

melhorias.

Todos os integrantes dos CCQs devem

participar voluntariamente das atividades da

empresa. Não pode haver participação

forçada.

3

Número ideal de

integrantes por

grupo de CQ

Número ideal de integrantes por

grupo de CQ para tornar as

atividades mais dinâmicas e

rápidas.

O número máximo de participantes dentro

de cada grupo de CQ deve ser dez pessoas.

Na bibliografia o número ideal é de cinco

integrantes por grupo.

4

Apoio da Alta

Gestão em

atividades de CCQ.

Participação da Alta Gestão em

apresentações de CCQ,

recompensando os integrantes e

reconhecendo seus trabalhos.

Com o apoio total da alta gestão, ou seja,

100%, é que o CCQ pode tomar robustez e

começar a trazer resultados positivos para a

empresa.

5

Apoio da Média

Gestão em

atividades de CCQ

Apoio da Média Gestão para

reconhecer boas práticas

realizadas no ambiente de

trabalho, auxiliando na

resolução de problemas.

Assim como a alta gestão, a média gestão

deve dar apoio total ao CCQ para que o

programa se sustente na organização.

6

Critérios de

escolha de líderes

de CCQs são claros

na empresa?

Importância do Líder dentro do

grupo de CQ motivando e

auxiliando na aplicação de

ferramentas de solução de

problemas.

O líder possui a responsabilidade de

conduzir o grupo de melhoria de maneira

participativa. Cabe ao líder incentivar e

motivar os integrantes do CCQ. Todos os

grupos devem possuir um líder para

direcionar as atividades da equipe.

7

Métodos de

reconhecimento

dos integrantes de

CCQ.

Métodos de reconhecimento dos

integrantes do CCQ. Os CCQS

são premiados de que maneira:

bens não materiais ou dinheiro

As premiações que mais exercem influência

e motivam os circulistas são aquelas de

natureza não material (valorização dos

integrantes, viagens, almoços). Premiações

em dinheiro desvirtuam as finalidades do

programa

8 Treinamentos para

os CCQs

Qual a frequência de realização

de treinamentos para os

integrantes dos CCQs?

Os CCQs estão sempre em busca da

melhoria contínua, devem ser treinados para

a resolver problemas. Treinamentos de 4 a 6

horas (mensais). Mínimo de 1 treinamento

ao mês.

9

Ferramentas para

resolução de

problemas

Qual o nível de Conhecimento

sobre as ferramentas que

auxiliam na resolução de

problemas. Os CCQs possuem

domínio de quais ferramentas

para resolução de problemas?

Os CCQs devem estar treinados para utilizar

ferramentas para análise e solução de

problemas. As principais ferramentas que

auxiliam os CCQs de acordo com a

literatura são: PDCA, Brainstorming,

Diagrama de cause e efeito, 5W2H, 5 por

quês e Gráfico de Pareto. É necessário que

os grupos tenham conhecimento sobre estas

ferramentas.

Fonte: Primária (2013)

34

Com base nos critérios identificados e nos indicadores definidos, precedeu-se uma

pesquisa documental acessando o sistema de informação da empresa buscando quantificar os

indicadores definidos e documentados no Quadro 3. A partir destes indicadores e critérios,

desenvolveu-se o Quadro 4 – Escala para Pontuação de Indicadores, que pontua as práticas de

CCQ. O quadro avalia e compara as atividades tomando como referência o Quadro 3, que é a

escala máxima de pontuação, embasado em dados bibliográficos considerados ideais.

Quadro 04 – Pontuação de Indicadores

Indicador 1 2 3 4 5

Participação dos

empregados em CCQ

Pouca ou nenhuma.

Até 20%

Comitê de qualidade,

programas participativos,

40 a 60% de empregados

envolvidos.

Mais de 80% dos empregados

envolvidos em equipes de CQ

Participação

voluntária (sem

obrigação) dentro do

CCQ.

Pouca ou nenhuma.

Até 20%

40 a 60% de empregados

envolvem-se

voluntariamente

Mais de 80% dos empregados

envolvidos em equipes de CQ

são voluntários

Número ideal de

integrantes por

grupo de CQ

Apenas 1 pessoa

compõe o CCQ. Ou

mais que 12 pessoas.

Grupos de 3, ou de 9 a 10

participantes.

De 5 a 7 participantes compõe

um CCQ.

Apoio da Alta Gestão

em atividades de

CCQ.

Pouca ou nenhuma.

Até 20% de presença

em eventos de

reconhecimento.

A média gestão apoia e

está presente em 40 a 60%

das atividades de CCQ

(Presença em eventos)

A alta gestão da todo suporte

aos empregados envolvidos

em equipes de CQ. (Sempre

está presente em eventos de

reconhecimento).

Apoio da Média

Gestão em atividades

de CCQ

Pouca ou nenhuma.

Até 20% de presença

em eventos de

reconhecimento.

A média gestão apoia e

está presente em 40 a 60%

das atividades de CCQ

(Presença em eventos).

A média gestão da todo

suporte aos empregados

envolvidos em equipes de CQ.

(Sempre está presente em

eventos de reconhecimento).

Critérios de escolha

de líderes de CCQs

são claros?

Não há critérios para

escolha de líderes

O líder é escolhido pelo

seu estado motivacional e

sua personalidade.

O líder é escolhido pelo se

estado motivacional, sua

personalidade e por possuir

conhecimentos em

ferramentas de qualidade.

Métodos de

reconhecimento dos

integrantes de CCQ.

Não há métodos de

reconhecimento

O reconhecimento é

através de dinheiro e

mostras.

O reconhecimento é feito

através de mostras, prêmios

de natureza não material, e

incentivo motivacional da

direção.

Treinamentos para

os CCQs

Não há

treinamentos, ou não

são planejados.

Alguns treinamentos e

qualificação para os

circulistas

Mínimo de 1 treinamento

mensal, com ênfase em

qualidade.

Ferramentas para

resolução de

problemas

Os CCQs não

utilizam ferramentas

de análise e solução

de problemas.

Somente uma

ferramenta é usada.

Os CCQs possuem

conhecimento de algumas

ferramentas de análise e

solução de problemas.

Utilizam 3 ferramentas.

Os integrantes dos CCQs

possuem conhecimento sobre

as 6 ferramentas ou mais:

PDCA, Brainstorming,

Diagrama de cause e efeito,

5W2H, 5 por quês e Gráfico

de Pareto.

Fonte: Primária, 2013

35

O Quadro 4 possui escalas de pontuação de 1 a 5, as situações típicas encontradas nas

empresas com maior frequência são classificadas com 1, 3, 5 e estão detalhadas no quadro, as

situações consideradas intermediárias são classificadas com 2 e 4, ou seja, a pontuação 2, não

é tão fraca como a pontuação 1, porém não possui consistência para ser classificada como 3,

assim como a pontuação 4, que não é considerada referência “classe mundial”, mas possui

melhores considerações que a pontuação 3. O exemplo genérico de pontuação encontra-se na

Figura 7- Escala de Pontuação localizada no capítulo de metodologia e o método de

pontuação será explicado na sequencia.

Exemplificando o Quadro 4: Tomando como base o indicador 1- Participação dos

empregados em CCQ, visualizamos que uma empresa possui 6% de seus colaboradores

participando de atividades de CQ. Desta forma visualizamos no quadro o indicador 1 e

verificamos qual pontuação deve ser dada ao mesmo. Ou seja, de acordo com a Figura 8 –

Exemplo 1 de Escala de Pontuação, o indicador 1, na empresa obteria apenas 1 ponto na

escala de pontuação.

Figura 8: Exemplo 1 de Escala de Pontuação.

Indicador 1 2 3 4 5

Participação dos

empregados em CCQ

Pouca ou nenhuma.

Até 20%

Comitê de qualidade,

programas participativos,

40 a 60% de empregados

envolvidos.

Mais de 80% dos

empregados envolvidos

em equipes de CQ

Fonte: Primária (2013).

Caso a empresa possuísse um quadro de 75% de funcionários participantes de CCQ a

companhia receberia uma pontuação diferenciada, pois possui mais de 60% de empregados

envolvidos em atividades de CQs, mas não está dentro da condição ideal que seria mais de

80% de colaboradores envolvidos em grupos de melhoria, desta forma sua pontuação seria 4

conforme a Figura 9 – Exemplo 2 de Escala de Pontuação.

Figura 9: Exemplo 2 de Escala de Pontuação.

Indicador 1 2 3 4 5

Participação dos

empregados em

CCQ

Pouca ou nenhuma.

Até 20%

Comitê de qualidade,

programas

participativos, 40 a 60%

de empregados

envolvidos.

75%

Mais de 80% dos

empregados envolvidos

em equipes de CQ

Fonte: Primária (2013)

36

O Quadro 4 – Escala para pontuação de Indicadores serve para visualizar o

desempenho do CCQ da empresa em análise tomando como base os documentos fornecidos

pela coordenação dos grupos de melhoria da companhia e também será utilizado para pontuar

as considerações feitas pelos envolvidos diretos no programa de CCQ da empresa, ou seja, as

sugestões dos circulistas são levadas em consideração, pois os mesmos são peças

fundamentais para o sucesso ou fracasso dos grupos de melhorias nas empresas.

4.4. APLICAÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO CCQ NA

EMPRESA ESTUDADA

Após a coleta das informações relevantes sobre o programa de melhoria da empresa

foi possível analisar os indicadores e as perguntas propostas no Quadro 2 praticados pela

companhia estudada confrontando com o Quadro 4 – Escala de Pontuação de Indicadores,

pontuando as práticas desenvolvidas na empresa.

A seguir, seguem detalhes de como são praticados os indicadores de desempenho de

CCQ na empresa em estudo, e a opinião dos circulistas envolvidos para um estudo mais

completo destes indicadores. Ao final, o resumo das práticas da companhia juntamente com

suas escalas de pontuação, e as considerações feitas pelos circulistas pontuadas segundo a

escala do Quadro 4 são demonstradas ao final deste capítulo.

4.4.1. Participação dos empregados em CCQ

Segundo dados da coordenação dos grupos de melhoria, a empresa estudada possui

aproximadamente 2.700 colaboradores, dos quais 1.500 são funcionários da Divisão

Automotiva (objeto de estudo), neste universo de 1.500 empregados, 75 colaboradores

participam efetivamente do programa de melhorias da empresa, ou seja, 5% do quadro de

funcionários, existem ainda um número pequeno de colaboradores, chamados na companhia

de sugestores (empregados que sugerem ações de melhoria, porém não as executam) que

somam aproximadamente 45 colaboradores, que representam 3% dos funcionários da divisão.

Neste contexto, colaboradores que trabalham direta ou indiretamente com ações de CCQs

37

representam 8% do quadro total de funcionários da divisão estudada, ou seja, segundo o

Quadro 4, o indicador mencionado é pontuado com apenas 1 ponto na escala de avaliação.

Para os integrantes dos círculos caberia à empresa manter um número mínimo de 400

colaboradores, aproximadamente 27% do quadro de funcionários, trabalhando em ações de

CCQ, pois os circulistas afirmam que existem oportunidades de melhoria que não são

executadas ou não são lembradas por falta de pessoas que assumam as tarefas para implantar

as ideias sugeridas, assim de acordo com a escala de avaliação, este indicador na visão dos

circulistas poderia ser melhorado e poderia atingir 2 pontos na escala de avaliação.

4.4.2. Participação voluntária (sem obrigação) dentro do CCQ.

Para a coordenação do programa de CCQ da empresa existem colaboradores inseridos

em grupos por determinação de pessoas que exercem maior poder na companhia, a

coordenação do GMA afirma que estas pessoas são importantes devido ao pequeno tempo de

funcionamento do programa de melhorias na empresa, e o maior acesso as tecnologias da

empresa por parte destes colaboradores não voluntários, desta forma seguindo a escala de

avaliação a empresa possui 4 pontos neste indicador, pois possui 75 colaboradores atuantes

em ações de melhoria, mas apenas 55 membros são voluntários, somando 73% de

colaboradores voluntários dentro do CCQ da empresa.

Para os circulistas, 100% das pessoas envolvidas nos grupos de CQ deveriam

participar voluntariamente das atividades de melhoria, para eles os participantes que são

forçados a integrar os grupos acabam desmotivando os demais envolvidos, tornando as tarefas

mais difíceis para todos, e sobrecarregando o líder que possui o papel de motivador da equipe.

Este relato é a opinião geral dos circulistas, sejam espontâneos e não espontâneos, ambos

afirmam sobre a dificuldade de motivação e execução de ações de melhoria quando os

colaboradores são obrigados a participar de ação em que não são voluntários. Desta forma,

segundo os participantes dos grupos de CQ este indicador poderia ser melhorado chegando a

5 pontos na escala de avaliação de desempenho de CCQ.

38

4.4.3. Número ideal de integrantes por grupo de CQ

O número de integrantes por grupo de CQ na empresa estudada é de no máximo cinco,

este limite foi criado porque a coordenação do GMA verificou que aglomerações de pessoas

maiores que este número não possuíam rendimento satisfatório e reuniões com grupos

menores sobrecarregavam os envolvidos nas ações de melhoria, ou seja, durante as reuniões

ou até mesmo durante as execuções de melhoria, apenas 5 colaboradores participavam

efetivamente das ações propostas. Após a criação deste limite de 4 a 5 circulistas por grupo,

todos os integrantes passaram a desempenhar atividades com mesmo grau de importância na

execução de melhorias. A coordenação também informou que o número ideal para a empresa

são 5 colaboradores por grupo e que após a adoção deste número ideal, as tomadas de

decisões se tornaram mais fáceis por se tratar de um número ímpar de colaboradores não

havendo empates em momentos críticos de decisão. Neste indicador a empresa é referência

“classe mundial”, todos os grupos possuem 5 integrantes por grupo, ou seja, a empresa é

avaliada com 5 pontos.

Neste indicador a visão dos circulistas é compartilhada com a visão da empresa. Após

a adoção de um limite de 5 integrantes por círculo de CQ, os colaboradores receberam um

nivelamento de divisão de tarefas, todos possuem atividades fundamentais para o bom

andamento do processo de implementação de melhorias, assim trabalham fortemente em

equipe, um ajudando o outro na busca da melhoria contínua, desta forma, pontuam com 5

pontos na escala de avaliação.

4.4.4. Apoio da alta gestão em atividades de CCQ

A implantação do programa de melhorias partiu da alta direção da empresa. A direção,

a superintendência e a gerência da companhia visualizaram no CCQ oportunidades para

melhorar o ambiente de trabalho, o processo e a qualidade de seus produtos. Desta forma, a

alta direção participa de mostras de CCQ realizadas pela empresa, está presente em momentos

de reconhecimento dos circulistas, em apresentações de boas práticas premiando os melhores

trabalhos. Assim, permite-se receber 5 pontos na escala de avaliação de desempenho de CCQ.

39

Para os circulistas, a alta direção sempre apoia a realização dos trabalhos de melhoria,

os integrantes se mostram satisfeitos com a participação da alta administração nos eventos

realizados dentro e fora da companhia sendo receptivos e atenciosos com os colaboradores

que trabalham pela busca da melhoria contínua. Para os colaboradores participantes a

pontuação para este indicador é 5 na escala de avaliação.

4.4.5. Apoio da média gestão em atividades de CCQ

De acordo com os documentos fornecidos pelos coordenadores de CCQ da empresa, o

apoio da média gestão é parcial, os supervisores participam em 75% dos eventos relacionados

ao CCQ, e ainda existem alguns supervisores que não enxergam o CCQ como ferramenta para

a busca da qualidade total. Muitas vezes os supervisores não conseguem estar presentes nas

reuniões dos grupos, justificam suas faltas devido às turbulências que ocorrem durante o

horário de trabalho, porém estão sendo cobrados pela alta gestão para dar apoio total ao

programa de melhorias da empresa. Desta forma a pontuação dada para este indicador é 4

pontos.

A queixa da coordenação é a mesma vinda dos círculistas, eles afirmam que possuem

o apoio da média gestão, porém em momentos de decisão quando necessitam do auxilio dos

supervisores muitos não se fazem presentes, dificultando assim o andamento de determinados

trabalhos que necessitam de aval de execução destas pessoas. Para os circulistas a avaliação

sobre a média gestão equivale a 3 pontos na escala de avaliação.

4.4.6. Critérios de escolha de líderes de CCQs são claros na empresa

Segundo os documentos fornecidos pela coordenação, não existem critérios de escolha

para determinar cada líder dentro de um CCQ na empresa. O procedimento usual para a

escolha do líder se dá durante a primeira reunião do grupo após a abertura oficial do programa

do ano, os circulistas verificam se há algum voluntário para o cargo de liderança, se houver

este voluntário, o mesmo torna-se líder, caso contrário é realizada uma votação para a escolha

do comandante da equipe. Muitas vezes, os circulistas são influenciados a votar em pessoas

com maior nível de instrução e que tenham acesso a tecnologias (computadores, impressoras,

40

ERP), para facilitar o acesso às informações. Tornando os fatores motivacionais e de

personalidade os responsáveis pela escolha do líder. Assim, na escala de pontuação a empresa

se encaixa na pontuação equivalente a 3 pontos.

Segundo os circulistas, os integrantes dos grupos sabem a real importância do líder

dentro do grupo de CQ, mas a escolha do líder se dá a partir do nível de instrução do

colaborador, os integrantes visualizam as pessoas com bom relacionamento interpessoal e

com acesso a tecnologias, ou seja, um caminho mais acessível para a comunicação interna

(assuntos do grupo) e externa (facilidade de comunicação com áreas de apoio e supervisão),

desta forma a opinião dos circulistas equivale a 3 pontos na escala de pontuação.

4.4.7. Métodos de reconhecimento dos integrantes de CCQ.

A empresa estudada optou por reconhecer os integrantes de CCQ com pequenos

brindes (canecas, canetas, chaveiros, guarda-chuvas, etc.) e ou prêmios de natureza não

material, como: passeios, almoços com a direção, viagens com acompanhantes. A companhia

acredita que recompensas em dinheiro poderiam causar desconforto entre integrantes,

podendo desvirtuar os reais valores que o CCQ prega. A forma de recompensa praticada na

empresa é considerada ideal pontuando com 5 pontos na escala de avaliação.

Os circulistas estão todos de acordo com os métodos de recompensas por trabalhos

prestados à empresa. Afirmam que sugerem opções de reconhecimentos e a coordenação

juntamente com a empresa é receptiva em atender as ideias vindas pelos participantes, desta

forma todos trabalham em conjunto para o bom andamento das atividades de melhoria da

empresa. Equivale a 5 pontos as formas de recompensas da empresa segundo a opinião dos

circulistas.

4.4.8. Treinamentos para os CCQs

Segundo os documentos fornecidos pela coordenação dos grupos de melhoria da

empresa, existe um calendário fixo de treinamentos para os integrantes do CCQ, porém este

calendário não cumpre suas datas devido à falta de instrutores para aplicar os treinamentos e

41

falta de espaço físico para realização, ou seja, o planejamento para que ocorram treinamentos

para os grupos é sem robustez. Pela falta de cumprimento de calendário e aplicação de

treinamentos a empresa é avaliada com apenas 1 ponto na escala de pontuação.

Para os circulistas o calendário de treinamentos fornecido junto ao regulamento do

programa de CCQ da empresa deveria ser cumprido, como a coordenação não consegue

executar os treinamentos nas datas previstas ocorre à desmotivação das pessoas envolvidas.

Ou seja, alguns treinamentos são aplicados, porém sem seguir o calendário proposto. Desta

forma a opinião dos circulistas é considerada 2 pontos na escala de avaliação de desempenho

de CCQ.

4.4.9. Ferramentas para resolução de problemas

A coordenação forneceu documentos referentes às ferramentas de soluções de

problemas, e constatou que os integrantes dos grupos de melhoria utilizam apenas o

brainstorming para auxiliar nas tomadas de decisão, pois como o programa de melhorias é

relativamente novo na empresa (dois anos de funcionamento), limita-se em ações de ver e

agir, onde a solução dos problemas não necessita de um estudo mais aprofundado. Porém há

um estudo para implantar novas ferramentas para auxiliar os grupos na análise e solução de

problemas. Desta forma, como os grupos são deficientes em ferramentas de análise e solução

de problemas, a empresa recebe a avaliação de apenas 1 ponto na escala de desempenho de

CCQ.

Segundo os circulistas, aproximadamente 90% dos integrantes dos grupos de melhoria,

não possuem o domínio em ferramentas da qualidade, para as ações tomadas utilizam apenas

a técnica do brainstorming, pois visam principalmente ações de Ver e Agir. Os participantes

se mostram interessados em aprender novas técnicas de análise e soluções de problemas, pois

além de auxiliar em atividades voltadas ao grupo de melhorias também podem aplicar estas

ferramentas em problemas relacionados ao seu trabalho específico. Os circulistas se mostram

interessados em aprender as ferramentas da qualidade, desta forma pontuamos com 2 pontos

este indicador.

42

4.5.ANÁLISE DO CCQ NA EMPRESA

Após o detalhamento das atividades de CCQ realizadas na empresa, desenvolveu-se a

Tabela 1 – Pontuação das Práticas da Companhia, onde apresentamos resumidamente as

considerações de cada indicador da empresa e pontuamos tomando como referência o Quadro

04 – Pontuação de indicadores.

Tabela 1 – Pontuação das Práticas da Empresa

Indicador Referencial da Empresa

Práticas da Companhia Pontos

1 Participação dos

empregados em CCQ

A divisão automotiva da empresa estudada possui um corpo de 1500

funcionários. Apenas 75 colaboradores participam do programa de

CCQ. Apenas 5% dos funcionários. 1

2

Participação voluntária

(sem obrigação) dentro

do CCQ.

No universo de 75 colaboradores participantes do programa de CCQ da

empresa, verificou com a coordenação que 55 colaboradores são

voluntários e 20 não voluntários. Ou seja, 73% dos integrantes são de

participação voluntária.

4

3

Número ideal de

integrantes por grupo de

CQ

A empresa conta com 15 grupos de melhorias atuantes e todos possuem

5 integrantes. A empresa acredita que 5 pessoas seja o número ideal. 5

4 Apoio da Alta Gestão em

atividades de CCQ.

Segundo a coordenação do CCQ na empresa, o apoio da alta gestão é

total. Sempre que necessário a alta gestão está presente para apoiar os

grupos de CCQ. 5

5 Apoio da Média Gestão

em atividades de CCQ

O apoio da média gestão é parcial, ainda existem alguns supervisores

que não enxergam o CCQ como ferramenta para a busca da excelência.

No corpo de 18 supervisores, 14 supervisores apoiam os grupos de CQ

na empresa. 78% apoiam totalmente as atividades de CCQ.

4

6

Critérios de escolha de

líderes de CCQs são

claros na empresa?

Dos 15 grupos de CQ da empresa, 12 possuem líderes que delegam

atividades e motivam seus parceiros. Ou seja, 80% dos grupos possuem

líderes. Porém a maioria destes líderes possui pouco conhecimento em

ferramentas de solução de problemas

3

7

Métodos de

reconhecimento dos

integrantes de CCQ.

As premiações entregues aos grupos são passeios, almoços e brindes.

Apresentações para a alta gestão também são formas de reconhecer o

trabalho realizado pelo colaborador da empresa. 5

8 Treinamentos para os

CCQs

Atualmente a coordenação não possui datas para realizar treinamentos

para qualificar os colaboradores atuantes nos CCQs. 1

9 Ferramentas para

resolução de problemas

Os grupos de melhoria atuam fortemente em ações ver e agir. Por não

possuírem grande conhecimento sobre ferramentas para a resolução de

problemas os colaboradores limitam-se a estas ações e têm como base

apenas o brainstorming.

1

Fonte: Primária, 2013

43

A partir do detalhamento das entrevistas semiestruturadas com os circulistas

desenvolveu-se paralelamente a Tabela 2 – Pontuação da Visão dos Circulistas, onde

apresentamos resumidamente as considerações de cada indicador de acordo com a opinião dos

integrantes envolvidos e pontuamos tomando como referência o Quadro 4 – Pontuação de

indicadores.

Tabela 2 - Pontuação da Visão dos Circulistas

Indicador Referencial Circulistas

Visão dos Circulistas Pontos

1 Participação dos

empregados em CCQ

Para os participantes do programa de CCQ, deveria haver um

engajamento maior dos colaboradores. Enfatizam que o programa

deveria contemplar 400 colaboradores. Aproximadamente 27% do

corpo de funcionários.

2

2

Participação voluntária

(sem obrigação) dentro

do CCQ.

Para os circulistas a participação deveria ser 100% voluntária. Eles

alegam que integrantes que são obrigados a participar do programa

não desenvolvem corretamente suas atividades

5

3

Número ideal de

integrantes por grupo de

CQ

Os circulistas defendem que 5 integrantes no grupo de CQ é o

ideal. Torna-se fácil a tomada de decisão e as atividades dos

grupos ficam bem divididas.

5

4 Apoio da Alta Gestão em

atividades de CCQ.

Os participantes acreditam no total apoio da alta gestão. A alta

gestão sempre esta presente em eventos prestigiando os trabalhos

realizados. 100% de apoio.

5

5 Apoio da Média Gestão

em atividades de CCQ

A queixa dos participantes de CCQ é que muitos supervisores não

liberam os funcionários para participar de reuniões e outros

eventos relacionados ao programa de melhorias. Acreditam que

55% apoiam as atividades de CCQ.

3

6

Critérios de escolha de

líderes de CCQs são

claros na empresa?

Os participantes acreditam que é essencial a presença de um líder

para o bom andamento das tarefas. Dos 15 grupos atuantes na

empresa os circulistas gostariam de possuir um líder em cada

grupo com o conhecimento em ferramentas de análise e solução de

problemas.

3

7

Métodos de

reconhecimento dos

integrantes de CCQ.

Os prêmios dados pela empresa são justos. Os circulistas estão de

acordo com as formas de reconhecimento que são praticadas pela

companhia.

5

8 Treinamentos para os

CCQs

Os circulistas mostraram sentir falta de treinamentos para auxiliar

nas tarefas relacionadas ao programa de melhoria contínua.

Gostariam de ter ao menos 2 ou 3 treinamentos por ano para

capacitar os integrantes.

2

9 Ferramentas para

resolução de problemas

Os circulistas não estão acostumados a utilizar ferramentas para

solução de problemas. Priorizam ação de ver e agir, afirmam

conhecer apenas a técnica do Brainstorming. As demais

ferramentas somente conhecem por nome, mas não sabem utilizar.

Os integrantes se mostraram interessados em aprender sobre as

ferramentas.

2

Fonte: Primária, 2013

44

As tabelas desenvolvidas durante o estudo serviram para pontuar o desempenho dos

indicadores: classe mundial (considerado ideal, recebendo 5 pontos para todos os

indicadores), prática da empresa e opinião dos circulistas, que será resumido na Tabela 3 –

Resumo de Pontuações. A tabela 3 será a diretriz para a criação de um gráfico radar que será

responsável por identificar as lacunas entre as melhores práticas de CCQ, as práticas

realizadas na empresa, e a visão dos integrantes de CCQ da companhia.

Tabela 3 – Resumo de Indicadores de Resultado

Indicador Melhores

Práticas

Práticas da

Companhia

Visão dos

Circulistas

1 Participação dos empregados em CCQ 5 1 2

2 Participação voluntária (sem obrigação) dentro do CCQ. 5 4 5

3 Número ideal de integrantes por grupo de CQ 5 5 5

4 Apoio da Alta Gestão em atividades de CCQ. 5 5 5

5 Apoio da Média Gestão em atividades de CCQ 5 4 3

6 Critérios de escolha de líderes de CCQs são claros na empresa? 5 3 3

7 Métodos de reconhecimento dos integrantes de CCQ. 5 5 5

8 Treinamentos para os CCQs 5 1 2

9 Ferramentas para resolução de problemas 5 1 2

Eficiência dos indicadores conforme local (nota final) 100% 64% 71%

Fonte: Primária, 2013

O gráfico radar apresentado na Figura 10 – Gráfico Radar/ Oportunidades de

Melhoria, tem como base os dados retirados da Tabela 3.

Figura 10 – Gráfico Radar/ Oportunidades de Melhoria

Fonte: Primária, 2013

45

O gráfico radar da Figura 10 nos apresenta as lacunas existentes entre o programa de

CCQ considerado ideal, as práticas da companhia e a visão que os circulistas possuem sobre o

programa de melhorias da empresa. Os espaços vazios entre o gráfico são as principais

oportunidades de melhorias para os programas futuros de CCQ da companhia e a visão dos

circulistas é um fator relevante pois os próprios integrantes podem auxiliar nos processos de

mudanças.

Analisando cada indicador e visualizando oportunidades de melhorias, temos:

1. Participação dos empregados em CCQ: no gráfico visualizamos que existe uma grande

oportunidade de melhoria com relação a este indicador, a literatura recomenda que no

mínimo 80% da totalidade dos empregados participem das ações de CCQ, na

companhia apenas 5% do corpo de funcionários está engajado com as práticas de

CCQ. Na visão dos circulistas, o número de integrantes poderia chegar a 27% dos

funcionários da divisão automotiva.

Oportunidade: Este indicador deve ser tratado com importância, pois existe a vontade

de aumentar o número de participantes do programa de melhorias da empresa. Assim,

realizando uma ampla divulgação do programa de melhorias na empresa, deixando

explicito as oportunidades dadas às pessoas que participam deste programa, os

benefícios que estas pessoas trazem para a empresa, poderia fazer crescer o número de

pessoas interessadas a participar do CCQ na companhia.

2. Participação voluntária (sem obrigação) dentro do CCQ: analisando os pontos do

gráfico para cada referencial, visualizamos a existência de participação forçada na

empresa, porém este número é pequeno no universo dos integrantes de CCQ da

empresa. Conforme relato da coordenação estes participantes “forçados” a compor os

grupos de CQ são necessários neste momento para auxiliar principalmente a ponte de

comunicação entre grupo, média gestão e áreas de apoio.

Oportunidade: Este indicador pode ser melhorado realizando encontros entre grupos,

áreas de apoio, média e alta gestão para estreitar laços de comunicação para que as

informações fluam de melhor forma, fazendo com que as pessoas forçadas tomem

gosto pelo programa de melhoria ou deixem a disposição sua vaga para alguém que

realmente possui o intuito de participar voluntariamente nas atividades de CQ.

3. Número ideal de integrantes por grupo de CQ: Segundo a literatura o número ideal de

integrantes por grupo de CQ são cinco colaboradores, este número torna-se ideal para

dividir com equidade as atividades de melhoria e faz com que a tomada de decisão

46

seja mais fácil por ser um número ímpar de integrantes. As práticas da empresa e a

opinião dos circulistas vão de acordo com o estudo da literatura sobre CCQ, desta

forma este indicador não necessita mudanças.

4. Apoio da alta gestão em atividades de CCQ: a alta gestão da empresa, segundo

documentos fornecidos pela empresa, sempre está presente em eventos de CCQ

fortalecendo e reconhecendo a participação das pessoas em ações de melhoria. No

momento não são necessárias ações para melhorar este indicador, apenas monitorá-lo

para mantê-lo no mesmo patamar que se encontra atualmente.

5. Apoio da média gestão em atividades de CCQ: existe na empresa o apoio da média

gestão (supervisores), porém esta gestão é falha em determinadas situações, não há

presença em atividades de reconhecimento dos grupos de melhorias, os grupos

possuem dificuldade de comunicação para executar determinadas melhorias nas áreas

destes supervisores ocasionando transtornos.

Oportunidade: Para este indicador alavancar, é necessário que a média gestão

compreenda os reais benefícios do programa de CCQ à companhia. A tratativa deve

partir da alta gestão, disseminando a cultura de CCQ para os supervisores e áreas de

apoio em reuniões recorrentes, mostrando resultados alcançados com a implantação do

programa de CCQ na companhia.

6. Critérios de escolha de líderes de CCQs são claros na empresa: durante o estudo foi

possível verificar que não existem critérios para a escolha dos líderes dos grupos de

melhoria, são nomeados por votação ou caso o integrante demonstre vontade em ser

líder.

Oportunidade: A tratativa a ser tomada é a definição de critérios para escolher líderes

com conhecimento em análise e solução de problemas. No primeiro momento

identificar o circulista com maior entendimento em ferramentas de análise e solução

de problemas, ou treinar o integrante com maior motivação dentro do grupo de CQ

para que este líder possua um maior conhecimento sobre ferramentas e dissemine este

conhecimento aos demais circulistas.

7. Métodos de reconhecimento dos integrantes de CCQ: a empresa juntamente com os

circulistas reveem todos os anos os tipos de reconhecimentos para as práticas

realizadas na companhia pelos grupos de CQ. Este planejamento conjunto torna os

métodos de reconhecimento ideais para a realidade da empresa. Desta forma, o

indicador não precisa de ações de melhoria, apenas a prática de consenso entre grupos

e coordenação de CCQ deve ser mantida.

47

8. Treinamentos para os CCQs: este é um indicador que deve ser trabalhado com grande

prioridade na organização, as pessoas que colaboram com as atividades de melhoria

possuem uma expectativa de crescimento pessoal e profissional, assim os treinamentos

para estes colaboradores devem ser definidos e aplicados em data definidas.

Oportunidade: A empresa possui um calendário definido com datas de treinamentos,

mostras de CCQ, entre outros eventos relacionados aos grupos de melhoria, porém não

consegue seguir este roteiro por não possuir um planejamento adequado. Todos os

treinamentos devem ser feitos em parceria com o RH da empresa para que datas e

horários sejam cumpridos e assim o programa ganhe credibilidade para continuar em

ascensão.

9. Ferramentas para resolução de problemas: conforme documentos da empresa, os

grupos de melhoria concentram suas atividades em ações de Ver e Agir, para resolver

estes problemas, os membros utilizam apenas a ferramenta Brainstorming.

Oportunidade: É necessário que a companhia verifique quais ferramentas poderiam

ser introduzidas nos CCQs para auxiliar a resolver problemas, porém estas ferramentas

devem ser introduzidas de forma gradativa para que sejam aprendidas e aplicadas no

dia a dia de forma correta. Este é um indicador que pode alavancar o potencial dos

grupos de melhorias da empresa tornando-se um ponto crítico para o sucesso do

programa de CCQ da empresa.

48

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo são apresentadas as conclusões do estudo realizado, com base no

objetivo geral e objetivos específicos propostos no primeiro capítulo e os resultados obtidos

com a pesquisa.

O estudo teve como objetivo geral desenvolver um método para avaliação de

desempenho de CCQ baseado em indicadores e aplicá-lo em uma empresa. Para alcançar o

objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram alcançados:

Identificar na literatura critérios de excelência na gestão de grupos de melhoria, para

compreender as boas práticas disponíveis e assim estabelecer indicadores de medida

para avaliar o desempenho dos programas de CCQ e visualizar o estado atual dos

grupos de melhoria na empresa estudada. No capítulo 2, coletamos os dados

bibliográficos necessários para compor os Quadro 2 – Indicadores para o CCQ e

Perguntas para aplicação e Quadro 3 – Melhores práticas de CCQ, na qual definimos

indicadores de desempenho, perguntas para mensurá-los e descrevemos as melhores

práticas de CCQ recomendadas pela literatura. Assim desenvolveu-se o Quadro 4 –

Escala de Pontuação de indicadores, responsável por mensurar o desempenho dos

indicadores escolhidos tomando como ideais os parâmetros do referencial

bibliográfico. Sendo assim, com base na teoria, desenvolveu-se a Tabela 1 –

Pontuação de práticas da Companhia, onde foram resumidas a práticas da empresa em

estudo e pontuadas seguindo os critérios de escala do Quadro 4, visualizando assim o

estado atual do programa de CCQ da empresa em questão.

Documentar as ferramentas utilizadas pelos grupos atuais da empresa para comparar

com as recomendações da literatura e identificar as lacunas que representam as

oportunidades de melhoria a serem exploradas; A utilização de ferramentas para a

solução de problemas foi considerada no estudo um indicador de desempenho para

medir o CCQ, desta forma foi tratada com a mesma importância e pontuação que os

demais indicadores descritos no estudo. A única ferramenta utilizada para análise e

solução de problemas pelos CCQs da empresa é o Brainstorming, desta forma, ocorre

muita discrepância entre as recomendações literária e a práticas da empresa tornando-

se umas das maiores oportunidades de melhoria, porém é necessário que a companhia

verifique quais ferramentas podem ser introduzidas para auxiliar na análise e solução

49

de problemas, tomando um cuidado especial para que estas ferramentas sejam

introduzidas de forma gradativa para que sejam aprendidas e aplicadas corretamente

pelos grupos de melhoria.

Formular sugestões de melhoria para estruturar o programa de CCQ futuro da

empresa estudada. Após a análise da Figura 10 - Gráfico Radar / Oportunidades de

Melhoria, visualizamos as lacunas existentes entre as práticas realizadas na empresa e

as práticas recomendadas pela literatura, às lacunas descritas são as oportunidades de

melhorias verificadas durante o estudo na empresa, no capítulo 4 descrevemos

separadamente cada indicador mencionando, e caso necessário, foram sugeridas

propostas de melhoria.

Com este estudo foi possível mensurar a avaliação de desempenho de CCQs e

especificamente analisar a eficácia do programa de CCQ da empresa em estudo visualizando

possíveis oportunidades de melhorias para futura reestruturação. Com o estudo, consegue-se

visualizar pontos fortes que atualmente são responsáveis pela estabilidade do programa, como

a total participação da alta gestão, número ideal de circulistas por grupos, formas de

reconhecimentos e premiações. Os pontos fortes nos mostram a vontade da empresa em

manter o programa de CCQ em funcionamento. As sugestões deixadas neste estudo visam dar

continuidade a esse processo de melhoria que jamais deverá ter fim. As ideias sugeridas

poderão fortalecer as práticas de CCQ na companhia.

Pretende-se apresentar a proposta à empresa estudada para análise e possível

implantação das melhorias sugeridas, e foi de grande importância para o aprendizado

acadêmico.

50

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