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A universidade que cresce com inovação e inclusão social NEWSLETTER ISSN 2175-2966 MAIS: Necessidade de formação complementar em Relações Públicas • O mercado das agências de Relações Públicas • Relações Públicas Comunitárias • Oportunidades para as Relações Públicas em pequenas empresas • Possibilidades de convergência entre as áreas de Relações Públicas e de Recursos Humanos. Mercado RP Publicação Semestral dos Alunos de Relações Públicas Ano V n. 9 setembro de 2013 a janeiro de 2014 Memória organizacional: um campo para o Relações Públicas

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Newsletter Nº 9 produzida pelos alunos do então 5º período de Comunicação Social - Relações Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) sob a orientação da Profª Drª Éllida Neiva Guedes.

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Page 1: Mercado RP - Ano V - Nº 9 - UFMA

A universidade que cresce com inovação e inclusão social

N E W S L E T T E R

ISSN 2175-2966

MAIS: Necessidade de formação complementar em Relações Públicas • O mercado das agências de Relações Públicas • Relações Públicas Comunitárias • Oportunidades para as Relações Públicas em pequenas

empresas • Possibilidades de convergência entre as áreas de Relações Públicas e de Recursos Humanos.

MercadoRPPublicação Semestral dos Alunos de Relações Públicas • Ano V • n. 9 • setembro de 2013 a janeiro de 2014

Memória organizacional: um campo para o Relações Públicas

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EDITORIAL Naexpectativadosenfrentamentosnaturaisapósaconclusãodocurso,ointeresseemconheceraspotencialidadesedificuldadesdomercadode trabalhodeRelaçõesPúblicas fazpartedo cotidianoacadêmico dos alunos. Nos últimos quatro anos, a newsletterMercado RP tem cumprido o papel derevelaroque,muitasvezes,estáencobertopelosmitosemtornodaprofissãoepelodistanciamentoentreomundoacadêmicoeaatuaçãoprofissionaldosegressosdocurso. Na esteira desses objetivos, esta edição aborda a memória organizacional na perspectivainstitucional,anecessidadedeformaçãocomplementaremRelaçõesPúblicas,omercadodasagênciasdeRelaçõesPúblicas,asRelaçõesPúblicasComunitárias,asoportunidadesparaasRelaçõesPúblicasempequenasempresaseaspossibilidadesdeconvergênciaentreasáreasdeRelaçõesPúblicasedeRecursosHumanos.

Boaleitura!!!

Profa. Éllida Neiva GuedesConrerp 236 – 6ª região

EXPEDIENTEUniversidade Federal do MaranhãoCurso de Comunicação Social - Relações PúblicasReitor: Prof. Dr. Natalino Salgado FilhoVice-Reitor: Prof. Dr. Antônio OliveiraDiretor do CCSo: Prof. Dr. César CastroChefe de Departamento: Profª. Dra. Rosinete FerreiraCoordenador de Curso: Prof. Dr. Silvio Rogério Rocha de CastroEditora e Orientadora: Profª Dra. Éllida Neiva GuedesProjeto gráfico: Virgínia Gabriele dos Santos CostaRevisão: Profª. Dra. Jovelina Maria Oliveira dos ReisFotos: Arquivo pessoal dos entrevistadosRedação: Alunos da disciplina Laboratório de Redação Jornalística e Relacionamento com a Mídia

Alunos: Euclides de CarvalhoHenrique CoutinhoIsabella CarolinaJúlio FilgueirasLaurilene OliveiraMariana GalvãoMayana CavalcantiRiverlan MacêdoRoberta LimaSuelen CamposVirgínia Costa

Tiragem: 1.000 exemplaresEndereço: Av. dos Portugueses, Centro de Ciências Sociais, Departamento de Comunicação Social - Bacanga - 65080-040 São Luis- MA.

Críticas e sugestões: [email protected]

NEWSLETTERNEWSLETTERÉ um periódico enviado a um público específico como organizações de todos os setores,

profissionais e alunos de relações públicas.

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Memória organizacional:

um campo para o Relações Públicas

Trabalhar memória organizacional em uma sociedade conectada e complexa é uma estratégia que vem sendo adotada por organizações que querem envolver seus públicos e aproximá-los da história da empresa. Resgatar o passado é uma das formas de trabalhar a memória organizacional, que pode auxiliar na manutenção e consolidação da identidade e cultura organizacionais. Nesse contexto, insere-se o profissional de Relações Públicas, cuja formação acadêmica o capacita a traçar estratégias comunicacionais que engajem pessoas. Redescobrir valores e experiências vivenciadas pela empresa e usar isso como ferramenta para reforçar vínculos e proporcionar experiências aos clientes são habilidades desse profissional.

Trata-se de uma estratégia ainda pouco explorada pelas empresas brasileiras, mas a necessidade de manutenção e consolidação da imagem institucional e a busca incansável das organizações em fidelizar seus clientes são motivos suficientes para as organizações se preocuparem em contar o caminho que percorreram durante sua existência. No cenário atual, surge a necessidade de tornar as marcas mais íntimas de seu público externo. É como comprar algo de alguém que você conhece ou de um estranho: qual seria sua escolha? Você se sente mais seguro consumindo um produto adquirido de um conhecido, ainda mais se ele possui uma boa reputação?

Essa aproximação entre marca e público externo é um diferencial que poderá ser revertido em ganho de clientes. Materializar a história para relacionar-se com o público abre as portas para um campo de atuação promissor para o Relações Públicas, algo que deve ser explorado e que, feito de maneira correta, trará resultados positivos tanto para a economia quanto para a fidelização do cliente da empresa que a adota.

O Relações Públicas tem capacidade

de trabalhar a memória organizacional junto aos públicos internos e externos. Com um amplo conhecimento sobre os mais variados públicos, esse profissional pode construir um planejamento de comunicação explorando a memória organizacional, utilizando-a em uma perspectiva institucional, reforçando a marca e reafirmando sua cultura. O Relações Públicas, nesse sentido, entrelaça estratégias com apelos institucionais e mercadológicos.Em entrevista para MERCADO RP, o professor Manoel Marcondes Neto, que durante oito anos atuou nessa área, afirmou que “cuidar da memória de uma organização é algo importante e relevante em todos os contextos, ramos e portes. Se pensarmos bem, concluiremos que nenhuma organização estatal, privada ou ONG ‘nasce’ grande. Então, o cuidado em guardar elementos - textos, imagens, objetos - tem que ser uma função posta em prática desde o nascimento da organização”.

Um exemplo de organização interessada em preservar sua história é a TAM, que criou um museu de aeronaves com o objetivo de preservar a história da aviação e que alinha as estratégias da empresa à fidelização de clientes e ao aumento do seu capital. Utilizar essa técnica traz transparência à organização e oferece a seu público a possibilidade de conhecê-la melhor e, em alguns casos, de se identificar com sua história, pois, provavelmente, em algum momento de sua vida, a organização esteve presente.

Para o professor Marcondes Neto, a tradição da marca é um ingrediente que pode ser adicionado ao processo de contar a história organizacional. Entretanto, para ele, “há organizações

cujo apelo ‘acelerado’, de vanguarda e de ‘super-modernidade’, ou melhor dizendo, ‘de contemporaneidade máxima’ não pede, ou não recomenda, que se estampe 10 anos, 20 anos, 30 anos ao lado de seu nome... alguém imagina o Google vangloriando-se de 7 anos a seu lado, assim como um Bradesco fez quando completou 70?”. Marcondes Neto completa seu argumento, afirmando que “organizações são entes criados ‘por tempo indeterminado’ e sua duração ultrapassa o próprio tempo de vida de seus fundadores. Como lidar com isso? Está aí uma questão que as Relações Públicas discutem com propriedade e entusiasmo”.

A arte da narrativa, para o professor, “é uma especialidade que emprestamos do campo das Letras, da Literatura. E, no caso das questões de memória institucional, é a mais poderosa ferramenta técnica. Os cursos de Relações Públicas deveriam criar uma ou mais disciplinas voltadas para desenvolver esta habilidade”.

Júlio Filgueiras eVirgínia Costa

Professor Manoel Marcondes Neto

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No meio empresarial, onde diversos grupos de indivíduos auxiliam no desempenho e funcionamento de uma companhia, nota-se quão essencial é a atividade de relações públicas, uma vez que esta é responsável por, de forma estratégica, promover a interação entre aqueles indivíduos e apontar alternativas para solucionar problemas de comunicação da instituição. Para que tal atividade seja exercida da melhor forma possível, é necessário estabelecer um contato entre os diferentes grupos atrelados à empresa. Diante disso, no âmbito interno, há a possibilidade da atuação conjunta das áreas de Relações Públicas e Recursos Humanos, a fim de maximizar os resultados.

Um olhar rápido no passado próximo dessas áreas mostra que antes do maior desenvolvimento da comunicação empresarial, que só começou a se

destacar no mercado durante a década de 1980, os responsáveis pela comunicação interna das empresas eram os profissionais de RH. Estes elaboravam informativos e organizavam as confraternizações. Com o tempo, o profissional de RP fortaleceu-se, passando a atuar mais efetivamente, apoiando as ações de comunicação interna e sendo peça fundamental na elaboração de projetos voltados para a gestão de pessoas.

Para o estudante de RP, Michel Mendonça, estagiário na área de Gestão de Pessoas no Sistema Mirante, a atividade das duas áreas são complementares. Segundo ele, o planejamento é o principal ponto que deve ser trabalhado em comum.

A promoção de um bom relacionamento entre todos os membros da empresa, o desenvolvimento de

atividades de interação e motivação e a criação e manutenção de comunicação são atividades-chave de RP voltadas para o público interno. Tudo isso melhora a relação comunicacional entre os funcionários e dirigentes dentro da empresa, facilitando o fluxo de informação e gerando benefícios para todas as áreas.

Nesse contexto, pode-se dizer que cuidar dos funcionários e promover seu crescimento profissional é responsabilidade do RH, mas o RP tem ao seu dispor estratégias que podem encurtar o caminho para tornar um profissional mais feliz e pronto para cumprir suas atividades com qualidade.

Mayana Cavalcanti e Riverlan Macedo

Relações Públicas em apoio às atividades de

Recursos HumanosAntesdadécadade

1980,osresponsáveispelacomunicaçãointerna

dasempresaseramosprofissionaisdeRH.Esteselaboravaminformativos

eorganizavamasconfraternizações.Como

tempo,oprofissionaldeRPfortaleceu-se,passandoaatuarmaisefetivamente,

apoiandoasaçõesdecomunicaçãointernae

sendopeçafundamentalnaelaboraçãodeprojetosvoltadosparaagestãode

pessoas.

Na foto ao lado, Michel Mendonça, estudante de Relações Públicas e estagiário na área de Gestão

de Pessoas no Sistema Mirante.

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Encontrar como pré-requisito para vagas de trabalho em Relações Públicas a exigência de uma habilidade mínima em programas como Corel Draw, Illustrator, Photoshop e tantos outros programas utilizados na diagramação, paginação e editoração eletrônica de texto e imagem, tem se tornado frequente no mercado de comunicação.

Para a Social Midia Larissa Régia, recém graduada em Relações Públicas pela Universidade Federal do Maranhão, é necessário conhecer o projeto gráfico e seus desdobramentos, buscando compreender a ideia fundamental do texto e do modo de apresentação do conteúdo. “Na área das Relações Públicas, entender o projeto gráfico e editorial é ainda mais importante porque nesses espaços são encontrados elementos da marca. Ou seja, o referencial estético é um elemento de percepção importante pelo público e, por isso, compreender projeto gráfico é ir além, é entender também como um espaço de fala, ainda que de modo gráfico”, afirma.

Ainda segundo Larissa, no caso de o profissional de Relações Públicas ter tais competências, é importante que ele se disponha a mostrar todo o seu potencial, investindo em adicionar experiências diferenciadas às suas capacidades. “A noção de projeto gráfico vai ajudar a trabalhar melhor e também a se comunicar com outras áreas que possam existir na empresa, como a área de criação, por exemplo”.

A questão é que, pela legislação da área, não cabe exatamente ao relações públicas trabalhar com diagramação, paginação e editoração eletrônica de texto e imagem. O correto é recorrer a profissionais como designers, publicitários e afins, que aprendem e aplicam essas habilidades ainda na graduação. Entretanto, ter a noção de

projeto gráfico é essencial para conhecer a ideologia visual da organização, e para avaliar a melhor forma de traduzir o conteúdo gráfico, primando pelo aperfeiçoamento do relacionamento das organizações e seus públicos.

O único curso de Relações Públicas no Maranhão não disponibiliza, em sua grade curricular, uma disciplina que, ao menos, dê uma noção de como manusear esses programas. Surge, então, a necessidade do estudante de buscar formação complementar nessa área fora da academia, para atender a demanda do mercado.

A universidade funciona como espaço ideal para aprendizagem e deve agregar experiências necessárias à formação do aluno em determinada área. No entanto, um dos principais problemas é que nem sempre existe um corpo docente qualificado, bem como uma estrutura que suporte uma diversidade de ações que objetivem ampliar o currículo do estudante. A oferta de disciplinas do curso de Design ou das Ciências da Computação, por exemplo, adaptadas

para o curso de Comunicação Social, seria uma ação viável de ampliação curricular. Diante dessa ausência, resta a tentativa de compartilhar esforços com colegas de curso igualmente atentos para a importância de incorporar outras formações ao seu currículo profissional seja através de cursos online ou presenciais.

Henrique Coutinho e Roberta Lima

A necessidade de

formação complementar em Relações Públicas

Larissa Régia, recém graduada em Relações Públicas

A News “Mercado RP” é diagramada por um Relações Públicas

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A comunicação é importante em qualquer empresa, contexto no qual profissionais de Relações Públicas têm ganho cada vez mais espaço no mercado, inclusive nas pequenas empresas de São Luís. Esses profissionais usam suas habilidades técnicas e estratégicas de comunicação em ações nas micro e pequenas empresas, mostrando que isto não é um privilégio de grandes grupos. Buscam equilibrar a relação da empresa com a sociedade, melhorando este relacionamento, tornando-o harmônico e rentável, tanto para a empresa, que lucra mais, quanto para o púbico, que se sente valorizado.

Em uma conversa com a Mercado RP, Priscila Ramos, formada em Relações Públicas pela Universidade Federal do Maranhão e proprietária da loja Lactose Zero, conta como surgiu a ideia de montar a loja e de adequar a estratégia de comunicação ao seu pequeno negócio: “A loja nasceu a partir de uma palestra sobre empreendedorismo por oportunidade e necessidade.” Priscila diz que, como não existe em São Luís um estudo sobre pessoas com restrições alimentares, ela trabalha a comunicação na perspectiva massiva: “Temos público específico, mas acreditamos que a comunicação massiva ainda seja a melhor estratégia para nós.”

Gerenciar o processo de comunicação em pequenas empresas possui algumas

facilidades, já que, muitas vezes, o público é mais restrito, assim como o produto – o que não quer dizer que público específico signifique facilidade de divulgação, pois nem sempre se tem dados exatos sobre esse público, como é o caso da Zero Lactose.

Para Virgínia Costa, acadêmica do quarto período do curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Maranhão, que, atualmente, realiza um trabalho de comunicação para um restaurante no bairro onde mora (Anjo da Guarda), a presença de um profissional dessa área em pequenas empresas é fundamental a longo prazo, pois “Diminui a necessidade de, futuramente, depois de solidificada, (a empresa) ter que se adaptar a algo tão necessário quanto as Relações Públicas”. Esse trabalho começou como um projeto para uma disciplina de laboratório de campanhas institucionais e acabou caindo nas graças da proprietária do restaurante, que adotou o planejamento de mídia de forma permanente.

Ela ressalta, ainda, que antes de aplicar o projeto, a empresária não conhecia a importância de um profissional de Relações Públicas: “Depois que as pequenas empresas vêem o trabalho que um RP pode fazer nelas, passam a planejar mais, a preocupar-se mais com os clientes não só com produto. Se um profissional tem sucesso em uma empresa, as outras também vão querer experimentar isso. Assim, vejo um mercado promissor em pequenas empresas” salientou Virgínia.

Para as pequenas empresas, a principal estratégia de divulgação são as redes sociais, que cada vez mais dominam o mercado. No caso de Priscila, ela afirma que o seu site (www.comereviverbem.com.br) e as redes sociais da empresa (facebook e Instagram) são grandes aliadas na

divulgação da marca: “As redes sociais, hoje, são nossa principal forma de mídia e a de maior retorno.” Entretanto, a empresária também utiliza estratégias mais tradicionais como visitas a médicos, panfletagens e ações promocionais.

Virgínia também defende o uso dessa ferramenta no processo de divulgação: “As redes sociais têm dado muito certo na divulgação do restaurante. As pessoas se interessam em perguntar o cardápio, em conhecer os serviços prestados. Isso seria mais difícil se não houvesse a ajuda do facebook”.

Fica claro que utilizar adequadamente as Relações Públicas traz benefícios às empresas e a sociedade. É importante o pequeno empreendedor ficar atento ao ambiente no qual ele está inserido e estabelecer ações de comunicação adequadas, a fim de aumentar a competitividade, através das ferramentas disponíveis, sabendo aproveitar as redes sociais - visto que são gratuitas e de grande alcance -, já que as pequenas empresas, em geral, possuem um capital pequeno.

Euclides de Carvalho e Laurilene Oliveira

Relações Públicas em pequenas empresas:

foco na divulgação

Virgínia Costa

Priscila Ramos

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Exerce-se cidadania quando existe liberdade de expressão, participação política e desenvolvimento intelectual e social. Quando se trata desse desenvolvimento nas comunidades, o profissional de Relações Públicas pode promover ações de conscientização e mobilização desses grupos sociais para o exercício da cidadania e dar visibilidade às suas causas. O objetivo é que pessoas e comunidades transformem-se em protagonistas de informações e de ações reivindicativas, capazes de resolver problemas e melhorar sua qualidade de vida, indo além da condição de beneficiários passivos de programas assistencialistas.

A maior dificuldade do trabalho com a comunidade consiste em construir um relacionamento com os públicos que a compõem, que é muito abrangente e envolve pessoas com diferentes ideais e interesses: políticos, jovens, empresas, líderes comunitários, entre outros segmentos da sociedade. Nesse contexto, o Relações Públicas é responsável por mediar interesses, legitimando-os e alinhando-os.

Com o mercado mais atento a esses aspectos, é possível observar empresas cada vez mais preocupadas em dar respostas às comunidades em

que estão inseridas, trabalhando com cidadania corporativa e desenvolvendo trabalhos para beneficiar a sociedade. Um exemplo disso é a Vale, que contrata empresas terceirizadas para desenvolver um processo de informação com a comunidade, privilegiando assuntos como meio ambiente, educação sexual, educação política, entre outros temas.

O Relações Públicas, então, trata de oferecer às comunidades informações e ferramentas de comunicação, assessorando-as para que desenvolvam outras visões sobre diferentes assuntos, estimulando novas lutas para o desenvolvimento social, mediando a relação das comunidades com as empresas privadas. Trabalha, para isso, com pesquisa e planejamento.

Amarílis Cardoso é uma profissional de Relações Públicas que dedicou maior parte da sua carreira ao trabalho com a comunidade. Atualmente, trabalha na MJM – Serviços Técnicos Ambientais, prestando serviço para a Vale. Para ela, o essencial quando se exerce as Relações Públicas Comunitárias e se lida com grupos sociais é levar em conta

a cultura, valores e objetivos destes, construindo ações orientadas pelo planejamento. Além disso, acrescenta Amarílis, é necessário “Muito amor e atenção à causa com que você está trabalhando”.

O RP trabalha como um político, dialogando com diferentes setores e muitos discursos. Respeitar as pessoas com que está lidando e sua cultura é fundamental para um bom relacionamento com a comunidade. “Trabalhar com o social é ser sensível em respeitar as comunidades e seus saberes. Não podemos impor nada e sim construir juntos. Afinal são elas que vivem e sabem das dificuldades enfrentadas”. Finaliza Amarílis, que deixa claro estar feliz com sua profissão, através da qual diz ter conquistado muitos amigos.

Mariana Galvão

Atuação das

Relações Públicas para

o desenvolvimento social

“Trabalharcomosocialésersensívelemrespeitar

ascomunidadeseseussaberes.Nãopodemosimpornadaesimconstruirjuntos.Afinalsãoelasquevivemesabemdasdificuldades

enfrentadas”.

Na foto ao lado, Amarílis Cardoso (na frente com camisa estampada), com um grupo

que realiza trabalho social.

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Nos últimos anos, o crescimento do número de agências de Relações Públicas, no Brasil, vem reafirmando a presença desse setor no cenário mercadológico. Como reflexo deste fenômeno, tem-se a ampliação do mercado para o profissional dessa área. No entanto, em mesma proporção, constata-se uma percepção ainda nebulosa sobre a atividade por parte do grande público e, principalmente, por quem contrata esse tipo de serviço.

Segundo pesquisa realizada pelo doutor em Ciências da Comunicação, Thiago Mainieri, em 2008, com 69 agências filiadas à Associação Brasileira de Agências de Comunicação, a expansão das agências de Relações Públicas tem início a partir dos anos 2000, mantendo-se em ascendência até os dias de hoje. Um fator decisivo para isto foram os crescentes rendimentos financeiros das agências. Só em 2007 houve aumento de 30% nos lucros em relação a 2005.

De acordo com o pesquisador, dentre as atividades mais oferecidas e que mais contribuem para o faturamento das agências estão: os serviços de publicações (produção de informativos, revistas etc.), assessoria de empresa, definição de estratégias de comunicação etc. Já as atividades menos requisitadas são as pesquisas de opinião e a relação com a comunidade

As atividades desenvolvidas pelas agências são de natureza variada, multidisciplinar e, predominantemente, vinculadas à atividade de Relações Públicas. No entanto, um dos pontos recorrentes em pesquisas que estudam o tema é que boa parte das agências, para conseguir alcançar uma compreensão mais abrangente, acaba não se auto denominando agência de Relações Públicas, e sim agência de comunicação. O mesmo acontece com as atividades oferecidas.

Pensando nisso, Guilherme Alf, atual Relações Públicas do departamento de RP de uma agência no Rio Grande do Sul, criou a empresa “Todo Mundo Precisa de Um RP” com o objetivo inicial de ser uma agência, mas que atua, hoje, de maneira virtual através da fan Page e do canal Youtube, com o objetivo de propagar mais informações sobre a área e o mercado, tanto para estudantes quanto para profissionais. “Quanto mais gente souber o que um RP faz, mais mercado vamos ter”, afirma Guilherme.

Em entrevista à MERCADO RP, o gaúcho comentou que as organizações

sabem do que precisam quando procuram agências de comunicação/RP, mas não sabem que o que estão procurando são atividades de Relações Públicas, pois não existe uma busca direcionada: “As pessoas procuram o que a gente pode entregar, mas não a gente. Somos importantes porque conseguimos ter a visão 360º da coisa”.

A multidisciplinaridade e a visão estratégica, segundo ele, são os maiores diferenciais do profissional da área e devem ser usados com a finalidade de se conseguir mais destaque no mercado, buscando inovação e sabendo se mostrar de forma eficiente para as organizações. Desta forma, Guilherme vê as agências de RP como um mercado promissor: “RP vai ser uma realidade muito forte no Brasil nos próximos anos, com absoluta certeza. Nesse ano que está chegando agora, a atividade faz 100 anos aqui no Brasil. Então é uma grande oportunidade de a gente fazer muita coisa para colher frutos ali na frente”.

Isabella Carolina e Suelen Campos

Agências de Relações Públicas: um mercado

promissor

“QuantomaisgentesouberoqueumRelações

Públicasfaz,maismercadovamoster”

Na foto ao lado, Guilherme Alf, Relações Públicas em uma agência no Rio Grande do Sul.