memórias e deslocamentos de pedro brillas togores (1919

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Memórias e deslocamentos de Pedro Brillas Togores (1919-2006), um exilado/imigrante espanhol Geny Brillas Tomanik * Introdução Este trabalho faz parte da pesquisa em desenvolvimento 1 , que objetiva contribuir para o estudo da presença dos espanhóis na cidade de São Paulo, com foco nos exilados e refugiados da Guerra Civil Espanhola, envolvendo questões da memória política, experiências, subjetividades e os deslocamentos dos hispânicos, no pós-guerra. O fio condutor para um amplo diálogo histórico fundamenta-se em um acervo privado inédito de um sujeito histórico – Pedro Brillas Togores (1919-2006) –, cuja trajetória e episódios em seu entorno, levaram o jovem combatente republicano, anarquista, espanhol de Barcelona, ao exílio, assim como milhares de espanhóis. O êxodo/exílio massivo dos espanhóis republicanos para a França durante a guerra civil (1936-39) acarretou deslocamentos e experiências dramáticas, além de estratégias de sobrevivência inimagináveis, relatadas e rememoradas ao longo da vida do autobiografado. ¿De que puede hablar con el máximo placer un hombre honrado?: de sí mismo. Dostoievski – Notas sobre el subterráneo. A relevância e o mérito das memórias de si Pedro Brillas tinha por hábito escrever sobre as suas vivências, sentimentos, dilemas afetivos e subjetivos, suas opiniões políticas pessoais, além, de retratar a sociedade e o cotidiano coletivo, pormenorizadamente, desde a juventude, na Espanha, até o fim da sua vida, em 2006, em São Paulo. Esses registros, em forma de memórias, diários, apontamentos avulsos, compõem a sua autobiografia, além de fotografias, documentos pessoais, inclusive troca de correspondência entre familiares, e com autoridades do Camp de Noé, França, onde ele e a sua esposa estiveram presos, no pós-guerra. * Mestre em Hospitalidade, doutoranda em História Social na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), sob a orientação da Profª. Drª M.Izilda Santos de Matos. Bolsista da CAPES. 1 Tese de doutorado intitulada: Escrita de si: Memórias, experiências e subjetividades de Pedro Brillas (1919- 2006), um exilado/imigrante espanhol.

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Memórias e deslocamentos de Pedro Brillas Togores (1919-2006), um exilado/imigrante espanhol

Geny Brillas Tomanik∗∗∗∗

Introdução

Este trabalho faz parte da pesquisa em desenvolvimento1, que objetiva contribuir para o

estudo da presença dos espanhóis na cidade de São Paulo, com foco nos exilados e refugiados

da Guerra Civil Espanhola, envolvendo questões da memória política, experiências,

subjetividades e os deslocamentos dos hispânicos, no pós-guerra.

O fio condutor para um amplo diálogo histórico fundamenta-se em um acervo privado

inédito de um sujeito histórico – Pedro Brillas Togores (1919-2006) –, cuja trajetória e

episódios em seu entorno, levaram o jovem combatente republicano, anarquista, espanhol de

Barcelona, ao exílio, assim como milhares de espanhóis.

O êxodo/exílio massivo dos espanhóis republicanos para a França durante a guerra civil

(1936-39) acarretou deslocamentos e experiências dramáticas, além de estratégias de

sobrevivência inimagináveis, relatadas e rememoradas ao longo da vida do autobiografado.

¿De que puede hablar con el máximo placer un hombre honrado?: de sí mismo. Dostoievski – Notas sobre el subterráneo.

A relevância e o mérito das memórias de si

Pedro Brillas tinha por hábito escrever sobre as suas vivências, sentimentos, dilemas

afetivos e subjetivos, suas opiniões políticas pessoais, além, de retratar a sociedade e o

cotidiano coletivo, pormenorizadamente, desde a juventude, na Espanha, até o fim da sua

vida, em 2006, em São Paulo. Esses registros, em forma de memórias, diários, apontamentos

avulsos, compõem a sua autobiografia, além de fotografias, documentos pessoais, inclusive

troca de correspondência entre familiares, e com autoridades do Camp de Noé, França, onde

ele e a sua esposa estiveram presos, no pós-guerra.

∗ Mestre em Hospitalidade, doutoranda em História Social na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), sob a orientação da Profª. Drª M.Izilda Santos de Matos. Bolsista da CAPES. 1 Tese de doutorado intitulada: Escrita de si: Memórias, experiências e subjetividades de Pedro Brillas (1919-2006), um exilado/imigrante espanhol.

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Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, grande parte dos escritos de Pedro

foi destruída no dia 15/04/1945, em um dos maiores bombardeios das forças aliadas2 na

Vestfália, Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, com bombas incendiárias que

atingiram o edifício3, onde residia a sua então namorada alemã, Käthe Maria. Dos

manuscritos daquela época, restaram, portanto, apenas aqueles que haviam permanecido na

casa da sua família, em Barcelona.

Desta forma, dentre os mais antigos registros, encontram-se os iniciados em 1938,

sendo que o autor reiniciou várias vezes as suas memórias autobiográficas; outras foram

reescritas, com adendos, apêndices e até esquemas. Já no fim da vida, Pedro Brillas as

datilografou e as “atualizou” novamente (POLLACK, 1992), finalizando-as no mesmo ano do

seu falecimento, em 2006.

Afinal, qual é a importância das memórias e cartas de populares, os assim denominados

“escritos ordinários” (CHARTIER, 1991)? A memória individual reflete não apenas as suas

próprias experiências e sensibilidades, porém, traz também à tona, um contexto social da sua

época e geração, além de vivências e sentimentos coletivos, ou seja, deve-se levar em conta

que a memória das emoções não tem apenas caráter privado (PASSERINI, 2011).

Há pouco tempo, os relatos de pessoas anônimas eram ignorados ou desprezados pelos

pesquisadores, por acreditarem, que por não dominarem a norma culta da língua, não

soubessem se expressar. Entretanto, esses escritos guardados ou esquecidos em baús e gavetas

ganharam relevância como maneira de preservar, recuperar e dar voz às memórias de pessoas

anônimas, conforme:

El conocimiento de la escritura abrió un mundo de posibilidades a la gente común, gracias a ella se comunicaron con sus seres queridos, realizaron ejercicios de introspección en los que intentaban evadirse de su dura realidad o se relacionaron con el poder demandando aquello que les era preciso. Para ellos la escritura se convirtió en el arma perfecta con la que romper ciertas fronteras y llegar dónde su voz no lo hacía (ADÁMEZ CASTRO, 2011: 695).

Daí a importância dos múltiplos testemunhos, sejam memórias, diários, relatos ou

cartas, que compõem a autobiografia de sujeitos históricos, como as de Pedro Brillas e do seu

grande amigo Joaquim Macip, pessoas comuns, que retratam as suas vivências de fatos

históricos, experiências cotidianas e extraordinárias, e mesmo, os processos de socialização

além das suas emoções, sensações, dilemas pessoais e estratégias de sobrevivência em

2 Os aliados eram liderados por: Estados Unidos, Inglaterra, e União Soviética. 3 Königstrasse 19

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condições extremas, como é o caso das guerras e dos campos de concentração por onde

passaram. Memórias essas, que não se deve esquecer, ocultar ou silenciar, mas, que devem e

merecem ser lembradas, expostas e preservadas às próximas gerações.

A Guerra Civil Espanhola afetou profundamente a sociedade espanhola, e continua,

ainda hoje, depois de quase oito décadas, provocando tensões e inquietações (CASANOVA;

PRESTON, 2008; ZIFF, 2011) às diversas gerações de espanhóis, que embora não tenham

vivenciado aqueles anos terríveis, faz parte da memória coletiva da sociedade espanhola.

A Guerra Civil Espanhola: consequências nas vidas dos republicanos espanhóis

A Guerra Civil Espanhola, iniciada em julho de 1936, foi um dos piores conflitos civis

da história contemporânea da Espanha (BUADES, 2013). O confronto bélico foi deflagrado

após o fracasso do golpe de estado de uma parte relevante do exército espanhol, que apoiados

pela igreja e pelos partidos espanhóis de direita, se sublevaram contra o governo espanhol

republicano eleito pela maioria dos espanhóis. A Frente Popular esquerdista, eleita

democraticamente em fevereiro de 1936, que defendia o governo republicano − em

contraposição à frente nacional de direita −, contava com o apoio da União Soviética.

Este conflito afetou não apenas os espanhóis, sendo considerado um dos maiores

episódios do século XX, e estopim da Segunda Guerra Mundial, além de ter servido de ensaio

para os armamentos de guerra novos de Hitler (Alemanha) e para Stalin (União Soviética),

como experiência política (BUADES, 2013; CABEZA, 1987).

Em 1931, após as eleições municipais e o exílio do Rei Alfonso XIII, foi instaurada

a Segunda República. Além disso, houve crescentes conflitos entre esquerdistas − apoiados

pelos sindicatos e partidos políticos de esquerda − e entre nacionalistas, com tendência

fascista, amparados, por sua vez, pelo clero, exército e latifundiários. Este contexto de

enfrentamento ideológico foi o motivo pelo qual a guerra civil espanhola deixasse de ser um

evento estritamente espanhol para ganhar importância entre forças que disputavam a

hegemonia mundial (BUADES, 2013; CABEZA, 1987; MACIP, 2008).

O clima tenso interno motivado pela crescente luta de classes, em especial entre

anarquistas e falangistas4, provocou assassinatos políticos, instabilidade e perda de prestígio

4 De acordo com Cabeza (1987), falangistas eram seguidores, partidários ou afiliados da “Falange”, partido fascista fundado em 1933, entre outros, por José Antonio Primo de Rivera, filho do ditador Miguel Primo de

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da Frente Popular. Por outro lado, os direitistas derrotados nas eleições espanholas, passaram

a conspirar com os militares e com o apoio dos regimes fascistas, acreditando que um levante

dos quartéis, seguido de um pronunciamento dos generais, derrubariam facilmente a

República.

Entretanto, nas principais cidades, na capital Madri e em Barcelona, capital da

Catalunha, o povo saiu às ruas, levando o golpe ao insucesso. Foram formadas milícias

anarquistas e socialistas para resistir ao golpe militar. Com o fracasso do golpe, o conflito

tornou-se guerra civil entre 17-18 de julho de 1936, quando o exército insurgiu contra o

governo da Segunda República Espanhola.

Os nacionalistas de Franco obtiveram apoio imediato dos nazistas, que bombardearam

Madri e Guernica, e dos fascistas italianos, enquanto Stalin enviou material de guerra e

assessores militares para os republicanos. Além dos ataques que arrasaram Guernica5, os

bombardeios mais poderosos foram realizados sobre a cidade de Barcelona pela aviação

italiana e alemã, que provocaram um grande massacre da população civil, e que também

serviram de experiência para os bombardeios que a Europa sofreu na Segunda Guerra

Mundial.

Em pouco tempo, a Espanha foi dividida em duas facções, a zona nacionalista,

dominada pelas forças do General Franco, e outra zona republicana, controlada pela esquerda.

Nas áreas republicanas houve uma revolução social: terras foram coletivizadas, as fábricas e

os meios de comunicação tomados pelos sindicatos. Em algumas localidades, os anarquistas

chegaram a abolir o dinheiro. Em 1938, com o país dividido, a Catalunha foi isolada do resto

do país. No dia 26 de janeiro de 1939 as tropas do exército franquista tomaram Barcelona e,

no dia 28 de março, Madri se rendeu aos franquistas, após ter resistido a quase três anos de

ataques aéreos, de blindados e de tropas de infantarias.

A Guerra Civil Espanhola trouxe graves consequências em todas as esferas da

sociedade, dividiu o país e um povo, além de mudar a sua mentalidade, segundo as memórias

de Macip (mais adiante), ou seja, além do deslocamento espacial de centenas de milhares de

espanhóis, ocorreu também um deslocamento subjetivo da população.

O cruento embate, com milhares de vítimas, provocou também grande destruição

material, além do êxodo massivo de republicanos para a França, comumente denominado “La Rivera. A falange era uma “Organización política, de carácter antiliberal y tendencia fascista y totalitária” (CABEZA, 1987: 298). 5 Guernika, segundo a grafia basca atual.

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Retirada”, estimado em aproximadamente 500.000 espanhóis, que fugiram das forças

franquistas (BUADES, 2013; CABEZA, 1987; PESCHANSKI, 2009).

O êxodo dramático dos espanhóis e os campos de refugiados franceses

Durante o conflito, com o avanço das forças franquistas contra os republicanos, a

tomada de Barcelona em janeiro de 1939, e mesmo, os bombardeios fascistas sobre a

população em geral, houve uma fuga em massa em 1939 de milhares de espanhóis

republicanos − militares e civis, inclusive com suas famílias -, na direção da França. Para os

republicanos espanhóis a França representava uma terra de liberdade e do ideário democrático

(CABEZA, 1987).

Pedro Brillas, ferido na cabeça por uma metralha na frente de batalha de Huesca

(Aragão) e impossibilitado de retornar à Barcelona – sua cidade natal, já tomada pelas forças

franquistas – ao sair do hospital decidiu, junto com um companheiro, também ferido,

peregrinar para lugares seguros. Pedro e Antonio ao tomarem conhecimento por outras

pessoas que estariam a salvo na França, percorreram a pé as montanhas dos Pirineus

congeladas pelo inverno mais rigoroso daquela década, e atravessaram a fronteira francesa,

pela cidade de Le Perthus.

No dia 8 de fevereiro de 1939, os dois espanhóis ao cruzarem a fronteira franco-

espanhola foram revistados e obrigados a entregar as armas ao controle francês. Pedro Brillas

entregou o seu revolver Smith 38, Antonio já estava desarmado, pois: “Os fugitivos

republicanos foram revistados minuciosamente pelos guardas ao passar pelos controles

fronteiriços. O objetivo era desarmar os refugiados, muitos dos quais tinham passagem pelo

Exército Popular” (BUADES, 2013: 303), como era o caso dos dois feridos.

A partir disso, o jovem de apenas 19 anos tornou-se exilado e refugiado de guerra,

conforme documentação (Figura 02). Pedro relata:

Lá pelas 9hs da manhã, um dia frio e muito sol, Antonio e eu e mais de 500.000 espanhóis, mulheres, homens, crianças, civis e soldados do Exercito Popular Espanhol, derrotados, fugitivos, fomos autorizados a cruzar a fronteira franco-espanhola, e nos refugiar na França. Passamos pelo posto fronteiriço de Le Perthus, enquanto outros milhares o faziam por outros lugares. A partir daquele momento acabava a minha intervenção na guerra civil espanhola, e grande parte da minha juventude (BRILLAS, s/data).

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Seguindo ordens dos policiais franceses – mais guiados pelos gestos, do que pelas

palavras francesas que não entendiam – chegaram a uma estrada asfaltada, que tiveram que

seguir a pé. Segundo registros de Brillas (s/data), de cada lado, policiais e soldados franceses

armados com fuzis gritavam a primeira palavra francesa que Pedro aprendeu: “Allez! Allez!

Allez!” repetida a cada instante, obrigando-os a continuar andando. De vez em quando davam

golpes de culatra de fuzil, aos cansados que queriam parar ao lado da estrada.

Finalmente, ao escurecer, chegaram a um portão aberto, onde centenas de refugiados

esperavam. “O quê?”, ninguém sabia. Depois descobriram ser o “Camp D’Argelès-sur-Mer”,

campo construído para abrigar os refugiados espanhóis, na praia do mesmo nome (BRILLAS,

s/data). O Camp D’Argelès chegou a abrigar em seis anos de existência 40.000 pessoas

(CABEZA, 1987).

Os refugiados permaneceram ali, cercados, em péssimas condições, sem latrinas,

dormindo ao relento, em uma cova na areia, em pleno inverno europeu, sem água potável e

pouco alimento, distribuído depois de fila de mais de três horas, após a chegada de vários

caminhões: (Sic) “Quando chegou nossa vez, recebemos um terço de pão e um pedaço de

carne, que pelos sacos em que vinham embrulhadas as peças, que eram lá mesmo recortadas e

distribuídas, era procedente do Brasil” (BRILLAS, s/data).

Nesses campos franceses, milhares de espanhóis republicanos e suas famílias morreram

de disenteria, tifo e fome, e conforme as memórias do autobiografado, que pela primeira vez

se deparou com negros, e que portavam turbante na cabeça, os quais supervisionavam o local

a cavalo, e as praias, que eram utilizadas como latrina pelos espanhóis refugiados.

Corroborando o relato de Brillas, Buades (2013: 303) afirma:

Entre o mar e as cercas de arame de espinhos, custodiados por soldados senegaleses, dezenas de milhares de fugitivos da guerra foram confinados ao ar livre, sem comida nem água potável e com o mar gelado como sua única latrina. Muitos feridos, doentes, idosos e crianças não resistiram às péssimas condições dos campos franceses e faleceram pouco depois.

E ainda:

Los primeros campos de concentración se establecieron en Saint Cyprien y en Argelèrs-sur-Mer, varios kilómetros de playa cercados por alambre de púa. Allí, y en otros puntos similares, centenares de millares de españoles, contenidos por los fusiles de los senegaleses, apaleados por la Guardia Móvil, sufren la lluvia, el viento y el frío, sin defensa alguna contra la intemperie. el hambre, la suciedad, el abandono, el desprecio para la condición del ser humano, el trato ruin, adquieren dimensiones hasta entonces desconocidas. Además, la disentería, los piojos, las pulgas, la sarna; la pobreza material y moral por todas las partes (CABEZA, 1987: 156).

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Após alguns meses, os espanhóis confinados foram “convidados” a retornar à Espanha,

ou a se engajar na Legião Estrangeira, ou mesmo, a se juntar às companhias de trabalhadores

estrangeiros. Quem passou por lá, nunca esqueceu aqueles dias, entre eles, Pedro que

desabafa:

Foram 220 dias, passando frio, fome, comido por piolhos e pulgas, com disenteria, sarna e muitas humilhações, mal vestido e dormindo na areia. Entrei ferido, saí curado, não pelos curativos recebidos no campo. Entrei esperançoso. Saí decepcionado. Amaldiçoando os franceses pelos maus tratos, desde que cruzei a fronteira, onde a primeira palavra aprendida em francês foi “ALLEZ-ALLEZ”! Agora, no trem renasciam minhas esperanças. Só lamentava a nova Guerra (BRILLAS, s/data – grifo da fonte).

Muitos daqueles que permaneceram nos campos, morreram durante a ofensiva alemã

em junho de 1940, ou foram deportados pelos nazistas aos “trens da morte” para campos de

concentração ou campos de extermínio, na Alemanha e Áustria, a exemplo de Mauthausen,

onde os espanhóis foram os primeiros a chegar e obrigados a trabalhar na sua construção,

sendo que apenas a metade deles sobreviveu (CABEZA, 1987; PESCHANSKI, 2009).

No mesmo dia, quando finalmente saiu do campo, após sete meses, o autobiografado,

junto com duas companhias do comando francês, com cem homens cada uma, embarcou em

um trem de passageiros, recebendo algum alimento em um saco de papel, teve início a

Segunda Guerra Mundial. Pedro revela que:

À meia tarde daquele memorável dia, o trem nos levava para destino ainda desconhecido. Naquele mesmo trem, pouco depois soubemos, por passageiros que tinham subido numa das estações onde o trem tinha parado, de que a França e Inglaterra tinham declarado guerra à Alemanha de Hitler e à Itália de Mussolini. Tinha, pois, começado a 2ª Guerra Mundial (BRILLAS, s/data).

Novamente, os dois jovens republicanos espanhóis, Pedro Brillas e Joaquim Macip,

testemunharam os horrores de outra guerra, que mudou o mundo, com outros dramas,

sofrimentos e momentos de terror, com milhares de vítimas, e outras histórias.

Guerra Civil Espanhola: Caminhos cruzados na guerra e no pós-guerra

Nas guerras, trajetórias de vida ganham novos rumos, caminhos se distanciam ou se

cruzam. Pedro Brillas, catalão de Barcelona, Espanha, tinha apenas 17 anos quando irrompeu

a Guerra Civil; Joaquim Macip, de Valência, Espanha, era um jovem de 19 anos. A partir de

então, para eles, acabou-se a juventude, tornaram-se homens e combatentes antifranquistas.

Ambos tornaram-se exilados e refugiados de guerra, muito jovens, no ano de 1939,

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antes do fim do conflito. Conheceram-se em Hagen, Alemanha, em 1943, durante a Segunda

Guerra Mundial:

Em Hagen, depois de conhecer meu novo acampamento e a fábrica, comecei a trabalhar como torneiro em um torno mecânico, era fácil. [...]. Hagen era uma cidade gostosa de viver, a comida era em especial muita batata cozida. Tínhamos uma quantidade de ticktes para comprar pão e enlatados. A fábrica só nos dava uma refeição, o resto éramos nós que devíamos providenciar. Lá, um dia conheci Pedro, um espanhol que fazia mais tempo que estava na Alemanha, fiz muita amizade com ele. Era um catalão de Barcelona, me apresentou outros espanhóis, e quando coincidia o dia de folga, íamos na casa onde 5 ou 6 pessoas moravam, todos espanhóis (MACIP, 2008: 32).

É fácil supor que o êxodo/exílio espanhol em massa tenha provocado casamentos

multiculturais, como no caso dos dois amigos: Joaquim Macip conheceu a sua futura esposa

ítalo-francesa em Bordeaux, França; já Pedro Brillas se apaixonou pela alemã Käthe Maria –

literalmente foi amor à primeira vista – em um bonde, na Alemanha, em plena Segunda

Guerra. Joaquim relata:

(Sic) Pedro namorava uma alemã, Maria, e um dia me apresentou a ela. Nesse dia, passamos uma tarde inteira juntos, e disse para eles que eu também tinha uma namorada em Bordeaux, que era uma italiana de Bolonha que tinha sido naturalizada francesa aos 3 anos quando chegou na França. E nesse mesmo dia, de tanta conversa e esclarecimentos, vendo que os dois estavam apaixonados, lhes disse que um sendo espanhol e o outro alemão, eram muito diferentes, e que não daria certo. Me enganei (MACIP, 2008: 32).

Refletindo-se a respeito dessas uniões de espanhóis no exílio, pode-se concluir que elas

resultaram na formação de famílias multiculturais e do hibridismo cultural (CANCLINI,

2003). Foi o caso da família Brillas: O pai (Pedro Brillas), catalão, espanhol, a mãe (Käthe

Maria) alemã da Vestfália, o primogênito, nascido no pós-guerra em Paris, França, e as filhas

brasileiras. Em razão de que tudo ao que se referia aos alemães e aos nazistas, inclusive o

idioma germânico, era mal visto no exterior no pós-guerra, o casal abriu mão das suas línguas

maternas e adotou o idioma francês para se comunicar com os filhos no exílio, embora eles

continuassem a falar em alemão apenas entre si – idioma no qual iniciaram o seu

relacionamento –, mas somente na privacidade do lar.

Por sua vez, Joaquim Macip também renunciou às suas línguas maternas (o espanhol e

o valenciano) para se comunicar em francês com a esposa e os filhos franceses. Os

compatriotas hispânicos, quando a sós, conversavam entre si em catalão, e as famílias amigas

se falavam em francês, a princípio.

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Os dois amigos espanhóis sobreviveram aos perigos da guerra fratricida, onde foram

feridos; aos bombardeios e tiros de metralhadoras em Hagen; aos maus tratos dos campos de

concentração franceses, onde milhares de refugiados hispânicos adoeceram e morreram

devido às precárias condições sanitárias; se reencontraram em Paris, no pós-guerra, já casados

e com filhos.

Diante da impossibilidade de retornar à pátria, a Espanha dirigida pelo ditador General

Franco e, com o receio de um novo conflito na Europa, em virtude da Guerra Fria, decidiram,

em conjunto, emigrar de Paris para a cidade de São Paulo, Brasil, em busca de um refúgio

seguro para as suas famílias, no início da década de 1950. Pedro e Joaquim, com trajetórias

semelhantes, e caminhos cruzados, tornaram-se grandes amigos, praticamente irmãos, até o

fim dos seus dias, em São Paulo, Brasil.

Momentos indeléveis

Quando se fala sobre acontecimentos históricos, como as guerras e batalhas, não se

deve esquecer que, por trás de tais acontecimentos, estão pessoas comuns, homens, mulheres,

jovens, crianças e idosos, todos sofrem, na sua rotina cotidiana, no seu direito de ir e vir, no

seu trabalho, nos seus estudos, e até nas suas necessidades básicas.

Tais eventos permanecem tatuados nas memórias daqueles que tinham então algum

discernimento e testemunharam, ou que, de alguma forma, protagonizaram estes

acontecimentos. Assim, lembram-se o que estavam fazendo, quando tomaram conhecimento

do fato, não importando quanto tempo após do ocorrido; é o que se percebe nos relatos de

Pedro Brillas e Joaquim Macip:

O dia 18 de julho de 1936 era um domingo, um bonito dia de sol de verão, bom para praia. [...] Pela madrugada, já com o sol iluminando o céu, fomos acordados por explosões e tiros. Toda a família levantou às pressas e preocupados da cama. A cada momento aumentava o barulho das explosões e dos tiros, e cada vez mais perto. Já não eram só tiros isolados de revólver ou fuzis, senão que também de metralhadoras e canhões. [...] Francamente, eu ignorava o que na realidade estava acontecendo, mas meus irmãos falavam que era revolução. [...] Eles sabiam da pressão das forças políticas de direita junto às Forças Armadas e o clero católico, que pressionavam contra o governo republicano eleito por voto direto poucos meses antes (fevereiro de 1936, em eleições nacionais).

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Daí meus irmãos, ao escutarem os disparos e as explosões (canhonaços), falarem de que se tratava da revolução, ignorando, porém, naquele momento, de quem era a iniciativa da “Revolução”, se das forças populares ou da direita. Há apenas um mês eu tinha completado os 17 anos. Ainda era um adolescente, com muitos sonhos. Apenas começava a desfrutar da parte boa da vida. [...]. (BRILLAS, 1996).

E ainda:

(Sic) Benicarlo, era sábado, dia 19 de julho de 1936, eu tocava o trombone de vara na praça da Igreja, numa pequena orquestra, num baile de fim de semana. Em determinado momento escutamos: REVOLUCIÓN!!! REVOLUCIÓN!!! Estas palavras mudaram minha vida, meu comportamento, minha maneira de ser, meu eu. Eu sei que aquela noite eu aprendi mais que em meus 19 anos de vida. Fazia coisas que nunca tinha feito, falava diferente, me sentia outro. Hoje, repito que as circunstâncias vividas desde aquele momento, me manifestaram o que eu iria ser e sigo sendo hoje. Neste dia, ao ouvir estas palavras, todos mudaram o que conheciam e o que já tinham vivido (MACIP, 2008: 2).

Pode-se observar a divergência de datas entre os dois relatos. Lapsos da memória! Na

verdade, dia 18 de julho foi um sábado ensolarado, e muito quente. De qualquer maneira, a

guerra civil foi iniciada naquele fim de semana de 1936.

Vale ressaltar que, não apenas Joaquim Macip inicia o seu relato – já na velhice – a

partir da Guerra Civil Espanhola, assim como Pedro Brillas justifica a escrita de si em 1938,

aos 19 anos, também a partir do evento e, de acordo com as reflexões de (PASSERINI 2011),

os espanhóis iniciam a sua historiografia a partir do conflito:

(Sic) El principal motivo de estas memorias es recordar […] os hechos más interesantes de mi vida, en cual hasta el presente no tiene hechos que puedan contarse como extraordinarios, pues ni mi carácter ni mi cultura no me ha permitido salido de lo vulgar. A pesar de todo hay sentimientos y pensamientos que no han salido al exterior que modestia a parte, podían contarse entre los interesantes. Empiezo a recordar y escribir mis memorias desde el 19 de Julio de 1936, día que

para mí y para todos los españoles ha de ser de los que no se olvidan y de los que

produce cierto orgullo al haber vivido.

(BRILLAS, 1938: 2 – grifo nosso).

As memórias e os deslocamentos de Pedro Brillas

As suas memórias – iniciadas durante a guerra civil (MIS MEMÓRIAS, 1938; DIÁRIO

DA FRENTE DE BATALHA DO RIO SEGRE, 1938 – Figura 01, a seguir) – retratam não

apenas os constantes deslocamentos espaciais de Brillas, em razão do conflito, bem como, as

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novas experiências, socializações, o cotidiano (MATOS, 2002) e subjetividades, inclusive em

momentos dramáticos.

Figura 01: Diário de Pedro Brillas na frente de batalha da Guerra Civil Espanhola, em 1938. Fonte: Acervo da autora. A escrita de si de Pedro Brillas abrange 68 anos, ou seja, de 1938 até 2006, ano do seu

falecimento. Assim, o corpus documental é composto de memórias, diários, cartas,

apontamentos, além de correspondências trocadas entre familiares e com autoridades,

inclusive documentos pessoais, que refletem o contexto político (Figura 02, a seguir) e social,

entre outros.

Figura 02: Documento de identidade francês de Pedro Brillas, onde consta “para os refugiados espanhóis”. Fonte: Acervo da autora.

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Este amplo período da memória de si é justificado pela busca do autobiografado, não

apenas em relatar os eventos históricos e experiências comuns e incomuns a um suposto leitor

(LEJÉUNE, 2008), mas, sobretudo, na sua frequente manutenção e atualização (POLLACK

1992), como se quisesse esmiuçar detalhes, antes não contemplados, ou mesmo, pode-se

questionar, se simplesmente, Brillas quisesse refletir ou compreender o passado inesquecível,

sob o seu olhar atualizado. Embora os fatos e vivências sejam os mesmos, o passado não

permanece cristalizado, pois a perspectiva e a (re)interpretação do que foi vivenciado são

dinâmicas, atualizadas e reconstruídas de acordo com as experiências posteriores.

A trajetória e a autobiografia de Pedro Brillas compreendem a infância e parte da

juventude em Barcelona, Espanha; o seu engajamento como voluntário aos 17 anos nas forças

republicanas antifranquistas e o seu exílio. Primeiramente na França, em um campo de

refugiados, os “campos de internamento”, como os franceses preferem denominá-los, mas

comumente conhecidos como campos de concentração.

O Camp d’Argèles foi um dos primeiros campos construídos provisoriamente na praia

pelos franceses, para abrigar os refugiados espanhóis, inicialmente estimados em algumas

dezenas de milhares, porém, chegaram a quase meio milhão de pessoas, que foram

distribuídas em diversos campos (PESCHANSKI, 2009).

Conforme já exposto, exatamente após 220 dias, quando Pedro Brillas saiu do campo,

teve início a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Assim, novamente levado pelas

circunstâncias, o jovem hispânico testemunhou e sofreu os horrores e dramas de outro conflito

bélico, desta vez, em terras estrangeiras, na França e Alemanha.

Nos pós-guerras (1945) foi outra vez preso na França, no Camp de Noé, com a sua

companheira alemã. Viveram e formaram família multicultural em Paris, onde, após seis anos,

ante o temor de outra guerra na Europa, decidiram emigrar ao Brasil, de comum acordo com a

família Macip, em busca de um refúgio seguro e de novas oportunidades, subvencionados

pela International Refugee Organization (IRO)6.

No dia 9 de dezembro de 1951, a família Brillas ao desembarcar do vapor Campana, no

Rio de Janeiro, foi encaminhada à Ilha das Flores, onde permaneceu cinco dias. Após este

período, eles embarcaram em um trem rumo à cidade de São Paulo, onde ficaram alojados por

uma semana, na Hospedaria dos Imigrantes (WEBER,1989). Os Macip ingressaram no país 6 Conhecida aqui também como Organização Internacional para Refugiados (OIR). Foi criada (1946-52) pela Organização das Nações Unidas (ONU) para apoiar o repatriamento e a realocação dos refugiados e deslocados da Segunda Guerra Mundial (FISCHEL DE ANDRADE, 2005).

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um mês depois, em janeiro de 1952, também com apoio da IRO, sem passar pela Hospedaria,

pois já tinham os seus amigos aguardando-os, em São Paulo.

Vale ressaltar que esses recorrentes deslocamentos de Pedro Brillas e Joaquim Macip,

entre diversos cenários, levados pelas circunstâncias, não se restringem apenas à dimensão

espacial, mas, sobretudo, deslocamentos entre culturas, línguas, habitus, alimentação, ideias,

além de novas dinâmicas das condições de trabalho e de sociabilidade, muito diferenciados e

até, inesperados, para quem, com apenas 19 anos e 21 anos, respectivamente, viram-se

exilados da pátria e afastados do convívio familiar, passando a ter uma vida e/imigrante.

Algumas Considerações

A Guerra Civil Espanhola (1936-39) foi um dos conflitos mais relevantes que acometeu

a Europa no século XX, pois se internacionalizou rapidamente, foi um preâmbulo da Segunda

Guerra Mundial (1939-45), serviu de ensaio para os armamentos bélicos alemães, que foram

empregados posteriormente, naquela grande guerra, ademais de ter sido cenário da disputa de

ideologias políticas e da hegemonia mundial.

Além do contexto político, o conflito civil provocou destruições materiais, milhares de

vítimas, entre militares e civis, dividiu o país e a população, durante a guerra, também afetou

e mudou a mentalidade dos espanhóis, ou seja, provocou deslocamentos espaciais e

subjetivos, pois, conforme os relatos dos dois autobiografados republicanos, a partir de então,

os espanhóis “se sentiram outros”, “mudados” e “orgulhosos” das suas vivências.

Ademais, o êxodo/exílio massivo de espanhóis antifranquistas para a França, em

consequência desta guerra, foi um drama na vida de milhares de republicanos, o qual se busca

entender e rememorar, até hoje, inclusive nos diversos espaços, monumentos e recorrentes

“atos memoriais” a eles dedicados, tanto na Espanha, quanto na França, países que foram

palco da “Retirada”.

No caso específico do ex-combatente republicano Pedro Brillas, que muito jovem

tornou-se exilado, a saída encontrada por ele de sair da condição de exilado “interior” foi a de

relatar, ao longo da sua vida, as suas vivências comuns e incomuns, estratégias de

sobrevivência e subjetividades, tanto oralmente, quanto por escrito, nas suas diversas

expressões, quer nas suas memórias e diários, quer nas cartas trocadas com familiares e

amigos, entre eles, ex-companheiros de combate.

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Neste contexto, deve-se refletir o significado de ser exilado. Os milhares de

republicanos espanhóis por terem renunciado à Espanha fascista tornaram-se “sem pátria”.

Viram-se afastados do círculo familiar e amigos, e obrigados a abrirem mão do seu repertório

cultural, da sua língua, da sua gastronomia, do seu cotidiano e da sua terra. Em outras

palavras: sofreram um deslocamento geopolítico, cultural e psicológico - involuntário. Para

aqueles republicanos espanhóis tudo mudou. Para quem nunca passou por isto, é quase

inimaginável, o que representa a perda destes laços identitários.

Este estudo pretende colaborar neste sentido e na recuperação da memória individual

de um sujeito histórico, por meio do seu rico legado autobiográfico, bem como, nos estudos

historiográficos da memória coletiva dos exilados republicanos espanhóis.

Referências

ADÁMEZ CASTRO, Guadalupe. Palabras Desesperadas: Cartas de súplica al comité tecnico de ayuda a los republicanos españoles (1939-1940). In: VIEIRA, Alberto; CASTILHO, Antonio; RODRIGUES, Henrique (Orgs.) Escritas das mobilidades. Vol. 1. Funchal Ilha da Madeira: CEHA, 2011. BUADES, Josep M. A Guerra Civil Espanhola. São Paulo: Contexto, 2013. CABEZA, Manuel Rubio. Diccionario de la Guerra Civil Espanola. Barcelona: Planeta, 1987. CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 2003. CASANOVA, Julián; PRESTON, Paul (Coords.). La Guerra civil española. Madrid: Pablo Iglesias, 2008. CHARTIER, Roger (Org.). La correspondence: les usages de la lettre au XIXe siècle. Flayard, 1991. LEJÉUNE, Philipe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Belo Horizonte: UFMG, 2008. FISCHEL DE ANDRADE, José H. O Brasil e a organização internacional para os refugiados (1946-1952). Revista Brasileira de Política Internacional. V. 48:60-96, 2005. MATOS, M.Izilda Santos de. Cotidiano e Cultura. Bauru-SP: EDUSC, 2002. PASSERINI, Luis. A memória entre política e emoção. Tradução: Ricardo Santiago. São Paulo: Letra e Voz (Coleção Ideias), 2011. PESCHANSKI, Denis. Les camps français d'internement (1938-1946). (Tese) Doutorado em História Contemporânea da Université Paris 1. Panthéon-Sorbone. Paris, 2009. POLLACK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992. WEBER, Eugen Joseph. França fin de siècle. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. ZIFF, Trisha. The Mexican Suitcase. Produção: Eamon O'Farrill, Trisha Ziff e Paco Poch. México, 2011.

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Fontes

BRILLAS, Pedro. Autobiografia. São Paulo, Barcelona, Aragão, Paris, diversas datas. MACIP, Joaquim. A minha História. Curitiba, 2008.