memorial sebastiana maria de oliveira

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Sebastiana Maria de Oliveira 100 anos É com muita alegria, Raro de se ver hoje em dia, Festejar 100 anos de existência. Ainda com tanta lucidez e sabedoria. Venha família Caé participar Desse momento ímpar, Uma história de vida, Dona Sebastiana que o diga

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Sebastiana Maria de Oliveira – 100 anos

É com muita alegria, Raro de se ver hoje em dia, Festejar 100 anos de existência. Ainda com tanta lucidez e sabedoria. Venha família Caé participar Desse momento ímpar, Uma história de vida, Dona Sebastiana que o diga

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MEMORIAL DE

SEBASTIANA MARIA DE

OLIVEIRA1

A senhora Sebastiana Maria

de Oliveira nasceu no dia

onze de setembro de mil

novecentos e onze (11/09/11)

no Sítio Atrás da Serra,

município de Potiretama/CE,

filha de Francisco Gabriel de Oliveira e Dona Maria Filomena de Oliveira.

Casou-se, com o Mestre Pedro, no religioso no ano de mil novecentos e vinte

e cinco (1925), na igreja matriz de Potiretama, perante o Padre Miguel,

sacerdote na época e no Civil em 1948 diante do juiz Lafaiete Dantas

Diógenes, com o senhor Pedro Gonçalves de Oliveira (Mestre Pedro); Ele

nascido também no Sítio Atrás da Serra no Município de Potiretama no dia

03/02/1898, segundo registros oficiais. Seu Pedro é filho de Inácio Filismino

Gonçalves e Dona Tereza Gonçalves de Oliveira. Foram testemunhas desse

enlace matrimonial os senhores Antonio Rozendo de Carvalho e Pedro Matias

da Silva, ambos residentes no referido município. Após o casamento toda a

família mudou o domicílio para o Sítio Feijão, município de Quixadá. Lá nasce

seu primeiro filho, Francisco Gonçalves de Oliveira no ano de 1927 e na

mesma ocasião toda a família retorna ao Sítio Atrás da Serra onde as terras

eram de Propriedade do senhor Manoel Filomena de Oliveira, avô da Dona

Sebastiana. Em 1929 nasceu Maria Gonçalves de Oliveira (Dona Lilia).

Durante os anos de 1931/1932 e 1933 a família enfrenta dificuldades em

virtude da grande Seca que assolou o nordeste durante três anos seguidos.

Não se sabe ao certo porque o senhor Manoel Filomena perdeu todas as

terras, no entanto é fato que saíram dessa localidade e foram para o Ema,

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trabalhar nas frentes de trabalho de construção do açude de mesmo nome da

localidade. Lá moravam em barracas de palha em baixo das oiticicas. Uma

grande epidemia de sarampo ceifou várias vidas nesta localidade, inclusive a

de Dona Maria Filomena de Oliveira, mãe da Dona Sebastiana, o que obrigou

a família a abandonar este lugar. No Ema nasce a senhora Margarida

Gonçalves de Oliveira no ano de 1932. A História da Dona Sebastiana se

confunde com a história da Família Caé, pois toda sua vida foi dedicada a

apoiar a família que constituía e ainda do senhor Gabriel e senhor Romualdo,

ambos viúvos, e este último casado com a Dona Neném, irmã da Dona Maria

Filomena. Quando falo do deslocamento da família de Dona Sebastiana,

entendam que todos migravam juntos: pais, filhos, sobrinhos e etc. Saíram do

Ema e foram para a Fazendinha, onde nasceu a senhora Tereza Gonçalves

de Oliveira (1934), quando moravam em lotes do governo; logo após foram

para o Sítio Passagem, morar nas terras de propriedade do senhor Nabor

Diógenes, terras apelidadas por São Gonçalo. Nesta localidade nasceu

Raimundo Gonçalves de Oliveira, o Nonato, que veio a falecer no mesmo ano.

Depois vão para as terras do Senhor Casusa Tavares, pai da Dona Nazaré,

oportunidade em que aconteceu o casamento desta senhora com o senhor

Francisco Gabriel, pai da Dona Sebastiana. Terminada a Seca, por volta de

1934 toda a família foi para as Cacimbas, nome dado a essa localidade

porque somente lá dava água de cacimba boa para o consumo. Nestas

Terras, de propriedade do Major Gervásio Holanda Guerra, casado com a

Senhora Deltra Holanda (primeira professora de Iracema), toda a família

passou por grandes dificuldades, pois o ambiente era hostil, tinham poucos

moradores e poucos recursos para enfrentar as adversidades naturais. Mas

aqui a Senhora Sebastiana teve a alegria de dar a luz ao Manoel Gonçalves

de Oliveira (1938), chamado por todo de Preto Dalto. Depois todos voltaram

para o Ema, por volta de 1937, onde o seu esposo, Mestre Pedro, que já dava

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aulas e lições a domicílio em troca de muito pouco, ganhou o cargo de guarda

do açude Ema. Lá nasceu o senhor Geraldo Gonçalves de Oliveira por volta

de 1941. Em 1942 saíram do Ema e voltaram para o Sítio Passagem e lá

nasceu a senhora Suzete Gonçalves de Oliveira (1944) e em 1945 foram para

o Barrocão. Enquanto o mundo estava em guerra por poder e dominação, a

família lutava pela sobrevivência. O senhor Francisco Gonçalves de Oliveira

(Santinho), filho mais velho, ainda lembra de ver seus pais carregando pouca

coisa nesta lida pela sobrevivência. Perguntado se sabia que o mundo estava

em guerra, ele disse que só sabia que sofriam e lutavam muito. Mas lá no

Barrocão não foi somente sofrimento, pois a Dona Sebastiana e o Mestre

Pedro viviam sua história de companheirismo e tiveram mais dois filhos: Geni

Gonçalves de Oliveira (1947) e Antonio Gonçalves de Oliveira (1950). Em

1950, após o mundo ainda comemorar o fim da guerra mundial, lembrar as

atrocidades cometidas pela Alemanha nazista e seus aliados e o início da

guerra fria, a família Caé, como passaram a ser conhecidos, foram para o

Sítio Coaçu, de propriedade do Senhor Enéas Amador. A vida de Dona

Sebastiana era apenas de renuncia; renunciou sua infância quando casou tão

nova, renunciou sua adolescência quando passou a tomar de conta dos

irmãos mais novos e dos sobrinhos, quando da partida de sua mãe e tia, e

renunciou sempre a vaidade e os projetos de vida, em prol do outro. Nunca

estudou, nunca foi a uma festa e poucos foram os prazeres que experimentou

nessa vida. Nesse lugar ela sofreu muito, pois seu filho mais velho, o seu

Santinho, foi embora para o Estado do Amazonas e deixou todos com grande

apreensão. A família de Dona Sebastiana era retirante em sua própria terra,

mas cheia da vontade de vencer na vida e de vencer a Guerra contra as

adversidades deste lugar tão Seco e pobre. Mas com afirmou Euclides da

Cunha, o Sertanejo é antes de tudo um forte, e a família de Dona Sebastiana,

seguiu vencendo a batalha e forjando em seus filhos qualidades importantes

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como respeito, solidariedade e determinação. A família de Dona Sebastiana e

o Mestre Pedro, agora só o casal e sua prole, vão para o Sítio Barreiros por

volta de 1953, onde nasceu José Gonçalves de Oliveira e Francisca

Gonçalves de Oliveira, de lá retornam para o Coaçu, ocasião em que soube

da decisão do seu filho Preto Dalto de ir para o Paraná. Seu Santinho, filho

mais velho da Dona Sebastiana, lembra de ter ouvido seu irmão falar que

nunca mais voltaria a essa terra, promessa que cumpriu até a data de hoje.

Depois foram para o Aimoré e por fim Iracema; porém com a seca de 1941/42

são obrigados a morar no Bom Sucesso. Após a Seca retornam para Iracema

e Dona Sebastiana ganha do prefeito Roque Paz o cargo de zeladora de um

chafariz. Após se aposentar e perder seu emprego é convidada pelo filho José

Gonçalves para ir residir em Mossoró junto com toda a família, ou seja, o

Mestre Pedro seu esposo, sua filha Francisca Gonçalves de Oliveira, netos e

seu filho adotivo Antonio Reginaldo, chamado carinhosamente de Zezinho.

Após sua longa jornada em Iracema, sendo, como foi dito, retirante na sua

própria terra e após a aposentadoria veio a decisão de ir para Mossoró no

Estado do Rio Grande do Norte, onde lá vivenciou grandes dificuldades. Viu

seu filho adotivo, José Reginaldo Gonçalves de Oliveira, o Zezinho (+ 1980),

morrer de uma terrível doença que abalou a todos. Talvez esse fato tenha

levado a família de Dona Sebastiana e do Mestre Pedro a retornar para

Iracema, quando passaram boa parte de suas vidas. Numa história mais

recente decidem apoiar sua filha Fransquinha na sua decisão de residir mais

uma vez em Mossoró, no sentido de buscar oportunidades de trabalho e de

estudo para seus filhos. No Bairro Abolição IV enfrentou muitas dificuldades,

mas tinha boas perspectivas, porque estava perto da maior parte de seus

filhos, sua filha Fransquinha arrumara trabalho no setor de saúde e seus netos

estudavam e se preparavam para um belo futuro. Em Mossoró perde a grande

razão da sua vida, o Mestre Pedro Gonçalves de Oliveira (1992), não

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conseguindo resistir a uma cirurgia de fratura do fêmur, causada por um

acidente doméstico, e isso a abalou profundamente. Mas em Mossoró

também recebeu a graça de ver seus filhos vencendo na vida, como diz na

linguagem do sertanejo, e muitos dos seus netos entrando em cursos de

graduação e conseguindo seus espaços com muita força e perseverança. Viu

nascer seus netos, bisnetos e trinetos e recebeu a graça de Deus em

presenciar seus filhos/netos, Airão Gonçalves de Oliveira e José Nazeu

Campelo Filho, graduados em cursos de nível superior e até mesmo um

advogado conseguido formar. Sua luta por mais dignidade para sua família

nesta cidade, nos bairros da abolição II e IV, era exemplo para todos na

família e seu desprendimento pelos bens materiais e orações diárias, rezas,

bênçãos e meditações, dava a Dona Sebastiana ao mesmo tempo um

aspecto de santidade e de elo de ligação entre toda a família, que como

qualquer outra tinha momentos de união e desentendimento. Um câncer de

pele em nossa matriarca trouxe sofrimento para toda a família, porém sua

resignação e submissão as vontades de Deus, vem lhe permitindo viver por

muitos anos com essa grave doença, que só não é maior do que sua fé em

Nosso Senhor. Dentre as grandes provações que enfrentou, como doenças e

perdas de alguns de seus irmãos (Expedito Caé, Mundo e Antonio Caé e a

Dona Santinha) nenhuma se comparou a perda do seu filho querido Geraldo

no ano de 2010. Impossível é narrar uma vida de 100 anos com poucas

frases, pois é impossível traduzir toda a dor, saudade dos entes perdidos,

nem a alegria e o prazer de receber sua grande família na sua humilde

residência, nem tampouco o sentimento do dever cumprido quando sabe que

filhos, netos, bisnetos e trinetos ocupam espaços importantes na sociedade e

dão inicio a várias outras histórias de vida. A senhora Maria Sebastiana de

Oliveira, vive hoje na casa da sua filha Geni Gonçalves de Oliveira neste

município de Iracema, e recebe o carinho e a dedicação de sua família; ela

Page 7: Memorial sebastiana maria de oliveira

que teve muitos filhos nessa longa existência e hoje 10 estão vivos, tem

aproximadamente 35 netos, 32 bisnetos e 06 trinetos, certamente viverá ainda

por muitos mais anos. Nossa matriarca vive e viverá para todo sempre em

nossos corações e toda sua luta se eternizará em nossas lembranças e que

temos obrigação de passar para outras gerações. Parabéns Dona Sebastiana,

felicidades e paz para sua família, algo que sempre pede em suas orações.

Que seus filhos nunca se esqueçam dessa bela história de vida, de uma

mulher que sempre pareceu frágil, mas que é na verdade uma fortaleza de

humildade, perseverança e força.

1toda essa descrição da história da Senhora Sebastiana Maria de Oliveira foi construída a partir de versões orais e pouco foi baseado em

documentos oficiais. Essa versão foi apresentada pelo filho mais velho da centenária. Aqui podem existir equívocos e algumas

incorreções, no entanto buscamos reproduzir com o máximo de precisão as palavras do senhor Francisco Gonçalves de Oliveira (seu

Santinho).

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Dona Sebastiana com Fládia Valéria: mais que uma neta, uma filha que sempre amou muito

A idade está nos livros que leu, nos erros que se

cometeu, nos amores que conheceu, nas

oportunidades que perdeu, em tudo que se viveu...

Iracema, eu nunca mais te vi. Iracema, meu grande amor foi embora. Chorei, eu chorei de dor porque Iracema, meu grande amor foi você. Música de Adoniram Barbosa

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(1941) GERALDO GONÇALVES DE OLIVEIRA

PEDRO GONÇALVES DE OLIVEIRA

(1930) RAIMUNDO GONÇALVES DE OLIVEIRA – NONATO

(1960) JOSÉ REGINALDO GONÇALVES DE OLIVEIRA – ZEZINHO

1980

FAMÍLIA GONÇALVES E OLIVEIRA

SEBASTIANA MARIA GONÇALVES DE OLIVEIRA

(1927) FRANCISCO GONÇALVES DE OLIVEIRA – SANTINHO

1927

(1932) MARGARIDA GONÇALVES DE OLIVEIRA

(1938) MANOEL GONÇALVES DE OLIVEIRA – PRETO DALTO

1951) ANTONIO GONÇALVES DE OLIVEIRA – TOINHO

(1934) TEREZA GONÇALVES DE OLIVEIRA – TEREZINHA

(1955) FRANCISCA GONÇALVES DE OLIVEIRA – FRANSQUINHA

(1929) MARIA GONÇALVES DE OLIVEIRA - LILIA

(1947) GENI GONÇALVES DE OLIVEIRA

(1953) JOSÉ GONÇALVES DE OLIVEIRA – DEDÉ

11 NETOS 11 BISNETOS E 03 TRINETOS

01 NETO 01 BISNETOS E 01 TRINETO

************************** *********************

02 NETOS 05 BISNETOS

04 NETOS 08 BISNETOS E 02 TRINETOS

01 NETO *********************************

02 BISNETOS

03 NETOS

03 NETOS

02 NETOS

02 NETOS

03 BISNETOS

(1944) SUZETE GONÇALVES DE OLIVEIRA

DESCONHECIDO DESCONHECIDO

01 BISNETOS

02 BISNETOS

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04 NETOS

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