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OLAVO BEVILÁQUA E ADVOGADOS ASSOCIADOS EQUIPE 119 ALEGAÇÕES INICIAIS DA REQUERIDA SUBMARINO AMARELO TECNOLOGIA S/A CONTRA A REQUERENTE: FUNDO DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÃO BACAMASO Alegações Iniciais submetidas em 25.8.2014

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OLAVO BEVILÁQUA E ADVOGADOS ASSOCIADOS

EQUIPE 119

ALEGAÇÕES INICIAIS DA REQUERIDA

SUBMARINO AMARELO TECNOLOGIA S/A

CONTRA A REQUERENTE:

FUNDO DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÃO BACAMASO

Alegações Iniciais submetidas em 25.8.2014

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Disponível em:

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CITADO COMO: Vieira

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CITADO COMO: Zanetti

XXI

Jurisprudência Nacional

Supremo Tribunal Federal Recurso Extraordinário nº102967/RJ, rel. Min Sydney

Sanches, j. 18.04.1986.

CITADO COMO: STF RE 102967/RJ

Supremo Tribunal Federal RE 176.626-3, 1ª Turma, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j

10-11-1998

CITADO COMO: RE 176.626-3

Supremo Tribunal Federal RE 88.705-9, 2ª Turma, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.

25-05-1979

CITADO COMO: RE 88.705-9

Supremo Tribunal Federal RE 88.716, 2ª Turma, rel. Min. Moreira Alves, j. 29-02-

1980

CITADO COMO: Caso Disco

Superior Tribunal de Justiça Recurso Ordinário em Mandado de Segurança nº

18296/SC, rel. Min. Denise Arruda, j. 28.08.2007

CITADO COMO: STJ RMS 18296/SC

Superior Tribunal de Justiça Recurso Especial nº Resp. 27.384/SP, rel. Min. Barros

Monteiro, j. 23.03.1996.

CITADO COMO: Resp.27.384-SP

Superior Tribunal de Justiça REsp 661.022, 3ª Turma, rel. Min. Castro Filho, DJ 12-

09-2006

CITADO COMO: REsp 661.022

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e

Territórios

Apelação nº 1999.01.1.083360-3/DF, rel. Vasquez

Cruxên, j. 05.03.2001.

CITADO COMO: TJDFT Ap 1999.01.1.083360-3

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Apelação nº. 9124982-89.2007.8.26.0000/SP, rel. Luiz

Ambra, j. 03.08.11.

XXII

CITADO COMO: TJSP Ap 9124982-89.2007.8.26.0000

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Agravo de Instrumento nº 0025150-

66.2012.8.26.0000/SP, rel. Tasso Duarte de Melo, j.

30.05.2012.

CITADO COMO: TJSP AI 0025150

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Apelação nª 7086044-7, rel. Tercio Negrato, j. 17.10.2007.

CITADO COMO: TJSP Ap.7086044-7.

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Apelação n° 9065792-30.2009.8.26.0000/SP, rel. Moreira

Viegas, j. 27.07.2014.

CITADO COMO: TJSP Ap 9065792-30.2009.8.26.0000

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Apelação n° 9250993-32.2008.8.26.0000/SP, rel. Paulo

Alcides, j. 30.06.2011.

CITADO COMO: TJSP Ap 9250993-32.2008.8.26.0000

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Apelação nº 137861/SP, rel. Francisco Loureiro, j.

13.02.2014.

CITADO COMO: TJSP AC 137861

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Apelação nº 5871644/SP, rel. Maia da Cunha, j.

09.10.2008.

CITADO COMO: TJSP AC 5871644

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Agravo de Instrumento nº 630.378-4/8-0/SP, rel. Alvaro

Passos, j. 22.07.2009.

CITADO COMO: TJSP 630.378-4/8-0

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná EXSUSP nº 1089269001/PR, rel. Gamaliel Seme Scaff, j.

02.07.2014.

CITADO COMO: TJPR EXSUSP 1089269001

XXIII

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná Apelação n° 288492-8/PR, rel. Augusto Cortês, j.

14.06.2005.

CITADO COMO: TJPR Ap 288492-8

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná Agravo de Instrumento nº 823.219-3/PR, rel. Augusto

Lopes Côrtes, j. 25.01.2012.

CITADO COMO: TJPR AI 823.219-3

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná Apelação n° 834058-7/PR, rel. Des. Luis Lopes, j.

19.01.2012.

CITADO COMO: TJPR Ap 288492-8

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Apelação nº 2007.001.17.081/RJ, rel. Cláudio de Mello

Tavares, j. 08.08.2007.

CITADO COMO: TJRJ Ap 2007.001.17.081

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Apelação nº 2007.001.22946/RJ, rel. André Andrade, j.

15.08.2007.

CITADO COMO: TJRJ Ap 2007.001.22946

Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do

Sul

Apelação nº 70008053183/RS, rel. Luiz Roberto

Imperatore de Assis Brasil, j. 05/07/2005.

CITADO COMO: TJRS AC 70008053183

Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina Apelações n° 2010.042175-5 e n° 2010.042174-8, rel. Des.

Cláudio Valdyr Helfenstein, j. 20/06/13

CITADO COMO: TJSC AC 042175-5

XXIV

Jurisprudência Internacional

Corte di Cassazione Italy No. 179, Louis Dreyfus Commodities v.

Cereal Mangimi s.r.l. (Italy), Corte di Cassazione

[Supreme Court], Plenary Session, 11529, 19 May

2009

CITADO COMO: Louis Dreyfus Commodities v. Cereal Mangimi s.r.l.

Cour D'Appel de Paris Société Sasma et autres v. société Docks de

France, Cour d'appel de Paris (1Ch. D), 8 March

1995

CITADO COMO: Société Sasma et autres v. société Docks

de France

ICC

Shipping Company v Shipping Company, Final

Award, ICC Case No. 6829.

CITADO COMO: ICC Award 6829

ICC Agent v Supplier, Partial Award, ICC Case No.

8420, 1996

CITADO COMO: ICC Award 8420

ICSID

Amco Asia Corporation, Pan American

Development Ltd. and PT Amco Indonesia

(referred to collectively as Amco) v The Republic

of Indonesia, Award on Jurisdiction, ICSID Case

No. ARB/81/1, 25 September 1983 in Pieter

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1985 - Volume X, Volume X, Kluwer Law

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CITADO COMO: ICSID case ARB/81/1

XXV

LCIA Parties Not Indicated, LCIA Court Decision on

Challenge to Arbitrator, LCIA Reference No.

5665, 30 August 2006, Arbitration International,

CITADO COMO: LCIA case 5665

United States Court of Appeals Morelite Const. v. NYC Dist. Council Carpenters,

748 F. 2d 79 - Court of Appeals, 2nd Circuit 1984

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 84-7351

United States Court of Appeals Ormsbee Development Co. v. Grace, 668 F. 2d

1140 - Court of Appeals, 10th Circuit 1982

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 80-1750,

80-1803 and 81-1161

United States Court of Appeals

Lotus Development Corp. v. Borland Intern.,

Inc., 49 F. 3d 807 - Court of Appeals, 1st Circuit

1995c

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 93-2214

United States Court of Appeals

International Ambassador Programs v.

Archexpo, 68 F. 3d 337 - Court of Appeals, 9th

Circuit 1995

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 94-

35589.

United States Court of Appeals

International Produce, Inc. v. A/S Rosshavet, 638

F. 2d 548 - Court of Appeals, 2nd Circuit 1981

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 80-7387.

United States Court of Appeals Middlesex Mut. Ins. Co. v. Levine, 675 F. 2d 1197

- Court of Appeals, 11th Circuit 1982

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 80-5630.

XXVI

United States Court of Appeals Apperson v. Fleet Carrier Corp., 879 F. 2d 1344 -

Court of Appeals, 6th Circuit 1989

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 87-2184.

United States Court of Appeals Sheet Metal Wkrs. Intern. Ass'n v. Kinney Air

Cond. Co., 756 F. 2d 742 - Court of Appeals, 9th

Circuit 1985

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 84-5598,

84-5742.

United States Court of Appeals Merit Ins. Co. v. Leatherby Ins. Co., 714 F. 2d 673

- Court of Appeals, 7th Circuit 1983

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 82-2885.

United States Court of Appeals M & A ELEC. POWER COOPERATIVE v.

Local Union No. 702, 977 F. 2d 1235 - Court of

Appeals, 8th Circuit 1992

CITADO COMO: US Court of Appeals, case 91-3226,

91-3689.

United States District Court for the Middle

District of Florida

CZARINA, LLC v. WF Poe Syndicate, 358 F. 3d

1286 - Court of Appeals, 11th Circuit 2004

CITADO COMO: Czarina v. W.F. Poe

United States District Court, S.D. New York. Spector v. Torenberg, 852 F. Supp. 201 - Dist.

Court, SD New York 1994

CITADO COMO: Spector v. Torenberg

XXVII

ABREVIATURAS E DENOMINAÇÕES

Aditivo 1º Aditivo ao Contrato de Licenciamento de Software e

Prestação de Serviços de Suporte, Manutenção e

Desenvolvimento [Anexo 3]

Angie Software de propriedade da SMU, que possui algumas

funcionalidades semelhantes

Árbitro Presidente Dr. Theodoro M., Presidente do Tribunal Arbitral

CAMARB Câmara de Arbitragem Empresarial - Brasil

CC Código Civil (Lei Federal nº 10.406/2002)

CF Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Código de Ética do CONIMA Código de Ética para Instituições de Mediação e

Arbitragem CONIMA – Conselho Nacional das

Instituições de Mediação e Arbitragem

Colorado Colorado Participações S/A

Comitê Comitê de Desenvolvimento do Help!, responsável por

estabelecer as novas frentes prioritária de desenvolvimento

do software, discutindo a implementação de novas

ferramentas e procedimentos de correção de falhas e bugs.

CONIMA Conselho Nacional das Instituições de Mediação e

Arbitragem

Contrato de Licenciamento Contrato de Licenciamento de Software e Prestação de

Serviços de Suporte, Manutenção e Desenvolvimento

[Anexo 2]

CVM Comissão de Valores Mobiliários

CPC Código de Processo Civil (Lei Federal nº 5.869/1973)

Diretoria Diretoria da CAMARB

Diretrizes Diretrizes da International Bar Association

FIP Fundo de Investimento em Participações

Help! Software Help!

XXVIII

IBA International Bar Association

ICVM 391 Instrução Normativa da Comissão de Valores Mobiliários

n. 391, de 16 de julho de 2003.

LArb Lei de Arbitragem (Lei Federal n° 9.307/1996)

LDA Lei de Direitos Autorais (Lei Federal nº 9.610/1998)

LPI Lei de Propriedade Industrial (Lei Federal nº 9.279/1996)

LS

LSA

Lei de Softwares (Lei Federal nº 9.609/1998)

Lei das Sociedades Anônimas (Lei Federal nº 6.404/1976)

MoU Memorando de Entendimentos e Outras Avenças [Anexo

1]

Partes REQUERENTE e REQUERIDA

PE/VC Private Equity, Venture Capital

Regulamento Regulamento de Arbitragem da CAMARB

REQUERENTE Fundo de Investimentos em Participação BACAMASO

REQUERIDA Submarino Amarelo Tecnologia S/A

SMU Start Me Up Software e Tecnologia S/A

Tribunal Tribunal Arbitral constituído perante a CAMARB

TRIPS Acordo sobre aspectos dos Direitos de Propriedade

Intelectual relacionados ao Comércio, internalizado no

direito brasileiro por meio do Decreto Federal nº 1.355/94

Vilarebo Vilarebo Gestão de Investimentos S/A, gestora e

administradora do Fundo de Investimentos em

Participação BACAMASO

XXIX

ALEGAÇÕES INICIAIS

I. FATOS 1

II. O TRIBUNAL NÃO POSSUI JURISDIÇÃO SOBRE A CONTROVÉRSIA 2

A. AS PRETENSÕES DA REQUERENTE ADVÊM DE INSTRUMENTO QUE NÃO CONTÉM CLÁUSULA

COMPROMISSÓRIA 2

B. A REQUERENTE INVOCA EQUIVOCADAMENTE A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA CONSTANTE DO

CONTRATO DE LICENCIAMENTO 3

B.1. O ESCOPO DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DO CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO ABRANGE

A CONTROVÉRSIA 3

B.2. A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DO CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO PODE SER ESTENDIDA

AO MOU 4

C. O PROSSEGUIMENTO DESSA ARBITRAGEM CRIARÁ FUNDAMENTOS PARA A ANULAÇÃO DA

SENTENÇA ARBITRAL 5

D. CONCLUSÃO 5

III. INEXISTE MOTIVO PARA A SUBSTITUIÇÃO DO ÁRBITRO PRESIDENTE 6

A. O DEVER DE IMPARCIALIDADE FOI RESPEITADO DURANTE TODA A ARBITRAGEM 6

A.1. A CONDUTA DO ÁRBITRO PRESIDENTE ESTÁ EM CONFORMIDADE COM A PRÁTICA JURÍDICA

BRASILEIRA 6

A.2. O ÁRBITRO PRESIDENTE AGIU DENTRO DOS LIMITES DE SUAS FUNÇÕES 7

A.3. O RECEBIMENTO DO PATRONO DA REQUERIDA PELO ÁRBITRO PRESIDENTE ERA NECESSÁRIO

DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS 8

B. O RECEBIMENTO DO ADVOGADO DA REQUERIDA PELO ÁRBITRO PRESIDENTE NÃO

INFLUENCIOU A DECISÃO SOBRE A MEDIDA DE URGÊNCIA 8

B.1. OS ARGUMENTOS EXPOSTOS EM AUDIÊNCIA FORAM OS MESMOS DA MANIFESTAÇÃO ESCRITA 9

B.2. A DECISÃO FOI TOMADA EM CONJUNTO PELO TRIBUNAL 9

C. CONCLUSÃO 10

IV. A REQUERENTE NÃO REALIZOU INVESTIMENTO DE FATO NA REQUERIDA 10

A. A REQUERENTE NÃO PRESTOU CONTRIBUIÇÕES À REQUERIDA COM A FINALIDADE DE

INVESTIR 10

A.1. O CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO CONSTITUIU MEIO PARA A EFETIVAÇÃO DO

INVESTIMENTO 10

A.2. O AUXÍLIO PRESTADO PELA REQUERENTE À REQUERIDA NO CURSO DAS NEGOCIAÇÕES

CORRESPONDE A CUSTO TÍPICO DA ATIVIDADE DE UM FIP 11

XXX

A.3. AS CONTRIBUIÇÕES RELATIVAS AO HELP! NÃO PODEM SER REVERTIDAS PARA O CAPITAL SOCIAL

DA REQUERIDA 12

B. AS PARTES NÃO MANIFESTARAM SER FAVORÁVEIS À IMEDIATA EFETIVAÇÃO DO

INVESTIMENTO 13

C. AS PARTES SEQUER SE OBRIGARAM A DAR CONTINUIDADE ÀS TRATATIVAS DO NEGÓCIO 14

C.1. O MOU É MERO INSTRUMENTO DIRETIVO DAS NEGOCIAÇÕES ENTRE AS PARTES E NÃO

CONSTITUI CONTRATO PRELIMINAR 14

C.1.1. AS PARTES ESTIPULARAM QUE O MOU SE DESTINAVA EXCLUSIVAMENTE À REGULAÇÃO DAS

NEGOCIAÇÕES 14

C.1.2. O MOU NÃO CONTÉM OS REQUISITOS NECESSÁRIOS À FORMALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO 15

C.1.3. AS PARTES REDIGIRAM O MOU DE FORMA A NÃO SE COMPROMETEREM A CONCLUIR O

INVESTIMENTO 16

C.2. SUBSIDIARIAMENTE, EVENTUAL OBRIGAÇÃO DA REQUERIDA EM FORMALIZAR O

INVESTIMENTO NÃO COMPORTA CUMPRIMENTO ESPECÍFICO 16

C.2.1. A CLÁUSULA DE ARREPENDIMENTO ESTIPULADA PELAS PARTES IMPOSSIBILITA O

CUMPRIMENTO ESPECÍFICO DO MOU 16

C.2.2. AS PARTES DEIXARAM EM ABERTO ELEMENTOS DA OPERAÇÃO IMPRESCINDÍVEIS À EXECUÇÃO

ESPECÍFICA DO MOU 17

C.2.3. NINGUÉM É OBRIGADO A SE ASSOCIAR CONTRA A SUA PRÓPRIA VONTADE 17

D. A REQUERIDA AGIU DE FORMA LEGÍTIMA AO INTERROMPER AS NEGOCIAÇÕES EM ANDAMENTO

COM A REQUERENTE 18

D.1. A CL. 5.2 DO MOU AUTORIZAVA A INTERRUPÇÃO IMOTIVADA DAS NEGOCIAÇÕES A QUALQUER

TEMPO 18

D.2. O ROMPIMENTO DAS NEGOCIAÇÕES OCORREU POR JUSTO MOTIVO 18

E. CONCLUSÃO 19

V. O HELP! PERTENCE EXCLUSIVAMENTE À REQUERIDA 20

A. O CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO IMPLICA A CESSÃO DE QUALQUER DIREITO DE

PROPRIEDADE INTELECTUAL 20

B. A REQUERIDA NÃO FOI CONTRATADA PARA DESENVOLVER O HELP! PARA A REQUERENTE 21

C. A REQUERENTE NÃO CRIOU O HELP! 22

C.1. O CÓDIGO DO HELP! É O ÚNICO ELEMENTO QUE POSSUI PROTEÇÃO 22

C.2. AS SUGESTÕES DA REQUERENTE CONSTITUEM MERAS IDEIAS 22

C.3. AS CONTRIBUIÇÕES DA REQUERENTE SÃO AUTÔNOMAS EM RELAÇÃO AO HELP! 23

D. CONCLUSÃO 24

XXXI

VI. A REQUERENTE NÃO PODE SER PREMIADA POR UM COMPORTAMENTO

DESLEAL 24

VII. PEDIDOS 25

1

I. FATOS

1. Em agosto de 2012, a startup Submarino Amarelo Tecnologia Ltda. (“REQUERIDA”), lançou o software

Help! (“Help!”), destinado à gestão otimizada de processos relativos a investimentos realizados por

fundos de private equity e venture capital (“PE/VC”) [Caso, §2]. A solução trazida pelo Help! chamou a

atenção do mercado e despertou o interesse do Fundo de Investimentos em Participação BACAMASO

(“REQUERENTE”) em investir na REQUERIDA [Caso, §4].

2. Para regular o processo de negociação de eventual investimento futuro mediante aquisição de

participação societária, REQUERENTE e REQUERIDA (“Partes”) assinaram, em novembro de 2012,

Memorando de Entendimentos (“MoU”) [Caso, §4; Anexo 1]. Durante a negociação, a REQUERENTE

acordou que a REQUERIDA ocuparia imóvel de sua administradora e gestora, a VILAREBO Gestão de

Investimentos S/A (“Vilarebo”), que seria devolvido em caso de término do MoU [Anexo 1, cl. 3.1].

3. A REQUERENTE decidiu, ainda, começar a utilizar o Help! em sua própria gestão de investimentos. Para

isso, as Partes celebraram em dezembro de 2012 um contrato de licenciamento de uso do Help!

(“Contrato de Licenciamento”) [Caso, §5; Anexo 2].

4. Durante a execução do Contrato de Licenciamento, a REQUERENTE apenas reportava erros e bugs do

Help! e fazia sugestões de melhorias de suas funcionalidades, discutidas pelas Partes nas reuniões do

Comitê de Desenvolvimento do Help! (“Comitê”) [Caso, §7].

5. Em decorrência do aumento da demanda de uso do Help! pela REQUERENTE, em abril de 2013, as

Partes celebraram 1° Aditivo ao Contrato de Licenciamento (“Aditivo”), por meio do qual previram

aumento da remuneração da REQUERIDA [Caso, §6; Anexo 3].

6. Em julho de 2013, durante o processo de due dilligence, a REQUERIDA descobriu que a REQUERENTE

omitiu possuir, desde 2008, participação significativa na Start Me Up Software e Tecnologia S/A

(“SMU”), sociedade titular do software Angie (“Angie”), diretamente concorrente do Help!, a qual

demonstrara interesse em integrar os dois softwares e suprimir a marca Help! [Caso, §12]. Diante deste

fato, não restou alternativa à REQUERIDA senão interromper as tratativas com a REQUERENTE,

conforme expressamente autorizado pela Cláusula 5.2 do MoU [Caso, §13].

7. No entanto, em setembro de 2013, a REQUERENTE instaurou esta arbitragem baseada em cláusula

compromissória contida apenas no Contrato de Licenciamento, requerendo (i) a participação societária

na REQUERIDA, devido ao suposto investimento de fato; ou, subsidiariamente, (ii) o reconhecimento

da cotitularidade sobre o Help! [Caso, §15].

8. A REQUERENTE, ainda, protocolou pedido de medida de urgência para bloquear a venda de ações da

REQUERIDA, na tentativa de impedir sua capitalização e inviabilizar seus negócios [Anexo 10].

9. A REQUERIDA foi notificada do pedido apenas na data de início do recesso da CAMARB e procurou

o Árbitro Presidente desse Tribunal (“Árbitro Presidente”) para garantir que pudesse responder ao

2

pedido de medida de urgência [Caso, §20], expondo argumentos refletidos em manifestação

encaminhada imediatamente aos demais árbitros e à REQUERENTE [Caso, §21; Anexo 11].

10. Após todos os árbitros terem recebido a manifestação da REQUERIDA, esse Tribunal Arbitral

(“Tribunal”), de forma correta, indeferiu o pedido da REQUERENTE, por decisão unânime.

Inconformada com a decisão, e com o único objetivo de tentar anular uma ordem processual

perfeitamente válida e desestabilizar a arbitragem, a REQUERENTE impugnou o Árbitro Presidente por

suposta parcialidade decorrente do recebimento do patrono da REQUERIDA [Caso, §23; Anexo 13].

11. Após o recebimento da impugnação, o Árbitro Presidente reafirmou sua imparcialidade e

independência [Caso, §26; Anexo 15] e, em 2 de maio de 2014, foi proferida a Ordem Processual,

determinando a manifestação das partes e fixando data para audiência [Caso, §27; Anexo 16].

II. O TRIBUNAL NÃO POSSUI JURISDIÇÃO SOBRE A CONTROVÉRSIA

12. A presente controvérsia não pode ser resolvida por meio desta arbitragem, uma vez que o Tribunal não

possui jurisdição em razão de (A) as pretensões da REQUERENTE advirem do MoU, instrumento que

não contém cláusula compromissória, e (B) ao instaurar a arbitragem, a REQUERENTE ter invocado de

forma equivocada a cláusula compromissória inserida no Contrato de Licenciamento.

13. Além disso, caso o Tribunal decida pelo prosseguimento da arbitragem com base em cláusula invocada

erroneamente, (C) a sentença arbitral será passível de anulação pelo Poder Judiciário.

A. AS PRETENSÕES DA REQUERENTE ADVÊM DE INSTRUMENTO QUE NÃO CONTÉM CLÁUSULA

COMPROMISSÓRIA

14. O objeto desta arbitragem consiste nos pedidos da REQUERENTE de (i) obter participação societária na

REQUERIDA [Anexo 7, 6]; e (ii) ver reconhecida a sua cotitularidade sobre o Help! [Anexo 7, 7],

emergentes única e diretamente do MoU.

15. No que se refere ao primeiro pedido, a REQUERENTE invoca a aplicação da cláusula 4.2 do MoU [Anexo

7, 6-7], que prevê a formalização do investimento da REQUERENTE na REQUERIDA.

16. A segunda pretensão, por sua vez, seria consequência da suposta contribuição da REQUERENTE no

desenvolvimento do Help!, que decorreria diretamente das tratativas de investimento descritas no MoU,

e não da licença de uso prevista no Contrato de Licenciamento. Isso porque, o interesse da

REQUERENTE em contribuir para o aprimoramento do Help! provém apenas de sua intenção de

alavancar a REQUERIDA, e não da mera pretensão de utilização do Help! [Caso, §8].

17. Além disso, o Contrato de Licenciamento veda expressamente a transferência de titularidade do Help!

[Anexo 2, cl. 8.1], de forma que a pretensão de cotitularidade só poderia ser embasada na atuação da

REQUERENTE em decorrência das negociações previstas no MoU.

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18. O MoU, no entanto, não apresenta cláusula compromissória e as Partes não celebraram convenção de

arbitragem a ele relativa, o que demonstra que não optaram pela via arbitral para a resolução de conflitos

oriundos desse instrumento contratual.

19. Dessa forma, considerando que (i) a arbitragem é vista como renúncia à jurisdição estatal [Baptista, p.197;

Costa, p.77; Dinamarco, p.31; Figueira Júnior, p.183; Strenger, p.25; Lew, Mistelis, Kröll, p.129, TJSP Ap

9065792-30.2009.8.26.0000; TJSP Ap 9250993-32.2008.8.26.0000; TJPR EXSUSP 1089269001], só

podendo ser invocada mediante expressa manifestação das partes [Carmona 2, p.147-166; Dinamarco,

p.210], e (ii) a controvérsia emerge unicamente do MoU, não havendo nele qualquer escolha pela via

arbitral, o Tribunal não possui jurisdição para decidir a controvérsia.

B. A REQUERENTE INVOCA EQUIVOCADAMENTE A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA CONSTANTE DO

CONTRATO DE LICENCIAMENTO

20. Sabendo que o MoU não continha cláusula compromissória, a REQUERENTE utilizou-se da cláusula

contida no Contrato de Licenciamento para instaurar a arbitragem [Anexo 2, cl. 11] de forma equivocada.

Isso porque, (B.1) o escopo desta cláusula não abrange a controvérsia, e (B.2) a cláusula contida no

Contrato de Licenciamento não pode ser estendida ao objeto dessa arbitragem.

B.1. O ESCOPO DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DO CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO ABRANGE

A CONTROVÉRSIA

21. Um litígio só pode ser solucionado por meio de arbitragem caso exista cláusula compromissória com

redação que abranja a matéria da controvérsia [Selma Lemes 1, p.188; Born, p.1317]. Isso porque, é a

presença da cláusula que atesta a vontade das partes de submeter determinados conflitos à arbitragem

[Baptista, p.125; Carmona 1, p.84-85; Costa, p.77; Faria, p.72; Mendonça, p.91-116].

22. A fim de verificar se os pedidos da REQUERENTE estão abrangidos pela cláusula compromissória do

Contrato de Licenciamento, é necessário interpretar a sua redação. Essa interpretação deve ser feita de

forma restritiva [Vieira, p.5; TJRJ Ap 2007.001.17.081], ou seja, englobando somente os litígios

decorrentes do contrato no qual está inserida [Carmona 3, §15-17; Derains, p.130; Czarina v. W.F. Poe].

23. No caso, a cláusula compromissória engloba apenas as controvérsias relativas (i) à licença de uso do

Help!; e (ii) à prestação de serviços de manutenção. Esta arbitragem não discute nenhuma delas.

24. Note-se, ainda, que, caso fosse vontade das Partes submeter as controvérsias decorrentes do MoU à

arbitragem, as Partes teriam feito referência a elas na redação da cláusula compromissória,

especialmente em razão de o Contrato de Licenciamento ter sido celebrado posteriormente ao MoU.

No entanto, não foi isso que as Partes fizeram, mantendo tais conflitos sob a jurisdição estatal.

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25. Ante o exposto, a presente controvérsia não pode ser dirimida pela via arbitral, visto que a redação da

cláusula compromissória do Contrato de Licenciamento, invocada pela REQUERENTE, claramente não

abrange a matéria relacionada ao MoU e, portanto, não engloba o objeto desta arbitragem.

B.2. A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DO CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO PODE SER ESTENDIDA

AO MOU

26. Considerando que o MoU não contém cláusula compromissória e que a cláusula invocada nesta

arbitragem não abrange a presente controvérsia, é possível que a REQUERENTE suscite a possibilidade

da extensão da cláusula compromissória. No entanto, em hipótese alguma a cláusula compromissória

do Contrato de Licenciamento deve ser estendida ao objeto da disputa, uma vez que inexiste qualquer

elemento capaz de ensejar tal extensão.

27. Para que haja a extensão da cláusula compromissória é indispensável o vínculo de dependência entre

os contratos [Barrocas, p.213; Wald, p.96; ICC Award 6829; ICC Award 8420; US Court of Appeals, case 94-

35589]. Esse vínculo pode ser verificado (i) no contexto negocial em que tais instrumentos são

celebrados, observando-se suas finalidades [Barrocas, p.214; Guerrero, p.136-137; Selma Lemes 2; Born,

p.1371-1372; Gaillard, Savage, p.304; LeBoulanger, p.6]; ou (ii) a partir dos respectivos instrumentos

contratuais [Guerrero, p.135-137; Gaillard, Savage, p.304; Hanotiau, p.120-121; LeBoulanger, p.6]. No caso,

todavia, não é observado vínculo de dependência entre o Contrato de Licenciamento e o MoU.

28. Em primeiro lugar, eles possuem finalidades completamente diversas. Enquanto o MoU visava à

regulamentação das tratativas de eventual investimento da REQUERENTE na REQUERIDA [Anexo 1, cl.

1.1], o Contrato de Licenciamento tinha por objeto a concessão da licença de uso do Help! e a prestação

de serviços de manutenção [Anexo 2, cl. 1.1], o que demonstra que não há vínculo de dependência a

partir da análise do contexto negocial.

29. Em segundo lugar, quando da análise do conteúdo do MoU e do Contrato de Licenciamento, nota-se

não só que as Partes não incluíram cláusula com referência expressa ao MoU no Contrato de

Licenciamento, mas também que não há uma relação de acessoriedade entre eles.

30. A única referência no Contrato de Licenciamento às negociações que estavam sendo travadas pelas

Partes é o considerandum C, que apenas contextualiza a relação existente entre elas naquele momento,

sem fazer qualquer menção ao MoU [Anexo 2]. Ainda que esse considerandum fosse entendido como

referência implícita ao MoU, os consideranda não indicam dependência alguma entre os contratos quando

apenas se referem a antecedentes da negociação [Junqueira 1, p.212; Marino, p.107], o que ocorre no caso.

31. Não bastasse, ao celebrar o MoU, a REQUERENTE já possuía a intenção de utilizar o Help! [Caso, §5],

mas optou por celebrar o Contrato de Licenciamento em instrumento diverso apenas um mês depois,

o que reforça a independência dos instrumentos. Exatamente em razão dessa independência, é

inaplicável a Cláusula 1.2 do MoU, que prevê a interpretação favorável às disposições do MoU.

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32. Quanto à acessoriedade, ela existe nos casos em que a execução de um contrato está subordinada à

execução do outro [Caio Mário, p.70; Orlando Gomes 1, p.93; Rizzardo, p.85; Venosa, p.124 e 414]. Isso não

ocorre no caso, uma vez que o licenciamento e a prestação de serviços não demandam negociação de

aquisição de participação societária e vice-versa.

33. Assim, resta claro que o MoU e o Contrato de Licenciamento (i) não possuem a mesma finalidade; e

(ii) não fazem referência um ao outro ou são acessórios. Portanto, não há vínculo de dependência entre

eles, motivo pelo qual não é possível sequer cogitar a extensão da cláusula compromissória.

34. Ainda assim, caso o Tribunal entenda que possa existir alguma conexão entre os instrumentos, a

REQUERIDA chama à atenção desse Tribunal uma série de julgados, nacionais e internacionais, que

expressam o entendimento de que, mesmo havendo relação entre contratos, não há justificativa para a

extensão da cláusula compromissória de um ao outro [TJSP Ap. 7086044-7; TJPR Ap 288492-8; TJRJ

Ap 2007.001.17.081; TJRJ Ap.2007.001.22946; Louis Dreyfus Commodities v. Cereal Mangimi s.r.l.; Société

Sasma et autres v. société Docks de France; ICSID case ARB/81/1].

35. Dessa forma, não resta dúvida de que a cláusula compromissória não abrange a presente controvérsia,

porque (i) não existe vínculo de dependência entre o MoU e o Contrato de Licenciamento; e (ii) ainda

que o Tribunal entenda que exista, a cláusula não pode ser estendida.

C. O PROSSEGUIMENTO DESSA ARBITRAGEM CRIARÁ FUNDAMENTOS PARA A ANULAÇÃO DA

SENTENÇA ARBITRAL

36. Na remota hipótese de esse Tribunal reconhecer sua jurisdição, eventual sentença arbitral terá decidido

controvérsia cujo objeto está além do escopo previsto pelas Partes. Uma sentença arbitral proferida

fora dos limites da cláusula compromissória é nula por força do art. 32, IV, da LArb, por violar o

princípio basilar da vontade das partes [Faria, p.44].

37. A eventual extensão da cláusula compromissória impõe às partes um ato contrário à sua vontade

[Baptista, p.125; Dinamarco, p.99]. Nesse sentido, a escolha das Partes por determinada via jurisdicional

seria desrespeitada, violando-se (i) o princípio da autonomia da vontade, tão caro ao instituto da

arbitragem [Bonilha, p.138; Cerqueira, p.365; Strenger, p.114]; e (ii) a garantia constitucional da

inafastabilidade do acesso à jurisdição estatal [art. 5º, XXXV, CF].

38. Desse modo, o prosseguimento dessa arbitragem daria ensejo à anulação de eventual sentença

proferida, por força do art. 33 da LArb, o que resultaria em desperdício de tempo, dinheiro e esforços

das Partes. Assim, a fim de garantir a prolação de sentença válida e eficaz, esse Tribunal deve reconhecer

que não possui jurisdição, bem como não deve dar prosseguimento à arbitragem.

D. CONCLUSÃO

39. Diante de todo o exposto, demonstrado que (i) as pretensões da REQUERENTE advém do MoU,

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instrumento que não contém cláusula compromissória; (ii) a REQUERENTE invocou de forma

equivocada a cláusula compromissória inserida no Contrato de Licenciamento ao instaurar a

arbitragem; e (iii) o prosseguimento da arbitragem com base na cláusula compromissória invocada

ensejará a anulação da sentença arbitral, requer a REQUERIDA que esse Tribunal reconheça que não

possui jurisdição sobre a controvérsia existente entre as Partes.

III. INEXISTE MOTIVO PARA A SUBSTITUIÇÃO DO ÁRBITRO PRESIDENTE

40. No caso de esse Tribunal considerar que tem jurisdição sobre a presente controvérsia e, portanto,

prosseguir com esta arbitragem – o que somente se admite em respeito ao princípio da eventualidade

–, a composição do Tribunal deverá ser mantida, afinal (A) o Árbitro Presidente não tomou qualquer

atitude que justifique a sua substituição, tendo respeitado o seu dever de imparcialidade durante todo o

processo; e (B) a decisão do pedido de medida de urgência não foi afetada pelo contato do advogado

da REQUERIDA com o Árbitro Presidente, o que confirma que ele não deve ser substituído.

A. O DEVER DE IMPARCIALIDADE FOI RESPEITADO DURANTE TODA A ARBITRAGEM

41. O Árbitro Presidente respeitou o dever de imparcialidade durante essa arbitragem, visto que (A.1) as

normas aplicáveis não vedam a comunicação dos árbitros com os representantes das Partes, estando

tal conduta em total conformidade com a prática jurídica brasileira. Ademais, (A.2) o Árbitro Presidente

agiu dentro dos limites de suas funções, mesmo porque (A.3) a comunicação com o advogado da

REQUERIDA era necessária devido às circunstâncias fáticas de excepcional urgência.

A.1. A CONDUTA DO ÁRBITRO PRESIDENTE ESTÁ EM CONFORMIDADE COM A PRÁTICA JURÍDICA

BRASILEIRA

42. As Partes, ao assinarem o Termo de Arbitragem, decidiram submeter a solução da presente controvérsia

à administração da CAMARB bem como às normas constantes de seu Regulamento [Anexo 9], o qual

prevê expressamente a aplicação do Direito brasileiro [Regulamento, art. 12.6]. Da análise do Regulamento

e da legislação brasileira, depreende-se que é lícita a comunicação individual dos árbitros com os

representantes das partes.

43. Além disso, em razão de a CAMARB ser filiada ao CONIMA, aplica-se também o Código de Ética do

CONIMA [Apresentação CAMARB, Item 9], cujas regras preveem os princípios fundamentais aplicáveis

aos árbitros, determinando um verdadeiro padrão de conduta [Código de ética, item II], não havendo

qualquer proibição à comunicação individual dos árbitros com as partes e seus advogados.

44. O fato de não haver vedação a essa conduta é condizente com o modelo de solução de litígios

tipicamente brasileiro, que permite a realização do “despacho” [STJ RMS 18296/SC]. Considerando

que a arbitragem se desenvolve perante uma câmara brasileira referência no cenário nacional, a

proibição desse comportamento demonstraria incongruência com os costumes do país, o que é

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inadmissível. As peculiaridades culturais da sede de arbitragens domésticas devem ser levadas em

consideração no processo arbitral [US Court of Appeals, case 84-7351; US Court of Appeals, case 87-2184].

45. Com efeito, esse é o mesmo motivo pelo qual as diretrizes de soft law da IBA (“Diretrizes”), que vedam

a comunicação ex parte, não podem ser aplicadas ao caso em tela. Tendo sido criadas num contexto

internacional e de common-law [Carmona 4, p.26; Tercier, p.200], as Diretrizes estão em dissonância com o

padrão de conduta esperado em arbitragens inseridas no contexto brasileiro. De fato, não há qualquer

identidade entre os costumes anglo-saxões e os costumes latino-americanos que poderia justificar a

aplicação de tais diretrizes [Carmona 4, p.26-27], motivo pelo qual elas não podem ser adotadas sem que

haja o expresso consentimento das partes [Lucon, p.40].

46. Ademais, cumpre salientar que as Diretrizes não se referem a situações em que o teor da comunicação

entre o representante das partes e os árbitros relaciona-se com a concessão de medidas de urgência -

nesses casos, cabe unicamente a análise da legislação aplicável àquele processo arbitral [Mourre, Zuleta

p.108]. Nota-se que a legislação aplicável a essa arbitragem permite o contato do patrono da

REQUERIDA com o Árbitro Presidente sobre medidas de urgência.

47. Evidente, portanto, que o Árbitro Presidente não pode ser injustamente considerado parcial por ter

recebido o patrono da REQUERIDA, uma vez que não existe qualquer vedação ao comportamento por

ele adotado nas normas aplicáveis à arbitragem.

A.2. O ÁRBITRO PRESIDENTE AGIU DENTRO DOS LIMITES DE SUAS FUNÇÕES

48. O Árbitro Presidente cumpriu com as funções específicas do seu cargo, dentre as quais a

responsabilidade pelas questões administrativas e pelo correto desenvolvimento do processo arbitral

[Carmona 1, p.235; Estavillo-Castro, p.393; Gaillard, Savage, p.682-683; Peters, p.140-141].

49. Destacando-se por sua equidistância das partes [França Gouveia, p.6-7; Pinto Leite, p.114; Koch, p.332-333],

o árbitro presidente qualifica-se como a pessoa mais indicada para realizar comunicações individuais

com os procuradores das partes [Carmona 4, p.32; Estavillo-Castro, p.406].

50. Tendo o Árbitro Presidente agido em plena conformidade com o que dele se espera, não é razoável

que a REQUERENTE apresente pedido de impugnação sem indicar elementos que demonstrem que a

conduta do Árbitro Presidente foi efetivamente parcial.

51. Com efeito, a fundamentação de um pedido de impugnação deve ser baseada em evidências concretas

[Martins p.210; Elias, p.79; Faria, p.152; Ferro, p.852; Lucon p.42; Born, p.1477; Koch p.335; TJSP Ap

9124982-89.2007.8.26.0000; TJDFT Ap 1999.01.1.083360-3; TJPR AI 823.219-3; US Court of Appeals,

case 80-1750, 80-1803 and 81-1161; US Court of Appeals, case 80-5630], e não no mero desconforto de

uma parte [Elias, p. 67; US Court of Appeals, case 84-5598, 84-5742; US Court of Appeals, case 82-2885; US

Court of Appeals, case 80-7387; US Court of Appeals, case 91-3226, 91-3689]. Ademais, a impugnação

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infundada de um árbitro, além de violar o princípio da boa-fé, também gera aumento dos custos de

transação, o que prejudica ambas as partes [Nunes Pinto, p.83].

52. No caso, o fato de o Árbitro Presidente ter recebido o patrono da REQUERIDA apenas garantiu que o

direito ao contraditório, permitindo que ambas as Partes pudessem se manifestar mesmo tendo a

CAMARB entrado em recesso e, portanto, antes que uma decisão tardia pudesse prejudicá-las.

53. Resta demonstrado, pois, que o Árbitro Presidente agiu dentro dos limites de suas funções, respeitando

seu dever de imparcialidade, razão pela qual não deve ser substituído.

A.3. O RECEBIMENTO DO PATRONO DA REQUERIDA PELO ÁRBITRO PRESIDENTE ERA NECESSÁRIO

DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS

54. É importante ressaltar que o contexto no qual se encontravam as Partes, os árbitros e a CAMARB

ensejou a necessidade da comunicação entre o Árbitro Presidente e o patrono da REQUERIDA. Ao

receber o advogado da REQUERIDA, o Árbitro Presidente acertadamente ponderou o contexto fático

que se colocava em torno do pedido de medida de urgência, bem como considerou que o recesso da

CAMARB iniciou-se na mesma data em que a REQUERIDA recebeu a cópia do pedido [Anexo 15].

55. O contexto fático era caracterizado pela necessidade de aumento de capital da REQUERIDA, como

forma de viabilizar o investimento já negociado com a Colorado [Caso, §18]. Considerando que o lapso

temporal entre a decisão de aumentar o capital e a efetiva captação de recursos deve ser o menor

possível [Eizirik, p.490], cabe ao árbitro ponderar a situação [Costa, p.102; Dinamarco, p.114] e decidir

antes que o dano se torne irreparável [Carmona 4, p.33].

56. Por esses motivos, o simples protocolo da manifestação pela REQUERIDA não seria suficiente para

evitar tempestivamente o bloqueio do aumento de capital, já que a manifestação somente seria

encaminhada aos árbitros após o final do recesso, quando o dano já teria se tornado irreparável, o que

prova a necessidade de o Árbitro Presidente ter recebido o patrono da REQUERIDA.

57. Por todo o exposto, fica comprovado que o Árbitro Presidente (i) agiu de acordo com as normas e

práticas nacionais, bem como (ii) dentro dos limites de suas funções. Além disso, (iii) sua conduta se

justifica pela situação de urgência, motivo pelo qual não foi desrespeitado o dever de imparcialidade.

Portanto, o Árbitro Presidente deve ser mantido no Tribunal, caso decida-se pelo prosseguimento dessa

arbitragem.

B. O RECEBIMENTO DO ADVOGADO DA REQUERIDA PELO ÁRBITRO PRESIDENTE NÃO

INFLUENCIOU A DECISÃO SOBRE A MEDIDA DE URGÊNCIA

58. A decisão proferida por meio da Ordem Processual n. 1 [Anexo 12] não foi influenciada pelo fato de o

Árbitro Presidente ter recebido o patrono da REQUERIDA, uma vez que (B.1) os argumentos expostos

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nessa ocasião foram os mesmos apresentados pela REQUERIDA em manifestação escrita. Além disso,

(B.2) a decisão foi tomada em conjunto pelos três árbitros que compõem o Tribunal.

B.1. OS ARGUMENTOS EXPOSTOS EM AUDIÊNCIA FORAM OS MESMOS DA MANIFESTAÇÃO ESCRITA

59. O mero recebimento do advogado da REQUERIDA pelo Árbitro Presidente não a beneficiou. Isso

porque, o conteúdo discutido correspondeu estritamente àquilo que foi apresentado em manifestação

escrita [Anexo 12], encaminhada no mesmo dia aos outros árbitros e à REQUERENTE [Caso, §21].

60. Dessa forma, ainda que a comunicação oral não tivesse ocorrido, o Tribunal certamente concluiria pela

improcedência da medida de urgência, pois levaria em consideração exatamente os mesmos

argumentos traduzidos na manifestação escrita. O único efeito da reunião, portanto, foi permitir que

os árbitros decidissem durante o recesso da CAMARB, beneficiando, em verdade, ambas as Partes, que

não tiveram que suportar o prejuízo da demora da decisão [III.A.3, supra].

61. Ante o exposto, o mero recebimento do advogado da REQUERIDA pelo Árbitro Presidente não

influenciou a decisão do Tribunal sobre a medida de urgência, uma vez que o advogado apenas

apresentou oralmente os argumentos contidos na manifestação escrita, de modo que não há justificativa

para a substituição do Árbitro Presidente.

B.2. A DECISÃO FOI TOMADA EM CONJUNTO PELO TRIBUNAL

62. Há que se ressaltar, ainda, que a decisão da medida de urgência foi tomada em conjunto pelos três

árbitros que compõem o Tribunal [Caso, §22], o que confirma que o mero recebimento do advogado

da REQUERIDA pelo Árbitro Presidente não influenciou o conteúdo da decisão, não havendo motivos

para questionar sua validade.

63. Com efeito, um órgão colegiado produz uma decisão mais qualificada e eficiente do que aquela tomada

por árbitro único [Romero, p.289]. Isso porque, o conjunto de árbitros tem a oportunidade de dialogar

profundamente sobre a questão, garantindo uma análise mais precisa do caso, sob diferentes pontos de

vista, o que diminui o risco de interpretações equivocadas [Brodsky, p.195; Born, p.1355; Caron, Caplan e

Pellonpaa, p.172; Craig, Park e Paulson, p.208; Júdice, p.23; Lew e Mistelis, p.226; Yu Jin Tay, p.114].

64. Dessa forma, o contato do advogado de uma das partes com apenas um dos árbitros não é suficiente

para macular a decisão unânime proferida por um colégio arbitral [TJSP AI 0025150; LCIA, n. 5665;

Spector v. Torenberg]. Tendo em vista que a questão acerca da medida de urgência foi amplamente

discutida por todos os três árbitros [Anexo 17, 24], não há que se questionar sua validade.

65. Demonstrado que (i) os argumentos expostos na conversa entre o Árbitro Presidente e o patrono da

REQUERIDA foram os mesmos apresentados em manifestação escrita; e (ii) a decisão foi tomada em

conjunto pelos três árbitros, não há razão para a substituição do Árbitro Presidente.

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C. CONCLUSÃO

66. Por todo o exposto, caso esse Tribunal decida pelo prosseguimento dessa arbitragem, a REQUERIDA

requer seja rejeitada a impugnação ao Árbitro Presidente, uma vez que (i) o Árbitro Presidente não

tomou qualquer atitude que justifique a sua substituição, tendo respeitado o seu dever de imparcialidade

durante todo o processo; e (ii) a decisão do pedido de medida de urgência não foi afetada pelo contato

do advogado da REQUERIDA com o Árbitro Presidente.

IV. A REQUERENTE NÃO REALIZOU INVESTIMENTO DE FATO NA REQUERIDA

67. Caso o Tribunal entenda que essa arbitragem deve prosseguir, o que se admite a título de argumentação,

deve reconhecer que não houve investimento de fato capaz de atribuir à REQUERENTE o direito de

obter participação societária na REQUERIDA, porque (A) nenhuma das contribuições da REQUERENTE

foram prestadas à REQUERIDA com essa finalidade. Além disso, (B) as Partes não se manifestaram

favoravelmente à imediata efetivação do investimento; e (C) sequer se obrigaram a dar continuidade às

tratativas do negócio, e, mesmo que o tivessem feito, (D) a REQUERIDA agiu de forma legítima ao

interromper as negociações em curso com a REQUERENTE.

A. A REQUERENTE NÃO PRESTOU CONTRIBUIÇÕES À REQUERIDA COM A FINALIDADE DE INVESTIR

68. A REQUERENTE alega em seu requerimento de arbitragem [Anexo 7] que faria jus à participação

societária na REQUERIDA, uma vez que teria (i) financiado o desenvolvimento do Help! por meio do

Contrato de Licenciamento; (ii) disponibilizado escritório para o exercício das atividades da

REQUERIDA no decorrer das tratativas; e (iii) colaborado com o desenvolvimento do Help!.

69. Entretanto, nenhuma dessas contribuições pode caracterizar investimento de fato e, assim ser

convertida em participação societária, tendo em vista que (A.1) o Contrato de Licenciamento não é

meio para a efetivação do investimento; e (A.2) o auxílio prestado pela REQUERENTE no curso das

negociações corresponde a custo típico da atividade de um Fundo de Investimento em Participações

(“FIP”). Além disso, (A.3) as meras sugestões ao Help! não podem ser revertidas em capital social da

REQUERIDA.

A.1. O CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO CONSTITUIU MEIO PARA A EFETIVAÇÃO DO

INVESTIMENTO

70. A alegação da REQUERENTE de que a celebração do Contrato de Licenciamento serviu para financiar

o desenvolvimento do Help! é desarrazoada. Além de inexistir nexo de dependência entre o Contrato

de Licenciamento e o MoU [II.B.2, supra], todas as parcelas pagas pela REQUERENTE à REQUERIDA

não se estendem para além dos limites do Contrato de Licenciamento.

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71. A relação de reciprocidade e interdependência entre obrigações sinalagmáticas existe desde a

constituição do negócio até o cumprimento das prestações devidas por cada uma das partes [Gagliardi,

p.83-84; Moraes, p.107]. Nesse contexto, uma prestação existirá na exata medida em que a outra também

existir, caracterizando a sua causa [Orlando Gomes 1, p.111] e consequente justificativa para o

deslocamento patrimonial que resulta do adimplemento [Hironaka, p.228].

72. No caso, o Contrato de Licenciamento tem objeto certo e delimitado [V.B, infra] – a concessão de

licença de uso do Help! e a prestação de serviços de manutenção pela REQUERIDA [Anexo 2, cl.1.1], com

a correspondente remuneração devida pela REQUERENTE [Anexo 2, cls.5.1 e 5.2]. Tanto é assim que as

Partes optaram por celebrar o Aditivo para manter o equilíbrio entre o volume dos serviços

demandados e os valores das parcelas correspondentes [Anexo 3, considerandum B].

73. Portanto, o sinalagma do Contrato de Licenciamento e o permanente equilíbrio entre as prestações

devidas demonstram que a remuneração paga pela REQUERENTE não configurou investimento.

A.2. O AUXÍLIO PRESTADO PELA REQUERENTE À REQUERIDA NO CURSO DAS NEGOCIAÇÕES

CORRESPONDE A CUSTO TÍPICO DA ATIVIDADE DE UM FIP

74. O uso de escritório de propriedade da Vilarebo, o pagamento de despesas pela ocupação desse espaço

e a contratação da funcionária de TI pela REQUERENTE tampouco constituem investimento. Na

realidade, todas essas contribuições representam custo típico dos negócios da REQUERENTE.

75. A realização de cuidadoso processo analítico e preparatório do investimento é prática corrente no

mercado de PE/VC [Offa, p.29; Gioielli, p.17; ABVCAP 2, p.13]. Para selecionar as empresas que irão

compor a sua carteira de investimento, um FIP costuma realizar trabalhos estratégicos antes mesmo de

investir. Nesse sentido, as gestoras de FIPs oferecem às empresas-alvo do investimento uma rede de

parceiros das áreas jurídica, tecnológica, financeira e mercadológica, de forma a minimizar os riscos

oriundos da operação [Revista Capital Aberto; ABVCAP 2, p.20].

76. Dessa forma, enquanto player experiente do mercado de PE/VC, a REQUERENTE sabia não estar

investindo na REQUERIDA ao disponibilizar infraestrutura e fornecer subsídios ao aprimoramento do

principal projeto dessa empresa, o Help!. Ao contrário, a REQUERENTE apenas buscava avaliar a

capacidade criativa, produtiva e financeira da REQUERIDA e patrocinar processo preparatório para

eventual investimento, mitigando os riscos do possível negócio.

77. Também à luz da dinâmica do mercado de PE/VC, verifica-se que a assinatura dos instrumentos que

estruturam a operação, via de regra, antecedem o investimento na empresa-alvo [Santos, p.56-57].

Considerando que a reiteração de um mesmo comportamento (i) torna esse padrão de conduta

previsível e vinculante aos contratantes [Forgioni, p.117; Caio Mário, p.44]; e (ii) enriquece o negócio

jurídico como se fosse direito objetivo [Couto e Silva, p.37], havia legítima expectativa da REQUERIDA de

que todos os recursos ora alegados pela REQUERENTE não configurariam investimento.

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78. Ademais, não cabe ao investidor transferir os riscos inerentes a sua atividade de investimento para a

empresa investida [Santos, p.29-30]. No caso, as próprias Partes concordaram que todas as despesas

necessárias à preparação do investimento na REQUERIDA correriam às expensas da REQUERENTE.

79. Com base em cláusula expressa do MoU, os custos oriundos da ocupação do escritório seriam

deduzidos do valor a ser investido em troca de participação societária apenas se as Partes optassem pelo

fechamento do negócio [Anexo 1, cl. 4.3]. Prova disso é que a REQUERENTE silenciou quanto à possível

divisão dos custos de infraestrutura na hipótese de a operação não ser levada adiante, atribuindo à

REQUERIDA a singular obrigação de devolver as chaves do imóvel em caso de término das tratativas

[Anexo 1, cl. 3.3]. Assim, não tendo sido celebrada a operação de investimento, não pode a

REQUERENTE querer transferir os custos típicos de sua atividade à REQUERIDA.

80. Por fim, é necessário destacar que todos os custos relativos ao imóvel disponibilizado à REQUERIDA

foram incorridos pela Vilarebo, e não pela REQUERENTE, o que reitera o entendimento de que tais

custos não constituem investimento. Isso porque, é função típica da gestora prospectar e negociar os

ativos do FIP por sua própria conta, cabendo somente ao último injetar os recursos correspondentes

ao investimento quando da formalização do negócio [art. 33, §2º, I, ABVCAP 1; Infomoney].

81. Assim, é inadmissível que a REQUERENTE adquira participação societária em contrapartida às despesas

de infraestrutura e subsídios ao aprimoramento do Help!, pois ambos integram o risco de sua atividade.

A.3. AS CONTRIBUIÇÕES RELATIVAS AO HELP! NÃO PODEM SER REVERTIDAS PARA O CAPITAL SOCIAL

DA REQUERIDA

82. Nenhuma das despesas arcadas pela REQUERENTE teve relação com o investimento projetado pelas

Partes. Além disso, esse Tribunal também não pode entender as sugestões feitas pela funcionária de TI

da REQUERENTE como investimento apto a gerar aquisição de participação societária na REQUERIDA.

83. Decidir de outra maneira consistiria em violação à lei brasileira, que veda a integralização do capital

social através da simples prestação de serviços e, consequentemente, por meio de meras contribuições

de know how [Machado, p.799; Verçosa, p.134; TJSP AI 630.378-4/8-0]. Tal vedação existe tanto para uma

sociedade limitada [art.1.055, §2º, CC], como era a REQUERIDA no início das tratativas com a

REQUERENTE [Anexo 1, cl.4.4], quanto para uma sociedade anônima [art. 7º, LSA], atual forma societária

da REQUERIDA [Caso, §11].

84. Esta proibição legal está em consonância com o aspecto indissociável do know how em relação à pessoa

que o detém, como ocorre em outras formas de prestação de serviço. O fato de o know how (ou

experiência acumulada) ser intransmissível, a não ser como mera força de trabalho, inviabiliza a sua

admissão como forma de integralização de capital em sociedade anônima [Borba, p.198].

85. Mesmo que o Tribunal entenda que a REQUERENTE não prestou serviços de assessoria técnica, e

considere que o know how da funcionária de TI da REQUERENTE é um bem intangível, não é possível

13

considerá-lo como forma válida de integralização do capital social da REQUERIDA, pois não houve sua

conversão em valor monetário.

86. De fato, para que seja viável a integralização por meio de bens intangíveis, seria necessária a estipulação

e aplicação de métodos adequados para mensurar, avaliar e gerenciar o bem intangível [Antunes, César,

p.7], o que não foi feito no caso; impossibilitando a caracterização das sugestões da funcionária de TI

como integralização do capital social na REQUERIDA.

87. Também não se pode dizer que a REQUERENTE teria adquirido a condição de sócia de fato da

REQUERIDA, pois não é possível que uma sociedade anônima seja constituída apenas de fato,

inobservando as disposições legais [STF RE 102967/RJ]. Os únicos casos em que é possível a figura

do sócio de fato se referem à associação para formação de uma nova sociedade [TJSP AC 137861] ou

empreendimento específico [TJSP AC 5871644]. Isso não se aplica ao caso porque a REQUERENTE

pretende ingressar nos quadros sociais da REQUERIDA, sociedade constituída em 2008 [Caso, §1].

88. Ante o exposto, restou demonstrado que não há direito de participação a ser conferido à REQUERENTE,

já que todas as suas contribuições decorreram de motivo diverso ao investimento, o qual só poderia

ocorrer mediante a aquisição de títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações [art.

2º, caput, ICVM 391] por meio de contribuições em dinheiro ou bens suscetíveis de avaliação em

dinheiro [art. 7º, LSA], o que não foi acordado pelas Partes.

B. AS PARTES NÃO MANIFESTARAM SER FAVORÁVEIS À IMEDIATA EFETIVAÇÃO DO INVESTIMENTO

89. Ainda que a REQUERENTE alegue ter investido na REQUERIDA, em nenhum momento as Partes

manifestaram-se favoráveis à imediata efetivação do investimento. Durante as tratativas, a conduta das

Partes sempre se orientou pela análise da viabilidade econômica e conveniência do negócio quando do

encerramento das negociações.

90. A maior evidência disso é que a due dilligence na REQUERIDA, promovida em benefício da própria

REQUERENTE, sequer havia terminado quando da interrupção das negociações [Caso, §12]. A due

dilligence visa justamente à verificação da situação de uma sociedade [Mori, p.6], possibilitando ao

investidor identificar eventual desvantagem não aparente [Godfrey, p.357] e que tenha o potencial de

afetar [Sher, p.15] ou impossibilitar a transação [Sherman, p.68]. Assim, a pendência de due dilligence sinaliza

(i) a ausência de convicção dos contratantes quanto à celebração do negócio [Rocha, p.54]; (ii) a ausência

de realização de valuation das ações e consequente definição do preço de sua emissão [Camp, p.3,

Saldanha, p.7]; e, finalmente, (iii) a possibilidade de o investimento não vir a se concretizar [Rossi, p.53].

91. Não por outro motivo, as Partes sempre se referiram ao investimento como um evento futuro e

pendente de acertos substanciais à própria existência da transação [Caso, §§8 e 10; Anexo 5], o que revela

o seu caráter não vinculante [Caso Disco].

14

92. O MoU apenas tinha a finalidade de regular as negociações travadas entre as Partes, ao passo que

continha cláusula expressa de arrependimento e deixava em aberto aspectos essenciais para que esse

instrumento fosse considerado vinculante [IV.C.1, infra]. Mesmo após a transformação da REQUERIDA

em sociedade anônima [Caso, §11], as Partes ainda se referiam aos termos básicos do investimento em

caráter estritamente informal e preliminar [Caso, §10; Anexo 17, 1].

93. A pendência da indicação do Diretor Financeiro (CFO) é outro indicativo de que as Partes ainda não

haviam deliberado favoravelmente à efetivação do investimento [Anexo 17, 6]. O CFO exerceria papel

crucial na due diligence, organizando demonstrativos financeiros e analisando financeiramente a

REQUERIDA para que a REQUERENTE decidisse se investiria ou não e qual seria o aporte de capital em

eventual investimento. De fato, cumpre ao CFO posicionar-se entre a empresa e os investidores

externos, explicando resultados dos ganhos e previsões para os investidores e a mídia [Brealey, p.6-7].

94. Por meio desta arbitragem, a REQUERENTE tenta enquadrar os custos de sua atividade em uma moldura

nunca antes definida ou mesmo discutida entre as Partes. Durante toda a negociação, inexistiu qualquer

consenso entre elas quanto à efetiva celebração do negócio.

C. AS PARTES SEQUER SE OBRIGARAM A DAR CONTINUIDADE ÀS TRATATIVAS DO NEGÓCIO

95. Ficou demonstrado que as Partes não consentiram em efetivar o investimento. Além disso, a

REQUERENTE também não pode pleitear direito de participação societária na REQUERIDA, pois as

Partes sequer se obrigaram a dar sequência às negociações, uma vez que (C.1) o MoU é mero

instrumento diretivo das tratativas do investimento, não constituindo contrato preliminar, e, ainda que

pudesse ser considerado como tal, (C.2) o MoU não comporta cumprimento específico.

C.1. O MOU É MERO INSTRUMENTO DIRETIVO DAS NEGOCIAÇÕES ENTRE AS PARTES E NÃO

CONSTITUI CONTRATO PRELIMINAR

96. O MoU não constitui contrato preliminar à futura operação de investimento almejada pelas Partes, na

medida em que, por estipulação expressa, esse instrumento (C.1.1) tinha a finalidade exclusiva de

regular as negociações entre REQUERIDA e REQUERENTE. Ademais, (C.1.2) o MoU não contém os

requisitos essenciais do contrato de investimento; assim como (C.1.3) as cláusulas ali estipuladas

evidenciam que, em nenhum momento, as Partes se comprometeram a concluir o investimento.

C.1.1. AS PARTES ESTIPULARAM QUE O MOU SE DESTINAVA EXCLUSIVAMENTE À REGULAÇÃO DAS

NEGOCIAÇÕES

97. O objeto do MoU foi expressamente definido como a regulação da relação entre as Partes durante a

fase de negociações [Anexo 1, cl.1.1]. Em outras palavras, por meio do MoU, as Partes fixaram as

premissas norteadoras de documentos que, em momento conveniente e oportuno, constituiriam as

obrigações de cada parte relativas à operação [Anexo 1, cls. 1 e 2]; nada além disso.

15

98. A restrição do escopo do MoU encontra respaldo no próprio mercado de PE/VC. Por vezes

denominado term sheet ou carta de intenção, um memorando de entendimentos objetiva, via de regra,

(i) a apresentação simplificada das primeiras intenções das partes quanto aos direitos e obrigações que

venham a assumir; e (ii) a criação de regras que auxiliarão os contratantes no preparo dos documentos

definitivos do investimento [FGV, p.150; Santos, p.57].

99. Tanto é assim que as negociações que precedem o contrato preliminar, ainda quando documentadas,

não tem o condão de estabelecer um vínculo obrigacional entre as partes [Botrel, p.256; Orlando Gomes 1,

p.61; Pereira, p.54; Rossi, p.47]. De fato, o aspecto não vinculante de um memorando de entendimentos

permite que as partes analisem e discutam o negócio em profundidade, para julgarem se este lhes é

conveniente e para se precaverem na redação do contrato definitivo contra eventuais prejuízos que

possam ocorrer na execução da operação [Costa, p.51].

100. O contrato preliminar, ao contrário, não se esgota com a mera formalização por escrito de premissas

que as partes devem adotar nas tratativas [Orlando Gomes 1, p.61; Saad, p.410] e se destina a criar uma

obrigação futura de constituir uma relação contratual definitiva [Pereira, p.109, Tomasetti, p.18, c p.124;

Serpa Lopes, p.94], o que destoa da finalidade vislumbrada pelas Partes relativamente ao MoU.

101. Dessa forma, em razão de sua finalidade, o MoU firmado entre as Partes não pode ser considerado

contrato preliminar, mas mero instrumento diretivo de negociações.

C.1.2. O MOU NÃO CONTÉM OS REQUISITOS NECESSÁRIOS À FORMALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO

102. Além de possuir finalidade própria, o MoU não pode ser considerado contrato preliminar por não

conter os elementos essenciais ao negócio definitivo vislumbrado pelas Partes. Isso porque, somente

existirá contrato preliminar quando, por indicação clara dos contratantes [Botrel, p.255], houver definição

dos elementos essenciais do contrato definitivo [art. 462, CC; Tomasetti, p.20; Zanetti, p.126] e acordo

sobre os elementos naturais e acidentais indispensáveis para o consentimento [Prado Fiho, p.108].

103. Nesse sentido, o MoU só poderia ser classificado como contrato preliminar se contivesse os elementos

essenciais ao negócio de investimento, correspondente a contrato de compra e venda de novas ações

e/ou debêntures, a saber: objeto definido, preço (determinado ou determinável) e o consentimento das

partes [Anexo 1, cl.4.2; LAVCA, p.11; Rocha, p.90]. Também é comum que esse tipo contratual contenha

a indicação dos números e séries das ações e/ou debêntures que serão emitidas, o valor e as condições

de pagamento e de saída do FIP da empresa investida [Barrueco, Perrotti p.18; FGV, p.166].

104. No caso, o MoU (i) não define a quantidade de ações e/ou debêntures que seriam adquiridas pela

REQUERENTE; (ii) não fixa o preço a ser pago pela REQUERENTE pela aquisição da participação

societária; e também (iii) não expressa o consentimento das Partes. Ao contrário, as Partes limitaram-

se a estipular um parâmetro daquilo que, posteriormente, nortearia a estruturação da operação [MoU,

16

cl. 4.1]. É evidente, assim, que o MoU não contém os elementos essenciais de um possível contrato

definitivo, o que afasta sua caracterização como contrato preliminar.

C.1.3. AS PARTES REDIGIRAM O MOU DE FORMA A NÃO SE COMPROMETEREM A CONCLUIR O

INVESTIMENTO

105. Não bastasse a ausência dos elementos necessários a um contrato preliminar, a redação das cláusulas

do MoU deixa explícito que o documento não obrigava as Partes a levar as negociações adiante.

106. Primeiro, porque as Partes optaram por utilizar linguagem condicional [Anexo 1, cl. 3.3], a qual,

normalmente, expressa a intenção e o cuidado dos futuros contratantes em não se obrigarem

mutuamente [Caso Disco]. Além disso, a estipulação de possibilidade de interrupção das tratativas a

qualquer tempo e livre de qualquer ônus [Anexo 1, cl. 5.2; IV.D.1, infra] torna evidente a intenção das

Partes de não assumir nenhum compromisso recíproco.

107. Ante o exposto, demonstrado que o MoU consiste em instrumento diretivo das negociações e dos

documentos que poderiam vir a ser celebrados pelas Partes, os quais, frise-se, só não foram firmados

em razão da conduta desleal da REQUERENTE [VI, infra], a REQUERIDA requer não seja reconhecido o

direito de participação societária da REQUERENTE.

C.2. SUBSIDIARIAMENTE, EVENTUAL OBRIGAÇÃO DA REQUERIDA EM FORMALIZAR O INVESTIMENTO

NÃO COMPORTA CUMPRIMENTO ESPECÍFICO

108. Ainda que o MoU seja considerado contrato preliminar à operação de investimento, esse Tribunal não

está autorizado a dar cumprimento específico à suposta obrigação de formalizá-la. Primeiro, porque

(C.2.1) o MoU contém cláusula de arrependimento que impede sua execução. Segundo, porque (C.2.2)

as Partes deixaram em aberto a definição de termos da operação imprescindíveis ao cumprimento

específico do MoU. Ademais, o cumprimento específico do MoU também violaria princípio

constitucional, uma vez que (C.2.3) ninguém é obrigado a se associar contra a sua própria vontade.

C.2.1. A CLÁUSULA DE ARREPENDIMENTO ESTIPULADA PELAS PARTES IMPOSSIBILITA O CUMPRIMENTO

ESPECÍFICO DO MOU

109. É lícito que, em decorrência da autonomia da vontade das partes, os contratantes estipulem o direito

de qualquer um deles desistir do negócio jurídico, inserindo no instrumento uma cláusula de

arrependimento [Moura, p.28; Peluso, p.497].

110. Portanto, é perfeitamente válida a cl. 5.2 do MoU, que exime as Partes de celebrarem o negócio

definitivo ao prever que “qualquer das Partes poderá, a qualquer tempo, interromper as negociações objeto deste

Memorando independentemente do motivo” [Anexo 1, cl. 5.2]. Essa cláusula, assim, atende aos requistos de

explicitude e precisão, entendidos como necessários para a classificação de um dispositivo como

17

cláusula de arrependimento [Araken de Assis, p.447, STJ REsp. 27.384-SP]. Ressalte-se que, ainda que

inexistente tal disposição, a interrupção das tratativas foi suficientemente motivada [IV.D.2, infra].

111. Assim, a existência de cláusula de arrependimento obsta a adjudicação do contrato definitivo [art. 463,

CC; Rosenvald, p.515; Tomasetti, p.268; Zanetti, p.149], que seria celebrado pelas Partes, devendo esse

Tribunal reconhecer a impossibilidade de celebração do investimento por meio de sentença arbitral.

C.2.2. AS PARTES DEIXARAM EM ABERTO ELEMENTOS DA OPERAÇÃO IMPRESCINDÍVEIS À EXECUÇÃO

ESPECÍFICA DO MOU

112. Ainda que se considere o MoU um contrato preliminar, as Partes silenciaram a respeito de relevantes

condições da operação, sem as quais a constituição do negócio definitivo, mediante o cumprimento

específico do MoU, se torna juridicamente impossível.

113. Com efeito, contratos preliminares que carecem de acordos residuais ulteriores não comportam

cumprimento específico [Tomasetti, p.24]. Isso porque, não definidos diversos pontos do regramento

negocial, a declaração de vontade de um dos contratantes não pode ser simplesmente suprida pelo

exercício da tutela jurisdicional [Junqueira 2, p.250-255; Tomasetti, p.245; Zanetti, p.146; Caso Disco].

114. No caso, as Partes não determinaram de forma definitiva o preço, nem os parâmetros para a sua

definição [IV.C.1.2, supra] e tampouco a REQUERENTE especificou como o investimento seria

formalizado [Anexo 1, cl. 4.2]. Ainda, o valor final do aporte de capital não foi definitivamente acordado,

uma vez que as Partes ainda estavam em fase de due dilligence [Caso, §11], e, não tendo conhecimento de

todas as contingências da operação, indicaram valores apenas de forma preliminar [Caso, §10].

115. Logo, na existência de lacunas em pontos relevantes do negócio, é impossível o cumprimento específico

do MoU pelo Tribunal sem que este afronte a autonomia das Partes.

C.2.3. NINGUÉM É OBRIGADO A SE ASSOCIAR CONTRA A SUA PRÓPRIA VONTADE

116. Na ausência de consenso quanto à aquisição de participação societária pela REQUERENTE, eventual

execução específica do MoU violaria o princípio da liberdade de associação [art. 5.º, XX, CF], que

abrange objetivamente tanto associações quanto sociedades [José Afonso, p.267].

117. A celebração de um contrato de sociedade ou a entrada de um novo sócio em uma sociedade pré-

existente exigem, além de inequívoca manifestação de vontade, a finalidade de empreender esforços

para atingir objetivo econômico comum [Verçosa, p.272-273; Ulhôa Coelho, p.398]. No caso, todavia,

inexiste tal convergência de vontades em prol da realização de uma atividade empresarial. No momento,

interessa somente à REQUERENTE a celebração do contrato de investimento, uma vez que os sócios da

REQUERIDA já se manifestaram contra a entrada daquela como sócia [Anexo 6].

118. Dessa forma, uma decisão favorável à admissão da REQUERENTE como sócia da REQUERIDA

prejudicaria a consecução de suas atividades empresariais, fato agravado pela possibilidade de conflito

18

de interesses entre as Partes em virtude da participação societária da REQUERENTE em concorrente da

REQUERIDA [IV.D.2, infra].

119. Nessa linha, o cumprimento específico do MoU violaria a CF ao forçar os sócios da REQUERIDA a

admitirem a REQUERENTE como sócia contra a sua própria vontade. Além disso, a lei também impede

o cumprimento específico de um contrato preliminar quando não é possível a formação do contrato

definitivo [art. 466-B, CPC], o que ocorre em virtude da impossibilidade de se obrigar uma sociedade a

emitir ações [TJRS AC 70008053183]. Assim, esse Tribunal não pode conceder à REQUERENTE

nenhum direito de participação societária na REQUERIDA.

D. A REQUERIDA AGIU DE FORMA LEGÍTIMA AO INTERROMPER AS NEGOCIAÇÕES EM ANDAMENTO

COM A REQUERENTE

120. Na hipótese de esse Tribunal entender que as Partes se obrigaram a concluir o negócio, ainda assim

não há qualquer direito de participação a ser conferido à REQUERENTE, uma vez que a REQUERIDA

interrompeu as negociações exercendo de forma legítima direito que lhe foi conferido por determinação

das próprias Partes, na medida em que (D.1.) o MoU autorizava a qualquer tempo a interrupção

imotivada das negociações. Ainda que inexistisse previsão nesse sentido, (D.2.) houve justo motivo

para a REQUERIDA recusar o investimento da REQUERENTE.

D.1. A CL. 5.2 DO MOU AUTORIZAVA A INTERRUPÇÃO IMOTIVADA DAS NEGOCIAÇÕES A QUALQUER

TEMPO

121. Conforme já demonstrado [IV.C.2.1, supra], a cl. 5.2 do MoU autorizava as Partes a interromperem as

negociações a qualquer tempo, sem qualquer ônus, e independentemente do motivo. Tal possibilidade

está em consonância com o princípio da autonomia da vontade, limitado tão somente pela boa-fé

objetiva, e com o princípio da liberdade de contratar [Miranda, p.360].

122. Questionar o rompimento imotivado das negociações pela REQUERIDA após anuir com essa

possibilidade constitui comportamento que fere o princípio do pacta sunt servanda. Considerando que o

contrato é lei entre as partes [Washington de Barros, p.9-10; Silvio Rodrigues, p.17-18; Fernandes, p.17], a

REQUERENTE deve se conformar com a desistência da REQUERIDA amparada pela cl. 5.2 do MoU.

D.2. O ROMPIMENTO DAS NEGOCIAÇÕES OCORREU POR JUSTO MOTIVO

123. Um FIP tem o dever de participar do processo decisório da companhia investida [art. 2º, ICVM 391;

Carvalho, p.165]. Assim, caso o investimento tivesse sido realizado e a REQUERENTE tivesse adquirido

a participação societária pleiteada nessa arbitragem, ela poderia e deveria interferir, ao mesmo tempo,

nas decisões estratégicas da REQUERIDA e da SMU, sua concorrente direta. Haveria, por consequência,

inevitável conflito de interesses, ou seja, situação em que o atendimento do interesse de uma das partes

efetivamente sacrifica o interesse da outra [Aviz, p.92; Lobo, p.276].

19

124. Esse conflito de interesses é gerado pela coincidência de mercado-alvo e pela semelhança funcional dos

softwares da SMU (Angie) e da REQUERIDA (Help!), o que implica uma disputa inevitável entre as duas

empresas por market-share. A capacidade de competir por market-share em paridade com a SMU é

fundamental para a REQUERIDA que, enquanto novo player no mercado de softwares para fundos de

investimento, necessita expandir o seu rol de clientes e seu volume de vendas para crescer.

125. A expansão da REQUERIDA certamente resultaria na perda de market-share de suas concorrentes, dentre

elas a SMU. Nessa linha, ter a REQUERENTE como sócia seria extremamente prejudicial para o seu

desenvolvimento, pois, a longo prazo, a REQUERENTE poderia frear o crescimento da REQUERIDA

para evitar perdas significativas no investimento feito na SMU.

126. Além disso, enquanto partícipe das decisões estratégicas da REQUERIDA, a REQUERENTE teria fácil

acesso a suas informações comerciais, as quais poderia utilizar em benefício da SMU, tanto para o

aprimoramento do Angie, quanto para a redução dos custos de monitoramento da concorrência.

127. Portanto, não seria possível determinar quando e/ou se a REQUERENTE estaria agindo no melhor

interesse da REQUERIDA. Consequentemente, na presença de conflito de interesses, a REQUERENTE

não poderia exercer seu direito de voto nas deliberações de assembleia geral ou do conselho de

administração [art. 115, §1º, LSA]. Logo, a concessão de participação societária na REQUERIDA não é

possível, sob pena de desvirtuar a própria natureza da REQUERENTE enquanto FIP, impedindo-a de

exercer influência nas decisões estratégicas da empresa investida [art. 2º, ICMV 391].

128. Ainda, o simples fato de a REQUERENTE desconhecer a tentativa de aquisição da REQUERIDA pela

SMU [Anexo 17, 14] não é suficiente para descaracterizar o justo motivo da interrupção das negociações.

Como investia em concorrente direta da REQUERIDA, detentora de software com funcionalidades

semelhantes, a REQUERENTE, pautada na boa-fé objetiva [art. 422, CC], tinha o dever de informar a

existência dessa participação para que a REQUERIDA pudesse ponderar sobre a conveniência do

investimento ou apontar eventuais conflitos de interesse [VI, infra].

129. Ante o exposto, e considerando que (i) a participação da REQUERENTE em concorrente direta da

REQUERIDA caracteriza conflito de interesses; e (ii) a REQUERENTE violou o dever de informar, deve

ser reconhecida a existência de justa causa para a interrupção das negociações, ainda que dispensável

por expressa estipulação das Partes [Anexo 1, cl.5.2].

E. CONCLUSÃO

130. Demonstrado que (i) ao prestar meras contribuições, a REQUERENTE não tinha o intuito de investir na

REQUERIDA, (ii) as Partes nunca se manifestaram favoravelmente à sua imediata efetivação, e (iii) sequer

se obrigaram a dar continuidade às tratativas, de tal forma que (iv) a REQUERIDA agiu legitimamente ao

interromper as negociações; resta provado que a REQUERENTE não realizou investimento de fato na

REQUERIDA, não fazendo jus à participação societária.

20

V. O HELP! PERTENCE EXCLUSIVAMENTE À REQUERIDA

131. A REQUERENTE afirma ter contribuído para a criação do Help!, fazendo jus à cotitularidade sobre ele.

No entanto, esse Tribunal deve reconhecer a titularidade exclusiva da REQUERIDA, porque (A) o

Contrato de Licenciamento celebrado entre as Partes não implica a cessão de qualquer direito de

propriedade intelectual; (B) a REQUERIDA não foi contratada para desenvolver um software para a

REQUERENTE; (C) as sugestões da REQUERENTE são meras ideias e não caracterizam criação do Help!.

A. O CONTRATO DE LICENCIAMENTO NÃO IMPLICA A CESSÃO DE QUALQUER DIREITO DE

PROPRIEDADE INTELECTUAL

132. O licenciamento é modalidade contratual [art. 9º, LS] por meio da qual o licenciante autoriza tão

somente o uso do seu bem intelectual pelo licenciado, permanecendo como titular dos demais direitos

patrimoniais [Bittar 1, p.41; Bertrand, p.101; Sette, p.620; Brancher, p.124; Veiga; Venosa, p.572; Abrão, p.136;

Cieri, p.1658; Cavalli, p. 253, Andrade Santos, p.32] e conservando o segredo de sua criação [Bittar 1, p.39

e 41]. É justamente a retenção da titularidade que torna a exploração do software economicamente viável

[Brancher, p.124] e, por isso, muito comum nesse ramo [Bittar 2, p.42].

133. No caso, visando a utilizar o Help!, desenvolvido pela REQUERIDA [Caso, §§2 e 3], a REQUERENTE

decidiu celebrar o Contrato de Licenciamento para a gestão dos seus próprios investimentos [Caso, §5].

Assim, a autorização da REQUERIDA limitou-se ao uso mediante contraprestação em dinheiro [Anexo

2, cls.1.1 e 5], sem que houvesse alteração da sua titularidade exclusiva.

134. Ademais, aplica-se ao software o regime da legislação autoral [art.2º, LS; art. 7º, XII, LDA], o qual prevê

a interpretação restritiva dos negócios jurídicos [art. 4º, LDA; Bittar 1, p.33; Brancher, p.124; Bertrand,

p.101]. Assim, para que haja transferência de direitos sobre um programa, é necessária previsão expressa

com a extensão, finalidade e duração dos direitos transferidos [art.49, LDA; Bertrand, p.101].

135. Além de inexistir previsão de tal transferência no Contrato de Licenciamento, as Partes ainda acordaram

expressamente que não haveria cessão à REQUERENTE de quaisquer direitos de propriedade intelectual

relativos ao Help! [Anexo 2, cl. 8.1].

136. A manifestação de vontade da REQUERENTE, portanto, foi clara e inequívoca no sentido de que o

Contrato de Licenciamento não ensejaria alteração na titularidade do Help! [Anexo 2, cl. 8.1]. Como é

vedada a revisão judicial e a retratação unilateral de contratantes que externam livremente sua vontade

[Orlando Gomes 1, p.38-39; Caio Mário, p.13], o conteúdo do Contrato de Licenciamento não pode ser

modificado pela REQUERENTE nem por esse Tribunal. Nesse sentido, qualquer interpretação diversa

implica evidente violação ao princípio do pacta sunt servanda [§122, supra].

137. Ante o exposto, demonstrado que (i) o objeto principal do Contrato de Licenciamento consiste

unicamente na concessão de uso do Help!, sem alteração na sua titularidade, e que (ii) a REQUERENTE

21

reconheceu expressamente o direito de propriedade intelectual exclusivo da REQUERIDA, não deve ser

admitida a cotitularidade da REQUERENTE sobre o Help!.

B. A REQUERIDA NÃO FOI CONTRATADA PARA DESENVOLVER O HELP! PARA A REQUERENTE

138. Demonstrado que a REQUERENTE adquiriu apenas o direito de usar do Help!, esse Tribunal deve

reconhecer que a previsão da obrigação acessória de “prestação de serviços de suporte, manutenção e

desenvolvimento” [Anexo 2, cl. 1.1] não caracteriza o Contrato de Licenciamento como “contrato de

desenvolvimento”, inexistindo direito de cotitularidade a ser conferido à REQUERENTE.

139. No contrato de desenvolvimento, também conhecido como contrato de encomenda, o prestador de

serviço é contratado especificamente para desenvolver um software que atenda às necessidades exclusivas

do contratante [Bittar 2, p.44-45; Brancher, p.46; Saavedra, p.29-30; Pricewaterhouse Coopers, p.12-13; Cavalli,

p.253; Andrade Santos, p.32; STF RE 176.626-3], resultando em um “software personalizado”, de

titularidade do contratante [art. 4º, caput , LS].

140. No caso, no entanto, o Help! não foi criado para atender às necessidades exclusivas da REQUERENTE,

nem a REQUERIDA foi contratada para esse fim. O Help! já existia, tendo sido lançado antes mesmo de

as Partes começarem a negociar [Caso, §3], e era destinado a todo o mercado de fundos de private equity

e venture capital e não apenas à REQUERENTE [Caso, §2].

141. Além disso, o termo “desenvolvimento” constante no Contrato de Licenciamento [Anexo 2, cl. 1.1.]

indica somente a obrigação da REQUERIDA de manutenção do Help! durante o período de vigência

contratual para garantir o seu adequado funcionamento [art. 8º, LS; Veiga, §44; Bittar 2, p.36].

142. Caso as Partes tivessem a intenção de contratar o desenvolvimento de software, seria necessário que elas

refletissem expressamente esse animus no objeto do Contrato de Licenciamento, não bastando a simples

menção ao termo “desenvolvimento” [Caio Mário, p.43-44]. Em face da interpretação restritiva dos

negócios relativos a direitos autorais sobre o software [§134, supra; Brancher, p.124], não é permitida a

extensão do escopo do Contrato de Licenciamento além do que foi pactuado.

143. Dessa forma, ausentes os elementos constitutivos de um contrato de desenvolvimento, quais sejam,

iniciativa da contratante na criação do software e definição das condições de elaboração do software pela

contratante [Diniz, p.609], não resta descaracterizado o Contrato de Licenciamento.

144. Ademais, ainda que as Partes tivessem celebrado contrato de desenvolvimento, a REQUERENTE não

faria jus à cotitularidade do Help!, porque pactuou de forma diversa [Anexo 2, cl. 8.1], faculdade prevista

no art. 4º, caput, da LS [Carboni, p.184], em privilégio à autonomia da vontade das Partes.

145. Ante o exposto, demonstrado que a obrigação de desenvolvimento é acessória do Contrato de

Licenciamento, a REQUERIDA requer seja declarada a sua titularidade exclusiva sobre o Help!.

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C. A REQUERENTE NÃO CRIOU O HELP!

146. Como se demonstrará, a REQUERENTE não criou o Help!, uma vez que (C.1.) não redigiu uma linha

sequer do seu código, único elemento do software sobre o qual recai proteção jurídica; e (C.2.) as suas

sugestões em relação aos fluxogramas, à estrutura de menus e ao layout, e seu relato de erros e bugs

constituem meras ideias e não são protegidas pelo direito brasileiro. Subsidiariamente, (C.3.) ainda que

esse Tribunal não entenda dessa maneira, deve, ao menos, reconhecer que tais elementos não lhe

conferem direito de cotitularidade, pois são criações autônomas em relação ao Help!.

C.1. O CÓDIGO DO HELP! É O ÚNICO ELEMENTO QUE POSSUI PROTEÇÃO

147. A LS define o software como a “expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou

codificada” [art.1º, LS] e adota o mesmo regime de proteção das obras literárias [art.2º, LS].

148. Considerando que o software, assim como as obras literárias, também é expresso por texto escrito

[Cavalli, p.253; Colares, p.29-30; Tomasevicius 1, p.57-58; Borges Barbosa, p.16], protege-se a forma como o

autor ordena a sequência de palavras e símbolos [Colares, p.36; Veiga; §11; Ulmer e Kolle, p.143]. Isto

porque, dois autores podem até partir da mesma ideia para escrever um livro ou um software, mas é

impossível que haja identidade na forma como ele é escrito, a menos que um deles copie exatamente a

expressão do outro [Colares, p.27; Ulmer e Kolle, p.141-142].

149. No caso do software, é o código que expressa as suas funcionalidades e o torna original [Colares, p. 30],

traduzindo a personalidade de seu autor [Bertrand, p.61; Ulmer e Kolle, p.141], à semelhança das partituras

das obras musicais [Orlando Gomes 2, p.15; Bertrand, p.64; Ascensão, p.82]. Por isso, o código é o elemento

protegido pela lei brasileira [art.1º, LS; art.10, item I, TRIPS; Colares, p.36; Veiga, §10], sendo até mesmo

utilizado para a verificação da existência de cópia de softwares [Bertrand, p.74-75].

150. Tendo isso em vista, a criação do software corresponde à elaboração do código pelos programadores,

por meio de (i) linguagem natural (código-fonte), passível de leitura e compreensão pelo ser humano; e

(ii) linguagem codificada (código-objeto), escrita em código binário e compreensível apenas ao

computador [Brancher, p.17-19; Colares, p.29; Ascensão, p.53].

151. Com efeito, como a REQUERENTE não programou ou redigiu uma linha sequer do código do Help!

[Anexo 17, 4], resta evidente que ela não o criou. A REQUERIDA, por meio de seus empregados [art.4º,

caput, LS], foi a única responsável por transpor todas as funcionalidades do Help! em linguagem de

programação [Anexo 5, Ata de Reunião, §3] e, portanto, é sua titular exclusiva.

C.2. AS SUGESTÕES DA REQUERENTE CONSTITUEM MERAS IDEIAS

152. Além de a REQUERENTE não ter escrito o código do Help!, todas as sugestões em relação aos

fluxogramas, à estrutura de menus e ao layout [Caso, §9; Anexo 5, Ata de Reunião, §§2º e 3º] e os relatos

de erros e bugs [Caso, §7] configuram meras ideias, as quais não são protegidas pelo direito autoral

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brasileiro [art.8º, I a VII, LDA; RE 88.705-9; REsp 661.022; Barbosa, p.88; Borges Barbosa, p.10; Chaves,

p.15; Colares, p.27; Grossi, p.37-39; Saavedra, p.111; Silveira, p.70; Andrade Santos, p.32].

153. Não fosse assim, bastaria que alguém tivesse certa ideia para impedir que todas as demais pessoas se

valessem dela em suas criações e obras, em violação à liberdade de expressão da atividade intelectual e

artística [art.5º, IX, CF; Grossi, p. 37-38; Barbosa, p. 88-89; TJ-PR 8340587]. Exatamente por esse motivo,

a proteção do software é restrita a sua expressão [V, C.1, supra].

154. No caso, a REQUERENTE apenas sugeriu os fluxogramas, não os elaborando [Caso, §9; Anexo 5, Ata de

Reunião, §§2 e 3]. Além disso, a proteção legal dos fluxogramas é expressamente afastada [art. 8º, II,

LDA], por serem meros esquemas que representam a sequência lógica do software, isto é, ideias que

servem apenas como orientação aos programadores no momento da criação por meio da codificação.

155. Assim, as sugestões da REQUERENTE quanto à estrutura de menus e ao layout não passam de ideias que

foram concretizadas e desenvolvidas exclusivamente pela REQUERIDA, por meio do seu empregado

designado da área de usabilidade e design [Anexo 5, Ata de Reunião, §3].

156. Não há também qualquer proteção a ser conferida à REQUERENTE devido aos relatos de erros e bugs

[Caso, §7], pois constituem sugestões de correção que poderiam ou não ser acatadas pelos criadores do

Help!. Trata-se de situação análoga à revisão gramatical de um texto por pessoa diversa do escritor, que

permite seu aperfeiçoamento, mas não confere titularidade [art.15, §1º, LDA].

157. Ante o exposto, demonstrado que a REQUERENTE atuou somente no campo especulativo das ideias,

este Tribunal não deve conferir à REQUERENTE direito de cotitularidade sobre o Help!.

C.3. AS CONTRIBUIÇÕES DA REQUERENTE SÃO AUTÔNOMAS EM RELAÇÃO AO HELP!

158. A cotitularidade sobre o Help! não pode ser concedida à REQUERENTE ainda que esse Tribunal entenda

que ela elaborou os fluxogramas e a estrutura de menus e layout, uma vez que esses elementos não são

protegidos pela LS, sendo possível, no máximo, considerá-los criações autônomas.

159. Conforme demonstrado anteriormente, tais elementos não são abarcados pela LS, pois esta protege

apenas o código do software [V, C.1, supra]. Assim, esses elementos somente poderiam ser protegidos

caso apresentassem os requisitos mínimos exigidos pela LDA [Borges Barbosa, p.11], quais sejam,

criatividade e fixação em algum suporte [art.7º, LDA]. Nesse caso, eles seriam considerados apenas

desenhos, distinção feita pela própria lei [art.7º, VIII e XII, LDA].

160. Os fluxogramas são desenhos simples que ilustram os detalhes procedimentais a serem utilizados na

confecção do software. Isso porque são constituídos apenas pelos seguintes elementos gráficos: (i) caixas,

que indicam uma ação; (ii) losangos, que representam as opções das ações; e (iii) setas, que encaminham

as possibilidades às respostas [Pressman, p.453]. Caso apresentem elevado grau de criatividade, podem

ser protegidos autonomamente como desenhos [Pereira dos Santos, p.147].

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161. Também a estrutura de menus e layout são desenhos protegidos pela LDA, desde que apresentem

caráter artístico e não decorram de necessidades técnicas, pois, nesse caso, não haveria liberdade de

expressão do seu criador [Pereira dos Santos, p.285].

162. Além disso, a proteção da interface gráfica poderia gerar efeitos nocivos à concorrência [Colares, p.37;

Lupi, p.74], uma vez que a sua padronização é comum no segmento dos softwares para permitir a fácil

migração pelo usuário médio de um programa a outro [Colares, p.34; Lupi, p.73-74]. Caso fosse protegida,

haveria o risco de se impedir o desenvolvimento de novos softwares.

163. Ademais, a jurisprudência internacional, notadamente a americana, não confere proteção ao aspecto

visual de um software [US Court of Appeals, case 93-2214].

164. Ante o exposto, demonstrado que as contribuições da REQUERENTE são autônomas, ainda que possa

haver algum direito a ser conferido à REQUERENTE, em nenhuma hipótese se admitiria a atribuição de

direito de cotitularidade sobre o Help!.

D. CONCLUSÃO

165. Portanto, demonstrado que (i) o Contrato de Licenciamento não transfere qualquer direito de

titularidade do Help! à REQUERENTE; e (ii) a REQUERIDA não foi contratada para desenvolver um

software exclusivo à REQUERENTE; bem como, (iii) todas as contribuições dadas pela REQUERENTE são

meras ideias e não configuram a criação do Help!, este Tribunal não deve conferir à REQUERENTE

cotitularidade sobre o Help!.

VI. A REQUERENTE NÃO PODE SER PREMIADA POR UM COMPORTAMENTO DESLEAL

166. Demonstrado que a REQUERENTE não possui direito à participação societária na REQUERIDA, nem

direito à cotitularidade sobre o Help!, acrescente-se que a REQUERENTE adotou comportamento desleal

durante as tratativas com a REQUERIDA, o que não pode ser premiado por eventual acolhimento de

suas pretensões por esse Tribunal.

167. Em respeito à boa-fé objetiva [art. 422, CC], os negociantes devem informar todos os fatos que

porventura ameacem a higidez dos negócios da contraparte, mantendo postura leal e cooperativa de

forma a perseguir a finalidade da contratação [Tomasevicius 2, p.86-87; Menezes Cordeiro, p.649; Couto e Silva,

p.94; Martins-Costa, p.439; Ferreira da Silva, p.65-66; Vasconcelos, p.405].

168. Como os investimentos da REQUERENTE são concentrados em empreendimentos na área de tecnologia

[Anexo 17, 11], a REQUERIDA possuía justa expectativa de que seria informada a respeito das

participações da REQUERENTE em conflito de interesse com os negócios da REQUERIDA. Nesse

sentido, a REQUERENTE não poderia ter omitido o fato de possuir participação significativa na SMU

desde 2008 [Anexo 17, 12], pois esta é detentora de software diretamente concorrente com o Help!, por

possuir funcionalidades semelhantes [Caso, §12].

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169. Assim, a descoberta da relação entre REQUERENTE e SMU ensejou a quebra da confiança entre as

Partes e motivou a legítima interrupção das negociações pela REQUERIDA [Caso, §13]. Isso porque, a

REQUERIDA foi privada da oportunidade de apreciar a conveniência e de mensurar os riscos do

investimento, pois informações relevantes não foram trazidas ao seu conhecimento pela REQUERENTE,

que violou a boa-fé objetiva ao descumprir o dever de informar.

170. Além disso, o reconhecimento da cotitularidade do Help! em favor da REQUERENTE poderia facilitar o

acesso da SMU aos segredos de negócio da REQUERIDA, informações técnicas que costumam ser

mantidas em sigilo pelo seu titular [Brancher, p.124; Borges Barbosa, p.11]. Tal hipótese coloca em risco o

sucesso do Help! e, por consequência, a própria existência da REQUERIDA.

171. A esse respeito, o comportamento da REQUERENTE poderá ser qualificado como crime de

concorrência desleal, caso as informações obtidas sejam compartilhadas com a SMU [art.195, XI, LPI;

Bittar 2, p.74-75; Parente, p.183-184; Pierangeli, p.488-490].

172. Mesmo que não configurado o crime, um ato de concorrência desleal, por ser caracterizado como

modalidade especial de responsabilidade civil [Bittar 2, p.48 e 78], também enseja a tutela civil [art.207 e

209, caput, LPI; art.186 e 944 e ss., CC; TJSC AC 042175-5], sendo possível à REQUERIDA pleitear perdas

e danos caso a REQUERENTE e a SMU lhe causem prejuízos pelo uso indevido dos segredos do Help!.

173. Portanto, esse Tribunal não deve reconhecer o investimento de fato da REQUERENTE ou a

cotitularidade sobre o Help!, sob pena de premiar o comportamento desleal da REQUERENTE, além de

prejudicar gravemente os negócios da REQUERIDA.

VII. PEDIDOS

174. Ante todo o exposto, a REQUERIDA requer, preliminarmente, que esse Tribunal reconheça que (a) o

Tribunal não possui jurisdição sobre a controvérsia; e, (b) subsidiariamente, caso o Tribunal reconheça

sua jurisdição, o Árbitro Presidente deve ser mantido.

175. No mérito, a REQUERIDA requer seja reconhecido que (c) não houve investimento de fato da

REQUERENTE apto a conferir participação societária na REQUERIDA; e (d) a REQUERENTE não faz jus

à cotitularidade sobre o Help!.

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 25 de agosto de 2014.

(Assinado)

Olavo Beviláqua