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Memória e Divino: uma análise sobre a história da "Festa de Agosto" de Bom Jesus do Itabapoana 1 Valéria de Fátima Ribeiro Gomes 2 Resumo Esse trabalho tem como objeto de pesquisa a Festa do Divino Espírito Santo, na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, noroeste do Estado do Rio de Janeiro, conhecida na região como “A Festa de Agosto”. A festa, será analisada na concepção dos teóricos que tratam da memória individual e coletiva; Henri Bergson, Maurice Halbwachs e Philippe Joutard, tendo por base o trabalho dos memorialistas da cidade de Bom Jesus do Itabapoana. Palavras-chave: Memória, História, Festa do Divino. Abstract The research object of this work is the feast of Divine Holy Spirit in the city of Bom Jesus do Itabapoana, northwest of the State of Rio de Janeiro. The feast is called in the region as "Feast of August" and will be analyzed in the conception of theorists of individual and collective memory: Henri Bergson, Maurice Halbwachs and Philippe Joutard and the research will be based on the work of the memorialists of the city of Bom Jesus do Itabapoana. Keywords: Memory, History, Feast of the Divine. 1 Este artigo constitui-se no trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação Lato Sensu em “Literatura, Memória Cultural e Sociedade” do Instituto Federal Fluminense, Campus Campos-Centro. No ano de 2017, desenvolvido sob a orientação do Professor Ronaldo Adriano de Freitas, Mestre em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense – UFF. 2 Licenciada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Fluminense – UNIFLU / Campus II, 2014. Pós-graduação Lato Sensu em Museografia e Patrimônio Cultural/ Centro Universitário Claretiano, 2015. E-mail: [email protected]

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Memória e Divino: uma análise sobre a história da "Festa de Agosto" de

Bom Jesus do Itabapoana1

Valéria de Fátima Ribeiro Gomes2

Resumo

Esse trabalho tem como objeto de pesquisa a Festa do Divino Espírito Santo, na

cidade de Bom Jesus do Itabapoana, noroeste do Estado do Rio de Janeiro,

conhecida na região como “A Festa de Agosto”. A festa, será analisada na

concepção dos teóricos que tratam da memória individual e coletiva; Henri

Bergson, Maurice Halbwachs e Philippe Joutard, tendo por base o trabalho dos

memorialistas da cidade de Bom Jesus do Itabapoana.

Palavras-chave: Memória, História, Festa do Divino.

Abstract

The research object of this work is the feast of Divine Holy Spirit in the city of Bom

Jesus do Itabapoana, northwest of the State of Rio de Janeiro. The feast is called

in the region as "Feast of August" and will be analyzed in the conception of

theorists of individual and collective memory: Henri Bergson, Maurice Halbwachs

and Philippe Joutard and the research will be based on the work of the

memorialists of the city of Bom Jesus do Itabapoana.

Keywords: Memory, History, Feast of the Divine.

1 Este artigo constitui-se no trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação Lato Sensu em “Literatura, Memória Cultural e Sociedade” do Instituto Federal Fluminense, Campus Campos-Centro. No ano de 2017, desenvolvido sob a orientação do Professor Ronaldo Adriano de Freitas, Mestre em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense – UFF. 2 Licenciada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Fluminense – UNIFLU / Campus II, 2014. Pós-graduação Lato Sensu em Museografia e Patrimônio Cultural/ Centro Universitário Claretiano, 2015. E-mail: [email protected]

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Introdução

De acordo com um artigo de jornal de Antônio Soares Borges (2017-b),

memorialista3 da cidade de Bom Jesus de Itabapoana, noroeste do estado do

Rio de Janeiro, a Festa do Divino Espírito Santo – conhecida na cidade como a

Festa de Agosto – é comemorada durante os dias 13 à 15 do referido mês. Por

motivos econômicos, essa festa tradicional desloca-se do calendário religioso

para o municipal, tendo no seu último dia a celebração do padroeiro da cidade,

Senhor Bom Jesus. Conforme o Censo Demográfico do IBGE (BOM JESUS,

2010, sp), a cidade possui uma população de 35.384 habitantes e como a

festividade tornou-se parte da identidade cultural da cidade, é considerada um

importante Patrimônio Cultural do município. A organização do evento é feita por

membros da Igreja Católica e pela prefeitura municipal e conta com missas

solenes, procissões, visitas dos símbolos sagrados (coroa, cetro e bandeira) às

residências, além dos eventos culturais, desfiles cívicos e shows.

Segundo Mariano (2012, p.58) a festa do Divino Espirito Santo reporta às

tradições católicas onde alicerça o culto. A presente pesquisa perderia sua lógica

se fosse analisada sobre um olhar unívoco no contexto do cristianismo católico,

embora a crença baseie-se nessas tradições. Neste artigo analisaremos a Festa

do Divino Espirito Santo, sobre o ponto de vista histórico oral e escrito.

No primeiro momento, o artigo tratará da concepção da memória

individual do filósofo Henri Bergson que divide a memória em memória do

espírito e memória do hábito; a memória coletiva do sociólogo Maurice

Halbwachs; e a memória histórica do historiador Philippe Joutard. Após essa

discussão, a partir dessas concepções, falaremos da Festa do Divino Espírito

Santo, como cultura popular, na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, conhecida

como “A Festa de Agosto”.

O corpus da pesquisa é constituído por meio de jornal local e pela

oralidade dos considerados memorialistas, enquanto o referencial teórico

compõe-se de bibliografias e artigos que fazem menção ao estudo de memória

3 Autor de memórias históricas. Nesse trabalho, o termo está ligado a história contada oral e a publicações que contam a história da festa por via dessa tradição, em geral pessoas ligadas a igreja ou à família que introduziu essa festa no município.

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e festas populares. O trabalho busca entender os motivos que levaram a

tradicional festa do Divino Espírito Santo de Bom Jesus do Itabapoana, cultuada

pela igreja católica, tornar-se “ A Festa de Agosto”. Considerando, que o evento

faz alusão a devoção do Divino Espírito Santo do Arquipélago de São Miguel,

Açores, Portugal.

Os registros dos memorialistas da “Festa de Agosto” de Bom Jesus do

Itabapoana encontram-se apenas em documentos locais e na memória

perpassada entre gerações. Halbwachs (1990, p.25) afirma que quando uma

pessoa relata que não acredita em seus próprios olhos, há nela dois seres: a) o

ser sensível, o autor compara esse ser a uma testemunha, que depõe sobre o

eu que viu, perante b) o “eu” que não viu no presente, mas, possivelmente pode

ter visto no passado, ou essa pessoa pode ter sustentado, sua opinião em relatos

de outras pessoas; o que ocorre no trabalho dos memorialistas aqui analisado.

1 Memória e História

O levantamento de memórias sobre “a Festa de Agosto” apresentado

nesse trabalho se dá sob a reflexão do que se pode entender por memória. De

acordo com Bergson (1999, p.83) a memória espiritual encontra-se em um

primeiro momento, o corpo como um ser vivo tem sensações: alegria, tristeza,

dor ao mesmo tempo que tem sensações tem percepções, o corpo é colocado

entre objetos que o tocam e que ele influencia, o autor chama de afecção a essa

modificação sofrida pelo corpo.

O autor supracitado (ibid. p.86) aponta alguns aspectos da memória

individual, e definiu-a como memória do espírito, que são as lembranças;

percepção seguida de registro: cada momento é registrado na memória do

espírito. A memória do hábito ou corpo, ocorre pela repetição sensório motora:

andar, comer, estudar decorar uma lição, no sensório motor estão ações que

ocorrem simultaneamente.

A cada nova leitura efetua-se um progresso; as palavras ligam-se cada

vez melhor; acabam por se organizar juntas. “Nesse momento preciso, sei minha

lição de cor; dizemos que ela se tornou lembranças, que ela se imprimiu em

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minha memória” (BERGSON,1999, P.85). “A lembrança da lição, enquanto

apreendida de cor, tem todas as características de um hábito”. (ibid. p. 86)

Para o autor citado acima, a memória espiritual, são as percepções e

registros; o indivíduo vê e automaticamente registra. “Esses movimentos, ao se

repetirem, criam um mecanismo, adquirem a condição de hábito e determinam

em nós atitudes que acompanham automaticamente nossa percepção das

coisas”. (ibid. p.91)

Joutard (2007, p.223) remete a Maurice Halbwachs, ao tratar memória

individual como as lembranças, e a fatos pessoais, experimentados, de forma

reta, sem desvios. O historiador afirma que a memória antes de qualquer coisa

é individual, lembrança de cada um, de fatos vivenciados, embora não seja

arbitrário falar de forma análoga em memória coletiva, as experiências com a

prática em colher depoimentos orais torna pertinente a memória coletiva.

Halbwachs (1998, p.26) afirma, que uma única pessoa não é garantia para

ratificar uma lembrança, os detalhes passarão despercebidos, é necessário

recorrer a outras memórias. Para o sociólogo, a lembrança individual precisa do

outro, ela não está isolada; o indivíduo precisa da memória do grupo social em

que está inserido. A memória coletiva para o sociólogo agrega memórias

individuais, é importante diferenciá-las, a memória coletiva progride conforme

suas leis; se ocasionalmente a lembrança pessoal atingir o cerne da coletiva,

muda de aspecto ao ser introduzida no coletivo.

Joutard marca seu discurso sobre a memória afirmando que, antes de

qualquer coisa, a memória é individual com as lembranças individuais ligadas

aos momentos afetivos do passado “a memória tem uma relação direta, afetiva

com o passado, visto que ela é, antes de tudo, memória individual”

(JOUTARD,2007, p.223)

Halbwachs (1998, p.73-74) questiona Bergson, ao analisar o modo de

pensar do filósofo sobre a memória individual. Para o sociólogo, a memória

analisada por Bergson é individualista, ao criticar o filósofo, o sociólogo (1998)

centra a valorização na memória coletiva, marcada pelas relações interpessoais.

O posicionamento do autor supracitado (1998, p.99) quanto ao meio, espaço e

matéria aponta que os objetos, que estão no entorno dos indivíduos, levam a

marca individual e interpessoal, opondo-se a Bergson (1999, p.98) que considera

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que os objetos que transitam em meio ao corpo compõe a memória do hábito,

que se forma de modo individual e não coletiva.

A memória coletiva, por outro, envolve as memórias individuais,

mas não se confunde com elas. Ela evolui segundo suas leis, e

se algumas lembranças individuais penetram algumas vezes

nela, mudam de figura assim que sejam recolocadas num

conjunto que não é mais uma consciência pessoal.

(HALBWACHS,1998, p.44)

No que tange a memória histórica, Joutard (2007, p.224) assevera que as

instituições Estado e escola, entre outras, conduzem o indivíduo a um

engessamento histórico, promovem o esquecimento de fatos históricos

relevantes, enaltecendo uns acontecimentos, em detrimento a outros. O autor

aponta para o vácuo que algumas vezes se instaura entre a história e o

historiador. Muitas vezes o historiador relata períodos que não viveu. Não há, de

acordo com o autor, uma naturalidade entre o historiador e a história, mesmo

que o objeto de pesquisa do historiador tenha algo comum com sua vida.

Concordando com a visão de Joutard, Halbwachs (1998,) afirma que nem

sempre o sujeito participou fisicamente do período histórico vivido pela nação,

no entanto, ao evocá-lo este tem por obrigação, acreditar na memória do

semelhante, que poderá não acrescentar algo a sua memória, mas é a única

fonte que deseja repetir. “Carrego comigo uma bagagem de lembranças

históricas, que posso ampliar pela conversação ou pela leitura. Mas é uma

memória emprestada e que não é minha” (HALBWACHS,1998, p.45)

A respeito da relação entre memória e História oral, Joutard considera

que o essencial na memória é o esquecimento. A historiografia surge a partir da

crítica a oralidade tradicional, visto que a memória comete erros. A oralidade

nem sempre respeita as mesmas coisas, há falhas de datas, nomes,

acontecimentos; a memória muitas vezes concentra-se em apenas um recorte,

dá-se à desconfiança de muitos profissionais de História, frente a memória oral.

“Memória e história são assim duas vias de acesso ao passado paralelas e

obedientes a duas lógicas distintas”. (JOUTARD, 2007, p.225)

Segundo Halbwachs (1998, p.66), a memória coletiva se difere da história:

só há uma história. O sociólogo questiona que a história privilegie uma parte da

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história em detrimento de outra. O que justificaria os recortes feitos pelo

historiador é que ao pegar cada recorte deste estudo e agrupá-los, formará um

conjunto, nenhum destes recortes são insignificantes, todos os acontecimentos

possuem sua relevância.

2 Origem da Devoção ao Espírito Santo

Tendo em vista essas concepções de memória, passamos ao

levantamento dessas memórias sobre a Festa do Divino em Bom Jesus do

Itabapoana a partir do trabalho dos memorialistas que falam sobe ela.

Segundo Mariano (2012, p.54) a devoção ao Divino Espírito Santo, surge

com as comemorações dos Judeus durante a festa de Pentecostes, cinquenta

dias depois da Páscoa, tornou-se uma das maiores manifestações da cultura

popular. “Pentecostes” significa a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.

Conforme Corrêa (2012) a devoção ao Espírito Santo ganha notoriedade

em terras portuguesas (Alenquer) no século IV após uma promessa da Rainha

Dona Isabel de Aragão (1271-1336), esposa de Dom Dinis (1261-1325)

conhecida como a Rainha Santa, ao interceder o Divino Espírito Santo para que

paz retornasse à sua família, em reconhecimento a graça alcançada a Rainha

sairia em procissão pelas ruas de Portugal com os símbolos sagrados que

representam a devoção - a Coroa, o Cetro a Bandeira e uma criança na

representação do Imperador. A partir desse momento a devoção ao Divino

Espírito Santo repercutiu por toda Europa.

Em Açores, a comemoração ao Divino Espírito Santo tornou-se uma das

principais festividades da região. A força da festa popular levou o governo da

região a decretar no ano de 1980 um dia dedicado ao Espírito Santo, conhecido

como “o dia da Pombinha”, ou dia dos Açores, comemorado na segunda-feira

feira posterior ao Pentecostes, com isso o governo municipal de Açores apropria-

se da festa religiosa, para divulgar e promover o turismo na região (CORRÊA,

2013).

Além disso, com a intenção de tornar independente o arquipélago de

Açores, na década de 1970, à Frente de Libertação dos Açores (FLA), criou uma

rádio ilegal que transmitia a ideologia dos governantes sob o som do Hino do

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Espírito Santo conforme menciona (CORRÊA, 2013). De acordo com Borges

(2017-b) o Hino do Espírito Santo que veio de Açores para o Brasil, Tornou- parte

da identidade da cidade de Bom Jesus do Itabapoana.

3 O Divino no Brasil

Segundo Čajánková (2016) a festa do Divino Espírito Santo possivelmente

chegou ao Brasil no século XVI com os colonizadores e pelas missões Jesuítas,

e espalhou-se por inúmeras cidades do território brasileiro, especialmente de

Minas Gerais e Goiás. No Sul do país há uma grande possibilidade de ter

chegado no século XVII, pelos imigrantes açorianos. De acordo com Abreu

(1999, p.39) no Rio de Janeiro, a festa chegou na segunda metade do século

XIX. A principal concentração da festa do Divino Espírito Santo, no Rio de

Janeiro era o Campo de Santana.

Mary Del Priore (1994 apud Abreu (1999), p.34), em sua análise sobre a

festa do Divino Espírito Santo, diz que a festa é uma representação teatral,

organizada pela sociedade, que busca dar ênfase aos grupos sociais,

subordinados à elite: índios, populares, negros e escravos, o que torna a festa

uma pluralidade cultural, regada de muitas recreações, divertimento, assimilação

cultural; e uma originalidade, pela quantidade de cultura envolvida. Embora

houvesse um sincretismo religioso entre os participantes, a festa era um território

de conflitos, discussões hostilidades e manipulação entre dominantes e

dominados, tendo como controle o Estado e a Igreja.

3.1 A festa do Divino no século XXI

Segundo Althusser as organizações que aspiram manter-se no poder por

tempo indeterminado, buscam caminhos, para garantir sua permanência,

apoiando-se nos Aparelhos Ideológicos de Estado. O autor citado, afirma não

haver Aparelhos genuinamente ideológicos (estes funcionam secundariamente

pela repressão) as organizações, usam da ideologia para reprimir. “Assim a

escola e as igrejas ‘educam’ por métodos apropriados de sanções, de exclusões,

de seleção, etc., não só os seus oficiantes, mas as suas ovelhas. Assim a

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família... assim, o Aparelho Ideológico cultural (a censura, para só mencionar

esta) etc.” (ALTHUSSER,1985, p.47)

Conforme Abreu (1999, p.36) a igreja, junto ao Estado, no final do século

XIX transformou a festa do Divino Espirito Santo em uma festa tipicamente de

paróquia. Prevaleceu uma cultura (religiosa) em detrimento da outra (popular),

no entanto, Segundo o Iphan (2013) no século XXI, a cultura de massa integra-

se a cultura popular, na festa do Divino de Paraty, no litoral Sul do Rio de Janeiro,

o Shows da cultura kitsch4, em Alcântara no Maranhão, as mulheres caixeiras, e

em Pirenópolis, Goiás, as máscaras utilizadas no carnaval, reintegrando a

cultura popular na festa do Divino.

Esse movimento faz com que a festa adquira características do que se

pode denominar cultura popular. Segundo Chauí:

Embora de difícil definição, a expressão Cultura Popular tem a

vantagem de assinalar aquilo que a ideologia dominante tem por

finalidade ocultar, isto é, a existência de divisões sociais, pois,

referir-se a uma prática cultural como Popular significa admitir a

existência de algo não –popular que permite distinguir formas de

manifestação cultural numa mesma sociedade. A noção de

Massa, ao contrário, tende a ocultar diferenças sociais, conflitos

e contradições. (CHAUÍ, 1996, p.28)

Segundo o memorialista Antônio Borges, na festa do Divino Espírito Santo

de Bom Jesus do Itabapoana, também conhecida como a “Festa de Agosto”, por

incompatibilidade ideológicas, há duas organizações, uma municipal e outra

religiosa.

4 Bom Jesus do Itabapoana e a devoção ao Divino Espírito Santo

A memória da devoção ao Divino Espírito Santo, também conhecida pela

“Festa de Agosto” da cidade de Bom Jesus do Itabapoana, noroeste do Estado

do Rio de Janeiro, é contada a partir dos considerados memorialistas da região,

Monsenhor Paulo Pedro Serôdio Garcia, pároco, atualmente (2017), da paróquia

do Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) e

4 O termo Kitsh, segundo o dicionário Priberam está associado a estereótipos sociais e culturais

e a um tipo de sensibilidade que se adequa ao gosto majoritário da população não erudita.

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Antônio Soares Borges, Historiador e memorialista da cidade de Bom Jesus do

Itabapoana (RJ). Por conter pouca documentação que comprove a festa,

basicamente a mesma é contada pela oralidade. Citando Joutard:

A história, já de saída, instaura uma distância; na grande maioria

dos casos, o historiador não viveu o passado que descreve, a

ligação afetiva e pessoal não é espontânea, mesmo que o

assunto estudado pelo historiador tenha alguma relação com

sua própria história. (JOUTARD,2007, p.224)

Conheceremos a festa do Divino Espírito Santo de Bom Jesus do

Itabapoana através do ponto de vista dos memorialistas a quem a história foi

perpassada. A história nunca é acompanhada de uma verdade absoluta, faz-se

necessário mais de uma fonte, na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, a história

é contada através do ponto de vista da família, Teixeira.

Imagem 1 – Cartão de lembrança da Festa do Divino em Bom Jesus do Itabapoana

de 1924

Fonte: Arquivo do memorialista Antônio Soares Borges

Conforme Borges (2017-b) e Garcia (2017) a festa do Divino Espírito

Santo em Bom Jesus do Itabapoana tem raízes em Portugal e em Açores, Ilha

de Portugal.

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De acordo com Teixeira (2005, p.38) a memória da festa do Divino Espírito

Santo na cidade de Bom Jesus emana da sua família, pois o português Francisco

Teixeira de Siqueira, trouxe para o Brasil, (1780) as relíquias que representam a

devoção ao Divino Espírito Santo, a Coroa e o Cetro5. Em 1810, Francisco

Teixeira casa com a brasileira Felicíssima D`Roza morando na localidade do Rio

Pomba (MG). No ano de 1863 o casal muda-se para Bom Jesus do Itabapoana.

“Deste casal se originou a família Teixeira de Siqueira que, mais tarde, muito

concorreu para povoar e fazer progredir Bom Jesus do Itabapoana, na Província

do Rio de Janeiro e São José do Calçado, na Província do Espírito Santo”

(TEIXEIRA, 2005, p.37)

Imagens 2 e 3 - Relíquias da devoção ao Espírito Santo em Bom Jesus do

Itabapoana

Fonte: Arquivo do memorialista Antônio Soares Borges

Garcia, em entrevista aberta, no dia 5 de março de 2017, declara que a

Coroa e o Cetro, foi parar na casa de uma senhora muito religiosa, de nome

Felicíssima, de acordo com Garcia, Dona Felicíssima foi precursora da devoção

ao Divino Espirito Santo na região de Bom Jesus, por ocasião de uma

enfermidade em sua família, dona Felicíssima recorre ao Espírito Santo que

5 Segundoá Čajánková (2017), a Coroa simboliza a divindade e a Pomba representa o Espírito Santo. Mariano (2012) apresenta o Cetro e a Bandeira como símbolos imperiais.

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interceda, obteve, a graça e a devoção difundiu pelo Arraial de Bom Jesus, nova

residência da família.

Segundo Garcia (2017) a enfermidade que possivelmente teria quase

levado o menino Pedro Teixeira Reis a óbito seria a tuberculose, doença de

acordo com o mesmo, naquela época, século XIX, não tinha cura: “Dona

Felicíssima criou vários filhos e depois um dos seus netos teve uma doença

muito grave, o livro que tem a história não fala da doença que era, mas poderia

ser (pausa) naquela época tuberculose por exemplo, que não tinha cura”

(GARCIA, 2017, sp).

Contudo Borges (2017.b) relata que a doença que atingiu o menino citado

acima seria meningite.

A Festa de Agosto onde existe a imponente figura do Imperador,

acrescida à Festa em 1891, por uma promessa feita, à época,

pelo Festeiro, deste ano Joaquim Teixeira de Siqueira Reis, que

se encontrava muito doente, acometido por uma meningite”

(BORGES, 2017- b, sp)

Essas divergências confirmam Joutard. Segundo o Autor, a memória é

feita de esquecimentos. Ele ainda classifica essas memória em memória

modesta e memória orgulhosa, as memórias modestas são daqueles que se

julgam inferiores, que muitas vezes acreditam que o que sabem não tem valor,

ao serem interrogados pelo pesquisador, de forma informal a história começa a

ser evocada, sem que haja a necessidade de recorrer aos “detentores da

história” sem a presença de um pesquisador, essa história ficaria no passado,

ao ser entrevistado as lembranças surgem. Enquanto a memória orgulhosa

afirma o autor citado acima, recorre a citações, frases prontas; essas pesquisas

pouco têm de lembranças.

Quando o analisamos, percebemos que a parte das lembranças

pessoais é frágil, preponderando as referências escritas,

frequentemente obtidas por empréstimos à história ou ao

menos, a uma certa forma de história que se presta à

simplificação memorialista. (JOUTARD,2007,p.230)

Conforme Antônio Borges (2017-b) não há uma previsão exata do início

da devoção, calcula-se que entre o ano de 1860 e o ano de 1863. Já Teixeira

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(2005, p.39) afirma, que com parte da família morando em Bom Jesus do

Itabapoana, as relíquias foram doadas, de Minas Gerais para a Capela do Arraial

de Bom Jesus, com recomendação de Dona Felicíssima, para continuar a

devoção que iniciou em Pirapetinga, com “Orações, novenário, visitas às casas

de família e oratória”. A devoção passou pelas fazendas da região do Arraial de

Bom Jesus, em cada fazenda, havia um oratório, para realização das devoções

religiosas, acrescenta o autor.

O autor registra que a partir da promessa que Francisco Reis, pai de

Pedro Teixeira Reis, fez ao Divino Espírito Santo, em prol da saúde do seu filho

se o mesmo ficasse curado de uma grave doença o vestiria de Imperador da

guarda do Divino. E assim, com a cura do menino Pedro Teixeira Reis, o

Imperador começou a fazer parte da devoção na cidade de Bom Jesus, como

afirma Antônio Borges, no jornal “O Norte Fluminense, do dia 17 de agosto de

2016”.

Até aqui se entendia e, assim era passado ao longo de tantos

anos que o Imperador era uma figura que surgia desde início da

nossa festa. Porém hoje podemos dizer com muita segurança,

respaldado em pesquisa e fatos, que tal se sucede somente no

ano de 1891...e o primeiro Imperador, Pedro Teixeira Reis

(BORGES, 2017-a).

Bergson (1999, p.84) afirma que as lembranças evocadas estão na

memória natural, ou seja, espírito, enquanto na memória do hábito encontram-

se o real. A memória contada pelo memorialista, possivelmente fez parte da

memória do hábito por ser da categoria motora, feita por repetição, enquanto o

pároco, ao falar livremente recorreu as lembranças passadas, vindo através da

memória do espírito.

a operação prática e consequentemente ordinária da memória,

a utilização da experiência passada para a ação presente, o

reconhecimento, enfim, deve realizar-se de duas maneiras. Ora

se fará na própria ação, e pelo funcionamento completamente

automático do mecanismo apropriado às circunstâncias; ora

implicará um trabalho do espírito, que irá buscar no passado,

para dirigi-las ao presente, as representações mais capazes de

se inserirem na situação atual. (BERGSON,1999, p.84)

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Segundo Halbwachs (1968, p.25) a memória é a lembrança do passado,

reproduzido, na atualidade, mas não é uma recordação estática, é uma

reconstrução a partir das contribuições que a comunidade, congregação ou

povo, passa, de uma geração para outra. A memória coletiva da festa do Divino

Espírito Santo de Bom Jesus do Itabapoana, também conhecida como “A Festa

de Agosto” foi e está sendo construída a partir de relatos, de uma família e

repassado oralmente para as gerações. Maurice Halbwachs chama esses

relatos de “memória emprestada”.

4.1 A Festa de Agosto

De acordo com Borges (2017-b) a festa do Divino Espírito Santo tornou-

se “A Festa de Agosto” por causa da colheita do café, quase a única fonte de

renda na época - a colheita acontecia durante o mês de julho, como o

Pentecostes acontece cinquenta dias depois da Páscoa, o mês de maio seria o

dia de comemorar o Divino, somente desta forma, transferindo a comemoração,

aponta o memorialista, a população teria condições financeiras para investir na

festa, além de ser o mês das comemorações do padroeiro da cidade, Senhor

Bom Jesus, agosto é também o mês da “Assunção de Nossa Senhora”.

Teixeira (2005, p.40) afirma que a mudança aconteceu no ano de 1899,

com a chegada de um novo pároco, para a igreja matriz do Senhor Bom Jesus,

na referida cidade, este de nome Antônio Francisco de Mello, ao chegar à cidade

encanta-se com a festa, por ser semelhante à de sua cidade natal. Conforme

Teixeira, o novo pároco, introduziu nos festejos o hino “Alva Pomba”, marca da

influência de Açores na festa. Todavia, o novo pároco, contesta a versão

apresentada por Teixeira (2005, p.127) ao afirmar que quando chegou à cidade

de Bom Jesus do Itabapoana, a festa já havia sido deslocada para o mês de

agosto, e intitulada “Festa de Agosto”.

Antônio Borges (2017-a), no jornal “O norte Fluminense” do dia dezessete

de agosto de 2016, confirma a versão do padre Mello, segundo Antônio Borges,

não foi o Padre Mello, protagonista dessa mudança, ocorrida provavelmente, em

(1875). Joutard, (2007, p.223) afirma, que a memória tem uma ligação com o

que já vivemos anteriormente, posto que, primordialmente a memória é individual

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o que torna essencial na memória é o fato de esquecer, a memória é exigente,

fica centralizada em alguns acontecimentos.

Segundo Garcia (2017), no ano de 1958, a Festa de Agosto foi

interrompida, possivelmente o que levou a interrupção, de acordo com o padre,

foi o fato de que o clero da época considerou a festas uma “crendice” ignorando

sua história. Teixeira (2005, p.40) confirma a versão do sacerdote e diz: ” A

tradição e até hoje, da festa do Divino Espírito Santo foi interrompida em 1956,

quando, havendo sido substituído o Vigário de Bom Jesus”. A discordância, entre

a fala desses memorialistas, está na data, 1958 e 1956.

Essas diferentes versões comprovam o dizer de Halbwachs:

A história é um quadro de mudanças, e é natural que ela se

convença de que as sociedades mudam sem cessar, porque ela

fixa seu olhar sobre o conjunto, e não passam muitos anos sem

que dentro de uma região desse conjunto, alguma

transformação se produza (HALBWACHS,1968, p.68)

Segundo Garcia (2017) e Teixeira (2005, p.40) a “Festa de Agosto “ficou

interrompida por vinte sete anos, por incompatibilidade ideológica, Halbwachs

(1968) afirma que as transformações acontecem, a sociedade muda, e assim a

forma de pensar de cada grupo social, e muitas vezes as transformações

acontecem dentro do próprio núcleo social. A “Festa de Agosto” retornou no ano

e 1983.

No par de fotos apresentado a seguir, vemos uma foto de um “menino

Imperador” de 1947 e ao lado, em 1994, o filho do memorialista Antonio Soares

Borges participa da festividade como Imperador do Divino. Na terceira foto,

vemos um encontro de gerações: o Imperador de 2017 com o que foi Imperador

em 1947.

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Imagens 4 e 5 – crianças representando o Imperador (1947 e 1994)

Fonte: Arquivo do memorialista Antônio Soares Borges

Imagem 6 – Imperador de 2017 ao lado do Imperador de 1947

Fonte: Arquivo do memorialista Antônio Soares Borges

De acordo com Borges (2017.a) A festa nos dias atuais reúne elementos

das tradições religiosas desde suas gens, Portugal, que são: a Coroa o Cetro e

a bandeira, o festeiro (organizador da festa) e o Imperador na figura do menino

(criação de Rainha Isabel de Aragão). Na Festa de Agosto o Imperador é

escolhido pelo pároco que pode ser um menino ou adolescente desde que o

mesmo faça parte da paróquia, e não através do pelouro (sorteio) comum em

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muitas festas dedicada ao Divino Espírito Santo, o autor citado acima afirma que

mesmo com o crescimento da cidade a celebração manteve-se no mês de

agosto além de agregar elementos da cultura popular, como shows, desfiles

cívicos e leilões.

Considerações Finais

As comemorações ao Divino Espírito Santo, após a sua notoriedade no

século XIV, com a Rainha Isabel de Aragão (1271-1336), tornou-se uma das

maiores expressões da cultura popular. No Brasil, a comemoração se inicia no

século (XVI) com a chegada dos colonizadores, possivelmente no século (XVII)

com os imigrantes açorianos. Na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, a festa

do Divino Espírito Santo, ganhou uma nova conotação, tornou-se “A Festa de

Agosto” . A referida festa traz influências de Portugal e Açores, é considerada

pelos memorialistas da região como uma das únicas cidades do Brasil a ter um

Hino “Alva Pomba” tocado pela filarmônica nos moldes de Açores.

Todavia há elementos que compõe a cultura da festa do Divino, que em

Bom Jesus do Itabapoana perderam-se ao longo dos tempos ou foram

substituídos; a distribuição de alimentos muito comum nos festejos, de acordo

com o memorialista Antônio Borges há uma possibilidade de se retomar o

costume na Festa de Agosto e as “domingas” que são as sete semanas que

existem entre o período da Páscoa e Pentecostes. Com o deslocamento da festa

para o mês de agosto perdeu-se a tradição, mas também é outro fator que

diferencia, na “Festa de Agosto” as mesmas foram substituídas pelos dias da

semana, mas são traduzidas como as “domingas”; a escolha do Imperador

também se difere, normalmente esse é escolhido através de sorteio, conhecido

por “pelouro”, em Bom Jesus é escolhido pelo pároco. São as diferenças que

fazem da cultura algo extraordinário.

Este artigo procurou analisar a “Festa de Agosto” sob a ótica dos

considerados memorialistas da região, através da oralidade já que há pouca

documentação, que faz menção a devoção do Divino Espírito Santo, na cidade

de Bom Jesus do Itabapoana. O fio condutor para analisar a “Festa de Agosto”

foi fornecido pelos teóricos que tratam da memória individual, coletiva e histórica

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pelos quais se buscou analisar os considerados memorialistas da cidade de Bom

Jesus do Itabapoana.

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