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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO TATIANA DA SILVA GONÇALVES NASCIMENTO ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE CRECHE E ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O DISTRITO DE TOCOS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ Campos dos Goytacazes/RJ 2018

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

TATIANA DA SILVA GONÇALVES NASCIMENTO

ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE CRECHE E ESCOLA DE EDUCAÇÃO

INFANTIL PARA O DISTRITO DE TOCOS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

Campos dos Goytacazes/RJ

2018

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TATIANA DA SILVA GONÇALVES NASCIMENTO

ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE CRECHE E ESCOLA DE

EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O DISTRITO DE TOCOS EM CAMPOS

DOS GOYTACAZES/RJ

Trabalho Final de Graduação apresentado ao

Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia Fluminense de Campos dos

Goytacazes como requisito parcial para

conclusão do curso de Bacharelado em

Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: DSc. Simone da Hora Macedo

Campos dos Goytacazes/RJ

2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela oportunidade de concluir mais este ciclo em

minha vida, agradeço por todos os momentos difíceis em que Ele não me deixou desistir e

simplesmente me levou nos braços e encheu o meu caminho de anjos que me ajudaram de

forma inestimável e é sobre estes anjos que falarei mais adiante, pois sou grata a Deus pela

vida de cada uma dessas pessoas especiais.

Agradeço aos meus pais Telma Lúcia e José Luiz que mesmo em meio a todas as

dificuldades ao longo destes anos cuidaram de mim com amor e fizeram tudo que estava a seu

alcance para me educar da melhor forma possível. Obrigada mãe por todas as vezes que você

ficou acordada até mais tarde me esperando chegar da faculdade, pelo seu zelo, seu amor sem

medida. Obrigada pai por me ensinar o valor da leitura, por me estimular a aprender e por me

apoiar em tantos momentos.

Agradeço a minha irmã Isabel Cristina por ser minha amiga de todas as horas, pelo

carinho, apoio e ajuda em tudo o que esteve ao seu alcance.

Agradeço ao meu marido Jhonatan por acreditar em mim desde o início, quando eu

estava decidindo se prestaria vestibular. Obrigada por todo o apoio, paciência e compreensão,

a realização desse sonho não seria possível se você não acreditasse em mim e me fizesse

acreditar também.

Agradeço à minha amada turma “Arq6iffs2”, pessoas maravilhosas com as quais tive a

oportunidade de conviver, sobretudo à Flávia, Nathália e Rayanne que são seres humanos

extraordinários aos quais tenho orgulho de chamar de amigas. Obrigadas pelos momentos

compartilhados, pelo apoio, pelo carinho, por me consolarem nos momentos mais difíceis e

por não me deixarem desistir. Vocês trouxeram leveza a essa jornada.

Obrigada aos professores por todo o conhecimento compartilhado. Agradeço de forma

especial à minha orientadora maravilhosa Simone por todo o carinho, apoio e por todo o

tempo dedicado a tornar este sonho real.

Obrigada a todos os amigos e familiares que de algum modo contribuíram com a

minha formação. Sem o apoio de cada um de vocês a concretização deste sonho não seria

possível, muito obrigada.

“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas

transformam o mundo.”

(Paulo Freire)

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RESUMO

A infância é uma importante fase da vida, momento de muitas descobertas e aprendizados, no

qual é necessário que haja a estimulação correta e um ambiente propício à assimilação dos

novos saberes. Os ambientes escolares destinados às crianças pequenas têm, portanto, grande

relevância em seu desenvolvimento como um todo já que pode influenciar o comportamento e

sensações dos indivíduos que deles fazem uso. Atualmente o distrito de Tocos - 17º distrito do

município de Campos dos Goytacazes - possui apenas uma unidade educacional destinada

exclusivamente ao atendimento de crianças nesta fase da vida, esta unidade funciona em uma

construção adaptada que não atende às necessidades dos alunos e funcionários. O objetivo

desde trabalho é elaborar um Anteprojeto Arquitetônico creche e escola de educação infantil

no distrito de Tocos, visando a melhoria da qualidade do ambiente escolar. O presente

trabalho se justifica a partir da importância das vivências na fase da infância e suas influências

na vida adulta, considerando o ambiente como agente educativo. Os procedimentos

metodológicos se pautaram em pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, com a realização

de levantamentos fotográficos e entrevista com o corpo pedagógico da creche existente, para

então desenvolver um programa arquitetônico de necessidades, adequado às demandas da

unidade educacional e às atividades nela desenvolvidas. Com isso propõe-se uma creche e

escola de educação infantil que funcione em tempo integral, cuja arquitetura voltada para o

convite à permanência possa auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Infância. Creche. Projeto arquitetônico. Aprendizado. Percepção ambiental.

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ABSTRACT

Childhood is an important phase of life, a time of many discoveries and learnings, in which it

is necessary that there be the correct stimulation and an environment conducive to the

assimilation of new knowledge. The school environments for young children are therefore of

great relevance in their development as a whole since it can influence the behavior and

sensations of the individuals who use them. Currently, the district of Tocos - 17th district of

the municipality of Campos dos Goytacazes - has only one educational unit exclusively

dedicated to the care of children at this stage of life, this unit works in an adapted construction

that does not meet the needs of students and staff. The objective since the work is to elaborate

an Architectural Preliminary day care and kindergarten in the district of Tocos, aiming at

improving the quality of the school environment. The present work is justified by the

importance of the experiences in the childhood phase and its influences in adult life,

considering the environment as an educational agent. The methodological procedures were

based on bibliographical research and field research, with the accomplishment of

photographic surveys and interview with the pedagogical body of the existing day care center,

to develop an architectural needs program, adequate to the demands of the educational unit

and the activities developed in it. Therefore, it is proposed a day-care center and nursery

school that works full-time, whose architecture focused on the invitation to stay can help in

the teaching-learning process.

Keywords: Childhood. Nursery. Architectural project. Learning. Environmental perception.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Praça Athaíde Barbosa em Tocos ........................................................................... 27

Figura 2 Escola existente em Ponta Grossa dos Fidalgos ..................................................... 28

Figura 3 Escola existente em Coqueiros ............................................................................... 28

Figura 4 Escolas existentes no bairro Jardim Paraíso ........................................................... 29

Figura 5 Escola existente no bairro Canto do Rio ................................................................. 29

Figura 6 Fachada da creche existente .................................................................................... 31

Figura 7 Planta baixa da C. E. Desembargador Sebastião Amaro da Silva Machado .......... 31

Figura 8 Vista A: Playground ................................................................................................ 33

Figura 9 Vista B: Berçário ..................................................................................................... 33

Figura 10 Vista C: Maternal I (A) ......................................................................................... 34

Figura 11 Vista D: Maternal I (B) ......................................................................................... 34

Figura 12 Vista E: Maternal II (A) ........................................................................................ 35

Figura 13 Vista F: Maternal II (B) ....................................................................................... 35

Figura 14 Vista G: Sala de aula - Pré I (A) ........................................................................... 36

Figura 15 Vista H: Sala de aula - Pré I (B) ........................................................................... 36

Figura 16 Vista I: Refeitório. ................................................................................................ 37

Figura 17 Vista J: Área de Serviço ........................................................................................ 37

Figura 18 Interação entre ambiente interno e externo no Jardim de Infância Mavrica ........ 40

Figura 19 Iluminação natural no Jardim de Infância Mavrica .............................................. 40

Figura 20 Área externa do Berçário Comunitário Montpelier ............................................. 41

Figura 21 Fachada do Jardim de Infância Kekec .................................................................. 42

Figura 22 Fachada do Jardim de Infância Kekec .................................................................. 42

Figura 23 Jardim vertical, Clínica Coração Sagrado USP .................................................... 43

Figura 24 Jardim vertical, Clínica Coração Sagrado USP .................................................... 44

Figura 25 Localização do Terreno. ........................................................................................ 45

Figura 26 Terreno proposto ................................................................................................... 46

Figura 27 Deslocamento em linha reta .................................................................................. 49

Figura 28 Transposição de obstáculos isolados .................................................................... 49

Figura 29 Área de manobra de cadeira de rodas sem deslocamento .................................... 50

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Figura 30 Piso tátil ................................................................................................................ 50

Figura 31 Estudo de insolação e ventilação do terreno ......................................................... 51

Figura 32 Salas de aula: Quantidade de usuários por ambiente ........................................... 53

Figura 33 Funcionários dos setores administrativo e de serviços ........................................ 53

Figura 34 Setorização ........................................................................................................... 54

Figura 35 Fluxograma .......................................................................................................... 57

Figura 36 Planta baixa: Bloco 01 ........................................................................................ 59

Figura 37 Planta baixa: Bloco 02 ......................................................................................... 61

Figura 38 Planta baixa: Guarita ............................................................................................ 62

Figura 39 Planta baixa: Vestiário ......................................................................................... 62

Figura 40 Concreto armado .................................................................................................. 63

Figura 41 Tijolos cerâmicos ................................................................................................. 64

Figura 42 Lajes pré-moldadas com placas de EPS ............................................................... 64

Figura 43 Telha de fibrocimento .......................................................................................... 65

Figura 44 Esquadria de vidro e alumínio ............................................................................. 65

Figura 45 Cobogó, linha Luna .............................................................................................. 66

Figura 46 Brise vertical ........................................................................................................ 66

Figura 47 Piso laminado ....................................................................................................... 67

Figura 48 Piso permeável, linha Drenággio ......................................................................... 68

Figura 49 Pastilhas da fachada ............................................................................................. 68

Figura 50 Cores das tintas da fachada .................................................................................. 69

Figura 51 Volumetria ........................................................................................................... 69

Figura 52 Vista da rua .......................................................................................................... 70

Figura 53 Volumetria ........................................................................................................... 70

Figura 54 Pátio com playground .......................................................................................... 71

Figura 55 Pátio com playground .......................................................................................... 71

Figura 56 Centro de leitura ................................................................................................... 72

Figura 57 Brinquedoteca ...................................................................................................... 73

Figura 58 Brinquedoteca ...................................................................................................... 73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Quantidade de crianças de zero a seis anos no distrito em 2010 ......................... 26

Tabela 02 Programa e dimensionamento .............................................................................. 55

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11

1. SOBRE A EDUCAÇÃO NA INFÂNCIA ...................................................................... 14

1.1. A importância da educação na infância .................................................................... 14

1.2. Legislação ..................................................................................................................... 15

1.3. Concepções de aprendizagem ..................................................................................... 16

2. PERCEPÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................... 21

2.1. Natureza ....................................................................................................................... 21

2.2. Ludicidade .................................................................................................................... 23

3. PESQUISA DE CAMPO: CRECHE ESCOLA DESEMBARGADOR SEBASTIÃO

AMARO DA SILVA MACHADO ........................................................................................ 26

3.1. Levantamento das escolas em Tocos .......................................................................... 27

3.2. Resultado das entrevistas ............................................................................................ 30

3.3. Análise dos Espaços ..................................................................................................... 31

4. REFERENCIAIS PROJETUAIS .................................................................................. 39

4.1. Referencial funcional ................................................................................................... 39

4.2. Referencial tipológico .................................................................................................. 40

4.3. Referencial plástico e tecnológico ............................................................................... 41

4.4. Referencial tecnológico e plástico ............................................................................... 43

5. SITUAÇÃO DE PROJETO ........................................................................................... 45

5.1. Terreno e entorno ........................................................................................................ 45

5.2. Normas e legislação ..................................................................................................... 46

5.2.1. Legislação municipal ................................................................................................. 46

5.2.2. Legislação Estadual ................................................................................................... 47

5.2.3. Norma de acessibilidade ............................................................................................ 48

5.3. Condicionantes físicos ................................................................................................. 51

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6. PROPOSTA ARQUITETÔNICA .................................................................................. 52

6.1. Conceito e Partido ....................................................................................................... 52

6.2. Logística de atendimento ............................................................................................ 52

6.3. Diretrizes gerais para a elaboração do projeto ......................................................... 54

6.4. Setorização, implantação e fluxograma ..................................................................... 54

6.5. Memorial justificativo ................................................................................................. 57

6.5.1. Bloco 01 ..................................................................................................................... 57

6.5.2. Bloco 02 ..................................................................................................................... 59

6.5.3. Guarita da portaria ..................................................................................................... 61

6.5.4. Vestiários ................................................................................................................... 62

6.6. Memorial descritivo ..................................................................................................... 63

6.6.1. Sistema Construtivo ................................................................................................... 63

6.6.2. Laje, Telhado e Reservatórios ................................................................................... 64

6.6.3. Esquadrias, elementos vazados e brises ..................................................................... 65

6.6.4. Revestimentos Internos .............................................................................................. 67

6.6.5. Piso da Área Externa .................................................................................................. 67

6.6.6. Revestimentos Fachada .............................................................................................. 68

6.7. Volumetrias .................................................................................................................. 69

6.8. Interiores ...................................................................................................................... 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 75

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 76

APÊNDICE ............................................................................................................................. 81

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista ................................................................................. 82

ANEXOS ................................................................................................................................. 84

ANEXO A – Poema de Pedro Bandeira ............................................................................... 85

ANEXO B – Tabela de Estímulos Cromáticos .................................................................... 87

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INTRODUÇÃO

Este Trabalho Final de Graduação propõe um anteprojeto de creche e escola de

educação infantil (crianças de 0 a 6 anos) na localidade de Tocos, 17º distrito do município de

Campos dos Goytacazes.

Partindo do conceito de creche, sabe-se que este é um estabelecimento escolar

destinado a crianças pequenas (0 a 3 anos), onde é comum que os pais deixem seus filhos para

que possam ir trabalhar fora, sendo, portanto (muitas vezes), um lugar de permanência

integral durante o dia. A palavra infância refere-se ao período compreendido entre os

primeiros anos da vida e a puberdade (0 a 12 anos). Este projeto tem a intenção de planejar o

espaço em que as crianças pequenas passam grande parte do seu tempo e onde são feitas as

primeiras interações sociais fora do ambiente familiar.

Foi observado que a localidade de Tocos, 17º distrito do município de Campos dos

Goytacazes, no interior do estado do Rio de Janeiro, não possui creches e escolas de educação

infantil públicas que tenham sido projetadas e construídas com essa finalidade, estando a

única unidade existente no distrito situada em uma casa adaptada que não oferece a estrutura

necessária a este tipo de ambiente.

Além da falta de estrutura observada, considera-se também o quão importante é a fase

da infância, em que há uma necessidade imprescindível de estimular a criança, momento em

que estão sendo delineadas personalidades e aptidões. Fase na qual os valores são construídos

e arraigados, sendo, portanto, um momento importante para a determinação do tipo de adulto

que a então criança será.

Assim sendo, se há o desejo de fazer do mundo um lugar melhor, deve-se partir da

educação pautada em princípios e valores, da capacidade de formar o senso crítico do ser

humano como caminho e, quanto mais cedo tudo isso começar a ser trabalhado, melhores

serão os resultados. Nesse sentido, a escola é um local de grande aprendizado para as

crianças, além do ambiente familiar.

Diante do exposto, o objetivo geral deste Trabalho Final de Graduação é elaborar um

anteprojeto arquitetônico de creche e escola de educação infantil na localidade de Tocos, 17º

distrito do município de Campos dos Goytacazes.

São objetivos específicos deste trabalho: investigar aspectos teóricos e legais que dão

embasamento e direcionamento à educação infantil; compreender as tendências pedagógicas

mais presentes neste nível de educação, dando ênfase ao escolanovismo e ao construtivismo

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no processo de ensino-aprendizagem; destacar, a partir de uma abordagem teórica da

psicologia ambiental, a importância de se propor espaços lúdicos e integrados à natureza para

o pleno desenvolvimento da criança; referenciar projetualmente a concepção desta proposta

arquitetônica e, por fim, propor um terreno e apresentar sua situação de projeto (entorno e

condicionantes). Todos esses objetivos específicos contribuem para a construção de um

embasamento necessário à elaboração projetual, objetivo geral e final deste trabalho.

No que diz respeito aos objetivos do anteprojeto propriamente dito, podem ser

destacados: propor espaços adequados à realização de atividades lúdicas e de aprendizagem

para crianças de 0 a 6 anos; aplicar conceitos da psicologia ambiental na criação dos

ambientes; e elaborar um anteprojeto voltado para o desenvolvimento integral da criança.

A compreensão de como ocorre o desenvolvimento intelectual, emocional e físico da

criança possibilita a proposição de espaços mais funcionais, confortáveis e lúdicos, que

tornarão o ambiente escolar propício à assimilação dos aprendizados propostos. Nesse

sentido, entende-se que a psicologia ambiental pode contribuir com o processo de criação do

anteprojeto. Para tanto, foram investigados os tipos de atividades desenvolvidas em creches e

escolas infantis, no intuito de propor ambientes adequados, pois parte-se do princípio que o

ambiente tem grande influência no comportamento dos indivíduos de modo geral. Assim

sendo, os espaços devem ser alegres e convidativos, para gerar nos indivíduos uma percepção

positiva do ambiente, que torne propício o progresso das atividades nele desenvolvidas. O

anteprojeto proposto deverá atentar para a elaboração dos espaços que apresentem essas

condições, tão necessárias ao pleno desenvolvimento infantil em suas dimensões física,

cognitiva e emocional.

A metodologia utilizada consiste em pesquisa bibliográfica sobre educação infantil

(definição, legislação e tendências pedagógicas) e psicologia ambiental (com destaque para a

ludicidade e a integração à natureza).

Também foi realizada pesquisa de campo, com o objetivo de compreender como são os

espaços e as atividades propostas para a educação infantil no distrito de Tocos, para que se

pudesse apresentar um anteprojeto que ultrapassasse os problemas detectados. A pesquisa foi

dividida da seguinte forma:

a) Realização de entrevistas (APÊNDICE A – Roteiro de entrevista) e levantamento

fotográfico na creche existente em Tocos. Pretendeu-se, nesta etapa, compreender de

forma mais específica a problemática desses espaços escolares no distrito de Tocos,

por meio de entrevistas com o corpo pedagógico da creche existente, para

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levantamento de dados que permitam melhor avaliar o modo como funciona

atualmente essa unidade e quais aspectos poderiam ser melhorados.

b) Visita à Secretaria de Educação do Município, com a finalidade de compreender as

políticas públicas em relação à educação infantil no município e em Tocos,

particularmente.

O trabalho está organizado em sete capítulos, sendo que o primeiro trata dos conceitos

relacionados à infância, a educação infantil e o que diz a legislação pertinente, menciona

algumas concepções de aprendizagem e a linha pedagógica adotada, o construtivismo; o

segundo capítulo aborda a importância da percepção ambiental na educação infantil e os

aspectos que poderão ser trabalhados no anteprojeto. O terceiro capítulo apresenta os

resultados da pesquisa de campo; o quarto expõe e justifica os referenciais projetuais que

inspiraram este anteprojeto arquitetônico, que são categorizados em quatro tipos: funcional,

tipológico, plástico e tecnológico. O quinto capítulo mostra a situação de projeto e seus

condicionantes. O sexto e último capítulo apresenta a solução arquitetônica proposta, os

memoriais justificativo e descritivo do anteprojeto, além de imagens externas e externas do

projeto.

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1. SOBRE A EDUCAÇÃO NA INFÂNCIA

“O principal objetivo da educação é criar homens que sejam capazes de fazer

coisas novas, não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram”.

(Jean Piaget)

1.1. A importância da educação na infância

A infância está dividida em três diferentes momentos, que são: o primeiro de 0 a 3

anos, o segundo de 3 a 6 anos e o terceiro de 6 a 12 anos. Esta fase da vida é de muitas

descobertas, principalmente a primeira e a segunda infância, quando ocorre um rápido

desenvolvimento físico, motor, de compreensão e da fala. É essencial nesse processo o

acompanhamento da família, uma vez que através dela são desenvolvidas as primeiras

relações sociais, e da escola, onde outras capacidades são desenvolvidas e aperfeiçoadas.

A Educação Infantil está compreendida no período de 0 a 6 anos de idade, sendo a

primeira etapa da Educação Básica, tendo como objetivo o desenvolvimento integral das

crianças, ou seja, não apenas os aspectos cognitivos devem ser desenvolvidos, mas também os

físicos, sociais e os emocionais.

Segundo Antunes, a primeira infância é um período crucial na vida das crianças; é

nesta fase que elas adquirem capacidades fundamentais para o desenvolvimento de

habilidades que irão impactar na sua vida adulta, por isso, cuidar da Educação Infantil é

cuidar do futuro das nossas crianças. É um período tão importante que os estímulos aos quais

a criança é exposta podem influenciar inclusive na sua anatomia cerebral (ANTUNES, 1998).

Em 1926, um grupo de cientistas de universidades norte-americanas, ao observar o

comportamento de ratos de laboratório, notou que os mesmos apresentavam diferentes

comportamentos, uns mais ativos e outros mais apáticos. A partir daí foram desenvolvidas

pesquisas que comprovaram que os indivíduos que cresceram em gaiolas com brinquedos e

obstáculos, interagindo com outros ratos, possuíam química cerebral bem mais densa que os

outros ratos criados em gaiolas isoladas e sem estímulos. Quando eles morreram foi possível

comprovar que a espessura do córtex cerebral dos ratos que receberam estímulos chegava a

ser cerca de seis por cento mais espesso que o dos ratos não estimulados (ANTUNES, 1998).

Outras pesquisas confirmaram essa primeira, como se pode ler a seguir:

Mais tarde, outros cientistas, sobretudo Marian Diamond, realizaram experiências

análogas com outros nove animais diferentes, sempre com idênticos resultados,

inaugurando uma série de pesquisas que culminariam com a construção da ideia de

que, nos animais e nos seres humanos, a importância do ambiente e dos estímulos

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recebidos é extremamente sensível tanto na alteração elétrica e química, quanto na

alteração anatômica desse cérebro (ANTUNES, 1998, p. 28).

Na primeira infância, o meio, os estímulos e o convívio social influenciam no

comportamento, na aptidão para certas atividades e até mesmo no desenvolvimento físico da

massa encefálica, portanto seria um desperdício não aproveitar tamanho potencial de

aprendizado minimizando a importância dessa fase da vida como se fosse apenas uma etapa

destinada a brincadeiras sem propósito.

No que diz respeito à influência do meio físico, vale ressaltar que a falta de

planejamento dos espaços pode retardar o desenvolvimento da autonomia da criança por conta

da ergonomia inadequada: pias, bacias sanitárias, tudo em tamanhos grandes demais para que

a criança possa acessar sem o auxílio de um adulto.

1.2. Legislação

Segundo a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), a

educação básica é composta pela educação infantil, ensino fundamental e médio, tendo como

finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o

exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores. A oferta de creches e escolas de educação infantil será responsabilidade dos

municípios.

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o

desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,

psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Neste

período a avaliação de rendimento do aluno é feita apena através do acompanhamento diário

das atividades desenvolvidas, não sendo fator limitante para o acesso do aluno ao ensino

fundamental.

Segundo o Artigo 30 da LDB (BRASIL, 1996), a educação infantil será oferecida em:

Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

Pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.

É, portanto, dever do Estado disponibilizar atendimento gratuito em creches e pré-

escolas às crianças de zero a seis anos de idade, porém, só a partir dos sete anos de idade os

pais têm a obrigação de matricular a criança na escola. Com essa idade a criança já seria

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matriculada no primeiro segmento do ensino fundamental, deste modo fica evidente a pouca

importância ainda dada à educação infantil e à relevância dos saberes adquiridos nessa fase.

1.3. Concepções de aprendizagem

Por trás do trabalho de cada professor e do modo como se estruturam as escolas há

séculos de reflexão filosófica, científica, psicológica e pedagógica acerca do desenvolvimento

e aprendizado do ser humano, que foi imprescindível para que a criança passasse a ser vista

como ser em formação e não como um adulto em miniatura, que apenas não possuía estatura

suficiente para exercer seu papel na sociedade, como se pensava na Idade Média.

Friedrich Froebel (1782 – 1852) foi um pedagogo alemão que idealizou e fundou o

primeiro jardim de infância do mundo, por considerar a infância como fase decisiva na

formação das pessoas. O nome “jardim de infância” reflete o princípio de que as crianças,

assim como as plantas, em sua fase de formação necessitam de cuidados específicos e

periódicos para que se obtenha um crescimento saudável. Foi um dos primeiros pedagogos a

falar em auto educação, vendo nas brincadeiras e jogos um potente instrumento para a

aprendizagem. Froebel investiu na utilização de objetos geométricos, desmontáveis, para

estimular o aprendizado, assim como Montessori1 faria posteriormente. O educador defendia

um processo de educação baseado na liberdade, por acreditar na existência de diferentes

estágios de capacidade de aprendizado, estudos estes que foram aprofundados posteriormente

por Jean Piaget (FERRARI, 2008). Mas essas descobertas se deram no decorrer de um

período, onde, no que diz respeito à educação infantil, pode-se destacar duas grandes

vertentes do pensamento pedagógico: a Escola Tradicional e a Escola Nova.

A origem da Escola Tradicional rígida e com foco na disciplina advém das Escolas

Jesuíticas (séculos XVI e XVII), que privilegiavam a disseminação de certas áreas de

conhecimento de interesse da igreja como o ensino do latim e conhecimentos filosóficos

específicos, dando pouca importância à história, geografia e a matemática.

Na França dos séculos XVII e XVIII o Iluminismo impulsiona a Revolução Francesa

liderada pela burguesia que, entre outros fatores, desejava ter acesso ao conhecimento

monopolizado pela classe dominante. Esse movimento deu origem aos Sistemas Nacionais de

Ensino, uma vez que seu objetivo era a disseminação do conhecimento, tornando-o cada vez

1 Montessori - Maria Montessori (1870-1952) foi uma pedagoga, pesquisadora e médica italiana, a criadora do

“Método Montessori” que revolucionou o ensino na educação infantil. (FRAZÃO, 2016)

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mais acessível (LEÃO, 1999). Simultaneamente, na Inglaterra a Revolução Industrial (século

XVIII) impulsiona a ampliação da rede escolar com a intenção de atender a demanda por

operários qualificados e estimular as descobertas científicas de modo a criar novas tecnologias

que auxiliassem a indústria em expansão (ARANHA, 1996).

Neste contexto é forjada a Escola Tradicional, linha pedagógica onde o aluno tem

papel passivo na aquisição de conhecimento e o professor, por meio de aulas expositivas,

transmite o conhecimento ao aluno, que deverá armazená-lo e acumulá-lo para compreender

os conteúdos seguintes (LEÃO, 1999). No contexto da escola tradicional, Mizukami destaca o

papel do educando:

[...] atribui-se ao sujeito um papel irrelevante na elaboração e aquisição do

conhecimento. Ao indivíduo que está “adquirindo” conhecimento compete

memorizar definições, enunciados de leis, sínteses e resumos que lhe são oferecidos

no processo de educação formal a partir de um esquema atomístico (MIZUKAMI,

1986. p.11, apud LEÃO, 1999. p. 190).

Pode-se entender, então, que o aluno deve assumir uma postura passiva diante do

conhecimento e do “conhecedor”, que é o professor. Por essa razão, o tradicionalismo foi e é

duramente criticado, devido a sua rigidez e ao fato de as individualidades serem ignoradas.

Aranha destaca, no texto a seguir, algumas outras características dessa pedagogia:

Quanto à metodologia, é valorizada a aula expositiva centrada no professor, com

destaque para situações em sala de aula nas quais são feitos exercícios de fixação,

como leituras repetidas e cópias. Submetidos a horários e currículos rígidos, os

alunos são considerados como um bloco único e homogêneo, não havendo qualquer

preocupação com as diferenças individuais. (ARANHA, 1996. p. 158).

Importante ressaltar que, de certo modo, a pedagogia tradicional prepara o indivíduo

para a vida, numa sociedade em que o indivíduo deve se adaptar a sua realidade e não o

contrário. Por isso há tantas críticas e controvérsias ainda nessa discussão.

O método tradicional é o mais utilizado nas escolas até hoje, embora tenha sofrido

influências de outros métodos ao longo de sua trajetória. Em contrapartida surgem outras

teorias e movimentos pedagógicos, todos contrários a ele. Entre eles está a Escola Nova

fundada por John Dewey (1859 – 1952) a partir de sua teoria instrumentalista ou

funcionalista. Nela as ideias são vistas como instrumentos para solucionar problemas. A

Escola Nova surge no final do século XIX, como o próprio nome sugere, com propostas

contrárias ao ensino tradicional, fazendo da criança o centro do processo educativo,

anteriormente atribuído ao professor, que passa, então, a atuar como facilitador da

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aprendizagem. A Escola Nova possui como princípio o “aprender fazendo”, uma vez que a

abstração deve resultar de experiências do próprio aluno. Os horários e conteúdos tornam-se

flexíveis para atender às individualidades de cada aluno (ARANHA, 1996).

Embora tenha surgido na Europa no século XIX, a Escola Nova chega ao Brasil

apenas na primeira metade do século XX e ganha destaque através do Manifesto dos

Pioneiros da Educação Nova em de 1932. No cenário nacional ganhou representatividade

através de figuras como Lourenço Filho2 (1897-1970) e Anísio Teixeira

3 (1900-1971). O

movimento chega ao Brasil num momento de progresso industrial e econômico, e de

crescentes problemas políticos e sociais, trazendo seu aspecto ideológico forte, a partir da

crença na eficácia da educação para a construção de uma sociedade democrática.

Entretanto, segundo Saviani (2012) toda a teoria bem intencionada da Escola Nova

não surtiu o efeito esperado, devido aos custos maiores que os do Ensino Tradicional, ficando

restrita a escolas experimentais acessíveis a pequenos grupos da elite. Embora a implantação

não tenha ocorrido, os ideais escolanovistas foram muito difundidos e agregados pelos

educadores.

Segundo Almeida, as mudanças no âmbito da metodologia de ensino e da difusão do

lema "aprender a aprender" conferiram à Educação e à Escola um caráter pragmático e esta

foi a principal característica da primeira fase do escolanovismo. Na segunda fase,

implementada depois da Segunda Guerra Mundial, os representantes escolanovistas

começaram a desenvolver mudanças de ordem conceitual, cuja base foi a psicologia da

aprendizagem, o que consolida a ideia de que a escola deve preocupar-se exclusivamente com

o aluno e o seu aprendizado (ALMEIDA, 2018).

Nesta segunda fase da Escola Nova, destaca-se a influência de vários psicólogos da

aprendizagem. Na década de sessenta, observa-se o predomínio das ideias de Skinner4, mas

também está presente o pensamento de Rogers5, sobretudo nas experiências de educação não-

formal. A partir da década de setenta, os educadores brasileiros tomam contato com as

formulações de Piaget (ALMEIDA, 2018).

2 Lourenço Filho – Manoel Bergström Lourenço Filho (1897-1970) foi um educador brasileiro conhecido

sobretudo por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola Nova. (MARTINS, 2005) 3 Anísio Teixeira - Anísio Teixeira (1900-1971) foi um importante teórico da educação no Brasil. Foi o principal

idealizador das grandes mudanças que ocorreram na educação brasileira no século XX. (FRAZÃO, 2016) 4 Skinner - Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) foi um psicólogo norte-americano, seguidor do Behaviorismo

de J. B. Watson, mas na década de 40, criou o Behaviorismo Radical com uma proposta filosófica sobre o

comportamento humano. (FRAZÃO, 2018) 5 Rogers - Carl Rogers (1902-1987) foi um psicólogo norte-americano. Desenvolveu a Psicologia Humanista,

também chamada de Terceira Força da Psicologia. (FRAZÃO, 2016)

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Jean Piaget (1896 - 1980) foi um biólogo suíço cuja obra baseou-se na observação

científica do processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano na infância que,

segundo ele, ocorre a partir de interação do indivíduo com o meio. Para Piaget, o

desenvolvimento cognitivo ocorre a partir de quatro estágios básicos, que são: 1º - Sensório

motor (0 a 2 anos), quando o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos à sua

volta; 2º - Pré operacional (2 a 7 anos), período caracterizado pelo domínio da linguagem e

representação do mundo por meio de símbolos; 3º - Estágio das operações concretas (7 aos 11

ou 12 anos), etapa marcada pelo surgimento da lógica nos processos mentais e a habilidade de

discriminar os objetos por similaridade e diferenças; 4º - Estágio das operações formais

(inicia-se por volta dos 12 anos), fase que marca o início da idade adulta em termos

cognitivos, quando o adolescente já consegue assimilar conceitos abstratos e trabalhar com

hipóteses (FERRARI, 2008).

Piaget destaca também o fato de as crianças raciocinarem de modo diferente dos

adultos, deste modo o conhecimento é construído através dos mecanismos de assimilação e

acomodação, conforme citado a seguir:

O primeiro [assimilação] consiste em incorporar objetos do mundo exterior a

esquemas mentais preexistentes. Por exemplo: a criança tem a ideia mental de uma

ave como animal voador, com penas e asas; ao observar um avestruz vai tentar

assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido. Já a

acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por influência do

mundo exterior. Assim, depois de aprender que um avestruz não voa, a criança vai

adaptar seu conceito “geral” de ave para incluir as que não voam. (FERRARI, 2008,

p. 90).

Com pensamentos teóricos contrários ao ensino tradicional surgiu, então, o

Construtivismo, a partir da obra de Jean Piaget. Entretanto, não se trata de um movimento

pedagógico, mas de uma teoria em relação à aquisição de conhecimento, desenvolvida dentro

do contexto de uma tendência educacional, que é a Escola Nova. Desse modo, pode-se

compreender que “um dos pontos principais da visão construtivista de ensino é que a

aprendizagem é uma construção da própria criança, em que ela é o centro no processo, e não o

professor” (LEÃO, 1999. p. 197), uma das ideias que fundamentais, também, da Escola Nova.

Maria Montessori (1870 – 1952) foi uma médica italiana que desenvolveu pesquisas

pioneiras no campo pedagógico dando ênfase à autoeducação. Sua teoria é de que a evolução

mental acompanha o crescimento biológico e pode ser dividida em fases definidas, nas quais

deverão ser aplicados os conteúdos, recursos e aprendizados adequados. São valorizadas a

individualidade, atividade e liberdade do aluno, que é sujeito e objeto do ensino. Segundo

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Montessori, as crianças trazem dentro de si o potencial para aprender e é papel da escola criar

condições para que isso aconteça (FERRARI, 2008). O método parte do concreto para o

abstrato e conta com material didático específico desenvolvido para cada etapa (ANTUNES,

1998), além do uso do mobiliário compatível com a estatura das crianças, visando estimular o

desenvolvimento de sua autonomia e independência.

Diante do exposto, para efeito de elaboração do anteprojeto proposto neste trabalho,

pretendeu-se, dentro das premissas do movimento Escolanovista, atingir o princípio do

“aprender fazendo”, a partir do incentivo à experimentação, com a criação de ambientes

lúdicos e interativos. Na teoria de Piaget é destacada a importância da interação do indivíduo

com o meio na geração de desenvolvimento mental. Para tanto, propõe-se a criação de

ambientes que estimulem essa interação, contribuindo assim com o aprendizado. Da teoria

Montessoriana, objetivou-se agregar o estímulo à autonomia da criança, a partir do mobiliário

adequado à sua estatura.

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2. PERCEPÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

“Amai a infância; favorecei suas brincadeiras, seus prazeres, seu amável instinto.

Quem de vós não teve alguma vez saudade dessa época em que o riso está sempre

nos lábios, e a alma está sempre em paz.”

(J. J. Rousseau)

Cada indivíduo percebe e vivencia o espaço de modo diferente e vários fatores

influenciam essa vivência. Alguns deles serão tratados neste capítulo. Segundo Rio e Oliveira

(1999) todo ambiente influencia a percepção e conduta de quem o utiliza, por isso é tão

importante o estudo de espaços projetados, visando estimular positivamente o aprendizado e o

desenvolvimento de relações interpessoais, sobretudo no início da vida. Deste modo,

percepção ambiental é a construção de conhecimento a partir da informação retida e

codificada nos usos e hábitos de um lugar (FERRARA, 1999). Por esse motivo, destacamos a

relevância de um projeto adequado dos ambientes e apresentamos alguns fatores que

contribuem para a composição desses espaços de educação infantil.

2.1. Natureza

Atualmente a maior parte das crianças têm como maior fonte de entretenimento os

recursos tecnológicos disponíveis hoje através da TV, smartphones, tablets, computadores,

etc, que, de modo geral, são o meio mais rápido de entreter uma criança, um meio que não

suja, não molha, não machuca. Entretanto, o contato com a natureza tem um papel primordial

no desenvolvimento de habilidades e aptidões, auxiliando na concentração, equilíbrio e

atenção e está se tornando cada vez mais escasso, uma vez que as pessoas, de um modo geral,

estão se tornando cada vez mais condicionadas a passarem a maior parte de seu tempo em

lugares fechados. A redução do hábito de brincar ao ar livre tem gerado ainda problemas

relacionados ao ganho de peso, devido ao sedentarismo, resultando muitas vezes na obesidade

infantil.

O aprendizado, sobretudo na infância, ocorre de um modo muito sensorial: as crianças

têm a necessidade de experimentar, de explorar, sentir a chuva, o sol, o vento, subir em

árvores e sentir que também fazem parte da natureza. Pedro Bandeira em seu poema “Vai já

pra dentro menino!” nos exorta neste sentido, não desvalorizando os aprendizados obtidos em

sala de aula, mas reconhecendo que fora dela também há muito o que se aprender.

Destacamos apenas um trecho e apresentamos o poema completo no Anexo A.

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[...] Se eu me fecho lá em casa,

Numa tarde de calor,

Como eu vou ver uma abelha

A catar pólen na flor?

Como eu vou saber da chuva

Se eu nunca me molhar?

Como eu vou sentir o sol,

Se eu nunca me queimar?

Como eu vou saber da terra,

Se eu nunca me sujar?

Como eu vou saber das gentes,

Sem aprender a gostar? [...]. (BANDEIRA, 2001).

A interação com a natureza tem efeitos, não apenas para a criança, mas também na

própria natureza, pois gera no indivíduo o sentimento de pertencimento que

consequentemente o fará preservar a mesma futuramente.

Tiriba (2005) aponta alguns fatores que levaram ao distanciamento entre crianças e

natureza e destaca o atual “emparedamento” que as mantém confinadas por várias horas do

dia como o primeiro fator a fazer com que a criança não se sinta parte do mundo natural. Este

confinamento se agrava ainda quando as salas não possuem janelas que permitam às mesmas

algum contato com a área externa, já que a maior parte das creches funciona em período

integral e o período disponível para brincadeiras ao ar livre é de, no máximo, 60 minutos. Isto

pode resultar num período que chega a nove horas ao dia em ambientes fechados.

A autora destaca ainda que estão se tornando cada vez mais raros os espaços com

terra, areia e grama (que tem dado lugar a calçadas de concreto), onde as crianças possam

brincar livres e descalças, sendo este tipo de brincadeira desestimulado, até mesmo por ser

considerado algo que gera sujeira. Pelo excesso de zelo em relação à limpeza e preocupação

exagerada com o surgimento de doenças, a sociedade crê que o contato com qualquer coisa

diferente fará com que a criança adoeça. Essa preocupação com a possibilidade de a criança

adoecer está relacionada ao fato de a criança não poder ir à creche se estiver doente, neste

caso um dos pais precisaria faltar ao trabalho para cuidar da mesma (TIRIBA, 2005).

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2.2. Ludicidade

A palavra ludicidade vem do latim ludus e significa jogo, originalmente. Entretanto,

seu sentido é mais amplo nos dias atuais. O lúdico está relacionado ao prazer e ao

divertimento, que não precisam estar necessariamente relacionados ao ato de jogar.

O lúdico tem um importante papel no processo de aprendizagem, sobretudo na

educação infantil, pois faz com que as crianças percebam que aprender pode ser divertido,

aumentando seu interesse nas atividades desenvolvidas. A vivência de tais atividades em um

ambiente atrativo e estimulante tem seus efeitos potencializados. O ato de brincar favorece as

interações sociais e os jogos ensinam a respeito de regras, disciplina e trabalho em equipe,

conforme trecho da obra de Lopes (2006), citando Salomão e Martini (2007).

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e

da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se comunicar por meio

de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz com

que desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver

algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a

imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio

da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais.

(SALOMÃO; MARTINI, 2007, p. 3, apud LOPES, 2006, p.110).

Para Boiko e Zamberlan (2001), o brincar constitui uma prática pedagógica de

relevante importância para a formação de indivíduos críticos, autônomos e criativos, reforçando

a importância de espaços adequados para o desenvolvimento de todo o potencial existente na

infância.

Quando pensamos em espaços lúdicos, quase não há como evitar seu relacionamento

ao uso das cores. Isso porque as cores, principalmente as vibrantes e alegres, fazem parte do

universo infantil, chamando a atenção das crianças, podendo destacar objetos diferenciados.

Nesse sentido, entende-se também que as cores escolhidas para compor um ambiente e o

modo com o qual ele é iluminado podem gerar diversos efeitos sobre seus usuários; as cores

isoladas e seus acordes cromáticos podem atrair ou repelir, trazer a sensação de aconchego ou

desconforto. A cor pode inclusive sugerir o tipo de atividade realizada num determinado

espaço já que algumas cores podem, por exemplo, favorecer atividades que demandam

concentração ou indicar que o espaço é destinado à recreação (HELLER, 2013).

Segundo Heller (2013) o laranja é a cor da recreação, sociabilidade e do lúdico e atua

de modo mais efetivo quando acompanhado por sua cor complementar, que é o azul. A autora

considera ainda, que o acorde cromático amarelo-laranja-vermelho é o acorde da alegria,

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atividade, energia e ludicidade. Sendo o acorde ideal, portanto, a ser utilizado nos espaços

destinados a recreação.

Santos (2011) menciona algumas reflexões de Tornquist (2008) a respeito da

utilização de cores e luz nos ambientes escolares, conforme citado a seguir.

Para ele a cor nas escolas não tem função apenas decorativa, mas ajuda a regular o

comportamento dos alunos, favorecendo a orientação e facilitando a identificação do

ambiente. Sua utilização está relacionada à idade dos alunos: cores quentes e

acolhedoras com luz quente para os pré-escolares e cores de baixa saturação e luzes

incolores à medida que as crianças crescem e aumenta a exigência de concentração.

Nos ambientes de recreio e brincadeiras, as cores extrovertidas ajudam a expor as

emoções das crianças e podem aliviar a tensão; a luz deverá ser utilizada de maneira

a criar zonas luminosas diferenciadas. (TORNQUIST, 2008, apud SANTOS, 2011,

p. 69).

No Anexo B encontra-se uma tabela apresentada por Tornquist (2008, apud SANTOS,

2011). Trata-se de um esquema cromático elaborado por Tornquist (2008) a respeito de

estímulos relacionados à percepção das cores. A partir das informações contidas neste

esquema classificaremos as cores que se destacaram como estimulantes e não estimulantes.

As cores salientadas como estimulantes, são as mesmas consideradas por Heller

(2013) como o acorde cromático da alegria, elas são: o laranja o amarelo e o vermelho. O

vermelho simboliza a energia e o impulso. O laranja representa a alegria, excitação e

dispersão; é uma cor festiva. E o amarelo representa também a alegria, ligeireza e liberdade.

As cores consideradas não estimulantes são o cinza e o verde. O cinza, por ser uma cor

neutra, que possui o efeito de anular os estímulos e favorece à concentração. E o verde

(principalmente em tons mais claros), possui efeito calmante, extingue os estímulos e causa

relaxamento. (TORNQUIST, 2008, apud SANTOS, 2011).

Os ambientes escolares precisam ser pensados com foco nas crianças, visando

estimular sua autonomia e trazer a sensação de acolhimento e pertencimento às mesmas,

dando suporte às diversas atividades realizadas no ambiente de ensino, pois o espaço educa:

dimensões, cores, iluminação, ventilação, disposição dos móveis e flexibilidade do uso vão

estimular o desenvolvimento da autonomia e da criatividade, contribuindo para a construção,

por parte do aluno, de uma visão positiva sobre o ambiente de ensino e o que ele tem a

oferecer. Os ambientes podem e devem estimular na criança o desejo de ir à escola. Nesse

sentido Bussedas, Huguet e Solé (1999) ressaltam a importância de procurar ver o ambiente

pela ótica da criança, como se pode ler a seguir.

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Ao organizar ou decorar os espaços é preciso colocar-se no lugar das crianças e

tentar valorizá-los com “olhos e medidas de crianças”. Às vezes, a decoração é

pensada para pessoas adultas e da sua perspectiva que, evidentemente, fica bastante

distante da infantil. É uma boa ideia agachar-se no espaço que está sendo decorado e

observá-lo da mesma altura que os pequenos o fazem. (BUSSEDAS; HUGUET;

SOLÉ, 1999, p. 107 a 108).

É preciso valorizar o caráter educativo dos ambientes. Guimarães (2006) menciona um

projeto educacional em Reggio Emilia, na Itália, que é voltado para crianças de 0 a 6 anos,

onde são adotadas três ideias que são as chaves para a compreensão do papel do espaço no

apoio às manifestações expressivas das crianças. Segundo elas o espaço deve ser: flexível;

deve apoiar os relacionamentos das crianças; e deve convidar à ação, à imaginação e à

narratividade.

O ato de brincar e o faz de conta tão presentes na infância, fazem com que as crianças

reproduzam diversos ambientes dentro de um mesmo espaço e é importante que o espaço

permita isso. Guimarães (2006) considera ainda que a plasticidade do espaço contribui para a

expansão criativa da criança, havendo, entretanto, limites nessa flexibilidade, a fim de não se

tornar algo mais prejudicial do que benéfico.

A autora destaca ainda a diferença entre espaço e lugar, em que espaço é algo

projetado e lugar é algo constituído através das relações. É, portanto, papel da arquitetura,

projetar espaços com potencial para se tornarem lugares cheios de significado, que tornem

propícias as interações sociais e a prática de atividades criativas. Segundo Guimarães:

Quando pensamos um espaço para a relação com as crianças, é importante que

possamos aliar às qualidades físicas (o que nele é importante ter – objetos para

construção, bonecos, papéis de diferentes tamanhos, fantasias, etc.) com as

qualidades imaginativas (como essas coisas vão convidar a inventar possibilidades,

pesquisas, cenas, narrativas? Como, na relação com essas coisas, as crianças vão

construir significados?). (GUIMARÃES, 2006. p. 71)

Dentro deste contexto a flexibilidade tem um importante papel na elaboração de

espaços que estimulem relações de pertencimento naqueles que o utilizam, permitindo a

composição de sítios secundários construídos pelas crianças, tornando-as indivíduos ativos na

construção do ambiente de ensino.

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3. PESQUISA DE CAMPO: CRECHE ESCOLA DESEMBARGADOR

SEBASTIÃO AMARO DA SILVA MACHADO

"A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas

em ter olhos novos."

(Marcel Proust)

Tocos é o 17º distrito do município de Campos dos Goytacazes, banhado pela Lagoa

Feia e composto pelos bairros: Canto do Rio, Vala do Mato, Goiaba, Marcelo, Jardim Paraíso,

Caxias, Carioca, Carvão, Coqueiros e Ponta Grossa dos Fidalgos. Sua economia é

basicamente pecuarista e agrícola, contando também com a Companhia Açucareira Paraíso

(mais conhecida como Usina Paraíso), que está em funcionamento atualmente, mas no

passado já foi a maior fonte geradora de empregos para a população local.

Em 2010, a população total do distrito era de 8.164 pessoas e havia 760 crianças de

zero a seis anos, conforme a Tabela 01.

Tabela 01 Quantidade de crianças de zero a seis anos no distrito em 2010

FAIXA ETÁRIA QUANTIDADE

Menos de 1 ano 109

1 ano completo 112

2 anos completos 113

3 anos completos 100

4 anos completos 102

5 anos completos 113

6 anos completos 111

TOTAL 760

Fonte: Elaborado pela autora a partir de informações fornecidas pelo CIDAC. (Dados do IBGE, 2010)

Durante o carnaval é costume da população local a realização de desfiles de blocos e

bois pintadinhos na Praça Athaíde Barbosa, que é a principal praça do distrito (Figura 1).

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Figura 1 Praça Athaíde Barbosa em Tocos

Fonte: PMCG, 2011

3.1. Levantamento das escolas em Tocos

A seguir são listadas as unidades educacionais públicas existentes na localidade e os

segmentos atendidos por cada uma delas:

Creche Escola Desembargador Sebastião Amaro da Silva Machado (Jardim

Paraíso) Creche e escola de educação infantil;

Escola Municipal Alicério Ribeiro da Silva (Canto do Rio) Educação

infantil e 1º segmento do ensino fundamental;

Brizolão 269 – Escola Municipalizada Francisco Portela (Jardim Paraíso)

Educação infantil e 1º segmento do ensino fundamental;

Escola Municipal Antônio de Souza Rodrigues (Coqueiros) Educação

infantil e 1º segmento do ensino fundamental;

Escola Municipal José de Azevedo (Ponta Grossa dos Fidalgos) Educação

infantil e 1º segmento do ensino fundamental;

Escola Municipal Dr. Getúlio Vargas (Jardim Paraíso) Educação infantil, 1º

e 2º segmento do ensino fundamental;

Colégio Estadual Almirante Barroso (Jardim Paraíso) 2º segmento do

ensino fundamental e ensino médio.

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Ao todo são sete escolas públicas em funcionamento no distrito, sendo as escolas

situadas nos bairros de Ponta Grossa dos Fidalgos e Coqueiros as mais distantes da área

central. Na Figura 2 é possível observar a localização da Escola Municipal José de Azevedo,

situada em Ponta Grossa dos Fidalgos, que apesar de pertencer ao distrito, fica a 12,3km da

Praça Athaíde Barbosa.

Figura 2 Escola existente em Ponta Grossa dos Fidalgos

Fonte: Google Earth, 2018 (modificado pela autora)

O bairro de Coqueiros fica a 4,5km de distância da Praça Athaíde Barbosa, abrigando

a segunda escola mais distante da área central. Na Figura 3 é possível observar a localização

da escola com relação ao CIEP, identificada também na Figura 4.

Figura 3 Escola existente em Coqueiros

Fonte: Google Earth, 2018 (modificado pela autora)

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A maior parte das escolas existentes está localizada no bairro Jardim Paraíso,

conforme a Figura 4. Este bairro conta com quatro unidades que atendem de creche até o

ensino médio.

Figura 4 Escolas existentes no bairro Jardim Paraíso

Fonte: Google Earth, 2018 (modificado pela autora)

No bairro Canto do Rio há uma escola em funcionamento, conforme a Figura 5. A

unidade fica a cerca de 2km de distância da Praça Athaíde Barbosa.

Figura 5 Escola existente no bairro Canto do Rio

Fonte: Google Earth, 2018 (modificado pela autora)

O distrito conta, portanto, com sete escolas no total, seis delas atendem à educação

infantil, mas apenas uma delas funciona também como creche e em período integral. Nesta

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única unidade destinada apenas à primeira e segunda infância, foi feito um estudo de caso

com a finalidade compreender suas demandas e funcionamento.

3.2. Resultado das entrevistas

As visitas à Creche Escola Desembargador Sebastião Amaro da Silva Machado,

situada na Rua Guilherme Morisson, nº 619, no distrito de Tocos ocorreram nos dias 14 e 19

de junho de 2018 e a partir delas foi possível observar que os ambientes são insuficientes para

acomodar de modo adequado as crianças matriculadas. O atendimento foi feito pela diretora

da unidade, Érika, que apresentou o espaço físico da creche e forneceu as informações

referentes a quantidade de crianças matriculadas e faixa etária que a creche atende atualmente.

Devido às adaptações feitas na construção, originalmente residencial, para acomodar às

instalações da creche, alguns aspectos ficaram deficientes, como a iluminação e ventilação

natural, e a quantidade de sanitários, que é insuficiente para atender tanto aos funcionários

quanto aos alunos.

O horário de funcionamento da creche é das 7 horas às 17 horas, atendendo atualmente

a 73 crianças, de 10 meses a 4 anos de idade. Com relação ao atendimento à demanda por

vagas, segundo a diretora da creche, funciona da seguinte forma: é feita uma pré-matrícula na

creche, os dados são passados à Secretaria de Educação do Município e, após uma triagem

feita pela mesma, é enviada à creche a listagem das crianças que conseguiram as vagas, pois a

demanda é maior que o número de vagas disponíveis.

Quando perguntados sobre os aspectos positivos, os funcionários mencionaram apenas

a união da equipe e o fato de poder trabalhar com crianças. Com relação aos aspectos

negativos foram mencionados a falta de espaços adequados para o desenvolvimento das

atividades em sala, para recreação e apresentações das crianças, falta de materiais e

funcionários, além dos problemas referentes à estrutura física do prédio conforme relatado

inicialmente.

Em visita feita à Secretaria Municipal de Educação foi informado pelo Diretor de

Infraestrutura, Francisco Eduardo Freitas, que não há previsão de construção de uma nova

unidade de creche e escola de educação infantil no distrito de Tocos, com a justificativa de já

haver a unidade mencionada em funcionamento, apesar de toda a inadequação dos seus

ambientes.

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Na Figura 6 é apresentada a fachada da creche existente, que evidencia o caráter

residencial da construção.

Figura 6 Fachada da creche existente

Fonte: Google, 2018

3.3. Análise dos Espaços

A planta baixa da Creche Escola Desembargador Sebastião Amaro da Silva Machado

foi disponibilizada pela Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo. Nela estão indicados os

ângulos em que foram tiradas as fotos. A planta encontra-se na Figura 7 a seguir.

O playground ilustrado na imagem a seguir (ponto de vista “A” em planta - Figura 8),

fica localizado na área externa, sob uma cobertura, mas em caso de chuva com ventos mais

fortes, não é possível utilizar o espaço. Não há outros espaços destinados à recreação, como

uma brinquedoteca, por exemplo.

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Figura 8 Vista A: Playground

Fonte: Arquivo Pessoal, 2018.

O Berçário conta com mobiliário insuficiente para atender à demanda (quatro berços

para acomodar sete crianças), além de um espaço físico limitado para acomodar a quantidade

de berços adequada. A sala possui 13,52m² e conta com uma bancada para higienização dos

bebês. Como é possível constatar na imagem (ponto de vista “B” em planta - Figura 9), quase

não há ventilação natural, pois, além do vão que aparece na foto, existe apenas uma porta que

fica predominantemente fechada para evitar que as crianças engatinhem para o lado de fora do

ambiente.

Figura 9 Vista B: Berçário

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

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O Maternal I (A) (ponto de vista “C” em planta - Figura 10) é a maior sala da creche e

a mais ventilada também. Como é possível observar, possui três janelas, tem 23,30m² de área

e atende a nove crianças atualmente.

Figura 10 Vista C: Maternal I (A)

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

No Maternal I (B) (ponto de vista “D” em planta - Figura 11) fica evidente a carência

de mobília. A sala possui 15,60m², mas sua área é reduzida por um armário. Oito crianças

fazem uso dessa sala.

Figura 11 Vista D: Maternal I (B)

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

A sala do Maternal II (A) (ponto de vista “E” em planta - Figura 12) possui 10,14m² e

nesta turma 13 crianças frequentam. Esta sala possui o mesmo problema da anterior, com a

redução de área causada pelo armário.

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Figura 12 Vista E: Maternal II (A)

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

A sala do Maternal II (B) (ponto de vista “F” em planta - Figura 13) possui duas

janelas, entretanto, a janela voltada para a área externa encontra-se bloqueada por um armário

e a outra fica voltada para o refeitório, prejudicando a ventilação. São 11,17m² de área e 13

crianças frequentam essa turma.

Figura 13 Vista F: Maternal II (B)

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

A turma do Pré I (A) (ponto de vista “G” em planta - Figura 14) é frequentada por 12

alunos e está acomodada em uma sala de 7,69m². A sala possui duas janelas, entretanto, uma

delas é voltada para o refeitório, não sendo relevante para efeito de ventilação e iluminação

natural.

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Figura 14 Vista G: Sala de aula - Pré I (A)

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

A turma do Pré I (B) (ponto de vista “H” em planta - Figura 15) fica acomodada na

menor de todas as salas, que possui 6,32m², 11 crianças frequentam esta turma. O pouco

espaço da sala faz com que a mobília se torne um obstáculo, por exemplo, na hora de dormir,

já que para organizar os colchonetes no chão é necessário empilhar as mesas e cadeiras, essa

solução acaba expondo as crianças ao risco de desmoronamento.

Figura 15 Vista H: Sala de aula - Pré I (B)

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

Como pode-se observar na Figura 16 (ponto de vista “I” em planta), o refeitório é

pequeno e conta com iluminação e ventilação natural insuficientes, o ambiente possui um

único vão voltado para a área externa (área de serviço), fechado com grade, conforme

ilustrado na Figura 17 (ponto de vista “J” em planta). O refeitório acaba funcionando também

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como lavanderia, como pode ser visto no canto direito da Figura 16, é nele que está instalada

a máquina de lavar roupas.

Figura 16 Vista I: Refeitório.

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

Conforme apresentado na figura 17, a área de serviço está localizada numa parte

descoberta, o que condiciona o desenvolvimento das atividades habituais às condições

climáticas.

Figura 17 Vista J: Área de Serviço

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

A unidade escolar não conta com depósito, por essa razão o espaço, que seria

destinado a uma pequena Biblioteca, conforme identificado na planta baixa cedida pela

Secretaria de Obras, é utilizado com essa finalidade, assim como a sala da Secretaria da

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Creche, onde também são armazenadas fraldas e outros materiais e, por essa razão, deixou de

ser um ambiente de permanência, tornando-se apenas um espaço para arquivamento de

registros da escola.

Diante de todas as deficiências identificadas na estrutura físicas da creche escola, este

trabalho propõe um anteprojeto arquitetônico que objetiva a superação das mesmas, através da

criação de ambientes adequados a cada atividade proposta, visando o conforto dos usuários e

propondo ambientes lúdicos, bem iluminados e ventilados, que possam contribuir com o

desenvolvimento integral das crianças.

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4. REFERENCIAIS PROJETUAIS

“Acredito que as coisas podem ser feitas de outra maneira e que vale a pena

tentar.”

(Zaha Hadid)

Entendendo que as referências são fundamentais para a elaboração projetual, foram

pesquisados alguns edifícios escolares que pudessem alimentar o processo criativo,

oferecendo base e inspiração para ação projetual. Nesse sentido foram escolhidos projetos

categorizados em referenciais funcional, plástico, tecnológico e tipológico.

No sentido de se compreender melhor a contribuição de cada tipo de referencial para o

anteprojeto, faz-se, em seguida, uma breve explicação de cada um deles: o referencial

funcional é aquele que apresenta dimensionamento, funcionamento, setorizações e/ou fluxos

semelhantes àqueles propostos; o referencial plástico inspira a parte estética do projeto,

fundamentando a utilização das volumetrias, o uso de cores, determinadas organizações

espaciais e manipulações formais; o referencial tipológico, sugere a forma geral adotada e o

tipo de construção em relação a seu espaço livre e de entorno; e, por fim, o referencial

tecnológico embasa a utilização de técnicas e tecnologias na proposta arquitetônica.

4.1. Referencial funcional

A construção escolhida como referencial funcional foi o Jardim de Infância Mavrica,

localizado em Brežice, Eslovênia e projetado pelos arquitetos Breda Bizjak (BB Arhitekti),

Lidija Dragišić (Studio 360), Katja Florjanc, Emir Jelkić, Ajda Vogelnik Saje. O projeto

conquistou o primeiro lugar de um concurso de projetos do município de Brežice em 2011

(ARCHDAILY, 2014).

A característica do projeto que chama a atenção como referencial funcional é a

configuração das salas de aula do pavimento térreo, que possuem acesso à circulação interna e

ao átrio externo central, possibilitando, sobretudo, uma interação maior com ambiente

externo, como se observa nas Figuras 18 e 19.

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Figura 18 Interação entre ambiente interno e externo no Jardim de Infância Mavrica

Fonte: Archdaily, 2014

Figura 19 Iluminação natural no Jardim de Infância Mavrica

Fonte: Archdaily, 2014

4.2. Referencial tipológico

Como referencial tipológico, foi escolhido o Berçário Comunitário Montpelier, que

está localizado no bairro de Camden, em Londres e foi projetado pela AY Architects. O

berçário estava funcionando provisoriamente em um edifício antigo, que não oferecia

segurança aos usuários e o escritório de arquitetura propôs a demolição do edifício e a

construção de uma nova creche, contribuindo também na arrecadação de fundos para o

projeto com a comunidade (ARCHDAILY, 2013).

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As características que mais se destacam e que foram observadas na elaboração do

anteprojeto da creche e escola infantil, foram os espaços amplos e claros, a interação com os

jardins na área externa, o aproveitamento da iluminação e ventilação natural, e principalmente

o fato de a construção ser térrea, como pode ser visto na Figura 20.

Figura 20 Área externa do Berçário Comunitário Montpelier

Fonte: Archdaily, 2013

4.3. Referencial plástico e tecnológico

O Jardim de Infância Kekec, localizado na Ljubljana, Slovenia, foi escolhido como

referencial plástico e tecnológico. O prédio em questão é uma extensão do jardim de infância

local, que foi ampliado devido ao aumento de demanda. O projeto arquitetônico é do

escritório Arhitektura Jure Kotnik, 2010, é uma construção pré-moldada feita em madeira e

foi construída em três dias (ARCHDAILY, 2011).

A parte da obra que chama atenção como referencial plástico é a fachada, que possui

brises verticais, cujas “réguas” giram no eixo, modificando a fachada, sendo um lado com cor

de madeira natural e o outro pintado com nove opções de cores vibrantes. O conceito da

fachada está relacionado à falta de equipamentos no jardim. Ela foi pensada como um

elemento lúdico com o qual as crianças podem interagir, mudando a aparência da fachada

(Figuras 21 e 22).

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Figura 21 Fachada do Jardim de Infância Kekec

Fonte: Archdaily, 2011

O aspecto tecnológico que chama a atenção neste projeto é a possibilidade de utilizar

de forma lúdica um recurso tão útil como os brises, com a intenção de melhorar o conforto

térmico dos ambientes projetados.

Figura 22 Fachada do Jardim de Infância Kekec

Fonte: Archdaily, 2011

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4.4. Referencial tecnológico e plástico

Como referencial tecnológico, foi escolhido o jardim vertical feito em um muro da

Clínica Coração Sagrado USP de Sevilha (Figuras 23 e 24) durante uma obra de ampliação

em agosto de 2012, feita pelo escritório de arquitetura Peinado Arquitectos. O projeto

contemplou uma área de 40m² e conta com um sistema de controle remoto de alta tecnologia

que regula o estado geral das plantas, medindo a temperatura e a umidade do ambiente e o pH

da água de irrigação, mediante o uso de sondas. Além disso, a irrigação funciona em um

circuito fechado que otimiza o consumo de água (ARCHDAILY, 2012).

Figura 23 Jardim vertical, Clínica Coração Sagrado USP

Fonte: Archdaily, 2012

Não é objetivo deste trabalho utilizar as tecnologias sofisticadas presentes no referido

projeto; deseja-se adotar apenas a utilização de jardins verticais nos muros que podem ser

vistos pelas janelas da sala de aula. Incentivando assim o contato com a natureza e auxiliando

na climatização.

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Figura 24 Jardim vertical, Clínica Coração Sagrado USP

Fonte: Archdaily, 2012

Este projeto será utilizado também como referencial plástico, já que a vegetação tem

um papel importante na composição estética do projeto.

Além dos referenciais projetuais apresentados, foram utilizados também livros e

manuais que abordam a caracterização do ambiente escolar e alguns parâmetros para a

elaboração de projeto dos mesmos. Entre eles estão os livros “Arquitetura escolar: o projeto

do ambiente de ensino” (2011) e “Aprender e ensinar na educação infantil” (1999), o manual

para elaboração de projetos de edifícios escolares na cidade do Rio de Janeiro, o manual de

ambientes didáticos para graduação (2011) e a relação de pré-requisitos para a abertura de

escolas particulares de São José do Rio Preto (2017).

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5. SITUAÇÃO DE PROJETO

“Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito

para ser muito.”

(Lina Bo Bardi)

5.1. Terreno e entorno

O terreno proposto fica situado na Rua José Pereira das Chagas na entrada de Tocos,

em frente à Unidade Básica de Saúde (UBS) do distrito, a 550m da Praça Athaíde Barbosa.

As construções vizinhas são predominantemente residências de um ou dois pavimentos,

comércios de pequeno porte, igrejas e a UBS.

Na Figura 25 pode-se observar a localização do terreno com relação a pontos de

referência da localidade, como a CIA Açucareira Paraíso, a praça e a UBS.

Figura 25 Localização do Terreno

Fonte: Google Earth, 2018 (modificado pela autora)

A Figura 26 apresenta a vista da rua do terreno sobre o qual será desenvolvido o

anteprojeto. Como pode ser observado, o terreno possui grandes árvores em sua parte frontal,

árvores estas que serão mantidas, pois reforçam o estímulo ao contato com a natureza,

proporcionando sombra nos dias de sol e tornando o acesso à creche escola mais agradável.

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Figura 26 Terreno proposto

Fonte: Arquivo pessoal, 2018

O terreno possui 4.257,52m² de área, medindo 50,94m de largura e 86,58m de

comprimento em ambos os lados, seu formato é um paralelogramo.

5.2. Normas e legislação

Norma é uma conduta seguida, que não possui obrigatoriedade como a lei. “Lei, é

geral e abstrata, e que o seu cumprimento é obrigatório, e sujeito a sanções. Lei seria o ato que

atesta a existência da norma que o direito vem reconhecer como de fato existente, ou das

formas da norma.” (COISA DE CONCURSEIRO, 2015). É necessário, portanto, para a

elaboração de um bom projeto arquitetônico a observação das leis e normas pertinentes,

visando criar ambientes confortáveis, acessíveis e seguros aos usuários.

5.2.1. Legislação municipal

O distrito de Tocos está numa área considerada como sede distrital pela Lei de

perímetros urbanos, estando fora da malha urbana do município. O Decreto nº 278, institui a

implantação do modelo ZR2 (Zona Residencial 2) nas sedes distritais e núcleos urbanos do

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município (CAMPOS DOS GOYTACAZES, 2009). A ZR2 tem seu uso estabelecido pela Lei

de uso e ocupação do solo conforme citado abaixo:

Art. 64 - A Zona Residencial 2 – ZR 2 destina-se ao uso residencial unifamiliar,

residencial multifamiliar horizontal, residencial multifamiliar vertical, sendo

permitido o comércio local, serviços locais, uso institucional local e principal e uso

misto. (CAMPOS DOS GOYTACAZES, 2007. p. 21).

Conforme o anexo II, quadro nº 6 da lei anteriormente mencionada, na ZR2 o

Coeficiente de Aproveitamento do Terreno é de 2,0 e a Taxa de Ocupação do terreno é de até

60%. De acordo com o quadro nº 8 desta mesma lei, as edificações destinadas a

Estabelecimento de Ensino (Infantil, Fundamental e Médio), independente da área computada

no Coeficiente de Aproveitamento, deverão ter, no mínimo 1, vaga para estacionamento de

veículos para cada 75m² de área computável, excetuadas as áreas de recreação e quadras

cobertas. Com relação às vagas para carga e descarga, as edificações destinadas ao uso

proposto deverão possuir 1 vaga, caso tenham uma área computada no coeficiente de

aproveitamento do terreno entre 1000m² e 5000m²; acima de 5000m², o número de vagas

passa a ser definido a partir de análise do EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança).

O terreno está situado em uma rodovia estadual e por essa razão foi necessário

respeitar a faixa de domínio e afastamento frontal exigido por lei, conforme citado abaixo:

Art. 32 - As edificações ao longo das rodovias federais, estaduais e municipais

devem ter afastamento mínimo de 10,00m (dez metros), a contar dos limites

externos da faixa de domínio prevista para a rodovia.

Parágrafo Único - Quando não estiverem demarcados os limites das faixas de

domínio, o afastamento do eixo da estrada deve ser 30m (trinta metros) para as

edificações situadas à margem de rodovias federais e estaduais e de 20m (vinte

metros), para as situadas à margem das estradas municipais. (CAMPOS DOS

GOYTACAZES, 2007. p. 13).

Sendo necessário, portanto, um afastamento de 30 metros do eixo da rodovia para o

início do lote e um afastamento mínimo de 10 metros da testada do lote para a área

construída.

5.2.2. Legislação Estadual

Devido à existência de um auditório no programa de necessidades do projeto

arquitetônico, fez-se necessária a consulta ao COSCIP (Código de Segurança Contra Incêndio

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e Pânico), já que o mesmo é classificado como ambiente de reunião de público. Este código

especifica largura adequada para circulações e acessos, baseando-se na capacidade máxima de

atendimento do local.

Todas as saídas, inclusive as de emergência, devem se comunicar com a via pública.

Todas as portas deverão ser dotadas de ferragem antipânico e deverão abrir de dentro para

fora (RIO DE JANEIRO, 1976).

No que diz respeito aos assentos, o código estabelece que: O espaço mínimo de

encosto a encosto dos assentos será de 90cm; o espaço mínimo entre as séries de cadeiras

deverá ser de 1,20m; o número máximo de assentos por fila será de 15; o número máximo de

assentos por coluna será de 20 (RIO DE JANEIRO, 1976). “Não serão permitidas séries de

assentos que terminem junto às paredes, devendo ser mantido um espaço de, no mínimo,

1,20m (um metro e vinte centímetros) de largura” (RIO DE JANEIRO, 1976. p. 21). Com

relação à quantidade, largura e posicionamento das portas destinadas a saídas de emergência,

o COSCIP dá a seguinte orientação:

m) Para o público haverá sempre, no mínimo, uma porta de entrada e de saída do

recinto, situadas em pontos distantes, de modo a não haver sobreposição de fluxo,

com largura mínima de 2m (dois metros). A soma das larguras de todas as portas

equivalerá a uma largura total correspondente a 1m (um metro) para cada 100 (cem)

pessoas; (RIO DE JANEIRO, 1976. p. 22).

5.2.3. Norma de acessibilidade

No que diz respeito à acessibilidade, foram adotados os parâmetros abordados na NBR

9050, sobretudo no que diz respeito larguras de circulação, espaço para manobra de cadeira de

rodas, inclinação de rampas e dimensões adequadas para sanitários.

É indispensável o uso de rampas ou qualquer outro elemento construtivo que permita a

pessoas com dificuldade de locomoção (provisória ou permanente) transitar com o máximo de

autonomia. Para serem consideradas acessíveis, as rampas devem possuir inclinação entre

6,25% e 8,33%, sendo recomendada a criação de patamares para descanso a cada 50m de

percurso (ABNT, 2015).

A respeito da área de circulação e manobra para pessoas em cadeiras de rodas, a

norma recomenda as dimensões mencionadas a seguir. Para o deslocamento em linha reta de

pessoas em cadeiras de rodas, a largura mínima deverá ser de 90cm, conforme ilustra a Figura

27.

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Figura 27 Deslocamento em linha reta

Fonte: ABNT, 2015

A largura mínima aceitável para a transposição de obstáculos isolados será de 80cm,

tendo o obstáculo no máximo 40cm de extensão (Figura 28), caso possua extensão maior que

o estipulado, deverá ser adotada a largura de 90cm.

Figura 28 Transposição de obstáculos isolados

Fonte: ABNT, 2015

O espaço necessário para manobra de cadeira de rodas, sem deslocamento é de 1,20 m

× 1,20 m para rotação de 90°; 1,50 m × 1,20 m para rotação de 180°; e círculo com diâmetro

de 1,50 m para rotação de 360°, conforme a Figura 29.

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Figura 29 Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento

Fonte: ABNT, 2015

Outro elemento importante para a acessibilidade dos ambientes é o piso tátil, material

que possui um relevo que ajuda os deficientes visuais a se deslocar com mais autonomia. São

dois os tipos de piso tátil (Figura 30), sendo um direcional e o outro de alerta. O piso

direcional indica o sentido do fluxo em locais de circulação, enquanto o piso de alerta sinaliza

mudanças de direção e a existência de portas.

Figura 30 Piso tátil

Fonte: Brazbel Concretos, 2018

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5.3. Condicionantes físicos

Na Figura 31 é possível observar que a testada do terreno está voltada para o Noroeste

e recebe o sol da tarde, sendo a parte dos fundos do terreno privilegiada pelo sol da manhã e

pelo vento predominante no lado direito. A maior fonte de ruídos é a Rua José Pereira das

Chagas (RJ 236), entretanto não possui intensidade suficiente para tornar-se incômoda.

Figura 31 Estudo de insolação e ventilação do terreno

Fonte: Google Earth, 2018 (modificado pela autora)

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6. PROPOSTA ARQUITETÔNICA

“A arquitetura é a arte que determina a identidade do nosso tempo e melhora a vida

das pessoas.”

(Santiago Calatrava)

Como mencionado anteriormente, este trabalho tem como finalidade a elaboração de

um anteprojeto arquitetônico de creche e escola de educação infantil para o distrito de Tocos,

que seja capaz de atender às necessidades de seus usuários, propondo ambientes funcionais e

aconchegantes.

6.1. Conceito e Partido

O conceito do projeto é o “convite à permanência” no ambiente escolar, através da

criação de ambientes convidativos e estimulantes para o ensino de crianças de 0 a 6 anos de

idade.

O projeto tem como partido a utilização de pátio interno, a abertura dos ambientes

para áreas verdes, o uso das cores e formas agradáveis, e a ergonomia adequada, como

maneira de materializar o conceito escolhido para o projeto.

6.2. Logística de atendimento

A escola será composta por seis turmas divididas por faixa etária de acordo com a

Figura 32, e a quantidade de alunos por professor obedece ao número máximo estipulado pelo

Ministério da Educação.

O número de crianças por professor deve possibilitar atenção, responsabilidade e

interação com as crianças e suas famílias. Levando em consideração as

características do espaço físico e das crianças, no caso de agrupamentos com criança

da mesma faixa de idade, recomenda-se a proporção de 6 a 8 crianças por professor

(no caso de crianças de zero a um ano), 15 crianças por professor (no caso de

crianças de dois a três ano) e 20 crianças por professor (nos agrupamentos de

crianças de quatro e cinco anos). (BRASIL, 2013. p. 7)

Com base na orientação citada, a creche poderá atender a 85 crianças em sua lotação

máxima, agrupada em seis turmas, sendo cada turma atendida por um professor e um auxiliar,

e funcionando em período integral. Embora não haja capacidade para atender nesta unidade

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ao número total de crianças do distrito nesta faixa etária, este projeto pode ser adotado como

padrão e implantado em outros pontos da localidade.

Figura 32 Salas de aula: Quantidade de usuários por ambiente

Fonte: Autoria própria, 2018

Além dos 85 alunos e 12 funcionários da equipe pedagógica, a creche escola contará

também com três funcionários do setor administrativo e sete funcionários do setor de serviços,

conforme a Figura 33.

Figura 33 Funcionários dos setores administrativo e de serviços

Fonte: Autoria própria, 2018

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6.3. Diretrizes gerais para a elaboração do projeto

Visando o estímulo ao desenvolvimento das crianças e buscando potencializar suas

interações sociais e ambientais, este anteprojeto propõe ambientes lúdicos, flexíveis,

iluminados e bem ventilados, que estejam integrados à área externa. O projeto conta com

amplas circulações, banheiro acessível e horta. Através do uso de vegetação pretende-se

tornar os ambientes mais agradáveis esteticamente, auxiliando na climatização e promovendo

o contato entre a criança e a natureza.

6.4. Setorização, implantação e fluxograma

A Figura 34 apresenta a setorização da instituição, que tem como ponto focal as áreas

de convivência e recreação.

Figura 34 Setorização

Fonte: Autoria própria, 2018

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O projeto é composto por dois blocos, sendo o primeiro composto predominantemente

pelas salas de aula e setor administrativo e o segundo composto pelo setor de serviços,

refeitório e auditório. O programa de necessidades e o dimensionamento dos ambientes

encontram-se na Tabela 02 a seguir.

Tabela 02 Programa e dimensionamento

PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO

AMBIENTE ÁREA (m²)

BL

OC

O 1

Diretoria 9,41

Secretaria 8,57

Arquivo 7,10

Sala dos professores, coordenação e copa 21,91

Enfermaria 7,67

Sanitário acessível 4,41

Centro de leitura 18,05

Brinquedoteca 35,48

Depósito 12,93

Sanitário Adulto Masculino 12,54

Sanitário Adulto Feminino 12,54

Sanitário Infantil Masculino 19,10

Sanitário Infantil Feminino 19,10

Berçário 01 26,84

Berçário 02 26,84

Lactário 5,90

Higienização 7,67

Sala de atividades (berçário) 37,21

Solário 36,15

Grupo 1 25,57

Sanitário infantil (Grupo 1) 3,70

Grupo 2 25,57

Grupo 3 25,57

Grupo 4 25,57

Pátio coberto 51,91

Pátio descoberto 01 21,21

Pátio descoberto 02 113,48

BL

OC

O 2

Refeitório 53,32

Cozinha 36,82

Lixo 3,56

Depósito de material de limpeza (DML) 3,24

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Despensa 4,80

Lavanderia 14,83

Área de serviço 6,20

Auditório 193,46

Apoio 9,60

Foyer 75,63

Sanitário Feminino 12,98

Sanitário Acessível 4,68

Sanitário Masculino 12,98

Palco 54,80

Camarim 01 15,78

WC - 01A 4,30

WC - 01B 2,80

Camarim 02 15,78

WC - 02A 4,30

WC - 02B 2,80

Bastidores 23,86

Gás 1,05

Horta 33,01

Pátio de serviço 88,02

Guarita 5,48

WC 2,15

Vestiário masculino 26,74

Vestiário feminino 26,74

Fonte: Autoria própria, 2018

Na Figura 35 é apresentado o fluxograma da proposta arquitetônica para a creche

escola, que mostra o estudo de fluxos entre ambientes.

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Figura 35 Fluxograma

Fonte: Autoria própria, 2018

6.5. Memorial justificativo

O memorial justificativo tem como objetivo apresentar o anteprojeto proposto de

forma mais detalhada, de modo a favorecer a compreensão das decisões tomadas no processo

de concepção do projeto.

6.5.1. Bloco 01

O bloco 01 (Figura 36) é composto pelo setor administrativo, depósito, salas de aula,

berçários, sala de atividades, centro de leitura, brinquedoteca e sanitários. Este bloco possui

pátio coberto e descoberto.

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O setor administrativo é formado pelas salas da direção, secretaria, sala dos

professores (que é também sala de reuniões e copa) e enfermaria (que tem a finalidade de ser

um local para procedimentos simples como limpar e fazer curativo em pequenos ferimentos).

Há também um depósito em que poderão ser guardadas fraldas, lenços umedecidos entre

outros materiais.

Este bloco abriga quatro salas de aula (G1 ao G4) onde são atendidas crianças a partir

de dois anos de idade. Na sala do G1 (onde ficam as crianças menores) há um banheiro com

bacia sanitária infantil, para facilitar o momento em que a criança está deixando de usar

fraldas e aprendendo a usar o banheiro e a controlar suas necessidades fisiológicas.

Há também dois berçários que possuem um lactário e um ambiente em que é feita a

higienização dos bebês. Estes dois berçários possuem acesso direto a um solário

compartilhado, que possibilita que as crianças possam brincar ao ar livre e tomar sol sob a

supervisão dos educadores em espaço adequado. Ao lado dos berçários há uma sala de

atividades exclusiva para as crianças do berçário, com brinquedos maiores e espaço livre para

que elas possam engatinhar, desenvolver atividades que estimulem a coordenação motora e

interagir umas com as outras.

No que diz respeito a sanitários, o bloco conta com cinco: dois sanitários infantis

(feminino e masculino), localizados próximos às salas de aula, dois sanitários para adultos

(feminino e masculino), e um sanitário acessível (unissex), além dos boxes acessíveis que

estão presentes em todos os sanitários coletivos.

Pensando na importância da estimulação à leitura, criou-se um centro de leitura, com o

intuito de favorecer os primeiros contatos com os livros de forma lúdica. Este ambiente possui

um acesso direto à brinquedoteca, integrando a leitura e a brincadeira, que são dois processos

importantes na formação do indivíduo.

Visando estimular as brincadeiras ao ar livre, este bloco possui um pátio central com

duas áreas descobertas e uma área coberta, que abriga um playground com gramado e áreas de

convivência. Para favorecer a iluminação natural, a cobertura do pátio é feita a partir de um

pergolado de concreto armado com fechamento em material translúcido.

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Figura 36 Bloco 1

Fonte: Autoria própria, 2018

6.5.2. Bloco 02

O bloco 02 (Figura 37) é composto por refeitório, setor de serviços e auditório. O

refeitório possui lavatórios para que as crianças possam lavar as mãos enquanto estão na fila e

duas janelas passa-prato, uma para entrega das refeições e outra para a devolução dos pratos.

Há também um escovário na parte externa do refeitório, com paredes nas laterais visando

proporcionar privacidade enquanto as crianças escovam os dentes.

O setor de serviços é composto por cozinha, despensa, lixo, DML, lavanderia e área de

serviço. Na área externa há um pátio de serviço e o ambiente em que serão armazenadas as

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botijas de gás que abastecerão a cozinha. Este pátio dá acesso também aos vestiários dos

funcionários e a uma horta. Este setor possui um acesso interno (pela circulação) e dois

acessos externos, podendo ser acessado pela área de serviço e cozinha. A cozinha possui duas

janelas passa-prato voltadas para o refeitório, sendo uma para a entrega das refeições e a outra

para a devolução dos pratos. Este ambiente tem ligação direta com a área de serviço que

possui grandes tanques, onde será feita a lavagem dos panelões, tendo ainda acesso direto ao

pátio de serviço, estando próximos a este acesso a horta que abastecerá a cozinha e o ambiente

em que é feito o descarte do lixo. A configuração do setor de serviços foi pensada com o

intuito de favorecer o fluxo de abastecimento da despensa (que pode ser feito pela área de

serviços ou pela circulação comum) e também a lavagem de panelas maiores, que não cabem

nas pias convencionais de cozinha, tornando o acesso aos tanques da área de serviço o mais

próximo possível e restrito a este setor.

Durante a pesquisa de campo, uma das professoras entrevistadas informou a

necessidade de um ambiente onde pudessem acontecer as apresentações das crianças e festas

das datas comemorativas, por essa razão o bloco 02 possui um auditório com capacidade para

138 pessoas. Nele há camarins com sanitários para que as crianças possam ser arrumadas para

as apresentações do modo mais confortável possível. Há também a área de apoio para

acomodar os equipamentos de som e projetor, e um foyer com cavaletes para a exposição de

trabalhos dos alunos, além de sanitários para atender aos visitantes. Neste auditório

acontecerão as apresentações da escola e ele estará aberto à comunidade para abrigar

reuniões, palestras e eventos culturais.

Em frente a este bloco foram dispostas 10 vagas de estacionamento, sendo uma delas

acessível. A legislação municipal recomenda que os estabelecimentos escolares possuam, no

mínimo, 1 vaga para cada 75m² de área computável. O anteprojeto aqui proposto apresenta

492,39m² de área computável, portanto, sete seria o número mínimo de vagas a serem

oferecidas.

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Figura 37 Bloco 2

Fonte: Autoria própria, 2018

6.5.3. Guarita da portaria

A instituição de ensino possui uma guarita que fica localizada entre os acessos de

veículos e pedestres. Dentro desta é possível ter visão da via e dos dois portões, havendo

ainda um lavabo para atender ao porteiro, conforme representado na Figura 38.

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Figura 38 Guarita

Fonte: Autoria própria, 2018

6.5.4. Vestiários

A unidade educacional possui vestiários feminino e masculino (Figura 39), que são

acessados através do pátio de serviço, sendo destinados aos funcionários.

Figura 39 Vestiário

Fonte: Autoria própria, 2018

O anteprojeto possui a área total de 1.440,24m², possui taxa de ocupação de 34% e

coeficiente de aproveitamento do terreno de 0,31. Como mencionado anteriormente no

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capítulo 5, os índices máximos aceitados pela legislação municipal são de taxa de ocupação

até 60% e coeficiente de aproveitamento do terreno até 2,0.

6.6. Memorial descritivo

O memorial descritivo tem o objetivo de fornecer informações referentes ao sistema

construtivo, materiais e elementos utilizados.

6.6.1. Sistema Construtivo

Optou-se pelo sistema construtivo convencional na região que é o concreto armado

(Figura 40), pela facilidade na logística dos materiais que o compõem e por não demandar

uma mão de obra específica como outros tipos de estrutura demandam.

Figura 40 Concreto armado

Fonte: Mapa da Obra, 2018

No que diz respeito à vedação foram adotados tijolos cerâmicos (Figura 41), material

abundante no município que possui muitas cerâmicas, inclusive algumas delas ficam na

estrada que dá acesso ao distrito.

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Figura 41 Tijolos cerâmicos

Fonte: Esquadros, 2014

6.6.2. Laje, Telhado e Reservatórios

O tipo de laje escolhido foi a laje pré-moldada (Figura 42), pois este tipo de laje é

constituído por vigotas de concreto e lajotas de concreto, cerâmica ou placas de EPS (isopor),

e é moldado in loco. É um sistema vantajoso, pois dispensa o uso de formas. Neste projeto

será utilizado o EPS entre as vigotas, já que este material auxilia no isolamento térmico e

acústico da edificação.

Figura 42 Laje pré-moldada com placas de EPS

Fonte: Casa e construção, 2016

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As lajes são cobertas por telhas de fibrocimento (Figura 43) com 6mm de espessura,

que direcionarão a vazão de água para as calhas.

Figura 43 Telha de fibrocimento

Fonte: Leroy Merlin, 2018

O reservatório de água principal (castelo d’água) com capacidade para 5000 litros é

proposto em concreto armado e os demais reservatórios em polietileno, com capacidade para

100 litros e 1500 litros, distribuídos pela cobertura do prédio.

6.6.3. Esquadrias, elementos vazados e brises

As esquadrias da edificação são compostas por folhas de vidro e alumínio, com o

intuito de favorecer a iluminação natural, conforme ilustrado na Figura 44.

Figura 44 Esquadria de vidro e alumínio

Fonte: Paraíso Vidraçaria, 2018

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Em alguns ambientes, como a sala dos professores e refeitório, são utilizados

elementos vazados, também conhecidos como cobogós (Figura 45), para favorecer a

ventilação mantendo a privacidade dos recintos.

Figura 45 Cobogó, Linha Luna

Fonte: Solarium Revestimentos, 2018

Na fachada frontal dos blocos 01 e 02 são utilizados brises verticais coloridos (Figura

46), com a finalidade de proteger os ambientes do sol da tarde e também como elemento

estético e lúdico, trazendo um pouco das cores vivas que tanto atraem as crianças para a

fachada do prédio.

Figura 46 Brise vertical

Fonte: Gessilvas, 2018

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6.6.4. Revestimentos Internos

As paredes das áreas secas são revestidas com tinta acrílica lavável, a fim de facilitar a

limpeza destes ambientes de permanência para as crianças, que frequentemente ficam com

marcas de mãos nas paredes. Já nas áreas úmidas as paredes receberam revestimento

cerâmico, já que a lavagem destes ambientes é mais frequente.

Para quase todos os ambientes é proposto o piso cerâmico, exceto para o auditório

onde o piso é laminado. O piso laminado (Figura 47) oferece o conforto acústico e térmico, é

durável, de fácil limpeza e rápida instalação.

Figura 47 Piso laminado

Fonte: Archdaily, 2018

6.6.5. Piso da Área Externa

Para a área externa, optou-se pelo piso permeável (Figura 48), que além de

proporcionar permeabilidade, tem a vantagem de ser áspero o suficiente para evitar

escorregamento.

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Figura 48 Piso permeável, linha Drenágio

Fonte: Solarium Revestimentos, 2018

6.6.6. Revestimentos Fachada

A fachada será revestida com pastilhas 5cm x 10cm (Figura 49) com acabamento

acetinado da Cerâmica Elizabeth nas cores cinza (Lux Petróleo) e azul (Azul Noronha), este

material foi escolhido com a finalidade de facilitar a limpeza e manutenção da fachada.

Figura 49 Pastilhas da fachada

Fonte: Cerâmica Elizabeth, 2018

Nas réguas horizontais coloridas que contornam a platibanda da fachada frontal e

descem na fachada do auditório, será aplicada tinta Coral acrílica super lavável nas cores

vermelho (Amor), laranja (Bola de basquete), amarelo (Canário belga), cinza (Minério bruto)

e azul (Queda livre), disponíveis na Figura 50.

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Figura 50 Cores das tintas da fachada

Fonte: Coral, 2018

6.7. Volumetrias

A Figura 51 traz a volumetria do anteprojeto, na qual é possível observar a disposição

das construções dentro do terreno proposto.

Figura 51 Volumetria

Fonte: Autoria própria, 2018

A Figura 52 apresenta uma perspectiva da construção vista da rua, seus acessos de

pedestres e veículos, a guarita e o auditório, que estará disponível para atender à comunidade.

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Figura 52 Vista da rua

Fonte: Autoria própria, 2018

Na figura 53 pode-se observar a ligação entre os blocos 01 e 02 e a paleta de cores

utilizada nas fachadas.

Figura 53 Volumetria

Fonte: Autoria própria, 2018

As Figuras 54 e 55 apresentam o pátio descoberto com playground. Este pátio pode ser

acessado das circulações laterais e possui uma área gramada onde as crianças podem brincar

ao ar livre.

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Figura 54 Pátio com playground

Fonte: Autoria própria, 2018

A fim de trazer ludicidade ao ambiente, foram pintadas listras horizontais coloridas ao

longo das circulações e as portas foram pintadas de amarelo para compor a paleta de cores

utilizada e facilitar sua identificação, mesmo de longe.

Figura 55 Pátio com playground

Fonte: Autoria própria, 2018

6.8. Interiores

Na Figura 56 pode-se observar a parede pela qual é feito o acesso entre o centro de

leitura e a brinquedoteca. Como mencionado anteriormente, esta ligação entre ambientes

surgiu da intenção de incentivar o contato com os livros, para que desde cedo a criança

compreenda que ler pode ser tão divertido quanto brincar. O vão de acesso entre estes dois

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ambientes possui o formato de buraco de fechadura para remeter à história da “Alice no país

das maravilhas”. Enquanto a Alice seguia o coelho entrou em um aposento cheio de portas,

mas aparentemente não havia ali nenhuma chave que pudesse abri-las, entretanto, ela não

desistiu.

De repente, encontrou uma pequena mesa de três pés, toda feita em vidro sólido: não

havia nada sobre ela senão uma minúscula chave dourada e a primeira idéia de Alice

foi de que ela deveria pertencer a uma das portas da sala; "mas, ai de mim!, ou as

fechaduras são muito grandes ou a chave muito pequena, mas de qualquer maneira

não iria abrir nenhuma das portas." Entretanto, na segunda tentativa, Alice encontrou

uma cortina que não havia percebido antes, e atrás dela existia uma pequena porta de

aproximadamente 40 centímetros: a menina colocou a pequena chave dourada na

fechadura e, para seu grande prazer, ela encaixou! (CARROLL, 1865)

A fechadura representa a possibilidade de acessar outros mundos e outras realidades

através dos livros, da brincadeira e da imaginação. Na mesma parede está a estante com

nichos em forma de colmeia, estes nichos têm três funções: acomodar os livros e brinquedos;

acomodar os puffs que podem ser encaixados neles, aumentando o espaço para circulação; e

podem ser usados também como assentos.

Figura 56 Centro de leitura

Fonte: Autoria própria, 2018

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As Figuras 57 e 58 ilustram a brinquedoteca, que possui armários baixos para facilitar

ergonomicamente o acesso das crianças aos brinquedos, favorecendo o desenvolvimento da

autonomia. O espaço possui também piscina de bolinhas, casa de bonecas, cabanas de tecido,

mesa com cadeiras e um colchonete com almofadas onde as crianças podem se acomodar para

brincar também.

Figura 57 Brinquedoteca

Fonte: Autoria própria, 2018

Figura 58 Brinquedoteca

Fonte: Autoria própria, 2018

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Os espaços foram pensados com o intuito de favorecer a interação da criança com o

ambiente e também as relações interpessoais, através da utilização de uma paleta de cores

alegre e da criação de recintos bem iluminados e ventilados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Se a gente quiser modificar alguma coisa, é pelas crianças que devemos começar.

Devemos respeitar e educar nossas crianças para que o futuro das nações e do

planeta seja digno.”

(Ayrton Senna)

O presente trabalho buscou desenvolver um anteprojeto arquitetônico, através da

percepção ambiental, voltado especificamente à infância, como forma de possibilitar que o

processo de ensino-aprendizado fosse potencializado através de ambientes com ergonomia,

iluminação e climatização adequada.

Em nenhuma outra fase da vida um ser humano aprende tanto quanto nos primeiros

anos, sobretudo nos três primeiros anos. Neste período, saímos de um estado de total

dependência e aprendemos a nos comunicar, a engatinhar, a andar, a nos relacionar com

outras pessoas e viver em sociedade. A escola tem um papel fundamental no processo de

evolução pelo qual todos passamos e pode contribuir positivamente com esse processo.

O tema demandou uma intensa pesquisa bibliográfica, que se mostrou indispensável

para o desenvolvimento do trabalho e para a compreensão dos assuntos abordados. Neste

sentido, os estudos referentes aos conceitos da percepção ambiental se mostraram bastante

relevantes para aplicação no projeto, pois influenciam o comportamento do usuário no

ambiente, podendo auxiliar na promoção de bem-estar.

A pesquisa de campo e entrevista com o corpo pedagógico da unidade em

funcionamento possibilitou a compreensão das necessidades de seus usuários, dando origem a

um programa de necessidades criado para supri-las.

Com isso foi possível conceber um projeto apropriado para suprir as expectativas

iniciais, propondo ambientes capazes de prover adequadamente as necessidades de uma

instituição escolar, com a intenção de oferecer um atendimento digno e seguro a essas

crianças.

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REFERÊNCIAS

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Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, p.

162. 2015.

______. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

urbanos. Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas. Set.

2015.

______ NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

urbanos. Largura para transposição de obstáculos isolados. Set. 2015.

______ NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

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360), Katja Florjanc, Emir Jelkić, Ajda Vogelnik Saje. 2014. Disponível em:

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista

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Roteiro de Entrevista

1. Qual é a demanda por vagas? A creche consegue atender à demanda, ou

muitas crianças ficam de fora?

2. Qual é o número de crianças que a creche atende atualmente?

3. Quais são os aspectos positivos e as dificuldades encontradas na creche/

escola?

4. Qual é o horário de funcionamento? É dividido em turnos?

5. Que tipo de atividades e brincadeiras são feitas?

6. O que gostaria que tivesse na creche/escola?

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ANEXOS

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ANEXO A – Poema de Pedro Bandeira

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Vai já pra dentro menino!

Vai já pra dentro menino!

Vai já pra dentro estudar!

É sempre essa lengalenga

Quando o que eu quero é brincar...

Eu sei que aprendo nos livros,

Eu sei que aprendo no estudo,

Mas o mundo é variado

E eu preciso saber tudo!

Há tempo pra conhecer,

Há tempo pra explorar!

Basta os olhos abrir,

E com o ouvido escutar.

Aprende-se o tempo todo,

Dentro, fora, pelo avesso,

Começando pelo fim

Terminando no começo!

Se eu me fecho lá em casa,

Numa tarde de calor,

Como eu vou ver uma abelha

A catar pólen na flor?

Como eu vou saber da chuva

Se eu nunca me molhar?

Como eu vou sentir o sol,

Se eu nunca me queimar?

Como eu vou saber da terra,

Se eu nunca me sujar?

Como eu vou saber das gentes,

Sem aprender a gostar?

Quero ver com os meus olhos,

Quero a vida até o fundo,

Quero ter barros nos pés,

Eu quero aprender o mundo!

(BANDEIRA, 2001)

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ANEXO B – Tabela de Estímulos Cromáticos

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