melhoria na produtividade por meio da seguranÇa … · o projeto trata de um estudo de...
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MELHORIA NA PRODUTIVIDADE POR
MEIO DA SEGURANÇA
COMPORTAMENTAL
Fabio Romero Nolasco Ferreira (UVV)
Gesiane Silveira Pereira (UVV)
ADRIANA HERIKA ATHAYDE FARIAS (UVV)
Vania Cristina de Mello (UVV)
Bruna da Fonseca Marvila (UVV)
O projeto trata de um estudo de verificação das vantagens na
implantação do processo de segurança baseado no comportamento
humano, visando a otimização do processo produtivo industrial, de
forma a evitar afastamentos dos trabalhadores em fuunção de
acidentes em uma empresa no setor industrial, localizada no município
de Vitória. A verificação foi realizada através de relatórios de dados
quantitativos que geram percentuais de riscos e indicam as áreas que
devem ser implementadas as melhorias, de forma a reduzir os índices
de acidentes e melhorar as metas de fabricação da empresa. A
segurança comportamental evidencia a sua importância dentre as
empresas, pois um erro humano pode resultar em graves acidentes,
provocar lesões e comprometer sobremaneira a produção.
Palavras-chaves: Comportamento; Riscos; Segurança
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. Introdução
A segurança comportamental é um termo que se refere à aplicação dos conhecimentos
científicos da psicologia comportamental nas questões de segurança do trabalho. É uma nova
forma de gestão da segurança do trabalho que vem crescendo em todo o mundo por apresentar
ganhos significativos nos níveis de segurança das empresas.
Na busca da melhoria contínua no desempenho em segurança, muitas empresas industriais
implementaram o processo de segurança baseada no comportamento, atingindo grande
sucesso em mais de 2000 empresas no mundo, nos mais diversos ramos de atuação.
Tal a importância desse processo, que originou fóruns de discussão do assunto. A primeira
edição do Fórum Internacional de Segurança ocorreu no ano de 2010 em Acapulco, no
México, e no ano de 2011 em Guarulhos (SP) foi realizado o II Fórum, que foi conduzido pela
DuPont Sustainable Solutions e teve como objetivo demonstrar como alcançar uma cultura de
segurança sustentável por meio de ferramentas que levam ao sucesso na sua implantação e
conscientizar sobre a importância dos líderes neste processo de aprendizado. Entre os temas
debatidos estavam o lado humano da segurança, produtividade, papel do campeão interno e
dos líderes em segurança comportamental, erros nos processos de segurança comportamental,
ferramentas essenciais, fundamentos da segurança comportamental, cultura de segurança e a
importância dos comitês de segurança.
Uma das principais prioridades de muitas empresas é evitar lesões ocupacionais, pois seus
efeitos podem aumentar a produção, superar metas de fabricação e melhorar o clima de
segurança entre os trabalhadores.
O objetivo deste artigo é procurar entender como os fatores comportamentais podem alterar a
produtividade de uma empresa por meio da observação mútua entre colaboradores, levando à
redução de riscos e acidentes no trabalho. Com esta finalidade serão utilizados autores como,
Limongi-França (2008), Soto (2005), Dela Coleta (1991), Cooper(1997), Lida(2000), dentre
outros pesquisadores do comportamento humano, inteligência emocional, e acidentes de
trabalho, procurando assim, esboçar aspectos da segurança, personalidade, comportamento,
buscando subsídios para discussão do tema proposto.
2. Referencial teórico
2.1. Valores e percepções de comportamento
Segundo Limongi-França (2008), a segurança do trabalho tem relação com a queixa
psicossomática, pois a ausência de segurança física pode levar a um acidente ou a uma doença
ocupacional, identificada aqui como fruto de condições inseguras combinadas a atos
inseguros, em que a análise cuidadosa dos atos (comportamentos) muito provavelmente nos
levará a causas psicossomáticas que causam doenças ocupacionais ainda não reconhecidas.
Conforme as palavras de Soto (2005), o fundamento do comportamento refere-se aos atos e às
atitudes das pessoas nas organizações. Na busca cada vez maior da produtividade, o
comportamento tem se tornado muito importante nas organizações.
Quanto à Engenharia de Produção, é curioso o que se nota com relação aos
pressupostos de ação. Uma vez que superados ou identificados os problemas de
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caráter tecnológico, as questões do comportamento tomam um lugar de maior
importância. ( LIMONGI-FRANÇA, 2008, p.27)
Para a Psicologia, o estudo da influência humana na ocorrência de acidentes de trabalho
necessita levar em conta a forma como o Ser Humano se relaciona com seu meio de trabalho.
Afirma Dela Coleta que:
Os comportamentos, as atitudes e as reações dos indivíduos em ambiente de trabalho
não podem ser interpretados de maneira válida e completa sem se considerar a
situação total a que eles estão expostos, todas as inter-relações entre as diferentes
variáveis, incluindo o meio, o grupo de trabalho e a própria organização como um
todo. Acidente de trabalho, neste sentido, pode ser visto como expressão da
qualidade da relação do indivíduo com o meio social que o cerca, com os
companheiros de trabalho e com a organização. (DELA COLETA, 1991, p.77)
Para Dela Coleta (1991), através de procedimentos sustentados pelas diversas técnicas de
análise do trabalho, principalmente aquelas baseadas na observação, devem-se identificar,
descrever e propor soluções alternativas a todas as situações de trabalho em que forem
detectados níveis de risco de qualquer magnitude sejam aqueles relativos ao ambiente em si
mesmo (temperatura, iluminação, ventilação, calçamento, buracos, tipo de piso, escadas), às
máquinas, equipamentos e material, aos procedimentos de trabalho, entre outros.
Segundo Cooper (1997), as estratégias de renovação e equilíbrio trabalho-família não foram
apenas incorporadas ao pensamento corporativo, elas tornaram-se uma fonte de vantagem
competitiva. A Business Week publicou uma relação de empresas que se utilizavam de
estratégias para equilibrar trabalho e família, entre elas Motorola, Dupont, Hewlett-Packard,
Marriott International, Eli Lilly, First Tennessee Bank, MNBA América Bank, Unum Life
Insurance e Merrill Lynch. Organizações e líderes já reconhecem que o trabalho e a família, e
a renovação pessoal tanto dentro e fora do trabalho, não são fenômenos separados. Eles se
relacionam, em geral profundamente, de forma que as considerações sobre o equilíbrio do
comportamento humano nos processos de trabalho e nas estruturas organizações são incluídas
como estratégia da empresa.
As adaptações ao trabalho são relevantes para minimizar os riscos de acidentes. Em
determinados dias e horas, o organismo se mostra mais apto ao trabalho. Nessas ocasiões,
além do rendimento ser maior, há também menores riscos de acidentes. Diversos fatores
condicionam este estado favorável à atividade. Alguns são intrínsecos à própria natureza,
como o ritmo circadiano, e outros são deliberadamente realizados pelo homem, como nos
casos de treinamentos, conforme afirma Lida (1990).
Segundo Sampaio (2002) conhecer os fatores que geram comportamentos esperados,
”positivos”, pode ajudar muito a transformar os hábitos coletivos de grupos. O criador do
sistema ABC, que admite a distinção entre atitude e comportamento, Thomas R. Krause
acredita que as atitudes são representadas pelos nossos conhecimentos, treinamentos, crenças,
etc., enquanto comportamento é a parte observável do que fazemos.
2.2. Segurança observável
Segundo abordagens da empresa de consultoria integrada em segurança, a BST Solutions
(Behavioral Science Technology), a segurança baseada em comportamento tem como foco o
comportamento de segurança observável, tais como querer agir seguramente ou estar
consciente das ações de segurança, assim como a ênfase no encorajamento do comportamento
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seguro, no lugar de punir a pessoa que agiu de forma insegura, o que difere das abordagens
psicológicas tradicionais. Não se trata de uma campanha de motivação, mas um procedimento
com base científica para atuar sobre comportamentos seguros e inseguros observáveis.
A segurança baseada em comportamento, ou segurança comportamental, é o uso da psicologia
comportamental para promover a segurança no ambiente de trabalho. A segurança baseada em
comportamento, dentro de uma organização, envolve tipicamente criar uma sistemática, um
processo contínuo que define um conjunto de comportamentos que reduzem o risco de lesões
relacionadas ao trabalho, coletar dados sobre a freqüência de práticas críticas de segurança e,
então, garantir que o feedback (retorno), possa aprimorar a segurança comportamental.
Por se basear num modelo científico, a intervenção em segurança comportamental requer um
planejamento detalhado e demanda um prazo de aplicação que pode variar de algumas
semanas até meses, dependendo do tamanho e da complexidade da atuação, porém os
resultados podem se estender muito além desse prazo, desde que certas condições tenham sido
estabelecidas.
Em relação ao pessoal de produção industrial, o modelo de segurança comportamental se
baseia, entre outras técnicas, no uso de observação por pares, estabelecimento de metas e
feedback (retorno), usualmente apresentados em forma de gráficos públicos e a respeito de
desempenho coletivo. Ao longo do tempo vários estudos criteriosos foram conduzidos sobre
cada uma dessas técnicas, de forma a prover as melhores práticas na sua implementação. Ela
foca, também, o cuidado mútuo da segurança um pelo outro, de tal forma que se cria uma
cultura de segurança, denominada por Scott Geller de "cuidar-se ativamente", ou seja, eu
estou atento à segurança dos demais como os demais estão atentos a minha.
Um processo efetivo de segurança comportamental requer envolvimento e participação
significativa da força de trabalho, visa comportamentos específicos, baseia-se na coleta de
informações sobre comportamentos observáveis, envolve processos de tomada de decisão,
baseada nos dados de observação, envolve intervenção sistemática de observação e de
melhoria, utiliza feedback (retorno), focado e contínuo no desempenho, requer visível
manutenção de apoio dos gerentes e da supervisão de linha de frente.
2.3. Gestão de pessoas nas organizações
Teoricamente existem alternativas para estudar pessoas em uma organização. A primeira é
estudar as pessoas como elas realmente são: dotadas de características próprias de
personalidade, de individualização, aspirações, valores, atitudes, motivações e objetivos
individuais. A segunda é estudar as pessoas como recursos, dotadas de habilidades,
capacidades, destrezas, e conhecimento necessário para a realização de tarefas na
organização.
Provavelmente essa teoria possibilita relacionar o problema das pessoas nas empresas: de um
lado o ser humano encontra na instituição suporte, elementos de segurança, de identidade, de
inserção social e de tarefa, as quais de forma alienadora ou não, se tornam fonte de ameaças e
frustrações, desencadeiam artifícios e recursos psicossociais, utilizados sob aspectos, para
manter, na pratica, as expectativas.
A questão do moral dos trabalhadores (expressão usada, frequentemente, para designar o grau
de satisfação que os membros de um grupo obtêm em sua tarefa) ocupa um lugar muito
importante no estudo das relações humanas.
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[...] uma série de elementos intervém neste domínio: o salário, a estabilidade, as
condições de trabalho, as possibilidades de acesso, o direito de petição e a
recompensa da capacidade e do merecimento. Devemos acrescentar ainda fatores da
vida extraprofissional, como bem estar e recreação, atividade sindical, condições
sociais, econômicas e políticas (LIMONGI-FRANÇA, apud REPÚBLICA 1966, p.
23).
O comportamento humano decorre das características herdadas dos pais e das influencias que
o meio ambiente exerce sobre as pessoas.
Varias áreas da psicologia, procura determinar qual desses dois fatores é mais importante. A
psicologia social da atenção especial ao estudo das influencias do ambiente físico e da cultura
sobre o modo de ser de cada individuo.
Verificou-se que cada pessoa só amadurece se tiver convivência diária com outras pessoas.
Essa convivência possibilita o desenvolvimento das impressões sociais, a utilização de uma
linguagem comum, e a capacidade de participação na sociedade. Constatou, também, que as
condições e as características ambientais de um determinado lugar ou região interferem na
maneira das pessoas satisfazerem à suas necessidades.
No entanto sabe-se que muitos fracassos das empresas devem-se à visão limitada e
inconclusiva sobre as questões da essência humana. – fracassos esses inseridos nos
pressupostos empresariais.
3. Metodologia
Através do resultado de pesquisa sobre o clima de segurança existente na empresa, inicia-se
uma abordagem qualitativa de pesquisa em comportamentos, que será complementada com
utilização de dados quantitativos, apresentados durante o desenvolvimento.
O gestor ligado à alta direção inicia o processo de implementação de comportamento seguro,
através de treinamentos fornecidos por empresa especializada, e em seguida forma-se o
comitê de implantação ou comitê diretor, formado por pessoas da área industrial, de diferentes
setores. Por intermédio de um consultor, o comitê identifica os comportamentos críticos,
recebe treinamentos e inicia as observações durante as atividades dos trabalhadores. Estas
observações podem ser consideradas amostragens, que são inseridas em um software
específico, onde através dele são colhidos dados estatísticos para tomada de decisões.
Para o bom andamento da ferramenta visando a formação de comportamento seguro, é preciso
seguir algumas regras como: preservar o anonimato da pessoa observada, sistematizar e
padronizar o procedimento, abordar o trabalhador em comum acordo, ou seja, o mesmo sabe
que está sendo observado, porém sem caráter punitivo.
Através das observações, que duram em torno de 15 minutos, se promove o feedback
(retorno), valorizando os comportamentos seguros e buscando o comprometimento dos
trabalhadores para a eliminação dos comportamentos de risco. Toda observação é registrada
em um documento que funciona como check-list do comportamento, pois o comitê alimenta
um banco de dados onde será possível realizar análises estatísticas e assim promover reuniões
gerenciais para remoção de barreiras. Os sujeitos da pesquisa serão os trabalhadores da
empresa Technip. O presente estudo considera os dados estatísticos coletados nos períodos de
01/01/2010 a 07/03/2012, onde foram observados 10253 colaboradores.
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Para atingir os objetivos propostos, serão utilizados procedimentos de análise documental,
realizada em relatório elaborado pela empresa.
Após a implementação do processo e dos dados obtidos através dos relatórios de observação
comportamental, obtém-se a redução do índice de acidentes através do feedback (retorno) das
observações comportamentais, pois os trabalhadores cuidam-se mutuamente. Além disto,
pode se identificar através das observações as barreiras que dificultam o comportamento
seguro. Estas necessitam de tratamento através de gestores que possuem poder de decisão, de
forma a promover segurança na empresa aliado à produtividade máxima.(TECHNIP,2012)
4. Desenvolvimento
4.1. Formação de comportamento seguro da empresa Technip Brasil
Em busca da melhoria contínua de seu desempenho em segurança, a empresa Technip Brasil,
que já adota o programa de segurança SIPAT, o sistema de treinamento Pulse, técnicos de
segurança, etc., inicia em 2008 a implementação da nova ferramenta: o processo baseado na
formação do comportamento seguro.
O objetivo desta ferramenta visa, através das observações, mapear os comportamentos de
segurança dos trabalhadores e eliminar as barreiras existentes que levam aos comportamentos
de risco.
O processo de observação comportamental é gerenciado por um comitê representado pelos
trabalhadores do site Vitória com suporte das lideranças e patrocinado pelo QHSE (Quality,
Health, Safety and Environment).
Este comitê se reúne semanalmente para planejar, realizar e analisar os resultados das
observações comportamentais. Para realização das observações o comitê realiza treinamento
de formação de observadores com carga horária de 20 horas.
Regras básicas do processo de observações:
- Anônima: o observado não é identificado;
- Não punitiva: a observação não poderá ser utilizada para fins de avaliação pessoal ou
punitiva;
- Aberta: o observado sabe que está sendo observado e deverá estar de acordo;
- Sistemática: deve ser feita utilizando o padrão estabelecido para o processo e por quem
tenha recebido treinamento.
Na função de observado, cada colaborador da empresa pode contribuir permitindo ser
observado, trocando ideias e opiniões no momento da observação e comprometendo-se a
eliminar os comportamentos de risco.
Na função de observador, o colaborador da empresa pode contribuir realizando as
observações de acordo com metas estabelecidas, seguindo as regras do treinamento, dando
feedback (retorno), valorizando os comportamentos seguros e buscando o comprometimento
para eliminar os comportamentos de risco.
4.2. Dados estatísticos
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As tabelas a seguir apresentam a compilação dos dados para cada tipo de observação no
período proposto por este estudo.
4.2.1. Posição do corpo
A tabela 1 apresenta os dados registrados pelo observador, relativos à posição do corpo, onde
o mesmo registra a ação do colaborador em manter o corpo fora do alcance de quaisquer
equipamentos ou substancias perigosas, os olhos atentos na tarefa executada e observar trajeto
percorrido.
Nº Seguro Nº de Risco % Seguros
Nº
Marcado % Marcado
Raio de ação 9191 174 98,14 9365 9134
Olhos na tarefa 10125 21 99,79 10146 98,96
Olhar por onde anda (Sentido
do movimento) 7608 47 99,39 7655 74,66
Subir/descer 2140 42 98,08 2182 21,28
Ponto de esmagamento 5400 65 98,81 5465 53,3
Lançamento de cargas 3672 21 99,43 3693 36,02
TOTAL 38136 370 99,04 38506
Fonte: Technip (2012)
Tabela 1 – Observações relativas à posição do corpo
4.2.2. Ferramentas e Equipamentos
A tabela 2 apresenta os dados registrados pelo observador, relativos às ferramentas e
equipamentos, onde o mesmo registra a ação do colaborador em utilizar ferramentas e/ou
equipamentos adequados e em bom estado de conservação ao realizar o trabalho.
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Nº Seguro
Nº de
Risco % Seguros Nº Marcado
%
Marcado
Seleção e uso das ferramentas e
equipamentos 7890 88 98,9 7978 77,81
Seleção e uso de equipamentos e
acessórios de guindastes 3181 40 98,76 3221 31,42
Seleção, uso e condição dos veículos 2092 9 99,57 2101 20,49
TOTAL 13163 137 98,97 13300
Fonte: Technip (2012)
Tabela 2 – Observações relativas à utilização de ferramentas e equipamentos
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4.2.3. Procedimentos
A tabela 3 apresenta os dados registrados pelo observador, relativos aos procedimentos, onde
o mesmo registra a ação do colaborador envolvido em uma tarefa, sendo capaz de manter
uma comunicação verbal ou visual com outras pessoas e seguir todos os procedimentos para
execução dos trabalhos.
Nº Seguro
Nº de
Risco % Seguros
Nº
Marcado
%
Marcado
Comunicação de perigos 5483 30 99,46 5513 53,77
Bloqueio / Isolamento de energia 2495 14 99,44 2509 24,47
Sinalização / Isolamento /
barreiras / proteção 4560 172 96,37 4732 46,15
Trabalho em altura 966 19 98,07 985 9,61
Trabalho com sistemas
pressurizados 2698 27 99,01 2725 26,58
Proteções de pontas de fios e fitas
de aço e arest 3540 67 98,14 3607 35,18
TOTAIS 19742 329 98,36 20071
Fonte: Technip (2012)
Tabela 3 – Observações relativas aos procedimentos
4.2.4. Posição do corpo (Ergonomia)
A tabela 4 apresenta os dados registrados pelo observador, relativos posição do corpo
(ergonomia), onde o mesmo registra a ação do colaborador em executar suas tarefas,
procurando preservar suas condições físicas e respeitando sempre seus limites físicos,
utilizando equipamentos de auxílio.
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Nº Seguro
Nº de
Risco % Seguros Nº Marcado
%
Marcado
Esforços excessivos (puxar /empurrar
/ carregar) 5477 182 96,78 5658 55,18
Levantar e abaixar 5490 111 98,02 5599 54,61
Postura (esticar, encolher, sentar,
girar) 6853 238 96,64 7089 69,14
Movimentos repetitivos 5222 48 99,09 5266 51,36
TOTAL 23042 579 97,55 23612
Fonte: Technip (2012)
Tabela 4 – Observações relativas à posição ergonômica do corpo
4.2.5. Ambiente de trabalho
A tabela 5 apresenta os dados registrados pelo observador, relativos ao ambiente de trabalho,
onde o mesmo registra a ação do colaborador em armazenar os produtos em local adequado,
manter o local de trabalho organizado, limpo e com iluminação suficiente para cumprir a
tarefa com segurança.
Nº Seguro Nº de Risco % Seguros Nº Marcado % Marcado
Armazenamento 5228 52 99,02 5280 51,5
Limpeza e organização
(housekeeping) 8763 249 97,24 9012 87,9
Iluminação 9304 64 99,32 9368 91,37
TOTAL 23295 365 98,46 23660
Fonte: Technip (2012)
Tabela 5 – Observações relativas ao ambiente de trabalho
4.2.6. EPI’s
A tabela 6 apresenta os dados registrados pelo observador, relativos aos EPI’s, onde o mesmo
registra a ação do colaborador em utilizar os equipamentos de proteção individual adequados
a cada atividade desenvolvida.
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Nº Seguro Nº de Risco % Seguros Nº Marcado % Marcado
Cabeça 9998 4 99,96 10002 97,55
Corpo (uniforme, blusão,
avental e macacão) 9904 37 99,63 9941 96,96
Audição 9630 62 99,36 9692 94,53
Mãos 9415 151 98,42 9566 93,3
Pés 10106 5 99,95 10111 98,62
Olhos e face 9796 77 99,22 9873 96,29
Aparelho respiratório 672 84 88,89 756 7,37
EPI's especiais (capuz, manga,
perneira, colete de salva-vidas) 1362 34 97,56 1396 13,62
TOTAL 60883 454 99,26 61337
Fonte: Technip (2012)
Tabela 6 – Observações relativas aos EPI’S
Apesar dos índices demonstrarem desempenho significativo entre 97,55% a 99,26% é
necessário continuar mapeando os riscos, pois as tarefas isoladas de maior periculosidade
podem mudar este quadro favorável, portanto quanto maior o número de observações
constantes dos trabalhadores, maior será a ausência de acidentes e como conseqüência a
elevação na produtividade industrial.
O gráfico 1 apresenta uma comparação de taxas relativas aos comportamentos seguros,
ocorridos no período de estudo proposto.
Fonte: Technip (2012)
Gráfico 1 – Taxas de comportamentos seguros ocorrido no período de 01 de janeiro de 2010 a
07 de março de 2012.
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4.3. Análise de desempenho da ferramenta
O gráfico 2 demonstra o acompanhamento do número de observações feitas desde a
implantação da ferramenta de comportamento seguro, iniciada em Julho/2008 até
Outubro/2011. No mês de agosto/2011 foi realizado o maior número de observações desde a
implantação da ferramenta.
Fonte: Technip (2009 a 2011)
Gráfico 2 - Acompanhamento do número de observações do ano de 2008 a 2011 na aplicação
da ferramenta de formação de comportamento seguro.
O gráfico 3 apresenta a Frequência Total de Casos Registráveis de Acidentes, sem considerar
a severidade dos mesmos, no período 2007 até início 2012, onde mostra a significativa
redução dos acidentes deste a implantação da ferramenta de comportamento seguro.
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Fonte: Technip (2012)
Gráfico 3 - Acompanhamento do TRCF: Total Recordable Case Frequency (Frequência Total
de Casos Registráveis) sem considerar a severidade dos acidentes.
O gráfico 4 apresenta a comparação entre as quantidades de acidentes e de observações
realizadas no período de janeiro de 2008 à janeiro/2012.
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Fonte: Technip (2012)
Gráfico 4 – Representação gráfica da quantidade de acidentes X quantidade de observações
do ano 2008 a 2012.
O gráfico 5 demonstra que no período de não ocupação da Armadora 4, a falta de efetivo
contribui para a paralisação das atividades em mais de 12,5 horas no período de 1 mês,
reduzindo a produtividade e acarretando elevação de custos no processo.
Conforme demonstrado no gráfico 4, verifica-se que há uma tendência inversamente
proporcional do aumento no número de observações realizadas e a redução dos índices de
acidentes.
A falta de efetivo pode ser ocasionada por diversos motivos, principalmente por afastamentos
causados por comportamentos inseguros, portanto o acréscimo de produtividade pode ser
alcançado quando não há falta de efetivo operacional, como mostra o gráfico 5.
Fonte: Technip (2011)
Gráfico 5 – Representação gráfica do tempo de não ocupação de uma das máquinas do
processo de produção dos tubos flexíveis da Technip – Armadora 4.
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5. Conclusão
Após a implantação do processo de formação do comportamento seguro, observou-se que a
maximização da produtividade pode ser alcançada através do condicionamento humano de
atividades bem definidas, metas estabelecidas e superação de barreiras.
O controle efetivo e confiável da manutenção deste processo é a chave para a melhoria
contínua, aliado às atividades de segurança padronizadas pela empresa, ao acréscimo do
número de observações, à qualificação dos observadores que fornecem as informações
pertinentes ao comportamento humano, para que os gestores com poder de decisão possam
tratar os comportamentos inseguros, determinando ações que minimizem os riscos.
Fica claro também, que sem o apoio e participação de todas as áreas envolvidas de segurança
e de todos os trabalhadores é impossível a plena conscientização do clima de segurança na
empresa.
Assim, este processo, comprova que a metodologia do comportamento seguro, é eficiente
quando os envolvidos absorvem esta cultura de segurança, de forma a atingir um ápice de
atitudes e comportamentos seguros. A partir do exposto é possível identificar outros aspectos
positivos tais como: a persistência aos objetivos propostos, a redução de custos, o aumento de
produtividade em decorrência do baixo índice de afastamentos, o convívio em grupo e a
conscientização do indivíduo em relação à responsabilidade social.
6. Referências
COOPER, Robert K. & SARRAF, A. Inteligência Emocional na empresa. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
COSTA, Marco Antonio F. da. Metodologia da pesquisa: Conceitos e técnicas. Rio de
Janeiro: Interciência, 2001.
DELA COLETA, José Augusto. Acidentes de Trabalho. São Paulo: Atlas, 1991.
INPA – INSTITUTO DE PSICOLOGIA APLICADA. Segurança Comportamental.
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