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CAPACITAÇÃO EM VERIFICAÇÃO DE DESMATAMENTO EM CAMPO

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CAPACITAÇÃO EM VERIFICAÇÃO DE DESMATAMENTO

EM CAMPO

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Curso de Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Contrato n.º: 006/2016-NEPMV

Objeto de contratação: Contratação de empresa

especializada para elaboração, organização e

realização de 01 Curso de Capacitação em

Verificação de Desmatamento em Campo, dividido

em 07 turmas, objetivando o fortalecimento da

Gestão Ambiental Municipal através do Projeto

Municípios Verdes/Fundo Amazônia e os Pactos

Locais firmados pelo Programa Municípios Verdes –

NEPMV e os municípios paraenses, conforme

especificações constantes no Edital do Pregão

Eletrônico nº 002/2016 – NEPMV e seus anexos.

Contratada: Floram Engenharia e Meio Ambiente –

Ltda.

Produto: 2 – Apostila.

Agosto/2016

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EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA

EQUIPE DE COORDENAÇÃO

Paulo Tarcísio Cassa Louzada:

Eng. Agrônomo, MBA Internacional em Meio Ambiente e Mestre em Solos CREA/MG 34.536/D / Responsável Legal / [email protected]

Augusto Luciani Carvalho Braga:

Biólogo, MBA em Gestão Empresarial, Especializando em Direito Ambiental e Mestre em Ecologia Aplicada CRBio 44.253/04-D / Coordenação técnica / Produção Técnica / [email protected]

EQUIPE DE INSTRUTORES E PRODUÇÃO TÉCNICA

Jakeline da Silva Viana:

Eng. Florestal/ Especialista em Gestão Ambiental/ Instrutora Titular/ [email protected]

Ritaumaria Pereira:

Eng. Agrônoma / CREA/BA 36529/D / Mestre em Economia Aplicada / Doutora (PhD) em Geografia/ Pós-doutorado em Ciências Ambientais/ Instrutora Suplente/ Produção Técnica/ [email protected]

Marconi Vieira da Silva

Eng. Ambiental / CREA 88709/D / Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho / Instrutor Suplente / Produção Técnica / [email protected]

Eduarda Gabriela Santos Cunha:

Eng. Florestal/ CREA/BA 84660/ Mestre em Ciência Florestal/ Produção Técnica/ [email protected]

Hybsen Silva Pinheiro:

Engenheiro Agrônomo CREA/BA 52.626/D/ Produção Técnica - Geoprocessamento/ [email protected]

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA – Autorização Ambiental

AIA – Avaliação de Impacto Ambiental

APP – Áreas de Preservação Permanente

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAR – Cadastro Ambiental Rural

CCZEE – Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional

CNUMAD – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

COEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente

COGES – Comitê Gestor

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DAE – Documento de Arrecadação do e Social

DAP – Diâmetro à altura do peito

DEMA – Delegacias Especializadas em Meio Ambiente

DETER – Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real

DETRAN-PR – Departamento de Trânsito do Paraná

DGI – Divisão de Geração de Imagens

DIFISC – Diretoria de Fiscalização Ambiental

DIORED – Diretoria de Ordenamento, Educação e Descentralização da Gestão Ambiental

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EIV – Estudo de Impacto da Vizinhança

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAB – Força Aérea Brasileira

FUNAI – Fundação Nacional do Índio

GA – Ground Antenas

GEFLOR – Gerência de Fiscalização Florestal

GEMAM – Gerência de Monitoramento Ambiental

GPS – Global Position System

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCC – Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas

LA – Licença de Alteração

LAR – Licença Ambiental Rural

LDI – Lista de desmatamento ilegal

LO – Licença de Operação

LP – Licença Prévia

LS – Licença Simplificada

MCS – Estação de Controle Mestre

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MODIS - Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer

MPE – Ministério Público Estadual

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MPF – Ministério Público Federal

MS – Estações de Monitoramento

OEMAs – Órgãos Estaduais de Meio Ambiente

OMMAs - Órgãos Municipais de Meio Ambiente

ONGs – Organizações Não Governamentais

ONU – Organização das Nações Unidas

PIB – Produto Interno Bruto

PAS – Plano Amazônia Sustentável

PMABB - Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros

PMV – Programa Municípios Verdes

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PPCAD/PA – Plano de Prevenção, Controle e Alternativas ao Desmatamento do Estado do Pará

PPCDAM – Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal

PPS – Precise Positioning System

PRADA – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas ou Alteradas

PRA/PA – Programa de Regularização Ambiental do Pará

PRODES – Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélites

PSA – Pagamento por Serviços Ambientais

RAS – Relatório Ambiental Simplificado

RCE – Relatório de Caracterização do Empreendimento

REM – Radiação Eletromagnética

RIMA – relatório de impacto ambiental

RL – Reserva Legal

RFL – Reserva Florestal Legal

RQMA – Relatório de Qualidade do Meio Ambiente

RVD – Relatório de Verificação em Campo

SECTAM – Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente

SEMAS – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade

SEMMA – Secretaria Municipal do Meio Ambiente

SICAR – Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural

SIG - Sistema de Informação Geográfica

SISEMA – Sistema Estadual do Meio Ambiente

SISFLORA – Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SPS - Standard Positioning System

TAC – Termo de Ajustamento de Conduta

TCA – Termo de Compromisso Ambiental

TC – Termo de Compromisso

TI – Terras indígenas

UCs – Unidades de Conservação

ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico

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SUMÁRIO GERAL

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................. 17

MÓDULO 1 ........................................................................................................................................................... 19

1. INTRODUÇÃO AO GERENCIAMENTO AMBIENTAL, COM ÊNFASE À FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL ........ 20

1.1 Fundamentos em gestão e proteção do meio ambiente ....................................................................... 20

1.1.1 Histórico da gestão e proteção ao meio ambiente ..................................................................... 20

1.1.2 Principais problemáticas ambientais no mundo contemporâneo ............................................... 22

1.1.3 Conceitos básicos em gestão e proteção ambiental .................................................................. 27

1.1.4 Políticas Públicas de Proteção do Meio Ambiente ..................................................................... 28

1.1.4.1 Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)............................................................... 29

1.1.4.2 Áreas Legalmente Protegidas...................................................................................... 31

1.1.4.3 Política Nacional sobre Mudança Climática ................................................................. 38

1.1.4.4 Fundo Amazônia .......................................................................................................... 39

1.1.4.5 Zoneamento Ecológico Econômico ............................................................................. 41

1.1.4.6 Conferências de Meio Ambiente .................................................................................. 42

1.1.4.7 Agenda 21 ................................................................................................................... 44

2. INSTRUMENTOS DE CONTROLE AMBIENTAL............................................................................................. 45

2.1 Licenciamento ambiental ...................................................................................................................... 45

2.1.1 Estudos Ambientais para o licenciamento ambiental ................................................................. 50

2.1.2 Fundamentos da avaliação de impacto ambiental ..................................................................... 51

2.1.3 Medidas Mitigadoras .................................................................................................................. 54

2.1.4 Compensação Ambiental ........................................................................................................... 55

2.2 Monitoramento Ambiental ..................................................................................................................... 57

2.2.1 Qualidade ambiental .................................................................................................................. 57

2.2.2 Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros ............................................... 58

2.2.3 Gerência de Monitoramento Ambiental - GEMAM ..................................................................... 59

2.2.4 Monitoramento por imagens satélite (Sensoriamento Remoto) ................................................. 60

2.3 Fiscalização ambiental .......................................................................................................................... 64

2.3.1 Competência em matéria de fiscalização ambiental .................................................................. 65

2.3.2 Classificação das ações de fiscalização .................................................................................... 67

2.3.3 Atribuições da fiscalização ambiental ........................................................................................ 67

2.3.4 Recursos materiais para a fiscalização ambiental ..................................................................... 68

2.3.5 Deveres e obrigações do agente de fiscalização ....................................................................... 69

2.3.6 O papel das SEMMAS na responsabilidade de proteção ao meio ambiente ............................. 70

3. SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (SISNAMA) E OS ÓRGÃOS GESTORES DA DEFESA

AMBIENTAL........................................................................................................................................................... 71

3.1 Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) ................................................................................. 71

3.2 Sistema Estadual de Meio Ambiente .................................................................................................... 72

3.3 Programa Municípios Verdes ................................................................................................................ 73

4. FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA FLORESTAL .............................................................................................. 76

4.1 Fundamentos da ecologia de ecossistemas florestais .......................................................................... 76

4.2 Método de avaliação florestal ............................................................................................................... 79

4.2.1 Técnicas de amostragem........................................................................................................... 79

4.2.2 Técnicas de coleta de dados ..................................................................................................... 81

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4.3 Sucessão florestal ................................................................................................................................. 82

5. ASPECTOS ECONÔMICOS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL ............................................................................ 84

5.1 Valor econômico do meio ambiente ...................................................................................................... 84

6. ASPECTOS SOCIAIS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL ...................................................................................... 87

MÓDULO 2 ............................................................................................................................................................ 89

1. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE A FISCALIZAÇÃO E DESMATAMENTO .................................... 90

1.1 Princípios do direito ambiental .............................................................................................................. 90

1.1.1 Princípio do desenvolvimento sustentável ................................................................................. 91

1.1.2 Princípio do poluidor pagador .................................................................................................... 92

1.1.3 Princípio da prevenção .............................................................................................................. 93

1.1.4 Princípio da precaução .............................................................................................................. 94

1.1.5 Princípio da cooperação internacional ....................................................................................... 94

2. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL ............................................................................................................ 95

2.1 Lei Federal nº 6.938/1981 ..................................................................................................................... 95

2.2 Lei Federal nº 9.605/1998 ..................................................................................................................... 96

2.2.1 Tipos de Crimes Ambientais ...................................................................................................... 97

2.2.1.1 Crimes contra a fauna .................................................................................................. 97

2.2.1.2 Crimes contra a flora .................................................................................................... 97

2.2.1.3 Poluição e outros crimes ambientais ........................................................................... 98

2.2.1.4 Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural ..................................... 99

2.2.1.5 Crimes contra a administração ambiental .................................................................... 99

2.3 Lei Federal n° 12.651/2012 ................................................................................................................... 99

2.4 Lei Complementar nº 140/2011 ........................................................................................................... 101

2.5 Decreto Federal nº 6.514/2008 ........................................................................................................... 102

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ESTADUAL ........................................................................................................ 104

3.1 Leis Estaduais ..................................................................................................................................... 104

3.1.1 Lei Estadual nº 5.440/1988 ...................................................................................................... 104

3.1.2 Lei Estadual nº 5.887/1995 ...................................................................................................... 104

3.1.3 Lei Estadual nº 6.462/2002 ...................................................................................................... 105

3.1.4 Lei Estadual n° 7.376/2010 ...................................................................................................... 105

3.1.5 Lei Estadual nº 7.381/2010 ...................................................................................................... 106

3.1.6 Lei Estadual nº 7.389/2010 ...................................................................................................... 106

3.1.7 Lei Estadual nº 7.596/2011 ...................................................................................................... 107

3.1.8 Lei Estadual nº 7.629/2012 ...................................................................................................... 107

3.2 Decreto ................................................................................................................................................ 107

3.2.1 Decreto Estadual n° 54/2011 ................................................................................................... 107

3.2.2 Decreto Estadual n° 740/2013 ................................................................................................. 108

3.2.3 Decreto Estadual n° 838/2013 ................................................................................................. 108

3.3 Portaria ................................................................................................................................................ 109

3.4 Instruções Normativas ......................................................................................................................... 109

3.4.1 Instrução Normativa nº 07/2014 ............................................................................................... 109

3.4.2 Instrução Normativa nº 08/2015 ............................................................................................... 110

3.4.3 Instrução Normativa n° 01/2016 ............................................................................................... 111

3.4.4 Instrução Normativa n° 02/2016 ............................................................................................... 112

3.5 Resolução ........................................................................................................................................... 113

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3.5.1 Resolução COEMA nº 120/2015.............................................................................................. 113

3.6 Acordo de Cooperação ....................................................................................................................... 113

MÓDULO 3 ......................................................................................................................................................... 115

1. HISTÓRICO DO DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ ....................................................................... 116

2. PRINCIPAIS FATORES E AGENTES DO DESMATAMENTO NO ESTADO E NOS MUNICÍPIOS

BENEFICIÁRIOS DO CURSO ............................................................................................................................. 119

3. PARTICIPAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS NO DESMATAMENTO DO ESTADO ................................... 126

4. PLANO DE PREVENÇÃO, CONTROLE E ALTERNATIVAS AO DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ

(PPCAD/PA) ........................................................................................................................................................ 128

MÓDULO 4 ......................................................................................................................................................... 131

1. INTRODUÇÃO ÀS GEOTECNOLOGIAS ....................................................................................................... 132

2. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL .................................................. 133

2.1 Segmento Espacial ............................................................................................................................. 133

2.2 Segmento de controle ......................................................................................................................... 134

2.3 Segmento do usuário .......................................................................................................................... 135

2.4 Receptor Garmin Oregon 650 ............................................................................................................. 135

2.4.1 Visão geral 136

2.4.2 Gravar trajeto (track) ................................................................................................................ 137

2.4.3 Inserir pontos ........................................................................................................................... 137

2.4.4 Navegar para um destino......................................................................................................... 138

2.4.5 Inserir bases e descarregar o GPS .......................................................................................... 139

3. SISTEMAS DE MONITORAMENTO (PRODES, DETER, SAD) .................................................................... 146

3.1 Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélites – PRODES ....... 146

3.2 Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real – DETER ................................................. 147

3.3 Sistema de Alerta de Desmatamento – SAD ...................................................................................... 149

4. NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA E SENSORIAMENTO REMOTO .................................................. 150

4.1 Cartografia .......................................................................................................................................... 150

4.2 Índice de nomenclatura e articulação de folhas .................................................................................. 157

4.3 Sensoriamento Remoto ...................................................................................................................... 160

5. USO DE SOFTWARE LIVRE PARA GEOPROCESSAMENTO..................................................................... 165

6. PRINCIPAIS FONTES DE DADOS LIVRES .................................................................................................. 175

MÓDULO 5 ......................................................................................................................................................... 187

1. PLANEJAMENTO DE CAMPO ...................................................................................................................... 188

1.1 Recepcionamento das Informações .................................................................................................... 188

1.2 Planejamento da atividade de campo ................................................................................................. 189

2. RISCOS DE ACIDENTES E DIREÇÃO DEFENSIVA .................................................................................... 192

2.1 Riscos de acidentes ............................................................................................................................ 192

2.2 Direção defensiva ............................................................................................................................... 192

2.2.1 Tipos de direção defensiva ...................................................................................................... 193

2.2.2 Principais causas de acidente ................................................................................................. 193

2.2.3 Condições adversas ................................................................................................................ 193

3. PROCEDIMENTOS DE ABORDAGEM EM CAMPO E ATITUDES EM SITUAÇÕES ADVERSAS............... 199

MÓDULO 6 ......................................................................................................................................................... 201

1. AULA PRÁTICA EM CAMPO ......................................................................................................................... 202

MÓDULO 7 ......................................................................................................................................................... 203

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1. ANÁLISE DE DADOS ..................................................................................................................................... 204

1.1 Análises dos dados coletados em campo ........................................................................................... 204

2. PREENCHIMENTO DO RELATÓRIO DE VERIFICAÇÃO DO DESMATAMENTO - RVD ............................. 205

3. ENQUADRAMENTOS PARA OS CRIMES DE DESMATAMENTO ILEGAL.................................................. 206

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................... 209

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1– Conceitos básicos para gestão e proteção ambiental .......................................................................... 28

Quadro 2 – Resumo da legislação aplicável ao Fundo Amazônia. ........................................................................ 39

Quadro 3 - Percentuais da Reserva Legal ........................................................................................................... 100

Quadro 4 - Evolução do desmatamento em quilômetros quadrados no Estado do Pará de agosto de 2014 a maio

de 2015 e agosto de 2015 a maio de 2016 ................................................................................................ 118

Quadro 5 - Sistemas de monitoramento de desmatamento da Amazônia. ......................................................... 149

Quadro 6 – Exemplo do mapeamento sistemático a partir da folha SA-22. ......................................................... 159

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Demonstrativo da redução do desmatamento do Estado do Pará em relação à Amazônia após

implementação do Programa Municípios Verde. .......................................................................................... 74

Gráfico 2 - Taxa de desmatamento no Estado do Pará de 2005 à 2015. ............................................................ 117

Gráfico 3 - Classificação da áreas desmatadas até 2014 no Estado do Pará. .................................................... 120

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema ilustrativo do tripé da sustentabilidade .................................................................................. 23

Figura 2– Ilustração de trecho de floresta desmatada na Floresta Amazônica...................................................... 27

Figura 3– Segmentos ambientais apoiados pelo Fundo Amazônia. ...................................................................... 40

Figura 4- Exemplo de Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará. ..................................................... 42

Figura 5– Categorização do nível de risco para fins de aplicação da AIA ............................................................. 52

Figura 6- Imagens de desmatamento por corte raso na Amazônia. ...................................................................... 61

Figura 7 - Área de Juquira em Paragominas, PA. ................................................................................................. 62

Figura 8– Inter relação entre as metas para os municípios terem acesso a benefícios. ........................................ 75

Figura 9 – Fatores relacionados ao funcionamento dos ecossistemas florestais .................................................. 77

Figura 10 - Amostragem Aleatória ......................................................................................................................... 80

Figura 11 - Amostragem sistemática. .................................................................................................................... 80

Figura 12 - Amostragem em conglomerados. ........................................................................................................ 81

Figura 13 - Comunidade clímax. ............................................................................................................................ 83

Figura 14 - Histórico de desmatamento na Amazônia Legal segundo o Prodes (Projeto de Monitoramento do

Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélites) ............................................................................... 129

Figura 15 – Demonstração dos três tipos de Segmentos do GPS. ...................................................................... 133

Figura 16 – Demonstração do Segmento espacial .............................................................................................. 134

Figura 17 – Demonstração do Segmento de controle .......................................................................................... 135

Figura 18 - GPS Garmin Oregon 650. ................................................................................................................. 136

Figura 19 - GPS Garmin Oregon 650 (visor)........................................................................................................ 136

Figura 20 - Demonstração de como gravar um registro de trajeto ....................................................................... 137

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Figura 21 – Demonstração de armazenamento de ponto do GPS. ...................................................................... 138

Figura 22 - Demonstração no GPS de como navegar para algum destino pré-determinado. .............................. 138

Figura 23 - Arquivo de acesso e os polígonos de desmatamento. ....................................................................... 139

Figura 24- Interface Garmin. ................................................................................................................................ 140

Figura 25- Interface Garmin. ................................................................................................................................ 140

Figura 26 - Software DNRGarmin. ....................................................................................................................... 141

Figura 27 - Software DNRGarmin. ....................................................................................................................... 142

Figura 28 – Acesso a aba de Download............................................................................................................... 143

Figura 29– Área que o arquivo será salvo............................................................................................................ 144

Figura 30 – Área que o arquivo foi salvo. ............................................................................................................. 145

Figura 31 - Detecção do Desmatamento em corte raso por meio do sistema PRODES. .................................... 147

Figura 32 - Processo de desmatamento por corte raso, denominado corte e queima. ........................................ 147

Figura 33 -Fotos do processo de degradação progressiva. ................................................................................. 148

Figura 34 - Representação Cartográfica sobre uma Superfície esférica. ............................................................. 151

Figura 35 - Representação gráfica plana em escala pequena. ............................................................................ 151

Figura 36 - Representação gráfica plana em escala média ou grande. ............................................................... 152

Figura 37 - Escala Gráfica. ................................................................................................................................... 153

Figura 38 - Demonstração dos Meridianos e Paralelos. ...................................................................................... 154

Figura 39- Posição angular no sentido norte-sul em relação ao Equador. ........................................................... 155

Figura 40 - Posição angular no sentido leste-oeste em relação ao meridiano de Greenwich. ............................. 155

Figura 41 - Projeção das Zonas UTM. ................................................................................................................. 156

Figura 42 - Sistema métrico UTM. ....................................................................................................................... 157

Figura 43 - Articulação das folhas da carta do Brasil ao milionésimo e desdobramentos. ................................... 158

Figura 44 - Denominação de folhas e cartas do mapeamento sistemático na escala de 1:1.000.000 à 1: 25:000.

.................................................................................................................................................................... 159

Figura 45 - Determinação da folha onde está localizado o aeroporto de Belém. ................................................. 160

Figura 46 - Resolução espacial dos sensores. ..................................................................................................... 161

Figura 47 - Imagens Spot (5m) e TM/Landsat 5 (30 m). ...................................................................................... 161

Figura 48- Espectro eletromagnético (A), Resolução espectral (B). .................................................................... 162

Figura 49 - Imagem Landsat, Banda 1 (esquerda) e Banda 5 (direita). ............................................................... 162

Figura 50 - Resolução radiométrica (níveis de cinza). ......................................................................................... 163

Figura 51 - Diferença de radiação radiométrica em área urbana. ........................................................................ 163

Figura 52 - Evolução do desmatamento observada em imagem Landsat. .......................................................... 164

Figura 53 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis. ........................................................ 165

Figura 54 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis. ........................................................ 166

Figura 55 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis. ........................................................ 166

Figura 56 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis. ........................................................ 167

Figura 57 - Gerenciamento e instalação de complementos. ................................................................................ 167

Figura 58 - Método de visualização da imagem. .................................................................................................. 167

Figura 59 - Visualização da imagem pelo software. ............................................................................................. 168

Figura 60 - Localização da área de desmatamento. ............................................................................................ 169

Figura 61 - Detalhes de Acesso ao alvo............................................................................................................... 169

Figura 62 - Exportar os vetores para shapefile. ................................................................................................... 170

Figura 63 - Arquivo shape ESRI. .......................................................................................................................... 171

Figura 64 - Criar camada vetorial. ........................................................................................................................ 172

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Figura 65 - Painel de Camadas. .......................................................................................................................... 173

Figura 66 - Visualização da imagem. ................................................................................................................... 173

Figura 67 - GarminCustomMaps. ......................................................................................................................... 174

Figura 68 - Site Imazon. ....................................................................................................................................... 175

Figura 69 - Site Imazon. ...................................................................................................................................... 176

Figura 70 - Site Imazon. ....................................................................................................................................... 176

Figura 71 - Site do PRADES. ............................................................................................................................... 177

Figura 72 - Site do PRADES. ............................................................................................................................... 177

Figura 73 - Site do DETER. ................................................................................................................................. 178

Figura 74 - Site do DETER. ................................................................................................................................. 178

Figura 75 - Site da SEMA/PA............................................................................................................................... 179

Figura 76 - Site da SEMA/PA............................................................................................................................... 179

Figura 77 - Site do IBAMA. .................................................................................................................................. 180

Figura 78 - Site da Global Land Cover Facility. ................................................................................................... 181

Figura 79 - Site da Global Land Cover Facility. ................................................................................................... 181

Figura 80 - Site do INPE. ..................................................................................................................................... 182

Figura 81 - Site do INPE. ..................................................................................................................................... 182

Figura 82 - Site do Earthexplorer. ........................................................................................................................ 183

Figura 83 - Site do Earthexplorer. ........................................................................................................................ 183

Figura 84 - Site IBGE. .......................................................................................................................................... 184

Figura 85 - Página do MMA. ................................................................................................................................ 185

Figura 86 - Principais riscos de acidentes de trabalho relacionados às atividades de campo. ............................ 192

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

APRESENTAÇÃO

A preocupação que a humanidade tem com a questão ambiental pode ser

considerada nova em relação à própria existência do ser humano. Apenas nas últimas

décadas, passou-se a reconhecer a necessidade de conservação do ambiente em

que se vive. Sendo o Brasil detentor de grande parcela da maior floresta tropical do

mundo – Floresta Amazônica - e, de certa forma, de uma incomparável biodiversidade

na flora e na fauna, o país está sujeito à pressão internacional para que desenvolva

atividades compatíveis com a conservação do meio ambiente.

Com a evolução da sociedade, as populações humanas foram rapidamente

degradando o meio ambiente de diferentes formas: contaminando-o com resíduos

nucleares; químicos, domésticos, industriais, hospitalares; queimadas, desperdício

dos recursos naturais não renováveis, pelo efeito estufa, pelo desmatamento

indiscriminado, pela contaminação dos rios, pela degradação do solo através da

mineração, pela utilização de agrotóxicos, pela má distribuição de renda, pela

acelerada industrialização, pelo crescimento sem planejamento das cidades, pela

caça e pesca predatória.

O controle ambiental sobre as ações degradadoras do meio ambiente,

melhorou significativamente nas últimas décadas, em virtude do arcabouço legal.

Aliado a isso, na Amazônia, o monitoramento do desmatamento através de imagens

de satélite permite a rápida detecção de focos de desmatamento e atuação mais

eficiente dos órgãos ambientais. Contudo, a responsabilização dos infratores ainda é

lenta. Entre os estados da Amazônia, embora tenha havido uma melhora significativa

no combate ao desmatamento, o estado do Pará ainda detém elevados índices.

Dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), referentes

ao Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélites

(PRODES), apontam o estado como o responsável por 32% do desmatamento em

2015.

A associação de dados de monitoramento por satélite e ações de

fiscalização ambiental eficiente e ramificada entre os entes federativos podem ser uma

solução para a redução do desmatamento. Nesse sentido, o Programa Municípios

Verdes (PMV), através do Fundo Amazônia, vem firmando parcerias com os

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

municípios, fornecendo estrutura tecnológica e capacitação para que os agentes

ambientais locais realizem a verificação em campo de alertas de desmatamento

enviados aos municípios por meio de Boletins de desmatamento pela Secretaria de

Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS).

Portanto, a presente apostila é um dos produtos das ações do Projeto

Municípios Verdes/Fundo Amazônia. O material tem a finalidade de dar base teórica

para o “Curso de Capacitação em Verificação de Desmatamento em Campo”, que

objetiva o fortalecimento da Gestão Ambiental Municipal e efetivo engajamento dos

municípios nas ações de combate ao desmatamento, conforme compromisso

assumido pelos mesmos através de Pactos Locais firmados com o PMV ao aderirem

ao programa.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

MÓDULO 1

INTRODUÇÃO AO GERENCIAMENTO AMBIENTAL COM

ÊNFASE À FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

CONTEÚDO

1. INTRODUÇÃO AO GERENCIAMENTO AMBIENTAL, COM ÊNFASE À FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL ..... 20

2. INSTRUMENTOS DE CONTROLE AMBIENTAL............................................................................................ 45

3. SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (SISNAMA) E OS ÓRGÃOS GESTORES DA DEFESA

AMBIENTAL .......................................................................................................................................................... 73

4. FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA FLORESTAL ............................................................................................. 76

5. ASPECTOS ECONÔMICOS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL .......................................................................... 84

6. ASPECTOS SOCIAIS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL .................................................................................... 87

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

1. INTRODUÇÃO AO GERENCIAMENTO AMBIENTAL, COM ÊNFASE À

FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

1.1 Fundamentos em gestão e proteção do meio ambiente

A problemática ambiental envolve e atinge a todos, e vem sendo muito

discutida (seja em setores públicos, privados e no terceiro setor), visto que administrar

os recursos naturais é uma tarefa complexa e necessária em âmbito mundial, e

devem-se buscar meios de contornar as consequências sofridas pela ingerência na

exploração dos recursos naturais. Os problemas relacionados ao meio ambiente como

o desmatamento, por exemplo, têm caráter universal, e por isso devem ser discutidos

desde bairros e municípios até as nações. Nas últimas décadas as questões

ambientais têm exercido uma maior influência na economia e, a proteção do meio

ambiente se tornou um importante e indispensável campo de atuação para governos,

empresas privadas, grupos sociais e indivíduos.

1.1.1 Histórico da gestão e proteção ao meio ambiente

A perda da diversidade biológica pode comprometer a capacidade dos

ecossistemas resistirem às variações climáticas e aos danos decorrentes da poluição

do ar. As mudanças na atmosfera podem ter consequências importantes sobre as

florestas, a diversidade biológica e os ecossistemas marinhos e de água doce, bem

como às atividades econômicas, como a agricultura (Conferência das Nações Unidas

Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, 1995).

Essas problemáticas ambientais começaram a ser discutidas a nível

mundial na década de 60, quando passaram a interferir na economia e na qualidade

de vida da população. O ponto de partida foi a Conferência das Nações Unidas para

o Meio Ambiente Humano, que ficou conhecida por Conferência de Estocolmo,

ocorrida em 1972 na cidade de Estocolmo, na Suécia. Essa conferência é considerada

um marco histórico político internacional, fundamental para o surgimento de novas

políticas de gerenciamento ambiental, convergindo a atenção das nações para as

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

questões ambientais com o objetivo de conscientizar a sociedade a melhorar a relação

com o meio ambiente em busca de atender às necessidades das populações

presentes, sem comprometer as gerações futuras.

Apesar das pressões internacionais para que os Estados mudassem seus

modelos de produção e consumo para modelos que levassem em consideração as

premissas do desenvolvimento sustentável, na década 70 no Brasil o que se

observava era adoção de políticas públicas1 que estimulavam a exploração predatória

dos recursos naturais, especialmente na Amazônia. Exemplo disso foi o Plano de

Integração Nacional (PIN), que previa a integração da Amazônia às demais regiões

do país através das rodovias, promover a ocupação da região através de programas

de colonização, aumentar a produção agrícola, e outras medidas que tinham como

principal objetivo o crescimento econômico do país (Pereira, 1997).

Percebe-se que historicamente, o Brasil sempre foi marcado por uma

economia predominantemente exploratória de seus recursos e riquezas naturais, o

desenvolvimento (econômico, político, social, etc.) era pautado na exaustiva produção

de produtos primários (agricultura, pecuária, extração de metais preciosos, extração

de madeira e outros) de modo agressivo e predatório (FLORIANO, 2007), a mudança

deste paradigma começou a ser esboçada a partir da criação da Política Nacional do

Meio Ambiente (Lei 6.938/1981), que institui instrumentos de gestão e controle

ambiental, com vistas ao alcance do desenvolvimento sustentável.

Porém, a produção baseada no desenvolvimento sustentável é um dos

maiores desafios da atualidade. No Brasil, o meio ambiente passou a ser objeto da

agenda pública através de formulação, implementação e gerenciamento das políticas

públicas há pouco tempo, e ainda assim, sobre protesto de vários setores produtivos

do país. Por outro lado, a sociedade se mobilizou exigindo dos poderes constituídos

(Executivo, Legislativo e Judiciário) respostas mitigadoras e propulsoras de um novo

modelo societário e, junto com as Organizações Não Governamentais, passaram a

1 Políticas Públicas: conjunto de decisões, planos, metas e ações governamentais voltados para a resolução dos problemas de interesse público podendo ser específicos, como a restauração de uma estrada, ou gerais, como melhores condições na educação pública, a nível municipal, estadual e nacional e tendem a expor a forma desejada pela sociedade de solucionar os problemas que surgem.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

atuar como fiscalizadoras das ações públicas e privadas que impliquem em riscos ao

meio ambiente, por entenderem que as consequências podem afetar a todos.

Em suma, a construção de mecanismos de proteção do meio ambiente

aconteceu após os debates da Conferência de Estocolmo, e essas normas foram

referências para guiar novos encontros mundiais em busca do equilíbrio homem-meio

ambiente, a exemplo da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, conhecida como Rio-92; a

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Kyoto, no Japão, foi

fundamental no âmbito das mudanças climáticas, e a Conferência das Nações Unidas

sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), e outros .

1.1.2 Principais problemáticas ambientais no mundo contemporâneo

A exaustão dos recursos naturais do planeta e o aquecimento global (e as

suas consequentes mudanças climáticas) são os maiores problemas ambientais da

era contemporânea. Estes problemas denunciam a necessidade de que haja

mudanças no atual modelo de desenvolvimento, que é o grande responsável pelo

comprometimento do meio ambiente global. A insustentabilidade do modelo de

desenvolvimento atual é indiscutível, e surgiu a necessidade de mudança no padrão

que tem norteado o desenvolvimento da sociedade humana desde a 1ª Revolução

Industrial. Assim, a busca pela implementação do desenvolvimento sustentável surgiu

e é eminente nos dias atuais. Por desenvolvimento sustentável entende-se:

É o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental (WWF- Brasil, 2016).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

O grande desafio atual é conciliar a evolução econômica/tecnológica da

sociedade, com a manutenção da dinâmica natural do meio ambiente. Esse processo

deve ser perseguido através da promoção do desenvolvimento sustentável, ou

sustentabilidade.

De acordo com a Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente

e Desenvolvimento Sustentável (1995) a sustentabilidade deve abranger três

conceitos básicos: o social, o econômico e o ambiental. Portanto, qualquer

empreendimento ou atividade deve seguir as metodologias necessárias para atingir

os três pilares da sustentabilidade apresentados na Figura 1.

Figura 1 – Esquema ilustrativo do tripé da sustentabilidade

Além da busca pelo desenvolvimento sustentável, na era atual vivemos

diversos problemas ambientais como:

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Exaustão dos recursos naturais do Planeta Terra

A demanda pelos recursos naturais do planeta dobrou, devido ao aumento

da população mundial e à elevação do padrão de vida nos países ricos e em

crescimento econômico (ALCOFORADO, 2006).

Atualmente, mais de 80% da população mundial vive em países que usam

mais recursos que conseguem renovar por meio de seus ecossistemas naturais

(WWF, 2013).

Alguns países capitalistas são devedores ecológicos e já esgotaram seus

próprios recursos tendo que importá-los. Embora o padrão de consumo dos países

desenvolvidos afete significativamente o equilíbrio que deveria existir entre consumo

e produção dos recursos naturais, os países em desenvolvimento também são

grandes contribuintes para esse desequilíbrio (WWF, 2013).

Aceleradas mudanças climáticas (Aquecimento global e suas consequências)

As mudanças climáticas têm sido alvo de discussões e pesquisas

científicas distintas, pois as ações desenfreadas dos seres humanos têm aumentado

a velocidade e a intensidade com que esses fenômenos naturais têm acontecido nas

últimas décadas. Desde 1850 - época da Revolução Industrial - até 1998, houve um

salto na concentração de dióxido de carbono, e esse volume foi maior do que a Terra

pode absorver em seus ciclos naturais (FUJIHARA et al., 2009).

Os climatologistas verificaram que ocorreu um significativo aumento da

temperatura mundial (fenômeno conhecido como aquecimento global) gerado pelo

aumento da concentração de gases causadores do efeito estufa, principalmente o

dióxido de carbono (CO2), que tem provocado o derretimento das calotas polares e

consequente aumento no nível dos mares. Essa elevação da temperatura média da

superfície terrestre vem acontecendo de forma mais acelerada e intensa nos últimos

anos, de acordo com as pesquisas climatológicas do IPCC (Painel Intergovernamental

para as Mudanças Climáticas). Esses pesquisadores afirmam que há fortes

evidências de que o aquecimento global seja consequência das atividades humanas.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Entre as principais atividades humanas que causam o aquecimento global

e, consequentemente, as mudanças climáticas estão:

Queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás

natural) para geração de energia;

Atividades industriais e transportes;

Conversão do uso do solo;

Agropecuária;

Descarte de resíduos sólidos (lixo);

Desmatamento.

Todas estas atividades emitem grande quantidade de CO2 e de outros

gases que contribuem com o efeito estufa (WWF- Brasil, 2016).

Desmatamento

De acordo com o IBAMA (2016) o desmatamento é a ação que objetiva a

supressão total da vegetação nativa de determinada área para o uso alternativo do

solo2, considerando-se nativa toda vegetação original, remanescente ou regenerada

(caracterizada pelas florestas, capoeiras, cerradões, cerrados, campos, campos

limpos, vegetações rasteiras, etc.). Sendo assim, qualquer descaracterização que

venha a suprimir toda vegetação nativa de uma determinada área deve ser

compreendida como desmatamento, ou desflorestamento. Esse processo de

destruição das florestas por meio de ações antrópicas ocorre, geralmente, para a

exploração de madeira, abertura de terrenos para a agricultura ou pastagem, sendo a

queimada o processo mais utilizado para o desflorestamento (ALVES; HOMMA,

2008).De acordo com a Instrução Normativa 03/2011, no Pará, as solicitações de

conversão para uso alternativo do solo acima de 3 hectares/ano serão concedidas

somente após vistoria prévia, efetuada por autoridade competente, e deverá obedecer

o percentual máximo dispostos na legislação vigente, apresentação de inventário

2Uso alternativo do solo é a substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana (Lei 12.651/2012, Art. 3º, inciso VI)

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

florestal 100%, podendo o proprietário explorar os recursos da área que será

suprimida. Deverá também apresentar a certidão da Prefeitura Municipal declarando

que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a

legislação aplicável ao uso e ocupação do solo.

O desmatamento é considerado, na atualidade, uma das principais

atividades humanas impactantes para o ambiente, pois interfere no equilíbrio da

natureza, trazendo impactos negativos para a atmosfera, biosfera, litosfera e

hidrosfera. Dentre as consequências do desmatamento, as principais são:

I. Erosão do solo, pois ocorre a exposição do mesmo aos agentes do

intemperismo (chuvas e ventos, por exemplo), em regiões de clima árido e semiárido,

a erosão pode intensificar o processo de desertificação;

II. Extinção de espécies, principalmente as chamadas endêmicas, que

se restringem a uma área espacialmente limitada. Para essas espécies, as florestas

são habitat e fonte de alimento, de forma que o desmatamento pode gerar um prejuízo

ambiental irreversível.

III. Variação ou extinção de cursos d'água, por meio de assoreamento de

seus leitos, já que dependem das florestas para a contenção do assoreamento e

manutenção de suas margens.

IV. Problemas climáticos, a retirada da vegetação acarreta menores

quantidades de chuva e interferência nas médias de temperatura, tendo em vista que

muitas florestas emitem uma grande quantidade de umidade para a atmosfera. Há

indícios de que a taxa de desmatamento elevado é um dos principais fatores

responsáveis pelo Aquecimento Global.

Para eliminar ou, pelo menos, mitigar as inúmeras consequências

causadas pelo desmatamento, é importante intensificar as políticas de combate e

controle do mesmo, criminalizando mais enfaticamente o processo de retirada ilegal

de madeira, ampliando a fiscalização e melhorando os sistemas de vigilância.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 2– Ilustração de trecho de floresta desmatada na Floresta Amazônica.

Fonte: Arquivo MMA

Escassez de água potável

No século passado a população mundial triplicou, em consequência, o

consumo de água aumentou seis vezes mais. Com relação à distribuição do consumo

da água, a agricultura absorve uma média mundial de 70% das provisões de água,

uma porcentagem que aumenta para 80 a 90% nos países subdesenvolvidos; as

atividades industriais respondem por média de 20% e os demais usos, incluindo o

doméstico 10% (VICTORINO, 2007).

Os efeitos do crescimento da população mundial e da produção,

associados ao consumo insustentável, impõe pressões cada vez mais intensas sobre

o meio ambiente. Tornando-se necessário desenvolver estratégias para mitigar esses

impactos, pois está prevista uma população superior a oito bilhões de pessoas para o

ano de 2020 (VICTORINO, 2007).

1.1.3 Conceitos básicos em gestão e proteção ambiental

Existem diversas definições para meio ambiente, mas todas convergem

para o conceito de diferentes sistemas (biosfera, litosfera, hidrosfera e atmosfera)

interligados, interdependentes e auto reguladores.

O conceito de meio ambiente foi definido na Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente (Estocolmo, em 1972) como: “O conjunto de

componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades

humanas”.

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), estabelecida pela Lei

6.938/1981 e a resolução CONAMA 306/2002 definem meio ambiente como: “O

conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e

biológica, que permite, abrigar e reger a vida em todas as suas formas”. Já Ceolato

(2002) define meio ambiente como: “circunvizinhança em cuja área uma organização

opera, abarcando o ar, a água, o solo, recursos naturais, a flora, a fauna seres

humanos e suas inter-relações”.

Quadro 1– Conceitos básicos para gestão e proteção ambiental

TERMO CONCEITO

Proteção ambiental

Ação de proteger as características naturais do ambiente em nível, governamental, organizacional ou individual (nível público e privado) beneficiando a natureza e o ser humano. Essa ação preserva a Terra da contaminação e deterioração garantindo a vida, a biodiversidade, a qualidade da água potável e da sobrevivência dos seres vivos (MMA, 2009).

Degradação ambiental

Qualquer método que minimize a capacidade de determinado ecossistema em conservar a vida, conectado a alterações biofísicas que afetam o equilíbrio ambiental, modificando a fauna e flora natural, chegando a causar perdas da biodiversidade (PNMA, art. 10, caput).

Poluição ambiental

Dano ambiental causado por atividade humana, provocando risco ao próprio homem e ao meio ambiente, alterando o equilíbrio de um ecossistema. Em suma, é a degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente (PNMA, art. 3º, inciso III).

Impacto ambiental

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem a saúde, e o bem estar da população, atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas do ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (Res. CONAMA 01/1986)

1.1.4 Políticas Públicas de Proteção do Meio Ambiente

As políticas públicas correspondem a uma série de ações, programas e

atividades desenvolvidas pelo Estado, diretamente ou indiretamente, em conjunto com

o setor público ou privado, que visam assegurar determinado direito de cidadania

difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As

políticas públicas são direitos assegurados constitucionalmente ou por

reconhecimento por parte da sociedade e/ou poder público sobre determinado grupo

social, coisas e outros bens (BELINOVSKI, 2013).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

O meio ambiente é reconhecido como um direito de todos e, portanto, deve

ser gerido de forma racional, a fim de garantir sua conservação, para usufruto das

presentes e futuras gerações. Diante disso, a Política Nacional do Meio Ambiente

representa a principal política pública estabelecida para o meio ambiente, a partir dela

são estabelecidas outras políticas acerca da temática ambiental.

1.1.4.1 Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)

A Política Nacional do Meio Ambiente foi implantada por meio da Lei n°

6.938 de 1981, e regulamentada pelo Decreto Federal n° 88.351 de 1983, no intuito

de preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental propícia à vida, visando

assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses

da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. A PNMA foi de

caráter inovador para o país e até mesmo pioneiro em relação a outros países,

trazendo benefícios ambientais e de extrema influência na definição de políticas

públicas e na estruturação dos Sistemas de Gestão Ambiental (MILARÉ, 2013).

No plano dos instrumentos de ação, a lei instituiu, entre outros, a avaliação

de impacto ambiental e o licenciamento ambiental. No plano institucional, a lei

inovou ao criar uma estrutura articulada de órgãos governamentais dos três níveis de

governo, o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA), compostos por representantes de diferentes órgãos

federais, estaduais e por representantes da sociedade civil, incluindo o setor

empresarial, sindical e organizações não governamentais.

O CONAMA foi incumbido de diversas tarefas, entre as quais a de

regulamentar a Lei 6.938/1981 e a de formular diretrizes de política ambiental. Na

esfera política, a PNMA e o Decreto 8.8351/1983 estabelecem avanços

importantíssimos, como: (i) a criação de um mecanismo formal de participação, ainda

que restrito, que é o próprio CONAMA; (ii) dá ao público o direito de ser informado

(acessibilidade do RIMA - relatório de impacto ambiental); (iii) institui o princípio da

responsabilidade objetiva do poluidor que “independente da existência de culpa, é

obrigado a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros"

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

e; (iv) dá legitimidade ao Ministério Público para propor ação de responsabilidade civil

e criminal por danos causados ao meio ambiente.

De acordo com o art. 9° são instrumentos da PNMA:

I. O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II. O zoneamento ambiental;

III. A avaliação de impactos ambientais;

IV. O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente

poluidoras;

V. Incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou

absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI. Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder

Público Federal, estadual ou Municipal, tais como APA - Área de Proteção Ambiental,

ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico e RESEX - Reservas Extrativistas;

VII. Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente – SINIMA;

VIII. Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa

ambiental;

IX. Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das

medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

X. RQMA - Relatório de Qualidade do Meio Ambiente;

XI. Garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente;

XII. Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou

utilizadoras dos recursos ambientais.

Atualmente a Lei Federal n° 6.938/1981 encontra-se alterada pela Lei

7.804/1989 e pelo Decreto Federal no 99.274/1990 que modificou, parcialmente, o

SISNAMA.

Hoje, com mais de um quarto de século de sua vigência, podemos dizer

que PNMA significou - senão uma revolução pacífica – ao menos uma auspiciosa

evolução no relacionamento da sociedade brasileira com o meio ambiente (MILARÉ,

2013).

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Desmatamento em Campo

1.1.4.2 Áreas Legalmente Protegidas

Áreas legalmente protegidas são áreas naturais e seminaturais definidas

geograficamente, regulamentadas, administradas e/ou manejadas com objetivos de

conservação e uso sustentável da biodiversidade (MMA, 2006). São áreas

consideradas de relevante interesse ecológico, em que deve ser feito manejo

adequado para que seja mantida a sua riqueza e biodiversidade, levando em

consideração o meio físico e social envolvidos.

A ideia de proteger os recursos naturais pela grande importância que têm

para os homens é antiga, porém antes a maior preocupação era manter a água e

recursos madeireiros apenas. Hoje a complexa gama de produtos e recursos advindos

da natureza é conhecida, e a necessidade de existirem áreas legalmente protegidas

é ainda maior.

No Brasil, as áreas legalmente protegidas podem ser públicas, quando

administradas e manejadas diretamente por órgãos governamentais ou instituições

credenciadas por estes, como as Florestas Nacionais e Estaduais, Reservas

Extrativistas, Parques e outros; e as privadas ou particulares, quando geridas

diretamente pelos proprietários da área, porém com fiscalização e monitoramento dos

órgãos públicos competentes, como as Reservas Particulares de Patrimônio Natural,

a Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanentes contidas no interior de um

imóvel rural (BRITO, 2010).

A maior extensão de áreas protegidas estaduais encontra-se na região

Norte, que concentra 49% dessas áreas e 12% das unidades de conservação

estaduais do País. Ali se concentram as unidades de conservação mais extensas,

sete delas possuem mais de 1 milhão de hectares, sendo que a Área de Proteção

Ambiental da Ilha de Marajó, no Pará, tem quase 6 milhões de hectares (“Áreas

legalmente protegidas – Projeto Tom da Amazônia”).

De acordo com o Governo do Pará (2016), o Estado está situado no maior

corredor de florestas protegidas do mundo, com mais de 717 mil km² (cerca de 71

milhões de hectares) divididos em áreas de proteção integral, de uso sustentável e

terras indígenas, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.

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Unidades de Conservação (UCs)

A Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu art. 2º define-se unidade de

conservação como espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas

jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo

Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial

de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as unidades de conservação

podem ser de uso indireto quando não envolvem consumo, coleta, dano ou destruição

dos recursos naturais e de uso direto, quando envolvem o uso comercial ou não dos

recursos naturais, como definidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC), que é constituído pelo conjunto das UCs federais, estaduais e municipais.

Milaré (2013) complementa que para a configuração jurídico-ecológica de uma UC

deve haver: relevância natural; caráter oficial; delimitação territorial; objetivo

conservacionista e o regime especial de proteção e administração.

As UCs podem ser divididas nas seguintes categorias: Unidades de

proteção integral (Estação ecológica; Reserva biológica; Parque nacional; Monumento

natural; Refúgio de vida silvestre) e Unidades de uso sustentável (Área de proteção

ambiental; Área de relevante interesse ecológico; Floresta nacional; Reserva

Extrativista; Reserva de fauna; Reserva de desenvolvimento sustentável e Reserva

particular de patrimônio natural). No Anexo 1, encontra-se a descrição de cada

subcategoria das UCs.

Terras Indígenas

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as Terras indígenas (TI),

assim como as UCs, são áreas legalmente protegidas, pela Constituição definidas

como bens da União, inalienáveis e indisponíveis, destinadas à posse e ao usufruto

exclusivo dos índios que as ocupam, constituindo-se espaços privilegiados para a

conservação da diversidade biológica (MMA, 2016).

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A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) define TI como uma porção do

território nacional, de propriedade da União, habitada por um ou mais povos

indígenas, por ele(s) utilizada para suas atividades produtivas, imprescindível à

preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e necessária à sua

reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Trata-se de

um tipo específico de posse, de natureza originária e coletiva, que não se confunde

com o conceito civilista de propriedade privada.

O direito dos povos indígenas às suas terras de ocupação tradicional

configura-se como um direito originário e, consequentemente, o procedimento

administrativo de demarcação de terras indígenas se reveste de natureza meramente

declaratória. Portanto, a terra indígena não é criada por ato constitutivo, e sim

reconhecida a partir de requisitos técnicos e legais, nos termos da Constituição

Federal de 1988.

Ademais, por se tratar de um bem da União, a terra indígena é inalienável

e indisponível, e os direitos sobre ela são imprescritíveis. As terras indígenas são o

suporte do modo de vida diferenciado e insubstituível dos cerca de 300 povos

indígenas que habitam, hoje, o Brasil (FUNAI, 2016).

Nos termos da legislação vigente (Constituição Federal de 1988, Lei

6.001/1973 – Estatuto do Índio, Decreto nº 1.775/1996), as terras indígenas podem

ser classificadas nas seguintes modalidades:

a) Terras Indígenas Tradicionalmente Ocupadas: São as terras

indígenas de que trata o art. 231 da Constituição Federal de 1988, direito originário

dos povos indígenas, cujo processo de demarcação é disciplinado pelo Decreto n.º

1.775/1996.

b) Reservas Indígenas: São terras doadas por terceiros, adquiridas ou

desapropriadas pela União, que se destinam à posse permanente dos povos

indígenas. São terras que também pertencem ao patrimônio da União, mas não se

confundem com as terras de ocupação tradicional. Existem terras indígenas, no

entanto, que foram reservadas pelos estados-membros, principalmente durante a

primeira metade do século XX, que são reconhecidas como de ocupação tradicional.

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c) Terras Dominiais: São as terras de propriedade das comunidades

indígenas, havidas, por qualquer das formas de aquisição do domínio, nos termos da

legislação civil.

d) Interditadas: São áreas interditadas pela Funai para proteção dos povos

e grupos indígenas isolados, com o estabelecimento de restrição de ingresso e

trânsito de terceiros na área. A interdição da área pode ser realizada,

concomitantemente ou não, com o processo de demarcação, disciplinado pelo

Decreto n.º 1.775/1996.

Terras Quilombolas

Os remanescentes de comunidades dos quilombos são grupos étnicos

constituídos por descendentes de negros escravos que compartilham identidade e

referência histórica comuns. No Pará, já se sabe da existência de 240 comunidades

quilombolas (Comissão Pró-Índio de São Paulo, 2016). A essas comunidades, o art.

322 da Constituição do Estadual de 1989, reconhece a propriedade definitiva,

devendo o Estado emitir os títulos de propriedade de terras.

A Lei Estadual nº 6.165/1998, dispõe sobre a legitimação de terras de

remanescentes das comunidades de quilombo, e é regulamentada pelo Decreto nº

3.572/1999. No art. 1º do referido decreto, diz que é competência do Instituto de Terras

do Pará (ITERPA) executar os procedimentos administrativos visando à identificação

e expedição de títulos de propriedade de terras ocupadas por comunidades

remanescentes de quilombos.

Com relação à terra quilombola, o art. 3º do Decreto nº 3.572/1999, diz que

são aquelas necessárias à reprodução física e sociocultural dos grupos

remanescentes das comunidades dos quilombos, englobando os espaços de moradia,

de conservação ambiental, exploração econômica, das atividades socioculturais,

inclusive os espaços destinados aos cultos religiosos e ao lazer.

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Área Militar

No mosaico de áreas protegidas do Estado, tem-se a Área Militar do

Cachimbo, localizada na região sudoeste, na fronteira com o Estado do Mato Grosso,

sob jurisdição da Força Aérea Brasileira (FAB), com extensão de 22.000 km2.

Abrange uma área com diferentes tipos de vegetação e paisagens naturais

preservadas. Representa uma área de bloqueio ao avanço de desmatamento oriundo

do Mato Grosso. Em função do seu estado de conservação, é utilizada pelo IBAMA

para reintegração de espécies da fauna brasileira (FAB, 2010).

Áreas Verdes Urbanas ou Parque Urbano

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2016), Parque Urbano é uma área

verde com função ecológica, estética e de lazer, no entanto, com uma extensão maior

que as praças e jardins públicos.

De acordo com o art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA nº 369/2006,

considera-se área verde de domínio público "o espaço de domínio público que

desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da

qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e de

espaços livres de impermeabilização".

As áreas verdes urbanas são consideradas como o conjunto de áreas

intraurbanas que apresentam cobertura vegetal, arbórea (nativa e introduzida),

arbustiva ou rasteira (gramíneas) e que contribuem de modo significativo para a

qualidade de vida e o equilíbrio ambiental nas cidades. Essas áreas verdes estão

presentes numa enorme variedade de situações: em áreas públicas; em áreas de

preservação permanente (APP); nos canteiros centrais; nas praças, parques, florestas

e unidades de conservação (UC) urbanas; nos jardins institucionais; e nos terrenos

públicos não edificados. Exemplos de áreas verdes urbanas: praças; parques

urbanos; parques fluviais; parque balneário e esportivo; jardim botânico; jardim

zoológico; alguns tipos de cemitérios; faixas de ligação entre áreas verdes (MMA,

2016).

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Áreas de Preservação Permanente (APP)

O Novo Código Florestal, instituído pela Lei 12.651/2012 em seu art. 3º,

inciso II, define APP como: “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com

a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade

geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo

e assegurar o bem-estar das populações humanas”. As APP são os espaços

considerados mais vulneráveis ao desmatamento em propriedades particulares rurais,

podendo ocasionar o assoreamento de rios; e ocupação desordenada em áreas

urbanas, levando ao cenário de deslizamento, erosão ou enchente.

No art. 4º do Novo Código Florestal, são consideradas APP:

I. As faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e

intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular;

II. As áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais;

III. As áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de

barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença

ambiental do empreendimento;

IV. As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,

qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

V. As encostas ou partes destas com declividade superior a 45°,

equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;

VI. As restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII. Os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII. As bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo,

em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX. No topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de

100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da

curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação

sempre em relação à base, sendo esta, definida pelo plano horizontal determinado

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por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do

ponto de sela mais próximo da elevação;

X. As áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer

que seja a vegetação;

XI. Em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura

mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e

encharcado.

Reserva Legal

De acordo com o Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), a reserva legal

é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural com a função de

assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel

rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a

conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e proteção da fauna silvestre e da

flora nativa.

A reserva legal, enquanto política pública de proteção ambiental, garante o

uso racional dos recursos da floresta, visto que esta utilização deverá ser realizada,

via de regra, através de plano de manejo. Logo, este dispositivo legal tem caráter

ecológico, pois garante conservação do ecossistema florestal; econômico, pois a

intervenção no ambiente considera o planejamento para a colheita; e social, pois o

imóvel irá cumprir sua função social, como preconiza a Constituição Federal, através

da manutenção da floresta, favorecendo o bem estar e a qualidade de vida das

populações.

Considerando os percentuais de reserva legal que devem ser mantidos nas

propriedades situadas em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal, a Lei

12.651/2012, estabelece: (i) 80%, em imóvel situado em área de floresta; (ii) 35%, em

imóvel situado em área de cerrado; e (iii) 20%, em imóvel situado em área de campos

gerais.

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1.1.4.3 Política Nacional sobre Mudança Climática

A Política Nacional sobre Mudança Climática (PNMC) oficializa o

compromisso voluntário do Brasil junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas

sobre Mudança do Clima, de redução de emissões de gases de efeito estufa entre

36,1% e 38,9% das emissões projetadas até 2020. Ela foi instituída pela Lei nº

12.187/2009, buscando garantir que o desenvolvimento econômico e social pudesse

contribuir para o equilíbrio do sistema climático global.

De acordo com o Decreto nº 7.390/2010, que regulamenta a PNMC, a linha

de base de emissões de gases de efeito estufa para 2020 foi estimada em 3,236

GtCO2-eq. Assim, a redução absoluta correspondente ficou estabelecida entre 1, 168

GtCO2-eq e 1,259 GtCO2-eq, 36,1% e 38,9% de redução de emissões,

respectivamente. Para auxiliar no alcance das metas de redução, a lei estabelece

ainda, o desenvolvimento de planos setoriais de mitigação e adaptação nos âmbitos

local, regional e nacional.

A Política Nacional sobre Mudança do Clima tem como objetivos:

Reduzir as emissões antrópicas por fontes e fortalecer as estratégias de remoção

de gases de efeito estufa no território nacional por meio de sumidouros;

Definir e implementar medidas para promover a adaptação à mudança do clima

das comunidades locais, dos municípios, estados, regiões e de setores

econômicos e sociais, em particular aqueles especialmente vulneráveis aos seus

efeitos adversos.

Os objetivos alcançados pela PNMC devem se harmonizar com o

desenvolvimento sustentável buscando o crescimento econômico, a erradicação da

pobreza e a redução das desigualdades sociais. Para viabilizar o alcance destes

objetivos, o texto da Lei nº 12.187/2009 institui algumas diretrizes, como fomento a

práticas que efetivamente reduzam as emissões de gases de efeito estufa e o estímulo

à adoção de atividades e tecnologias de baixas emissões desses gases, além de

padrões sustentáveis de produção e consumo.

O Poder Executivo, seguindo as diretrizes da PNMC, estabelece os Planos

setoriais de mitigação e adaptação à mudança do clima para a consolidação de uma

economia de baixo consumo de carbono. Os Planos visam a atender metas gradativas

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de redução de emissões antrópicas quantificáveis e verificáveis, considerando

diversos setores, como geração e distribuição de energia elétrica, transporte público

urbano, indústria, serviços de saúde e agropecuária, considerando as especificidades

de cada setor.

1.1.4.4 Fundo Amazônia

O Fundo Amazônia foi criado em 2008 pelo Decreto nº 6.527 para garantir

a continuidade dos esforços do Brasil para reduzir voluntariamente a emissão de

gases do efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação de florestas

(REDD), como previsto na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças

Climáticas. Esse projeto tem como membros os representantes dos Estados

Amazônicos, do Governo Federal (Ministério do Meio ambiente, Relações

Internacionais, entre outros) e representantes da sociedade civil (Fórum Brasileiro de

ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente, entre outros).

O Fundo Amazônia é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES), que também se incumbe da captação de recursos, da

contratação e do monitoramento dos projetos e ações apoiados. Os recursos do

Fundo serão formados exclusivamente por doações, com um aporte potencial

estimado em US$ 1 bilhão para seu primeiro ano e serão geridos pelo BNDES. Ao

menos 80% dos investimentos do Fundo estão reservados para a Região Amazônica

e até 20% podem ser investidos no monitoramento do desmatamento e em sistemas

de controle para outros biomas brasileiros e de outros países tropicais (FUNDO

AMAZONIA, 2016). O Quadro 2 apresenta as principais legislações que

regulamentam o Fundo Amazônia.

Quadro 2 – Resumo da legislação aplicável ao Fundo Amazônia.

LEGISLAÇÃO ASSUNTO

Decreto nº 6.527 de 1 de agosto de 2008.

Dispõe sobre o estabelecimento do Fundo Amazônia pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.

Decreto nº 6.565 de 15 de setembro de 2008.

Dispõe sobre medidas tributárias aplicáveis às doações em espécie recebidas por instituições financeiras públicas controladas pela União e destinadas a ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas brasileiras.

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Quadro 2 – Resumo da legislação aplicável ao Fundo Amazônia.

LEGISLAÇÃO ASSUNTO

Lei nº 11.828 de 20 de novembro de 2008 e Medida Provisória nº 438, de 1 de agosto de 2008.

Dispõe sobre medidas tributárias aplicáveis às doações em espécie recebidas por instituições financeiras públicas controladas pela União e destinadas a ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas brasileiras.

Lei nº 12.810 de 15 de maio de 2013.

Dispõe sobre o parcelamento de débitos com a Fazenda Nacional relativos às contribuições previdenciárias de responsabilidade dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e altera, entre outras, a Lei nº 11.828, de 20 de novembro de 2008 (Artigo 14).

Fonte: Fundo Amazônia, 2016

A finalidade desse fundo é captar doações para investimentos não

reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento,

e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma

Amazônia, nos termos do Decreto nº 6.527, de 1 de agosto de 2008. Além da redução

das emissões de gases de efeito estufa; para certificação de efetividade, um comitê

técnico, atesta os cálculos apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente quanto às

reduções efetivas de Emissões de Carbono Oriundas de Desmatamento (FUNDO

AMAZONIA, 2016).

O Fundo Amazônia apoia projetos em diferentes segmentos ambientais,

conforme ilustrado na Figura 3.

Figura 3– Segmentos ambientais apoiados pelo Fundo Amazônia.

Fundo Amazônia

Atividade econômica (uso sustentável da

floresta) Gestão de Florestas Públicas e Áreas

Protegidas

Controle, monitoramento e

fiscalização ambiental

Manejo Florestal

Sustentável

ZEE, ordenamento territorial e

regularização fundiária

Conservação e uso sustentável

da biodiversidade

Recuperação de áreas

degradadas

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1.1.4.5 Zoneamento Ecológico Econômico

Ao final da década de 80, com a promulgação da Constituição Federal de

1988, e após a aprovação da PNMA, acontece uma redefinição de direitos e

responsabilidades, das quais decorrem o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).

O ZEE é um conjunto de normas e regulamentos de uso adequado da terra, é um

instrumento legal de diagnóstico (planejamento e ordenamento) do uso do território,

empregado principalmente pelos governos locais com o propósito de indicar aos

agentes econômicos a localização mais adequada para certas atividades, visando

assegurar o desenvolvimento sustentável, harmonizando as relações econômicas,

sociais e ambientais. Demanda um efetivo esforço de compartilhamento institucional,

voltado para a integração das ações e políticas públicas territoriais, bem como

articulação com a sociedade civil (MMA, 2009). Em síntese, é a divisão da terra feita

a partir dos recursos naturais, da sócio - economia e de marcos jurídicos, em que a

terra é dividida em zonas levando em consideração, além das questões ecológicas,

as condições de vida da população.

O ZEE foi implementado no país em nível federal, com sua execução a

cargo da Comissão Coordenadora do ZEE, instituída por decreto em 1990, porém foi

regulamentado pelo Decreto nº 4.297/2002, e tem sido utilizado pelo poder público

com projetos realizados em diversas escalas de trabalho e em frações do território

nacional. Municípios, estados da federação e órgãos federais têm executado ZEE e

avançado na conexão entre os produtos gerados e os instrumentos de políticas

públicas, com o objetivo de efetivar ações de planejamento ambiental territorial.

O Código Florestal vigente decreta um prazo de cinco anos (art. 13, §2º)

para que todos os Estados elaborem e aprovem seus ZEE, segundo uma metodologia

unificada em âmbito federal. Esta colaboração se dá por meio da Comissão

Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional (CCZEE)

(Decreto nº 28/2001), responsável por planejar, coordenar, acompanhar e avaliar a

execução dos trabalhos de ZEE. O apoio técnico é fornecido do Consórcio ZEE Brasil

(art. 6º do Decreto 28/2001), composto por quinze instituições públicas (ANA,

Embrapa, IBAMA, IBGE e outras), para assessorar a CCZEE e os Estados da

Federação na execução da meta. Segue exemplo de ZEE no Pará para o ano de 2012

na Figura 4.

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Figura 4- Exemplo de Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará.

Fonte: www.semas.pa.gov.br.

1.1.4.6 Conferências de Meio Ambiente

A Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu nações para debater

questões globais relacionadas a problemas ambientais em duas situações: a primeira

vez em Estocolmo, em 1972 e a segunda, no Rio de Janeiro, em 1992. A conferência

de Estocolmo foi desencadeada após a ONU evidenciar que as atividades humanas

estavam degradando a natureza e isso se tornara uma ameaça ao bem estar e para

própria sobrevivência humana com o passar do tempo. Essa conferência contou com

representantes de 113 países, 250 organizações não governamentais e dos

organismos da ONU. Houve uma divergência de ideias e interesses entre os países

desenvolvidos e em desenvolvimento, esses questionavam a legitimidade das

recomendações dos países desenvolvidos em impor a eles complexas exigências de

controle ambiental, pois os mesmos haviam se industrializado com o uso predatório

de recursos naturais.

Mesmo com os confrontos de perspectivas, a conferência produziu a

Declaração sobre o Meio Ambiente Humano (uma declaração de princípios de

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comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes

a questões ambientais) e um Plano de Ação que convocava todos os países, os

organismos das Nações Unidas, bem como todas as organizações internacionais a

cooperarem na busca de soluções para uma série de problemas ambientais.

A Assembleia Geral da ONU convocou em 1989 a Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). Para cumprir o

objetivo principal de examinar a situação da proteção ambiental mundial, desde 1972,

e avaliar o estilo de desenvolvimento vigente, a ONU realizou uma conferência em

1992 no Rio de Janeiro que ficou conhecida como Rio-92 ou Eco-92.

A Rio-92 ocasionou um debate e mobilização da comunidade internacional

em torno da necessidade de uma mudança de comportamento urgente visando a

preservação da vida na Terra. Essa Conferência ficou conhecida como "Cúpula da

Terra", e contou com a presença de 172 países. Como consequência dessa

Conferência foram assinados 05 documentos:

1. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

2. Agenda 21

3. Princípios para a Administração Sustentável das Florestas

4. Convenção da Biodiversidade

5. Convenção sobre Mudança do Clima

A tomada de consciência sobre a importância do consumo mundial, como

fator de peso na sustentabilidade da Terra, levou as Nações Unidas a organizarem a

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento sustentável, realizada na cidade de

Joanesburgo (África do Sul), em 2002, dez anos após a Rio-92. Havia a clara intenção

de estudar o tema juntamente com o fenômeno da notória globalização. A situação do

planeta se agravara com a intensificação do consumo, muito além da capacidade de

suporte dos ecossistemas para prestarem serviços e absorverem os resíduos

(MILARÉ, 2013).

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1.1.4.7 Agenda 21

As políticas internacionais de gestão ambiental têm sido criadas

principalmente durante as diferentes conferências das Nações Unidas relacionadas à

área ambiental (FLORIANO, 2007). O documento mais conhecido e de maior

repercussão é a AGENDA 21, que contém as principais políticas ambientais e de

desenvolvimento em nível internacional.

A Agenda 21 é um dos documentos criados durante a Eco-92 que foi

importante não só em nível internacional, mas também na formulação de políticas

ambientais brasileiras.

Dentre alguns dos focos discriminados na agenda 21, destacam-se:

Cooperação internacional;

Combate à pobreza;

Mudanças nos padrões de consumo;

Habitação adequada;

Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões;

Proteção da atmosfera.

A Agenda 21 Brasileira foi decretada e entregue à nação em 2002 (dez

anos depois da agenda 21 global). A Agenda Nacional partiu da Agenda Global e as

realizações acumuladas desde os tempos do ecodesenvolvimento, incorporaram

programas, projetos e ações que foram postos em prática por gestores ambientais e

militantes ambientalistas, no decorrer das últimas décadas (MILARÉ, 2013).

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2. INSTRUMENTOS DE CONTROLE AMBIENTAL

Instrumentos de proteção ambiental foram implementados em âmbito

nacional com a PNMA, enfatizando o licenciamento, monitoramento e fiscalização

ambiental. No plano dos instrumentos de ação, a lei instituiu novos instrumentos, entre

eles a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento ambiental, até então

somente existente na legislação de alguns estados. Esses instrumentos de proteção

ambiental são necessários e devem ser atualizados e aperfeiçoados de acordo com a

demanda nacional.

No plano institucional, a lei inovou ao criar uma estrutura articulada de

órgãos governamentais dos três níveis de governo, o SISNAMA. Inovou também ao

criar o CONAMA composto por representantes de diferentes órgãos federais,

estaduais e por representantes da sociedade civil, incluindo o setor empresarial,

sindical e as organizações não governamentais (SÁNCHEZ, 2013).

2.1 Licenciamento ambiental

Até a década de 1970 não existia no Brasil uma legislação específica que

abordasse o tema ambiental. Algumas normas e regulamentos que tratavam da saúde

pública, da proteção à fauna e à flora e da segurança e higiene industrial era tudo que

se podia reunir com relação ao tema (VALLE, 2002). O licenciamento ambiental no

Brasil teve início em alguns estados, em meados da década de 1970, e só após a

PNMA que foi incorporado à legislação federal e pode ser considerado um dos mais

importantes instrumentos preservacionistas.

A legislação sobre licenciamento ambiental começou no Rio de Janeiro,

quando o Decreto-Lei 134/1975 tornou "obrigatória a prévia autorização para

operação ou funcionamento de instalação ou atividades real ou potencialmente

poluidoras", enquanto o Decreto 1.633/1977 instituiu o Sistema de Licenciamento de

Atividades Poluidoras, estipulando que o Estado deve emitir Licença Prévia, Licença

de Instalação, e Licença de Operação, modelo que seria posteriormente retomado

pela legislação federal. Trata-se, portanto, não somente de atividades que possam

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causar poluição ambiental, mas qualquer forma de degradação ambiental, denotando

uma evolução no entendimento das causas da deterioração da qualidade ambiental

que não mais são somente atribuídas à poluição, mas a outras causas oriundas das

atividades humanas (SÁNCHEZ, 2013).

De acordo com o Art. 3º, inciso II da Lei 6.938/1981 poluição é assim

definida:

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades

que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos;

Na legislação federal, o licenciamento aparece como um dos instrumentos

da Política Nacional do Meio Ambiente, descrito como "licenciamento e revisão de

atividades efetiva ou potencialmente poluidoras" (art. 9°, inciso IV). São as seguintes

as condições para exigência de licença:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - lbama, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. [Art. 10, Lei 6.938/1981].

O Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo realizado

pelo órgão ambiental competente. Este pode ser federal, estadual ou municipal, para

licenciar a instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e

empreendimentos que utilizam recursos naturais, ou que sejam potencialmente

poluidores ou que possam causar degradação ambiental.

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De acordo com a legislação ambiental brasileira, segundo a qual uma série

de empreendimentos estão sujeitos ao licenciamento ambiental, mas nem todos

precisam da preparação prévia de um estudo de impacto ambiental. Segundo o

regime de licenciamento, as atividades que utilizam recursos ambientais ou que, por

alguma razão, possam concorrer para degradar a qualidade ambiental, devem obter

previamente uma autorização governamental, sem a qual não podem ser construídas,

instaladas nem funcionar. Em alguns desses casos, quando houver o potencial de

ocorrência de impactos ambientais significativos, a autoridade governamental exigirá

a apresentação de um estudo de impacto ambiental. (SÁNCHEZ, 2013).

A Licença Ambiental, como definida na Resolução nº 237/97 do CONAMA,

é o “ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as

condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas

pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar

empreendimentos ou atividades utilizadores dos recursos ambientais consideradas

efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam

causar degradação ambiental”. Essa mesma resolução do CONAMA definiu as

competências da União, Estados e Municípios e determinou que o licenciamento

deverá ser sempre feito em um único nível de competência.

Desde a fase de planejamento, e das medidas adotadas para o controle do

Licenciamento ambiental, são realizadas licenças ambientais. As seguintes definições

das três principais categorias de licenças de acordo com o Manual de Procedimentos

para o Licenciamento Ambiental Federal – IBAMA são:

I) Licença Prévia – LP

A ser expedida na fase de planejamento e concepção de um novo

empreendimento ou atividade, contendo os requisitos básicos a serem atendidos nas

fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais,

estaduais ou federais de uso do solo. Sua concessão depende das informações sobre

a concepção do projeto, sua caracterização e justificativa, a análise dos possíveis

impactos ao ambiente e das medidas que serão adotadas para o controle e mitigação

dos riscos ambientais.

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A LP estabelece as condições para a viabilidade ambiental do

empreendimento ou atividade, após exame dos impactos ambientais por ele gerados,

dos programas de redução e mitigação de impactos negativos e de maximização dos

impactos positivos. Em projetos de significativo impacto ambiental é exigida a

realização de Estudo de Impacto Ambiental - EIA e correspondente Relatório de

Impacto ao Meio Ambiente - RIMA, como condicionantes para obtenção da licença

prévia. Estes instrumentos foram normalizados pela Resolução nº 001/86 do

CONAMA e, complementarmente, pela Resolução nº 237/97.

II) Licença de Instalação – LI

É expedida após análise das especificações do Projeto Executivo do

empreendimento e da apresentação dos planos, programas e projetos, onde serão

apresentados o atendimento das condicionantes da LP e as informações detalhadas

do projeto, processos e tecnologias adotadas para a neutralização, mitigação ou

compensação dos impactos ambientais provocados, assim como os procedimentos

de monitoramento ambiental. A LI precede os procedimentos de efetivo início de

implantação da atividade ou empreendimento.

III) Licença de Operação – LO

É expedida para autorizar o início da operação da atividade ou

empreendimento, após as verificações necessárias do funcionamento de seus

equipamentos de controle de poluição e do atendimento das condicionantes

constantes nas Licenças, Prévia e de Instalação.

As licenças ambientais poderão ser expedidas isoladas ou

sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do

empreendimento ou atividade. O CONAMA definirá, quando necessário, licenças

ambientais específicas, observadas, também neste caso, a natureza, características

e peculiaridades da atividade ou empreendimento, e, ainda, a compatibilização do

processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação.

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Desmatamento em Campo

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA) sempre que necessário estabelecerá procedimentos de pré-operação

visando adequar e compatibilizar as características do empreendimento ao processo

de licenciamento.

Os prazos para emissão e validade de cada licença poderão variar de

acordo com a modalidade da licença e as normas federais e estaduais vigentes.

Entretanto, o artigo 18 da Resolução CONAMA nº 237/97 estabelece diretrizes e

considerações sobre a determinação dos prazos de validade para as licenças em

geral, como o transcrito a seguir:

Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos:

I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.

II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.

§ 1º - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos estabelecidos nos incisos I e II.

Outro instrumento no âmbito do licenciamento ambiental diz respeito à

Autorização Ambiental (AA). Denominação dada ao ato administrativo emitido com

ou sem prazo de validade, mediante o qual o órgão ambiental estabelece as condições

para implantação ou realização de empreendimentos, atividades, pesquisas e

serviços ou para execução de obras emergenciais de interesse público.

As Autorizações Ambientais são concedidas pelo prazo previsto para a

implantação ou realização de empreendimentos, atividades, pesquisas e serviços de

caráter temporário ou para execução de obras emergenciais de interesse público,

limitado a um prazo máximo de 2 (dois) anos. Porém, o prazo da Autorização pode

ser ampliado, desde que seja feita uma justificativa técnica pelo órgão ambiental

(INEA, 2010). Como exemplos citam-se:

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Autorização para supressão de vegetação nativa nos casos previstos na lei,

estabelecendo condicionantes e medidas mitigadoras e/ou compensatórias, no

Estado do Pará existem autorizações para supressão e limpeza de vegetação

secundária, autorização para manejo e produção de palmito e açaí e outras

específicas para cada caso.

Autorização para licenciamento de empreendimento ou atividade de significativo

impacto ambiental que afete a Unidade de Conservação estadual ou sua zona de

amortecimento.

Autorização para execução de obras emergenciais de caráter privado, que autoriza

a execução de obras emergenciais em empreendimento privado, quando

decorrentes de acidentes de causas naturais, como intempéries, mediante prévia

vistoria do órgão ambiental, com vistas a mitigar ou eliminar os impactos, no meio

ambiente, gerados pelos referidos acidentes.

2.1.1 Estudos Ambientais para o licenciamento ambiental

De acordo com o art. 1º da Resolução CONAMA nº 237/97 os Estudos

Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais

relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou

empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais

como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental

preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área

degradada e análise preliminar de risco. Já o art. 3° da mesma resolução indica que

o órgão ambiental competente, após verificar que a atividade ou empreendimento não

é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os

estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento, que deverão

ser realizados por profissionais legalmente habilitados (MMA, 2009). São exemplos

de estudos ambientais:

Relatório de Caracterização do Empreendimento – RCE apresenta os principais

elementos que caracterizam o empreendimento e a sua área de inserção,

fornecendo informações acerca da justificativa da implantação do projeto, porte,

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tecnologia, localização do empreendimento e principais aspectos ambientais

envolvidos.

Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental- EIA/RIMA que

tem como finalidade avaliar os impactos ambientais gerados por atividades e/ou

empreendimentos potencialmente poluidores ou que possam causar degradação

ambiental. Deverá contemplar a proposição de medidas mitigadoras e de controle

ambiental, garantindo assim o uso sustentável dos recursos naturais. A Resolução

CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986 indica as diretrizes e o conteúdo

necessário para elaboração do EIA/RIMA.O relatório de impacto ambiental - RIMA

refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental.

Relatório Ambiental Simplificado – RAS é o conjunto de estudos relativos aos

aspectos ambientais que envolvem a localização, instalação e operação de uma

atividade ou empreendimento apresentado como subsídio para a concessão da

licença prévia requerida que deve conter as informações relativas ao diagnóstico

ambiental da região de implantação do empreendimento, sua caracterização, a

identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e

de compensação.

Estudo de Impacto da Vizinhança – EIV é estabelecido pelo Estatuto da Cidade

(Lei Federal n° 10.257 de 2001) e deve preceder qualquer edificação e mesmo

obra de infraestrutura no espaço urbano que envolva mudanças paisagísticas e ou

de fluxos, a ponto de interferir de algum modo no entorno. O EIV deve estar

previsto no Plano Diretor ou em outra legislação, podendo ser inclusive na Política

Municipal de Meio Ambiente, caso o Município não o possua, estabelecendo as

hipóteses de seu cabimento. Porém, ainda que não exista previsão, e constatada

a sua necessidade, o órgão ambiental poderá requerer a sua elaboração.

2.1.2 Fundamentos da avaliação de impacto ambiental

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) foi vinculada ao processo de

licenciamento ambiental por meio da resolução CONAMA nº 001/86, que estabelece

os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação de avaliação de

impactos ambientais. A AIA é um processo formal com intuito de identificar efeitos

esperados de atividades ou projetos no Ambiente (biofísico e social); e Meios de

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medidas para mitigar e monitorar esses impactos, buscando garantir que os

responsáveis pelo acordo apresentem soluções adequadas à população e ao meio

ambiente, gerando medidas de controle e proteção, medidas mitigadoras e

compensatórias, conforme o impacto. As variáveis que são objeto da AIA:

Efeitos na saúde humana, bem-estar, ecossistemas e agricultura;

Efeitos no clima e na atmosfera;

Uso de recursos naturais (regenerativo e mineral);

Utilização e disposição de resíduos

Restabelecimento de locais arqueológicos, paisagem, monumentos e

consequências sociais, próximo ao local do projeto.

É importante que a AIA seja uma atividade contínua, antes e posterior à

tomada de decisões a respeito do projeto ou atividade, procedendo-se a sua revisão

e atualização periodicamente, mesmo após o pleno funcionamento. O processo de

avaliação de impacto ambiental local efetuado pelos municípios geralmente não

necessita de EIA/RIMA, pois na legislação vigente sobre competências e

abrangências de licenciamento local os municípios avaliam estudos e projetos com

menor complexidade e potencial poluidor/degradador.

É preciso que se faça a categorização do risco do

empreendimento/atividade para que seja definido se há necessidade ou não de uma

AIA (Figura 5).

Figura 5– Categorização do nível de risco para fins de aplicação da AIA

Risco Baixo

•Encerra processo de AIA

Risco Moderado

•Avaliação preliminar

Risco Alto

•Realiza processo de AIA completo

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A fase de avaliação normalmente envolve três tarefas principais:

Identificação dos impactos ambientais; análise detalhada dos impactos e julgamento

da significância dos impactos. E a AIA leva em consideração todos os tipos de

impacto, podendo descrevê-los de diversas maneiras a exemplo de intensidade;

direção; dimensão espacial; duração; frequência; reversibilidade e probabilidade.

Um dos principais objetivos da AIA é o de prever mudanças nos sistemas

naturais e sociais decorrentes de um projeto de desenvolvimento. Assim, todo Estudo

de Impacto Ambiental (EIA) deve apresentar um prognóstico de situação futura no

caso de realização do empreendimento analisado, fundamentado em hipóteses

plausíveis e previsões confiáveis. Essas previsões buscam informar sobre a

magnitude ou intensidade da mudança no ambiente (SÁNCHEZ, 2013).

O EIA é um documento de natureza técnica, que tem como finalidade

avaliar os impactos ambientais gerados por atividades e/ou empreendimentos

potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental. Deverá

contemplar a proposição de medidas mitigadoras e de controle ambiental, garantindo

assim o uso sustentável dos recursos naturais.

O relatório de impacto ambiental (RIMA) refletirá as conclusões do estudo

de impacto ambiental e deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua

compreensão. As diretrizes e conteúdo mínimo para elaboração EIA/RIMA estão

descritos na Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986.

O EIA compreende, no mínimo:

Descrição das ações do projeto e suas alternativas, nas etapas de planejamento,

construção, operação e, no caso de projetos de curta duração, desativação;

Delimitação da área de influência;

Diagnóstico ambiental contendo aspectos do meio físico, biótico e socioeconômico

da área de influência;

Identificação, medição e mensuração dos impactos;

Comparação das alternativas e previsão da situação ambiental futura da área de

influência, nos casos de adoção de cada uma das alternativas, inclusive no caso

de o projeto não se executar;

Identificação das medidas mitigadoras e compensatórias;

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Programa de gestão ambiental do empreendimento, que inclui a monitoração dos

impactos; e por fim, a preparação do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

2.1.3 Medidas Mitigadoras

Os impactos ambientais causados pelo ser humano são frequentes e

muitas vezes com alto grau de degradação do ambiente. Para tentar prevenir e de

alguma maneira minimizar estas consequências negativas, os órgãos responsáveis

pela proteção do meio ambiente criam mecanismos e diretrizes, dentre os mais

importantes estão as chamadas Medidas Mitigatórias.

De acordo com Rocha (2010) as ações de controle ambiental que visam à

mitigação dos impactos resultantes da implantação de empreendimentos ou da

execução de serviços de manutenção podem ser preventivas, corretivas ou

compensatórias e adequadas à ocasião de desenvolvimento da obra, posterior à

conclusão dela, ou independentes dessas ocasiões. Poderão ainda ser contínuas ou

periódicas, de acordo com o impacto ambiental objeto da ação de controle.

As medidas mitigadoras preventivas são aquelas concretizadas mediante

o procedimento preventivo do impacto, ou seja, deverão impedir que ocorra o impacto

e se não for possível evitar, pelo menos, reduzir sua magnitude. Já as medidas

mitigadoras corretivas são caracterizadas como aquelas a serem aplicadas no

tratamento de impactos que não puderam ser evitados e para aqueles cuja prevenção

não era cabível, não foi realizada, ou não produziu um resultado completo. As medidas

mitigadoras compensatórias são cabíveis nos casos em que os impactos ambientais

são irreversíveis. É uma ação que normalmente obedece a normas, condicionantes

ou exigências legais. Essas medidas deverão ser apresentadas e classificadas

quanto:

Sua natureza: preventiva ou corretiva;

Fase do empreendimento em que deverão ser adotadas;

Fator ambiental a que se destina;

Prazo de permanência de sua aplicação;

Responsabilidade por sua implementação;

Avaliação de custos das medidas mitigadoras.

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As condicionantes e medidas mitigadoras são estabelecidos de acordo com

as especificidades de cada empreendimento, devendo ter clara vinculação com os

impactos em relação aos quais devem ser fixados.

Adverte-se que, o órgão ambiental deve atentar para não impor

compensações incompatíveis com os impactos causados pelo empreendimento,

apenas para suprir carências institucionais e operacionais de funcionamento.

As medidas mitigadoras constituem importantes ferramentas para a

concepção do plano de gestão ambiental do empreendimento. Este plano deverá

assegurar que a implantação e operação do mesmo ocorram em conformidade com a

legislação e outras diretrizes ambientais, minimizando os impactos adversos e

maximizando os efeitos positivos a ele associados.

2.1.4 Compensação Ambiental

De acordo com o Manual de procedimentos para o Licenciamento

Ambiental Federal – IBAMA, a Compensação Ambiental é obrigatória em processos

de licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que provoquem perda

de biodiversidade e de recursos naturais, tais como perda de vegetação nativa, perda

de habitat, corredores ecológicos e ecossistemas de interesse para a flora e a fauna,

com fundamento no Estudo de Impacto Ambiental.

A compensação é calculada tendo por base o valor mínimo de 0,5 % (meio

por cento) dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo

o percentual fixado pelo órgão ambiental, de acordo com o grau de impacto ambiental

causado. Os recursos serão destinados a apoiar a implantação e manutenção de

unidades de conservação da categoria de Proteção Integral.

As medidas compensatórias podem ser entendidas como sendo as

medidas destinadas a compensar os impactos ambientais negativos oriundos do

desenvolvimento e da execução de um projeto.

Vale ressaltar que as medidas compensatórias devem ser tomadas pelos

responsáveis pela execução de um projeto, e podem ser aplicadas antes, durante e

após a execução do mesmo.

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Para a realização de medidas compensatórias, é necessário,

primeiramente, que se saiba qual foi o tamanho do impacto ambiental causado, no

que é chamado de Análise de Impactos Ambientais.

A Compensação Ambiental está definida no artigo 36 da Lei Federal nº

9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC), que determina

que nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo

impacto ambiental, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção

de Unidade de Conservação do Grupo de Proteção Integral, ou, no caso do

empreendimento afetar uma Unidade de Conservação específica ou sua zona de

amortecimento, ela deverá ser uma das beneficiárias da compensação ambiental,

mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral.

A regulamentação da Lei Federal nº 9.985/2000 se deu com o Decreto

Federal nº 4.340/2002, que estabeleceu a seguinte ordem de prioridades para a

aplicação de recursos:

I – regularização fundiária e demarcação das terras;

II – elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;

III – aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão,

monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento;

IV – desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade

de conservação; e

V – desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade

de conservação e área de amortecimento.

O Decreto Federal nº 4.340/2002 estabelece a instituição da câmara de

compensação ambiental no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade

de estabelecer prioridades e diretrizes para aplicação da compensação ambiental,

avaliar e auditar a metodologia e os procedimentos de cálculo da compensação

ambiental, entre outros.

Nesse contexto, para os casos de licenciamento ambiental no âmbito

estadual, também foram criadas câmaras de compensação ambiental com atribuições

relacionadas, como é o caso da Câmara de Compensação Ambiental do Estado do

Pará.

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2.2 Monitoramento Ambiental

Monitoramento ambiental é a realização de medições e/ou observações

específicas, dirigidas a alguns poucos indicadores e parâmetros, com a finalidade de

verificar se determinados impactos ambientais estão ocorrendo, podendo ser

dimensionada sua magnitude e avaliada a eficiência de eventuais medidas

preventivas adotadas (BITAR; ORTEGA, 1998).

2.2.1 Qualidade ambiental

A qualidade ambiental consiste no atendimento aos requisitos de natureza

física, química, biológica, social, econômica e tecnológica que assegurem a

estabilidade das relações ambientais no ecossistema no qual se inserem as atividades

de uma organização (VALLE, 2002). Sendo assim, está relacionada ao controle das

variáveis ambientais, que se modificam por transformações naturais ou em função das

ações antrópicas.

Para que seja garantida a manutenção e o gerenciamento da qualidade

ambiental, insere-se no contexto da Política Nacional de Meio Ambiente, que prevê a

publicação periódica do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA), a ser

divulgado pelo IBAMA. Este documento visa apresentar o panorama do estado da

qualidade ambiental no Brasil, sintetizando, sistematizando e analisando as

informações ambientais para aprimorar a gestão dos recursos naturais e conservação

dos ecossistemas em nosso país. O público alvo são os gestores de meio ambiente

federais, estaduais e municipais, atores privados de educação e pesquisa, organismos

internacionais, organizações não governamentais; meios de comunicação e o público

em geral (MMA, 2016).

Para estudo da qualidade ambiental é preciso identificar as diferentes

formas de poluição, degradação ambiental, riscos ambientais e os resíduos danosos

à saúde e ao meio ambiente; estabelecer os padrões e qualidade ambiental

adequados (padrão de qualidade ambiental); e por fim, a aplicação dos instrumentos

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Capacitação em Verificação de

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de avaliação de impactos ambientais, o licenciamento ambiental, o monitoramento e

a fiscalização da qualidade do meio ambiente.

No que se refere ao monitoramento ambiental, os procedimentos precisam

ser normatizados, e a partir de então poderão ser aplicados. As atividades, via de

regra, consistem em coletas de dados, estudo e acompanhamento contínuo e

sistemático das variáveis ambientais e realização de medições e/ou observações

específicas, cujas condições desejamos identificar, avaliar e comparar. E assim, é

possível estudar as tendências ao longo do tempo (BITAR & ORTEGA, 1998).

Os padrões de qualidade ambiental estão estabelecidos no Brasil por

Resoluções do CONAMA. Nesse sentido, deve-se fazer o monitoramento da

qualidade do ar (Resolução CONAMA 005/1989 e 003/1990), do solo (Resolução

CONAMA 420/2009), das águas (Resolução CONAMA 357/2005) e níveis de ruídos

(Resolução CONAMA 001/1990), entre outros, em nível municipal, estadual e federal

buscando prevenção, redução e reparação dos fatores antrópicos potencialmente ou

efetivamente poluidores do meio ambiente com a finalidade de proteger a

biodiversidade, os recursos naturais e a qualidade de vida em si.

2.2.2 Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros

O Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros (PMABB)

é um programa de monitoramento de âmbito federal. Foi instituído a partir da Portaria

n° 365 de 27 de novembro de 2015, e abrange os biomas da Amazônia, Caatinga,

Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, com uso de tecnologias de satélite para

detecções online. A utilização de sensoriamento remoto e de sistemas de informação

geográfica são fatores cruciais para lidar com o desafio de ordenar a ocupação de um

território tão grande e diversificado como é o conjunto de biomas brasileiros

(MMA,2016). Com o objetivo de mapear e monitorar a vegetação, foram definidas as

seguintes ações:

I - mapeamento e monitoramento do desmatamento, incluindo sua taxa;

II - avaliação da cobertura vegetal e do uso das terras;

III - monitoramento de queimadas; e

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

IV - restauração da vegetação e extração seletiva.

O art. 2° da Portaria n° 365/2015 estipula o prazo de consolidação dos

monitoramentos para a Amazônia para o período de 2016 – 2017.

2.2.3 Gerência de Monitoramento Ambiental - GEMAM

A Secretaria de Estado Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) realiza

o monitoramento ambiental em âmbito estadual, através da Gerência de

Monitoramento Ambiental (GEMAM). Esta gerência está Subordinada à Diretoria de

Fiscalização Ambiental do órgão.

A GEMAM realiza o monitoramento sistemático com base em metodologias

geotecnológicas, de parâmetros ambientais estratégicos no Estado do Pará, em

estreita relação com o licenciamento e fiscalização, visando melhorar a eficiência na

tomada de decisão da gestão ambiental pública, em seus processos de planejamento

e controle ambiental (SEMAS, 2016).

Compete à GEMAM:

Monitorar empreendimentos e atividades efetivas ou potencialmente poluidoras,

licenciadas ou não, a fim de identificar possíveis irregularidades, gerando alertas

e relatórios para subsidiar as ações de fiscalização ambiental;

Monitorar, com apoio de ferramentas de geotecnologias somado às informações

dos bancos de dados dos sistemas de gestão ambiental da SEMAS, o

desflorestamento, a exploração madeireira, a regeneração florestal, as queimadas

e incêndios florestais legais e ilegais, dentro e fora de áreas protegidas, gerando

alertas e relatórios para subsidiar as ações de fiscalização ambiental;

Monitorar o fluxo de créditos florestais, através Sistema de Comercialização e

Transporte de Produtos Florestais (SISFLORA), da cadeia produtiva do setor

madeireiro, a fim de identificar e combater as possíveis irregularidades e fraudes

na comercialização de produtos e subprodutos florestais;

Criar e gerenciar um Sistema de Informação Geográfica com dados especializados

relacionados à gestão ambiental no Pará;

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Participar de grupos de trabalho que envolvam assuntos relacionados ao

monitoramento e fiscalização ambiental;

Estabelecer parcerias no âmbito interinstitucional, visando o compartilhamento de

metodologias e de dados, bem como o aprimoramento do monitoramento

ambiental no Estado do Pará.

Promover a elaboração de proposta técnica e execução de projetos na área de

monitoramento para apoiar as ações de fiscalização;

Estudar e avaliar as novas metodologias de monitoramento ambiental disponíveis,

com vistas a apoiar as ações de monitoramento e fiscalização ambiental;

Apoiar a capacitação técnica das equipes de monitoramento e fiscalização

ambiental;

Zelar pelo sigilo das informações quando do planejamento e execução das ações

de fiscalização;

Exercer as demais competências que lhe foram conferidas.

Os municípios contribuem com as atividades de monitoramento da estado,

ao realizarem ações de fiscalização em áreas com denúncias de desmatamento, e

remeterem os resultados à GEMAM, para compor o banco de dados de

desmatamento e serem publicadas na Lista de Desmatamento Ilegal – LDI.

Outra forma de cooperação são treinamentos ofertados aos municípios, na

área de geotecnologia, fiscalização, licenciamento, etc. As capacitações contribuem

com a descentralização da gestão ambiental no estado, uma vez que auxiliam as

secretarias municipais de meio ambiente nas suas atribuições, através de repasse de

conhecimentos técnicos aos seus agentes.

2.2.4 Monitoramento por imagens satélite (Sensoriamento Remoto)

Para o monitoramento eficaz das florestas na Amazônia por meio de

imagens de satélite, um importante contribuinte é o Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) que é reconhecido internacionalmente por manter o maior programa

de acompanhamento de florestas do mundo, capaz de calcular taxas anuais de

desmatamento bruto, estimativas de degradação e monitorar em tempo quase real

alterações na Amazônia brasileira.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Uma maneira eficiente para monitorar a Amazônia é por meio do Projeto

de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélites (PRODES)

que realiza o monitoramento por satélite do desmatamento por corte raso na

Amazônia Legal como demonstrado na Figura 6. As estimativas geradas pelo

PRODES baseiam-se em mapeamento anual de um grande conjunto de imagens do

satélite TM/Landsat 5 ou similares, cobrindo toda a extensão da Amazônia, gerando

desde 1988, as taxas anuais de desmatamento na região, que são usadas pelo

governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas. As taxas anuais são

estimadas a partir dos incrementos de desmatamento identificados em cada imagem

de satélite que cobre a Amazônia Legal.

Figura 6- Imagens de desmatamento por corte raso na Amazônia.

Fonte: http://www.obt.inpe.br/

O Anexo 2 apresenta as taxas de desmatamento anual na Amazônia. A

primeira apresentação dos dados é realizada para dezembro de cada ano, na forma

de estimativa e os dados consolidados são apresentados no primeiro semestre do ano

seguinte (OBT, 2016).

O PRODES utiliza imagens do satélite Landsat (20 a 30 metros de

resolução espacial e taxa de revisita de 16 dias) e busca minimizar o problema da

cobertura de nuvens. Com essas imagens, a área mínima mapeada pelo PRODES é

de 6,25 hectares (ha), por isso só é identificada uma área de retirada completa da

cobertura florestal maiores que 6,25 ha (INPE, 2016).

Esse sistema tem demonstrado ser de grande importância para ações e

planejamentos de políticas públicas da Amazônia, porém, os dados não são

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

suficientes para ações de prevenção e de fiscalização, devido ao longo tempo que

levam para ser produzidos. Além disso, o PRODES detecta apenas o desmatamento

por corte raso, em um curto intervalo de tempo. Este processo é facilmente

identificável com imagens de satélite, pois a resposta espectral dos solos passa a

predominar após a derrubada, e se diferencia de forma muito clara da resposta

espectral da vegetação (INPE, 2008), definindo porções de alteração da cobertura

vegetal da região analisada. No entanto, outros tipos de vegetação, de estágios

sucessionais iniciais de regeneração, podem ser confundidas com áreas de floresta,

de forma equivocada, pelas imagens de satélites, a exemplo da juquira3 (Figura 7). Ao

contrário das capoeiras, não apresentam um teto florestal (dossel), porém da mesma

forma que as capoeiras, podem ser confundidas com área florestada (TNC, 2013).

Muitas vezes, as formações florestais em estágio “inicial” ou “pioneiro”, são

indistinguíveis de um pasto sujo nas imagens de satélite, portanto deve-se averiguar

localmente o tipo de vegetação. Isso demonstra uma forte necessidade de verificação

em campo, para que não haja equívocos na classificação de áreas desmatadas ou

não nas propriedades.

Figura 7 - Área de Juquira em Paragominas, PA.

Fonte: Manual de restauração florestal TNC (2013).

3 A juquira é um tipo de vegetação secundária, típica em estágio inicial de sucessão florestal, não apresentam teto florestal (dossel), e ocorre em áreas agrícolas e pastagens (TNC, 2015).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

A Instrução normativa n° 8 de 28 de outubro de 2015 em seu art. 4°

considera vegetação secundária em estágio inicial de regeneração àquela resultante

dos processos naturais de sucessão, após supressão total da vegetação primária por

ações antrópicas ou causas naturais, nas seguintes condições:

I – que estejam em processo de regeneração nos últimos cinco anos; ou

II – em processo de regeneração entre cinco e vinte anos, desde que a área basal total seja menor que os limites estabelecidos abaixo e constantes do Anexo II da Instrução Normativa:

a) 10 m2 ha-1 em municípios com cobertura de floresta primária original maior ou igual a 50% (cinquenta por cento); ou

b) 9 m2 ha-1 em municípios com cobertura de floresta primária original menor que 50% (cinquenta por cento) e maior ou igual a 40% (quarenta por cento); ou

c) 8 m2 ha-1 em municípios com cobertura de floresta primária original menor que 40% (quarenta por cento) e maior ou igual a 30% (trinta por cento); ou

d) 7 m2 ha-1 em municípios com cobertura de floresta primária original menor que 30% (trinta por cento) e maior ou igual a 20% (vinte por cento); ou

e) 6 m2 ha-1 em municípios com cobertura de floresta primária original menor que 20% (vinte por cento) e maior ou igual a 10% (dez por cento); ou

f) 5 m2 ha-1 em municípios com cobertura de floresta primária original menor que 10% (dez por cento).

É importante ressaltar que as áreas devem estar obrigatoriamente,

registradas como áreas desmatadas no PRODES/INPE ou outro sistema/programa

oficialmente utilizado pelo órgão ambiental. A área basal total é a medida de árvores

e palmeiras nativas a partir de 10 cm DAP (diâmetro do tronco medido a 1,30 m do

solo) e o percentual de cobertura florestal primária remanescente em cada município

baseia-se nos dados do Instituto de Pesquisa Espacial – INPE que constam no anexo

II da referida Instrução Normativa.

A partir de 2004 o INPE implementou o Sistema de Detecção de

Desmatamento em Tempo Real (DETER) para o monitoramento contínuo do

desmatamento e da degradação florestal. O DETER foi criado para atender ao

Governo Federal no Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento

na Amazônia Legal - PPCDAM, e tem como principal função fornecer informação

sobre local e dimensão de ocorrências de mudanças na vegetação, para auxiliar a

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

fiscalização e o controle de remoção ou uso ilegal da cobertura florestal. Os resultados

dos dois sistemas de monitoramento são divulgados em páginas de rede de acesso

livre (www.obt.inpe.br/prodes e www.obt.inpe.br/deter) para que a sociedade tenha

informações sobre a dinâmica do processo de ocupação da Amazônia brasileira

(INPE, 2008).

Outro sistema de monitoramento por satélite é o Sistema de Alerta de

Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente na

Amazônia (IMAZON). Ele faz o monitoramento contínuo do desmatamento na

Amazônia, gerando alertas mensais, na forma de boletins. O IMAZON faz repasse

desses boletins para a SEMAS, para que os alertas de desmatamento sejam

verificados em campo pelos órgãos ambientais municipais, onde o alerta foi gerado.

2.3 Fiscalização ambiental

De acordo com IBAMA (2012), a Fiscalização Ambiental é todo tipo de

vigilância e controle que devem ser exercidos pelo Poder Público, visando proteger os

bens ambientais das ações predatórias. Tem como objetivo cumprir a missão

institucional de controle da poluição, dos recursos hídricos e florestais, mediante a

adoção de medidas de polícia e cautelares, lavratura de Autos de Constatação e de

Infração. Apresenta-se como uma necessidade do Estado para fazer cumprir sua

missão de defensor dos interesses relativos à ordem jurídica e social.

A fiscalização Ambiental é exercida em nível federal pelo Ministério do Meio

Ambiente, através do IBAMA e ICMBIO, em nível estadual pelas autoridades

estaduais, como por exemplo: Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMA’s),

Batalhões e Companhias de Polícia Militar Ambiental, Delegacias Especializadas em

Meio Ambiente (DEMA) e, em nível municipal pelos Órgãos Municipais de Meio

Ambiente (OMMA’s), como Secretarias Municipais de Meio Ambiente, entre outros.

Toda essa estrutura deve atender à Política Nacional do Meio Ambiente, formando

com isso o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Assim, completam o

SISNAMA as legislações estaduais e municipais, além da atuação fiscalizadora das

autoridades estaduais e municipais. E deve ser operante sempre que algum interesse

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

individual se sobrepuser ao interesse de todos, estando inseridas nesse contexto as

infrações cometidas contra o meio ambiente.

2.3.1 Competência em matéria de fiscalização ambiental

O artigo 23 da Constituição Federal estipula nos incisos III, VI e VII, a

competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de

proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,

os monumentos, as paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos; o meio

ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, bem como de preservar

as florestas, fauna e flora. E para que haja de fato proteção aos bens pertencentes a

toda a sociedade, a exemplo do meio ambiente, é necessária que exista Fiscalização

Ambiental paralelamente ao licenciamento.

A Fiscalização Ambiental ostensiva é a modalidade de exercício da

atividade de poder de polícia administrativa desenvolvida intencionalmente pelos

Agentes de Fiscalização dos órgãos ambientais que desenvolvem tal atividade

estando à mostra, ou seja, bem visíveis, uniformizados e em veículos caracterizados,

com intuito de coibir crimes ambientais. Assim, resumidamente, essa atividade

consiste em fiscalizar comportamentos e atividades, regular, ou manter a ordem

pública, reprimindo crimes, contravenções e infrações contra o meio ambiente.

A Fiscalização e o Policiamento ambiental ostensivo são feitos em

contraposição à Fiscalização e ao Policiamento velado, secreto, nos quais seus

Agentes agem de forma oculta, sem uniforme e com veículos descaracterizados.

O agente de fiscalização é um servidor público designado em portaria

específica para exercer o poder de polícia ambiental, a fim de garantir a qualidade do

ambiente e o controle da poluição ambiental. Para isso, o agente deverá aplicar as

medidas e sanções de polícia correspondentes com as infrações ambientais que

tomar ciência (MMA, 2007).

No âmbito da estadual, os agentes estaduais de fiscalização ambiental são

servidores efetivos lotados na Diretoria de Fiscalização Ambiental, com competência

para apurar as infrações ambientais, lavrar instrumentos de fiscalização, aplicar

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

sanções administrativas que evitem a continuidade de danos ambientais (Decreto

Estadual 2.435/2010, art. 1º). São sanções administrativas:

I) Apreensões imediatas de produtos, subprodutos florestais, animais e

equipamentos;

II) Guarda ou depósito de produtos, subprodutos e equipamentos;

III) Interdição temporária de atividades

IV) Doação e produtos perecíveis;

V) Soltura de animais silvestres;

VI) Inutilização ou desfazimento de apetrechos predatórios;

VII) Lacre de equipamentos utilizados para degradação ambiental;

VIII) Embargo de áreas ou atividades.

Considerando as atribuições do Município em relação à fiscalização

ambiental, a Lei Complementar 140/2011 em seu art. 9º, inciso XIII diz que, é ação

administrativa dos Municípios; “exercer o controle e fiscalizar as atividades e

empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for

cometida ao Município”.

O art. 17 da LC 140/2011 vincula ao órgão que licencia a atribuição da

fiscalização quando diz que:

Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.

No entanto, o parágrafo 3º, do mesmo artigo, diz que a vinculação de

licenciar e fiscalizar exercida por um ente, não impede os demais da atribuição comum

de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou

potencialmente poluidoras ou utilizadores de recursos naturais com a legislação

ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental por órgão que detenha

a atribuição de licenciamento ou autorização.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

2.3.2 Classificação das ações de fiscalização

A ação fiscalizatória tem por objetivo manter a integridade do meio

ambiente, bem como assegurar o uso racional dos recursos naturais e seus

subprodutos, visando coibir as ações predatórias do homem sobre a natureza (IBAMA,

2002). As Ações de Fiscalização podem ser classificadas em:

PROGRAMADAS: são as ações desencadeadas na execução de um Plano de

Fiscalização, previamente estabelecido;

DE DENÚNCIA: são as ações realizadas em atendimento a denúncia formal e

informal. Destaca-se que as ações de fiscalização “Programadas” e em

decorrência de “Denúncias” são as mais recorrentes nos órgãos de meio ambiente.

DE OFÍCIO: são os trabalhos que ocorrem por iniciativa própria do órgão

ambiental;

EMERGENCIAIS: são aquelas realizadas para coibir infrações ambientais de alto

impacto ambiental ou para prevenir danos iminentes ao meio ambiente. A ação de

fiscalização emergencial tem a finalidade de interromper as infrações cujo

potencial tenha reflexo na saúde humana, de espécies ameaçadas de extinção e

áreas protegidas.

DE ORDEM: são aquelas que ocorrem por determinação ou solicitação superior;

JUDICIAIS: são desencadeadas por força de sentença, mandado judicial ou

requerimento do Ministério Público;

SUPLETIVAS: são aquelas exercidas por um ente da Federação em substituição

daquele que detém originalmente a atribuição.

2.3.3 Atribuições da fiscalização ambiental

As atribuições dos Fiscais e Policiais Ambientais são definidas

constitucionalmente e por outras normas. De acordo com IBAMA (2012) compete à

Fiscalização Ambiental:

Efetuar vistorias, levantamentos e avaliações;

Lavrar Autos de Constatação e informar sobre a ocorrência de infrações;

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Lavrar o Termo de Advertência circunstanciado, comunicando a infração cometida

e as penalidades a que está sujeito;

Lavrar autos de infração;

Lavrar termos de embargos e interdição;

Lavrar termos de apreensão de animais, produtos e subprodutos da fauna e da

flora, instrumentos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na

infração;

Lavrar termos de depósitos ou guarda de instrumentos, equipamentos ou veículos

de qualquer natureza utilizados na infração;

Lavrar termos de suspensão de venda ou de fabricação de produto;

Elaborar laudos técnicos de inspeção;

Intimar, por escrito, os responsáveis pelas fontes de poluição a apresentarem

documentos ou esclarecimentos em local e data previamente determinados;

Desenvolver operações de controle aos ilícitos ambientais;

Prestar atendimento a acidentes ambientais, encaminhando providências no

sentido de sanar os problemas ambientais ocorridos;

Vistoriar instalações hidráulicas e sanitárias de imóveis;

Fiscalizar estabelecimentos que exercem exploração econômica dos recursos

hídricos;

Fiscalizar a circulação de veículos com cargas perigosas;

Exercer outras atividades que lhes vierem a ser designadas.

2.3.4 Recursos materiais para a fiscalização ambiental

Os resultados de uma ação fiscalizatória estão intimamente relacionados

com os meios disponíveis de apoio. Uma preocupação básica dos Agentes de

Fiscalização é não esquecer os materiais e equipamentos apropriados a cada ação.

Os formulários, materiais e equipamentos básicos constantemente utilizados pelos

Agentes de Fiscalização são: Legislação Ambiental vigente; Formulários da

fiscalização (Auto de Infração, Termo de Apreensão e Depósito/ Embargo e Interdição,

Notificação, Termo de Doação e Soltura e outros); Mapeamento da região e aparelho

de GPS (Global Position System); Lacres; Levantamento cadastral atualizado das

empresas existentes na região a ser fiscalizada; Viaturas e embarcações adequadas

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

a cada tipo e serviço; rádio para comunicação; material de escritório (calculadora,

papel, caneta, lápis, borracha, etc.); Equipamentos para capturar e abrigar animais

silvestres; Estojo de medicamentos e materiais para primeiros socorros, etc.

2.3.5 Deveres e obrigações do agente de fiscalização

No art. 2º, parágrafo único do Decreto Estadual 2.435/2010 diz que o

agente de fiscalização da SEMAS tem por obrigação conhecer a estrutura

organizacional do órgão ambiental, seus objetivos, competências, além de:

a) Aplicar as técnicas, procedimentos e conhecimentos inerentes à pratica

fiscalizadora do meio ambiente, adquiridas nos cursos e treinamentos;

b) Apresentar relatórios de suas atividades, relatórios circunstanciados na

apuração da infração ambiental, laudos técnicos sobre danos ambientais para

formalizar o processo administrativo e punitivo;

c) Lavrar corretamente os instrumentos de fiscalização que farão parte do

processo administrativo punitivo, preencher de forma concisa e legível, com

informações objetivas e verídicas, com o devido enquadramento legal evitando

nulidade da autuação;

d) Obedecer rigorosamente os deveres, proibições, determinações

superiores e responsabilidade relativas aos serviços e servidores públicos do Estado;

e) Zelar pela manutenção, uso adequado e racional dos equipamentos,

barcos, veículos, armas e outros instrumentos que lhe forem confiados;

f) Identificar-se sempre que estiver em ação de fiscalização;

g) Submeter-se às atividades inerentes ao exercício da fiscalização,

autuando em locais, dias e horários de acordo com as normas ambientais vigentes;

h) Atuar em Áreas Protegidas do Estado, utilizando os meios inerentes a

fiscalização.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

2.3.6 O papel das SEMMAS na responsabilidade de proteção ao meio

ambiente

Em âmbito local a política ambiental é executada por Órgãos Locais,

representados por órgãos ou entidades responsáveis pelo controle e fiscalização

ambiental, via de regra é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Esses órgãos são

fundamentais para atuação no licenciamento ambiental e na fiscalização das

atividades potencialmente poluidoras no município, sendo responsáveis pela

elaboração e aplicação da Política Municipal de Meio Ambiente (PMMA) e pelo

controle das atividades de conservação ambiental.

Considerando que o município possua um Órgão Municipal de Meio

Ambiente, este será responsável por coordenar a PMMA, levando em consideração

além da realização do licenciamento ambiental de empreendimentos de impacto local

e fiscalização ambiental, o desenvolvimento de atividades de educação ambiental; a

recuperação de áreas degradadas nas sedes municipais não associadas a passivos

de empreendimentos e serviços de terceiros, dentre outras.

Para que os deveres de proteger o meio ambiente no município sejam

cumpridos a SEMMA deve contar com uma estrutura organizacional e operacional

eficiente (exemplo: quadro de funcionários, com equipe multidisciplinar) e estrutura

física mínima, dotados de equipamentos desde material de escritório a fiscalização

em campo.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3. SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (SISNAMA) E OS ÓRGÃOS

GESTORES DA DEFESA AMBIENTAL

O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) é de direito e de fato,

uma estrutura político-administrativa oficial, governamental, ainda que aberta à

participação de instituições não governamentais e da sociedade, através dos canais

competentes. É constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do

Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público,

responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental (MILARÉ, 2013).

3.1 Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA)

O SISNAMA foi instituído pela Lei nº 6.938/1981 que dispõe sobre a Política

Nacional de Meio Ambiente. No art. 6° apresenta a estrutura político-administrativa do

SISNAMA composta por órgãos e entidades das três esferas do governo e aberta à

participação de instituições não governamentais e da sociedade, por meio dos canais

competentes (MILARÉ, 2013).

É uma estrutura liderada por um órgão superior: o Conselho de Governo,

que tem a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política

nacional e nas diretrizes governamentais ambientais. Participa com ele, o Ministério

do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, atuando como coordenador da PNMA,

expressa na Lei Federal N° 6.938/1981.

O órgão consultivo e deliberativo é o Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho do

Governo, diretrizes de políticas governamentais e deliberar sobre normas e padrões

no âmbito da sua competência.

O órgão executor é o IBAMA e ICMBio. E ainda há os órgãos seccionais

que são órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas,

projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a

degradação ambiental. E os órgãos locais, que são órgãos ou entidades municipais,

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades nas suas respectivas

jurisdições.

Nos Estados, as Secretarias de Estado de Meio Ambiente fazem a parte de

coordenação; os conselhos estaduais de meio ambiente são os órgãos consultivos e

deliberativos e os órgãos executivos têm sido criados, geralmente, como fundações

ou empresas públicas que prestam serviços à administração direta. Já, no nível

municipal, ainda inexistentes em muitos municípios, são previstos uma secretaria

municipal responsável pela coordenação da política municipal ambiental, um conselho

de meio ambiente como órgão consultivo e deliberativo e um órgão executivo, sendo

que, em muitos casos, este último vem sendo o mesmo órgão estadual, contratado

pelos municípios através de convênios firmados entre as Prefeituras e os Estados.

Estes convênios se tornam viáveis na medida em que os municípios com menor PIB

têm dificuldades, principalmente, pela onerosidade que a criação de um órgão

municipal desta natureza representa (FLORIANO, 2007).

3.2 Sistema Estadual de Meio Ambiente

O art. 7° da Lei Estadual n° 5.887 de 9 de maio de 1995, cria o Sistema

Estadual do Meio Ambiente – SISEMA, com a finalidade de implementar a Política

Estadual do Meio Ambiente e controlar sua execução. De acordo com o art. 8° – O

SISEMA tem como estrutura funcional:

I – como órgão normativo, consultivo e deliberativo, o Conselho Estadual

do Meio Ambiente – COEMA;

II – como órgão central executor, a Secretaria de Estado de Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM4, com a função de planejar, coordenar,

executar, supervisionar e controlar a Política Estadual do Meio Ambiente;

III – como órgãos setoriais ou entidades da Administração Pública Estadual,

direta e indireta, bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público que atuam

4 Atual SEMAS (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade), criada pela Lei Estadual nº 8.096/2015.

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

na elaboração e execução de programas e projetos relativos à proteção de qualidade

ambiental, ou que tenham por finalidade disciplinar o uso dos recursos ambientais;

IV – como órgãos locais, os organismos ou entidades municipais

responsáveis pela gestão ambiental nas suas respectivas jurisdições.

A Política Estadual do Meio Ambiente deverá ser ajustada aos resultados

e recomendações do zoneamento ecológico-econômico, como base do planejamento

estadual no estabelecimento de novas políticas, programas e projetos, visando à

ordenação do território e à melhoria da qualidade de vida das populações urbanas e

rurais.

3.3 Programa Municípios Verdes

O Programa Municípios Verdes (PMV) foi lançado em março de 2011, por

meio do Decreto Estadual nº 54/2011, sendo um programa do Governo do Pará, que

pretende ter redução contínua do desmatamento no Estado do Pará, até 2020, para

que a partir dessa data, o Estado obtenha o desmatamento líquido zero. É

desenvolvido com o apoio financeiro do Fundo Amazônia, em parceria com a

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), o Ministério

Público Estadual (MPE), o Ministério Público Federal (MPF), o Instituto Brasileiro de

Meio Ambiento e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), os municípios, a

sociedade civil e a iniciativa privada.

O objetivo principal do PMV é combater a desmatamento, no entanto, os

objetivos gerais do PMV incluem também o fortalecimento da produção rural

sustentável por meio de ações estratégicas de ordenamento e gestão ambiental e

fundiária, com o foco em pactos locais de combate ao desmatamento, de ações de

monitoramento do desmatamento, fortalecimento da gestão ambiental municipal e de

implantação e consolidação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) (PMV, 2013). E todos

esses objetivos devem ser desenvolvidos de forma conjunta, de modo a contribuir

para o combate ao desmatamento e à degradação florestal no estado do Pará. O

Gráfico 1 demonstra os resultados alcançados desde o início do programa (em 2011)

até 2014.

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Programa Municípios Verdes

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Desmatamento em Campo

Gráfico 1 - Demonstrativo da redução do desmatamento do Estado do Pará em relação à Amazônia após implementação do Programa Municípios Verde.

Fonte: http://municipiosverdes.com.br/

Para cumprir suas principais metas, o PMV organizou quatro linhas de

ação, que são: 1) controle e monitoramento do desmatamento; 2) ordenamento

territorial, ambiental e fundiário; 3) produção sustentável e também; 4) gestão

ambiental compartilhada.

O PMV parte da mobilização da sociedade local, para inicialmente

apresentar e desenvolver pactos municipais de combate ao desmatamento,

considerando particularidades ambientais e econômicas locais, em concordância com

ações do Plano Amazônia Sustentável (PAS). Os pactos de combate ao

desmatamento são de caráter voluntário, e celebrados entre gestores locais e

representantes da sociedade civil, representando um conjunto de compromissos para

que o município alcance as metas do Programa Municípios Verdes (PMV), com

destaque para aquelas relacionadas à redução do desmatamento e a estruturação e

fortalecimento da gestão ambiental municipal.

A assinatura do Termo de Compromisso (TC) com o Ministério Público

Federal (MPF) é o primeiro passo para a adesão do município ao PMV. Ele tem como

objetivo dar segurança jurídica e política ao programa. Atualmente, 107 municípios

dispõem do termo de adesão assinado, o que os comprometem com metas pré-

estabelecidas, que são monitoradas pela coordenação do PMV e validadas pelo

Comitê Gestor (COGES). Essa etapa habilita o município a receber benefícios como

o desembargo ambiental, incentivos fiscais e prioridade na alocação dos recursos

públicos estaduais. São sete as metas pré-estabelecidas: (i) celebrar o pacto local

contra o desmatamento com a sociedade e governos locais; (ii) criar o grupo de

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

trabalho municipal de combate ao desmatamento ilegal; (iii) realizar as verificações

em campo dos focos de desmatamento ilegal e reportar ao programa; (iv) manter a

taxa anual de desmatamento abaixo de 40 km²; (v) possuir mais de 80 % da área

municipal cadastrada no CAR; (vi) não fazer parte da lista dos municípios que mais

desmatam na Amazônia e; (vii) possuir Sistema e Órgão Municipal de Meio Ambiente

estruturados (PMV, 2016).

Figura 8– Inter relação entre as metas para os municípios terem acesso a benefícios.

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Desmatamento em Campo

4. FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA FLORESTAL

O termo “Ecologia” deriva do grego oikos que significa “casa” e logos que

significa “estudo”. Desta forma, ecologia é o estudo do meio onde os organismos

habitam. A ecologia como ciência foi definida em 1866, pelo zoólogo alemão Ernest

Haeckel, como o conhecimento da soma das relações dos organismos com o mundo

ao seu redor, incluindo todas as condições orgânicas e inorgânicas da existência.

A ecologia surgiu como um ramo da História natural no século XIX, quando

os naturalistas começaram a formar as bases teóricas, influenciados principalmente

pelos escritos de Darwin (A origem das espécies, 1859) e Malthus (Ensaio sobre

populações, 1798).

Para fins didáticos, convencionou-se dividir a ecologia em Animal e

Vegetal. A ecologia vegetal por sua vez subdivide-se em autecologia e sinegologia. A

sinecologia estuda grupos de organismos, já a autecologia estuda o organismo e sua

relação com meio. É de grande importância para estudos de silvicultura e manejo de

florestas (PIRES-O’BRIEN, 1995).

4.1 Fundamentos da ecologia de ecossistemas florestais

Os ecossistemas são definidos como um conjunto formado por uma

comunidade biótica (seres vivos) e fatores abióticos (todas as influências que os seres

vivos possam receber em um ecossistema, derivadas de aspectos físicos, químicos

ou físico-químicos do meio ambiente, como a luz, a temperatura, o vento, etc.) que

interagem entre si, originando uma troca de matéria entre as partes vivas e não vivas

influenciando-se mutuamente, de modo a atingir um equilíbrio.

Em ecologia, o ecossistema é a unidade funcional básica, uma vez que

inclui tanto organismos (comunidades bióticas) como o ambiente abiótico, cada um

deles influenciando as propriedades do outro, sendo ambos necessários para a

conservação da vida tal como existe na Terra (ODUM, 2004). No funcionamento do

ecossistema, diferentes fatores estão envolvidos, abrangendo camadas,

componentes e processos (Figura 9).

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Desmatamento em Campo

Figura 9 – Fatores relacionados ao funcionamento dos ecossistemas florestais

Para compreensão dos fundamentos da ecologia florestal é preciso ter

conhecimento de alguns conceitos básicos, a saber:

Indivíduo - Exemplar de uma espécie qualquer que constitui uma unidade distinta.

Espécie - É o conjunto de indivíduos semelhantes (estruturalmente,

funcionalmente e bioquimicamente) que se reproduzem naturalmente, podendo

gerar descendentes férteis.

População - Conjunto de indivíduos da mesma espécie que ocupam uma

determinada área, num determinado período de tempo.

Comunidade ou biocenose - Conjunto de populações diferentes que coexistem

em determinada região num determinado período, interagindo direta ou

indiretamente umas com as outras.

Biosfera - Inclui a superfície da Terra, os rios, os lagos, mares e oceanos e parte

da atmosfera, ou seja, conjunto de todos os ecossistemas do planeta; corresponde

à porção da Terra onde existe vida.

Habitat - É o lugar específico onde uma espécie pode ser encontrada, isto é, o seu

"ENDEREÇO" dentro do ecossistema.

Nicho ecológico - É o papel que o organismo desempenha no ecossistema, isto

é, a "Profissão" do organismo no ecossistema. Informa às custas de que se

alimenta, a quem serve de alimento, como se reproduz, etc.

ECO

SSIS

TEM

A

CAMADAS• Autotrófica• heterotrófica

COMPONENTE• Substâncias inorgânicas• Compostos orgânicos• Regime climático• Produtores• Consumidores (primários e secundários)• Decompositores

PROCESSOS• Fluxo energético• Teias alimentares• Padrões de diversidade temporal e espacial• Ciclos biogeoquímicos• Desenvolvimento e evolução• regeneração

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Ecótono - É a região de transição entre duas comunidades ou entre dois

ecossistemas, onde há ocorrência de um grande número de espécies e, por

conseguinte, grande número de nichos ecológicos.

Bioma - Conjunto de ecossistemas com características relativamente uniformes

de clima, solo, fauna e flora.

Fenologia – É o ramo da ecologia que estuda o os fenômenos periódicos dos

seres vivos e suas relações com os fatores ambientais.

Em um ecossistema florestal as árvores precisam se adaptar não apenas

à estrutura da floresta, como também ao conjunto de fatores químicos e físicos a que

estão submetidas. As formas de vida vegetais possuem adaptações aos diversos tipos

de ambientes existentes na terra, considerando os seus fatores. Os principais fatores

abióticos dos ecossistemas terrestres tropicais são: o fluxo energético, derivado de

uma fonte inesgotável de energia (o sol); e o ciclo biogeoquímico, fonte limitada

(PIRES-O’BRIEN, 1995).

O fluxo energético funciona da seguinte maneira, a luz e outras radiações

com ela associadas (radiação solar e radiação térmica) deixam o sol e passam pelo

espaço. Uma parte dessa radiação chega à terra, contribuindo para a formação do

ambiente climático (temperatura, evaporação da água, movimentos do ar e da água,

etc), e uma pequena parte é convertida através da fotossíntese, e proporciona energia

aos componentes bióticos do ecossistema (ODUM, 2004).

A floresta amazônica, apesar de elevada biomassa e biodiversidade, possui

o solo extremamente pobre. A explicação para este fenômeno é a existência de um

ciclo fechado de nutrientes, onde estes são, rapidamente, reabsorvidos pelas plantas

da floresta. O retorno da matéria orgânica e dos nutrientes ao solo pela floresta se dá

pela: (i) quedas de folhas e ramos; (ii) queda de árvores; (iii) decomposição das raízes

e; (iv) pela água de escorrimento do dossel (PIRES-O’BRIEN, 1995).

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4.2 Método de avaliação florestal

A vegetação corresponde à camada autotrófica do ecossistema, e é

considerada o melhor componente para se descrever o ambiente, a partir da análise

da vegetação é possível inferir sobre os demais componentes do ecossistema, como

dados sobre animais que nela vivem, clima e outros fatores abióticos.

A vegetação pode ser avaliada pela sua fisionomia e pela sua estrutura. A

fisionomia diz respeito à aparência da vegetação. A estrutura de uma comunidade

vegetal requer o conhecimento de suas espécies. Tanto a fisionomia quanto a sua

estrutura são importantes para um estudo completo da vegetação, cujas etapas são:

descrição e classificação (PIRES-O’BRIEN, 1995).

A escolha de um método a ser utilizado no levantamento florestal depende

primeiramente do objetivo do estudo. O inventário é o método básico para o estudo

da vegetação. É a partir do inventário florestal que pode-se analisar a diversidade de

espécies, proporção entre as espécies, frequência, dominância e, através dele fazer

o diagnóstico do potencial produtivo e protetivo da floresta. Seus resultados permitem

tomadas de decisões acerca da viabilidade de empreendimentos florestais, criação de

áreas protegidas, programa de recuperação de áreas degradadas, avaliação de

estoque de madeira, espécies endêmicas, etc.

4.2.1 Técnicas de amostragem

- Amostragem aleatória simples: as unidades amostrais são

selecionadas de maneira aleatória através de sorteio. É indicado para pequenas áreas

com características homogêneas.

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Figura 10 - Amostragem Aleatória

- Amostragem sistemática: as unidades amostrais são dispostas em linha

base de caminhamento. É indicado quando os elementos amostrais são

heterogêneos.

Figura 11 - Amostragem sistemática.

- Aleatória em conglomerados: é aplicado em inventários florestais de

extensas áreas cuja variável de interesse apresenta razoável grau de

heterogeneidade. Consiste na amostragem onde as parcelas tem formato de cruz com

quatro sub unidades, com ¼ de hectares cada.

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Figura 12 - Amostragem em conglomerados.

4.2.2 Técnicas de coleta de dados

- Inventário piloto: é um levantamento expedito que serve de base para a

definição da intensidade amostral, ou seja, o número de parcelas ou unidades

amostrais que serão adotados no inventário definitivo.

- Estratificação: o levantamento por estratificação é necessário quando

existem vários tipos florestais dentro de uma mesma área. Os estratos são extensões

de florestas com características similares. Logo, dependendo da configuração de uma

área, pode-se ter um estrato para cada tipo florestal.

- Inventário 100%: é uma prática adotada em inventários pré-exploratórios,

visando a produção e mapas das espécies a serem exploradas e as remanescentes

que serão deixadas para a próxima colheita. É um levantamento indispensável para o

planejamento de estradas, trilhas de arraste, pátios de estocagem e seleção de

árvores destinadas ao corte.

- Parcelas temporárias: tem por objetivo informar a situação de uma

floresta na ocasião do levantamento. São utilizadas em inventários diagnósticos, para

se analisar, por exemplo, o potencial madeireiro, viabilidade de um projeto e estudos

fitossociológicos de uma determinada área.

- Parcelas permanentes: objetiva analisar as alterações e os impactos

causados pela exploração, além de servir de base para o monitoramento da

recuperação e crescimento da floresta remanescente e estudos de dinâmica florestal.

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4.3 Sucessão florestal

A sucessão ecológica é o processo gradativo de colonização de um habitat.

Durante este processo as comunidades vão se alterando, tornando-se mais

complexas até alcançar o equilíbrio entre comunidade e ambiente (comunidade

clímax).

O processo de sucessão inicia-se com a colonização de um ambiente

inóspito por espécies pioneiras que são resistentes às adversidades. Essas espécies

controlam as variações térmicas, aumentam a retenção de água e a quantidade de

matéria orgânica. Diz-se que a sucessão é primária quando a colonização dessas

espécies ocorre em um terreno novo totalmente desabitado como afloramentos

rochosos, camadas profundas de solo, depósitos de areia, lava vulcânica recém

solidificada (PIRES-O’BRIEN, 1995).

A sucessão secundária é a etapa posterior à sucessão primária. É mais

comum a sucessão secundária em área cujas comunidades florestais preexistentes

sofreram algum distúrbio natural ou induzido pelo homem, como o desmatamento,

agricultura ou pastagem abandonada. As florestas secundárias, ou capoeiras, são as

formações características dessa sucessão, e elas são classificadas conforme estágio

de regeneração.

A transição da sucessão florestal até o estágio clímax é caracterizada por

mudanças nos elementos do ambiente, desde a biota, até os fatores microclimáticos

da área. Um ambiente que passa por uma sucessão secundária possui abundância

no hábito herbáceo e arbustivo, dossel indefinido, baixa biomassa, baixa diversidade

de espécies e alta variação na composição das espécies ao longo dos estágios de

regeneração da floresta (PIRES-O’BRIEN, 1995).

Uma comunidade clímax, ou floresta primária, apresenta vegetação

primária, abundância de árvores de grande porte, alta diversidade de espécies,

elevada biomassa, floresta estratificada com presença de dossel e espécies

emergentes (Figura 13). As intervenções externas são mínimas nestes ambientes, a

ponto de não afetar suas características originais.

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Figura 13 - Comunidade clímax.

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5. ASPECTOS ECONÔMICOS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL

A natureza é a provedora primária dos materiais e energia necessários para

serem transformados no sistema econômico, e é também onde são dispostos e

eliminados os resíduos gerados através da atividade industrial, agropecuária,

doméstica e outras. Não há como separar a questão econômica da ecológica e vice-

versa, portanto, o que deve ser buscado e discutido são formas de uso dos benefícios

da natureza para que haja a movimentação econômica necessária para manutenção

do ser humano, sem comprometer a continuidade da vida natural.

5.1 Valor econômico do meio ambiente

A valoração econômica do meio ambiente parte da relação entre os

sistemas econômicos ecológicos e ambientais, a partir da qual serão processos da

atribuição de associação de valores econômicos aos bens e serviços ambientais. A

quantificação do valor monetário de um recurso ambiental é estimado em relação aos

outros bens e serviços disponíveis na economia (MOTTA, 1997).

O valor econômico do meio ambiente é regido pelo princípio jurídico

Protetor-Recebedor, que postula que aquele agente público ou privado que protege

um bem natural em benefício da comunidade deve receber uma compensação

financeira pelo serviço de proteção ambiental prestado (RIBEIRO, 2003).

Pagamento por Serviços Ambientais - PSA

Encontra-se em andamento o processo de aprovação o Projeto de Lei

312/2015 que institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais

(PSA). A proposta visa regulamentar o PSA estabelecido pelo Código Florestal,

disciplinando a classificação, o inventário, o cadastramento, a avaliação e a valoração

de recursos e serviços ambientais.

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Desmatamento em Campo

De acordo com a proposta (Projeto de Lei 312/15), o produtor rural que

tomar medidas de preservação das áreas naturais, ou recuperação de áreas

degradadas em sua propriedade, pode ser recompensado financeiramente por isso.

Segundo os autores da proposta, essa política visa “premiar” aqueles produtores que

não degradam o meio ambiente. O objetivo da política é estimular a conservação dos

ecossistemas, combater a degradação, incentivar o desenvolvimento sustentável e,

ainda, promover desenvolvimento social, ambiental e econômico de populações

tradicionais, indígenas e agricultores familiares. Após análise na Comissão de Meio

Ambiente, o Projeto de Lei passará também pelas comissões de Finanças e

Tributação e de Constituição e Justiça.

O pagamento, ou a compensação, por serviços ambientais consiste na

transferência de recursos (monetários ou outros) a quem ajuda a manter ou a produzir

os serviços ambientais. Como os benefícios dos serviços ambientais são aproveitados

por todos, nada mais justo que as pessoas que contribuem para a conservação e a

manutenção dos serviços ambientais recebam incentivos. Não é suficiente cobrar

taxas de quem polui um rio ou desmata uma nascente, é preciso recompensar àqueles

que garantem a oferta dos serviços voluntariamente.

No Pará, a Lei 7.638/2012 criou o critério ecológico de repasse do ICMS

assegurado aos municípios, conhecido como ICMS Verde. O Decreto Estadual

775/2013, regulamenta esta lei, e prevê como critérios e indicadores para que os

municípios façam jus ao maior percentual deste recurso, o Cadastro Ambiental Rural

(CAR), a redução do desmatamento e percentual de áreas protegidas no município.

No entanto, para que o uso deste recurso seja utilizado na agenda ambiental do

município, é necessária criação de Legislação Ambiental específica que o vincule ao

Fundo de Meio Ambiente do Município. O município de Brasil Novo foi o primeiro a

regulamentar o uso do ICMS Verde ao pagamento de serviços ambientais,

empregando este recurso na recuperação de áreas preservação permanente

degradada.

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Economia Verde

A Economia Verde é definida pelo Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA) como "uma economia que resulta em melhoria do bem-estar

da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos

ambientais e a escassez ecológica". Ela tem três características principais: baixa

emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e busca pela inclusão social (O

ECO, 2016).

A expressão “economia verde” substituiu o conceito de

“ecodesenvolvimento” usado pelo canadense Maurice Strong, primeiro diretor-

executivo do PNUMA e secretário-geral da Conferência de Estocolmo (1972) e da Rio-

92. A partir da Rio-92, a expressão “economia verde” foi aceita oficialmente pela

comunidade internacional e popularizada no mundo. Depois da conferência, a

expressão foi absorvida por governos, empresas e pela sociedade civil, e empregada

na formulação e execução tanto de políticas públicas quanto de iniciativas privadas

ligadas à responsabilidade socioambiental.

A fórmula para uma economia verde inclui os processos produtivos

(industriais, comerciais, agrícolas e de serviços), consumo consciente, reciclagem,

reutilização de bens, uso de energia limpa e valoração da biodiversidade. O resultado

esperado ao adotar essas medidas é a melhoria da qualidade de vida para a

sociedade num todo, diminuição das desigualdades entre ricos e pobres, e buscando

cada vez mais a conservação da biodiversidade e preservação dos serviços

ambientais.

De acordo com Milaré (2013) o foco da economia verde está sujeito a dois

condicionantes: o empenho de governos e da sociedade em concretizá-la; e o

alargamento dos seus horizontes para que se possa alcançar a superação da

sociedade de consumo desenfreado, com a busca de outros valores além dos

econômicos.

A Economia Verde tem como principais características: aumento do uso de

fontes limpas e renováveis de energia, em busca do menor uso de combustíveis

fósseis (gasolina, carvão, diesel, etc.); eficiência e conscientização na utilização de

recursos naturais; práticas e processos que visam à inclusão social e erradicação da

pobreza; investimento e valorização da agricultura verde; sistemas eficientes de

reciclagem e tratamento adequado do lixo.

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6. ASPECTOS SOCIAIS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL

O desenvolvimento econômico acarreta diversos impactos, tanto positivos

como negativos para a região. Juntamente com o desenvolvimento econômico surgem

diversos benefícios sociais, a exemplo de geração de emprego e renda. Sem dúvidas,

os impactos nos meios físico e/ou biológico são notórios e buscam ser corrigidos seja

por intervenção jurídica ou não.

Considerando o setor madeireiro, apesar das populações rurais da

Amazônia ocuparem aproximadamente um terço das florestas da região, detém uma

parcela mínima das riquezas geradas pela indústria madeireira (LIMA, et al., 2003).

Como responsáveis por vastos recursos florestais, os agricultores familiares, as

populações tradicionais e os grupos indígenas da Amazônia poderiam receber um

fluxo de renda permanente e, ao mesmo tempo, conservar os outros recursos e

serviços ecológicos da floresta através do manejo e venda dos produtos madeireiros.

Ao invés disso, veem suas terras, constantemente invadidas por ação de grileiros, e

as suas florestas queimadas para implantação de pastos (LOUREIRO; PINTO, 2005).

As áreas pleiteadas por grileiros, madeireiros e criadores de gado, em boa

parte, eram habitadas por famílias de colonos que nelas viviam, e seus direitos à terra,

apesar de contestado junto à Justiça ou por confronto direto, estão amparados

legalmente, conforme prevê o art. 98 do Estatuto da Terra (Lei 4.504/1964):

Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar por dez anos ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, tornando-o produtivo por seu trabalho, e tendo nele sua morada, trecho de terra com área caracterizada como suficiente para, por seu cultivo direto pelo lavrador e sua família, garantir-lhes a subsistência, o progresso social e econômico, nas dimensões fixadas por esta Lei, para o módulo de propriedade, adquirir-lhe-á o domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.

No Pará, especificamente na região de Santarém, a expansão da atividade

agrícola, especialmente o cultivo de soja, acirrou os conflitos armados entre posseiros

e pistoleiros, sumiço de trabalhadores, grilagem de terra, ameaça de morte, invasões

de propriedades de pequenos produtores; e a pressão sobre os posseiros, para que

desistam dos direitos adquiridos sobre a terra (SCHLESINGER; NORONHA, 2006).

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Desmatamento em Campo

A expansão da soja varreu do mapa sítios centenários de produção familiar

localizados nas áreas de influência das rodovias Santarém-Cuiabá, Santarém-Curua-

una e Santarém-Jabuti, que se transformaram em campos monótonos do cultivo

extensivo de soja. Igarapés importantes já sumiram ou estão em processo de

assoreamento, animais silvestres também estão desaparecendo ou invadindo os

quintais dos camponeses que resistem em vender suas terras, e tem sua saúde

afetada pelos agrotóxicos dos cultivos de soja vizinhos (SCHLESINGER; NORONHA,

2006).

Processos de ocupação semelhantes ao ocorrido na região de Santarém,

são observados em várias regiões do estado, a citar a ocupação através de grilagem

ocorrida na região Sudoeste do Estado, APA Triunfo do Xingu e o avanço para região

da Calha Norte, o que são confirmados pelos dados da LDI publicados pela SEMAS

e os dados do INPE, tendo como principal vetor a pecuária, isso demonstra a

fragilidade dos órgãos ambientais na fiscalização e no controle do desmatamento.

No Pará, o caos fundiário, e a consequente grilagem de terras representam

os maiores entraves para a proteção do meio ambiente, e geram um ambiente propício

para conflitos agrários. Um reflexo negativo desse cenário é o avanço do

desmatamento em áreas de florestas públicas. As destinações dessas áreas sobre

pressão de grileiros é fundamental para reduzir as taxas de desmatamento no estado.

Outra ação importante é o cadastro ambiental rural, que permite aos órgãos

ambientais maior controle das atividades nas áreas cadastradas e atuação mais

eficiente durante a fiscalização.

Outro aspecto a considerar, é acerca do atraso tecnológico no setor

agrícola na Amazônia e sua relação com os impactos na taxa de desmatamento. A

redução dos desmatamentos e queimadas na Amazônia depende do desenvolvimento

de atividades agrícolas adequadas nas áreas já desmatadas. A recuperação de áreas

já desmatada deveria se constituir como uma das principais políticas para Amazônia

(HOMMA, 2005).

Em suma, o aspecto social primordial relacionado à proteção ambiental diz

respeito ao uso consciente dos recursos ambientais, considerando que os mesmos

não são infinitos, e os impactos gerados pela sua exaustão ou degradação se refletirão

na qualidade de vida da população.

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MÓDULO 2

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE A FISCALIZAÇÃO E

DESMATAMENTO

CONTEÚDO

1. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE A FISCALIZAÇÃO E DESMATAMENTO ................................. 90

2. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL .......................................................................................................... 95

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ESTADUAL ..................................................................................................... 104

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1. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE A FISCALIZAÇÃO E

DESMATAMENTO

A Legislação, além de ser um importante instrumento de controle e

fiscalização das atividades degradadoras do ambiente, é uma aliada para a melhoria

da gestão dos recursos naturais em busca de efetiva implantação de medidas que

resultam em proteção ambiental. Isso é possível a partir dos marcos legais e se

manifesta em leis, decretos e normas técnicas que vêm orientar e disciplinar

atividades, que de alguma forma possam causar impactos ao meio ambiente.

1.1 Princípios do direito ambiental

O Direito Ambiental é definido por Milaré (2013) como o complexo de

princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global,

visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações.

No campo do direito, os princípios significam os fundamentos de

determinado ramo de conhecimento. É com base nos princípios jurídicos que são

criadas as leis, a jurisprudência, a doutrina, os tratados e convenções, etc.

A legislação nacional sofreu um grande impacto com o surgimento da Lei

6.938/81, conhecida como Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que reconhece

juridicamente o meio ambiente como um direito próprio e autônomo. Após o

surgimento da mesma, estabeleceram-se os princípios, diretrizes e instrumentos para

a proteção ambiental.

Na Constituição Federal alguns princípios ambientais estão expressos

como o princípio do direito à sadia qualidade de vida, quando declara que “Todos têm

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”, sendo este o primeiro de todos

os princípios que regem a política ambiental no país. Qualquer ato ou ação contrária

a este princípio básico é ilegal. Outros princípios estabelecidos na Constituição são: o

da sustentabilidade, impondo-se ao poder público e à coletividade, o dever de

defender e preservar o ambiente para as presentes e futuras gerações, garantindo

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qualidade de vida para a população e o uso econômico racional dos recursos

ambientais; e o da responsabilidade ambiental, imputando o ônus da recuperação dos

impactos e danos ambientais ao agente causador destes.

Os princípios do direito ambiental têm como finalidade genérica a proteção

à vida e garantia de um padrão de existência decente e digno, para a presente geração

e para as futuras. Os princípios também têm como finalidade a conciliação desses

dois enfoques, com o desenvolvimento econômico sustentável (ARAÚJO et al., 2003).

Segundo os autores, os princípios constituem o alicerce do direito ambiental, sendo

adotados em nível internacional e tendo como finalidade o surgimento de uma

ecologia equilibrada, bem como o estabelecimento das diretrizes adequadas à

proteção ambiental, sempre, é claro, em sintonia com a realidade social e cultural de

cada país.

E para que sejam cumpridas as penalidades cabíveis aos que não

respeitam os princípios, houve a necessidade de criação de leis para os crimes

ambientais. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, é considerado crime

ambiental a construção, reforma, ampliação, instalação ou operação de

empreendimentos e atividades potencialmente poluidores sem licença ou autorização

dos órgãos ambientais ou contrariar a legislação ambiental vigente. Os infratores são

sujeitos às infrações penais e administrativas, cabendo ao infrator poluidor indenizar

ou reparar os danos causados ao meio ambiente ou a terceiros. Ainda, a autoridade

competente que deixar de tomar as medidas que impeçam tais práticas, também

incorre em crime ambiental.

Alguns dos princípios do direito ambiental são:

1.1.1 Princípio do desenvolvimento sustentável

O princípio do desenvolvimento sustentável tem sua origem na Conferência

das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente, ocorrida em Estocolmo, em 1972. Na

ocasião, já se tinha algum conhecimento sobre as consequências do uso

descontrolado dos recursos naturais para o meio ambiente, para qualidade de vida da

população e para a economia.

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Foi com a publicação do Relatório Nosso Futuro Comum, em 1987, que o

conceito de desenvolvimento sustentável criou corpo e passou a ser uma constante

nos debates e encontros sobre meio ambiente, um trecho do documento diz:

Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo, em nossos padrões de consumo de energia. No mínimo, o desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos. Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas.

A Política Nacional do Meio Ambiente apresenta como um dos seus

objetivos a compatibilização do desenvolvimento econômico-social, com a

preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico (art. 4º, inciso

I), objetivo este pautado no princípio do desenvolvimento sustentável.

O Princípio do desenvolvimento sustentável também é percebido na

Constituição Federal, caput do art. 255, quando cita que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

1.1.2 Princípio do poluidor pagador

Trata-se de importantíssimo princípio, pois reflete um dos fundamentos da

responsabilidade civil em matéria ambiental. No âmbito internacional, a Conferência

de Estocolmo (1972) já previa a reparação aos danos ambientais, através da

aceitação de responsabilidades por parte dos cidadãos e comunidade, e por empresas

e instituições, em todos os níveis participando de maneira justa nos esforços comuns.

Na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), a

responsabilidade ambiental é abordada no Princípio 13 que preceitua que:

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Os Estados irão desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e de outros danos ambientais. Os Estados irão também cooperar, de maneira expedita e mais determinada, no desenvolvimento do direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização por efeitos adversos dos danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.

Considerando a PNMA, o princípio do poluidor pagador está previsto no art.

4º, inciso VII, a citar: “a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de

recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela

utilização de recursos ambientais com fins econômicos.”

O art. 255, § 3º da CF, discorre que “As condutas e atividades consideradas

lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a

sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os

danos causados”.

O princípio do poluidor-pagador reforça o comando normativo no sentido

de que aquele que polui deve ser responsabilizado pelo seu ato.

1.1.3 Princípio da prevenção

Os objetivos do Direito ambiental são fundamentalmente preventivos, é por

isso que o princípio da prevenção é um dos mais importantes. Considerando que

existe um perigo concreto de um dano, ou seja, uma certeza científica sobre o dano

ambiental, é importante adoção de medidas capazes de evitar a sua ocorrência ou,

pelo menos, minimizá-lo ao máximo.

No direito ambiental brasileiro o princípio da prevenção aparece no art. 2º

da Lei 6.938/81 ao mencionar que a preservação à qualidade ambiental é um dos

objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, fica implícito que a palavra

“preservação” tem caráter preventivo. Assim como no caput do art. 255 da CF/88

quando impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de preservar o meio ambiente

para as presentes e futuras gerações.

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Para a efetivação do princípio da prevenção, é imprescindível que os atores

que intervêm no meio ambiente criem uma consciência ecológica e compreendam a

necessidade de evitar os danos ambientais.

1.1.4 Princípio da precaução

O Princípio da precaução é a garantia contra os riscos potenciais que, de

acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados.

Trata-se do perigo abstrato, ou seja, há mero risco, não se sabendo exatamente se o

dano ocorrerá ou não. Foi proposto na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (1992) o Princípio nº 15, onde é declarado que:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

1.1.5 Princípio da cooperação internacional

Trata-se do esforço conjunto empreendido pela “aldeia global” na busca

pela preservação do meio ambiente numa escala mundial.

O inc. IV, do art. 1º- A, do Novo Código Florestal, em atenção a este

princípio, consagra o compromisso do Brasil com o modelo de desenvolvimento

ecologicamente sustentável, com vistas a conciliar o uso produtivo da terra e a

contribuição de serviços coletivos das florestas e demais formas de vegetação nativa.

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2. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL

2.1 Lei Federal nº 6.938/1981

A Lei nº 6.938/1981 institui a Política Nacional do Meio Ambiente,

representa a referência mais importante na proteção ambiental do país. A PNMA tem

por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia

à vida, visando assegurar, no país condições de desenvolvimento socioeconômico,

aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

No art. 9º são elencados os principais instrumentos da PNMA, que

representam os mecanismos que a administração pública utiliza para alcançar os

objetivos da PNMA. São eles:

Padrão de qualidade ambiental

Zoneamento Ambiental

Avaliação de impacto ambiental (AIA)

Licenciamento ambiental

Servidão ambiental

A PNMA criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), formado

por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

responsáveis pela proteção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental no país.

O SISNAMA tem por objetivo estabelecer ações articuladas e

descentralizadas para a gestão ambiental, envolvendo as três esferas de governo, é

composto de:

Conselho de Governo: com a função de assessorar o Presidente da República na

formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio

ambiente e os recursos ambientais;

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): com a finalidade de assessorar,

estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais

para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua

competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente

ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

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Ministério do Meio Ambiente (MMA): com a finalidade de planejar, coordenar,

supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes

governamentais fixadas para o meio ambiente;

Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio):

com a finalidade de executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para

o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências;

Órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução

de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de

provocar degradação ambiental;

Órgãos locais: são órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e

fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

2.2 Lei Federal nº 9.605/1998

Em 12 de fevereiro de 1998, o Brasil promulgou a Lei nº 9.605, a Lei dos

Crimes Ambientais, satisfazendo, ao menos em parte, as aspirações de

ambientalistas e penalistas. A referida lei dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá

outras providências. É sem dúvida uma grande evolução do direito pátrio, uma vez

que não trata somente dos crimes contra o meio ambiente, mas também contra a

Administração Pública e contra o Patrimônio Cultural, no que se relacione a questão

ambiental.

A repressão a crimes ambientais é executada pelo poder público, através

dos órgãos fiscalizadores como a Polícia Militar Ambiental, Polícia Federal, Delegacia

de Proteção ao Meio Ambiente – Polícia Civil, Fiscais de Órgãos Ambientais (OMMAs,

OEMAs, IBAMA, ICMBio).

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2.2.1 Tipos de Crimes Ambientais

2.2.1.1 Crimes contra a fauna

Agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota

migratória, como caçar, pescar, matar, perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor,

exportar, adquirir, impedir a procriação, maltratar, realizar experiências dolorosas ou

cruéis com animais quando existe outro meio; transportar, manter em cativeiro ou

depósito, espécimes, ovos ou larvas sem autorização ambiental ou em desacordo com

esta. Ou ainda a modificação, danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou

criadouro natural, dentre outros atos contra a fauna.

De acordo com o art. 37 não é crime o abate de animal, quando realizado

em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; para

proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais,

desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; por ser

nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

2.2.1.2 Crimes contra a flora

Destruir ou danificar floresta destinada à preservação permanente mesmo

que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de proteção assim como

as vegetações fixadoras de dunas ou protetoras de mangues; causar danos diretos

ou indiretos às unidades de conservação; provocar incêndio em mata ou floresta ou

fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer

área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira,

lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em

desacordo com esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação

permanente pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a

regeneração natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou

maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade

privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.

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A Seção II trata de crimes contra a flora e estabelece as penalidades, dentre

elas temos:

Área de Preservação Permanente (APP): 1 a 3 anos de reclusão e/ou multa;

Unidades de Conservação (UCs): 1 a 5 anos de reclusão;

Provocar incêndio na floresta: 2 anos de reclusão e multa;

Extração mineral de floresta pública sem autorização: 6 meses a 1 ano de reclusão

e multa;

Receptação de produto de origem vegetal ilegal: 6 meses a 1 ano de reclusão e

multa;

Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas: 6 meses a 1 ano de

reclusão e multa;

Desmatar, explorar ou degradar florestas de domínio público sem autorização: 2 a

4 anos reclusão e multa.

2.2.1.3 Poluição e outros crimes ambientais

A poluição acima dos limites estabelecidos por lei é considerada crime

ambiental. E também, a poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde

humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora; a poluição que

torne locais impróprios para uso ou ocupação humana; a poluição hídrica que torne

necessária a interrupção do abastecimento público e a não adoção de medidas

preventivas em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

São considerados outros crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração

de recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-

recuperação da área explorada; a produção, processamento, embalagem,

importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento,

guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde

humana ou em desacordo com as leis; construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer

funcionar empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em

desacordo com esta; também se encaixa nesta categoria de crime ambiental a

disseminação de doenças, pragas ou espécies que posam causar dano à agricultura,

à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.

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2.2.1.4 Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio

cultural

Destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura (sem

autorização), pichar ou grafitar bem, edificação ou local especialmente protegido por

lei, ou ainda, danificar registros, documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra

estrutura, edificação ou local protegidos, quer por seu valor paisagístico, histórico,

cultural, religioso, arqueológico e etc. Também é considerado crime a construção em

solo não edificável (por exemplo: áreas de preservação), ou no seu entorno, sem

autorização ou em desacordo com a autorização concedida.

2.2.1.5 Crimes contra a administração ambiental

Os crimes contra a administração incluem afirmação falsa ou enganosa,

sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de

licenciamento ou autorização ambiental; a concessão de licenças ou autorizações em

desacordo com as normas ambientais; deixar, aquele que tiver o dever legal ou

contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; dificultar

ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público.

O combate ao crime ambiental muitas vezes é mais efetivo quando a

população colabora denunciando os infratores. A Secretaria de Estado de Meio

Ambiente e Sustentabilidade - SEMAS, através da Diretoria de fiscalização ambiental,

criou uma forma de denúncia online. No endereço www.semas.pa.gov.br/denuncia,

pode-se fazer uma denúncia de qualquer tipo de crime ambiental.

2.3 Lei Federal n° 12.651/2012

Conhecida como Novo Código Florestal a Lei 12.651/2012, objetiva

estabelecer as normas para a proteção da vegetação nativa, área de preservação

permanente, reserva legal, exploração, suprimentos de matéria prima florestal e

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recuperação de áreas degradadas, com a finalidade de promover o desenvolvimento

sustentável.

Este dispositivo legal apresenta novos instrumentos de gestão, como o

cadastro ambiental rural – CAR, registro obrigatório para todos os imóveis rurais.

Possui a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses

rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento

ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

Outro ponto importante que trata o novo código florestal é em relação a

Reserva Legal – RL. Mantiveram-se os mesmos percentuais do código anterior

(Quadro 3), porém, foram destacadas as seguintes situações: em caso de

fracionamento do imóvel, será considerada a área antes do fracionamento.

Na Amazônia Legal, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal para

até 50%, para fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% da área

ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio público e por terras

indígenas homologadas. Poderá também o poder público estadual, ouvido o Conselho

Estadual de Meio Ambiente, reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por

cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de

65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de

conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por terras

indígenas homologadas.

Quadro 3 - Percentuais da Reserva Legal

REGIÃO VEGETAÇÃO % DA PROPRIEDADE

Floresta 50 a 80

Amazônia Legal Cerrado 35

Campos Naturais 20

Demais Regiões Todas 20

Exceções Propriedades com menos de 4 módulos fiscais

Fonte: Lei 12.651/2012, art. 12.

A RL deverá ser informada ao órgão ambiental por meio do CAR. Os

imóveis que possuem déficit de RL deverão aderir ao Programa de Regularização

Ambiental (art. 59 da Lei 12.651), e assinar um Termo de Compromisso para a

regularização do imóvel junto ao órgão ambiental competente.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Deverão ser suspensas as atividades realizadas em RL desmatadas

irregularmente após 22 de julho de 2008. A regularização do déficit florestal em RL se

dará no próprio imóvel pela regeneração e recomposição da área desmatada

ilegalmente, ou fora do imóvel pela compensação, através da aquisição de florestas,

direitos de servidão e cotas de reserva ambiental.

Para imóveis que possuírem RL conservada inscrita no CAR, cuja área

ultrapasse o mínimo exigido por Lei, poderá utilizar a área excedente como servidão

ambiental, cota de reserva ambiental, que poderão ser utilizados para fins de

compensação ambiental de imóveis situados em mesmo bioma.

No Capítulo XI “Do Controle do Desmatamento”, no art. 51, há o

estabelecimento de que ao tomar conhecimento do desmatamento em desacordo com

o disposto nesta Lei, o órgão ambiental competente deverá embargar a obra ou

atividade que deu causa à infração ambiental, como medida administrativa voltada a

impedir a continuidade do dano ambiental, propiciar a regeneração do meio ambiente

e dar viabilidade à recuperação da área degradada. O embargo está restrito aos locais

onde efetivamente ocorreu o desmatamento ilegal, não alcançando as atividades de

subsistência, ou as demais atividades realizadas no imóvel não relacionadas com a

infração.

2.4 Lei Complementar nº 140/2011

A Lei Complementar 140/2011, fixa as normas para a cooperação entre a

União e os Estados, o Distrito Federal e os municípios, nos termos dos incisos III, VI

e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da CF. São objetivos fundamentais desta

lei: (i) proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado,

promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente; (ii) garantir o equilíbrio

do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando

a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das

desigualdades sociais e regionais; (iii) harmonizar as políticas e ações administrativas

para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar

conflitos de atribuições e garantir a atuação administrativa eficiente; e. (iv) garantir a

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Desmatamento em Campo

uniformidade da política ambiental em todo o país, respeitadas as peculiaridades

regionais e locais.

Como instrumentos de cooperação os entes federativos podem dispor de

consórcios públicos, convênios, acordos de cooperação, fundos públicos e privados,

delegação de atribuição e/ou execução.

No seu art. 13 discorre que “Os empreendimentos e atividades são

licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo”. E no art.

17 diz que compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, lavrar

auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de

infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento, atividade licenciada

ou autorizada. Porém não há impedimento que os demais entes federativos exerçam

a fiscalização de forma cooperada, resguardando ao órgão que licenciou lavrar o auto

de infração.

2.5 Decreto Federal nº 6.514/2008

O Decreto 6.514/2008 dispõe sobre as infrações e sanções administrativas

ao meio ambiente. Este decreto foi muito relevante para o Novo Código Florestal, pois

seu marco de criação, de 22 de julho de 2008, foi usado na definição de área rural

consolidada, que conforme o art. 3º, inciso IV do Novo Código Florestal considera

“área do imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com

edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso,

o regime de pousio”.

Nesse sentido, os desmatamentos anteriores a esta data, ocorridos em

área de preservação permanente e reserva legal não sofrerão sanções administrativas

previstas neste decreto, devendo, no entanto, o responsável realizar adequação

ambiental do imóvel, considerando o passivo ambiental nessas áreas.

No art. 3º do presente decreto são apresentadas as sanções que podem

ser aplicadas quando constatadas infrações administrativas ambientais. Entre elas

temos: advertência, multa, apreensão, destruição, suspensão, embargo, restrição de

direitos.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Considerando as infrações contra a flora, o decreto estipula as sanções

relacionadas ao desmatamento, por exemplo, o art. 43 estabelece multa de cinco à

cinquenta mil reais por hectare ou fração de desmatamento não autorizado em área

de preservação permanente, e em área de reserva legal a multa é de cinco mil reais

(art. 51).

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3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ESTADUAL

No que diz respeito à esfera ambiental que envolve procedimentos de

fiscalização e controle do desflorestamento, o Estado do Pará dispõe de ferramentas

legislativas que asseguram medidas de caráter preventivo, mitigador e punitivo para

as questões relacionadas ao desmatamento da cobertura vegetal nativa. A seguir

serão especificadas de forma sucinta leis, decretos, portarias, instruções normativas,

ou mesmo resoluções que subsidiam legislativamente o combate e fiscalização ao

desflorestamento no Estado.

3.1 Leis Estaduais

3.1.1 Lei Estadual nº 5.440/1988

Cria o Instituto Estadual de Florestas do Pará e dá outras providências. Em

seu Art. 2º dispõe sobre a orientação e fiscalização das atividades de exploração de

florestas, fauna silvestre e aquática, visando à sua conservação, proteção e

desenvolvimento. No Art. 5º assegura o controle e fiscalização das atividades de

exploração e consumo dos produtos e subprodutos de origem florestal. Hoje, as

atribuições do IEF são executadas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da

Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) e pela Secretaria de Estado de Meio

Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS).

3.1.2 Lei Estadual nº 5.887/1995

Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente e dá outras

providências. No Capítulo XI “Da Fiscalização Ambiental”, no art. 110 dispõe acerca

da fiscalização ambiental necessária à consecução dos objetivos da Lei, bem como

de qualquer norma de cunho ambiental, determinando que será efetuada pelos

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

diferentes órgãos do Estado, sob a coordenação do órgão ambiental, ou quando for o

caso, do Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Em um Parágrafo Único, assegura a qualquer cidadão o direito exercer a

fiscalização referenciada neste artigo, mediante comunicação do ato ou fato delituoso

à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (atual SEMAS) ou à

autoridade policial, que adotarão as providências, sob pena de responsabilidade.

3.1.3 Lei Estadual nº 6.462/2002

Dispõe sobre a Política Estadual de Florestas e demais formas de

vegetação e dá outras providências. O art. 4º. apresenta os instrumentos da Política

Estadual de Florestas e demais formas de vegetação, destacam-se, no inciso VI, o

reflorestamento e a reposição florestal; no inciso XI, a fiscalização, o licenciamento e

a autorização. Trata-se no art. 9º, da promoção do reflorestamento de áreas alteradas

por pessoa física ou jurídica, prioritariamente através de espécies nativas, em número

sempre superior a uma única espécie visando a restauração da área, sendo que o

bioma original seja utilizado como referência. O art. 10, torna obrigatória a reposição

florestal por pessoa física ou jurídica que explore, utilize, transforme ou consuma

matéria-prima florestal.

O art. 23. Veda em seu inciso I, a expansão da conversão de áreas

arbóreas em áreas agrícolas nas propriedades que possuam áreas desmatadas

abandonadas, subutilizadas ou utilizadas de forma inadequada; no inciso II veda o

uso do fogo nas florestas e demais formas de vegetação primárias.

3.1.4 Lei Estadual n° 7.376/2010

Dispõe sobre o destino de madeiras extraídas de áreas licenciadas,

alterando o dispositivo da Lei nº 6.958, de 3 de abril de 2007, que destinava a madeira

extraída para a exploração de jazidas, minas ou outros depósitos minerais, as

submersas por águas de lagos de contenção às barragens de hidrelétricas, dentro do

território paraense. Com a revogação dessa Lei, a 7.376/2010 determina o destino da

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

extração madeireira de áreas licenciadas para a construção de casas populares,

escolas e clínicas para tratamento de dependentes químicos e dá outras providências.

3.1.5 Lei Estadual nº 7.381/2010

Dispõe sobre a recomposição da cobertura vegetal, das matas ciliares no

Estado do Pará. O art. 1°, torna obrigatória a recomposição florestal, pelos

proprietários, nas áreas situadas ao longo dos rios e demais cursos d’água, ao redor

de lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais e artificiais, bem como nas

nascentes e nos chamados olhos d’água, obedecendo larguras mínimas dispostas na

lei.

3.1.6 Lei Estadual nº 7.389/2010

Define as atividades de impacto ambiental local no Estado do Pará, e dá

outras providências, dentre as quais destacam-se:

Art. 3° A regularização ambiental das atividades de impacto ambiental local,

somente será expedida, mediante apresentação, quando couber, da outorga de direito

dos recursos hídricos ou da reserva de disponibilidade hídrica emitida pelo Estado ou

pela União.

Art. 5° Os procedimentos que deverão ser adotados para o licenciamento

das atividades/empreendimentos de impacto ambiental local, obedecerão às normas

legais e requisitos técnicos estabelecidos na legislação vigente, inclusive as

regulamentações impostas pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente – COEMA, do

Estado do Pará.

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3.1.7 Lei Estadual nº 7.596/2011

Institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades Potencialmente

Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, a Taxa de Fiscalização Ambiental

e dá outras providências, das quais dispõe em seu art. 5º a instituição da Taxa de

Controle e Fiscalização Ambiental do Estado do Pará (TFA-PA), cujo fato gerador é o

exercício regular do poder de polícia conferido à Secretaria de Estado de Meio

Ambiente – SEMA (atual SEMAS), para controle e fiscalização das atividades

potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais.

3.1.8 Lei Estadual nº 7.629/2012

Autoriza o Poder Executivo Estadual em seu Art. 1º a criação do Programa

Estadual de Fomento Florestal, destinado a estimular a implantação de florestas de

produção sustentada de biomassa e de proteção dos mananciais e do solo.

3.2 Decreto

3.2.1 Decreto Estadual n° 54/2011

Institui o Programa Municípios Verdes (PMV), destinado a dinamizar a

economia local em bases sustentáveis através de estímulos para que os municípios

melhorem a governança pública municipal, promovam a segurança jurídica, atraiam

novos investimentos, reduzam o desmatamento e degradação, e promovam a

recuperação ambiental e a conservação dos recursos naturais.

Um dos objetivos do PMV é reduzir o desmatamento e a degradação

ambiental através de ações articuladas por meio de convênios e parcerias

interinstitucionais com entidades públicas, privadas e não governamental.

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Os municípios poderão aderir voluntariamente ao PMV através de acordos

de cooperação, ficando sujeitos às regras, responsabilidades e benefícios do

programa.

3.2.2 Decreto Estadual n° 740/2013

Estabelece que os municípios participantes do Programa Municípios

Verdes e que cumpram as metas fixadas pelo programa, devem ser priorizados pelos

órgãos estaduais na aplicação dos recursos decorrentes de programas, projetos e

investimentos que estimulem o desenvolvimento socioeconômico sustentável.

3.2.3 Decreto Estadual n° 838/2013

Veda a concessão de licenças, autorizações, serviços ou qualquer outro

tipo de benefício ou incentivo público por parte dos órgãos e entidades da

Administração Pública Estadual aos empreendimentos e atividades situadas em áreas

desmatadas ilegalmente no Estado do Pará. Criou a Lista do Desmatamento Ilegal –

LDI que compreende uma ferramenta de consulta oficial do Estado, uma vez que

divulga as áreas desmatadas ilegalmente no Estado, gerida pela SEMAS/PA para

consulta pelos órgãos públicos estaduais e público em geral.

A criação da LDI visa combater o desmatamento ilegal realizado no

território estadual, favorecer os produtores rurais que exercem suas atividades em

conformidade com a legislação ambiental e colaborar com o compromisso assumido

durante a Rio+20 de atingir o desmatamento líquido zero até 2020.

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3.3 Portaria

Portaria n° 908/2016 decreta o embargo administrativo de áreas

irregularmente desmatadas presentes no anexo da referida portaria, trata-se de

polígonos de desmatamento detectados pelo PRODES entre 2009 e 2014 que foram

publicados na página da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade

do Pará – SEMAS/PA, nos termos da Instrução Normativa n° 07, de 19 de novembro

de 2014. Em seu Art. 4º, dispõe acerca da inclusão de áreas embargadas no seu

planejamento de fiscalização ou solicitar apoio ao IBAMA ou ao órgão ambiental

municipal, com vistas a identificar os responsáveis pela infração ambiental, através do

setor de fiscalização da SEMAS por meio da Gerência de Fiscalização Florestal –

GEFLOR.

A SEMAS publica regularmente através de portarias, as áreas ilegalmente

desmatadas que não possuem sobreposição com dados do SICAR, ou seja, aquelas

em que não é possível qualificar o responsável pelo dano ambiental apenas pelas

análises feitas pela Gerência de Monitoramento Ambiental (GEMAM), sendo

necessária ação de fiscalização em campo.

3.4 Instruções Normativas

3.4.1 Instrução Normativa nº 07/2014

Estabelece procedimentos e critérios para autuação, embargo e divulgação

decorrentes das infrações relativas ao desmatamento ilegal ocorridos após 22 de julho

de 2008 e monitorados pela Gerência de Monitoramento Ambiental da SEMAS.

As áreas desmatadas ilegalmente são divulgadas através de uma Lista de

Desmatamento Ilegal – LDI, que é gerenciada pela SEMAS. O desmatamento que

trata essa lista serão constatados a partir de (i) fiscalização realizada pela Diretoria de

Fiscalização Ambiental da SEMAS, (ii) relatório de verificação do desmatamento –

RVD, encaminhados pelos municípios, (iii) relatório técnico realizado pela

GEMAM/DIFISC/SEMAS a partir de dados de desmatamento ilegal oficial obtidos por

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

sensoriamento remoto (PRODES/INPE).A Seção II da IN 07 se refere aos

procedimentos para autuação e embargo de áreas quando a constatação do dano é

realizada através dos relatórios municipais de verificação do desmatamento,

considerando os boletins de alertas de desmatamento.

Os boletins de alertas de desmatamento, gerados pelo IMAZON, são

remetidos pela Diretoria de Ordenamento, Educação e Descentralização da Gestão

Ambiental (DIORED) da SEMAS aos órgãos ambientais municipais, para a devida

verificação do desmatamento. Após o retorno, a DIORED analisa o RVD para verificar

se apresenta inconsistências que necessitem de complementações ou

esclarecimentos. Estando o relatório sem pendências o mesmo é encaminhado para

o setor de fiscalização da SEMAS para análise técnica.

No caso de município autuar e embargar a área desmatada, o mesmo

deverá informar a SEMAS, para que ela promova a inserção e publicação desta área

na LDI. Se o desmatamento for confirmado pelo município através RVD, porém a

competência de autuação e embargo for do estado, conforme Lei Complementar nº

140/2011, será lavrado o Auto de Infração e Termo de Embargo pela DIFISC, para

posteriormente ser publicada na LDI. Caso o município não realize a verificação do

desmatamento em campo, a DIFISC realizará a fiscalização, se necessário solicitando

apoio de outros órgãos ambientais, tendo em vista a competência comum para a

fiscalização das infrações ambientais.

3.4.2 Instrução Normativa nº 08/2015

Define procedimentos administrativos para a realização de limpeza e

autorização de supressão, a serem realizadas nas áreas de vegetação secundária em

estágio inicial de regeneração, localizadas fora da Reserva Legal e da Área de

Preservação Permanente – APP dos imóveis rurais, no âmbito do Estado do Para, e

dá outras providências. Além de estabelecer as medidas a serem adotadas para a

supressão vegetal, determina o registro do PRODES/INPE ou outro sistema/programa

oficialmente utilizado pelo órgão ambiental para registro de áreas desmatadas, sendo

que as áreas desmatadas após 22 de julho de 2008 não poderão ser objeto de

comunicado ou autorização de limpeza.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

A Licença Ambiental Rural ou a Supressão de Vegetação Secundária pode,

conjuntamente, autorizar a queima controlada no processo de limpeza. O órgão

ambiental do município poderá autorizar a queima controlada, exclusivamente nos

montes ou leiras dos resíduos resultantes do processo de limpeza, condicionando o

emprego do fogo em áreas com os limites físicos previamente definidos e dentro das

condições previstas no anexo IV da IN 08/2015.

3.4.3 Instrução Normativa n° 01/2016

O Programa de Regularização Ambiental (PRA) de que trata o art. 59 do

Novo Código Florestal, foi criado em âmbito do Estado do Pará através do Decreto nº

1.379/2015. O objetivo do PRA é promover a regularização ambiental das posses e

propriedades rurais, em que tenha sido verificada a existência de passivos ambientais,

relativos às áreas de preservação permanente e reservas legais, anteriores à 22 de

julho de 2008.

A Instrução Normativa 01/2016 vem disciplinar o decreto supra citado. A IN

01/206 dispõe sobre os procedimentos e critérios, no âmbito da SEMAS/PA, para

adesão ao Programa de Regularização Ambiental do Pará – PRA/PA, por proprietários

e posseiros rurais, com fins à regularização ambiental de áreas alteradas e/ou

degradadas em área de preservação permanente e reserva legal, e dá outras

providências. Dentre essas providências, o art. 11 diz que é de incumbência da

DIFISC, através do setor de monitoramento, acompanhar a execução do Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas ou Alteradas - PRADA e do Termo de

Compromisso Ambiental - TCA que, após as devidas inserções das informações

necessárias para efetivar o monitoramento pela SEMAS/PA, encaminhará o processo

ao arquivo.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3.4.4 Instrução Normativa n° 02/2016

Estabelece os procedimentos e critérios para a adequação ambiental de

imóveis, que apresentem desmatamentos detectados pelo PRODES após 22 de julho

de 2008. A adequação que trata esta IN deverá ser realizada através do endereço

eletrônico da SEMAS, do Portal Adequação Ambiental, junto ao órgão ambiental

municipal competente.

Em linhas gerais, os procedimentos para adequação ambiental se iniciam

com a consulta no Portal sobre a situação do imóvel, informando o número do CAR.

Se houver desmatamento detectado pelo PRODES após 22 de julho de 2008, poderá

ser gerado o cadastro.

No caso de o interessado concordar com a informação apresentada pelo

laudo do PRODES, poderá solicitar a adequação ambiental do imóvel com a

assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta – TAC (Anexo II da IN 02/2016),

após a compensação do DAE, o TAC poderá ser ativado, podendo o interessado emitir

Declaração de Adequação Ambiental Provisória.

No caso de o interessado não concordar com a informação apresentada

pelo laudo do PRODES, poderá contestar através de apresentação de Laudo de

Contraprova (Anexo III da IN 02/2016), assinado por técnico habilitado. Se a análise

técnica e jurídica do órgão ambiental for favorável ao Laudo de Contraprova o imóvel

será excluído da Lista de irregularidades, e sua situação ambiental será regularizada.

Porém, se a análise for desfavorável, o imóvel continuará em situação ambiental

irregular, e o interessado poderá firmar TAC junto ao órgão ambiental.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3.5 Resolução

3.5.1 Resolução COEMA nº 120/2015

Dispõe sobre as atividades de impacto ambiental local de competência dos

municípios, e recomendações acerca do licenciamento ambiental municipal. A

resolução apresenta em seu anexo único um rol de tipologias de impactos ambientais

locais, sujeitos ao licenciamento ambiental municipal. Considerando as disposições

previstas no art. 9° da Lei Complementar 140/2011 e art. 8° desta norma, os

municípios estarão aptos a realizarem a Gestão Ambiental Municipal.

As disposições que trata o art. 8º são fundamentais para que os municípios

desenvolvam sua gestão ambiental. O Estado, se solicitado pelo município, dará apoio

no processo de municipalização e projetos de restruturação da gestão ambiental

municipal.

O município que declarar inexistência de órgão ambiental capacitado para

o exercício da gestão ambiental local repassará ao Estado a competência supletiva

até que seja criado seu órgão ambiental.

3.6 Acordo de Cooperação

O acordo de cooperação é um dos instrumentos utilizados pelo Programa

Municípios Verdes para o alcance dos objetivos estipulados no art. 3º do Decreto

54/2011. Já foram firmados acordos de cooperação entre instituições públicas, privada

e não governamental.

Para o objetivo de reduzir o desmatamento e a degradação ambiental,

especificamente relacionado à verificação de desmatamento em campo, o PMV tem

entre os seus parceiros a Secretaria de Estado Meio Ambiente e Sustentabilidade –

SEMAS, o Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia – IMAZON, Ministério

Público Federal - MPF e os municípios que aderiram ao programa.

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Esses acordos preveem, entre outras medidas, o fortalecimento da Gestão

Ambiental Municipal; compartilhar experiências para o combate do desmatamento e

degradação florestal; e promover e articular capacitações de CAR, Geotecnologias,

Fiscalização e Licenciamento Ambiental.

O Município, por sua vez, adere ao PMV através de acordo de cooperação,

tendo os benefícios proporcionados pelo Programa, através do Governo do Estado, e

seus parceiros, e em contrapartida se compromete a cumprir as metas e objetivos

estabelecidos pelo Comitê Gestor.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

MÓDULO 3

DINÂMICA DO DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ

CONTEÚDO

1. HISTÓRICO DO DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ ...................................................................... 116

2. PRINCIPAIS FATORES E AGENTES DO DESMATAMENTO NO ESTADO E NOS MUNICÍPIOS

BENEFICIÁRIOS DO CURSO............................................................................................................................. 119

3. PARTICIPAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS NO DESMATAMENTO DO ESTADO ................................. 126

4. PLANO DE PREVENÇÃO, CONTROLE E ALTERNATIVAS AO DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ

....................................................................................................................................................................... 128

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

1. HISTÓRICO DO DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ

A expansão da fronteira agrícola no Pará teve ligação direta com os

programas governamentais dos anos 1970, que consolidaram a colonização à

margem das grandes rodovias, abrindo espaços para a reprodução da pequena

produção familiar, o que caracterizaria, inicialmente, os pequenos produtores

familiares como um dos principais grupos sociais na região da Transamazônica. Com

o passar dos anos, os processos de sucessão da terra, incentivados pela chegada de

novos grupos (como os fazendeiros capitalizados, os grandes empreendimentos

minerais, e os projetos de energia e da madeira) acabaram por se contrapor com a

lógica de funcionamento inicial, a lógica da pequena produção (MACEDO et al. 2013).

Os ciclos econômicos ocorridos no Estado, a exemplo do ciclo do garimpo

e o ciclo exploração madeireira, estimularam o crescimento populacional desordenado

na região, reflexo disso foi o intenso processo de criação municipal, basicamente nas

zonas de expansão da fronteira (ESCADA et al. 2005). A exploração predatória dos

recursos naturais é o primeiro momento de um processo de apropriação fundiária. O

sistema tende a reproduzir estruturas de concentração da propriedade e da renda,

porém, também permite certa mobilidade vertical para os indivíduos que vivem na

região (ESCADA et al. 2005).

O Pará apresenta diferentes processos de ocupação, onde se estabelecem

atividades econômicas que resultam no desmatamento nas suas regiões, mas o fator

que permite que essas atividades se estabeleçam são as estradas. Tomando como

exemplo a BR 163 que foi aberta em 1970 para integrar a Amazônia à economia

nacional, hoje ela representa um dos principais vetores de desmatamento na região,

com o forte processo de fragmentação florestal, com altas taxas de desmatamento,

veiculados, principalmente, pelo gado, pela soja e pela extração ilegal de madeira

(FEARNSIDE, 2006; GREENPEACE, 2012).

Já no sudeste paraense, a região de Marabá apresentou forte crescimento

com a abertura da rodovia Transamazônica, na década de 70. A facilidade de acesso

a esta região atraiu madeireiros e pecuaristas. Na década de 80, o destaque foi a

exploração mineral, causando um aumento demográfico, com surgimento de novos

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

núcleos urbanos, e consequentemente, elevando as taxas de desmatamento (PENA,

et al. 2014).

O desmatamento no Pará diminuiu aproximadamente 70% na última

década, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia

Brasileira por Satélites (PRODES), conforme se observa no Gráfico 2. A tendência de

queda só se desestabilizou em 2013. Esse aumento é explicado pela especulação

fundiária e o efeito das obras de infraestrutura sem as devidas salvaguardas

socioambientais (ISA, 2013).

Gráfico 2 - Taxa de desmatamento no Estado do Pará de 2005 à 2015.

Fonte: PRODES/INPE

Entre as medidas adotadas pelo Governo Estadual nos últimos anos para

combater o desmatamento, pode citar: o Plano de Prevenção, Controle e Alternativas

ao Desmatamento do Estado do Pará (PPCAD), que tem como objetivo promover a

cooperação entre os diferentes setores da sociedade para o enfrentamento de

problemas relacionados ao desmatamento no estado. O PPCAD possui como eixo de

atuação: (i) ordenamento territorial, fundiário e ambiental; (ii) fomento às atividades

sustentáveis e; (iii) monitoramento e controle

Outro mecanismo de combate ao desmatamento foi o Decreto 838/2013

que veda a concessão de licenças, serviços ou outro tipo de benefício ou incentivo

público aos empreendimentos e atividades situados em áreas desmatadas

5.899 5.659 5.526 5.607

4.281

3.770

3.008

1.741

2.346 1.887 1.881

-

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Taxa

do

Des

mat

amen

to (

km2 /

An

o)

Ano

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

ilegalmente. Os municípios participarão realizando a validação dos desmatamentos

em campo. O Estado se responsabiliza em publicar as áreas sob embargo através da

Lista de Desmatamento Ilegal (LDI).

Uma medida inovadora para estimular o avanço do desmatamento foi ICMS

Verde, criado a partir de regras que beneficiam os municípios que estão reduzindo o

desmatamento e que possuem maior percentual de CAR e de áreas protegidas,

destinando parte do imposto estadual segundo critérios ambientais. Os municípios

poderão destinar os recursos do ICMS Verde para a Gestão Ambiental Municipal

através de criação de lei municipal específica.

De acordo com o Quadro 4, podemos perceber que há efeito positivo nas

intervenções contra o desmatamento no Pará, pois o Estado continua diminuindo a

taxa de desflorestamento.

Quadro 4 - Regressão do desmatamento em quilômetros quadrados no Estado do Pará de agosto de 2014 a maio de 2015 e agosto de 2015 a maio de 2016

ESTADO AGOSTO 2014 A MAIO 2015 AGOSTO 2015 A MAIO 2016 VARIAÇÃO (%)

Pará 537 472 -12

Fonte: Imazon/SAD

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

2. PRINCIPAIS FATORES E AGENTES DO DESMATAMENTO NO ESTADO E

NOS MUNICÍPIOS BENEFICIÁRIOS DO CURSO

Os danos ambientais causados pelo desmatamento na Amazônia podem

ser percebidos sob vários aspectos. A extração ilegal de madeira de floresta

representa uma ameaça à existência de muitas espécies de plantas e animais que

dependem da floresta. Esta atividade promove o empobrecimento do ecossistema

florestal e o deixa suscetível a incêndios devido ao acúmulo de resíduos vegetais e

da maior incidência de radiação solar nas clareiras (MONTEIRO et al.; 2004).

O desmatamento promovido para a implantação de atividades

agropecuárias, sem a preocupação de adotar práticas sustentáveis de manejo do solo

(adubação, rotação de cultura, pousio, diversificação de sistemas produtivos, etc),

resulta no rápido esgotamento da sua capacidade produtiva, deixando-o vulnerável

ao intemperismo. Logo, o solo descoberto, com a ação do intenso volume de

precipitação, característico da região amazônica, tem suas partículas removidas,

arrastadas e depositadas nos leitos dos rios, desencadeando os processos de erosão

do solo e assoreamento de corpos hídricos (TNC, 2013).

Apesar dos vários esforços do governo, através das políticas públicas

voltadas para o combate ao desmatamento. Muitos dos fatores que desencadeiam o

desmatamento no Pará são derivados de políticas realizadas pelo Governo Federal,

como crédito rural ou ampliação e melhoria de rodovias por exemplo. O governo pode

estimular, por meio das políticas públicas, o desmatamento mediante a liberação de

recursos que indiretamente afetam as atividades que necessitam do solo, a exemplo

da agropecuária (PRATES & SERRA, 2009).

A pecuária é a atividade que mais promove desmatamento no estado do

Pará, como é possível constatar a partir dos dados do Terra Class de 2014 (Gráfico

3). A pecuária exige baixos níveis de capital, pouco preparo de solo e poucas

restrições quanto ao relevo e áreas recentemente desmatadas, fatores que fazem esta

atividade bastante atrativa. Sem mencionar as extensões de áreas que a atividade

pecuária requer e o Estado possui, visto que se trata de uma pecuária extensiva (1

cabeça por hectare) (RIVERO et al,2009).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Gráfico 3 - Classificação da áreas desmatadas até 2014 no Estado do Pará.

Fonte: TerraClass/INPE

Considerando que expansão das pastagens tem sido a principal causa do

desmatamento nos últimos anos, de acordo com os dados do INPE, em 2009 o

Ministério Público Federal em parceria com órgãos de fiscalização identificou as

fazendas que não respeitavam a legislação ambiental. Os frigoríficos e curtumes,

compradores dos produtos oriundos dessas áreas, também foram identificados, além

das indústrias e varejistas que comercializavam com estes. Diante da atuação

ministerial e das pressões de mercado, frigoríficos e varejistas de carne bovina

começaram a assinar Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), comprometendo-se

a evitar a compra de produtos, oriundos de propriedades com desmatamento ilegal

(GIBBS et al, 2015). Essa medida visa reduzir o desmatamento ilegal promovido pelo

avanço da atividade pecuária em áreas de florestas.

115.744

63.601

25.698 19.174

3.191 2.010 1.543 645 0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000D

esm

atam

ento

(km

2 )

Uso do solo

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Bases Locais

Para fins ilustrativos, os municípios do Estado do Pará foram divididos em

Oito bases locais. Considerando o trabalho que vem sendo desenvolvido pela

FLORAM, abaixo estão descritas as principais atividades desenvolvidas em cada

base:

Base Local Dom Eliseu: Os municípios de Ipixuna do Pará e Paragominas

se destacam pela mineração de caulim e bauxita, respectivamente, sendo um dos

maiores produtores destes minérios no Estado do Pará. Para a extração do caulim e

a bauxita há a necessidade da supressão da vegetação e limpeza da área a ser

lavrada, o que leva à quebra da continuidade entre os fragmentos florestais e o

aumento da insularização, bem como à perda da biodiversidade. As atividades da

agricultura, especialmente para o cultivo de soja e milho, nos municípios da Base

Local Dom Eliseu, de forma geral, podem ser consideradas de alto potencial

impactante quando levado em conta sua influência como agente causador de

desmatamento.

Basel Local Redenção: No município de Redenção, foi constatada a

agricultura, principalmente a familiar, a expansão do cultivo de soja, a pecuária e a

implantação de projetos de assentamentos como principais vetores do desmatamento

no município. Em Cumaru do Norte, foram apontadas como atividades que mais

impactam no município, as relacionadas à pecuária, agricultura (atrelada ao avanço

do cultivo de grãos na região) e a questão fundiária (grilagem de terras). Em Santa

Maria das Barreiras apontou-se a agropecuária como principal atividade impactante

no município, onde a maior parte das áreas desmatadas é utilizada para a implantação

de pastagens e para o cultivo de soja. Situação similar ao município de Santana do

Araguaia, onde os signatários apontam a expansão da soja e a pecuária como

responsáveis pela maior parte do desmatamento. No município de São Félix do Xingu,

os entrevistados apontaram a pecuária como o principal vetor do desmatamento,

justificando que o principal uso das áreas desmatadas é para pastagens. Nos

municípios da Base Local Redenção as principais atividades econômicas estão

relacionadas à extração madeireira, agricultura (subsistência e larga escala), pecuária

e mineração. A pecuária, na maior parte dos municípios da Base Local de Redenção,

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

apresentou aumento nos últimos anos (IBGE, 2014), podendo esse fator ser um dos

contribuintes para as taxas de desmatamento observadas nestes municípios. O

município de São Félix do Xingu se destaca na pecuária, sendo o maior município

produtor de gado bovino do Estado (IBGE, 2014). A atividade pecuária nessa cidade

não é exclusividade dos grandes latifúndios, sendo praticada nas médias e pequenas

propriedades. A extração mineral no município de São Félix do Xingu, que integra a

Terra do Meio, como já mencionado, possui uma extensa rede de rios e igarapés que

atravessa a região, onde existem jazidas minerais, principalmente de ouro e estanho.

Nesta região foram identificadas mais de cem áreas de garimpagem da cassiterita,

dispersas em cerca de 500 hectares de área, sendo que a extração ilegal causou

vários danos ao meio ambiente, contribuindo assim direta e indiretamente com o

desflorestamento (CETEM, 2014).

Base Local Santarém: grande parte das áreas desmatadas é destinada

ao plantio de grãos, principalmente nos municípios de Belterra, Mojuí dos Campos e

Santarém. A extração madeireira de espécies nativas está em plena ascensão na

região da Base Local Santarém, uma vez que é caracterizada como um dos principais

polos madeireiro do Estado do Pará, o que pode desencadear em novos

desmatamentos. Os signatários informaram que ainda ocorrem desmatamentos

ilegais nos municípios da Base Local Santarém. Também tem sido constatada a

abertura de estradas não oficiais nos municípios próximos à BR-163, como Belterra e

Santarém. A abertura de estradas, por si só, já causa desmatamento. Porém, ela ainda

favorece que se chegue a áreas antes inacessíveis, o que favorece o desmatamento

de novas áreas, seja para exploração ilegal de madeira, seja para o aumento das

fronteiras agrossilvipastoris.

Base Local Marabá: O município de Marabá se destaca pela indústria

siderúrgica e o processo de produção do ferro gusa está associado à geração de

vários impactos negativos sobre o meio ambiente, uma vez que há geração de

resíduos sólidos, líquidos e gasosos. A geração destes resíduos quando não tratados

adequadamente funcionam como uma fonte de poluição do solo, da água e do ar. As

atividades siderúrgicas também estão relacionadas ao desmatamento, haja vista que,

o carvão vegetal que aquece os altos fornos das siderúrgicas é oriundo em quase sua

totalidade de madeira de mata nativa, que é extraída de forma ilegal em muitos casos.

Os municípios de Itupiranga e Marabá se destacam na produção de carvão vegetal

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

de origem nativa (IBGE, 2014). Nos municípios da Base Local Marabá também há um

grande número de serrarias que também podem gerar danos ao meio ambiente

quando utilizam madeiras exploradas ilegalmente das florestas nativas.

As atividades de pecuária nos municípios da Base Local Marabá, de forma

geral, podem também ser consideradas de alto potencial impactante quando levada

em conta sua influência como agente causador de desmatamento, sendo que grande

parte das áreas desmatadas é destinada à pastagem e consequentemente à criação

de gado.

Embora a extração de areia e argila não tenha uma participação

significativa na economia dos municípios da Base Local, esta atividade é comum nos

municípios de Bom Jesus do Tocantins e Marabá. A extração mineral ocorre

principalmente nos rios Tocantins e Itacaiúnas, em APPs, causando impactos ao meio

ambiente, como por exemplo, assoreamento dos rios e erosão do solo.

Base Local Tailândia: a expansão da pecuária, a agricultura familiar, a

dendeicultura, o cultivo do açaí, a extração madeireira ilegal são as principais

atividades impactantes que estão relacionadas com os processos de desmatamento.

Nos municípios de Moju e Tailândia o cultivo de dendê tem colaborado para

o aumento da taxa de desmatamento, esses municípios são os principais produtores

do fruto no Estado do Pará. No município de Igarapé-Miri a extração do açaí é um

agente do desmatamento. As atividades de pecuária, principalmente, nos municípios

de Goianésia do Pará e Jacundá, de forma geral, podem ser consideradas de alto

potencial impactante quando levada em conta sua influência como agente causador

de desmatamento.

Base Local Almeirim: as principais atividades econômicas estão

relacionadas à extração madeireira, agricultura de subsistência, pecuária, pesca

artesanal e extrativismo. No caso de Porto de Moz, as atividades de pecuária bovina

apresentaram um aumento nos últimos anos segundo os dados do IBGE (2014),

podendo ser um dos contribuintes para as taxas de desmatamento observadas no

município. Quando o Grupo Orsa/ Jari Florestal iniciou suas atividades no município

de Almeirim na década de 60, houve o desmatamento contínuo em grandes áreas de

florestas nativas. Certamente, estas atividades desencadearam diferentes impactos

negativos ao meio ambiente, em especial sobre os elementos da fauna, flora, recursos

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

edáficos, recursos hídricos, além dos conflitos sociais provavelmente existentes na

época e que permanecem ainda hoje. Considerando as atividades da Indústria Jari

Celulose, podem ser apontados alguns impactos relacionados com a dinâmica do

desmatamento. Os plantios de florestas exóticas influenciam na dinâmica natural do

ambiente, em especial nos processos de carreamento de sedimentos do solo;

alterações adversas na qualidade dos recursos hídricos; mudanças na composição

da biota, com perda de biodiversidade; intensificação de efeito de borda; indução do

desmatamento em decorrência do avanço da fronteira silvipastoril, entre outros. Em

uma abordagem sinérgica, estes impactos contribuem para degradação da qualidade

ambiental podendo materializar-se através do aumento das atividades de

desmatamento.

Base Local Altamira: a economia dos municípios da Base Local Altamira

tem como base o setor primário, especialmente a lavoura branca, o extrativismo

madeireiro, as culturas perenes e a pecuária. A agricultura familiar domina a estrutura

agrária da maior parte dos municípios da Base Local, o que pode ser um dos

contribuintes para o desmatamento. Concomitante às atividades agropecuárias, a

implantação da Usina Hidroelétrica de Belo Monte também contribuiu para novos

desmatamentos nos municípios da Base Local, principalmente do município de

Altamira, afetado diretamente pela implantação do empreendimento. Além das áreas

desmatadas para formação do lago, a realocação de comunidades locais e o aumento

da população com o advento da obra também contribuíram indiretamente para o

aumento das taxas de desflorestamento.

Base Local Itaituba: as principais atividades econômicas estão

relacionadas à extração madeireira, agricultura (de subsistência e em larga escala),

pecuária e mineração. Sabe-se que, em geral, tais atividades podem ocasionar

impactos negativos sobre o meio ambiente, como perda da biodiversidade, perda da

fertilidade do solo, alteração do ciclo hidrológico, dentre outras.

A extração de ouro no município de Itaituba e nos demais municípios que

compreendem a Reserva Garimpeira do Tapajós exerce influência significativa na

degradação ambiental na região, pois além dos impactos diretos, como a remoção de

cobertura vegetal e de milhões de metros cúbicos de solo e a liberação do mercúrio

no ar, solo e cursos hídricos, há a forte tendência de conversão da floresta amazônica

em pasto, onde os lucros dos proprietários de garimpo e comerciantes das cidades

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Programa Municípios Verdes

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

garimpeiras são investidos em terras, a maioria para a pecuária (MATTOS E UHL,

1992; BEZERRA et al., 1998), o que pode ser constatado pelo aumento crescente no

rebanho bovino do município de Itaituba.

A agricultura familiar domina a estrutura agrária dos municípios de Itaituba

e Novo Progresso (ALVES, et al., 2008), favorecendo para a contribuição do

desmatamento, já que o mesmo tem diminuído nas grandes propriedades e

aumentando de forma pulverizada nas pequenas, onde em decorrência de seu

tamanho as áreas não são detectadas pelas imagens de satélite, conforme apontado

em estudo realizado por GODAR (et al. 2014).

A produção de soja tem se expandido para o estado do Pará, em um

processo de sucessão da terra, que passa da pecuária para a produção de grãos.

Inicialmente em municípios do Sudeste e atualmente do Sudoeste, pelos produtores

rurais que se instalaram em municípios da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163)

principalmente em Itaituba, Novo Progresso e Rurópolis. Nestes municípios tem se

destacado a produção de milho, arroz além da soja (CASTRO, 2005).

No município de Novo Progresso a pecuária, que apresentou um aumento

nos últimos anos (IBGE, 2014), pode ser um dos contribuintes para as taxas de

desmatamento observadas no município. A atividade é comprovadamente rentável na

Amazônia, mesmo na escala dos produtores familiares extrativistas, uma vez que os

ganhos obtidos advindos dos produtos não madeireiros da floresta são inferiores aos

obtidos através da pecuária, o que torna o desmatamento bastante atraente para os

diversos tipos de produtores (REYDON et al., 2001; REYDON et al., 2002).

Os impactos do desmatamento incluem a perda de oportunidades para o

uso sustentável da floresta, incluindo a produção de mercadorias tradicionais tanto

para o manejo florestal para madeira em tora e lenha, como extração de produtos não-

madeireiros. O desmatamento também sacrifica a oportunidade de usufruir do valor

dos serviços ambientais da floresta (FEARNSIDE, 2006). O autor complementa que a

sociodiversidade também é ameaçada pelo desmatamento já que a perda da floresta

elimina culturas indígenas e extrativistas tradicionais como os seringueiros daquela

região desmatada.

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Página 126

Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3. PARTICIPAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS NO DESMATAMENTO DO

ESTADO

A criação por decreto de uma Área Protegida não é o bastante para

proteger as florestas do desmatamento, da exploração ilegal de madeira e de

queimadas. Para implantá-la efetivamente são necessárias várias medidas, tais como

o desenvolvimento do seu Plano de Manejo, investimentos em infraestrutura e

recursos humanos, além de estratégias de gestão, monitoramento e fiscalização

(IMAZON, 2016).

O IMAZON e o Ministério Público Federal firmaram cooperação técnica em

agosto de 2007 para agilizar o combate ao desmatamento ilegal em Áreas Protegidas

federais (Unidades de Conservação e Terras Indígenas) no Estado do Pará. O papel

do IMAZON é monitorar mensalmente essas áreas por meio de imagens de satélite

usando o seu Sistema de Alerta de Desmatamento, e informar ao Ministério Público a

ocorrência de desmatamentos por meio de representações (relatos por escrito de

fatos que possam constituir danos ou crimes ambientais). O Ministério Público

responsabiliza-se por cobrar dos órgãos de fiscalização a verificação em campo e

iniciar ações para punir os infratores ambientais; apura os fatos e, caso haja

informações suficientes, inicia a ação judicial; esta pode ser civil, para reparar o dano,

ou penal, para punir o autor do crime (ARAÚJO et al. 2012).

O Pará é o segundo estado do Brasil em extensão territorial, e mais de 74

milhões de hectares, cerca de 60% do total de 1.247.689,515 km², são áreas

protegidas entre Unidades de Conservação (UCs) de proteção integral (não podem

ser habitadas pelo homem) e de uso sustentável (permite o uso sustentável da área

por moradores locais). Esses números o tornam, apesar do avanço do desmatamento,

o estado com a maior extensão de UCs da Amazônia brasileira.

No entanto, na ausência de ações efetivas de implantação destas áreas

protegidas (demarcação, sinalização, atividades educativas com populações de

entorno, planos de manejo e atividades sustentáveis com populações tradicionais,

etc.) e de mudanças nos padrões de ocupação e uso dos recursos naturais nas áreas

de entorno, aumentam as pressões sobre UCs e Terras Indígenas, associadas

principalmente à garimpagem de madeira e grilagem de terras. Cabe ressaltar que o

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

ritmo do desmatamento na Amazônia tem sido muito superior à criação de novas

unidades de conservação, resultando em pressões crescentes sobre áreas

identificadas como prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição

dos benefícios da biodiversidade e de outros serviços ambientais.

A falta ou demora das fiscalizações para determinar a legalidade e autoria

dos desmatamentos é o principal obstáculo à rápida responsabilização. Para garantir

a integridade das Áreas Protegidas, são necessárias ações preventivas nas áreas

críticas, melhoria na capacidade dos órgãos públicos para responder aos crimes,

rapidamente, e aperfeiçoamento da aplicação das penas.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

4. PLANO DE PREVENÇÃO, CONTROLE E ALTERNATIVAS AO

DESMATAMENTO NO ESTADO DO PARÁ (PPCAD/PA)

Em 2004 foi lançado o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do

Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM) tendo como objetivo a diminuição do

desmatamento na Amazônia Legal. Esse instrumento do governo está organizado em

três eixos: Ordenamento Territorial e Fundiário; Monitoramento e Controle Ambiental;

Fomento a Atividades Produtivas Sustentáveis (MMA, 2016).

O combate ao desmatamento ilegal está no centro da estratégia brasileira

de enfrentamento das mudanças do clima. Para isso, o País já colocou em prática

planos específicos para a proteção da floresta e o incentivo às atividades sustentáveis

na Amazônia e no Cerrado, incluindo metas para a redução da perda de cobertura

vegetal nos dois biomas. De acordo com dados do Ministério de Ciência e Tecnologia,

cerca de 60% das emissões nacionais são resultantes de ações de desmatamento e

mudança de uso do solo.

Em 2009, o desmatamento na região chegou aos níveis mais baixos das

duas últimas décadas, representando uma redução de 75% em relação às taxas

registradas em 2004. A redução no desmatamento na Amazônia só foi possível graças

às ações integradas entre 13 ministérios, que compreendem cerca de 150 atividades

de ordenamento territorial e fundiário, monitoramento e controle ambiental, fomento a

atividades produtivas sustentáveis. Além disso, o plano estimula parcerias entre

órgãos federais, governos estaduais, prefeituras, entidades da sociedade civil e o

setor privado (MMA, 2016). A Figura 14 demonstra o histórico do desmatamento na

Amazônia e faz uma projeção para se atingir a meta da Política Nacional sobre

Mudanças do Clima – PNMC, de acordo com os prazos das fases do PPCDAM.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 14 - Histórico de desmatamento na Amazônia Legal segundo o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélites)

Fonte: INPE/MCTI. E projeção de atingimento da meta da Política Nacional sobre Mudanças do Clima - PNMC. Elaboração DPCD/MMA

A gestão compartilhada aumenta a chance de um programa dar certo, e é

estratégico promover a integração de muitas ações já desenhadas e planificadas nos

diferentes órgãos de governo e nas parcerias destes com a sociedade civil

organizada. Nesse intuito, criou-se o PPCAD-PA com a finalidade de organizar as

ações dos cinco principais programas e/ou estratégias de governo que estão

relacionados ao desmatamento seja de forma direta ou indireta. Estes programas são:

Programa 1 Bilhão de Árvores, Programa Campo Cidadão, Programa Pará Rural,

Programa Minha Terra e Programa Pará Florestal.

Além de estabelecer ações ao controle do desmatamento, o PPCAD-PA

entende que somente a consolidação de alternativas econômicas sustentáveis seja

capaz de minimizar o desmatamento e impulsionar um novo paradigma produtivo

(SEMAS, 2011).

A primeira fase do PPCAD-PA que ocorreu entre agosto de 2009 a agosto

2012 organizou as ações propostas em três eixos principais, a saber:

Eixo 1. Ordenamento territorial, fundiário e ambiental: define e elenca as

ações prioritárias para a regularização fundiária e ambiental no Estado;

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Eixo 2. Fomento às Atividades Sustentáveis: define e elenca o conjunto de

ações que devem incentivar a adoção de novos modelos econômicos, contribuindo

assim para a mudança de paradigma do desenvolvimento e, portanto, prevenindo o

desmatamento;

Eixo 3. Monitoramento e controle: define e elenca as ações fundamentais

para melhoria da eficiência do controle do desmatamento no Estado.

Atualmente o PPCAD-PA encontra-se na segunda fase (2015-2017), e está

passando por uma revisão com todos os atores que participam de sua execução.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

MÓDULO 4

INTRODUÇÃO A GEOTECNOLOGIA

CONTEÚDO

1. INTRODUÇÃO ÀS GEOTECNOLOGIAS ...................................................................................................... 132

2. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL ................................................ 133

3. SISTEMAS DE MONITORAMENTO (PRODES, DETER, SAD).................................................................... 146

4. NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA E SENSORIAMENTO REMOTO ................................................. 150

5. USO DE SOFTWARE LIVRE PARA GEOPROCESSAMENTO.................................................................... 165

6. PRINCIPAIS FONTES DE DADOS LIVRES ................................................................................................. 175

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

1. INTRODUÇÃO ÀS GEOTECNOLOGIAS

Geotecnologias são tecnologias que permitem a coleta,

processamento, análise e disponibilização de informação com referência

geográfica. Algumas geotecnologias amplamente difundidas são os SIG -

Sistema de Informação Geográfica, Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto

por Satélites, GPS - Sistema de Posicionamento Global, GoogleEarth,

GoogleMaps.

As geotecnologias podem fornecer uma gama de soluções capazes

de atender diversas necessidades profissionais, como mapeamento de

localidades através de sensoriamento remoto, produções de mapas digitais em

duas ou três dimensões, levantamento de campo de áreas naturais ou alteradas,

sensores para prospecção mineral, levantamento aerofotogramétricos para

definição de loteamento urbano ou escoamento de trânsito em grandes centros

urbanos.

Neste módulo do curso, serão abordadas as geotecnologias

necessárias para realização de fiscalização ambiental voltada para atividade de

verificação de desmatamento em campo.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

2. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL

O Sistema de Posicionamento Global, também conhecido como

Sistema de Posicionamento por Satélites, ou simplesmente GPS, foi

desenvolvido pelo Departamento de Defesa Americano nos anos 60, a partir do

Projeto NAVSTAR, inicialmente, este sistema tinha apenas fins militares. Devido

a sua precisão e aplicação de alta tecnologia, atualmente o GPS está ao alcance

de várias atividades (expedições em matas e cavernas, aviação, navegação,

recreação, agricultura, etc.). O GPS é composto por 3 partes ou segmentos:

segmento espacial, segmento de controle e segmento do usuário (Figura 15).

Figura 15 – Demonstração dos três tipos de Segmentos do GPS.

2.1 Segmento Espacial

O segmento espacial é formado por uma constelação de 24 satélites,

distribuídos em 6 planos orbitais igualmente espaçados e inclinados 55° em

relação ao equador, localizados a uma altitude aproximada de 20.200 km, com

4 satélites em cada plano, período de revolução de 12 horas (Figura 16). A

função deste segmento é gerar e transmitir os sinais do GPS (códigos,

portadoras e mensagens de navegação).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 16 – Demonstração do Segmento espacial

Fonte: http://www.gps.gov/systems/gps/space/

2.2 Segmento de controle

O segmento de controle é responsável pela operação do GPS. É

constituído por Estações de Monitoramento (MS) espalhadas estrategicamente

pelo planeta. As MS enviam os dados para a Estação de Controle Mestre (MCS),

em Colorado Springs, EUA, onde esses dados são processados a fim de calcular

as órbitas (efemérides) e fazer a correção dos relógios dos satélites para

atualizar a mensagem de navegação. Essa correção é transmitida para os

satélites pelas Ground Antenas (GA), quando estes passam pelo seu campo de

visão. A posição geográfica das GA permite que cada satélite tenha sua

mensagem atualizada pelo menos 3 vezes ao dia (Figura 17).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 17 – Demonstração do Segmento de controle

Fonte: http://www.gps.gov/systems/gps/control/

2.3 Segmento do usuário

O segmento do usuário é composto pelos usuários dos diversos

receptores GPS espalhados pela terra, seja na sua forma Civil (SPS - Standard

Positioning System) ou militar (PPS – Precise Positioning System). O PPS está

disponível apenas para os militares norte-americanos e para nações

consideradas amigas, o Brasil não se inclui.

O receptor GPS precisa da recepção de no mínimo 4 satélites para

determinar uma posição 3D (y – Latitude, x – longitude e z – altitude). Uma vez

que a posição do usuário esteja determinada, o receptor pode calcular outras

informações importantes para a navegação como a velocidade, rumo, direção,

distâncias, áreas e outras.

2.4 Receptor Garmin Oregon 650

Foram adquiridos receptores GPS Garmin Oregon 650 através do

PMV/Fundo Amazônia, os mesmos foram repassados aos municípios que

aderiram ao programa, na condição de realizarem atividades de verificação de

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Página 136

Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

desmatamento em campo, contribuindo para o alcance de um dos objetivos do

PMV, que corresponde à redução do desmatamento no estado do Pará.

O Oregon 650 possui visor colorido sensível ao toque, bateria

recarregável (16 horas), receptor de satélites de alta sensibilidade, câmera

acoplada, tecnologia sem fio (Bluetooth), orientação dupla (vertical e paisagem),

lanterna, plano de elevação avançado, gerenciamento avançado de pontos de

passagem e outras funcionalidades.

Aqui serão descritos os procedimentos de uso do Oregon 650, que

permitirão ao agente ambiental realizar a atividade de verificação do

desmatamento em campo:

2.4.1 Visão geral

Figura 18 - GPS Garmin Oregon 650.

Figura 19 - GPS Garmin Oregon 650 (visor).

1 – Lente da Câmera 2 – Tecla de alimentação 3 - Argola da tampa do compartimento da bateria 4 – Tecla de utilizador 5 – MicroSD (por baixo da tampa no compartimento de bateria) 6 – Porta mini-USB

1 – Barra de estado 2 – Hora e data atuais 3 – Ícones de aplicações 4–Compartimento de aplicações

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

2.4.2 Gravar trajeto (track)

O trajeto corresponde ao registro do caminho percorrido. Uma vez

acionada a gravação do trajeto, ele possuirá informações acerca dos pontos ao

longo desse caminho, com a hora, localização e elevação de cada ponto.

Para gravar um registro de trajeto é necessário selecionar “Trajeto

atual”, localizado no compartimento de aplicações (Figura 20), e acionar a

gravação. Para interromper a gravação acione o botão de pausa. Quando em

pausa o registro do trajeto não será gravado.

É possível navegar de volta até o início do trajeto. Esta função é

importante quando não se conhece o lugar e deseja voltar à origem do trajeto.

Selecione “Gestor de trajeto”, “Trajeto atual” e “TracBack”.

Figura 20 - Demonstração de como gravar um registro de trajeto

2.4.3 Inserir pontos

Para guardar pontos de sua localização, ou até mesmo inserir uma

coordenada que pretende visualizar no mapa, acione a tecla de utilizador e

selecione o botão “Guardar”, é possível fazer anotações a respeito do ponto

inserido e editar a coordenada (Figura 21). Outra maneira de inserir pontos é

diretamente sobre o mapa, apenas tocando na tela.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 21 – Demonstração de armazenamento de ponto do GPS.

2.4.4 Navegar para um destino

Para navegar a um destino selecione “Para onde?” (Figura 22), depois

selecionar uma categoria (pode ser o polígono de desmatamento), um destino e

“ir”. Nesse momento irá aparecer no mapa a sua rota desenhada com uma linha

magenta.

Figura 22 - Demonstração no GPS de como navegar para algum destino pré-determinado.

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Desmatamento em Campo

2.4.5 Inserir bases e descarregar o GPS

Existem inúmeras formas de transferir dados para o GPS, aqui

utilizaremos a versão gratuita do software GPS TrackMaker, que permite criar

mapas a partir de dados do receptor GPS. É possível enviar e receber waypoints,

trilhas e rotas, além de ter total integração com GoogleMaps, GoogleEarth.

No programa GPS TrackMarker ir em “Arquivo”, “Abrir Arquivo” e

buscar os vetores que precisa enviar para o receptor GPS, no exemplo abaixo

usaremos o arquivo de acesso e os polígonos de desmatamento.

Figura 23 - Arquivo de acesso e os polígonos de desmatamento.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Com o GPS conectado ao computador ir na aba “GPS” e “Interface

Garmin”.

Figura 24- Interface Garmin.

Espere o programa identificar o modelo do GPS. Depois clique no

botão “Enviar” e selecione “Tudo”, o procedimento estará concluído quando

aparecer a mensagem “Transferência finalizada”, então clique em “Sair”.

Figura 25- Interface Garmin.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Para descarregar as informações do GPS, utiliza-se o botão

“Capturar” e os dados serão carregados no programa.

O software DNRGarmin poderá ser utilizado como forma alternativa

de descarregamento de dados do GPS, a vantagem é que os dados podem ser

salvos em formato shapefile e com todas as informações de navegação na tabela

e atributo do arquivo vetorial (track e waypoint).

Para descarregar os dados utilizando o DRNGarmin é necessário

abrir o programa, conectar o GPS ao computador (cabo USB), esperar a

identificação automática do GPS.

Figura 26 - Software DNRGarmin.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Para descarregar os trajetos, ir na aba Track, Download, as

informações irão aparecer no programa.

Figura 27 - Software DNRGarmin.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Para salvar os dados, ir na aba File, Save To e File

Figura 28 – Acesso a aba de Download.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Indicar o lugar onde o arquivo será salvo, dar um nome e no Tipo

selecionar ArcView Shapefile (Unprojected) (*.shp).

Figura 29– Área que o arquivo será salvo.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

O programa pergunta a geometria do arquivo de saída, marque Line

e OK. Por fim, o programa informa que o arquivo foi salvo com sucesso. Fazer o

mesmo procedimento para salvar os waypoints.

Figura 30 – Área que o arquivo foi salvo.

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Desmatamento em Campo

3. SISTEMAS DE MONITORAMENTO (PRODES, DETER, SAD)

Os sistemas de monitoramento do desmatamento por satélite têm

sido um aliado importante dos órgãos ambientais, alguns sistemas são capazes

de fornecer informações com uma margem elevada de confiabilidade, no que se

refere à ocorrência da intervenção no meio ambiente e, até mesmo na

determinação da extensão da área impactada. Aqui iremos discorrer sobre os

sistemas PRODES, DETER e SAD, desenvolvidos para fazer o monitoramento

da Amazônia e que são utilizados pela SEMAS do Pará como fontes para a Lista

de Desmatamento Ilegal – LDI.

3.1 Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira

por Satélites – PRODES

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais tem divulgado desde

1988 as taxas anuais de desmatamento da Amazônia através do Projeto de

Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélites –

PRODES. Este projeto pioneiro no monitoramento do desmatamento por satélite

foi desenvolvido para realizar o mapeamento e o cálculo das taxas anuais de

desmatamento por corte raso com sensores de média resolução (TM/Landsat e

CCD/CBERS com 20 e 30 m, respectivamente) e demonstra ser de grande

importância para ações e planejamento de políticas públicas na Amazônia.

O PRODES detecta anualmente desmatamentos em corte raso

(Figura 31) superiores a 6,25 hectares. São utilizadas no mapeamento cerca de

230 imagens. De 1988 a 2002 eram divulgados apenas a taxa anual do

desmatamento e a extensão do desmatamento bruto, através do PRODES

Analógico. A partir de 2003 o PRODES Digital vem divulgando o banco de dados

digital com as imagens, mapas de desmatamento e estatísticas. A principal

vantagem do PRODES digital é o georreferenciamento dos polígonos do

desmatamento, de forma a produzir um banco de dados geográfico

multitemporal (Figura 32).

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Desmatamento em Campo

Figura 31 - Detecção do Desmatamento em corte raso por meio do sistema PRODES.

Figura 32 - Processo de desmatamento por corte raso, denominado corte e queima.

3.2 Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real – DETER

O DETER foi criado em 2004 através do Plano de Ação para

Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal – PPCDAM. Foi

uma demanda do governo federal ao INPE para dar apoio às ações de

fiscalização do desmatamento realizadas pelo IBAMA.

O DETER é um sistema que utiliza imagens MODIS (Moderate

Resolution Imaging Spectroradiometer) de alta resolução temporal (2 dias),

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Desmatamento em Campo

possibilitando detectar áreas em processo de desmatamento em tempo “quase”

real, e baixa resolução espacial (250 metros), o que permite a detecção de áreas

com desmatamentos superiores a 25 hectares. O conceito de desmatamento

detectado pelo DETER é mais abrangente do que do PRODES, pois além de

detectar o corte raso ele considera também a degradação florestal (Figura 33).

Figura 33 -Fotos do processo de degradação progressiva.

Fonte: INPE, 2008

No intuito de detectar os desmatamentos, em tempo hábil e em

extensão menores que 25 hectares, o INPE lançou em 2015 o DETER-B. Este

sistema identifica e mapeia em tempo quase real desmatamento e demais

alterações na cobertura florestal com área menor que 3 hectares. São utilizadas

imagens dos sensores WFI (CBERS-4) e AWiFS (IRS), com 60 e 56 metros de

resolução espacial, respectivamente.

O DETER-B faz a identificação do padrão de alteração da cobertura

florestal através da interpretação visual com base na cor, tonalidade, textura,

forma e contexto, e utiliza a técnica de Modelo Linear de Mistura Espectral,

conjuntamente com sua imagem multiespectral em composição colorida, e assim

mapeia desmatamentos, degradação e exploração madeireira.

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Desmatamento em Campo

3.3 Sistema de Alerta de Desmatamento – SAD

O SAD desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da

Amazônia – IMAZON começou a operar em 2006, abrangendo inicialmente os

estados do Mato Grosso e Pará. A partir de 2008 passou a cobrir toda extensão

da Amazônia. Assim como o DETER, o SAD utiliza as imagens MODIS, mas

devido aos métodos de processamento de imagem é capaz de detectar

desmatamento em corte raso e floresta degradada maiores que 10 hectares. A

partir dos dados do SAD, o IMAZON gera Boletins mensais com alertas de

desmatamento por municípios. Esses boletins são repassados pela SEMAS

juntamente com o RVD aos municípios, para que os mesmos realizem a

verificação do desmatamento em campo.

Quadro 5 - Sistemas de monitoramento de desmatamento da Amazônia.

SISTEMA INSTITUIÇÃO IMAGEM RESOLUÇÃO PERÍODO MAPEAMENTO ÁREA

MÍNIMA (HA)

PRODES INPE Landsat 30m Anual Corte raso 6,25

DETER INPE MODIS 250m Mensal Corte raso e degradação

25

DETER-B

INPE CBERS,

IRS 60 e 56m 5 dias

Corte raso, degradação e

manejo florestal 3

SAD IMAZON MODIS 250m Mensal Corte raso e degradação

10

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Desmatamento em Campo

4. NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA E SENSORIAMENTO REMOTO

4.1 Cartografia

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE

a cartografia é o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e

artísticas, que tem como base os resultados de observações diretas ou análise

de documentação já existente, visando a elaboração de mapas, cartas e outras

formas de expressão gráfica, ou representação de objetos, elementos,

fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos.

As feições geográficas são modeladas através das primitivas gráficas,

que são representadas em mapas para transmitir as informações dos elementos

geográficos:

Pontos: representação de uma localização discreta, com área e comprimento

desprezíveis.

Linhas: representam feições lineares.

Polígonos: representam feições fechadas, cujos limites incorporam uma

região homogênea.

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Desmatamento em Campo

Tipos de Representação:

Globo: é a representação cartográfica sobre uma superfície esférica,

em escala pequena e de caráter ilustrativo (Figura 34).

Figura 34 - Representação Cartográfica sobre uma Superfície esférica.

Mapa: é a representação gráfica plana, geralmente em escala

pequena, com área delimitada por acidentes naturais e político-administrativos,

destinam-se a fins temáticos, culturais ou ilustrativos (Figura 35).

Figura 35 - Representação gráfica plana em escala pequena.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Carta: é a representação gráfica plana, geralmente em escala média

ou grande, com aspectos artificiais e naturais de uma determinada área do

planeta, com desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática,

possibilitando a visualização de detalhes maior, considerando a escala adotada

( Figura 36 - 36).

Figura 36 - Representação gráfica plana em escala média ou grande.

Planta: representa um caso especifico de carta, onde a área é

bastante limitada, a escala é grande e apresenta maior detalhamento das

informações.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Escala: é a relação entre a medida de um objeto ou lugar representado

no papel e sua medida real no terreno, expressa por:

E = d / D

E = Escala

d = Distância no mapa

D = Distância no terreno

Assim, a escala 1:25.000 significa que: 1 cm na carta corresponde a

25.000 cm no terreno (250 m)

A representação da escala pode ser numérica ou gráfica. A escala

numérica é representada em forma de fração, onde temos o tamanho do objeto

no mapa (numerador) pelo seu tamanho real (denominador).

Ex: 1: 100.000 (redução); 10:1 (ampliação); 1:1 (normal)

A escala gráfica é representada por uma linha reta graduada no

sentido horizontal que contém divisões precisas entre seus pontos. Na mesma

são expressas as distâncias que existem na superfície real (Figura 37).

Figura 37 - Escala Gráfica.

Sistemas de coordenadas

Os sistemas de coordenadas expressam a posição de pontos sobre

uma superfície, seja ela um elipsoide, esfera ou um plano. Para o elipsoide ou

esfera é empregado o sistema de coordenadas cartesiano e curvilíneo (paralelos

e meridianos) e para o plano, sistema de coordenadas cartesiano x e y.

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Desmatamento em Campo

Sistema Geográfico

No sistema de coordenadas geográficas cada ponto na superfície

terrestre representa uma intercessão entre um meridiano e um paralelo. Os

meridianos definem as longitudes e os paralelos, as latitudes.

Meridianos: são círculos máximos que cortam a terra em duas partes

iguais de polo a polo, tendo como origem o meridiano de Greenwich.

Paralelos: são círculos que cruzam os meridianos

perpendicularmente. O equador é o maior círculo e ele divide a terra nos

hemisférios norte e sul (Figura 38).

Figura 38 - Demonstração dos Meridianos e Paralelos.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Latitude: é a posição angular no sentido norte-sul em relação ao

equador. Varia de 0° a -90° (S) e 0° a +90° (N).

Figura 39- Posição angular no sentido norte-sul em relação ao Equador.

Longitude: é a posição angular tomada no sentido leste-oeste em

relação ao meridiano de Greenwich. Varia de 0° a -180° (W) e 0° a +180° (E).

Figura 40 - Posição angular no sentido leste-oeste em relação ao meridiano de Greenwich.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Sistema UTM.

No sistema UTM a terra é projetada numa superfície plana. A terra é

dividida em 60 fusos de 6° de amplitude em longitude. Os fusos também são

chamados de zonas UTM que são classificadas da Zona 1 até 60, da esquerda

para a direita em relação a longitude 180°W (antimeridiano de Greenwich),

conforme demonstrado na Figura 41.

Figura 41 - Projeção das Zonas UTM.

O UTM é um sistema métrico, a simbologia é “E” para as coordenadas

leste-oeste e “N” para as norte-sul. A origem do sistema é o equador e o

meridiano central de cada fuso. No hemisfério sul o sistema possui valor

10.000.000 metros no equador decrescendo para o Sul. O valor é 500.000

metros no meridiano central de cada fuso, decrescendo para oeste e crescendo

para leste (Figura 42).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 42 - Sistema métrico UTM.

4.2 Índice de nomenclatura e articulação de folhas

A articulação de cartas ao milionésimo foi obtida por meio da divisão

do planeta em 60 fusos de amplitude de 6°, a partir da longitude 180°W, sentido

oeste-leste. Os fusos estão divididos em 21 zonas a partir da linha do equador

de 4° de amplitude. O Brasil contempla 46 folhas ao milionésimo e segue esta

convenção. Para isso, foi criado um índice de nomenclatura que é representado

por uma sucessão de letras e números que servem para identificar as cartas no

mapeamento sistemático (Figura 43).

Se tomarmos como exemplo a folha SA-22, localizada ao norte do

estado do Pará, temos que a mesma está:

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Desmatamento em Campo

Figura 43 - Articulação das folhas da carta do Brasil ao milionésimo e desdobramentos.

O índice de nomenclatura e articulação de folhas se aplica a

denominação de folhas e cartas do mapeamento sistemático na escala de

1:1.000.000 à 1: 25:000. Usaremos como exemplo a folha SA-22 (1: 1.000.000),

conforme a Figura 44.

S = está ao sul do equador A = está no primeiro intervalo (4° de amplitude) 22 = está no fuso 22

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Desmatamento em Campo

Figura 44 - Denominação de folhas e cartas do mapeamento sistemático na escala de 1:1.000.000 à 1: 25:000.

Quadro 6 – Exemplo do mapeamento sistemático a partir da folha SA-22.

Nº FOLHAS ESCALA NOMENCLATURA

1 1: 1.000.000 SA-22

4 1: 500.000 SA-22-Y

4 1: 250.000 SA-22-Y-B

6 1: 100.000 SA-22-Y-B-III

4 1: 50.000 SA-22-Y-B-III-2

4 1: 25.000 SA-22-Y-B-III-2-NE

O código de uma carta também pode ser determinado apenas com a

informação de um par de coordenada (Lat/Long), utilizando um programa

“MapSist.exe” disponível em: <https://docs.ufpr.br/~firk/pessoal/programas/.>. A

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 45 apresenta a demonstração do código de cartas onde está localizado o

aeroporto do município de Belém.

Figura 45 - Determinação da folha onde está localizado o aeroporto de Belém.

4.3 Sensoriamento Remoto

O sensoriamento remoto é o ramo do conhecimento que proporciona

a aquisição de informações sobre objetos e fenômenos a partir de medidas de

alterações que estes impõem sobre o campo de radiação eletromagnética

(REM).

Características das imagens:

Resolução espacial: é a capacidade do sensor de discriminar

objetos em função do seu tamanho, ou seja, o nível de detalhes que podemos

observar em uma determinada imagem (Figura 46 e Figura 47).

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Desmatamento em Campo

Figura 46 - Resolução espacial dos sensores.

Figura 47 - Imagens Spot (5m) e TM/Landsat 5 (30 m).

Resolução espectral: diz respeito ao comprimento de onda

detectado pelo sensor e a quantidade de faixas espectrais (número de bandas),

conforme demonstrado na Figura 48 e na Figura 49.

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Figura 48- Espectro eletromagnético (A), Resolução espectral (B).

Fonte: Jansen 2009.

Figura 49 - Imagem Landsat, Banda 1 (esquerda) e Banda 5 (direita).

Resolução Radiométrica: diz respeito aos níveis de cinza que

compõem uma imagem, esses níveis são expressos em dígitos binários (bits).

Assim, uma imagem com 1 bit terá dois níveis de cinza, enquanto uma imagem

com 8 bits terá 256 níveis (Figura 50 e Figura 51).

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Figura 50 - Resolução radiométrica (níveis de cinza).

Figura 51 - Diferença de radiação radiométrica em área urbana.

Fonte: Melo, 2002.

Resolução Temporal: refere-se à frequência de passagem de um

sensor em um mesmo local, num determinado intervalo de tempo. O que permite

observar as mudanças que ocorrem em determinada área (Figura 52).

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Desmatamento em Campo

Figura 52 - Evolução do desmatamento observada em imagem Landsat.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

5. USO DE SOFTWARE LIVRE PARA GEOPROCESSAMENTO

O geoprocessamento é uma ferramenta computacional que processa

dados georreferenciados, podendo ser útil na abordagem integrada, fundamental

no gerenciamento dos recursos naturais. Aqui serão abordados alguns

procedimentos básicos de geoprocessamento utilizando o QGis (software livre)

para geração de dados que auxiliarão nas atividades de monitoramento e

fiscalização ambiental.

Ao abrir o QGis iremos definir o sistema de referência e salvar o

projeto conforme ilustrado abaixo:

Figura 53 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 54 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis.

Iremos adicionar as camadas vetoriais de alerta de desmatamento

(SAD) e as bases de áreas protegidas, SICAR, estradas, localidades, limites

municipais e outras que poderão auxiliar na melhor caracterização possível da

área desmatada.

Figura 55 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 56 - Procedimento básico de geoprocessamento utilizando o QGis.

Para o procedimento de verificação do desmatamento iremos

adicionar imagem de satélite, isso permitirá a melhor visualização dos acessos

à área desmatada. Iremos utilizar as imagens de satélite do Google.

Em “Complementos”, “Gerenciar e Instalar Complementos” buscar e

instalar o “OpenLayers Plugin”.

Figura 57 - Gerenciamento e instalação de complementos.

Para visualizar a imagem é necessário estar com acesso à internet,

então ir em “Web”, “OpenLayers plugin”, “Google Maps” e “Google Satellite”.

Figura 58 - Método de visualização da imagem.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 59 - Visualização da imagem pelo software.

Agora selecione o alvo de interesse. Neste exemplo selecionaremos

polígonos de desmatamento que estão no município de Portel, mas pela análise

das imagens observamos que o acesso à essa área foi realizado pelo município

de Senador José Porfírio, isso mostra que para essas atividades de verificação

de desmatamento deve haver parceria entre os municípios, no sentido, de

planejar a melhor logística de acesso, e fortalecer a cooperação entre os agentes

locais para o combate ao desmatamento.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 60 - Localização da área de desmatamento.

Aproximando aos polígonos de desmatamento vamos observar os

detalhes de acesso a esses alvos. Com a ferramenta de seleção ativada

selecione todas as estradas de acesso aos alvos (em vermelho), nesse momento

as estradas selecionadas ficarão na cor amarela. Observe que foi feita a seleção

considerando um ponto conhecido, no exemplo, a sede no município de Senador

José Porfírio.

Figura 61 - Detalhes de Acesso ao alvo.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Agora vamos exportar os vetores selecionados para o formato

shapefile, clicando com o botão direito sobre a camada estrada e selecionando

a opção “Salvar como”.

Figura 62 - Exportar os vetores para shapefile.

Selecione o formato “Arquivo Shape ESRI”, busque a pasta onde o

arquivo será salvo e dê um nome a ele, selecione o sistema de referência do

projeto, e em Codificação marque a opção “Salvar somente feições

selecionadas” e “ok”.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 63 - Arquivo shape ESRI.

Faça esse procedimento para o arquivo de desmatamento do SAD, e

outras bases que julgar necessárias para localização em campo, lembrando que

esses arquivos serão enviados para o receptor GPS, através do “GPS

TrackMaker”, conforme descrito no tópico “Noções Básicas de Sistema de

Posicionamento Global”.

Agora imagine que você não possua uma base de estrada, ou a que

você possua esteja defasada. Você poderá criar o arquivo vetorial de acesso a

partir edição vetorial sobre a imagem, neste exemplo vamos continuar com a

base de imagens do Google, mas é possível fazer o mesmo procedimento sobre

qualquer imagem mais recente, sugere-se as imagens Landsat 8 (link de acesso

citado no tópico “Principais fontes de dados livres”)

Para criar uma camada vetorial vá em “Camada”, “Criar Camada” e

“Camada do tipo shape...”. Selecione o Tipo “Linha”, o sistema de referência do

projeto, “ok”, e salvar o arquivo.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 64 - Criar camada vetorial.

O arquivo criado aparecerá no painel de “Camadas”. Sobre este

arquivo clique com o botão direito e selecione a opção “Alternar edição”.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 65 - Painel de Camadas.

A partir das feições de estradas visualizadas na imagem, vá criando

o vetor de acesso aos desmatamentos acionando o botão “Adicionar feição” ,

para fechar uma feição use o botão direito e “ok”. Após vetorizar todos os

acessos salvar a edição da camada e desligar o modo de edição.

Figura 66 - Visualização da imagem.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

O QGis possui funcionalidades que permitem a sua interação com

receptores GPS. Vamos destacar a ferramenta “GarminCustomMaps” que

permite o Upload de mapas do QGis direto para a pasta “CustomMaps” do

Oregon 650.

Primeiro é necessário instalar o complemento “GarminCustomMaps”

em “Complementos”, “Gerenciar e Instalar Complementos...”. Em seguida,

buscar e instalar.

Figura 67 - GarminCustomMaps.

Faça o enquadramento da área que deseja visualizar no GPS e

selecione o botão “Create Garmin Custom Map from map canvas” . Com o

GPS conectado escolha a pasta “CustomMaps” no dispositivo e dê um nome ao

mapa e salve em formato kml.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

6. PRINCIPAIS FONTES DE DADOS LIVRES

SAD/IMAZON: a partir do link abaixo é mostrado os polígonos do SAD, ao

acionar as bases de áreas protegidas pode-se fazer uma análise rápida do

desmatamento ocorrido em determinada área. Na aba de Downloads é

possível obter os dados SAD em formato shapefile, os boletins de

desmatamentos e outras bases. Para obter os alertas por município é

necessário fazer o cadastro.

Link: http://www.imazongeo.org.br/imazongeo.php

Figura 68 - Site Imazon.

Fonte: http://www.imazongeo.org.br/imazongeo.php

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 69 - Site Imazon.

Fonte: http://www.imazongeo.org.br/imazongeo.php

Figura 70 - Site Imazon.

Fonte: http://www.imazongeo.org.br/imazongeo.php

PRODES/INPE: no link do PRODES é possível gerar estatísticas de

desmatamento por município, unidades de conservação, além de outras

estatísticas. Em “Acesso os dados PRODES (mapas e imagens)” é possível

fazer download do arquivo vetorial do PRODES e das imagens Landsat, que

deram origem aos polígonos de desmatamento, a partir de um cadastro

simples.

Link: http://www.obt.inpe.br/prodes/index.php

http://www.obt.inpe.br/prodesdigital/cadastro.php

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 71 - Site do PRADES.

Fonte: http://www.obt.inpe.br/prodes/index.php

Figura 72 - Site do PRADES.

Fonte: http://www.obt.inpe.br/prodes/index.php

DETER/INPE: no link do DETER também é possível gerar os gráficos e

tabelas, e baixar os vetores de desmatamentos e as imagens MODIS. Sendo

necessário o acesso pelo cadastro.

Link: http://www.obt.inpe.br/deter/

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 73 - Site do DETER.

Fonte: http://www.obt.inpe.br/deter/

Figura 74 - Site do DETER.

Fonte: http://www.obt.inpe.br/deter/

LDI/SEMAS: no link da Lista de Desmatamento Ilegal – LDI é possível

pesquisar as áreas embargadas a partir do número do CAR, ou as áreas que

não possuem sobreposição com nenhum CAR, na aba “Download” é possível

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

baixar os dados em formato shapefile as tabelas em xls, as cartas-imagem

das áreas embargadas e a legislação relativa à LDI.

Link: http://www.sema.pa.gov.br/ldi/

http://www.sema.pa.gov.br/ldi/pages/download.

Figura 75 - Site da SEMA/PA.

Fonte:http://www.sema.pa.gov.br/ldi/

Figura 76 - Site da SEMA/PA.

Fonte: http://www.sema.pa.gov.br/ldi/

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

SISCOM/IBAMA: o Sistema Compartilhado de Informações Ambientais

(SISCOM), gerenciado pelo IBAMA, fornece uma série de dados vetoriais e

raster, entre eles: catálogo de imagens do IBAMA, Embargos e Autos de

Infração.

LINK: http://siscom.ibama.gov.br/

Figura 77 - Site do IBAMA.

Fonte: http://siscom.ibama.gov.br/

Imagens Landsat/Ortorretificadas: na página Global Land Cover Facility é

possível baixar as imagens Landsat ortorretificadas, que apesar de não

possuir imagens recentes permite que o usuário obtenha imagens com boa

correção geográfica, podendo servir de base para georreferenciamento e

para análise multitemporal de determinada área.

Link: http://glcf.umd.edu/data/landsat/

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 78 - Site da Global Land Cover Facility.

Fonte: http://glcf.umd.edu/data/landsat/

Figura 79 - Site da Global Land Cover Facility.

Fonte: http://glcf.umd.edu/data/landsat/

Divisão de Geração de Imagens – DGI/INPE: a partir da página da DGI é

possível acessar o catálogo de imagens do INPE e baixar as imagens

CBERS, Landsat, ResourceSat e outras. É necessário fazer o cadastro para

ter acesso aos produtos.

Link: http://www.dgi.inpe.br/siteDgi/index_pt.php

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 80 - Site do INPE.

Fonte: http://www.dgi.inpe.br/siteDgi/index_pt.php

Figura 81 - Site do INPE.

Fonte: http://www.dgi.inpe.br/siteDgi/index_pt.php

Imagem Landsat 8 georreferenciada: na página “Earth Explore” é possível

baixar imagens de variados sensores, damos destaque paras as imagens

Landsat 8, que já possuem correção geográfica e possui uma banda

pancromática de 15 metros que permite aumentar a resolução espacial das

imagens Landsat a partir da fusão com esta banda.

Link: http://earthexplorer.usgs.gov/

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 82 - Site do Earthexplorer.

Fonte: http://earthexplorer.usgs.gov/

Figura 83 - Site do Earthexplorer.

Fonte: http://earthexplorer.usgs.gov/

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: na página do IBGE é

possível fazer download das bases oficiais, informações do território,

ambientais, modelos digitais de elevação, produtos cartográficos e outros.

Link: http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 84 - Site IBGE.

Fonte: http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm

Ministério do Meio Ambiente – MMA: na página do MMA é possível ter

acesso a uma variedade de dados cartográficos de várias fontes e imagens

de satélite.

Link: http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Figura 85 - Página do MMA.

Fonte: http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

MÓDULO 5

PLANEJAMENTO DE CAMPO

CONTEÚDO

1. PLANEJAMENTO PRÉ CAMPO ................................................................................................................... 188

2. RISCOS DE ACIDENTES E DIREÇÃO DEFENSIVA .................................................................................... 192

3. PROCEDIMENTOS DE ABORDAGEM EM CAMPO E ATITUDES EM SITUAÇÕES ADVERSAS ............. 202

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

1. PLANEJAMENTO DE CAMPO

O planejamento de campo se inicia com a organização das informações

que serão checadas durante a atividade. É preciso definir quais os polígonos de

desmatamentos estão em uma mesma região, para aproveitar a campanha de campo

e realizar o máximo de verificações possíveis. Considerar as informações que os

municípios possuem sobre as atividades desenvolvidas no local, existência de áreas

de conflito, condições de acesso, etc.

1.1 Recepcionamento das Informações

Os municípios recebem os boletins do SAD através de um comunicado via

e-mail da Secretaria de Estado Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS,

adicionalmente é enviado o relatório de verificação em campo – RVD, o manual de

preenchimento do RVD e, em casos onde ocorrer desmatamento em área que não é

da jurisdição do município, a SEMAS emite uma nota informando os procedimentos

que o município deve adotar. Há ainda, a informação sobre o prazo de 10 dias para

resposta do município com relação ao atendimento da verificação dos alertas.

O período de análise e produção dos dados do SAD é mensal. Porém a

frequência de emissão dos boletins é conforme a detecção do desmatamento pelo

IMAZON. No período chuvoso, devido a maior cobertura de nuvens em determinadas

áreas do estado, não é possível fazer a detecção do desmatamento

consequentemente não são emitidos os boletins para municípios que estão

sobrepostos a estas áreas.

O boletim vem em formato pdf, logo as informações referentes à posição

dos desmatamentos (coordenadas dos centroides) devem ser convertidas para o

formato shapefile e trabalhados conforme descrito no Módulo 4. É aconselhável que

os municípios organizem todos os dados de boletins SAD recebidos pela SEMAS em

uma planilha xls, para ter o maior controle das verificações que foram realizadas e as

que estão pendentes.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

O Boletim traz as seguintes informações:

Tabela com os dados socioeconômicos do município.

Gráfico com os números do desmatamento do SAD, para o último mês de detecção

nas categorias Assentamentos, Unidades de Conservação Estadual e Federal,

além das Terras Indígenas que fazem parte do município em questão.

Coordenadas do desmatamento do SAD.

Gráfico com a evolução do desmatamento no município para os sistemas SAD,

DETER e PRODES.

Gráfico com a evolução da Exploração Madeireira Legal e Ilegal.

Gráfico com a evolução das Queimadas no município.

1.2 Planejamento da atividade de campo

Após o recebimento do boletim de desmatamento e a organização dos

dados da localização dos alvos, é necessário fazer o planejamento da atividade de

campo, e o primeiro passo é fazer a avaliação prévia da área a ser visitada levando

em consideração as informações de localização e jurisdição, uso e ocupação, áreas

de entorno, acesso, parcerias, existência de conflitos, logística e materiais

necessários.

I - Qualificação do Infrator

A partir da informação de localização do desmatamento contida no boletim

de desmatamento, enviado pela SEMAS, o agente municipal fará o cruzamento com

a base mais atualizada do CAR, se houver sobreposição, será possível qualificar o

autor do desmatamento e permitirá também que se identifique em que parcela da

propriedade ocorreu o desmatamento, se em APP, ARL ou área de uso.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

II - Localização e jurisdição

Avaliar a região e as coordenadas da área a ser visitada no município,

podendo estar na zona urbana ou rural. Fazer uma delimitação prévia da área;

definindo à qual município pertence essa área fiscalizada.

III - Uso e ocupação

Deve-se buscar conhecer previamente quais atividades são realizadas na

área, se há construções (rurais ou urbanas), plantios, pastos, quaisquer atividades,

essas informações podem ser obtidas a partir de banco de dados do próprio, e/ou do

TerraClass, mapeamento oficial realizado pelo INPE.

IV - Áreas próximas (entorno)

Verificar se há comunidades indígenas, unidades de conservação,

comunidades quilombolas e outros, antes da ida a campo, para planejamento

adequado de abordagem, caso haja algum entrave com os moradores do entorno.

V- Acesso

Verificação se há acesso via rodovias na base oficial de estradas, se sim,

verificar a ocorrência de áreas alagadas (rios/lagos/lagoas) no caminho. Averiguar

previamente os possíveis entraves que podem obstruir o acesso à área, como pontes

e porteiras de fazendas.

Caso a base oficial de estradas não dê acesso à área desmatada, verificar

em imagem de satélite recente as feições de estradas, e fazer a sua digitalização até

o alvo (descrito no Módulo 4).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

VI - Parcerias

Buscar parcerias com entidades federais, com os órgãos do estado,

município, representantes do setor produtivo (sejam eles pequenos, médios ou

grandes produtores) e entidades não governamentais para facilitar os procedimentos

de verificação. Nesse item os participantes do curso devem enumerar as experiências,

positivas ou não, de parcerias efetivadas em busca do controle do desmatamento na

sua cidade. Devem enumerar as vantagens de comunicação e as dificuldades.

VII - Logística necessária

Organização de plano de viagem para a equipe de campo, contendo o

roteiro da operação, levantamento dos meios de transporte (Avião, carro, barco,

animais, etc); tempo gasto na visita (se houver necessidade de dormir próximo ao

local devido à falta de transporte/horário/segurança, dentre outros, há itens a serem

considerados como alimentação, água e hospedagem).

Fazer a checagem e/ou teste dos equipamentos a serem utilizados na

atividade (GPS, câmeras fotográficas, notebook, carregador veicular, pilhas,

prancheta, lápis, etc)

É importante atentar para os equipamentos de proteção pessoal como

botas e perneiras e um vestuário apropriado (calça confortável, camisa de mangas

compridas, chapéu, etc).

VIII - Existência de conflitos

A grande frequência de conflitos violentos associados à ocupação do

território por onde a fronteira agrícola avança sobre a floresta, devem ser previstos

como possibilidades no planejamento de verificação em campo.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

2. RISCOS DE ACIDENTES E DIREÇÃO DEFENSIVA

2.1 Riscos de acidentes

Os riscos de acidentes do trabalho podem ser reunidos em 4 grandes

grupos: físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. Alguns riscos que podem ser

associados às atividades de campo são apresentados na Figura 86.

Figura 86 - Principais riscos de acidentes de trabalho relacionados às atividades de campo.

2.2 Direção defensiva

Direção Defensiva é o conjunto de técnicas e procedimentos utilizados,

pelo motorista, com o objetivo de prevenir ou minimizar os acidentes de trânsito e suas

consequências. Direção defensiva é dirigir de modo a evitar acidentes, apesar das

ações incorretas dos outros e das condições adversas que encontramos nas vias de

trânsito.

Físicos - temperatura, colisões

• Motores, galhos, buracos, moto-serras, trabalhos ao ar livre; quedas, acidente automobilistico.

Biológicos - Animais peçonhetos e venenosos

• Serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas, entre outros

Ergonômicos e segurança

• Lesão por Esforço Repetitivo, equipamentos e infraestrutura incopatível com biotipo, estresse, riscos de segurança, conflitos com proprietários

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

2.2.1 Tipos de direção defensiva

a) PREVENTIVA: é a técnica onde o motorista, procura prever possíveis situações

de risco encontradas no trânsito, de maneira que fique sempre preparado para

reagir diante de tais circunstâncias e evitar surpresas.

b) CORRETIVA: é a técnica onde o motorista não é capaz de prever a situação

de risco, e precisa usar de muita habilidade para evitar o acidente.

2.2.2 Principais causas de acidente

Pesquisas realizadas pelo DENATRAN (2005) apontam que a maioria dos

acidentes tem como causa problemas com o condutor (64%), problemas mecânicos

(30%) e problemas com a via (6%). Dentre esses problemas com o condutor, as

atitudes que causam acidentes são: NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA e IMPERÍCIA.

2.2.3 Condições adversas

São todos aqueles fatores que podem prejudicar o seu real desempenho

no ato de conduzir, tornando maior a possibilidade de um acidente de trânsito. Dentre

as várias condições adversas, as mais comuns são:

a) LUZ

A intensidade da luz natural ou artificial pode afetar a capacidade do

motorista de ver e de ser visto. O excesso de claridade pode provocar ofuscamentos

e a falta de luz ocasiona penumbra, podendo provocar condições favoráveis a um

acidente. A visão é mais prejudicada em dois momentos, ao amanhecer ou no pôr do

sol, quando os raios solares estão muito inclinados e a luz do sol incide diretamente

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

nos olhos, causando ofuscamento. Também podem acontecer outras formas de

ofuscamento, sendo:

Ao farol alto de um veículo vindo em sentido contrário;

Ao reflexo da luz solar em espelhos ou para-brisas;

À passagem de um trecho muito iluminado para um trecho escuro, ou vice-versa,

como acontece nas entradas ou saídas de túneis.

Em dias de chuva, o ofuscamento causado por faróis altos é ainda maior, já que

os pingos de água no para-brisa ampliam a luminosidade.

Muita atenção também com as queimadas à beira das estradas, porque

podem gerar muita fumaça e, em consequência, impedir a visão dos condutores.

Assim sendo, em condições adversas, siga as seguintes orientações:

Em vias iluminadas, use farol baixo;

À noite, ao perceber veículo em sentido contrário, seja o primeiro a baixar o farol;

Nas rodovias, use sempre faróis acesos em luz baixa independente da hora do dia,

assim você pode ser visto mais facilmente. Cabe ressaltar que esta medida

preventiva tornou-se Lei nº 13.290/16, em vigor a partir de 08 de julho de 2016.

Quando a luz solar incidir diretamente nos seus olhos, proteja-os utilizando

a pala interna de proteção ou óculos protetores a fim de evitar o ofuscamento.

b) TEMPO/CLIMA

Estas condições adversas estão ligadas às condições atmosféricas: frio,

calor, vento, chuva, granizo, cerração e neblina. Todos esses fenômenos reduzem a

capacidade visual do motorista, tornando mais difícil a visualização de outros veículos.

Tais condições podem tornar-se tão extremas que o impossibilitam de ver a margem

de estradas ou as faixas divisórias. Assim, devem-se tomar medidas de segurança

tais como reduzir a marcha, acender as luzes baixas e, se o tempo estiver ruim, parar

em um lugar seguro e esperar que as condições melhorem.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

c) AQUAPLANAGEM OU HIDROPLANAGEM

É a falta de aderência dos pneus à via. Ocorre em função da formação de

uma “camada” de água entre a pista e o pneu do veículo, levando o condutor à perda

do controle do automóvel. Os principais fatores que contribuem para ocorrência desse

fenômeno são:

Via plana e molhada (permite a formação do espelho d’água);

Alta velocidade;

Pneus em mau estado de conservação, com ausência de sulcos.

O que deve ser feito quando o veículo aquaplanar:

Desacelerar suavemente;

Segurar firme o volante;

Manter o veículo em linha reta, o mais possível;

Evitar freada brusca e movimento da direção.

A possibilidade do veículo mais leve aquaplanar é maior que dos veículos

mais pesados. Portanto, procure evitar trilhos com água, e controlar sua estabilidade

através da velocidade, que deverá ser menor nos pisos molhados.

d) RODOVIA / ESTRADA

Antes de iniciar um percurso curto ou longo, o motorista defensivo deve

procurar informações sobre as condições das vias que vai percorrer para planejar

melhor seu itinerário, assim como o tempo que vai precisar para chegar ao destino

desejado. O condutor deve ajustar-se às condições da via, reconhecendo o seu

estado de conservação, largura, acostamento, quantidade de veículos, para poder se

preparar melhor para aquilo que vai enfrentar e tomar os cuidados indispensáveis à

segurança e ao uso de equipamentos que auxiliem no percurso.

São muitas as condições adversas das vias de trânsito e listamos algumas

para que você tenha ideia dos problemas que irá enfrentar:

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Curvas acentuadas, desvios inesperados, tipos de pavimento, acostamento

deficiente, sinalização insuficiente, trechos escorregadios;

Buracos e obras na pista, saliências, lombadas e depressões;

Desmoronamentos, quedas de barreiras, excesso de vegetação.

De acordo com cada situação, o condutor deve, como medida preventiva,

controlar a velocidade e redobrar a atenção, evitando ser surpreendido e sofrer

qualquer acidente.

e) VEÍCULO

A condição em que se encontra o veículo é outro fator muito importante a

ser considerado para evitar acidentes. Antes de assumir a direção, todo motorista

defensivo deve cuidar da manutenção do seu veículo e verificar se o mesmo encontra-

se em condições de circulação.

Os defeitos mais comuns que podem causar acidentes são:

Pneus gastos;

Freios desregulados;

Lâmpadas queimadas;

Limpadores de para-brisas com defeito;

Falta de buzina;

Espelho retrovisor deficiente;

Amortecedores vencidos;

Folga na direção;

Suspensão empenada.

Manutenção é o cuidado técnico indispensável ao funcionamento regular e

permanente de um veículo/equipamento. Mantenha em dia a manutenção de seu

veículo, a manutenção preventiva sai mais barato que a manutenção corretiva.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

f) MOTORISTA

Finalmente, é preciso considerar o estado em que o motorista se encontra,

isto é, se ele está fisicamente e mentalmente em condições de dirigir um veículo. A

seguir algumas condições físicas e psíquicas que podem interferir na condução de um

veículo:

Fadiga, sono e visão ou audição deficiente.

Estado alcoólico - O álcool etílico é considerado uma substância psicoativa (droga)

e, como tal, é a de maior consumo no Brasil. A bebida alcoólica é responsável por

75% dos acidentes automobilísticos com vítimas fatais.

A maneira de conduzir o veículo é também uma das causas de acidentes

no trânsito.

Algumas medidas devem ser tomadas na condução de um veículo:

Dirigir sempre com as duas mãos segurando o volante firmemente.

Parar no acostamento e sinalizar.

Não se curve para apanhar objetos dentro do veículo em movimento.

Não fale ao telefone enquanto dirige.

Evitar manobras bruscas.

g) COMPORTAMENTO SEGURO NO TRANSITO

Para você saber se está a uma distância segura dos outros veículos, vai

depender do tempo (sol ou chuva), da velocidade, das condições da via, dos pneus e

do freio do carro, da visibilidade e da sua capacidade de reagir rapidamente.

Porém, para manter uma distância segura entre os veículos, você pode

utilizar a "Regra dos dois segundos". O procedimento é o seguinte:

1. Observe a estrada à sua frente e escolha um ponto fixo de referência (à

margem) como uma árvore, placa, poste, casa, etc.

2. Quando o veículo que está à sua frente passar por este ponto, comece

a contar pausadamente: mil e um, mil e dois. (mais ou menos dois segundos).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3. Se o seu veículo passar pelo ponto de referência antes de terminar a

contagem de dois segundos (mil e um e mil e dois), você deve diminuir a velocidade

para aumentar a distância e ficar em segurança. Se passar pelo ponto após a

contagem sua distância é segura.

Este procedimento ajuda você a manter-se longe o suficiente dos outros

veículos em trânsito, possibilitando fazer manobras de emergência ou paradas

bruscas necessárias, sem o perigo de uma colisão com o veículo da frente.

h) CINTO DE SEGURANÇA

É um dispositivo que garante a sua segurança em caso de acidentes, além

de fazer parte dos equipamentos obrigatórios.

Seu uso nas vias urbanas e rurais é exigido a todos os ocupantes do

veículo.

i) PONTOS CEGOS DO VEÍCULO

As seis colunas de sustentação do teto do veículo encobrem a visão do

motorista, quando ele vai realizar algumas manobras, diminuindo seus campos de

visão, por exemplo, uma mudança de faixa na via.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

3. PROCEDIMENTOS DE ABORDAGEM EM CAMPO E ATITUDES EM

SITUAÇÕES ADVERSAS

Para uma abordagem segura é importante primeiramente identificar-se

para a pessoa presente no local a ser fiscalizado, e solicitar permissão para encontrar-

se com o responsável. Em seguida explicar-lhe a situação que o fez chegar até o local,

o intuito da visita e solicitar a colaboração de todos os membros presentes na

localidade.

Com a autorização do responsável, seguir para o local de análise e

executar os procedimentos de verificação sobre a ocorrência. No caso de não

autorização do responsável, solicitar apoio da autoridade local para uma verificação

segura da ocorrência. Se possível, fazer anotações de nomes e responsáveis, utilizar-

se de equipamentos de gravação de áudio e vídeo para constar em relatórios de visita

e para possíveis análises de procedimento futuros. No caso de observar a presença

de pessoas armadas, abstenha-se em registrar com vídeos ou fotos, priorizando sua

segurança, e retorne em busca de força policial.

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Desmatamento em Campo

MÓDULO 6

AULA PRÁTICA EM CAMPO

CONTEÚDO

1. AULA PRÁTICA EM CAMPO ......................................................................................................................... 202

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Desmatamento em Campo

1. AULA PRÁTICA EM CAMPO

Considerando o trabalho realizado pelos municípios, acerca das atividades

que contemplam o Relatório de Verificação do Desmatamento (RVD), através das

verificações dos boletins de alertas, a pratica de campo é a etapa mais importante,

pois ela, se realizada corretamente, permitirá a confirmação ou não do desmatamento.

Caso se confirme, este desmatamento irá compor a Lista de Desmatamento Ilegal

(LDI), e esta área sofrerá as sanções legais.

Tendo como base as instruções de segurança e de procedimentos técnicos

já descritos nos módulos anteriores, a aula prática em campo será no início do dia,

considerando as condições do tempo.

Como toda a preparação para atividade de campo foi realizada previamente

(no escritório), é necessário checar os equipamentos que serão utilizados, e rever

procedimentos que serão adotados:

Check list dos materias (descrito no Modulo 5 desta apostila);

Checar os alvos no GPS e ligar a função de trajeto (track);

Dirigir até o alvo;

Chegar ao centroide do desmatamento com o auxílio do GPS;

Salvar a coordenada do centroide;

Fazer o registro fotográfico da coordenada do centroide (tela dos satélites, bússola

ou mapa de navegação);

Fazer o registro fotográfico da área desmatada em vários ângulos;

Tomar anotações acerca do que for observado, como uso do solo, vegetação,

equipamentos encontrados, etc; se possível coletar informações sobre o

responsável pela área;

Caso a área seja de jurisdição do município, o agente ambiental local

poderá lavrar o auto de infração, fazer o embargo da atividade ou área, apreensão de

equipamentos utilizados para o crime ambiental, e outros procedimentos necessários.

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Desmatamento em Campo

MÓDULO 7

ANÁLISE DE DADOS

CONTEÚDO

1. ANÁLISE DE DADOS .................................................................................................................................... 204

2. PREENCHIMENTO DO RELATÓRIO DE VERIFICAÇÃO DO DESMATAMENTO - RVD ............................ 205

3. ENQUADRAMENTOS PARA OS CRIMES DE DESMATAMENTO ILEGAL ................................................. 206

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Desmatamento em Campo

1. ANÁLISE DE DADOS

Após a verificação do desmatamento em campo, serão realizadas as

análises dos dados vetoriais, fotográficos e anotações feitas em campo, para o

preenchimento do relatório de verificação de desmatamento.

1.1 Análises dos dados coletados em campo

Os dados do tracks e waypoints coletados em campo serão inseridos no

Software de geoprocessamento para a confecção do mapa de validação de campo, o

que comprova que o agente visitou a área desmatada. Esse mapa pode ser feito no

QGis, TrackMaker ou GoogleEarth.

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Desmatamento em Campo

2. PREENCHIMENTO DO RELATÓRIO DE VERIFICAÇÃO DO DESMATAMENTO

- RVD

Após a aula de campo, os alunos terão orientação de como preencher o

relatório de verificação do desmatamento a fim de completar a atividade de verificação

com êxito. No entanto, a SEMAS envia junto com o boletim de desmatamento o

manual de preenchimento do RVD, conforme o anexo 3.

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Desmatamento em Campo

3. ENQUADRAMENTOS PARA OS CRIMES DE DESMATAMENTO ILEGAL

O enquadramento legal para os crimes ambientais de desmatamento sem

autorização de órgão ambiental competente, adotado pala Secretaria de Estado do

Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), no âmbito da LDI, servirão de base para

a aplicação nas ações de fiscalização municipal, ademais, considerando as

normativas locais.

No art. 70 da Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal 9.605/1998), é

considerada infração administrativa ambiental a ação ou omissão que viole as regras

jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

É competência dos funcionários de órgão ambientais integrantes do

SISNAMA, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo (§ 1º,

art. 70, Lei Federal 9.605/1998).

A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é

obrigada a promover a apuração imediata, mediante processo administrativo próprio,

sob pena de co-responsabilidade (§ 3º, art. 70, Lei Federal 9.605/1998).

Outra orientação legal utilizada como referência para as ações de

fiscalização diz respeito ao art. 255 da CF, ele declara que:

Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

No âmbito da Política Estadual do Meio Ambiente (Lei Estadual

5.887/1995), o inciso VI, art.118, considera infração administrativa desobedecer ou

inobservar normas legais ou regulamentares, padrões e parâmetros federais ou

estaduais, relacionados com o controle do meio ambiente.

O Decreto Federal 6.514/2008 que dispõe as infrações e sanções

administrativas ao meio ambiente estabelece o processo administrativo federal, a

Subseção II, especifica as infrações contra a flora:

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Desmatamento em Campo

Desmatamento em Área de Preservação Permanente-APP, art. 43:

Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural ou utilizá-las com infringência das normas de proteção em área considerada de preservação permanente, sem autorização do órgão ambiental competente, ou em desacordo com a obtida. Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por hectare ou fração.

Desmatamento em Área de Reserva Legal-ARL, art. 51:

Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, em área de reserva legal ou servidão florestal, de domínio público ou privado, sem autorização prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo com a concedida. Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.

Desmatamento em Área de Uso Alternativo do Solo, art. 53:

Explorar ou danificar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou

de espécies nativas plantadas, localizada fora da área de reserva legal

averbada, de domínio público ou privado, sem aprovação prévia do órgão

ambiental competente ou em desacordo com a concedida. Multa de R$

300,00 (trezentos reais) por hectare ou fração, ou por unidade, estéreo,

quilo, mdc ou metro cúbico.

Desmatamento em Área da Propriedade Rural, art. 50:

Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou

de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação, sem

autorização ou licença da autoridade ambiental competente. Multa de R$

5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.

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Desmatamento em Campo

A Instrução Normativa 07/2014, no que trata da fiscalização, vem disciplinar

os procedimentos e critérios para autuação e embargo, decorrentes das infrações

relativas ao desmatamento ilegal. Na seção 1, das ações de fiscalização em campo,

o art. 4º preceitua:

Durante as ações de fiscalização em campo, as áreas desmatadas ou queimadas irregularmente serão autuadas e embargadas, devendo o agente fiscalizador colher todas as provas possíveis de autoria e materialidade do ato, apoiando-se em documentos, fotos e dados de localização (incluindo as coordenadas geográficas da área embargada), que deverão constar no auto de infração a ser lavrado e no termo de embargo.

O parágrafo único do referido artigo declara que, serão embargadas

quaisquer obras ou atividades localizadas ou desenvolvidas em áreas desmatadas ou

queimadas irregularmente, exceto as atividades de subsistência, realizadas na

pequena propriedade ou posse rural familiar, devendo o agente fiscalizador colher as

evidencias necessárias.

O procedimento de autuação disposto no art.137 da Política Estadual de

Meio Ambiente, diz que, o auto de infração será lavrado na sede do órgão ambiental,

ou no local em que for verificada a infração, pelo servidor competente que constatou

o crime ambiental.

O auto deve conter: (i) a qualificação do autuado; (ii) o local, data e hora da

lavratura;(iii) a descrição detalhada do fato, e a menção precisa dos dispositivos legais

ou regulamentares transgredidos, para que o autuado possa exercer o amplo direito

de defesa; (iv) a penalidade que está sujeito o infrator e o respectivo preceito legal,

que autoriza a sua imposição, tudo registrado com clareza e precisão, para fins de

ampla defesa; (v) a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função, e o

número da matricula; (vi) prazo de defesa; e (vii) a assinatura de testemunhas que

assistiram aos fatos narrados no auto.

Na condição do agente ambiental municipal não realizar a autuação, deverá

adotar os procedimentos relativos à verificação do desmatamento em campo, e

encaminhar o relatório de verificação do desmatamento à Diretoria de Ordenamento,

Educação, e Descentralização da Gestão Ambiental (DIORED) da SEMAS, para

posterior publicação na Lista de Desmatamento Ilegal (LDI).

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

PARÁ. Lei nº 7.389 01 de abril de 2010.

PARÁ. Lei nº 7.596 de 29 de dezembro de 2011.

PARÁ. Lei nº 7.629 de 11 de maio de 2012.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 - Descrição de cada subcategoria das UCs;

Anexo 2 - Taxas de desmatamento anual na Amazônia;

Anexo 3 - Manual de Preenchimento do RVD.

Anexo 4 – Modelo de relatório de Fiscalização.

Anexo 5 – Modelo de Auto de infração.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

ANEXO 1

DESCRIÇÃO DE CADA SUBCATEGORIA DAS UCS

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Subcategorias das Unidades de Conservação Lei 9.985/2000 (SNUC)

Unidades de Proteção Integral

Estação Ecológica

Tem como objetivo a preservação da

natureza e a realização de pesquisas

científicas. É de posse e domínio

públicos.

Reserva Biológica

Tem como objetivo a proteção integral da

biota e demais tributos naturais

existentes em seus limites, sem

interferência humana direta ou

modificações ambientais, excetuando-se

as medidas de recuperação de seus

ecossistemas alterados e as ações de

manejo necessárias para recuperar e

preservar o equilíbrio natural, a

diversidade biológica e os processos

ecológicos naturais. É de posse e

domínio públicos.

Parque Nacional

Tem como objetivo básico a preservação

de ecossistemas naturais de grande

relevância ecológica e beleza cênica,

possibilitando a realização de pesquisas

científicas e o desenvolvimento de

atividades de educação e interpretação

ambiental, de recreação em contato com

a natureza e de turismo ecológico. É de

posse e domínio públicos.

Monumento Natural

Tem como objetivo básico preservar

sítios naturais raros, singulares ou de

grande beleza cênica. Pode ser

constituído por áreas particulares.

Refúgio da Vida Silvestre

Tem como objetivo proteger ambientes

naturais onde se asseguram condições

para a existência ou reprodução de

espécies ou comunidades da flora local e

da fauna residente ou migratória.

Unidades de Uso Sustentável

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Área de Proteção Ambiental (APA)

Área extensa, com certo grau de

ocupação humana, dotada de atributos

abióticos, bióticos, estéticos ou culturais

especialmente importantes para a

qualidade de vida e o bem-estar das

populações humanas, e tem como

objetivos básicos proteger a diversidade

biológica, disciplinar o processo de

ocupação e assegurar a sustentabilidade

do uso dos recursos naturais. É

constituída por terras públicas ou

privadas.

Área de Relevante Interesse Ecológico

(ARIE)

É uma área em geral de pequena

extensão, com pouca ou nenhuma

ocupação humana, com características

naturais extraordinárias ou que abriga

exemplares raros da biota regional, e tem

como objetivo manter os ecossistemas

naturais de importância regional ou local

e regular o uso admissível dessas áreas,

de modo a compatibilizá-lo com os

objetivos de conservação da natureza. É

constituída por terras públicas ou

privadas.

Floresta Nacional (FLONA)

É uma área com cobertura florestal de

espécies predominantemente nativas e

tem como objetivo básico o uso múltiplo

sustentável dos recursos florestais e a

pesquisa científica, com ênfase em

métodos para exploração sustentável de

florestas nativas. É de posse e domínio

públicos.

Reserva Extrativista (RESEX)

É uma área utilizada por populações

extrativistas tradicionais, cuja

subsistência baseia-se no extrativismo e,

complementarmente, na agricultura de

subsistência e na criação de animais de

pequeno porte, e tem como objetivos

básicos proteger os meios de vida e a

cultura dessas populações, e assegurar o

uso sustentável dos recursos naturais da

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

unidade. É de domínio público com seu

uso concedido às populações

extrativistas tradicionais.

Reserva de Fauna

É uma área natural com populações

animais de espécies nativas, terrestres

ou aquáticas, residentes ou migratórias,

adequadas para estudos técnico-

científicos sobre manejo econômico

sustentável de recursos faunísticos. É de

posse e domínio públicos.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

É uma área natural que abriga

populações tradicionais, cuja existência

baseia-se em sistemas sustentáveis de

exploração dos recursos naturais,

desenvolvidos ao longo de gerações e

adaptados às condições ecológicas locais

e que desempenham um papel

fundamental na proteção da natureza e

na manutenção da diversidade biológica.

É de domínio público.

Reserva Particular do Patrimônio Natural

(RPPN)

É uma área privada, gravada com

perpetuidade, com o objetivo de

conservar a diversidade biológica.

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

ANEXO 2

TAXAS DE DESMATAMENTO ANUAL NA AMAZÔNIA

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

Taxa de Desmatamento Anual dos Estados da Amazônia Legal em km²/ano. Fonte: PRODES

Ano\Estados Acre Amazonas Amapá Maranhão Mato Grosso Pará Rondônia Roraima Tocantins Amazônia Legal

1988 (a) 620 1510 60 2450 5140 6990 2340 290 1650 21050

1989 540 1180 130 1420 5960 5750 1430 630 730 17770

1990 550 520 250 1100 4020 4890 1670 150 580 13730

1991 380 980 410 670 2840 3780 1110 420 440 11030

1992 400 799 36 1135 4674 3787 2265 281 409 13786

1993 (b) 482 370 - 372 6220 4284 2595 240 333 14896

1994 (b) 482 370 - 372 6220 4284 2595 240 333 14896

1995 1208 2114 9 1745 10391 7845 4730 220 797 29059

1996 433 1023 - 1061 6543 6135 2432 214 320 18161

1997 358 589 18 409 5271 4139 1986 184 273 13227

1998 536 670 30 1012 6466 5829 2041 223 576 17383

1999 441 720 - 1230 6963 5111 2358 220 216 17259

2000 547 612 - 1065 6369 6671 2465 253 244 18226

2001 419 634 7 958 7703 5237 2673 345 189 18165

2002 883 885 0 1085 7892 7510 3099 84 212 21651

2003 1078 1558 25 993 10405 7145 3597 439 156 25396

2004 (d) 728 1232 46 755 11814 8870 3858 311 158 27772

2005 592 775 33 922 7145 5899 3244 133 271 19014

2006 398 788 30 674 4333 5659 2049 231 124 14286

2007 184 610 39 631 2678 5526 1611 309 63 11651

2008 254 604 100 1271 3258 5607 1136 574 107 12911

2009 167 405 70 828 1049 4281 482 121 61 7464

2010 259 595 53 712 871 3770 435 256 49 7000

2011 280 502 66 396 1120 3008 865 141 40 6418

2012 305 523 27 269 757 1741 773 124 52 4571

2013 221 583 23 403 1139 2346 932 170 74 5891

2014 309 500 31 257 1075 1887 684 219 50 5012

2015 (c) 279 769 13 217 1508 1881 963 148 53 5831

Acumulado 1988-2015 13333 22420 1506 24412 139824 139862 56418 7170 8560 413506

(a) Média entre 1977 e 1988 (b) Media entre 1993 e 1994 (c) Taxa Estimada (d) Início PPCDAm

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Capacitação em Verificação de

Desmatamento em Campo

ANEXO 3

MANUAL DE PREENCHIMENTO DO RELATÓRIO DE VERIFICAÇÃO

DE CAMPO

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Desmatamento em Campo

ANEXO 4

MODELOS DE RELATÓRIOS TÉCNICOS DE FISCALIZAÇÃO

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Desmatamento em Campo

ANEXO 5

MODELO DE AUTO DE INFRAÇÃO

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