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1. História

Desde a antiguidade que o ser humano mos-tra grande fascínio e curiosidade por tudo o que o rodeia, especialmente pelo que é des-conhecido e difícil de explicar. Antigamente o homem imaginava animais gigantes quando descobria ossos, conchas ou outros vestígios de seres vivos nunca antes encontrados. Des-ta forma surgiam mitos e lendas que se pro-longaram durante muito tempo. Estes factos não passavam de tentativas que o homem encontrava para explicar aquilo que não tinha conhecimento.

SabiaS que...O grifo (Figura 1) foi um dos muitos animais mitológicos baseado em animais pré histó-ricos? O grifo é um ser vivo com um corpo de leão, cabeça e asas de águia. Foi prova-velmente baseado no esqueleto de um Pro-toceratops. Este dinossauro tinha aproxima-damente o tamanho do grifo (Figura 2).

Estes mitos apareceram em todas as culturas ao longo da história da humanidade, dando lugar a crenças muitas vezes incríveis para os dias de hoje. No entanto, temos que ter em conta que es-tas histórias eram tão verdadeiras quanto te-orias científicas de hoje em dia. Deste modo devem ser respeitadas como parte integrante das culturas e religiões das épocas em ques-tão. Poderia alguém da época não acreditar e neste caso essas pessoas eram dadas como loucas, podendo mesmo ser julgadas.

A curiosidade de observar, compreender e conhecer faz parte do ser humano, estudar os fósseis de animais “imaginários” não foi ex-ceção. O que podia ser feito era fruto de téc-nicas e conhecimentos que existiam, sendo que muitas coisas não podiam ser explicadas, pois os recursos eram limitados. Com a evolu-ção da ciência, o homem conseguiu explicar muitos dos fenómenos “inexplicáveis”.

Vamos agora conhecer alguns dos relatos que mostram a vontade do homem em ex-plicar o aparecimento de vestígios de seres vivos, em rochas:

antiguidade:Na Grécia antiga, há referência a descobertas de conchas de moluscos e plantas que prova-velmente viveram muito tempo antes.

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Figura 1. Comparação entre grifo e Protoceratops.

Figura 2. Modelo de protoceratops.

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Nesta época existiam duas grandes escolas para explicar estas descobertas: a escola Pi-tagórica (Pitágoras) que identificou os vestí-gios como seres vivos do passado; e a escola Platónica (Platão, em conjunto com alguns discípulos de Aristóteles) que identificou os vestígios como sendo formas caprichosas da natureza (“jogos da natureza”). Platão dizia que estas se assemelhavam a seres vivos mas no fundo não eram.

Na verdade, ambos estavam corretos pois ha-viam as duas hipóteses. No entanto, a hipóte-se da corrente Pitagórica era a mais coerente pois na maioria dos casos, estes vestígios são realmente vestígios de seres vivos.

SabiaS que...Existem estruturas nas rochas formadas por cristais que têm a forma de ramos? Embora não tenham origem biológica, chamam-se dentrites e são muito fre-quentemente confundidas com fósseis de plantas (Figuras 3 e 4).

idade Média e Renascimento: A ideia proposta pela escola Platónica durou por toda a Idade Média e parte do século XVIII. Vamos agora conhecer algumas correntes que surgiram na idade média e Renascentista:

- No século XVI um cientista chamado Kon-rad Von Gesner publicou um dos primeiros tratados com ilustrações sobre este tema. Neste, fazia uma separação em dois grupos: um com os supostos restos orgânicos que es-tavam nas rochas e outro com gemas e mine-rais. Apesar disto, Konrad Von Gesner seguia e apoiava abertamente as ideias de Platão e Aristóteles.

- No século XVII houve uma importante mu-dança de pensamento face aos restos desco-bertos. Colonna foi um dos pioneiros neste novo modo de pensar, bem como Nicolaus Steno. Este novo pensamento seguia a cor-rente Pitagórica. Uma das explicações dadas para os restos orgânicos era a teoria do dilúvio universal, ditada na Bíblia.

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Figura 3. Dendrite, facilmente confundida com fóssil de alga.

Figura 4. Dendrite, facilmente confundida com fósseis de plantas.

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- No século XVIII as ideias catastróficas e “di-luvistas” terminaram. Buffón abriu caminho ao criticar o dilúvio universal e separou a his-tória da humanidade e a história da vida na Terra. Cuvier demonstrou que haviam provas convincentes a favor das extinções, ainda que para ele tivessem sempre sido fruto de fenómenos catastróficos. O primeiro a defen-der as teorias de evolução foi Lamark.

- Charles Darwin, a partir do século XIX, com a sua teoria da selecção natural (teorias evo-lucionistas ) revolucionou o estudo dos seres vivos.

Tempos modernos: Desde meados do século passado até à atu-alidade que o estudo de seres extintos uniu a genética à geologia. Teorias agora aceites como a Tectónica de Placas (explica como se movem os continentes) e novas técnicas de estudo (microscópios eletrónicos, raios-X e meios informáticos) ajudaram em muito nes-ta unificação.

SabiaS que...Existe uma disciplina que estuda e trata de encontrar animais desconhecidos com base em mitos?Esta disciplina chama-se “Criptozoologia” e não se baseia em dados científicos. Embora seja realmente interessante o esforço por ex-plicar lendas que gozam de muita populari-dade não existe qualquer base de ciência. Al-guns exemplos são “O monstro do lago Ness” na Escócia (Figura 5), o “Big Foot” nos EUA e o “Chupacabra” no México (Figura 6).

2. Dinossauros na ficção

Desde que foram encontrados e identificados os primeiros ossos fossilizados de dinossauros, foram criadas inúmeras histórias com estes animais como protagonistas. Muitos ficaram na cabeça das pessoas criando autênticos íco-nes que perduram ao longo dos anos.

Como curiosidade descrevemos alguns dos mais famosos filmes e séries de dinossauros dos últimos tempos:

Figura 5. Fotografia do suposto monstro do lago Ness, a Nessie. Mito ou realidade?

Figura 6. Ilustração de Sasquatch.

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Parque JurássicoEste filme, baseado na novela com o mesmo nome, é a mais emblemática obra cinemato-gráfica sobre dinossauros (Figura 7). Foram realizados três filmes mas o segundo e o ter-ceiro não obtiveram o mesmo sucesso que o primeiro. O filme decorre num parque de atrações si-tuado numa ilha. Foram criados dinossauros a partir de ADN presente no sangue extraído de mosquitos presos em âmbar. Um problema na segurança das instalações faz com que os protagonistas humanos tenham de fugir para salvar as suas vidas.

O Mundo PerdidoÉ também um filme baseado numa novela de Arthur Conan Doyle, criador da saga de Sher-lock Holmes. Relata a história de um planalto situado nas selvas brasileiras onde os dinos-sauros conseguiram sobreviver (Figura 8). Um grupo de investigadores científicos des-locaram-se até ao local para que pudessem observar o que se passava no planalto, mas vêem-se surpreendidos por dinossauros e ou-tros animais pré-históricos. Conseguem salvar as suas vidas para contar a

Dinossauros na ficção

Figura 7. Filme, Parque Jurássico.

toda a comunidade científica mundial o que se está a passar no Brasil.

em busca do Vale encantadoÉ um filme de desenhos animados em que os protagonistas são dinossauros que falam (Fi-gura 9). O filme conta a história de um grupo de pequenos dinossauros, de diferentes espé-cies. Estes procuram o legendário Gran Valle enquanto enfrentam uma série de aventuras e aprendem importantes lições de vida.

Figura 9. Filme, Em Busca do Vale Encantado.

Figura 8. Filme, O Mundo Perdido.

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3. Dinossauros

a) Vestígios e Características

Como são animais que se extinguiram há aproximadamente 65 milhões de anos, a úni-ca forma de conhecer algo sobre eles é me-diante a procura e estudo dos seus fósseis. Foram descobertos fósseis de todo o tipo: ossos, marcas, tecido orgânico, penas, excre-mentos e, inclusive, pedras que alguns herbí-voros ingeriam para ajudar à digestão.

A primeira espécie de dinossauro, foi bapti-zada por Gideon Mantell (Figura 21) em 1822 e tratava-se de um Iguanodon (Figura 22). Os seus ossos pareciam-se em parte com os das atuais iguanas (Figura 23), embora hoje se saiba que a distribuição do seu esqueleto seja diferente do que se pensava. Esta é uma constante da paleontologia: novas técnicas permitem novas descobertas e teorias que se sobrepõem às teorias anteriores.

Do grego antigo “lagarto terrível” estes gran-des répteis foram chamados de Dinossauros. A partir desta altura os paleontólogos Char-les Marsh e Edward Drinker Cope (Figura 24) disputaram constantemente a descoberta de novos fósseis. Marsh indicou publicamente que Cope tinha reconstruído mal um Elasmo-saurus, ao colocar a cabeça na cauda. Marsh acabou por descobrir 80 espécies de dinos-sauros, contra 56 de Cope.

SabiaS que...Os métodos utilizados por Marsh e Cope deixam horrorizados os paleontólogos atuais? Entre outras técnicas, Marsh e Cope usavam dinamite para desenterrar os os-sos, destruíndo muitos fósseis valiosos.

Figura 12. Iguana.

Figura 10. Homenagem a Gideon Mantell.

Figura 11. Modelo de Iguanodon.

Figura 13. Marsh e Cope.

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7Dinossauros

Os dinossauros caracterizavam-se por serem ovíparos (nascem por ovos), por terem as pa-tas por baixo do corpo (e não de lado, como os atuais répteis) e por terem pele dura e com escamas. O tamanho variava desde gigantes saurópodes a pequenos dinossauros com ta-manho de galinhas. Podiam ser herbívoros, carnívoros ou necrófagos (comiam carne em decomposição).

O ecossistema a que pertenciam os dinossau-ros é muito variado devido ao facto de terem vivido durante muitos anos antes de se extin-guirem. A Terra, tal como o clima alterou-se bastante, uma vez que os continentes esta-vam todos juntos num continente gigante chamado Pangeia, que posteriormente se fragmentou.

b) Locais de maior concentração de fósseis no Mundo

PortugalLourinhã: Ao redor desta localidade do Oeste de Portugal encontra-se uma formação geológica que pos-sui uma grande quantidade de fósseis no seu interior (Figura 32). Os dinossauros encontra-dos pertencem à época Jurássica e são incrivel-mente parecidos aos encontrados em algumas partes dos Estados Unidos e da Tanzânia.

Guimarota: Perto da localidade de Leiria no centro de Portugal, encontra-se uma mina abandonada de Carbono que contém uma grande quan-tidade de fósseis da época Jurássica (Figura 26). Neste local já foram encontrados fósseis de dinossauros, outros animais e uma grande diversidade de plantas. Atualmente é muito complicado praticar a atividade paleontológica, uma vez que a mina se encontra alagada e o custo para dre-nar a água e recuperar o resto dos fósseis é muito elevado.

europaAs Hoyas (Espanha): Encontra-se situada perto da localidade de Cuenca, no centro de Espanha. Esta formação geológica crê-se pertencer à época Cretácea, em que a grande parte da Europa era forma-da por um conjunto de ilhas dentro de um grande mar chamado Tetis. Esta localização é importante por se ter encontrado restos das primeiras aves e uma grande quantidade de dinossauros, como o Iguanodon.

Costa Jurássica (Reino Unido): Situa-se no sul de Inglaterra, na zona do Ca-nal da Mancha e foi declarada Património Natural da Humanidade pela Unesco (Figura 27). Foram descobertos fósseis de dinossauFigura 14. Zona de Lourinhã.

Figura 15. Mina de Guimarota.

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ros mas sobretudo uma grande quantidade de fósseis marinhos.

O Calcário de Sonhofen (Alemanha): Encontra-se em Baviera, no sul da Alemanha. Nestas pedreiras foi descoberto um dos mais antigos e bem conservados fósseis de aves, para além de cerca de 600 espécies de dinos-sauros conservados em argila.

ÁsiaFormação de Yixian (China): Apenas se começou a estudar esta formação geológica nos anos 90, onde os recentes e abundantes descobrimentos revolucionaram a visão que se tinha dos dinossauros. A gran-de maioria dos fósseis descobertos pertence ao período Cretácico.

Montanhas de fogo (Mongólia): Região no Deserto de Gobi, na Mongólia, onde foram feitas importantes descober-tas de fósseis do dinossauro Velociraptor. As montanhas (Figura 28) são bastante famosas por ter sido o primeiro local onde foram des-cobertos ovos de dinossauro fossilizados.

austrália e ÍndiaDistrito de Dhar (Índia): Situa-se a cerca de 150 km da cidade de In-doore, na Índia. Foi recentemente descoberta uma grande quantidade de ovos de dinos-sauro Saurópodos pertencentes ao período Cretácico. Dado que são de diferentes anos, pensa-se que era um local habitual onde os dinossauros punham os ovos ao longo de vá-rias gerações.

Dinosaur Cove (Austrália): Situa-se no sudeste da Austrália, perto de Vic-toria. Há muitos fósseis de animais e plantas pertencentes ao Cretácico, conservados em rochas de areia e argila (Figura 29) que se formaram quando a Austrália se separou da Antártida.

Figura 16. Costa Jurássica.

Figura 18. Zona de Dinosaur Cove.

Figura 17. Acantilados Llameantes.

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ÁfricaFormação de Elrhaz (Níger): Formação geológica que contém rochas e fósseis do período Cretácico. Foram encon-trados muitos dinossauros (alguns bastante raros) de Iguanodon e de um “supercrocodilo” (Sarcosuchus imperator).

Formação de Elliot (África do Sul): As rochas desta formação pertencem ao pe-ríodo Triásico e contêm algumas das espécies mais antigas até agora encontradas de dinos-sauros.

américa do NorteDinossaur Provincial Park (Parque dos Dinos-sauros): Declarado como Património da Humanida-de pela Unesco. Situa-se perto de Alberta no Canadá e é especialmente rica em fósseis de dinossauros bem conservados, em peixes, tartarugas e crocodilos.

Ghost Ranch (Rancho Fantasma): Situa-se no Novo México nos Estados Unidos. Recebeu este nome pelo magnífico estado de conservação dos fósseis: os dinossauros parecem fantasmas deitados nas rochas. Este facto faz com que seja possível imaginar fa-cilmente como era a vida no período Triási-co. Acredita-se que a causa de existência de tantos fósseis nesta pequena área, foi uma morte em massa devido a um longo período de seca. O seu bom estado de conservação deve-se a uma enorme inundação repentina que os enterrou em areia e argila.

américa do Sul Formação de Candeleros (Argentina): Situa-se no centro oeste da Argentina, no Rio Limay. Existe uma grande quantidade de fós-seis de dinossauros de todos os tamanhos, e inúmeras espécies de seres vivos tais como, peixes, répteis e anfíbios.

Formação de Santa Maria: Encontra-se no Rio Grande do Sul, no Brasil. Consiste numa formação geológica com fós-seis muito antigos, onde se podem encontrar alguns dos primeiros dinossauros e outros répteis.

antártida Existem várias formações conhecidas na Antártida, no entanto, o clima extremo faz com que seja muito complicado realizar es-cavações. Bons exemplos de formações geo -lógicas na Antártida são as de Santa Marta e Monte Kirkpatrick. Os dinossauros aqui en-contrados partilham muitas características com os descobertos na Oceania.

SabiaS que...Podemos conhecer a idade que tinha o dinossauro quando morreu? Contando os anéis de crescimento dos ossos, através de um processo parecido ao utilizado para o tronco das árvores.

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