manual do médico -...
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SINDICATO DOS MÉDICOS DE MINAS GERAIS
MANUAL DO
MÉDICO
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Apresentação
O Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais se orgulha de ter sido
parceiro da Associação Médica de Minas Gerais na criação, em 1991, da Comissão
Estadual do Médico. A CEM foi uma dessas iniciativas de classe que já surgiu plena de
êxito, tais a objetividade e a clareza de sua finalidade: apoiar o médico, sob a ótica
jurídica e de imprensa, em casos de denúncias de erro médico.
Este Manual se baseia na experiência conquistada pelos profissionais
integrantes da Comissão Estadual do Médico, ao longo de sua trajetória na defesa dos
médicos, visando o contínuo aperfeiçoamento do exercício da Medicina. Trata-se de um
apanhado de questionamentos legais com respostas elaboradas pelas assessorias jurídica
e de imprensa da Comissão. São dúvidas trazidas, cotidianamente, pelos médicos, à
CEM, no decorrer dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão e que certamente
refletem as inquietações da categoria médica, neste momento.
O Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais resolveu reeditar a
Cartilha produzida, originalmente, em 1994, pela AMMG e pelo Sinmed-MG, sob a
forma de um Manual do Médico, incrementando o material disponibilizado,
inicialmente, pela CEM, na busca pelo contínuo aperfeiçoamento da informação. O
Sinmed-MG aposta na grande contribuição deste Manual para o médico, em sua prática
profissional.
Para ser atendido pela Comissão Estadual do Médico, é necessário que o
médico esteja quite com a Contribuição Social e Contribuição Sindical (ou Imposto
Sindical), por parte do Sinmed-MG, e com a Anuidade da AMMG.
1º Semestre (de fevereiro a julho): na AMMG, todas as 3as feiras, a partir de
18 horas. Agendar previamente com a secretária da presidência da AMMG, no telefone
3273-5788.
2º Semestre (de agosto a dezembro): no Sinmed-MG, todas as 3as feiras, a
partir de 18 horas. Agendar previamente com a secretária do departamento jurídico do
Sinmed-MG, no telefone 3241-2811.
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A Comissão Estadual do Médico
A Comissão Estadual do Médico é uma parceria da Associação Médica e do
Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais, desde 1991, que objetiva prestar
assessoria jurídica e de imprensa aos médicos mineiros nos casos de acusação injusta e
precipitada de erro médico.
A criação da Comissão Estadual do Médico - primeira iniciativa do gênero no
país - foi uma resposta da categoria às freqüentes acusações de erro médico que,
indiscriminadamente, atingiam bons e maus profissionais, antes de uma detalhada e
necessária averiguação dos fatos.
Além de ser formada por membros do Sinmed-MG e da AMMG, a Comissão
conta com o trabalho especializado de advogados e de uma assessora de imprensa. Esses
profissionais, juntamente com os médicos da Comissão, prestam à categoria médica no
Estado uma assistência individual e coletiva, diante do fato consumado, ou de forma
preventiva, com realização de palestras e seminários que reflitam sobre a relação
médico-paciente.
De sua criação até hoje, a Comissão já atendeu mais de 400 casos, obtendo
sucesso em mais de 90% deles.
Atualmente, para ser atendido pela Comissão, o médico deve estar quite com a
AMMG e com o Sinmed-MG. O médico que não esteja nesta situação pode ser atendido
mediante o pagamento de uma taxa de carência. Uma vez apto para usufruir dos
serviços da Comissão, o médico não arca com mais nenhuma despesa. Os custos do
processo, no caso de denúncia de erro médico, ficam por conta da Comissão.
Desde sua criação, a Comissão vinha atuando somente na cidade de Belo
Horizonte, apesar de prestar assistência aos médicos do interior, através de consultas, e
realizar palestras em várias cidades. A partir de 1998, atendendo à crescente demanda
de vários médicos de municípios da Grande BH, as diretorias da AMMG e Sinmed-MG
resolveram ampliar a área de atuação da Comissão Estadual do Médico, estendendo-a
aos médicos de Contagem, Betim, Brumadinho, Caeté, Nova Lima, Pedro Leopoldo,
Ribeirão das Neves, Ibirité, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano.
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Veja tabela das especialidades que mais demandam o atendimento da CDEM.
Tipo de Processo Outubro de 1991 a Outubro de 2004 Total
Cível 355 Consulta 216 Criminal 166 Inquérito Policial 146
Total: 883
Nº Médicos Atendidos outubro de 1991 a outubro de 2004 875
Número de Atendimentos por Especialidade Médica
Outubro de 1991 a Outubro de 2004
Anestesia 33 Angiologia 8 Cardilogia Pediátrica 3 Cardiologia 15 Cirurgia Cardiovascular 4 Cirurgia de cabeça e pescoço 4 Cirurgia Geral 93 Cirurgia Pediatrica 13 Cirurgia Plástica 35 Clinica Reumatologica 1 Clínico 67 Dermatologia 7 Eletro Fisiologia 1 Endocrinologia 3 Endocrinologia Digestiva 3 Epidemiologista 5 Fisiatria 4 Gastroenterologia 8 Geriatria 1 Ginecologia/Obstetricia 209 Histopatologia 2 Infectologista 1 Intensivista 3 Legista 1 Mastologia 1 Medicina da Familia 1 Medicina do Trabalho 3 Medicina Interna 13 Nefrologista 4 Neurocirurgião 10 Neurologia 11 Nutrição 1 Oftalmologia 35 Ortopedista 47 Ortopedista - cirurgia da mão 2 Otorrinolaringologia 10 Patologista 5 Pediatra 70 Pneumologia 2 Proctologia 2 Psiquiatria 17 Radiologia 9 Sem especialidade declarada 13 Urologia 19 Total: 799
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A Lugar da Medicina
A Medicina como arte é certamente uma das atividades mais antigas do mundo
e os antepassados do médico foram os feiticeiros, os xamãs e os sacerdotes dos templos.
A ciência médica, como tal, existe há duzentos anos, resultado do fenomenal
crescimento e progresso das ciências naturais, especialmente a Física, a Química e a
Biologia, que transformaram os médicos em praticantes da ciência aplicada.
Na condição de profissionais a serviço da ciência, os médicos, ao longo desses
dois últimos séculos, experimentaram grandes revoluções advindas dos avanços da
Medicina, por um lado, e das limitações dessa mesma Medicina, por outro. A tecnologia
e suas possibilidades fascinam a sociedade, mas os pacientes continuam buscando em
seus médicos algo além do saber científico. Daí poder-se concluir que a Medicina é uma
mistura dinâmica de arte, habilidade no trato humano e ciência. Conjugar essas três
habilidades não é algo fácil e exige sabedoria.
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A Ética Médica
A humanidade se sustenta no conflito, o qual, por sua vez, resulta da
intolerância à diferença ou mesmo da incapacidade de convivência com a liberdade.
Resolver o conflito, buscando uma saída pacífica e harmônica, nem sempre é possível.
Às vezes, a solução está em preservar as diferenças para que as identidades sejam
mantidas mediante o exercício da tolerância e da liberdade.
A interpretação moral particular, canônica, concreta, essencial, da prática
médica tem se mostrado insuficiente para resolver a natureza trágica da Medicina, que
se vê constantemente enfrentando decisões alternativas e perdas irrecuperáveis de bens.
Cada vez mais é necessário trazer à luz dos fatos uma abordagem nova e revisada dos
princípios éticos fundamentais balizadores da conduta do profissional médico.
A moralidade secular, descompromissada com a particularidade, fracassa. Sem apoiar
uma visão essencialmente particular, o grande desafio da bioética, hoje, é ser ampla e
consistente sem cair no niilismo ou fugir do assunto.
O Código de Ética Médica não deve servir ao médico apenas em seus
momentos críticos. Conhecer o que dispõe o seu Código de Ética é obrigação de todo
profissional responsável e precavida, principalmente nos dias atuais, em que o paciente
está mais informado, participativo, e, portanto, mais exigente.
O Conselho Federal de Medicina e os respectivos Conselhos Regionais são os
órgãos de referência para tratar das questões que envolvem a ética médica. Consulte o
seu Conselho sempre que tiver dúvidas sobre como melhor encaminhar uma conduta
profissional.
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A Relação Médico-Paciente: O "X" da Questão
O paciente é a finalidade do médico. Pelo paciente, a profissão do médico se
justifica e visando o paciente a Medicina avança, se atualiza, se recicla. Portanto,
abordar o paciente significa falar do fundamento da prática médica. É ir ao princípio e
ao fim de tudo, é falar do "X" da questão.
Em tese, o entrosamento harmônico, respeitoso, humanitário e ético mantido
entre o médico e o seu paciente seria suficiente para aplacar quaisquer problemas
advindos desse relacionamento, o qual, atualmente, é alvo de cada vez mais transtornos
para ambos os lados.
Os motivos pelos quais a relação médico-paciente se acha em crise possuem
explicações diversas e profundas - o que extrapola os objetivos deste Manual - mas, em
resumo, pode-se afirmar que é o profissional médico o responsável pelo sucesso ou
fracasso desse relacionamento. Pois é ele a autoridade de saúde.
Assim, antes de culpar o mercado, a globalização, o governo federal, a política
internacional e nacional de saúde, o Sistema Único de Saúde, os convênios e seguros de
saúde, a indústria farmacêutica - que certamente influenciam e até ditam a postura do
médico frente o paciente -, é necessário que o médico enxergue o paciente à sua frente e
trate-o como um advogado que está ali não para julgar, mas para ajudar a diminuir o
sofrimento daquele que o procura.
Porque, se o paciente é quem pode levar o médico a ter o seu diploma cassado,
um dia, por acusação de erro ou negligência médica, é o paciente também que, todo dia,
oferece ao médico a oportunidade de ele se humanizar. É o paciente que, ao longo de
sua profissão, lhe trará reconhecimento, lhe proporcionará sucesso. Portanto, doutor,
veja o seu paciente sempre como um eixo capaz de lhe resgatar a dignidade
cotidianamente ameaçada e violentada nessa atrapalhada ordem mundial.
A seguir, expomos algumas orientações sugeridas pelo cardiologista mineiro
Cid Veloso sobre como o médico deve direcionar sua abordagem profissional com o
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paciente, a fim de minimizar os conflitos e, ao mesmo tempo, dotar de confiança essa
relação.
� Não dê plantão à distância. Se não houver alternativa, por exemplo, quando o
médico é o único da cidade, atenda às urgências pessoalmente e não pelo
telefone.
� Não deixe a triagem ser feita por porteiro do hospital ou por outro profissional
não médico. Faça pessoalmente a avaliação do caso.
� Se estiver em serviço de triagem, não faça a avaliação pelo telefone ou
simplesmente conversando com a mãe da criança ou um acompanhante.
Examine o caso, mesmo que sumariamente.
� Não receite por telefone para paciente que não conhece e não examinou
recentemente.
� Nunca deixe de fazer prontuário médico. Se estiver trabalhando em serviço de
urgência com grande movimento, faça pelo menos uma ficha sucinta, com os
dados mais importantes do caso. Registre no prontuário também dados não
técnicos que podem ser importantes para a avaliação de um caso. Como
exemplos, a recusa do paciente em tomar algum medicamento ou se submeter a
algum procedimento, a interferência de familiares no tratamento e dieta,
problemas operacionais do hospital que interferiram no tratamento, problemas
ligados ao sistema de saúde etc..
� Não deixe descoberta a passagem de plantão. Este é um horário muito
vulnerável, que tem provocado muitos problemas de omissão de socorro.
� Não misture sua atividade como funcionário público no posto ou hospital com
sua atividade privada. Se o paciente confundir essas categorias, explique
minuciosamente o assunto.
� Faça encaminhamento a outro hospital ou a outro médico, especialmente em
situação de urgência, por escrito e com detalhes (inclusive com endereço correto
do local). Explique calma e minuciosamente ao paciente porque ele está sendo
encaminhado e porque ele não poderia ser tratado naquele local.
� Se o seu horário de trabalho no posto é de quatro horas, não fique menos tempo
no local. Sua ausência pode significar omissão de socorro em caso grave. Além
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disso, para o médico reclamar e ter garantido os seus direitos, precisa estar
respaldado por uma atitude profissional correta.
� Não dê atestados sem examinar o paciente ou, no caso de óbito, sem constatar
pessoalmente a morte. Não dê atestados falsos.
� Esclareça ao paciente sobre os problemas do sistema de saúde, quando a causa
do seu mau atendimento foi claramente devido às deficiências do serviço.
� Fique atento aos casos de traumatismo na cabeça atendidos em pronto-socorro,
quando o paciente chega lúcido e andando ao hospital. Os sintomas de gravidade
podem ser tardios.
� Fique atento a casos de febre de origem não bem definida, especialmente em
crianças. Podem ter evolução fatal rápida.
� Não trate seu paciente com ironia, desprezo ou displicência. Você pode não ter
cometido um erro médico, mas ele, mesmo assim, revoltado, pode inventar ou
forçar uma situação que o leve à denúncia.
� Não revele segredos ouvidos em consultório médico ou hospital. Oriente-se pelo
Código de Ética Médica. Esta revelação pode custar-lhe um processo.
� Lembre-se: quem define urgência de um caso é o paciente que está passando mal
e não o médico. O caso pode não ser urgente sob o ponto de vista médico, mas o
paciente pode estar em pânico e abrir um processo por omissão de socorro, se
não for atendido.
� Converse mais com o paciente, explique a evolução e as principais complicações
de sua doença e de sua cirurgia e ressalte as possibilidades de evolução
imprevisível.
� Implante em seu consultório e/ou hospital o termo de responsabilidade mais
explicativo possível, que o paciente deve assinar, autorizando o tratamento. O
termo de responsabilidade isoladamente não protege o médico quando houver
erro médico real, mas ajuda em sua defesa, quando a complicação é previsível
ou inevitável.
� Não minta para o paciente, nem utilize termos técnicos para que ele não entenda
o que está sendo explicado. Ser transparente e verdadeiro auxilia enormemente a
relação com o paciente, com a Justiça e com a imprensa. A mentira sempre
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transparece, de uma maneira ou de outra, e cria desconfiança por parte do
paciente. Mesmo em caso de doenças graves fatais (câncer, AIDS etc.), fale a
verdade, sendo válido utilizar imagens e palavras mais amenas para diminuir o
impacto da realidade, sempre dando um fio de esperança para o paciente, ou
criando expectativa de um resto de vida de melhor qualidade.
"Erro médico" em plantão
É grande a incidência de acusações de "erro médico" com os profissionais de
plantão em hospitais ou casas de saúde. Afinal, o plantão se traduz por tremenda
sobrecarga de trabalho.
Com uma média de 50 a 70 atendimentos individuais por plantão, a relação do
médico com o paciente fica prejudicada e o profissional torna-se mais vulnerável a
falhas. De um lado, pacientes em filas quilométricas, de outro, o médico sem
condições de atender à demanda e sujeito a acusações de negligência médica.
A Comissão sugere aos colegas, portanto, que anotem todo o seu atendimento
em prontuário, incluindo conduta adequada, prováveis encaminhamentos e
justificativas dos mesmos. Os médicos precisam urgentemente se proteger de
acusações levianas. Vale lembrar também que não se deve praticar o plantão à
distância (em casa). Diante de tais precauções - e a Comissão tem experiência disso -,
nada poderá ser feito contra o médico idôneo.
José Alvarenga Caldeira
Diretor do Sinmed-MG
Coordenador da Comissão Estadual do Médico
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O Médico e a Imprensa
O médico e o universo da saúde, no Brasil, são sempre alvos de interesse da
imprensa. Não poderia ser diferente num país com tamanha desigualdade social, onde a
saúde para todos é um direito especificado na Constituição brasileira, mas que funciona
de forma muito diferente na vida real.
Os profissionais médicos, por sua vez, situados na ponta do sistema de saúde
nacional, deficiente e desigual, acabam ficando na mira da curiosidade social e,
portanto, referencial preferido da imprensa. Afinal, na estrutura de assistência à saúde,
no Brasil, o médico é a autoridade máxima quando o assunto é o paciente e tudo o que o
rodeia.
Antes de mais nada, é necessário que o médico, em sua relação com a
imprensa, nunca se coloque no lugar de vítima ou de presa predileta da mídia. Nada
disso. O médico deve se investir da autoridade que de fato possui na hierarquia de
atendimento de saúde e estar sempre à altura da responsabilidade que lhe é atribuída. A
partir dessa concepção, o médico está apto para lidar com a imprensa.
Você pode ser tímido, arredio ao contato com as pessoas, mas, como médico,
você tem uma função social e, portanto, pode ter que prestar contas à sociedade de seus
atos, em algum momento de sua profissão. Não encare a imprensa como uma inimiga
sua, mas como uma aliada no esclarecimento da verdade. Existem maus profissionais na
imprensa? Sim, assim como em qualquer outra atividade. Essa, entretanto, não é a regra.
A missão do repórter é informar e, às vezes, o objeto de interesse da imprensa
não coincide com o do entrevistado. Embora, durante a entrevista, o entrevistado
habilidoso possa redirecionar o interesse do entrevistador, é sempre válido ter em mente
que tentar menosprezar o papel da imprensa ou assumir uma postura de arrogância
frente ao trabalho dos profissionais da mídia é o pior que pode acontecer com um
entrevistado. O médico, na qualidade de autoridade de saúde que é, não deve trilhar esse
caminho.
Uma acusação de erro médico é, normalmente, uma notícia para a imprensa.
Diante do quadro de deficiência que caracteriza, já há vários anos, o sistema de saúde
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do País, um acidente num hospital, uma acusação de omissão de atendimento ou erro
médico têm repercussão e interesse jornalístico. O que sensibiliza e move a imprensa é a
notícia. É natural, então, que nestas situações, um hospital, uma clínica ou um
profissional sejam procurados por repórteres em busca da sua matéria-prima, que é a
informação.
Por isso, é importante que você, médico, esteja preparado para, numa
eventualidade, atender a imprensa. Para orientá-lo, você tem a seguir algumas dicas que
lhe poderão ser úteis em casos de entrevista ou comunicação com a mídia. Essas dicas
foram pontuadas pela jornalista Beatriz Alvarenga, da Comissão Estadual do Médico,
com base na sua experiência de trabalho na Comissão.
Atenda a Imprensa
Atender a imprensa, incondicionalmente, é sempre um desafio para o médico,
mas é a melhor alternativa. Querer driblar o curso natural da informação pode ser inútil
e conotar para a sociedade omissão de fatos. Quando apenas uma versão é divulgada,
ela se torna verdadeira e ganha força. É o velho ditado popular: "quem cala, consente".
O médico presta serviço à comunidade e dela não pode se desligar, até porque
outras versões para os fatos estarão sendo colhidas pelos repórteres, junto a diversas
fontes. Deixar de atender é perder oportunidade de se posicionar. Se você não diz o que
é, outros dirão o que não é. Aí, sim, reverter o que já foi dito é uma tarefa ingrata,
desgastante e pouco aconselhável.
Seja ágil para atender a Imprensa
O tempo é importante para os veículos de comunicação e para os repórteres
que, diariamente, têm várias pautas de matérias a cumprir. Portanto, deixar a imprensa
para depois pode significar um menosprezo pelo trabalho dos profissionais da mídia e
equivale a perder a chance de dar a sua contribuição, como médico, para a clareza e a
objetividade da notícia. Uma vez tendo segurança sobre o que vai dizer, o melhor é falar
o quanto antes.
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Fale para o leitor, ouvinte e/ou telespectador entender
Tanto quanto o jornalista, o leitor é um leigo em assuntos de Medicina e possui
conhecimentos apenas genéricos. Por isso, as informações técnicas, durante a entrevista,
devem ser didáticas e pacientemente explicadas. Por outro lado, evite, em suas
declarações, lembrar que o leitor é leigo. Todos sabem disso. Não se prenda à
linguagem médica. Esforce-se por ser claro e seja objetivo. Centre sua fala no
atendimento prestado ao paciente. Este deve ser o personagem principal da história.
Valorize-o.
Mantenha a calma e estabeleça o ritmo da entrevista
O repórter trabalha com a informação e perguntar é, para ele, tão obrigatório e
necessário quanto para um médico atender o seu paciente. Dê atenção a todas as
perguntas e estabeleça um ritmo coloquial à entrevista, conversando com o repórter.
Não existem perguntas impertinentes. Em situações de emergência, em que o assédio de
repórteres for intenso, manter a calma torna-se mais importante. Não se irrite com
questionamentos. Procure enxergar a imprensa como um seu aliado no esclarecimento
da verdade e não como um estorvo.
Fale a verdade
Ao conceder uma entrevista, você não deve omitir quaisquer dados, pois,
mesmo que os repórteres não possam conferir os fatos naquele momento, a verdade
acabará aparecendo. Portanto, dê sempre todas as informações de que você dispuser. A
construção de uma notícia envolve, normalmente, as diversas versões sobre o fato. Com
propriedade e conhecimento, o seu ponto de vista pode prevalecer.
Nunca diga "nada a declarar"
Lembre-se: você não é obrigado a saber tudo o que lhe perguntam. Se você não
tiver certeza de uma resposta ou lhe faltar informação suficiente para fornecer uma
declaração mais precisa para o repórter, diga-lhe simplesmente que não sabe. Se não
puder ser específico porque algum aspecto precisa ser analisado, explique porque não
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pode responder. A sinceridade e a simplicidade são sempre fatores fundamentais para
você conquistar a confiança e a simpatia do seu entrevistador.
Quando solicitado a opinar sobre atendimentos prestados por colegas médicos,
evite manifestar qualquer parecer. Pode ser deselegante, antipático e antiético. Fale
sobre a sua conduta no caso específico. É aquela velha história: que cada um fale de si.
Evite declarações em "off"
A informação em "off", que é dada ao jornalista sob condição de que não seja
publicada ou atribuída nominalmente à fonte, é uma prática que funciona bem, há
muitos anos, na imprensa norte-americana ou européia. No Brasil, não está
institucionalizada. Assim, só declare o que puder assumir. Reverter uma declaração em
"off" publicada é algo completamente inócuo.
Entrevistas com mais de um entrevistado
Os entrevistados devem se preparar para seguir uma mesma linha de
declarações. Devem falar um de cada vez, atendendo às perguntas separadamente, para
facilitar o entendimento e evitar a contradição de informações, o que prejudica
seriamente os envolvidos.
Rádio e TV
Ao gravar entrevistas para rádio e TV, procure um local amplo, evitando cantos
onde ficará acuado. Olhe diretamente para a câmara e nunca se esconda ou desvie o
olhar ao ser fotografado ou filmado.
Normalmente, os repórteres de TV e rádio conversam com o entrevistado antes
da gravação para se inteirarem melhor sobre o assunto. Aproveite essa oportunidade
para organizar e hierarquizar bem suas informações. Forneça informações de forma
objetiva e clara. O tempo de edição de uma fala na reportagem que irá ao ar é curto,
principalmente na TV. Se você não prioriza o que dizer, a edição jornalística o fará e, o
que normalmente acontece é que o dado mais importante, para você, é cortado.
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Hospital, Clínica ou Posto de Saúde
Antes de receber a imprensa, decida se toda a área está aberta ao acesso da
imprensa, ou se será estabelecido um local para atendimento. Neste caso, opte por uma
sala de bom tamanho que possa comportar as equipes de reportagem. Todo esse
preparo, no entanto, não deve atrasar ou protelar o atendimento à imprensa. O
importante é que a sua versão sobre os fatos seja divulgada em tempo hábil.
A observância do Código de Ética Médica e a documentação de todos os atos
do médico para com seu paciente (prontuário, papeleta, termo de responsabilidade etc.)
são provas fundamentais.
Nos óbitos de causa indeterminada ou duvidosa, o médico deve solicitar a
necropsia.
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O Cidadão Médico - Aspectos Jurídicos
Como qualquer cidadão, você, médico, ao ser envolvido em situações que
questionem a sua atuação profissional ou pessoal, deve se lembrar que,
constitucionalmente, você tem direito à ampla defesa.
Fique ciente de alguns aspectos jurídicos necessários à condução dos fatos.
Atuação das Polícias Militar e Civil
A Polícia Militar tem por objetivo tomar medidas preventivas, visando garantir
a ordem pública, sem estar subordinada ao delegado de Polícia Civil.
A Polícia Civil investiga infrações, forma elementos para comprovar atos
criminosos e apura as respectivas autorias para formar e concluir o inquérito policial.
As Polícias Civil e Militar atuam em defesa da sociedade, merecendo toda
atenção e respeito. Se você for abordado por um representante de qualquer uma delas,
apresente documentos se for pedido, lembrando-se de que o gesto não lhe prejudica,
mesmo não sendo previsto pela lei. Diante da possibilidade de um ato criminoso, ambos
podem lavrar um termo de ocorrência, que será encaminhado a uma delegacia, só
podendo proceder às prisões nos casos de flagrantes ou por ordem judicial.
O Inquérito Policial
O inquérito policial se inicia no momento em que o delegado considera
necessário. É composto de interrogatórios com pessoas envolvidas, intimadas a
prestarem depoimento, bem como de perícia e outras investigações que caibam ao caso.
Não atender à intimação é considerado crime de desobediência, podendo a
autoridade policial ordenar a sua condução à delegacia. Porém, só o delegado pode
determinar uma intimação. É o delegado também que finda um inquérito através de um
relatório, podendo apenas destacar se houve ou não a prática criminosa. Não compete ao
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delegado arquivar ou opinar pelo arquivamento do processo, sendo esta uma
prerrogativa do promotor de Justiça.
A função do advogado na delegacia
É sempre útil a presença do advogado na delegacia para evitar coações, abusos
ou qualquer ilegalidade. O inquérito policial é sigiloso, não sendo permitido ao
advogado interferir em qualquer investigação.
A Ordem de Prisão
Qualquer cidadão só pode ser preso por ordem judicial ou se estiver em
flagrante delito. As práticas médicas que podem gerar um processo judicial são
normalmente oriundas de posturas imprudentes, negligentes ou imperitas, não existindo,
portanto, o flagrante delito.
A Promotoria de Justiça
Promotor de Justiça é o representante do Ministério Público Estadual, titular da
ação penal pública, que opina sobre o arquivamento ou não de um inquérito policial em
crimes como homicídios, lesões corporais, omissão de socorro etc.
O Processo Judicial
O inquérito policial é remetido pelo delegado ao juiz criminal e,
posteriormente, a um promotor de Justiça. Uma ação penal inicia-se com a devida
aceitação do juiz criminal de uma denúncia do promotor de Justiça.
O réu é novamente interrogado, tendo um prazo para sua primeira oportunidade
de defesa, com apresentação de testemunhas e documentos, sendo necessária a
intervenção do advogado. O processo pode ou não continuar com novos interrogatórios,
investigações, perícias e depoimento de testemunhas. Depois de toda a instrução do
processo, o promotor de Justiça faz suas alegações, podendo pedir a absolvição ou a
condenação do réu. O advogado faz então as alegações finais da defesa e o juiz profere
a sentença.
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Ainda assim cabem recursos que podem ser interpostos pelo promotor de
Justiça ou pelo advogado do réu, obtendo decisão final nos tribunais.
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A Assessoria Jurídica Responde
Os advogados da Comissão Estadual do Médico de Minas Gerais partem da sua
experiência com os médicos para esclarecer as dúvidas mais freqüentes. Selecione na
lista abaixo a pergunta; uma janela será aberta com a resposta preparada pela Comissão.
1. Como a Comissão Estadual do Médico analisa se o erro médico de fato existiu?
A Comissão não julga, mas os seus seis membros médicos avaliam criteriosamente cada
caso sob alguns aspectos como: condições do atendimento, conduta ética, literatura
médica, complicações médicas, riscos, limitações do tratamento etc. e, quando
necessário, debatem com especialistas da área em questão, para então decidir se
acompanham ou não o caso, pois a existência ou não de erro médico só poderá ser
comprovada ao final de um processo judicial e/ou ético.
2. Os médicos são obrigados a cumprir as resoluções dos Conselhos Federal e
Regional de Medicina? Estas têm força legal?
Sim. As resoluções expedidas pelo CFM e pelos CRMs têm força de lei para todos os
médicos. Prova disso é que aqueles órgãos possuem o poder de aplicar penalidades aos
médicos que vierem a descumprir seus preceitos.
3. O médico-residente e o estudante de Medicina têm obrigações legais?
O médico-residente tem responsabilidades legais a partir da obtenção de seu registro no
Conselho Regional de Medicina. O acadêmico de Medicina, por sua vez, deve sempre
atuar sob a supervisão e responsabilidade de um preceptor. Todos os profissionais da
Medicina respondem por seus atos na medida em que estes venham a causar dano a
algum paciente.
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4. O estudante de Medicina pode receitar no plantão de pronto-socorro?
Não, pois receitar é ato privativo do médico.
5. Como o estudante de Medicina deve proceder na verificação de um óbito?
O acadêmico de Medicina deve verificar o óbito e orientar aos familiares que o atestado
deve ser dado por um médico ou, na sua ausência, por autoridade constituída.
6. O que o médico deve fazer quando notar que não terá condições de atender a
um número excessivo de pacientes?
Toda vez que o médico perceber que existe um número de pacientes que excede a sua
capacidade de atendimento, ou que o local não lhe oferece as mínimas condições de
trabalho, deverá solicitar a presença de uma autoridade policial e relatar a situação.
Deverá também encaminhar, por escrito, um relato ao Conselho Regional de Medicina e
à direção do hospital ou posto de saúde, solicitando que se tomem providências o mais
rápido possível.
O Art. 14 do Código de Ética Médica, por sua vez, estabelece que o médico deve se
empenhar para melhorar as condições de atendimento e os padrões dos serviços,
assumindo sua parcela de responsabilidade.
7. Como examinar uma paciente no posto de saúde, quando não há atendente, ou
nem mesmo uma mera camisola?
Caso isto ocorra, o médico deverá comunicar imediatamente à direção do posto de
saúde, para que tome providências urgentes, e ao CRM, resguardando-se para futuras
eventualidades. Deverá também comunicar a situação à paciente.
É muito importante que, nestes casos, o médico não negue o atendimento à paciente,
solicitando sempre que possível a presença de um acompanhante.
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8. O excesso de trabalho, com conseqüente desgaste do profissional, é fator
atenuante no caso de acusação de erro médico, sob o ponto de vista jurídico?
Somente o profissional - ou também a instituição que acata este trabalho excessivo
- pode ser responsabilizado?
O médico não deve assumir um trabalho quando não tiver condições físicas de exercê-
lo, sob pena de ser imprudente. Caso a instituição o obrigue ou seja conivente com esta
prática, ambos podem ser responsabilizados.
9. O que fazer quando o médico for ameaçado durante o exercício profissional?
Toda vez que o médico for ameaçado durante o exercício profissional, deve solicitar o
comparecimento de autoridade policial, lavrando ocorrência com o relato dos fatos,
incluindo também os nomes de testemunhas.
10. Qual o tempo ideal para uma consulta bem feita?
A Organização Mundial de Saúde preconiza que as consultas devem durar, em média,
de 15 a 20 minutos.
11. Como o médico pode administrar o seu tempo, criando momentos de diálogo
com seu paciente ou familiares?
A boa relação médico-paciente é fundamental para o diagnóstico e o tratamento da
enfermidade. A Comissão Estadual do Médico vem atuando sistematicamente junto às
faculdades de Medicina, aos serviços que mantêm residência médica e corpos clínicos
dos hospitais, da capital e do interior, alertando sobre a importância de estar sempre
atento a este aspecto.
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12. A quem pertencem os prontuários médicos? E os exames? O que deve ser feito
quando o paciente, seu responsável ou mesmo uma autoridade policial ou judicial
requisitam as cópias dos prontuários?
Os prontuários e os laudos de exames complementares pertencem ao paciente, sob a
guarda do médico ou da instituição hospitalar. As cópias devem ser fornecidas sempre
que requisitadas pelos pacientes e seus responsáveis. A Resolução CFM 999/80
determina que deve-se atender a requisição de autoridade policial ou judicial, sem
perigo de violar o segredo médico.
O entendimento desta Comissão é que quando o paciente ou seu representante legal
requerem abertura de inquérito policial, há tacitamente uma autorização para que as
autoridades policiais ou judiciais investiguem o que ocorreu e requisitem toda a
documentação médica pertinente ao paciente.
Os médicos que porventura sejam intimados a comparecerem perante a autoridade
policial têm o dever de esclarecer qual foi o tratamento a que o paciente foi submetido.
Entretanto, a única exceção é quando a autoridade policial ou judicial requisita do
médico ou hospital a cópia do prontuário para investigar se o paciente cometeu ou não
determinado crime. Neste caso, somente neste caso, passa a não mais existir a obrigação
do médico em atender a tal requisição ou mesmo a de prestar qualquer informação sobre
o atendimento ministrado ao paciente, pois estaria violando o segredo médico.
13. Se a instituição não tem prontuário, qual deve ser a conduta do médico?
É extremamente importante que os médicos reivindiquem de sua chefia imediata, se
possível por escrito, pelo menos um livro para registro de ocorrências, ou mesmo que
procure fazer anotações em qualquer tipo de papel. Neste caso, os médicos têm que
comunicar o fato ao CRM. Instituições e médicos que não adotam ou preenchem o
prontuário estão descumprindo dispositivo do Código de Ética Médica.
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14. Por quanto tempo a instituição hospitalar deve manter o prontuário?
Os prontuários médicos devem ser mantidos em arquivo por período de 20 anos, já que
as ações judiciais de natureza indenizatória somente prescreverão após este período. Em
casos de acusação de erro, quando os prontuários já tenham sido destruídos, os médicos
poderão ter sua defesa prejudicada, utilizando-se somente dos outros meios de defesa,
tais como perícias, testemunhas etc.
15. Rasuras, rabiscos e uso de corretivos desabonam a papeleta?
Não. Evidentemente que, se feito com segundas intenções, tal fato pode ser comprovado
e servir de agravante. O melhor caminho é usar o termo "digo" e, após, fazer a correção.
16. Os médicos de plantão podem emprestar seu carimbo a outra pessoa?
Não. Segundo o Art. 33 do Código de Ética Médica, é vedado ao médico assumir
responsabilidade por ato que não praticou ou do qual não participou.
Na fase investigatória de um inquérito policial, é praxe o delegado solicitar a folha de
sala e/ou fatura do procedimento, além do prontuário do paciente, para identificar os
responsáveis pelo ato médico.
O médico, ao justificar o não atendimento ao paciente, poderá ser indiciado por crime
de estelionato.
17. Nos casos de atestado médico, é obrigatória a colocação de CID, exigido por
todas as empresas?
O médico não deverá citar o CID, sob pena de quebra de sigilo, a não ser que possua
autorização do paciente ou em casos de doenças infecto-contagiosas.
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18. O médico pode dar alguma orientação médica por telefone?
O ideal é que isto não ocorra. No entanto, existem situações inevitáveis, como nos casos
em que o paciente esteja usando alguma medicação que lhe causa problemas ou não
surte o efeito esperado, necessitando de uma avaliação. O mais importante é que o
médico realize o atendimento pessoal o mais breve possível.
19. O médico deve informar ao paciente do uso, por exemplo, de penicilina ou
medicamentos radioativos?
Sim. Não só ao paciente como aos seus responsáveis. O Código de Ética Médica, em
seu Art. 59, estabelece que é vedado ao médico "deixar de informar ao paciente o
diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a
comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a
comunicação ser feita ao seu responsável legal."
Um médico pode ser acusado de erro por qualquer imprevisto que ocorra. Entretanto,
para que seja considerado culpado pela Justiça, deve-se provar, no decorrer do processo,
que agiu com imperícia ou imprudência, ou seja, que tal reação era previsível e que ele
não tomou os cuidados necessários para evitá-la. Para que isto não aconteça, sugerimos
que o médico faça minuciosa pesquisa quanto a possíveis efeitos indesejáveis,
informando prováveis efeitos colaterais de medicamentos prescritos. Não sendo
possível avaliar a história clínica ou em caso de dúvida, recomendar outra medicação.
20. O médico deve alertar seus pacientes que mesmo com todos os exames pedidos,
um câncer, por exemplo, pode não ser diagnosticado por ele?
O médico deve, durante as consultas, orientar aos pacientes, sem alarde, que
ocasionalmente pode ocorrer algum problema não detectado através dos exames.
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21. O médico pode se recusar a atender paciente portador de doença infecto-
contagiosa?
Não. Evidentemente, devem existir condições seguras para que este tipo de atendimento
seja prestado sem que exponha os responsáveis pelo atendimento a contágio, conforme
estabelece a Resolução CFM 1359/92. Caso o local de atendimento não forneça as
mínimas condições de segurança para a realização de tal atendimento, o paciente deverá
ser imediatamente comunicado e encaminhado para o local apropriado mais próximo,
sem contudo deixar de comunicar ao paciente e/ou aos seus responsáveis.
22. O médico é obrigado a notificar a Saúde Pública que um paciente é portador
de doença infecto-contagiosa?
O médico é obrigado a notificar a Saúde Pública sobre todos os casos de doenças
infecto-contagiosas. Apesar de questão polêmica, acreditamos que os familiares também
devem ser comunicados.
O paciente deverá ser orientado para fazer a comunicação. Caso não tenha iniciativa
para tanto, o médico também poderá sugerir que ele compareça ao consultório
acompanhado, para uma orientação conjunta.
Por exemplo, paciente com suspeita de TBC insiste em encontrar-se com o filho de
quatro anos, sem informação sobre imunização. O melhor caminho seria a lavratura de
uma ocorrência policial, pois a postura do paciente poderia constituir crime, qual seja o
de expor a criança a contágio.
O médico deve sempre reivindicar, através da comissão de ética do hospital, da diretoria
clínica ou de sua chefia imediata, boas condições de trabalho para o exercício
profissional.
Em caso de dúvida ou omissão da direção do hospital, acionar o Conselho Regional de
Medicina.
O médico é respaldado legalmente quando se recusa, por falta de condições de
segurança, a proceder intervenção cirúrgica eletiva em paciente HIV positivo, pois
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ninguém é obrigado a se expor a contágio. Neste caso, torna-se indispensável relatar por
escrito, no prontuário do paciente, os motivos que o levaram à recusa.
23. Qual a conduta para paciente ou familiar que recusa tratamento ou
internação?
Em tais situações, o médico deverá anotar os fatos no prontuário e, no caso de se tratar
de um menor ou de evidente risco, fazer a ocorrência policial.
24. Como fazer perante a recusa de testemunha de Jeová em aceitar transfusão
sangüínea? Como agir perante aqueles pacientes, que por motivos religiosos,
recusam tratamento ou mais especificamente transfusão sangüínea?
A função primária do médico é a preservação da saúde e da vida do paciente,
independente de credo, raça ou ideologia, conforme determina o Código de Ética
Médica. Por isto, nos casos em que o paciente ou familiares recusam a prática de
qualquer ato médico ou a utilização de derivados sangüíneos, especialmente no caso de
menores, por preconceito, sugerimos uma análise da necessidade da transfusão para que
o médico indique qualquer tratamento, que inclua o sangue e seus derivados,
comunicando-se imediatamente com a autoridade policial, judiciária ou o promotor de
Justiça, relatando o ocorrido e, se necessário, solicitando autorização judicial, o que
certamente será concedido.
Caso o médico não atenda a estes cuidados e deixe de ministrar o devido tratamento ao
paciente e este venha a sofrer algum dano, o médico responderá judicialmente por seus
atos.
25. O plantão de sobreaviso domiciliar, mesmo sem nenhuma remuneração, pode
causar problemas legais?
Sim, pois os problemas começam quando o médico chamado protela o atendimento,
demorando ou mesmo não comparecendo. Quando qualquer destas hipóteses acontece, e
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resulta em dano para o paciente, o médico, que estava de sobreaviso, poderá ser
responsabilizado. O fato de haver ou não remuneração não minimiza a responsabilidade.
É conveniente esclarecer que o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais não
considera válido o plantão realizado à distância. O lugar do plantonista é na unidade de
atendimento, ressalvados aqueles casos em que os demais membros do corpo clínico,
que não estão de plantão, podem ser acionados, em suas residências ou consultórios,
para avaliar o paciente, não estando porém neste caso de plantão.
26. Um médico de plantão pode se negar a atender ocorrência de outra
especialidade?
O médico de plantão não pode recusar o atendimento a qualquer paciente.
Sugerimos, após constatação de que o paciente necessita de cuidados especializados -
impossíveis no local do atendimento -, que seja feito encaminhamento objetivo por
escrito a um hospital com melhores condições, dando detalhes aos familiares e/ou
responsáveis. Mas no caso de existirem condições de atender ao paciente, solicitar
interconsulta com especialista.
O plantonista que se recusa a prestar atendimento, alegando não dominar determinada
especialidade, é considerado omisso. Isso porque a legislação brasileira considera o
médico capaz de trabalhar em qualquer área da Medicina, não existindo assim
fundamento para a recusa. Não é obrigatório, entretanto, atender dois casos ao mesmo
tempo.
27. Em caso de atendimento a um paciente com risco de vida, é de bom tom tentar
comunicar-se com seus familiares ou com alguém de sua empresa?
Em caso de risco de vida, é importante tentar comunicar com familiares e/ou
responsáveis, mesmo que não haja permissão do paciente. Tal fato deve ser anotado no
prontuário e a chefia imediata deve ser comunicada.
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28. O médico pode deixar um plantão para transportar um doente grave em
ambulância?
O caso fica a julgamento do próprio médico. Para a tomada dessa decisão, ele deverá
levar em conta se sua presença na ambulância será essencial ou não para a preservação
da saúde e da vida do paciente. Caso não seja, é prudente formular encaminhamento por
escrito relatando os motivos, anotando no prontuário os exames realizados e suas
justificativas, e, se possível, procurar informações posteriores sobre o paciente.
O médico deverá estar atento quanto à boa relação com o paciente e familiares ou
responsáveis. Acreditamos ser de importância fundamental que o próprio profissional
preste os devidos esclarecimentos sobre o caso clínico e os motivos pelos quais o
paciente está sendo encaminhado. Ressaltamos que todo encaminhamento deverá ser
realizado por escrito e, se possível, guardando cópia. Caso sua presença na ambulância,
para o encaminhamento, seja imprescindível, tomar o cuidado de designar substituto
para não deixar o plantão descoberto. Na hipótese de não conseguir substituto, deixar
por escrito o motivo de sua ausência.
29. O médico deve se dirigir a local perigoso para atender a paciente? Se negar o
atendimento, fica caracterizada omissão de socorro?
Havendo risco de comprometimento de integridade física, o médico deverá solicitar que
um policial o acompanhe ao local do atendimento, comunicando à sua chefia imediata.
No entanto, a omissão de socorro só é caracterizada quando o médico ou qualquer
cidadão deixam de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
30. O médico pode deixar o responsável assinar o termo de responsabilidade para
retirar paciente do hospital?
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Não havendo indicação de transferência, o médico deve negar a remoção do paciente,
fazendo constar no prontuário.
Caso haja resistência por parte do paciente, familiares ou responsável, relatar o ocorrido
no prontuário e à chefia imediata, comunicando-se ainda com a autoridade policial,
especialmente no caso de menores ou de suspeita de risco.
No caso de transferência, encaminhar o paciente com laudo detalhado, colhendo sua
assinatura ou do responsável e de testemunhas no termo de responsabilidade, caso a
remoção seja desaconselhável. O mais importante é que a alta só ocorra quando o
paciente estiver em condições clínicas para recebê-la.
Quanto à evasão do paciente, o médico não pode ser responsabilizado, a menos que
tenha dado causa a tal. Sempre que o paciente evadir-se do hospital, a conduta correta é
a de acionar imediatamente a autoridade policial, lavrando-se ocorrência. O médico e o
hospital não ficarão resguardados em casos de alta por indisciplina.
31. O termo de responsabilidade exime o médico de ser processado?
Não, porém pode ajudar em sua defesa. Lembramos que o termo de responsabilidade é
um documento em que o médico fará constar o estado clínico, o tratamento necessário,
as possíveis complicações e a necessidade da participação efetiva do paciente e
familiares para o sucesso dos procedimentos. Deve ser bem elaborado e, se possível,
assinado por duas testemunhas, já que nele o médico comprovará que todos estavam
cientes dos riscos. Este termo não isenta, mas demonstra a responsabilidade dos
envolvidos. Tal documento é muito útil na hipótese de processo judicial, pois, muitas
vezes, as reclamações dos pacientes e familiares não procedem quando defrontadas com
o mesmo.
A questão primordial a ser destacada é que todo fato que possa gerar dúvida e acarretar
um processo judicial deve ser provado e, na maioria das vezes, sem o termo de
responsabilidade, a prova fica prejudicada.
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32. Como os encaminhamentos devem ser feitos?
Todo encaminhamento deve ser feito por escrito e este procedimento anotado no livro
de ocorrência do local de trabalho, com o "ciente" do paciente.
33. Por que o diretor clínico tem responsabilidades sobre os atos do médico, se a
conduta é individual?
Segundo o Art. 17 do Código de Ética Médica, o médico investido em função de
direção tem o dever de assegurar as condições mínimas para o desempenho ético e
profissional da Medicina. Na conduta especificada, a responsabilidade é do próprio
médico que atende ao paciente, conforme esclarece o Art. 21 do Código de Ética
Médica.
34. Um cardiologista que fez risco cirúrgico de paciente que teve problema
cardíaco (por exemplo, parada cardíaca) pode também ser acusado de erro
médico?
O cardiologista poderá ser acusado de erro médico, mas, desde que tenha tomado todas
as precauções que o caso exige, dificilmente será condenado.
35. O médico é responsável por injeção mal aplicada por atendente de
enfermagem?
O médico não será responsabilizado por tal tipo de ato, exceto naqueles casos em que tenha conhecimento de que o atendente não era apto para tanto. O hospital poderá ser acionado judicialmente. Evidentemente, é importante que os hospitais contratem pessoal paramédico competente.
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36. Os casos de aborto provocado devem ser comunicados à polícia?
Os médicos que atendem a pacientes que fizeram ou provocaram aborto não devem dar
conhecimento a terceiros ou mesmo à autoridade policial deste fato, sob pena de
estarem violando o segredo profissional, conforme estabelece o Art. 102 do Código de
Ética Médica.
Também no mesmo sentido, a Resolução nº 999/80 do CFM deixa bem claro que o
médico não deve divulgar qualquer informação que possa implicar em prejuízo do
paciente, exceto nos casos em que este expressamente o autorize.
37. O médico deve dar atestado de virgindade?
Apenas por determinação judicial, para fins de comprovação de estupro ou sedução.
38. O que deve ser feito para evitar acusação de assédio sexual no consultório?
Procurar realizar o exame clínico sempre na presença de um atendente ou
acompanhante, não esquecendo-se de que, naqueles casos onde o exame é delicado,
podendo causar constrangimento ou ofender o pudor do paciente, deve-se informar qual
ato será realizado.
39. No caso de acusação não comprovada, como fica a reparação dos danos do
ponto de vista legal?
Se no curso da apuração da acusação, o paciente ou seus familiares promoverem
calúnia, injúria ou difamação, o médico poderá processá-los, exigindo uma indenização
por danos morais e materiais.
40. É abuso de poder o médico ser retirado do seu local de trabalho algemado ou
colocado em carro de polícia, contra sua vontade?
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Ocorrerá abuso de poder se não houver o flagrante delito ou mandado judicial
determinando a prisão. Quanto ao fato de ser algemado, isto dependerá da autoridade
policial, que julgará a necessidade do uso de algemas, como nos casos de recusa à
prisão, violência por parte do preso etc.
41. Qual é a atitude que se deve tomar quando um superior hierárquico não
médico (comandante de batalhão por exemplo) pede para ver o prontuário de
subordinado?
Em casos desta natureza, em que os aspectos éticos e hierárquicos devem ser levados
em consideração, julgamos conveniente que o médico se comunique com sua chefia
imediata, a qual determinará as providências a serem tomadas. Mas a premissa que
respalda o médico é o fato de que ele só é obrigado a mostrar a papeleta para o paciente
ou aos responsáveis legais. Em caso de dúvida, acionar o Conselho Regional de
Medicina.
42. Como deve proceder o médico indicado como testemunha em processo
indenizatório movido por paciente que tenha tratado em razão de acidente de
trânsito?
Todo cidadão deve cumprir com suas obrigações legais. No caso específico, deverá depor, procurando explicar a sua participação no caso. Constitui crime a recusa em prestar depoimento.
43. Em que situações o médico pode responder a processo indenizatório (cível) por
dano causado a paciente?
De acordo com o Art. 159 do Código Civil, "aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência, imprudência ou imperícia, violar direito, ou causar prejuízo a
outrem, fica obrigado a reparar o dano."
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44. Um erro que não resultar em danos para o paciente pode comprometer o
médico?
De acordo com o Art. 159 do Código Civil, "aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência, imprudência ou imperícia, violar direito, ou causar prejuízo a
outrem, fica obrigado a reparar o dano."
45. O que é imperícia, imprudência e negligência?
Imperícia é a ignorância, incompetência, desconhecimento, inexperiência, inabilidade
na arte ou na técnica empregada pelo profissional.
Imprudência é a ação traduzida pela descautela, descuido, prática de ação irrefletida ou
precipitada, inconsiderada, sem as necessárias precauções, resultante de imprevisão do
médico em relação a ato que podia e devia pressupor.
Negligência é a não ação, que se caracteriza pelo desleixo, o descuido, a desídia para
com o paciente e seu tratamento.
46. O contrato médico é de meio ou de fim?
O contrato médico é de meio, ou seja, o médico não está obrigado pelo contrato a curar
o paciente. Ele só está obrigado a prestar um atendimento consciencioso, utilizando
todo seu conhecimento para tentar resolver o problema de saúde de seus pacientes. A
única exceção são as cirurgias plásticas "embelezadoras". Há entendimento de que o
médico só não é responsável pelo fim quando provado que o resultado só não foi
alcançado por culpa exclusiva do paciente ou por motivo de força maior ou ainda em
caso fortuito.
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47. Existem meios legais de o médico, no exercício da profissão, evitar um
processo judicial?
Não. O importante é ter meios para provar que a conduta médica foi correta, o que é
feito basicamente por documentos médicos (papeletas), literatura médica, perícia,
testemunhos de médicos e de demais pessoas que tenham conhecimento do caso
(enfermeiros, auxiliares de enfermagem, pessoal de portaria etc.).
48. O que o médico deve fazer quando é arrolado como testemunha pelo promotor
de Justiça ou pelo paciente que está acusando outro médico de "erro"?
Não. O importante é ter meios para provar que a conduta médica foi correta, o que é
feito basicamente por documentos médicos (papeletas), literatura médica, perícia,
testemunhos de médicos e de demais pessoas que tenham conhecimento do caso
(enfermeiros, auxiliares de enfermagem, pessoal de portaria etc.).
49. Para não ser submetido à "cerimônia constrangedora do julgamento", o
médico deve aceitar propostas de pagamento de multa ou suspensão do processo,
conforme prevê a Lei 9.099, quando feitas pelo promotor de Justiça ou juiz?
O médico deve ser orientado por advogado e o caso ser analisado sob vários aspectos
como: conduta médica, riscos de condenação, disposição do médico em se sujeitar a um
processo que pode ser penoso, os termos da proposta etc.
O médico deve ficar ciente de que, mesmo estando solucionado o processo criminal, ele
ainda poderá estar sujeito a um processo cível, para reparação de danos, e ético.
50. Um acordo extrajudicial feito entre o médico acusado de uma má prática
médica e um paciente ou familiares tem validade legal?
A orientação da Comissão Estadual do Médico é no sentido de que os médicos não
façam acordo extrajudicial, pois podem se tornar "reféns" de pacientes inescrupulosos.
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Qualquer tipo de acordo deve ser feito com orientação de advogado e ser homologado
judicialmente.
51. Como o juiz verifica a responsabilidade civil ou a culpa do médico?
Três condições são necessárias para que se conclua pela responsabilidade civil do
médico: a existência de um dano, a culpa do autor do dano e a relação de causalidade
entre o fato culposo e o mesmo dano.
A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto nos
Arts. 1.518, 1.532, 1.537 e 1.553 do Código Civil.
Nos processos envolvendo médicos, a prova principal é a perícia médica, que dá ao juiz
subsídios técnica para julgar o caso.
52. Qual a responsabilidade dos hospitais nos processos contra médicos?
Apesar de alguns hospitais argumentarem que os médicos são profissionais autônomos e
que não possuem vínculo, para a lei brasileira a responsabilidade dos hospitais é
solidária, ou seja, os hospitais respondem por atos de seus prepostos, tendo ainda sua
responsabilidade distinta da do médico.
53. O médico deve assinar atestado de óbito sem ter assistido ao paciente?
O médico só deverá atestar o óbito após verificá-lo pessoalmente. Da mesma forma, o
médico é obrigado a atestar o óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência,
ainda que o mesmo ocorra fora do ambiente hospitalar.
Estando o paciente em ambiente hospitalar e em caso de impedimento do médico
responsável, a obrigação de atestar o óbito recairá sobre o médico de plantão.
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Nos casos de morte violenta ou suspeita, a obrigação pelo fornecimento do atestado de
óbito é do médico legista. Evidentemente, todo médico deve saber preencher
corretamente o atestado de óbito.
Quando não houver médico legista no local, ou em caso de dúvida, assinalar no atestado
"causa indeterminada". Havendo indícios de morte violenta, elaborar laudo assinado.
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