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Manual do Bom Jornalista Por Arquimedes de Castro

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este livro é para todos jornalistas e blogueiros se atualizarem

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Manual do

Bom Jornalista

Por Arquimedes de Castro

Manual do Bom Jornalista 2

Índice

APRESENTAÇÃO 4

COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE COMO ESCREVER 5

COMO ESCREVER DECENTEMENTE, E SER UM BOM JORNALISTA 5

O BOM E O MAU 8

SAIBA O QUE É UM BOM OU MAU JORNALISTA NA OPINIÃO DE QUEM ENTENDE (OU NÃO) DO ASSUNTO 8

OS 10 MANDAMENTOS 10

10

PRIMEIRO 10 SEGUNDO 11 TERCEIRO 11 QUARTO 12 QUINTO 12 SEXTO 13 SÉTIMO 13

Manual do Bom Jornalista 3

OITAVO 13 NONO 14 DÉCIMO 14

FRASES 15

15

FRASES QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE JORNALISMO 15

ARTIGOS DO AUTOR 21

OS COVARDES SE ESCONDEM NO ANONIMATO 21 MANDEM O BOBO DA CÔRTE TOMAR BANHO 22 A DECISÃO DO STF É IRRECORRÍVEL: LIBERDADE DE EXPRESSÃO DOS NÃO DIPLOMADOS É CONQUISTADA NO

BRASIL 24 NÃO REELEJA NINGUÉM: OU RESTAURAMOS A MORALIDADE OU VAMOS NOS LOCUPLETAR TODOS. 26 MANIPULAÇÃO DA MÍDIA 28 CHECK LIST ELEITORAL 29 TODA A HISTÓRIA DA REPÚBLICA BRASILEIRA É UMA DEMONSTRAÇÃO DE COMO É FALSA A PROPAGANDA DE QUE

VIVEMOS EM UMA DEMOCRACIA. 30 APARTHEID TECNOLÓGICO SEPARA OS CIDADÃOS NA FILA DO CAIXA ELETRÔNICO 32 DIÁRIO DE UM REPÓRTER NA VISITA PRESIDENCIAL 34 PARTIDO DO NÃO NEGOCIO COM A OPOSIÇÃO – PNNO – PARTE I 36 NOSSA SORTE É QUE O CRIME NA PARAÍBA AINDA É DESORGANIZADO. 38 EFICÁCIA DAS DECISÕES JUDICIAIS E O DIREITO A AMPLA DEFESA 39 7 EM CADA 3 ELEITORES PARAIBANOS SÃO ANALFABETOS FUNCIONAIS. 41

SOBRE O AUTOR 42

Manual do Bom Jornalista 4

APRESENTAÇÃO

O "Manual do Bom Jornalista" é uma tentativa bem humorada de falar sobre o difícil trabalho do qual se ocupam os profissionais de jornalismo. Este livro surgiu de um site. A idéia era escrever um livro sobre o assunto, mas descobrimos que para fazê-lo, precisávamos da contribuição dos colegas. Com a ajuda de abnegados companheiros coloquei uma pitada de humor no árduo lide diário. Boa leitura. Arquimedes de Castro

Manual do Bom Jornalista 5

COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE COMO ESCREVER

COMO ESCREVER DECENTEMENTE, E SER UM BOM JORNALISTA

1.Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, conforme deve ser do conhecimento de V.Sa. Outrossim, tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico. 2.Evite abrev.compl., etc... 3.Anule aliterações altamente abusivas. 4."não esqueça das maiúsculas", com já dizia carlos machado, meu professor lá no colégio santa efigênia, em solânea, na paraíba. 5.Evite lugares comuns e ponha as barbas de molho, fugindo desse erro como o diabo da cruz. 6.O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

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7.Estrangeirismos estão out, palavras de origem portuguesa estão in. 8.Aí brou, seja esperto antes de emplacar uma gíria, mano, mesmo que a galera toda ache muito louco. Se liga, certo? 9.Palavras de baixo calão podem transformar o cacete do seu texto num caralho que ninguém vai entender, e vão mandar você se foder, tomar no cú. 10.Nunca generalize: generalizar é sempre um erro. 11.Evite repetir a mesma palavra, pois de tanto repetir a mesma palavra, ela pode ficar repetitiva. A repetição vai fazer com que a palavra seja repetida várias vezes, tornando o texto repetido de novo. 12.Não abuse das citações. Como dizia meu avô: "Quem cita os outros não tem idéias próprias". 13.Frases incompletas po. 14.Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes, isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.

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15.Seja mais ou menos específico. 16.Use a pontuaçao corretamente o ponto e a virgula especialmente sera que ninguem sabe mais usar o sinal de interrogaçao e acentuar as palavras. 17.Nunca use siglas desconhecidas, como prescreve o M.R.J.J.P. 18.Exagerar e estratosfericamente pior que a moderação. 19.Evite mesoclises. Repita comigo: "mesoclises: evita-las-ei!" 20.Evite parágrafos exageradamente longos, por dificultarem a compreensão da idéia contida neles, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível forçando, desta forma, o pobre leitor, ou ouvinte, ou telespectador, a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las acessíveis, o que não deveria ser, sobretudo, parte do processo de informação, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas. 21.Coidado coma orthographia, para não estrupar a lingoa purtoguesa. 22.Seja incisivo e coerente. Ou talvez seja melhor não??

Manual do Bom Jornalista 8

O BOM E O MAU

SAIBA O QUE É UM BOM OU MAU JORNALISTA NA OPINIÃO DE QUEM ENTENDE (OU NÃO) DO ASSUNTO

Lillian Witte Fibe – apresentadora do Jornal da Lillian, no portal Terra. "Um bom jornalista terá que apresentar sempre determinadas características, não importa o veículo. Saber apurar e redigir uma notícia, ser dono de uma agenda inseparável, recheada de fontes honestas e saber selecionar as notícias mais importantes são apenas alguns exemplos. Dispensável lembrar a necessária cultura geral evidente”. Luiz Nassif – diretor superintendente da Agência Dinheiro Vivo. “Hoje, ser empreendedor, ter iniciativa, buscar soluções, viraram as virtudes principais em qualquer atividade, e certamente assim será no jornalismo. Ao apuro técnico, à curiosidade inata da profissão, há que se acrescentar a visão estratégica e a coragem empreendedora, para buscar novos caminhos e correr alguns riscos”.

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Paulinho Boa Pessoa – apresentador da rádio Record AM. “O mal jornalista é aquele que não cita sua fontes, que copia os textos alheios e não diz quem os produziu”. Ricardo Sanchez (Picá) – Programador musical e discotecário da Rádio Trianon. “Na minha opinião o mal jornalista é aquele que é alienado, que não participa, que não lê os jornais diários, que num...(interrompido por Zancopé Simões, rindo da resposta) mal jornalista na minha opinião é aquele que é um alienado, que não lê jornal, que não fica sabendo da pauta, não tem interesse pela matéria que vai pro ar, fica alienado”. Zancopé Simões – Locutor noticiarista do Jornal É, da Rádio Trianon. “Eu desconheço, só sei como ser bom jornalista, tem que ser bom jornalista, mal jornalista não serve prá nada. Não adianta você dá a informação para prejudicar a profissão. Tem que ser um bom jornalista, tem que ler...mal jornalista é a antítese do bom jornalista”. Sérgio – Operador de gravação e central da Rádio Trianon. “Não sei cara...dá licença deixa eu trabalhar”. Maurício Calil – Editor do jornal É da Rádio Trianon. “Não sei, pergunta a quem entende de rádio, eu não sei nada”. Claudia de Souza – Diretora da sucursal do Jornal do Brasil em São Paulo. “Para ser um bom jornalista, é preciso hoje ter sólida formação acadêmica. É claro que muitos grandes repórteres, treinados na rua no exercício da profissão, donos de textos fantásticos, não precisaram de escola”. Juca Kfouri – jornalista esportivo. “Jornalista faz jornalismo, empresário faz negócios, publicitário faz propaganda. Cada macaco no seu galho, enfim.”

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OS 10 MANDAMENTOS

PRIMEIRO

Sua opinião é interessante na relação direta entre o valor da sua conta bancária.Nunca esqueça que trabalhamos para empresas privadas, fazemos jornalismo com objetivo de obter lucros, auferir resultados. Costumam ter mais credibilidade àqueles que, por sua posição socio-econômica, foram ungidos pela benção da sabedoria.Opinar é um tabu para jornalistas de rádio e tv. Curiosamente o mesmo não acontece com quem escreve para jornal. Parece haver um medo explícito, que os comunicadores possam convencer o povo que para manter-se no poder é preciso controlar a informação. Essa tem sido durante décadas a maneira pela qual os donos do poder, democrático ou não, usaram para manter a população sobre controle.Mas como esse não é um manifesto comunista, vamos mudar de assunto...

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SEGUNDO

Lembre-se: nunca conteste seu editor. É sabido que esses indivíduos de mente privilegiada são responsáveis pela separação do joio do trigo, para publicar o joio.Numa tentativa de sistematizar o exaustivo trabalho de escolher o que é bom, o que não é, o que interessa ao "nosso público", o que não interessa, os triadores (editores) cometem o grande erro de burocratizar o processo jornalístico contribuindo para a formação de idéias distorcidas, e elevando o nível de desinformação da sociedade. Há excessões...mas aqui tratamos apenas das regras.

TERCEIRO

Notícias de economia e esporte estão sempre recheadas de especulações. Nunca confie em jornalistas que escrevem citando “comenta-se”, “existe grande tendência”, “é grande a expectativa”, “estaria”, etc... Primeiro apure os fatos, depois pode distorcê-los a vontade. Saber ler nas entrelinhas é uma virtude... Para os jornalistas é uma necessidade. Os fatos são contados por pessoas, que ao relatarem o que viram ou sentiram, imprimem ao acontecido suas impressões pessoais e experiências, isso termina por ocultar a verdade, distanciando o apurador do objeto a ser apurado. Nunca confie em ninguém, em nenhuma fonte e em nada. Desconfie até da caneta que escreve, do computador, da internet, das intenções, e principalmente do óbvio. O mais improvável e que nada de improvável aconteça, as histórias que seguem uma lógica muito perfeita podem estar ocultando mentiras e distorções. Pense ao contrário, ouça também quem não é autoridade no assunto, pergunte o que todo mundo já perguntou de maneira diferente. Inove, não seja uma máquina de produzir informação. Escrever é uma arte... Evite o excesso de coerência.

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QUARTO

Jornalistas de rádio escrevem telegraficamente, de jornal complicam ao máximo o óbvio para “encher lingüiça”,de internet estão sempre com as orelhas vermelhas, de televisão são mais bonitos. Essa é apenas uma tentativa medíocre de fornecer pistas sobre o comportamento das mulheres e homens imbuídos do desejo de informar. Mas os jornalistas são mesmo diferentes, dependendo do veículo para o qual trabalham. Numa coletiva agem como lobos acuando uma lebre, mordem-se mutuamente, degladeiam-se pela lebre. Chega a ser ridículo o esforço sobre-humano dos jornalistas de rádio, segurando, as vezes por mais de meia-hora, um gravador com o braço esticado para obter uma qualidade de som melhor. Também é divertido observar o rosto dos jornalistas de tv. As vezes a quantidade de maquiagem é tão grande que não é preciso muito acuidade para diferenciá-los dos demais. É, as luzes da ribalta cobram um preço. E a galera da internet...será que sobreviverão a nova desvalorização das ações do Nasdaq???? Com suas orelhas inchadas e o cérebro contaminado de radiação advinda do aparelho celular, que passa horas encostado na pele, transmitindo radiação cancerígena... Esses deveriam receber adicional por trabalho insalubre. O mesmo também aplica-se aos colegas de jornal. Sempre tomando notas taquigráficas na velocidade do som para não perder...O que foi mesmo que ele disse, quantos por cento, milhões ou bilhões??????

QUINTO

Avise ao proprietário que espécies eqüinas costumam gostar de folhas verdes, mas sempre “amarre o burro no pé de alface”, caso assim seja solicitado. É um erro acreditar que o trabalho dos que atuam no jornalismo é mais glamuroso que os demais. Somos apenas operários digitais, garis da informação, peões a tocar o rebanho de fatos e acontecimentos. Cumpra seus deveres, seja funcional e compenetrado. Ousadia e ideologia não dão de comer nem de beber a ninguém.

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SEXTO

Sete em cada dez estudantes de comunicação começam a estudar na intenção de tornarem-se repórteres do “Globo Repórter”, mal sabendo que o ambiente de uma redação é normalmente idêntico ao do Pavilhão 9, do Carandirú. Pode parecer engraçado, mas é trágico. Já ví muita gente se decepcionar com o jornalismo. Não é coisa para gente que gosta de festas, vida boa, muita grana e diversão. Jornalismo é uma seita. Trabalha-se muito, ganha-se pouco. Plantões no feriado, domingo, sábado. Aqueles dias nos quais seus amigos se reúnem para uma merecida confraternização podem ser atrapalhados por uma notícia, um acontecimento. Creia, as coisas mais impensáveis acontecem quando ninguém espera. É preciso amar a profissão para continuar nela, disso todo mundo sabe, mas com jornalismo as coisas são levadas ao limite do insuportável. É preciso gostar para não morrer de stress.

SÉTIMO

Cuidado com as pessoas que não têm função definida na empresa. Estes são os indivíduos que compensam a incompetência com fuxicos e fofocas. É útil não falar aquilo que você não tem coragem de falar na frente das pessoas por trás. Aproveite e siga aquele ditado que diz: "Notícia ruim sobre o comportamento alheio nunca deu boa fama a quem divulga".

OITAVO

Esteja sempre ocupado, mesmo quando não tem nada para fazer “trabalhe”. Mesmo que tudo já tenha sido feito, permaneça escrevendo. Faça cara de conteúdo rapaz. Você acordou às 3 da manhã, está o dia todo trabalhando, no meio da tarde pega um copinho de café, acende um cigarro, respira um pouco e aí chega um gaiato para dizer: "Vida boa hein!".

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NONO

Os jornalistas são machistas, as jornalistas são feministas. Essa é uma lei da natureza, simplesmente aceite-a. As pessoas bem informadas e inteligentes vivem a buscar alibes que justifiquem o modo como usam o poder que têm. Toda forma de poder.

DÉCIMO

Jornalismo é falar da desvalorização dos títulos públicos da Eslovênia, para quem não sabia da existência desse país.

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FRASES

FRASES QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE JORNALISMO

Ao escrever ou editar matérias, não conte os buraquinhos do chuveiro, o importante é se está saindo água. (do autor)

O Sindicato dos Jornalistas está para a categoria assim como o DENARC está para os traficantes. (anônimo)

“O que caracteriza o verdadeiro âncora é a autonomia. Sem autonomia para exercer livremente o seu papel, não se trata de âncora. Trata-se de um apresentador ou apresentadora cujo espaço de decisão está delimitado por outras pessoas, por exemplo, que zelam pelos interesses políticos e econômicos da empresa para a qual prestam seus serviços.” (Boris Casoy)

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“O sensacionalismo barato, o interesse dos patrocinadores, dos patrões e do governo transformaram a mídia e a TV numa colcha de retalhos apressadinha. Não há tempo para se explicar nada e, com isso, as pessoas têm só uma vaga impressão de que estão sendo informadas”. (Diléa Frate)

“De tanto se repetir uma mentira uma mentira, ela acaba se transformando em verdade”. (Josef Goebbels)

“De um ponto de vista mais amplo do que os malefícios causados por falhas éticas à reputação de pessoas, a anti-ética da não-“denúncia” situa-se, com certeza, entre os procedimentos mais responsáveis pelo atraso social, administrativo, institucional e político do Brasil”. (Jânio de Freitas)

“O poder é o melhor tônico, o segredo da eterna juventude”. (Tancredo Neves)

“Grandes repórteres já se tornaram grandes políticos” (José Nêumanne Pinto)

“Ah, como seria bom se o jornalismo esportivo pudesse se limitar a contar com emoção os feitos de nossos atletas!” (Juca Kfouri)

Com poucas exceções, uma imprensa livre significa uma imprensa livre do controle público, uma imprensa suficientemente isolada do espectro do Estado. (Theodore Glasser)

“É preferível pedir desculpas depois, do que pedir licença antes”. (pe. Gaspar Blanco Ramos)

“O nosso trabalho em rádio só tem uma diferença em relação ao trabalho de outros brasileiros: que é o de bater o ponto no ar”. (José Paulo de Andrade)

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“Jornalista se brinca no ar perde o emprego. Humorista se falar sério também perde”. (Oscar Pardini)

“A principal chama do jornalista e do radialista é o ouvinte. Em primeiro lugar a verdade, se você não tiver a verdade para contar no rádio, vire as costas e vá embora. Nem que ela seja difícil de conseguir, como nós que ficávamos muitas e muitas noites no tempo da rádio Pan-americana, a emissora dos esportes, até duas, três até quatro horas da madrugada para pegar o resultado de uma partida de futebol, para transmiti-la aos jornais, que não tinham Embratel fácil naquele tempo. Tínhamos que ficar na escuta até duas, três horas da madrugada, para que no dia seguinte os jornais publicassem os resultados, que a nossa rádio já estava fora do ar...só no dia seguinte...” (Narciso Vernizzi)

“Nós temos que nos preocupar, tem rádio demais para pouco dinheiro no mercado publicitário, nós temos que nos preparar cada vez mais, por quê realmente a competição é muito grande”. (Milton Neves)

“Rabo e conselho só se deve dar a quem pede”. (Stanislaw Ponte Preta)

“No Brasil, homem público é o masculino de mulher pública”. (Ziraldo)

“Se Cristo tivesse sido enforcado, a forca teria a mesma força simbólica da Cruz?”. (Millôr Fernandes)

“A democracia é o governo nas mãos de homens de baixa extração, sem posses e com empregos vulgares”. (Aristóteles)

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“Se um jornalista fala com Deus, é porque está orando. Mas se Deus fala com um jornalista, é porque ele deve estar louco”. (anônimo)

“Não use drogas! Elas acabam com o fígado, o coração e os rins, fodem a sua mente e, de modo geral, fazem com que você fique igualzinho aos seus pais!”. (Frank Zappa)

“O fotógrafo é como um bacalhau, que produz um milhão de ovos para que um deles chegue à maturidade”. (Earl Wilson)

“Não foi o mundo que piorou. As coberturas jornalísticas é que melhoraram muito”. (G. K. Chesterton)

“Um jornal é um instrumento incapaz de discernir entre uma queda de bicicleta e o colapso da civilização”. (George Bernard Shaw)

“Um correspondente estrangeiro é um sujeito que vive de hotel em hotel e pensa que o mais importante sobre qualquer coisa que esteja acontecendo naquele país é o fato de que ele chegou para cobri-la”. (Tom Stoppard)

“O jornalismo moderno tem uma coisa a seu favor. Ao nos oferecer a opinião dos deseducados, ele nos mantém em dia com a ignorância da comunidade”. (Oscar Wilde)

“Levei quinze anos para descobrir que não sabia escrever, mas aí já não podia parar – tinha ficado famoso demais”. (Robert Benchley)

“Se quiser ficar rico escrevendo, escreva o tipo de coisa que é lida por pessoas que movem os lábios ao ler”. (Don Marquis)

Manual do Bom Jornalista 19

“Nada me faria ler qualquer romance, exceto a necessidade de ganhar dinheiro escrevendo sobre ele. Detesto romances”. (Virginia Woolf)

“A publicidade pode ser descrita como a ciência de prender a inteligência humana o tempo suficiente para lhe arrancar algum dinheiro”. (Stephen Leacock)

“O ouvinte só é respeitoso quando não está entendendo nada”. (Nelson Rodrigues)

“Noticiários de rádio até que são suportáveis. Principalmente porque, enquanto as notícias estão sendo transmitidas, os DJ’s ficam fora do ar”. (Fran Lebowitz)

“Uma celebridade é uma pessoa que trabalha duro a vida inteira para se tornar conhecida e depois passa a usar óculos escuros para não ser reconhecida”. (Fred Allen)

“Na Califórnia não se joga o livro fora. Eles o reciclam na forma de programas de TV”. (Woody Allen)

“Gosto de televisão porque ele me permite falar coisas sobre as quais não acho que valha a pena escrever”. (Truman Capote)

“Adoro a televisão. Antes dela, sempre se dizia que o cinema era a arte mais vagabunda que existia. Agora já estamos em segundo lugar”. (Billy Wilder)

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“A televisão é um veículo de diversão que permite a milhões de pessoas ouvir a mesma piada ao mesmo tempo e, ainda assim, continuar solitárias”. (T. S. Eliot)

"Falar menos, pensar e escrever mais." (Pedroso – Rádio Trianon)

"Não escrever manuais sobre como ser um bom jornalista." (idem)

"Não ser cagador de regras." (idem)

"Ande sempre com um estoque de no mínimo 5 canetas esferográficas, 12 pilhas pequenas, ½ resma de papel sulfite e 2 baterias para celular. Caso seja surpreendido pela falta desses materiais ninguém vai dizer que você não é um bom jornalista." (do autor)

"Segundo consta nos anais da radiodifusão um grande número de radialistas costumam sentir excitação esfinquital nas primeiras horas da manhã."(Pedroso – Rádio Trianon)

"O bom jornalista só confia o suficiente para copiar, em matérias publicadas nas primeiras páginas do Globo, Folha ou Estadão. Se algum editor reclamar você simplesmente diz de onde tirou a informação e normalmente ele fica calado, sinal claro que ele admite estar sem razão." (Daniel B pontocom – Rádio Trianon)

"O bom jornalista para alcançar as glórias divinas, e ser ungido nos braços de Deus, terá que pelo menos uma vez por semana ouvir o programa “A voz do Brasil”. Além de ficar bem informado sobre todas as informações que o governo quer que você pense que é verdade, o profissional deverá editar uma ou duas matérias a título de exercício de aperfeiçoamento. Amém?" (domínio público)

Manual do Bom Jornalista 21

ARTIGOS DO AUTOR

OS COVARDES SE ESCONDEM NO ANONIMATO

Devido a algumas coisas que escreví recentemente, tenho recebido uma série de comentários de funcionários públicos comissionados incompetentes (Bôbos da Côrte), que se escondem no anonimato. Fazem os comentários mais agressivos possíveis, mas não se identificam, por que temem mostrar a cara. Eu não ajo no anonimato. Minhas posições são públicas, assinadas, pelas quais assumo ampla e total responsabilidade. Não faço acusações vazias, não me escondo em e-mail's falsos e atrás de telas de plasma anônimas. Eu sou censurado por que tenho coragem de mostrar a cara. Sei que minhas posições incomodam os donos do poder, mas incomodam ainda mais os bôbos da côrte, funcionários públicos comissionados incompetentes demais para a iniciativa privada, são recepcionados pelos governos corruptos, por que estão dispostos a fazerem o que for necessário para manterem os seus empregos medíocres. Luiz Inácio não lê jornal, disse que lhe provocam náuseas. Ele confessou algo que é comum em muitos governantes. Principalmente em aristocratas e na turma que queria e quer implantar a ditadura do proletariado. Não suportam a imprensa, amam os marqueteiros e a propaganda chapa branca oficial, que maqueia a realidade e distorce os fatos para que caibam no ego de quem só quer ouvir o eco da própria voz. Os governadores, prefeitos e o presidente, assim como alguns parlamentares não ouvem a mídia, não leêm nada, apenas acompanham sínteses preparadas por bôbos da côrte, que fazem a leitura do governo a respeito da imprensa, rotulando quem é do esquema e quem não é. Não me rotulem, pois o que faço é jornalismo público, defendendo os interesses do população, dando voz aos que não tem, defendendo a democracia e os ideais republicanos. Não sou Cunha Lima, nem Vital do Rêgo, nem Coutinho, nem Maranhão e nem muito menos babão. Sou radialista, jornalista, contabilista, comunicologo e filosofo amador, com mandato até o último dia da minha vida, que sustento com o suor do meu rosto sem dever favor a ninguém. Sei que isso dá inveja a quem depende da bondade do poderoso de plantão no palácio, mas nada posso fazer por essas pobres almas, senão rogar a Deus que apiede-se delas na próxima encarnação.

Manual do Bom Jornalista 22

MANDEM O BOBO DA CÔRTE TOMAR BANHO

Os governantes brasileiros são absolutamente intolerantes com a crítica. Essa é uma característica de governos ilegítimos, do poder usurpado pela mentira, pelo golpe no estado democrático, através da compra de consciências, da prática da arte de enganação do povo, mas particularmente orquestrada pela manipulação da mídia. Os novos Bobos das Côrtes são jornalistas, que se esmeram em fazer por merecer seus gordos salários, funcionários públicos pagos com o dinheiro suado de nossas testas, privatizados para manterem no poder os novos ditadores que se proliferam como piolhos na América Latina. Governo Autoritário não suporta jornalismo. Os aristocratas gostam mesmo é de propaganda partidária, disfarçada de informe jornalístico. Sabem os discípulos de Paul Joseph Goebbels, que basta repetir incessantemente informações travestidas de verdade para serem tidos como salvadores da pátria, redentores do povo e responsáveis por novos paradigmas históricos. Os filhos da aristocracia paraibana, salvo honrosas exceções, estão entorpecidos pelo poder. O ópio deles, quando não o próprio composto químico resultante da planta, também é se transformarem em funcionários públicos de alta patente, vereadores, depois prefeitos, aí sonham em serem governadores, senadores, deputados, etc. Não querem exercer a função pública para melhorar a vida das pessoas, mas usam o cargo para saciarem a sede voraz de exercerem sobre as pessoas um poder ditatorial. Para fazer isso é preciso antes de tudo amordaçar a mídia. A mídia paraibana está amordaçada. Sempre esteve, mas agora está um pouco mais, asfixiada num vórtice do tempo, que contrariando a ordem natural das coisas, criou o governador sem voto, o prefeito sem popularidade e a casa da notícia se transformou em sucursal do departamento de comunicação oficial. Onde estão às denúncias nos jornais, os dossiês mostrando os desvios de conduta e de dinheiro? Ninguém acompanha a tramitação de ações judiciais contra os governantes, nenhuma TV mostra o que realmente está acontecendo nos porões do poder? Transformou-se a mídia toda num imenso House Organ, onde a promessa virou coisa feita, a ordem de serviço em obra pronta e a falácia, na mais pura verdade. Quem se opõe a essa máquina partidária de fazer governos supostamente democráticos não tem vez. Estamos na República da Mediocridade. Do alto de seus paletós bradam os pequenos ditadores “fui eleito pelo povo, quem está contra mim está contra o povo” e dane-se a liberdade de imprensa.

Manual do Bom Jornalista 23

Liberdade fundamental de expressão que nunca esteve tão ameaçada, tanto aqui, como em toda a América Latina. Os venezuelanos, os colombianos e os peruanos têm os seus, e nós temos os nossos sempre ávidos por transformarem a imprensa num grande e imenso jornaleco chapa branca. Minha religião é a liberdade, portanto, não me calarei, não deixarei de denunciar os abusos cometidos pelos Bobos das Côrtes, pelos Reizinhos e pelos seus bajuladores. Ao Bobo da Côrte um conselho: Vá tomar banho, pois suas vestes fedem, sua boca fede e suas idéias estão podres, como podre é o regime ditatorial que você defende. Quanto gastou o governo da Paraíba com jornais, rádios, tv’s e portais de notícias em 2009? Mais de R$ 6 milhões 676 mil 623 reais e 68 centavos, foram pagos para veículos de comunicação e agências de publicidade. Isso equivale a todo o orçamento da cultura no ano passado. Dados do TCE. Quanto gastou o governo municipal de Campina Grande com jornais, rádios, tv’s e portais de notícias em 2009? Mais de R$ 2 milhões 026 mil 932 reais e 91 centavos. Os gastos com saúde foram menores R$ 1.196.571,42, com Agricultura, Ciência e Tecnologia, Cultura, Desporto e Lazer, Direito e Cidadania, Gestão Ambiental, Habitação e Previdência Social, somados R$ 1.003.839,90, não atingiram o gasto com mídia. Dados do TCE. Da próxima vez que ouvir uma notícia enaltecendo um governante pense assim: “Sou eu que estou pagando para esse cara aparecer bem na foto!”. Quando ouvir um jornalista amenizando o grande erro cometido pelo governante, pense: "Quanto será que ele ganha para fazer isso?". Se quiser descobrir, basta pesquisar, mas vou logo avisando que é difícil, pois esses gastos estão disfarçados, em nomes insuspeitos, CNPJ's obscuros e transações medonhas que fraudam o estado de direito e é óbvio, a Lei das Licitações.

Manual do Bom Jornalista 24

A DECISÃO DO STF É IRRECORRÍVEL: LIBERDADE DE EXPRESSÃO DOS NÃO DIPLOMADOS É CONQUISTADA NO BRASIL

No primeiro mundo não existe exigência de diploma de jornalista para o repórter, comentarista, produtor, apresentador, colunista ou editor. Silio Bocanera manifestou-se de Londres dizendo que na Inglaterra não existe tal exigência para o exercício da profissão e ele, pessoalmente, é contra que para o exercício da profissão de jornalista, seja necessário o diploma em jornalismo ou em comunicação social. Também nos Estados Unidos não existe a exigência para o exercício da profissão de comunicador social ou de jornalista. Existem centenas de cursos de graduação em jornalismo e em comunicação social por lá e a grande maioria - cerca de 80% dos jornalistas na mídia americana - são graduados em jornalismo e em comunicação social. Aos que não leram a verdadeira história do Brasil, resta lembrar que quando a profissão foi regulamentada pelo regime militar implantado em 1964 o foi, exatamente, para afastar das redações a intelectualidade que se manifestava contra o regime dos militares e, por extensão, obter melhor controle dos jornalistas através da exigência do registro do diploma no Ministério do Trabalho. A profissão do jornalista é ser intelectual. Não há como escrever, ler e falar sem ser intelectual. As habilidades de escrita, leitura e oratória devem ser objeto de ensino desde o fundamental. É necessário fomentar a criação de jornais nas escolas, escrito pelos estudantes. É com a divulgação das informações de interesse público que cresce a sociedade. Aqueles que por talento e vocação, entenderem que precisam se aprofundar no estudo da comunicação social, devem buscar a formação superior, ou não, caso não sintam tal necessidade. Uma coisa é certa: A decisão do STF é irrecorrível. O fundamento da decisão judicial interpretativa da Constituição Federal no que tange à profissão de jornalismo foi tão somente a de que a regulamentação, conforme estabelecida, ofendia as disposições pétreas constitucionais que garantem amplo direito à manifestação de opinião e de obtenção de informação. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes disse que não há possibilidade de o Congresso reverter a decisão do órgão de acabar com a exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. "Não há possibilidade de o Congresso regular isso, porque a matéria decorre de uma interpretação do texto constitucional", disse. Não sou contrario a formação superior em jornalismo e sim, contrário a OBRIGATORIEDADE do diploma para o exercício da profissão de jornalista. A exigência do diploma de Curso Superior em Jornalismo é um anacronismo e atenta contras as Liberdades de Expressão e de Imprensa asseguradas pela

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Constituição. Não se trata de comparar jornalista com médico, advogado ou cozinheiro. A liberdade de expressão é um direito do Homem e não pode ser objeto de corporativismo. O Decreto-Lei nº 972, de 17 de outubro de 1969 era arbitrário, filho da Ditadura Militar, bem como um entulho autoritário a liberdade do cidadão. Não representava a vontade do Poder Legislativo (Congresso Federal), não representava a vontade do Poder Executivo (Presidência da República) e sim a vontade de um domínio anti-democrático, ou seja o Decreto-Lei 972/69 foi editado sob Constancia do regime militar, por Juntar Militar formada pelos Ministros da Marinha, do Exercito e da Aeronáutica que no uso de suas atribuições que lhes conferiam o Ato Institucional nº 5, de 13/12/1968 que teve o reitor da Universidade de São Paulo, Luiz Antônio da Gama e Silva, o Gaminha, futuro ministro de Justiça do general Costa e Silva como redator. Em meio ao debate, vale dizer que para bons jornalistas há sempre emprego e que não existe obrigatoriedade de diploma nos Estados Unidos, na Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Chile, China, Colômbia, Dinamarca Espanha, Inglaterra, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Peru, Polônia, Reino Unido, Suécia, Suíça e em vários outros países.

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NÃO REELEJA NINGUÉM: OU RESTAURAMOS A MORALIDADE OU VAMOS NOS LOCUPLETAR TODOS.

Eu sei que em time que está ganhando não se mexe. Que 35.040 horas de mandato pode ser pouco. É óbvio que as políticas públicas bem sucedidas devem ter continuidade. Não há dúvida que a estabilidade é mais confortável que a mudança. Mas não foi assim que tudo começou! A reeleição para cargos do Poder Executivo entrou em vigência no país em 1998, após a aprovação da emenda constitucional n° 16, de 4 de julho de 1997. Com a mudança, promovida durante o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o político disputou e venceu o pleito de outubro de 1998, tornando-se o terceiro presidente da República a se reeleger no país, depois de Rodrigues Alves e Getúlio Vargas, e o primeiro reeleito no chamado modelo americano, com dois mandatos consecutivos. O principal argumento em defesa da reeleição se baseia na racionalidade do eleitor. Em um ambiente no qual o voto é obrigatório, pode-se supor que o efeito da chamada ignorância racional seja minimizado. Através do exercício do voto, o eleitor pode premiar a boa administração com a continuidade por mais um mandato ou, da mesma forma, punir a má administração através da negativa nas urnas. Na prática a ignorância racional tem vencido nas urnas. Em disputas entre dois candidatos, o voto individual possui um efeito negligível em termos de decisão da eleição. Sabendo disto, os eleitores não se informam de maneira racional – no sentido de minimizarem custos nesta busca por informações – e permanecem “racionalmente ignorantes”. Isso não significa que eles não votem em um dos candidatos, mas significa que outros fatores (como a ideologia ou o jingle da campanha) sejam mais fortes em sua escolha do que os projetos dos candidatos, por exemplo. Por outro lado, pode-se imaginar que a competição partidária seja, em si, um bom mecanismo de incentivo à minimização desta ignorância. Isto porque os próprios partidos podem buscar informar os eleitores de suas propostas. A PEC do Terceiro Mandato obteve mais assinaturas do que necessitava e começou a tramitar na Câmara Federal. 176 deputados assinaram a proposta, entre eles, Vital do Rêgo Filho, Marcondes Gadelha, Wilson Santiago, Damião Feliciano, Wellington Roberto e Armando Abílio. “Assinei apenas para levantar o debate, não acredito que haja tempo para votar até setembro.”, me disse Abílio. O problema é que não se trata apenas de mais um mandato para Luís Inácio, também haverá mais um mandato, se assim o quiserem, para Ricardo Coutinho, Veneziano Vital do Rêgo e José Maranhão. Também abre janela

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para outros tantos prefeitos de pequenas cidades controladas a mão de ferro, no esquema do curral eleitoral. A PEC 373/09 abre janela para 3 mandatos sucessivos, mas determina a realização de um referendo para legalizar a medida, que seria realizado no dia 13 de setembro de 2009. Numa enquete realizada pela Rádio Campina FM nas ruas de Campina Grande, a maioria absoluta dos eleitores mostrou disposição em dizer sim a um terceiro mandato. Para quebrar essa lógica de 12 anos de Luís Inácio no Palácio do Planalto, uma questão levantada em entrevista que me concedeu recentemente o juiz Antônio Silveira Neto, presidente da Associação dos Magistrados da Paraíba, questionou a legalidade de mudança no § 5º do artigo 14 da Carta Política, ocorrer por Proposta de Emenda Constitucional. Ele lembrou que tal alteração, segundo alguns juristas, só é possível após convocação de uma nova Constituinte. A questão nunca chegou a ser avaliada em sua profundidade, ou seja, no mérito, pelo STF, que poderá ainda, considerar inconstitucional a proposta, por ferir o princípio da alternância de poder. Não vejo nenhuma vantagem em terceiro mandato, nem muito menos em segundo. 35.040 horas são mais que suficientes para um projeto de governo sério. Boas políticas públicas são as que deixam de ser projeto e passam a ser processo, redundando em políticas de Estado e não de governo. Não há como impedir um governante de se abster da interferência no processo eleitoral, quando ele próprio é candidato, não há limite claro entre uso e abuso de poder político. Não à reeleição. O único jeito democrático de dar moralidade e dignidade ao Congresso Nacional, às Assembléias Legislativas, às Câmaras Municipais e aos governos Federal, Estadual e Municipal é a alternância de poder. Que venham as novas lideranças, que permaneçam os bons projetos, mas que se restaure a República.

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MANIPULAÇÃO DA MÍDIA

Lista com as maiores manipulações da mídia da história recente do Brasil: 1. Fazer todo mundo acreditar que o cometa Halley poderia ser visto a olho nú por todos os brasileiros e que isso ia mudar a vida de todo mundo; 2. Realizar uma eleição indireta para presidente, manipulando o congresso nacional e a opinião pública através da mídia, fazendo todo mundo acreditar que se tratava de um processo de redemocratização do país; 3. Roubar a poupança privada e a conta corrente das pessoas, fazendo todo mundo acreditar que se tratava de uma solução mágica para matar o "Dragão da Inflação"; 4. Promover um golpe de estado durante a democracia, aumentando o mandato de um presidente através da reeleição, fazendo todo mundo acreditar que isso daria estabilidade política ao país; 5. Mandar todos os cidadãos apagarem as luzes das suas casas para encobrir o fato de que o governo não teve competência para gerenciar o sistema elétrico do país; 6. Dizer para a população que Lula iria desmontar o Plano Real, quando na verdade ele iria servir aos interesses dos banqueiros e especuladores internacionais, do mesmo jeito que fez FHC; 7. Fazer todo mundo acreditar que temos uma democracia consolidada só porque temos eleições de 2 em 2 anos, e mesmo assim esse tipo de eleição cheia de vícios e deturpações, que precisa das Forças Armadas na rua. (Contribuição do cientista político Gilbergues Santos.) 8. Entrevistar um desembargador perguntar se ele viu algum movimento onde todo mundo falava de compra de votos, pra ele dizer: "estive no bairro mais crítico e criticado nas emissoras de rádio e não ví nada. Tudo tranquilo, a democracia a olhos vistos, as baideirinhas em todas as casas". E o repórter muito bem a justiça fez valer a democracia. Ai eu finalmente depois de toda a minha vida, como gente entendido de mundo, cheguei ao porque da "venda no rosto da estátua da justiça".

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CHECK LIST ELEITORAL

Tenho algumas manias pessoais. Uma delas é fazer uma lista de checagem ao sair de determinado lugar, ao sair de casa, ao sair de um processo qualquer, ao concluir um projeto. É um hábito saudável para evitar que algo seja esquecido, servindo também para aperfeiçoar as ações, de quem como eu, vive sob o signo da renovação periódica. Vamos então ao check list eleitoral. O que não devemos esquecer?: 1. Revisar a legislação eleitoral, aplicar regras claras para todos os candidatos em todas as cidades; 2. Definir o que é ficha-suja e o que não é; 3. Estabelecer os limites da atuação da mídia eletrônica, sem censurar a divulgação de informações vitais para o eleitor tomar a sua decisão de voto; 4. Criar mecanismos eficientes de controle para que a justiça eleitoral possa barrar a compra de votos às vesperas da votação; 5. Aumentar exponencialmente o número de fiscais da justiça eleitoral, que precisam atuar como polícia judiciária; 6. Não convocar tropas federais para aterrorizar a população e criar factóides políticos; 7. Acabar com essa história de "Festa da Democracia" e admitir que as eleições são oportunidades de acirramento dos ânimos políticos na disputa pelo poder; 8. Impedir o financiamento de campanhas eleitorais por parte de empresas privadas com interesse explícito na continuidade de governos com candidatos à reeleição. A relação dessas empresas com o poder público abre brecha para ações imorais, que não são consideradas ilegais; 9. Equipar o poder judiciário com uma estrutura capaz de barrar a litigância de má fé dos batalhões de advogados contratados pelos grandes partidos, que acabam por ocupar desnecessariamente os juízes afim de evitar que eles possam punir os crimes eleitorais; e, 10. Manter as campanhas de esclarecimento do eleitor para além do processo eleitoral propriamente dito, com o poder judiciário promovendo eventos e abrindo debates sobre como ocorre a transferência de poder na política brasileira.

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TODA A HISTÓRIA DA REPÚBLICA BRASILEIRA É UMA DEMONSTRAÇÃO DE COMO É FALSA A PROPAGANDA DE QUE VIVEMOS EM UMA DEMOCRACIA.

A idéia é simples, vamos declarar estado de sítio durante as eleições municipais na Paraíba inteira. A constituição prevê que isso só deve ocorrer (art.146) sic: nos casos de ameaça a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Existe ameaça a estabilidade institucional na Paraíba? Existe ameaça similar em Campina Grande, ou em qualquer município paraibano? Estão as forças estaduais de segurança agindo sistematicamente para prejudicar algum candidato? Existem provas reais de que isso esteja acontecendo? O pedido de intervenção federal no sistema de segurança pública estadual funciona como um factóide, ou seja, a criação de um fato inexistente, para por medo no eleitor. Um soldado armado com pistola automática e um FN Fuzil Automático Leve (FAL) põe medo em qualquer um. Eles são treinados para obedecer cegamente as ordens dos seus comandantes, são treinados em tiro mortal, diferente dos policiais que perdem pontos nos estandes de tiros quando acertam órgãos que podem ser letais, os garotos da farda verde oliva ganham pontos quando com um só tiro atingem esses mesmos órgãos. O treinamento do exército é para atuação em guerras e/ou ações humanitárias em zona de guerra, não está no currículo controlar manifestações políticas legítimas durante o embate eleitoral. Que democracia é essa a nossa que o exército tem que ser convocado para supostamente restabelecer a ordem institucional? Entendo a necessidade de tropas federais nas eleições no Afeganistão e no Iraque, mas por que isso é necessário após mais de 20 anos de democracia no nosso País? A quem serve essa decisão? Toda a história da república brasileira é uma demonstração de como é falsa a propaganda de que vivemos em uma democracia. Assim como nos longos momentos de ditadura fascista declarada, os períodos "democráticos" foram todos caracterizados pelas mesmas políticas que, de modo sofisticado ou não, têm colocado a nação brasileira sob as garras do imperialismo e o povo sob a mais infamante ditadura da burguesia. Chega de exército nas ruas! Vale lembrar que o FN - FAL utilizado pelos soldados tem o dobro da energia da munição do AR-15. Isso sem mencionar que ele é 100% automático, enquanto o AR-15 não é. Fuzil de assalto automático e semi-automático. É o fuzil de assalto padrão do exército brasileiro. Essa enorme arma tem um poder de fogo que poucos fuzis no mundo possuem. Seu calibre é 7,62 x 51 mm, também chamado de "7,62 longo" provoca ferimentos gravíssimos. Só perde o título de fuzil de assalto mais "pesado" do mundo para o HK G3. É extremamente usado pelo

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narcotráfico por intimidar a polícia apenas com o som de seu disparo. Seu "StoppingPower" (poder de parada com apenas um tiro) é de 100% na maioria das vezes. A quem interessa pessoas com essas armas protegendo urnas e impedindo manifestações políticas legítimas dos eleitores? Diga não ao FN - FAL ou institua-se o estado de sítios durante as eleições e vamos assumir que ainda somos uma República de Bananas.

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APARTHEID TECNOLÓGICO SEPARA OS CIDADÃOS NA FILA DO CAIXA ELETRÔNICO

Eram por volta das 8 horas da manhã de uma segunda-feira, final de mês, agência do Banco do Brasil em Solânea, no Brejo Paraíbano. A cena se repete todos os meses segundo os que são obrigado a enfrentar a via crucis rumo ao banco para retirar o benefício social distribuído pela Previdência. Senhores e senhoras, com mais de 80 anos, numa fila única para acessar um caixa eletrônico. Observei a cena dantesca que contrasta com a propaganda oficial da previdência e também da instituição financeira. Os aposentados viram reféns do analfabetismo tecnológico, obrigados a enfrentar uma fila para um caixa único. Dos 8 que existiam na bateria, apenas 1 estava disponível para saques, onde se acotovelavam jovens, adultos, crianças e idosos. Na frente do caixa eletrônico nenhum funcionário do banco fornecia informações aos idosos que se espremiam na fila. Cerca de 90 minutos para atendimento em média. A senhora ao meu lado, Dona Maria, 84 anos, disse que não sabia operar o caixa eletrônico. Mensalmente comparecia ao banco e fornecia seu cartão e sua senha para um rapaz que se apresentava como intermediário informal, entre aqueles que não sabem operar o sistema operacional do caixa e o banco. Na verdade os bancos nunca lucraram tanto quanto como agora. O Banco do Brasil registrou no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 1,979 bilhão, crescimento de 6% ante igual período do ano passado. Esse resultado corresponde a um retorno anualizado sobre o patrimônio líquido (PL) de 26,2%, ante 30,5% registrado em igual período do ano passado. Desconsiderando os efeitos extraordinários, o lucro recorrente chegou a R$ 1,764 bilhão, crescimento de 2,2%, o que corresponde a um retorno sobre o PL de 23,1%, ante 33,6% no terceiro trimestre de 2008. O BB considerou como extraordinário no trimestre a opção de lote suplementar da VisaNet, de R$ 209 milhões; a alienação parcial do restante da participação na Visa Inc, totalizando R$ 141 milhões; a cessão de créditos baixados, gerando receitas de R$ 119 milhões e despesas de demandas cíveis, de R$ 84 milhões. Nos nove primeiros meses de 2009, o lucro líquido atingiu R$ 5,992 bilhões, o que indica avanço de 2,29% sobre o período de janeiro a setembro do ano passado. Esse resultado equivale a um retorno sobre o PL de 25,9%, ante 31% em igual período de 2008. O lucro recorrente no período foi de R$ 5,014 bilhões, queda de 0,89%, com um retorno sobre o PL caindo de 26,7% para 21,6%. Apesar dos números extraordinários, os cidadãos, são tratados como se não fossem importantes pela instituição financeira. E de fato não são. Para colocar um funcionário que atendesse a demanda das pessoas sem conhecimento para operar um caixa eletrônico, o banco teria que investir na

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qualidade do seu atendimento, o que não parece ser interessante. O investimento é feito no marketing institucional, vendendo a imagem que não se pode observar na agência, num total desrespeito por idosos, gestantes e mulheres com crianças de colo. O que observei na agência de Solânea infelizmente não é exceção. É regra. A regra do tratamento VIP para as grandes contas e do “se vire” para idosos.

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DIÁRIO DE UM REPÓRTER NA VISITA PRESIDENCIAL

Acordei no dia 28 de julho de 2009 para cumprir a missão de cobrir jornalisticamente a visita presidencial do Sr. Luis Inácio Lula da Silva à cidade de Campina Grande. Na tarde anterior, participei de uma coletiva de imprensa, onde a assessora presidencial, Patrícia Lindem, detalhou o roteiro da visita. Ela disse que o presidente chegaria ao aeroporto às 10h30 e que não adiantaria a imprensa esperá-lo no João Suassuna, porque após o pouso do avião a comitiva seguiria imediatamente para o IFPB. Patrícia Lindem, mentiu para mim e para meus colegas que se deram ao trabalho de ir àquela coletiva. Mentiu e nos enganou. Pois fui instado a credenciar-me, apresentar documentos, fotos 3x4, que de nada serviram, pois o acesso que tive ao presidente foi menor que o dispensado a quem nem sabe o que é credenciamento de imprensa. Organizei a equipe de radiojornalismo da Campina FM, de forma que pudéssemos dar toda a repercussão que merece a vinda do presidente à cidade, mas estava sem a informação crucial da agenda. A visita do petista visava apenas à satisfação de interesses político-eleitorais e seu contato com a mídia se resumiria a falar com os jornalistas “chapa branca”, que trabalham para o rádio oficial do estado. Equipe a postos. Fui ao aeroporto, mesmo sabendo que o presidente não falaria, pois não havia entrevista coletiva prevista, pois era possível entrevistar alguma fonte importante, dentre os aliados do governo que iriam esperá-lo. Entrevistei o senador Roberto Cavalcanti, que me disse de sua intenção de não mais concorrer ao cargo que assumiu após a vacância determinada pela renúncia de José Maranhão. Ao chegar ao local, percebi que a minha credencial não tinha valor nenhum, pois fui impedido de acessar áreas do aeroporto, às quais, só era facultado acesso aos jornalistas que trabalham para o órgão oficial do governo estadual. Para impedir que qualquer outro jornalista tivesse acesso, havia seguranças e o deputado federal Vital do Rêgo Filho, que articulava com os jornalistas governistas o que seria a maior demonstração de desrespeito com a imprensa que eu já tive a oportunidade de acompanhar, após o processo de redemocratização. Não entendi quais foram os motivos que levaram o presidente Lula, que já tentou expulsar um jornalista do país por dizer que ele era um bebedor contumaz de álcool, que revelou não ler jornais para não sentir indisposição estomacal, que critica a liberdade de imprensa, que já tentou criar um Conselho Nacional de Imprensa, para cadastrar e controlar a atividade jornalística, a escolher a Rádio Correio como privilegiada, em detrimento dos demais veículos de comunicação. Só existem duas explicações: 1ª O presidente tem medo de falar com a imprensa livre, que poderia lhe fazer alguma pergunta constrangedora. 2ª O

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presidente fez um favor político ao senador Roberto Cavalcanti, proprietário da emissora. Mesmo diante de um flagrante desrespeito, com tratamento privilegiado a um órgão de comunicação em prejuízo dos demais, fui até o IFPB, acompanhar a inauguração de uma obra que já está em pleno funcionamento há muito tempo. Disputei com uma multidão a entrada no evento. Havia uma porteira, com um detector de metais, por onde todos deveriam passar. Lá estávamos nós, secretários municipais, vereadores, uma senhora com uma criança de colo chorando, todos se acotovelando para passar pelo controle da segurança. Em nenhum momento me pediram nenhuma identificação, ou seja, a credencial que me foi dada de nada serviu para que pudesse fazer o meu trabalho. Patrícia Lindem, mentiu para mim, mas também mentiu para toda a imprensa paraibana. Poderia ter poupado todo mundo disso simplesmente dizendo que a imprensa local deveria fazer a cobertura pela NBR e pelo Sistema Correio de Comunicação. A API não comentou, a ACI também não, os sindicatos das categorias da mídia também não. A ASSERP, eu soube, vai enviar uma nota de protesto para Franklin Martins. Eu, não atendo mais a esses chamados. Ficarei na redação, cobrindo o evento pela NBR. A atitude de Lula foi antidemocrática, desrespeitosa e medíocre. Nada novo para quem queria implantar no país a ditadura do proletariado. Figueiredo tratava mal os jornalistas, mas pelo menos falava com eles. A atitude do presidente só encontra paralelo com Costa e Silva. Rasguei a credencial que me foi dada e entreguei a assessoria do presidente. Bem feito, deveria ter me lembrado da primeira grande lição de jornalismo que aprendi com Fernando Vieira de Melo: “Político só deve ser notícia quando paga ou quando morre!”. Quanto pagou Lula à emissora para dar-lhe exclusividade?

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PARTIDO DO NÃO NEGOCIO COM A OPOSIÇÃO – PNNO – PARTE I

Infelizmente em nosso Estado da Paraíba as negociações se exaurem mais rapidamente que éter ao ar livre. Aqui em Campina Grande o sindicalista Napoleão Maracajá, presidente do sindicato dos funcionários públicos da Prefeitura de Campina Grande diz: ”O Sintab chegou ao seu limite”. Doutro lado, o chefe de Gabinete do prefeito, Hermano Nepomuceno: “A PMCG chegou ao seu limite”. Isso após apenas 20 dias de greve dos servidores, que pedem aumento de 12% nos seus vencimentos. Em João Pessoa, o governo do Estado pede aprovação de um empréstimo. O secretário de Finanças, Marcus Ubiratan, aponta perdas de R$ 175 milhões no FPE, mas o site do ministério da Fazenda, mostra que essas perdas, nos 5 primeiros meses do ano não ultrapassam R$ 44 milhões. O secretário ameaça parar obras e atrasar salários, caso o empréstimo não seja aprovado. Os deputados reagem, e o líder da oposição, Manoel Ludgério, promete fechar questão e impedir o empréstimo. Esses são apenas casos recentes dos impasses sem fim sobre os quais repousa a anti-diplomática política paraibana, controlada por famílias, que formam grupos, que se confundem ideologicamente numa grande massa fisiológica e amorfa, que vou acunhar de Partido do Não Negocio com a Oposição – PNNO. Os mais óbvios princípios diplomáticos são esquecidos, como se o conflito fosse o objetivo final e não um impasse a ser superado na busca por um entendimento. Realmente falta aos nossos políticos relé psicossocial. O relé é um dispositivo que interrompe um circuito, quando a tensão aumenta, evitando danos irreparáveis ao sistema como um todo. Ao não adotarem um relé psicossocial em suas negociações, os políticos paraibanos explodem na primeira negociação, impedem o andamento das discussões e explodem o circuito. Até aí tudo bem, mas o problema é que nós é que estamos do outro lado do circuito. E somos nós, sociedade civil desorganizada que recebemos a descarga elétrica das decisões incorretas, dos decretos impensados, das leis reprovadas, dos vetos mantidos, dos empréstimos rejeitados. A quem servem os políticos paraibanos, à sociedade? Eles conhecem profundamente os interesses permanentes do Estado e do povo aos quais servem; têm absolutamente claros quais são os grandes princípios de atuação do Estado a serviço do qual se encontram. O político (governador, deputado, secretário, prefeito, vereador) é um agente do Estado e, ainda que ele deva obediência ao governo ao qual serve, deve ter absoluta consciência de que o Estado e o Município têm interesses mais permanentes e mais fundamentais do que, por vezes, orientações momentâneas de uma determinada administração, que pode estar guiada por considerações “partidárias” de reduzido escopo estadual ou municipal.

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Em resumo, queremos na Paraíba políticos que não sejam subservientes ao poder político, que, como tudo mais, é passageiro, mas procure inserir uma determinada ação particular no contexto mais geral dos interesses estaduais.

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NOSSA SORTE É QUE O CRIME NA PARAÍBA AINDA É DESORGANIZADO.

Eu quero me sentir seguro, ou quero estar seguro mesmo sem me sentir. Como me sentir seguro em Campina Grande? O cidadão comum já percebeu que a criminalidade na Rainha da Borborema aumentou, mas ao reclamar dos serviços de segurança o contribuinte é confundido com o eleitor e não raramente tem seu pedido ou sua denúncia desqualificada, pelo argumento partidarizado, pela falácia governamental de que a violência está aumentando em todo o lugar do mundo, em todo o Brasil e também não seria diferente em Campina Grande. Mas há um dado objetivo. Veja no mapa abaixo o Mapa da Violência na Paraíba, extraído da pesquisa coordenada pelo Dr. Julio Jacobo Waiselfisz e financiada pelo Ministério da Justiça com dados fornecidos pelo Ministério da Saúde. Os municípios em verde mais escuro, são os que registram índices de homicídios em relação a população muito acima do registrado no resto do País. Em Campina Grande ocorre um fator que precisa ser melhor estudado pelas autoridades locais, deixando de ser tratado como fenômeno comum e passando a merecer a atenção devida e medidas emergenciais, bem como planejamentos estratégicos de médio e longo prazos. Ao contrário do que ocorreu na maioria dos municípios brasileiros após a Lei do Desarmamento, em Campina Grande o número de homicídios aumentou, numa curva ascendente, tendo taxa de mortes violentas entre jovens de 37,7, semelhante a municípios muito maiores como Feira de Santana (35,5), na Bahia, que tem uma população superior a 600 milhões de habitantes. O pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, não aponta a solução para o problema, não faz um diagnóstico da situação, mas revela dados que as autoridades fazem questão de esconder, esforçam-se para minimizar, desacreditar, mas têm muita dificuldade de refutar, pois tratam-se de dados oficiais. Na entrevista que eu fiz com o pesquisador é possível entender em parte a problemática da violência urbana e rural, não só em Campina Grande, mas em toda a Paraíba, permitindo apenas uma conclusão, segurança nunca foi, não é e talvez nunca venha a ser a prioridade dos governadores paraibanos. Mãos ao alto e passe o seu título!

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EFICÁCIA DAS DECISÕES JUDICIAIS E O DIREITO A AMPLA DEFESA

É importante destacar na abertura deste artigo que quem o escreve não é nem tem nenhuma formação jurídica. Escrevo apenas como observador, em relação aos casos diversos que acompanhei nesses 21 anos atuando como rádio-escuta, repórter, produtor, apresentador e editor, em rádios, jornais, revistas e televisão. Por que algumas decisões da justiça são tão demoradas ou simplesmente não têm eficácia, em suma, aquilo que foi decidido pelo juiz ou côrte, apesar de ser fato jurídico, carece de efeitos práticos objetivos, que levem ao cidadão a sensação que foi feita a justiça? Que de fato vivemos num estado de direito, onde todos estão sob o julgo da lei. O ex-governador Cássio, foi investigado durante 7 meses pelo Ministério Público Eleitoral da Paraíba, por ter cometido abuso de poder político e econômico e também conduta vedada a agente público, julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral, condenado a perda de mandato e a inelegibilidade, além de multa. Recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral, conseguindo manter-se no cargo por mais de 2 anos, quando definitivamente, após avaliação dos embargos declaratórios do julgamento, foi afastado do Palácio da Redenção. A justiça eleitoral levou 26 meses para reparar o fato de não ter podido evitar o crime eleitoral cometido pelo ex-chefe do executivo estadual. O atual prefeito de Campina Grande, Veneziano, foi investigado por 20 meses pelo Ministério Público Eleitoral, por ter usado recursos públicos, do Fundo Municipal de Saúde, para financiar gastos de campanha. Condenado pelo juiz Francisco Antunes da 16ª Zona Eleitoral a perda de mandato, recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral e conseguiu liminar em Ação Cautelar que lhe garante permanecer no cargo, por até 6 meses, segundo a acusação e talvez até o fim do mandato como defendeu o vereador petista Perón Japiassu. Os juízes citam juristas, jurisprudências e súmulas para justificarem as decisões que tiram a eficácia das sentenças no âmbito da justiça eleitoral. O Manoel Monteiro, desembargador do T.R.E. citou o renomado Vicente Greco Filho, para argumentar em sua decisão “o poder geral de cautela atua como poder integrativo de eficácia global da atividade jurisdicional. Se esta tem por finalidade declarar o direito de que tem razão e satisfazer esse direito, deve ser dotada de instrumentos para a garantia do direito enquanto não definitivamente julgado e satisfeito.”. É estranho que o desembargador, ao mesmo tempo em que indica haver no processo provas mais que suficientes para que a decisão do juiz seja respeitada, conforme transcrevo; “O mérito da ação principal fundamenta-se no extenso acervo probatório constante da decisão do Juiz de primeiro grau

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sobre a eventual existência de desvio de verbas para financiamento de campanha por empresa que presta serviços ao Poder público municipal, através de terceiros doadores ou até mesmo oriunda de recursos públicos.” Age de forma a manter o governante no cargo, alegando a suposta normalidade jurídica. Mas qual foi a normalidade jurídica observada quando Cássio foi destituído e por fax o segundo colocado foi empossado no Tribunal Regional Eleitoral? Não pode também o ex-governador recorrer ao Supremo Tribunal Federal, onde poderia igualmente conseguir voltar ao cargo? Não é forçoso concluir que o amplo direito de defesa acaba por imprimir na sociedade a sensação de impunidade, de que vale a pena não cumprir a legislação eleitoral, mesmo correndo o risco de cassação, já que uma decisão definitiva demora até mais de dois anos. Ou seja, ao infrator o prêmio de governar meio mandato, até que todas as formas possíveis de procrastinar a decisão final sejam usadas? Cega, surda, muda e paraplégica a justiça eleitoral que não dá eficácia as suas decisões. Perde o povo, perde a democracia, perde também a liberdade, que é o bem maior do estado de direito. Perdemos todos.

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7 EM CADA 3 ELEITORES PARAIBANOS SÃO ANALFABETOS FUNCIONAIS.

O Indicador de Alfabetismo Funcional mede os níveis de analfabetismo funcional na população brasileira entre 15 e 64 anos, dividindo em quatro níveis: analfabetismo, alfabetismo rudimentar, alfabetismo básico e alfabetismo pleno. São considerados analfabetos funcionais aqueles que se encaixam nas duas primeiras categorias. Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças e textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o individuo maior de quinze anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos. Pois bem, o TRE-PB classificou o perfil do eleitorado paraibano. 12% são analfabetos, 28% possuem analfabetismo rudimentar e 30% possuem ensino fundamental incompleto, ou seja, são capazes de escrever o nome e uma carta para a mãe, mas não conseguem compreender textos, interpretá-los e analisá-los. A maioria decide na democracia. E no nosso caso a maioria é formada por pessoas que não lêem jornal, revistas ou acessar portais de internet com informações políticas e eleitorais. Está aí a explicação para o que as vezes não parece óbvio, a classe política paraibana é o reflexo de um eleitorado que não sabe interpretar discursos, não tem condições de entender o funcionamento do Estado e muito menos percebe a necessidade de ética na gestão pública. A Paraíba está condenada a passar os próximos 10 anos imersa neste lamaçal de estupidez, isso se a partir de hoje, o atual governador e os prefeitos municipais passarem a investir fortemente em educação infantil e ensino fundamental. Como isso não vai acontecer, teremos pelo menos 15 há 20 anos de eleitores analfabetos elegendo neo-coronéis midiáticos. Para se ter uma idéia do parâmetro, cerca de 28% da população brasileira ainda pode ser classificada como analfabeta funcional, enquanto somente 25% dominam plenamente o uso da língua. Os dados apontam que houve uma melhora no índice de analfabetismo funcional. O Brasil tinha, em 2007, 34% de pessoas nessa condição, sendo que 9% eram considerados analfabetos e 25% tinham habilidades rudimentares de leitura e escrita. Em 2009, o percentual de analfabetos funcionais caiu para 28% - 21% possuem nível de alfabetização rudimentar e 7% são analfabetos. A Paraíba permanece sendo o último vagão da locomotiva Brasil.

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SOBRE O AUTOR

Arquimedes de Castro é formado em Rádio e TV pela Faculdade Cásper Líbano e em Ciências Contábeis pela Universidade São Judas. E editor-chefe da Rádio Campina FM; Produz reportagens, apresenta programas jornalísticos e desenvolve debates nos noticiários: - Jornal Integração – Campina

FM e Serra Branca FM” - Campina, Grande Notícia – Campina FM - Paraíba Agora – Rede Paraíba Sat – 20 emissoras. - Foi o principal executivo de mídia da De León Comunicações, assessorando clientes como: - IOB Thompson; - Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo; - Associação Nacional de Factoring; - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário; - Associação de Defesa dos Contribuintes; - WS Factoring; - Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo. Apresentou e dirigiu programas em 6 emissoras AM e FM de São Paulo: - Rádio Tupi AM; Atual AM; Apolo FM; CBN-SP; Super Sucesso; impressa FM - Rede da Américan Sat para 45 emissoras do Brasil Foi sub-editor, redator e repórter do: - Mesário de Contabilidade; - Revista Brasileira de Planejamento Tributário; - Jornal Fecontesp - Revista Paulista de Contabilidade