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Manejo nutricional no paciente oncológicoThiago H. A. Vendramini

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Page 1: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

“Manejo nutricional no

paciente oncológico”

Thiago H. A. Vendramini

Page 2: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Introdução

Page 3: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

As neoplasias influenciam na qualidade e perspectiva de vida de cães e gatos

Uma das principais causas de morte não acidentais

Aumento na frequência (diagnósticos)

•Longevidade

•Avanço nos cuidados veterinários

•Avanço nos diagnóstico

•Consciência sobre os serviços de especialistas

(BONNET et al., 2005; SAKER, SELTING, 2010)

3

Page 4: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

“É que ele esta com câncer, quando ele melhorar, ele vai

se alimentar...”

Page 5: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

A alimentação do paciente oncológico

Cuidadosamente formulada para trazer o maior proveito possível ao animal doente

Aproveitando-se de diferenças metabólicas e nutricionais entre as células do paciente e as células tumorais

As alterações metabólicas associadas ao câncer ocorrem muito antes dos sinais clínicos serem percebidos

Page 6: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Caquexia

Page 7: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Caquexia

Mesmo naqueles pacientes que seguem se alimentando normalmente, é comum a ocorrência de significativa perda de peso

Síndrome metabólica complexa

• Associada à doença subjacente

• COM perda de músculo

• COM ou SEM perda de gordura

• Depleção de todos os compartimentos corporais (casos mais avançados)

7

Page 8: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

A ocorrência comum de caquexia do

câncer e seu impacto negativo na

qualidade de vida e sobrevivência são bem aceitos nas

pessoas

Caquexia

Page 9: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Fisiopatologia da caquexia

Primária:

- Síndrome paraneoplásica: alterações metabólicas causadas pelo tumor

Secundária:

- Quimioterápicos: vômito, alterações do olfato, paladar e epitélio intestinal

- Tumores obstrutivos do TGI

9

Page 10: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

(Sorenmo & Shofer, 2004)

Um estudo realizado em cães tratados em uma clínica de referência em oncologia

Prevalência (cães)

4% dos cães apresentaram baixo ECC na avaliação clínica

29% obesos

15% perda de massa muscular significativa

• 31% perda inferior a 5%

• 14% entre 5-10%

• 23% perda superior a 10%

69% apresentaram perda de peso

Perda de peso era menos comum e menos

grave em cães com doença neoplásica do que em pessoas

Page 11: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Weeth et al. 2007

A distribuição dos escores de condição corporal

Um estudo muito maior

Cães com tumores malignos tinham menor probabilidade de estar acima do peso em comparação com cães sem neoplasia, mas não houve diferença na prevalência de cães com baixo peso ou muito magros entre os dois grupos

Idade, raça, status neutro, tipo de tumor e histórico de administração de corticosteroides são importantes fatores de confusão que afetam o estado

nutricional de cães com câncer

Prevalência (cães)

Page 12: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Fator prognóstico57 gatos com neoplasia no Serviço de Oncologia no Hospital Veterinário da Universidade da Pensilvânia

Prevalência (gatos)

Diferentemente do cão, quase metade dos gatos que eles avaliaram estavam abaixo do peso ou muito magros, e mais de

90% deles tinham evidências de perda de massa muscular

Page 13: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Avaliação de extrema importância

Recomendação

• World Small Animal Veterinary Association (WSAVA)

Diretrizes de avaliação nutricional

• American Animal Hospital Association (AAHA)

Extrema importância e necessidade, inclusive para avaliar o status atual do

paciente e as mudanças ao longo do tempo

Page 14: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

CaquexiaDiagnóstico

Page 15: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Caquexia

Critérios para diagnóstico

• Diminuição da força muscular

• Fadiga

• Anorexia

• Alterações bioquímicas

Alterações bioquímicas

• Aumentos de marcadores inflamatórios - interleucinas...

• Anemia

• Hipercalcemia (algumas neoplasias)

• Aumento de lactato

• Hipoalbuminemia (desnutrição proteica)

Perda de peso (5% do peso corporal nos últimos 12 meses)

15

Page 16: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Em seres humanos....• As técnicas empregadas para diagnóstico e avaliação da

caquexia são variadas

• Nenhuma delas é específica para avaliar a caquexia, porém geram resultados confiáveis e satisfatórios

Análise de bioimpedância

Diluição de isótopos

DEXA

Métodos de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética)

16

Page 17: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Em animais....No entanto...

A maioria desses métodos são pouco empregados!

Custo dos equipamentos para uso de rotina

Falta de profissionais treinados e com conhecimento das técnicas

Falta de conhecimento do médico veterinário em relação à importância deste tipo de avaliação

Page 18: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Escore de massa muscular

Grande importância da avaliação das reservas de massa magra

Sistema de escore de massa muscular (EMM) de quatro pontos foi desenvolvido para auxiliar na avaliação deste

parâmetro

• Michel et al. (2011)

18

Page 19: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Escore de massa muscular

Avaliação do EMM consiste em exame visual e de palpação ao longo dos ossos

temporais, escápulas, vértebras lombares e

ossos pélvicos

19

Page 20: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Escore de massa muscular

Pontuação Massa muscular

3 Nenhuma perda de massa muscular nas regiões da escápula, vértebras lombares, crânio e ílio

2Suave perda de massa muscular, caracterizada por ligeira diminuição de musculatura palpável

nas regiões da escápula, vértebras lombares, crânio e ílio

1Moderada perda de massa muscular, caracterizada por diminuição claramente visível de

musculatura palpável nas regiões da escápula, vértebras lombares, crânio e ílio

0Acentuada perda de massa muscular, caracterizada por grande perda de musculatura palpável

nas regiões da escápula, vértebras lombares, crânio (região parietal) e ílio

20

Page 21: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Cortesia: HVGLN/FCAV/Unesp

Page 22: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

ECCECC

Lembrando que no caso dos gatos a caquexia é

mais frequente que nos cães

Page 23: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Cortesia: HVGLN/FCAV/Unesp

Page 24: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

CaquexiaCaquexia x Sarcopenia

Page 25: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Caquexia X Sarcopenia

Freeman (2012) descreveu a caquexia

‘’Perda de massa corporal magra (massa

muscular) que afeta grande proporção de

cães e gatos com insuficiência cardíaca congestiva, doença

renal crônica, CÂNCERe uma variedade de

outras doenças crônicas”

A sarcopenia - perda de massa corporal magra que ocorre

como consequência do envelhecimento

Page 26: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Caquexia e Sarcopenia

Muitas das afecções associadas à perda muscular são mais comuns na idade avançada

Caquexia e sarcopenia são alterações simultâneas frequentes em muitos casos

Ambas as síndromes estão se tornando cada vez mais importantes na medicina humana e veterinária devido a sua alta frequência e efeitos

clínicos adversos

Page 27: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Perda de peso no animal doenteDoenças agudas e crônicas alteram as concentrações de vários mediadores (por exemplo, citocinas inflamatórias,

catecolaminas, cortisol, insulina, glucagon)• Diminuem a capacidade do organismo em fazer essas adaptações metabólicas

necessárias para alterar a utilização de gordura

• Aminoácidos continuam sendo utilizados como uma fonte primária de energia

• Por consequência, a massa muscular é rapidamente catabolizada

• A depender da doença, a gordura e tecido ósseo também podem ser catabolizados

Page 28: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Resumindo...Consumo de energia < necessidade de energia

Mobilização de aminoácidos

Diminuição da utilização de proteinas / preferência pela

utilização de gordura

Conservação da massa muscular

Resposta não adaptativa

Perda contínua de

massa muscular

A perda de peso que ocorre na caquexia é diferente da

observada em um animal saudável que perde peso

Adaptado de Freeman (2012)

Page 29: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

CaquexiaFator prognóstico

Page 30: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

O impacto da caquexia - humanos

2/3 dos pacientes apresentam-se caquéticos, no momento do óbito

22% das mortes são causadas por esta condição

Resulta em diminuição da resposta à quimioterapia e radioterapia

Em pacientes cirúrgicos: aumento nas taxas de óbito

Aumento na incidência de complicações

Page 31: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Sobrevida 57 gatos com neoplasia atendidos no Serviço de Oncologia no Hospital

Veterinário da Universidade da Pensilvânia

Já vimos este estudo...

Page 32: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Caquexia como fator prognóstico

Escore de condição

corporalTempo de sobrevida

< 5 3,3 meses

≥ 5 16,.7 meses

% Remissão

Escore de

condição

corporal

59 SIM 5,2

41 NÃO 3,5

(BAEZ et al., 2007)

Quando apenas o grupo com linfoma foi considerado não houve

diferença para esses resultados

Page 33: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Sobrevida

Faixa de peso Tempo de sobrevida

< 3,3 kg 3,9 meses

≥ 3,3 a ≤5 kg 6,5 meses

> 5kgs 19,9 meses

(BAEZ et al., 2007)

Page 34: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Caquexia

Caquexia

Interação tumor-

hospedeiro

Aumento do metabolismo

Perda de massa

muscularAnorexia

Alterações metabólicas

Alterações hormonais

Considerada uma síndrome metabólica complexa pois existem vários fatores envolvidos

Resistência do indivíduo

Habilidade em utilizar glicose (vamos ver...)

Interleucinas e ação mecânica (vamos ver)

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Consequências metabólicas

Page 36: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

“Parasitismo metabólico”

Page 37: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

A presença do tumor causa um verdadeiro

"parasitismo metabólico"

O combustível energético essencial das células tumorais é representado pela

glicose

Os modos particulares de uso

seguem os caminhos da glicólise anaeróbica

A glicose é assim metabolizada em

lactato pelo tumor

O lactato precisa ser convertido em

glicose novamente para não gerar acidose (essa

reconversão corre no fígado – ciclo de cori)

O que é?

Page 38: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Glicose Via anaeróbica Via aeróbica

Ciclo de Cori (fígado)

+ 36 ATPs

2 ATPs (Tumor)

-4ATPs -2 ATPs

Piruvato

Cilco de KrebsLactato

Perda energética - contribuindo para a degradação tecidual, perda de peso e de massa magra

Mais ativo 2 a 3x

Page 39: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Déficit é de 38 ATP - o ganho de energia da glicólise aeróbica convencional, para uma molécula de glicose

Além disso, o ciclo Cori leva a uma despesa adicional de 6 moléculas de trifosfatos (4 ATP e 2 GTP)

O baixo ganho energético, 2ATP, da glicólise anaeróbica é recuperado pelo tumor

Em resumo – Essa operação é cara para o paciente

Page 40: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

As células neoplásicas possuem aparato enzimático necessário para a

glicólise aeróbica

Uma enzima chave na via anaeróbica, a piruvatoquinase, aparece em uma

forma embrionária que não é sensível aos feedbacks usuais

Mas por que a via anaeróbica?

Page 41: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Alterações metabólicas e hormonais (citocinas)

Page 42: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Alterações metabólicas e hormonais

Orquestradas por vários hormônios e citocinas

As citocinas são mediadores ou moléculas de mensagem produzidas por muitas células do paciente (células de defesa e células endoteliais)

As citocinas são classificadas em 4 categorias: interleucinas (IL), fatores de necrose tumoral (TNF), interferons (IFN) e fatores de crescimento, CSFs (fatores estimuladores de colônias)

A administração de doses sub-letais das várias citocinas em ratos replica as alterações no metabolismo observadas em pacientes com câncer como a caquexia e diminuição do apetite

Page 43: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Tumor

Resposta inflamatóriaFatores tumorais

Fator mobilizador de lipídios

Fator indutor de proteólise

Estimula a lipólise

Perda de tecido adiposo

Perda de massa muscular

Estimula a proteólise

Citocinas pró-inflamatórias e caquetizantes (TNF-α, IL-1, IL-6)

Diminuiu o apetite

Redução da ingestão

Caquexia

Perda de peso e de massa muscular

Page 44: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Interleucinas

Caquexia Febre Lipólise Proteólise Anorexia

IL-1 - ++ - + +

IL-6 - + ? + _

TNF + + + + +

Citocinas

Page 45: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Crescimento Tumoral

Cérebro

Anorexia

Produção de citocinas

Músculo

Fígado

Lactato

↓ Síntese

↑ Degradação

↑ Glicose

↑ Proteína

Tecido adiposo

↓Estoque de gordura

↑ Liberação de glicerol

Estímulo da síntese hepática de

glicoproteínas reativas (proteína

de fase aguda): ceruloplasmina,

haptoglobulina, α1-anti-tripsina ...

Essa produção opera a custa de

outras proteínas sintetizadas pelo

fígado, como a albumina

Page 46: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Na nutrição dos pacientes oncológicos

Outro fator importante a ser considerado

Síndrome PLE (Protein-losing enteropahy ou enteropatiapor perda de proteínas)

Perda excessiva de proteínas do soro que leva a hipoproteinemia (WITHROW, 2013)

Além disso, pacientes oncológicos, dependendo de qual neoplasia os acomete, podem ter outros distúrbios nutricionais,

como hipoglicemia, em casos de insulinoma, por exemplo

Page 47: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Anorexia

Page 48: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

A anorexia é um sinal clínico mais comum nas duas espécies

Ocasionada normalmente pela liberação de citocinas, que causa diminuição de apetite

Por isso, um dos fatores mais importantes para a dieta do paciente oncológico é a palatabilidade

Anorexia

Em pacientes com tratamento em andamento a anorexia pode ser explicada como uma consequência da quimioterapia

Diminuição das papilas gustativas funcionais e alterações no olfato

Dor ao se alimentar

(WITHROW, 2013)

Page 49: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Efeito mecânico

Page 50: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Tumores em cavidade oral

Disfagia

(dificuldade de engolir)

Odinofagia(dor ao comer)

Tumores gástricos e intestinais

Obstrução

Diminuição da capacidade estomacal

Atrofia de vilosidades

Tumores Cerebrais

Alterações de apetite

Efeito mecânico

Os centros reguladores de apetite estão localizados no

hipotálamo e as lesões nesse nível geralmente

determinam a polifagia, mas às vezes

a anorexia

Os tumores da cavidade oral e da esfera orofaríngea frequentemente causam

anorexia através de efeitos mecânicos (disfagia) ou dor associada à

alimentação (odinofagia)

Os tumores gástricos podem causar obstruções e lentidão no trânsito, diminuição na capacidade do estômago, levando à saciedade precoce

A infiltração mucosa extensiva pelas células tumorais e a atrofia das vilosidades resultam em síndrome de má absorção

Page 51: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Perfil do alimento

Page 52: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

NÃO é indicada para todos os gatos ou cães

com câncer

(mudança de alimento)

Cada animal deve ser avaliado cuidadosa e

individualmente

Aqueles que já mantêm boas condições corporais em alimentos completos

e equilibrados de alta qualidade, bem tolerados

e aceitos, podem permanecer nessa ração

até que haja razão objetiva para mudar

Vários fatores são usados para decidir qual ração é melhor para um

animal em particular

Mudar a dieta?

Page 53: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Restaurar ou manter condição corporal satisfatória

Prevenir e corrigir possíveis déficits nutricionais

Melhorar a tolerância a tratamentos contra o câncer (qualidade)

Melhorar a qualidade de vida (longevidade)

Principais objetivos?

Mais ambiciosamente ....

Page 54: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

As mudanças na dieta também visam

"alimentar o paciente sem alimentar o tumor“

Células tumorais – desvio dos nutrientes às custas

do pacienteO objetivo é, portanto...

Favorecer nutrientes que não são utilizados pelas células tumorais, como lipídios, e, inversamente, reduzir a ingestão

de carboidratos, que é o principal combustível do tumor

Principais objetivos?

Page 55: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Terapia adjuvante

Na oncologia a nutrição é chamada de terapia

adjuvante

A nutrição pode auxiliar tanto na recuperação quanto na melhora da

qualidade de vida

TERAPIA ANTINEOPLÁSICA

TERAPIA NUTRICIONAL

Page 56: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Driblar o metabolismo dos tumores

Redução de metástases

Melhorar a qualidade de

vida do paciente durante o

tratamento

Aumentar a longevidade

pós-tratamento

Terapia adjuvante56

Page 57: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Composição da dieta

Carboidratos:

- Alta utilização pelas células tumorais

- Ganho de energia pelo tumor e dupla perda pelo paciente

- Baixos teores recomendados (< 25% da MS)

57

Page 58: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Alteração no metabolismo

Alta utilização pelas células tumorais → 10 a 50 vezes

Perda dos mecanismos de regulação energética

Glicólise anaeróbica → 40-93% da glicose é metabolizada em lactato

Ciclo de cori

Há um ganho de energia pelo tumor e uma “dupla” perda pelo paciente que

leva ao emagrecimento/caquexia

“Parasitismo metabólico"

Page 59: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Proteínas:

- Alto catabolismo no paciente

-Utilização de altos teores (30– 45% para cães e 40-50% para gatos)

Composição da dieta

59

Page 60: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Massa Muscular Corporal

Síntese Proteína Esquelética

Alterações no metabolismo

BALANÇO NITROGENADO NEGATIVO

FUNÇÃO GASTRINTESTINAL

CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

FUNÇÃO IMUNOLÓGICA

RESERVAS DE AMINOÁCIDOS

60

Page 61: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Gordura:

- Alto teor energético = menores quantidades de alimentos

- Menor utilização pelas células neoplásicas

Composição da dieta

61

Page 62: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Gorduras

Os tumores possuem habilidade limitada para metabolizar as

gorduras

Principal fonte de energia para os

pacientes com câncer

Reservas diminuídas ou ausentes

Alterações no metabolismo62

Page 63: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Fibras:

- Fermentação: AGCC (Acetato, butirato, propionato)

- Manutenção do TGI

- Altos teores = redução do aproveitamento de

nutrientes

Composição da dieta

Page 64: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Recomendações nutricionais

Adaptado de Ogilve e Marks (2000) e Roudebush et al. (2004)

Eu odeio “regrinhas”... mas vocês amam...

Page 65: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Nutracêuticos

Page 66: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Nutracêuticos

FIBRAS ARGININA GLUTAMINA

ÔMEGA 3 ANTIOXIDANTES NUCLEOTÍDEOS

Produtos que contêm um ou mais ingredientes biologicamente ativos que foram isolados ou purificados de alimentos e utilizados para suplementar a dieta

66

Page 67: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

SuplementosÔmega-3

Inibição de carcinogênese e disseminação metastática (animais modelos)

Modificação da produção e ação de citocinas envolvidas na caquexia e anorexia paraneoplásica

Redução da síntese de citocinas (TNF-alfa, IL-1 e IL-6)

Efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores

Inibição do Fator indutor de proteólise e fator indutor de lipólise

Page 68: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Ômega 3

(Ogilvie et al., 2000)

Ensaio clínicos randomizados - duplo-cego com 32 cães com linfoma submetidos à quimioterapia com doxorrubicina

2 dietas:

- Adicionadas de óleo de peixe + arginina

- Adicionadas de óleo de soja

Lactatemia

Sobrevida

Ômega 3

Page 69: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Tumor

Resposta inflamatóriaFatores tumorais

Fator mobilizador de lipídios

Fator indutor de proteólise

Estimula a lipólise

Perda de tecido adiposo

Perda de massa muscular

Estimula a proteólise

Citocinas pró-inflamatórias e caquetizantes (TNF-α, IL-1, IL-6)

Diminuiu o apetite

Redução da ingestão

Caquexia

Perda de peso e de massa muscular

EPA - InibiçãoEPA – Diminuição da produção de

citocinas

Page 70: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Suplementos

Óleo de peixe

40mg EPA + 25mg DHA /kg/dia (Freeman et al., 2008)

A maioria dos benefícios da suplementação dos ácidos graxos ômega-3 ocorrem somente após alcançar o pico de concentração no plasma e nos

tecidos: 4 a 6 semanas

Ômega-3

Page 71: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Suplementos

Glutamina:

“Condicionalmente essencial”

Depleção em pacientes críticos

- Manutenção do TGI e sistema imune

Arginina:

- Essencial em cães e gatos

- Síntese de colágeno: melhor cicatrização

- Citotoxicidade

71

Page 72: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Antioxidantes (Todorova, 2011)

14 cadelas com carcinoma de glândula mamária

Controle: epirrubicina + ciclofosfamida

AOX: epirrubicina + ciclofosfamida + antioxidantes Vit C (50 mg/kg), Vit A (3000UI/kg/IM), Vit D (4000UI/kg/IM) e Vit E (2 mg/kg/IM))

Melhora da tolerância do paciente ao tratamento

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Page 73: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

“Doutor mas ele não come”

Page 74: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

O TGI está funcional ?(ausência de vômito, diarreia, obstrução, etc.)

As necessidades podem seralcançadas por via oral ?

NÃOSIM

NÃOSIM

Instituir alimentação assistida(curto período)

Terapia nutricionalparenteral

Page 75: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Obesidade e neoplasias

Page 76: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Relação entre obesidade e câncer em cães:

Prevalência de obesidade ligeiramente menor no grupo com câncer

• Porém, com valores diferentes entre os tipos de tumores

Introdução

Page 77: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Inibição da apoptose e promovem a angiogênese

Leptina - promotor in vitro de tumores mamários (Yin et al., 2004) e carcinomas hepatocelulares (Wang et al., 2004) em seres humanos – em cães e gatos relação específica entre as adipocinas e

tumorogênese não documentada

Page 78: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Obesidade e o risco de câncer

Concentrações elevadas de leptina, resistina, IL-6

e TNF-a

Inibição dos mecanismos apoptóticos e promovem

a angiogênese

Podem servir como promotores do câncer

Zou et al., 2008

Page 79: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Estudos - prevalência

Cães e gatos obesos - maior prevalência de neoplasias benignas e malignas

• Lund et al., 2005; Lund et al., 2006

Número limitado de estudos retrospectivos que avaliaram a associação de tipos de câncer específicos e obesidade

Carcinoma de células de transição da bexiga urinária de cães - aumento da prevalência da obesidade em cães afetados

• Glickman et al., 1989

Correlação positiva entre o desenvolvimento do tumor mamário e a obesidade – relato do proprietário

• Sonnenschein et al., 1991; Weeth et al., 2007; Lim et al., 2015a; Lim et al., 2015b

Não encontraram nenhuma associação da obesidade com o desenvolvimento de tumor mamário

• Philibert et al., 2003

Page 80: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Castração e neoplasias

Page 81: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Revisão81

Page 82: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Considerações finais

Page 83: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

“É que ele esta com câncer, quando ele melhorar, ele vai

se alimentar...”

Page 84: Manejo nutricional no paciente oncológico - Moodle USP: e

Dúvidas?

Muito obrigado

[email protected]