cardiotoxidade do tratamento oncológico - uma revisão bibliográfica

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  • 1

    UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA

    CURSO DE BACHARELADO EM CINCIAS BIOLGICAS

    CARDIOTOXIDADE DO TRATAMENTO ONCOLGICO:

    uma reviso bibliogrfica

    ALESSANDRO MAGALHES DE OLIVEIRA

    Rio de Janeiro Junho de 2014

  • 2

    ALESSANDRO MAGALHES DE OLIVEIRA

    CARDIOTOXIDADE DO TRATAMENTO ONCOLGICO:

    uma reviso bibliogrfica

    Monografia apresentada como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel no curso de Cincias Biolgicas, da Universidade Veiga de Almeida - UVA, sob a orientao do Prof. Jos Gabriel Werneck e Coordenao da Prof. Vera Lcia Vaz Agarez.

    Rio de Janeiro Junho de 2014

  • 3

    Universidade Veiga de Almeida - UVA Curso de Bacharelado em Cincias Biolgicas

    Esta monografia intitulada:

    CARDIOTOXIDADE DO TRATAMENTO ONCOLGICO:

    uma reviso bibliogrfica

    Apresentado por

    Alessandro Magalhes de Oliveira

    Foi avaliada pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

    ___________________________________________________ Prof. Jos Gabriel Verneck (Orientador) 1 Avaliador ___________________________________________________ Prof. Onsio Ribeiro dos Santos 2 Avaliador ___________________________________________________ Prof. Jorge Gandra Mesquita 3 Avaliador

  • 4

    FICHA CATALOGRFICA

    OLIVEIRA, ALESSANDRO MAGALHES DE

    CARDIOTOXIDADE DO TRATAMENTO ONCOLGICO: UMA

    REVISO BIBLIOGRFICA, CCBS, UVA, 2014

    Monografia de Graduao em Bacharelado em Cincias Biolgicas da

    Universidade Veiga de Almeida, 2914.

    Bibliografia: 22 - 24

    1. Cardiotoxidade

    2. Efeitos do Tratamento Bioqumico nos Pacientes oncolgicos

    3. Agentes bioqumicos e toxicidade

  • 5

    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a minha me, meu pai, as minhas irms que muito me

    apoiaram, a minha companheira pela compreenso, a todos os professores,

    aos companheiros de classe e amigos que ajudaram nessa caminhada.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a minha me, meu pai e minhas irms pelo apoio e incentivo.

    Agradeo a minha companheira pela compreenso e apoio.

    Agradeo meu orientador Prof. Jos Gabriel Verneck.

    Agradeo ao Prof. Onsio Ribeiro dos Santos e ao Prof. Jorge Gandra

    Mesquita por contribuir na avaliao deste trabalho.

    Agradeo ao Centro Universitrio de Cidade e a Universidade Gama Filho

    pelo aprendizado, aos meus professores e companheiros de classe.

    Agradeo Universidade Veiga de Almeida pela oportunidade da concluso

    do curso.

  • 7

    RESUMO

    A cardiotoxidade so os efeitos txicos de diferentes medicamentos

    ministrados no combate ao cncer sobre o corao, a partir desses conceitos

    surgiu a necessidade de fazer a pesquisa bibliogrfica que visou enfatizar a

    necessidade de haver um acompanhamento de um cardiologista no

    tratamento oncolgico. O objetivo deste trabalho foi ressaltar a necessidade

    de haver um acompanhamento cardiolgico na teraputica oncolgica e os

    objetivos especficos foram: promover procedimentos e cuidados que

    previnam e minimizam as leses causadas ao corao na teraputica

    oncolgica, identificar exames de diagnsticos que enfatiza a cardiotoxidade

    e identificar frmacos cardioprotetores, esta reviso bibliogrfica da

    cardiotoxidade sobre a teraputica oncolgica trata-se de uma pesquisa

    bsica qualitativa, descritiva e seguiu o procedimento de reviso

    bibliogrfica. De um modo geral, o reconhecimento sob o risco e a

    preveno da insuficincia cardaca clnica e da disfuno ventricular so,

    importantes objetivos no manejo dos indivduos em tratamento oncolgico.

    Foi ressaltado a importncia de drogas cardioprotetoras subseqente ao

    tratamento oncolgico. De acordo com essa reviso e a literatura sobre esse

    tema me levou a concluir que a interao das especialidades de cardiologia e

    oncologia, a preveno e a monitorao cardaca antes, durante, aps e

    anualmente durante cinco anos aps o tratamento oncolgico poderia

    minimizar a leso ao sistema cardiovascular.

    Palavras-chave: cardiotoxicidade. cardiotoxidade. cardio-oncologia

    quimioterapia.

  • 8

    ABSTRACT

    The cardiotoxidade are the toxic effects of different drugs administered in

    fighting cancer affecting the heart, these concepts emerged from the need to

    do a literature search that aimed to emphasize the need for monitoring by a

    cardiologist in cancer treatment. The objective of this study was to

    emphasize the need for a cardiac monitoring in cancer therapy and the

    specific objectives were: promote procedures and care to prevent and

    minimize injuries to the heart in cancer therapy, identify diagnostic tests that

    emphasizes cardiotoxidade and identify cardioprotective drugs. This

    literature review of cardiotoxidade on cancer therapy it is a qualitative,

    descriptive and basic research followed the procedure of literature review.

    In general, the recognition at risk and prevention of clinical heart failure and

    ventricular dysfunction are, important goals in the management of

    individuals undergoing cancer treatment. It was stressed the importance of

    cardioprotective drugs subsequent to chemotherapy. According to this

    review and the literature on this topic has led me to conclude that the

    interaction of the specialties of cardiology and oncology, and preventing

    cardiac monitoring before, during, after and annually for five years after

    cancer treatment would minimize injury to the cardiovascular system.

    Key-word: cardiotoxicity. cardio-oncology. chemotherapy.

  • 9

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Coplexo QRS e intervalo Q-T

    ___________________________________________________________3

  • 10

    NDICE

    FICHA CATALOGRFICA____________________________________

    DEDICATRIA______________________________________________

    AGRADECIMENTOS_________________________________________

    RESUMO____________________________________________________

    LISTA DE FIGURAS__________________________________________

    INTRODUO______________________________________________1

    CAP. 1 FISIOPATOLOGIA CARDACA COM CORRELAO A

    TOXICIDADE_______________________________________________2

    CAP. 2 METODOLOGIA_____________________________________4

    CAP. 3 A IMPORTNCIA DO ACOMPANHAMENTO

    CARDIOLGICO NA TERAPUTICA ONCOLGICA___________5

    3.1. Cardio-Oncologia_________________________________________5

    3.2. O cardiologista frente a um paciente oncolgico________________5

    3.3. Insuficincia cardaca______________________________________6

    CAP. 4 FISIOPATOLOGIA NA ESPECIFICIDADE DA

    CARDIOTOXIDADE_________________________________________7

    4.1. Apresentao clnica_______________________________________7

    4.2. Toxicidade por radiao____________________________________7

    4.3. Monitoramento da cardiotoxicidade__________________________7

    4.4. Tratamento______________________________________________8

    4.5. Arritmias________________________________________________8

    4.6. Cardiotoxicidade associado radioterapia____________________9

  • 11

    4.7. Doenas do pericrdio e cncer______________________________9

    CAP. 5 QUIMIOTERPICOS________________________________10

    5.1. Antraciclinas____________________________________________10

    5.2. Anticorpos monoclonais___________________________________11

    5.3. Agentes biolgicos________________________________________11

    5.4. Alquilantes______________________________________________12

    5.5. Alcaloides da vinca (vincristina/vinblastina/ vinorelbina)_______12

    CAP. 6 EXAMES DE DIAGNSTICO_________________________12

    6.1. Diagnstico_____________________________________________12

    6.2. Identificao de risco_____________________________________12

    6.3. Diagnstico de Insuficincia Cardaca_______________________13

    6.4. Mtodos de imagem______________________________________14

    6.5. Ecocardiografia__________________________________________14

    6.6. Monitorao da insuficincia cardaca induzida pela adramicina_14

    6.7. Biomarcadores cardacos__________________________________15

    6.8. Bipsia endomiocrdica___________________________________15

    CAP. 7 CARDIOPROTEO E PREVENO_________________15

    7.1. Betabloqueadores________________________________________15

    7.2. Frmacos e vitaminas cardioprotetoras______________________16

    7.3. Cardioproteo em crianas_______________________________16

    7.4. Citoprotetores___________________________________________17

    7.5. Vitaminas com caractersticas citoprotetotras_________________18

    7.6. Exerccio e reabilitao no paciente com cncer_______________19

  • 12

    RESULTADOS E DISCUSO_________________________________19

    PERSPECTIVA_____________________________________________20

    CONCLUSO______________________________________________21

    REFERNCIAS_____________________________________________22

  • 13

  • 1

    INTRODUO

    No Brasil a problemtica cancergena vem ganhando relevncia pelo

    perfil epidemiolgico com tambm pela busca da qualidade de vida do

    paciente aps o tratamento. documentado que diferentes agentes anti-

    neoplsicos e outras terapias oncolgicas tm potencial cardiotxico. A

    exposio s medicaes quimioterpicas pode gerar complicaes

    cardiovasculares, que variam desde danos sub-clnicos assintomticos at

    eventos com potencial risco de vida, como a insuficincia cardaca. A partir

    desses conceitos surgiu a necessidade de fazer a pesquisa bibliogrfica que

    visou enfatizar a necessidade de haver um acompanhamento de um

    cardiologista no tratamento oncolgico e promover procedimentos e

    cuidados que previnam e minimizam as leses causadas ao corao na

    teraputica oncolgica. Esta reviso trata-se de uma pesquisa bsica

    qualitativa, descritiva e seguiu o procedimento de reviso bibliogrfica. Essa

    pesquisa levantou um questionamento sobre a necessidade de haver um

    acompanhamento de um cardiologista na terapia oncolgica. A dvida se

    baseia na suposio de que importante haver o acompanhamento de um

    cardiologista como medida de preveno, pois poderia minimizar as leses

    do corao em decorrncia do tratamento oncolgico. O objetivo deste

    trabalho foi ressaltar a necessidade de haver um acompanhamento

    cardiolgico na teraputica oncolgica e os objetivos especficos foram:

    promover procedimentos e cuidados que previnam e minimizam as leses

    causadas ao corao na teraputica oncolgica, identificar exames de

    diagnsticos que enfatiza a cardiotoxidade e identificar frmacos

    cardioprotetores (S et al., 2009; SILVA, 2012).

  • 2

    CAP. 1 FISIOPATOLOGIA CARDACA COM CORRELAES A TOXICIDADE.

    Cada vez so mais freqentes as doenas cardiovasculares nos

    pacientes com cncer, acarretadas pelas terapias oncolgicas. Nas ltimas

    dcadas, os progressos no tratamento oncolgico resultaram tambm na

    maior exposio dos pacientes a fatores de riscos cardiovasculares e a

    quimioterapia com potencial cardiotxico. A cardiotoxidade apresenta-se de

    forma aguda, subaguda, crnica e sub-crnica. No eletrocardiograma o

    complexo QRS representa a ativao dos ventrculos, o intervalo QT

    corresponde ao tempo que decorre desde o princpio da despolarizao (que

    vai desde o incio da onda Q no complexo QRS) at o fim da repolarizao

    dos ventrculos (que corresponde onda T) como mostra a figura 1 seguir.

    De acordo com vrias circunstncias esse intervalo varia: idade, tnus

    autonmico, exerccio, frmacos, etc. A cardiotoxidade aguda ou subaguda

    caracterizada por sndromes coronarianas agudas, alteraes no intervalo

    Q-T, alterao sbita na repolarizao ventricular, arritmias

    supraventriculares e ventriculares, pericardite e miocardite, geralmente

    observadas desde o incio at quatorze dias aps o trmino do tratamento. A

    cardiotoxidade crnica pode ser diferenciada em dois tipos de acordo com o

    incio dos sintomas clnicos. O primeiro subtipo ocorre dentro de um ano

    aps o termino da quimioterapia (sub-crnica), o segundo subtipo ocorre

    geralmente aps um ano aps o termino da quimioterapia (crnica) sendo

    essa sua subdiviso. A disfuno ventricular sistlica ou diastlica que pode

    levar a insuficincia cardaca, a manifestao mais tpica de

    cardiotoxidade crnica.

    O que dificulta estabelecer a real incidncia de cardiotoxicidade ao

    longo do tempo a no contemplao a avaliao clnica e limiares

    diferentes para a determinao de toxicidade cardiovascular. Incorporar

    achados clnicos, exames complementares e uma definio comum deve ser

  • 3

    estabelecida para eliminar essas dificuldades (BERKOW et al., 2013;

    COSTA et al., 2010; KALIL FILHO et al., 2011; UNIVERSIDADE

    FEDERAL PAULISTA, 2001).

    Figura 1 - Coplexo QRS e intervalo Q-T

    Fonte: Berkow et al. (2013)

    As manifestaes clnicas de cardiotoxidade abordadas na I Diretriz

    Brasileira de Cardio-Oncologia para melhor visualizao esto dispostas no

    quadro 1.

    Cardiotoxidade

    Insuficincia cardaca

    Arritmias ventriculares e supraventriculares

    Isquemia miocrdica aguda com ou sem supra de ST

    Disfuno ventricular esquerda assintomtica

  • 4

    Hipertenso arterial sistmica

    Doena pericrdica

    Eventos tromboemblicos

    Quadro 1 - Manifestaes clnicas de cardiotoxidade

    Fonte: Kalil Filho et al. (2011)

    As medidas da frao de ejeo do ventrculo esquerdo (FEVE)

    definem a cardiotoxidade nos ensaios clnicos. Atualmente, em relao ao

    prognstico do paciente com cncer, tem-se notado uma mudana, onde o

    paciente passa a ser visto como um portador de doena crnica que ao longo

    do tempo pode apresentar descompensaes agudas, como as manifestaes

    cardiovasculares. (COSTA et al., 2010).

    CAP. 2 METODOLOGIA

    Esta reviso bibliogrfica da cardiotoxidade sobre a teraputica

    oncolgica trata-se de uma pesquisa bsica qualitativa, descritiva e seguiu o

    procedimento de reviso bibliogrfica. Foi obtida atravs da procura dos

    descritores no site Scielo, no site Biblioteca Digital Brasileira e no site

    Google Acadmico somente em lngua portuguesa utilizando os descritores:

    cardiotoxicidade, cardiotoxidade, cardio-oncologia e quimioterapia. A busca

    foi feita por meio das palavras encontradas nos ttulos e nos resumos dos

    artigos, diretrizes, teses e dissertaes.

    Outra estratgia adotada foi a busca no site da Sociedade Brasileira

    de Cardiologia justificado pelo grande interesse da sociedade no tema.

    Todas as buscas foram realizadas privilegiando os artigos que

    abrangem o perodo de 1990 a 2014. Foram encontrados 31.884 artigos,

    sendo que desses apenas 20 foram usados no presente trabalho justificado

    pelo critrio de incluso que foi a conformidade com o assunto proposto.

  • 5

    CAP. 3 A IMPORTNCIA DO ACOMPANHAMENTO

    CARDIOLGICO NA TERAPUTICA ONCOLGICA.

    3.1. Cardio-Oncologia

    O Brasil foi o primeiro pas a publicar uma diretriz sobre Cardio-

    Oncologia, como forma de discutir, instruir, orientar e esclarecer sobre essa

    entidade clnica que se torna cada vez mais freqente e desafiadora em

    nosso meio, a cardiotoxicidade. Sabe-se que, nos dias de hoje, com todo o

    arsenal teraputico medicamentoso disponvel e utilizado para insuficincia

    cardaca, bem como com todos os avanos diagnsticos, somos capazes de

    detectar a disfuno ventricular em fases mais precoces e obter importante

    impacto sobre a reduo na morbimortalidade dessa sndrome, conseguindo,

    inclusive, promover melhora na funo ventricular e remodelamento reverso

    (BACAL; NUSSBAUM; PIRES, 1992).

    3.2. O cardiologista frente a um paciente oncolgico

    Na maioria das vezes o atendimento do paciente encaminhado para o

    cardiologista , para avaliao pr-operatria do risco cirrgico, hipertenso

    arterial, doenas cardiolgicas ou para tratar das complicaes acarretadas

    pela terapia oncolgica. De um modo geral, a interao entre as duas

    especialidades de Oncologia e Cardiologia e o acompanhamento simultneo

    do paciente no existe e no padronizada. O acompanhamento

    extremamente necessrio, tendo em vista as complicaes cardiovasculares

    alterando o resultado do tratamento. O cardiologista deve estar bem

    informado com as peculiaridades da doena, que por si s pode apresentar

    problemas circulatrios, assim como as complicaes cardiocirculatrias

    resultantes do tratamento quimioterpico e radioterpico, utilizados

    isoladamente ou de forma associada. Simultaneamente o oncologista dever

    estar familiarizado da repercusso de sua conduta teraputica no aparelho

  • 6

    cardiocirculatrio. Portanto, o simultneo acompanhamento pelos dois

    especialistas deve ser estimulado, visando a obteno de melhores

    resultados na terapia do paciente (ALENCAR FILHO; GONALVES,

    2011).

    A interao e a colaborao das disciplinas de Oncologia e

    Cardiologia contribui para reduzir os efeitos adversos cardiovasculares e

    obter melhores resultados no tratamento do cncer. Tendo como objetivo

    unir a Oncologia e a Cardiologia, em janeiro de 2009, foi criada a

    Sociedade Internacional de Cardio-Oncologia. A principal meta dessa fuso

    promover a preveno, o diagnstico adequado e o tratamento das

    complicaes cardiovasculares nos pacientes, buscando estratgias ideais

    para progredir com o tratamento oncolgico especfico e prevenir a

    cardiotoxidade acarretada pela terapia oncolgica. (COSTA et al., 2010;

    ALENCAR FILHO; GOLALVES, 2011).

    3.3. Insuficincia cardaca

    3.3.1. Incidncia de agentes mais envolvidos

    A agresso miocrdica com disfuno ventricular sistlica e

    insuficincia cardaca, destaca-se entre os efeitos adversos dos

    quimioterpicos no sistema cardiovascular, pela sua maior freqncia e

    gravidade. Varia nas sries clnica entre 5% e 30% a ocorrncia da

    disfuno ventricular sistlica e diastlica assintomtica ou sintomtica.

    Sendo mais freqente em pacientes que se apresentam com os clssicos

    fatores de risco como: hipertenso arterial, uso de associao de

    quimioterpicos, extremos de idade, diabetes, disfuno ventricular prvia,

    suscetibilidade gentica e radioterapia mediastial. Teoricamente, qualquer

    quimioterpico tem potencial para causar toxicidade e os efeitos

    cardiotxicos so cumulativos e tem relao com a velocidade da infuso, a

  • 7

    dose, as insuficincias hepticas e renal e a associao de drogas (KALIL

    FILHO et al., 2011).

    CAP. 4 FISIOPATOLOGIA NA ESPECIFICIDADE DA

    CARDIOTOXIDADE

    Tem sido classificadas as medicaes que determinam as leses

    irreversveis como agentes tipo I (antraciclinas, agentes alquilantes) e os que

    no determinam destruio celular irreversvel, como agentes tipo II

    (trastuzunabe, sunitinibe, lapatinibe), as manifestaes e a fisiopatologia da

    cardiotoxicidade dependem do tipo do agente (KALIL FILHO et al., 2011).

    4.1. Apresentao clnica

    A insuficincia cardaca (IC) uma das principais e mais temidas

    complicaes do tratamento oncolgico. Ocorre nos primeiros meses aps o

    ciclo de quimioterapia a insuficincia cardaca por cardiotoxicidade,

    podendo ainda ocorrer nas primeiras semanas e anos aps o tratamento.

    Quadros agudos podem ocorrer durante o tratamento, quando doses

    acumulativas mais elevada so utilizadas ou em indivduos com fatores de

    risco. Os sintomas so: dispnia, cansao, fadiga, sintomas digestivos,

    disteno abdominal e diarria (KALIL FILHO et al., 2011).

    4.2. Toxicidade por radiao

    O dano cardiovascular, incluindo a insuficincia cardaca se associa

    a radiao externa sobre o trax. A doena cardaca relacionada a radiao

    depende do volume do corao exposto, da dose de radiao, e de tcnicas

    especficas de aplicao. A insuficincia tricspide, insuficincia artica,

    insuficincia mitral, so as leses mais comuns (KALIL FILHO et al.,

    2011).

    4.3. Monitoramento da cardiotoxicidade

  • 8

    aspecto fundamental do manejo de pacientes que se submetem a

    terapia oncolgica cardiotxica o monitoramento de sinais e sintomas de

    insuficincia cardaca, como a toxicidade pode se manifestar em qualquer

    momento no decorrer do tratamento, at mesmo vrios anos aps a

    finalizao do mesmo, faz-se necessria vigilncia contnua das

    manifestaes clnicas da sndrome e avaliao dos sintomas pouco

    especficos como fadiga, cansao e limitaes funcionais para as atividades

    do dia a dia. Os mtodos amplamente aceitos de avaliao da funo

    ventricular so a ventriculografia radioisotpica e a ecodopplercardiografia

    bidimensional (KALIL FILHO et al., 2011).

    4.4. Tratamento

    Com os avanos no diagnsticos, e com os avanos dos frmacos

    utilizados para insuficincia cardaca, tornou-se possvel proporcionar

    melhora da funo ventricular, mesmo quando j estalada e identificar a

    doena em fase mais precoce. Os frmacos so aqueles que podem atuar no

    processo de remodelamento, proporcionando reduo dos dimetros

    ventriculares e melhora de funo nesse contexto, os bloqueadores de

    receptores AT2, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA),

    bloqueadores da aldosferona e betabloqueadores so drogas de primeira

    linha para o tratamento da IC, independente da etiologia (KALIL FILHO et

    al., 2011).

    4.5. Arritmias

    As arritmias podem ocorrer em diversas circunstncias e situaes

    clnicas, como distrbios hidroeletrolticos, infeces, durante o tratamento

    quimioterpico e no ambiente ps-operatrio. Ainda no esta bem

    determinada e varia de acordo com o quimiterpico utilizado a incidncia

    de arritmias no paciente oncolgico. Por si s o cncer gera um ambiente

    pr-arritmognico, independente de outros fatores de risco do paciente. Os

  • 9

    quimioterpicos mais conhecidos por causar arritmias so os agentes

    antimicrotbulos (paclitaxel e docetaxel), as antraciclinas (doxorrubicina,

    epirrubicina), os agentes alquilantes ( cisplatina, ciclofosfamida), as

    antimetablitos (5-fluoracil, capecitabina, gencitabina), os inibidores da

    tirozina-quinase (trastuzumabe, centuximabe) a talidomida e a interleucina e

    o trixido de arsnio (KALIL FILHO et al., 2011).

    4.6. Cardiotoxicidade associado radioterapia

    As complicaes cardiovasculares da radioterapia so uma

    preocupao adicional no manejo do paciente em tratamento oncolgico,

    sendo necessrio a interveno imediata e o diagnstico precoce. A

    irradiao do trax pode causar danos ao miocrdio, pericrdio, artrias

    coronrias e valvas. Com a associao de quimioterapia com antraciclinas as

    complicaes cardiovasculares induzidas por radioterapia maior.

    Aproximadamente 50% dos pacientes assintomticos desenvolvem novos

    defeitos de perfuso miocrdica e podem ser silenciosa a injria vascular

    proporcionada pela radioterapia. Clinicamente, os pacientes podem

    apresentar dispnia, insuficincia cardaca, angina, at morte sbita e pode

    causar no pericrdio, espessamento fibroso que compromete o ventrculo

    direito. Outro efeito colateral da radioterapia a fibrose miocrdica. A

    avaliao de risco perioperatrio , deve orientar o manejo do paciente e no

    impedir ou retardar o tratamento especfico do cncer (KALIL FILHO et al.,

    2011).

    4.7. Doenas do pericrdio e cncer

    Cerca de 7% - 12% a incidncia de doenas do pericrdio em

    pacientes com cncer, variando de acordo com o tipo de neoplasia, tumores

    de mama (10% - 28%), pulmo (19% - 40%), leucemias e linfomas (9% -

    28%). Podendo ser decorrente pela prpria neoplasia, de complicaes

    acarretadas pela quimioterapia ou pela radioterapia. O objetivo do

  • 10

    tratamento pode ser o tratamento do tumor, evitar a recidiva em longo prazo

    ou o alvio dos sintomas. No h dado suficiente na literatura para apontar

    qual desses tratamentos o mais eficaz (KALIL FILHO et al., 2011).

    5. CAP. QUIMIOTERPICOS

    5.1. Antraciclinas

    Entre os quimioterpicos de uso mais freqentes em oncologia esto

    as antracilcinas, com comprovada eficcia em vrios tumores hematolgicos

    e slidos. Embora as antracilinas sejam os frmacos quimioterpicos mais

    comumente associados cardiotoxidade, estudos epidemiolgicos no tem

    sido facilitado por diversos fatores, como diferentes metodologias de

    estudos, diferenas em doses e esquemas teraputicos que incluem

    antraciclinas, diferenas na intensidade, durao e modo de monitoramento

    da funo cardiovascular aps a teraputica com antraciclinas, bem como a

    ampla variao quanto as definies de insuficincia cardaca e disfuno

    cardaca congestiva nos diferentes protocolos e estudos sobre o tema. As

    antracilcinas como epirrubicina, idarrubicina e adriamicina (doxorrubicina),

    so prescritas para tumores comuns (cncer de mama, linfomas), inclusive

    em crianas (sarcomas e leucemias). A cardiotoxidade esta relacionada a

    dose utilizada e leso miocrdica (no caso da doxorrubicina tem sua

    incidncia aumentada a partir de 300 mg/m), levando a insuficincia

    cardaca A recuperao completa da frao de encurtamento do ventrculo

    esquerdo pode ocorrer se a terapia for interrompida em uma fase precoce,

    mas isso no exclui futuras redues nas reservas funcionais. A

    cardiotoxicidade representa o maior fator limitante para o uso prolongado

    dos antraciclnicos. Ciclofosfamida: Est associada a ocorrncia derrame

    pericrdico e de insuficincia cardaca em 7% a 20% dos pacientes. Pode

    apresentar-se de forma aguda ou subaguda. O risco relacionado dose (>

    150 mg/kg e 1,5 g/m/dia) e 10 dias aps a administrao da primeira dose.

    Pode ocorrer cardiotoxidade aguda no relacionada a dose, dentro de sete

    dias aps a administrao da ciclofosfamida. Pode tornar-se evidente a

  • 11

    cardiotoxidade subaguda meses a anos aps a terapia com ciclofosfamida

    (KALIL FILHO et al., 2011).

    5.2. Anticorpos monoclonais

    Transtuzumabe: So amplamente utilizados no tratamento das

    neoplasias, os anticorpos monoclonais so o paradigma da terapia-alvo

    oncolgica. Embora os estudos pr-clnicos no tenham revelado toxidade

    cardiovascular, disfuno cardiovascular relacionada ao transtuzumabe

    evento freqente acarretado por esse frmaco. Na maioria dos casos, os

    pacientes so assintomticos ou podem apresentar sinais inespecficos

    como, dispneia, palpitaes e taquicardias. Antes do tratamento com esse

    frmaco, os pacientes devem ser submetidos a uma avaliao clnica

    completa, exame fsico com objetivo de descartar doena cardiovascular e a

    realizao de eletrocardiograma e ecocardiograma. O bevacizumabe est

    associado a ocorrncia de tromboembolismo arterial em 8,5% dos casos, e

    5% a 15,1% associado ao tromboembolismo venoso (KALIL FILHO et al.,

    2011).

    5.3. Agentes biolgicos

    Inibidores de tirosina-quinase: Os (ITQs) so pequenas molculas

    que interferem com a atividade da quinase. Os ITQs inibem as tirosina-

    quinases nas clulas tumorais e clulas normais. Os efeitos mais comuns so

    diarria e rash (manchas vermelhas de alergia na pele). Embora a toxidade

    cardaca seja mais rara, esse efeito mais srio e de difcil diagnstico

    precoce. Os efeitos cardiotxicos dos ITQs variam desde o prolongamento

    do intervalo QT at reduo na FEVE, insuficincia cardaca sintomtica e

    infarto agudo do miocrdio. Atualmente, a indstria farmacutica busca os

    riscos cardiovasculares por meio da reengenharia estrutural dos ITQs.

    Dentre eles, citam-se: gefitinibe, erlotinibe, lapatinibe, sorafenibe,

    sunitinibe, nilotinibe, dasatinibe e imatinibe (KALIL FILHO et al., 2011).

  • 12

    5.4. Alquilantes

    Os alquilantes so comumente utilizados no tratamento das

    neoplasias. Dentre elas o, cncer de bexiga, mama, endomtrio, pulmo,

    ovrio e as neoplasias hematolgicas. No evento raro a cardiotoxicidade

    relacionada a esses agentes. A cardiotoxicidade descrita com bussulfano,

    mitomicina, cisplatina, ifosfamida e ciclofosfamida (KALIL FILHO et al.,

    2011).

    5.5. Alcaloides da vinca (vincristina/vinblastina/

    vinorelbina)

    So usados em diversas combinaes no tratamento de leucemias e

    linfomas ou em monoterapias. Seu principal efeito adverso cardiovascular

    a vasoespasmo das artrias coronrias, a isquemia miocrdica secundria,

    que pode ocorrer tardiamente (entre 2 e 11 dias) como no caso do

    vinorelbina ou algumas horas aps a infuso, no caso da vincristina. Seu uso

    no est contraindicado em pacientes portadores de coronariopatia, desde

    que o paciente seja monitorado de maneira adequada (KALIL FILHO et al.,

    2011).

    CAP. 6 EXAMES DE DIAGNSTICO

    6.1. Diagnstico

    O reconhecimento sob o risco e a preveno da insuficincia

    cardaca clnica e da disfuno ventricular so, importantes objetivos no

    manejo dos indivduos em tratamento oncolgico.

    6.2. Identificao de risco

  • 13

    De diversas maneiras pode se apresentar a cardiotoxidade, presso

    arterial e alteraes transitrias de eletrocardiograma at disfuno

    ventricular grave e sndromes coronarianas agudas. Ainda no esta

    padronizada o manejo e a forma dessas afeces e deve ser realizada

    levando-se em conta os fatores de risco cardiovasculares do paciente e o

    tratamento. Com o surgimento dos novos agentes disponveis para o

    tratamento dos vrios tipos de cnceres, muitas vezes com os efeitos

    colaterais cardiovasculares desconhecidos inicialmente, ao longo do

    seguimento do paciente, vrias questes surgem. Apesar de terapias novas

    serem colocadas como terapias-alvo, elas afetam clulas "normais", no

    alvos em muitas das vezes, como as clulas do aparelho cardiovascular.

    Com isso surpresas podem ocorrer quando esses agentes tornam-se

    acessveis no mercado, os estudos de novos agentes muitas vezes excluem a

    populao de maior risco do surgimento de cardiotoxidade. Sabe-se que

    existem tipos diferentes de cardiotoxidade, algumas com alterao estrutural

    maior, outras com alterao funcional do sistema cardiovascular, algumas

    reversveis e outras no, de forma que a individualizao do paciente que se

    submete ao tratamento oncolgico fundamental para a segurana do

    aparelho cardiovascular (BOCCHI et al., 2012; SANTOS; HAJJAR, 2012).

    6.3. Diagnstico de Insuficincia Cardaca

    Pode ser desafiador estabelecer o diagnstico de insuficincia

    cardaca em pacientes com cncer. Insuficincia cardaca e cncer

    apresentam em comum muito sinais e sintomas como, por exemplo,

    dispnia, fadiga, congesto pulmonar e distenso venosa jugular.

    Tradicionalmente a queda da frao de ejeo do ventrculo esquerdo seja

    considerada clinicamente relevante, conhecido que este pode ser um

    mtodo insensvel na identificao de dano cardaco precoce. Mesmo na

    ausncia de sintomas e sinais clnicos de cardiotoxidade, em

    aproximadamente 25% dos casos so detectadas alteraes significativas ao

  • 14

    eco-cardiograma. Devem ser monitorados de perto para a cardiotoxidade,

    pacientes com cncer que esto em uso de tratamento com drogas

    potencialmente cardiotxicas (BITTAR, 2012).

    6.4. Mtodos de imagem

    A avaliao da funo ventricular por mtodos de imagem antes do

    incio da quimioterapia necessria em pacientes sob o risco de leso

    cardaca. Pode ser por meio da ventriculografia radioscpica (para pacientes

    obesos, ou submetidos a irradiao torcica prvia, ou cirurgias) e do

    ecodopplercardiograma. O ecocardiograma tem sido mais utilizado pelo

    baixo custo, carter no invasivo e fcil acesso. O ecocardiograma deve ser

    utilizado antes, durante e aps a teraputica oncolgica e anualmente por

    cinco anos aps o tratamento. A indicativa de cardiotoxidade baseada na

    reduo da frao de ejeo do ventrculo esquerdo (FEVE) em nmero

    absoluto para valores abaixo de 50% ou uma queda de 10 pontos

    percentuais da FEVE em relao avaliao inicial (RIBEIRO, 2012).

    6.5. Ecocardiografia

    Por apresentar um mtodo no invasivo, de fcil acesso e de baixo

    custo a ecocardiografia bidimensional, permite avaliar no somente a funo

    diastlica, como a funo sistlica, o pericrdio e valvas cardacas, dentre

    outros parmetros. Utilizada para avaliar a funo cardaca sistlica no

    incio e durante a quimioterapia, a deteco pr-quimioterapia de uma

    frao de ejeo inferior a 30% contra-indica o uso de drogas com potencial

    cardiotxico. O tratamento segue as recomendaes das recentes diretrizes

    para valores maiores que 50%. A fim de desmascarar a disfuno sistlica

    sub-clnica do ventrculo esquerdo tem sido empregado a ecocardiografia

    com estresse fsico ou farmacolgico (PIVETA; PAIVA; ANDRADE,

    1991).

  • 15

    6.6. Monitorao da insuficincia cardaca induzida pela

    adramicina

    O ecocardiograma Doppler encontra-se dentre as tcnicas no

    invasivas mais utilizadas. Trata-se de um mtodo vivel, seguro e de fcil

    aplicao, porm falvel, devendo-se levar em considerao a possibilidade

    de combinaes de tcnicas a serem utilizadas em situaes em que uma

    definio mais exata seja necessria, como a utilizao da medicina nuclear

    e a associao do eletrocardiograma para a avaliao da funo ventricular.

    Visto que permite a obteno de medidas repetidas durante e aps o

    tratamento, o ecocardiograma tem sido proposto como um mtodo

    alternativo para monitorar a funo cardaca (NASCIMENTO; MARTINS,

    2005).

    6.7. Biomarcadores cardacos

    O monitoramento por meio de troponina e peptdeos natriurticos

    tipo B (BNP) so bem determinados por uma srie de estudos. Em pacientes

    com o uso de quimioterpicos cardiotxicos um marcador sensvel e

    especfico de injria miocrdica. Sua dosagem aps cada ciclo teraputico

    contribui para o diagnstico precoce de leses miocrdica e a dosagem

    elevada mesmo aps um ms de uso de antracilcinas o biomarcador capaz

    de predizer o desenvolvimento de disfuno ventricular (RIBEIRO, 2012).

    6.8. Bipsia endomiocrdica

    Aps a colheita de material do ventrculo esquerdo e direito a

    avaliao histolgica de tecido miocrdico pode ser feita. Parece ser mais

    sensvel na deteco dos efeitos cardiotxicos a bipsia endomiocrdica do

    ventrculo esquerdo. O exame histolgico deve ser realizado com

    microscopia eletrnica e ptica (SEQUEIRA et al., 1994).

    CAP. 7 CARDIOPROTEO E PREVENO

  • 16

    7.1. Betabloqueadores

    Estudos recentes evidenciaram que pacientes que receberam 12,5 mg

    de carvedilol ao dia durante 6 meses no apresentaram queda da frao de

    ejeo do ventrculo esquerdo. Em pacientes com miocardiopatia por

    antracilcinas, com FEVE < 45%, deve ser iniciado enalapril e, quando

    possvel, carvedilol assim que diagnosticada a disfuno ventricular. A

    precocidade do incio da teraputica com inibidores da ensima conversora

    da angiotensina (IECA) e betabloqueadores fator determinante no sucesso

    da recuperao da funo ventricular (RIBEIRO, 2012).

    7.2. Frmacos e vitaminas cardioprotetoras

    Em pacientes submetidos a antracilcinas, estudos evidenciam o

    dexrazoxane como cardioprotetor. recomendado tambm o uso de

    dexrazoxane para mulheres portadora de cncer de mama metstico em

    terapias com antracilcinas, que tenha a dose cumulativa de 300 mg/m e que

    tenha a doena controlada com o tratamento. (RIBEIRO, 2012).

    O carvedilol permite o controle da hipertenso arterial essencial e

    primria, sendo tambm utilizado no tratamento da insuficincia cardaca

    congestiva. Alm destes, possui um efeito cardioprotetor contra a

    cardiotoxicidade das antracilcinas e usado na preveno do enfarte agudo

    do miocrdio. O carvedilol reduz a presso arterial, reduz ligeiramente a

    freqncia cardaca; tem propriedades anti-arrtmicas e anti-isqumicas;

    reduz a pr e ps-carga ventricular e proporciona uma melhoria da frao de

    ejeo ventricular esquerda em doentes com disfuno miocrdica

    (MACHADO et al., 2008).

    7.3. Cardioproteo em crianas

    So quimioterpicos freqentemente utilizados no tratamento de

    neoplasias em crianas e adultos jovens agentes citotxicos como as

    antracilinas. So observadas melhoras nas taxas de sucesso teraputico,

  • 17

    atingindo 75 a 80% de cura. Aproximadamente dois teros dos pacientes

    tratados com antracclicos apresentam eventos tardios, sendo a

    cardiotoxidade o mais temido, podendo surgir anos aps o trmino da

    quimioterapia. Recomenda-se a associao do dexrazoxane, desde o incio

    da terapia, 30 minutos antes da infuso do antracclico, de frente h vrios

    estudos relacionados cardioproteo no paciente tratado com antraciclnas,

    inclusive a populao peditrica. Alteraes nos parmetros

    cardiovasculares precisam ser identificados precocemente para atuao em

    tempo hbil. Mesmo em protocolos teraputicos com baixa dosagem

    cumulativa, a cardiotoxidade dever ser avaliada individualmente,

    considerando-se que no h dose totalmente segura de antracclicos

    (SANTOS et al., 2013).

    7.4. Citoprotetores

    O dexrazoxane: reduz a incidncia e a gravidade da cardiomiopatia

    associada doxorrubicina em pacientes que se submetram a doses

    cumulativas, acima de 300mg/m, com benefcio clnico dependente de sua

    continuidade no decorrer do tratamento. Tem sido demonstrada em muitos

    estudos a efetividade do dexrazoxane em reduzir a cardiotoxidade associada

    a doxorrubicina. Mesna: A cistite hemorrgica induzida pela Ciclofosfamida

    e Ifosfamida com o uso do Mesna sua incidncia reduzida. A proteo

    est associada reao de um radical sulfidrila livre do Mesna com um

    produto txico bexiga, que a Acrolena, derivado da Ifosfamida e da

    Ciclofosfamida. Amifostina: a amifostina um citoprotetor de amplo

    espectro, com potencial de proteger diversos rgos e tecidos contra a

    toxicidade da terapia oncolgica, reduz a toxicidade cumulativa associada

    administrao de alquilantes e cisplatina. Dentre 4400 frmacos a

    Amifostina foi escolhida, devido ao seu perfil de uso clnico bastante seguro

    e seu potencial protetor (SOUZA et al., 2000).

  • 18

    Alm do dexarazoxane, do mesna, da amifosfatina, o carvedilol

    possui um efeito cardioprotetor contra a cardiotoxicidade das antracilcinas

    segundo o estudo de Machado (2008) em seu artigo.

    Um estudo piloto espanhol publicado: (A preveno da disfuno

    ventricular esquerda com enalapril e carvedilol em pacientes submetidos a

    quimioterapia intensiva para o tratamento de hemopatias malignas), avaliou

    os efeitos de enalapril e carvedilol na preveno da disfuno ventricular em

    pacientes com neoplasias hematopoiticas que foram submetidos a

    quimioterapia. Os pacientes foram randomizados para receber placebo ou

    carvedilol e enalapril. O desfecho primrio foi a mudana da FE atravs de

    ecocardiograma e ressonncia nuclear magntica em 6 meses aps a

    randomizao. Foram includos 90 pacientes entre 2008 e 2010, sendo 45

    em cada grupo. A FEVE no mudou nos pacientes que utilizaram enalapril e

    carvedilol e apresentou uma queda significante no grupo controle. Os

    grupos que mais se beneficiaram foram aqueles que foram submetidos a um

    regime mais cardiotxico. O estudo sugere um efeito protetor no grupo que

    recebeu as medicaes cardioprotetoras, com menos leses cardacas. No

    foram avaliadas as drogas separadamente, entretanto j trouxe algumas

    respostas e perspectivas quanto preveno da cardiotoxicidade por

    quimioterpicos (AVILA, 2013).

    7.5. Vitaminas com caractersticas citoprotetotras

    Vitamina E: por atuar como quelantes dos oxidantes resultantes da

    lipoperoxidao, a vitamina E confere proteo membrana celular. um

    importante antioxidante lipoflico, mas em situaes de sobrecarga de ferro,

    esta funo poder estar limitada. encontrada em vrios alimentos, como:

    grmem de trigo, azeite, brcolis e leos vegetais (canola, girassol,

    amndoa, milho). Vitamina A: a vitamina A tem a capacidade de atuar

    como protetora em diversas neoplasias. Possui a capacidade de inibir a

    oxidao de compostos pelos perxidos. O crescimento de clulas malignas

  • 19

    inibido pelos retinides. Vitamina C ou ascorbato: por ser um antioxidante

    hidrossolvel tem a capacidade de neutralizar diretamente os radicais livres;

    porm, pode funcionar como pr-oxidante quando exposta a metal, ou em

    dose elevada, levando lipoperoxidao. Ele reage com o oxignio simples,

    regenera a Vitamina E auxiliando nas suas funes. Possui boa atuao na

    proteo de clulas sadias dos danos acarretados pelos frmacos

    antineoplsicos (FERREIRA; TELES, 2010).

    7.6. Exerccio e reabilitao no paciente com cncer

    Uma relao entre sedentarismo e maior risco de alguns tipos de

    cncer tem sido documentado recentemente. Observaes atuais sugerem

    que o aumento da atividade aps o diagnstico do cncer pode reduzir a

    mortandade e o risco de recorrncia. Uma srie de alteraes metodolgicas

    sistmicas que podem comprometer a qualidade de vida e a expectativa de

    vida do paciente esto associadas ao cncer e seu tratamento, mesmo aps a

    cura. Intervenes de reabilitao e atividade fsica em oncologia inclui a

    possibilidade de interferir com os processos biolgicos relacionados ao

    crescimento ou recorrncia do tumor, reduo da atividade inflamatria,

    melhora do sistema imunolgico, atenuao dos efeitos metablicos

    adversos da imobilidade e da quimioterapia, reduo do risco de

    complicaes cardiovasculares, resultando em melhora da qualidade de vida

    e da auto-estima do paciente (KALIL FILHO et al., 2011).

    RESULTADOS E DISCUSO

    A interao e comunicao das especialidades de oncologia e

    cardiologia traria excelncia e perspectivas positivas a teraputica

    oncolgica. Acrescento que promovendo e protocolando procedimentos em

    conjunto com as duas reas, o diagnstico adequado, medidas preventivas,

    frmacos cardioprotetores, traria benefcios positivos que minimizariam a

  • 20

    cardiotoxidade. O acompanhamento extremamente importante tendo em

    vista as complicaes cardiovasculares acarretadas pelas terapias

    oncolgicas, alterando o resultado do tratamento, interrompendo-o e

    afetando a qualidade de vida do paciente mesmo anos aps a terapia

    oncolgica.

    O diagnstico deve ser adequado enfatizando a toxicidade que cada

    frmaco apresenta. Alm do diagnstico precoce, a administrao de drogas

    cardioprotetoras minimizariam o efeito cardiotxico acarretado pelo

    tratamento oncolgico. de extrema importncia o acompanhamento

    cardiolgico monitorando o aparelho cardaco antes, durante, aps e durante

    cinco anos aps a teraputica oncolgica e o emprego de medicaes

    cardioprotetoras buscando minimizar a cardiotoxicidade acarretada pelos

    frmacos quimioterpicos e as radioterapias.

    Perspectiva

    Vm ganhando destaque nos pacientes em tratamento oncolgico, a

    preveno e o tratamento das doenas cardiovasculares em decorrncia da

    maior sobrevida nessa populao. Responsvel por considervel

    morbimortalidade, a cardiotoxicidade uma das complicaes mais

    significativas do tratamento do cncer. A identificao precoce do risco

    cardiovascular, o diagnstico correto da descompensao cardiovascular, a

    implementao de estratgias para reduo de risco e a instituio da

    teraputica eficaz, so essncias para o cuidado adequado do paciente em

    tratamento oncolgico (KALIL FILHO et al., 2011).

  • 21

    CONCLUSO

    De acordo com essa reviso e a literatura sobre esse tema me levou a

    concluir que a interao das especialidades de cardiologia e oncologia, a

    preveno, diagnostificar melhor e precocemente a cardiotoxidade, a

    monitorao cardaca antes, durante, aps e anualmente durante cinco anos

    aps o tratamento oncolgico e medicaes cardioprotetoras poderiam

    minimizar a leso ao sistema cardiovascular.

    A falta de evidncias cientficas que permitam estabelecer

    comparaes entre a presena e a ausncia da abordagem conjunta dos

    pacientes com cncer por oncologistas e cardiologistas traduz-se na pequena

    quantidade de publicaes sobre esse tema.

    De acordo com a reviso todo frmaco usado no tratamento

    oncolgico teria potncial cardiotxico, sua combinao e dosagem

    potncializariam a cardiotoxidade.

    A comunidade cientfica se encontra diante de um desafio, pesquisas

    adicionais para desenvolver novas estratgias de preveno e tratamento da

    cardiotoxidade so necessrias.

  • 22

    REFERNCIAS

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