manejo da cultura do abacaxi

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FLORAÇÃO NATURAL PRECOCE E TRATAMENTO DE INDUÇÃO FLORAL Aloísio Costa Sampaio 1 O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de abacaxi e este resultado é decorrente da grande aptidão edafo-climática de vários Estados Brasileiros em relação ao desenvolvimento da planta e produção de frutos. Esta vantagem requer por parte dos abacaxicultores exigência cada vez maior no domínio das tecnologias de produção e dinâmica do mercado. O planejamento dentro do agronegócio do abacaxi torna-se indispensável para que se tenha sustentabilidade na atividade. Florações naturais precoces são indesejáveis, pois ocorre, em geral, de maneira bastante desuniforme nas plantações comerciais, dificultando o manejo da cultura e a colheita, o que encarece o custo de produção (Reinhardt & Cunha, 2000). Nesse sentido, o produtor deve conhecer todas as variáveis que interferem no ciclo cultural da planta, a fim de propiciar desenvolvimento uniforme dos talhões com possibilidade de uma produção escalonada e com qualidade física e sensorial. O ciclo cultural do abacaxizeiro divide-se em duas fases bem distintas (Figura 1): - A fase vegetativa que vai do plantio à diferenciação floral natural ou indução floral artificial com produtos à base de etileno; - A fase reprodutiva que vai da diferenciação floral até a colheita do fruto. Em condições naturais, é bastante variável o tempo que o _______________________ 1 Prof. Adjunto do Depto de Ciências Biológicas, FC/Unesp/Bauru e Pós-graduação em Horticultura/FCA/Botucatu E-mail: aloí[email protected]

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Page 1: Manejo da cultura do abacaxi

FLORAÇÃO NATURAL PRECOCE E TRATAMENTO DE INDUÇÃO FLORAL

Aloísio Costa Sampaio1

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de abacaxi e este

resultado é decorrente da grande aptidão edafo-climática de vários Estados

Brasileiros em relação ao desenvolvimento da planta e produção de frutos.

Esta vantagem requer por parte dos abacaxicultores exigência cada vez

maior no domínio das tecnologias de produção e dinâmica do mercado. O

planejamento dentro do agronegócio do abacaxi torna-se indispensável para

que se tenha sustentabilidade na atividade. Florações naturais precoces são

indesejáveis, pois ocorre, em geral, de maneira bastante desuniforme nas

plantações comerciais, dificultando o manejo da cultura e a colheita, o que

encarece o custo de produção (Reinhardt & Cunha, 2000). Nesse sentido, o

produtor deve conhecer todas as variáveis que interferem no ciclo cultural da

planta, a fim de propiciar desenvolvimento uniforme dos talhões com

possibilidade de uma produção escalonada e com qualidade física e

sensorial.

O ciclo cultural do abacaxizeiro divide-se em duas fases bem

distintas (Figura 1):

- A fase vegetativa que vai do plantio à diferenciação floral natural ou

indução floral artificial com produtos à base de etileno;

- A fase reprodutiva que vai da diferenciação floral até a colheita do fruto.

Em condições naturais, é bastante variável o tempo que o

_______________________ 1Prof. Adjunto do Depto de Ciências Biológicas, FC/Unesp/Bauru e Pós-graduação em

Horticultura/FCA/Botucatu – E-mail: aloí[email protected]

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abacaxizeiro leva para começar a formar a sua inflorescência, ao passo que

varia muito pouco o tempo compreendido entre a diferenciação floral e a

maturação do fruto (Py e Tisseau, 1969). Nesse sentido, o produtor deve

direcionar suas ações de maneira planejada a um perfeito desenvolvimento

vegetativo das plantas, levando em consideração os seguintes aspectos:

Fase vegetativa Fase reprodutiva

(8 a 12 meses) (05 a 06 meses)

Plantio Indução Floral Colheita

Tipo e peso de mudas

Uso de Irrigação

Uso de ‘mulching plástico’

Nível de Adubação e plantas daninhas

Época de plantio

Cultivar

Uso de Fitorreguladores (ethephon) ou diferenciação floral natural

Figura 1. Variáveis que interferem no ciclo cultural do abacaxizeiro.

a) O clima exerce uma influência decisiva na diferenciação floral natural do

abacaxizeiro, pois como planta típica de dias curtos, irá sofrer o estímulo à

diferenciação nos meses de junho e julho, nos Estados do Centro-Sul.

Nos meses de verão a presença de nebulosidade elevada pode induzir

plantas com grande desenvolvimento vegetativo a diferenciação, ou seja,

principalmente talhões plantados com mudas tipo ‘rebentão’ com pesos

médios ao redor de 500 gramas. Além da nebulosidade, a redução da

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temperatura, principalmente a noturna, estimula ao início do processo de

diferenciação floral natural (Gowing, 1961; Reinhardt et al., 1986).

b) Esta frutífera apresenta a possibilidade do emprego da indução floral

artificial através do uso do ethephon (Ethrel) na dose de 2 L.ha-1 em alto

volume (600 l/ha), preferencialmente após as 17:00 horas. Nos Estados

do Norte e Nordeste é usual a aplicação de solução de carbureto de cálcio

(Figura 2a) com uso de pulverizador costal manual em jato dirigido no

centro do cartucho de folhas (Figura 2b). A grande dificuldade por parte do

produtor está exatamente na tomada de decisão do momento em

realizar a indução. Sabendo-se que existe uma correlação direta entre o

porte da planta e o peso médio dos frutos (Py et al., 1984), torna-se

indispensável que as plantas apresentem um bom porte vegetativo (peso

de folha ‘D’ acima de 65 gramas) para a indução (Figura 3). Devemos

destacar que o mercado privilegia frutos de abacaxi havaiano com peso

entre 1,8 e 2,0 kg (padrão tipo 10) e que a preferência dos atacadistas

para comercialização deste cultivar ocorre nos meses de verão, ou seja,

de dezembro a março (Bengozi et al., 2007).

Sampaio, A.C. (2011) Sampaio, A.C. (2010)

Figura 2a e 2b, Reação de carbureto de cálcio (C2H4) com água e aplicação no centro da roseta foliar da planta, Bauru (SP).

A B

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Figura 3. Talhão de abacaxi S. Cayenne com bom vigor vegetativo e folha ‘D’ para avaliação em relação ao peso, Bauru (SP).

c) Os fatores que interferem no crescimento vegetativo do abacaxizeiro,

serão decisivos no domínio do ciclo da cultura. Destacando-se: a escolha

da cultivar, do tipo e tamanho das mudas, da época de plantio, do controle

de plantas daninhas, do manejo nutricional, da irrigação e uso de

fitorreguladores.

1. Cultivar

Segundo Bartholomew & Kadzimin (1977), considera-se o

abacaxizeiro como uma planta de dias curtos, que depende,

quantitativamente, do efeito cumulativo desses dias, porém nem todas as

variedades respondem igualmente a esses estímulos. Basicamente no Brasil

são produzidas duas cultivares comerciais conhecidas como Smooth

Cayenne (Hawaí) e Pérola ou Branco de Pernambuco, que possuem

características diferentes em relação à acidez e coloração da polpa,

presença de espinhos, formato e conservação pós-colheita dos frutos. Em

termos regionais, cultiva-se Smooth Cayenne principalmente nos Estados do

Centro-Sul (Minas Gerais, São Paulo e Paraná) e Pérola nos Estados do

Centro-Oeste (Tocantins), Norte (Pará) e Nordeste (PB, BA, RN, MA).

Pesquisas com estas cultivares nas condições climáticas da região de Bauru

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(SP) mostraram que a cv. Pérola possui uma sensibilidade maior a

diferenciação floral natural e conseqüentemente, uma maior precocidade em

relação ao ciclo cultural quando comparada a cv. Smooth Cayenne.

2. Época de plantio e irrigação

A época de plantio está diretamente relacionada à disponibilidade

de mudas e ao regime pluviométrico de cada região produtora. Na região de

Bauru (SP), o plantio ocorre principalmente no período de fevereiro a julho de

cada ano agrícola, destacando-se a presença de um inverno frio e seco bem

definido, e consequentemente, a importância da irrigação para antecipação

das épocas de colheita. Como os plantios são realizados tradicionalmente

em áreas arrendadas, nem sempre há possibilidade de se conseguir locais

com disponibilidade hídrica para a prática da irrigação, fazendo com que a

maior parte das áreas produtoras seja de ‘sequeiro’. Nesse sentido, o plantio

nos meses de fevereiro a abril deve ser priorizado na região Centro-sul, a fim

das mudas enraizarem antes do período típico de estiagem, bem como

viabilizar a aplicação de herbicidas pré-emergentes pós-plantio com umidade

no solo. Procurando-se uma significativa redução do ciclo cultural com

consequente distribuição da produção ao longo do ano o emprego de

irrigação por gotejamento em áreas adensadas e sem uso de carreadores

apresenta-se como uma tendência importante para os produtores.

3. Mudas

Para se conciliar uma redução de custos com defensivos no controle

da broca do fruto e fusariose, uso de mão de obra no ensacamento dos

frutos e colheita, bem como uma boa produtividade, torna-se fundamental a

seleção e classificação das mudas após o processo de “cura” (expor as

mudas ao sol por período mínimo de 10 dias), a fim de que se obtenham

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talhões uniformes. As mudas são classificadas em filhotes e rebentões,

sendo que as primeiras são menores (peso ao redor de 250 a 300 gramas),

menos suscetíveis a cochonilha de raiz e fusariose, e de ciclo mais tardio

quando comparadas aos rebentões (Figura 4).

Sampaio, A.C. (2000) Sampaio, A..C. (2011)

Figura 4. Diferentes tamanhos de mudas de abacaxi tipo ‘filhote’ e ‘rebentão’.

4. Adubação e plantas daninhas:

O abacaxizeiro é altamente exigente em potássio e nitrogênio, de

modo que o manejo nutricional com uso de análise foliar irá refletir no bom

desenvolvimento vegetativo das plantas nos diferentes talhões e

conseqüentemente, na possibilidade do uso da indução floral artificial. Além

das adubações químicas é bastante recomendável a utilização de fontes

orgânicas como esterco de galinha ou ‘cama de frango’ dois a três meses

pós-plantio, pois além de fonte de nitrogênio e micronutrientes, irá melhorar

as propriedades físico-químicas dos solos arenosos, tradicionalmente

utilizados para plantio desta bromeliáceae (Figura 5). Outra prática que deve

ser estimulada durante o período chuvoso consiste em adubações foliares

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em alto volume empregando uréia a 5% como fonte de nitrogênio,

micronutrientes à base de ácido bórico, sulfato de zinco e sulfato de

manganês (Figura 6).

Sampaio, A.C. (1998) Sampaio, A..C. (2001)

Figura 5. Distribuição de adubo orgânico em sistemas de plantio em linhas duplas e triplas, Bauru (SP).

Sampaio, A.C. (2011)

Figura 6. Pulverizações com fertilizantes foliares a alto volume, Bauru (SP).

O uso de herbicidas pré-emergentes pós-plantio das mudas apesar

de não ser aceita dentro das Normas da Produção Integrada, constitui em

prática tradicional decorrente do plantio em áreas de pastagem degradada,

Page 8: Manejo da cultura do abacaxi

ciclo cultural bianual e baixa disponibilidade de mão de obra para capinas

manuais.

5. Fitorreguladores:

5.1. Indução Floral

O emprego de produtos à base de etileno é fundamental para a

viabilidade econômica da cultura, pois permite o escalonamento da produção

ao longo do ano. É sabido que a aplicação de ethephon (Ethrel) ou carbureto

de cálcio promove a paralisação do crescimento vegetativo das plantas

induzidas e início do processo reprodutivo. Entre a aplicação do

fitorregulador e o aparecimento da roseta floral visível no centro do cartucho

de folhas (Figura 7), há um período ao redor de 45 dias e a colheita dos

frutos ocorre após 05 a 06 meses da indução, dependendo das condições

climáticas regionais. Nos Estados com possibilidade de geadas, o produtor

deve lembrar que as inflorescências em desenvolvimento (‘infrutescência’)

são mais sensíveis à ocorrência de baixas temperaturas, de modo que

induções nos meses de fevereiro a abril devem ser realizadas em talhões

localizados nos locais menos sensíveis a baixas temperaturas (Figura 8).

Sampaio, A.C. (2011)

Figura 7. Cultivar Smooth Cayenne com roseta floral visível no centro do cartucho de folhas, Bauru (SP).

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Sampaio, A.C. (2011)

Figura 8. Plantas com queimaduras foliares decorrente de geada ocorrida em julho de 2011, Bauru (SP).

Outra informação importante quando do uso da indução floral em

meses quentes (janeiro e fevereiro) é a redução significativa do número de

mudas tipo ‘filhote’.

Min & Bartholomew (1993) partindo da necessidade de se entender

a fisiologia do florescimento natural do abacaxizeiro, produção do etileno e

os efeitos de reguladores vegetais concluíram que ethephon e NAA

aumentaram o nível de etileno e induziram o florescimento das plantas,

sendo que o etileno parece desempenhar papel primário na indução floral,

enquanto que as giberelinas estão envolvidas no desenvolvimento da

inflorescência.

MALIP (2011) ao avaliar diferentes concentrações de ethephon com

ureia a 2 e 4% e acréscimo ou ausência de Borax 0,5% em abacaxi

‘Maspine’ na Malásia, concluiu que a concentração de 240 mg.L-1 com ureia

a 2% foi suficiente para indução de 100% das plantas. Na concentração de

180 mg.L-1 mais ureia a 2%, o acréscimo do Bórax a 0,5% resultou em

aumento da eficiência de 69,9% para 83,3%.

No manejo da cultura, torna-se proibitivo o uso do ethephon

(Ethrel) em aplicação dirigida aos frutos da cv. Smooth Cayenne visando

promover o amarelecimento da casca, pois o abacaxi é considerado um fruto

não climatérico, e conseqüentemente, não apresenta mudanças bioquímicas

Page 10: Manejo da cultura do abacaxi

internas em relação ao sabor. Esta ressalva é importante, pois alguns

abacaxicultores procurando obter melhor rentabilidade em determinados

períodos de escassez de frutos no mercado, adotam esta prática que é

extremamente nociva à cadeia de produção do abacaxi, pois há um sensível

comprometimento da qualidade sensorial dos frutos. Reflexo desta situação

é que pesquisa recente realizada no Ceagesp de São Paulo, junto aos

atacadistas de abacaxi, mostrou uma tendência de redução do consumo da

cv. Smooth Cayenne em detrimento da cv. Pérola, pois esta última apresenta

naturalmente uma menor acidez (Bengozi et al., 2007).

Outro fitorregulador que já foi muito empregado por grandes

produtores de abacaxi na região de Bauru (SP) durante as décadas de 80 e

90 foi o ácido 2,3-clorofenoxipropiônico, auxina comercializada pela Rhodia

do Brasil com o nome de Fruitone 7,5% e que deixou de ser produzido em

decorrência dos altos custos de registro no Brasil, segundo técnico da

empresa na época. Esta auxina produz três efeitos fisiológicos importantes

quando aplicada em jato dirigido sobre as infrutescências, logo após o

secamento das últimas flores: redução do tamanho da coroa, ganho médio

de peso ao redor de 150 gramas e um atraso na maturação do fruto em

função da inibição da degradação da clorofila da casca.

5.2. Inibição da diferenciação floral natural

Vários pesquisadores (Min & Bartholomew, 1996; Cunha, 1989;

Barbosa et al., 1998; Rabie et al., 2000; Antunes et al.,2008) testaram o uso

de fitorreguladores na inibição da diferenciação floral natural do abacaxizeiro,

sendo que dois produtos têm apresentado um efeito fisiológico positivo e

cujas pesquisas de campo regionais em diferentes materiais genéticos

devem ser intensificados, ou seja, o triazol paclobutrazol e a aviglicina

(AVG), inibidores da síntese de etileno.

Page 11: Manejo da cultura do abacaxi

O paclobutrazol movimenta-se na planta pelo fluxo de transpiração,

via ascendente, no xilema, acumulando-se nas partes apicais e folhas, não

sendo transportado no sentido inverso. Em aplicações foliares, o

paclobutrazol não foi transportado para hastes ou raiz. Pequena quantidade

tem sido descrita no floema como um transporte lateral do xilema (Wang et

al., 1986; Hamid & Williams, 1997).

Barbosa et al. (1998) estudando o efeito de inibidores vegetais em

abacaxi ‘Pérola’ no Recôncavo Baiano concluíram que o paclobutrazol (50 e

100 mg.L-1) foi o único a dar resposta significativa, quando aplicado no mês

de junho (100 mg.L-1), inibindo até 82,22% da floração das plantas durante o

período de avaliação.

Antunes et al.(2008) ao avaliarem o efeito do paclobutrazol no

controle da diferenciação floral natural do abacaxizeiro cv. Smooth Cayenne

concluíram que a dose de 150 mg.L-1 aplicada na 2ª quinzena de abril e 1ª

quinzena de maio/2003 apresentaram os melhores resultados em relação ao

atraso de colheita e massa fresca dos frutos. Neste tratamento a inibição de

diferenciação floral natural foi de 88% e o peso médio dos frutos de 1.74 kg.

A massa fresca da folha ‘D’ no período anterior ao uso do fitorregulador

variou de 69,40 a 78,57 gramas, demonstrando que as plantas possuíam um

crescimento vegetativo uniforme e com pré-disposição aos efeitos climáticos

para diferenciação floral natural. Segundo vários autores, Giacomelli (1982);

Reinhardt et al. (1986); Medina (1987); Cunha (1989), plantas com pequeno

desenvolvimento vegetativo ultrapassam o período de dias curtos e baixas

temperaturas sem sofrerem o estímulo a diferenciação floral natural, porém

não estarão aptas a indução floral artificial, pois há uma correlação direta

entre o porte da planta e o peso do fruto.

Rabie et al.(2011) ao avaliarem o efeito de diferentes doses e

épocas de aplicação da aviglicina em abacaxi ‘Queen’ na África do Sul

verificaram que pulverizações na concentração de 100 mg.L-1 em duas

aplicações em intervalos de 07 dias reduziram a diferenciação floral natural

Page 12: Manejo da cultura do abacaxi

para 0,5%. Nas condições locais a diferenciação floral natural ocorre nos

meses de maio e junho, com concentração excessiva de frutos em dezembro

e janeiro e conseqüentemente queda dos preços no mercado.

Estudos realizados no Hawai com uso da aviglicina em abacaxizeiro

‘MD-2’ irrigado resultaram em reduções da iniciação floral para 1% e 15%,

respectivamente, para os anos de 2008-2009 e 2009-2010. A concentração

utilizada foi de 100 mg.L-1 AVG (Retain 15%) em alto volume (2.337 L.ha-1),

durante 17 semanas que antecederam a diferenciação floral natural. As

concentrações de 50 ou 75 mg.L-1 não apresentaram diferenças significativas

em relação a maior concentração utilizada (BARTHOLOMEW et al., 2011).

Lacerda (2011), avaliou a eficiência do AVG (Retain 15%) como

inibidor do florescimento natural no abacaxizeiro cv. Pérola, em diferentes

doses no município de Sapé (PB), no período de setembro de 2009 a março

de 2011, onde foram realizadas 15 aplicações a intervalos de 7 dias. O

produto comercial Retain 15% nas doses de 100 e 125 ppm inibiram em

100% o florescimento natural sem causar fitotoxicidade nas folhas das

plantas. O peso médio dos frutos na concentração de 125 ppm foi de 1,23 kg

não diferindo significativamente da testemunha, cujo peso médio foi de 1,32

kg.

O uso de fitorreguladores na cultura do abacaxizeiro deve ser

criterioso, pois há poucos resultados regionais de pesquisa, de modo que o

produtor deve fazer estudos empíricos em sua propriedade, mas jamais fazer

uso em áreas comerciais, mesmo porque caso as instituições de pesquisa

e/ou empresas obtenham resultados conclusivos haverá necessidade de se

pleitear a inclusão do princípio ativo na grade de defensivos registrados para

a cultura.

6. Referências Bibliográficas

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