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ABACAXI Produção Aspectos Técnicos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Mandioca e Fruticultura Ministério da Agricultura e do Abastecimento Domingo Haroldo Reinhardt Luiz Francisco da Silva Souza José Renato Santos Cabral Organizadores Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Brasília - DF 2000

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ABACAXIProdução

Aspectos Técnicos

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Mandioca e FruticulturaMinistério da Agricultura e do Abastecimento

Domingo Haroldo ReinhardtLuiz Francisco da Silva Souza

José Renato Santos CabralOrganizadores

Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaBrasília - DF

2000

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Série Frutas do Brasil, 7

Copyright © 2000 Embrapa/MA

Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:

Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaSAIN Parque Rural - W/3 Norte (final)Caixa Postal: 040315CEP 70770-901 - Brasília-DFFone: (61) 448-4236Fax: (61) [email protected]

CENAGRIEsplanada dos MinistériosBloco D - Anexo B - TérreoCaixa Postal: 02432CEP 70849-970 - Brasília-DFFone: (61) 218-2615/2515/321-8360Fax: (61) [email protected]

Responsável pela edição: José Márcio de Moura SilvaCoordenação editorial: Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaRevisão, normalização bibliográfica e edição: Vitória RodriguesPlanejamento gráfico e editoração: Marcelo Mancuso da Cunha

1ª edição1ª impressão (2000): 3.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação do Copyright © (Lei nº.9.610).

CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação.Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia.

Abacaxi. Produção: aspectos técnicos / organizado por Domingo HaroldoReinhardte; Luiz Francisco da Silva Souza; José Renato Santos Cabral;Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). — Brasília: EmbrapaComunicação para Transferência de Tecnologia, 2000.77 p. ; il ; (Frutas do Brasil ; 7).

Inclui -bibliografiaISBN 85-7383-084-0

1. Abacaxi - Cultivo. 2. Abacaxi - Produção. I. Reinhardt, Domingo Haroldo,org. II. Souza, Luiz Francisco da Silva, org. III. Cabral, José Renato Santos, org.IV. Embrapa Mandioca Fruticultura (Cruz das Almas, BA). V. Série.

CDD 634.774

© Embrapa 2000

Embrapa Mandioca e FruticulturaRua Embrapa, s/nºCaixa Postal 007CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BAFone: (75) 721-2120Fax: (75) [email protected]

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AAUTUTORESORES

Antônio da Silva SouzaEngenheiro Agrônomo, Dr. em Biotecnologia Vegetal, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Aristóteles Pires de MatosEngenheiro Agrônomo, PhD em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Carlos Estevão Leite CardosoEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Economia Agrária, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Cecília Helena Silvino Prata RitzingerEngenheira Agrônoma, PhD em Nematologia, Pesquisadora da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Dilson da Cunha CostaEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Nematologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Domingo Haroldo ReinhardtEngenheiro Agrônomo, PhD em Fisiologia Vegetal, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Getúlio Augusto Pinto da CunhaEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

José da Silva SouzaEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Economia Rural, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

José Renato Santos CabralEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Luiz Francisco da Silva SouzaEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Ciência do Solo, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

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Nilton Fritzons SanchesEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Entomologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Otávio Alvares de AlmeidaEngenheiro Civil, M.Sc. em Recursos Hídricos, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

Paulo Ernesto Meissner FilhoEngenheiro Agrônomo, D.Sc. em Virologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

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APRESENTAPRESENTAÇÃOAÇÃO

Uma das caraterísticas do Programa Avança Brasil é a de conduzir os empreendi-mentos do Estado, concretizando as metas que propiciem ganhos sociais e institucionaispara as comunidades às quais se destinam. O trabalho é feito para que, ao final daimplantação de uma infra-estrutura de produção, as comunidades envolvidas acrescen-tem, às obras de engenharia civil requeridas, o aprendizado em habilitação e organização,que lhes permita gerar emprego e renda, agregando valor aos bens e serviços produzidos.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento participa desse esforço, com oobjetivo de qualificar nossas frutas para vencer as barreiras que lhes são impostas nocomércio internacional. O zelo e a segurança alimentar que ajudam a compor umdiagnóstico de qualidade com sanidade são itens muito importantes na competição comoutros países produtores.

Essas preocupações orientaram a concepção e a implantação do Programa de Apoioà Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais – FRUPEX.O Programa Avança Brasil, com esses mesmos fins, promove o empreendimentoInovação Tecnológica para a Fruticultura Irrigada no Semi-árido Nordestino.

Este Manual reúne conhecimentos técnicos necessários à produção do abacaxi. Taisconhecimentos foram reunidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Embrapa – em parceria com as demais instituições do Sistema Nacional de PesquisaAgropecuária, para dar melhores condições de trabalho ao setor produtivo, preocupadoem alcançar padrões adequados para a exportação.

As orientações que se encontram neste Manual são o resultado da parceria entre oEstado e o setor produtivo. As grandes beneficiadas serão as comunidades para as quaisas obras de engenharia também levarão ganhos sociais e institucionais incontestáveis.

Tirem todo o proveito possível desses conhecimentos.

Marcus Vinicius Pratini de Moraes

Ministro da Agricultura e do Abastecimento

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SUMÁRIOSUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 9

2. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ............................................................................................... 10

3. EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS ............................................................................................ 11

4. A PLANTA E O SEU CICLO ........................................................................................................... 13

5. VARIEDADES.................................................................................................................................... 15

6. MANEJO E PRODUÇÃO DE MUDAS ........................................................................................ 19

7. PREPARO DO SOLO E CORREÇÃO DE ACIDEZ................................................................... 23

8. PLANTIO ............................................................................................................................................ 25

9. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS..................................................................................... 28

10. ADUBAÇÃO ..................................................................................................................................... 30

11. IRRIGAÇÃO ..................................................................................................................................... 35

12. MANEJO DA FLORAÇÃO ............................................................................................................ 41

13. DOENÇAS E SEU CONTROLE ................................................................................................... 45

14. NEMATÓIDES E SEU CONTROLE ........................................................................................... 51

15. PRAGAS E SEU CONTROLE ....................................................................................................... 56

16. MURCHA ASSOCIADA À COCHONILHA ................................................................................ 62

17. COLHEITA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE...................................................... 66

18. MANEJO DA SOCA (SEGUNDO CICLO) ................................................................................. 68

19. COMERCIALIZAÇÃO .................................................................................................................... 69

20. CUSTOS DE PRODUÇÃO E RECEITAS ESPERADAS ........................................................ 71

21. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 75

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99Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

1 INTRODUÇÃO

Luiz Francisco da Silva SouzaJosé Renato Santos Cabral

Domingo Haroldo Reinhardt

O abacaxizeiro é, provavelmen-te, originário da região com-preendida entre 15º N e 30º

S de latitude e 40º L e 60º W de longitude,o que inclui as zonas central e sul do Brasil,o nordeste da Argentina e o Paraguai. Estu-dos de distribuição do gênero Ananas indi-cam que o seu centro de origem é a regiãoda Amazônia compreendida entre 10º N e10º S de latitude e entre 55º L e 75° W delongitude, por se encontrar nela o maiornúmero de espécies consideradas válidasaté o momento. Assim, a região Norte doBrasil pode ser considerada um segundocentro de diversificação desse gênero.

O abacaxi é um fruto tropical bastantedemandado no mercado de frutas, comuma produção mundial de 12,3 milhões detoneladas, em 1998, o que lhe confere ele-vada importância econômica e social. NoBrasil, o abacaxizeiro é cultivado pratica-mente em todos os estados, observando-se, nos últimos anos, um crescimentosignificativo da produção nacional (1,6milhões de toneladas em 1998), que colo-ca o país como segundo produtor mundialdessa fruteira.

Não obstante sua importância, a pro-dutividade brasileira dessa cultura ainda éconsiderada baixa (25 t/ha a 35 t/ha), quan-do comparada com países produtores quetêm alcançado produtividades entre 45 t/hae 55 t/ha. Fatores ambientais adversos,problemas fitossanitários, práticas cultu-rais inadequadas, organização incipientedos produtores, dentre outros, têm contri-buído para a baixa produtividade daabacaxicultura nacional.

A produção brasileira de abacaxi é, emsua maioria, destinada ao mercado internode frutas frescas (menos de 1% do totalproduzido é exportado). O crescimentonas exportações brasileiras de frutos deabacaxi será favorecido pelo aperfeiçoa-mento dos sistemas produtivos praticadosno país, com a utilização de tecnologias quepromovam a melhoria quantitativa e quali-tativa da produção, e pela regularidade daoferta a preços competitivos no mercadointernacional.

Espera-se que este Manual contribuapara melhorar a posição brasileira no rankingdos países exportadores de abacaxi.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção1010

2 ASPECTOSSOCIOECONÔMICOS

José da Silva SouzaLuiz Francisco da Silva Souza

O continente asiático é, na atu-alidade, o principal produtorde abacaxi, respondendo, em

1999, por cerca de 51% (6,9 milhões detoneladas) da produção mundial de 13,4milhões de toneladas de frutos. Tailândia eFilipinas destacam-se como principais paí-ses produtores desse continente, partici-pando, respectivamente, com 17% e 11%,do que é produzido no mundo. Em segui-da, vem o continente americano, que res-ponde por 31% da produção mundial, comdestaque para o Brasil, segundo produtordo mundo, com uma contribuição de 13%em relação ao total produzido. O continen-te africano, terceiro colocado, produziu em1999 cerca de 2,2 milhões de toneladas, oque representou 16% do global. A Nigériaé o seu maior produtor, com 6,5% doabacaxi produzido no mundo.

O abacaxizeiro é, praticamente, culti-vado em todos os estados brasileiros. Nadécada de 90, a abacaxicultura brasileiraexperimentou um crescimento expressivo,tanto na área plantada como no volumeproduzido, expandindo-se, também, emregiões que antes não se caracterizavamcomo grandes produtoras, como é o casoda região Norte, onde se destacaram osestados do Pará e Tocantins. No ano de1998, os maiores produtores de abacaxiforam Minas Gerais, Pará, Paraíba e Bahia,que juntos responderam por 68% da pro-dução nacional. Considerando as regiõesfisiográficas, as maiores produções ocorre-

ram no Sudeste, Nordeste e Norte, quenaquele ano contribuíram, respectivamen-te, com 39%, 31% e 23% da produçãobrasileira.

Um outro aspecto que merece sermencionado é a significativa expansão ob-servada nos últimos anos, na abacaxiculturairrigada do país, tanto em regiões onde acultura do abacaxi é tradicionalmenteconduzida sob condições de sequeiro, comoem novas áreas, sobretudo no semi-árido.Mesmo sem estatísticas oficiais sobre oassunto, estima-se que cerca de 10% dos50.000 ha colhidos, em 1998, foram cultiva-dos sob irrigação.

Independentemente da sua importân-cia econômica, a cultura do abacaxi merecedestaque pela sua condição de atividadeabsorvedora de mão-de-obra no meio ru-ral, contribuindo para a geração de empre-gos. Na abacaxicultura irrigada, assentadaem bases tecnológicas melhor estabelecidas,tais perspectivas sociais tornam-se maisevidentes, na medida em que a irrigaçãopode viabilizar a sua expansão para áreas nãotradicionais, ampliando sobremaneira as al-ternativas de ocupação de mão-de-obra,mormente em regiões semi-áridas, ondesão reduzidas as alternativas de trabalho.Esses reflexos positivos podem tambémser estendidos à mão-de-obra ocupada pe-las indústrias de beneficiamento e trans-formação de produtos de abacaxi, tantopara o mercado interno como para o deexportação.

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1111Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

CLIMACLIMA

O abacaxizeiro é uma planta de climatropical, apresentando ótimo crescimentoe melhor qualidade do fruto na faixa detemperatura de 22ºC a 32 °C e com ampli-tude térmica, entre dia e noite, variando de8ºC a 14°C. Temperaturas acima de 32°Creduzem o crescimento da planta e, quandocoincidem com elevada insolação, podemcausar queimas em frutos na fase dematuração final. Temperaturas abaixo de20°C também afetam o crescimento daplanta e, quando combinadas com perío-dos de dias mais curtos e/ou insolação maisbaixa e nebulosidade mais alta, são propíciasà ocorrência de florações naturais precocesdas plantas, o que pode levar à perda defrutos e dificultar o manejo da cultura. Aplanta é seriamente prejudicada por geadas,mas suporta períodos com temperaturasreduzidas, porém, superiores a 0°C.

A planta é exigente em luz, desenvol-vendo-se melhor em locais com alta inci-dência de radiação solar. A insolação anualótima é de 2.500 a 3.000 horas, ou seja 6,8a 8,2 horas de brilho solar por dia (tempo deincidência direta da luz solar, isto é, semencobrimento do sol por nuvens). Nãotolera sombreamento, o que deve ser con-siderado na escolha dos locais para o seucultivo e no plantio consorciado com ou-tras culturas.

O abacaxizeiro tem muitas caracterís-ticas de vegetais adaptados a clima seco. Noentanto, maiores rendimentos e frutos dequalidade são obtidos quando a cultura ébem suprida com água. Chuvas de 1.200 mma 1.500 mm anuais, bem distribuídas, são

adequadas para a cultura. Em regiões queapresentam períodos secos prolongados, aprática da irrigação torna-se, muitas vezes,indispensável.

Umidade relativa do ar média anual de70% ou superior é desejável, mas a plantasuporta bem variações moderadas destefator climático. Períodos de umidade muitobaixa (menos de 50%) podem causarfendilhamento e rachaduras em frutos du-rante a sua fase de maturação.

O porte baixo das plantas e o seuplantio em densidades elevadas tornam acultura pouco suscetível a danos causadospor ventos fortes. Granizos podem causardanos maiores, mas estes são, em geral,menores do que em outras culturas, dada aalta fibrosidade e resistência das folhas doabacaxizeiro.

SOLSOLOSOS

O abacaxizeiro é muito sensível aoencharcamento do solo, que pode prejudi-car o seu crescimento e a sua produção.Portanto, boas condições de aeração e dedrenagem do solo são requisitos básicospara o seu cultivo, por favorecerem odesenvolvimento do sistema radicular daplanta, normalmente frágil e concentradonos primeiros 15 cm a 20 cm do solo.

Além de comprometerem diretamen-te o desenvolvimento do abacaxizeiro, ascondições de má drenagem também favo-recem o apodrecimento de raízes e a mortede plantas, causados por fungos do gêneroPhytophthora.

Os solos de textura média (15% a 35%de argila e mais de 15% de areia), sem

3 EXIGÊNCIASEDAFOCLIMÁTICAS

Domingo Haroldo ReinhardtLuiz Francisco da Silva Souza

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção1212

impedimentos a uma livre drenagem doexcesso de água, são os mais indicados paraessa cultura. Os solos de textura arenosa(até 15% de argila e mais de 70% de areia),que não apresentam problemas deencharcamento, são também recomenda-dos para a abacaxicultura, requerendo qua-se sempre a incorporação de resíduos vege-tais e adubos orgânicos, que melhorem assuas capacidades de retenção de água e defornecimento de nutrientes. Essa culturapode também desenvolver-se bem em so-los argilosos (mais de 35% de argila), desdeque apresentem boa aeração e drenagem.

Considerando os aspectos abordadossobre a sensibilidade da planta doabacaxizeiro ao excesso de umidade narizosfera, é conveniente que o lençol freáticoou zonas de estagnação de água não sesituem a menos de 80 cm a 90 cm dasuperfície do solo.

A topografia é outro fator a ser consi-derado na escolha da área. Terrenos planosou de pouca declividade (até 5% de declive)devem ser preferidos porque, além de faci-

litarem a mecanização e os tratos culturais,são menos suscetíveis à erosão. Conse-qüentemente, a utilização de solos maisdeclivosos requer a adoção de práticasconservacionistas.

O abacaxizeiro é considerado umaplanta bem adaptada aos solos ácidos, sen-do a faixa de pH de 4,5 a 5,5 a maisrecomendada para o seu cultivo. É umaplanta que exige quantidades de nutrientesque a maioria dos solos cultivados nãoconsegue suprir integralmente (exceção paraalguns solos virgens, recém-desmatados ouem pousio prolongado). Este nível elevadode exigências resulta na quase obriga-toriedade da prática da adubação, nos plan-tios com fins econômicos.

Além dos aspectos relativos às carac-terísticas edáficas e nutricionais, na esco-lha da área devem-se levar em considera-ção a sua localização em relação a centrosconsumidores e indústrias de pro-cessamento, a disponibilidade e o custo demão-de-obra, as vias de acesso e a existên-cia de fontes de água.

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1313Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

ASPECTASPECTOS BOOS BOTÂNICOSTÂNICOS

O abacaxizeiro (Ananas comosus L.,Merril) é uma planta monocotiledônea,herbácea perene, da família Bromeliaceae,cujas espécies podem ser divididas, em re-lação a seus hábitos, em dois grupos distin-tos: as epífitas, que crescem sobre outrasplantas, e as terrestres, que crescem no soloà custa das próprias raízes. Os abacaxispertencem ao segundo grupo, mais preci-samente aos gêneros Ananas e Pseudananas,mesmo apresentando algumas caracterís-ticas das epífitas, como por exemplo, acapacidade de armazenar água tanto notecido especial de suas folhas como nasaxilas destas.

Aproximadamente, 50 gêneros e 2.000espécies de Bromaliaceae são conhecidos.Algumas espécies têm valor ornamental;outras produzem excelentes fibras paracordoaria e fabricação de material rústico(sacaria), de tecidos finos etc. A maioriadessas espécies é encontrada nas condi-ções naturais de regiões tropicais da Amé-rica; apenas algumas são vistas em zonastemperadas.

O abacaxizeiro compõe-se de um cau-le (talo) curto e grosso, ao redor do qualcrescem as folhas, em forma de calhas,estreitas e rígidas, e no qual também seinserem raízes axilares. O sistema radicularé fasciculado (em cabeleira), superficial efibroso, encontrado em geral à profundida-de de zero a 30 centímetros e, raras vezes amais de 60 cm da superfície do solo. Aplanta adulta das variedades comerciaismede 1,00 m a 1,20 m de altura e 1,00 m a1,50 m de diâmetro.

As folhas são classificadas, segundoseu formato e sua posição na planta, em

A, B, C, D, E e F, da mais velha e externapara a mais nova e interna. A folha D é amais importante do ponto de vista do ma-nejo da cultura; sendo a mais jovem dentreas folhas adultas e, metabolicamente, a maisativa de todas, é, por conseguinte, usada naanálise do crescimento e do estadonutricional da planta. Em geral, a folha Dforma um ângulo de 45° entre o nível desolo e um eixo imaginário que passa pelocentro da planta, apresenta os bordos daparte inferior perpendiculares à base, e éfácil de ser destacada da planta.

No caule insere-se, também, opedúnculo que sustenta a inflorescência e ofruto daí resultante. É um fruto compostoou múltiplo chamado sincarpo ou sorose,formado pela coalescência dos frutos indi-viduais, do tipo baga, numa espiral sobre oeixo central, que é a continuidade dopedúnculo. Compõe-se de 100 a 200 floresindividuais arrumadas em espiral em voltade um eixo.

Os rebentos, ou mudas, desenvolvem-se a partir de gemas axilares localizadas nocaule (rebentões) e no pedúnculo (filhotes).

CICLCICLO DO DA PLANTA PLANTAA

O ciclo do abacaxizeiro é dividido emtrês fases. A primeira, a fase vegetativa oude crescimento vegetativo (folhas), vai doplantio ao dia do tratamento de induçãofloral (TIF) ou da iniciação floral natural.Tem duração variável, mas corresponde aoperíodo de 8 a 12 meses. A segunda, a fasereprodutiva ou de formação do fruto, temduração bastante estável para cada região,sendo de 5 a 6 meses. O primeiro ciclocompleto da cultura dura, portanto, de 13 a18 meses, na região tropical brasileira.

4 A PLANTAE O SEU CICLO

Domingo Haroldo Reinhardt

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção1414

A terceira fase do ciclo, denominada depropagativa, de formação de mudas (filho-tes e rebentões), sobrepõe-se, parcialmen-te, à segunda fase. A fase propagativa temduração variável de 4 a 10 meses paramudas tipo filhote, cuja formação se iniciano período pré-floração, e de 2 a 6 mesespara mudas do tipo rebentão. Essas mudasdão origem ao segundo ciclo da planta,chamado de soca que também passa portrês fases. A primeira é mais curta (6 a 7

meses) que no primeiro ciclo, determinan-do um segundo ciclo com duração total deapenas 11 a 13 meses. Caso seja permitidoo desenvolvimento de rebentão da soca, aplanta poderá passar por um terceiro cicloou segunda soca, e, assim, sucessivamente,mostrando que o abacaxizeiro é, sob oaspecto botânico, uma planta perene. Noentanto, do ponto de vista comercial, ex-ploram-se no Brasil, via de regra, apenas uma dois ciclos da cultura.

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1515Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Todas as variedades de abacaxide interesse da fruticultura per-tencem à espécie Ananas comosus

(L.) Merril. Mais recentemente, alguns clonesde Ananas lucidus, Ananas ananassoides eAnanas bracteatus estão sendo cultivadospara produção de fibra ou com fins orna-mentais.

Na escolha de uma variedade de aba-caxi, deve-se considerar a adaptação aolocal de plantio às exigências do mercado, adisponibilidade e a qualidade da muda.

CARACARACTERÍSTICAS VCTERÍSTICAS VARIETARIETAISAIS

As principais características desejadasem uma variedade de abacaxi são: cresci-mento rápido; folhas curtas, largas e semespinhos; produção precoce de rebentãolocalizado na base da planta próxima aosolo; produção de filhotes situados a maisde dois centímetros da base do fruto; frutode casca de cor amarelo-alaranjada, olhosplanos, polpa amarela, firme mas não fibro-sa, teor de açúcar elevado, acidez modera-da; coroa média a pequena. Associadas aessas características, procuram-se aindavariedades que proporcionem altos rendi-mentos e que sejam resistentes e/ou tole-rantes às principais pragas e doenças queocorrem nos locais de plantio.

É difícil encontrar uma variedade deabacaxi que reúna todas essas característi-cas. Assim, recomenda-se a escolha devariedades para usos específicos, conside-rando-se o destino da produção e a adapta-ção aos locais de plantio. A diversificaçãode variedades é importante para asustentabilidade da cultura.

CLASSIFICAÇÃO EM GRUPOSCLASSIFICAÇÃO EM GRUPOS

As variedades de abacaxi mais conhe-cidas no mundo foram classificadas em

cinco grupos distintos: Cayenne, Spanish,Queen, Pernambuco e Perolera (Mor-dilona), de acordo com um conjunto decaracteres comuns, relativos ao porte daplanta, forma do fruto e característicasmorfológicas das folhas. Essa chave declassificação, utilizada por diversos autorespor razões práticas, apresenta limitações doponto de vista genético. A noção de gruponão é consistente e não leva em considera-ção diversas variedades de interesse local,que não se enquadram bem em nenhumdesses grupos. Dessa forma, seria mais con-veniente a utilização da terminologia clássi-ca usada em fruteiras de propagaçãovegetativa, formada pelo nome da varieda-de acompanhado do nome ou código doclone, como por exemplo: CayenneChampaka, Queen Mc Gregor, Pérola Jupi.

PRINCIPPRINCIPAIS VAIS VARIEDARIEDADESADES

A produção comercial de abacaxi ébaseada nas variedades Smooth Cayenne,Pérola, Queen, Singapore Spanish, EspañolaRoja e Perolera. Contudo, estima-se quecerca de 70% da produção mundial deabacaxi provém de Smooth Cayenne. NoBrasil e em outros países da América Latina,ocorrem diversas variedades locais e popula-ções silvestres de abacaxi pertencentes aogênero Ananas. Alguns desses materiais po-deriam ser recomendados diretamente comovariedades ou utilizados em programas demelhoramento genético, uma vez caracteri-zados e avaliados adequadamente.

O predomínio do plantio de SmoothCayenne, nos principais países produtoresdo mundo; o uso de poucas variedades paraplantios comerciais e a substituição de vari-edades locais por Smooth Cayenne vêmprovocando o desaparecimento de varieda-des de interesse local ou regional.

5 VARIEDADESJosé Renato Santos Cabral

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção1616

Smooth CayenneSmooth Cayenne

Conhecida vulgarmente como abacaxihavaiano, é a variedade mais plantada nomundo, tanto em termos de área, quantoem faixa de latitude, sendo considerada,atualmente, a rainha das variedades de aba-caxi, porque possui muitas característicasfavoráveis. É uma planta robusta, de portesemi-ereto, cujas folhas não apresentamespinhos, a não ser alguns encontrados naextremidade apical do bordo da folha. Ofruto é atraente, ligeiramente cilíndrico, pesade 1,5 kg a 2,5 kg, apresentando casca de coramarelo-alaranjada quando maduro, polpaamarela, rico em açúcares (13ºBrix a 19 ºBrix)e de acidez maior do que as outras varieda-des (Figura 1). Essas características a tor-

nam adequada para a industrialização e aexportação como fruta fresca. A coroa érelativamente pequena e a planta produzpoucas mudas do tipo filhote. Em condi-ções de clima úmido e quente, produz frutofrágil para transporte e processamento in-dustrial. É bastante suscetível à murchaassociada à cochonilha Dysmicoccus brevipes eà fusariose Fusarium subglutinans. Foiintroduzida no Brasil, em São Paulo, nadécada de trinta e, posteriormente, difun-dida para outros estados, como Paraíba,Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Bahia,onde a partir de 1960 também assumiucrescente importância econômica.

Singapore SpanishSingapore Spanish

É a segunda variedade em importânciapara a industrialização, sendo amplamentecultivada na Malásia, porque é adaptada aossolos turfosos desse e de outros países dosul da Ásia.

A planta apresenta porte médio, comfolhas verde-escuras cujo comprimentovaria de 35 cm a 70 cm. A espinescência évariável, ocorrendo clones completamentesem espinhos e outros com poucos espi-nhos nas extremidades dos bordos das fo-lhas. O fruto é pequeno, pesando de 1,0 kga 1,5 kg, cilíndrico, com baixo teor deaçúcar (10º Brix - 12ºBrix) e baixa acidez.

A planta é vigorosa, com produçãoregular de mudas dos tipos filhote e reben-tão. É freqüente a ocorrência de coroamúltipla. Apresenta alguma resistência apragas e doenças.

QueenQueen

Variedade amplamente cultivada naÁfrica do Sul e na Austrália. A planta épequena, com 60 cm a 80 cm de altura,vigorosa, com folhas prateadas, pequenas ecom ocorrência de espinhos densos. Pro-duz grande número de rebentões, porém aquantidade de filhotes é variável e sãopouco desenvolvidos. O fruto é pequeno(0,5 kg a 1,0 kg) com casca amarela, olhosFigura 1. Figura 1. Cultivar Smooth Cayenne.

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1717Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

pequenos e proeminentes. A polpa é ama-rela e doce (14ºBrix a 16ºBrix), pouco ácida,de excelente sabor e longo tempo de vidapós-colheita. Essa cultivar tem potencialpara ser explorada no Brasil, em razão deapresentar algumas características semelhan-tes à variedade Pérola.

Española RojaEspañola Roja

Conhecida também como RedSpanish, suas plantas são de tamanho mé-dio, vigorosas, com folhas verde-escuras,espinhos pequenos e curtos, podendo serespinhosas ou parcialmente espinhosas.Fruto de tamanho médio (1,2 kg a 2,0 kg)em forma de barril, polpa branca ou amare-lo-pálida, sucosa, de sabor adocicado (sóli-dos solúveis totais em torno de 12º Brix) ebaixa acidez, com agradável aroma. Produznormalmente poucos filhotes e rebentões.

PérolaPérola

Cultivada amplamente no Brasil, é tam-bém conhecida como Pernambuco ou Bran-co de Pernambuco. A planta possui portemédio e crescimento ereto; é vigorosa, comfolhas com cerca de 65 cm de comprimentoe espinhos nos bordos. O pedúnculo dofruto é longo (em torno de 30 cm). Produzmuitos filhotes (5 a 15) presos ao pedúnculo,próximos da base do fruto, o qual apresentaforma cônica, casca amarelada (quandomaduro), polpa branca, sucosa, com sóli-dos solúveis totais de 14 ºBrix a 16 ºBrix,pouca acidez, sendo agradável ao paladardo brasileiro. O fruto pesa de 1,0 kg a 1,5 kg,possui coroa grande e tem sido pouco uti-lizado para a exportação in natura e industri-alização sob a forma de rodelas (Figura 2).Apresenta tolerância à murcha associada àcochonilha Dysmicoccus brevipes e é suscetívelà fusariose, doença causada pelo fungoFusarium subglutinans.

PeroleraPerolera

Variedade plantada comercialmente naColômbia e na Venezuela, adaptada a altitu-des de até 1500 m. Em estudos efetuados

Figura 2.Figura 2. Cultivar Pérola.

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pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, essacultivar comportou-se como resistente àfusariose. A planta apresenta uma altura(distância do solo à base do fruto) de 51,0 cm,pedúnculo longo com 29,2 cm de compri-mento, folha de cor verde-escura e bordoinerme, evidenciando faixa prateada poucopronunciada, produção de um a dois reben-tões e oito a dez filhotes. Fruto de formacilíndrica, com peso médio de 1,8 kg, decasca e polpa amarelas, com teor de sólidossolúveis totais ao redor de 13ºBrix, acideztitulável em torno de 10,0 meq/100 ml ealto teor de ácido ascórbico – vitamina C.Nessa cultivar pode ocorrer tombamentode frutos, em razão de possuir pedúnculolongo.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção1818

OUTRAS VOUTRAS VARIEDARIEDADESADES

Outras variedades são plantadas emescala reduzida para os mercados locais eregionais, especialmente nos países daAmérica Latina. No Brasil, uma variedadedenominada Jupi, que se assemelha muitocom a Pérola, da qual difere apenas peloformato cilíndrico do fruto, pode ser en-contrada em plantios nos estados daParaíba e Pernambuco. Esta variedade,atualmente, está sendo difundida noTocantins e em Goiás.

A predominância do plantio de Pérolae Smooth Cayenne no Brasil tem ocasiona-do o desaparecimento do plantio de varie-dades como Boituva e Rondon, outroraplantadas em várias regiões do país.

Qualquer que seja a variedade utiliza-da, o agricultor deve preocupar-se com amanutenção das suas característicasmorfológicas e agronômicas. Apesar de o

abacaxizeiro ser uma planta de propagaçãovegetativa, o uso contínuo do mesmo ma-terial de plantio pode proporcionar adegenerescência do clone pelo acúmulo depragas e doenças, e o surgimento de plantascom características diferentes do padrão davariedade. Por esta razão, o agricultor deveselecionar suas mudas antes de instalar no-vos plantios, colhendo somente mudasoriundas de plantas vigorosas, com as mes-mas características da variedade, e eliminaraquelas provenientes de plantas que apre-sentam baixo vigor, com anomalias, pragase doenças. Na variedade Smooth Cayenne,é comum o aparecimento de plantas comfolhas totalmente espinhosas e de frutoscom coroa fasciada e, em Pérola, plantasque produzem frutos sem coroa. Mudasoriundas dessas plantas devem ser elimina-das para que a variedade mantenha seupadrão varietal.

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1919Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

TIPOS DE MUDTIPOS DE MUDAS E SUAS E SUASASCARACARACTERÍSTICASCTERÍSTICAS

Os plantios de abacaxi são feitos commudas de vários tipos (Figura 3), tais comocoroa (brotação do ápice do fruto), filhote(brotação do pedúnculo, que é a haste quesustenta o fruto), filhote-rebentão (brotaçãoda região de inserção do pedúnculo nocaule ou talo) e rebentão (brotação do cau-le). Cada tipo possui as seguintes caracterís-ticas, vantajosas ou não, que devem serconsideradas quando da escolha e manejodo material de plantio.

podridão-negra (Chalara paradoxa), mais uni-forme em tamanho e peso, gerando tam-bém plantios com plantas de porte e desen-volvimento mais uniformes.

Filhote ou muda-de-cachoFilhote ou muda-de-cacho

Muda de vigor e ciclo intermediários,menos uniforme que as coroas, porém maisque os rebentões, de fácil colheita e grandedisponibilidade, no caso da variedade Péro-la, a mais cultivada no Brasil.

RebentãoRebentão

Muda de maior vigor, ciclo mais curto,de colheita mais difícil, menor uniformida-de em tamanho e peso, baixa disponibilida-de na variedade Pérola e mais usada no casoda variedade Smooth Cayenne. É mais sus-cetível à ocorrência de florações naturaisprecoces.

Filhote-rebentãoFilhote-rebentão

Muda de reduzida expressão, pois é deprodução limitada, apresenta característi-cas intermediárias entre filhote e rebentão,podendo ser usada indistintamente com osdois últimos tipos de mudas apresentados.

Além desses tipos de mudas geradasna própria planta, existem as produzidasem viveiro ou laboratório, por meio detécnicas de multiplicação apropriadas, con-forme mencionadas a seguir.

Muda de seccionamento do cauleMuda de seccionamento do caule

Muda produzida em viveiros, a partirde pedaços do talo (caule) das plantas,caracterizando-se pela melhor sanidade,sobretudo em relação à fusariose; pelo vigor

6MANEJO EPRODUÇÃODE MUDAS

Domingo Haroldo ReinhardtAntônio da Silva Souza

Figura 3.Figura 3. Tipos de mudas convencionaisdo abacaxizeiro.

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CoroaCoroa

Muda pouco disponível, pois perma-nece nos frutos vendidos nos mercados defrutas frescas; é menos vigorosa, de ciclo(do plantio à colheita) mais longo, mais fa-cilmente afetada por podridões, sobretudo

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção2020

e pelas demais características (ciclo, grau deuniformidade) próximos às mudas do tipocoroa.

Muda produzida Muda produzida in vitroin vitro

Muda obtida em laboratório por meiode técnicas de cultura de tecidos, de exce-lente sanidade, mais cara, uso mais restrito,porém importante para a multiplicação rá-pida de novas variedades geradas em pro-gramas de melhoramento genético.

Há ainda as mudas obtidas por méto-dos que quase não têm tido aplicação noBrasil, como o da destruição do meristemaapical (olho) de abacaxizeiros para estimu-lar a emissão precoce e em maior númerode mudas do tipo rebentão, e o do trata-mento químico, com a finalidade de trans-formar flores em mudas pela aplicação defitorreguladores do grupo das morfactinas,logo após o tratamento de indução floraldas plantas. Tais técnicas, desenvolvidasem países como Côte d’Ivoire, África doSul e Austrália, para aumentar a disponibi-lidade de material de plantio da cultivarSmooth Cayenne, não são aplicadas noBrasil devido às suas limitações quanto àsanidade das mudas obtidas. Essas técnicasnão oferecem a segurança desejada comrelação ao controle da fusariose, doençaeminentemente brasileira e sem maior rele-vância naqueles países.

OBTENÇÃO E MANEJO DEOBTENÇÃO E MANEJO DEMUDMUDAS CONVENCIONAISAS CONVENCIONAIS

A muda de boa qualidade é a base parao sucesso de qualquer cultura. Daí a impor-tância da utilização de mudas de boa proce-dência, isto é, que sejam sadias (livres dafusariose e de cochonilhas) e vigorosas,colhidas em plantios em bom estadofitossanitário, onde o número de plantas efrutos doentes (podres) tenha sido mínimo.As mudas colhidas em plantas sadias de-vem ser isentas de pragas, doenças e danosmecânicos, devendo-se descartar rigorosa-mente aquelas que apresentarem o menorsinal de goma ou resina.

Os tipos de mudas mais usados noBrasil são os filhotes ou mudas-de-cacho,que aparecem logo abaixo da base do fruto,e os rebentões, que brotam do talo da planta.

Após a colheita dos frutos, as mudasdo tipo filhote devem permanecer aderidasà planta-mãe para continuarem o seu cres-cimento e atingirem o tamanho adequado(mínimo de 30 cm) para o plantio. Essaetapa é chamada de ceva, que pode ter aduração de dois a seis meses.

Para melhorar o vigor e o estadofitossanitário das mudas durante a cevapodem ser recomendadas as seguintes prá-ticas culturais: continuação da irrigação, emáreas irrigadas; pulverização com insetici-da-acaricida para o controle das cochonilhase dos ácaros que infestam a cultura; aduba-ção suplementar, via pulverização foliar,com uréia a 3% e cloreto de potássio a 2%.

A colheita das mudas deve ser feitaquando a maioria delas atingir o tamanhoadequado. Corta-se o pedúnculo com todoo cacho, o que facilita o transporte e au-menta o rendimento do trabalho. Em se-guida, os filhotes são destacados do cacho,fazendo-se, nesta ocasião, uma seleção pre-liminar. Eliminam-se todas as mudas doen-tes, com presença de goma, murchas emuito pequenas. Algumas vezes, aparecena base da muda tipo filhote um fruto emminiatura, que deve ser arrancado nestafase, para evitar que se constitua em foco depodridão da muda após o plantio.

Para reduzir a perda de boas mudas, aoutilizá-las como embalagem natural para otransporte do fruto (no caso da Pérola),deve ser feita a sangria no cacho, ou seja, umcorte parcial que permita deixar a maiorparte das mudas na planta para ser aprovei-tada posteriormente. A colheita de reben-tões é mais difícil e mais exigente em relaçãoà mão-de-obra necessária, haja vista esta-rem firmemente ligados ao talo da planta-mãe, sendo necessário um puxão lateralantes de arrancá-los.

A etapa seguinte, chamada de cura,consiste na exposição das mudas ao sol,

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2121Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

com a base virada para cima, sobre aspróprias plantas-mãe ou espalhando-as so-bre o solo em local próximo ao do plantio,durante três a dez dias. A cura visa cicatrizara ferida que ocorre quando a muda é desta-cada da planta, além de diminuir a popula-ção de cochonilhas. Essa prática tambémelimina o excesso de umidade das mudas,reduzindo a ocorrência de podridões, so-bretudo em períodos de clima úmido.

As mudas curadas devem serselecionadas por tipo (separando os filho-tes dos rebentões) e faixas de tamanho (30 cma 40 cm; 40 cm a 50 cm, 50 cm a 60 cm), paraplantio em talhões separados. Durante aseleção deve ser efetuado um descarte rigo-roso de mudas defeituosas (com podridão,exsudação de resina ou lesões mecânicas)ou com características diferentes do padrãoda cultivar. Mudas contaminadas pelafusariose devem ser queimadas ou enter-radas, para reduzir os focos dessa doença.Entretanto, mudas que possuem apenasfolhas basais com seus bordos ou ápicessecos não devem ser eliminadas, desdeque o cartucho central esteja em perfeitoestado.

Caso se observe alta infestação dasmudas com cochonilhas, é recomendado oseu tratamento por meio de imersão, du-rante três a cinco minutos, numa calda cominseticida-acaricida fosforado. Esse proce-dimento não é eficaz para o controle dafusariose no material de plantio, uma vezque mudas já doentes não podem mais serrecuperadas por meio da aplicação dosfungicidas disponíveis, que não têm efeitocurativo.

No caso da cultivar Smooth Cayenne,que, com freqüência, produz número redu-zido de mudas do tipo filhote, os rebentõestêm que ser aproveitados como material deplantio, tornando o seu manejo muito im-portante. Em geral, apenas um percentualrelativamente pequeno (inferior a 40%) dasplantas apresenta um ou, raras vezes, doisrebentões em formação. Após essa fase, osrebentões continuam seu crescimento, atin-

gindo tamanho adequado para plantio apósperíodo bastante variável, com duração dedois a dez meses. Podem-se uniformizar eacelerar a emissão e o desenvolvimento dosrebentões, efetuando-se um corte das plan-tas à altura da base do pedúnculo (haste quesustenta o fruto e as mudas tipo filhote),com facão ou roçadeira (Figura 4). Talprática, feita após a colheita do fruto e dasmudas do tipo filhote, facilita, ainda, acolheita dos rebentões.

Figura 4.Figura 4. Mudas do tipo rebentão, emitidas após o corteda planta à altura da base do pedúnculo.

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PRODUÇÃO DE MUDPRODUÇÃO DE MUDASASSADIAS EM VIVEIROSSADIAS EM VIVEIROS

Esta forma de propagação do abacaxiconsiste na produção de mudas (plântulas)a partir de gemas existentes nas axilas dasfolhas, inseridas no talo (caule) das plantas.As gemas brotam e crescem quando o taloé cortado em pedaços, contendo pelo me-nos uma gema cada uma, cujas secções detalo são adequadamente cultivados em vi-veiros. O seccionamento do talo permite oexame visual das suas partes internas e, por-tanto, o descarte de todo o material afetado

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção2222

pela fusariose e por outras podridões.

Esta técnica pode ser uma atividadealtamente rentável, permitindo a oferta demudas de qualidade e sanidade excelentesao longo de todo o ano. É, também, auxiliarno estabelecimento de um sistema deviveiristas credenciados e fiscalizados, basepara a produção e disponibilização de ma-terial de plantio de primeira qualidade.

Após o arranquio da planta, o desbastedas folhas e a eliminação do sistema radiculare da parte apical, o caule é cortado empedaços longitudinais ou em discos (porguilhotina, facão ou serra circular motori-zada), descartando-se, rigorosamente, to-dos os pedaços com sintomas internos ouexternos de fusariose. Depois deseccionados, mas ainda no mesmo dia, ospedaços são submetidos a tratamentofungicida-inseticida por imersão. Esse mé-todo é fundamental para a produção demudas sadias – livres sobretudo da fusariose– destinadas a plantios em novas áreas e/ouregiões produtoras. Informações mais de-talhadas sobre esta técnica podem ser en-contradas em publicações da EmbrapaMandioca e Fruticultura.

PRODUÇÃO DE MUDPRODUÇÃO DE MUDAS EMAS EMLABORALABORATÓRIOTÓRIO

Para aumentar e acelerar a taxa demultiplicação e, ao mesmo tempo, diminuiro potencial ou até mesmo evitar a dissemi-nação de pragas e patógenos por meio demudas convencionais, técnicas de culturade tecidos têm sido empregadas para apropagação in vitro do abacaxizeiro. Emlaboratório, num espaço físico reduzido esob condições de temperatura eluminosidade controladas, pode-se produ-

zir rapidamente grandes quantidades demudas de abacaxizeiro, geneticamente uni-formes e de excelente qualidadefitossanitária, sejam de cultivares recomen-dadas ou de novos híbridos gerados.

No entanto, apesar dessas vantagens,dois aspectos devem ser considerados comrespeito à produção das mudas: o custoelevado e o surgimento de variaçõessomaclonais. Efetivamente, o alto custo deprodução ainda não permite que uma gran-de parte de agricultores tenha acesso àsmudas produzidas in vitro. O preço de umamuda é de aproximadamente R$ 0,40, querepresenta quase que o valor de venda deum fruto por parte do agricultor. Quanto àsvariações somaclonais, ou seja, o surgimentode características indesejáveis que propiciama formação de plantas anormais doabacaxizeiro, a mais freqüente é a presençade espinhos nas extremidades das folhas devariedades inermes. Entretanto, outras va-riações já foram encontradas, referentes àforma, à coloração e à arquitetura e à den-sidade das folhas, à altura das plantas e, aopeso e à coloração dos frutos. A freqüênciae a distribuição dessas variações somaclonaisparecem estar relacionadas com a varieda-de, a fonte de explante, o número desubcultivos e as quantidades de reguladoresde crescimento no meio de cultura.

Empregando-se a metodologia ade-quada e a depender da variedade, podem-seobter, num período de 18 meses, a partir deuma planta, aproximadamente, 50.000mudas, enquanto seriam necessários 7 anose 6 meses para se conseguir cerca de 32.000plantas, partindo-se também de uma plantaque produza em média 8 mudas, mediantea aplicação do método de propagaçãovegetativa tradicional.

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2323Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

PREPPREPARO DO SOLARO DO SOLOOUm bom preparo do solo é funda-

mental para a cultura do abacaxi, a fim defavorecer o desenvolvimento e oaprofundamento do sistema radicular daplanta, normalmente limitado e superficial.Em áreas virgens, deve-se primeiro remo-ver a vegetação, mediante o desmatamento,a roçagem, a destoca, o encoivaramento e aqueima. Em seguida, fazer a aração e duasgradagens, realizadas nos dois sentidos doterreno, procurando atingir uma profun-didade de 30 cm, para facilitar o desenvol-vimento das raízes. Em razão de dificulda-des operacionais, alguns produtores, prin-cipalmente os pequenos, não fazem adestoca, o que dificulta os trabalhos sub-seqüentes do preparo do solo, instalação econdução da cultura.

Em áreas já cultivadas, dispensa-se adestoca, mantendo-se as demais operações.No caso de áreas anteriormente plantadascom abacaxi, deve-se de início proceder àeliminação dos restos culturais, mediante asua incorporação ao solo, após a decompo-sição parcial do material. Mesmo trabalho-sa, essa operação tem a vantagem de incor-porar ao solo um grande volume de massavegetal (60 t/ha a 100 t/ha), restituindo-lheos nutrientes remanescentes na vegetação econtribuindo para melhorar o seu teor dematéria orgânica e as suas característicasfísicas. Muitos produtores fazem a opçãopura e simples pela queima dos restosculturais, por ser menos onerosa. Talopção é tecnicamente recomendável emáreas com histórico de elevada incidênciade pragas e doenças.

CORREÇÃO DE ACORREÇÃO DE ACIDEZCIDEZ(CALA(CALAGEM)GEM)

Não obstante o reconhecimento do

abacaxizeiro como planta acidófila, exis-tem situações em que a calagem se faznecessária. É sempre recomendável, por-tanto, uma avaliação sobre a necessidade decalcário (NC), normalmente definida a par-tir da análise do solo, que deve ser provi-denciada antes do estabelecimento da cul-tura, de modo que a aplicação e a incorpo-ração do corretivo, se indicadas, possam serfeitas com uma antecedência de 30 a 90 diasem relação ao plantio.

A maioria dos estados brasileiros pro-dutores de abacaxi conta com recomenda-ções oficiais para a efetivação de calagempara a cultura, conforme exemplificado naTabela 1.

Se for conveniente para o produtor, aaplicação e a incorporação do corretivorecomendado podem ser feitas durante asoperações de preparo do solo (antes dasarações e/ou gradagens), o que contribuipara melhor distribuição do material emprofundidade. Deve-se dar preferência aoscalcários dolomíticos, considerando a de-manda do abacaxizeiro pelo magnésio. Émuito comum, em algumas regiões, a ocor-rência de sintomas foliares de deficiência deMg (as folhas velhas se tornam amarelas,principalmente ao longo da parte centraldo limbo, permanecendo verdes apenas asáreas sombreadas por folhas mais jovens(Figura 5).

A calagem em excesso pode elevar opH do solo a valores acima da faixa maisadequada para a cultura (4,5 a 5,5), concor-rendo para limitar a disponibilidade e aabsorção de alguns micronutrientes, comozinco, cobre, ferro e manganês, e para favo-recer o desenvolvimento de microorga-nismos prejudiciais à cultura, como fungosdo gênero Phytophthora.

7 PREPARO DO SOLOE CORREÇÃO DEACIDEZ

Luiz Francisco da Silva Souza

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção2424

Tabela 1. Tabela 1. Recomendações de calagem para o abacaxizeiro, em estados produtores do Brasil.

Figura 5.Figura 5. Sintomas de deficiência de magnésio emfolhas de abacaxizeiro. A faixa verde na folha estavasombreada pela folha mais acima.

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(*) 0,5 meq/100cm3 eqüivale a 0,5 cmolc/dm3 e a 5 mmolc/dm3.

Estado Recomendação Referência

BahiaNC(t/ha)=[2,5-(meqCa+2+Mg+2/100cm3)] x f, onde f=100/PRTN. Calcário dolomítico, se o Mg +2 no solo for inferiora 0,5 meq/100cm3 (*)

Souza, 1989

Espírito SantoElevar a saturação por bases (V 2) a 60%, quando esta (V 1)for inferior a 50%, mediante a fórmula:

Prezotti, 1992

NC (t/ha)=(V

2-V

1) CTC

PRNT

Minas GeraisNC(t/ha)= Y x Al + [X - (Ca + Mg)], onde Y varia de 1 a 3, emfunção da textura do solo, e X = 2,0 para a maioria dasculturas

Comissão deFertilidade do

Solo - MG, 1989

Rio Grande do Sule SantaCatarina

Utilizar as indicações de calagem segundo o índice SMPpara pH 5,5. Consultar tabela específica, elaborada para ossolos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina

Comissão deFertilidade doSolo - RS/SC,

1995

São Paulo

Aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 50% eo teor de magnésio a um mínimo de 5 mmol

c/dm3.

Quantidades acima de 5 t/ha requerem cuidados especiais,com incorporação profunda ao solo.

Spironello &Furlani, 1996

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2525Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

O plantio das mudas pode serfeito em covas, abertas comenxada ou enxadeta, ou em

sulcos, dando-se preferência aos sulcos,quando se dispõe de sulcador. Após a aber-tura das covas ou sulcos, faz-se a distribui-ção das mudas, para o plantio propriamentedito (Figura 6). A profundidade das covasou dos sulcos e, portanto, do plantio devecorresponder, aproximadamente, à terçaparte do comprimento da muda, toman-do-se o cuidado de evitar que caia terra noseu olho.

O plantio deve ser efetuado em qua-dras, separadas de acordo com o tipo e otamanho das mudas, para facilitar os tratosculturais. No plantio em terrenos de decliveacentuado, devem-se usar curvas de nível eoutras práticas de conservação do solo.

Quanto ao posicionamento do plan-tio, deve-se dar preferência à exposiçãoleste, evitando-se a exposição oeste quefavorece a ocorrência de queima solarnos frutos.

SISTEMA DE PLANTIO ESISTEMA DE PLANTIO EESPESPAÇAMENTAÇAMENTOSOS

Os espaçamentos utilizados na culturado abacaxi variam bastante de acordo coma cultivar, o destino da produção, o nível demecanização e outros fatores.

Os plantios podem ser estabelecidosem sistemas de filas simples ou duplas(Figura 7). Para permitir a obtenção de boasprodutividades, fundamental para alcançarrenda adequada, devem ser usadas densida-des de plantio elevadas, com um númeromínimo de 37.000 plantas por hectare. Oplantio em filas duplas deve ser associadoao uso de herbicidas para o controle dasplantas daninhas, uma vez que este sistemadificulta a capina manual entre as filas quecompõem cada fila dupla. Recomenda-seque o plantio em filas duplas seja alternado(plantas descasadas), isto é, as plantas deuma fila colocadas na direção dos espaçosvazios da outra fila (Figura 7).

8 PLANTIODomingo Haroldo Reinhardt

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

Figura 6.Figura 6. Mudas distribuídas para o plantio, ao lado de mudas recém-plantadas.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção2626

São recomendados os seguintesespaçamentos: a) filas simples: 0,90 m x 0,30 me 0,80 m x 0,30 m, correspondendo a 37.030e 41.660 plantas/ha, respectivamente. B)filas duplas: 0,90 m x 0,40 m x 0,40 m ou0,90 m x 0,40 m x 0,35 m ou 0,90 m x 0,40 mx 0,30 m, isto é, 38.460, 43.950 e 51.280plantas/ha, respectivamente. Para a cul-tivar Smooth Cayenne e plantios comirrigação, recomendam-se densidades maisaltas.

De maneira geral, os plantios maisadensados tendem a proporcionar maioresproduções por área, ainda que individual-mente os frutos alcancem pesos médiosmenores.

ÉPOCAÉPOCA

A escolha da melhor época de plantioé crucial para o cultivo de abacaxi desequeiro. A época de plantio mais indicadaé aquela relativa ao período de final daestação seca e início da estação chuvosa.Isto corresponde ao período de janeiro amaio em regiões com chuvas de inverno, a

exemplo dos tabuleiros costeiros do Nor-deste e Sudeste do Brasil, e ao período deoutubro a dezembro na região do Cerradobrasileiro. No entanto, em plantiosefetuados no segundo semestre do ano,deve-se atentar para executar o tratamentode indução floral antes do mês de junho doano seguinte, para evitar a ocorrência dafloração natural precoce em altas percenta-gens de plantas e a colheita dos frutos emperíodo de elevada oferta e, portanto, bai-xos preços (final de novembro a meados dejaneiro).

Como a disponibilidade de umidadeno solo, que favorece o estabelecimento dosistema radicular e, portanto, o crescimen-to inicial mais rápido das plantas, não éfator limitante para a cultura irrigada, nes-sas condições o plantio do abacaxi pode serfeito durante todo o ano, de acordo com adisponibilidade de mudas e a época em quese deseja colher o fruto. Devem-se evitar,porém, os períodos de chuvas muito inten-sas, que dificultam trabalhar o solo e podempropiciar a incidência de doenças.

Figura 7.Figura 7. Sistemas de plantio em filas simples e duplas.

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2727Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

CONSORCIAÇÃOCONSORCIAÇÃO

A consorciação do abacaxi com outrasculturas é uma opção viável, sobretudo,para pequenos agricultores que façam usomuito limitado da mecanização na proprie-dade e que tenham interesse em ter umaprodução adicional para a subsistência ou omercado. No entanto, as culturas consorci-adas devem ser de baixo porte para evitar osombreamento excessivo do abacaxi, terciclo curto (não superior a 120 dias) edevem ser cultivadas nas entrelinhas, depreferência em filas alternadas e apenas nafase inicial do ciclo do abacaxizeiro, restritaaos primeiros três a cinco meses. FeijãoPhaseolus, feijão Vigna e amendoim são

Figura 8.Figura 8. Plantio de abacaxi consorciado com milho, nas entrelinhas de pomar cítrico,em pequena propriedade.

algumas culturas adequadas ao consórciocom abacaxi.

O plantio do abacaxi nas entrelinhasde pomares de citros, manga, coco, abacatee de outras fruteiras de porte arbóreo, deciclo longo ou perene, é uma boa opçãopara a exploração mais intensiva da terradisponível, servindo para custear a instala-ção da cultura principal. Um cuidado im-portante neste tipo de consórcio é a manu-tenção de uma distância adequada entre asfruteiras perenes e as linhas adjacentes doabacaxi, a qual não deve ser inferior a 1,50m no caso da laranjeira (Figura 8). Alémdisso, o manejo do abacaxi tem que seguir asrecomendações técnicas para esta cultura.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção2828

Planta de crescimento lento e desistema radicular superficial, oabacaxizeiro ressente-se bastan-

te da concorrência de plantas daninhas, quecontribuem para atrasar o desenvolvimen-to da cultura e reduzir a sua produção. Porisso, recomenda-se manter a cultura sem-pre limpa, principalmente nos primeiroscinco a seis meses após o plantio.

As plantas daninhas devem ser con-troladas por meio de capinas manuais (en-xada), o método mais comum, ou deherbicidas. Uma alternativa, ainda poucoempregada, é a cobertura morta (mulch).Desde que disponível na propriedade ou naregião, a palha seca de diversos produtos(milho, feijão, capins etc.) ou os restosculturais (folhas) do próprio abacaxi devemser uniformemente distribuídos sobre asuperfície do solo, sobretudo nas linhas deplantio. Essa cobertura morta, além de re-duzir o aparecimento de plantas daninhas,minimiza a erosão, diminui a perda de nu-trientes por lixiviação, aumenta o teor dematéria orgânica e conserva a umidade dosolo, evitando ou reduzindo as perdas porevaporação.

Dependendo da intensidade deinfestação e do tipo de plantas daninhas,são necessárias de oito a doze capinas ma-nuais, durante o ciclo da cultura, o que exigebastante mão-de-obra. Durante as capinasmanuais e logo após as adubações, deve-sechegar terra às plantas (amontoa), o queajuda a sustentá-las e aumentar a área deabsorção de nutrientes. Evitar que caia ter-ra no olho das plantas.

O controle de plantas daninhas comherbicidas é boa alternativa, especialmenteem plantios grandes e em períodos chuvo-sos, quando o mato cresce rapidamente,

além de exigir menos mão-de-obra. Entre-tanto, a aplicação tem que ser feita comcuidado para evitar que o abacaxizeiro sofraos eventuais efeitos tóxicos dos produtosquímicos. Um dos pontos básicos é acalibração do pulverizador, para garantir aaplicação da dose correta de herbicida naárea de plantio.

É também importante ressaltar que osherbicidas indicados para a cultura do aba-caxi são fitotóxicos para outras culturas, aexemplo do feijão, o que impossibilita o seuuso em plantios consorciados.

Os herbicidas mais usados, com suasrespectivas formulações e doses, são apre-sentados na Tabela 2.

Alguns cuidados adicionais devem serobservados ao usar tais herbicidas:

1. Não usar quantidades totais deherbicidas (princípio ativo) acima dos se-guintes valores: 7,2 kg/ha/ano de Diuron+ Bromacil; 10 kg/ha/ano de Ametryn,Simazine, Ametryn + Simazine. Doses aci-ma desses valores podem causar danos aossolos.

2. Aplicar os herbicidas, de preferên-cia, em pré-emergência (em solo limpo) ou,no mais tardar, em pós-emergência precoce(com o mato em fase inicial de desenvolvi-mento), sempre em pulverização uniformesobre o solo úmido, utilizando-se 500 a1.000 litros de calda por hectare. Usar bicosem leque (por exemplo, bicos Teejet 80.02a 80.04), mantidos de 30 cm a 50 cm dealtura do solo. Quando for efetuada aplica-ção em pós-emergência, adicionar umespalhante-adesivo à calda.

3. A primeira aplicação de herbicida deveser feita logo após o plantio, em toda a área.

9 CONTROLE DEPLANTAS DANINHAS

Domingo Haroldo Reinhardt

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2929Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Aplicações posteriores devem ser dirigidasàs entrelinhas, evitando-se atingir a rosetafoliar central das plantas. O número total deaplicações não deve passar de três duranteo primeiro ciclo da cultura. Uma aplicaçãocorreta de herbicida pode controlar o matopor dois a quatro meses, facilitando, ainda,as capinas posteriores.

4. Suspender as irrigações por um pe-ríodo de dois a três dias, após a aplicaçãodos herbicidas.

5. Em áreas infestadas por plantasdaninhas de difícil controle (tiririca, capim-

sapé, grama-seda etc.), recomenda-se a apli-cação de herbicida à base de glifosate, 3 a 6litros do produto comercial/ha, sobre asplantas daninhas, uma a duas semanas antesdo preparo do solo.

6. Mesmo que a opção seja pelo con-trole químico do mato, capinas manuaiscomplementares são necessárias, visandolimpar o solo para as aplicações de herbicida,a cobertura de adubos e a amontoa.

7. O equipamento para distribuiçãodo herbicida tem que ser calibrado antes decada aplicação.

Tabela 2. Tabela 2. Principais herbicidas usados na cultura do abacaxi.

* Usar as doses baixas em solos arenosos e as mais altas em solos argilosos ou com alto teor de matéria orgânica. Quandoas aplicações se restringem às entrelinhas, as doses têm que ser reduzidas proporcionalmente à redução da área cobertapelo herbicida (em geral, cerca de 50% da área total).

** Para cada princípio ativo (nome químico) mencionado nesta relação existem, na maioria dos casos, vários produtos eformulações no mercado, não havendo preferência na recomendação para algum deles.

Nome Comercial Nome Químico FormulaçãoDose*

(kg ou litros do produtocomercial por ha)

Karmex 800 ou similar** Diuron PM 80 % 2,0 - 4,0

Karmex 500 SC ousimilar

Diuron SC 50 % 3,2 - 6,4

Krovar ou similar Diuron + Bromacil PM 80 % 2,0 - 4,0

Top Z SC 500 ou similarAmetryn +Simazine

SC 50 % 4,0 - 8,0

Gesapax 500 ou similar Ametryn SC 50 % 4,0 - 6,0

Simazina 800 ou similar Simazine PM 80 % 2,5 - 5,0

Herbazin 500 BR ousimilar

Simazine SC 50 % 4,0 - 8,0

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção3030

ANÁLISE QUÍMICA DO SOLANÁLISE QUÍMICA DO SOLOOE RECOMENDE RECOMENDAÇÃO DEAÇÃO DEADUBOSADUBOS

A utilização de adubos na cultura doabacaxi constitui prática quase que obriga-tória, nos plantios com fins comerciais, emface do elevado grau de exigência da planta.Deve-se levar em conta, porém, que exis-tem situações em que parte ponderável dasnecessidades nutricionais da planta podeser suprida pelo próprio solo, razão pelaqual é recomendável que se faça sempre aanálise do solo da área destinada ao plantio,como forma de obter subsídios valiosospara a orientação do programa de aduba-ção. Lembrando a orientação contida notópico sobre correção de acidez, as amostrasde solo devem ser coletadas e enviadas aolaboratório antes da implantação da cultura.

Além das exigências nutricionais daplanta e da capacidade de suprimento denutrientes pelo solo, fatores como: nível

tecnológico adotado na exploração, desti-no da produção e rentabilidade da culturadevem ser considerados para a definiçãodas quantidades de fertilizantes a seremaplicadas na cultura do abacaxi. As varia-ções que podem ocorrer neste conjunto defatores, quando se examinam as caracterís-ticas de produção de diferentes regiões,evidenciam claramente que as recomenda-ções de adubação devem ter, como situaçãoideal, abrangências no máximo regionais,dentro de cada estado.

Na maioria das situações, consideran-do-se também outros países produtores deabacaxi no mundo, verifica-se que a aduba-ção nitrogenada tem variado de 6 g a 10 gN/planta, a fosfatada de 1 g a 4g P

2O

5/

planta e a potássica de 4 g a 15 g K2O/

planta. A Tabela 3 contém recomendaçõesde adubação para o abacaxizeiro, com baseem resultados analíticos de solo. Conside-rar, contudo, que elas têm caráter bastantegeneralizado, demandando, por conseguinte,

10 ADUBAÇÃOLuiz Francisco da Silva Souza

Tabela 3.Tabela 3. Recomendação da adubação para o abacaxizeiro, com base em resultados analíticos dosolo.

Em cobertura - Após o plantioNutriente 1º ao 2º mês 5º ao 6º mês 8º ao 9º mês

N (kg/ha)Nitrogênio 80 110 130

P2O5 (kg/ha)Fósforo no solo (Mehlich) mg P/dm3

Até 5 80 6 a 10 60 11 a 15 40

K2O (kg/ha)

Potássio no solo (Mehlich) mg K/dm3

Até 30 120 160 200 31 a 60 80 110 130 61 a 90 60 80 100

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3131Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

ajustes/adaptações para atender adequada-mente às diferentes peculiaridades dos sis-temas produtivos de cada região produtora.Grande parte dos estados brasileiros pro-dutores de abacaxi dispõe de recomenda-ções para a adubação da cultura, baseadasem resultados analíticos de solo.

Deve-se considerar que as influênciasdo nitrogênio e do potássio são antagônicasem relação à maioria das características dequalidade do fruto, o que deverá determi-nar a necessidade de opção por diferentesrelações potássio/nitrogênio, nas aduba-ções, para atender a situações diversas, re-lacionadas sobretudo com o destino daprodução. Quando, por exemplo, o objeti-vo é produzir para o mercado externo, oumesmo para mercados internos distantes, éconveniente que a relação K

2O/N na adu-

bação situe-se numa faixa mais ampla (en-tre 1,5 a 2,5), não só para ajustar a relaçãoSST/acidez da polpa a valores mais identi-ficados com a preferência dos países im-portadores, mas também buscando confe-rir ao fruto maior resistência ao transportede longas distâncias. Igual amplitude deveter a relação K

2O/N quando o destino da

produção for a indústria de rodelas (fatias),visto que polpas mais consistentes poderãoser cortadas mais facilmente e de formamais apropriada. Entretanto, se a produçãodestina-se a mercados menos exigentes,

próximos da área produtora, a relação K2O/

N na adubação pode situar-se em faixasmais estreitas (até mesmo ser igual ou me-nor do que 1,0).

ANÁLISE FOLIARANÁLISE FOLIARA avaliação do estado nutricional da

planta, após o estabelecimento da cultura,pode ser feita mediante análises foliares.Para a efetivação da diagnose foliar noabacaxizeiro, coleta-se, normalmente, a fo-lha “D” (Figura 9), considerada como aque melhor representa o estado nutricionalda planta. Pode-se utilizar, para as análises,o terço mediano não clorofilado da zonabasal (técnica havaiana) ou a folha inteira(técnica francesa).

Recomenda-se, na amostragem, a co-leta de um mínimo de 25 folhas tomadas aoacaso, para cada talhão uniforme de produ-ção, considerando-se uma folha por planta.O momento da indução do florescimento(com variações de ± 15 dias) tem sidoadotado como o estádio principal para acoleta das folhas. Contudo, em função doobjetivo da avaliação, a época de coletapode variar ao longo do ciclo vegetativo daplanta (do plantio à indução floral).

A Tabela 4 reúne informações de dife-rentes autores/instituições, sobre a inter-pretação dos resultados da diagnose foliarem abacaxi.

Figura 9.Figura 9. Distribuição das folhas do abacaxizeiro, de acordo com a idade (A - maisvelha, F - mais jovem).

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção3232

MODOS DE APLICAÇÃO DOSMODOS DE APLICAÇÃO DOSADUBOSADUBOS

As adubações podem ser feitas tantopor meio sólido como por meio líquido.Sob a forma sólida, os fertilizantes podemser aplicados nas covas ou nos sulcos deplantio (opção mais utilizada para os adu-bos orgânicos e adubos fosfatados), ou emcobertura, junto das plantas ou nas axilasdas folhas basais, opção preferida para osadubos nitrogenados e potássicos, poden-do também ser utilizada essa forma para osfertilizantes fosfatados solúveis em água(Figura 10). Adaptações podem ser desen-volvidas para a adubação por via sólida,incluindo-se o uso de adubadeiras, paraaumentar o rendimento da operação e/outorná-la mais confortável. O funil acopladoa um tubo plástico rígido de, aproximada-mente, 80 cm, desenvolvido no estado daParaíba (Figura 11), é um bom exemplodessas adaptações, que contribuem parareduzir o contato direto das mãos e braçosdo operador com os espinhos das folhas.Deve-se sempre evitar que os adubos caiam

nas folhas superiores (mais novas) ou noolho da planta, em razão dos danos quepodem causar. É conveniente, após as adu-bações em cobertura, que se faça uma amon-toa, para cobrir os fertilizantes. Essa opera-ção contribui para reduzir a perda denutrientes e para fixar a planta no solo.

Tabela 4. Tabela 4. Concentrações adequadas de nutrientes na folha D do abacaxizeiro, indicadas pordiferentes autores/instituições.

Fontes: Pinon ,1978; Malavolta, 1982; Lacoeuilhe,1984.

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Figura 10.Figura 10. Aplicação de adubo pela viasólida, utilizando uma colher.

AutoresDalldorf &

LangeneggerIRFA Pinon Malavolta Malavolta

Amostragem

Folha "D" inteira Terço médio daparte basal dafolha D, aos 5

meses

Na emergênciada inflorescência

No momentoda indução

floral

Ao longo dociclo

Aos 4meses

Nutrientes N - % 1,50 a 1,70 > 1,20 1,30 a 1,50 1,50 a 1,70 2,00 a 2,20 P - % ± 0,10 > 0,08 0,13 0,23 a 0,25 0,21 a 0,23 K - % 2,20 a 3,00 > 2,80 3,50 3,90 a 5,70 2,50 a 2,70 Ca - % 0,80 a 1,20 > 0,10 0,14 0,50 a 0,70 0,35 a 0,40 Mg - % ± 0,30 > 0,18 0,18 a 0,25 0,18 a 0,20 0,40 a 0,45

Zn - ppm ± 10 17 a 39 Cu - ppm ± 8 5 a 17 9 a 12 Mn - ppm 50 a 200 90 a 100 Fe - ppm 100 a 200 600 a 1000 B - ppm 30

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3333Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

A adubação foliar pela forma líquida émais utilizada para a aplicação de nitrogênio,potássio e micronutrientes, podendo tam-bém ser uma alternativa para a aplicação demagnésio. Para as pulverizações foliares,podem-se utilizar os pulverizadores costaisou barras de pulverização, acopladas a tan-ques tracionados mecanicamente. Quandodas pulverizações foliares com adubos, de-vem-se evitar as horas mais quentes do dia,assim como o escorrimento excessivo e oacúmulo das soluções nas axilas das folhas,para que não ocorram queimas. É aconse-lhável, também, que a concentração totaldos adubos na solução não ultrapasse 10%.Em plantios irrigados, pode-se recorrer aindaà fertiirrigação para a aplicação de nutrientespor meio líquido (exceção para o fósforo, quedeve ser aplicado sob a forma sólida).

ÉPOCAS DE APLICAÇÃO EÉPOCAS DE APLICAÇÃO EPPARCELAMENTARCELAMENTOO

A adubação do abacaxizeiro deve serrealizada na fase vegetativa do ciclo daplanta (do plantio à indução doflorescimento), período em que há um apro-veitamento mais eficiente dos nutrientes

aplicados. Os fertilizantes fosfatados são,na maioria das situações, aplicados de umaúnica vez, por ocasião do plantio ou naprimeira adubação em cobertura. Em plan-tios não irrigados, adubados pela via sólida,recomenda-se o parcelamento dos adubosnitrogenados e potássicos em no máximotrês vezes, no período compreendido entreo plantio (na maioria das vezes 30 a 60 diasapós) e os 30 dias que antecedem o trata-mento de indução floral, devendo-se sem-pre fazer coincidir as adubações com perí-odos de boa umidade no solo. Em plantiosirrigados, ou quando se utiliza a opção daaplicação pela forma líquida, promove-seum parcelamento maior da adubação.

Não é recomendável a aplicação defertilizantes para o abacaxizeiro após aindução do florescimento. Existem, contu-do, situações especiais (por exemplo: plan-tas induzidas em más condiçõesnutricionais), em que tal adubação poderesultar em algum efeito positivo para opeso e/ou qualidade do fruto. Nestas cir-cunstâncias, é melhor que a aplicação defertilizantes seja feita por meio de pulveri-zação foliar, logo após a indução.

Figura 11. Figura 11. Funil acoplado a tubo plástico rígido, para a adubação sólida doabacaxizeiro. Adaptação desenvolvida no estado da Paraíba.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção3434

FONTES DE NUTRIENTESFONTES DE NUTRIENTES

Na escolha dos adubos é importanteconsiderar o seu custo em relação às suasconcentrações em nutrientes (custo porunidade de N, P

2O

5, K

2O etc.) e o modo de

aplicação previsto. Em geral, as aplicaçõespor via sólida apresentam menores exigên-cias quanto às características dos produtos.Quando, porém, se pretende utilizar a vialíquida, deve-se ter o cuidado de avaliar,além da solubilidade do material, aspectosoutros inerentes às suas características in-trínsecas e qualidade, para evitar possíveisproblemas, como elevada corrosão de equi-pamentos, excessivo entupimento de tubu-lações e bicos, e incompatibilidades comoutros produtos.

As alternativas mais freqüentes para aadubação nitrogenada são a uréia (45% N)e o sulfato de amônio (20% N). Outrasfontes de nitrogênio, como o nitrato depotássio (13% N) e o nitrato de amônio(33% N), assim como os fertilizantes orgâ-nicos (estercos animais, tortas vegetais etc.)podem ser utilizados na abacaxicultura,desde que economicamente viáveis. Comofontes de fósforo, têm sido mais utilizadosos adubos fosfatados solúveis em água,como o superfosfato triplo (42% P

2O

5), o

fosfato monoamônico-MAP (48% P2O

5),

o fosfato diamônico-DAP (45% P2O

5) e o

superfosfato simples (18% P2O

5), sendo

que este último também pode suprir asdeficiências de enxofre (10-12% S) das plan-tas. Os termofosfatos magnesianos (17%P

2O

5) têm sido também utilizados como

fonte de fósforo na abacaxicultura, consti-tuindo-se ainda em fonte de magnésio (9%Mg). A adubação potássica pode ser supri-da com o cloreto de potássio (58% K

2O),

sulfato de potássio (50% K2O), sulfato du-

plo de potássio e magnésio (20% K2O) e o

nitrato de potássio (44% K2O), sendo que

as três últimas fontes são menos encontra-das no comércio e mais caras.

APLICAÇÃO DEAPLICAÇÃO DEMICRONUTRIENTESMICRONUTRIENTES

A aplicação de micronutrientes na cul-tura do abacaxi pode ser feita por via sólidaou por via líquida, sendo esta última a maisutilizada. Para as pulverizações foliares,podem-se utilizar fórmulas comerciais quecontenham os micronutrientes pretendi-dos, ou os sais dos respectivos nutrientes(sulfato de zinco a 1%; sulfato de cobre de1% a 2% ou oxicloreto de cobre a 0,15%;bórax a 0,3%; sulfato ferroso de 1% a 3%).As aplicações do sulfato de cobre devemser feitas no solo, perto das plantas, consi-derando que a pulverização direta sobre asfolhas pode causar fortes queimaduras ne-las. Quanto ao sulfato ferroso, é recomen-dável a proteção contra a oxidação (utilizaro ácido cítrico em quantidade correspon-dente a ±20% do peso do sal de ferro). Demodo geral, a adição de uréia às soluçõesfavorece a absorção dos micronutrientes.

Para as aplicações pela via sólida exis-te a alternativa da utilização de óxidos efritas (silicatos sinterizados) dos respecti-vos nutrientes, além dos sais citados noparágrafo anterior.

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3535Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

NECESSIDNECESSIDADES HÍDRICAS DOADES HÍDRICAS DOABAABACAXIZEIROCAXIZEIRO

O abacaxizeiro é uma planta com ne-cessidades hídricas relativamente reduzi-das, se comparado com outras plantas cul-tivadas. A sua adaptação a condições dedeficiência hídrica decorre de uma série decaracterísticas morfológicas e fisiológicastípicas de plantas xerófilas, tais como: a) acapacidade de armazenar água na hipodermedas folhas; b) capacidade de coletar águaeficientemente, incluindo o orvalho, porsuas folhas em forma de canaleta; c) capa-cidade de reduzir consideravelmente asperdas de água (transpiração) por meio devários mecanismos.

A demanda de água do abacaxizeirovaria ao longo do ciclo da planta e, depen-dendo do seu estádio de desenvolvimentoe das condições de umidade do solo, podeser de 1,3 a 5,0 mm/dia. Um cultivo comer-cial de abacaxi exige em geral uma quantida-de de água equivalente a uma precipitaçãomensal de 60 mm a 150 mm. A faixa ideal deprecipitação anual, para que ocorra sucessona exploração da cultura, situa-se entre1.000 mm e 1.500 mm bem distribuídos,tornando-se necessária a irrigação nos lo-cais onde tal situação não é alcançada.

MÉTMÉTODOS DE IRRIGAÇÃOODOS DE IRRIGAÇÃO

Não há informações sobre restriçõesde métodos de irrigação para a cultura doabacaxizeiro. Entretanto, a escolhacriteriosa de um sistema de irrigação parauma determinada área envolve uma ade-quada caracterização dos recursos hídricos,solos, topografia, clima e do próprio ele-mento humano. Todos esses fatores asso-ciados determinam as condições que deve-rão ser atendidas pelo sistema de irrigação,

permitindo estabelecer as alternativas quemelhor se adaptem a elas e, pelas análisestécnica e econômica apropriadas, conduzira uma escolha plenamente satisfatória.

Existem, basicamente, quatro formasde aplicação de água que caracterizam osprincipais métodos de irrigação:subsuperfície, superfície, localizada e as-persão.

De modo geral, os sistemas de irriga-ção por subsuperfície e por superfície nãosão utilizados na cultura do abacaxi.

Dos sistemas de irrigação localizadade alta freqüência, o gotejamento é o maisutilizado na cultura do abacaxi, sobretudoonde a disponibilidade de água é limitada,os custos de mão-de-obra são altos e astécnicas culturais são avançadas. É utiliza-do comumente no Havaí, associado ao usode filme de polietileno para a cobertura dosolo nas linhas de plantio visando reduzir aevaporação. Tem como principal inconve-niente o custo excessivamente elevado, emfunção da alta densidade de plantio dacultura do abacaxi, visto que, para um hec-tare de abacaxi plantado em fileira dupla noespaçamento de 0,90 m x 0,40 m x 0,30 m,seriam necessárias 77 linhas de gotejadoresespaçados de 0,30 m, totalizando 7.700metros/ha.

Já o sistema de irrigação pormicroaspersão, mesmo tendo também amesma faixa de eficiência e oferecendomelhores condições de adaptabilidade àcultura que a irrigação por gotejamento,tem como inconvenientes a necessidade deelevação das hastes suportes dosmicroaspersores a fim de aspergir águasobre as plantas de uma área maior e,também, a necessidade de filtragem da águacomo no gotejamento.

11 IRRIGAÇÃOOtávio Alvares de Almeida

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção3636

Sobrepondo-se ao gotejamento, a irri-gação por aspersão adapta-se melhor aoabacaxizeiro devido ao formato e à distri-buição de suas folhas, o que possibilita umamelhor captação de água, aumentando aabsorção pelas plantas através das raízesadventícias superiores.

Os sistemas de irrigação por aspersãomais representativos são: aspersão conven-cional, linhas laterais autopropelidas comdeslocamento linear (lateral rolante) ou ra-dial (pivô central), aspersores autopro-pelidos (com ou sem cabos de tração) emontagem direta.

Não existem restrições à utilização denenhum dos sistemas de irrigação por as-persão supracitados desde que sejamdimensionados corretamente, evitando-secom isso que por meio dos respingos aspartículas do solo atinjam a roseta foliar(olho da planta), o que poderá resultar nainibição do desenvolvimento e até na suamorte. Quando utilizam equipamentos depivô central, alguns produtores costumamrebaixar as bengalas dos aspersores, aproxi-mando-os mais das plantas (Figura 12).

MANEJO DMANEJO DA IRRIGAÇÃOA IRRIGAÇÃO

O manejo da irrigação corresponde àdeterminação de quando e o quanto de águadeve ser aplicada para maximizar a produ-tividade e a eficiência de uso da água, eminimizar custos, quer seja de mão-de-obra,quer de capital, mantendo as condições deumidade do solo e de fitossanidade favorá-veis ao bom desenvolvimento da culturairrigada.

Quando o técnico irrigacionista elabo-ra um projeto de irrigação, ele fixa, deacordo com a capacidade de retenção deágua do solo, da evapotranspiração da cul-tura e da eficiência do método de irrigação,a quantidade de água a ser aplicada em cadairrigação e o intervalo ou freqüência dasaplicações. Geralmente, isso é fixado deacordo com o estádio de maior exigênciahídrica do ciclo da cultura. Tal exigênciadepende também das condições climáticas,por afetar diretamente a evapotranspiraçãoda cultura.

Um bom programa de irrigação podebeneficiar a cultura do abacaxi de muitos

Figura 12.Figura 12. Utilização do sistema de irrigação por pivô central, com rebaixamento dasbengalas dos aspersores.

Foto

: Dom

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dt

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3737Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

modos, a saber: a) aumentando a produtivi-dade; b) reduzindo o ciclo; c) permitindo aprogramação do cultivo de modo que pos-sibilite a obtenção de frutos na entressafra;d) proporcionando a introdução da culturaem áreas onde a precipitação pluviométricaé insuficiente, com decréscimo do risco deinvestimento; e) possibilitando maior efici-ência no uso de fertilizantes.

Quando irrigar o abacaxizeiro?Quando irrigar o abacaxizeiro?

Uma vez conhecidos os períodosfenológicos mais importantes da cultura,deve ser definida a freqüência com que seráaplicada a irrigação, a fim de que a culturaatinja o seu potencial máximo de desenvol-vimento e produtividade.

Os períodos de diferenciação floral e deenchimento do fruto foram considerados asépocas mais críticas durante o ciclo da plan-ta, em relação aos efeitos negativos do estressehídrico sobre o rendimento da cultura.

Cálculo da lâmina de irrigaçãoCálculo da lâmina de irrigação

Tanto a falta quanto o excesso de águaprejudicam o bom desenvolvimento dacultura do abacaxi. Daí, para um bom ma-nejo da irrigação e uma boa condução doabacaxizeiro, devem ser determinadas e/ou conhecidas as caraterísticas físicas dosolo, como capacidade de campo, ponto demurcha e densidade global do solo; a pro-fundidade efetiva do sistema radicular; e aeficiência do sistema de irrigação, a fim deque a cultura tenha a máxima disponibilida-de de água que o solo possa reter, e que deveser aplicada no início do plantio, calculadapela seguinte equação:

em que:

Li = Lâmina de irrigação necessária, emmm;

Cc = Capacidade de campo, em % peso;

Pm = Ponto de murcha, em % peso;

Ds = Densidade global do solo, em g/cm3;

Pr = Profundidade efetiva do sistemaradicular, em cm, (0,20 m para o abacaxi) e,

Compensando as perdas ocasionadaspela eficiência do sistema, tem-se que:

em que:

Lb = Lâmina bruta ou lâmina total deirrigação necessária, em mm;

Ef = Eficiência do sistema de irrigação, emdecimal.

MÉTMÉTODOS PODOS PARA MANEJO DARA MANEJO DAAIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃO

Dentre os métodos conhecidos paramanejo da irrigação, os mais comumenteutilizados são os baseados no turno de rega,na evaporação do tanque classe A e natensão de água no solo.

Cálculo do turno de regaCálculo do turno de rega

Quando não se dispõem de dados e/ou equipamentos que permitam a utilizaçãode um método mais eficiente, define-se oturno de rega (TR) por meio do fator dedisponibilidade de água no solo (f), que ésempre menor que 1 e varia de 0,2 a 0,8, adepender da cultura, sendo os valores me-nores usados para culturas mais sensíveisao déficit de água no solo e os maiores paraas culturas mais resistentes.

Relacionando-se o valor de (f) com osvalores conhecidos da umidade de capaci-dade de campo e do ponto de murcha, a fimde determinar a umidade do solo no mo-mento da reposição da água, tem-se que:

em que:

Ui = Umidade do solo no momento dairrigação, em % peso seco.

O produto deste fator pela lâmina deirrigação necessária (Li), descontando-seou não as precipitações efetivas, permitedeterminar a lâmina de manutenção (Lm)

(1)

(2)

(3)

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção3838

para a cultura, utilizando-se a equação:

Substituindo-se o valor de (f) pelaequação 3, tem-se que:

Dividindo-se a lâmina de manutençãopela evapotranspiração potencial da cultu-ra, obtém-se o turno de rega pela equação:

em que:

TR = Turno de rega, em dia;

ETPc = evapotranspiração potencial da cul-tura, em mm/dia.

Substituindo-se Lm pela equação 5,tem-se:

Ainda, substituindo-se (f) pelo valor ado-tado para a cultura de abacaxi (0,50) e o valorde Li da equação 1, na equação 4, tem-se:

para o caso de irrigação suplementar,tem-se:

em que:

Pe= Precipitação efetiva ou precipitação pro-vável, em mm.

Define-se então a lâmina de manu-tenção da cultura, ou seja, a lâmina quedeverá ser aplicada em cada rega, pelasequações 4 e 5 ou ainda:

Com base na evaporação doCom base na evaporação dotanque Classe A .tanque Classe A .

Tendo o produtor um tanque Classe Ainstalado na fazenda ou mesmo uma esta-ção agroclimatológica nas cercanias ondepossa obter os dados diários da evaporaçãoe de posse da Tabela 5, que contém oscoeficientes do tanque, além de conheceros coeficientes da cultura nos seus váriosestádios de desenvolvimento, pode facil-mente manejar a água de irrigação utilizan-do a equação:

em que:Kp = Coeficiente do tanque Classe A ;

Et = Evaporação do tanque Classe A (mm);

Kc = Coeficiente da cultura.

Adotando-se a freqüência de irrigaçãoou turno de rega fixo ou móvel, a lâmina dereposição é definida pelo somatório daevapotranspiração potencial da cultura, nodecorrer do intervalo entre duas irrigações.Conseqüentemente, a irrigação deve serefetuada com a lâmina determinada pelaequação:

Compensando-se as perdas ocasiona-das pela eficiência de aplicação de água dosistema de irrigação, tem-se:

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

(9)

(10)

(11)

(12)

(13)

(irrigação total)

(irrigação suplementar)

(irrigação total)

(irrigação suplementar)

(14)

(15)

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3939Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

A fim de facilitar a estimativa da preci-pitação efetiva para fins de irrigação demaneira aproximada, haja vista ser extre-mamente difícil e trabalhosa de ser determi-nada, na prática, para períodos de um dia,toma-se como base a precipitaçãopluviométrica (Pp) e a lâmina de água ne-cessária para que a umidade do solo retorneà capacidade de campo na camada corres-pondente ao sistema radicular da cultura(Lm

1). Para tanto, deve-se assumir que,

quando a precipitação pluviométrica forinferior à deficiência de água no solo, seráconsiderada como sendo a precipitação efe-tiva. No caso de chuvas intensas, assume-se que a precipitação pluviométrica ocorri-da é capaz de elevar a umidade do solo àcapacidade de campo. Nesse caso, tem-se:

se Pp < Lm1,

então Pe = Pp;

se Pp ³ Lm1, então Pe = Lm

1.

Utilizando o tensiômetroUtilizando o tensiômetroO manejo da irrigação por meio deste

método é relativamente simples, desde quese disponha da curva de retenção de águado solo. O controle da umidade do solo éfeito com o auxílio de tensiômetro commanômetro de mercúrio ou metálico(vacuômetro) e as irrigações efetuadas atodo momento que a tensão atingir umvalor máximo que não prejudique o desem-penho da cultura.

O tensiômetro não mede diretamenteo potencial matricial do solo, e sim, indicao estado de umidade do solo. Quando sealcança o equilíbrio com o terreno, o poten-cial hídrico Y será igual no ponto de leiturae no solo.

No tensiômetro com vacuômetro, opotencial hídrico é lido diretamente nomanômetro; e para se obter o potencialmatricial subtrai-se, do valor lido, o potencialgravimétrico (Yg). Na prática, obtém-se opotencial matricial da seguinte maneira:

Tabela 5.Tabela 5. Coeficiente Kp, do tanque Classe A, para diferentes tipos de cobertura do solo e nível deumidade relativa e ventos durante as 24 horas.

Nota: Para extensas áreas de solo nu, reduzir os valores de Kp em 20%, em condições de alta temperatura e ventos fortes,e de 5% a 10%, em condições de temperatura, vento e umidade moderados.* Maior distância do centro do tanque ao limite da bordadura, na direção predominante do vento.

Fonte: Doorembos & Pruitt,1994; FAO, 1977.

Posiçãodo

TanqueR(m)*

Exposição ATanque circundado

por gramaUR% (média)

Posiçãodo

TanqueR(m)*

Exposição BTanque circundado

por solo nuUR% (média)

Vento(km/dia)

Baixa<40

Média40-70

Alta>70

Baixa<40

Média40-70

Alta>70

Leve<175

110

1001000

0,550,650,700,75

0,650,750,800,85

0,750,850,850,85

110

1001000

0,700,600,550,50

0,800,700,650,60

0,850,800,750,70

Moderado175-425

110

1001000

0,500,600,650,70

0,600,700,750,80

0,60,750,800,80

110

1001000

0,650,550,500,45

0,750,650,600,55

0,800,700,650,60

Forte425-700

110

1001000

0,450,550,600,65

0,500,600,650,70

0,600,650,750,75

110

1001000

0,600,500,450,40

0,650,550,500,45

0,800,700,600,55

Muito forte>700

110

1001000

0,400,450,500,55

0,450,550,600,60

0,500,600,650,65

110

1001000

0,500,450,400,35

0,600,500,450,40

0,650,550,500,45

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção4040

“Potencial matricial do solo = com-primento do tensiômetro – leitura domanômetro”

em que:

Ψm = potencial matricial, em cb (centibares);

l = comprimento do tensiômetro, emcm;

Ψg = leitura do manômetro, em cb.

Uma leitura zero (0) indica que o soloestá saturado e que as plantas podem atéparalisar suas atividades fisiológicas devidoà falta de oxigênio no solo:

De zero a 10 cb indica que ainda há umexcedente de água.

De 10 cb a 20 cb indica umidade etambém ar no solo, necessários para ocrescimento e desenvolvimento das plan-tas. Para a grande maioria dos solos, essafaixa de umidade representa a capacidadede campo, não requerendo irrigação nemos solos argilosos nem os de textura média.Já nos solos arenosos, as plantas podemcomeçar a ter dificuldades para absorverágua a partir de 15 cb.

De 20 cb a 40 cb indica água disponí-vel e grande aeração para as plantas. Aindanão é necessário irrigar os solos argilosos ede textura média. Entretanto, os solos are-nosos de textura grossa devem ser irrigadosna faixa de 20 a 30 cb e os de textura fina de30 cb a 40 cb.

De 40 cb a 60 cb, indica que o soloainda tem umidade e grande aeração para asplantas em solos argilosos, de textura fina.Nos solos de textura média deve ser inicia-da a irrigação.

De 60 cb a 80 cb indica que há poucaumidade para todos os tipos de solos, exce-tuando-se os argilosos bastante pesados.

Já para os tensiômetros commanômetro de mercúrio, determina-se opotencial matricial em que a planta não teráproblemas para absorção de água, por meioda curva de retenção de água do solo. Adeterminação da altura que deverá alcançara coluna de mercúrio para reinício da irriga-ção será dada pela equação:

em que:

Ψm = tensão de água no solo ou potencialmatricial, em atmosferas (atm); h = leiturada altura do mercúrio, em cm;

h1 = altura do nível de mercúrio na cuba, em

relação à superfície do solo, em cm;

h2 = profundidade do centro da cápsula

porosa em relação à superfície do solo, em cm.

Os valores de tensão podem ser dadostambém em centímetro de mercúrio, centí-metro de H

2O, bar e Pascal (Pa) de acordo

com a seguinte conversão:

1 atm = 76 cm de Hg = 1033 cm deH

2O =1,013 bar = 101,3 kPa.

(16)

(17)

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4141Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

A FL A FLORAÇÃO NAORAÇÃO NATURAL E OTURAL E OSEU CONTROLESEU CONTROLE

A floração natural (não induzida arti-ficialmente) do abacaxizeiro ocorre, sobre-tudo, em períodos de dias mais curtos etemperaturas noturnas mais baixas, portan-to, principalmente nos meses de junho aagosto. Períodos de alta nebulosidade, re-duzida insolação e estresse hídrico podem,às vezes, desencadear a diferenciação floralnatural em outras épocas do ano, a exemplodo outono (abril e maio) e da primavera(outubro e novembro). A floração naturalocorre mais cedo em plantas mais desen-volvidas. Plantas da cultivar Pérola tendema florescer mais precocemente que as daSmooth Cayenne.

Florações naturais precoces são inde-sejáveis pois ocorrem, em geral, de maneirabastante desuniforme nas plantações co-merciais, dificultando o manejo da cultura ea colheita, o que encarece o custo de produ-ção. Podem, também inviabilizar a explora-ção da soca (segundo ciclo) e afetar acomercialização do produto, devido à dimi-nuição do tamanho médio dos frutos e àcoincidência da sua maturação com o perí-odo de safra (novembro a janeiro), quandoa grande oferta causa a redução acentuadados preços.

A forte influência de condições climá-ticas, que variam de região para região e deano a ano (nebulosidade, insolação, chu-vas), dificulta o controle de florações natu-rais nas lavouras de abacaxi.A aplicaçãofreqüente de adubos nitrogenados, a exem-plo da uréia, não surtiu efeito. Sob condi-ções experimentais, a Embrapa Mandioca eFruticultura tem conseguido retardar a ocor-

rência de florações naturais por meio daaplicação de substâncias químicas(fitorreguladores), mas essa tecnologia nãoestá pronta, precisa, ainda, ser validada emestudos conduzidos em áreas de produtores.

O produtor pode recorrer a algunscuidados no manejo da cultura, para dimi-nuir a possibilidade de incidência deflorações naturais precoces nas suas planta-ções de abacaxi. Alguns destes cuidados são:

• Evitar que as plantas atinjam porteelevado ou idade avançada até a épocamais crítica para a ocorrência da floraçãonatural (junho a julho). Para tanto, oprodutor deve escolher combinaçõesadequadas dos fatores época de plantioe tamanho (peso) das mudas no plantio.Por exemplo, evitar plantios no períodode outubro a dezembro, o que é muitocomum em regiões com chuvas de ve-rão (Cerrado), pois tais plantas terãoporte médio a grande em junho do anoseguinte, sendo altamente suscetíveis àincidência da floração natural. Reco-menda-se efetuar os plantios a partir dejaneiro, usando mudas menores nosprimeiros plantios (estas terão cresci-mento mais lento, devendo chegar comporte menor à época crítica). Em plan-tios mais tardios, pode-se usar qualquertamanho de mudas.

• Evitar a utilização de mudas velhas paraos plantios, pois tem sido observadoempiricamente que, mesmo quando re-lativamente pequenas, tendem a tornaras plantas mais sensíveis à diferenciaçãofloral natural.

• Permitir que, dentro do possível, asplantas tenham um crescimento contí-nuo, sem paralisações acentuadas por

12MANEJO DAFLORAÇÃO

Domingo Haroldo Reinhardt

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção4242

estresses diversos. Neste caso, o usoadequado da irrigação, de adubaçõescriteriosas para evitar deficiênciasnutricionais e o controle eficiente domato, pragas e doenças, sobretudo dosistema radicular, tornam-se importan-tes e amenizam o risco da diferenciaçãofloral precoce.

• Evitar que produtos à base de etefon(Ethrel, Arvest ou similar), usados nafase pré-colheita, para o amarelecimentouniforme da casca dos frutos, atinjam asmudas do tipo filhote em fase de desen-volvimento nas plantas. Em váriasregiões produtoras do país, têm sidoobservadas mudas que emitem suasinflorescências quando ainda estão emfase de ceva, aderidas às plantas-mãe,devido a aplicações desses fitorre-guladores alguns dias antes da colheita.Mesmo que esses filhotes não floresçamdurante a ceva, eles não deveriam serusados para novos plantios, pois podemapresentar sensibilidade muito grandeaos estímulos naturais que induzem dife-renciações florais precoces.

TRATRATTAMENTAMENTO DE INDUÇÃOO DE INDUÇÃOFLFLORAL (TIF)ORAL (TIF)

A época do florescimento e da colhei-ta do abacaxizeiro pode ser antecipada ehomogeneizada por meio da aplicação decertas substâncias químicas (fitorre-guladores) na roseta foliar (olho da planta)ou da sua pulverização sobre a planta.

Esta técnica chamada de tratamento deindução floral (TIF) é uma prática culturalessencial para o bom manejo e o sucessoeconômico no cultivo do abacaxi. Quandobem planejada e executada, permite me-lhor distribuição das operações e uso demão-de-obra na propriedade e a colheita defrutos em épocas mais favoráveis à sua venda.

O período de tempo entre o tratamen-to de indução floral e a colheita dos frutosna maioria das regiões produtoras brasilei-ras é de cinco a cinco e meio meses, quando

a maturação do fruto coincide com períodomais quente, e de cinco e meio a seis meses,quando a maturação acontece em épocamais fria. No sul do país, com temperaturasmais baixas, o período pode ser mais longoque seis meses.

A época mais indicada para a realiza-ção do TIF depende de diversos fatores,incluindo o planejamento da data de colhei-ta. Em geral, o TIF deve ser feito em plantascom 8 a 12 meses de idade, o que resultanum ciclo da planta de 14 a 18 meses até aprimeira produção.

O TIF deve ser procedido em plantascom vigor vegetativo e porte adequados. Aexperiência e o olho do abacaxicultor aju-dam muito na escolha da época e do tama-nho adequados das plantas para efetuar-seo TIF, em cada região. Para os menosexperientes, os seguintes critérios podemauxiliar nesta definição: as plantas devemter folhas D (essa folha é a mais alta naplanta e a de arranquio mais fácil, sendo, emgeral aquela fisiologicamente mais ativa)com comprimento superior a 90 cm e pesofresco superior a 80 g, na variedade Pérola,e comprimento superior a 70 cm e pesofresco maior que 70 g, na Smooth Cayenne.Plantas com essas características têm nor-malmente a capacidade de formar frutos depeso superior a 1,2 kg, quando não prejudi-cadas por longos períodos de escassez deágua durante a formação do fruto. Plantasmuito pequenas não devem sofrer essetratamento, pois não teriam condições deformar frutos de tamanho adequado para omercado de fruta fresca.

Na escolha da melhor época para aindução floral deve ser considerada, tam-bém, a possibilidade de deslocar a colheitapara o período em que os preços estiveremmais favoráveis. Muitas vezes, antecipaçãoou retardamento por período relativamen-te curto (um mês, por exemplo), podemrepresentar aumentos consideráveis no pre-ço do fruto e na renda obtida pelo produtor.

Várias substâncias podem ser usadaspara induzir a floração do abacaxi. As mais

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4343Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

comuns são o carbureto de cálcio e produ-tos à base de etefon (ácido 2-cloroetil-fosfônico). O carbureto de cálcio é maisbarato, sendo muito usado por pequenos emédios produtores em todas as regiõesprodutoras brasileiras.

O carbureto de cálcio pode ser aplica-do sob a forma sólida (Figura 13) ou líquida.No primeiro caso, colocam-se de 0,5 g a1,0 g/planta, no centro da roseta foliar, aqual deve conter água para permitir a disso-lução do produto, resultando na liberaçãodo gás acetileno, que é o indutor floralpropriamente dito. Para uso na forma líqui-da, tomam-se as seguintes providências,passo a passo: em uma vasilha (barril oubalde) com capacidade para 20 litros e comtampa, colocam-se 12 litros de água limpa efria (o espaço que sobra é para a expansãodo gás antes da sua diluição na água), adici-onando-se nessa água 50 g a 60 g de carburetode cálcio, com posterior fechamento e agi-tação da vasilha. Espera-se até não se ouvirmais o barulho (chiado) da reação, e emseguida, coloca-se a solução em um recipi-ente (vasilha) que tenha mangueira ou emum pulverizador costal sem o bico da man-gueira (sem pressão) e aplicam-se 50 ml(copinho de café) da solução no olho daplanta, a qual não deve conter excesso deágua para evitar que a solução indutoraderrame para fora do alcance do meristemaapical (olho) da planta. Essa solução podeser preparada no próprio pulverizador costal(colocar 12 litros de água e 50 g a 60 g decarbureto de cálcio). Podem ser utilizadosrecipientes maiores (ex.: tonéis de 200 li-tros) para o preparo da solução, elevando-se,proporcionalmente, a quantidade decarbureto de cálcio a ser dissolvida. É impor-tante que o recipiente esteja bem fechadodurante o preparo da solução indutora, efe-tuando-se a sua aplicação logo em seguida.

O etefon (Ethrel, Arvest ou similar)pode ser aplicado no olho da planta, damesma forma que é feito com o carburetode cálcio, ou em pulverização total sobre asplantas, na proporção de 50 ml da sua

Figura 13.Figura 13.  Aplicação do carbureto de cálcio sob aforma sólida, na roseta central do abacaxizeiro.

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solução aquosa por planta. Prepara-se asolução na concentração de 0,5 ml a 1 ml doproduto comercial para cada litro de água,mais uréia a 2% do produto comercial e0,30 g a 0,35 g de hidróxido de cálcio (cal depedreiro) por litro de água. No caso desseproduto, a operação deve ser repetida sechover até seis horas após a sua aplicação.Um inconveniente, às vezes observado, emresposta à indução floral com etefon, é aredução do número de mudas tipo filhoteproduzido pelas plantas.

Os indutores florais devem ser aplica-dos à noite (entre as 20 horas e as 5 horas dodia seguinte) ou nas horas mais frescas dodia (do amanhecer até as 9 horas ou no finalda tarde), de preferência em dias nublados,logo após o preparo das soluções. Nessas

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção4444

condições, a planta absorve melhor osgases acetileno (carbureto de cálcio) eetileno (etefon), que são os indutores flo-rais propriamente ditos. Esse cuidado éfundamental para assegurar uma boa efici-ência do TIF, podendo favorecer tambéma produção de um maior número de mu-das do tipo filhote.

Deve-se ter o cuidado adicional, nacultura irrigada, de suspender a irrigaçãoalguns dias antes do TIF, retomando-a de24 a 48 horas após tal prática. É bomlembrar, porém, que, no caso da opção pelouso do carbureto de cálcio na forma sólida,pode haver a necessidade de uma irrigaçãomoderada antes da aplicação do produto,para garantir a água no olho da planta.

Uma indução floral bem feita deveproporcionar uma eficiência superior a 90%,o que poderá ser facilmente observado de40 a 50 dias após a aplicação do indutor,quando as inflorescências aparecem no cen-tro da roseta foliar das plantas. Uma formade avaliação mais precoce da eficiência doTIF, a partir de cerca de três semanas apósa sua introdução, consiste na coleta manualdas folhas mais jovens no olho da planta,passíveis de serem arrancadas (folhas E ouF), para observar a presença de um alarga-mento (abertura) e uma mudança de colo-ração branco-esverdeada para vermelho-esverdeada na sua base, o que indica osurgimento da inflorescência na roseta foliarcentral da planta.

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4545Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

A abacaxicultura brasileira temsido atacada por váriospatógenos que apresentam

influência negativa na produtividade e naqualidade dos frutos. Dentre essespatógenos, destacam-se Fusarium subglu-tinans, agente causal da fusariose, por en-contrar-se presente nas principais regiõesprodutoras do país, provocando perdas ele-vadas na produção de frutos; a podridão-do-olho, causada por Phytophthora nicotianavar. parasitica, de expressão econômica es-pecialmente em regiões de alta pluviosidadeou onde se pratica a abacaxicultura sobirrigação; a queima-solar, anomalia de ori-gem não parasitária, de incidência bastantecomum e importante nos plantios instala-dos em regiões sujeitas à ocorrência detemperaturas elevadas durante o desenvol-vimento do fruto, e a podridão-negra,Chalara (Thielavipsis) paradoxa, que podetanto infectar as mudas provocando a suamorte quanto causar podridão de frutosem pós-colheita. Considerando os danoscausados por essas doenças para as princi-pais regiões produtoras de abacaxi do Bra-sil, estão sendo apresentadas informaçõessobre os seus sintomas, a sua epidemiologiae o seu controle.

FUSARIOSEFUSARIOSE

Causada pelo fungo Fusariumsubglutinans, a fusariose é a principal doençado abacaxizeiro no Brasil, onde foi primei-ramente constatada em abacaxizais da cul-tivar Smooth Cayenne, no estado de SãoPaulo, em 1964. A capacidade de o patógenoinfectar o material de plantio possibilitou adispersão da fusariose para as principaisregiões produtoras do país. Foi tambémpor meio de mudas infectadas que ela foiacidentalmente introduzida na Bolívia, re-gião de Santa Cruz de la Sierra, onde foidetectada em 1992. Ao infectar as mudas,

essa doença causa sérios prejuízos em todoo seu ciclo de produção, da inflorescênciaaté a produção dos frutos, afetando o seuvalor comercial e resultando em perdasbastantes elevadas na produção. F. subglu-tinans pode infectar 40% das mudas, 20%das quais morrem antes de atingir a fase defloração. Nos frutos, a sua incidência variacom a época de produção, podendo sersuperior a 80%, caso o desenvolvimentodo fruto ocorra em períodos favoráveis àdoença (ocorrência de umidade relativa eprecipitação elevadas, e temperaturas en-tre 150 C e 250 C).

O principal sintoma da fusariose é aexsudação de goma a partir da regiãoinfectada. Nas plantas, assim como nasmudas, a lesão localiza-se no caule, progre-dindo para a base da folha, ficando restritaà sua região aclorofilada (Figura 14). Sobalta intensidade de ataque, as mudas, prin-cipalmente as do tipo filhote, podem mor-rer e secar. Por outro lado, mudas cominfecção incipiente, por não expressaremsintomas externos, não são descartadasdurante a seleção pré-plantio, sendo leva-das ao campo, passando a constituir oinóculo inicial do plantio. Nos frutos, ainfecção ocorre por meio das flores abertas,resultando em podridão dos lóculos doovário que se apresentam cheios de gomaque, forçada para fora, exsuda através dosfrutilhos atacados. Com a evolução da do-ença, os frutilhos infectados expressamcoloração marrom, apresentando-se depri-midos em relação aos vizinhos sadios, emdecorrência da exaustão dos tecidos inter-nos (Figura 14).

A disseminação de F. subglutinans deuma região para outra se dá pela movimen-tação de mudas infectadas, o que faz dohomem o principal agente promotor dasua disseminação. Uma vez instalado numaregião produtora, por meio de mudas

13 DOENÇAS E SEUCONTROLE

Aristóteles Pires de Matos

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção4646

Figura 14. Figura 14. Muda do tipo filhote e fruto de abacaxi Pérolaexpressando sintomas de fusariose, caracterizados pelaexsudação de goma a partir da região lesionada. Notarque os frutilhos infectados apresentam coloração mar-rom e estão deprimidos.

contaminadas, o patógeno é disseminadopor salpicos de chuva e pelo vento e, emmenor proporção, por insetos visitadoresdas inflorescências como, por exemplo, abroca-do-fruto, Strymon basilides (sinônimode Thecla basalides).

Uma característica importante dafusariose é o efeito sazonal altamente signi-ficativo sobre a sua incidência, resultandoem perdas variáveis na produção de frutosdurante o ano, que variam conforme aépoca de indução/colheita (Figura 15).

Doença altamente destrutiva, afusariose tem seu controle fundamentadona integração de várias medidas, tais como:

1. utilizar mudas, comprovadamente,sadias para a instalação de novos plantios;

2. eliminar os restos culturais de plantios

anteriores, principalmente naqueles onde aincidência da fusariose foi elevada;

3. inspecionar, periodicamente, o plan-tio e erradicar todas as plantas com sinto-mas da doença;

4. realizar a indução floral em perío-dos que possibilitem o desenvolvimentoda inflorescência sob condiçõesambientais desfavoráveis à ocorrência dadoença (baixa precipitação pluvial e altastemperaturas);

5. pulverizar as inflorescências desdeo seu aparecimento no olho da planta até ofechamento das últimas flores. O produtorecomendado é o Benomyl, conforme cons-ta da Tabela 6 e a eficiência do controle estácondicionada à perfeita cobertura do frutoem desenvolvimento.

Considerando-se que a broca-do-fru-to pode estar associada à incidência dafusariose, para aumentar a eficiência docontrole dessa doença, é recomendáveladicionar, à calda fungicida, um inseticidarecomendado para o combate dessa praga(Tabelas 7 e 8). Deve-se sempre atentarpara a compatibilidade entre os produtosusados na mistura.

A resistência varietal é uma alternativaaltamente promissora para o controle dafusariose do abacaxizeiro. Variedades comoPerolera, Primavera, Piña Negra,Tapiricanga, Amapá, Alto Turi, Huitota,Amarelo de Uaupés, Cabeçona, Turi Ver-de, Ver-o-peso, Fernando Costa, InermeCM, dentre outras, já foram identificadascomo resistentes a F. subglutinans. Algumasdessas variedades, a exemplo de Perolera ePrimavera, vêm sendo utilizadas no pro-grama de melhoramento genético doabacaxizeiro, em condução na EmbrapaMandioca e Fruticultura, como parentaisresistentes em cruzamentos com as cultiva-res Pérola e Smooth Cayenne, de alta acei-tação comercial porém suscetíveis àfusariose, visando à geração de híbridosresistentes ao patógeno e com característi-cas desejáveis de planta e fruto, capazes deserem indicados para plantios comerciais.

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Figura 15.Figura 15. Efeito sazonal sobre a incidência da fusariose do abacaxizeiro na regiãoprodutora de Coração de Maria, Bahia (média de 5 anos de avaliação).

Tabela 6.Tabela 6. Fungicidas registrados para a cultura do abacaxizeiro no Ministério daAgricultura e do abastecimento (Agrofit 1998).

PODRIDÃOPODRIDÃO-DO-DO--OLHOOLHO

Causada por Phytophthora nicotiana var.parasitica, a podridão-do-olho é uma dasmais sérias doenças do abacaxizeiro emtodo o mundo, presente principalmente emplantios instalados em solos sujeitos aencharcamento ou que apresentam drena-gem deficiente. Essa doença também assu-me importância econômica em regiões ondeocorrem altas precipitações pluviométricasou onde o suprimento de água de irrigaçãoé feito de maneira inadequada e em excesso.

Mudas sadias, plantadas em áreas comhistórico de ocorrência anterior da doença,são infectadas por propágulos de P. nicotianavar. parasitica presentes no solo, o qual édepositado no olho das mudas pelos salpicosde chuva. As mudas infectadas após o plan-tio tornam-se cloróticas e murchas, mor-rendo em seguida.

Uma planta adulta atacada mostra, ini-cialmente, uma coloração verde-fosca aacinzentado nas folhas mais novas que afolha D, mantendo, entretanto, a cor verde

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FungicidasNome comercial Princípio Ativo Formulação Dosagem

FusarioseBenlate Benomyl PM 150 l/100 lBenlate 500 Benomyl PM 150 g/100 l

Podridão-negraBayleton BR Triadimefon PM 30 g/ 100 lBenlate Benomyl PM 500 g/ haBenlate 500 Benomyl PM 500 g/haCaptan 480 SC Captan SC 1-2l/100 l

Podridão-do-olhoAliette Fosetil AL PM 100 g/100 lCaptan 480 SC Captan SC 1-2 l/100 l

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normal das folhas mais velhas. Com o pro-gresso da doença, ocorrem o apodrecimen-to e a morte da parte apical da planta, a qualpode ser totalmente removida, evidencian-do uma podridão-mole, de odor desagradá-vel, decorrente da contaminação por ou-tros organismos. Uma importante caracte-rística dessa doença no campo é verificadanas folhas que, quando infectadas, expres-sam a podridão apenas na região basal,aclorofilada, observando-se nitidamente apresença de uma zona marrom-escura quesepara os tecidos sadios e infectados (Figu-ra 16). A infecção após a indução floralprovoca sintomas similares, que se esten-dem também à inflorescência em desenvol-vimento, causando a sua podridão. A inci-dência da podridão-do-olho, após aindução floral, é mais elevada nos plantiosem que se utiliza o carbureto de cálciocomo o indutor.

Por suas próprias características, ficaevidente que uma ação isolada não serásuficiente para promover total êxito nocontrole da podridão-do-olho. Porém, ocontrole eficiente da doença pode ser al-cançado mediante a integração de váriaspráticas como:

1. escolha da área onde será instaladoo plantio, devendo-se dar preferência paraaquela que apresentar boa capacidade dedrenagem;

2. o plantio deve ser feito em cama-lhões, usando-se mudas dos tipos filhotee/ou rebentão. Por promover uma drena-gem mais rápida, o uso de camalhões parainstalação de plantio de abacaxi, especial-mente em regiões com período seco defi-nido, é uma prática que deve estar acopladaà disponibilidade de irrigação. Mudas tipocoroa, por serem mais suscetíveis aopatógeno, não devem ser usadas comomaterial propagativo em regiões onde apodridão-do-olho apresenta ocorrênciaelevada;

3. durante a capina, deve-se evitar acolocação de plantas daninhas sobre asplantas de abacaxi, uma vez que o solocontaminado, presente no seu sistemaradicular, pode cair na base das folhas doabacaxizeiro e, em presença de água, pro-vocar o desenvolvimento da doença;

4. em áreas onde as condições sãofavoráveis à incidência da doença, o con-trole da podridão-do-olho deve começar

Figura 16.Figura 16. Plantio de abacaxi Red Spanish infectado por Phtytophthora nicotiana var. parasitica (A).Detalhe da infecção em folha da variedade Smooth Cayenne (B).

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duas semanas antes da colheita das mudas,mediante pulverização com o fungicidaFosetil AL (Tabela 6);

5. três a quatro semanas após o plan-tio, deve-se aplicar um fungicida sistêmicode translocação ascendente, dirigido parao solo em torno da planta, e também sobrea planta;

6. uma semana após a indução floral,deve-se aplicar o Fosetil AL, dirigido para aroseta foliar, para proteger a inflorescênciaem desenvolvimento. Sendo necessário,pode-se repetir essa pulverização, no inter-valo de até duas semanas.

PODRIDÃOPODRIDÃO-NEGRA DO-NEGRA DOFRUTFRUTOO

Também conhecida por podridão-mole, a podridão-negra do fruto doabacaxizeiro, causada por Ceratocystisparadoxa / Chalara (Thielaviopsis) paradoxa, éuma doença de pós-colheita que pode serresponsável por perdas elevadas, tanto emfrutos destinados ao consumo in natura,quanto naqueles destinados à indústria, sen-do que neste último caso, as perdas aumen-tam em relação diretamente proporcionalao período de tempo decorrido entre acolheita e o processamento.

A infecção de frutos do abacaxizeiropor C. paradoxa pode ocorrer de duasmaneiras : i) pelo pedúnculo, por meio docorte da colheita e dos ferimentos resultan-tes da remoção dos filhotes; ii) por meio deferimentos na casca, devidos ao manuseio eao transporte inadequados. A infecção pelopedúnculo provoca o desenvolvimento deuma lesão de coloração amarelo-intensa,que progride em direção ao ápice do fruto,expandindo-se mais rapidamente no senti-do vertical do que lateral, conferindo-lheum formato de cone (Figura 17). Com odesenvolvimento da doença, toda a polpase liqüefaz e o suco exsuda devido à eleva-ção da pressão interna em conseqüência dageração de gases.

O controle da podridão-negra do fru-to, também, depende da integração de umasérie de medidas, tais como:

1. colher o fruto com uma parte dopedúnculo de, aproximadamente 2 cm decomprimento;

2. manusear adequadamente os frutosna pós-colheita para evitar ferimentos nasua superfície;

3. tratar de imediato os ferimentos dopedúnculo com fungicidas sistêmicos comoos benzimidazóis (Tabela 6);

4. eliminar os restos culturais nas pro-ximidades das áreas onde os frutos sãoprocessados na pós-colheita;

5. reduzir ao mínimo o período entrea colheita e o processamento dos frutos;

Figura 17.Figura 17. Fruto de abacaxi Pérola evidenciando sinto-ma interno de podridão-negra, resultante de infecçãopor meio de ferimento no pedúnculo decorrente docorte da colheita.

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6. armazenar e transportar os frutossob condições de refrigeração, em tempe-raturas próximas de 12oC.

QUEIMA-QUEIMA-SOLARSOLAR

Esta é uma anomalia do fruto doabacaxizeiro resultante da exposição de umade suas partes à ação excessiva dos raiossolares. Embora os efeitos da queima-solarsejam mais evidentes em frutos que tom-bam para um lado, em períodos quentes eensolarados, podem-se observar sintomasdessa anomalia na parte dos frutos viradapara o ocidente, pois a queima é devida àação do sol poente.

Os primeiros sintomas externos daqueima-solar caracterizam-se pelo apareci-mento de uma descoloração amarelada naepiderme do fruto que, com o passar dotempo torna-se marrom-escura. Em estádiosmais avançados de desenvolvimento po-dem ocorrer rachaduras entre os frutilhosda região afetada (Figura 18). A região inter-na afetada da polpa torna-se mais translúcidado que a sadia e, com o progresso dadoença, assume a consistência esponjosa,

depreciando o valor comercial do fruto.

Como a queima-solar pode causarperdas elevadas na produção de frutos emépocas quentes e muito ensolaradas, essaanomalia deve ser controlada mediante aimplementação de medidas de proteçãomecânica dos frutos, a partir da semanaseguinte ao fechamento das últimas flores.Materiais como palha de plantas invasoras,papel, papelão, ou pedaços de polietilenopodem ser colocados sobre os frutos a fimde protegê-los contra a ação dos raios sola-res. As folhas do próprio abacaxizeiro tam-bém podem ser usadas como agente deproteção, amarradas acima dos frutos.

Considerando que a queima-solar ocor-re em maior intensidade no lado do frutovoltado para o sol poente, a proteção mecâ-nica deve ser efetuada, principalmente, so-bre o lado do fruto exposto ao sol da tarde.Pela mesma razão, no que diz respeito aoposicionamento do plantio, a intensidadede queima-solar é menor em frutos deplantios expostos ao leste, enquanto aque-les de plantios expostos ao oeste são maisafetados pela anomalia.

Figura 18.Figura 18. Frutos de abacaxi Pérola expressando diferentes níveis de queima-solar.

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5151Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Os nematóides são, em diversos países, um dos principaisfatores limitantes ao cultivo

do abacaxi. Vários gêneros defitonematóides têm sido encontrados narizosfera do abacaxizeiro. Contudo, apatogenicidade da maioria deles é poucoconhecida. Dentre as espécies considera-das de maior importância para aabacaxicultura, destacam-se as formadorasde galhas (Meloidogyne spp.), em especial M.javanica, a das lesões radiculares (Pratylenchusbrachyurus) e a do nematóide reniforme(Rotylenchulus reniformis), além deHelicotylenchus spp., Scutellonema spp.,Criconemella spp. e Paratrichodorus spp.

BIOLBIOLOGIAOGIA

M. javanica são endoparasitos sedentá-rios. Nos estádios juvenis, vermiformes,penetram nas raízes do abacaxizeiro, locali-zando-se próximo ao cilindro central e in-jetando toxinas que induzem o crescimentoanormal dos tecidos, e as células passam anutrir o nematóide, que aumenta de tama-nho até atingir o estádio de fêmea adultaglobosa (Figura 19).

P. brachyurus são endoparasitosmigradores. Em todos os estádios pene-tram nas raízes e instalam-se no córtexradicular, migrando por entre os tecidos ematando as células, resultando em lesõesnecróticas evidentes ao longo das raízes.Ao se juntarem, coalescem, matando todoo sistema radicular (Figura 20).

R. reniformis penetram parcialmente nasraízes do abacaxizeiro, sendo que as fêmeasimaturas inserem-se na parte anterior doseu corpo nos tecidos radiculares, alimen-tando-se deles sem matar as raízes. Estabe-lecido o parasitismo, elas vão apresentando

14NEMATÓIDESE SEU CONTROLE

Dilson da Cunha CostaCecília Helena Silvino Prata Ritzinger

Figura 19.Figura 19. Estádios juvenis J2 vermiformes e fêmeas adultasglobosas de M. javanica em raiz de abacaxi Pérola.

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Figura 20.Figura 20. Ciclo de vida de Pratylenchus brachyurus em raízes dacultivar Pérola.

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alterações no formato de seu corpo, pas-sando de vermiformes para reniformes(Figura 21).

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção5252

SINTSINTOMAS GERAIS NOOMAS GERAIS NOCAMPOCAMPO

Podem ser observados os seguintessintomas e situações no campo do ataquede nematóides: amarelecimento e reduçãodo crescimento da planta; tamanho desi-gual de frutos e reboleira de plantas mortas.

SINTSINTOMAS NAS RAÍZESOMAS NAS RAÍZESINFECTINFECTADADASAS

Também no sistema radicular podemocorrer sintomas do ataque de nematóides,tais como: escurecimento das raízes devidoàs lesões necróticas causadas por P. brachyurus(Figura 22); sistema radicular exibindo asgalhas causadas por ataque de M. javanica(Figura 23); solo aderido às raízes, devido àmassa gelatinosa de ovos depositados pelasfêmeas de R. reniformis, além da formação deum emanharado de radicelas (Figura 24).

Figura 21.Figura 21. Ectoparasitismo de fêmea de Rotylenchulus reniformis na raiz.

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Figura 22.Figura 22. Sistema radicular de mudade abacaxi cv. Smooth Cayenne ataca-do por P. brachyurus, com sintoma deescurecimento das raízes devido às le-sões necróticas.

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5353Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

OCORRÊNCIAOCORRÊNCIA, D, DANOS EANOS EPERDPERDASAS

No Brasil a primeira constatação ex-perimental do parasitismo causado porfitonematóides ocorreu 1953, num levan-tamento realizado no estado de São Paulo,onde se identificaram os gênerosHelicotylenchus, Meloidogyne, Paratylenchus,Pratylenchus e Xiphinema associados à rizosferada planta. Nos últimos anos, diversos le-vantamentos em diferentes estados pro-dutores tornaram disponíveis as informa-ções sobre os principais gêneros e espéciesencontrados no país. Entre os nematóidesencontrados, apenas P. brachyurus, R. reniformise M. incognita têm sua patogenicidade com-provada em diversos países do mundo.Em nossas condições, P. brachyurus é con-siderada a espécie de maior disseminaçãoe poder patogênico na cultura do abacaxi,embora também tenham sido detectadosR. reniformis e M. incognita associados aosistema radicular pouco desenvolvido.

Os nematóides endoparasitos são maiscompetitivos que os ectoparasitos. Traba-lhos de pesquisa têm evidenciado que P.brachyurus destrói rapidamente as raízes, li-mitando as áreas de tecidos sadios para oparasitismo dos nematóides das galhas. Ascondições climáticas podem influenciar odesenvolvimento dos nematóides e os da-nos causados em plantas no campo. Anematose causada pelo P. brachyurus serámenos prejudicial ao abacaxizeiro cultiva-do em regiões de estação seca bem definida,pouco favorável à proliferação denematóides, o que evitará um desenvolvi-mento alarmante das populações durante aestação chuvosa. Ressalta-se, portanto, quea irrigação nas estações secas representa umfator propício à sua proliferação .

Associados ao abacaxizeiro, osnematóides podem provocar danos consi-deráveis, pois diminuem a eficiência dasadubações, reduzindo a absorção de nutri-entes e diminuindo a concentração de ele-mentos minerais nas folhas. Estudos

Figura 23.Figura 23. Sistema radicular de plantas de abacaxicv. Pérola, exibindo as galhas causadas por ataquede M. javanica.

Figura 24. Figura 24. Solo aderido ao sistema radicular demuda de abacaxi cv. Smooth Cayenne, devido àmassa gelatinosa de ovos depositados pelas fême-as de R. reniformis, além da formação de umemanharado de radicelas.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção5454

conduzidos em casa de vegetação naEmbrapa Mandioca e Fruticultura, com-provaram a ação prejudicial de P. brachyurussobre o desenvolvimento de plantas e sobreo peso e tamanho de frutos. Na Côte d’Ivoire,P. brachyurus causa perda na produção inicialde abacaxi da ordem de 30 % a 50%.

MEDIDMEDIDAS DE CONTROLEAS DE CONTROLE

Preparo do soloPreparo do solo

Um bom preparo do solo, revolven-do-o bem e expondo os nematóides aosraios solares, certamente, contribuirá parareduzir a população desses parasitos, ma-tando-os por desidratação.

PousioPousio

Consiste na manutenção da área deplantio, sabidamente infestada, sem vegeta-ção durante certo período de tempo, comaplicações de herbicidas ou arações cons-tantes para expor os ovos e as formasjuvenis aos raios solares. Como osnematóides não sobrevivem sem as plantashospedeiras, incluindo as plantas daninhas,a redução da população ocorre devido à suamorte por inanição. Plantas daninhas, comoo bredo (Amaranthus spp.), mantidas duran-te um ano em solo de pousio suportampopulações elevadas de nematóides dasgalhas e as do tipo reniforme.

Algumas espécies de nematóides têma capacidade de resistir às condições adver-sas do meio ambiente. Portanto, o sucessodo pousio dependerá da capacidade de asespécies envolvidas exercerem essa defe-sa. No Havaí, um período de um ano eseis meses de pousio reduz a populaçãode R. reniformis, porém a umidade do soloé um fator determinante na extensão dessedeclínio. No caso de P. brachyurus o pousiosurge como uma medida potencialmenteeficiente, em especial, nas áreas com altainfestação.

Rotação de culturasRotação de culturas

O pousio sem vegetação, embora con-tribua para a redução da população de

nematóides, pode acarretar certos proble-mas para a área de plantio, tais como: au-mento da erosão do solo e diminuição dasua fertilidade pela redução do teor dematéria orgânica e nutrientes, além da redu-ção da população de fungos endomi-corrízicos benéficos às plantas etc. Assim, ocultivo de plantas não hospedeiras denematóides pode tornar-se uma práticabastante eficiente. Alguns estudos realiza-dos na Côte d’Ivoire e nas Filipinas deter-minaram algumas plantas pouco favoráveisa nematóides, tais como vassourinha(Stylosanthes gracilis), capim-colchão (Digitariadecumbens), capim-pé-de-galinha (Chlorisgayana), pega-pega (Desmodium unicatum),chocalho-de-cascavel (Crotalaria usarandensis,Crotalaria spectabilis, Crotalaria juncea), cravo-de-defunto (Tagetes patula). A utilização des-sas plantas deve ser baseada no conheci-mento da relação entre elas e os diferentesnematóides que ocorrem na área. Por exem-plo, a cana-de-açúcar, freqüentemente cul-tivada em áreas de produção de abacaxi, éuma má hospedeira de R. reniformis, porémuma boa hospedeira de P. brachyurus e M.incognita.

Adubação orgânicaAdubação orgânica

A adição de matéria orgânica em soloscultivados com abacaxi é bastante benéfica,podendo proporcionar efeitos diretos e in-diretos sobre a população de nematóides.Por exemplo: a incorporação ao solo deresíduos ou extratos foliares de mandiocapode reduzir em até 75% a população deP. brachyurus. A ação da matéria orgânicaestá diretamente relacionada com o aumen-to da atividade dos microrganismos anta-gônicos dos nematóides (fungos, bactériasetc.). Essa ação antagônica reduz a popula-ção de R. reniformis, porém não é mais eficazdo que as fumigações com nematicidas. Emáreas onde a incorporação de matéria orgâ-nica reduziu a população de nematóides,observou-se, em cultivos subseqüentes deabacaxi, um rápido aumento populacionaldestes, resultando em danos equivalentes àsáreas onde o tratamento não foi efetivado.

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5555Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Variedades resistentesVariedades resistentes

A identificação de resistência varietal éuma das medidas de controle mais deseja-das contra qualquer tipo de enfermidade deplantas. No Brasil, trabalhos realizados noInstituto Agronômico de Campinas detec-taram que as variedades Natal Queen ePérola são mais suscetíveis a P. brachyurus doque a Smooth Cayenne, de reconhecidasuscetibilidade à espécie em questão. En-saios em casa de vegetação na EmbrapaMandioca e Fruticultura identificaramgenótipos com diferentes graus de resistên-cia a P. brachyurus, M. incognita e M. javanica.Tais resultados são promissores no contro-le de nematóides via resistência varietal.

NematicidasNematicidas

Das medidas de controle, esta é amenos desejável, sendo contudo a maisestudada e a mais empregada mundialmen-

te. A maioria dos nematicidas, entre eles oNemacur e o Furadan, quando aplicadosreduzem a população dos nematóides, po-rém sem erradicá-los. Os nematóides quepermanecem no solo continuam a se mul-tiplicar e dão origem a novas populações,mais resistentes à dose inicialmente empre-gada. O fato é que hoje nos campos produ-tores do Havaí, essas doses são 2 a 3 vezessuperiores à utilizada há alguns anos, cau-sando um desequilíbrio ecológico nos solospor prejudicarem a assimilação de certosnutrientes como ferro, manganês e fósforo.Atualmente, esse problema tem sido evita-do com a aplicação de diferentes tipos denematicidas. No Brasil, a prática de aplica-ção de nematicidas antes e após o plantiodo abacaxi não é utilizada, em razão dopouco conhecimento, por parte de produ-tores e técnicos, sobre os danos causadospor estes parasitos.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção5656

COCHONILHA-DOCOCHONILHA-DO-ABA-ABACAXICAXIDysmicoccus brevipesDysmicoccus brevipes(Cockerell, 1893) (Hemiptera:(Cockerell, 1893) (Hemiptera:Pseudococcidae)Pseudococcidae)

É a praga mais devastadora daabacaxicultura mundial. Por estar forte-mente associada à murcha-do-abacaxi, seráabordada em capítulo à parte.

BROCA-DOBROCA-DO-FRUT-FRUTOOThecla basalides Thecla basalides (Geyer, 1837)(Geyer, 1837)(Lepidoptera: Lycaenidae)(Lepidoptera: Lycaenidae)

Descrição e biologiaDescrição e biologia

Considerada uma das principais pra-gas do abacaxi no Brasil, ela ocorre nocontinente americano, do México até aArgentina. Além do abacaxizeiro, ela podeatacar também bromeliáceas nativas.

15 PRAGASE SEU CONTROLE

Nilton Fritzons Sanches

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Figura 25.Figura 25. Lagarta da Thecla basalides deixando a inflorescência.

Durante todo o dia ela é encontradavoando, rápida e irregularmente, oviposi-tando nas inflorescências, da sua emergên-cia, no centro da roseta foliar, até o fecha-mento das últimas flores. Os ovos sãobrancos, circulares, levemente achatados,com 0,8 mm de diâmetro.

A lagarta eclode 5 dias, aproximada-mente, após a postura. Logo após a eclosão,procura um local entre os frutilhos, ondeinicia a perfuração da inflorescência, per-manecendo no seu interior durante cercade 15 dias, onde abre galerias e destrói ostecidos. Quando completamente desen-volvida, pode atingir de 18 mm a 20 mm decomprimento por 6 mm de largura, comuma coloração avermelhada, apresentandoum aspecto típico de lesma ou tatuzinho-de-jardim (Figura 25). Após essa fase dedestruição, ela desce até a base do pedúnculo,

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5757Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

transformando-se em uma pupa, de colora-ção castanha, com pequenas manchas escu-ras, com 12 mm de comprimento e 5 mm delargura. Após 7 a 10 dias, emerge o adulto,uma borboleta de pequenas dimensões (28a 35 mm de envergadura), com uma colora-ção cinzento-ardósia na face superior dasasas, e pardo-clara, na inferior (Figura 26).

Sintomas e danosSintomas e danos

À medida que a inflorescência temos seus tecidos destruídos pela lagarta(Figura 27), ocorre a exsudação de umaresina incolor e fluida, que em contatocom o ar torna-se amarelada e ao se solidi-ficar apresenta coloração marrom-escura.

Mesmo que algumas vezes a lagartatambém possa penetrar na inflorescênciapelo olho do frutilho (cavidade floral), nor-malmente, é possível diferenciar um ataqueda broca da ocorrência da doença fusariose,pelo local da emissão da resina nainflorescência: aquela emitida do olho dofrutilho é proveniente da fusariose e aquelaverificada entre os frutilhos é provenienteda broca-do-fruto.

Na maioria das vezes, o ataque desseinseto ocorre durante a fase de florescimentoe formação do fruto, podendo tambématacar as gemas do pedúnculo abaixo dainfloresceência, mudas em viveiro e, rara-mente, folhas de abacaxi. Após o fecha-mento das flores, raras vezes, ocorre aoviposição na planta.

Os danos causados pela broca variambastante , podendo chegar a mais de 90%.Em algumas regiões produtoras do Nor-deste, os períodos mais secos favorecem oseu ataque.

ControleControle

É importante que o produtor faça omonitoramento da praga com regularidade,desde o início da inflorescência, no centroda roseta foliar, até o fechamento das últi-mas flores. Esta prática nada mais é do queuma vistoria rigorosa para observar a ocor-rência das posturas dessa borboleta. Em

Figura 26.Figura 26. Adulto da broca-do-fruto Thecla basalides.

Figura 27.Figura 27. Inflorescência atacada pela broca-do-fruto,com emissão de dejetos em um frutilho.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção5858

superfície da inflorescência. Um grama doproduto comercial/planta é o suficientepara o controle da praga. Em períodoschuvosos, a prática do polvilhamento não érecomendada pois o produto pode ser facil-mente lavado da planta.

BROCA-DOBROCA-DO--TTALALOO

Castnia icarus Castnia icarus (Cramer, 1775)(Cramer, 1775)(Lepidoptera: Castniidae)(Lepidoptera: Castniidae)

Descrição e biologiaDescrição e biologia

Conhecida também como broca-do-olho ou broca-gigante, sua ocorrência estárestrita às regiões produtoras do Norte eNordeste brasileiro. Pode atacar tambémpseudocaule de bananeira e outras musáceas.

Na fase adulta, é uma mariposa comcerca de 34 mm de comprimento e 87 mma 105 mm de envergadura (Figura 28). Asasas apresentam uma forte coloração mar-rom com reflexo verde nas anteriores, evermelha, nas posteriores.

As posturas são realizadas durante odia, na base das folhas mais externas da

planta. Os ovos, facilmente reconheci-dos, são ovóides, alongados com 6 mm decomprimento e 2,7 mm de diâmetro, apre-sentando uma coloração rosa-alaranjada(Figura 29).

Após a eclosão, a lagarta perfura asfolhas, procurando penetrar no talo. Em seuinterior vai abrindo galerias e destruindo ostecidos. As lagartas, de coloração branco-amarelada, podem atingir 60 mm de compri-mento ou um pouco mais (Figura 30).

Quando a lagarta atinge o completodesenvolvimento, confecciona um casulo,usando as fibras do talo, e, em seguida,transforma-se em pupa, de coloração mar-rom-escura.

Sintomas e danosSintomas e danos

Os sintomas de seu ataque são asfolhas seccionadas na região basal, o “olhomorto” (Figura 31), a presença de resinamisturada com dejetos na base das folhas ea emissão de rebentão.

Apenas uma lagarta é suficiente paradestruir toda a planta. Em áreas infestadas,já foram constatados danos de 0,6% a 80%.

Figura 28 .Figura 28 . Adulto da broca-do-talo Castnia icarus.

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5959Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

ControleControle

Como a broca-do-talo pode ocorrer,praticamente, durante todo o ciclo da cultu-ra, o controle químico torna-se demasiadocaro, fazendo com que o controle mecâni-co seja, ainda, a opção mais econômica.Durante o monitoramento dessa praga (ins-peção da área), o agricultor deve arrancar asplantas atacadas e com auxílio de um facãocortar o caule até localizar a lagarta e, então,destruí-la. Sendo adotada por todos os pro-dutores da região, esta prática fará com queo nível populacional da praga decresça,gradativamente, a cada ciclo da cultura.

ÁCAROÁCARO-ALARANJADO-ALARANJADODolichotetranychus floridanusDolichotetranychus floridanus(Banks, 1900) (Acari:(Banks, 1900) (Acari:Tenuipalpidae)Tenuipalpidae)

Conhecido, também, como ácaro-pla-no-da-base-das-folhas é encontrado emtodas as regiões produtoras de abacaxi domundo. Esse ácaro pode hospedar-se, ain-da, no abacaxi-do-mato, nas orquídeas, nosbambus e em determinadas gramíneas.

Apesar do seu pequeno tamanho, osácaros-alaranjados são facilmente observa-dos a olho nu, em decorrência da sua fortecoloração alaranjada. São encontrados naparte aclorofilada das folhas (base das fo-lhas), em colônias, onde causam lesões nos

Figura 29.Figura 29. Ovo da broca-do-talo Castniaicarus.

Figura 30.Figura 30. Diferentes estádios de desenvolvimento dalagarta Castnia icarus.

Figura 31.Figura 31. Abacaxizeiro apresentando um sintoma deataque da broca-do-talo: “olho morto”.

tecidos (Figura 32). Os maiores danos cau-sados por esse ácaro verificam-se nos teci-dos tenros e diminutos como os de mudasnovas de abacaxi, provenientes de camposde produção de mudas por seccionamentodo talo.

ControleControle

Para evitar novas fontes de infestação,recomenda-se a destruição dos restos decultura.

Os produtos fosforados aplicados parao controle da cochonilha Dysmicoccus brevipes,no tratamento de mudas ou durante o ciclovegetativo, também são adequados ao com-bate do ácaro-alaranjado (Tabelas 7 e 8).

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção6060

Figura 32.Figura 32. Lesões na base das folhas de abacaxizeiro ocasionadas pelo ácaro-alaranjadoDolichotetranychus floridanus.

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Tabela 7.Tabela 7. Produtos recomendados pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento para a culturado abacaxi – base de dados do AGROFIT 98.

Tipo de formulação:Tipo de formulação: PM: pó molhável; SC: solução concentrada; CE: concentrado emulsionável; CS: concentrado solúvel;PS: pó seco; SAC: solução aquosa concentrada.Obs.: A citação do nome comercial do produto não significa recomendação ou endosso de tais marcas por parte daEmbrapa. O objetivo principal é orientar os profissionais que trabalham com a cultura do abacaxi.

Nome comum Nome comercialGrupo

químicoTipo de

formulação

Dosagem(g ou ml /100 litros)

Observações(quant./planta)

Broca-do-fruto - Thecla basalides

B. thuringiensis Dipel PM 32 g/kg B. thuringiensis PM (600 g./ha)

Carbaryl Sevin 75 Carbamato PS (15 kg /ha)

Diazinon Kayazinon 400 Fosforado PM 300 g 30 mlCarbaryl Carbaril Fersol Po 75 Carbamato PS (15 kg/ha)Carbaryl Agrivin 850 PM Carbamato PM (1,5 kg/ha)

Fenitrothion Sumithion 500 CE Fosforado CE 150 ml 30 mlFenitrothion Sumithion 400 PM Fosforado PM 200 g 30 mlBetacyflutrin Bulldock 125 SC Piretróide sint. SC 80 ml 30 ml

Deltamethrin Decis 25 CE Piretróide sint. CE 200 mlEthion Ethion 500 Fosforado CE 120 mlParathion methil Bravik 600 Fosforado CE 135 ml 30 ml

Parathion methil Paration metílico Pika Pau Fosforado PS (16-20 kg / ha)Trichlorfon Trichlorfon Pikapau Fosforado SC 300 ml 30 ml

Parathion methil Folisuper 600 BR Fosforado CE 135 ml 30 mlParathion methil Methyl parathion 600 CE Fosforado CE 150 ml 30 mlÁcaro-alaranjado - Dolichotetranychus floridanus

Vamidothion Kilval 300 Fosforado CE 330 ml 30 a 70 ml

Espalhante adesivo GotafixAlquil fenoletoxilado

(SAC) 100 ml

Espalhante adesivo Espalhante adesivo Bayer Alquil aril eter CS 25 a 50 ml

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6161Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Classe Toxicológica: Classe Toxicológica: I - Altamente tóxico; II - Medianamente tóxico; III - Pouco tóxico; IV - Praticamentenão tóxico.Tipo de formulação:Tipo de formulação: PM: pó molhável; SC: solução concentrada; CE: concentrado emulsionável; CS:concentrado solúvel; PS: pó seco; SAC: solução aquosa concentrada.Modo de Ação:Modo de Ação: C – contato; F - fumigação; I - ingestão; P – profundidade; S - sistêmico.

Tabela 8 .Tabela 8 . Informações adicionais sobre os acaricidas e inseticidas recomendadospara a cultura do abacaxi.

Grupo químico Nome comumClasse

toxicológicaModo

de açãoTipo de

formulaçãoCarência

(dias)

B. thuringiensis B. thuringiensis IV I PM Não há

Carbamato Carbaryl III CI PS 7 x

Fosforado Diazinon III CIFP PM 14

Carbamato Carbaryl III CI PS 7

Carbamato Carbaryl II - PM 7

Fosforado Fenitrothion II CIP CE 14

Fosforado Fenitrothion II CIP PM 14

Piretróide sint. Betacyflutrin I - SC -

Piretróide sint. Deltamethrin I - CE -

Fosforado Ethion I CIFP CE 15

Fosforado Parathion methil I CIFP CE 15

Fosforado Parathion methyl I CIFP PS -

Fosforado Trichlorfon I CIFP SC -

Fosforado Parathion methil I CIFP CE 15

Fosforado Parathion methil I CIFP CE -

Fosforado Vamidothion II CS CE 30

Alquil fenoletoxilado

Espalhante adesivo IV - (SAC) Não há

Alquil aril eter Espalhante adesivo II - CS Não há

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção6262

Em 1910, foi detectada no Havaíuma doença em abacaxizeiros,denominada murcha-do-

abacaxizeiro. Desde então, ela vem causan-do elevados prejuízos, sendo consideradaum dos maiores problemas desta culturaem todo o mundo.

As plantas infestadas apresentam, nafase inicial, um avermelhamento em suasfolhas, depois as suas margens se tornamamareladas e as partes medianas adquiremum tom rosa-vivo, ocorrendo enrolamentodos bordos das folhas para a face inferior.Depois, passam por um amarelecimentogradual, secamento de suas pontas, e porfim, o dobramento das folhas em direção aosolo (Figura 33). A planta vai definhandoprogressivamente podendo chegar à morte.

Inicialmente, a doença foi atribuída atoxinas produzidas pela cochonilhaDysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893). Maistarde, verificou-se que as plantas doentesestavam infectadas por um vírus, umclosterovírus, concentrado sobretudo nasraízes das plantas infectadas.

Em 1996, foi detectada, por meio desorologia, a presença de closterovírus emcochonilhas. Hoje sabe-se que a cochonilhaDysmicoccus brevipes é um vetor da doença,provavelmente causada por umclosterovírus.

Esse inseto possui um grande númerode hospedeiros, podendo ser observadotambém em arroz, batatinha, algodoeiro,bananeira, milho, sorgo, cana-de-açúcar,Cyperus sp. (dandá ou tiririca), capimBrachiaria plantaginea etc.

16MURCHAASSOCIADA ÀCOCHONILHA

Nilton Fritzons SanchesAristóteles Pires de Matos

Paulo Ernesto Meissner Filho

Figura 33.Figura 33. Abacaxizeiro com os sintomas da murcha.

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6363Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Essa cochonilha vive em colônias, nabase das folhas e nas raízes do abacaxizeiro(Figura 34). A fêmea possui um corpoovalado, levemente rosado, coberto poruma massa cerosa branca, de aspecto fari-nhento, circundado por vários apêndicescerosos brancos, medindo 2,5 mm de com-primento na fase adulta. O macho é menore alado, medindo, na fase adulta, 1,20 mmde comprimento, sendo em geral encontra-do dentro de formações cerosas semelhan-te a pequenos flocos de algodão. Cadafêmea adulta pode gerar em toda a sua vida,em média, 295 descendentes, ovipositando,cerca de, 5 ovos por dia.

Formigas doceiras podem viver emprocesso simbiótico, por protocooperação,com a cochonilha, ou seja, ao mesmo tem-po em que a formiga alimenta-se da secre-ção açucarada, produzida pela cochonilha,essa não só protege aquela praga de seusinimigos naturais, como também transpor-ta as ninfas, propiciando a sua dispersãoentre plantas.

Os prejuízos causados pela murchaassociada à cochonilha podem, algumasvezes, ultrapassar 70% dos custos de pro-

dução. A cultivar Smooth Cayenne é alta-mente suscetível à murcha, enquanto a Pé-rola, embora um pouco mais tolerante,também sofra com essa doença.

ControleControle

Para prevenir a ocorrência da murcha,é preciso muito cuidado na aquisição domaterial de plantio, selecionando mudascom baixíssima infestação por cochonilhas.

A cura é um outro procedimento quepode auxiliar no controle dessa praga. Apósa colheita das mudas, elas podem ficarexpostas ao sol, na própria planta, com abase voltada para cima, por uma a duassemanas. Isto auxilia a destruição dascochonilhas que se encontram nas folhasmais externas da base da muda.

O tratamento térmico das mudas deabacaxi, por imersão em água quente a 50ºCpor 30 minutos, é viável para a obtenção demudas isentas de vírus. Entretanto, antesde esse método ser utilizado em larga esca-la, é importante avaliar a reação de cadavariedade a esse tratamento.

Para evitar a proliferação da pragana propriedade, o produtor deve sempre

Figura 34 .Figura 34 . Abacaxizeiro com alta infestação da cochonilha Dysmicoccus brevipes.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção6464

destruir os restos da cultura anterior, queservem de fontes de infestação para o pró-ximo cultivo.

Deve-se manter a cultura livre de plan-tas daninhas, uma vez que servem de fontesde alimentação para algumas espécies deformigas doceiras.

Controle químicoControle químico

Tratamento de mudasNo caso de as mudas estarem alta-

mente infestadas pela cochonilha, elas de-vem sofrer um tratamento por imersão emuma solução de diazinon ou de outro inse-ticida, contendo um espalhante adesivo(Tabelas 9 e 10), durante três a cincominutos. Ao retirá-las dessa solução, deixarescorrer o líquido excedente (Figura 35).Pode-se também utilizar o tratamento porfumigação, cobrindo as mudas dentro deuma lona de plástico e aplicando-se umgrama de fosfina por metro cúbico, durante72 horas. Outra opção, menos onerosa porexigir menos mão-de-obra, é pulverizar uma

solução de inseticida e espalhante adesivo(Tabelas 9 e 10) nas mudas ainda na planta-mãe, após a colheita do fruto, durante a fasede crescimento (ceva).

Ciclo vegetativoCiclo vegetativo

Como as raízes são as primeiras es-truturas da planta a serem danificadas peladoença, o produtor deve estar atento. Aplanta pode demorar de 40 a 50 dias paraapresentar os primeiros sintomas foliaresda “murcha”. Se o produtor desconhece aorigem das mudas, ele deve controlar essapraga de modo preventivo, durante o ciclovegetativo do abacaxizeiro, pulverizando,aos 60, 150 e 240 dias após o plantio, 30 ml,40 ml e 60 ml, de uma solução inseticida/planta, respectivamente (Tabelas 9 e 10).

Um bom preparo do solo ajuda adestruir os ninhos das formigas doceiras,porém é preciso estar atento para evitar oscasos de alta infestação, realizando o seucontrole (Tabelas 9 e 10) para evitar adisseminação da cochonilha.

Figura 35.Figura 35. Tratamento de mudas de abacaxi por imersão em solução inseticida.

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6565Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Tabela 9.Tabela 9. Produtos recomendados pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento para o controleda cochonilha do abacaxizeiro e para formigas-doceiras – base de dados do AGROFIT 98.

Tipo de formulação:Tipo de formulação: PM: pó molhável; CE: concentrado emulsionável; CS: concentrado solúvel;; SAC: solução aquosaconcentradaObs.: A citação do nome comercial do produto não significa recomendação ou endosso de tais marcas por parte daEmbrapa. O objetivo principal é orientar os profissionais que trabalham com a cultura do abacaxi.

Classe Toxicológica: Classe Toxicológica: I - Altamente tóxico; II - Medianamente tóxico; III - Pouco tóxico; IV - Praticamente não tóxico.Modo de Ação:Modo de Ação: C – contato; F - fumigação; I - ingestão; P – profundidade; S - sistêmico.Tipo de formulação:Tipo de formulação: PM: pó molhável; CE: concentrado emulsionável; CS: concentrado solúvel; SAC: solução aquosaconcentrada.

Tabela 10.Tabela 10. Informações adicionais sobre os inseticidas recomendados para o controle da cochonilhado abacaxizeiro.

Nome comum Nome comercial Grupo químicoTipo de

formulação

Dosagem (g ou ml / 100 litros)

Observações(quant./planta)

Cochonilha do abacaxi - Dysmicoccus brevipes

Diazinon Kayazinon 400 Fosforado PM 300 g 30 a 70 ml

Vamidothion Kilval 300 Fosforado CE 330 ml 30 a 70 ml

Parathion methil Bravik 600 Fosforado CE 135 ml 30 a 70 ml

Parathion methil Folisuper 600 BR Fosforado CE 135 ml 30 a 70 ml

Parathion methilMethyl parathion 600CE

Fosforado CE 150 ml 30 a 70 ml

Formigas-doceiras - Solenopsis saevissima, Paratrechina sp., Crematogaster sp.Parathion methil Bravik 600 Fosforado CE 135 ml 30 a 70 ml

Parathion methil Folisuper 600 BR Fosforado CE 135 ml 30 a 70 ml

Espalhante adesivo Gotafix alquil fenol etoxilado (SAC) 100 ml

Espalhante adesivoEspalhante adesivoBayer

alquil aril eter CS 25 a 50 ml

Grupo químico Nome comumClasse

toxicológicaModo

de açãoTipo de

formulaçãoCarência

(dias)Fosforado Diazinon III CIFP PM 14Fosforado Parathion methil I CIFP CE 15Fosforado Parathion methil I CIFP CE 15Fosforado Parathion methil I CIFP CE -Fosforado Vamidothion II CS CE 30

Alquil fenol EtoxiladoEspalhanteadesivo

IV - (SAC) Não há

Elquil aril eterEspalhanteadesivo

II - CS Não há

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção6666

No Brasil, um dos problemasda cultura do abacaxi parafins de exportação é o manu-

seio inadequado do fruto nas fases de co-lheita e pós-colheita, já que o mercadofrutícola internacional só admite produtosde qualidade.

O fator qualidade está, logicamente,associado à destinação do fruto – consumoao natural ou industrialização - que, por suavez, influencia as práticas culturais adotadas,tanto no cultivo como na colheita. Sabe-seque os frutos para consumo ao natural sãomais valorizados que os destinados à indús-tria. Como vendem mais em função de suaaparência (tamanho, forma, cor, sanidade)e odor, podem, por conseguinte, compen-sar maiores investimentos na sua produção.

PONTPONTO DE MAO DE MATURAÇÃOTURAÇÃO

Os frutos devem ser colhidos em está-gios de maturação diferentes, de acordocom o seu destino e a distância do mercadoconsumidor. Quando o fruto se destina àindústria, deve ser colhido maduro (comcasca mais amarela que verde), tendo teorde sólidos solúveis totais mais elevado emaior conteúdo de suco. Frutos que serãocolocados nos mercados in natura devem sercolhidos mais cedo, em geral quando este-jam ainda “de vez”, isto é, com os espaçosentre os frutilhos estendendo-se e adquirin-do cor clara, ou mesmo quando surgem osprimeiros sinais de amarelecimento na casca,que deverá estar com os frutilhos (olhos)achatados, a fim de chegarem, após váriosdias de transporte, em boas condições aoconsumidor. No caso de mercados locais

ou regionais, frutos com até a metade dasuperfície amarela são, também, viáveis.Deve-se evitar a colheita de frutos verdes,pois não amadurecem mais na fase pós-colheita, não atingindo qualidadessatisfatórias para o consumo, sobretudocom teor de açúcares mais baixo e sabor earoma pouco atraentes.

Além da coloração da casca (maturaçãoaparente), o grau de maturação real do frutopode ser avaliado com base na translucidezda sua polpa. O fruto é cortado, transversal-mente, na altura do seu maior diâmetro,determinando-se a percentagem da áreatranslúcida existente na superfície da seçãoobtida, uma vez que esta é diretamenteproporcional ao grau de maturação do fru-to. Para frutos de abacaxi cv. SmoothCayenne, que necessitem suportar uma vi-agem superior a cinco dias a 12°C, a percen-tagem de polpa amarela translúcida nãodeve ultrapassar 50%.

Para uniformizar a coloração da casca,frutos que se encontram próximos ao está-dio de maturação adequado para a colheitae a comercialização podem ser submetidosa tratamento com produto à base de Etefon,utilizando-se 1 ml a 2 ml do produto comer-cial a 24% de Etefon por litro de água. Nocaso da cv. Smooth Cayenne, esse trata-mento pode ser feito por pulverizaçãodirigida aos frutos, realizada cerca de qua-tro a sete dias antes da colheita. No caso dacv. Pérola, é mais indicado efetuar o trata-mento dos frutos por imersão, sem atingira coroa, logo após a colheita, uma vez queo Etefon não deve atingir as mudas tipofilhote, localizadas muito próximas do fruto.

17 COLHEITA,ACONDICIONAMENTOE TRANSPORTE

Domingo Haroldo ReinhardtGetúlio Augusto Pinto da Cunha

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6767Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Esse processo não promove o amadureci-mento interno do fruto e, portanto, nãodeve ser aplicado em frutos imaturos (ver-des) porque, nesse caso, embora a cascaadquira coloração amarela, não estarão noponto ideal de maturação para consumo,apresentando acidez elevada e baixo teor desólidos solúveis. O tratamento pós-colheitados frutos com Etefon, em câmaras dearmazenamento, provoca a descoloraçãodas coroas, não sendo recomendado.

COLHEITCOLHEITAA

A colheita é feita com facão, devendoo colhedor proteger as mãos com luvas delona grossa. O operário segura o fruto pelacoroa com uma mão e corta o pedúnculotrês a cinco centímetros abaixo da base dofruto, de tal forma que apenas duas a quatromudas do cacho de filhotes sejam levadaspara servirem de embalagem natural dofruto (processo chamado sangria), perma-necendo as demais mudas na planta parauso como material de plantio. Frutos que sedestinarem a mercados próximos ou à in-dústria, menos suscetíveis a ocorrência depodridões, podem ser colhidos (quebra-dos) sem as mudas. O mesmo é feito no casoda cv. Smooth Cayenne, por falta de mudase por ter frutos mais fibrosos e mais resisten-tes, o transporte feito a granel (sem “emba-lagem” de mudas), ou usando-se apenascamadas finas de capim entre as de frutos.

Os frutos colhidos são entregues aoutros operários que os transportam emcestos, balaios, caixas ou carros de mão, atéo caminhão ou carreta. O carregamentodos frutos nos caminhões é tarefa difícilque exige mão-de-obra treinada.

SELEÇÃO SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO,,AACONDICIONAMENTCONDICIONAMENTO EO ETRANSPORTETRANSPORTE

Após a colheita, os frutos a seremexportados, ou destinados a mercados in-ternos mais exigentes, devem ir para galpões,onde serão selecionados quanto à qualida-

de e à sanidade, e classificados de acordocom o tamanho/peso e o grau de maturação,considerando-se os padrões requeridospelos compradores e consumidores.

Para reduzir o risco de ocorrência depodridões durante o transporte ecomercialização, a parte cortada dopedúnculo, aderida ao fruto, deve ser trata-da com fungicida (Tabela 6). Esse trata-mento é imprescindível quando o fruto sedestina à exportação, uma vez que a presen-ça de podridão-negra acarreta a condena-ção de todo um lote ou partida. Os frutosdestinados ao mercado externo precisamobedecer às exigências fitossanitárias dospaíses importadores e, por vezes, há neces-sidade de tratamentos complementares.

Frutos direcionados ao mercado in-terno e, em geral, aos dos países doMercosul, são normalmente transporta-dos a granel, em caminhões sem refrigera-ção, mas é fundamental que haja uma boacirculação de ar entre as camadas de frutos.

O abacaxi destinado à exportação nãodeve permanecer em temperatura ambien-te, além de 24 horas após a colheita. Seuacondicionamento é feito em caixas demadeira ou papelão, na posição vertical,sobre os pedúnculos (nesse caso, as caixasapresentam fundo duplo, com perfuraçõesnas quais o pedúnculo é afixado), ou naposição horizontal, alternando-se fruto ecoroa (o que permite maior densidade doproduto acondicionado). O transporte podeser terrestre - em caminhões com refrigera-ção - ou marítimo. No caso do transportemarítimo, o tempo gasto no percurso entreo packing house e o navio não deve exceder 24horas. No armazenamento, durante o trans-porte em navio, a temperatura deve sermantida entre 8ºC e 12°C e a umidaderelativa do ar entre 85% e 90%. Essa umi-dade deve ser rigorosamente controlada afim de evitar que o fruto perca peso, assimcomo para conservar a cor da casca. Oarmazenamento pode durar de 10 a 30 dias,porém a renovação de ar das câmaras dearmazenamento deve ser semanal.

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção6868

Se o plantio for bem conduzido eas plantas apresentarem vigor ebom estado fitossanitário, pode-

se optar pela exploração da soca (segundociclo). Para tanto, devem ser dadas as me-lhores condições possíveis para o desenvol-vimento dos rebentões. Plantios afetadospela fusariose ou infestados pela cochonilhae/ou brocas, representam focos perigososde disseminação para outras plantações,devendo ser eliminados o mais breve pos-sível após a colheita dos frutos.

A cultivar Smooth Cayenne é maisapropriada para a exploração da soca doque a Pérola, sendo menos suscetível aperdas de frutos por tombamento, além depossuir capacidade superior para a forma-ção de frutos com pesos adequados, mes-mo para mercados mais exigentes.

A soca demanda manejo similar àquelerecebido pelas plantas durante o primeirociclo, sobretudo no que se refere a aduba-ções, à irrigação e aos tratos fitossanitários.Em geral, as quantidades de adubos po-dem ser reduzidas à metade das dosesfornecidas no primeiro ciclo, sem prejudi-car o desenvolvimento e a produção. Re-comenda-se parcelar a adubação em duasaplicações, realizando-se a primeira antesda amontoa, a qual cobrirá os adubos, e asegunda cerca de um mês antes do trata-mento de indução floral.

A infestação da área por plantas dani-nhas é normalmente pequena, dada a gran-de cobertura vegetal existente. Algumascapinas manuais são suficientes para o seuefetivo controle. Os tratos fitossanitáriosdevem ser os mesmos aplicados no primei-ro ciclo da cultura, com ênfase nas pulveri-zações sobre as inflorescências em desen-

volvimento até o fechamento das últimasflores, visando ao controle da fusariose e dabroca-do-fruto. Na cultivar SmoothCayenne, muito suscetível à murcha doabacaxizeiro, as medidas para o controlequímico das cochonilhas e ácaros, usadasno primeiro ciclo, devem ser repetidas nasoca, conforme o grau de infestação. Sãonecessárias pelo menos duas aplicações deinseticida-acaricida, que devem ser efetuadaslogo após a poda das folhas (se o agricultorfizer opção por esta prática) e cerca de trêsa quatro meses mais tarde.

A indução floral é outra prática que, nasoca, não difere daquela usualmente utiliza-da para as plantas do primeiro ciclo, empre-gando-se as mesmas substâncias, concen-trações e modos de aplicação. No entanto,como o desenvolvimento da soca é maisrápido que o das plantas do primeiro ciclo,permite, em geral, a realização do tratamen-to de indução floral de seis a oito mesesapós a colheita da primeira produção, resul-tando em um ciclo de apenas 12 a 14 meses.Muitas vezes, as plantas da soca, originadasa partir de rebentões emitidos antes dacolheita dos frutos do primeiro ciclo, atin-gem mais cedo o porte adequado para arealização da indução floral. Diante disso,pode ser vantajoso fazer a indução floral emduas etapas, separadas por um período nãosuperior a dois meses, levando em conside-ração a escolha da melhor época para acolheita e a comercialização dos frutos.

Embora a produtividade da soca ten-da a ser inferior à do primeiro ciclo, devidoà redução do peso médio e do número defrutos colhidos por hectare, a sua rentabili-dade pode ser similar àquela do primeirociclo, pois o seu custo de produção é tam-bém inferior.

18MANEJODA SOCA(SEGUNDO CICLO)

Domingo Haroldo Reinhardt

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6969Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

A comercialização é a etapa final do processo produtivo.Para a cultura de abacaxi, a

produção pode ser destinada ao mercado innatura, nas vizinhanças da região produtorae nas mais distantes, para a industrializaçãoe exportação de frutas frescas. A produçãobrasileira de abacaxi é, praticamente, todadirigida para o mercado interno de frutasfrescas, que consome cerca de 99% dototal produzido no país.

MERCADO INTERNOMERCADO INTERNO

Para facilitar a comercialização dosfrutos e obter preços mais compensadores,recomenda-se que para o mercado in naturasejam observados os aspectos a seguir:

a) peso mínimo de 1,1 kg, principal-mente na safra. No período de entressafra,frutos de menor peso (de até 800 g) sãotambém aceitos;

b) frutos bem conformados e isentosde machucados;

c) estágio de maturação: considerar otempo necessário entre a colheita e a entre-ga do produto no centro consumidor queengloba as etapas de limpeza dos furtos e desua arrumação no caminhão, de transporte(determinado em função da distância), dedescarregamento do caminhão e de distri-buição do produto no mercado varejista.

Análises de sazonalidade de preçosnas principais Ceasas do Brasil indicamque o período de diminuição de oferta,com elevação dos preços médios, ocorrenos meses de fevereiro a maio. Nos me-ses de junho a outubro, esses preçosestão em torno da média anual, enquantonos meses restantes (novembro a janei-ro), devido ao excesso de oferta do pro-duto, estão abaixo dela.

19 COMERCIALIZAÇÃOJosé da Silva Souza

Carlos Estevão Leite Cardoso

MERCADO EXTERNOMERCADO EXTERNO

Segundo dados da FAO, o mercadomundial de frutas frescas de abacaxi movi-mentou, em 1998, um total de 871 miltoneladas, no valor de 362 milhões de dóla-res. Deste montante, três países, Costa Rica,Côte d’Ivoire e Filipinas, são responsáveispor, aproximadamente, dois terços do co-mércio mundial da fruta in natura. Cerca de60% do mercado de frutas processadas –sucos e produtos enlatados – provêm daTailândia, das Filipinas, da Indonésia e doQuênia. Nesse último mercado, conside-rando a ordem de importância, os valoresdas exportações anuais foram: produtosenlatados (US$ 477 milhões), suco simples(US$ 227 milhões) e suco concentrado(US$ 13 milhões).

A participação brasileira no mercadoexterno de produtos de abacaxi ainda ébastante insignificante, concentrando-se,basicamente, os seus envios para países doCone Sul, sobretudo Argentina e Uruguai.As exportações brasileiras de frutas frescasde abacaxi no período 1980/98 alcançaramum valor médio de US$ 4,778 milhões, paraa quantidade média de 15.712 t/anuais, oque implica um valor médio por toneladade aproximadamente US$ 300. Para o últi-mo ano (1998), as exportações brasileirasforam de 13.002.626 kg, correspondendoao valor de US$ 3.853.644. Quanto aovolume, as participações dos países com-pradores foram: Argentina (92,70%), Uru-guai (5,94%), Países Baixos (1,17%), Esta-dos Unidos (0,14%) e outros (0,05%).

Convém salientar que o Brasil enfren-ta barreiras no mercado internacional,provocadas por tarifas impostas aos nossosprodutos e por restrições fitossanitáriasexistentes nos principais mercados impor-tadores (EUA e União Européia). Além

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção7070

disso, há o problema da falta deespecificações dos nossos produtos paraatender às exigências do mercado externo.Geralmente há preferência por frutos comas seguintes características: variedadeSmooth Cayenne; cor amarela; peso entre1,0 kg a 1,5 kg e que apresentem um míni-mo de 40% de suco. Os principais proble-mas enfrentados no mercado externo defrutas frescas de abacaxi são: frutos decoloração verde; coroa grande demais;

deterioração rápida (ficam marrons pordentro) e fusariose.

O Brasil ainda exporta os processa-dos - produtos enlatados e sucos -, tendocomo principal mercado comprador depreparados e conservas os países do ConeSul. Para os sucos, os principais comprado-res são os Países Baixos, que compram oproduto brasileiro a um preço médio deUS$ 1.000 FOB/tonelada.

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7171Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

A produção econômica de qualquer cultura depende de umasérie de fatores que afeta seu

desempenho e seu retorno financeiro. Avariedade plantada, o espaçamento, o cli-ma, o solo, os tratos culturais, o grau deincidência de pragas e doenças, o preço doproduto e os preços dos fatores de produ-ção merecem especial atenção no planeja-mento da produção. Enfim, é preciso co-nhecer bem o custo de produção e o preçodo produto para que se possam fazer pro-jeções acerca da rentabilidade do empre-endimento. Com o objetivo de analisar arentabilidade da cultura do abacaxi, avalia-ram-se os custos de produção, os rendimen-tos e as receitas esperadas, para os sistemasde plantio em fileiras simples e duplas.

SISTEMA DE PRODUÇÃO EMSISTEMA DE PRODUÇÃO EMFILEIRAS SIMPLESFILEIRAS SIMPLES

Os custos de produção estão relacio-nados com o sistema de produção utilizadopelos produtores, em função do maior oumenor uso de insumos e tecnologias. NaTabela 11, são apresentados os custos deprodução de um hectare de abacaxi emfileiras simples, no espaçamento de 0,80 m x0,30 m (41.666 plantas).

Conforme pode ser observado, oscustos com os insumos são os maiores,representando 52,26%, seguidos dos cus-tos de irrigação (21,12%), enquanto que opreparo do solo, os tratos culturais/fitossanitários e a colheita representam11,88%, 9,91% e 4,82%, respectivamente.O custo total deste sistema de produção deabacaxi é de US$ 3.990,93, o que indica autilização de um montante considerável de

capital, reforçando a necessidade de traba-lhar com a cultura de forma consciente eprofissional.

Com base nas 41.666 plantas/ha e pre-vendo uma perda em torno de 20% durantea condução da cultura, devido à incidênciade pragas e doenças, e de falhas noflorescimento, espera-se uma colheita de33.330 frutos, sendo 70% (23.330) de frutosde primeira e 30% (10.000) de segunda.

Para a estimativa das receitas, conside-rou-se o preço médio de US$ 0,21/fruto,para frutos de primeira, enquanto o desegunda teve preço de US$ 0,11. Ressalta-se que esses preços refletem uma médiaanual, entretanto, considerando a sazonali-dade da oferta, podem oscilar para valoresentre US$ 0,37 e US$ 0,16 (para frutos deprimeira e segunda, respectivamente) naentressafra, enquanto que na safra atingemmenores preços, entre US$ 0,16 e US$ 0,08.

A receita global estimada para estesistema de produção, com base nos núme-ros utilizados, é de US$ 5.999,30. Descon-tando-se o custo total, tem-se uma margembruta de R$ 2.008,37/ha/ciclo, resultandonuma relação benefício/custo de 1,50, sig-nificando que, para cada dólar investido,retornam US$ 1,50 brutos, ou US$ 0,50líquidos.

SISTEMA DE PRODUÇÃO EMSISTEMA DE PRODUÇÃO EMFILEIRAS DUPLASFILEIRAS DUPLAS

Os custos de produção de um hectarede abacaxi em fileiras duplas, noespaçamento de 0,90 m x 0,40 m x 0,30 m(51.280 plantas), são apresentados na Tabe-la 12. Observa-se que esses custos são

20 CUSTOS DEPRODUÇÃO ERECEITAS ESPERADAS

José da Silva SouzaCarlos Estevão Leite Cardoso

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção7272

15,51% superiores ao sistema de plantio emfileiras simples.

O custo total deste sistema de produ-ção de abacaxi é de US$4.609,75, distribu-ídos da seguinte forma: 55,46% parainsumos, 18,29% para os custos de irriga-ção e 11,74%, 9,47% e 5,04%, para o prepa-ro do solo, tratos culturais/fitossanitáriose colheita, respectivamente.

Considerando a densidade de 51.280plantas/ha e prevendo as perdas no proces-so produtivo, espera-se a colheita de 41.000frutos, sendo 28.700 frutos de primeira(70%) e 12.300 de segunda (30%).

Para os mesmos preços de frutos con-siderados no sistema de produção anterior,

foi calculado o valor da produção (US$7.380,00), sendo que os frutos de primeiraparticiparam com o montante de US$6.027,00, enquanto que os de segunda con-tribuíram com US$1.353,00. Descontado ocusto total, obtém-se uma margem bruta deUS$ 2.770,25/ha/ciclo, resultando numarelação benefício/custo de 1,60, indicandoque para cada real investido, retornam US$1,60 brutos, ou US$0,60 líquidos.

Os preços dos frutos na entressafratêm sido bem mais compensadores, obser-vando-se, nos últimos anos, uma tendênciade deslocamento da produção para aqueleperíodo, o que tem concorrido para reduziras diferenças de preços entre a produção nasafra e na entressafra.

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7373Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção

Tabela 11.Tabela 11. Custo de produção e receita de um hectare de abacaxi, no espaçamento de 0,80 m x0,30 m (41.666 plantas).

* Refere-se à recomendação máxima para P e média para K, podendo ser alterada conforme os resultados da análise dosolo.** Estimativa feita com base em duas aplicações; em condições de solo e clima muito favoráveis à incidência de doenças,poderá haver a necessidade de quantidades maiores.*** Estimativa feita considerando o uso de Ethrel; havendo opção por carbureto de cálcio os valores serão alterados.**** Quando não forem utilizados herbicidas, o número de capinas manuais deve ser estimado em 10 (dez).***** Considerando o custo do investimento (vida útil do equipamento de 10 anos) e os custos variáveis (energia elétricae mão-de-obra).

Especificação Unidade QuantidadePreço

Por UnidadeValor US$

1 . Insumos

Mudas Mil 46 21,28 978,88

Uréia kg 750 0,16 120,00

Superfosfato simples* kg 450 0,18 81,00

Cloreto de potássio* kg 550 0,24 132,00

Calcário dolomítico t 2 33,51 67,02

Adubo foliar com micronutrientes l 6,5 12,23 79,50

Herbicida l 5 8,88 44,40

Inseticida l 10,5 7,71 80,96

Fungicida** kg 6,5 18,62 121,03

Formicida kg 3 2,49 7,47

Indutor floral*** l 2 21,28 42,56

Jornal kg 140 0,16 22,40

Grampos caixa 4 1,38 5,52

Subtotal --------------------------------------------------------------- 1.782,73

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 52,26

2 . Preparo do solo, adubação e plantio

Desmate/destoca h/tr 7 9,57 66,99

Catação de tocos/raízes D/H 8 3,19 25,52

Aração h/tr 3 9,57 28,71

Calagem h/tr 2 9,57 19,14

Gradagem (02) h/tr 4 9,57 38,28

Aplicação de adubos (06) D/H 24 3,19 76,56

Seleção de mudas D/H 19 3,19 60,61

Tratamento de mudas D/H 6 3,19 19,14

Marcação, coveamento e plantio D/H 22 3,19 70,18

Subtotal --------------------------------------------------------------- 405,13

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 11,88

3 . Tratos culturais e fitossanitários

Aplicação de herbicida D/H 3 3,19 9,57

Capinas manuais (04)**** D/H 40 3,19 127,60

Amontoa (04) D/H 16 3,19 51,04

Aplicação de defensivos (05) D/H 16 3,19 51,04

Aplicação de indutor floral D/H 7 3,19 22,33

Cobertura dos frutos D/H 24 3,19 76,56

Subtotal --------------------------------------------------------------- 338,14

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 9,91

4 . Irrigação

Irrigação***** ciclo 1 720,49 720,49

Subtotal --------------------------------------------------------------- 720,49

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 21,12

5 . Colheita e transporte

Colheita D/H 41 3,19 130,79

Transportes diversos (1% dos custos anteriores) - - - 33,77

Subtotal --------------------------------------------------------------- 164,56

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 4,82

Custo operacional efetivoPercentual totalEncargos financeirosCusto operacional total

3.411,05100,00579,88

3.990,93

Produção esperada: 33.330 frutos ---------------------------- Frutos de 1ª.: 23.330 -------------------------------- Frutos de 2ª.: 10.000Receita total --------------------------------- Frutos de 1ª US$.: 0,21 ---------------------------------e 2ª US$.: 0,11 ----------5.999,30Receita líquida: 2.008,37

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Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduçãoAbacaxi Produção7474

Tabela 12 .Tabela 12 . Custo de produção e receita de um hectare de abacaxi, no espaçamento de 0,90 m x0,40 m x 0,30 m (51.280 plantas).

* Refere-se à recomendação máxima para P e média para K, podendo ser alterada conforme os resultados da análise dosolo.** Estimativa feita com base em duas aplicações; em condições de solo e clima muito favoráveis à incidência de doenças,poderá haver a necessidade de quantidades maiores.*** Estimativa feita considerando o uso de Ethrel; havendo opção por carbureto de cálcio os valores serão alterados.**** Quando não forem utilizados herbicidas, o número de capinas manuais deve ser estimado em 10 (dez).***** Considerando o custo do investimento (vida útil do equipamento de 10 anos) e os custos variáveis (energia elétricae mão-de-obra).

Especificação Unidade Quantidade Preço por unidadeValorUS$

1 . INSUMOS

Mudas mil 57 21,28 1.212,96

Uréia kg 950 0,16 152,00

Superfosfato simples* kg 550 0,18 99,00

Cloreto de potássio* kg 700 0,24 168,00

Calcário dolomítico t 2 33,51 67,02

Adubo foliar com micronutrientes l 8 12,23 97,84

Herbicida l 5 8,88 44,40

Inseticida l 13 7,71 100,23

Fungicida** kg 8 18,62 148,96

Formicida kg 3 2,49 7,47

Indutor floral*** l 2,5 21,28 53,20

Jornal kg 170 0,16 27,20

Grampos caixa 5 1,38 6,90

Subtotal --------------------------------------------------------------- 2.185,18

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 55,46

2 . Preparo do solo, adubação e plantio

Desmate/destoca h/tr 7 9,57 66,99

Catação de tocos/raízes D/H 8 3,19 25,52

Aração h/tr 3 9,57 28,71

Calagem h/tr 2 9,57 19,14

Gradagem (02) h/tr 4 9,57 38,28

Aplicação de adubos (06) D/H 30 3,19 95,70

Seleção de mudas D/H 24 3,19 76,56

Tratamento de mudas D/H 8 3,19 25,52

Marcação, coveamento e plantio D/H 27 3,19 86,13

Subtotal --------------------------------------------------------------- 462,55

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 11,74

3 . Tratos culturais e fitossanitários

Aplicação de herbicida D/H 3 3,19 9,57

Capinas manuais (04)**** D/H 40 3,19 127,60

Amontoa (04) D/H 16 3,19 51,04

Aplicação de defensivos (05) D/H 20 3,19 63,80

Aplicação de indutor floral D/H 8 3,19 25,52

Cobertura dos frutos D/H 30 3,19 95,70

Subtotal --------------------------------------------------------------- 373,23

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 9,47

4 . Irrigação

Irrigação***** ciclo 1 720,49 720,49

Subtotal --------------------------------------------------------------- 720,49

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 18,29

5 . Colheita e transporte

Colheita D/H 50 3,19 159,50

Transportes diversos (1% dos custos anteriores) - - - 39,01

Subtotal --------------------------------------------------------------- 198,51

Participação percentual --------------------------------------------------------------- 5,04

Custo operacional efetivoPercentual totalEncargos financeirosCusto operacional total

3.939,96100,00669,79

4.609,75

Produção esperada: 41.000 frutos ---------------------------- Frutos de 1ª.: 28.700 -------------------------------- Frutos de 2ª.: 12.300Receita total --------------------------------------- Frutos de 1ª US$.: 0,21 ------ -------Frutos de 2ª US$.: 0,11 -------------- 7.380,00Receita líquida--------- 2.770,25

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República Federativa do Brasil

PresidenteFernando Henrique Cardoso

Ministério da Agricultura e do Abastecimento

MinistroMarcus Vinicius Pratini de Moraes

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Diretor-PresidenteAlberto Duque Portugal

Diretores-ExecutivosElza Angela Battagia Brito da CunhaDante Daniel Giacomelli ScolariJosé Roberto Rodrigues Peres

Embrapa Mandioca e Fruticultura

Chefe-GeralSizernando Luiz de Oliveira

Chefe-Adjunto de Comunicação, Negócios e ApoioJosé Eduardo Borges de Carvalho

Chefe-Adjunto de Pesquisa e DesenvolvimentoDomingo Haroldo Rudolfo Conrado Reinhardt

Chefe-Adjunto de AdministraçãoAlberto Duarte Vilarinhos

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MinistroMartus Tavares