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LOGÍSTICA REVERSA: UMA ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PARA REUSO
NA EMPRESA
Área temática: Logística
Aline Silveira
Jaqueline Moura
Resumo: Nos dias atuais, a crescente preocupação mundial em relação ao meio ambiente tem trazido às
organizações, dos mais diversos segmentos, a necessidade de incluírem em suas estratégias medidas que visem, dentre
outras, a preservação dos recursos naturais como forma de minimizarem os impactos inerentes as suas atividades,
além de ser um artifício para manter a competitividade. Por isso, decidiu-se estudar a Logística Reversa, a partir da
formação de uma pesquisa de característica exploratória, para mostrar o panorama da empresa ABC, percebido pelos
seus funcionários administrativos. Após esta pesquisa e suas constatações, com a obtenção da visão desses
funcionários a respeito do processo como um todo e sob vários aspectos, viabilizou-se chegar a resultados em que
coube a sugestão de melhorias para a empresa ABC.
Palavras-chaves: Logística Reversa. Meio Ambiente. Competitividade
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
A preocupação com a degradação do meio ambiente é assunto abordado constantemente no mundo inteiro
e isso tem, inevitavelmente, sido motivo de preocupação das empresas interessadas em ter cada dia mais
competitividade. Por este motivo, assuntos relacionados à Logística Reversa vêm sendo abordados com
maior freqüência, podendo esta ser grande aliada na busca de redução dos impactos ambientais, assim
como para a redução de custos nos processos, quando considerado o reuso de materiais como insumo e
matéria prima, evitando a utilização de matéria prima virgem. Leite (2009) afirma que:
“As economias nos canais de reciclagem provêm da substituição das matérias-
primas virgens por matérias-primas secundárias ou recicladas, que normalmente
apresentam preços menores e exigem menores quantidades de insumos energéticos
para sua fabricação.” (LEITE, 2009, p. 107).
Existe um vasto campo na área de abrangência do mercado petrolífero para se disseminar e formar a
cultura de preocupação com o estado do meio ambiente, pois, com a formulação de leis que devem ser
obedecidas com rigor pelas empresas, estas se vêem obrigadas a cumprirem-nas, logo, os seus
funcionários precisam estar alinhados aos processos adotados pelas empresas para a preservação do meio
ambiente e ainda podem levar para seus lares as boas práticas assumidas no ambiente de trabalho.
Ou seja, a Logística Reversa não precisa ser necessariamente encarada como um assunto de cunho
estritamente empresarial, é um assunto a ser tratado em casa, na rua, com os vizinhos, enfim, com todas
as pessoas próximas, e por isso também a importância e vastidão deste tema.
Considerando a importância da preservação do meio ambiente como forma básica da continuidade da
existência humana, é normal que venha ao pensamento das pessoas o elemento “água”, sem a qual não
podemos sobreviver. Existem muitos países que não possuem a quantidade de água que o Brasil possui,
logo, pode-se dizer que o Brasil é um país privilegiado e, no entanto, é provável que justamente por esse
motivo, os brasileiros não dão valor a esse bem tão precioso, em função de sua abundância. Apesar de
inúmeros noticiários e pesquisas sobre as secas nas regiões mais áridas ou sobre acidentes ambientais que
ocasionam poluição das águas, o país é considerado “ainda” detentor de um volume considerável de água
potável.
Mas, aos poucos a realidade tem se mostrado a cada momento, pois, a exemplo da cidade de Macaé, onde
o aumento da população foi imenso, como já foi dito, o índice de falta de água é altíssimo e as pessoas
tem sentido na pele a falta que este recurso faz, sendo motivo de constantes reclamações destes
moradores, bem como dos visitantes deste município.
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É por este e tantos outros motivos que se torna urgente a necessidade em se desenvolver cada vez mais
atividades como as que abrangem a Logística Reversa, para mudar e quem sabe até reverter a situação já
considerada calamitosa em que se encontra a cidade, no que tange aos recursos naturais.
Sendo assim, o objetivo deste estudo é identificar, na empresa de transporte rodoviário de passageiros
ABC, localizada no município de Macaé, o nível de conhecimento de seus funcionários administrativos
sobre os benefícios do reaproveitamento da água e quais importâncias esta medida reflete ao meio
ambiente desta cidade, contribuindo também, para a ampliação do entendimento sobre a logística reversa.
E, para alcançar o objetivo proposto, fez-se uso do método inicialmente observacional seguido de uma
pesquisa exploratória do tipo levantamento de dados, por tornar conhecida a percepção dos funcionários
do setor administrativo da empresa ABC, além de também se mostrar descritiva, pois a primeira parte do
questionário é destinada a apresentar o perfil desses respondentes, com três perguntas abertas e três
perguntas fechadas. Gil (1994) apud Lins (2010, p. 37) define que “este tipo de pesquisa tem como
objetivo proporcionar familiaridade com o problema com vistas a torná-lo, mais explícito ou a construir
hipótese, com foco no aprimoramento de idéias ou a descoberta da intuição.” Já a segunda parte do
questionário constitui inteiramente de vinte e cinco questões fechadas, de múltipla escolha, nas quais são
subdivididas em três partes, sendo nove questões sobre o Conhecimento do Processo, sete questões sobre
Meio Ambiente e nove questões abordando a percepção sobre Logística Reversa.
2. Referencial
Atualmente, as empresas incluem em suas estratégias ações de proteção ao meio ambiente, pressionadas
por demandas sociais e legislações ambientais, para manterem a competitividade. Miles e Munilla (1995)
apud Leite (2009, p. 128) apontam que: “Em ambientes de crescente percepção dos possíveis danos que
produtos e processos produzem no meio ambiente, é fundamental conservar sua imagem corporativa,
mesmo quando não existe perigo iminente de risco ecológico grave.” Percebe-se então que o equilíbrio
ecológico tem sido a preocupação e alvo dos olhares da sociedade atual, no âmbito mundial e,
conseqüentemente, existem novos fatores que contribuem para o estímulo à Logística Reversa, que são a
sensibilidade ecológica e sustentabilidade ambiental.
Para satisfazer as necessidades dos consumidores, as empresas segmentam ao máximo os seus produtos, a
fim de alcançarem o maior número de clientes, produzindo então um exorbitante volume de produtos
extremamente variados, visando satisfazer a todos os segmentos almejados. Em meio à concorrência
acirrada, as empresas buscam introduzir produtos inéditos e mais sofisticados, para impressionarem os
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seus clientes e ainda conquistarem clientes de suas concorrentes. Com isso, o crescimento de produtos
introduzidos no mercado é constante, assim como a diminuição do seu tempo de vida útil. “A tendência à
descartabilidade acentua-se como uma realidade em nossos dias!” (LEITE, 2009 p.14). Abaixo é
apresentada a figura 1, que permite identificar o ciclo de vida dos produtos e a redução do ciclo de vida.
Figura 1 – Elementos Básicos da Logística
Fonte: Novaes (2001) apud Naves (2007, p. 12). Disponível em: <
http://www.conab.gov.br/conabweb/download/nupin/tese_ivo.pdf> Acesso em 23 de maio de 2011.
Figueiredo, Fleury e Wanke (2006, p. 74) consideram que, para que a Logística assuma um papel
relevante na criação de vantagem competitiva em cadeias de suprimentos, suas principais decisões devem
ser articuladas ao longo do tempo, permitindo o desenvolvimento de padrões de decisão coerentes com as
características do negócio.
Ou seja, nem sempre uma decisão bem sucedida para determinada empresa, pode ser a melhor decisão
para outra, mesmo que atuem no mesmo ramo, pois, cada empresa possui sua particularidade, logo,
haverá sempre um diferencial que irá determinar a melhor opção em logística, conforme a necessidade de
cada empresa.
Para Filho (2008, p. 44) apud Souza (2009, p. 17) “a logística somente satisfaz necessidades dos clientes
e, como conseqüência, as necessidades da empresa em termos de lucratividade e rentabilidade, se
conseguir entregar seus produtos.”
Novaes (2007, p. 47) ainda acrescenta que: “A Logística passou então a ser usada como elemento
diferenciador, de cunho estratégico, na busca de maiores fatias de mercado. As razões básicas para isso
são a globalização e a competição cada vez mais acirrada entre as empresas.”
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A figura 2, abaixo apresentada, mostra as áreas operacionais de atuação da logística empresarial atual.
Figura 2 – Áreas de atuação da logística empresarial
Fonte: Leite (2009, p. 4)
Com base em todos os conceitos abordados neste artigo, pode-se entender que a logística é fundamental
para as organizações, e já não se pode mais conviver em âmbito empresarial sem entender a sua
importância, pois ela engloba todas as atividades que são responsáveis por gerar competitividade,
agregando cada vez mais valor às empresas, trazendo uma imagem positiva perante aos acionistas,
empregados e clientes.
“Existem três tipos de empresas: as que fazem as coisas acontecerem, as que ficam observando o que
acontece e as que ficam se perguntando o que aconteceu.” (ANÔNIMO, apud KOTLER, 1999, p. 15)
Em virtude da crescente exigência do mercado consumidor, percebe-se que nas últimas décadas as
empresas passaram a elaborar produtos cada vez mais específicos em suas características, sendo clara a
diferença que observamos entre a quantidade oferecida de um determinado produto de uma categoria hoje
e a quantidade oferecida há décadas atrás.
Para satisfazer as necessidades dos consumidores, as empresas segmentam ao máximo os seus produtos, a
fim de alcançarem o maior número de clientes, produzindo então um exorbitante volume de produtos
extremamente variados, para conseguirem satisfazer a todos os segmentos almejados. Em meio à
concorrência acirrada, as empresas buscam a introdução de produtos inéditos e mais sofisticados, no
intuito de impressionarem os seus clientes e ainda conquistarem clientes de suas concorrentes. Com isso,
o crescimento de produtos introduzidos no mercado é constante, assim como a diminuição do seu tempo
de vida útil.
“A tendência à descartabilidade acentua-se como uma realidade em nossos dias!” (LEITE, 2009 p.14).
Essa tendência à descartabilidade e diminuição do tempo de vida útil dos produtos pode ser visualizada
através da figura 3, a seguir:
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Figura 3 – Descartabilidade crescente dos produtos
Fonte: Leite (2009, p. 44)
Novaes (2007, p. 53) afirma que: “A Logística reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos
pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com objetivo de recapturar valor ou
disposição final.”
A figura 4, abaixo, mostra a área de atuação da logística reversa e suas etapas:
Figura 4 – Logística reversa – área de atuação e etapas reversas
Fonte: Leite (2002) apud Leite (2009, p. 19)
Para CLM (1993, p. 323) apud Leite (2009, p. 16): “Logística reversa é um amplo termo relacionado às
habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos
de produtos e embalagens…” (Tradução livre do autor)
Leite (2009, p. 17) aborda a definição dada para logística empresarial pelo Council of Supply Chain
Management Profissionals1, apontando que: “Logística empresarial é a parte do Supply Chain
Management que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo direto e reverso, a estocagem
1 Council of Supply Chain Management Professionals – Conselho dos Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos.
(Tradução própria).
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de bens, serviços e as informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo, no sentido
de satisfazer as necessidades do cliente.” (CSCMP, 2006).
Logo, percebe-se que a Logística reversa tem sido vista pelos autores como parte intrínseca à própria
Logística empresarial, onde o grau de prioridade é o mesmo tanto para o controle do fluxo direto quanto
para o reverso das atividades logísticas, sendo primordiais na satisfação dos clientes e sucesso das
empresas.
Brito e Dekker (2002) apud Valente (2009) citam três forças que determinam as causas pelas quais as
empresas buscam o retorno dos produtos, por meio de logística reversa:
a) Econômicas: que são todas as ações de estorno que as empresas usam para obter
benefícios econômicos diretos e/ou indiretamente;
b) Legislativas: que são circunstâncias que obrigam companhias a recuperar seus
produtos ao final da vida útil ou aceitá-lo de volta;
c) Relativa à responsabilidade Social: que está ligada a um conjunto de valores e
princípios que empresas e organizações atendem para tornarem verdadeiros
engajados à Logística Reversa. (MUELLER, BRITO e DEKKER, 2002 apud
VALENTE, 2009, p. 30-31).
Com base nas abordagens imediatamente anteriores, percebe-se que quando uma empresa demonstra
“preocupação” com as questões ambientais, ela é vista de maneira muito positiva pelos clientes e
sociedade, e com isso aumenta a fidelidade de seus clientes e potencializa o crescimento do seu público
alvo, alcançando novos clientes. Sendo este um dos alvos a serem alcançados pelas empresas, elas
utilizam também a logística reversa como grande parceira que auxilia consideravelmente no cumprimento
desses objetivos estratégicos.
A decisão pela implantação da logística reversa deve ser entendida pelas empresas como uma forma de
administrar estrategicamente, e isto implica em construir uma visão ampla a respeito desta decisão, pois,
conforme abordado neste tópico, a implementação da logística reversa contempla diversos objetivos, bem
como, motivações.
Segundo Slack, Chambers e Johnston (2008):
Estratégia é quando a empresa toma decisões que a comprometem com um
conjunto particular de ações (...) é mais do que uma só decisão, é o padrão global de
decisões e ações que posicionam a organização em um ambiente e tem o objetivo
de fazê-la atingir seus objetivos de longo prazo. (SLACK, CHAMBERS e
JOHNSTON, 2008, p. 87).
Certo et al. (2005, p. 3 e 4) definem administração estratégica como “um processo contínuo e interativo
que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente” e
acrescentam que o processo “inicia-se fora da organização e desdobra-se dentro dela.”
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Com isso, percebe-se que, para as empresas implantarem as estratégias pretendidas, elas precisam sofrer
mudanças que nem sempre partem de dentro da própria empresa, mas sim, partem muitas vezes de fatores
externos que influenciam diretamente nos negócios, como as próprias legislações, concorrência, avanços
tecnológicos, visão perante aos clientes, entre outros, como já mencionados anteriormente.
Para Luecke (2009, p. 140), esse processo de mudança, a implantação de uma nova estratégia, não deve
ser encarado como algo mecânico, que se limita a desenvolver um plano de ação. O autor considera as
pessoas parte importante da implantação, pois acredita que aproveitar a energia das pessoas e o seu
compromisso com a mudança “costuma ser o maior desafio da gerência.”
Certo et al. (2005, p. 6 e 7) acrescentam que “a administração estratégica pode levar os membros da
organização a se comprometerem com a realização de metas organizacionais” e enxergam isto como uma
vantagem que uma organização pode obter praticando administração estratégica.
Luecke (2009, p. 144) complementa que um fator importante na implantação de uma estratégia é a
capacitação das pessoas envolvidas. Ele aborda a necessidade da organização desenvolver “uma estrutura
de capacitação” que, segundo ele, são: “atividades e programas que escoram a implementação bem
sucedida e são uma parte fundamental do plano geral.” Essas estruturas, segundo ele, contemplam
“programas pilotos, treinamento e sistema de recompensa.”
Ainda seguindo a visão de Luecke (2009, p. 93), as empresas precisam alinhar suas metas estratégicas “às
muitas coisas grandes e pequenas que constituem o modo como a empresa opera”. Ou seja, tudo o que
envolve o funcionamento da empresa como um todo. Ele ainda afirma que: “As empresas que deixam de
realizar o alinhamento não conseguem os resultados que procuram.”
Sendo assim, percebe-se que as lideranças das empresas devem participar todo o pessoal a respeito das
estratégias a serem implementadas, para obterem mais benefícios e o maior dos benefícios adquiridos
pelas empresas com a prática da administração estratégica, de acordo com Certo et al. (2005), talvez seja:
“a tendência a aumentar seus níveis de lucro.” O mesmo autor ainda acredita que:
Embora estudos anteriores tenham concluído que o aumento da lucratividade
normalmente não acompanha a aplicação da administração estratégica, um número
significativo de pesquisas recentes sugere que um eficiente e efetivo sistema de
administração estratégica pode aumentar a lucratividade. (CERTO et. al., 2005, p.
5).
Considerando então a logística reversa como uma estratégia aplicada as empresas também com o objetivo
de obter lucratividade, Leite (2009) afirma que:
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O objetivo econômico da implementação da logística reversa pode ser entendido
como a motivação para obtenção de resultados financeiros por meio de economias
obtidas nas operações industriais, principalmente pelo aproveitamento de
componentes ou matérias-primas (...) de revalorização mercadológica nos canais
reversos de reuso. (LEITE, 2009, p. 102).
Leite (2009, p. 107) ainda acrescenta que: “os fatores puramente econômicos, como, aliás, em qualquer
outra atividade, são importantes molas-mestras para a implementação da logística reversa.”
Luecke (2009, p. 168) conclui que “os índices de lucratividade – em particular o retorno sobre os ativos,
retorno sobre o patrimônio e margem operacional – são indicadores valiosos da eficácia da estratégia e de
sua implementação.”
Aliada ao objetivo de buscar lucratividade segue a “visão ecológica”, onde as empresas buscam de forma
também estratégica mostrar, principalmente aos seus investidores, que possuem responsabilidade
empresarial com o meio ambiente. A respeito disso, Leite (2009, p. 123) afirma que “Os acionistas de
empresas ou de fundos de investimentos em ações têm procurado investir em empresas consideradas
éticas em suas relações com a sociedade e o meio ambiente.”
É comum essa tendência dos investidores preocuparem-se com as questões ambientais, haja vista serem
um dos públicos de interesse, ou stakeholders2, das empresas e a visão das pessoas como um todo estar
mudando em relação essas questões.
Partindo desse princípio, e novamente considerando a implantação de logística reversa como uma
estratégia empresarial, Leite (2009, p. 128) afirma que: “As novas condições de sensibilidade ambiental
se refletirão em novos posicionamentos estratégicos nas organizações, por instinto de conservação ou
voluntarioso espírito proativo.”
Atualmente tem-se ouvido muito falar no termo “sustentabilidade”, onde, no meio empresarial, a
premissa é que as empresas priorizem o desenvolvimento sustentável, a fim de, principalmente, preservar
os recursos naturais para as gerações futuras, dadas as necessidades humanas.
Quanto aos recursos naturais, segundo Vasconcelos e Garcia (2004, p. 2) a escassez desses recursos, além
de ser objeto de estudo da economia, é o que ditará o valor e, conseqüentemente, a forma como a
organização irá administrá-los. O autor ainda cita que a escassez é decorrente de um problema: “recursos
limitados, contrapondo-se a necessidades ilimitadas.”
2 Segundo o PMBOK 2006 - Terceira Edição, apud Henrique (2010, p. 8), stakeholders são as partes interessadas que podem
ser influenciadas pelo projeto.
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Com essa abordagem, o autor ressalta as questões de que as necessidades humanas são ilimitadas
enquanto os recursos são limitados e isto ocorre de forma semelhante nas empresas, uma vez que estas
trabalham de forma a satisfazerem as necessidades de seus clientes.
Vasconcelos e Garcia (2004, p. 324) ainda acrescentam sobre os efeitos colaterais negativos nas
economias industrializadas, dentre esses efeitos eles citam que: “A contaminação do meio ambiente
converte-se em parte do cotidiano.”
Com este conceito, afirma-se a necessidade e conseqüente tendência das empresas em se desenvolverem
de forma “sustentável”.
Segundo Slack (2008, p. 698), sustentabilidade significa “atuar na redução ou pelo menos na estabilização
da carga ambiental.” Significa que, o equilíbrio ambiental só pode ser atingido com “a redução do
tamanho da população, com a diminuição do nível de afluência (medida apropriada para consumo) ou
com a utilização de tecnologia.” O autor descarta a possibilidade de duas dessas alternativas, colocando
como única viável a utilização de tecnologia, e a esse respeito ele cita que o único fator que podemos
mudar é “a maneira como criamos produtos e serviços.”
Para Barbieri (2007, p. 115), “uma empresa sustentável seria aquela que cria valor de longo prazo aos
acionistas ou proprietários e contribui para a solução dos problemas ambientais e sociais.”
Considerando a tecnologia como elemento crucial para a implantação da logística reversa, Leite (2009, p.
154) aponta que uma das condições básicas para a ocorrência de logística reversa é “a existência de
tecnologia adequada e economicamente viável.” Esta concepção reafirma que as empresas devem obter o
retorno pelo investimento feito em tecnologia, na implantação de suas estratégias, como a do caso
estudado, a logística reversa.
Logo, a existência da tecnologia deverá ocorrer em todas as fases, desde o projeto do produto original até
a reintegração do produto “meio” ao novo ciclo produtivo. (LEITE, 2009, p. 154).
De acordo com a visão de Barbieri (2007, p. 86), “No longo prazo, a educação ambiental e o
desenvolvimento científico e tecnológico deverão dar as melhores contribuições para a melhoria das
práticas empresariais.” Logo, esta percepção nos conduz à idéia de que os avanços tecnológicos
possibilitarão a criação de novos processos e produtos que potencializem continuamente a eficiência do
ciclo produtivo, preservando ao máximos os recursos naturais.
A tecnologia apresenta-se como fator tão determinante, no que tange a estratégia de uma empresa, que
Luecke (2009, p. 168) encerra seu livro afirmando, dentre outros, que: “Os sinais de alerta de que é hora
de reexaminar sua estratégia incluem o aparecimento de novos concorrentes e de uma nova tecnologia.”
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Outro fator igualmente importante na implantação da logística reversa, enquanto estratégia empresarial, é
o foco nos objetivos legais, onde May, Lustosa e Vinha (2003, p. 139) dizem que: “A política ambiental3
é necessária para induzir ou forçar os agentes econômicos a adotarem posturas e procedimentos menos
agressivos ao meio ambiente, ou seja, reduzir a quantidade de poluentes lançados no ambiente e
minimizar a depleção dos recursos naturais.”
Logo, tendo-se a implantação da logística reversa como estratégia, as empresas devem ter estar atentas a
uma visão ampliada em relação aos seus processos, ou seja, unir todos os “elos”, considerando que, para
manter a competitividade, todos os fatores ligados direta ou indiretamente as suas atividades (como os
citados: tecnologia, objetivos econômicos e legais, etc...) devem caminhar conjuntamente.
Atualmente percebe-se que ainda há muita falta de atenção e interesse insuficiente na cultura de
reciclagem de resíduos, para transformá-los em insumos. (BALLOU, 2009 p. 385)
No entanto, ainda segundo Ballou (2009 p. 385), este problema pode ser considerado de curto prazo, pois
podemos esperar que a economia com reciclagem torne-se mais favorável e que a logística, juntamente
com a tecnologia, estejam intimamente empenhadas na criação de novos e eficazes meios de sua
resolução.
Como visto anteriormente, hoje em dia as empresas incluem em suas estratégias ações de proteção ao
meio ambiente, pressionadas por demandas sociais e legislações ambientais, para manterem a
competitividade.
Quanto as demandas sociais, nota-se que a população como um todo está ficando mais consciente em
relação ao desperdício, ao aumento da quantidade de lixo em geral, e a escassez de matéria-prima
original, resultando em maior custo para o produto final. (BALLOU, 2009 p. 384).
Miles e Munilla (1995, p. 23) apud Leite (2009, p. 128) acrescentam que: “Em ambientes de crescente
percepção dos possíveis danos que produtos e processos produzem no meio ambiente, é fundamental
conservar sua imagem corporativa, mesmo quando não existe perigo iminente de risco ecológico grave.”
Percebe-se então que o equilíbrio ecológico tem sido a preocupação e alvo dos olhares da sociedade atual,
no âmbito mundial. Como já visto, existem novos fatores que contribuem para o estímulo à Logística
reversa, que são a sensibilidade ecológica e sustentabilidade ambiental.
Além disso, com a exigência do mercado cada vez mais intensa, as empresas se vêem obrigadas a se
enquadrarem a essas normas, buscando a certificação. A norma ISO 14000, segue a linha da série ISO
3 Para Little (2003 p. 18), as políticas ambientais são: “aquelas políticas públicas que procuram garantir a existência de um
meio ambiente de boa qualidade para todos os cidadãos do país.” Já a ABNT (2004, definição 3.10) apud Barbieri (2007, p. 170) define que: “é uma declaração da organização expondo suas intenções e princípios gerais em relação a seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais.”
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9000, sendo hoje uma grande exigência nesse mercado, principalmente quando a empresa atua com
produtos altamente poluidores, que ofereçam riscos ao meio ambiente. Contudo, a norma ISO 14000 pode
ser aplicada a qualquer atividade econômica, pois, conforme abordado por Robles Jr e Bonelli (2006):
A ISO 14000 oferece diretrizes para o desenvolvimento e implementação de
princípios e sistemas de gestão ambiental, bem como sua coordenação com outros
sistemas gerenciais, podendo ser aplicáveis a qualquer organização, independente
do tamanho, tipo ou nível de maturidade (...)
O objetivo geral da ISO 14000 é fornecer assistência para as organizações na
implantação ou no aprimoramento de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Ela é considerada como a meta de ‘Desenvolvimento Sustentável’ e é compatível
com diferentes estruturas culturais, sociais e organizacionais. (ROBLES JR. E
BONELLI, 2006, p. 30).
Seguindo ainda o raciocínio de Robles Jr e Bonelli (2006, p. 30), existem dois fatores que estimulam as
empresas a buscarem a certificação: um é a “possibilidade de aumentar suas vendas” e outro é a
“oportunidade repensar seus processos internos” e, como resultado, identificar as falhas, pois muitas
empresas trabalham com perdas em seus processos internos e acabam por se acostumarem com isto,
justamente por falta de uma boa percepção destes processos.
Considerando o objeto desse estudo, a mencionada empresa, apesar de demonstrar interesse e
preocupação na inovação dos seus processos, a mesma ainda não possui certificação na filial em Macaé,
apenas na matriz, em Niterói, Rio de Janeiro. Contudo, de certa forma mostra-se à frente das demais
empresas do mesmo ramo de atividade na região, por ter adotado esse processo de tratamento de água
para reuso nas lavagens de veículos que, à época da implantação, ainda não era obrigatório, mas hoje se
tornou Lei (Lei nº 6034/11).
3. O processo de tratamento de água para reuso
O serviço de estação de tratamento e reuso de água é realizado na empresa ABC por uma empresa
terceirizada e é apoiado por um projeto de construção feito sob medida para cada empresa, sendo de fácil
operação. Toda a água utilizada na área de lavagem segue para um reservatório no qual é homogeneizada
e, em seguida, bombeada para tanques aonde são efetuadas a floculação e decantação. Com a agitação
constante da água, são introduzidos produtos que garantem o tratamento em aproximadamente três horas.
Os resíduos gerados pela Estação são despejados em leitos de secagem para posterior tratamento e
seguem para aterros credenciados pela empresa terceirizada que presta o serviço. Então, a água é filtrada
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e segue para reuso ou descarte. Cabe ressaltar que a empresa contratada garante que todos os produtos
fornecidos por ela e utilizados na lavagem são biodegradáveis, não agridem o meio ambiente e não
atrapalham o bom funcionamento da estação de tratamento de água.
4. Resultados
Conforme abordado anteriormente, a segunda parte do questionário foi segregada em três subgrupos:
Processo, Meio Ambiente e Logística Reversa, conforme abordados a seguir, respectivamente.
Considerando o panorama de todas as questões do subgrupo “Processo” na Tabela 1, abaixo ilustrada,
relacionado ao conhecimento dos funcionários quanto aos motivos que levaram a empresa a adotar o
processo de reutilização da água e confiabilidade do mesmo, percebe-se que: a maioria enxerga com bons
olhos o processo; a empresa ABC buscou disseminar aos funcionários os benefícios trazidos pelo
reaproveitamento da água; a mesma pretende obter ganhos financeiros ao reduzir seus gastos com o
reaproveitamento dos seus recursos; e o cumprimento aos requisitos legais foi uma das motivações para o
investimento em tal processo, contudo, a redução de gastos e conseqüente lucratividade apresentou-se
como o principal motivo.
Tabela 1
Fonte: Própria (2011)
Após a análise dos gráficos do subgrupo “Meio Ambiente”, na Tabela 2, abaixo apresentada, resume-se
que: a maioria dos funcionários diz que recebe da empresa noções relativas à importância da preservação
do meio ambiente; a grande maioria apresenta estar ciente da importância que o tratamento da água para
reutilização na lavagem dos veículos tem em relação à redução dos impactos ambientais no município
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além de concordar que a empresa é social e ambientalmente responsável por adotar o processo de
reutilização da água.
Tabela 2
Fonte: Própria (2011)
Já os gráficos do último subgrupo, “Logística Reversa”, na Tabela 3, a seguir, apontam que: a maioria
absoluta dos funcionários detém um bom entendimento quanto à competitividade empresarial, onde as
organizações precisam renovar seus processos e reaproveitar seus recursos, tendo para isto a Logística
Reversa como grande aliada; a maioria também entende que o processo de reaproveitamento dos recursos
naturais é também um campo de atuação da Logística Reversa; além disto, a maioria percebe que os
funcionários da empresa terceirizada também demonstram ciência sobre o processo de reutilização da
água tratar-se de Logística Reversa; e, a grande maioria concorda que investimentos em Logística
Reversa trazem bom retorno aos investimentos feitos nessa ferramenta.
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Tabela 3
Fonte: Própria (2011)
5. Conclusão
Considerando uma análise global da pesquisa realizada, conclui-se que os objetivos pretendidos foram
devidamente alcançados, pois, percebeu-se que o nível de conhecimento sobre os benefícios do
reaproveitamento da água e quais suas importâncias refletem aos negócios da empresa é relativamente
bom. Inclusive, após a compilação dos dados pesquisados, obteve-se a percepção dos funcionários
administrativos, quanto aos motivos que levaram a empresa a adotar o processo de reciclagem e
reaproveitamento da água em suas atividades, considerando que se trata de uma estratégia administrativa,
onde a maioria aponta que a maior motivação foi a possibilidade de reduzir gastos e, consequentemente,
aumentar os níveis de lucratividade. Além disso, constatou-se que grande parte dos funcionários acredita
que, efetivamente, ocorre o processo de reciclagem da água, ao responderem que os equipamentos são
confiáveis e o pessoal terceirizado apresenta-se devidamente capacitado para operarem o processo.
Enfim, se conseguiu chegar à conclusão de que a grande maioria dos funcionários tende a perceber
vantagens de ordem financeira, ambiental e legislativa, além de melhoria da visão corporativa da
empresa, ao investir em Logística Reversa. Em suma, tornou-se evidente que essa tendência tem sido
concretizada através do exemplo de grandes e bem sucedidas organizações, onde se conclui que as
empresas que investirem em mecanismos e tecnologias que intentem a redução de consumo, bem como
no aperfeiçoamento de seus processos logísticos e melhorias na disseminação de informações intrínsecas
aos seus processos, de modo a envolverem seus funcionários aos seus objetivos estratégicos, terão
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melhores resultados, além de melhorarem a sua imagem perante aos clientes, sociedade, e enfim, a todo o
seu público de influência, os chamados stakeholders.
Para tanto, sugeriu-se à empresa ABC maior fiscalização quanto à qualidade dos serviços prestados pela
empresa terceirizada, pois, à percepção de alguns dos entrevistados, existem inconsistências no processo,
mesmo que em pequenas proporções, mas que não justificam que estas deixem de ser devidamente
tratadas. Além disso, a empresa pode buscar disseminar as informações quanto aos novos processos e
empreendimentos a serem implantados na mesma, considerando que todas as partes de uma organização
devem estar interligadas, com o mesmo objetivo. Ainda, sugere-se à empresa que busque melhorias na
gestão de seus processos, incluindo medição do consumo e custos de recursos inerentes ao funcionamento
da empresa como um todo. Além disto, considerando as minorias discordantes e/ou indiferentes, que não
devem ser ignoradas, propõe-se à empresa maior divulgação das informações relativas à importância da
preservação do meio ambiente, além de explicitar com maior rigidez a intenção de tornar-se uma empresa
cada vez mais social e ambientalmente responsável, melhorando a sua imagem diante dos seus públicos
interessados.
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