livro 61 dias em 1964

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São 61 dias, entre o pré, o Golpe e o pós-Golpe, com abordagens segundo as convicções e conveniências de cada um dos jornalistas protagonistas, com minúcia, isenção, tendência e paixão, num fascínio inebriante.

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  • 1. MANAUS 2014 Organizadora: Patrocnio:

2. COPYRIGHT Mdia Ponto Comm, 2014. 1. EDIO, 2014 Ed. Mdia Ponto Comm Publicidade Ltda - Epp. EDITORA Mdia Ponto Comm Publicidade Ltda - Epp. CAPA E PROJETO GRFICO Anderson Mercs GRFICA REVISO Kleber de Freitas Paiva COLABORADORES Viviane Tavares Marlucia Bentes Costa Martha Macbeth Rocha NORMATIZAO Leiriane Sousa Leal 2014 Mdia Ponto Comm Publicidade Ltda EPP Rua Professor Samuel Benchimol, 477 Anexo 1 Parque 10 de Novembro CEP: 69055-705 / Manaus AM (92) 3236-0001 Tiragem: 1.000 M 627d. 61 dias em 1964: 50 anos do golpe militar / Mdia Ponto Comm (Organizadora). Manaus: Mdia Ponto Comm 2014. 373p. ISBN: 978-85-61540-04-3. 1. Brasil - Histria - Ttulo. CDD (398.358) CDU (94(81)(1964) 3. 7 INTRODUO O Golpe Militar ou Revoluo de 1964, que est completando meio sculo, teve o seu preldio dez anos antes, com o suicdio do presidente Getlio Vargas, em 1954, que aflorou o anseio militar, j indisfarvel, pela deflagrao de um golpe de estado no Brasil. Mesmo assim, apesar de todo um ambiente pr-Golpe, Juscelino Kubitschek (JK) se elegeu presidente do Brasil em 1955, tendo como vice Joo Goulart. Nos primeiros anos do governo JK, houve tentativa de golpe por parte da UDN partido de oposio e dos militares. Entretanto, o presidente foi gil: ps em ao o Plano de Metas e a construo de Braslia, transferindo a capital do Brasil, do Rio de Janeiro para o Planalto Central. Isso contribuiu para arrefecer o mpeto golpista. JK abriu a economia do Pas para o capital internacional e industrializou as principais capitais brasileiras, mas descuidou do campo, o que concorreu para um enorme xodo rural e prejuzo produo agrcola nacional. Seu governo teve incio em 31 de janeiro de 1956 e terminou em 31 de janeiro de 1961, quando passou o cargo para Jnio Quadros, legitimamente eleito pelo voto popular, cujo vice-presidente tambm foi Joo Goulart. O governo de Jnio durou apenas sete meses, pois ele renunciou ao cargo em 25 de agosto de 1961. Durante a sua administrao, tomou medidas antipticas e irrelevantes. Alm disso, afastou-se das foras polticas tradicionais, numa tentativa de se desvincular de compromissos com os partidos polticos. Essa atitude, nada ortodoxa, mereceu crticas e desarmonia com o Congresso Nacional. Sua popularidade despencou, principalmente, graas ao aumento da crise econmica, em decorrncia do aumento da dvida externa e inflao, fruto dos arroubos do governo JK. Na poltica externa, Jnio tentou se livrar da dependncia dos Estados Unidos, criticou a poltica norte-americana em relao a Cuba, decidiu condecorar Che Guevara com a medalha da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul e flertou com os movimentos nacionalistas e de esquerda. Como se no bastasse, tratou da reaproximao diplomtica com a Unio Sovitica e enviou Joo Goulart, o Jango, em misso oficial para a China a Unio Sovitica era socialista e a China seguidora do socialismo. Em deciso intempestiva e at hoje no esclarecida, no dia 25 de agosto de 1961, Jnio Quadros renunciou presidncia da Repblica. Se o suicdio de Vargas (1954) foi o preldio, a renncia de Jnio foi a confirmao de uma gestao que duraria dois anos e sete meses: no dia 1 de abril de 1964, os coturnos substituram os sapatos de cromo alemo, e o verde do pavilho 4. 8 nacional ganhou matiz oliva. O golpe militar finalmente se instalava e tomava as rdeas dos destinos do Brasil. A esta altura da introduo, o amigo leitor deve estar a questionar o porqu da publicao deste livro e da escolha do corte histrico de 61 dias, j que esse hiato de tempo produzir um filme sem introduo e sem final. A motivao para a organizao desta obra foi a dinmica dos acontecimentos que precederam e procederam o Golpe de 64, o xadrez poltico, o resultado final do jogo. O livro traz isso, o dia a dia, as mudanas, a velocidade com que as informaes se processavam, como ocorreu e como isso era percebido pela elite. A prpria relevncia e a marca histrica desse evento vo incentivar a publicao de farto material em 2014, abordando to palpitante assunto, e cada obra ter um motivo, um vis. O deste o de trazer a tenso diria daqueles acontecimentos, to bem captada pelos textos de alguns dos principais jornalistas de poltica da poca: Wilson Figueiredo e Carlos Castello Branco (Jornal do Brasil), Flvio Tavares e Paulo Francis (ltima Hora) e Eugnio Gudin (O Globo). Assim o livro 61 Dias em 64, que rene a transcrio dos artigos escritos por esses profissionais, entre os dias 1 de maro e 30 de abril de 1964, da o nome da obra. Um livro que, alm de resgatar aquele importante momento da histria brasileira, faz uma homenagem aos colunistas de opinio, que sempre trouxeram e trazem ao pblico o cotidiano da atividade poltica brasileira. A escolha dos veculos e dos profissionais se deu, principalmente, pela acessibilidade e disponibilidade do material jornalstico e pela periodicidade em que foram escritas essas colunas. Outros jornais como O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, to importantes quanto os eleitos para compor este livro, no foram includos, porque as suas colunas de opinio no eram assinadas, uma caracterstica tambm observada nos jornais locais. Ao todo, so 196 artigos que sero apresentados em sequncia cronolgica. Haver dias em que alguns desses articulistas no aparecero, seja porque o jornal no circulava aos domingos (como o caso do ltima Hora), ou porque no houve edio em uma data especfica ou, simplesmente, em razo de a coluna no ter sido publicada. Ressalte-se tambm que todos os textos transcritos receberam algumas adaptaes ortogrficas atuais. Porm, a essncia do material publicado foi mantida. Ao longo desta obra, o amigo leitor poder observar nitidamente as diversas razes que levaram ao Golpe que derrubou o presidente Joo Goulart, qual a instabilidade reinante no seio das Foras Armadas, 5. 9 a enorme presso poltica exercida pela oposio ao seu governo, as constantes ameaas de rebelio; um ambiente de tenso permanente, como se o Golpe pudesse ocorrer a qualquer momento. Goulart era to malquisto pelos militares, que Odlio Denis, desempenhando as funes de Ministro da Guerra, deu conhecimento pblico que o retorno de Jango ao Brasil ele se encontrava em viagem oficial China e sua posse na presidncia da Repblica seria vetada pelos militares. O Congresso Nacional sequer aguardou seu regresso e empossou o presidente da Cmara dos Deputados, Ranieri Mazzili. Ranieri era o presidente de direito, mas de fato quem havia assumido o comando da Nao foram os ministros militares Slvio Heck, da Marinha, Odlio Denis, do Exrcito, e Gabriel Grum Moss, da Aeronutica. Pesava contra Jango o fato de ser oriundo do getulismo e herdeiro poltico do trabalhismo. Incomodava, sobremaneira, o cordo umbilical que o ligava ao movimento sindical pelego. Para os militares, era tido como mentor de uma repblica sindicalista. Numa poca em que a cartilha militar continha pregaes exclusivamente anticomunistas e a influencia norte- americana se materializava na Escola Superior de Guerra (ESG), o pavor de uma cubanizao tirava o sono dos americanos, e Jango era uma ameaa para eles. Apesar desse clima desfavorvel, em 28 de agosto de 1961, em represlia aos generais golpistas, Leonel Brizola governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango tomou os transmissores da Rdio Guaba, em Porto Alegre, e, de metralhadora em punho, conclamou o povo gacho a defender a legalidade em vibrantes pronunciamentos. Outras rdios do Rio Grande aderiram e passaram a retransmitir os discursos de Brizola, evento que foi denominado Cadeia da Legalidade. A resistncia aos anseios de Golpe militar se espargiu por todo o Pas, inclusive dentro dos quartis, com o Terceiro Exrcito (sediado em Porto Alegre) aderindo a ela e fazendo os militares recuarem, ou melhor, adiarem o novo e definitivo Golpe. O expediente golpista para contornar tamanha oposio foi o parlamentarismo, que reduziu os poderes do presidente, mas assegurou a posse de Jango, ocorrida no dia 7 de setembro de 1961. E ao convocar um plebiscito no ano seguinte, Jango restabeleceu o presidencialismo. Joo Goulart teve enormes dificuldades em governar o Brasil, pois a crise econmica e a oposio dos militares o desgastavam. Julgando ser uma estratgia que o fortaleceria, optou por participar de manifestaes e comcios favorveis s suas propostas. Queria reformar a Constituio Federal, estendendo direito a voto aos analfabetos e militares de baixa patente. Tambm passou a criticar seus opositores, acusando-os de representarem 6. 10 grandes companhias internacionais e de estarem contra o povo. No entanto, sob o pretexto de que Jango transgredia a ordem constitucional, os militares, finalmente, conseguiram dar o Golpe. A passividade de Goulart, aliada sua opo de no resistir para que no houvesse derramamento de sangue, facilitou a tomada do poder pelos militares. Ressalte-se que a mobilizao militar que culminou com o Golpe de 1964 tambm contou com parte da sociedade civil, que rejeitava e temia a aproximao do presidente com a esquerda, o que a levou a conspirar a sua queda. Fica claro, nos textos dos articulistas, que os militares no eram exatamente o que se imagina de um segmento homogneo, pois, dentro da caserna, tanto havia conspiradores quanto fiis a Jango. Outro fato interessante, comprovado por este acompanhamento dirio dos artigos desses profissionais, que o Golpe, definitivamente, no se deu na data que ensinada nas escolas. bom frisar que este livro no tem por objetivo analisar o contedo das opinies emitidas pelos jornalistas, mas sim, proporcionar ao leitor, por meio dos textos publicados diariamente, uma compreenso mais suave e simples do Brasil daquele perodo. Se em dado momento houver uma tendncia pr- Golpe, vlido lembrar que a imprensa brasileira da dcada de 1960 no tinha tantos pudores em revelar sua parcialidade pelos grupos dominantes. Mas, essa uma questo que fica a cargo da leitura e interpretao de cada um. Quem ler esta obra se deliciar com os textos como os de Paulo Francis, que tinham um sabor especial. Um cara que escrevia com a acidez na ponta dos dedos, principalmente quando ele tratava, por exemplo, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, de Herr Carlos. realmente emocionante, uma viagem rica e imperdvel num campo novo e diferente, um campo sedutor, frtil e fascinante. A comparao deste livro a um filme sem incio nem fim ocorre pela delimitao do perodo de abordagem dos articulistas eleitos para protagonizarem esses 61 dias de 64. Entretanto, ao fim e ao cabo, chega-se concluso de que o que parecia incompleto estava completo. Incompleto estaria se o pretendesse completo. Boa leitura! Durango Duarte 7. 11 Jornal do Brasil (domingo e segunda - edio nica) Segunda Seo - Wilson Figueiredo Goulart pressiona credores do Brasil com alarde otimista J existe a explicao para a pressa do governo brasileiro em dar por bem sucedidas as conversaessobreoreescalonamentodadvidaexternabrasileira:foiaformaqueopresidenteGoulart e patrocinadores do esquema de entendimento franco com os credores acharam mais conveniente, para fazer uso da opinio pblica brasileira como instrumento de presso. Se os entendimentos se frustrarem, car evidente que a intransigncia no foi do Brasil, mas dos credores, pouco sensveis s particularidades da crise brasileira. Por essa via o governo pretende tambm alcanar os credores americanos, submetendo-os ao mesmo efeito otimista das negociaes europeias, j que os EUA se colocam como segunda etapa. O sentimento de segurana que inspira Goulart se funda na troca de cartas com o presidente Lyndon Johnson e na disputa da liderana ocidental pelo general De Gaulle. Para a hiptese de malogro nas negociaes, o governo tem tambm um dispositivo drstico, congurado na moratria unilateral. O Brasil ter dado a medida de sua vontade de dialogar. Internamente, car nas mos de Goulart a possibilidade de lanar uma parte da culpa sobre os setores nacionais que se proclamaram cticos e no procuraram ajudar as conversaes. No hesitar mesmo em apresentar essa posio como forma consciente de prejudicar os entendimentos. O governo, entretanto, est seguro de que esta a hora externa do Brasil. Conta certo com o reescalonamento. A moldura sombria dos cticos servir para ressaltar os efeitos positivos que espera, empurrando no plano interno a campanha das reformas num novo lance. Emisso para o futuro Sentindo aproximar-se uma fase de caixa baixa, o grupo radical da esquerda bolou, preparou e vai lanar nas ruas agora uma emisso de bnus populares com o objetivo de arrecadar fundos para manter no ar a Rdio Mairink Veiga e em circulao a revista Paneto. O povo nancia a verdade do povo, o que diz o slogan que comear a ganhar as paredes, para motivar os setores de opinio sensveis ao radical nacionalismo. Notas que vo de cem a mil cruzeiros j esto impressas e entraro esta semana no meio circulante, com assinaturas dos srs. Leonel Brizola, Max da Costa Santos e Neiva Moreira. O clculo poltico o seguinte: enquanto o cruzeiro vale cada vez menos, os bnus radicais valero cada vez mais. Tato cambial O fato de ter o presidente da Repblica, e no o ministro da Fazenda, anunciado as recentes medidas cambiais, lembra um episdio entre os srs. Clemente Mariani e Jos Maria Alkmin, ao tempo da 204 [Resoluo editada pela ento Superintendncia da Moeda e do Crdito em maro de 1961, no sentido de unificar a taxa de cmbio]. Alkmin censurava na 204, inclusive, a circunstncia de ter sido endossada pessoalmente pelo presidente da Repblica, assumindo o encargo de anunci-la Nao, quando a matria de poltica cambial to delicada que deve restar sempre ao presidente, num caso de erro, a alternativa de responsabilizar o seu ministro da Fazenda e demiti-lo por isso. Mariani alegou, na oportunidade, que o problema era de ter ou no ter o ministro confiana no seu presidente. No tendo, o melhor caminho deveria ser mesmo o de entregar-lhe em mos a batata quente. Domingo 1 de maro de 1964 8. 12 Seta vermelha O embaixador da Unio Sovitica e o presidente do IBC tiveram flego para noventa minutos de prosa corrida, durante a visita que o sr. Andrei Fomin fez ao sr. Nlson Maculan. sada, o secretrio do presidente do IBC, sr.Tertuliano Passos, acompanhou o embaixador Fomin ao elevador. Em cima da porta do elevador estava aceso o sinal vermelho. Tertuliano (entre frvolo e peralta, como no soneto) impediu que o diplomata sovitico entrasse, advertindo-o: Vermelho quer dizer para baixo. Receita brasileira Na hora nal o estilo brasileiro de resolver a diculdade sem violncia funcionar de novo para a crise que est esboando para este ano. Foi esta a opinio do jornalista Hermano Alves, a quem Gilson Amado ofereceu tempo na televiso. Hermano Alves prev para a sucesso presidencial outro encaminhamento, em termos diferentes dos j lanados: pressente o desencadeamento de presses populares em favor do plebiscito para as Reformas de Base (inclusive da Constituio), habilitando o sr. Joo Goulart a ser candidato das esquerdas em 65. Esse quadro parece inexorvel e independente da vontade do sr. Joo Goulart, lanado na liderana radical a contragosto e violentando seu temperamento, por culpa e cegueira de seus adversrios. Hermano aponta exemplos: CGT, Ligas Camponesas e outros movimentos institucionalizaram-se apesar do bloqueio das foras do centro. Tudo seguir, portanto, a mesma sequncia inexorvel. Quadro maranhense O deputado Renato Archer no faz f na permanncia da candidatura do sr. Ademar de Barros PresidnciadaRepblica.Chamaaatenoparaoclimadefrieza,declaradamentearticial,quecercou o lanamento ocial dessa candidatura, no Rio. Mas acredita, por outro lado, que o episdio inuir pelo menos no Maranho, onde o PSP se sentir estimulado a ter candidato prprio, reivindicando prevalncia na aliana com a UDN. E pode acontecer que sejam dois os seus adversrios na sucesso estadual, o que lhe facilita ainda mais o caminho para o Palcio do Governo. Loteria ameaada bastante real a ameaa da volta da Loteria Federal explorao particular. O processo nesse sentido j venceu todas as metas do Ministrio da Fazenda, teve parecer favorvel do sr. Fernando Gomes Calaza, e est hoje no Gabinete Militar da Presidncia da Repblica, aguardando momento propcio para receber a assinatura do sr. Joo Goulart. Nos termos da minuta do decreto, o servio da Loteria Federal passa a ser administrado por um servio autrquico federal, diretamente vinculado ao gabinete do ministro da Fazenda, mas essa autarquia tem poderes para conceder a explorao a particulares, mediante concorrncia. A Loteria Federal atualmente administrada pelas Caixas Econmicas e os lucros aplicados no nanciamento de servios pblicos municipais e outros ns de utilidade social. Alm disso, tm contribudo sensivelmente para o reequilbrio nanceiro das Caixas. Mais Excelsior ATeleviso Excelsior vai inaugurar em maro a sua torre do Sumar. Isso signica que a emissora vai poder, s agora, atingir toda a cidade, ao contrrio do que ocorria com a torre do Po de Acar. 9. 13 Suas emisses vo chegar tambm a muitas cidades uminenses e mineiras at aqui includas na zona opaca. A propsito, corrente que o sr. SamuelWainer est pensando em comprar aTV Excelsior. Jornal do Brasil (domingo e segunda - edio nica) Coluna do Castello Interino Juscelino entre as prvias e Goulart Braslia O sr. Juscelino Kubitschek vive, nestes dias que antecedem o lanamento ocial de sua candidatura pelo PSD o dramtico conito que se registra entre os resultados sempre favorveis das pesquisas de opinio e as diculdades de natureza partidria nascidas das dvidas ideolgicas em que se consome o candidato. Agrandequesto,paraosr.Kubitschek,estemdenirsuasrelaescomopresidentedaRepblica. Romper ou no romper. O esquema que montou para voltar ao poder inclui, ainda agora, e como pea fundamental, o apoio do sr. Joo Goulart sua candidatura. Para assegur-lo, o ex-presidente tem (...) engolir quantos sapos lhe foram (...) frente e ainda no se mostrou saciado. O mesmo no acontece com o PSD, partido que, embora tambm afeito dieta de batrquios, comea a sofrer sintomas de indigesto no organismo que a velhice torna menos (...). Como deseja o sr. Kubitschek esse rompimento, mesmo sabendo procedente a previso do sr. Joo Pinheiro Neto de que ser o penltimo candidatoa receber o apoio do sr. Joo Goulart. No por causa das reformas, pois que a elas j aderiu, e nem mesmo pelo tom que imprima a essa adeso. O obstculo a posteridade. O atual presidente no apreciaria car espremido entre as pginas da Histria que venham a tratar do sr. Kubitschek, como um mero suplente a preencher o vazio de cinco anos imposto pela Constituio.Masocandidatoacreditaqueessemotivontimonosejasucientementeforteparapriv-lo da solidariedade presidencial, na medida em que a sua candidatura resista bem aos atuais impactos e seja, mesmo, a alternativa para evitar a eleio do sr. Carlos Lacerda. Nesse, caso, o penltimo ser o primeiro, a menos que o problema sucessrio seja ultrapassado. A sorte das relaes dos srs. Kubitschek e Goulart poder ser lanada na semana que separar o comcio da Central da Conveno do PSD. Pois no comcio ser assinado o decreto da Supra e, ainda que ele no produza consequncias imediatas na vida rural, agitar as bases pessedistas o suciente para talvez transformar a Conveno, de uma festa cvica de aclamao do candidato, numa reunio polmica da qual pode resultar a exigncia partidria de uma tomada de posio que o candidato sabe contrria orientao do chefe do Governo e, o que pior, s tendncias da opinio pblica. Os adeptos do sr. Juscelino Kubitschek esperam, entretanto, que o imobilismo pessedista no se venha a mostrar to intransigente. Conam, para isso, no susto produzido pelas manifestaes de odiosidade desta semana, em Belo Horizonte. Em favor da posio moderada que o ex-presidente preferiria pilotar, acreditam eles poder contar com a reprimenda eclesistica passada aos manifestantes que procuram escudar-se na Igreja para defender seus interesses materiais. E depois, do jeito que as coisas, vo, possvel que o PSD prera afrouxar a corda a v-la arrebentar. As prvias estimulam Se as perspectivas se apresentam sombrias para o sr. Juscelino Kubitschek no nvel das negociaes de cpula, o mesmo no acontece nas suas bases populares, a dar-se crdito s pesquisas feitas pelos organismos especializados. 10. 14 A ltima, encomendada ao Ibope, realizou-se em So Paulo e em Santa Catarina, em ambos os Estados apresentando resultados bastante favorveis ao ex-presidente. Em Santa Catarina, 41,8% preferem Juscelino, 24% Carlos Lacerda, 8,3% Ademar e 2,9% Carvalho Pinto. Do eleitorado que votou em 1960, Juscelino teria 71% dos eleitores de Lott, 22% dos de Jnio e 33% dos de Ademar. O prprio Ademar teria apenas 28% dos que lhe deram o voto h trs anos e pouco. Em So Paulo, as indagaes se fazem tendo em vista o nmero decrescente de candidatos. Se forem sete, distribuem-se assim: JK, 28%; Carvalho Pinto, 25%; Carlos Lacerda, 15%; Ademar, 13%; Arraes, 2%; Magalhes Pinto, 2%; e Zarur, 1%. Com cinco candidatos (excluindo-se Carvalho Pinto e Arraes), Juscelino sobe para 37%, Carlos Lacerda desce estranhamente para 21%, Ademar ca nos 15%, melhorando Magalhes Pinto e Zarur, respectivamente, para 6% e 3%. Saindo Zarur, seus 3% se dividem em partes iguais entre JK, Carlos Lacerda e os que no votam em nenhum dos citados. E saindo Ademar, Juscelino ca com 44%, Carlos Lacerda com 26% e Magalhes Pinto com 10%. O PSD contra o comit O PSD est a favor da Frente Ampla, mas contra o seu programa mnimo. Logo, o PSD est a favor da Frente Ampla desde que ela no ameace produzir qualquer consequncia legislativa. Como da ndole pessedista, entretanto, no vai o partido assumir a responsabilidade pela liquidao da Frente. Isso explica os sucessivos esclarecimentos, no ltimo dos quais se verica que o PSD no contra a presena do CGT na Frente Ampla, mas sim contra a existncia de um Comit do qual faria parte o CGT. Gera-se o Comit, mata-se o Comit e resolvida a questo. 11. 15 SEGUNDA 2 de maro de 1964 Jornal ltima Hora (vespertino) Informa de Braslia - Flvio Tavares Um comcio e dois nomes podem alterar a sucesso neste maro, que se iniciou com os brasileiros atrasando seus relgios, que poder se adiantar o quadro da sucesso presidencial. Trs fatos fundamentais j esto alinhados e, em torno deles, a situao poltico-eleitoral vai funcionar como um pndulo: o comcio do dia 13 na Guanabara, que marca o reaparecimento do presidente Joo Goulart nas grandes concentraes populares, e as posies dos srs. Magalhes Pinto e Leonel Brizola e os acontecimentos que, em torno delas, surgiro. A concentrao popular do dia 13 no uma simples reivindicao, em praa pblica, em favor das reformas, da qual participe o presidente da Repblica. A sequncia de atos administrativos iniciada ainda no ano passado com o monoplio da importao de petrleo e, posteriormente, com a regulamentao da remessa de lucros e completada nos ltimos dez dias com o salrio mnimo e as providncias contra a especulao a seu pretexto, colocaram o sr. Joo Goulart, outra vez, comoo grande eleitor de 1965. O comcio um teste demonstrativo dessa liderana de Jango na rea popular. Atravs dele, marca-se, novamente, a intimidade com as organizaes sindicais e estudantis, em que o presidente se apoiar acima dos partidos que no lhe deram, at aqui, a emenda constitucional de reforma agrria para a assinatura do decreto da Supra. Deslocando as lideranas convencionais da poltica, da rea partidria para a popular, o sr. Joo Goulart arma umesquema eleitoral prprio. No nos termos, porm, de que o acusa a oposio udenista, em que estivesse encobrindo uma manobra continusta ou preparando um Golpe Militar. Jango passa ao clara, compondo um dispositivo popular independente dos partidos, mas integrado, indiretamente, no esquema do PTB em torno do qual aglutinar a fora decisiva da luta eleitoral de 65. O presidente vai em busca da grande massa eleitoral, organizando-a em apoio das medidas de seugovernocapazesdedaraopleitoocoloridoreformistaqueodiferenciardetodososantecedentes. Sero muito menos o chefe da Nao ou o presidente da Repblica que estaro na praa pblica, mas o lder popular, disposto a organizar umaFrente Ampla, somando todos os setores progressistas para a luta eleitoral. Magalhes e Brizola De outro lado, os srs. Magalhes Pinto e Leonel Brizola, em faixas diferentes, reservam surpresas decisivas. O pronunciamento do governador mineiro um rompimento tcito com a UDN ou, pelo menos, com a linhagorila, de extrema direita, do aspirante a candidato sr. Carlos Lacerda. Magalhes no apenas lhe rejeita apoio, como denuncia o sistema poltico que gerou a candidatura que a Conveno Udenista vai anteciparcomo perniciosa ao sistema democrtico, por radicalizar os dios e encarnar a insegurana antirreformista. Para que lado ir o sr. Magalhes Pinto? Caso se adapte candidatura Juscelino Kubitschek, superando as divergncias locais do PSD e da UDN mineira poder abrir caminho a que JK venha a representar, no pleito, ocaminho incruentoda situao poltica, levando-o condio de anttese do dio caracterstico da j nascente campanha do sr. Lacerda. Resta o deputado Leonel Brizola (LB), cuja candidatura Presidncia vem sendo anunciada pelo PTB do Rio Grande do Sul e por alguns setores da Frente de Mobilizao Popular. Brizola inelegvel em termos da letra fria da Constituio, por seu parentesco com o presidente da Repblica. No se acredita que o Congresso que no concedeu a emenda constitucional para a reforma 12. 16 agrria reforme o captulo das elegibilidades. Mas a campanha LB-65 poder ameaar ir s ruas, como um fato consumado, independente de o nome do candidato gurar na cdula nica eleitoral. A mobilizao em torno do ex-governador gacho poderia atuar, junto ao Congresso, como o mulo para a Reforma Eleitoral, em que deixando-se intactas as atuais inelegibilidades se concedesse o direito de voto ao analfabeto. Na rea chamada brizolista chega-se a admitir essa situao. A campanha LB-65 se reduziria, ao nal, a um movimento de presso para apressar e votar a extenso do voto ao analfabeto, ampliando o colgio eleitoral brasileiro numa tal monta capaz de suplantar o atual esquema convencional dos partidos. O Problema a 264 Em setores de esquerda, apontam-se restries, agora, no exatamente Instruo 263 [que previa que o mercado cambial seria dividido em apenas dois segmentos:especial(com taxas xas) e livre(com taxas utuantes)]. Visava unicao do mercado cambial da Sumoc, mas 264 [Instruo que burlava, de certa forma, a Lei da Remessa de Lucros e sua ento recente regulamentao e, ao mesmo tempo, decretava que o novo salrio mnimo deveria car em vigor durante trs anos]. Seria ela o anco descoberta para burlar a regulamentao da remessa de lucros ao exterior. Tambm em crculos do Governo surgiram temores quanto instruo e o prprio chefe da Casa Civil da Presidncia da Repblica chegou a comunicar essas apreenses ao sr. Joo Goulart. J existe, inclusive, a determinao presidencial para a exegese pormenorizada dos efeitos da Instruo 264, a ser concluda esta semana. Prieto desiste O deputado Csar Prieto comunicou ao Diretrio Regional do PTB gacho que, caso convidado, no aceitar o posto de ministro extraordinrio para Assuntos de Arrecadao. Diz que, nesta semana, enviar carta ao presidente Joo Goulart, desistindo da indicao para a qual fora sugerido pela bancada trabalhista na Cmara. Jornal O Globo (vespertino) Coluna do Eugnio Gudin O Quinto Exrcito em ao EmartigoaquipublicadosobottuloALinhaMaginot,eumostravaqueenquantoomovimento subversivo se alastra pelo pas afora, com o evidente objetivo de substituir as instituies vigentes por uma Repblica Sindical Totalitria, o Congresso e as Foras Armadas se mantm tranquilos e apticos por amor a uma legalidade puramente formal. QuantoaoCongresso,dizoeminentedeputadoRaulPillaqueoquedicultaeverdadeiramente impede a aplicao doimpeachment o desmedido poder pessoal de que o regime presidencialista investe o presidente da Repblica. Realmente o poder de gastar e o poder de nomear so duas armas de um tremendo potencial de seduo e de corrupo. Mas para que eles funcionem, preciso que haja os que se deixam seduzir e corromper. Quanto s Foras Armadas, s quais cabe por dispositivo constitucional a defesa da ordem e da lei, parece dominar a convico de que sua funo passiva, a saber, que se limita a impedir o Golpe 13. 17 com a derrubada violenta das instituies. O fato de que essas instituies possam ser solapadas por meios outros que no o do clssicoGolpeno parece ter penetrado no entendimento dos militares. o fenmeno da Linha Maginot, a que eu me referi. Apesar dos inmeros exemplos, que registra a histria poltica deste sculo, de derrubada das instituies sem Golpe Militar direto, as Foras Armadas se obstinam em desconhec-los. Por carncia de viso? Por comodismo? difcil dizer. Mas a subverso prossegue a olhos vistos. Se no, vejamos: A Petrobras acaba de dar ao pas o espetculo de um dos mais rumorosos e patentes escndalos da nossa histria administrativa. O que fez o Governo? Alm de procurar entorpecer e dicultar a tarefa das duas comisses de inqurito, a principal providncia foi a de nomear para a presidncia da empresa o marechal Osvino Ferreira Alves. de supor que esse marechal tenha dado provas, no decorrer de sua carreira, da especial capacidade administrativa requerida para a complexa tarefa, no s de sanear a empresa pela eliminao de seus elementos esprios, como de reorganizar sua estrutura para torn-la eciente. Qual foi, entretanto, a primeira providncia sugerida pelo marechal? Encampar as renarias particulares, algumas das quais, como Capuava, constituem sabidamente verdadeiro padro de ecincia tcnica e administrativa! Qual pode ser o objetivo dessa poltica? Eliminar o modelo pelo qual se pode melhor aferir da inecincia da Petrobras e da incapacidade de seus dirigentes? Vingar-se de Capuava, para satisfao dos sindicatos, por ter essa empresa continuado a funcionar e a suprir So Paulo, por ocasio da ltima greve deagrada pelos elementos da subverso? Tudo isso possvel. Mas o principal objetivo concentrar nas mos de Goulart, Osvino, CGT & Cia. O poder de paralisar o Brasil, quando assim lhes convier. Porque tanto o Rio de Janeiro como So Paulo no tem estoques de combustvel lquido para uma semana sequer de consumo. Suspenso o suprimento do combustvel, paralisa-se a Nao. Com que fonte de energia se podero movimentar os transportes urbanos? Com que fora contaro as locomotivas diesel ou os caminhes de carga? Com que combustvel disporo nesse dia os tanques do Exrcito para se movimentar ou os caminhes para o transporte de tropas? Nesse dia, as Foras Armadas compreendero como se pode derrubar as instituies sem assaltar os quartis mo armada e sem darGolpemilitar. Dentro ainda do mais aparente respeito s instituies, como possvel derrub-las? Pelo simples mecanismo da alfabetizao que o sr. Goulart est promovendo atravs de seus prepostos no MEC. J so bem conhecidos os mtodos e as cartilhas destinados aalfabetizar ideologicamenteos milhes de brasileiros iletrados. Para avaliar o efeito quantitativo dessa campanha de alfabetizao poltica, basta tomar o exemplodoEstado daGuanabara,paraoqualestosendoconvocadosdoismilindivduos.Comopelo mtodo adotado alfabetizao no requer mais de quarenta horas de aula, cada professor pode alfabetizar seis turmas por ano. A trinta alunos por turma so 2.000 x 6 x 30 = 360.000 alfabetizados por ano, s na Guanabara. No Brasil inteiro e em ano e meio podero ter sidoalfabetizadoscerca de cinco milhes de eleitores preparados para votar em 1965 nos candidatos da subverso. Nesse dia tero talvez percebido, Congresso e Foras Armadas, como se pode executar uma revoluo comunista, sem Golpe aparente! 14. 18 Jornal do Brasil Segunda Seo Wilson Figueiredo Brizola denuncia a direita em ao por culpa de Goulart Orecrudescimentodaconspiraodedireitafoiassinaladosexta-feirapelodeputadoLeonelBrizola, no seu comparecimento semanal Rdio Mayrink Veiga, para dar sentido de urgncia ao apelo nacional que objetiva a intensicar a criao dos Grupos de 11, a tempo de impedir o Golpe Reacionrio. Os acontecimentos em Belo Horizonte foram interpretados por Brizola como sinal de gravidade e alinhadosjuntamentecomofortalecimentodosr.CarlosLacerdacomoresultadodapolticadeconciliao do sr. Joo Goulart. Do governador Magalhes Pinto, Brizola disse que um governo fraco e sem pulso, incapaz de garantir em Minas a liberdade de reunio. Em seu alongado e sinuoso estilo oratrio, Brizola anunciou tambm que dentro do PTB que far oposio a Goulart, em quem aponta o vcio da conciliao como fonte do agravamento da situao poltica, em que a direita j aparece em ofensiva. Lembrou que nos ltimos tempos, por duas vezes, a direita foi esmagada: na vitria da legalidade em agosto/setembro de 61 e na campanha do plebiscito. A conciliao de Goulart permitiu a rearticulao da direita, em moldes agressivos e radicais. O pronunciamento de Brizola foi feito na sede do PTB gacho em Porto Alegre e transmitido pelas emissoras que fazem com a Mayrink a cadeia da legalidade. Disse que o Rio Grande do Sul j se levantou vrias vezes no passado e se levantar de novo contra o Golpe da direita, se ela chegar a tanto. Plano de Gabinete A portas fechadas, por mais de uma hora, o general Jair Dantas Ribeiro, o general Assis Brasil e o general Nicolau Fico estiveram reunidos ontem no gabinete do ministro da Guerra. Ningum ouviu a conversa do ministro da Guerra com o chefe da Casa Militar e o comandante da Dcima Primeira Regio Militar, mas a convico generalizada entre os ociais que servem ao Gabinete em Braslia que ali foram traados os planos para a ao militar antes, durante e depois do comcio do dia 13 no Rio. A reunio comeou s quinze horas e terminou quase s dezessete. Mineiras governadoresemSalvador.Aordemnaturaldostrabalhosnofezcruzarnenhumavezocaminhodosdois candidatos udenistas. a Belo Horizonte. Almoou na casa do presidente do Diretrio Municipal do PSD, sr. Antnio Caran, ex- juscelinista, que lhe preparou um cardpio rabe. noite, Darcy Ribeiro deu a aula inaugural da UMG. diretrio, que por 32 votos contra quatro cou contra a convivncia pacca entre o clube e a Conveno Udenista agora, Pierucetti declarou-se incondicionalmente ao lado de Magalhes Pinto, at mesmo em caso de romper com a UDN. Pouco depois, sem ligar uma coisa outra, Magalhes o nomeava para a Pasta poltica. TERca 3 de maro de 1964 15. 19 Antes e depois Depois de transmitir ao chanceler Arajo Castro as impresses que ouviu do marechal Tito a respeito do Brasil, o embaixador Bariste anunciou com entusiasmo que a Iugoslvia quer aumentar progressivamente seu intercmbio com o Brasil. Bariste fala o portugus, que aprendeu rapidamente, com desembarao. Quando partiu de frias, ningum esperava mais v-lo de volta. Agora consta que Tito est satisfeitssimo com sua atuao e vai mant-lo no posto. Ponte area As companhias que fazem a ponte area Rio-So Paulo aboliram o direito que os passageiros tinham de escolher o tipo de avio. A ponte se nega a informar o tipo do aparelho para o qual se compra a passagem e esta s vale para voo estipulado. Quer dizer: quem no arrisca a embarcar num bimotor obsoleto,simplesmenteperdeapassagem.Amedida,quedemaucartermonopolista,estprovocando uma avalancha de protestos nos balces da ponte area. Coexistncia O comodoro do Marimbs, Joo Henrique Fonseca, desconhece a lenda de uma luta de classes entre os pescadores da colnia do posto seis e o clube do terminal da avenida Atlntica. Garante que no h nem nunca houve nada entre o Marimbs e os pescadores, j habituados a consertar motores na garagem do clube e ntimos do depsito de gelo, onde se abastecem nas emergncias. O comodoro ilustra a colnia: at o peixe que o governador Carlos Lacerda almoou ali, um carnudo badejo, um exemplo da cooperao entre pescadores e o Marimbs. No corre-corre do almoo, ele foi comprado aos pescadores em cima da hora. No clube ningum tem queixa contra a colnia, localizada ao p do Marimbs, que descortina o horizonte por sobre a cabea dos pescadores. Os scios do clube so velhos conhecidos dos homens da colnia, reunidos todos pela perspectiva da mesma rota de mar alto, rumo s Cagarras e sTijucas. Resistncia proibio Na prxima sexta-feira o Movimento de Resistncia Nacionalista vai fazer sua primeira prova de flego: programou um cortejo de automveis, soluo cmoda de propaganda eleitoral da candidatura SrgioMagalhesGuanabara,mascomoemoutratentativanoobteveconsentimentoparaoprograma, decidiu pr os carros em movimento, de qualquer jeito. O ponto inicial na rua General Roca, 402. O resto segredo. Equiparaes em cadeia Paraestancaroxododosengenheirosquepassamdoserviopblicoparaareaparticular,opresidenteJoo Goulart autorizou a equiparao dos vencimentos pagos aos engenheiros das autarquias na rea do Ministrio da Viaoaosnveisdosprocuradoresdoserviopblico.OadvogadoLeoniDriaMachadoentrounaJustiacomum mandadodesegurana,emnomedetrsengenheirosdaadministraodoPortodoRio,paraconseguirparaelesas vantagensconcedidasaosseuscolegasdaViao.SuabasederaciocnioaLei3.780,queregulamentaoPlanode ClassificaodeCargosnoServioPblico. 16. 20 Jornal do Brasil Coluna do Castello Carlos Castello Branco Invases previstas no Norte e no Estado do Rio BrasliaFontesligadasaoGovernoadmitemapossibilidadedatransfernciadedatadocomcio convocado para sexta-feira, 13, no Rio de Janeiro. Diculdades relativas segurana do presidente da Repblica e cautelas referentes repercusso da iniciativa nos meios militares estariam aconselhando uma reviso do assunto, tratado como um tema explosivo nas intenes e nas reaes no de todo previsveis. Em altas esferas militares, causou preocupao o fato de estar a manifestao popular em que falar o presidente da Repblica sendo elaborada ostensivamente por elementos graduados do Partido Comunista, sempre presentes em arregimentaes desse tipo, mas com as cautelas que no foram tomadas na atual oportunidade. O presidente continua decidido a anunciar na ocasio a assinatura do decreto da Supra, mas teria recuado da inteno de anunciar a encampao das renarias particulares, limitando-se, quanto a esse item, a comunicar a designao de comisso tcnica para levantar o acervo das referidas empresas, ganhando tempo, portanto, contra as presses que partem do comando da Petrobras e dos setores esquerdistas radicais. No resta dvida, em setores vinculados ao Governo, de que o discurso do presidente, com a assinatura do decreto da Supra, desencadear invases em massa em propriedades rurais, as quais, de acordo com os levantamentos feitos, ocorrero principalmente em Pernambuco, na Paraba e no Estado do Rio. Emissrios credenciados correram recentemente os focos de intranquilidade no Norte do Pas e trouxeram a quem os mandou informaes precisas sobre o xito da operao invaso, a qual somente poderia ser sustada a essa altura por uma interveno direta do prprio presidente da Repblica. Com relao situao militar, apesar da tranquila segurana que alardeia o sr. Joo Goulart, sucedem-se os indcios de que todo o dispositivo de cpula se une para a eventualidade de aes preventivas de resguardo da ordem constituda e da legalidade democrtica. Isso poder ser um dado novo a incidir sobre os preparativos do comcio, que tanta preocupao j vai causando a todos os setores polticos. Juscelino contra Auro O sr. Juscelino Kubitschek, que vir amanh a Braslia, tomou posio na luta que o Governo trava no Senado contra a reconduo do sr. Auro Moura Andrade Presidncia da Casa. O ex-presidente da Repblica, como senador do PSD, apoiou a tese do rodzio, isto , cou contra o sr. Moura Andrade e a favor do sr. Joo Goulart. Com essa atitude, ganhou fora a atuao do lder pessedista, senador BeneditoValadares, e com ela se armaram as possibilidades de xito de outro disputante do posto, o senador Jeerson de Aguiar. O sr. Jeerson de Aguiar j no ano passado obteve dez dos 22 votos pessedistas. Este ano, amparado pelo sistema governamental, voltar a disputar a indicao do seu nome dentro da bancada pessedista, na expectativa de obter pelo menos igualdade de condies com o sr. Moura Andrade. De qualquer forma, o sr. Jeerson de Aguiar disputar no plenrio os votos da maioria, contando com seus votos pessedistas, o apoio de toda a bancada do PTB e, ao que pensa, com alguns votos da UDN. No plenrio, o trabalho do Governo esboa-se mais fcil do que dentro da bancada pessedista, onde existem compromissos assumidos com o sr. Moura de Andrade. O sr. Joo Goulart teria condies 17. 21 de trabalhar com xito alguns senadores udenistas, bem como de atrair pessedistas que j se teriam desobrigado com o sr. Moura Andrade no simples escrutnio partidrio. Linhas sem usina Ao deputado Oscar Correia, que falava nas suas atividades de candidato a candidato udenista ao Governo de Minas, o deputado Guilherme Machado observou:Vocs, candidatos em Minas, esto estendendo as linhas de transmisso sem saber se contam com a usina geradora. Mais oito deputados para o PTB A bancada do PTB ganhar mais oito deputados: trs do PDC e cinco do PSP. Os democratas cristos que programam sua transferncia para o partido do Governo so os srs. Paulo de Tarso, Joo Dria e Plnio Sampaio, todos trs invocando como motivo de sua deciso a determinao do PDC que probe seus correligionrios de participarem de frentes parlamentares (no caso, a Frente Parlamentar Nacionalista). Os pessedistas que iro para o PTB so o srs. Neiva Moreira, Silvio Braga, Ado Pereira Nunes, Emanuel Waissmann e Janari Nunes. O PDC perder ainda um quarto deputado, o sr. Odilon Ribeiro Coutinho, de malas prontas para se transferir para a UDN. A posio de Pedro Gondim O governador da Paraba, sr. Pedro Gondim, no acompanhar o senador Joo Agripino, no apoio que este deu candidatura presidencial do sr. Carlos Lacerda. O sr. Gondim ainda no decidiu o rumo a tomar. Joo Mangabeira e a reforma agrria O sr. Joo Mangabeira perguntou a um amigo quantos hectares de terra possua.Menos de um hectare, respondeu-lhe o amigo tranquilo.Se tem menos de um hectare, retrucou-lhe o ex-ministro da Justia,Voc est ameaado. S no vai sofrer com essa reforma quem possuir muita terra. Jornal ltima Hora (matutino) Informa de Braslia - Flvio Tavares Ciso da UDN toma forma: dissidncia inevitvel O calendrio passou a ser o grande adversrio da UDN. medida que se aproxima a data da Conveno Nacional antecipada para abril, a rebelio contra a imposio da candidatura do sr. Carlos Lacerda se transforma de um desorganizado protesto a um estruturado movimento de opinio interna no partido contra a manobra das cpulas. O pronunciamento do governador Magalhes Pinto formalizou a inevitabilidade de uma dissidncia, cujas consequncias desde ontem comeam a trazer pnico ao sr. Bilac Pinto e a todo o grupo comprometido com o governador da Guanabara. 18. 22 A direo udenista quer impedir que a vitria aparente obtida na deciso do Diretrio Nacional, na semana passada, se converta numa derrota a longo prazo no seio do partido, pelo esvaziamento progressivo da linha oficial. J se cogita do envio de emissrios especiais aos Estados onde a rebeldia est mostra e tende a se acentuar. Nos bastidores, fora da encenao de virtual tranquilidade demonstrada pelo sr. Bilac Pinto, fala-se na necessidade de impedir quea discrdia tome conta das bases estaduais do partido, no s em Minas Gerais, mas tambm nas regies Centro, Norte e Nordeste do Pas. Apenas no Sul de So Paulo para o extremo meridional h segurana de unanimidade incondicional em torno da candidatura a ser indicada pela conveno de abril. A Guanabara passou a ser considerada, pela direo udenista, como um caso parte, complicado e perigoso, onde o jogo das divergncias locais de Amaral Neto como governador pela indicao do nome sucesso estadual poder desestimular o movimento lacerdista, levando-o a uma esclerose interna no partido que, at aqui, fora homogneo ao redor do seu novo fuchrer. Existem j dois caminhos traados para conter a dissidncia. Primeiro a tentativa de persuaso, com apelos aos anjos rebeldes da bossa nova, no sentido de unio sem fronteiras pela conquista da Presidncia da Repblica a um nome udenista. Se os srs. Bilac Pinto, Pedro Aleixo e Adauto Cardoso creem na utilidade de mtodo, dele discorda o sr. Carlos Lacerda que defende a linha dura, disposto a usar de todas as sanes contra os descrentes da f imposta. Para este segundo rumo, chega-se a apontar, desde agora, a expulso sumria da UDN de uma lista de nomes recolhidos, principalmente, entre parlamentares da bossa nova. Tambm o index est feito. A pretendida expulso do deputado Ferro Costa, em pleno andamento, abriria as portas tentativa de excluso de outros, como os mineiros Jos Aparecido, Celso Passos e Simo da Cunha, o mato-grossense Edison Garcia e mais o deputado Pereira Lcio. Os srs. Jos Carlos Guerra e Flvio Costa Lima, ao aceitarem um convite do Governo da Alemanha Oriental para visitar, neste ms, a Feira de Leipzig, esto na iminncia de passar primeira pgina do Livro Branco da pena mxima. A ciso que j aberta desespera a cpula udenista e o candidato da conveno antecipada. Para cont-la e impedir que a dissidncia acabe com o partido, a UDN capaz de passar represso policial interna. Prieto escreve a Jango O deputado Csar Prieto divulgou ontem a carta escrita, mas ainda no entregue ao presidente Joo Goulart em que resolve desistir da sua indicao ao posto de ministro extraordinrio para a arrecadao, e fiscalizao das rendas na Unio, sugerida pela bancada trabalhista na Cmara. O parlamentar gacho critica a organizao do Ministrio da Fazenda, apontando comoesttico ao invs de se ter tornado dinmicoe descreve, circunstanciadamente, a sonegao e o contrabando, h dezenas de anos institucionalizados no Pas. Considera que sua nomeao, que ele prprio anuncia comomarcada para maro, quando da reforma ministerial, seria intempestiva. Conclui comunicando que requerer a constituio de uma Comisso Parlamentar de Inqurito para averiguar a situao do aparelho arrecadador. Ultras do PSD confabulam Os ultras da bancada pessedista na Cmara tm reunio marcada para hoje, em que pretendem xar uma posio unitria a ser seguida na Conveno Nacional que indicar o sr. Juscelino Kubitschek. A chegada do sr. Joo Calmon a Braslia, ontem, precipitou o encontro, no qual os srs. 19. 23 Peracchi Barcelos, Benedito Vaz, Olavo Costa e outros desejam, alm de tudo, manifestar-se contra a participao pessedista naFrente Ampla. Trgua no Senado A aparente trgua do m de semana na disputa para a Presidncia do Senado ser quebrada, novamente, a partir de hoje. O sr. Auro Moura Andrade voltou de seu giro a So Paulo preocupado com a situao de sua candidatura, pedindo a seustaum balano dos nmeros na bancada do PSD, onde a receptividade a seu nome diminuiu ostensivamente com a denio do senador Benedito Valadares. Quer o sr. Auro Moura Andrade, agora, envolver o senador Gilberto Marinho no apoio sua reeleio, temeroso de que o representante carioca se imponha, naturalmente, como o candidato natural de conciliao no bloco da maioria. Rplica de Uruguaiana O PTB gacho promover dia 28 na cidade de Uruguaiana uma concentrao monstro pelas reformas,comorplicaaocomcioquelrealizouosr.CarlosLacerda,hdias.Cogita-sedolanamento pblico, na ocasio, da campanha Brizola-65, numa contestao ostensiva candidatura da UDN. Jornal ltima Hora (matutino) Informa e Comenta - Paulo Francis Um discurso e vrias intrigas As reformas que se querem fazer j so a revoluo. O que ns queremos fazer a revoluo atravs das reformas. O estilo impreciso e prolixo apoiado no jogo de palavras sem base em fatos a marca comercial de Herr Carlos. Ouvi-lo um tdio. Suas leituras nunca ultrapassaram Sacha Guitry (o velho) e Rui Barbosa. A graa do primeiro, a cascata de adjetivos, do segundo. Pensar que esse cavalheiro j gozou da fama de intelectual poltico. RobertWelch, o chefe da John Birch Society, mais histrico do que Herr Carlos. Welch ao menos cita Spengler, enquanto o governador da Guanabara limita-se a papaguear os boletins da Otan, via Madame Labin. Mais adiante, camos sabendo que o Governo Federal planeja uma reforma agrria idntica sovitica. Esta expropriou a terra e coletivizou-a. O governo brasileiro pretende transformar doze milhes de camponeses em pequenos proprietrios. A conana de Herr Carlos na ignorncia de seu eleitorado , entretanto, ilimitada, e da a potocagem visceral que serve em seus discursos. Quanto mais estpida a simplicao, mais aceitvel ser para asmassas. Herr Carlos assimilou perfeio os ensinamentos de Herr Hitler sobre propaganda poltica, esmiuados noMinha Luta. Interessante em seu visceralismo o que chamo os demnios do dia. Dois exemplos:E j no apenas os comunistas que tem o livro nico, mas tambm, os progressistas catlicos, que adotaram cartilhas ensinando desprezo lei e dio entre classes. O clero esclarecido no Brasil est pedindo um Auschwitz, no entender de Herr Carlos, pois adotou cartilhas ensinando desprezo lei do latifndio e do imperialismo, lei de que Herr Carlos e o anjo Gabriel (pronuncia-se gueibriel). Ele tem Dom Helder, DomTvora e, agora, Dom Joo de Rezende Costa (arcebispo coadjutor de Minas) atravessados na garganta, pois esses prelados no admitem o atrelamento da Igreja ao Ibad. Em seguida:Os juzes j no so os que interpretam as leis, e sim os generais. Traduo: Herr Carlos est indignado com a 20. 24 ao da Supra para dar m s avaliaesterritoriais por certos juzes de Comarca. A Supra calcula as desapropriaes pelo imposto territorial pago pelos proprietrios, o que lgico e legal. Certos juzes de Comarca, entretanto, meros besteirinhas decoronisdo interior, invariavelmente aumentam esse clculoem1.000%(estimativaconservadora),oquetornainexequveladesapropriao.ComasForas Armadas participando dos levantamentos de latifndios desapropriveis, essa prtica escandalosa tende a desaparecer ou ter consequncias perigosas para seus benecirios. Da a indignao de Herr Carlos e sua intriga de Exrcito com o Judicirio. Para encerrar: (os generais) da mesma forma como os aprendizes de caudilho (que portugus! P.F) so, agora, cultores de legalidades. o Golpe puro e simples, sempre nos pensamentos de Herr Carlos. Ningum pode dizer que o candidato a fuchrer no est falando claro, Hitler, depois do fracassado Golpe de Munique: anunciou que iria ao poder pelas urnas, estabelecendo depois a ditadura. Ningum o tomou a srio, com os resultados conhecidos. A histria se repetir no Brasil com Herr Carlos que, em 1951, 1955, 1961, proclamou a necessidade da ditadura do imperialismo e do latifndio? Gerais Os funcionrios do Banco do Brasil que furaram a ltima greve de reivindicao salarial dos bancrios foram premiados com graticaes extras e tiveram meno especial em suas fs de ofcio. um fato que chamo ateno do presidente da Repblica, que reconheceu a justia da greve e derrubou a deciso doTribunal doTrabalho que no atendia s necessidades dos bancrios. bastante provvel que Nlson Rockefeller vena a prvia republicana de New Hampshire. Ele vem subindo nas pesquisas,enquantoGoldwaterdesce.Alis,acreditoqueoPartidoRepublicanoescolhaumcandidato da chamada ala liberal, pois Lyndon Johnson ainda no goza da conana do eleitorado trabalhista e das grandes cidades, que, em geral, vota nos candidatos de rtulo progressista. Assim, Goldwater ser preterido por Rockefeller ou William Scranton (governador de Michigan, jovem, rico e sosticado que pode evocar no povo americano lembranas de Kennedy). Mas a maioria dos observadores considera certa a vitria de Johnson, a menos que haja um revertere grave em poltica internacional, como a derrota denitiva no Vietn do Sul. Para o Brasil, a exceo de Goldwater (que, a levar-se a srio o que ele diz, declararia a Terceira Guerra Mundial), tanto faz quem vena o pleito. As nuanas americanas entre liberal (como Rockefeller) ou centro (como Eisenbower) s nos atingem supercialmente. A poltica extrema americana em relao Amrica Latina, desde Franklin Delano Roosevelt, permanece inalterada em seus fundamentos. Kennedy tentou reabrir o dilogo e passar ao, mas, quando morreu, ainda estvamos em palavras, palavras, palavras. Edita-se na Guanabara um pasquim fascista intitulado Portugal em Foco patrocinado, naturalmente, pelos comendadores salazaristas. Seus ataques ao Brasil e ao Governo so dos mais violentos, provocando inclusive protestos indignados das associaes de portugueses livres. J tempo que o ministro Jurema faa um levantamento desses rgos salazaristas. Um exame de livros bastaria para enquadrar esses veculos de propaganda de uma ditadura estrangeira hostil ao Pas. O corajoso pronunciamento do governador Magalhes Pinto, colocando a candidatura Carlos Lacerda em seus devidos termos de radicalismo direitista, teve profunda repercusso nos meios militares. A fala de Magalhes parece indicar que os progressistas moderados vo nalmente sair em campo contra a ascenso do fascismo. 21. QUARTA 4 de maro de 1964 25 Jornal do Brasil Segunda Seo Wilson Figueiredo Esquerdas denunciam Goulart e partem em defesa de Arraes As esquerdas acordaram ontem noite para a gravidade da situao em Pernambuco. Seus comandos iniciaram imediatamente a convocao das foras sindicais e populares para uma demonstrao de solidariedade ao governador Miguel Arraes, que consideram ameaado de perto pela reao. Os lderes das organizaes sindicais e de esquerda responsabilizam o sr. Joo Goulart pela situao que se agrava em Pernambuco, porque usou de omisso e protelao no caso do acar (da alada federal) e precipitou a crise com a nomeao de novo delegado do Iapi. Acusam a coincidncia de propsitos entre a posio do presidente Joo Goulart e o nimo recobrado pelos setores conservadores de Pernambuco, os quais passaram a reclamar em cima dos fatos a interveno federal no Estado. Durante a tarde e a noite, as esquerdas se lanaram ontem mobilizao espetacular de suas foras, com o objetivo de pressionar o Governo Federal a aliviar imediatamente a tenso. Se Goulart insistir em protelar a soluo, as esquerdas consideram liquidadas as possibilidades da Frente Ampla, porque se estabelecer denitivamente entre elas e o Governo uma nova suspeita insupervel.Acreditamqueosr.JooGoulartestcriandooproblemapernambucanodecasopensado. Vo responder- lhe com a mobilizao das foras populares e desencoraj-lo com a demonstrao de solidariedade a Miguel Arraes, denunciando todas as implicaes que o caso comporta. Recomendao Instrues especiais e denitivas seguiram ontem para o embaixador Jaime de Azevedo Rodrigues,reunidoemAltaGracia(Argentina)comrepresentanteslatino-americanosquesepreparam para a Conferncia Mundial de Comrcio. O presidente Goulart recomendou com a maior nfase o empenho que o Brasil tem no reescalonamento das dvidas com os pases europeus. O interesse brasileiro deve orientar a posio de nossa delegao Conferncia de Comrcio e pautar nossos compromissos, desde j. Frase clebre No fogo dos acontecimentos em Belo Horizonte, um cabo da Polcia Militar, sem se chamuscar, ia avisando a cada soldado:Baixa o pau s em comunista. Transitrio Entre os funcionrios da Petrobras na Guanabara comea a circular que o marechal Osvino Alves tem vida efmera na Presidncia: o homem denitivo seria o general Crisanto Figueiredo. 22. 26 Posio das esquerdas Boletim da esquerda radical: 1) O comando da esquerda radical no acredita que a encampao de Capuava seja assinada no dia 13. No porque restem formalidades preliminares a cumprir, mas porque o Governo no teria condies para enfrentar as resistncias. 2) provvel que o deputado Leonel Brizola no participe do comcio de GovernadorValadares. A tendncia dominante no grupo no sentido de deixar as coisas se acalmarem um pouco. A experincia de Belo Horizonte criou apreenses. s esquerdas no interessa levar a radicalizao s ltimas consequncias. Pelo menos, neste momento. 3) Sobre a integrao das esquerdas na Frente Ampla do professor San Tiago Dantas, disse-nos um lder do grupo: Estamos esperando que a frente se desintegre, para cuidarmos de recompor a nossa unidade. 4) Sobre os acontecimentos de Belo Horizonte: o grupo acha que o governador Magalhes Pinto demonstrou no ter o controle da polcia estadual, ao contrrio do que havia armado aos promotores da reunio esquerdista. Aparecido em cobrana O deputado Jos Aparecido est apresentado em Paneto como devedor de uma explicao, porque segundo o ponto de vista radical da revista do sr. Leonel Brizola deixou os seus colegas e o povo entregues fria da polcia, comodamente instalado no Palcio do Governo. At agora, registra Paneto, Aparecido estavaperfeitamente integrado no esquema das foras populistas. Em Minas, sem limite de tempo no exerccio da funo de secretrio do Governo, o sr. Jos Aparecido est em fase de opo: no sabe se mais til car no posto que Magalhes Pinto lhe conou ou voltar s lutas nacionais. A deciso da UDN, antecipando o lanamento do candidato sucesso presidencial, excita-o a dar consequncia luta que sustenta nas leiras udenistas, onde se identica com a potencialidade da bossa nova. Aparecido sente que para ele esgotou-se o sentido de sua presena nas montanhas: sofre a nostalgia das lutas na plancie. Festa de espuma J est includo no programa do Quarto Centenrio do Rio, mas para realizar-se ainda este ano, o Primeiro Festival da Cerveja, que reunir em disputa de consumo delegaes de todo o Brasil e uma forte representao alem. O Festival da Espuma ser montado com todo o ritual alemo, danas, cantorias e pileques homricos. Do Rio para baixo, todos os Estados estaro no preo e no porre. A arte de esclarecer Quem est servindo descort miss Guanabara em sua temporada paulista no o industrial e playboy Baby Pignatari: seu lho Julinho quem leva Vera Lcia Maia a jantar todas as noites na Baiuca, esticando depois no Chez Regine. Esclarecimento importante: o interesse de Baby se volta para a amiga ntima de Vera Lcia, com o nome troiano de Helena e em casa de quem se hospeda miss Guanabara, em So Paulo. 23. 27 Rescaldo baiano Durante meia hora, no Palcio Rio Branco, em Salvador, os governadores Carlos Lacerda e Nei Braga acertaram os ponteiros. Nei rearmou a Lacerda sua disposio inabalvel de ser candidato a vice-presidente em 65 e garantiu que Carlos Lacerda a grande fora poltica no Paran. O nome do prof. Carvalho Pinto foi uma constncia nas conversas dos governadores Alusio Alves e Seixas Dria em Salvador. Acham que, depois de assegurado que a sucesso ter vez em 65, at provvel o apoio de Jango a Carvalho Pinto, como candidato pela esquerda. Quem se recusou terminantemente a tratar temas polticos foi o governadorVirglioTvora. Assim que pisou terra baiana, no aeroporto, disseram-lhe que a poltica ia predominar. Virglio foi categrico na sua mania telegrca:Voltarei para Fortaleza pt. Jornal do Brasil Coluna do Castello Carlos Castello Branco Invaso cordial do Ministrio da Guerra Braslia Chegaram informaes liderana da oposio em Braslia de que, no comcio de sexta- feira, 13, ser permitida uma invaso cordial dos portes do Ministrio da Guerra pelos trabalhadores que se aglomeraro na praa fronteiria para ouvir o presidente da Repblica. O objetivo seria provocar uma confraternizao entre Exrcito e povo, de maneira a apagar a impresso de que as Foras Armadas so uma instituiofechada,agressivaehostilscausaspopulares. A oposio no acredita, todavia, que o Exrcito seja, em seguida, convocado a garantir as invases de terraquesedariamemlargaescalaemvriospontosdopas.Noentenderdosudenistas,arepressodequalquer aoilegalcabespolciasestaduais,maisdoquesucientesparadeterempenetraesdetrabalhadoresrurais empropriedadesprivadas. Emboraalegandoescassezdecontatosnareamilitar,dirigentesoposicionistasadmitemqueseagravou nas ltimas semanas a desconana do Alto Comando com relao aos planos do Governo, especicamente quantoaoquesucederiaapsocomciododia13.Noentanto,aconanadaUDNnarepressoaosmovimentos previstosestmaisnaatitudedaspopulaescivis,que,aexemplodoqueocorreuemBeloHorizonte,poderiam sermobilizadasparadeteroquecaracterizacomoprocessosubversivo. Essas notcias e especulaes dominantes no setor oposicionista do ideia da importncia atribuda ao comcio,queoGovernoprocurariacaracterizarnomaiscomoumcomcio,mascomoumareuniodestinada prestaodecontasdopresidenteaopovo.Osdirigentesdaesquerdaradicalestaropresentesmanifestao, masnoterooportunidadedefalar,peloprpriocarterdadopelasautoridadesaoacontecimento. No certa ainda a presena do governador Miguel Arraes, o qual, contudo, programou uma viagem a SoPauloparaoprximodia6,devendovisitarBraslianodia8. Nos crculos governamentais, dentro da mesma linha de preocupaes com as reformas e o regime, volta-se a dar curso a informaes relativas ao plebiscito. O professor San Tiago Dantas teria endossado a argumentaoelaboradapelosjuristasociaisparasustentaodatesedequepossvelconvocaroplebiscito pordecretodoExecutivo.OentusiasmoprovocadoporessaopinioterialevadosetoresdoGovernoapreconizar a realizao do plebiscito, com a participao do analfabeto, em maio prximo, coisa que seria suciente para esvaziarporlargosmesesacampanhapresidencialqueospartidospretendemprnaruaemmaroeabrilcom aocializaodascandidaturas. 24. 28 No PDC at ltima instncia Informa o deputado Paulo de Tarso que ele e os deputados Plnio Sampaio e Joo Dria, antes de decidirem pelo ingresso do PTB, iro recorrer at ltima instncia contra a deciso do Diretrio do PDC que os probe de participar da Frente Parlamentar Nacionalista. No requerimento dirigido direo partidria, pedem os deputados que o partido consulte a ADCA (Associao da Democracia Crist das Amricas) sobre o mtodo adotado em vrios pases para enquadrar a participao de democratas cristos em frentes parlamentares. Acredita o sr. Paulo de Tarso que a soluo do caso vir com a deciso do partido em relao sucesso presidencial. Se o PDC car com o sr. Carlos Lacerda, o diretrio manter o veto participao na Frente; se marcharem todos para uma outra candidatura, a questo cair num segundo plano. Brizola para a Presidncia O PTB do Rio Grande do Sul cogita de lanar, a 28, em Uruguaiana, a candidatura do sr. Leonel Brizola Presidncia da Repblica, enfrentando assim os obstculos legais. Ontem, na Cmara, o sr. Paulo Mincarone chamava a ateno do sr. Renato Azeredo, do PSD de Minas, para o erro que o sr. Juscelino cometeu em relao ao Rio Grande, ao optar pelo PSD. Segundo o sr. Mincarone, o ex- presidente preferiu um grupo de duzentos mil eleitores a um outro de quinhentos mil, e dos duzentos mil pessedistas, pelo menos a metade j est denida pr-Lacerda. Diculdades para Bonifcio A pedido dos deputados Edlson Tvora e Nicolau Tuma, rene-se hoje a bancada da UDN para indicar o candidato do partido Primeira-Secretaria da Cmara. O sr. Edlson Tvora pedir a substituio do sr. Jos Bonifcio, h seis anos no posto o nico posto federal de importncia que, segundo ele, est nas mos da UDN. A indicao dever ser feita em escrutnio secreto, sendo previsvel por larga margem a vitria do sr. Jos Bonifcio. PSD abre a questo Tendo aderido tese da UDN, segundo a qual o Congresso deve esgotar a votao de medidas possveis em reformas, o PSD comeou por abrir a questo em torno do projeto Aniz Badra, em regime de urgncia por solicitao da UDN. A maioria pessedista, que havia sido contida pelas negociaes em torno da emenda constitucional, j denitivamente abandonadas, inclina-se pela adoo do projeto, que uma refuso do antigo projeto Milton Campos. O PSD abriu questo tambm com relao anistia, a qual poder ser votada ainda esta semana. Adauto renunciar O sr. Adauto Cardoso renunciar liderana da UDN, na reunio de hoje do seu partido. Considera o lder nda a sua misso, devendo dar lugar a algum com a agressividade mais anada atual conjuntura partidria. O novo lder dever ser o sr. Ernni Stiro. 25. 29 Jornal ltima Hora (vespertino) Informa de Braslia - Flvio Tavares JK tenta impedir que Auro separe PSD e PTB Anunciando sua presena em Braslia, onde est sendo esperado esta manh, o sr. Juscelino Kubitschek buscar impedir que a intransigncia do sr. Auro Moura Andrade em tentar reeleger-se para a Presidncia do Senado acabe separando o PSD e o PTB em dois compartimentos parlamentares estanques e politicamente distanciados. JK volta ao Senado no momento em que os entendimentos em torno da escolha da Mesa Diretora assumem propores e caractersticas de crise poltica. Ontem, a bancada trabalhista esteve reunida com o lder Arthur Virglio, mantendo sua manifestao contrria ao sr. Moura Andrade. Quase ao mesmo tempo, o lder pessedista na Cmara, Martins Rodrigues, e o deputado Carlos Murilo conferenciavam, a portas fechadas, com o senador Filinto Mller, que at aqui, se julgava compromissado, pessoalmente, com o atual presidente da Casa. Os termos da conversao, cercada de sigilo e cuidados, parecem, no entanto, ter denido o funeral da reeleio de Auro, contra a qual j se insurgiu, abertamente, o lder Benedito Valadares. Entre os representantes pessedistas de inuncia na Cmara Alta, parece que apenas o sr. Vitorino Freire mantm sua solidariedade e seu apoio integral ao senador paulista. A eventual reeleio de Auro no interessa, nesta altura, ao esquema eleitoral do PSD. A Conveno Nacional pessedista estar reunida no Rio, dia 19, poucos dias depois da escolha do presidente do Senado, numa demonstrao de fora em torno da candidatura JK Presidncia da Repblica. J se tendo lanado candidato Vice-Presidncia da Nao pela legenda do PST, o Sr. Moura Andrade criou um problema poltico profundo aos seus correligionrios pessedistas e, especialmente, a Juscelino. No esperou pelo seu prprio partido e antecedendo-se a ele, xou-se na indicao a vice, demonstrando que est disposto a atuar em faixa prpria no pleito de 65, catando votos em todas as reas, numa situao que leva a desavena recomposio eleitoral da aliana PSD-PTB que, em 1955, levou JK ao poder e que em 60, elegeu o sr. Joo Goulart. Para o PSD, Auro tornou-se um problema. Reeleg-lo para a Presidncia do Senado signicaria um prestgio pessoal perigoso, capaz de deitar sementes separao eleitoral denitiva dos dois maiores partidos nacionais no pleito de 65. PTB ca com Pinheiro Neto O lder trabalhista Doutel de Andrade taxativo. A Cmara Federal no possui condies para pretender processar o sr. Joo Pinheiro Neto: Foi a Cmara que se recusou a vetar a reforma agrria que ele, como presidente da Supra agora est pregando. Em qualquer circunstncia, o PTB ca com Pinheiro Neto, buscando impedir a tentativa de processo que, acentua o lder, despropositada e absurda, pois o presidente da Supra fez uma armativa contra parlamentares isoladamente, no atingindooCongressocomoinstituio.Ontem,osr.RanieriMazzillitropeounosprimeirosobstculos ao tentar formar a comisso para estudar e dar parecer sobre o pronunciamento de Pinheiro Neto. Dos trs membros indicados, Oscar Corra (UDN), Taborda de Almeida (PTB) e Getlio Moura (PSD), o ltimo no aceitou a incumbncia e o presidente da Cmara j considera que haver diculdades para a escolha de um nome pessedista. 26. 30 Reforma misticada Nos crculos reformistas do PTB, PSD e pequenos partidos na Cmara no veem com bons olhos o chamado projeto Aniz Badra, de Lei Agrria. O deputado Plnio de Arruda Sampaio anunciava, ontem, que vai abrir baterias contra o projeto, que considera uma misticao da reforma agrria. Sustenta que dos seus oitenta artigos, 41 so absolutamente idnticos ao projeto Milton Campos, derrotado o ano passado na Cmara. Onze artigos contm diferenas apenas de vocabulrio e outros dez tem o sentido de enfraquecer o primitivo projeto, enquanto os restantes repetem algumas das 79 emendas a ele apresentadas,Ora esclarece Plnio o projeto Milton Campos e as emendas foram rejeitadas porque, reconhecidamente, no resolviam o problema agrrio, tornando-se o projeto que o sr. Aniz Badra assinou apenas uma manobra regimental para fazer votar, de novo, matria j rejeitada.A sua aprovao apenas servir de pretexto aos conservadores para poderem se apresentar Nao que est exigindo do Congresso leis que ele se recusa a dar.Teremos o rtulo da reforma para escamotear a verdadeira reforma agrria. Amaral contra Lacerda O deputado Amaral Neto rompeu, tacitamente, com a candidatura do sr. Carlos Lacerda Presidncia da Repblica. Convidado, na semana passada, pelo Movimento Popular Lacerda 65, do Piau, para lanar, ocialmente, a candidatura de governador guanabarino num comcio em Teresina, recusou-se sequer a participar da manifestao.Telegrafou, salientando que no tinha mais condies morais e polticas para defender Lacerda, depois de tudo o que vem sucedendo na Guanabara.No movo mais uma palha por ele, costuma dizer Amaral Neto, que promete, para a reunio de hoje do Diretrio Nacional da UDN, em Braslia, dezenas de surpresas, nas quais denunciar a traio do governador da Guanabara. Jornal ltima Hora (matutino) Informa e Comenta - Paulo Francis Frente nica e Congresso O deputado Almino Afonso esteve na televiso falando pelas esquerdas sobre a Frente Ampla, ou nica, ou Popular: d tudo na mesma. Ele provavelmente negaria a condio de porta-voz, mas no h dvida de que sua opinio expressa o consenso que vai do PC esquerda radical. Almino quer a Frente Ampla, mas no tanto que englobe a faco de centro-direita, digamos assim, do PSD. Levantou-se uma declarao de Amaral Peixoto sobre a recusa do PSD de se unir UNE, CGT, PUA etc. Almino mostrou-se incerto sobre a veracidade dela. Posso assegurar aos leitores de que radicalmente (sem trocadilho) falsa. Quando se fabricava essa notcia (e sei quem a fabricou), Amaral Peixoto estava em casa de San Tiago Dantas dizendo-se surpreso com a pouca resistncia que encontrara no PSD para o programa e associaes da Frente. Mas isso perifrico argumentao de Almino. Segundo ele, uma minoria parlamentar articulada, imune a inltraes que terminariam por diluir a Frente, bastaria para concretizar projetos do interesse do Pas. A Frente dever ser a base da anunciada reforma ministerial, logo o excesso de amplido em suas componentes poderia limitar a ao progressista que se visa a dar ao Governo. Pelo que conclu, talvez erradamente, preenchidas essas exigncias, haveria a unio das esquerdas e seu apoio integral ao presidente. 27. 31 Almino, para surpresa minha, citou o exemplo de Jnio Quadros, que, minoritrio no Congresso, no teria encontrado oposio da maioria (PSD-PTB). Jnio Quadros, como pblico e notrio, denunciou a Cmara dos Deputados como inerte e incompetente, no que foi repudiado pelo prprio Almino, quando este se queixou de que o ex-presidente no enviara mensagens sucientes ao Congresso, pretendendo com isso esvazi-lo. Logo, onde h semelhana com o presente? Quando da posse presidencial de Jango, o deputado Adauto Lcio Cardoso exigiu que o Executivo determinasse a profundidade das reformas, pois a Cmara saberia vot-las, desde que Jango assumisse a responsabilidade por elas. Veio a Mensagem sobre a emenda constitucional. At hoje, aguardamos a ao do Congresso. Constituio da Cmara UmexemplofrequentementeinvocadosobreadocilidadeparlamentarspressesdoExecutivo o do plebiscito, conseguido com base nos sindicatos e Exrcito. Outro, o do parlamentarismo, quando os trs ministros militares de Jnio foraram uma emenda constitucional, agora negada para a reforma agrria. Por mais dramticos que tenham sido esses dois episdios, so qualitativamente diferentes das reformas. Foram transies formais de poder, que no alteraram a estrutura econmica do Pas, ao passo que a reforma agrria, para citar o exemplo mais conspcuo, visa a desmembrar o latifndio, um dos pilares dessa estrutura. Haja vista a desfaatez com que a UDN rasgou sua Carta de Princpios, deciso de Arax etc., para inverter sua posio favorvel desapropriao de terras com ttulos da dvida pblica: isto na Conveno de Curitiba, totalmente controlada pelo Ibad e teleguiada por Herr Carlos que ameaararenunciara vida pblica para dar um pano de fundo dramtico sobrevivncia do latifndio. Da mesma forma, uma minoria articulada, como prope Almino, ser em si insuciente para vencer a resistncia da maioria. Precisaria de complementos. O Congresso pode ser dividido em duas minorias, vagamente denveis como progressista e reacionria, agindo sobre uma maioria provinciana, ablica. At hoje, faltou fora minoria progressista para trazer os utuantes para seu lado. Isto, em parte, pode ser atribudo a penetrao do Ibad, em parte, ao radicalismo tempestuoso e alienatrio de alguns progressistas, mas, como estamos hoje, em estgio avanado de radicalizao, praticamente impossvel que se consiga dobrar a inrcia do centro parlamentar para as reformas. Essecentroaceitou a Lei de Remessas de Lucros, mas sabido que em sua maioria, votou sem saber em que, ao passo que as reformas e as vantagens existentes para seus opositores foram fartamente divulgadas e exploradas pelo Ibad. Nessa linha de argumentao, Almino poderia responder que a amplido da Frente tambm resultaria negativa, uma vez que os direitistas moderados (haver tal coisa hoje em dia?) do PSD tambm no aceitariam reformas reais. Certo, mas a Frente, para sobreviver, s pode basear-se num programa combinado a priori pelos seus eventuais componentes, e no no pronturio de personalidades. Ningum ignora que poltica, via de regra, mesmo em seus momentos deimportnciahistrica,combinaumasriedefatorescontraditriosdoidealismomaisdesinteressado nomeao de parentes e amigos. Rouba-se em todas as reas, da direita esquerda, informao que no preciso passar a Almino, poltico honesto. A Frente depender basicamente do Executivo, do que ele possa oferecer aos utuantes em contrapartida do Ibad, e nunca de estreis discusses sobre certicados ideolgicos. O deputado Almino Afonso jovem e tem mantido uma linha ideolgica de absoluta coerncia em sua carreira, mas se olhar em torno computar com facilidade inmeras converses paulinas da direita para a esquerda, e vice-versa: ele prprio explicou a um dos reprteres a possibilidade de evoluo da espcie humana, mas esqueceu-se de explicar o reverso, a possibilidade de involuo. Da a necessidade de a Frente alicerar-se num programa, se possvel, sacramentado por todos os seus eventuais componentes. O mais me parece supruo, excesso de subjetivismo. 28. 32 Jornal O Globo (matutino) Coluna do Eugnio Gudin O direito subverso AlmdosenergmenosquetentaramrealizarocomciorevolucionrioemBeloHorizontenoque foram, em boa hora, impedidos pelo clamor pblico tm alguns observadores ingnuos protestado em nome do inviolveldireito de reunio. Mas o conceito desse direito no pode ser entendido no sentido absolutamente ilimitado que se lhe quer emprestar, no possvel estend-lo, por exemplo, ao caso da propaganda para ns ilcitos, imorais ou subversivos. No se concebe que qualquer indivduo tenha o direito de promover um comcio diante da casa da gente, pregando o roubo e o incndio da casa e a agresso gente, sem que o alvo dessas violentas ameaas possa reagir. Ora perfeitamente esse o caso do comcio dos criptocomunistas e dos comunistas tout-court que foram a Belo Horizonte. Nem se diga tratar-se de uma simples suposio: os precedentes a esto. a invaso da propriedade alheia e a agresso a seus donos; a subverso da ordem poltica tentando substituir o Congresso pelos comcios de sindicatos comunistas; o desrespeito autonomia estadual; a propaganda da greve permanente; a ameaa de paralisar o Pas inteiro pela suspenso do suprimento de petrleo etc. Em suma, a revoluo. E a Constituio no permite a propaganda da revoluo. Reza o Artigo 141, pargrafo 5:No ser tolerada a propaganda de... processos violentos para subverter a ordem poltica e social. As senhorase ospatriotasmineirosnadamais zeram doquechamara siaaplicaodessepreceito constitucional, j que chegamos triste condio de ter de substituir as fardas pelas salas. Contam-me que de volta a Paris os deputados franceses que aqui estiveram recentemente, perguntados pela reportagem, zeram vrios elogios ao Pas e gente brasileira, mas acrescentaram que o Brasil um pas curioso, em que os senadores trocam tiros e os generais fazem discursos e em que o Governo prega a subverso e a oposio defende a legalidade. No pouco tempo que aqui estiveram, no escapou aos franceses oacharnementcom que o sr. Goulart se aplica, dia e noite, tarefa de promover a subverso. Outro exemplo da propaganda subverso o do comcio convocado pelo comunista Hrcules Corra para a prxima sexta-feira, 13, na praa da Repblica, com a presena do presidente dessa mesma Repblica. A lei clara: Lei 1.802, de 1 de janeiro de 1953 (da Segurana Nacional), assinada pelo presidente Getlio Vargas e todo o Ministrio, quedene os crimes contra o Estado e a ordem poltica, reza em seu Artigo 19: Art. 19: convocar ou realizar comcio ou reunio pblica a cu aberto em lugar no autorizado pela polcia ou desobedecer determinao da autoridade competente sobre a sua dissoluo quando tumultuosa ou armada etc. Pena: seis a dezoito meses de priso. 1 Para os efeitos desse artigo, a autoridade policial discriminar anualmente os lugares para as reuniespblicasacuaberto,nopodendoalteraressaindicaosenopormotivogravesuperveniente. Diz o secretrio de Segurana do Estado da Guanabara, autoridade policial a que se refere a lei: Praa da Repblica, local indicado em comunicao do promotor do comcio e anunciado pela imprensa, no consta, nem em tempo algum constou, das relaes de lugares designados para reunies pblicas em sucessivas portarias que desde o governo do presidente Vargas, a partir de 1950, foram expedidas com o objetivo prescrito na lei. 29. 33 Quem vai infringir frontalmente a lei o presidente da Repblica. No entender de uns pndegos como o sr. Jurema, o sr. Evandro Lins ou o atual consultor geral da Repblica (pau pra toda obra), estes claros dispositivos da lei federal no se aplicam ao presidente da Repblica. Recorri ento mais uma vez ao texto constitucional. Reza o Artigo 141, pargrafo 1: Todos so iguais perante a lei. Epormaisqueprocurasse,noencontreimenodequeexcetua-seopresidentedaRepblica. Isto, bem entendido, no chamado estado do direito. O regime que o sr. Goulart quer implantar a do direito subverso. E o que triste que o faa, diante do Ministrio da Guerra, sob proteo da fora federal, quando o Artigo 176 da Lei Magna declara que as Foras Armadas devem respeitar a autoridade do presidente da Repblica dentro dos limites da lei. E o Artigo 177, que incumbe s Foras Armadas a garantia da leiinclusive evidentemente a lei supracitada, que , por sinal, aLei de Segurana Nacional. A acrescentar a infrao ao Artigo 89, que responsabiliza o presidente por atentado contra os Poderes Constitucionais do Estado. O que vai dizer o sr. Goulart como lder sindicalista, no comcio convocado pelo sr. Hrcules Corra? Que as reformas de base a serem realizadas por bem ou por mal, com lei ou sem ela etc. Que reformas de base, ningum sabe. Nem ele. Isto , o presidente vai pregar a baderna e a subverso. 30. 34 QUINTA 5 de maro de 1964 Jornal do Brasil Segunda Seo Wilson Figueiredo Crise de Pernambuco pode levar esquerdas denio eleitoral As esquerdas podero encaminhar-se a passo acelerado rumo ao processo eleitoral, depois da crise pernambucana, onde suspeitam seriamente da interferncia do governo federal. Setores isolados da esquerda davam ontem a impresso de convertidos necessidade de colocar a sucesso presidencial como um ponto de referncia na sua programao poltica. Vozes ainda isoladas externam a opinio de que a defesa do regime pode e deve ser colocada em termos eleitorais, independentemente da luta pelas reformas de base. Assim, continuam ao lado de Goulart, no plano da pregao reformista, mas tendem a abrir o debate eleitoral aproveitando as circunstncias que se mostram favorveis ao encaminhamento de uma candidatura autnoma, nacionalista, popular e de esquerda. As esquerdas desconam de que a impresso digital do Governo Federal na crise de Pernambuco pode ser interpretada como o desejo de reduzir a imagem poltica que conduz o sr. Miguel Arraes na direo das urnas. H quem veja no comportamento de Goulart empenho em enfraquecer todos os candidatos que se apresentem na rea popular, pois de seu plano deixar prosperar somente o sr. Carlos Lacerda, reservando-se a exclusividade na oposio ao candidato udenista. Depois do desgaste sofrido pela candidatura do sr. Magalhes Pinto, nos acontecimentos de Belo Horizonte, onde o Governo Federal fez questo de ressaltar a impossibilidade de ser assegurado o direito de reunio sem a proteo do Exrcito, o episdio pernambucano visto do mesmo ngulo. O prolongamento da tenso por mais 24 horas criaria condies para a entrada do Exrcito em cena, com o objetivo de manter a ordem. As garantias da ordem e das franquias democrticas podem tornar-se exclusivas do sr. Joo Goulart, se as crises continuarem pipocando aqui e ali numa sequncia que parece ter pouco de casual. Recheio agrrio Foi a galope que o sr. Joo Pinheiro Neto se dirigiu ontem noite ao Palcio das Laranjeiras, a chamado do presidente Goulart, que mandou colocar mais uma azeitona na empada da reforma agrria: todas as terras saneadas com recursos do Governo Federal sero includas na faixa da desapropriao. A sombra de Vargas Por cinco milhes de cruzeiros, o senador Juscelino Kubitschek adquiriu cinco cpias do lme produzido por Jorge Ileli, O Mundo em que Getlio Vargas viveu. Vai projet-lo ao longo de seu roteiro eleitoral de 65, estreitando seus laos com o povo na esperana de uma colaborao pstuma de Vargas. De txi O governador Magalhes Pinto havia recebido mensagens do presidente da Repblica para dispensar proteo especial sua irm, dona Neusa Goulart Brizola, na reunio da Frente de Mobilizao Popular em Belo Horizonte. Dona Neusa, entretanto, insistiu em colocar-se no centro dos acontecimentos, enfrentando todos os riscos. No momento crtico dos incidentes, chegou um 31. 35 carro ocial do Estado para coloc-la em segurana. Dona Neusa recusou o auxlio, dizendo que do governo mineiro no aceitava nada. E saiu num txi. Diferena de sorte Tambm entre os nomeados para o Porto do Rio de Janeiro h diferenas de sorte. Foi assim que o jovem Baldomero Barbar, noivo de Mrcia Kubitscheck, e at bem pouco, residente em Paris, no s obteve a nomeao de conferente do porto, como ainda tomou posse. Ao passo que o cantor Jorge Veiga, tendo ganho o mesmo emprego, cou s na nomeao: a Unio dos Porturios, que tambm sabe distinguir prestgios, ou no gosta do estilo fanhoso de Jorge Veiga, proibiu a sua investidura. O cantor protestou em todos os ritmos, apelou para todos os santos e musas, e no arranjou nada. Quanto ao jovem Barbar, j se encontra em plena atividade, ou melhor, em plena disponibilidade. O Ministrio da Justia vai requisitar a sua presena e os seus servios. Paulistas Universidade de So Paulo, promover a Semana da Paz. Personalidades nacionais e internacionais j foram convidadas para o ciclo de conferncias. A paz ser selada pelo presidente Joo Goulart, no encerramento da semana. deputado Cunha Bueno, que os ouviu sobre a legalizao do Partido Comunista, item do programa mnimo da Frente Ampla. opinio para saber o estudo de esprito dos paulistas neste momento em relao Prefeitura: Jnio teve 61%, Laudo Natel 22% e Paulo Machado de Carvalho, 10%. Brito candidato O deputado Oliveira Brito se lanou praticamente candidato ao Governo da Bahia, em discurso que fez na Associao Comercial do Estado. O governador Lomanto Jnior o havia apresentado como uma das grandes esperanas do povo baiano. Brito aproveitou a deixa e fez a sua plataforma. No hotel da Bahia, a seguir, recebeu gente at s quatro horas da madrugada. JK e as reformas Na Universidade de Joo Pessoa, o senador Juscelino Kubitschek falou sobre o problema da reforma agrria, para declar-la necessria, desde que sob as devidas cautelas e complementada por um programa de assistncia tcnica e nanceira. Ningum deve temer as reformas que sero feitas por mim disse JK. Elas sero democrticas, crists, realistas e sem violncia e, no caso da reforma agrria, no partiro do pressuposto de que a distribuio da propriedade a soluo de tudo. Juscelino, na sua maratona nordestina, viajando em DC-3, chegou a Aracaju s onze horas da noite, seguindo do aeroporto para uma reunio no Diretrio do PSD. Havia um quiproqu entre o candidato e a direo pessedista sergipana, que acabou sendo desfeito na mesma noite. 32. 36 Conana ObanqueiroJosLusdeMagalhesLins(cujacandidaturaaoGovernodaGuanabaraagrandenovidade dapolticasucessriacarioca)escreveuaocineastaCarlosDieguesfazendooelogiodoseulmeGangaZumba. Diz Jos Lus na carta que GangaZumba uma demonstrao brilhante do quadro excepcional que o novocinemabrasileiroestatravessando. Jornal do Brasil Coluna do Castello Carlos Castello Branco Lacerda decretaria ponto facultativo Braslia O comcio do dia 13 continua a centralizar as atenes e as apreenses dos meios polticos. As novidades, a respeito do assunto, so as seguintes: 1. Rumor de que o governador da Guanabara decretaria ponto facultativo sob pretexto de poupar ao funcionalismo estadual os riscos das agitaes e da intranquilidade da sexta-feira; na verdade, para afetar o comparecimento. 2. O deputado sargento Garcia denunciou Frente Parlamentar Nacionalista que provocadores e agitadores treinados em fazendas de Minas, no bojo de uma organizao ligada ao almirante Silvio Heck, se inltrariam entre os manifestantes para aes isoladas de perturbao (garante o deputado Garcia que h peritos estrangeiros no treinamento de pessoal para ao direta no interior mineiro, vinculados a uma associao clandestina do tipo do Exrcito Secreto Francs OES). 3. Informaes chegadas aos crculos governamentais do conta de que generais estariam subscrevendo um documento de advertncia ao general Jair Dantas Ribeiro e providncias do Ministrio para prender qualquer autoridade militar que externe posies com referncia ao assunto. 4. Conselhos insistentes ao presidente Joo Goulart para que adie a reunio ou para que a ela no comparea. 5. Deciso da Frente de Mobilizao Popular de comparecer com faixas, bandeiras, estandartes e tudo o mais que torne ostensiva sua presena no comcio. Quem vai enterrar a Frente? Um grupo de deputados da esquerda discutia ontem a Frente Ampla. As reservas eram gerais, mas geral tambm a preocupao de no car com as esquerdas a tarefa de enterrar a Frente. O sr. Neiva Moreira manifestava o receio de que uma articulao desse tipo, se for ampla, se tornar impopular e, se no for bastante ampla, ser inecaz como sustentao de uma poltica legislativa. decididamente contra a amplitude, alegando que no possvel a esquerda voltar idade da pedra lascada, coisa que ocorreria sem dvida se admitisse uma aliana com osdinossaurosdo PSD. O sr. Paulo de Tarso denia a Frente como uma tentativa de vender direita um programa de esquerda, coisa que no parece de todo insensata em vspera de eleies, quando candidatos compram coberturas. Mas por isso mesmo ela seria inecaz como instrumento de uma poltica esquerdista. Quanto ao PTB, o deputado Doutel de Andrade rene hoje a Comisso Especial que estudar o programa mnimo e oferecer um substitutivo. Pretende o lder orientar os trabalhos da Comisso no sentido de tornar mais realista o documento, restringindo-o aos itens do programa partidrio 33. 37 e abandonando tudo quanto for politicamente invivel. Com isso quer ele dizer que o programa no deve tratar de reforma agrria, por exemplo, pois o Congresso j deu demonstraes de no aceitar essa reforma por via de emenda constitucional. Seria acadmico incluir no programa mnimo qualquer acordo nesse sentido, pois o plenrio da Cmara no o cumpriria. Insistir tambm o lder do PTB em amarrar o apoio do partido ao programa a um prvio compromisso escrito de todos os partidos pactuantes, de que a adoo do esquema ter consequncias legislativas. E, pergunta: De que vale assinarem o Amaral e o Martins Rodrigues e depois chegar o ltimo de Carvalho e anunciar que no vota? Fixar as regras do jogo O deputado Paulo de Tarso acha que sua corrente no deve entrar na campanha sucessria antes de xadas as regras do jogo.Vamos para a campanha dos pr-requisitos, disse:Primeiro, voto do analfabeto, segurana de espao nos jornais para a publicidade de todos os candidatos etc. S depois poderemos examinar o mrito da questo. E perguntando: Vocs acham que ns vamos legitimar esse processo que est a? Que ns vamos aceitar previamente a vitria do Lacerda?. A posio Carvalho Pinto As declaraes do professor Carvalho Pinto de que no se candidatar Prefeitura de So Paulo foram recebidas com ceticismo em Braslia. Acredita-se que o ex-ministro da Fazenda ceder a um pronunciamento unnime, a um apoio generalizado das correntes partidrias locais para entrar na disputa com razovel margem de segurana. O PTB paulista, autorizado pelo presidente Joo Goulart, j ofereceu apoio ao sr. Carvalho Pinto. O sr. Ademar de Barros tambm autorizou a que se comunicasse ao professor que, se for lanado candidato, ter o apoio do PSP. A UDN adotou idntica providncia. Por enquanto s o PDC, com a candidatura Franco Montoro, est de fora do esquema. Lder at Conveno O sr. Adauto Cardoso atendeu ao apelo dos srs. Bilac Pinto e Pedro Aleixo e permanecer na liderana da UDN at realizao da Conveno, em abril. S nessa poca a bancada se reunir para escolher, por eleio, o seu substituto. O candidato articulado para a liderana o sr. Ernni Stiro, com bom dilogo em todas as reas partidrias, ao mesmo tempo que decidido lacerdista. O sr. Oscar Correia, no entanto, poder entrar na disputa. 34. 38 Jornal ltima Hora (matutino) Informa de Braslia - Flvio Tavares JK remove atritos e sepulta os rebeldes Antes de qualquer tentativa de impedir que o episdio da eleio da Mesa do Senado se transforme numa crise poltica que ponha em jogo a sua prpria candidatura, o senador Juscelino Kubitschek, em seu retorno a Braslia, procurou esmagar, nas entranhas, os focos de rebeldia que pondo em dvida a homologao de seu nome pela Conveno Pessedista eram claros em alguns crculos das bancadas goiana e gacha na Cmara. De um a um, JK recebeu os deputados do PSD de Gois, integrados na faco dos ultras. O dilogo representava, antes de tudo, um teste remoo dos atritos que noite o candidato pessedista buscava sanar na rea do Senado, em reunio no apartamento do sr. Filinto Mller. Nos crculos da Cmara, a franqueza de JK liquidou co