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LITERATURA INFANTIL, HISTÓRIA E DIÁLOGOS INTERCULTURAIS: A Cultura Afro-Brasileira

Edsonéia de Souza Silva1 Ilton César Martins2

RESUMO. Este artigo é o resultado do trabalho de pesquisa que teve como objetivo a elaboração de um Projeto de Intervenção Pedagógica voltado à aprendizagem, com a perspectiva de amenizar as dificuldades em se trabalhar a temática africana em sala de aula, visto que a Lei 10.639/03 estabelece que seja obrigatório o ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira nas escolas públicas e particulares, principalmente nas disciplinas de Artes, História e Língua Portuguesa. Utilizou-se a literatura infantil como instrumento para o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira. Por meio de textos literários, foi inserido o tema, tendo como meta a valorização da criança negra, sua identidade e sua cultura, percebendo-se como cidadã pertencente à sociedade brasileira, bem como, o conhecimento desta História e Cultura, como forma de reconhecimento desta que sempre esteve oculta e/ou repassada aos nossos educandos de maneira estereotipada. Incentivou-se a leitura de textos literários numa perspectiva multicultural, com ênfase na questão cultural, na diversidade étnico-racial e na africanidade do povo brasileiro, utilizando textos que trouxessem as personagens negras com características positivas (inteligência, beleza, esperteza, sabedoria, etc.), oportunizando aos(as) alunos(as) construir a sua identidade e desconstruir estereótipos. Evidenciou-se o espaço escolar como o lugar das diferenças, encontrando neste as diversas formas de ser, de pensar, de agir, de religião, de sexo, de raça, e todas essas diferenças precisam ser valorizadas, elas não podem criar barreiras no aprendizado, para que estas barreiras não perdurem há necessidade do conhecimento. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; identidade; cultura afro-brasileira.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objetivo utilizar a literatura infantil como suporte

para o ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira, conceituando e

contextualizando-a, analisar as causas e consequências da presença de

personagens negras estereotipadas negativamente na literatura infantil. Além disso

propomos utilizar a literatura infantil com personagens negras que valorizem a

criança afrodescendente e auxiliem no conhecimento da História da África e Cultura

Afro-brasileira para todos os educandos.

Como podemos, nas aulas de Língua Portuguesa, inserir a temática

africana? Como apresentar aos nossos alunos e alunas personagens negras não

estereotipadas negativamente?

1 Professora PDE 2012. Pós graduada em Alfabetização. Graduada em Letras – Português/Inglês pela FAFI.

Professora de Português no Colégio Estadual Pedro Stelmachuk e Professora das Séries Iniciais na Escola

Municipal Coronel David Carneiro. 2 Orientador Ilton Cesar Martins – Professor Doutor da Universidade Estadual do Paraná, campus FAFIUV.

Membro Grupo de Pesquisa CNPQ – Escravidão, mestiçagens, trânsito de culturas e globalização – séculos

XVI–XIX.

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Nossa sociedade valorizou, por muito tempo, somente um estereótipo, a

cultura eurocêntrica, tornando o negro invisível. Esta invisibilidade do negro é

perversa, pois as crianças negras nunca se veem. Observam somente o que é

diferente delas, incutindo assim, a ideia de que o negro é inferior. As crianças que

não pertencem a este modelo eurocêntrico (loiro, olhos azuis) não se veem

retratadas positivamente, pois a elas são apresentados apenas estereótipos

negativos de seus iguais (empregados, pobres, ladrões, favelados).

De acordo com Bento (2005), em nossa sociedade, as crianças negras se

veem e se sentem numa condição de inferioridade, e as brancas, de superioridade.

As histórias lidas e/ou contadas na escola influenciam diretamente na construção

deste sentimento de inferioridade. Os livros literários encontrados em nossas

bibliotecas escolares, na maioria das vezes, apresentam apenas personagens que

revelam uma cultura eurocêntrica, deixando as demais culturas (afro e indígena) fora

de nossas salas de aula. Apresentar para crianças brancas e negras sempre heróis

brancos transmite a elas que a coragem, a inteligência, o destemor e o senso de

justiça são qualidades apenas dos brancos. Portanto, crianças negras e brancas

acabam formando ideias distorcidas sobre os grupos aos quais pertencem. Para

Anjos (2009), devemos entender que dentre os inúmeros obstáculos colocados para

impossibilitar a inserção do afro-brasileiro em nossa sociedade, está a inferiorização

deste no sistema de ensino.

Toda criança tem direito a uma educação que promova a sua formação

humana, reconhecendo-a como sujeito cultural e ser em desenvolvimento. Todos

temos o direito de usufruir, em plenitude a condição de cidadãos, independente da

raça, cor, posição e papel social, religião e gênero. Sendo estes direitos

compromissos constitucionais e da legislação educacional em vigor.

Em nossa sociedade está presente a discriminação étnica, dentre estas, os

negros e sua cultura, fator que reflete diretamente em nossas escolas. Diante deste

quadro, observa-se a ausência de personagens negras com características positivas

(inteligência, beleza, esperteza, sabedoria, etc.), ou a sua presença de forma

estereotipada negativa na literatura infantil trabalhada nas salas de aula.

Segundo Nascimento (2008, p.54): “A necessidade de um mundo

democrático não é eliminar as diferenças, mas conviver com elas de maneira

pacífica e harmoniosa.” Não podemos transformar as diferenças em desigualdades,

e sim, valorizá-las, com respeito mútuo enriqueceremos nosso meio cultural e a

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nossa identidade nacional. Com este conceito, o artigo aqui apresentado se propõe

a contribuir para a construção de uma abordagem pluricultural e multiétnica nas

aulas de Língua Portuguesa, criando condições necessárias para que a cada novo

texto lido, surja um novo ponto de vista, um incômodo, uma reflexão a respeito da

diversidade.

Por meio de textos literários, pretende-se inserir o Ensino da História e

Cultura Africana e Afro-brasileira. Tem-se como meta a valorização da criança

negra, sua identidade e sua cultura, percebendo-se como cidadã pertencente à

sociedade brasileira, o conhecimento da História da África e da Cultura Afro-

brasileira, como forma de reconhecer esta cultura que sempre esteve oculta e/ou

repassada aos nossos educandos de maneira estereotipada.

Como afirma Karenga (2009), para a construção de um futuro há que se

conhecer o passado, mas este deve ser um conhecimento real, verdadeiro. “Engajar

a cultura africana como um recurso perenemente frutífero, e não como uma

referência solta e sem embasamento.” (KARENGA, 2009, p. 347). Para utilizarmos a

cultura negra em sala de aula como recurso e não apenas como referência,

devemos iniciar a partir do diálogo com esta cultura, isto é, questionar os textos

apresentados extraindo respostas com uma profunda análise.

Nossos educandos têm o direito de conhecer todas as culturas, sobretudo o

conhecimento das culturas africana e indígena que tanto contribuíram na construção

da identidade do povo brasileiro, a identidade cultural nos faz pertencer a uma

cultura, onde todos são vistos com igualdade de condições. Não podemos permitir

somente o acesso à educação monocultural e eurocêntrica como vem ocorrendo em

nossas escolas. Devemos construir o diálogo entre a diversidade de conhecimentos

e culturas, com respeito a todas, sem exclusões.

A história e a cultura africana dizem respeito a toda a humanidade e não

somente aos descendentes africanos, a população brasileira, como um todo, precisa

ter este conhecimento. Nossa sociedade precisa rever seus princípios, somente com

base nos conhecimentos adquiridos, poderemos repensar e reconstruir esta

sociedade que está tão profundamente imersa em ideais capitalistas, temos carência

de valores mais humanos, de aplicar o conhecimento adquirido em questões sociais

que valorizem e dignifiquem o ser humano.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 IMAGEM CONSTRUÍDA DA ÁFRICA

A história da humanidade tem sido, em grande parte, a dominação que uns

impõem aos outros. Juntamente com as conquistas do homem contemporâneo, as

desigualdades entre ricos e pobres têm aumentado muito, fazendo com que uns

tenham acesso a tudo e que outros não consigam satisfazer nem suas necessidades

básicas, entre estas, o direito à educação e à cultura.

Estes direitos negados a boa parte da população brasileira está presente na

fala de Cunha Júnior quando diz, “A imagem do povo africano em nossa sociedade é

a do selvagem acorrentado à miséria.” (CUNHA JÚNIOR, 1991) Esta imagem é

construída pela insistência e persistência das representações africanas como a terra

dos macacos, dos leões, dos homens nus e dos escravos. Quando a imagem se

refere aos povos asiáticos e europeus, está representada com castelos, guerreiros e

contextos históricos diversos. Mas, em relação à História da África imaginamos

selva, deserto e tribos selvagens perdidas nas selvas.

Estas imagens ficam ainda mais evidentes dentro de nossas Escolas, onde

livros didáticos trazem textos e/ou imagens que inferiorizam e discriminam o negro,

mantendo estereótipos de inferioridade e submissão perante os brancos, onde

bibliotecas não contemplam em seu acervo obras literárias africanas e/ou com

temática africana.

Quando encontramos algum texto, na maioria das vezes, os africanos e

afrodescendentes são retratados apenas com contribuições à culinária, ao samba e

à capoeira, omitindo assim a diversidade dos povos africanos e suas heranças para

a nossa cultura, como por exemplo, o conhecimento que os povos africanos

detinham em relação à arquitetura, navegação, medicina, ciência, filosofia,

matemática, geometria, agricultura, utilização do ferro, etc.

Segundo Kelly Cristina Araújo:

[…] não acharam um lugar vazio ou povoado de homens bárbaros... Na África, encontraram povos com ricas e variadas culturas. Muitos eram os estilos de arquitetura utilizada na construção de suas casas e templos, da cerâmica em que guardavam seus alimentos ou davam forma a seus deuses, da pintura e da escultura, entre tantos outros elementos. Havia homens e mulheres ocupados com as mais diversas atividades. Lá viviam

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alfaiates, pescadores, ceramistas, músicos, contadores de histórias, apenas para citar alguns de seus ofícios. (ARAÚJO, 2003, p.10)

A escola, ao considerar que “todos são iguais” traz uma única cultura, a qual é

aceita e valorizada na sociedade, a cultura do colonizador (branca, cristã,

heterossexual, masculina e eurocêntrica). Não há uma valorização dos

conhecimentos que a criança negra traz de sua família e de seu grupo social. Esta

situação gera conflitos que acabam dificultando a permanência da criança negra no

processo de escolarização.

2.2 PRECISAMOS DE LEIS?

“Agora, cá pra nós, se tudo estivesse bem, a gente ia precisar de Leis? Se precisa, é porque existe alguma coisa errada”. (Drummond Amorin – Xixi na Cama)

O negro sempre foi visto como um ser inferior, pertencente à camada inferior

da sociedade brasileira. Há necessidade de salientar que, mesmo diante da

escravização, das agressões e humilhações, o negro sempre lutou em busca de

liberdade e dignidade. Nunca houve passividade diante de sua situação de miséria.

No Brasil, esta luta trouxe, entre outras conquistas, a Lei 10.639, a qual

assegura o Ensino da História e Cultura negra nas escolas do Brasil como uma

tentativa de mudar a realidade da discriminação em nossa sociedade, através da

educação.

A questão de uma educação que deve estar atenta às diferenças está há

muito tempo colocada no Brasil. Porém, são ainda tímidas, ou praticamente

inexistentes, as propostas que visam discutir e implementar políticas adequadas

sobre o tema.

Vemos que a LDB e os PCNs enfocam as questões que envolvem a

pluralidade cultural e étnica do povo brasileiro, bem como os Temas Transversais

que abordam assuntos de suma importância para a formação de cidadãos

conscientes e capazes de conviver harmoniosamente em sociedade, respeitando as

diferenças existentes. Inserir a temática negra no currículo escolar é uma forma de

combater a discriminação existente em nossa sociedade.

Para a garantia da construção de uma sociedade mais igualitária, em março

de 2008, foi aprovada a Lei nº 11.645, a qual torna obrigatória a todos os

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estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio o estudo da história e cultura

afro-brasileira e indígena:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. Parágrafo 1º – O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. Parágrafo 2º – Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (2008)

Na Deliberação 04/2006 do Conselho Estadual de Educação do Paraná,

além dos artigos que deliberam a respeito de orientações para a aplicação da Lei nº

11.645 nos Estabelecimentos de Ensino do Paraná, temos:

Parágrafo único: Ao tratar da História da África e da presença do negro (pretos e pardos) no Brasil, devem os professores fazer abordagens positivas, sempre na perspectiva de contribuir para que o aluno negro-descendente mire-se positivamente, quer pela valorização da história de seu povo, da cultura de matriz africana, da contribuição para o país e para a humanidade. (2006)

Segundo Santos (2009, p.23): “A Lei é um instrumento para reposicionar o

negro no mundo da Educação”. Em nossa sociedade houve a necessidade de

aprovar a Lei acima citada para que a nossa história fosse repassada de maneira

correta aos nossos educandos, mostrando as contribuições que o povo africano deu

a nossa cultura.

Este é o papel do professor, tomar consciência de que o Brasil é um país

multirracial e pluriétnico, reconhecendo que nesta diversidade, os negros têm papel

relevante para a formação da sociedade brasileira, mostrar para seus alunos e

alunas os elementos positivos da cultura e história da África. Oferecendo assim,

conhecimento e segurança para que a(o) aluna(o) afrodescendente sinta orgulho de

sua descendência, mirando-se positivamente pela valorização da história do seu

povo, e, a aluna(o) branca(o), (re)conheça a África e identifique as influências e

contribuições que ela trouxe ao país e à humanidade, percebendo a importância da

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história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver e de se relacionarem com

as outras pessoas.

Aprender com outras experiências, os seus acertos e erros, nos ajudará a evitar armadilhas perigosas e poderá impedir que percamos tempo seguindo por atalhos que na realidade nos afastam cada vez mais de uma sociedade democrática, de cidadãos livres e conscientes de suas reivindicações e de seus direitos. (VALENTE, 1999, p. 109)

Vivemos em um mundo mais interligado, em que os vários países se

influenciam mutuamente, o conhecimento de diversas experiências é de grande

importância para a compreensão da diversidade das culturas existentes, como um

caminho para a superação dos conflitos gerados a partir das diferenças étnicas,

raciais, de gênero, etc.

De acordo com Santos (2009, p.127), a educação deve alterar o quadro de

desinformação dos brasileiros no que se refere ao lugar insignificante com que os

contextos afro-brasileiros têm sido tratados em quase todos os sistemas e níveis de

ensino.

O processo educacional, enquanto formação humana, é um campo

estratégico para a discussão e implementação de propostas que visam oferecer à

sociedade o conhecimento da diversidade cultural e étnica. Pois, uma das formas

para discriminar um grupo dentro da sociedade é silenciá-lo, ocultá-lo, tornando-o

invisível. Isso só faz com que aumente o desconhecimento e estimule o preconceito.

2.3 A LITERATURA COMO FONTE DE SABER

“Se se quiser falar ao coração dos homens, há que se contar uma história. Dessas em que não faltem animais, ou deuses, e muita fantasia. Porque é assim – suave e docemente – que se despertam consciências”. (Jean de La Fontaine)

Segundo Antônio Candido (2002), a literatura possui três funções: a

psicológica, a formadora e a social, possibilitando ao educando a ampliação de seus

conhecimentos e horizontes, possibilitando-o desempenhar um papel atuante no

contexto social em que está inserido. É na leitura que as alunas e alunos são

expostos a novas ideias e conhecimentos, permitindo o questionamento daquilo que

antes apenas aceitavam. A leitura, e portanto o conhecimento, proporcionam ao

leitor uma nova visão que lhes oferece uma voz ativa e questionadora.

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Anjos (2009), afirma que a literatura tem grande importância dentro da

temática da pluralidade cultural no processo de ensino aprendizagem,

principalmente no que diz respeito à valorização do negro como homem social e

participante ativo e constitutivo da sociedade brasileira.

Uma das maneiras mais eficazes para trabalharmos com a inserção da

cultura afro em nossas escolas é através da literatura. Esta ocupa um espaço

privilegiado nas questões de diversidade na escola, tendo um caráter mágico,

ficcional e discursivo, podendo ser introduzido nas aulas de Língua Portuguesa

discursos afirmativo e humanizadores sobre as diferenças que são tratadas de

maneira tão desigual em nossa sociedade. Além disso, oportunizam a discussão dos

aspectos culturais e históricos do continente africano e do Brasil, bem como

alimentam o pensamento crítico acerca de realidades diversas.

Segundo Vansina (1982, p.140), “A tradição pode ser definida, de fato, como

um testemunho transmitido verbalmente de uma geração para outra”. Esta literatura

oral fornece riquíssimos detalhes sobre o passado, sendo uma importante fonte para

a nossa história. De acordo com Vansina (1982, p.142), “As tradições são também

obras literárias e deveriam ser estudadas como tal”. Este estudo literário deve vir

acompanhado com o estudo do meio social em que a tradição está inserida, bem

como a visão de mundo desta cultura.

Esta tradição podemos colocar dentro da sala de aula, ajudar nossas

crianças a valorizar a palavra, conscientizando-as da importância de ouvir, saber

ouvir. Percebemos a necessidade do efetivo trabalho com a transmissão oral, a

leitura e a literatura diante desse novo contexto educacional, levando em

consideração a formação plural do povo brasileiro.

A literatura deve ser utilizada como veículo de informação e lazer para as

nossas crianças, sendo assim, torna-se essencial para que aflorem futuros

indivíduos com maior capacidade argumentativa, bem como com capacidade de

interagir e modificar o meio em que vivem.

Na construção da identidade cultural de um povo, a literatura ocupa lugar de destaque, pois oferece os universos de relações produzidos na história, ou seja, desde os espaços ocupados e de que maneira esses espaços se ocuparam até as transformações nas relações sociais e os símbolos produzidos na e por essa sociedade. (GREGORIN FILHO, 2009, p.51).

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Para a construção de um cidadão consciente de seus direitos e deveres

perante a sociedade, é fundamental a construção da identidade cultural e a literatura

é uma fonte inesgotável de informações que a sociedade construiu e constrói

diariamente, deve ser vista como uma ferramenta para a compreensão da

pluralidade cultural e étnica, contribuindo assim para a formação do indivíduo como

um ser conhecedor da história de formação de seu povo, “no sentido de formar

cidadãos éticos, plurais e participativos” (GREGORIN FILHO, 2009, p.64).

Oliveira (2005) afirma que a literatura infantil é um gênero que sofre

preconceito, sendo por muitos considerada como uma literatura secundária, com

menor importância literária. Sendo vista apenas como “contos de fadas” que povoam

a imaginação dos pequenos, sem oferecer conhecimentos necessários ao

desenvolvimento intelectual. O maravilhoso é um dos elementos mais importantes

na literatura infantil, esta tem uma linguagem metafórica que se comunica facilmente

com o pensamento mágico, natural das crianças.

Para Oliveira (2005), “literatura é arte e deleite” independente do adjetivo

que receba. Portanto, o termo “infantil” não significa que esta tenha sido escrita

exclusivamente para crianças. Segundo a estudiosa, a literatura infantil é aquela que

corresponde aos anseios do leitor que se identifica com ela.

Por iniciar o indivíduo no universo literário, a literatura infantil deve ser

utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da

capacidade e interesse de analisar o mundo. É fundamental mostrar que a literatura

pode ser vista de modo global e complexo, em toda sua pluralidade.

A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização [...] (COELHO, 2000, p. 27).

Sendo a literatura infantil, arte, um fenômeno de criatividade que representa

o mundo, o homem e a vida, esta deve ser trabalhada e explorada como

representação do “mundo” e não como constantemente observamos em nossas

Escolas, traduzindo uma divinização ao modelo de beleza ocidental.

A escola deve proporcionar o contato com diferentes culturas, para que a

criança adquira o “(re)conhecimento de sua identidade cultural e ampliação de seu

universo cultural” (GREGORIN FILHO, 2009, p.10), o qual pode ser conquistado

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através da diversidade de textos literários, pois, as atividades de leitura propiciam “a

discussão sobre a pluralidade cultural do povo brasileiro” (GREGORIN FILHO, 2009,

p.11). Esta discussão deve estar pautada em textos literários que ofereçam às

crianças a capacidade de sentir e expressar o que sentiu, reconhecendo o

envolvimento entre a obra e o leitor.

O trabalho com literatura infantil em sala de aula propicia ao educador uma

ampla área temática a ser explorada e saboreada pela criança, quando esta

atividade extrapola os conteúdos curriculares, tem o poder de formar “leitores de

arte, leitores de mundo, leitores plurais” (GREGORIN FILHO, 2009, p.77) ampliando

a sua visão de mundo. Este trabalho traz para a criança o contato com importantes

elementos que contribuem para a construção da identidade cultural do povo

brasileiro, como por exemplo:

A figura do griô e do baobá em algumas culturas da África. Os griôs são homens quase sagrados para alguns povos de culturas africanas; eles são responsáveis pela transferência dos saberes dos antepassados às novas gerações por meio de suas histórias, narradas em rodas animadas à luz da fogueira. Comenta-se que os griôs tecem fios do céu e têm a capacidade de trazer essas histórias diretamente dos deuses. (GREGORIN FILHO, 2009, p.92, 93).

Para as diferentes nações do Continente Africano a natureza e os homens

desenvolvem ritmos próprios. Daí surgem muitas de suas histórias e mitos. Por

exemplo, a figura do Akpalô (fazedor de conto), sua atividade caracteriza-se por

espalhar histórias pelos lugares por onde passa, o que, segundo Gilberto Freire

(2002), pode ser reconhecido nas atividades das negras velhas ou amas de leite,

que contavam as histórias aprendidas, caminhando de engenho a engenho no

contexto do Brasil Colônia.

Quando uma criança tem a oportunidade de ouvir e ler histórias, ela está

construindo os seus valores e a sua identidade, essa construção tornar-se-á plena

com a variedade de temas a ela oferecidos. Devemos oportunizar aos nossos

educandos o conhecimento das lendas, contos, mitos, cantigas, que possuem um

cenário e universo negro, a cultura africana. Revelar a riqueza desta cultura é o meio

que possuímos para combater o preconceito dos brancos e reforçar a autoestima

dos negros, essencial para uma vida digna e cidadã.

Não basta escolher um livro de literatura cuja temática remete às Áfricas

para que o ensino esteja em consonância com a Lei 11.645. É necessário que esta

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escolha esteja baseada em livros que ofereçam à criança “elementos importantes

para o conhecimento dessas culturas na construção da identidade plural do povo

brasileiro” (GREGORIN FILHO, 2009, p.93).

Como afirma Oliveira (2010), o professor é um agente cultural, deve propiciar

às crianças aspectos culturais que envolvam todas as culturas. O livro literário é um

objeto cultural que promove a socialização, a informação, a formação de opinião e a

capacidade criadora e inventiva sobre temáticas entre os mais variados contextos.

Atualmente, a literatura infantil oferece temáticas que contribuem para o rompimento

de diversos preconceitos raciais e sociais, sendo necessário que a escola busque

pela diversidade destes títulos e o professor ofereça-os às crianças.

Ao conhecermos e percebermos a importância dos africanos e

afrodescendentes para a formação de nossa cultura, estaremos a caminho para o

fortalecimento da autoestima de todos os afro-brasileiros e de todos os brasileiros

em geral, teremos mais orgulho do que realmente somos: um povo mestiço.

A partir das reflexões expostas percebeu-se a necessidade da elaboração e

execução do projeto: “Literatura Infantil, Histórias e Diálogos Interculturais: a Cultura

Afro-brasileira” e a implementação do Caderno Temático: “Literatura Infantil: uma

Viagem à África”, que ensejou vincular teoria e prática no intuito de visibilizar a

cultura afro-brasileira, tornando a escola um espaço multicultural.

3 METODOLOGIA

“As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade do país.” (Abdias Nascimento)

As atividades de Intervenção Pedagógica foram desenvolvidas em um

Caderno Temático, implementado no Colégio Estadual Pedro Stelmachuk, de acordo

com a orientação do PDE (implementação do projeto na escola de lotação do

professor PDE), com alunos do 6o ano e na Escola Municipal Coronel David

Carneiro, onde atuo como professora das séries iniciais, com alunos do Pré ao 5o

ano (sendo feitas as devidas adaptações de acordo com a série) ambas localizadas

no município de União da Vitória, Paraná.

No Caderno Temático trabalhamos com seis obras literárias, compondo seis

unidades pedagógicas: Menina Bonita do Laço de Fita, Ana Maria Machado, 2005;

Palmas e Vaias, Sônia Rosa, 2009; Kofi e o Menino de Fogo, Nei Lopes, 2008; As

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Tranças de Bintou, Sylviane Diouf, 2010; O Presente de Ossanha, Joel Rufino dos

Santos, 2006; Chuva de Manga, James Rumford, 2005.

As obras selecionadas são algumas entre muitas, pois na literatura infantil e

infanto-juvenil, após a Lei 10.639/03, houve acelerada produção editorial, com vasto

e riquíssimo material que aborda o tema aqui apresentado de diversas e criativas

formas.

Os livros indicados foram selecionados e analisados a partir de orientações

recebidas em cursos com a temática afro-brasileira, estes oferecidos pelo projeto

PIBID/FAFIUV (PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência -

Projeto: História da África e da cultura Afro-brasileira: para além da escravidão, do

racismo e dos estereótipos), contato com o acervo da biblioteca da Escola Municipal

Coronel David Carneiro, acervo pessoal e internet.

O foco principal deste trabalho foi proporcionar aos alunos o conhecimento de

uma literatura que apresente histórias e personagens de uma cultura que não é

comum ser trabalhada em sala de aula, a cultura africana, abordando saberes

históricos e culturais africanos através da literatura infantil.

3.1 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

Implementação de intervenção pedagógica no Colégio Estadual Pedro

Stelmachuk – Ensino Fundamental e Médio, no Município de União da Vitória, 6°

ano A, turma matutino.

O Projeto de Intervenção Pedagógica foi apresentado na Semana

Pedagógica, em fevereiro deste ano, para apreciação da Direção, Equipe

Pedagógica, corpo docente e agentes educacionais. Apresentou-se uma síntese do

que seria trabalhado em cada unidade temática, bem como os objetivos e a

justificativa da escolha do tema abordado.

Através das histórias foi apresentado às crianças o mundo africano, o qual é

muito rico em tradições e valores. Visualizou-se o modo de vida do povo africano, as

atividades desenvolvidas, a culinária, a religiosidade, a música, o vestuário, além de

seus saberes e conhecimentos.

Em todas as unidades foram apresentadas obras que contemplavam

personagens com valores e características positivas como a dignidade, a beleza, a

honestidade, etc... As seis unidades que compõem o caderno iniciam com um livro

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de literatura infantil, uma síntese da obra, sugestões para reflexão com os alunos,

atividades de interpretação e atividades práticas. Utilizamos vídeos, músicas e

textos complementares.

Todas as atividades foram desenvolvidas de acordo com as sugestões no

Caderno Temático. As crianças demonstraram, através de comentários feitos, que

conseguiram assimilar todos os conceitos explorados, identificando, no seu dia a dia,

as diversas contribuições da cultura africana. “Nossa, que legal, tudo vem da África”

– esta foi a fala de B.M., em uma roda de conversa. Esta fala comprova que

estamos conseguindo alcançar nossos objetivos, as crianças estão entendendo as

influências que recebemos da África para a nossa cultura. Demonstraram interesse

e participaram com entusiasmo das atividades, fazendo questionamentos e trazendo

contribuições para os debates em grupo.

Houve total envolvimento de todo o Colégio durante a implementação do

projeto, professores das disciplinas de Ciências, Artes e Geografia desenvolveram

alguns conteúdos em suas aulas referentes ao tema. A Direção e Equipe

Pedagógica sempre se fizeram presentes e colaboraram com a aquisição de

materiais necessários.

3.2 GTR – GRUPO DE TRABALHO EM REDE

O GTR é uma das estratégias utilizadas pelo programa PDE para a

socialização dos projetos e materiais pedagógicos desenvolvidos entre os demais

Professores da Rede Pública Estadual de Ensino do estado do Paraná. Além disso,

as produções apresentadas e discutidas no GTR tornam-se mais uma possibilidade

pedagógica para que os Professores possam utilizar nas suas práticas em sala de

aula.

Inscreveram-se neste Curso 15 (quinze) profissionais motivados pelo tema,

sendo que 13 (treze) concluíram o mesmo, 02(dois) dos cursistas inscritos não

iniciaram as atividades, nunca acessando a plataforma do curso.

Os comentários sobre o Projeto e o Caderno Temático foram positivos, todos

concordaram que o tema deve ser trabalhado durante todo o ano letivo em nossas

escolas, enfatizando a necessidade de termos mecanismos e instrumentos para que

possamos refletir com nossos alunos sobre a temática. Os professores cursistas

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observaram ser de extrema importância o desenvolvimento do tema apresentado em

sala de aula. Todos concordaram que o roteiro apresentado estava em consonância

com o projeto, bem como a sua viabilidade de implementação nas escolas.

Os cursistas demonstraram muito interesse na temática abordada,

participando de todos os fóruns e postando as atividades nos diários com relevantes

contribuições, colaborando com indicações de livros, textos, músicas e vídeos que

abordam o tema em questão. Estabelecer troca de experiências, refletir, dialogar e

debater com os participantes do curso sobre as temáticas abordadas nos textos foi

muito enriquecedor.

Percebeu-se que todos(as) demonstraram preocupação em relação ao pouco

conhecimento que possuem sobre o tema, fazendo questionamentos para maiores

esclarecimentos. Esta defasagem em relação ao rico universo literário com temática

afro está sendo aos poucos sanadas, através de grupos de estudo e cursos de

aperfeiçoamento. Embora perceba-se que ainda encontramos em nossas escolas

muita resistência para a realização do trabalho por parte de alguns professores.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que a intervenção pedagógica subsidiará a prática docente,

pois apresentou uma proposta efetiva e viável para ser desenvolvida nas salas de

aula.

A instituição escolar precisa criar mecanismos e instrumentos de uso

permanente, estimulando as alunas e alunos a refletirem sobre suas origens,

abordando questões que vão muito além da escravidão. Este trabalho deve ser

realizado durante todo o ano letivo, e não somente em datas comemorativas, via

Projeto Político Pedagógico e Currículo, para intervir na realidade que exclui o negro

do acesso aos direitos humanos fundamentais.

A literatura tem imenso poder em forjar e/ou omitir valores. Cabe a nós,

professores(as) proporcionar aos(as) nossos(as) alunos(as) a percepção do quanto

de tendencioso, preconceituoso e excludente pode ser um texto literário. Os textos

trabalhados oportunizaram a valorização de nossa história. Ao conhecer os

costumes e valores do povo africano, o que era obscuro para muitos educandos,

revigorou-se o respeito por este povo e pelos afrodescendentes. A inserção deste

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tema nos fez refletir sobre as ambivalências humanas e ao fazê-lo conseguimos nos

aproximar mais uns dos outros.

Precisamos tomar o cuidado para que o trabalho sobre o continente africano

não esteja presente na sala de aula apenas como modismo, não podemos abraçar

este trabalho impulsivamente, pois este é um universo imenso e complexo, o qual

deve ser estudado cuidadosamente. Impedindo assim, uma abordagem folclórica

desta temática para que não sejamos meros reprodutores de informações sem

considerar o significado e origem das práticas culturais cotidianas. Segundo Vansina

(1982, p.146), “Todo grupo social tem uma identidade própria que traz consigo, um

passado inscrito nas representações coletivas de uma tradição, que o explica e o

justifica”. O negro não pode ser visto apenas como um escravo trazido da África, um

ser humano sem cultura, sem linguagem, sem religiosidade, sem identidade.

A pesquisa aqui apresentada, na área de literatura infantil com temática

africana não se esgotou com o desenvolvimento deste projeto, há necessidade da

continuação e aperfeiçoamento das estratégias aqui apresentadas e contínua busca

por livros que possam ser levados e explorados em sala de aula.

Com a proposta do PDE, a comunidade escolar tem um ganho significativo e

histórico, onde se consolida oportunidades igualitárias de estudos, numa postura de

revisão da prática educacional. Afirmando que as mudanças sociais são decorrentes

das pequenas ações do dia a dia dos seus, cidadãos aqui representados pelos

educadores.

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