linha de base - embrapa · iii) núcleo piloto; iv) experiências tecnológicas; v) meio ambiente;...
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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA
PROGRAMA DE APOIO À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E NOVAS FORMAS DE GESTÃO NA PESQUISA AGROPECUÁRIA – AGROFUTURO.
BID No. 1595/OC-BR
Componente 3 - Núcleos Piloto de Informação e Gestão Tecnológica para a Agricultura Familiar
Linha de base Território Grande Dourados/MS
Território do Sisal/BATerritório do Nordeste Paraense/PA
Elaborado por Doris Sayago
BrasíliaMaio, 2007
SUMÁRIO GERAL
I. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
II. Território Grande Dourados / MS .................................................................... 20
III. Território do Sisal / BA .................................................................................. 65
IV. Território Nordeste Paraense / PA ............................................................... 109
V. Considerações Finais ..................................................................................... 147
VI. Referências ................................................................................................... 157
VII. ANEXOS ................................................................................................... 159
2
APRESENTAÇÃO
A Linha de Base apresenta um elenco de informações, dados e observações,
destinados a nortear as ações de instalação e acompanhamento do Núcleo Piloto de
Informação e Gestão Tecnológica para a Agricultura Familiar conduzido pela Embrapa
no âmbito do Projeto Agrofuturo - BID No. 1595/OC-BR.
Foram selecionados atores considerados relevantes para os objetivos da
pesquisa e tratados temas como: i) conformação territorial; ii) agricultura familiar;
iii) núcleo piloto; iv) experiências tecnológicas; v) meio ambiente; vi) expectativas e
visões e; vii) aspectos gerais (atuação das organizações e instituições locais,
organização, liderança, projetos, pontos de estrangulamento, demandas e parcerias).
A expectativa é de que a Linha de Base, aqui apresentada, possa orientar
adequadamente as decisões e as ações do Programa de modo referenciado no
Território contemplado. Este documento não pretende oferecer planos detalhados de
ação, mas oferecer de forma clara um diagnóstico resultante de um processo
participativo.
Para finalizar agradecemos a contribuição e apoio dos pesquisadores da
Embrapa e dos inúmeros atores locais que ofereceram o seu valioso tempo para
conceder entrevistas e participar das reuniões convocadas durante o levantamento
dos dados.
3
Listas de Tabelas
1. Território Grande Dourados / MS – Nº de Famílias Assentadas em Projetos de Reforma Agrária
2. Território Grande Dourados / MS – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM
3. Território Grande Dourados / MS – Aspectos Populacionais
4. Território Grande Dourados / MS – Estabelecimentos Agropecuários (ha)
5. Território Grande Dourados / MS – Demanda Social do MDA
6. Território Grande Dourados / MS – Lavoura Permanente e Temporária - 2004/05
7. Território Grande Dourados / MS – Produção de Leite e Mel - 2004/05
8. Território Grande Dourados / MS – Produtos Agrícolas - 2004
9. Território Grande Dourados / MS – Produtos Agrícolas / Frutas - 2004
10. Território Grande Dourados / MS – Principais Rebanhos 2004/05
11. Território Grande Dourados / MS – Principais Produtos Pecuários - 2004
12. Território Grande Dourados / MS – Nº Empregos Gerados por Setor da Economia
13. Território Grande Dourados / MS – Renda (R$)
14. Território Grande Dourados / MS - Saneamento Básico
15. Território Grande Dourados / MS – População Alfabetizada
16. Território Grande Dourados / MS – Educação - 2005
17. Território Grande Dourados / MS - Investimento da SDT/MDA no Território
18. Território Grande Dourados / MS - Investimento SDT/MDA nos Territórios do Estado de Mato Grosso do Sul - 2006
19. Território Grande Dourados / MS - Ações da SDT/MDA no Território - 2006
20. Território do Sisal / BA – Nº de Famílias Assentadas em Projetos de Reforma Agrária
21. Território do Sisal / BA - Aspectos Populacionais
22. Território do Sisal / BA - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM
23. Território do Sisal / BA - Demanda Social do MDA
24. Território do Sisal / BA - Produção de Leite e Mel - 2004/05
25. Território do Sisal / BA - Principais Rebanhos - 2004/05
26. Território do Sisal / BA - Lavoura Permanente e Temporária - 2004/05
27. Território do Sisal / BA - Produtos Agrícolas / Frutas - 2004
4
28. Território do Sisal / BA - Produtos Agrícolas - 2004
29. Território do Sisal / BA - Nº de Empregos Gerados por Setor da Economia
30. Território do Sisal / BA – Renda
31. Território do Sisal / BA - Abastecimento de Água
32. Território do Sisal / BA – Tipo de Esgotamento Sanitário e Destino do Lixo
33. Território do Sisal / BA - População Alfabetizada
34. Território do Sisal / BA - Investimento da SDT/MDA no Território
35. Território do Sisal / BA - Ações da SDT/MDA- 2006
36. Território do Nordeste Paraense / PA – Aspectos Populacionais
37. Território do Nordeste Paraense / PA – Demanda Social do MDA
38.Território do Nordeste Paraense / PA – Nº de Famílias Assentadas em Projetos
da Reforma Agrária
39.Território do Nordeste Paraense / PA - Lavoura Permanente e Temporária –
2004/05
40. Território do Nordeste Paraense / PA - Produção de Leite e Mel - 2004/05
41. Território do Nordeste Paraense / PA - Principais Rebanhos - 2004/05
42.Território do Nordeste Paraense / PA – Nº de Empregos, Renda e
Estabelecimentos por setor da Economia.
43. Território do Nordeste Paraense / PA – Saneamento Básico
44.Território do Nordeste Paraense / PA – Nº de Queimadas e Desmatamentos -
2005
45. Território do Nordeste Paraense / PA – População Alfabetizada
46. Território do Nordeste Paraense / PA - Investimento da SDT/MDA no Território
47. Território do Nordeste Paraense / PA - Ações da SDT/MDA - 2004
48. Território do Nordeste Paraense / PA - Ações da SDT/MDA - 2006
5
Listas de Figuras
1. Mapa do Estado de Mato Grosso do Sul / MS
2. Mapa dos Territórios do Estado de Mato Grosso do Sul / MS
3. Mapa do Território Grande Dourados / MS
4. Mapa Social do Território Grande Dourados / MS
5. Arrecadação de ICMS Território Grande Dourados / MS - 2005
6. Mapa Institucional do Território Grande Dourados / MS
7. Mapa do Estado da Bahia / BA – Região Sisaleira
8. Mapa dos Territórios do Estado da Bahia / BA
9. Mapa do Território do Sisal / BA
10.
Mapa Social do Território do Sisal / BA
11.
Mapa Institucional do Território do Sisal / BA
12.
Mapa do Estado do Pará / PA
13.
Mapa dos Territórios do Estado do Pará /PA
14.
Mapa do Território do Nordeste Paraense / PA
15.
Mapa Social do Território do Nordeste Paraense / PA – Primeira Parte
16.
Mapa Social do Território do Nordeste Paraense / PA – Segunda Parte(Representação da Produção e Potencialidades)
17.
Mapa Institucional do Território do Nordeste Paraense / PA
6
Listas de Quadros
1. Quadro Resumo do Território Grande Dourados / MS
2. Quadro Resumo do Território do Sisal /BA
3. Quadro Resumo do Território Nordeste Paraense /PA
7
Listas de Siglas
ADHB Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil
AGRAER Agência Rural de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural/MS
AGROFUTURO Programa de Apoio à Inovação Tecnológica e Novas Formas de Gestão na Pesquisa Agropecuária
APA Área de Proteção Ambiental
APAEB Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira/BA
APAEFA Associação de Pais e Amigos da Escola Família Agrícola Avani de Lima Cunha/BA
APEPA Associação de Pequenos Produtores Rurais, Extrativistas e Pescadores Artesanais/PA
APL Arranjo Produtivo Local
APOMS Associação dos Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul
BASA Banco da Amazônia
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
CAR Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional /BA
CEF Caixa Econômica Federal
CET Coordenação Estadual de Territórios/BA
CFR Casa Familiar Rural
CIAT Comissão de Instalação das Ações Territoriais
CIRAD Centro de Cooperação Internacional de Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento, França.
CMDRS Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável
CMMA Conselhos Municipais de Meio Ambiente
CODES Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia
COODERSUS Cooperativa de Prestação de Serviços em Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável/PA
COOPALEITE Cooperativa de Leite/ MS
COOPERAFIS Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão/BA
COOPERE Cooperativa Valentense de Crédito Rural /BA
COOPERJOVENS Cooperativa de Produção dos Jovens da Região do Sisal / BA
COREDES Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável/Grande Dourados - MS
8
CPT Comissão Pastoral da Terra
CRA Centro de Recursos Ambientais/BA
DLS Desenvolvimento Local e Setorial
EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A
ECRAMA Escola de Formação para Jovens Agricultores
EFA Escola Familiar Agrícola
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMBRAPA Amazônia Oriental, Belém/PA
EMBRAPA Agropecuária Oeste, Dourados/ MS
EMBRAPA Semi-Árido, Petrolina/PE
EMPAER Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural
FAD Faculdade de Dourados/MS
FANEP Fundação Sócio Ambiental do Nordeste Paraense/PA
FAPS Faculdade de Administração de Fátima do Sul/MS
FASE Federação dos Órgãos para a Assistência Social e Educacional /PA
FATILEITE Cooperativa de Leite de Fátima do Sul/MS
FATRES Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-árido da Bahia
FETAG - BA Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado da Bahia.
FETAGRI - PA Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado da Pará
FIFASUL Faculdades Integradas de Fátima do Sul/MS
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FLOAGRI Projeto Floresta e Agricultura na Amazônia
FNO Fundo Constitucional do Norte
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNAR Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GTA Grupo de Trabalho Amazônico
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
IDAM Instituto de Assistência Técnica, Extensão e Desenvolvimento Rural Sustentável da Amazônia/PA
IDATERRA Instituto de Desenvolvimento Agrário, Pesquisa e Extensão Rural /MS
9
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IDHT Índice de Desenvolvimento Humano Territorial
IESD Instituto de Ensino Superior de Dourados/MS
IMAD Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento/MS
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPLAN Instituto de Estudos e Planejamento de Mato Grosso do Sul
ITCP Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade do Estado da Bahia - UNEB
MCT Ministério de Ciência e Tecnologia
MDA Ministério de Desenvolvimento Agrário
MMA Ministério de Meio Ambiente
MMNEPA Movimento das Mulheres do Nordeste Paraense/PA
MMTR Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais/MS
MOC Movimento de Organização Comunitária/BA
NAFTA Acordo de Livre Comércio da América do Norte
ONG Organização não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
OPFCJS Organização dos Produtores Familiares do Comércio Justo e Solidário
PADEQ Projeto Alternativas ao Desmatamento e Queimadas
PROAMBIENTE Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural
PRODER Programa de Emprego e Renda
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRONERA Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária
PROSISAL Projeto Desenvolvimento de componentes de edificações em fibrade sisal-argamassa a serem produzidos de forma autogestionária
PSDL Programa SEBRAE de Desenvolvimento Local
PTDRS Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável
REPARTE Rede de Parceiros da Terra/BA
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAF Sistema Agroflorestal
SAGRI Secretaria Executiva de Estado de Agricultura / PA
SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial
SEAGRI Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária /BA
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
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SECOMP Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais
SECTI Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação /BA
SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia
SEMAGRI Secretaria Municipal de Agricultura Juriti/PA
SEMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Município
SEPLAN Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia
SEPLANCT Secretaria de Estado de Planejamento e de Ciência e Tecnologia /MS
SICM Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia.
SICOOB Sistema de Cooperativas de Credito do Brasil
SIT Sistema de Informações Territoriais – SDT/MDA
SNIU Sistema Nacional de Indicadores Urbanos
STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais
SUDECO Superintendência de Desenvolvimento do Centro - Oeste /MS
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
UEMS Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul/MS
UFGD Universidade Federal Grande Dourados /MS
UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/MS
UNEB Universidade Estadual da Bahia/BA
UNIDERP Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal/MS
UNIGRAN Centro Universitário Grande Dourados/MS
UNISISAL Universidade da Região Sisaleira/BA
11
AGRADECIMENTOS
O documento aqui apresentado foi realizado graças à colaboração de várias
instituições presentes nos diferentes territórios. No Território Grande Dourados,
em particular, contou-se com o apoio da Embrapa Agropecuária Oeste, da Secretaria
de Agricultura Familiar da Prefeitura de Dourados, da Associação dos Produtores
Orgânicos de Mato Grosso do Sul – APOMS, assim como da Secretaria de Meio
Ambiente do Município de Jateí - SEMMA.
No Território do Sisal, a colaboração oferecida pela Embrapa Semi-Árido e
pela Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira –
APAEB deve ser registrada. No Território do Nordeste Paraense foi fundamental a
ajuda prestada pela Embrapa Amazônia Oriental e pela Fundação Sócio Ambiental do
Nordeste Paraense - FANEP.
Um outro destaque merece ser assinalado, o processo de mobilização dos
atores territoriais durante as duas coletivas realizadas em Dourados contou com o
apoio de Milton Padovan, pesquisador da Embrapa e de Olácio Komori coordenador
técnico da APOMS e atual articulador territorial. As coletivas em Valente contaram
com o apoio de José Nilton Moreira, pesquisador da Embrapa e dos técnicos da
APAEB. E a coletiva realizada em Paragominas e Ourém contou com o apoio de
Mauricio Shimizu e Mario de Oliveira Gomes, pesquisadores da Embrapa – Amazônia
Oriental e Haroldo José Neto de Oliveira, técnico da Fundação Sócio Ambiental do
Nordeste Paraense - FANEP.
Eles em muito contribuíram para o incentivo à participação das lideranças e
demais instâncias representativas das comunidades dos Territórios.
O trabalho também beneficiou-se das entrevistas gentilmente concedidas por
cada um dos atores envolvidos na pesquisa de campo. As informações por eles
fornecidas foram importantes para captar as particularidades dos Territórios e
pincelar suas realidades.
Um agradecimento especial ao Dr. Osvaldo Kato da EMBRAPA Amazônia
Oriental pela entrevista concedida.
12
I.INTRODUÇÃO
O interesse principal ao desenvolver esta pesquisa foi buscar um quadro mais
compreensivo das entidades, das ações, dos programas e dos projetos com foco na
agricultura familiar com rebatimento territorial. E, obter uma visão mais qualificada dessa
discussão por parte das entidades locais mais atuantes nos Territórios.
O Diagnóstico da Linha de Base está estruturado em sete partes. A Introdução
apresenta, brevemente, a metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho de
levantamento dos dados, mostra como foi realizada a mobilização e descreve as técnicas
empregadas no processo participativo.
As seguintes partes (II, III e IV) contêm os dados referentes aos territórios
pesquisados e descrevem sua formação e seus aspectos socioeconômicos, ambientais e
tecnológicos, apresentando o Imaginário a partir do conhecimento da política do Ministério
do Desenvolvimento Agrário - MDA, a apropriação das estratégias de territorialização por
parte dos atores locais, o conceito de núcleo piloto e a identidade expressada. Ainda são
tratadas as instituições envolvidas, as lideranças e os conflitos que servem de marco às
ações territoriais.
Finalmente apresentam-se os produtos e resultados do processo de
territorialização desenvolvido pelo MDA, discorrendo sobre a formação de capacidades,
planos, projetos e avanços no ciclo da gestão social.
Assim a segunda parte trata do Território Grande Dourados, o marco espacial e
histórico da formação do Estado de Mato Grosso do Sul com foco na conformação do
Território Grande Dourados/MS. A terceira parte refere-se ao Território do Sisal/BA e a
quarta parte ao Território do Nordeste Paraense/PA.
As Considerações Finais, Referências e Anexos são apresentados na quinta, sexta e
sétima partes respectivamente.
O Território Grande Dourados foi visitado entre os dias 13 e 20 de janeiro. Após
identificação institucional realizaram-se 14 entrevistas1 semi-estruturadas com atores
locais representantes destas instituições e demais segmentos de interesse da pesquisa
1 Ver lista em Anexo I.
13
como, por exemplo, representantes de movimentos sociais, associações, ONGs e órgãos
públicos.
Os municípios de Glória de Dourados e Jateí, além de Dourados, foram visitados
com o intuito de ter uma visão mais ampla e não apenas uma leitura restrita à cidade pólo,
permitindo conhecer outras experiências em andamento no Território.
O Território do Sisal foi visitado entre os dias 5 e 10 de fevereiro. Nele
realizaram-se 11 entrevistas2 semi-estruturadas. Foram visitadas as cidades de Valente e
Conceição do Coité.
O Território do Nordeste Paraense foi visitado entre os dias 4 e 10 de março,
realizaram-se 18 entrevistas3 semi-estruturadas e foram visitados os municípios de
Aurora do Pará, Paragominas, Ourém, Ipixuna do Pará e Mãe do Rio.
Além das informações oferecidas durante as entrevistas, muitos dos relatos
informais constam do diagnóstico, porém respeitou-se o anonimato.
2 Ver lista em Anexo II.3 Ver lista em Anexo III.
14
METODOLOGIA
A estratégia metodológica levada em prática possibilitou o contato e o intercâmbio
com os diferentes atores territoriais, com sua realidade, seus interesses e suas
aspirações e, principalmente com aqueles envolvidos com programas e projetos executados
na região, bem como na composição das Comissões de Instalação das Ações Territoriais –
CIATs e do Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira
do Estado da Bahia, o CODES - Sisal.
Assim, as atividades desenvolvidas, ao longo da pesquisa de campo, foram
conduzidas de maneira que a coleta de informações abrangesse o maior número possível de
representantes das instituições municipais e territoriais, evitando ao máximo a
concentração das atividades e informações com apenas os atores localizados nos
municípios sedes.
A metodologia adotada atendeu a três pontos: i) compilação e análise de
documentos técnicos, dados secundários e material bibliográfico elaborado pelo MDA e
fornecido pela Embrapa; ii) entrevistas individuais com atores-chave identificados a partir
do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável – PTDRS e importantes no
desenvolvimento do processo de construção do Território tanto na esfera local, estadual
como federal; iii) entrevistas coletivas realizadas com o intuito de elaborar o mapa social e
o mapa institucional do Território a partir da técnica Diagrama de Venn, descrita nos
próximos parágrafos.
- Compilação e Análise de Dados e Documentos
Foram analisados planos, relatórios e outros documentos anteriormente produzidos
no Território Grande Dourados: Plano Regional de Desenvolvimento Sustentável da
Grande Dourados (elaborado em novembro de 2001 sob a coordenação do Instituto de
Estudos e Planejamento de Mato Grosso do Sul - IPLAN e o Conselho Regional de
Desenvolvimento Sustentável – COREDES Grande Dourados), o Estudo Propositivo do
Território Grande Dourados (confeccionado pela Fundação Cândido Rondon em 2005), o
Relatório de Articulação Territorial (realizado em maio de 2006 sob a responsabilidade
do Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento – IMAD), o Plano Municipal de
15
Desenvolvimento Ambiental Estratégico - PMDAE (produzido em janeiro de 2007 sob a
responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Jateí –
SEMMA), o Plano Safra Territorial Grande Dourados (elaborado em 2006 sob a
responsabilidade da Fundação Cândido Rondon) e o Relatório das Ações da Secretaria
Municipal de Agricultura Familiar da Prefeitura de Dourados relativo ao período 2001-
2006.
No Território do Sisal: o Plano Safra Territorial do Sisal (realizado em abril de
2006 sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Territorial/MDA e da
Secretaria de Segurança Alimentar - MDS), o Estudo da Base Econômica
Territorial/Território do Sisal (elaborado em junho de 2005 sob a coordenação do MDA),
o Caderno Informativo, Conceitos & Metodologias (material elaborado a partir do
Seminário Desenvolvimento Territorial da Bahia: Uma Política Articulada realizado em
dezembro de 2004 e publicado em maio de 2005 pelo MDA) e, o livro intitulado
Territórios de Identidade: um novo Caminho para o Desenvolvimento Rural Sustentável
na Bahia (publicado pela Coordenação Estadual de Territórios- CET em 2006).
No Território do Nordeste Paraense: o Diagnóstico e Planejamento do
Desenvolvimento do Território Rural do Nordeste Paraense (elaborado em 2006 sob a
responsabilidade da Fundação Sócio Ambiental do Nordeste Paraense - FANEP), o Estudo
da Dinamização da Economia do Território Nordeste Paraense (documento da
Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério de Desenvolvimento Agrário -
SDT/MDA produzido em agosto de 2005), o Banco de Dados
INCRA/IDAM/COODERSUS (realizado em outubro de 2006 sob a responsabilidade da
Cooperativa de Prestação de Serviços em Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável –
COODERSUS), o Relatório FANEP - Aurora (realizado pela Fundação Sócio Ambiental do
Nordeste Paraense - FANEP em 2006) e o Perfil dos Territórios Rurais - Território
Nordeste Paraense – PA (documento da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do
Ministério de Desenvolvimento Agrário - SDT/MDA produzido em 2006).
16
- Entrevistas individuais
Realizadas com o objetivo de: i) obter informações mais detalhadas sobre as
dimensões abordadas no diagnóstico (social, econômica, ambiental e institucional); ii)
cruzar as informações advindas das entrevistas individuais com as coletivas; iii) apreciar
as expectativas dos atores territoriais, no tocante ao Programa Agrofuturo e, sobretudo,
à implantação do Núcleo Piloto.
- Entrevistas Coletivas
As coletivas tiveram como objetivo principal levantar dados qualitativos tendo como palco
as discussões geradas durante sua aplicação. Os objetivos secundários foram: i) informar
aos participantes sobre o Agrofuturo; ii) mostrar aos participantes a necessidade de
iniciar um processo de organização territorial entorno da implantação do Núcleo Piloto.
Os participantes foram orientados quanto às técnicas e processos a utilizar para o
cumprimento dos objetivos acima indicados, de forma que se captasse a opinião da
comunidade quanto à: i) identificação dos problemas considerados como os mais
importantes enfrentados pelo território e; ii) indicação das potencialidades do território.
A participação dos atores locais no processo de elaboração do diagnóstico foi
crucial e concretizou-se por meio de duas coletivas organizadas em cada um dos
territórios. Das reuniões resultaram valiosos subsídios não apenas para a fase do
diagnóstico como, também, para a discussão e socialização de problemas e soluções apontados
por diversos segmentos.
No caso específico do Mapeamento Institucional foram identificadas e listadas as
instituições das esferas federal, estadual e municipal consideradas, na opinião dos atores
entrevistados, como importantes e atuantes no Território. Durante a aplicação desta
técnica procurou-se fazer uma representação gráfica das instituições e de suas relações,
elaborada junto aos representantes das mesmas, permitindo complementar e aprofundar
as informações obtidas por intermédio das entrevistas.
17
Para levantar de maneira rápida e eficaz um maior leque de informações a respeito
das instituições territoriais foi aplicada a técnica Diagrama de Venn.
Esta técnica consiste na identificação e designação de lugares no cenário
territorial das instituições, segundo sua importância e atuação. A atuação é representada
graficamente de acordo com a distância que a instituição ocupa com respeito ao círculo
central que representa o Território. Assim, mais distante do círculo central menos
atuante, mais próximo do círculo mais atuante. As setas representam as relações que se
estabelecem entre as instituições, ou seja, boas, regulares ou comprometidas.
Já o Mapa Social é uma técnica que facilita o intercâmbio de informações e sua
verificação por um grupo maior de pessoas-chave. Mostra graficamente os diferentes
aspectos do território (espacial, ambiental, tecnológico, econômico, sociocultural e
institucional). O mapa serve de análise e discussão da situação atual do território por
intermédio de uma visão compartilhada que levanta os problemas e as potencialidades.
No Território Grande Dourados as entrevistas coletivas contaram com a
participação de dezessete (17) representantes institucionais reunidos na sede da Embrapa
na cidade de Dourados. As instituições presentes foram: IDATERRA/Município Douradina,
Universidade Federal Grande Dourados - UFGD/Dourados, Embrapa Agropecuária
Oeste/Dourados, APOMS, Comissão Pastoral da Terra - CPT/MS.
No Território do Sisal as técnicas foram concretizadas na sede da APAEB e da
Coopere - Cooperativa Valentense de Crédito Rural, integrante do Sistema de
Cooperativas de Crédito do Brasil / SICOOB, com participação de quatorze (14)
representantes de diversas instituições entre elas: APAEB/Valente, Rede de Parceiros da
Terra - REPARTE, CODES, Movimento de Organização Comunitária - MOC, EMBRAPA e
Casa da Cultura de Valente.
No Território do Nordeste Paraense uma primeira coletiva foi realizada no
município de Paragominas com a participação de vinte e quatro (24) pessoas de diversas
instituições, listadas a seguir: Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará –
EMATER, Banco do Brasil, Instituto de Assistência Técnica, Extensão e Desenvolvimento
Rural Sustentável da Amazônia - IDAM, Cooperativa de Prestação de Serviços em Apoio
ao Desenvolvimento Rural Sustentável - COODERSUS/Ipixuna do Pará, Secretaria
18
Municipal de Agricultura –SEMAGRI/Paragominas, Fundação Sócio Ambiental do Nordeste
Paraense- FANEP/Aurora do Pará, Sindicato dos Trabalhadores Rurais - STRs, Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA/Belém, Associação Água
Branca/Ulianópolis, Secretaria Municipal de Meio Ambiente –SEMMA.
Uma segunda coletiva, realizada na sede da Associação dos Trabalhadores Rurais de
Ourém, contou com a presença de quarenta e um (41) participantes. As instituições
representadas foram: Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA, Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará – EMATER, Fundação Sócio Ambiental do
Nordeste Paraense - FANEP, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
EMBRAPA/Belém, Sindicato dos Trabalhadores Rurais - STRs, Cáritas Diocesana de
Bragança, Grupo de Trabalho Amazônico - GTA, Movimento das Mulheres do Nordeste
Paraense- MMNEPA, Secretaria de Agricultura de Ourém, Associação de Quilombolas,
Associação de Pequenos Produtores Rurais, Extrativistas e Pescadores Artesanais -
APEPA, Cooperativa de Prestação de Serviços em Apoio ao Desenvolvimento Rural
Sustentável - COODERSUS-, Secretaria de Agricultura de São Domingos do Capim e
Secretaria de Agricultura de Cachoeira do Piriá.
19
II.Território Grande Dourados / MS
“Mato Grosso do Sul nasceu com a divisão de Mato Grosso, definida por lei em outubro de 1977, mas seu primeiro governo foi instalado em 1 de janeiro de 1979. Seus primeiros habitantes surgiram com a descoberta de ouro no Centro-Oeste do Brasil, no final do século XVI, e durante 400 anos a região fez parte do Estado de Mato Grosso. Por sua localização geográfica privilegiada, a região desenvolveu-se rapidamente, recebendo imigrantes portugueses, espanhóis e paraguaios, assim como mineiros, paulistas e nordestinos” (Campestrini, 2002 ).
20
SUMÁRIO
1. Marco
1.1 – Marco espacial
1.2 – Marco histórico
2. O Território do Ministério de Desenvolvimento Agrário
2.1 – Referência histórica territorial
2.2 – O território
2.3 – Mapa social
2.4 – Situação socioeconômica e ambiental predominante
2.5 - Inovação tecnológica
3 - Imaginário
3.1 - Conhecimento da política do Ministério de Desenvolvimento Agrário
3.2 - Apropriação da estratégia de territorialização por parte dos atores
3.3 - Conceito de núcleo
3.4 - Identidade expressada
4 - Ações
4.1 - Instituições envolvidas
4.2 - Lideranças no território
4.3 - Conflitos
5 - Resultados
5.1 - Formação de capacidades
5.2 - Plano (processo e estado atual)
5.3 - Avanços no ciclo de gestão social
21
1- Marco
1.1 – Marco Espacial
O Estado de Mato Grosso do Sul ocupa 18% da região Centro-Oeste. Tem uma
extensão territorial de 358.158,7 km², e está dividido em duas grandes bacias
hidrográficas: a do Rio Paraná, constituída basicamente de chapadões, planaltos e vales, e
a do Rio Paraguai, constituída de patamares, depressões e depressões interpatamares,
formando o Pantanal nas regiões chaquenha e pantaneira (SEPLANCT, 2007) (Figura 1).
A região da Grande Dourados4 caracterizada pela Bacia Sedimentar do Rio Paraná.
O relevo situa-se a uma altitude de 300 a 480 metros acima do nível do mar. Predomina o
clima tropical úmido com estação chuvosa concentrada no verão e seca no inverno. As
temperaturas dos meses mais frios situam-se entre 15º Centígrados com mínimas
absolutas entre 4 º e 6 º quando das correntes polares vindas do sul.
Caracteriza-se por apresentar solos latossólicos com predominância dos latossolos
vermelho - escuros e latossolos roxos. São solos com elevado potencial produtivo e
econômico pela diversidade de cultivos que pode comportar.
Estas características propiciam durante o ciclo de verão a produção de soja, milho,
arroz, mandioca, algodão, feijão, cana-de-açúcar. No inverno, as culturas que destacam são
do trigo, milho safrinha, girassol, sorgo, aveia, dentre outras menos expressivas (IPLAN,
2001: 10).
4 A região da Grande Dourados, definida pelo Instituto de Estudos e Planejamento de Mato Grosso do Sul – IPLAN comporta o Território Grande Dourados, acrescido do município de Maracaju.
22
Figura 1 - Mapa do Estado de Mato Grosso do Sul/MS
Fonte: www.portalbrasil.net
1.2 – Marco histórico
Mato Grosso do Sul nasceu com a divisão do Estado de Mato Grosso, definida por
lei em outubro de 1977, mas seu primeiro governo foi instalado em primeiro de janeiro de
1979. Quando do desmembramento, Mato Grosso do Sul, era conhecido como Estado de
Campo Grande e estava composto por 55 municípios que alcançavam uma população de
1.4000.000 habitantes em uma área de 357.139,9 km². Em 2000, segundo dados do IBGE,
o Estado contava com 2.075.275 habitantes, sendo que 32% da população se concentrava
no município de Campo Grande e 12,7 % na região Grande Dourados. 5
5 Observe-se que a divisão do IBGE denominada Grande Dourados não coincide com a divisão do MDA chamada de Território Grande Dourados, nem com a divisão do IPLAN/MS. Os municípios que contemplam a Região Grande Dourados, segundo IBGE, são: Caarapó, Deodápolis, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Itaporã, Jateí, Laguna Carapã e Vicentina.
23
Os seus primeiros habitantes surgiram com a descoberta de ouro no Centro-Oeste
no final do século XVI, e durante 400 anos a região fez parte do Estado de Mato Grosso.
Por sua localização geográfica privilegiada, a região desenvolveu-se rapidamente,
recebendo imigrantes portugueses, espanhóis e paraguaios, assim como mineiros, paulistas
e nordestinos (http://www.seplanct.ms.gov.br).
O processo de ocupação de Mato Grosso do Sul foi promovido e implementado pelas
políticas governamentais. Na década de 40, na região de Dourados, criou-se a Colônia
Agrícola Nacional de Dourados que estimulou a ocupação desenfreada dos lotes ofertados
pelo Estado. Nas décadas seguintes houve a chegada de agricultores do sul e do sudeste
atraídos pelo valor da terra e a fertilidade do solo.
Nos anos setenta, o papel fundamental no processo de ocupação e fortalecimento
econômico da região ficou a cargo da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-
Oeste / SUDECO, criada em 19676 com a finalidade de “povoar vazios” e incorporar novas
terras para a produção e exportação de alimentos. O resultado dessa política foi que de
1975 a 1980, foram incorporados cerca de 915.000 ha, apenas em território do atual Mato
Grosso do Sul, para produção exclusiva de soja e boi, com a supremacia da pecuária7.
A área da região de Dourados, assim como do novo estado, foi alvo de empresários
nacionais e internacionais por sua capacidade produtiva, provocando uma nova configuração
espacial não mais calcada no loteamento da Colônia Agrícola. Muitos lotes foram vendidos
consolidando-se uma nova estrutura fundiária do médio e grande proprietário. Já nos anos
90 houve uma reorganização do espaço que imprimiu diversificação na produção, entrando
em cena a suinocultura e a avicultura.
A área original da Colônia Agrícola de Dourados deu origem a vários municípios –
Glória de Dourados, Jateí, Fátima do Sul, Deodápolis e Douradina, estes compõem
atualmente a área hoje designada como Território Grande Dourados.
A Colônia criou, na opinião de alguns entrevistados, “uma agricultura familiar
diferente do assentado, gerou esse produtor ligado a soja e milho. Houve o fenômeno de
6 A SUDECO foi extinta em 1990. 7 ABREU, 2001.
24
ganhar muito dinheiro com soja e de comprar muitos lotes. A colônia japonesa entrou com
o café. Hoje tem produtor com lotes enormes”.
“A década de 70 foi o grande boom, depois veio o êxodo rural. Era comum vender
os lotes e ir para o norte. Temos os antigos, esses permanecem. Os assentados da reforma
agrária são os novos agricultores familiares dos anos 90. E tem agora o agricultor familiar
com nova concepção, mais tecnificado. Não se pode tratar igualmente os diferentes
setores da própria agricultura familiar”, completou outro entrevistado.
2 - O território do Ministério do Desenvolvimento Agrário
2.1 – Referência histórica territorial
Três divisões territoriais têm caracterizado o Estado de Mato Grosso do Sul:
i) a divisão do estado em 11 microrregiões geográficas. Dentro desta divisão o
Território Grande Dourados se enquadra na microrregião 10 composta por 15 municípios
(Amambaí, Antonio João, Aral Moreira, Caarapó, Douradina, Dourados, Fátima do Sul,
Itaporã, Juti, Laguna Carapã, Maracajú, Nova Alvorada do Sul, Ponta Porã, Rio Brilhante e
Vicentina);
ii) a divisão segundo os Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Sustentável
identificando o grau de homogeneidade, tanto produtiva como de meio ambiente e de
infra-estrutura, composta por 13 municípios (Dourados, Maracajú, Rio Brilhante, Itaporã,
Douradina, Fátima do Sul, Jateí, Caarapó, Vicentina, Nova Alvorada do Sul, Glória de
Dourados, Deodápolis e Juti);
iii) a divisão no âmbito do Ministério de Desenvolvimento Agrário - MDA composta
por 12 municípios (Dourados, Rio Brilhante, Itaporã, Douradina, Fátima do Sul, Jateí,
Caarapó, Vicentina, Glória de Dourados, Deodápolis, Juti e o recém incorporado Nova
Alvorada do Sul8). A figura 2 mostra o mapa dos territórios do Estado de Mato Grosso do
Sul.
8 O município Nova Alvorada do Sul não integra os dados oficias do MDA. O seu ingresso no Território não foi oficializado. Parte dos entrevistados comentou que a incorporação está vinculada ao número de assentamentos que possui. O município Laguna Carapã também tentou ingressar no Território, porém não foi aceito por não ser expressivo na agricultura familiar, nem no número de assentados.
25
Figura 2 - Mapa dos Territórios Rurais do Estado de Mato Grosso do Sul/MS
Fonte: http://serv-sdt-1.mda.gov.br/sit/banco_mapa.php
2.2 – O Território
O território está conformado por 12 municípios: Dourados9, Rio Brilhante, Itaporã,
Caarapó, Glória de Dourados, Jateí, Fátima do Sul, Deodápolis, Douradina, Vicentina, Juti e
Nova Alvorada do Sul. Tem uma extensão territorial de 22.119 Km2, Possui uma população
de 294.338 habitantes segundo o Censo de 2000. Deste total 83% ocupa a área urbana e
apenas 17% mora na área rural. Destaca-se a cidade de Dourados por acolher 58 % dos
habitantes do Território. É o município Pólo localizado na região central do Território,
concentra as atividades econômicas e possui uma forte presença de centros
universitários10. É, também, o município com maior extensão e maior índice de população
urbana (91%.).
9 Dourados, cidade pólo foi elevada à categoria de município em 20 de dezembro de 1935. 10 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul - UEMS,
Universidade Federal Grande Dourados - UFGD, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN.
26
Território Grande Dourados
Figura 3 - Mapa do Território Grande Dourados/MS
Fonte: http://serv-sdt-1.mda.gov.br/sit/banco_mapa.php
Habitam na região 15.631 índios, 35,37 % da população indígena do estado estimada
em 44.099 mil. Estão divididos em nove (9) aldeias localizadas nas cidades de Dourados,
Caarapó, Juti, Douradina e Maracaju, ocupando uma área total de 21.274 hectares,
equivalente a 3,44% dos 617.593 mil hectares de terras ocupadas pelos indígenas em Mato
Grosso do Sul. Formam essa população as etnias: Guarani, Kaiuá e Terena.
O município de Dourados tem a maior população indígena de Mato Grosso do Sul,
distribuídas em duas (2) áreas reservadas às etnias Guarani e Terena11. Muito próxima da
cidade está a maior delas, com cerca de 12.000 habitantes distribuídos em cerca de 3.500
hectares. São essencialmente agricultores e praticam culturas de subsistência
complementando a pouca renda com trabalho externo em fazendas da região e nas usinas
de cana (Prefeitura de Dourados, 2007).
A situação dos índios na região é de profunda pobreza. Não são poucos os casos de
mendicância nas ruas, alcoolismo, fome, doença, prostituição e suicídios. Dados da
11 O primeiro indígena com título de Doutor no país é da etnia Terena e hoje trabalha na Embrapa Agropecuária Oeste - MS.
27
Fundação Nacional do Índio – FUNAI indicam que nos últimos anos registraram-se 308
suicídios de jovens com idade entre 12 e 14 anos em Mato Grosso do Sul, sendo que a
expressiva maioria das vítimas habitavam a região da Grande Dourados (IPLAN, 2001: 27-
28). Nesse sentido comentou um dos entrevistados, “infelizmente, só aparece indígena na
coluna policial. É álcool, drogas e suicídios. São índios urbanos”.
Em cinco municípios do Território Grande Dourados há presença de aldeias
indígenas, a saber: Jaguapirú, Bororó, Panambizinho, Passo Piraju e Jarará em Dourados.
Parte das aldeias Bororó e Jaguapirú ocupam o município de Itaporã. A aldeia Panambí
(Lagoa Rica) está localizada em Douradina. Já as aldeias de Tey Cuê e Gueraroka localizam-
se no município de Caarapó e na aldeia Taquara no município de Juti.
A preocupação com as populações indígenas trouxe políticas públicas direcionadas
para este segmento do Território. Assim, a Secretaria de Agricultura Familiar da
Prefeitura de Dourados executa, em parceria com o MDA, três projetos de apoio às
comunidades indígenas. O primeiro está direcionado à assistência técnica, extensão rural e
fomento agrícola com o intuito de instituir ações de segurança alimentar por intermédio da
implantação de Unidades de Quintais de Subsistência para famílias indígenas que não
dispõem de terra para cultivo. Têm sido priorizados os Pomares Consorciados e as Hortas
Domésticas. O segundo12 busca fornecer os insumos necessários para o plantio das lavouras
de subsistência referentes à safra 2006/2007, em aldeias que possuem áreas disponíveis
para pequenas lavouras nas seguintes terras indígenas do Território: Panambi (Douradina),
Tey Cuê e Gueraroka (Caarapó), Bororó, Jaguapirú, Panambizinho, Passo Piraju e Jarará
(Dourados) e Taquara (Juti). O terceiro está destinado à piscicultura com a construção de
50 viveiros de engorda de peixes nas Aldeias Bororó, Jaguapirú e Panambizinho.
Apesar desses esforços junto às comunidades indígenas, merecem espaço algumas
frases escutadas quando a questão em pauta eram os índios: “Os indígenas são opostos aos
agricultores familiares. O trabalho que é feito para eles [índios] não é o correto. Não é
liberar recurso. Devemos pegar o que eles querem fazer e jogar tecnologia para melhorar
a qualidade de vida. O milho deve voltar a eles”.
12 Parceria entre as prefeituras de Douradina e Caarapó, a FUNAI, o IDATERRA e as Unidades Agropecuária Oeste e Transferência de Tecnologia da Embrapa Dourados.
28
No território encontram-se quinze (15) assentamentos da Reforma Agrária
distribuidos em 30.257 ha e ocupados por um total de 1.278 famílias, a saber: Juti (2),
Caarapó (1), Dourados (2), Rio Brilhante (9) e Jateí (1). (Tabela 1).
Tabela 1 - Território Grande Dourados - MSNº de Famílias Assentadas em Projetos de Reforma Agrária
MunicípioÁrea do
Assentamento(ha)
Número deAssentamentos
Capacidadede Assentamentos(Nº de Famílias)
Número de Famílias
AssentadasCaarapó 1.193 1 41 41DeodápolisDouradinaDourados 5.198 2 218 217Fátima do SulGlória de DouradosItaporãJateí 2.757 1 113 82Juti 2.925 2 131 129Rio Brilhante 18.184 9 816 809Vicentina
Total 30.257 15 1.319 1.278Total dos Territórios no Estado 253.840 76 11.917 11.722MDA/Incra/SIR (2006). Nota: Dados atualizados até 30/09/2006.Fonte: SDT/MDA - SIT
No Território, também se encontram, em número menos expressivo, grupos de
quilombolas. No Estado foram identificadas 12 comunidades remanescentes de
quilombolas. Segundo dados da Fundação Cândido Rondon (2005) na cidade de Dourados há
6 famílias concentradas na comunidade de Picadinha. Nesta comunidade destaca-se a
Associação da Comunidade Negra Rural Quilombola de Dezidério Felipe de Oliveira, alvo do
Projeto Farinha de Mandioca implementado pela Prefeitura de Dourados.
Ao longo do trabalho de campo, em pouquíssimas ocasiões, houve referência aos
trabalhos feitos pelas mulheres13. Em Dourados há um grupo de mulheres que comercializa
alguns produtos: rapadura, mel e geléia de mocotó, diz um dos atores-chave. A questão de
gênero foi comentada quando houve discussão do Pronaf - Mulher: “a família já trabalha
com leite, aí ela acaba fazendo o projeto para leite, também. Mas às vezes o marido não
deixa”. Também houve menção aos trabalhos de artesanato feitos com fibra de bananeira
13 No município Rio Brilhante é expressivo o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais/MMTR-MS. Durante as reuniões não houve nenhuma representante do Movimento.
29
e bambu patrocinados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -
SEBRAE14 que beneficiarão as famílias do assentamento Lagoa Grande em Dourados.
2.3 – Mapa Social
Na figura 4 pode-se visualizar, de maneira resumida, o conhecimento que o grupo
responsável pela técnica tem do território. Localizaram espacialmente cada um dos
municípios, mas, sobretudo demonstraram conhecimento detalhado dos fatores que nele
intervêm, fazendo uma descrição minuciosa e localizada das dinâmicas produtivas, sociais,
culturais e ambientais.
Desta maneira levantaram informações sobre a situação atual do Território nas
duas diversas potencialidades. Os participantes iniciaram a técnica com a distinção dos
doze municípios que compõem o Território. Em seguida traçaram as rodovias e hidrovias
que o atravessam, assim como a Serra de Maracaju divisora natural do Estado.
Ao longo da elaboração do desenho do mapa foram incorporando detalhes sobre a
produção de cada um dos municípios.
No centro do mapa ganhou destaque uma mancha escura que representa os solos
mais férteis. A produção de soja está concentrada nestes solos. Estão também presentes
na economia local a produção de leite, carne, frangos e suínos. Bem como projetos de
piscicultura em assentamentos e áreas indígenas e algumas agroindústrias de suínos e aves
concentradas em Dourados.
Também destacaram o Parque Estadual Ivinhema na bacia do rio Paraná,
compartilhado por três municípios, sendo que o município Jateí do Território Grande
Dourados é um deles. Já no município Glória de Dourados destacaram a produção de café
orgânico e a instalação da agroindústria de processamento de café e a parceria com uma
fecularia para o processamento da produção de mandioca orgânica sob a responsabilidade
da APOMS.
Desenharam moradias típicas das populações indígenas e quilombolas. Nos
municípios de Rio Brilhante, Juti, Jateí, Dourados e Caarapó os assentamentos ganharam
visibilidade. As universidades e a Embrapa também ganharam espaço no mapa.
14 O SEBRAE foi uma das instituições menos mencionadas durante as entrevistas. As poucas referências feitas à entidade estavam relacionadas com atividades pontuais (como o artesanato) ou como parceiro da APOMS.
30
2.4 - Situação socioeconômica e ambiental predominante
O ciclo da erva mate, a ocupação de extensas áreas para a agricultura de
subsistência e a criação de gado são o marco inicial da economia do Território. Mais
recentemente, a exploração de soja, milho e trigo marca o rápido crescimento econômico.
Nas últimas três décadas a economia regional é uma das mais prósperas do país, centrada
basicamente na produão de grãos (soja e milho) e carnes (bovina, suína e aves).
Entretanto os municípios do Território se caracterizam por possuir baixo Índice de
Desenvolvimento Humano - IDH. Dos doze, dez ocupam posições no ranking estadual que
oscilam entre a 67º e 33 º posição. Onde o desempenho econômico mostrou-se maior, o IDH é
mais alto, assim o município de Dourados, destaca-se, e ocupa a quinta posição no ranking
estadual. Os índices de pobreza mais altos encontram-se nos municípios de Vicentina (41%) e
Juti (39,9%). A Tabela 2 mostra os Índices de Desenvolvimento Humano Municipal com
destaque, novamente, para o município de Dourados.
Tabela 2 - Território - Grande Dourados – MSÍndice de Desenvolvimento Humano Municipal
Município IDHMCaarapó 0,72Deodápolis 0,74Douradina 0,71Dourados 0,79Fátima do Sul 0,75Glória de Dourados 0,75Itaporã 0,71Jateí 0,72Juti 0,71Rio Brilhante 0,75Vicentina 0,73
Total 0,77ADHB - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil Fonte: SDT/MDA – SIT
Segundo dados da Secretaria de Estado de Planejamento e de Ciência e Tecnologia
- SEPLANCT / MS nos últimos anos houve declínio da taxa de crescimento da população
dos municípios que compõem o Território, com exceção de Dourados que apresenta índices
de crescimento demográfico significativos (em 2006 a população estimada atingiu 186.357
habitantes, em 2000 havia 164.949 douradenses) e dos municípios Rio Brilhante15 e 15 Desmembrado em 1991, o município Nova Alvorada do Sul.
Itaporã que passaram de 22.640 e 17.045 em 2000 para 27.567 e 17.865 em 2006,
respectivamente.
Como se pode observar na Tabela 3 no Território de Dourados, 17,36% do total da
população é rural. Os municípios de Jateí (67,86 %), Douradina (42,88%) e Vicentina
(38,67%) expressam os maiores índices de população rural contra Dourados (90,89%),
Fátima do Sul (85,19%) e Deodápolis (74,33%) que apresentam maiores percentuais para
população urbana.
Tabela 3 - Território - Grande Dourados – MSAspectos Populacionais
PopulaçãoMunicípio 2000 2006
Total Rural Urbana Total VariaçãoNº (%) Nº (%) Estimativa 2000 /2006
Caarapó 20.706 6.050 29,22 14.656 70,78 19.386 -6,37Deodápolis 11.350 2.914 25,67 8.436 74,33 9.603 -15,39Douradina 4.732 2.029 42,88 2.703 57,12 4.725 -0,15Dourados 164.949 15.021 9,11 149.928 90,89 186.357 12,98Fátima do Sul 19.111 2.831 14,81 16.280 85,19 16.861 -11,77Glória de Dourados 10.035 2.827 28,17 7.208 71,83 8.665 -13,65Itaporã 17.045 5.314 31,18 11.731 68,82 17.865 4,81Jateí 4.054 2.751 67,86 1.303 32,14 3.365 -17,00Juti 4.981 1.616 32,44 3.365 67,56 4.765 -4,34Rio Brilhante 22.640 5.963 26,34 16.677 73,66 27.567 21,76Vicentina 5.779 2.235 38,67 3.544 61,33 4.667 -19,24
Total 285.382 49.551 17,36 235.831 82,64 303.826 6,46Total dos Territórios no Estado 523.329 123.277 23,56 400.052 76,44 563.868 7,75
Fonte: SDT/MDA – SIT
A região possui uma economia essencialmente agrícola que está relacionada com i) a
potencialidade dos solos, clima e hidrografia; ii) o modelo de ocupação do solo com culturas
extensivas. Apresenta dificuldade de organização da agricultura familiar, especialmente,
no processo de comercialização da sua produção e na falta de diversificação da atividade
agrícola.
Observa-se que aproximadamente 71 % dos estalecimentos rurais, com menos de
100 ha, ocupam apenas 7,2% da área total das propriedades e, no outro extremo, as
propriedades com mais de 500 ha equivalem a cerca de 10% dos estabelecimentos rurais e
ocupam 72,9 % da área total dos respectivos estabelecimentos (IBGE, 1996) (Tabela 4).
Tabela 4 - Território - Grande Dourados - MS
33
Estabelecimentos Agropecuários (ha)
Município Menos de 10 10<100 100<1.000 1.000< 10.000 > 10.000 Sem declaração
Caarapó 424 318 235 48 - -Deodápolis 185 518 141 11 - 1Douradina 158 268 55 1 - -Dourados 818 829 479 77 - -Fátima do Sul 298 454 39 - - -Glória de Dourados 141 566 96 - - -Itaporã 266 474 186 21 - -Jateí 31 256 112 59 1 -Juti 8 53 69 25 1 -Rio Brilhante 23 111 247 89 4 -Vicentina 362 444 52 1 - -
Total 2714 4291 1711 195 6 1IBGE – Censo Agropecuário 1995-96 Fonte: SEPLANCT/MS
Como constatam os dados da Prefeitura de Dourados, a ocupação desordenada das
terras para a agricultura de grande escala, as áreas de agricultores familiares, sobretudo
as localizadas em assentamentos rurais realizados em fazendas com plantio de soja, não
contam com as reservas naturais obrigatórias, os solos já apresentam sinais de degradação
por processos erosivos. Processos semelhantes podem ser observados também nas Aldeias
Indígenas e nas propriedades originadas da Colônia Nacional de Dourados. Os mananciais
de água são contaminados e, sem proteção natural, estão sujeitos ao assoreamento, as
reservas de matas nativas existentes são constantemente diminuídas extinguindo espécies
vegetais importantes.
Esse retrato foi desenhado desde o momento que os solos foram transformados em
pastagens e em áreas dedicadas à plantação de grãos, incentivados por programas federais
com grandes volumes de recursos destinados a tal fim.
O resultado é um Território fragilizado que mostra vulnerabilidade ambiental,
fragmentação econômica (divisão entre uma agricultura mecanizada e familiar), e
tratamento superficial da questão étnica (multiplicação de políticas públicas sem
tratamento eficaz da situação indígena).
Esse é um retrato recorrente de um espaço historicamente submetido ao binômio
soja/boi com forte pressão tanto nacional como internacional. Atualmente a política para
produção de biodiesel e álcool vêm sendo percebida – na visão dos atores locais, como
provável início de um novo ciclo, como exemplifica a seguinte fala: “em relação à
34
monocultura (feita em ciclos), está se acabando o ciclo da soja, a não ser pela muleta do
diesel. Entrou a cana. Vai entrar o eucalipto, outra monocultura. A gente deve
conscientizar o agricultor, segurar a desertificação”. Ainda outro entrevistado
acrescentou “talvez daqui a alguns anos vai ser eucalipto e mamona”.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT, 2006) conforme
exposto na Tabela 5, os municípios do Território Grande Dourados apresentam, em
conjunto 6.011 agricultores familiares, 1.278 famílias assentadas em 15 assentamentos de
projetos da Reforma Agrária e 1.555 famílias acampadas. Em relação ao número de
agricultores familiares apresentam maior destaque os municípios de Dourados, Vicentina e
Fátima do Sul.
Tabela 5 - Território - Grande Dourados - MSDemanda Social do MDA
Município AgricultoresFamiliares
(1)
FamíliasAssentadas
(2)
FamíliasAcampadas
(3)
DemandaSocial
Caarapó 455 41 32 528Deodápolis 701 701Douradina 343 343Dourados 1.191 217 807 2.215Fátima do Sul 738 133 871Glória de Dourados 702 702Itaporã 594 594Jateí 274 82 356Juti 76 129 203 408Rio Brilhante 153 809 380 1.342Vicentina 784 784
Total 6.011 1.278 1.555 8.844Total dos Territórios no Estado 11.249 11.722 6.568 29.539
(1)IBGE. Censo Agropecuário (1995/96);(2)MDA/Incra/SIR (30/09/2006); (3)MDA/Incra/SIR (2005).Fonte: SDT/MDA – SIT
Com referência à agricultura familiar um dos técnicos da IDATERRA comentou:
“hoje a agricultura familiar [nos assentamentos] vive da pecuária de leite. Esse é o forte
deles, de aproximadamente 2000 famílias”. Outro ator salientou: “o leite está meio
penalizado pelo Estado. Ai não compensa levar para outros estados. Soja e milho recebem
grande apoio desde a Embrapa até as transnacionais Cargill e Bunge”.
Descrição semelhante é feita por um dos atores envolvidos na coletiva:
“praticamente em todo o Estado a Agricultura Familiar está presa ao leite. O agricultor
35
familiar é refém do leite, é extrativista do leite. Sem leis sanitárias, sem controle. Por
isso precisamos defender a diversificação da produção. O pessoal não entende que ter
frango, abóbora, mandioca, é renda. As famílias não compreendem isso. O leite deve ser
uma das fontes e não a única”.
Na opinião dos entrevistados “tem muito agricultor familiar plantando soja na porta
de casa e vai para o mercado para comprar a mandioca. Por isso tem muito pequeno
agricultor quebrado. Alguns não têm nem pomar”.
Finalmente um dos participantes das coletivas resumiu a situação do agricultor com
a seguinte frase: “O agricultor familiar quer acompanhar o grande, mesmo com os custos
altos. É o pequeno imitando o que faz o grande!... mas a soja é para os grandes e o leite
para os pequenos”. E ainda acrescentou: “Aqui ainda há preconceito com a agricultura
familiar. O assentado quer o lote no assentamento para tornar-se grande produtor”.
2.4.1 – Dados da produção agropecuária do Território
A lavoura permanente e a temporária apresentada pela SDT, com base nos dados do
IBGE, observa-se na Tabela 6. Nesta verifica-se que o desempenho da produção de banana
é pouco expressivo, aqui apenas referenciados os municípios de Glória de Dourados e
Itaporã.
Ainda relaciona o desempenho da produção de culturas temporárias evidenciando-se
o aumento da produção de mandioca com destaque para os municípios Deodápolis (20.000t)
e Jateí (20.000t) no ano de 2005. Contudo não se pode omitir o fato do município Rio
Brilhante ter produzido 30.000 toneladas de mandioca em 2004, sendo considerado pela
SEPLANCT como o 4◦ produtor de mandioca do Estado, e em 2005 apresentar apenas
15.000 toneladas.
Há de se destacar também a diminuição da produção de feijão. Apenas com leve
aumento, em 2005, para os municípios de Caarapó (1.800t), maior produtor de feijão do
Estado, e Rio Brilhante (1.500t). Houve uma diminuição brusca da produção do grão, em
2005, nos municípios de Fátima do Sul de 1.200t para 740t e Jateí de 864t, em 2004,
para nenhuma produção no ano seguinte.
Tabela 6 - Território - Grande Dourados - MSMunicípio Lavoura Permanente Lavoura Temporária
36
Quantidade Produzida(t) Quantidade Produzida(t)Laranja Banana Mandioca Feijão
2004 2005 2004 2005 2004 2005 2004 2005Caarapó 10.000 18.000 1.500 1.800Deodápolis 12.000 20.000 800 750Douradina 0 0 500 600Dourados 14.000 14.000 1.339 1.200Fátima do Sul 18.000 18.000 1.200 740Glória de Dourados 182 16.000 16.000 733 750Itaporã 75 75 20.000 0 1.330 1.200Jateí 16.000 20.000 864 0Juti 20.000 16.000 1.022 900Rio Brilhante 30.000 15.000 1.200 1.500Vicentina 7.000 17.000 900 900
Total 0 0 75 257 163.000 154.000 11.388 10.340Total dos Territórios
no Estado 4.224 2.941 1.392 1.748 181.000 169.000 12.336 11.040
IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005). Fonte: SDT/MDA - SIT
A produção de leite tem importância considerável na economia do Território
chegando a produzir um total de 75.125 litros em 2005. Assume a liderança o município de
Glória de Dourados e Dourados com 16.369 e 12.480 litros respectivamente. Já na
produção de mel, o município de Dourados é o líder, em 2005, com 54.080 kg segundo
dados da SDT/MDA - SIT (Tabela 7).
Tabela 7 - Território - Grande Dourados - MS
MunicípioLeite
Quantidade Produzida (mil litros)
MelQuantidade Produzida
(kg)Leite Mel
2004 2005 Variação 2004 2005 VariaçãoCaarapó 5.330 5.703 7,00 6.996 7.485 6,99Deodápolis 9.028 9.660 7,00 3.591 3.896 8,49Douradina 2.143 2.194 2,38 1.577 1.608 1,97Dourados 12.235 12.480 2,00 52.000 54.080 4,00Fátima do Sul 2.264 2.278 0,62 3.536 4.050 14,54Glória de Dourados 14.720 16.369 11,20 6.004 6.424 7,00Itaporã 3.230 3.243 0,40 6.777 6.500 -4,09Jateí 8.929 8.949 0,22 1.450 1.515 4,48Juti 2.252 2.180 -3,20 1.378 1.400 1,60Rio Brilhante 7.729 7.879 1,94 11.230 11.578 3,10Vicentina 4.098 4.190 2,24 1.233 1.250 1,38
Total 71.958 75.125 4,40 95.772 99.786 4,19Total dos Territórios no Estado 130.183 137.296 5,46 142.072 174.784 23,02
IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005). Fonte: SDT/MDA - SIT
A seguir, na Tabela 8, podem-se extrair as seguintes informações: a soja, o milho, o
arroz e o trigo representam a maior área colhida do Território. Assim, Dourados com a
37
maior área para soja, 157.200 ha. seguido de Rio Brilhante com 110.000 ha. Igual relação
para a área colhida de milho, Dourados com 85.150 h. e Rio Brilhante com 62.000 ha.
A área colhida para produtos como algodão, arroz, cana de açúcar, café, sorgo e
erva mate são menores, como mostra a mesma Tabela.
A título de ilustração apresenta-se o ranking de produção estadual destacando os
municípios do Território Grande Dourados: Glória de Dourados 7º produtor de café,
Douradina 9º produtor de aveia e 7º produtor de arroz. Rio Brilhante, maior produtor de
arroz, 2º produtor de cana-de-açúcar, 3º produtor de aveia e de milho, 5º produtor de
sorgo e de soja. Jateí, 8º produtor de aveia. Itaporã, 3º produtor de arroz, 4º produtor de
milho, 6º produtor de trigo, 7º produtor de aveia e 10º produtor de soja. Dourados, 6º
produtor de soja, 4º produtor de arroz, 2º produtor de milho, 2º produtor de trigo, 6º
produtor de aveia e 5º produtor de mamona. Caarapó, 5º produtor de milho e 8º produtor
de erva-mate. O nono produtor de erva-mate é o município de Juti que também ocupa o
terceiro lugar como produtor de maracujá do Estado. Fátima do Sul é o 7º produtor de
tomate e 5º produtor de uva, já Dourados é o maior produtor de tomates, 6º produtor de
abacaxi e maior produtor de uva (SEPLANCT, 2005).
A fruticultura está representada pela produção de abacaxi, uva, maracujá, melancia
e tomate. A produção destas frutas em nível municipal por área colhida e toneladas pode
ser observada na Tabela 9.
Ao observar a Tabela 10 dos principais rebanhos por municípios para os anos 2004 e
2005 percebe-se uma diferenciação clara de perfil municipal no que diz respeito aos
rebanhos bovino, bubalino e caprino. Dourados, Rio Brilhante e Jateí ocupam as três
primeiras posições nos dos períodos para rebanhos bovinos. Rio Brilhante, Caarapó e
Dourados, respectivamente, possuem o maior número de cabeças de búfalo. O rebanho de
caprinos está concentrado nos municípios de Juti, Caarapó e Dourados.
38
Tabela 8 - Território - Grande Dourados - MS Produtos Agrícolas - Ano 2004
Área Colhida (hectares) Produção (toneladas)
Municípios Erva mate Algodão Arroz
Cana-de-
açúcarCafé Milho Sorgo Soja Trigo Erva-
mate Algodão Arroz Cana-de-açúcar Café Milho Sorgo Soja Trigo
Caarapó 7 8 425 - - 50.200 - 74.000 5.000 111 14 1.282 - - 150.760 74.000 5.500Deodápolis - 650 350 - 22 4.650 30 6.000 - - 975 1.400 - 23 16.920 57 6.000 -Douradina - - 2.350 - - 7.750 - 8.000 150 - - 9.400 - - 28.525 - 13.600 180Dourados - 3 6.000 - - 85.150 250 157.200 22.500 - 1 25.200 - - 29.5118 225 179.208 22.950Fátima do Sul - 200 700 - 10 6.200 - 7.700 100 - 223 3.024 - 7 22.940 - 6.930 120Glória de Dourados
- 100 - - 100 900 - 1.776 - - 100 - - 57 3.600 - 2.516 -
Itaporã - - 5.700 - 10 36.280 - 52.000 9.000 - - 25.450 - 17 166.944 - 1144.00 9.750Jateí - 250 - - - 8.500 - 10.200 250 - 500 - - - 21.750 - 17.901 225Juti 7 24 6 293 - 8.000 180 13.000 970 109 22 11 27835 - 24.000 270 10.140 1.018Rio Brilhante - 450 15.000 10.469 - 62.000 3.800 110.000 4.000 - 900 82.800 1046.038 - 222.000 102.60 187.000 7.680Vicentina - 80 - - - 3.500 - 4950 - - 65 - - - 10.500 - 4.455 -
Total 14 1765 15.006 10.762 142 273.130 4.260 444.826 41.970 220 2.800 82.811 1.073.873 104 963.057 10.755 616.150 47.423Fonte: Secretaria de Estado de Planejamento e de Ciência e Tecnologia – SEPLANCT/MS
Tabela 9 - Território - Grande Dourados - MS Produtos Agrícolas - Ano 2004
Área Colhida (hectares) Produção (toneladas)Municípios Abacaxi Uva Maracujá Melancia Tomate Abacaxi Uva Maracujá Melancia Tomate
2000 2004 2000 2004 2000 2004 2000 2004 2000 2004 2000 2004 2000 2004 2000 2004 2000 2004 2000 2004Caarapó 1 1 1 - 18 5 215 -Deodápolis 4 2 - 1 10 -Douradina 1 - 12 -Dourados - 7 35 20 40 - 60 30 - 140 315 200 1002 - 1980 1050Fátima do Sul 2 2 12 - 2 3 18 36 48 - 24 180Glória de Dourados 2 - 4 3 5 - 60 30
Itaporã 1 1 2 1 4 - 7 - 16 24 4 10 152 - 245 -Jateí 80 - 263 2 -Juti - 10 - 60Rio Brilhante 1 1 15 7Vicentina 4 8 4 - 721 96 80
Total 9 18 42 25 1 11 148 - 77 36 259 382 258 215 60 - 2389 1260¹ - mil frutos ² - até 2000 a produção está em mil frutosFonte: SEPLANCT/MS
40
Tabela 10 - Território - Grande Dourados - MSPrincipais Rebanhos - cabeças
Bovino Bubalino Caprino Suíno* Aves*
Município 2004 2005 Variação 2004 2005 Variaçã
o 2004 2005 Variação 2003 2004 Variação 2003 2004 Variaçã
oCaarapó 160.120 152.238 -4,92 271 249 -8,12 417 410 -1,68 11.347 11.800 3,99 1.470 1.388 -5,58Deodápolis 104.920 98.790 -5,84 127 123 -3,15 175 190 8,57 8.624 9.444 9,51 152 115 -24,34Douradina 14.460 14.623 1,13 76 71 -6,58 5.558 5.377 -3,26 675 681 0,89Dourados 259.090 245.020 -5,43 241 240 -0,41 402 401 -0,25 51.814 38.672 -25,36 2.735 2.495 -8,78Fátima do Sul 16.340 17.050 4,35 133 135 1,50 9.491 14.047 48,00 1.384 1.300 -6,07Glória de Dourados 66.890 62.839 -6,06 139 150 7,91 51.527 53.352 3,54 897 872 -2,79
Itaporã 55.810 55.123 -1,23 194 198 2,06 54.745 60.310 10,17 1.176 1.048 -10,88Jateí 206.520 180.400 -12,65 31 29 -6,45 174 180 3,45 5.025 23.196 361,61 273 227 -16,85Juti 148.109 135.904 -8,24 150 137 -8,67 400 415 3,75 4.093 4.492 9,75 301 255 -15,28Rio Brilhante 247.770 227.868 -8,03 312 294 -5,77 205 200 -2,44 18.193 15.862 -12,81 404 368 -8,91Vicentina 31.082 30.300 -2,52 149 146 -2,01 155 158 1,94 13431 12.797 -4,72 460 504 9,57
Total 1.311.111 1.220.155 -6,94 1.281 1.218 -4,92 2.470 2.508 1,54 233.848 249.349 6,62 9.927 9.253 -6,78Total dos
Territórios no Estado
4.685.368 4.455.871 -4,90 3.105 3.127 0,71 6.754 6.987 3,45
IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005). Fonte: SDT/MDA - SIT
Nota: Aves = galinhas, galos, frangos e pintos.* Fonte: SEPLANCT/MS
41
Na seqüência, os dados da SEPLANCT (2005) permitem inferências interessantes
no quadro estadual, a saber: Glória de Dourados ocupa o 4º lugar no ranking relativo a
rebanho suíno, o 6º como produtor de leite, o 8º no efetivo de aves (galinhas, galos,
frangos e pintos) e o 2º como produtor de casulo do bicho-da-seda. A Douradina
corresponde o 10º lugar como efetivo de aves, a Rio Brilhante o 7º efetivo de codornas e a
Jateí o 7º efetivo de suínos. Fátima do Sul possui o 5º efetivo em aves. Itaporã é o 6º
produtor estadual de aves e o 3º produtor de suínos. Dourados possui o 3º efetivo de
aves, o 5º efetivo de suínos e 3º efetivo de codornas, já a Caarapó corresponde o 4º
efetivo de aves do Estado.
A Tabela 11 apresenta os dados dos principais produtos pecuários do território. A
produção de ovos de galinha alcançou 3.738 dúzias em 2004, destas 2.523 corresponde ao
município de Dourados, já a produção de ovos de codornas é pouco expressiva. O casulo do
bicho-da-seda é destaque no município de Glória de Dourados com 14.720 kg, a produção
de lã atingiu a cifra de 1.665t. em 2004, distribuída em três municípios: Caarapó (584t),
Dourados (1.080t) e Jateí (1t).
Tabela 11 - Território - Grande Dourados - MSPrincipais Produtos Pecuários
Município Ovos de Galinha (mil dúzias)
Ovos de Codorna
(mil dúzias)
Casulo do Bicho-da-seda
(kg)
Lã(t)
2003 2004 2003 2004 2003 2004 2003 2004Caarapó 45 42 6 3 608 584Deodápolis 53 53 20 10Douradina 53 51 4.326 1.333Dourados 2.381 2.523 13 14 1.008 1.080Fátima do Sul 92 90 1690 248Glória de Dourados 46 42 14.692 14.720Itaporã 116 106Jateí 54 53 1 1Juti 18 18Rio Brilhante 102 709 6 6Vicentina 53 51 4.326 1.333
Total 3.013 3.738 19 19 25.060 17.647 1.617 1.665Fonte: SEPLANCT/MS
Os empregos gerados no setor industrial concentram-se, principalmente, em
Dourados e com mínima expressão nos restantes municípios do Território. De igual maneira
para o setor comércio, serviços e agropecuária (Tabela 12).
Tabela 12 - Território - Grande Dourados – MSNº de Empregos Gerados por Setor da Economia
Município Indústria Comércio Serviços AgropecuáriaCaarapó 503 286 611 499Deodápolis 77 112 406 119Douradina 6 26 334 48Dourados 5.775 7.629 10.925 1.789Fátima do Sul 72 370 895 104Glória de Dourados 99 116 333 81Itaporã 633 211 638 360Jateí 35 6 292 319Juti 4 22 97 217Rio Brilhante 706 566 1.131 1.326Vicentina 13 35 201 38
Total 7.923 9.379 15.863 4.900Total dos Territórios no Estado 17.234 13.574 24.842 12.416
SNIU. Sistema Nacional de Indicadores Urbanos (2002)Fonte: SDT/MDA - SIT
No caso da arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços - ICMS, no ano de 2005, por participação em atividades como a agricultura e a
pecuária, três municípios foram destaque: o primeiro é Jateí (97,39%), o segundo é
Deodápolis ( 72,63%) e o terceiro é Vicentina ( 70,16%) (Figura 5).
Figura 5 - Território Grande Dourados: Participação das atividades econômicas Agricultura e Pecuária na Arrecadação de ICMS no ano 2005 (%)
72,63 70,16
34,64
53,63 59,80
97,39
33,14
61,79
57,61
42,49
69,59
46,85
1,00
10,00
100,00
Doura
dos
Caara
po
Itapo
râ
Deodáp
olis
Fatim
a d
o S
ul
Jate
í
Rio
Brilh
ante
Doura
ndin
a
Glo
ria d
e D
oura
dos
Juti
Vic
en
tina
Nova A
lvora
da
Fonte: Com base em dados da SEPLA NTC - Governo do Estado do M ato Grosso do Sul
Fonte: SEPLANCT/MS
43
A maior renda per capita corresponde ao município Dourados (R$ 308,7) seguido de
Rio Brilhante (R$ 233,84) e Fátima do Sul (R$ 217,51). Já a renda de rendimentos de
trabalho concentra-se em Jateí (R$ 77,38), Rio Brilhante (R$ 74,19) e Dourados (R$
73,86). Destacam Dourados, Douradina e Rio Brilhante na renda média do chefe de família
com (R$ 759,99), (R$ 657,13) e (R$ 630,12) respectivamente (Tabela 13).
Tabela 13 - Território - Grande Dourados - MSRenda (R$)
MunicípioRenda
Per Capita(1)
Renda de Rendimentos do Trabalho
(1)
Renda Média doChefe de Família
(2)
Caarapó 169,18 71,05 487,09Deodápolis 178,56 68,84 449,35Douradina 187,94 69,88 657,13Dourados 308,07 73,86 759,99Fátima do Sul 217,51 71,98 511,84Glória de Dourados 205,09 71,40 529,22Itaporã 188,73 72,94 541,43Jateí 159,68 77,38 457,10Juti 152,03 69,84 422,82Rio Brilhante 233,84 74,19 630,12Vicentina 193,38 66,95 484,93
Total - - -(1) ADHB - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2002). (2) IBGE - Censo Demográfico (2000).Fonte: SDT/MDA - SIT
2.4.2 – Saneamento Básico no Território
A Tabela 14 mostra importantes indicadores de saneamento básico. Do total de
78.375 domicílios particulares do Território, 71,4% estão ligados à rede geral de
abastecimento de água, 28% usam poço ou nascente. 12.9% dos domicílios estão ligados à
rede geral de esgotamento sanitário sendo que 84,3 estão cadastrados como usuários de
outras formas de esgotamento sanitário e 2,9 não possuem banheiro ou sanitário. Neste
último, Caarapó e Juti compartilham os percentuais mais baixos, isto é, 7,7 % e 6,6 %
respectivamente. Outro fator a ser observado é a proporção do destino do lixo. No
Território 78,7% dos municípios coletam o lixo e o 21,3 % destes lhe dão outro destino.
44
Tabela 14 - Território - Grande Dourados - MS
Saneamento Básico por Domicílios Particulares Permanentes
Município
Total de domicíliosparticularespermanentes
Forma de Abastecimento de Água Esgotamento Sanitário Destino do Lixo
RedeGeral (%)
Poço ouNascente
(%)
OutrasFormas
(%)
Domicílios Ligados
à Rede Geral (%)
OutrasFormas
(%)
Sem Banheiro
ou Sanitário
(%)
Coletado(%)
OutroDestino
(%)
Caarapó 5.528 69,5 28,9 1,6 0,7 91,5 7,7 71,0 29,0Deodápolis 3.172 72,6 26,3 1,1 0,4 98,2 1,4 63,3 36,7Douradina 1.293 56,8 41,1 2,1 0,2 98,8 0,9 53,0 47,0Dourados 45.176 74,1 25,5 0,4 20,5 76,8 2,7 86,9 13,1Fátima do Sul 5.618 72,3 27,6 0,1 2,3 96,3 1,5 79,0 21,0Glória de Dourados 2.963 71,7 27,8 0,4 0,1 99,1 0,7 61,8 38,2
Itaporã 4.641 66,9 31,7 1,3 6,0 88,3 5,7 69,2 30,8Jateí 1.145 43,1 52,6 4,3 8,9 87,7 3,4 38,2 61,8Juti 1.374 57,6 41,4 0,9 0,8 92,6 6,6 63,2 36,8Rio Brilhante 5.768 69,8 29,8 0,4 4,1 95,1 0,8 72,1 27,9Vicentina 1.697 57,9 41,5 0,6 0,6 98,5 0,9 48,2 51,8Total Território 78.375 71,4 28,0 0,6 12,9 84,3 2,9 78,7 21,3
IBGE. Censo Demográfico (2000).
Fonte: SDT/MDA - SIT
2.5 – Inovação Tecnológica
A agricultura familiar no Território carece de um conjunto de ações articuladas -
difusão de conceitos e experiências, geração de tecnologias regionais e assistência
técnica, cuja repercussão na renovação do processo produtivo tem sido limitada.
“Precisamos de técnicos, alguém que repasse, que busque, estamos muito sós”! É uma
expressão que identifica as limitações de uma política insuficiente e pouco adaptada às
condições do agricultor sul-mato-grossense.
Apesar do esforço do IDATERRA, o Território não dispõe de recursos humanos,
nem de apoio logístico suficientes para cobrir as expectativas e as dúvidas dos
agricultores, precisa – disse um deles, “aplicar no leite novas tecnologias, sair da teoria
das instituições de pesquisa. É possível trabalhar uma bacia leiteira sem degradar muito,
45
com agroecologia, sem químicos, com adubações verdes. Acho que tem que fazer menos
pesquisa e fazer mais prática”.
Com todas as limitações, como a falta de tecnologias mais aplicadas, os agricultores
do Território têm trilhado o caminho dos sistemas agroecológicos, sobretudo, sob a batuta
da APOMS (como será visto no item 4.2). Contudo, a agroecologia envolve muito apoio
técnico, ressalta um entrevistado e “o grande empecilho é que a assistência técnica não
consegue absorver a demanda. A pouca [assistência] que existe se dá no escritório e não
na propriedade”.
Algumas questões, resumidas aqui, foram lançadas pelos próprios entrevistados
durante as discussões sobre tecnologias: Qual tecnologia? Como treinar os agricultores?
Quem vai treinar? Homogeneizar a tecnologia? Que produto final queremos? Qual o
padrão? Qual a qualidade?!
A Embrapa auxilia com modelos sobre implantação de novas pastagens e irrigação,
não obstante, alguns informantes apontaram que o repasse às associações e às
cooperativas acontece mais por interesse de alguns técnicos e pesquisadores: “Com sete
anos na parte de leite só conheço uma pesquisadora que veio à cooperativa. Ela veio mais
para conhecer a região. Precisamos desses iluminados como assessores, poder ligar para
eles e perguntar”.
O Agrofuturo é desde já apontado como agregador de novas tecnologias,
propagador de informações ainda mais quando no horizonte dos próximos anos a chegada
do biodiesel16 é perceptível e gera expectativas entre os agricultores familiares.
3- Imaginário
3.1 - Conhecimento da política do Ministério do Desenvolvimento Agrário
O processo de implementação da política do MDA é visto ainda com algumas
fragilidades, sobretudo, a falta de apoio de algumas prefeituras/prefeitos na execução
dos projetos aprovados pela Comissão de Implantação de Ações Territoriais - CIAT e
financiados conforme linhas estabelecidas pelo Programa Nacional de Fortalecimento da
16 O município de Dourados tem prevista a instalação de 3 empresas de biodiesel (mamona e girassol).
46
Agricultura Familiar - PRONAF. Para os informantes não houve discussão de ações
coletivas e a falta de consenso entre os representantes da CIAT levou à aprovação do
Plano Territorial sem estabelecer ordem de prioridade, nem visão de conjunto. “Não se
conseguiu falar em Território”, apontou um dos informantes.
Três grandes projetos foram marco das ações territoriais. Em 2003 o foco foi a
bacia leiteira, em 2005 os viveiros de mudas e, em 2006 a construção da sede da CIAT na
escola agrícola, a compra de uma moto para a articulação e a montagem de uma Unidade de
Referência Agroflorestal.
A CIAT17 é considerada pouco atuante pela maioria dos informantes. A rotatividade,
a falta de articulação e a vertente “excessivamente” ambiental que lhe foi impressa pelo
Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento - IMAD causaram descrédito entre os
atores.
A primeira dificuldade, apontaram, foi com a troca constante de interlocutores. A
segunda foi ter deixado na mão do articulador decisões que eram coletivas. E, a terceira é
não pensar o Território como um todo. As palavras de um técnico explicam melhor este
último ponto: “não podemos querer que Dourados cresça com a morte de Jateí, por
exemplo. Falta ver o Território, fazer um alinhamento. Precisamos mudar essa cultura
municipalista”. Uma ação resultante destas dificuldades foi a distribuição dos recursos
recebidos do MDA em parcelas iguais para cada município18 . Um dos participantes
descreveu esta iniciativa de “xiita”. Já outro completou: “Para Glória [de Dourados] foi
muito, para Dourados foi nada”.
Atualmente a CIAT passa por uma reestruturação onde busca transformar-se em
Agência Territorial de Desenvolvimento da Grande Dourados19. Enquanto CIAT, observou
um entrevistado, “foram cuidadas mais as questões políticas e econômicas e esquecidas as
sociais. Nessa nova etapa a intenção é segundo apontaram: “definir qual a direção que
vamos seguir se ambiental ou econômica”.
17 A CIAT é integrada por aproximadamente 30 pessoas representantes das diversas instituições territoriais. Destas, aproximadamente 15 são membros ativos.
18 Alguns municípios compraram tanques resfriadores, outros caminhões ou tratores. 19 Em 2006 foi aprovado o Estatuto e o Regimento Interno.
47
É recorrente, nas falas, associarem as políticas do MDA apenas às ações do
PRONAF e, em conseqüência, considerarem lenta demais a execução das ações, pois a
liberação dos recursos é muito burocrática.
Quando perguntados sobre a política do MDA no Território – afirmaram que as
secretarias – exceto a Secretaria de Agricultura Familiar de Dourados, pouco conhecem a
política do MDA e, faltaria mais “incentivo” para as secretarias de saúde e educação se
envolverem.
3.2 - Apropriação da estratégia de territorialização por parte dos atores
Durante as técnicas coletivas os participantes expressaram a importância da CIAT,
mas ao mesmo tempo colocaram a preocupação com a dinâmica e a falta de uma estratégia
metodológica que possa gerar, nos próximos anos, a possibilidade concreta de caminharem
com os próprios pés. Assim escutou-se deles: “o MDA foi criado para isso [fortalecer a
agricultura familiar], mas ainda há muita distância entre a teoria e a prática. O MDA e a
CIAT são dois primos que têm vontade de se conhecer”.
Para os entrevistados a relação com as prefeituras é frágil, pois somente
representantes das secretarias de agricultura e de meio ambiente estiveram presentes
nas reuniões da CIAT. Apontaram algumas prefeituras, como por exemplo, Dourados,
Glória de Dourados e Jateí como mais expressivas, com maior atuação e maior
compromisso com as ações do MDA20. A inexistência de estratégias, o
descomprometimento e a própria desarticulação da CIAT (ativa no início do processo de
territorialização, porém “paralisada” atualmente) são atitudes que provocam, segundo eles,
a desmotivação do colegiado.
Vale destacar que a possibilidade de instalação, no território, de um Núcleo Piloto
de Informação e Gestão Tecnológica despertou dentre os atores entrevistados e os
participantes das reuniões, a necessidade de ‘resgatar’ a CIAT. Surge o interesse de
manterem-se envolvidos, pois como eles próprios afirmaram: “temos que nos preparar para
20 A Prefeitura de Dourados por intermédio da Secretaria de Agricultura Familiar mantém uma carteira de projetos em parceria com a SDT/MDA.
48
fazer frente a esse processo, melhorar as relações entre os parceiros, trabalhar
interligado. Trabalhar em conjunto não é comum”.
Além destas preocupações os entrevistados ressaltaram a fragilidade no
monitoramento e acompanhamento dos projetos, e das ações prejudicadas pela falta de
estrutura física da CIAT.
3.3 - Conceito de Núcleo
Há certa dificuldade para entender o que é o Núcleo Piloto, ainda não foi
‘internalizado’ pelos atores locais. Para alguns será o “catalisador e articulador dos
diferentes atores para expressar os reais problemas que dificultam o desenvolvimento do
Território”. Outros esperam que seja uma alavanca para buscar recursos ou financiar
ações da CIAT.
Os agricultores familiares estão familiarizados com a Embrapa já que esta tem
desenvolvido projetos de pesquisa nos assentamentos do Território. Contudo ainda é cedo
para avaliar o conhecimento que os atores locais têm do Agrofuturo e do Núcleo Piloto.
Algumas respostas dos entrevistados resumiram-se na pergunta: Que núcleo? A falta de
conhecimento sobre o Núcleo foi em alguns momentos relacionada à inadequação do local
em que foi realizada a apresentação do projeto: “deveria ter sido feita na CIAT e não na
sede da Embrapa”, concluíram.
A expectativa da chegada de mais um grande projeto para a região tem despertado
incertezas. No Brasil, argumentaram os entrevistados, “há um monte de projetos e muitas
vezes nem decolam”. Uma outra fala ressalta a preocupação em relação ao local no qual
será instalado o Núcleo Piloto: “tomara que esteja errado. Acho que vai ser mais
centralizado do que pluralizado”.
Apesar da preocupação com a instalação física, merece destaque a visão de
“salvador” que o Núcleo já começa a ter. Ainda que sem conhecê-lo em profundidade, “o
Programa Agrofuturo vai ser o fechamento desse trabalho penoso que iniciamos no
Território”, comentaram esperançosos os participantes do mapeamento institucional.
Nas instituições visitadas e nas conversas com a população local, a idéia de núcleo
tem suscitado avaliações do papel, até agora, desempenhado pela Embrapa. Nos últimos
49
anos a Embrapa tem aberto canais e incentivado as articulações com os agricultores
familiares, porém como manifesto pelos próprios pesquisadores da instituição “somos um
grupo elitizado. Temos que nos envolver mais com as associações, os movimentos sociais, os
sindicatos”. Os pesquisadores percebem-se como agentes responsáveis pela inter-relação
e, ao mesmo tempo, catalisadores das capacidades institucionais. E o agricultor reflete os
esforços já empreendidos, como bem expressou um deles: “quem diria que eu ia entrar na
Embrapa!”.
Fez-se, durante uma das coletivas a seguinte pergunta: quais as principais
debilidades no processo de definição e instalação do Núcleo Piloto? As respostas foram: i)
“na prática não há ambiência nem física nem ‘psicológica’”; ii) “falta entendimento entre as
instituições para trabalhar junto”; iii) “não há nivelamento do conhecimento e das ações”;
iv) “falta estratégia para integração ao Território”. Concluíram que “o importante é não
criar expectativas. O importante é definir procedimentos, conseguir articulação com as
associações, com os agricultores familiares. O importante é fazer e aprender durante o
processo”.
3.4 Identidade expressada
Existe uma forte identidade criada entorno da agricultura familiar e dos
assentamentos da Reforma Agrária ancorada na experiência inédita da Colônia Agrícola de
Dourados. As atividades ligadas à agricultura familiar como a criação de suínos e frango
caracterizam o Território e sua diversidade, apontaram os entrevistados. Outro fator com
forte presença e considerado o carro-chefe dos assentamentos é a pecuária leiteria,
característica da região.
A degradação dos recursos naturais também foi lembrada como marca. Isto porque
todos os municípios do Território têm déficit ambiental histórico desde o ciclo da erva-
mate até o ciclo mais recente soja/gado, agregou um dos técnicos da IDATERRA.
A preocupação com questões ambientais como o desmatamento21, o assoreamento
dos rios, a poluição, o uso de agrotóxicos, a falta de fiscalização, dentre outros, têm
criado novos eixos de identidade territorial.
21 A cobertura florestal está reduzida, atualmente, a cerca de 20% da cobertura nativa original (IPLAN, 2001:37).
50
Não deixou de ser mencionado, ainda que raras vezes, o fato de ser uma região com
população indígena. Poucos entrevistados consideraram o traço indígena sinônimo de
identidade territorial. Ou seja, as populações indígenas não foram lembradas quando a
questão levantada era mencionar os aspectos mais relevantes de identidade do Território
Grande Dourados.
4 - Ações
4.1. Instituições envolvidas
Há consenso, entre os entrevistados, que as instituições mais ativas na definição do
Território e envolvidas desde o início com a política territorial do MDA, foram o
IDATERRA22, a APOMS23, as Prefeituras, o COREDES24 e os CMDRS25.
Algumas prefeituras estiveram mais presentes do que outras na figura de seus
secretários de agricultura e de meio ambiente como é o caso do município de Dourados,
Jateí e Glória de Dourados.
Havia segundo se constatou nas falas, uma atuação bastante tímida da Embrapa e
da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS nas reuniões da CIAT.
Ao longo da realização do mapa institucional, os atores sociais fizeram um esforço
concentrado para elaborar o quadro de instituições e suas relações, conforme já descrito.
Esses dados forneceram informações estratégicas para a compreensão da realidade de
maneira mais ágil que, permitirão posteriormente, realizar um processo de
acompanhamento e avaliação do desempenho inter e intra-institucional.
A atividade consistiu na composição gráfica das relações institucionais. Constam
somente as instituições selecionadas, por consenso, como as mais representativas do
Território. Cada uma das nove (9) instituições selecionadas foi analisada de acordo com o
22 O Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul- IDATERRA mudou de nome recentemente para Agência Rural de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – AGRAER. Do final da década de 1970 até 2000 era conhecida como Empresa de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - EMPAER.
23 A Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul - APOMS foi fundada em 1998. Organiza-se em núcleos regionais que formam uma rede de agroecologia.
24 O Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável – COREDES foi criado como órgão gestor do Plano Regional de Desenvolvimento Sustentável da Grande Dourados.
25 Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS.
51
seguinte critério: seta em dois sentidos (boa interlocução), seta em um só sentido aponta a
direção em que ocorre mais frequentemente a comunicação (interlocução regular), linha
pontilhada (interlocução comprometida ou distante).
A figura 6 serve para avaliar as formas de relacionamento e participação adotadas
pelas instituições além de possibilitar identificar as expectativas dos envolvidos. O Mapa é
reflexo das ações que estão sendo executadas no Território, porém cabe esclarecer que a
representação gráfica foi construída por uma amostra pequena dos atores territoriais,
portanto pode significar apenas uma leitura da realidade. Em resumo, a amostra é dentro
de suas limitações, representativa dos atores institucionais. A partir das posições que
ocuparam nos círculos podem-se construir diversas interpretações. Foi possível, por
exemplo, reunir as seguintes observações:
As instituições mais próximas do Território são o MDA e a APOMS desenhados no
círculo central. Seguem o IDATERRA e a CPT localizados no círculo seguinte. No extremo
deste encontramos a EMBRAPA. No penúltimo círculo as Prefeituras e no último as
universidades e as cooperativas consideradas as entidades mais distantes do Território na
lista das nove sugeridas no início da técnica.
A relação entre a EMBRAPA e as universidades apresenta-se em linhas pontilhadas
em decorrência, quiçá, da presença de alunos estagiários apoiados pela instituição em
algumas áreas de assentamentos. Mas a relação é notadamente recente, principalmente
com as demais instituições representando as expectativas dos atores na construção de
relações mais firmes e menos pontuais. A boa interlocução reflete o processo de
aproximação e de construção que a Embrapa vêm realizando na região. Com o MDA pode
ser em função do Agrofuturo e conseqüente instalação do Núcleo Piloto com claro
reconhecimento dos territórios rurais.
Percebe-se que a prefeitura mantém relação com todos os atores, mas apenas
indica uma boa interlocução com o IDATERRA, empresa de assistência técnica estadual e
com a APOMS que é uma das lideranças mais reconhecidas pelo grupo de participantes. A
relação com as cooperativas pode ser descrita como apenas em um sentido apontando o
apoio das prefeituras através de diversas políticas de capacitação e incentivo ao
cooperativismo. Os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural mantêm com as
52
Prefeituras relações que pressupõem para estas últimas a viabilização e captação de
recursos federais.
Identifica-se também uma importância muito significativa para as universidades
embora sejam parcerias pontuais com a UFGD e a UEMS. Este quadro é refletido na figura
com traços pontilhados que se traduzem em relações de interlocução comprometidas ou
distantes. As cooperativas, de igual maneira, mostram-se desgastadas representando
distanciamento do Território.
Figura 6 - Mapa Institucional do Território Grande Dourados/MS
Abaixo são destacadas as impressões, com as expressões dos próprios
participantes, resultantes das discussões que foram geradas enquanto construíam o mapa.
EMBRAPA
A Embrapa é importante pela articulação que fez até agora, mas a sua atuação na
agricultura familiar é muito recente. Ela se destaca em Dourados por meio dos módulos de
53
mandioca. A Embrapa está nos assentamentos hoje. Alunos do curso de agronomia da
UFGD trabalham nos assentamentos com agricultura orgânica com apoio da Embrapa.
Quem diria que a Embrapa daria essa virada. Ninguém ia acreditar.
APOMS
O processo que ela está fazendo ninguém fez antes. Mas a atuação não é no
Território como um todo. A APOMS atua mais em Juti, Glória de Dourados, Dourados,
Fátima do Sul e Jateí. E os outros agricultores? Itaporã não deve saber da APOMS.
A APOMS está com pernas curtas, ainda está frágil. A estrutura física e técnica
ainda não estão formadas, por isso precisa de parceiros.
IDATERRA/AGRAER
É muito atuante, mas não tem estrutura. Está em todos os municípios fisicamente,
mas nem sempre efetivamente, depende muito dos técnicos e do apoio regional. Em cada
município o técnico carrega a empresa.
PREFEITURAS
São representadas pelas Secretarias de Agricultura. Em Dourados a Secretaria de
Agricultura Familiar apresenta a maior atuação. Mas no Território a importância e a
atuação das outras prefeituras se diluem. Ter ou não ter afinidade partidária ajuda e
também atrapalha.
Há muito egocentrismo e falta compromisso.
UNIVERSIDADES
Foram convidadas para as reuniões da CIAT, mas apareceram apenas algumas
pessoas. As universidades estão paradas. Podem ajudar com projetos voltados à
Agricultura Familiar, fazer como a EMBRAPA. Os professores devem direcionar suas
pesquisas e montar cursos para filhos de assentados. A UEMS teve um curso técnico mais
não deu certo.
54
CMDRS
Uns atuaram bem, outros não. Muitos são marionetes do poder público. Eles não têm
vida própria. São dependentes. Destacaram mais onde as próprias prefeituras são mais
envolvidas.
CPT
Coordena trabalhos com agricultores familiares. A sua atuação é discreta em
Dourados, Nova Alvorada e Jateí. Tem o mesmo problema da APOMS, tem potencial mais
com dificuldades de recursos humanos e financeiros.
MDA
O MDA é um divisor de águas. Hoje a agricultura familiar recebe mais incentivo.
Mas ainda as secretarias estão afastadas, às vezes são até antagônicas, precisam andar de
mãos dadas. Em alguns momentos há uma “queda de braço” entre o MDA e o IDATERRA
por questões partidárias. Temos esperança que 2007 venha com articulador.
COOPERATIVAS
As associações e as cooperativas já estiveram mais presentes. Hoje estão
desgastadas. Na sua maioria não foram formadas com a base. As Diretorias dominavam o
processo. Muitas faliram.
Falta gerenciamento e investimento, as pessoas têm boas intenções mais não tem
capacidade. Falta consciência associativa, tem muito barrismo ainda.
Uma Cooperativa que está dando certo é a FATILEITE no município de Fátima do
Sul. Também a COOPALEITE em Glória de Dourados. Precisam surgir cooperativas mais
fortalecidas para agregar valor aos produtos e explorar o grande centro consumidor que é
Dourados.
4.2 - Lideranças no território
Os depoimentos colocaram em evidência o fracasso das variadas tentativas de
articulação territorial. A pouca força da CIAT foi frequentemente associada à constante
55
mudança de articulador o que provocou descontinuidade na gestão. Definem estes
episódios como demonstrações de um processo “não amadurecido”, de uma “experiência
negativa” e de “retrocesso nas negociações institucionais”.
O tema mais constante nas falas é a experiência com agricultura orgânica
ressaltando o papel da APOMS, sendo uma associação respeitada e reconhecida pelos
atores territoriais. Conseguiu em pouco tempo liderar os projetos de agricultura familiar
agroecológica e construir em parceria com o MDA26 a rede de produtores27 agroecológicos
centralizados, dentro do Território Grande Dourados, nos municípios Glória de Dourados,
Dourados e Juti e no distrito Itanhum (município de Dourados) nos assentamentos Lagoa
Grande e Amparo28.
Mantém parceria com a Embrapa Agropecuária Oeste, a Universidade para o
Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, a Comissão Pastoral da
Terra – CPT, o Instituto de Desenvolvimento Agrário, Pesquisa e Extensão Rural -
IDATERRA e o Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento - IMAD. A APOMS
participa da Coordenação Nacional da Organização dos Produtores Familiares do Comércio
Justo e Solidário – OPFCJS e de vários eventos, tendo com isto muita visibilidade, mas,
sobretudo tem fortalecido o seu papel de “exemplo” dentro do Território.
Em 2006, em parceria com a prefeitura e com recursos federais foi inaugurada uma
agroindústria coletiva de processamento de café e embalagem de cereais. O projeto tem
parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE/MS e
com a Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural - FUNAR.
Além da cultura do café, destina pequenas áreas para a fruticultura (acerola,
goiaba, manga, pinha, uva e coco anão), produção de leite e soja orgânica. A cultura da
mandioca orgânica é outro dos eixos trabalhados pelos produtores do município Glória de
Dourados chegando a cultivar em uma área de 15 hectares cerca de 400 toneladas.
26 A APOMS, ressaltaram os entrevistados, se fortalece a partir de 2005, junto ao MDA. 27 A composição atual dos núcleos da APOMS localizados no Território é de 106 produtores distribuídos da
seguinte maneira: Glória de Dourados (15), Dourados (15), Distrito Itahum no assentamento Lagoa Grande e Amparo ( 30) e em Juti ( 46).
28 A APOMS tem atuação fora do Território Grande Dourados nos municípios de Nova Andradina/Ivinhema, Itaquiraí, Ponta Porã (Assentamento Itamarati) e no Assentamento Rural Colônia Agropecuária Aspargo no município Campo Grande. E, ainda tem recebido visita de interessados nas experiências da Associação provenientes de Itália, Suíça e Japão.
56
4.3 - Conflitos
Os conflitos, destacados pelos atores, podem ser resumidos em três queixas
constantes. A primeira como descrito em item anterior, foi o “vazio” da articulação. A
segunda está vinculada à falta de gestão dentro da CIAT acostumada a “evitar atritos
para todo mundo ficar feliz” como apontou um dos técnicos. E, finalmente a terceira, diz
respeito à falta de assistência técnica, prejudicada pela falta de estrutura que impede de
acompanhar uma demanda a cada dia maior. Com relação a este último ponto sugeriram
trabalhar com Unidades Demonstrativas que lhes permitam conhecer experiências alheias
e incorporar novas estratégias e testar novas soluções.
5 - Resultados
5.1 - Formação de capacidades
A Formação de capacidades ocorre, principalmente, por intermédio de ações
pontuais da Secretaria de Agricultura Familiar de Dourados em parceria com o MDA.
Destacam-se os seguintes cursos:
• capacitação na cadeia produtiva do leite: manejo de pastagem, sanidade animal e qualidade do leite;
• associativismo e economia solidária;.• capacitação na produção de olerícolas;• capacitação na produção e armazenamento de manivas;• uso de inseticidas naturais e bio-fertilizantes;• processamento das plantas para tinturas e pomadas de uso doméstico;• capacitação no cultivo e uso de plantas medicinais; • capacitação de Técnicos e Agentes Indígenas em sistemas alternativos de
produção e valores e costumes indígenas;
O IDATERRA organiza frequentemente seminários locais e regionais para tratar
temas de capacitação rural, como por exemplo: pecuária leiteira, sanidade animal, culinária,
agroecologia, dentre outros. A APOMS promove dias de campo (visita às propriedades),
seminários e cursos de capacitação de mão-de-obra com abordagens agroecológicas.
“Nosso trabalho não termina no repasse de informações. Temos que preparar esses
atores, repensar metodologias de difusão”, foi o comentário feito por um pesquisador da
Embrapa.
57
5.1.1 – Educação no território
Conforme a Tabela 15 é possível verificar a proporção de pessoas alfabetizadas
com cinco anos ou mais de idade. O percentual de alfabetização do Território é de 86,0 %.
Possuem as taxas mais altas os municípios de Dourados (88,6%), Rio Brilhante (84,4%) e
Fátima do Sul (83,8%). A menor taxa corresponde ao município de Juti (76,1%). A
distribuição da taxa total de alfabetização segundo a área, urbana ou rural é de 84,4%
para a primeira e de 15,6 para a segunda. Na área rural, a maior taxa de alfabetização
encontra-se no município de Jateí (67,3%) e, na área urbana, em Dourados (92,1%).
Tabela 15 - Território - Grande Dourados - MSPopulação alfabetizada (5 anos ou mais de idade)
População Total > de 5 anos
Taxa de Alfabetização
Alfabetização5 anos ou mais
Município Nº (%) População Urbano.(%)
Rural (%)
Caarapó 18.459 80,4 14.845 74,2 25,8Deodápolis 10.363 81,9 8.488 75,4 24,6Douradina 4.237 82,9 3.512 59,1 40,9Dourados 148.848 88,6 131.831 92,1 7,9Fátima do Sul 17.710 83,8 14.848 85,1 14,9Glória de Dourados 9.278 83,3 7.725 71,8 28,2Itaporã 15.243 82,4 12.559 73,2 26,8Jateí 3.685 82,9 3.056 32,7 67,3Juti 4.411 76,1 3.356 70,1 29,9Rio Brilhante 20.161 84,4 17.020 74,7 25,3Vicentina 5.368 80,3 4.308 62,0 38,0
Total 257.763 86,0 221.548 84,4 15,6Total dos Territórios
no Estado 470.347 84,1 395.658 78,5 21,5
Censo IBGE 2000 e ADHB - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil Fonte: SDT/MDA – SIT
De acordo com a SEPLANCT (2005), conforme exposto na Tabela 16, os municípios
apresentaram, ao total, 11.054 matrículas iniciais de educação infantil, assim distribuídas,
área urbana 10.565 e área rural 489. No ensino fundamental há, ao total, 56.214
matrículas, 51.323 na área urbana e 4.891 na área rural. 13.475 das matrículas
correspondem ao ensino médio (13.428) na área urbana e apenas (47) na área rural.
O Território conta com 4.639 professores, 6,84 % atuam na área rural e 93,16%
exercem suas funções na área urbana (Tabela 16).
58
Tabela 16 - Território - Grande Dourados - MSEducação - 2005
Matrícula Inicial ProfessoresMunicípio Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio
Total Urbano Rural Total Urbano Rural Total Urbano Rural Total Urbano Rural Total Urbano Rural Total Urbano RuralCaarapó 849 798 51 4.280 3511 769 818 818 - 33 31 2 257 229 28 61 61 -Deodápolis 378 378 - 2.050 2.050 - 577 577 - 18 18 - 144 144 - 60 60 -Douradina 220 167 53 1.057 780 277 255 255 - 16 12 4 60 38 22 18 18 -Dourados*** 6.635 6343 292 33.211 30344 2.867 8.015 7968 47 333 314 19 1.584 1439 145 530 524 6Fátima do Sul** 739 739 - 3.148 3.148 - 963 963 - 40 40 - 205 205 - 95 95 -
Glória de Dourados* 275 275 - 1.700 1.598 102 473 473 - 16 16 - 161 143 18 67 67 -
Itaporã 485 485 - 2.608 2.608 - 767 767 - 38 38 - 184 184 - 73 73 -Jateí 185 143 42 843 628 215 165 165 - 11 7 4 46 35 11 16 16 -Juti 149 149 - 1.300 1.199 101 233 233 - 5 5 - 52 48 4 16 16 -Rio Brilhante 1.000 949 51 5.080 4520 560 938 938 - 44 39 5 276 227 49 59 59 -Vicentina 139 139 - 937 937 - 271 271 - 8 8 - 70 70 - 43 43 -
Total 11.054 10565 489 56.214 51.323 4891 13.475 13.428 47 562 528 34 3.039 2762 277 1038 1032 6% 100 95,57 4,43 100 91,30 8,70 100 99,65 0,35 100 93,95 6,05 100 90,89 9,11 100 99,42 0,58
+ Uma instituição de ensino superior: Estadual (UEMS)** Duas instituições de ensino superior: Faculdades Particulares (FIFASUL e FAPS)*** Sete instituições de ensino superior: ( UNIGRAN, UEMS-Sede, UFGD, FAD, IESD, UNIDERP)Fonte: SEPLANCT/MS
5.2 - Plano (processo e estado atual)
Antes do PTDRS fez-se um estudo propositivo de dinamização regional que teve
como referência o Plano de Estratégias de Longo Prazo para Mato Grosso do Sul – MS
2020, do governo estadual que serviu de base para o Estudo Propositivo para Dinamização
da Economia do Território Grande Dourados apresentado em 2005. A Fundação Cândido
Rondon foi contratada para elaborar esta versão levantando junto aos municípios as
potencialidades do recém criado Território. O processo de levantamento de informações e
planejamento das ações teve caráter participativo com presença de representantes locais
e estaduais e agricultores familiares.
O documento traduz-se em uma ferramenta para monitorar e acompanhar as ações
dos principais projetos aprovados na CIAT com estratégias de curto, médio e longo prazo.
Na proposta, lembraram os atores locais, há indicativos dos eixos produtivos, com
prioridade para a cadeia produtiva do leite considerada alternativa para o fortalecimento
econômico do agricultor familiar.
Portanto, resfriadores de leite, capacitação em bovinocultura de leite, compra de
equipamentos e instalação de agroindústrias de processamento são ações predominantes
no Território.
Vale a pena ressaltar que o Plano contém análises de quatro dos principais
programas estaduais implementados no Território. Assim, como indicado no texto, o
Programa Prove29 tinha instalado 194 agroindústrias das quais apenas 24% estavam em
funcionamento e 21% das famílias haviam desistido da atividade (p. 41). Já o Programa MS
Solidário30 atua em três eixos: i) produção de sementes e mudas; ii) linhas de micro-
crédito e campanhas de documentação e; iii) apoio à agroindustrialização. O Programa
Terra Nova31 concentra-se na organização e modernização das informações fundiárias, no
apoio técnico à redistribuição da terra e na implantação de infra-estrutura. Contudo, em
avaliação feita pelo IDATERRA, constante no próprio Plano, o Terra Nova limitou-se
29 O Prove é um programa de inclusão social implantado desde 1999 com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do agricultor familiar.
30 Programa do governo popular de Mato Grosso do Sul está destinado a agricultores familiares e pescadores. MDA, Embrapa e SEBRAE são alguns dos principais parceiros do MS Solidário.
31 Apóia a implantação e regularização de assentamentos rurais, áreas indígenas e unidades de produção familiar e conta com o apoio da Fundação Nacional de Saúde- FUNASA. Nenhuma aldeia indígena do Território Grande Dourados foi contemplada.
apenas à execução de obras de infra-estrutura (abastecimento de água no assentamento
Taquara, município Brilhante e nos assentamentos PAM e PANA localizados no município
Nova Alvorada do Sul. Estes dois municípios também foram atendidos com a construção de
centros de cultura e lazer nos assentamentos São Judas Tadeu e PAM e PANA).
O Programa SEBRAE de Desenvolvimento Local - PSDL32 busca fomentar ações que
tornem os municípios do Território (Caarapó, Fátima do Sul e Rio Brilhante) auto-
sustentáveis através do desenvolvimento das vocações econômicas locais, como, por
exemplo, desenvolvimento de artesanato, formação de novas lideranças locais e
diversificação da produção rural.
Em geral, os principais problemas ainda estão enraizados na baixa capacidade de
gestão dos atores territoriais, na deficiência da assistência técnica e difusão de
tecnologias, apesar da existência de órgãos como o IDATERRA e, na inexistência de
escolas agrotécnicas profissionalizantes.
5.2.1 – Relação de Projetos / MDA no Território
Segundo o Sistema de Informações Territoriais – SIT da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial do MDA, o Território Grande Dourados registra a aprovação
de 48 projetos (12 por ano) com investimentos que atingiram ao total, R$2.022.879,69
desde 2003 até 2006 (Tabela 17).
Tabela 17 - Território Grande Dourados - MSInvestimentos da SDT/MDA no Território
Ano Número deProjetos Valor (em R$)
2003 12 639.270,972004 12 547.899,722005 12 268.869,732006 12 566.839,27
Total Território 48 2.022.879,69Fonte: SDT/MDA - SIT
Em 2006 a cifra destinada ao Território correspondeu a R$ 566.839,27 de um
total de R$ 2.587.564,96 disponibilizados para os três territórios que compõem o Estado.
32 O PSDL é resultado do Programa de Emprego e Renda - PRODER implementado desde 1997.
61
Tabela 18 - Território Grande DouradosInvestimentos da SDT/MDA nos Territórios do Estado - 2006
Territórios Número de Projetos Valor (em R$)Cone Sul 9 1.684.630,69Da Reforma 2 336.095,00Grande Dourados 12 566.839,27
Total dos Territórios do Estado 23 2.587.564,96Fonte: Sistema de Informações Territoriais SIT - SDT/MDA
As ações da SDT nesse ano estiveram direcionadas principalmente às questões
ambientais focalizando nos seus municípios a educação ambiental, a implementação de
viveiros e mudas e o apoio ao diagnóstico ambiental territorial (Tabela 19). Os
investimentos nos anos anteriores (2003, 2004 e 2005) encontram-se no anexo I.
Tabela 19 - Território Grande Dourados Ações da SDT/MDA no Território – Ano 2006
Proponente LocalizaçãoValor
(em R$) Objeto
Fundação Cândido Rondon Grande Dourados 23.619,00 Eventos de mobilização de atores sociais e produção de relatórios de gestão.
Prefeitura Municipal de Deodápolis Deodápolis 19.000,00 Apoio às ações territoriais e de Recuperação
e Educação Ambiental.Prefeitura Municipal de Douradina Douradina 19.300,00 Apoio às ações territoriais de Recuperação e
Educação Ambiental.Prefeitura Municipal de Dourados Dourados 88.000,00 Implantação de viveiros de mudas.
Prefeitura Municipal de Fátima do Sul Fátima do Sul 19.277,00
Apoio ao Diagnóstico Ambiental e ao Monitoramento das Condições dos Recursos Naturais. Aquisição de uma motocicleta 125 Cilindrada Tipo Trial para registro georeferenciado por GPS e fotográfico de nascentes e matas ciliares existentes.
Prefeitura Municipal de Glória de Dourados
Glória de Dourados 19.280,00 Apoio às ações territoriais de Recuperação e
Educação Ambiental.Prefeitura Municipal de Glória de Dourados
Glória de Dourados 100.000,00 Apoio à produção leiteira no município de
Glória de Dourados.
Prefeitura Municipal de Itaporã Itaporã 20.240,00 Coleta e armazenamento adequado de embalagens vazias de Agrotóxicos.
Prefeitura Municipal de Jateí Jateí 5.833,27 Apoio às ações de Recuperação e Educação Ambiental.
Prefeitura Municipal de Rio Brilhante Rio Brilhante 128.800,00 Preparo do solo e plantio de culturas
agrícolas.Prefeitura Municipal de Caarapó Caarapó 104.210,00 Aquisição de máquinas e equipamentos.Prefeitura Municipal de Vicentina Vicentina 19.280,00 Apoio às ações de Recuperação e Educação
Ambiental.Total no Ano 566.839,27
Fonte: Sistema de Informações Territoriais SIT - SDT/MDA
62
5.3 - Avanços no ciclo de gestão social
Para os atores locais, a política territorial trazida pelo MDA revigorou os projetos
que existiam anteriormente, mas também propiciou uma busca de parcerias necessárias
para a construção de novos projetos.
Da necessidade de montar projetos, escolher eixos norteadores e buscar alianças
cresce, segundo afirmaram, o diálogo e a interação entre municípios distantes e atores
sociais heterogêneos, antes vistos por separado. Os conflitos – como os indicados no item
4.3, apesar de envolverem poderes locais diversos têm permitido um ganho que a maioria
reconhece: atores diversos “sentam na mesma mesa”.
Como mencionado anteriormente, a CIAT não é um espaço de diálogo reconhecido. A
expectativa, afirmaram, é que possa ser um espaço coletivo e de construção de parcerias e
não só de discussões de projetos do Pronaf.
As reuniões e assembléias aconteceram sem que o conceito de território estivesse
incorporado. Apesar do processo de formação do Território ter sido caracterizado como
participativo: “prevaleceram os interesses pessoais (prefeituras) e não os institucionais”,
concluíram os atores entrevistados.
Apesar deste quadro, as ações da Secretaria de Meio Ambiente do município de
Jateí - SEMMA têm repercussão territorial, são reconhecidas e valorizadas pelos
diferentes segmentos. Os projetos no âmbito ambiental têm marcado as ações
territoriais, sejam aqueles desenvolvidos pela Prefeitura de Dourados e destinados à
educação ambiental, sejam aqueles executados pelo IMAD e que resultaram em uma
‘marca’ ambiental sublinhada demais na opinião dos entrevistados.
A SEMMA adotou o Sítio Escola como unidade de referência de produção,
capacitação e assistência técnica. Nele confluem ações conjuntas das secretarias de
agricultura, educação e saúde. O Sítio Escola recebe apoio técnico do IDATERRA e conta
com os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS, os Conselhos
Municipais de Meio Ambiente – CMMAs, o Sindicato Rural de Jateí e associações locais.
O Sítio Escola é uma propriedade rural construído pela Prefeitura de Jateí, na qual
se desenvolvem atividades de educação ambiental continuada, no âmbito do Projeto Sala
63
Verde33. Boas práticas de uso e proteção do meio ambiente são repassadas,
quinzenalmente, aos alunos da rede pública de ensino estadual e municipal. Nele, observam-
se, modelos de recuperação ambiental e uso sustentável dos recursos naturais.
33 O Projeto Sala Verde é realizado em parceria com o Ministério de Meio Ambiente, a Prefeitura de Jateí e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul/UEMS.
64
III.Território do Sisal / BA
“Tudo é feito com um pé na terra e o olhar no campo”(Professor José Plínio de Oliveira, trecho da entrevista).
SUMÁRIO
1. Marco
1.1 – Marco espacial
1.2 – Marco histórico
2. O Território do Ministério de Desenvolvimento Agrário
2.1 – Referência histórica territorial
2.2 – O território
2.3 – Mapa social
2.4 – Situação socioeconômica e ambiental predominante
2.5 - Inovação tecnológica
3 - Imaginário
3.1 - Conhecimento da política do Ministério de Desenvolvimento Agrário
3.2 - Apropriação da estratégia de territorialização por parte dos atores
3.3 - Conceito de núcleo
3.4 - Identidade expressada
4 - Ações
4.1 - Instituições envolvidas
4.2 - Lideranças no território
4.3 - Conflitos
5 - Resultados
5.1 - Formação de capacidades
5.2 - Plano (processo e estado atual)
5.3 - Avanços no ciclo de gestão social
66
1- Marco
1.1 – Marco Espacial
A expressão nordeste semi-árido teve seu uso generalizado a partir da década de
1970 como sinônimo dos espaços caracterizados pela semi-aridez dos solos, o déficit
hídrico e a precipitação pluviométrica média anual igual ou inferior a 800 mm. Os critérios
de delimitação da área de ocorrência das secas estiveram a cargo da Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE que deixou de utilizar, a partir da constituição
de 1989, a figura de Polígono das Secas (definição instituída na década de 1930) para se
referir à área reconhecida oficialmente como área de ocorrência das secas.
Os limites do semi-árido nordestino têm passado por varias alterações em termos
de superfície territorial. Configurações determinadas pela concepção e implementação de
medidas governamentais de fortalecimento da economia, o que tem implicado na inclusão
de novos municípios na área oficial de ocorrência das secas. Essa imprecisão é decorrente
do amplo espectro da aridez, mais acentuada na parte central da região e mais tênue nas
áreas periféricas (CARVALHO, 2006).
Seja Polígono das Secas, Região Semi-árida ou área de ocorrência das secas, é
inegável que são espaços caracterizados por uma homogeneidade, mas também pela
criatividade na utilização dos solos, pela maneira de lidar com a escassez e pela tradição e
costumes sertanejos.
A economia do semi-árido esteve integrada até a década de 1960 por atividades de
baixa eficiência e baixa produtividade. As atividades atualmente desenvolvidas mudaram
expressivamente.
O cenário do semi-árido baiano também sofre câmbios, no início do século XX,
provocados pelas plantações de sisal, cultura que configura a chamada região sisaleira e
inspira o nome do Território. O cultivo do sisal – espécie altamente resistente às secas, é
desenvolvido em pequenas e médias propriedades com base principalmente na agricultura
de subsistência.
67
O Estado da Bahia é o principal produtor de sisal do País, abriga 52 municípios
produtores, e colhe anualmente cerca de 180 mil toneladas, com produtividade média de
uma tonelada por hectare. A produção de sisal e seus derivados representam 2,89 % das
exportações do Estado. São estes insumos que permitem ao Brasil liderar o ranking
mundial, com 210 mil toneladas por ano de fibra seca, metade da qual é exportada para
mercados dos países signatários do NAFTA34 (65,2%) e membros da União Européia
(34,8%)35.
De qualquer sorte, esses dados não escondem uma outra realidade. Parte dos
municípios que compõem o Território do Sisal são considerados os mais pobres do País.
Figura 7 - Mapa do Estado da Bahia /BA – Região Sisaleira
Fonte: globorural.globo.com/edic/254/generosidade_16.jpg
1.2 – Marco histórico 34 Acordo de Livre Comércio da América do Norte. 35 Consultar http://www.seplantec.ba.gov.br
68
A ocupação humana do sertão baiano acompanhou os cursos dos rios alheia aos
avanços do resto do país. Após a abolição das sesmarias a agricultura familiar surge
ocupando terras incultas caracterizando um processo irregular que só seria legalizado com
a Lei de Terras de 1850. Esta agricultura encontra na produção de cultura de subsistência
e no uso da mão-de-obra familiar seu sustento até os dias atuais apesar das condições
adversas como a escassez de água, falta de infra-estrutura básica, aridez do clima e
pressões políticas. As condições climáticas desfavoráveis fizeram do semi-árido
nordestino uma área destinada quase exclusivamente à criação extensiva de gado.
Com a chegada do sisal, na década de 1940, as condições de isolamento começaram
a mudar ocorrendo integração às políticas econômicas e sociais cujo principal marco está
referenciado nas políticas desenvolvimentistas que o Brasil assume. Nesse sentido surgem
políticas públicas focalizadas no sertão e interessadas na integração do sisal à economia
nacional através da exploração comercial da fibra do sisal, matéria-prima da região. Isto
trouxe o nascimento de novos municípios que ainda hoje são marco na produção sisaleira:
Araci em 1956, Valente em 1958 e Ichu em 1962.
Mas também, no bojo, trouxe a exploração do sertanejo por um poder político
regional pouco interessado nas mudanças sociais. O sentimento de religiosidade foi uma
das saídas encontradas para resistir tanto pressões climáticas como políticas. Muitas das
ações comunitárias e de organização atuais tiveram alicerce nos trabalhos realizados pelas
pastorais rurais da igreja católica e que atualmente são marca registrada da população
nordestina na luta contra as limitações climáticas e conseqüente escassez de recursos
naturais. Este é o cenário onde crescem algumas das lideranças do Território, como por
exemplo, a APAEB.
Para alguns autores houve um processo de diversificação da produção baiana
assentado em dois momentos. O primeiro vinculado à crise dos produtos tradicionais, como
cacau, fumo, café, algodão, sisal e mamona, que se inicia nos anos 1970, relacionados com
múltiplos fatores como pragas, falta de mercados, preços baixos, dentre outros. O
segundo atrelado ao surgimento de uma agricultura moderna com tecnologias produtivistas.
O sisal encontra, nesse momento, alicerces para conquistar espaço nos mercados
internacionais (BAHIA ANÁLISIS & DADOS, 2004).
69
2 - O território do Ministério do Desenvolvimento Agrário
2.1 – Referência histórica territorial
Além da recente divisão espacial dirigida pelo Ministério de Desenvolvimento
Agrário, Figura 8, podem-se citar algumas outras que lhe antecederam e que ainda têm
vigência. Uma delas é a divisão inspirada nos seus rios: o Território do Sisal está banhado
por duas bacias hidrográficas, a Bacia Hidrográfica do rio Itapicuru e a Bacia Hidrográfica
do rio Paraguaçu. A Primeira encontra-se inserida na região norte do estado. Possui nos
seus limites duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e uma Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN). Os municípios do Território inseridos, total ou parcialmente, na
Bacia são: Araci, Cansanção, Itiúba, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue,
Santaluz e Tucano, Biritinga, Conceição do Coité, Teofilândia e Valente.
A Bacia do rio Paraguaçu, por sua vez, abrange 81 municípios localizados no centro-
leste do Estado. Do Território somente cinco partilham a Bacia: Candeal, Conceição do
Coité, Ichu e Retirolândia.
Outra distribuição, desta vez carimbada por fatores político-partidários é a do Pólo
Sindical que divide a região sisaleira em 15 municípios. Os municípios de Barrocas,
Biritinga, Itiúba, Lamarão e Teofilândia não fazem parte desta divisão, contudo são
contemplados na divisão territorial do MDA.
A Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, também possui
classificação própria que contempla a região sisaleira com 50 municípios assim
distribuídos: Pólo do Piemonte (15 municípios), Pólo do Nordeste (20 municípios, que
coincidem com os municípios do Território do Sisal), Pólo do Paraguaçu (20 municípios) e
Região de Iracê com três municípios.
70
Fonte: Sistema SIT – SDT/MDA
2.2 – O Território
O território está conformado por vinte (20) municípios: Araci, Barrocas, Biritinga,
Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina,
Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia,
Tucano e Valente. Possui uma população total de 554.711 habitantes em uma área de
20.454 km². O número de estabelecimentos rurais familiares para o Censo de 1996 era de
64.350 sendo o primeiro dos 10 territórios da Bahia (Figura 9).
Território do Sisal
71
Figura 8 - Mapa dos Territórios Rurais do Estado da Bahia
Figura 9 - Mapa do Território do Sisal /BA
Fonte: CODES – Resumo Executivo 2006
No Território do Sisal, 63% da população reside nas áreas rurais. A agricultura
familiar predomina em 93% das propriedades e equivale a 76% da população
economicamente ativa no local. 9,7% dos agricultores familiares da Bahia estão neste
território e, entre estes, 68,5% são classificados como quase sem renda. Entre os mais de
100 territórios apoiados pela MDA, é o Território com maior concentração de agricultores
familiares e onde se empregam mais pessoas por hectare, correspondendo ao dobro das
médias estadual e nacional.
Segundo dados do INCRA (2006) o número de assentamentos é de 52,
correspondendo a 2.063 famílias, que ocupam 73.585 hectares. O município com maior
numero de assentamentos é Monte Santo (26) seguido de Tucano (7) e Santaluz (5). E, o
município de Monte Santo também possui o maior numero de famílias assentadas (764)
(Tabela 20).
72
Tabela 20 – Território do Sisal /BANº de Famílias Assentadas em Projetos de Reforma Agrária
MunicípioÁrea do
Assentamento(ha)
Número deAssentamentos
Capacidadede Assentamentos(Nº de Famílias)
Número de Famílias
AssentadasAraciBarrocasBiritinga 816 1 20 20CandealCansanção 11.486 4 244 203Conceição do Coité 2.244 1 104 102IchuItiúba 4.074 4 157 153LamarãoMonte Santo 16.456 26 960 764NordestinaQueimadas 832 1 17 17Quijingue 6.846 3 191 165RetirolândiaSantaluz 8.500 5 286 266São DomingosSerrinhaTeofilândiaTucano 22.331 7 381 373Valente
Total 73.585 52 2.360 2.063Total dos Territórios no Estado 934.761 322 28.016 23.575
MDA/Incra/SIR (2006). Nota: Dados atualizados até 30/09/2006.Fonte: SDT/MDA – SIT
2.3 – Mapa Social
O mapa social desenhado pelos participantes distinguiu basicamente quatro
aspectos: o institucional, o produtivo, o ambiental e o cultural.
As entidades sejam elas da sociedade civil ou dos órgãos públicos foram
implantadas na maquete aqui reproduzida. Assim foram ganhando forma os prédios da
Prefeitura, da Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira
- APAEB36, da Universidade Estadual da Bahia - UNEB, da Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola - EBDA, da Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e
Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-árido da Bahia - FATRES, das
cooperativas de produção, da Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão -
COOPERAFIS, das associações, do sindicato, dos bancos, das ONGs, da Igreja Católica e
da Escola Familiar Agrícola – EFA.
36 Incluem a TV - Valente e a Rádio Valente FM.
73
Os 20 municípios que conformam o Território não foram nomeados, apenas um deles
ganhou destaque - o município de Valente que aparece bem no centro do Território
fazendo uma dupla com o CODES Sisal - Conselho Regional de Desenvolvimento Rural
Sustentável da Região Sisaleira.
O samba de roda, os reizados, o mutirão, o boi roubado e as festas religiosas foram
valorizados como expressões de arte, cultura e religiosidade.
Do ponto de vista ambiental alguns itens ganharam traços como, por exemplo, os
rios de Itapicuru e de Paraguaçu que banham o território. As pedras, o minérios, as olarias
e a cerâmica também estão presentes. O turismo rural como atividade que pode vir a
complementar a renda do agricultor familiar foi priorizada.
O espaço da economia foi preenchido com as referências ao feijão, mandioca e
milho. A piscicultura, a caprinocultura, a bovinocultura, a suinocultura e a apicultura foram
lembradas. O sisal é claro teve lugar de destaque (Figura 10).
2.4 - Situação socioeconômica e ambiental predominante
A população rural da Bahia é a maior do país em termos absolutos, superando até a
população rural estimada para toda a região norte do país, embora as áreas rurais do
estado tenham apresentado uma redução absoluta de população.
De acordo com dados do censo (2000) no Território do Sisal há uma concentração
da população na área rural (63%). A estimativa de crescimento da população do território,
entre os anos 2000 a 2006, é de 3,14%. Embora se observe na Tabela 21 redução da
população dos municípios de Candeal, Lamarão, Retirolândia, Serrinha, Teofilândia e uma
diminuição considerável da população total de Ichu e São Domingos.
74
Tabela 21 - Território do Sisal – BAAspectos Populacionais
População2000 2006
Total Rural Urbana Total Variação
Município Nº Nº (%) Nº (%) Nº 2000 /2006
Araci 47.584 31.395 65,98 16.189 34,02 49.236 3,47Barrocas 0 0 0 0 0 12.960 0Biritinga 14.641 12.294 83,97 2.347 16,03 14.656 0,10Candeal 10.121 6.704 66,24 3.417 33,76 9.674 -4,42Cansanção 31.947 22.726 71,14 9.221 28,86 32.716 2,41Conceição do Coité 56.317 28.291 50,24 28.026 49,76 59.248 5,20Ichu 5.593 2.930 52,39 2.663 47,61 3.381 -39,55Itiúba 35.543 26.679 75,06 8.864 24,94 36.383 2,36Lamarão 9.523 7.595 79,75 1.928 20,25 8.969 -5,82Monte Santo 54.552 47.326 86,75 7.226 13,25 56.962 4,42Nordestina 11.800 8.925 75,64 2.875 24,36 13.630 15,51Queimadas 24.613 14.830 60,25 9.783 39,75 25.682 4,34Quijingue 26.376 21.484 81,45 4.892 18,55 28.157 6,75Retirolândia 10.891 5.417 49,74 5.474 50,26 10.590 -2,76Santaluz 30.955 12.989 41,96 17.966 58,04 31.191 0,76São Domingos 8.526 4.815 56,47 3.711 43,53 7.237 -15,12Serrinha 83.206 37.263 44,78 45.943 55,22 75.544 -9,21Teofilândia 20.432 14.574 71,33 5.858 28,67 19.594 -4,10Tucano 50.948 32.351 63,50 18.597 36,50 54.137 6,26Valente 19.145 9.634 50,32 9.511 49,68 20.114 5,06
Total 552.713 348.222 63,00 204.491 37,00 570.061 3,14Total dos Territórios no
Estado 3.726.185 1.724.404 46,28 2.001.781 53,72 3.761.481 0,95
Fonte: SDT/MDA – SIT IBGE. Censo Demográfico 2000. Estimativa da população em 2006.
O município com maior população estimada é Serrinha (75.544 habitantes), dos
quais 55,22% estão na área urbana e 44,78 na área rural. O município de Valente possui
20.114 habitantes repartidos da seguinte forma, 49,68% na área urbana e 50,32% na área
rural. Há também um aumento destacado na população total estimada de Nordestina.
No Território do Sisal, o Índice de Desenvolvimento Humano Territorial – IDHT é
de 0,60. Em Ichu (0,68), Serrinha ( 0,66), Valente (0,66) e Santaluz (0,65), observam-se
os Índices mais altos de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM (Tabela 22).
Tabela 22 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Território do Sisal - BA
Município IDHM
Araci 0,56
Barrocas 0,00
Biritinga 0,60
Candeal 0,61
Cansanção 0,54
Conceição do Coité 0,61
Ichu 0,68
Itiúba 0,57
Lamarão 0,61
Monte Santo 0,53
Nordestina 0,55
Queimadas 0,61
Quijingue 0,53
Retirolândia 0,63
Santaluz 0,65
São Domingos 0,62
Serrinha 0,66
Teofilândia 0,61
Tucano 0,58
Valente 0,66
Total Território 0,60 ADHB - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2002).
Fonte: SDT/MDA – SIT
Como em todo o semi-árido nordestino, a concentração fundiária impera no
território: 70% dos estabelecimentos possuem menos de 10 hectares e ocupam apenas 11%
da área total, enquanto 53% da área é ocupada por 3,1 % dos estabelecimentos com mais
de 100 hectares. Os estabelecimentos com até 10 hectares empregam 67% de todo o
pessoal ocupado enquanto os estabelecimentos com mais de 100 hectares empregam menos
de 4% do pessoal. A renda per capita atual é de R$ 77,76 (no estado é de R$ 162,00) e a
taxa de analfabetismo é de 34,4%.
Em relação aos dados de demanda social disponibilizados pelo MDA é interessante
destacar que há no Território do Sisal, 64.350 agricultores familiares sendo que as
maiores concentrações observam-se em Monte Santo, Cansanção e Serrinha.
O número de famílias assentadas é de 2.063 com destaque ao município de Monte
Santo com 764 famílias assentadas. Segundo os referidos dados, as famílias acampadas
77
correspondem a 994 sendo que destas, 350 encontram-se no município Santaluz. Adiciona-
se aos dados aqui expostos o fato de, no Estado da Bahia, existiram 322 assentamentos da
reforma agrária que abrigam 23.575 famílias dos quais 52 encontram-se no Território do
Sisal (Tabela 23).
Tabela 23 – Território do Sisal/ BADemanda Social do MDA
Município AgricultoresFamiliares
(1)
FamíliasAssentadas
(2)
FamíliasAcampadas
(3)
DemandaSocial
Araci 5.479 5.479BarrocasBiritinga 2.714 20 214 2.948Candeal 640 640Cansanção 6.047 203 6.250Conceição do Coité 5.490 102 112 5.704Ichu 931 931Itiúba 3.554 153 3.707Lamarão 1.551 1.551Monte Santo 10.649 764 27 11.440Nordestina 1.301 1.301Queimadas 2.196 17 2.213Quijingue 4.779 165 114 5.058Retirolândia 1.207 1.207Santaluz 2.046 266 350 2.662São Domingos 726 726Serrinha 5.816 5.816Teofilândia 2.792 48 2.840Tucano 5.396 373 129 5.898Valente 1.036 1.036
Total 64.350 2.063 994 67.407Total dos Territórios no Estado 270.764 23.575 10.711 305.050
(1)IBGE. Censo Agropecuário (1995/96);(2)MDA/Incra/SIR (30/09/2006); (3)MDA/Incra/SIR (2005).Fonte: SDT/MDA - SIT
O sisal aparece associado à pastagem que serve de suporte à pecuária extensiva de
bovinos e caprinos destinados à produção de carne e leite. Das commodities, o sisal tem
destaque com 102.890 hectares plantados e uma produção de 8.7966 toneladas, seguida
do café quase inexpressivo junto com a cana-de-açúcar ( IBGE, 2004).
Destacam-se, ainda, as culturas temporais do feijão, do milho e da mandioca que
juntas ocupam 12% em contraste com as pastagens que chegam a predominar em 56% da
área.
78
A pecuária de corte ocupa o segundo lugar no ranking das atividades econômicas
rurais, sendo explorada por 66% dos proprietários e respondendo por 47%, da renda
média das famílias (VASCONCELOS DIAS, 2006).
Na Bacia do rio Itapicuru os principais impactos sobre os recursos hídricos são a
redução das taxas de infiltração de água nos solos, assoreamento das calhas fluviais,
inundações sazonais, alteração da qualidade das águas pelo lançamento de esgotos das
zonas urbanas e o risco de contaminação. Estes impactos ocorrem praticamente na maioria
dos municípios da bacia segundo dados do Centro de Recursos Ambientais - CRA do Estado
da Bahia37.
Afetam, também, o meio ambiente as atividades ligadas ao extrativismo de ouro em
Nordestina, nos garimpos da Favela e da Baixinha. Assim como atividades urbanas e
industriais de pequeno porte como, por exemplo, curtumes e matadouros que provocam
alterações na qualidade da água da bacia, através de lançamento de esgotos sanitários e
despejos industriais. As localidades mais afetadas são Queimadas, Nordestina e Tucano,
todos são municípios do Território do Sisal.
As principais fontes de poluição do rio Paraguaçu relatadas pelo CRA são: disposição
de lixo doméstico a céu aberto, exploração mineral, garimpos, remoção das matas ciliares,
desmatamentos, uso indiscriminado de pesticidas, falta de saneamento básico, entre
outras.
A derrubada e queimada da caatinga causa impactos na flora, fauna e solos.
Extensas áreas de pasto degradadas, erosão de solos, poluição dos rios foram apontados
como os principias problemas ambientais. Perante este quadro foram criadas comissões
temáticas de meio ambiente no Território que vêm organizando seminários para tratar do
assunto.
3.4.1 – Dados da produção agropecuária do Território
A produção pecuária está repartida entre caprinocultura, avicultura, bovino,
suinocultura e produção de leite. A Tabela 24 mostra que a produção de leite, no ano de
37 Conferir o Site http://www.cra.ba.gov.br
79
2005, é maior em Araci, Conceição do Coité e Serrinha. Por outro lado, a produção de leite
revela-se negativa em cinco dos municípios, a saber: Candeal, Ichu, Nordestina,
Retirolândia e Valente.
Tabela 24 - Território do Sisal /BA
LeiteQuantidade Produzida
(mil litros)
MelQuantidade Produzida(t)
Leite Mel
Município 2004 2005 Variação 2004 2005 Variação
Araci 1.827 1.918 4,98 19.350 13.545 -30,00
Barrocas 126 132 4,76 136 95 -30,15
Biritinga 926 972 4,97 11.375 7.962 -30,00
Candeal 784 691 -11,86
Cansanção 1.056 1.191 12,78 6.000 4.000 -33,33
Conceição do Coité 1.705 1.745 2,35 1.200 1.275 6,25
Ichu 128 108 -15,63
Itiúba 407 1.019 150,37 5.720 6.495 13,55
Lamarão 425 447 5,18 538 377 -29,93
Monte Santo 1.485 1.518 2,22 3.000
Nordestina 464 438 -5,60
Queimadas 838 912 8,83
Quijingue 858 954 11,19 3.000
Retirolândia 531 496 -6,59
Santaluz 910 983 8,02
São Domingos 390 408 4,62
Serrinha 1.624 1.705 4,99 20.550 14.385 -30,00
Teofilândia 340 357 5,00 12.750 8.925 -30,00
Tucano 1.056 1.089 3,13 66.872 72.600 8,57
Valente 750 711 -5,20
Total 16.630 17.794 7,00 144.491 135.659 -6,11
Total dos Territórios no Estado 286.505 287.026 0,18 313.581 393.715 25,55Fonte: SDT/MDA - SIT
A apicultura no Estado evidenciou um significativo crescimento ao longo de década
de 90 alcançando o patamar de 3.500t de mel, atraindo agricultores interessados nesta
atividade e na sua diversificação com a produção de pólen e cera. Porém apesar do
incentivo dado pelo MDA à produção de mel, os dados mostram uma participação negativa
80
na maioria dos municípios com quedas visíveis entre 2004 e 2005, com exceção de Tucano,
Itiúba e Conceição do Coité (Tabela 24). Cabe agregar, neste item, o trabalho realizado
pelo SEBRAE de valorização da apicultura através da criação de Arranjos Produtivos de
Mel desenvolvidos nos municípios de Araci e Tucano.
No caso da bovinocultura, o Território conta com quatro municípios expressivos:
Monte Santo (41.849 cabeças), Cansanção (33.980 cabeças), Conceição do Coité (33.634
cabeças) e Santaluz (33.464). Esse feito não esconde as variações negativas entre 2004 e
2005 conforme mostra a Tabela 25. O rebanho bubalino é quase inexistente, com
pouquíssimas cabeças em Serrinha e Tucano. A caprinocultura é forte em Monte Santo,
com 130 mil cabeças, Cansanção com 53.330 cabeças e Queimadas com 36.260 cabeças.
Cabe ressaltar que 12 dos 20 municípios do Território apresentam variação negativa para
caprinocultura, entre 2004 e 2005.
A avicultura, segunda a mesma tabela, é destaque nos municípios de Serrinha
(138.812) e Conceição do Coité (87.500). Registra-se redução no número de aves -
variação negativa, em cinco municípios. E há aumento do número de aves nos demais
municípios, em especial, no município de Monte Santo (178,79).
A produção de suínos ascende, em 2004, a 127.266 cabeças, sendo Dourados o
município com maior concentração (16.000). A variação entre os anos 2003 e 2004 é
negativa em quatro municípios, a saber: Candeal (-5,65), Ichu (-4,09), Itiúba (-1,50) e
Valente (-5,57).
81
Tabela 25 - Território do Sisal/BAPrincipais Rebanhos - Cabeças
Bovino Bubalino Caprino Ave* Suíno*Município 2004 2005 Variação 2004 2005 Variação 2004 2005 Variação 2003 2004 Variação 2003 2004 Variação
Araci 21.572 21.933 1,67 13.154 9.153 -30,42 79.776 83.137 4,21 6.746 7.347 8,91Barrocas 6.092 6.185 1,53 850 125 -85,29 17.645 18.395 4,25 1.328 1.568 18,07Biritinga 12.828 13.265 3,41 1.091 180 -83,50 28.860 29.955 3,79 2.953 3.138 6,26Candeal 11.330 16.518 45,79 835 768 -8,02 18.273 17.140 -6,20 2.450 2.312 -5,63Cansanção 33.315 33.980 2,00 11.548 53.330 361,81 52.180 62.095 19,00 9.345 11.109 18,88Conceição do Coité 38.900 33.634 -13,54 33.200 32.500 -2,11 81.550 87.500 7,30 13.090 13.420 2,52
Ichu 21.486 6.422 -70,11 600 552 -8,00 26.876 25.531 -5,00 4.822 4.625 -4,09Itiúba 22.755 21.264 -6,55 28.943 30.784 6,36 75.656 76.547 1,18 11.359 11.189 -1,50Lamarão 7.939 7.665 -3,45 422 57 -86,49 34.111 35.586 4,32 3.598 3.682 2,33Monte Santo 42.627 41.849 -1,83 144.000 130.000 -9,72 10.940 30.500 178,79 861 945 9,76Nordestina 7.000 6.761 -3,41 24.500 24.860 1,47 26.815 27.960 4,27 7.950 8.450 6,29Queimadas 16.000 25.517 59,48 36.000 36.260 0,72 35.200 35.020 -0,51 15.410 16.000 3,83Quijingue 23.583 25.100 6,43 12.300 13.200 7,32 13.140 15.200 15,68 683 700 2,49Retirolândia 10.500 7.264 -30,82 13.900 14.190 2,09 29.450 27.700 -5,94 4.840 4.970 2,69Santaluz 18.500 33.464 80,89 35.000 33.850 -3,29 33.450 33.490 0,12 8.980 9.500 5,79São Domingos 8.000 7.171 -10,36 11.500 11.750 2,17 22.330 22.550 0,99 4.050 4.290 5,93Serrinha 21.294 21.876 2,73 21 30 42,86 3.181 1.342 -57,81 133.556 138.812 3,94 11.702 12.280 4,94Teofilândia 10.372 11.415 10,06 3.233 1.913 -40,83 38.119 39.781 4,36 4.933 5.081 3,00Tucano 29.200 29.800 2,05 16 19 18,75 3.000 2.800 -6,67 42.300 45.600 7,80 2.870 3.100 8,01Valente 15.000 8.232 -45,12 15.600 15.890 1,86 19.000 18.500 -2,63 3.770 3.560 -5,57
Total 378.293 379.315 0,27 37 49 32,43 392.857 413.504 5,26 819.227 870.999 6,32 121.740 127.266 4,54Total dos
Territórios no Estado
3.514.685 3.575.062 1,72 3.249 2.722 -16,22 940.992 961.198 2,15
Fonte: SDT/MDA – SIT - IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005). * Dados da SEI/SEPLAN/BA
No Território do Sisal a produção de frutas como a laranja e a banana atinge o
patamar de 1.240 e 988 toneladas respectivamente. Há uma leve queda da produção de
laranjas na safra de 2005 comparada com o ano anterior. Nota-se que os municípios com
maior produção, em 2005, são Biritinga e Serrinha. A banana, por sua vez, registrou um
leve aumento apenas no município de Montesanto, contudo o município de Tucano destaca
por possuir a maior produção (600t) (Tabelas 26).
Tabela 26 - Território do Sisal / BALavoura Permanente
Quantidade Produzida(t)Lavoura Temporária
Quantidade Produzida(t)Laranja Banana Mandioca Feijão
Município 2004 2005 2004 2005 2004 2005 2004 2005Araci 132 55 57.600 51.000 1.862 2.924Barrocas 1.495 1.700 92 2.444Biritinga 684 684 17.000 5.100 960 1.871Candeal 2.400 2.160 80 410Cansanção 10 25 100 150 42.000 39.377 2.600 3.576Conceição do Coité 11.440 10.400 440 800Ichu 3.000 2.700 120 583Itiúba 12 12 108 108 13.440 6.745 737 1.703Lamarão 66 44 3.900 1.700 309 366Monte Santo 5 15 80 100 72.000 36.000 2.160 4.350Nordestina 1.200 1.200 32 80Queimadas 1.600 1.600 65 162Quijingue 5 5 30 30 19.500 19.200 8.100 27.025Retirolândia 1.720 1.720 90 140Santaluz 2.000 2.000 90 150São Domingos 2.000 2.000 45 62Serrinha 385 385 45.000 34.000 1.022 2.880Teofilândia 2.250 6.800 1.260 1.920Tucano 15 15 600 600 80.000 70.000 3.600 27.900Valente 2.800 2.800 105 165
Total 1.314 1.240 918 988 382.345 298.202 23.769 79.511Total dos Territórios
no Estado 16.478 17.877 468.816 558.602 1.202.439 1.214.073 118.278 173.848
IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005). Fonte: SDT/MDA – SIT
Na Tabela 27 tem-se a produção de outras frutas como: limão, manga, maracujá e
melancia. Em 2004 destacaram-se os municípios de Serrinha e Tucano com 448 e 800
toneladas, respectivamente, na produção de manga. O município de Biritinga como maior
produtor do território de melancias (1.400t), maracujá (300t) e de limão (50t). O
amendoim é produzido em apenas quatro municípios: Araci (178t), Biritinga (12t),
Teofilândia (12t) e Tucano (21t).
Tabela 27 – Território do Sisal /BAProdutos Agrícolas - 2004
Área Plantada (há) Área Colhida (há) Quantidade Produzida (T)Limão Manga Maracujá Melancia Amendoim Limão Manga Maracujá Melancia Amendoim Limão Manga Maracujá Melancia Amendoim
MunicípiosAraci - 5 35 15 296 - 5 35 15 296 - 35 210 195 178Barrocas - 1 - - - - 1 - - - - 8 - - -Biritinga 10 10 50 40 20 10 10 50 40 20 50 90 300 1.400 12Candeal - 1 - - - - 1 - - - - 3 - - -Conceição do Coité - - - 4 - - - - 4 - - - - 14 -Itiúba - 2 - 6 - - 2 - 6 - - 30 - 81 -Lamarão 1 - 3 - - 1 - 3 - - 4 - 15 - -Monte Santo - 2 - - - - 2 - - - - 60 - - -Nordestina - - - 3 - - - - 3 - - - - 9 -Queimadas - - - 12 - - - - 12 - - - - 36 -
Quijingue - 1 - - - - 1 - - - - 30 - - -Santaluz - - - 4 - - - - 4 - - - - 10 -Serrinha 4 56 10 2 - 4 56 10 2 - 20 448 60 26 -Teofilândia 1 4 - - 20 1 4 - - 20 4 32 - - 12Tucano - 20 - 80 70 - 20 - 80 70 - 800 - 240 21Valente - - - 4 - - - - 4 - - - - 10 -
Total 16 102 98 170 406 16 102 98 170 406 78 1536 585 2021 223Fonte: SEI/SEPLAN/BA
Tabela 28 – Território do Sisal /BA Produtos Agrícolas - 2004
Área Plantada (ha) Área Colhida (ha) Quantidade Produzida (t)
Sisal Milho MamonaCastanha de caju
Batata doce Sisal Milho Mamona
Castanha de caju
Batata-doce Sisal Milho
Mamona(baga)
Castanha de caju
Batata-doce
Municípios Araci 12.700 8.300 50 45 4 10.400 8.300 50 45 4 10.400 697 1.862 18 24Barrocas 4.500 1.300 4.000 1.300 4.000 65 92Biritinga 2.000 70 300 7 - 2.000 70 300 7 168 960 120 42Candeal 180 1.000 180 1.000 162 200 80Conceição do Coité 18.500 2.200 15 18.000 2.200 15 16.200 220 440 42Ichu 60 1.500 60 1.500 54 300 120Itiúba 6.400 965 270 47 10 6.400 605 150 36 10 5.440 182 737 6 100Lamarão 1.000 30 3 - 1.000 30 3 84 309 12 15Monte Santo 1.800 20 10 1.800 - 20 10 1.440 2.160 3Nordestina 4.000 320 7 4.000 320 7 3.600 16 32 14Queimadas 6.500 650 6 6.200 650 6 5.580 33 65 15Quijingue 600 27.000 26 600 27.000 26 480 4.320 8.100 8Retirolândia 6.500 450 6 6.000 450 6 5.400 45 90 12Santaluz 18.500 600 16 18.100 600 16 16.290 30 90 36São Domingos 6.500 250 6 6.100 250 6 5.490 20 45 15Serrinha 40 4.200 148 4 40 4.200 129 4 40 353 1.022 52 20Teofilândia 760 3.000 5 2 760 3.000 5 2 760 450 1.260 2 8Tucano 350 20.000 10 140 350 20.000 10 140 280 1.320 3.600 42Valente 12.500 550 12 11.500 550 12 10.350 44 105 30
Total 100.390 75.285 420 751 98 94.490 74.925 300 721 98 85.966 8.547 21.169 263 373Fonte: SEI/SEPLAN/BA
85
A área plantada de sisal, como mostra a Tabela 28, é de 100.390 hectares,
atingindo uma produção de 85.699 toneladas. Os principais municípios do Território
produtores de sisal são: Santaluz (16.290t), Conceição do Coité (16.200t), Araci (10.400t)
e Valente (10.350t).
Dentre as culturas para exportação, destaca-se a mamona com 420 hectares de
área plantada e uma produção de 21.169 toneladas, no ano de 2004, plantada em cinco
municípios, a saber: Araci, Biritinga, Itiúba, Monte Santo e Tucano.
A produção de milho representa 8.547 toneladas, sobressaindo o município de
Quinjingue (4.320t). E a castanha de caju destaca-se no município de Biritinga (120t),
representado quase metade da produção do território, que é de 263 toneladas.
Os valores relativos a empregos gerados por setor de economia são apresentados
na Tabela 29. A indústria gerou 3.224 empregos com destaque para Serrinha (1.319), o
comércio empregou 2.551 pessoas, destas 1.026, também em Serrinha. O item serviços
possibilitou 13.889 empregos com, destaque mais uma vez para Serrinha que ocupa 2.177
destes. Já a agropecuária gera 248 empregos concentrados na sua maior parte em três
municípios: Biritinga com 58, Queimadas e Serrinha com 39 cada um.
Tabela 29 - Território do Sisal / BAN ٥ Empregos Gerados por Setor da Economia
Município Indústria Comércio Serviços AgropecuáriaAraci 2 120 1.557 7BarrocasBiritinga 5 27 360 58Candeal 13 6 263 3Cansanção 26 90 648 5Conceição do Coité 557 463 1.649 26Ichu 2 5 346 1Itiúba 5 118 373 12Lamarão 0 6 113 1Monte Santo 3 50 834 8Nordestina 30 5 235 0Queimadas 7 88 817 39Quijingue 29 17 612 1Retirolândia 86 47 116 7Santaluz 80 168 1.008 19São Domingos 16 41 175 1Serrinha 1.319 1.026 2.177 39Teofilândia 226 68 561 1Tucano 39 82 1.104 7Valente 779 124 941 13
Total 3.224 2.551 13.889 248Total dos Territórios BA 23.158 28.627 110.369 18.969
Fonte: SDT/MDA - SIT SNIU. Sistema Nacional de Indicadores Urbanos (2002)
86
Em Santaluz, Valente e Retirolândia observa-se a maior renda per capita: R$ 116,12,
108,47 e 104,81. Já a renda de rendimentos do trabalho destaca-se em São Domingos
(64,67), Valente (63,55) e Santaluz (63,01). Obtêm maior renda média do chefe de
família, os seguintes municípios: Serrinha (328,74), Teofilândia (298,89) e Conceição do
Coité (279,28) (Tabela 30).
Tabela 30 - Território do Sisal / BARenda (R$)
MunicípioRenda
Per Capita(1)
Renda de Rendimentos do
Trabalho(1)
Renda Média doChefe de Família
(2)
Araci 59,24 45,99 179,07Barrocas 0,00 0,00 0,00Biritinga 78,97 53,66 186,85Candeal 72,09 53,09 201,74Cansanção 56,30 38,76 182,05Conceição do Coité 94,90 59,44 279,28Ichu 97,43 56,94 236,60Itiúba 68,60 42,74 224,24Lamarão 78,01 58,61 183,65Monte Santo 47,34 33,18 157,57Nordestina 58,92 51,31 178,65Queimadas 80,70 49,78 227,28Quijingue 55,09 28,01 184,14Retirolândia 104,81 57,82 234,55Santaluz 116,12 63,01 254,98São Domingos 89,52 64,67 194,93Serrinha 103,10 58,80 328,74Teofilândia 86,00 43,18 298,89Tucano 74,36 53,54 218,74Valente 108,47 63,55 253,50
Total - - -(1) ADHB - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2002).(2) IBGE - Censo Demográfico (2000).Fonte: SDT/MDA - SIT
2.4.2 – Saneamento Básico no Território
Dos 127.764 domicílios particulares presentes no Território, 56.943 têm acesso à
rede geral de abastecimento de água, 13.332 destes localizam-se no município de Serrinha
como se constata na Tabela 31. Em 17.632 domicílios a forma de abastecimento de água
está vinculada ao uso de poço ou nascente e quase a metade do total de domicílios (53.189)
utilizam outras formas de abastecimento.
87
Tabela 31- Território do Sisal / BAAbastecimento de ÁguaTotal de
Domicílios Forma de abastecimento Particulares Permanentes
Município Nº RedeGeral
Poço ouNascente
OutrasFormas
Araci 10.371 3.257 1.169 5.945Barrocas 0 0 0 0Biritinga 3.286 2.358 141 787Candeal 2.328 763 743 822Cansanção 7.324 2.482 1.219 3.623Conceição do Coité 13.686 6.681 1.033 5.972Ichu 1.312 751 82 479Itiúba 8.216 2.782 2.626 2.808Lamarão 1.886 449 793 644Monte Santo 12.648 1.918 1.339 9.391Nordestina 2.471 581 721 1.169Queimadas 5.766 2.703 832 2.231Quijingue 5.776 1.834 1.950 1.992Retirolândia 2.766 1.112 810 844Santaluz 7.302 3.946 507 2.849São Domingos 2.217 1.375 535 307Serrinha 19.216 13.332 1.233 4.651Teofilândia 4.325 1.210 732 2.383Tucano 11.863 6.224 1.036 4.603Valente 5.005 3.185 131 1.689
Total 127.764 56.943 17.632 53.189Total dos Territórios no Estado 874.176 537.279 140.394 196.503
IBGE. Censo Demográfico (2000).
Fonte: SDT/MDA - SIT
Os dados referentes ao destino do esgoto e lixo, mostram que existem 22.542
domicílios ligados à rede geral de esgoto sendo que os municípios com maior número de
conexões domiciliares, em ordem crescente, são: Serrinha (6.414), Tucano (3.191) e
Santaluz (2.640). Sem disponibilidade de banheiro ou sanitário encontram-se 62.795
domicílios e ainda 42.427 utilizam outras formas de esgotamento sanitário. À vista disso,
registram-se, os municípios com maior número de domicílios sem banheiro ou sanitário:
Monte Santo (9.372), Araci (5.828) e Tucano (5.722).
Em relação ao destino do lixo, 41.797 domicílios utilizam sistema de coleta e,
85.967 usam outro destino. Dentre os municípios com maior número de domicílios que
coletam o lixo destacam: Serrinha (8.216) e Conceição do Coité (7.393) embora quando
observados os dados referentes a outro destino do lixo, as cifras são altas como se pode
apreciar na Tabela 32.
88
Tabela 32 - Território do Sisal / BATipo de Esgotamento Sanitário e Destino do Lixo
Esgotamento Sanitário Destino do Lixo
MunicípioDomicílio
Ligadoà Rede Geral
OutrasFormas
Sem Banheiroou Sanitário Coletado Outro
Destino
Araci 1.824 2.719 5.828 2.967 7.404BarrocasBiritinga 261 1.061 1.964 535 2.751Candeal 5 1.096 1.227 879 1.449Cansanção 922 1.904 4.498 743 6.581Conceição do Coité 2.028 6.976 4.682 7.393 6.293Ichu 2 890 420 558 754Itiúba 659 2.696 4.861 1.764 6.452Lamarão 275 376 1.235 202 1.684Monte Santo 20 3.256 9.372 668 11.980Nordestina 2 643 1.826 429 2.042Queimadas 1.284 1.518 2.964 2.080 3.686Quijingue 10 1.846 3.920 967 4.809Retirolândia 38 1.782 946 1.319 1.447Santaluz 2.640 1.513 3.149 3.333 3.969São Domingos 760 520 937 1.470 747Serrinha 6.414 7.414 5.388 8.216 11.000Teofilândia 777 1.267 2.281 1.223 3.102Tucano 3.191 2.950 5.722 3.773 8.090Valente 1.430 2.000 1.575 3.278 1.727
Total 22.542 42.427 62.795 41.797 85.967Total dos Territórios
no Estado 205.923 354.356 313.897 408.667 465.509
IBGE. Censo Demográfico (2000).Fonte: SDT/MDA - SIT
2.5 – Inovação Tecnológica
Ao final da técnica de mapeamento social uma frase expressou o que para eles -
atores territoriais, é um dos maiores empecilhos para o desenvolvimento do Território, a
falta de tecnologia: ”a carência de tecnologia é muito grande. O que tem aqui é de 40 anos
atrás. A gente precisa produzir alimentação em período crítico”.
Algumas experiências, contudo, foram mencionadas. Os trabalhos feitos pela
COOPERJOVENS38, através da fabricação de telhas e calhas realizadas com matrizes de
argamassas reforçadas com fibras de sisal. 39 A cooperativa, cujos membros são filhos de
agricultores familiares, esteve dedicada inicialmente à reciclagem de papel e produção de
38COOPERJOVENS - Cooperativa de Produção dos Jovens da Região do Sisal é uma experiência juvenil de cooperativismo solidário reconhecida na região que atua em 13 municípios, todos eles do Território do Sisal: Araci, Cansanção, Conceição de Coité, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Serrinha, Tucano e Valente. 39 A cooperativa obteve recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Programa Habitare e, do Banco do Nordeste no âmbito do Projeto de Desenvolvimento de Componentes de Edificações em Fibra de Sisal-Argamassa / PROSISAL e, das ações da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade do Estado da Bahia (ITCP/UNEB).
89
artefatos de cimento e sisal nos municípios de Araci e Queimadas. Hoje conta com terreno
doado pela prefeitura de Retirolândia para a instalação de uma unidade de produção de
artefatos de argamassa reforçada com fibras de sisal. E, ainda dispõe de recursos do
Pronaf - MDA como pontapé inicial para o desenvolvimento de novas tecnologias.
A EMBRAPA, colocaram os entrevistados, tem desenvolvido projetos para o plantio
de mandioca, porém, “foi muito pontual e não conseguiu fazer a ponte com os produtores,
não deu treinamento mais específico”, acrescentou um sócio da APAEB.
A EMBRAPA, também, tem desenvolvido algumas ações na Escola Família Agrícola
ligadas ao sisal e ao amendoim, contudo mais uma vez os entrevistaram disseram que ditas
ações não envolvem o Território como um todo.
O projeto de tecnologias de processamento de produtos, no semi-árido, dirigido à
segurança alimentar e, desenvolvido pela EMBRAPA em parceria com a APAEB em três
municípios do Território: São domingos, Valente e Santaluz tem possibilitado o
processamento de frutas e aproveitamento dos resíduos para alimentação humana, assim
como adequação de tecnologias tradicionais da mandioca.
Vale recordar que a EMBRAPA em parceria com a EBDA tem avaliado os trabalhos
realizados nas áreas produtoras de sisal do município de Conceição do Coité na busca de
controle e prevenção de pragas e doenças nas plantações. No município, inclusive existe
uma unidade de observação de sisal híbrido. Esta ação conjunta está vinculada ao
Programa estadual Nossa Fibra que procura revitalizar a cultura do sisal enquanto ao
aumento da produtividade e qualidade da fibra oferecendo cursos de capacitação no uso
das máquinas Faustino e de assistência técnica continuada. Segundo dados da SEAGRI o
Programa de Incentivo à Lavoura do Sisal - Nossa Fibra40 beneficiou 5.874 produtores com
assistência técnica continuada em 36 municípios distribuídos nas regiões Nordeste,
Piemonte e Paraguaçu. No município de Barrocas, especificamente, em 2006, foram
capacitados 1,5 mil agricultores familiares em uma oficina tecnológica rural
(www.seagri.ba.gov.br).
40 Programa estadual da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária- SEAGRI e a Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais – SECOMP.
90
No campo da agroecologia são limitadas as experiências: “a discussão da
agroecologia aqui é muito incipiente”, agregou uma das associadas da COOPERAFIS. Outro
participante complementou: “experiências agroecológicas não trabalhamos porque não
temos tecnologia”. Mas apontaram como positiva a iniciativa do município São Domingos que
está investindo na produção de alimentos sem agrotóxicos, assim como a promoção da
primeira Feira da Agricultura Familiar em Valente. 41
Ao mesmo tempo, outra associada da COOPERAFIS ressalta o uso de corantes
naturais produzidos a partir de resíduos de árvores nativas da região (angico, jurema e
baraúna) como uma ação inovadora de uso sustentável dos recursos do semi-árido.
Algumas parcerias entre a APAEB e o MDA para desenvolver pesquisas com pinhão
manso, na tentativa de implantar culturas oleaginosas para produção de biodiesel, foram
descritas: “Há sete meses plantamos aqui em Valente, em Santaluz e São Domingos, nas
propriedades dos agricultores familiares mudas que vieram de Minas”. Este é um exemplo
de unidades demonstrativas do pinhão manso consorciado com girassol, abóbora, melancia e
palma, iniciado em 2006 como controle agroecológico de pragas e doenças.
Outra experiência destacada foi a desenvolvida pelo SEBRAE com apicultura. Os
arranjos produtivos do mel têm significado investimentos na capacitação tecnológica e
organização social. Araci e Tucano são dois dos municípios beneficiados por este projeto,
como mencionado anteriormente.
Alguns projetos desenhados pelo governo federal com repercussão estadual e
implicações territoriais merecem destaque. Um deles é o Programa de Biodiesel da Bahia
(Probiodiesel) sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e
Inovação - SECTI/BA composto por vários projetos nos quais se prioriza a implantação de
laboratórios de referência na avaliação e controle da qualidade do biodiesel, a geração de
energia em comunidades rurais e a criação da Rede Baiana de biodiesel.
Ainda neste mesmo sentido há investimentos na Rede Baiana de Biocombustíveis42
formada por diversas entidades acopladas ao Probiodiesel e interessadas na inserção da
agricultura familiar na cadeia produtiva do Biodiesel.
41 A feira de agricultura familiar foi organizada também nos municípios de Serrinha e Conceição de Coité. 42 Fundada em 2004.
91
Outro projeto, também sob a batuta do Ministério de Ciência e Tecnologia- MCT, é
a Rede de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais - APLs da Bahia formada em parceria com
outras entidades envolvidas com APLs, como por exemplo, o SEBRAE, a Secretaria de
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária- SEAGRI, a Secretaria da Indústria, Comércio e
Mineração – SICM e a Secretaria do Planejamento – SEPLAN. No Estado foram
selecionados 8 APLs sendo um deles o Sisal, no município de Valente.
Com a ampliação do Programa Cabra Forte43, de grande repercussão estadual, o Pólo
Conceição do Coité, que inclui metade dos municípios do Território do Sisal: Araci,
Barrocas, Candeal Conceição do Coité, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Teofilândia,
Serrinha e Valente, passou a ser receptor dos benefícios oriundos do aumento da renda
vinculada a ovino-caprinocultura através de ações como a construção de infra-estrutura
hídrica e cursos de capacitação em nutrição, melhoramento genético e sanidade do
rebanho.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI prevê, ainda neste ano, a
instalação de Micro usinas de extração de óleos vegetais para produção de biodiesel em
áreas de agricultura familiar que permitam produzir mamona consorciada com outros
cultivos. Há também a experiência com a construção de cisternas coletivas44 utilizando a
água de chuva acumulada para consumo. Este é um projeto que atende os municípios de
Retirolândia, Valente e Santaluz.
3- Imaginário
3.1 - Conhecimento da política do Ministério do Desenvolvimento Agrário
Depois de quase quatro anos de iniciadas as ações de desenvolvimento rural do
MDA, os entrevistados concordaram em qualificar como bem sucedida a política de
territorialização, na medida em que é vista como expressão de projetos e de aproximação
entre o poder público e a sociedade civil. Embora essa relação dependa muito das
instituições e do apoio que efetivamente deram no início do processo.
43 O Programa Cabra Forte atende 50 municípios baianos que equivalem, aproximadamente, a 35% dos municípios do semi-árido baiano. Ao total foram beneficiados 34.000 pequenos produtores (www.secomp.ba.gov.ba).
44 Com apoio do Exército norte-americano através da Winrock International, uma instituição norte-americana que apóia projetos de energia alternativa e mantém parceria com a APAEB.
92
Esta nova forma de gestão (territorial) gerou muitas expectativas e atraiu muitos e
diversos interesses nem sempre coincidentes, sinalizaram. Em outras palavras, percebeu-
se uma tensão entre dois grupos de atores – historicamente antagônicos (sociedade civil e
poder local) que a chegada do MDA exacerbou, na pretensa corrida por recursos
financeiros. Essa tensão pode ser explicada pela força da organização da sociedade civil
existente antes do MDA e pela tradição coronelista do nordeste. Ou seja, esses dois
fatores precisaram se “juntar” para receber a política federal.
Essa questão foi observada por um dos entrevistados e colocada da seguinte forma:
“o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável - PTDRS foi feito pela
sociedade civil. Ela se empoderou de todas as informações, enfim, o poder público não ia
[nas assembléias do CODES] e deu desequilíbrio. Quando chegou o recurso a relação
[sociedade civil e prefeituras] não estava implementada”.
Poucas prefeituras, apontaram os entrevistados, estiveram representadas e nesses
casos a conexão era feita apenas pelas Secretarias de Agricultura.
Os movimentos sociais, com tradição na região, apropriaram-se rapidamente da nova
concepção fazendo propaganda e obtendo resposta dos demais grupos sociais. Esta
mobilização provocou a reação do poder público fazendo com que alguns prefeitos
começassem a participar e incorporar a nova idéia, uma grande maioria apresentou
projetos individuais na busca de recursos do MDA e, ainda outros perderam recursos por
não “comprarem” a idéia da Secretaria de Desenvolvimento Territorial. Este quadro é
resumido por um outro entrevistado quando atenta uma resposta para a situação: “A
sociedade civil sozinha não pode e o poder público perde votos”.
A relação entre sociedade civil e sociedade civil (pensada pelos informantes como
as várias representações) também foi trazida à discussão durante as entrevistas: “às
vezes há aranhões, é uma coisa de poder. Há atritos. [As associações] Sobem no salto
alto”.
Contudo consideraram que o MDA tem ajudado a dar um equilíbrio e a diminuir
esses atritos em prol do Território e não apenas de uma parte dele - o município. Essa
política de articulação e de aproximação entre instituições é bem vista, assim como eles
próprios apontaram: “é animadora pela formação de consciência coletiva”.
93
Porém se propagou, como uma crítica à política do MDA, a repetida expressão:
“tudo se resume ao crédito, ao PRONAF”.
No Território do Sisal as ações, até então, estão centradas em alguns focos
estratégicos, definidos pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Região
Sisaleira - CODES: o sisal, a caprino-ovinocultura, a apicultura, o artesanato e a avicultura
de quintal.
Em relação ao CODES - anterior à política do MDA, observaram o trabalho que vem
realizando apoiado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT. “Trabalha com o
fortalecimento das instituições. O foco do CODES é buscar meios para fortalecer as
entidades que atuam no Território” Outro entrevistado agregou: “pela metodologia do
CODES se acaba pensando em Território. Trabalhamos com a demanda. Tudo funciona no
voto, senão não é contemplado”.
Dentro do CODES “tudo é discutido”. A imagem do CODES no Território quiçá não
encontre melhor expressão do que a dita por um dos atores entrevistados: “O CODES me
entende melhor que a universidade”.
3.2 - Apropriação da estratégia de territorialização por parte dos atores
O CODES45 é uma espécie de coordenador do Território, disse um dos
entrevistados. No início diz outro: “todo mundo queria puxar para seu lado, principalmente
as prefeituras. Hoje estão vendo que é o Território e não uma cidade. Amadureceram
muitas coisas”. “A ausência de apoio do poder público local criou problemas que levaram a
perda de recursos: houve falta de diálogo entre a sociedade civil e as prefeituras,”
completou outro ator.
Mas ao mesmo tempo observam que o Território é muito grande e com interesses
muito diversos, o que faz com que as negociações e o consenso sejam difíceis, por isso a
ênfase em eleger prioridades. Ainda que sejam vistas com muitas falhas, a entrada das
políticas de territorialização e as ações da SDT são definidas como agregadoras de valor,
geradoras de renda e redutoras do êxodo rural.
45 O CODES surge em dezembro de 2002, mas suas origens remontam a 1998 nas discussões sobre convivência com o semi-árido. Os protagonistas eram a FATRES, a APAEB e o MOC. Hoje conta com representantes de aproximadamente 50 organizações entre sociedade civil e poder público.
94
O grande desafio, coloca um técnico é “neutralizar os conflitos provenientes das
visões político-partidárias. Ter parceiros para contribuir”. Citaram como exemplo a
construção do laticínio como ação de fortalecimento do território, como uma causa que foi
abraçada pelo coletivo e que superou os interesses particulares.
A compra de dois carros para auxiliar na assistência técnica realizada pela APAEB
e, conseguidos através da parceria com o MDA é também considerada como ponto forte.
Mas novamente é ressaltada a falta de comprometimento dos poderes públicos com as
questões ligadas à agricultura familiar, com destaque para os municípios de Valente e
Santaluz.
As secretarias de agricultura envolvem-se mais, porém dispõem de pouco recurso e
acabam realizando trabalhos burocráticos, complementaram.
Durante os primeiros passos no processo de territorialização, o MDA contou com
alguns parceiros locais como o Pólo Sindical, a FATRES e o MOC, entidades de longa
trajetória na região sisaleira com assessoria técnica, capacitação, formação de lideranças
e discussões sobre desenvolvimento social territorial.
Antes do CODES46 e do MDA, comentaram os entrevistados, as instituições
trabalhavam separadas. Hoje o grande desafio do CODES é trabalhar com essas
diferentes forças, ressaltaram. Já em 2003 com a parceria do MDA apostou-se nele para
promover o desenvolvimento: “o CODES cresceu, todos reconhecem que convoca, que faz
planos” conclui um dos técnicos entrevistados.
Porém outro agregou: “aqui a questão da articulação institucional é muito
emperrada. O poder público está muito afastado. Hoje já fizemos mais reuniões, mais
articulação com a secretaria de agricultura, com as outras ainda não se teve uma
articulação mais forte como com a secretaria de agricultura familiar”, completou um
membro do CODES.47 “Alguns prefeitos nem assinam os convênios e não tem acesso aos
recursos”, concluiu.
3.3 - Conceito de Núcleo
46 O coordenador executivo exerce a função de articulador territorial.47 Em nível estadual foi criada na Secretaria de Agricultura uma Superintendência de Agricultura Familiar.
95
Apesar do Projeto Agrofuturo ser pouco conhecido (a não ser entre os parceiros
locais) e a implantação do Núcleo ser considerada uma incógnita pela grande maioria dos
entrevistados, uma sorte de informações foram levantadas na pesquisa de campo.
A implantação do Núcleo provoca inquietações significativas quando levantada a
idéia de estar associado a mais um diagnóstico dentro do Território. Em busca de ganhos
de tempo e poupança de multiplicação de esforços foi lembrado o trabalho já feito pelo
CODES : “ O CODES já tem uma base de informações e demandas consensuadas. Eles
[CODES- EMBRAPA] têm que se complementar”
Em relação à “fluidez” das informações observaram que o “contato estava restrito à
EMBRAPA com a APAEB”. Daí um outro entrevistado colocou a preocupação do Agrofuturo
não ter sido discutido no CODES.
Importa também destacar que há uma preocupação com a maneira que será feita a
coordenação do Núcleo e seu arco de atuação: “o ponto de partida é a escolha dos
representantes e a escolha dos municípios”. Ou seja, sugeriram atender as demandas
diferenciadas. Mas para isto “a EMBRAPA deve falar ‘me demande’. Tem que ajudar às
pessoas e organizações aprenderem a demandar”. Outro entrevistado complementou:
“precisa de pessoas para provocar o debate”.
Ao que tudo indica, o município de Valente concentra as informações e unifica os
discursos48: “aqui uma liderança está em tudo e acaba não fazendo nada”, completou o
representante de uma entidade local.
O Núcleo, invariavelmente, colocado como braço da Embrapa no Território foi
associado ao novo papel que a empresa se propõe: “a EMBRAPA tem gerado informações
distantes dos agricultores. Ela deve traduzir essas informações científicas”. Ela
[EMBRAPA], acrescentaram: “precisa buscar parcerias nas instituições, perceber as
demandas e perceber onde cada região é carente de cada assunto”.
Na seqüência, algumas das falas nas quais os entrevistados sugerem estratégias
para a “decolagem” e bom funcionamento do Núcleo:
- “O território é muito grande daí que devemos eleger prioridades senão vamos
acabar atirando para todos os lados e ao final não ter resultados palpáveis”;
48 Não foram visitadas outras experiências em municípios vizinhos. Apenas a UNEB no município de Conceição do Coité.
96
- “Na discussão não ficou claro como vai ser a atuação do núcleo. Hoje para atuar no
Território tenho que buscar o melhor parceiro seja prefeitura, seja Banco do
Brasil”;
- “A EMBRAPA é muito a cara de Petrolina e Juazeiro, muita agricultura irrigada.
Tem que montar estratégia para ir ao agricultor familiar”;
- “A primeira apresentação do Agrofuturo foi em Salvador. O espírito dessa foi
mais para assinar convênio. Agora precisa mais em nível local, fazer
apresentações” ;
- “Se a gente não for bom articulador pode chegar para pedir informação só aquele
cara de Valente e dos arredores”;
- “Ter apenas um escritório não é interessante. Precisamos mais prática, discutindo
e pesquisando com os agricultores familiares;
- “Já cobramos do Nilton [EMBRAPA] publicitar o Núcleo. Nosso plano aqui era
chamar os secretários de agricultura de cada um dos municípios e dois ou três
representantes da sociedade civil dos municípios”.
Um dos atores ainda sugeriu uma estratégia mais detalhada dividida em três
passos: i) visibilidade e publicidade; ii) sensibilização dos órgãos públicos e da sociedade
civil (o que é [o Núcleo], o que vai fazer e onde vai trabalhar); iii) ir de fato nas
propriedades e ver de perto as necessidades dos agricultores familiares”.
3.4 Identidade expressada
Os atores fazem jus ao nome do Território que lhes acolhe. O sisal é, em primeiro
lugar, o elemento que melhor define sua identidade. Alguns até lembraram da época que o
sisal na região “era igual ao cacau do sul da Bahia, dava no mato”.
O artesanato do sisal é tido como a “imagem-marca” conhecida tanto nas áreas
rurais como nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, nos desfiles de moda (colares e
bolsas) e nas peças exportadas (tapetes) para diversos países.
Outro elemento de identidade mencionado e, não menos importante, considerado
por muitos dos entrevistados como fundamental para o sisal ter toda essa visibilidade,
97
inclusive além fronteiras, é a organização. O poder de organização é marcante na região
sisaleira e teve forte presença do Pólo Sindical.
A criação do CODES, a participação no Programa de Erradicação do Trabalho
Infantil - PETI e as rádios comunitárias foram experiências mencionadas como exemplo
dessa força de organização.
4 - Ações
4.1. Instituições envolvidas
Segundo os participantes da técnica mapa institucional há uma infinidade de
instituições envolvidas com o desenvolvimento do Território do Sisal. Contudo dezesseis
(16) foram listadas como as mais importantes49 para o Território, a saber: FATRES,
CODES, COOPERE/SICOOB, APAEB, Igreja Católica, MOC, Centrais de Associações
(Arco Sertão), EBDA, Prefeituras, Rede de Escolas Familiares Agrícolas do Semi-árido,
Rádios Comunitárias (Abraço), MDA, SEBRAE50, EMBRAPA e UNEB.
Na tentativa de reduzir este número e poder completar com sucesso a técnica,
solicitou-se que fosse realizada nova seleção que permitisse trabalhar com maior precisão
a atuação de cada uma delas e as relações interinstitucionais. Assim ao final 9 instituições
foram distinguidas por consenso e trabalhadas nas suas relações, como mostra-se ao final
do item, (Figura 11).
A representação gráfica é o resultado destas relações mostradas de acordo com o
seguinte critério: seta em dois sentidos (boa interlocução), seta em um só sentido aponta a
direção em que ocorre mais frequentemente a comunicação (interlocução regular), linha
pontilhada (interlocução comprometida).
Destacam no centro do mapa quatro instituições consideradas importantíssimas na
conformação do Território, a saber: APAEB, FATRES, MOC e COOPERE/SICOOB. Todas
elas com relações identificadas com setas que indicam boa interlocução.
Pode-se destacar, ainda, a relação desenhada com setas de traços fortes que
entrelaçam o Movimento de Organização Comunitária - MOC e a Fundação de Apoio aos
49 A listagem é aleatória e não reponde a uma ordem classificatória segundo a importância. 50 O SEBRAE foi recentemente incorporado como membro do CODES.
98
Trabalhadores Rurais da Região do Sisal – FATRES. Esta é uma parceria antiga que acabou
sendo referência em nível municipal, estadual e regional por direcionar seus trabalhos aos
agricultores familiares na geração de trabalho e renda.
Fora do círculo central observam-se duas instituições, o CODES e o MDA, como
pode ser observado na figura. O primeiro localizado ainda mais perto do que o segundo, de
acordo com os entrevistados, mas não por isso deixam de ter relações de parceria, entre
si e entre as outras entidades, identificadas com setas nos dois sentidos, com exceção do
MDA e das Prefeituras que apontam uma interlocução regular que resulta da injeção de
recursos do Ministério para a realização das ações territoriais, que nem sempre encontram
recepção nas prefeituras dos municípios que conformam o Território do Sisal.
Já, no círculo mais distante do Território consta a EBDA que mantém comunicação
com o MDA, as Prefeituras e a Igreja Católica. O serviço de assistência técnica da EBDA é
considerado precário e a comunicação se dá apenas pelo suporte das Prefeituras e do MDA
como indicam as setas.
A Igreja Católica e as Prefeituras foram localizadas fora do âmbito territorial, isto
é, são consideradas instituições de importância, mas com fraco desempenho e pouca ou
nenhuma interlocução com as demais instituições mencionadas durante a construção do
mapa.
Durante a construção do mapa, os atores foram enumerando uma série de
observações de extremo valor no entendimento da dinâmica institucional territorial
sisaleira. Parte destas observações é apresentada, a seguir, conservando a fala original.
Figura 11 - Mapa Institucional do Território do Sisal /BA
99
FATRES
É inegável a importância da Fatres e seu papel no Território. O ator forte em cada
município é o sindicato. Às vezes é o único ator. A FATRES em parceria com o INCRA dá
assistência técnica em assentamentos de quatro (4) municípios do território, Santaluz,
Coité, Cansanção e Quijingue.
CODES
O CODES é o Território. Representa o Território. Tem reconhecimento pela
trajetória ainda que seja de 3-4 anos apenas. Está no processo de aprimoramento. Uma
das dificuldades enfrentadas pelo CODES é a incompreensão de alguns atores sobre a
importância dele. Ainda tem essa dificuldade dentro da sua própria diretoria e acaba não
decolando como poderia. O CODES é um projeto em construção. O que dá visibilidade ao
CODES é o instrumento democrático onde os atores participam.
Igreja Católica Prefeituras
Território do Sisal
CODES
FATRES
100
COOPERE/SICOOB
O Coopere/SICOOB tende a ter uma participação mais efetiva dentro do território
porque começa a desenvolver o trabalho com PRONAF. A COOPERE tem as limitações da
própria função. Não está fazendo mais do que o acesso ao sistema financeiro. As
cooperativas de crédito dão cidadania aos agricultores familiares marginalizados do
sistema financeiro do País. O trabalho das cooperativas é limitado ainda não estão atuando
tanto com assistência técnica. Estão deslanchando. É claro que há um avanço das
cooperativas, isso do ponto de vista econômico, mas se olhar para o aspecto social o
SICOOB faz pouco dentro da parte social, o social ainda está fora.
APAEB
Há problemas com APAEB. É o único empreendimento social aqui no território, mas
precisa se fortalecer. Se APAEB não estiver presente não se vê o lado positivo, é
realmente atuante. Ela ainda não é atuante em todos os municípios do Território. A
APAEB tem atuação local, estadual e internacional. APAEB está para a cadeia produtiva do
sisal como o SICOOB está para o acesso ao crédito.
IGREJA CATÓLICA
Há falta da Igreja Católica no Território. A atuação realmente tem decepcionado. A
Diocese de Serrinha foi criada recentemente. A discussão dela nas políticas de
desenvolvimento não tem se dado. A Igreja trabalha nos assentamentos. Em Itiúba tem a
CPT.
MOC
Tem muitos trabalhos. Todo mundo conhece. É um catalisador dos outros atores.
Aqui o MOC ajuda, dá o apoio logístico. Atua aqui há muitos anos.
EBDA
101
Existem técnicos com vontade, mas há uma ausência da EBDA. A EBDA é a
responsável estadual pela assistência técnica, mas... Pelo menos existe. A EBDA proibiu
que os técnicos participassem das reuniões do CODES, parece que vão se incluir agora. No
território a assistência técnica está complicada. Aqui a EBDA tinha boa vontade, mas não
tem recurso, está desarticulada, não têm técnicos, não tem gasolina. O Estado tem uma
assistência técnica dilapidada. Em Queimadas têm 25 mil pessoas e só um técnico. Não há
concurso público, por conta disso o MOC, REPARTE51, APAEB prestam esse serviço.
PREFEITURAS
Umas prefeituras do território avançam mais do que outras porque apesar delas não
entenderem a política de desenvolvimento territorial, algumas têm ações de
desenvolvimento nos municípios. As prefeituras tinham condição de fazer mais. Podiam
participar mais do CODES.
MDA
O MDA só aporta recurso. Complementa a renda. Faz a articulação. A Secretaria de
Agricultura Familiar está mais relacionada ao crédito. O MDA forma consciência coletiva.
4.2 - Lideranças no território
As instituições mais lembradas e consideradas protagonistas e coadjuvantes da
política federal são: a FATRES52, O MOC53 e a APAEB54. Contudo a atuação no Território
não é recente. A FATRES, segundo os entrevistados, possui destaque graças aos projetos
de capacitação e formação de lideranças e trabalhos com os conselhos municipais de
desenvolvimento rural. Além de elaborar projetos do PRONAF em parceria com o MOC e
51 A Rede de Parceiros da Terra foi fundada há 2 anos, presta assistência técnica em 8 territórios do Estado da Bahia.
52 Tem atuação em 15 dos 20 municípios do Território. Desenvolve ações conjuntamente com os STRs e os agricultores familiares. Nasceu em 1996 em Valente. E trabalha em parceria com o INCRA dando assistência técnica aos assentados em 4 municípios do território: Santaluz, Conceição do Coité, Cansanção e Quijingue.
53 Fundado em 1967 e com sede no município de Feira de Santana. O Movimento de Organização Comunitária - MOC surgiu a partir do trabalho social da Igreja Católica. A fundação do MOC, enquanto entidade autônoma data de 1970.
54 A APAEB originou-se na década de 80 ligada à Igreja Católica. Hoje conta com 540 associados e tem representação em Araci, Ichu, Serrinha e Valente, fora do território em Feira de Santana.
102
DISOP55. O MOC é conhecido pelo trabalho na região do semi-árido e principalmente pelos
projetos desenvolvidos no Território com destaque para as ações dirigidas aos jovens e
agentes multiplicadores. A APAEB conhecida como exemplo de associativismo na região
vem desenvolvendo projetos e ações nas mais diversas áreas vinculadas às cadeias
produtivas do sisal, apicultura e caprinocultura desde sua fundação.
A FATRES acompanha assentamentos e acampamentos localizados nos municípios de
Conceição do Coité, Santaluz, Biritinga, Cansanção, Queimadas e Quijingue. Também tem
parceria com o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais e o MOC - Assessoria das
Mulheres Trabalhadoras Rurais da Região. E, ainda auxilia junto com os sindicatos de
trabalhadores e trabalhadoras rurais na implementação das propostas de educação do
campo.
4.3 - Conflitos
Três questões foram destacadas pelos atores territoriais como deflagradoras de
conflitos. A primeira diz respeito à falta de adesão das prefeituras aos projetos e ações
de desenvolvimento territorial. Para alguns essa atitude é considerada como falta de
comprometimento, excesso de interesse partidário e escassa visão de coletividade. Para
outros é sinônimo de permanência do coronelismo interpretado como perda de recursos
federais destinados aos agricultores familiares.
Já a segunda está associada à falta de assistência técnica. Este fato é considerado
o grande empecilho para o acesso a novas tecnologias e melhora das condições de vida.
Embora haja numerosas instituições cuidando da assistência técnica permanece a
preocupação com a centralização desses apoios em apenas uma parte dos municípios. E
ainda há a dificuldade de multiplicar experiências de campo bem sucedidas56 e de
acompanhar os projetos já implementados. Ressaltaram inclusive a necessidade de uma
assessoria permanente dos técnicos, isto é, não apenas visitas esporádicas, mas a
permanência dos técnicos, nos assentamentos, por períodos mais longos.
55 ONG belga que atua no semi-árido nordestino. 56 A aposentadoria e a venda de mão-de-obra são duas fontes de renda comuns entre os agricultores familiares do
Território.
103
A terceira questão vincula-se à crise da maior entidade do território, a APAEB.
Uma entidade que: i) passa por situações de instabilidade ligadas à flutuação dos preços do
sisal no mercado internacional; ii) sofre pela carga de responsabilidade que nela recai,
seja pela multiplicidade de ações por ela controlada, seja pela quantidade de entidades que
lhe dão suporte financeiro tanto nacionais como internacionais e; iii) aflora pela pressão
exercida nela e por ela nas decisões da política territorial.
5 – Resultados
5.1 - Formação de capacidades
Dois projetos tiveram destaque nas falas dos entrevistados. Um deles foi a Escola
Família Agrícola57 considerada uma iniciativa bem sucedida na formação de jovens das
comunidades rurais (5ª a 8ª série) de sete (7) dos 20 municípios do Território do Sisal:
Santaluz, Queimadas, Conceição de Coité, Retirolândia, São Domingos, Serrinha e
Valente.58
O segundo, em nível universitário, é incentivado e promovido pela UNEB com o apoio
dos atores territoriais (CODES): o bacharelado em Comunicação Social com habilitação em
Jornalismo, curso com grande demanda na região, comenta um dos professores. Mas
também o curso de extensão em nível de graduação em Letras realizado em parceria com o
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA ministrado em módulos
para alunos dos assentamentos da região sisaleira: “eles ficam aqui em Coité 40-45 dias e
voltam a suas casas. É nossa primeira turma de quatro (4) anos que se formará em 2010”,
concluiu o entrevistado.
Mais um exemplo de aproximação entre o campus e os agricultores familiares é o
projeto, iniciado em 2004, denominado Universidade Itinerante na Trajetória do Eixo
Euclidiano sob a coordenação do Professor José Plínio de Oliveira do Departamento de
57 A metodologia utilizada na escola é da alternância que consiste em repassar à família, em uma semana, o que foi apreendido em igual período na escola. Os alunos recebem aulas do tronco comum de ensino que são complementadas com cursos iniciais de zootecnia, agricultura, administração e engenharia rural. A escola dói inaugurada em 2006 e já formou cerca de 240 alunos.
58 A Escola Família Agrícola em Valente era administrada pela APAEB. Recentemente foi transformada em Associação de Pais e Amigos da Escola Família Agrícola Avani de Lima Cunha – APAEFA.
104
Educação59 desenvolvido em Queimadas, Cansanção e Nordestina que busca motivar a
população rural gerando pertencimento, ou como o próprio professor explica “conectar a
obra de Euclides da Cunha com o desenvolvimento sustentável solidário do semi-árido”.
A expansão do ensino superior na região sisaleira já está sendo discutida no CODES
e, em julho de 2006 foi redigida a Carta de Valente contendo a reivindicação de criação da
Universidade da região sisaleira - UNISISAL.
5.1.1 – Educação no Território
Como mostra a Tabela 33, 63,9 % da população do Território com cinco ou mais anos
de idade é alfabetizada, 45,0 % na área urbana e 55,0 na área rural.
Os municípios, a seguir, comportam as maiores taxas: Serrinha (76,2%), Ichu
(76,1%) e Valente ( 74,0%). Já o município de Araci possui a menor taxa (52,4%).
TABELA 33 - Território do Sisal / BAPopulação alfabetizada (5 anos ou mais de idade)
População Total(5 anos ou mais)
População alfabetizada (5 anos ou mais de idade)
Município População Taxa de
Alfabetização(%)
Total Urbano (%) Rural (%)
Araci 41.258 52,4 21.635 46,3 53,7Barrocas* 0 0 0 0 0Biritinga 13.026 61,7 8.036 21,7 78,3Candeal 9.157 66,5 6.091 39,4 60,6Cansanção 28.145 58,0 16.312 37,3 62,7Conceição do Coité 50.558 70,5 35.624 55,9 44,1Ichu 5.053 76,1 3.843 52,3 47,7Itiúba 31.313 64,9 20.309 29,0 71,0Lamarão 8.564 61,4 5.256 23,6 76,4Monte Santo 48.562 53,7 26.056 18,1 81,9Nordestina 10.422 62,6 6.524 30,2 69,8Queimadas 22.000 68,6 15.082 42,3 57,7Quijingue 23.322 56,1 13.083 26,7 73,3Retirolândia 9.859 71,7 7.072 53,9 46,1Santaluz 27.853 67,5 18.812 62,9 37,1São Domingos 74.488 71,2 53.037 63,4 36,6Serrinha 7.783 76,2 5.932 46,0 54,0Teofilândia 17.969 64,1 11.519 37,7 62,3Tucano 45.603 59,9 27.299 45,1 54,9Valente 17.323 74,0 12.822 53,6 46,4
Total 492.258 63,9 314.344 45,0 55,0Total dos Territórios no Estado 3.327.725 68,3 2.271.643 60,3 39,7
IBGE. Censo Demográfico (2000). * Dado não disponibilizadoFonte: SDT/MDA - SIT
59 Campus 14 da UNEB, localizado em Conceição do Coité.
105
5.2 - Plano (processo e estado atual)
O PTDRS concentrou suas ações em seis eixos principais. O eixo da agricultura
familiar destaca o interesse na: i) revitalização da cadeia produtiva do sisal; ii)
desenvolvimento da ovino-caprinocultura; iii) desenvolvimento da apicultura; iv)
fortalecimento do artesanato regional. Na educação os principais aspectos ressaltados
são: i) formação de professores para educação do campo; ii) cursos superiores para o
semi-árido; iii) a universidade do semi-árido.
A educação ambiental, a recuperação de áreas degradadas, recuperação ambiental
da bacia do rio Itapicurú, dentre outras são as principais ações do eixo meio ambiente. No
eixo comunicação a principal ação está dirigida ao fortalecimento das entidades de
comunicação comunitária. Ainda o PTDRS dedica dois eixos às atividades relacionadas com
esporte, cultura e lazer60 e infra-estrutura61.
Contudo, algumas iniciativas pontuais - muitas vinculadas à APAEB, foram bastante
mencionadas durante as entrevistas e pensadas como pequenos “estopins” para o
desenvolvimento do Território. Considera-se necessário apontá-las brevemente.
1- A ABRAÇO - Sisal62, associação de rádio e televisão comunitárias do Território
do Sisal com forte repercussão nos municípios;
2- O Laticínio DaCabra63 que no marco do Programa Fome Zero distribui leite de
cabra para creches e famílias com problemas nutricionais;
3- A Feira de Agricultura Familiar;
4- A Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão - COOPERAFIS com o
incentivo ao trabalho artesanal das mulheres dos municípios de Valente, Araci e
São Domingos.
5.2.1 – Relação de Projetos / MDA no Território
60 Há incentivo ao turismo rural no Território. 61 As ações deste eixo acompanham as ações do Governo Federal e Estadual de moradia, saneamento e luz. 62 Foi criada em 2004 e hoje conta com 15 emissoras filiadas. Destas 6 têm licença de funcionamento outorgada
pelo Governo Federal. Uma delas é a Valente FM. 63 É uma iniciativa da APAEB para produção de leite de cabra e derivados (queijos, doces e iogurtes).
106
Os Investimentos da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do MDA no
Território do Sisal ascenderam a R$ 3.391.794,57, no período de 2003 a 2006 (Tabela
34). Ao longo desses anos um total de 37 projetos foram aprovados, constatando-se que
atenderam na sua maioria, deficiências de assistência técnica, organização e capacitação
de cooperativas e ações de dinamização da economia do sisal.
Tabela 34 - Território do Sisal - BAInvestimentos da SDT/MDA no Território
Ano Número de Projetos Valor (em R$)
2003 8 457.795,602004 11 1.531.725,292005 10 470.780,002006 8 931.493,68
Total Território 37 3.391.794,57Fonte: SDT/MDA (2006).
Se observada a distribuição do recurso por municípios, no ano de 2006, é possível
verificar que os mais beneficiados são: Serrinha, Itiúba e Valente (Tabela 35). Contudo,
encontram-se, ainda, numerosas ações definidas como territoriais que contemplam a
realização de estudos propositivos, avaliação de projetos, estudos de mercado, viabilidade
de empreendimentos de agroindústrias, promoção de gestão participativa e de encontros
regionais das associações de agricultores familiares, dentre outras (Anexo II).
Tabela 35 - Território do Sisal - BA Ações da SDT/MDA - Ano 2006
Proponente Localização Valor (em R$) Objeto
Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região Sisal
Do Sisal - BA 60.000,00 Promover processos de mobilização para a
gestão participativaPrefeitura Municipal de Araci Araci 25.000,00 Prestação de ATERPrefeitura Municipal de Itiúba Itiúba 5.000,00 Proporcionar condições de ATERPrefeitura Municipal de Itiúba Itiúba 313.000,00 Apoio à educação do campoPrefeitura Municipal de Retirolândia Retirolândia 25.000,00 Proporcionar ATERPrefeitura Municipal de Serrinha Serrinha 356.933,68 Apoio à Educação do CampoPrefeitura Municipal de Tucano Tucano 25.000,00 Proporcionar Condições de ATERPrefeitura Municipal de Valente Valente 121.560,00 Apoio à comercialização do sertão da Bahia
Total Ano 931.493,68 Total Território Do Sisal - BA 3.391.794,57 Fonte: SDT/MDA (2006).
107
5.3 - Avanços no ciclo de gestão social
A capacidade de organização, de inserção em projetos nacionais e internacionais e a
busca constante de parceiros já estavam presentes na região sisalera muito antes do início
da política de territorialização. Para os atores territoriais entrevistados o MDA é um
auxilio – muito bem visto, para aprimorar essa vocação e trazer mais visibilidade e
credibilidade aos trabalhos realizados pelas diferentes associações.
A inserção de jovens e mulheres nas atividades do território é um ponto alto da
gestão social, embora ainda esteja engatinhando e sofra de problemas relacionados com
falta de recursos e de assistência técnica, como explicado em item anterior64.
A luta pela aprovação de cursos universitários que atendam a realidade sisaleira e, a
existência de escolas família agrícola, ainda que com capacidade limitada, em Valente e
Monte Santo, são alguns dos passos dados pelos atores territoriais. A orientação das
ações territoriais não apenas para os aspectos econômicos, mas também sociais por
intermédio de mecanismos de comunicação e de formação, são sinais de avanços.
64 Em 2006 foi realizado um seminário territorial de juventude e discutidos o Pronaf - jovem e o Pronaf - mulher.
108
IV.Território Nordeste Paraense / PA
“O desafio para quem está junto com os agricultores é poder tomar decisões em conjunto. O grande desafio é dos técnicos, eles devem capacitar-se mais e saber ouvir o agricultor, respeitar o agricultor” (trecho de entrevista).
109
SUMÁRIO
1. Marco
1.1 – Marco espacial
1.2 – Marco histórico
2. O Território do Ministério de Desenvolvimento Agrário
2.1 – Referência histórica territorial
2.2 – O território
2.3 – Mapa social
2.4 – Situação socioeconômica e ambiental predominante
2.5 - Inovação tecnológica
3 - Imaginário
3.1 - Conhecimento da política do Ministério de Desenvolvimento Agrário
3.2 - Apropriação da estratégia de territorialização por parte dos atores
3.3 - Conceito de núcleo
3.4 - Identidade expressada
4 - Ações
4.1 - Instituições envolvidas
4.2 - Lideranças no território
4.3 - Conflitos
5 - Resultados
5.1 - Formação de capacidades
5.2 - Plano (processo e estado atual)
5.3 - Avanços no ciclo de gestão social
110
1. Marco1.1 – Marco espacial
Desde a época da colonização, a Amazônia brasileira tem sido alvo de uma ação
sistemática de extração de riquezas que se configurou em diferentes modos de produção e
de organização social e política. Nas últimas três décadas a Amazônia experimentou mais
transformações em seu espaço do que nos séculos que lhe precederam. Em sua vasta
extensão territorial acolhe uma grande diversidade de ecossistemas que têm sido alvo de
um modo de ocupação predatório, podendo-se destacar: i) um intenso e acelerado processo
de migração rumo às novas fronteiras agrícolas; ii) fortes incentivos fiscais e financeiros
em obras de infra-estrutura que modificaram a estrutura produtiva; iii) a passagem
abrupta de uma situação de isolamento e esquecimento por parte das políticas públicas
para uma integração rápida demais à economia regional, nacional e internacional que
provocou; iv) um intenso processo de transformação e crescimento econômico nem sempre
vantajoso para a região como um todo, nem respeitoso da heterogeneidade e diversidade
sociocultural e; vi) uma exploração desenfreada dos recursos naturais.
Todos estes fatores dão conformação a uma Amazônia que tem sofrido uma intensa
pressão antrópica decorrente das políticas de crescimento econômico incentivadas pelo
Estado que acabou por conduzir a uma degradação dos ecossistemas e à redução dramática
da cobertura vegetal da região através de ciclos repetitivos - o ciclo da borracha, o ciclo
da castanha, o ciclo da mineração, o ciclo da madeira, o ciclo da pecuária.
É neste cenário que o Estado do Pará se insere. O Pará é o segundo maior Estado do
país com uma extensão de 1.247.690 km² e 6.192.307 milhões de habitantes, destes
4.120.693 pertencem à área urbana e 2.071.614 a área rural e representa uma das mais
importantes frentes de colonização agrícola do País, portanto, no seu bojo traz sucessivos
conflitos fundiários; extração seletiva (em grandes escalas) de madeira; abertura
das florestas para implantação de pastagens; assim como as alterações nos rios
ocasionadas pela extração de minério.
Embora o Pará ocupe apenas um terço da área da Amazônia brasileira, é responsável
por mais da metade da produção de madeira, gado e minerais da região. Se 75% das
111
emissões de gás do Brasil65 decorrem do desmatamento e das queimadas na
Amazônia, o Pará tem sua cota de responsabilidade.
Num curto intervalo de tempo o Pará tem-se convertido em uma grande área de
pastagem com aumento considerável do rebanho bovino. A pecuária, hoje, é parte
integrante da paisagem dos sistemas de produção de fazendeiros e de pequenos
produtores. As atividades madeireiras e a exploração mineral caminham lado a lado, são
mais dois elementos que compõem essa paisagem.
O quadro recente da Amazônia oriental e, em decorrência do nordeste paraense, é
a convergência de vários fatores acontecidos no passado recente, como os descritos
acima, mas, sobretudo da falta de valorização e tratamento diferenciado da sua
diversidade sócio-cultural.
Figura 12 – Mapa do Estado do Pará
Fonte: www.dnit.gov.br
65 Dados do recente Relatório de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas - ONU.
112
1.2 – Marco histórico
A messorregião do Nordeste Paraense está formada por 48 municípios agrupados
em microrregiões. O Território do Nordeste Paraense é parte integrante das
microrregiões de Guamá e Paragominas.
A ocupação desta Messorregião iniciou com atividades que foram responsáveis pelo
aparecimento de vários centros urbanos, como o estabelecimento de pontos para defesa
do território e a interiorização de missões religiosas, mas a colonização por fins agrícolas
sempre foi o mais forte fator de ocupação. Apesar de concentrar um grande número de
cidades, estes centros apresentam pequenos volumes populacionais e em sua maioria
surgiram em períodos anteriores ao Ciclo da Borracha, como núcleos de comercialização de
produtos agrícolas ou extrativos (MDA, 2005).
A história do Território está vinculada de maneira direta ao processo do chamado
avanço das frentes pioneiras implementado pelo governo federal a partir da década de
setenta. Isto resultou na instalação de grandes levas de migrantes originários de outras
regiões do país no território paraense. Pequenos e grandes produtores foram atraidos
pela possibilidade de ter acesso à terra e induzidos pela produção agropecuária. Portanto,
a história do Território, confunde-se com a história de intervencão governamental e
ocupacão da floresta, com atrativos vindos dos incentivos fiscais e financiamentos
irrecusáveis que serviram de base a uma nova ordem fundiária.
As atividades econômicas estão direcionadas à exploracao florestal, à pecuária
bovina, que ocupa parte da área desmatada, à lavoura branca (milho, feijao, arroz,
mandioca) e às culturas perenes (cacau, pimenta-do-reino). Nos anos 1990, a produção
leiterira desenvolveu-se bastante no contexto da agricultura familiar. A chegada da
agroindústria leiteira está criando novos pólos de atividade para o setor. Constata-se que
os novos ciclos dominam – e em alguns casos, chegam a acompanhar as atividades
tradicionais, como é o caso do extrativismo e da mandioca. Nas frentes pionerias a
floresta é entendida pelos novos atores locais como um capital disponível para ser
trasnformado em renda, pela madeira nela contida. Isto explica as práticas típicas de
contextos onde a terra é barata e a natureza farta, que geram desmatamento e atividades
113
mais extensivas do que intensivas (SAYAGO, TOURRAND, BURSZTYN, 2004). Essa tem
sido a dinâmica do avanço da frente pioneira na Amazônia, no Pará e no nordeste paraense.
2. O Território do Ministério de Desenvolvimento Agrário
2.1 – Referência histórica territorial
O Pará está dividido, segundo critérios agroecológicos e socioeconômicos, em sete
grandes regiões: Nordeste Paraense, Sudeste do Pará, Sul do Pará, Transamazônica, Baixo
Amazonas, Cuiabá/Santarém e Estuário, incluindo a Ilha de Marajó 66 . Estas são
conhecidas como messorregiões que, por sua vez, contemplam 22 microrregiões. A
Messorregião do Nordeste Paraense é uma das mais antigas áreas de exploração agrícola
da Amazônia, em terras não inundáveis. Cobre uma área de aproximadamente 87.389,542
km², o que corresponde a 7,0% da área territorial do Estado do Pará. Colonizada por volta
de 1875, atualmente é formada pelas microrregiões Salgado, Bragantina, Cametá, Guamá e
Tomé-Açu. Seus 135 mil quilômetros quadrados (10,6% da superfície estadual) englobam
48 municípios e, de acordo com dados do IBGE (2005), concentram aproximadamente 1,6
milhões de habitantes (27% da população do Estado) (www.cpatu.embrapa.br).
Segundo a Secretaria de Recursos Hídricos do Pará, o Estado está dividido em sete
regiões hidrográficas: i) Região Costa Atlântico-Nordeste banhada pelos principais cursos
d´água da região (rios do Atlântico, rio Gurupi, rio Capim, rio Acará, rio Moju e o rio
Guamá); ii) Região Portel-Marajó; iii) Região Tocantis-Araguaia; iv) Região do Xingu; v)
Região Baixo Amazonas; vi) Região Tapajós e; vi) Região Calha Norte.
A mais recente divisão atenta para as características sócio-culturais da região
aproximando municípios com afinidade por identidade. A política de territorialização
dirigida pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário - MDA dividiu o Estado em seis
territórios rurais: Baixo Amazonas, Nordeste Paraense, Sudeste Paraense, Sul do Pará,
Transamazônica e BR-163. A Figura 13 mostra o mapa dos territórios do Estado do Pará.
Deve-se, ainda, fazer menção a uma nova política pública liderada pelo Ministério do
Meio Ambiente - MMA, que entrará em vigor no Território, e implantará Distritos
66 Consultar VEIGA, 2004.
114
Florestais como novos modelos de desenvolvimento sustentável para a região. O município
de Paragominas sob o lema “Floresta em pé é um bom negócio” realizou, no início do mês de
maio, a primeira consulta pública sobre a criação do Distrito Florestal Sustentável de
Carajás - Paragominas.
Figura 13 – Mapa dos Territórios Rurais do Estado do Pará
Fonte: SDT/MDA – SIT
2.2 – O território
O Território está conformado por 15 municípios repartidos geograficamente em
duas microrregiões. A microrregião de Paragominas compreende três municípios: Dom
Eliseu, Paragominas e Ulianópolis. Já na microrregião do Guamá localizam-se 12 municípios:
Aurora do Pará, Cachoeira do Piriá, Capitão Poço, Garrafão do Norte, Ipixuna do Pará,
Irituia, Mãe do Rio, Nova Esperança do Piriá, Ourém, Santa Luzia do Pará, São Domingos
do Capim e São Miguel do Guamá.
115
Território do
Nordeste Paraense
Figura 14 – Mapa do Território do Nordeste Paraense
Fonte: SDT/MDA – SIT
A extensão total do território é de 53.255,30 km². Em 2006 a população, estimada
do Território alcançou a cifra de 526.194 habitantes (MDA, 2006). A população da área
rural, segundo dados do IBGE (2000), é de 237.250 habitantes contra 209.606 da área
urbana. Este dado mostra que 53 % da população total do Território tem como principal
fonte de renda, a economia ligada à agropecuária.
Os valores estimados para a população, em 2006, comparados com os dados do
censo demográfico de 2000 apresentam uma variação positiva para a maior parte dos
municípios, com exceção de Irituia (-1,44) e Mãe do Rio (-10,93) que viram sua população
diminuir de 30.518 habitantes para 30.080 e de 25.351 habitantes para 22.580
respectivamente. Na área rural encontra-se 53,09 % da população e 46,91% na área
urbana como mostra a Tabela 36. Em síntese os municípios que apresentam os maiores
percentuais de população rural são: Cachoeira do Piriá (84,50%), Irituia (80,91%) e
Ipixuna do Pará (80,15). O município Aurora do Pará (futura sede do Núcleo Piloto) ocupa o
quinto lugar (74,54%) depois de São Domingos do Capim (78,56%).
116
Tabela 36 - Território Nordeste Paraense - PAAspectos Populacionais
População
2000 Rural Urbana 2006 Variação
Município Total Nº (%) Nº (%) Total 2000 /2006
Aurora do Pará 19.728 14.706 74,54 5.022 25,46 25.174 27,61Cachoeira do Piriá 15.437 13.044 84,50 2.393 15,50 20.759 34,48Capitão Poço 49.769 28.648 57,56 21.121 42,44 52.960 6,41Dom Eliseu 39.529 15.728 39,79 23.801 60,21 50.739 28,36Garrafão do Norte 24.221 17.203 71,03 7.018 28,97 26.991 11,44Ipixuna do Pará 25.138 20.147 80,15 4.991 19,85 36.851 46,59Irituia 30.518 24.692 80,91 5.826 19,09 30.080 -1,44Mãe do Rio 25.351 6.613 26,09 18.738 73,91 22.580 -10,93Nova Esperança do Piriá 18.893 13.638 72,19 5.255 27,81 27.943 47,90Ourém 14.397 7.881 54,74 6.516 45,26 15.605 8,39Paragominas 76.450 18.210 23,82 58.240 76,18 88.877 16,26Santa Luzia do Pará 19.400 10.958 56,48 8.442 43,52 19.818 2,15São Domingos do Capim 27.405 21.528 78,56 5.877 21,44 32.231 17,61São Miguel do Guamá 41.366 16.909 40,88 24.457 59,12 47.599 15,07Ulianópolis 19.254 7.345 38,15 11.909 61,85 27.987 45,36
Total 446.856 237.250 53,09 209.606 46,91 526.194 17,75Total dos Territórios /PA 2.012.429 899.907 44,72 1.112.522 55,28 2.318.736 15,22
IBGE. Censo Demográfico 2000. Estimativa da população em 2006.Fonte: SDT/MDA - SIT
Na região se concentram mais de 20 aldeias e aproximadamente 1,5 mil indígenas
que sobrevivem da agricultura e da pecuária. O grupo indígena Tembé - Guamá localiza-se
nas nascentes do rio Guamá e a Colônia Indígena do Canindé, ocupa parte do município de
Paragominas.
Existem oito comunidades remanescentes de quilombolas no Território repartidas
em cinco municípios. O maior número de comunidades concentra-se no município Cachoeira
do Piriá conformando 130 famílias. Em São Miguel de Guamá 35 famílias convivem em uma
comunidade de remanescentes de quilombolas. Nos municípios de Capitão Poço, Itituia e
Santa Luzia do Pará registram-se um total de 170 famílias cujas comunidades ainda não
têm regularizadas suas terras (FANEP, 2006).
No ano de 2006, garantem os dados atualizados da SDT/MDA, o Território do
Nordeste Paraense comportava 15.906 agricultores familiares. Destacando-se, nos três
primeiros lugares, Irituia com 2.807, seguido de Capitão Poço com 2.654 e São Miguel do
Guamá com 2.150. O total de famílias assentadas ascende à cifra de 12.696 localizadas na
sua maior parte em Cachoeira do Piriá (3.221) e Capitão Poço (2.793). Os municípios com
117
maior concentração de famílias acampadas são Irituia (989) e Aurora do Pará (778) sob
um total de 4.112 famílias acampadas no Território ( Tabela 37).
Tabela 37 - Território Nordeste Paraense - PADemanda Social do MDA
MunicípioAgricultoresFamiliares
(1)
FamíliasAssentadas
(2)
FamíliasAcampadas
(3)
DemandaSocial
Aurora do Pará 882 632 778 2.292Cachoeira do Piriá 675 3.221 3.896Capitão Poço 2.654 2.793 297 5.744Dom Eliseu 46 224 342 612Garrafão do Norte 1.591 148 1.739Ipixuna do Pará 751 1.520 291 2.562Irituia 2.807 989 3.796Mãe do Rio 216 216Nova Esperança do Piriá 514 1.731 2.245Ourém 772 772Paragominas 190 1.666 526 2.382Santa Luzia do Pará 537 47 194 778São Domingos do Capim 2.073 268 435 2.776São Miguel do Guamá 2.150 2.150Ulianópolis 48 594 112 754
Total 15.906 12.696 4.112 32.714Total dos Territórios no Estado 72.989 101.034 12.424 186.447
(1)IBGE. Censo Agropecuário (1995/96); (2) MDA/Incra/SIR (30/09/2006); (3) MDA/Incra/SIR (2005).Fonte: SDT/MDA - SIT
O Território comporta 49 assentamentos da Reforma Agrária distribuídos da
seguinte forma: 11 em Capitão Poço, 10 em Ipixuna do Pará, 7 em Paragominas, 5 em
Ulianópolis, 5 em Aurora do Pará, 4 em Dom Eliseu, 2 em Cachoeira do Piriá, Nova
Esperança do Piriá e São Domingos do Capim e, 1 em Santa Luzia do Pará (Tabela 38).
Tabela 38 - Território Nordeste Paraense - PANº de Famílias Assentadas em Projetos de Reforma Agrária
MunicípioÁrea do
Assentamento(ha)
Número deAssentamentos
Capacidadede Assentamentos
(N de Famílias)
Número de Famílias
AssentadasAurora do Pará 29.040 5 768 632Cachoeira do Piriá 204.998 2 4.101 3.221Capitão Poço 96.429 11 2.930 2.793Dom Eliseu 15.163 4 235 224Garrafão do NorteIpixuna do Pará 68.129 10 1.776 1.520IrituiaMãe do RioNova Esperança do Piriá 109.533 2 1.845 1.731OurémParagominas 63.837 7 1.864 1.666Santa Luzia do Pará 1.452 1 56 47São Domingos do Capim 6.897 2 268 268São Miguel do GuamáUlianópolis 71.967 5 992 594
Total 667.445 49 14.835 12.696MDA/Incra/SIR (2006). Nota: Dados atualizados até 30/09/2006. Território Nordeste Paraense - PAFonte: SDT/MDA - SIT
118
2.3 – Mapa social
O mapa social elaborado pelos atores territoriais percorreu os municípios sob uma
ótica exclusivamente produtiva recolhendo somente informações das economias locais.
Assim, ao contrário do previsto na metodologia, aspectos relacionados com a distribuição
espacial e territorial, as características sociais, culturais, ambientais e institucionais
ficaram fora da discussão. Os participantes desenharam um pequeno croqui, bastante
singelo, da área que compõe o Território e nele localizaram apenas os municípios
moldurados pelas BR-316 e BR-010 (Figura 15). Posteriormente foram listando os
produtos/potencialidades em folhas separadas e destinadas a cada município.
A partir daí, e ao longo de duas horas, uma chuva de produtos “puxados pela
memória coletiva” foram construindo a “relação de produtos”. Aqui, observa-se,
claramente, a produção sob o binômio gado/mandioca. (Figura 16)
Figura 15 – Mapa Social do Território Nordeste Paraense – Primeira Parte
Ipixuna do Pará
São Domingos do Capim
Santa
São Miguel do Guamá
Santa Luzia do Pará
Cachoeira do Piriá
Capanema
Mãe do
Aurora do Pará
Ulianópolis
Dom
BR 316
BR 010
Capitão Poço
IrituiaGarrafão do Norte
Nova
Paragominas
Municípios não pertencentes ao território.
119
Figura 16 – Mapa Social do Território Nordeste Paraense – Segunda Parte / Representação da Produção e Potencialidades do Território Nordeste Paraense
120
2.4. – Situação socioeconômica e ambiental predominante
A principal atividade econômica do Território – baseada na agricultura familiar67,
está direcionada à cultura da mandioca e seus derivados, assim como às frutas, ao feijão,
ao arroz e ao milho. Dentre os 10 maiores produtores de mandioca no País, sete estão no
Estado do Pará. O segundo lugar corresponde ao município Ipixuna do Pará e o quarto a
Aurora do Pará (IBGE, 2004).
A Tabela 39 mostra em detalhe a produção de mandioca, gerando cifras que
ultrapassam as novecentas toneladas/ano. Em 2005 o município de Ipixuna do Pará
produziu 288 mil toneladas, seguido de Aurora do Pará que atingiu as 224 mil toneladas.
São cifras que superam a produção dos demais municípios.
As atividades extrativistas de origem animal e vegetal, presentes historicamente,
também mantêm espaço no Território, como por exemplo, a extração de madeira, lenha,
palmito, látex, coleta de açaí e de Castanha-do-Pará. Assim, como as culturas orientadas à
exportação como a pimenta- do- reino, a malva, o cacau e o algodão.
Em termos da produção e de acordo com as culturas apresentadas pela SDT/MDA
em base aos dados do IBGE (2005) pode-se afirmar que a fruticultura, especificamente
laranja e banana, alcançou o patamar de 193.116 toneladas, destas 162.897 correspondem à
cultura da laranja e 30.219 à cultura da banana. Como demonstra a Tabela 39 os principal
produtor de laranja é o município de Capitão Poço que lidera com bastante margem.
Cachoeira do Piriá ocupa o primeiro lugar no ranking de produção de banana no Território
do Nordeste Paraense, com 11 mil toneladas no de 2005.
Os valores destinados à produção do leite68 mostram, na Tabela 40, que o município
de Paragominas detém o primeiro lugar seguido de Dom Eliseu. Contudo, observa-se uma
variação negativa (-1,44) para o conjunto dos municípios que compõem o Território.
Ainda na Tabela 40 são observadas as taxas referentes à apicultura. Os dados
referem-se às quantidades de mel produzidas em 11 municípios durante o ano de 2005 e
suas variações. Nota-se, então, uma concentração no município Capitão Poço com 32 mil
67 Os agricultores utilizam o sistema de derruba e queima como mecanismo de fertilização, provocando, consequentemente, mais desmatamentos.
68 O Fundo Constitucional do Norte – FNO injetou recursos na produção leiteira.
121
toneladas e, em especial, uma variação negativa em Irituia (-90) com uma queda de
produção que passou de mil toneladas em 2004 para cem em 2005.
Tabela 39 - Território Nordeste Paraense - PALavoura Permanente
Quantidade Produzida(t)Lavoura Temporária
Quantidade Produzida(t)Laranja Banana Mandioca Feijão
Município 2004 2005 2004 2005 2004 2005 2004 2005Aurora do Pará 371 371 180 180 198.000 224.400 1.140 1.260Cachoeira do Piriá 168 140 11.400 11.000 25.300 24.150 324 255Capitão Poço 142.800 146.370 2.400 2.160 70.000 50.000 5.100 4.420Dom Eliseu 150 150 600 600 72.000 80.000 144 82Garrafão do Norte 10.709 10.500 2.160 1.600 42.000 39.300 3.080 1.269Ipixuna do Pará 96 96 - - 288.000 288.000 1.736 2.460Irituia 600 450 252 252 18.000 18.000 140 240Mãe do Rio 437 437 - - 27.000 36.000 405 405Nova Esperança do Piriá 1.487 1.487 2.400 2.400 25.500 30.000 990 810
Ourém 540 540 107 107 20.000 14.400 984 656Paragominas - - 4.600 4.600 61.500 60.750 150 170Santa Luzia do Pará 535 357 2.242 2.925 11.700 14.400 948 598São Domingos do Capim 100 200 3.715 3.715 44.800 49.000 320 294
São Miguel do Guamá 1.560 1.740 500 500 16.900 19.500 560 600Ulianópolis 59 59 180 180 60.000 11.900 612 -
Total 159.612 162.897 30.736 30.219 980.700 959.800 16.633 13.519Total dos Territórios no
Estado 189.062 188.831 370.719 387.677 2.688.040 2.604.970 35.235 29.745
IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005). Fonte: SDT/MDA - SIT
Tabela 40 - Território Nordeste Paraense - PALeite
Quantidade Produzida (mil litros)
MelQuantidade Produzida(t)
Leite MelMunicípio 2004 2005 Variação 2004 2005 Variação
Aurora do Pará 3.107 3.413 9,85Cachoeira do Piriá 292 273 -6,51 300 350 16,67Capitão Poço 609 614 0,82 29.000 32.000 10,34Dom Eliseu 9.544 9.651 1,12Garrafão do Norte 680 681 0,15 680 1.000 47,06Ipixuna do Pará 6.281 5.280 -15,94 8.514 7.620 -10,50Irituia 1.255 1.297 3,35 1.000 100 -90,00Mãe do Rio 4.849 5.080 4,76Nova Esperança do Piriá 321 331 3,12 750 1.100 46,67Ourém 216 209 -3,24 15.500 17.000 9,68Paragominas 20.445 20.454 0,04 5.780 6.010 3,98Santa Luzia do Pará 414 423 2,17 1.000 1.500 50,00São Domingos do Capim 648 697 7,56 500 540 8,00São Miguel do Guamá 725 529 -27,03 1.500 2.500 66,67Ulianópolis 3.478 3.173 -8,77
Total 52.864 52.105 -1,44 64.524 69.720 8,05Total dos Territórios no
Estado 251.653 293.260 16,53 80.372 87.005 8,25
IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005).
122
Fonte: SDT/MDA - SIT
O rebanho bovino no período de 2004/2005 apresentou variação negativa em três
municípios, a saber: Paragominas (-12,29), Ourém (-2,64) e Ulianópolis (-1,84). A pesar
destes índices, em 2005, o conjunto maior de cabeças bovinas esteve concentrado em
Paragominas (448.030), Dom Eliseu (142.543) e Ulianópolis (110.360).
A criação bubalina recuou (-14,72), em 2005, no total dos municípios do Território,
como se aprecia na Tabela 41. Os dois municípios com taxa positiva foram: Garrafão do
Norte (3,57) embora sua criação seja pouco significativa e São Miguel do Guamá (42,50) o
que se traduz em 80 cabeças de búfalo em 2004 e 114 em 2005.
Destacam na criação caprina, segundo dados do IBGE (2005), Paragominas com
2.708 cabeças, Ulianópolis com 1.920 e Dom Eliseu com 1.698 em relação ao Território que
registra um rebanho caprino de 12.485 cabeças. A taxa de variação é positiva apenas para
três municípios: Irituia, Nova Esperança do Piriá e Paragominas como se pode observar
ainda na Tabela 41.
Tabela 41 - Território Nordeste Paraense - PAPrincipais Rebanhos
Bovino Bubalino CaprinoMunicípio 2004 2005 Variação 2004 2005 Variação 2004 2005 Variação
Aurora do Pará 78.715 108.465 37,79 294 150 -48,98 1.186 1.108 -6,58Cachoeira do Piriá 12.989 16.557 27,47 0 0 0 650 580 -10,77Capitão Poço 66.000 72.388 9,68 226 140 -38,05 630 620 -1,59Dom Eliseu 128.282 142.543 11,12 160 150 -6,25 1.784 1.698 -4,82Garrafão do Norte 37.700 40.376 7,10 56 58 3,57 520 500 -3,85Ipixuna do Pará 96.292 110.001 14,24 1.083 1.058 -2,31 910 889 -2,31Irituia 68.465 71.290 4,13 300 100 -66,67 150 256 70,67Mãe do Rio 58.686 70.732 20,53 880 850 -3,41 702 700 -0,28Nova Esperança do Piriá 16.158 18.865 16,75 0 0 0 320 415 29,69
Ourém 15.800 15.383 -2,64 150 80 -46,67 210 203 -3,33Paragominas 510.807 448.030 -12,29 1.522 1.352 -11,17 2.452 2.708 10,44Santa Luzia do Pará 65.981 83.039 25,85 331 261 -21,15 785 748 -4,71
São Domingos do Capim 20.070 21.578 7,51 100 92 -8,00 40 36 -10,00
São Miguel do Guamá 34.127 42.225 23,73 80 114 42,50 120 104 -13,33
Ulianópolis 112.426 110.360 -1,84 159 150 -5,66 2.028 1.920 -5,33Total 1.322.498 1.371.832 3,73 5.341 4.555 -14,72 12.487 12.485 -0,02
Total dos Territórios no Estado 9.880.518 10.316.799 4,42 101.563 82.153 -19,11 46.462 49.930 7,46
IBGE - Produção Agrícola Municipal (2005). Fonte: SDT/MDA - SIT
123
Estatísticas, referentes a empregos por setor econômico, levantadas em 2002, são
citadas a seguir: a indústria ocupa 9.261 pessoas destacando o município de Paragominas
com 4.798 empregos vinculados a esta atividade; o comércio gera 2.361 empregos destes
1.272 correspondem ao município acima mencionado. Os serviços em geral rendem ao
Território 10.768 empregos concentrados também em Paragominas, assim como na
agropecuária que ocupa 801 pessoas (Tabela 42).
A maior renda per capita está concentrada no município de Ulianópolis (R$ 228,54)
seguido de Paragominas (R$ 166,04) e Dom Eliseu (R$145,70). A menor corresponde a
Cachoeira do Piriá (R$ 52,24). A renda média do chefe de família também está
concentrada em Ulianópolis (R$ 581,43) Paragominas (R$ 545,09) e Dom Eliseu (R$
528,68). Já a renda por rendimento do trabalho destaca-se nos dois primeiros municípios
anteriores e em Mãe do Rio: 79,37, 78,48 e 72,06 respectivamente (Tabela 42).
No que diz respeito a dados de pobreza, o município de Cachoeira do Piriá
apresenta o mais alto índice de pobreza (73,9%) dentro do Território do Nordeste
Paraense, em oposição ao município de Paragominas com o mais baixo nível, 34,5%.
O Índice de Desenvolvimento Humano do Território é de 0,6569. O Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal oscila entre 0,55 (Cachoeira do Piriá) e 0,70 (Mãe do
Rio).
Há no Território um total 91.737 domicílios particulares dos quais 27.400 estão
ligados à rede geral de abastecimento de água. Assim, observa-se, que o maior número de
domicílios ligados à rede está localizado em Dom Eliseu (6.155), Paragominas (5.720) e
Capitão Poço (3.523). No que respeita aos domicílios com poço ou nascente os dados
indicam que 51.447 possuem esta forma de acesso à água e 12.890 usam qualquer outra
fonte.
A indicação do número de domicílios ligados à rede de esgoto é bastante baixo,
apenas 272 residências enquadram-se neste indicador. Conforme a Tabela 43, 15.486
domicílios não possuem banheiro ou sanitário e 75.979 usam outras formas de
69 O Índice de Desenvolvimento Humano do Estado do Pará é 0,73 (Atlas de Desenvolvimento Humano, 2002).
124
esgotamento. O lixo é coletado em cerca de 30 mil residências sendo que
aproximadamente 60 mil usam outro destino que não foi especificado.
Em se tratando de meio ambiente, no Território, como na Amazônia toda, a pecuária
extensiva traz conseqüências negativas no âmbito socioambiental, como o desmatamento, a
concentração de terras, a baixa ocupação de mão-de-obra, a perda de biodiversidade,
dentre outros tantos fatores.
Tabela 42 – Território Nordeste Paraense – PA
Empregos Gerados por Setor da Economia1 Renda (R$)2
Município Indústria Comércio Serviços AgropecuáriaRenda
Per Capita
Renda de Rendimentos do Trabalho
Renda Média doChefe de Família
Aurora do Pará 105 9 360 66 85,86 70,15 347,07
Cachoeira do Piriá 44 0 0 10 52,24 68,77 169,48
Capitão Poço 17 149 240 784 92,98 63,46 286,26
Dom Eliseu 1.131 291 1.520 244 145,70 71,15 528,68
Garrafão do Norte 5 7 158 0 71,13 76,18 275,81
Ipixuna do Pará 416 16 235 75 73,50 59,69 316,86
Irituia 67 47 429 45 114,92 69,53 338,25
Mãe do Rio 101 164 1.042 49 121,05 72,06 412,47Nova Esperança do Piriá 26 2 451 0 85,75 63,94 416,42
Ourém 22 7 350 19 89,86 67,73 297,73
Paragominas 4.798 1.272 2.602 801 166,04 78,48 545,09Santa Luzia do Pará 29 8 304 23 64,93 65,31 287,25São Domingos do Capim 23 18 650 70 70,34 63,99 301,96São Miguel do Guamá 1.203 267 1.716 43 122,97 63,76 451,03
Ulianópolis 1.274 104 711 369 228,54 79,37 581,43
Total 9.261 2.361 10.768 2.598 - - -1- SNIU - Sistema Nacional de Indicadores Urbanos (2002)2 - ADHB - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2002). Fonte: SDT/MDA – SIT
125
Tabela 42 - Território Nordeste Paraense - PASaneamento Básico
Total de Forma de abastecimento Tipo de esgotamento sanitário e destino do lixoDomicílios de Particulares permanentes Água Esgotamento Sanitário Destino do Lixo
Município RedeGeral
Poço ouNascente
OutrasFormas
Domicílio Ligado
à Rede Geral
OutrasFormas
Sem Banheiroou Sanitário Coletado Outro
Destino
Aurora do Pará 3.918 1.163 2.385 370 2 3.037 879 411 3.507Cachoeira do Piriá 3.111 510 1.713 888 1 1.879 1.231 294 2.817Capitão Poço 10.068 3.523 4.512 2.033 16 8.805 1.247 3.661 6.407Dom Eliseu 8.870 6.155 1.197 1.518 6 7.776 1.088 3.099 5.771Garrafão do Norte 4.569 621 2.982 966 1 3.855 713 649 3.920Ipixuna do Pará 4.763 1.255 3.068 440 10 3.251 1.502 545 4.218Irituia 6.024 2.352 3.395 277 11 5.463 550 1.019 5.005Mãe do Rio 5.486 364 4.638 484 8 4.677 801 1.901 3.585Nova Esperança do Piriá 3.451 1 2.925 525 0 2.558 893 6 3.445Ourém 2.968 808 1.906 254 3 2.804 161 1.287 1.681Paragominas 16.773 5.720 9.142 1.911 186 15.019 1.568 11.990 4.783Santa Luzia do Pará 3.837 524 2.912 401 2 3.516 319 1.574 2.263São Domingos do Capim 5.106 1.659 2.701 746 9 2.740 2.357 1.148 3.958São Miguel do Guamá 8.646 2.595 4.797 1.254 15 7.681 950 2.479 6.167Ulianópolis 4.147 150 3.174 823 2 2.918 1.227 550 3.597
Total 91.737 27.400 51.447 12.890 272 75.979 15.486 30.613 61.124Total dos Territórios no
Estado 418.291 131.001 231.076 56.214 5.529 342.276 70.486 166.190 252.101
IBGE – Censo Demográfico (2000)Fonte: SDT/MDA – SIT
Os impactos da exploração madeireira, por exemplo, têm provocado a ocupação
desordenada da região, a extinção de espécies locais, a invasão de terras indígenas e o
aumento das queimadas. Segundo dados do IBAMA houve 384 focos de queimadas no
território, no período de 2000/2001, 100 destes focos se estenderam no município
Ipixuna do Pará. O município Dom Eliseu registrou o maior número de desmatamentos no
mesmo período como mostra a Tabela 44.
Tabela 44 – Número de queimadas e desmatamentos no Território do Nordeste Paraense
Território/ Municípios do Nordeste do Pará
Número de Queimadas
Número de Desmatamentos Total Área (ha) Percentual de
Desmatamento Aurora do Pará 38Cachoeira do Piriá 10Capitão Poço 56Dom Eliseu 100 17.484 3,3Garrafão do Norte 35Irituia 8Ipixuna do Pará 100 22 1.251 0,24Mãe do Rio 3Nova Esperança do Piriá 52Ourém 14Santa Luzia do Pará 51São Domingos do Capim 7São Miguel do Guamá 2Paragominas 8 40 6.989 0,36Ulianópolis 15 3.197 0,63Total Território 384 177 28.921 -
Fonte: MDA, 2005
Nas entrevistas um assunto recorrente foi o acelerado processo de degradação
ambiental e a busca de soluções por intermédio de ações, com grande investimento, como
os Programas de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural –
Proambiente70, Projeto Floresta e Agricultura na Amazônia - FLOAGRI71 e o Projeto
Alternativas ao Desmatamento e às Queimadas - PADEQ, fortes aliados na recuperação
das áreas degradadas.
No Território Nordeste Paraense, o FLOAGRI tem incentivado o trabalho com os
agricultores familiares, em especial, como parceiro na definição de Planos de Manejo no 70 Programa executado pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Ministério de Meio Ambiente - MMA
em parceria com o Sistema de Crédito do Programa Nacional de Agricultura Familiar – PRONAF, do Ministério de Desenvolvimento Agrário - MDA e da Embrapa. Estão envolvidos agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, indígenas, remanescentes de quilombolas e populações tradicionais.
71 É uma parceria entre o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento – CIRAD/França e a EMBRAPA. Apóia as ações do Proambiente e tem como parceiro territorial a FANEP.
Pólo do Rio Capim, no Município Mãe do Rio. O Proambiente tem dedicado tempo na
eliminação das queimadas adotando sistemas florestais em áreas já desmatadas, na região
de Rio Capim.
2.5 - Inovação tecnológica
Sobre a inovação tecnológica ouviram-se discursos dirigidos à importância do Pólo
Proambiente e à novidade de uma assistência técnica cujo suporte principal está baseado
nos multiplicadores agroecológicos em sistemas agroflorestais - SAF´s. A parceria da
EMBRAPA com a FANEP a partir do Pólo Proambiente permitiu levantar 78 experiências
agroecológicas no Pólo Rio Capim que contempla quatro (4) municípios do Território. Dentre
estas experiências destacam: feijão abafado, galinheiro agroecológico, piscicultura de
base familiar com ração alternativa, sistemas agroflorestais, secadores solares utilizados
para a fabricação de frutas secas.
O PADEQ presta suporte técnico da EMBRAPA a um grupo de 50 famílias dentro do
Território provocando: “intercâmbios entre os agricultores que elevam a auto-estima e
criam potencial de mudança”, afirmou um dos entrevistados.
Há um outro PADEQ executado pela FANEP: “os 2 PADQ´s ficaram muito
semelhantes”, comentou um pesquisador da EMBRAPA. A replicação com projetos não é a
preocupação central – sobretudo em um Território com tais dimensões e, sim, “com a
extrapolação dos resultados dentro de um processo participativo, de adaptação,
compatível com o interesse de cada grupo, montado junto com os agricultores” finalizou.
Cursos sobre reciclagem, produção e distribuição de mudas, árvores nativas e
exóticas, frutífera e essências florestais são oferecidos pelos técnicos das três
reconhecidas prestadoras de serviço, isto é, a FANEP, a COODERSUS e a EMATER (ver
item sobre lideranças no território) 72 .
Com recurso do MDA - 2005/2006, a EMATER identificou e adotou – como as
outras entidades de assistência técnica atuantes no Território, tecnologias que
possibilitassem a transição para a agroecologia: “fizemos a transição com milho verde que
é o forte em São Miguel do Guamá. Também fizemos com o feijão sem utilização de
72 O SEBRAE pouco interage no Território e apenas foi mencionado em casos isolados e em relação aos projetos de Desenvolvimento Local e Setorial - DLS
129
agrotóxicos, com a mandioca, com a melancia. Temos uma unidade de observação há 3 anos
em São Domingos do Capim. Em Capitão Poço temos um projeto de laranja orgânica”
explicou um dos técnicos.
Indústrias de pequeno e mediano porte têm repercussão no Território, estão
ligadas a diversos setores como, por exemplo, olearia, transformação de madeira
(laminados), derivados do leite (MANACÁ em Mãe do Rio) e Transformação da Cana de
Açúcar (PAGRISA em Dom Elizeu) (MDA, 2005).
3 - Imaginário
3.1 - Conhecimento da política do MDA
O conhecimento do processo de territorialização está diretamente associado à
execução das ações vinculadas ao PRONAF, de elaboração e implantação de projetos em
assentamentos e à idéia do MDA ser “simples repassador de recursos”.
A primeira oficina territorial aconteceu no município de Paragominas, em 2003, com
a presença de aproximadamente 200 pessoas no Sindicato dos Trabalhadores Rurais,
porém, expôs um dos informantes: “foi explicada por alto a concepção territorial. O que
ficou claro é que tínhamos tantos mil reais para trabalhar projetos”.
A situação do articulador, mesmo exercendo suas funções sem a continua e regular
remuneração de seus serviços, tem mobilizado os atores territoriais. Esta preocupação foi
expressa nas reuniões coletivas: “se o MDA resolver o problema do articulador resolverá
grande parte do nosso trabalho [articulação]. Ele tem que ajudar até na captação de
recurso, ajudar na fiscalização, na aplicação e na formação das equipes”. “Ele [articulador]
é o elo, sem ele não temos como avançar. É a pessoa que vê as diferenças e que possibilita
ajustar as ações” complementaram durante as entrevistas.
“O MDA tem pouco acompanhamento, se integra pouco com outros ministérios”, 73
sublinhou uma das entrevistadas. Também, nesse sentido, a falta de comunicação entre os
membros da CIAT e consequentemente a falta de decisões tomadas coletivamente é mais
73 Foram identificadas ações do MDA junto ao Proambiente do MMA.
130
uma das fragilidades apontadas quando perguntados sobre as ações iniciais de instalação
do Território.
As reuniões da Comissão são esporádicas e sem a presença da maioria de seus
membros: “a última reunião foi final de 2005. A CIAT fez mais ou menos 8 reuniões. São
25 membros mas não participam”.
Assim escutou-se: “Foi uma guerra [nas oficinas da CIAT], não havia junção de
esforços. A CIAT discute, discute e não anda. Cada um puxando para si”.
As dimensões do Território foram sempre lembradas e até contestadas durante as
entrevistas. Algumas das reflexões feitas nesse sentido são aqui transcritas:
- “O território é grande demais e se for dividido as ações seriam melhor trabalhadas, respeitando as diferentes vocações [dos municípios]”;
- “São 3 territórios num só. No território [municípios] os comportamentos e atitudes dos agricultores familiares são diferentes”;
- “Para ter uma discussão mais clara e interligada é bom criar comissões sub-territoriais”;
- “Os 15 municípios têm muitas particularidades. Uma ponta tem clima mais seco, solo argiloso, o linguajar diferente. A outra tem solo menos argiloso, têm mais nordestinos”;
- “O território é muito grande e os municípios com particularidades bem próprias. Ulianópolis e Paragominas não têm nada a ver com os outros”.
O MDA foi deflagrador do processo de territorialização, mas até hoje “é um
gargalo”, comentaram. Foram designados R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) para a
execução de projetos no Território, porém a burocracia, a inadimplência de muitos dos
municípios que o compõem e a falta de experiência das agências bancárias em lidar com
gestão territorial foram realçadas como gargalos.
A falta de comunicação entre os governos municipais e, entre estes e os
movimentos sociais foi ressaltado quando apontaram a necessidade de maior envolvimento
e colaboração das lideranças locais e institucionais, inclusive para acompanhar a gestão
territorial considerada “adormecida”.
131
“A fraca organização e a excessiva ingerência da política [políticos] traz em
conseqüência uma má gestão” analisaram e resumiram os atores territoriais.
Finalmente, o Agrofuturo e mais especificamente o Núcleo é visto como
“combustível” e acelerador do processo de territorialização. Escutou-se: a CIAT começa a
funcionar quando o Núcleo Piloto chegar à região. Ela ficou muito tempo parada. Um faz
funcionar o outro”
Porém, outro ator retomou a questão partidária na sua fala: “o Agrofuturo pode vir
a fortalecer a CIAT. As prioridades devem ser tomadas na CIAT senão cai na briga das
prefeituras. Essa disputa pode acontecer”.
3.2 – Apropriação da estratégia de territorialização por parte dos atores
A aplicação da política de territorialização e a indução ocasionada pelos fundos de
investimento do MDA conduziram à formação de parcerias que incluíram diversas
instituições públicas e privadas, paralelamente à instalação da CIAT, com o objetivo de
obter ganhos conjuntos, isto é, serem propagadores de desenvolvimento nos 15 municípios
do Território. Isso significou, na teoria, exigir maior comunicação entre os municípios e
suas instituições. Porém, na prática, a fragmentação e a distâncias tanto físicas como
econômicas, político-partidárias e culturais têm impedido a aproximação e o atendimento
das demandas municipais com repercussão territorial. O trecho de uma das entrevistas
sublinha este assunto: “o [nosso] raio de atuação é limitado, com pouca mobilidade para
trabalhar com formação, apoio a atividades produtivas. A área [do território] é muito
grande”.
Outro entrevistado apontou preocupação com as metas de capacitação colocadas
nos diversos projetos quando afirmou: “capacitar por capacitar não tem efeito nenhum.
Devem ser levantadas as demandas e as aptidões” dos municípios e de suas comunidades
sejam elas ribeirinhas, quilombolas, indígenas ou de assentados, pobres ou ricas, como
Nova Esperança do Piriá e Paragominas, acrescentaram.
Uma das falas revela essa situação: “eu percebo certo gigantismo na questão de
território. Os municípios estão em estágios diferentes”. E outro entrevistado, no mesmo
sentido, pergunta: “não seria estratégico fazer divisões menores, com equipes voltadas
132
para cada região? Os níveis de agricultura são diferentes, a região norte [do território] é
diferente da região sul”.
A apropriação da estratégia de territorialização ainda não aconteceu. As razões em
parte foram acima colocadas. Outras, também mencionadas, dizem respeito à falta de
atuação da CIAT, à falta de socialização das informações, à extensão do Território, à
população numerosa, às migrações, às baixas taxas de escolaridade. Enfim, como
apontaram durante as entrevistas coletivas: “a região do nordeste paraense precisa
trabalhar a conscientização para eles [população local] verem que pode dar certo e assumir
compromissos”, ou seja, a estratégia de territorialização carece de instrumentos que a
viabilizem.
3.3 - Conceito de núcleo
Os entrevistados, na sua maioria, mostraram interesse por este espaço, sobretudo
por ser visto como elemento agregador das ações territoriais.
Esse interesse também reflete uma busca de maiores informações sobre o Núcleo
Piloto já que muitos demandaram maiores detalhes sobre seu funcionamento e parcerias.
Há pouco incentivo à convergência de esforços e à otimização de recursos entre as
prestadoras de serviço. Inclusive – apesar do desconhecimento dos critérios de escolha e
instalação do núcleo, relataram haver certo “ciúme” entre as futuras entidades parceiras
do Agrofuturo: “acho que cada um dos atores institucionais dentro do território está
dando tiro para os lados. A questão política das prestadoras atrapalha. As articulações se
dão mais pelas pessoas do que pelas instituições” observou um dos informantes.
Quiçá a concentração de vários dos projetos em municípios repetidamente
beneficiados, que concentram não só os recursos financeiros, mas, sobretudo os olhares
dos técnicos e dos poderes locais, seja uma das razões dessa desarmonia entre algumas
das entidades-líder. As palavras de um dos entrevistados explicaram melhor esta situação:
“hoje os assentamentos são disputados pelos técnicos. Aqui os técnicos já estão sobrando”.
O cuidado, disse outro, é “para não ser [o Núcleo] mais uma coisa que chega ao Território”.
Qual o ponto forte da instalação do Núcleo Piloto no Território? Foi uma das
questões indagadas nas entrevistas. Várias das respostas são aqui retomadas:
133
- “Eu vejo o Núcleo Piloto como principal ponto de apoio para as ações territoriais e daqui a 5 anos, se a gente conseguir fazer a tal integração, o território estará funcionando”;
- “Acho que o Núcleo Piloto pelo número de pessoas e pela área territorial é pouco. Mas se a gente conseguir integrar a CIAT, a gente consegue”;
- “Eu garanto que o agricultor não vem atrás de informação. Ai não tem resultado prático. Tem que levar a tecnologia para cada ponto, para cada agricultor familiar”;
- “A primeira coisa é metodologia participativa, ou seja, ouvir mais do que falar. Temos que ouvir o que eles [agricultores familiares] têm a falar. Mas em contrapartida não podemos chegar lá e dizer temos xis dinheiro e perguntar que tu queres? Não é jogar para eles a responsabilidade de decisão”;
- “Não é apenas transferência de saberes, deve agregar tecnologia e jamais esquecer a capacitação e o acompanhamento. É importantíssima a troca de informações entre os atores envolvidos. Falar a mesma linguagem”;
- “Ideal seria visitar as experiências para orientar e ver como a gente faz. Aprendendo na prática”;
- “Não basta fazer mais um núcleo piloto. Os técnicos têm que estar diretamente envolvidos. A informação deve ser gerida de fora para dentro”.
3.4 - Identidade expressada
Um argumento bastante usado pela comunidade territorial para definir a identidade
foi a predominância da agricultura familiar. A cultura da mandioca, em especial, traz uma
marca que se expressa na farinha usada no dia-a-dia.
Embora parte dos atores considerasse que a imensidão do Território revela traços
de uma identidade que se constrói nas particularidades de cada município, há um
sentimento forte de identificação com os assentamentos do Território, como um todo.
As riquezas da floresta e suas potencialidades, mesmo que fragilizadas, são na
opinião de muitos dos entrevistados elementos de identidade.
134
4 - Ações
4.1 - Instituições envolvidas
Os atores mais envolvidos desde o início do processo de territorialização foram: o
STRs (mais atuantes Aurora do Pará, Mãe do Rio, Capitão Poço, Santa Luzia do Pará e São
Domingos do Capim). Os menos atuantes foram Ipixuna e Dom Eliseu, segundo os
entrevistados. Também participaram as Associações de Agricultores e o Movimento das
Mulheres do Nordeste Paraense - MMNEPA. As Secretarias de Agricultura com maior
destaque, tanto pela atuação como pela representatividade, foram as de Paragominas e
Santa Luzia do Pará. A Fundação Sócio Ambiental do Nordeste Paraense - FANEP e a
EMATER, são, atualmente, consideradas importantes e atuantes no Território.
O ambiente institucional é bastante diversificado, com relações ora conflitantes,
ora harmoniosas. A maneira como as instituições se articulam e o tipo de relações que se
estabelecem entre elas é refletida no mapa institucional construído a várias mãos.
A atividade consistiu na composição gráfica das relações institucionais. Constam
somente as instituições selecionadas, por consenso, como as mais representativas do
Território. Cada uma das quatorze (14) instituições selecionadas foi analisada de acordo
com o seguinte critério: seta em dois sentidos (boa interlocução), seta em um só sentido
aponta a direção em que ocorre mais frequentemente a comunicação (interlocução regular),
linha pontilhada (interlocução comprometida).
Em escala territorial cinco instituições foram consideradas como mais importes, por
consenso, para ocupar o centro do mapa institucional, a saber: o MDA, a EMATER, o GTA,
a FANEP e a FETAGRI.
Seguem em ordem de importância, os Bancos e o MMNEPA. Mas distantes
encontram-se a SEMAGRI, o COODERSUS, o INCRA e a EMBRAPA.
No antepenúltimo círculo observa-se a SAGRI, no último o SEBRAE e fora dos
círculos, a CONAB considerada na visão dos participantes uma aliada forte no futuro do
Território.
As instituições localizadas no centro do desenho mantêm relaciones de diálogo,
identificadas com as setas em duplo sentido. E, são responsáveis, em maior ou menor grau,
da formação do Território do Nordeste Paraense, com exceção da EMATER e da FETAGRI
135
cuja comunicação está representada por uma linha pontilhada que expressa seus
desencontros.
Também se observam “ruídos” na comunicação da EMBRAPA, SAGRI, SEBRAE e
SEMAGRI expressados pela interlocução comprometida das linhas não contínuas.
Ressalta no mapa a comunicação considerada excelente e representada com setas
de traços mais fortes de quatro das instituições listadas (INCRA, FETAGRI, FANEP e
MMNEPA).
136
Figura 17 – Mapa Institucional do Território do Nordeste Paraense
A seguir, transcrevem-se trechos das falas geradas durante as coletivas, expondo
assim, as impressões dos participantes enquanto construíam o mapa institucional.
INCRA
Está distante da discussão territorial, não participa das reuniões. Nunca colocou
representante na CIAT. Mas a ação do INCRA tem sido grande nos assentamentos.
EMBRAPA
De outubro/novembro do ano passado para cá, temos visto a EMBRAPA. Tem desenvolvido
ações através do PROAMBIENTE. Desenvolve experimentos e tecnologias em parceria com
outras instituições. Em Paragominas já fez muito trabalho, mas não conseguiu a
137
transferência para a agricultura familiar, é só agricultura empresarial. Em São Domingos
do Capim tem ações pontuais.
SEBRAE
Atua em Mãe do Rio, Paragominas. Precisa entrar nas ações do Território. SEBRAE diz:
aquilo é meu e é dele! A EMBRAPA e o SEBRAE têm parceria através de projetos de
divulgação de tecnologia (vitrine), muito pontual.
SAGRI
A SAGRI emperrou tudo. Está atuando, mas não resolve nada.
GTA
O Grupo de Trabalho Amazônico tem uma regional no Território. Fazem parte do núcleo
diretivo e técnico da CIAT. É conhecido pelo trabalho com o meio ambiente. Tem parceria
com a FANEP e os STRs. Participa dos encontros desde o início do Território.
MMNEPA
Está incorporando as questões de gênero com dificuldade. Mas as mulheres estão tendo
um espaço de participação. A relação do MMNEPA e a FANEP é intima.
FANEP
Tem atuação pioneira no Território através da assistência técnica. Está na região desde
1997. Possibilitou a acordada da EMATER. Levantou as demandas do Plano de
Desenvolvimento do Território.
SEMAGRI
Todas fracas. Mandamos convites para participar das reuniões, mas depende muito das
limitações partidárias.
138
FETAGRI
Já cobrou informações do Agrofuturo. Reúne cerca de 15 sindicatos. Deve-se rezar na
cartilha deles. A FETAGRI e a EMATER são os “coronéis” do Território.
COODERSUS
Concentra suas ações nos assentamentos de Irituia, Mãe do Rio, Aurora do Pará e Ipixuna.
Dá assistência técnica em aproximadamente 14 assentamentos atendendo mais ou menos 3
mil famílias. A COODERSUS trabalha em parceria com o INCRA já que presta assistência
técnica em assentamentos da reforma agrária. Pode vir a contribuir dentro da CIAT, foi
convidada a participar mais. Tem parceria com secretarias municipais (SEMAGRIs) que
envolvem áreas de atuação comum.
MDA
Foi o grande animador do processo. É grande parceiro. Dá apoio financeiro a várias
entidades do Território para ações de capacitação em agroecologia e infra-estrutura
social. Tem pouco acompanhamento da articulação e consultoria.
EMATER
Recebe apoio do MDA para trabalhar em áreas demonstrativas. Está fazendo os
diagnósticos das comunidades ribeirinhas.
CONAB
Não participa, mas tem muito a contribuir para o desenvolvimento dos agricultores
familiares, para a comercialização dos produtos.
BANCOS
O Banco da Amazônia (BASA) esteve sempre presente desde o início do processo. O
Ribamar foi muito atuante. A relação com a Caixa Econômica Federal (CEF) é encima de
projetos. A relação é difícil porque somos avaliados pela Superintendência Urbana, não
existe uma Superintendência Rural.
139
4.2 - Lideranças no território
Três instituições perfilaram-se como as lideranças mais fortes no Território, a
saber: FANEP, COODERSUS e EMATER. Todas elas foram mencionadas devido ao
trabalho de assistência técnica realizado no âmbito territorial. Neste item apenas as duas
primeiras terão destaque por não serem empresas do Estado.
A COODERSUS74 presta assistência técnica a 3.635 famílias em 14 assentamentos
dos municípios de Ipixuna do Pará (9), Mãe do Rio (1) e Aurora do Pará (4). Alguns dos
projetos por ela executados estão direcionados para a suinocultura, piscicultura,
ovinocultura, avicultura caipira, pipericultura, bovinocultura, cultivo de maracujá, cultivo
de açaí, cultivo de limão Taiti e reflorestamento,
Durante o período de 2001 a 2006 executou 1.150 projetos em Aurora do Pará,
1.121 em Ipixuna do Pará e 270 em Mãe do Rio, com recursos das linhas de crédito do
Pronaf. 75
A FANEP76 presta serviços de assistência técnica e capacitação em tecnologias
sustentáveis, ademais desenvolve atividades no âmbito do Programa de Desenvolvimento
Socio-Ambiental da Produção Familiar Rural na Amazônia – Proambiente /MMA/MDA e no
Projeto de Alternativas ao Desmatamento e Queimadas – PADEQ.
Também realiza atividades de assistência técnica junto à população dos projetos de
assentamentos de quilombolas, no município Cachoeira do Piriá (comunidades de Itamoari,
Belo Aurora, Paca e Aningal). Concentra seus esforços nos municípios de Mãe do Rio,
Aurora do Pará, Ipixuna do Pará e Capitão Poço. Em Aurora do Pará, segundo os dados da
própria Fundação, foram atendidas, no ano de 2006, 509 famílias e no município de Capitão
Poço, 352 (FANEP, 2006).
A duplicidade de ações e até a falta de comunicação entre as instituições atuantes
no território foram assuntos tratados durante a pesquisa de campo. Notou-se que as
74 Fundada em 28 de abril de 1998, tem como marco inicial a criação do Projeto Lumiar (Programa do Governo Federal de Assistência Técnica aos Projetos de Assentamentos do Incra), conta com 38 técnicos de diversas formações: veterinários, assistentes sociais, engenheiros agrônomos e engenheiros florestais.
75 Dados da COODERSUS, 2006.76 Conta com a parceria das seguintes entidades: MDA/INCRA. FETAGRI, SEMAGRI, STRs, Associação de
Produtores, MMNEPA, Ministério do Meio Ambiente -MMA e a Federação dos Órgãos para a Assistência Social e Educacional -FASE.
140
instituições não medem esforços nas tarefas pautadas, contudo muitas delas são pontuais
e em alguns casos não têm repercussão fora do raio de ação de uns poucos municípios. Ou,
como comentou um dos pesquisadores da EMBRAPA: “as demandas são iguais, mas há
diferenças culturais no território, há diferenças na colonização dos municípios que
implicam na assimilação das tecnologias de forma diferente. Isso significa utilizar
metodologias diferenciadas”.
4.3 – Conflitos
Os problemas expressam conflitos que têm origem na profunda diferença nos níveis
sociais, culturais e econômicos existentes no Território. A dinâmica do Território
Nordeste Paraense reúne tempos e espaços diferenciados entre seus municípios. De um
lado população quilombola, ribeirinha, assentada; do outro lado, municípios urbanos
inseridos na dinâmica regional com forte participação na economia, como é o caso de
Paragominas; contrastando com municípios rurais sem infra-estrutura e dependentes
econômica e institucionalmente, como por exemplo, Aurora do Pará. Este é quiçá o maior
conflito.
Outro fator gerador de conflito é pouca representatividade da CIAT. A frase dita
por um dos seus membros elucida a questão: “a CIAT na verdade sou eu, Orlando
[articulador] e o representante da FETAGRI”. Ou como disse outro entrevistado: “só há
composição, mas não participação”.
A inadimplência de algumas instituições, a situação irregular do articulador
territorial, a falta de apoio do poder público (prefeituras), a distância entre o poder
público e os movimentos sociais, a falta de organização e a multiplicação de prestadoras de
serviço que fragmentam o poder de barganha, pavimentando disputas por recursos públicos
e áreas de atuação pulverizando esforços, foram dentre outras, as situações de conflito
mais mencionadas.
5 - Resultados
5.1 - Formação de capacidades
141
A COODERSUS tem ministrado no último ano cerca de 80 cursos aos agricultores
familiares dos Projetos de Assentamento da Reforma Agrária nas mais diversas áreas:
produtiva (derivados do leite, casas de farinha, manejo de rebanho, pipericultura,
hortaliças), social (cooperativismo e associativismo) e de educação ambiental (mudas e
viveiros).
A Associação de Agricultores da Casa Familiar Rural – CFR, a Escola de Formação
para Jovens Agricultores - ECRAMA, em Santa Luzia do Pará e, a Escola Familiar Rural de
Capitão Poço são projetos de “intenção” de capacitação em educação rural, ou seja,
dependem da liberação de recursos que permitam colocá-las em funcionamento.
Estas são apenas algumas das experiências em “sala de espera” encontradas no
vasto território. Impossível resumir todas elas em tão pouco espaço.
As agências prestadoras de serviço (FANEP e COODERSUS) incluem nas suas
agendas a capacitação seja por intermédio de cursos teóricos, seja através de
experiências de campo. Este parece ser um aspecto positivo embora existam dificuldades
provocadas pelas distâncias, pela falta de comunicação e pela falta de estratégias
diferenciadas para tratar as necessidades e realidades dos atores localizados em sub-
regiões do Território.
Ao que parece esta é uma inquietação de pesquisadores e técnicos envolvidos com
projetos e programas instalados no Território. Veja-se, a seguir uma das afirmações que
melhor resume essa preocupação: “A gente trabalha nossas cabeças, a questão
participativa, a linguagem. Temos que ter sensibilidade. Isso me preocupa, temos que
discutir com o pessoal interno e não levar tanta paulada na base”.
5.1.1 – Educação
A Tabela 45 registra uma taxa de alfabetização territorial de 64,5 % para uma
população de cinco anos de idade ou mais. Do percentual total, 53,9 % corresponde à área
urbana e 46,1% à área rural.
Os municípios com as maiores taxas de alfabetização são: Paragominas (74,1%),
Irituia (72,1%), Mãe do Rio (71,6%) e São Miguel do Guamá (71,5%). A menor taxa
pertence ao município Cachoeira do Piriá (44,4 %).
142
TABELA 45 - Território do Nordeste ParaensePopulação alfabetizada (5 anos ou mais de idade)
População Total(5 anos ou mais)
População alfabetizada (5 anos ou mais de idade)
Município População Taxa de
Alfabetização(%)
Total Urbano (%)
Rural (%)
Aurora do Pará 16.712 56,7 9.483 30,7 69,3Cachoeira do Piriá 13.079 44,4 5.810 21,9 78,1Capitão Poço 43.000 59,0 25.381 47,8 52,2Dom Eliseu 33.959 67,7 22.994 62,7 37,3Garrafão do Norte 20.392 49,9 10.173 36,3 63,7Ipixuna do Pará 21.273 58,0 12.342 24,4 75,6Irituia 26.525 72,1 19.135 22,5 77,5Mãe do Rio 22.112 71,6 15.834 75,2 24,8Nova Esperança do Piriá 15.632 48,9 7.639 32,9 67,1Ourém 12.562 67,6 8.487 51,0 49,0Paragominas 65.588 74,1 48.575 80,8 19,2Santa Luzia do Pará 16.551 59,7 9.878 49,9 50,1São Domingos do Capim 23.024 60,0 13.804 28,5 71,5São Miguel do Guamá 35.795 71,5 25.609 65,1 34,9Ulianópolis 16.454 70,3 11.562 65,8 34,2
Total 382.658 64,5 246.706 53,9 46,1Total dos Territórios no Estado 1.742.381 72,7 1.265.926 61,0 39,0
IBGE. Censo Demográfico (2000). Fonte: SDT/MDA - SIT
5.2 - Plano (processo e estado atual)
O Território do Nordeste Paraense obteve investimentos do Ministério de
Desenvolvimento Agrário - MDA na ordem de R$ 886.311,30 para a execução de cinco
projetos, três em 2004 e dois em 2006.
Tabela 46 - Território Nordeste Paraense – PA
Investimentos da SDT/MDA
Ano Número de Projetos Valor (em R$)
2004 3 840.063,30
2006 2 46.248,00
Total Território 5 886.311,30
Fonte: SDT/MDA – SIT
Os municípios beneficiados no ano de 2004 foram Aurora do Pará, Capitão Poço,
Ipixuna do Pará, Irituia, Mãe do Rio, Ourém, Santa Luzia do Pará, São Domingos do Capim,
São Miguel do Guamá. Estes nove municípios desenvolveram ações idênticas destinadas ao
cumprimento de quatro focos: i) agroindústrias de mel, ii) infra-estrutura para
143
piscicultura, iii) fortalecimento das Casas Familiares Rurais e, iv) implantação de Pólos da
Comissão de Implantação das Ações Territoriais - CIAT (Tabela 47).
Também houve distribuição de aplicações destinadas apenas a ações territoriais, ou
seja, promoção de gestão participativa e elaboração de planos de desenvolvimento
sustentável coordenadas pela Federação dos Órgãos para a Assistência Social e
Educacional - FASE e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura - FETAGRI.
Tabela 47 - Território Nordeste Paraense – PA
Ações da SDT - Ano 2004
Proponente Localização Valor (em R$) Objeto
Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
Nordeste Paraense 41.000,00
Ações básicas para elaboração dos planos de desenvolvimento dos territórios rurais nos estados da região norte.
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará
Nordeste Paraense 53.248,00
Promover processos de mobilização para a gestão participativa do desenvolvimento sustentável dos territórios rurais.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura Mãe do Rio 17.600,00
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura Irituia 161.561,99
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura
Capitão Poço 160.846,30
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura
Aurora do Pará 46.200,00
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura
São Domingos do Capim
46.200,00
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura
Ipixuna do Pará 150.522,74
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura Ourém 99.084,27
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura
Santa Luzia do 17.600,00 Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e
derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura,
144
Pará fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Secretaria Executiva de Estado de Agricultura
São Miguel do Guamá 46.200,00
Apoio à implantação de uma agroindústria de mel e derivados apícolas e de infra-estrutura para piscicultura, fortalecimentos de casas familiares rurais e implantação de pólos da CIAT.
Total Ano 840.063,30 Fonte: SDT/MDA (2006).
Em contrapartida no ano de 2006 os recursos investidos pelo MDA estiveram
concentrados exclusivamente em duas ações. A primeira, contemplada como territorial
centrada no apoio ao funcionamento dos escritórios da CIAT e ao levantamento das
necessidades educacionais do Território. A segunda priorizou o armazenamento e
comercialização de feijão - caupi no município de Ourém como se desprende da Tabela 48.
Tabela 48 - Território Nordeste Paraense – PA
Ações da SDT - Ano 2006
Proponente Localização Valor (em R$) Objeto
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará
Nordeste Paraense - PA
22.000,00Apoio ao funcionamento dos escritórios da CIAT/Levantamento das necessidades educacionais do Território.
Prefeitura Municipal de Ourém Ourém 24.248,00 Apoio ao armazenamento e comercialização de feijão-caupi.
Total Ano 46.248,00
Fonte: SDT/MDA (2006).
Os principais eixos integradores sobre os quais se debruçam as ações territoriais
são:
- Educação/capacitação: Casa Familiar Rural e Projeto Todas as Letras apoiado pelo
Programa Nacional de Geração de Emprego e Renda – PRONERA;
- Produção: Infra-estrutura produtiva com ênfase com na suinocultura, apicultura,
piscicultura, olericultura, avicultura e na ovinocultura;
- Saneamento Básico com atenção especial à reciclagem do lixo doméstico e incentivo
à compostagem do lixo orgânico;
- Ambiental: recuperação de áreas degradadas com mudas e viveiros.
145
Neste quadro promissor de atividades territoriais muitas ações ainda nem foram
iniciadas. Aqui novamente observa-se o descompasso entre o Plano e a real implementação
das ações, muitas delas sujeitas à liberação de recursos, ao jogo de poderes e à ausência
de gestão.
5.3 - Avanços no ciclo de gestão social
Embora haja críticas sobre o processo de desenvolvimento territorial, vários pontos
foram apontados como positivos. O primeiro foi a capacitação dada aos agricultores
familiares pelas entidades de assistência técnica apesar da oferta ainda ser limitada. O
segundo refere-se ao despertar para as responsabilidades ambientais e, por último, a
atenção das políticas do MDA para as chamadas minorias sociais.
Não resta dúvida que o melhor exemplo de avanços na gestão social está ancorado na
prática de enfoques alternativos baseados na agroecologia e, no sentimento de
protagonismo do agricultor familiar, concluíram os entrevistados. Esse “clima de ganhos”
ainda não é totalmente satisfatório, apontaram os atores locais, já que procuram novas
soluções para antigos problemas como a comercialização, a falta de agroindústrias e de
agregação de valor aos produtos regionais. Um dos entrevistados concluiu: “a gente busca
agregar, ganhar força. Vemos as coisas acontecendo”.
146
V.Considerações Finais
Com base em abordagens participativas e entrevistas foram coletadas informações
junto aos atores locais que desempenham atividades-chave no desenvolvimento territorial.
Após a análise dos dados elaborou-se um quadro diagnóstico que resume, de forma auto-
explicativa, os pontos fracos e fortes do ambiente atual.
O diagnóstico permitiu ainda a identificação, no presente, dos fatos e atores
portadores de futuro, que auxiliarão a visualização dos possíveis cenários prospectivos e a
conquista do objetivo estratégico dos núcleos-piloto (Quadro 01, 02 e 03).
Pode-se inferir dos resultados da pesquisa apresentados neste trabalho que as
capacidades, tanto internas quanto externas dos Territórios, devem predominar como
indicadores de desenvolvimento rural sustentável.
As atividades-chave de suporte da agricultura familiar, executadas pelas entidades
públicas ou privadas, no espaço territorial Grande Dourados, Sisal ou Nordeste Paraense,
devem privilegiar investimentos que conduzam à concentração de esforços de setores
relacionados à agricultura familiar nas suas diversas acepções, segundo consta no
Agrofuturo.
O objetivo que deve ser atingido, na perspectiva do Desenvolvimento Rural
Sustentável, é o reforço não só do conjunto de alianças locais, como também no sentido de
acentuar as relações tanto horizontais como verticais. Assim, ações otimizadoras que
reduzam os pontos fracos ou mesmo os superem, reforçarão a posição competitiva dos
atores territoriais.
Atenção especial também deve ser dada às oportunidades de parceria que se
apresentam nos três territórios.
No entanto, as posições competitivas dependem da capacidade dos Núcleos-Piloto
conseguirem transformar ou contornar as ameaças que afetam a capacidade de
desenvolvimento sustentável dos territórios.
Alguns dos gargalos e empecilhos comuns levantados nas entrevistas nos três
territórios emergiram como consensos:
147
A falta de socialização e promoção das atividades realizadas pelos diferentes
órgãos públicos e privados de abrangência territorial;
As dificuldades burocráticas de repasse de recursos federais, estaduais e
municipais para execução das ações territoriais;
As dificuldades burocráticas para a assinatura de convênios e parcerias entre
instituições governamentais e prestadoras de serviços, entre ministérios e
secretarias;
A replicabilidade de ações e projetos direcionados ao desenvolvimento rural
sustentável ou a falta de complementaridade entre eles;
A falta de gestão das ações territoriais impulsionadas pelas Comissões de
Instalação das Ações Territoriais, Conselhos ou Agências;
A falta de definição dos beneficiários das ações territoriais ou a
concentração em apenas um segmento destes;
A falta de articulador territorial ou a alta rotatividade dos mesmos
prejudicando o repasse das informações e a tomada de decisões de
importância para o coletivo;
A falta de acompanhamento das ações realizadas no território;
A falta de assistência técnica enquanto ação geradora de cidadania;
A falta de sistemas de avaliação qualitativa interna à gestão territorial no
âmbito das instituições responsáveis;
A “dança das cadeiras” de gerentes, coordenadores e secretários por força da
política partidária;
A duplicação de funções ou indefinição dos papéis das lideranças territoriais;
A falta de autonomia nos processos de decisão das equipes responsáveis de
projetos de âmbito territorial;
A baixa articulação entre municípios ou concentração das ações em poucos;
A falta de credibilidade junto ao público alvo de novos programas e projetos;
148
A multiplicação de diagnósticos e estudos cujos resultados não foram
repassados nem validados entre os beneficiários;
A falta interface entre os inúmeros programas e projetos de âmbito
territorial;
O diagnóstico aqui apresentado permitiu obter informações referentes à
identificação e qualificação das instituições territoriais, para o acompanhamento de
responsabilidades de gestão dos Núcleos-Piloto, por intermédio das capacidades técnicas
presentes nos municípios e dos processos que se espera gerem as ações estratégicas dos
Núcleos.
Assim, algumas recomendações emergem e precisam destaque:
1. Distinguir os níveis de apropriação dos princípios e objetivos dos Núcleos por
parte dos atores territoriais públicos e privados;
2. Identificar a geração de novos processos de planejamento expressos em
diagnósticos anteriores, planos e projetos de desenvolvimento sustentável com
enfoque na agricultura familiar;
3. Observar os novos processos de gestão dos projetos e programas de
desenvolvimento sustentável nos diferentes municípios que conformam os
territórios-foco para distinguir os projetos reais – de curto, médio e longo
prazos, das localidades com a finalidade de evitar apoiar projetos de pouco
impacto territorial ou que apenas atendam um número irrisório de agricultores
familiares;
4. Observar inquietações com respeito às dimensões territoriais – tamanho,
diversidade e heterogeneidade socioambiental da área que o compreende, no
intuito de atender as especificidades e vocações sem comprometer a visão
territorial;
5. Identificar a participação real dos agricultores familiares e das comunidades no
desenvolvimento territorial;
6. Alimentar um quadro que proporcione informações que permitam visualizar os
impactos e resultados que se derivem da implantação das ações dos Núcleos-
149
Piloto a partir de cinco vertentes includentes: a econômica, a ambiental, a social,
a institucional e a territorial.
a) A vertente econômica será dimensionada através das informações
procedentes de censos econômicos e populacionais do IBGE e informação
sistematizada de secretarias estaduais de planejamento que, na maioria dos
casos, mantém uma página atualizada na internet com dados municipais e
parcerias institucionais com vista a subsidiar ações de interesse. Os dados
do Censo Agropecuário, em curso, serão de grande valia uma vez que sejam
disponibilizados no próximo mês de agosto permitindo acesso a dados
geográficos, sociais e culturais atualizados.
b) A vertente ambiental será atingida através das ações que promovem o uso
sustentável dos recursos naturais e a conservação do meio ambiente. O
banco de dados do Ministério do Meio Ambiente - MMA e do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente- IBAMA são relevantes neste ponto, assim
como os dados recopilados em diversos projetos de abordagem ambiental
desenvolvidos pela Embrapa. Também os dados das secretarias municipais de
meio ambiente presentes nos territórios.
c) A vertente social será abordada por meio das ações que promovem a inclusão
social dos municípios de abrangência territorial. Observando os planos e
projetos que atendam os agricultores familiares e busquem melhorar a
qualidade de vida dos mesmos: geração de emprego e renda, acesso a
educação, saúde e saneamento básico.
d) A vertente institucional será observada através dos dados que surjam de
perguntas clássicas: quais? O que fazem? Quando? Como? Onde? Qual o
público? Com que meios? As respostas a essas questões são mapeadas e
confrontadas com os princípios e objetivos dos Núcleos-Piloto, de sorte a
eleger, entre elas (as instituições) as mais eficazes, eficientes e
transparentes para desenvolver conjuntamente as ações do componente 3 do
Agrofuturo.
150
e) A vertente territorial não é mais do que a conjugação das vertentes
anteriores e deve destacar os processos, sejam estes econômicos ou sociais
que procurem o desenvolvimento sustentável do território.
A cada uma destas vertentes correspondem macro e micro-indicadores que serão
utilizados para monitorar os municípios que compõem os três territórios selecionados para
a implantação dos Núcleos. Os micro-indicadores devem ser levantados segundo as
especificidades de cada território. Já alguns dos macro-indicadores comuns se mostram a
seguir:
Sociais:
IDHT - Índice de Desenvolvimento Humano TerritorialIDHT - Índice de Desenvolvimento Humano Territorial - Educação Mortalidade infantil até 1 ano de idade Número de leitos hospitalares Número de famílias atendidas por transferência de benefícios sociais Número de Bibliotecas Número de Ginásios de esportes e estádios Número de Escolas (ensino fundamental, médio, técnicas, agrícolas)Número de Unidades de Ensino Superior
Demográficos:Taxa de urbanização (% entre população urbana e população total)Densidade demográfica (habitantes por km2)Razão entre população masculina e população feminina População por faixa etária
Institucionais: Número médio de Conselhos Municipais Participação nos Conselhos Territoriais Transferências intergovernamentais da União
Econômicos:IDH - Índice de Desenvolvimento Humano – Renda Índice de Gini – Renda Índice de Gini – Terra Participação da agricultura no Produto Interno Bruto Rendimento médio da produção agropecuária Razão entre estabelecimentos agrícolas familiares e patronais Exportações
151
Ambientais: Abastecimento de água Disponibilidade de esgoto sanitário – rede geral Disponibilidade de coleta de lixo Drenagem dos solos Resistência à erosão Fertilidade dos solos DesmatamentosQueimadas
As recomendações e informações contidas nesta linha de base poderão subsidiar na
definição de indicadores e de estratégias - respeitando a singularidade de cada território
e dentro dele de cada município, que por sua vez permitirão o monitoramento e a constante
atualização das ações a serem empreendias de sorte a garantir:
a) Um conhecimento da dinâmica institucional (atores e ações) que envolve o
cenário (território) onde o núcleo se instala;
b) O processamento dos dados (qualitativos e quantitativos) necessários ao
cruzamento constante dos objetivos e metas com a realidade territorial e sua
utilização em planos de trabalho concretos;
c) A elaboração das saídas/alternativas de construção de futuro a partir da
instalação e funcionamento do Núcleo;
d) Uma rotina de trabalho que permita que cada ator envolvido e cada projeto
desenvolvido (nas variadas dimensões), sejam trabalhados dentro de uma
lógica territorial, porém que os resultados e avanços integrem
harmonicamente uma ação coletiva coerente a cada município;
e) Uma interação permanente com a realidade territorial que leve à correção
continua das fases anteriores. Deste modo deverão ser inseridas as mudanças
(internas/externas) que não foram ou não puderam ser observadas ou
consideradas e que podem alterar o processo de construção de futuro
(objetivos e metas dos Núcleos- Piloto);
152
Trabalha-se, então, com as fontes geradoras de eventos (atores territoriais) e suas
decorrências (ações) para facilitar o acompanhamento no tempo presente e futuro. Ou
seja, cada vez que um evento (ator territorial) ou sua decorrência (ações) se modifica, em
relação aos objetivos, metas e estratégias propostas, devem ser atualizadas permitindo
sua readequação, reduzindo desperdícios de recursos (humanos e financeiros) e
aumentando resultados positivos.
O uso de indicadores (de resultados, de eficácia ou de controle) para avaliação de
programas tem que considerar as ações e atender os objetivos neles contidos, medindo não
apenas variáveis quantitativas, mas também qualitativas geradas para esse fim. Os
indicadores não são mais do que “dedos” que sinalizam, orientam e auxiliam as tomadas de
decisão. Portanto, devem-se elaborar indicadores que atendam tanto o processo de gestão
dos territórios face a instalação dos núcleos, como indicadores de resultados. Problemas,
conflitos, integração, pontos críticos e pontos de aliança podem ser indicadores que
permitem avaliar projetos dentro de um programa.
A avaliação restrita a resultados vinculados à quantificação de eventos, cursos e
capacitações peca pela falta de observações que digam não apenas sobre o número de
beneficiários dos núcleos de informação e gestão tecnológica, mas da verdadeira
assimilação dessas informações e a real adoção de novas tecnologias. Daí a preocupação
com avaliações e monitoramentos que envolvam a parte inspiradora do componente 3 do
Agrofuturo – os atores territoriais e em especial os agricultores familiares, medindo
finalmente a qualidade dos resultados junto a estes.
153
Quadro Resumo 1 - Território Grande Dourados / MS
Dimensão Institucional
Dimensão Econômica
Dimensão Sociocultural
Dimensão Territorial
Dimensão do Conhecimento
Dimensão Ambiental
Interlocução comprometida entre os atores
Binômio Boi/soja
Pecuária de Leite
Projetos de Segurança
Alimentar com Indígenas e
Quilombolas
Gestão Participativa
Frágil
CIAT pouco atuante
Reestruturação da CIAT (Agência)
Problemas de articulação
Política de AT insuficiente
Muita demanda e pouca oferta
de AT
Pesquisas pontuais nos
assentamentos
Pouco acesso à informação
Déficit ambiental histórico
(ciclo erva-mate/ciclo soja)
Uso de Agrotóxicos
Desmatamento
Solos degradados
Poluição das águas
Situação do momento
Inicial
Identificação de Atores
Identificação de Rupturas/
Conflitos
Fatos que contribuíram
para construção do
presente
Principais processos
dinâmicos que repercutem no
presente
Identificação de Fatos
Portadores de Futuro
Descomprometimento
dos poderes locais
APOMS
MDA
Idaterra/ Agraer
EMBRAPA
Prefeituras1
Universidades2
CPT
Cooperativas
Vazio de articulação
Falta de estratégia
metodológica e gestão da CIAT
Desmotivação do Colegiado
Falta de consciência associativa
Falta de AT
Falta de metodologia de
repasse das informações
APOMSEMBRAPA
(soja/mandioca/milho)
Parceria entre MMA,
SEMMA, UEMS
Criação da Secretaria de Agricultura
Familiar -Dourados
Territorialização
Agroecologia
Plano de Estratégias de Longo Prazo-
MS-2020 (estadual)
Criação do COREDES
Desenvolvimento da Agroecologia
Resgate da CIAT com entrada do Núcleo Piloto
Escola Sítio/ Projeto Sala
Verde
Unidades de Referência
Agroflorestal
154
Quadro Resumo 2 - Território do Sisal / BA
Dimensão Institucional
Dimensão Econômica
Dimensão Sociocultural
Dimensão Territorial
Dimensão do Conhecimento
Dimensão Ambiental
Interlocução centralizada
Pecuária extensiva de
bovinos e caprinos
Sisal
Feijão mandioca /
milho
Projetos com jovens e mulheres
Rádios comunitárias
Gestão Centralizada
Falta de AT e de
Diversificação
Concentrada na recuperação
econômica do sisal
Agroecologia incipiente
Adequação de tecnologias
tradicionais da mandioca (Embrapa)
Queimadas / Derrubada da
Caatinga
Erosão/ Degradação dos
Solos
Situação do momento
Inicial
Identificação de Atores
Identificação de Rupturas/
Conflitos
Fatos que contribuíram
para construção do presente
Principais processos
dinâmicos que repercutem no
presente
Identificação de Fatos Portadores
de Futuro
Força dos Movimentos
Sociais
APAEB
EBDA
FATRES
Cooperafis
CODES
Cooperjovens
Embrapa
MDA
SEBRAE
MOC
Universidades
Coopere/
Sicoob
Crise da APAEB
Pouca Comunicação
entre CODES e APAEB
Tensão entre Sociedade Civil e Poder Público
Atritos entre Sociedade Civil
e Sociedade Civil
Organização:
APAEB
CODES
Concentração no SISAL
Territorialização
Dinâmica do CODES
APAEB
Biodiesel
Etanol
Fortalecimento do CODES
Escola Família Agrícola
Bacharelado em Comunicação
Social(UNEB/CODES)
UNISISALUniversidade Itinerante na
Trajetória do Eixo Euclidiano
155
Quadro Resumo 3 - Território do Nordeste Paraense / PA
Dimensão Institucional
Dimensão Econômica
Dimensão Sociocultural
Dimensão Territorial
Dimensão do Conhecimento
Dimensão Ambiental
Desarticulação
Pouco incentivo à
convergênciade esforços e à otimização de
recursos
Relações pessoais/
institucionais
Pecuária
Mandioca
Feijão/milho
Frutas
Indígenas
Ribeirinhos
Assentados
Quilombolas
CIAT não estruturada
Divergências
Diversidade municipal
Falta de AT
Adaptação à diversidade
Escola Familiar
Rural (intenções)
Ciclo da Borracha/Pecuarização
Desmatamento
Queimadas
Exploração madeireira
Perda da biodiversidade
Ocupação desordenada
Situação do momento
Inicial
Identificação de Atores
Identificação de Rupturas/
Conflitos
Fatos que contribuíram
para construção do presente
Principais processos
dinâmicos que repercutem no presente
Identificação de Fatos Portadores
de Futuro
Desarticulação MDA
Fetagri
Coodersus
Semagri
Incra
Sebrae
Sagri
Emater
Embrapa
Fanep
MMNEPA
Gestão Territorial
Frágil/articulador
Dimensão Territorial
Falta de diálogo entre
prestadoras de serviço
Apenas repasse de recursos
Histórico de Frente
Pioneira
Presença da Embrapa
Presença de Ongs
Presença do MDA
Programas deDesenvol.
Socio-ambiental
Proambiente/Floagri/ Padec
Instalação de Ongs
Programas de Desenvolvimento Socioambiental
Transição para agroecologia:
milho verde/feijão/mandioca
156
VI.Referências
ABREU, S. Planejamento governamental: A SUDECO no espaço mato-grossense. Contexto, propósitos e contradições. (Tese Doutorado em Geografia). São Paulo, USP, 2001.
ARAUJO, M. A contribuição da Embrapa para a implantação da política de desenvolvimento sustentável no Plano Plurianual (PPA) 2000-2003. Brasília: UnB- Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2004. 124p.
BAHIA. Plano Safra Territorial do Sisal. Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério de Desenvolvimento Agrário - SDT/MDA e Secretaria de Segurança Alimentar do Ministério de Desenvolvimento Social - MDS, abril de 2006. 20 p.
BAHIA. Estudo da Base Econômica Territorial/Território do Sisal, MDA, junho de 2005. 49p.
BAHIA. “Desenvolvimento Territorial na Bahia”. Caderno Informativo, Conceitos & Metodologias. Salvador, Bahia: MDA, 2005. CD-Rom.
CAMPESTRINI, H. & GUIMARÃES, A. História de Mato Grosso do Sul. Campo Grande / MS: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, 2002. 287p.
CARVALHO, O. “Nordeste Semi-árido: nova delimitação” In: Boletim Regional Informativo da Política de Desenvolvimento Regional. Ministério da Integração Nacional, Brasília, nº. 1, 2006. pp. 8-17.
COMAR, V. Relatório Articulação Territorial. IMAD/CIAT Grande Dourados, 2006. p102.
ECHEVERRI PERICO, R. & MOSCARDI CARRARA, E. Construyendo el desarrollo rural sustentable en los territorios de México. México: Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura- IICA, 2005. 283p.
IBGE. Pesquisa Agrícola Municipal, 2004.
MATO GROSSO DO SUL. Plano Safra Territorial Grande Dourados. Fundação Candido Rondon, s/d. 75p
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PARÁ. Planejamento do Desenvolvimento do Território Rural do Nordeste Paraense FANEP, 2006.
157
PARÁ Estudo da Dinamização da Economia do Território Nordeste Paraense. Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério de Desenvolvimento Agrário - SDT/MDA, agosto de 2005.
PARÁ. Banco de Dados. INCRA/IDAM/COODERSUS. 2006.
PARÁ. Relatório FANEP. Aurora do Pará, 2006.
PARÁ. Perfil dos Territórios Rurais- Território Nordeste Paraense – PA. Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério de Desenvolvimento Agrário - SDT/MDA, 2006.
SAYAGO, D., TOURRAND, J. F. , BURSZTYN, M. Amazônia: cenas e cenários. Brasília: Universidade de Brasília, 2004. 282p
SOUZA, R. “Agricultura familiar e pluriatividade no semi-árido baiano” In: Bahia Análise & Dados. Salvador: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI v. 13 n◦ 4, março de 2004. 1024p.
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SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Recentes Transformações do Rural Baiano. Salvador: SEI, 2003. (Série Estudos e Pesquisas). 70p. VASCONCELOS DIAS, W et. al. Territórios de Identidade: um novo Caminho para o Desenvolvimento Rural Sustentável na Bahia. Bahia, Feira de Santana: Gráfica Modelo, Coordenação Estadual de Territórios - CET, 2006. 119p.
VEIGA, J.B. et.al. Expansão e Trajetórias da Pecuária na Amazônia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004. 161p.
WAQUIL, P. et.al. Para medir o desenvolvimento territorial rural: validação de uma proposta metodológica. Projeto de Pesquisa (SDT/MDA/IICA), 2007. 21p.
158
VII. ANEXOS
I. Território Grande Dourados – Mato Grosso do Sul
II. Território do Sisal - Bahia
III. Território do Nordeste Paraense - Pará
159
Anexo I
Território Grande Dourados – Mato Grosso do Sul/MS
Lista de entrevistados:
1 - Huberto Noroeste dos Santos Paschoalick Instituição: Prefeitura Municipal de Dourados Cargo: Secretario Municipal de Agricultura Familiar
2 - Olácio Mamoru Kamori Instituição: Associação dos Produtores Orgânicos de Mato Grossodo Sul – APOMS Cargo: Coordenador Técnico
3 - Milton Parron Padovam Instituição: Embrapa Dourados/MSCargo: Pesquisador
4 - Mauro Pedroso Pellegrin Instituição: Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul/IDATERRA.Cargo: Técnico
5- José Carlos DiagonéInstituição: IDATERRA Cargo: Coordenador Técnico Regional
6 - Auro Akio OtsuboInstituição: Embrapa – Agropecuária Oeste/MSCargo: Pesquisador
7 - Vito ComarInstituição: Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento - IMAD Cargo: Coordenador de Pesquisa
8 - Gerson Pereira Dias Instituição: Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Jateí Cargo: Secretario de Meio Ambiente
9 - Sérgio Luiz Gasparin Pimentel Instituição: Cooperativa de Leite - COOPALEITE . Município Glória de DouradosCargo: Médico Veterinário
10 - Edwin BaurInstituição: IDATERRACargo: Agente de Desenvolvimento Rural
11 - Pedro Luiz de SouzaInstituição: Associação dos Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul - APOMS Cargo: Coordenador Social de Informação
160
12- Bernardino da Costa BezerraInstituição: Secretaria de Meio Ambiente até dezembro de 2006Cargo: Pesquisador da Embrapa
13- Silvana Lucato Moretti Instituição: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS Cargo: Professora
14- Vanilton Camacho da CostaInstituição: Comissão Pastoral da Terra – CPT/DouradosCargo: Coordenador Estadual
161
Território Grande Dourados - MSAções da SDT Ano 2003
Proponente Localização
Valor(em R$) Objeto
Prefeitura Municipal
de DeodápolisDeodápolis 50.984,94
Obras de infra-estrutura de produção e capacitação de
agricultores familiares.Prefeitura Municipal
de DouradinaDouradina 28.505,22
Aquisição de equipamentos para armazenamento de leite
resfriamento e capacitação de produtores de leite.Prefeitura Municipal
de DouradosDourados 38.238,70
Aquisição de equipamentos para armazenamento de leite
resfriado e capacitação de produtores de leite.Prefeitura Municipal
de DouradosDourados
165.273,5
0Construção de miniusina de pasteurização de leite.
Prefeitura Municipal
de Fátima do Sul
Fátima do
Sul44.101,84
Adequar a miniusina de leite através da aquisição de
equipamentos.Prefeitura Municipal
de Glória de Dourados
Glória de
Dourados42.757,82
Capacitação de agricultores, aquisição de tanques
resfriadores de leite com capacidade para 2000 litros.Prefeitura Municipal
de ItaporãItaporã 42.757,83
Aquisição de equipamentos para armazenamento de leite
resfriado e capacitação de produtores.Prefeitura Municipal
de JateíJateí 42.757,82
Capacitação dos agricultores familiares, aquisição de
tanques de expansão com capacidade de 2000 litros.Prefeitura Municipal
de Rio Brilhante
Rio
Brilhante53.997,80
Aquisição de equipamentos para a melhoria da produção e
cursos de capacitação.
Prefeitura Municipal
de CaarapóCaarapó 57.010,44
Aquisição de equipamentos para armazenamento de leite
resfriado de leite resfriado e capacitação de produtores de
leite.Prefeitura Municipal
de JutiJuti 42.757,80 Aquisição de tanques de expansão de leite in "natura".
Prefeitura Municipal
de VicentinaVicentina 30.127,26
Aquisição de tanques de expansão, para serem utilizados
pelos agricultores familiares.
Total Ano 639.270,97
Fonte: SDT/MDA (2006).
Território Grande Dourados - MSAções da SDT Ano 2004
Proponente Localização Valor Objeto
162
(em R$)
Instituto do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Grande Dourados - MS
32.839,10Promover a troca de experiência entre agricultores familiares visando a profissionalização de suas atividades e suas organizações.
Instituto do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Grande Dourados - MS
53.740,00Promover processos de mobilização para gestão participativa do processo de Desenvolvimento sustentável e apoiar o funcionamento do núcleo executivo.
Prefeitura Municipal de Deodápolis Deodápolis 41.925,00 Apoio à infra-estrutura de produção.
Prefeitura Municipal de Douradina Douradina 41.925,00 Apoiar a bovinocultura de leite.
Prefeitura Municipal de Dourados Dourados 30.100,00 Apoiar a bovinocultura de leite.
Prefeitura Municipal de Glória de Dourados
Glória de Dourados 41.925,00 Apoio à bovinocultura de leite e curso de agroecologia.
Prefeitura Municipal de Itaporã Itaporã 54.152,87 Apoio ao cooperativismo, bovinocultura de leite através de
agroindústria demonstrativa.Prefeitura Municipal de Jateí Jateí 74.331,00 Apoio à atividade agropecuária através da aquisição de trator.
Prefeitura Municipal de Rio Brilhante
Rio Brilhante 54.411,75 Apoio à bovinocultura de leite e aquisição de botijão de
acondicionamento de sêmen.Prefeitura Municipal de Caarapó Caarapó 39.775,00 Apoiar a bovinocultura de leite no município de Caarapó
através de veículo e implementos. Prefeitura Municipal de Juti Juti 52.675,00 Apoio à produção na aquisição de uma plantadeira e
capacitação dos agricultores na bovinocultura.Prefeitura Municipal de Vicentina Vicentina 30.100,00 Apoio às ações territoriais para agricultores familiares
Total Ano 547.899,72 Fonte: SDT/MDA (2006).
163
Território Grande Dourados - MSAções da SDT Ano 2005
Proponente Localização Valor (em R$) Objeto
Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Grande Dourados - MS
37.797,37 Diagnóstico Ambiental, aprimoramento e visita técnica.
Prefeitura Municipal de Deodápolis Deodápolis 19.873,13 Apoio na área ambiental mediante aquisição de
equipamentos e produção de mudas.Prefeitura Municipal de Douradina Douradina 19.873,13 Apoio na área ambiental mediante aquisição de
equipamentos e produção de mudas.Prefeitura Municipal de Dourados Dourados 20.282,51 Apoio na educação ambiental e recuperação
ambiental em Dourados.
Prefeitura Municipal de Fátima do Sul
Fátima do Sul 19.873,13
Apoio na área ambiental mediante aquisição de equipamentos para promover a educação ambiental do viveiro do município.
Prefeitura Municipal de Glória de Dourados
Glória de Dourados 19.873,13 Apoio na área de educação ambiental.
Prefeitura Municipal de Itaporã Itaporã 23.704,81 Apoio na área ambiental mediante aquisição de
equipamentos para promover a educação ambiental.
Prefeitura Municipal de Jateí Jateí 28.100,00 Apoio na área ambiental mediante aquisição de equipamentos para promover a educação ambiental.
Prefeitura Municipal de Rio Brilhante Rio Brilhante 19.873,13
Aquisição de equipamentos para educação ambiental, implantação de um viveiro de mudas para recuperação ambiental.
Prefeitura Municipal de Caarapó Caarapó 19.873,13 Apoio na área ambiental mediante aquisição de
equipamentos e produção de mudas.
Prefeitura Municipal de Juti Juti 19.873,13Aquisição de equipamentos para a educação ambiental, construção de viveiro de mudas para recuperação ambiental.
Prefeitura Municipal de Vicentina Vicentina 19.873,13 Apoio na área ambiental mediante aquisição de
equipamentos e produção de núcleos.Total Ano 268.869,73 Fonte: SDT/MDA (2006).
164
Anexo IITerritório do Sisal – Estado da Bahia/BA
Lista de entrevistados:
1- José Nilton MoreiraInstituição: EMBRAPA Semi-Árido Cargo: Pesquisador
2- Gabriel Carneiro NetoInstituição: Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisalera do Estado da Bahia - CODES-Sisal
3- José Raimundo Carneiro SantosInstituição: SEBRAE - Feira de SantanaCargo: Responsável pelo Projeto de Desenvolvimento do Território Sisaleiro
4- Jovanilton Neto da SilvaInstituição: APAEB/ValenteCargo: Diretor
5- José SilvaInstituição: Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-árido da Bahia – FATRES FATRES/ValenteCargo: Coordenador de Projetos
6- Valdir Fiamoncini Instituição: CODES/ValenteCargo: Secretario Executivo
7- Elione Alves de SouzaInstituição: Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão – COOPERAFIS/ ValenteCargo: Presidente
8- José Plínio de Oliveira Instituição: Universidade Estadual da Bahia – UNEB/ Conceição do Coité Cargo: Diretor do Departamento de Geografia
9- Januário de Lima CunhaInstituição: Rede de Parceiros da Terra - REPARTECargo: Técnico
10- Ivan Leite FontesInstituição: Movimento de Organização Comunitária - MOCCargo: Técnico Coordenador de Programas de Cooperação de Agricultores Familiares.
11- Cleber Silva Instituição: Abraço Sisal - Rádio Comunitária/ ValenteCargo: Técnico
165
Território do Sisal - BAAções da SDT - Ano 2003
Proponente Localização Valor (em R$) Objeto
Fundação Quinteto Violado Do Sisal 69.100,00 Valorização dos aspectos culturais de agricultores familiares.
Prefeitura Municipal de Itiúba Itiúba 25.000,00Apoiar a infra-estrutura da assistência técnica prestada aos agricultores familiares e do processo produtivo dos agricultores familiares do município.
Prefeitura Municipal de Monte Santo
Monte Santo
103.300,00
Construção de barragens e açudes de captação de água e recuperação de poços artesianos.
Prefeitura Municipal de Queimadas Queimadas 3.000,00
Proporcionar condições materiais para assistência técnica rural prestadas por técnicos da EBDA e outras entidades aos agricultores familiares do município.
Prefeitura Municipal de Serrinha Serrinha 108.000,0
0
Apoiar a comercialização dos produtos da agricultura familiar e a infra-estrutura para capacitação e assistência técnica dos agricultores familiares.
Prefeitura Municipal de Serrinha Valente 143.395,6
0
Apoiar a estruturação e o funcionamento do centro tecnológico do sisal, estruturação do conselho regional de desenvolvimento territorial.
Prefeitura Municipal de Barrocas Barrocas 3.000,00 Proporcionar condições técnicas para assistência técnica e
extensão rural aos agricultores do município.
Prefeitura Municipal de Nordestina Nordestina 3.000,00 Aquisição de um microcomputador destinado à
execução/elaboração de projetos de agricultores familiares.
Total Ano 457.795,60
Fonte: SDT/MDA (2006).
166
Território do Sisal - BA Ações da SDT Ano 2004
Proponente Localização
Valor (em R$) Objeto
Associação Comunitária de Comunicação e Cultura Valente 31.194,00 Capacitação, monitoramento e confecção de
boletins sonoros para 12 rádios comunitárias.Associação das Cooperativas de Apoio à Agricultura Do Sisal 327.652,00 Capacitação de agricultores familiares e
técnicos de cooperativas de crédito.
Associação dos Pequenos Produtores do Município de valente Valente 100.000,00
Pesquisar, validar e difundir métodos de recuperação econômica de cultura do Sisal na Bahia.
Centro de Apoio aos Intercomunitários de Santaluz Do Sisal 160,29 Capacitação de agricultores.
Centro de Apoio aos Intercomunitários de Santaluz Do Sisal 65.520,00
Apoio aos encontros regionais das centrais e associações da agricultura familiar e economia solidária.
Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira Do Sisal 74.350,00
Realizar Visitas de acompanhamento e oficinas de gestão e monitoramento das ações desenvolvidas pelo núcleo executivo do CODES - Sisal.
Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal Valente 4.980,00 Contribuir com o CMDRS, pertencentes ao
Território do Sisal.Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal Do Sisal 77.078,00 Contribuir com o CMDRS, pertencentes ao
Território do Sisal.Movimento de Organização Comunitária - MOC Do Sisal 332.246,00 Formação de educadores rurais no âmbito do
território semi-árido.
Prefeitura Municipal de Barrocas Barrocas 25.000,00Proporcionar condições operacionais para prestação de assistência técnica e extensão rural aos agricultores familiares do município.
Prefeitura Municipal de Nordestina Nordestina 35.000,00Construção de beneficiamento do mel, aquisição de equipamento para a casa de beneficiamento do mel.
Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais Cansanção 62.737,00
Apoio ao Desenvolvimento Territorial com investimentos públicos destinados a agregação de valor, comercialização cooperativismo.
Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais Ichu 17.000,00
Apoio ao Desenvolvimento Territorial com investimentos públicos destinados a agregação de valor, comercialização cooperativismo.
Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais Valente 228.808,00
Apoio ao Desenvolvimento Territorial com investimentos públicos destinados a agregação de valor, comercialização cooperativismo.
Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais Serrinha 150.000,00
Apoio ao Desenvolvimento Territorial com investimentos públicos destinados a agregação de valor, comercialização cooperativismo.
Total Ano 1.531.725,29 Fonte: SDT/MDA (2006).
167
Território do Sisal - BA
Ações da SDT - Ano 2005
Proponente Localização Valor (em R$) Objeto
Movimento de Organização Comunitária - MOC Do Sisal 49.200,00
Realização de estudos propositivos e avaliação de projetos, feiras e estudos de mercado e de viabilidade de empreendimentos agroindustriais para a dinamização econômica dos territórios na região Nordeste do Brasil.
Prefeitura Municipal de Araci Araci 40.400,00 Implementar ações de fomento a agricultura familiar , com apoio a atividade agrícolas e não –agrícolas.
Prefeitura Municipal de Biritinga Biritinga 36.000,00 Implantação de fomento a agricultura familiar. Prefeitura Municipal de Conceição do Coité
Conceição do Coité 13.800,00 Apoio à concessão de microcrédito produtivo.
Prefeitura Municipal de Itiúba Itiúba 190.000,00 Fomento a alternativas de desenvolvimento territorial com implantação de infra-estrutura.
Prefeitura Municipal de Serrinha Serrinha 18.000,00 Implantar ações de fomento a agricultura familiar.
Prefeitura Municipal de São Domingos São Domingos 52.500,00
Possibilitar as condições operacionais para a devida assistência técnica e extensão rural aos agricultores familiares do município.
Prefeitura Municipal de São Domingos São Domingos 27.980,00 Fortalecimento do processo de organização e de
comercialização dos produtos e derivados de sisal. Prefeitura Municipal de Tucano Tucano 36.000,00 Implantar ações de fomento à agricultura familiar.Prefeitura Municipal de Valente Valente 6.900,00 Apoio à concessão de microcrédito produtivo. Total Ano 470.780,00 Fonte: SDT/MDA (2006).
168
Anexo IIITerritório do Nordeste Paraense – Estado do Pará/PA
Lista de entrevistados:
1- Orlando Risuenho Alves JuniorInstituição: MDACargo: Articulador Territorial
2- Paulo Sydnei de Oliveira VieiraInstituição: EMATER - ParagominasCargo: Coordenador Local
3- Ivanildo Amaral Gonçalves Instituição: EMATER Regional - São Miguel do GuamáCargo: Supervisor Regional
4- José Torres OliveiraInstituição: Banco do Brasil/ Mãe do RioCargo: Gerente
5- Luis Vanderlei Risuenho de AlencarInstituição: Secretaria de Agricultura/ Prefeitura de IrituiaCargo: Secretário de Agricultura e Vice-Prefeito
6- Antônio Araújo de Lima Instituição: Sindicato dos Trabalhadores Rurais - STRs/ Ipixuna do ParáCargo: Presidente
7- Mario Rodrigo de Oliveira GomesInstituição: Embrapa Amazônia OrientalCargo: Pesquisador
8- Francisco de Assis da Silva AraújoInstituição: Secretaria Municipal de Agricultura - SEMAGRI/ Aurora do ParáCargo: Técnico Agrícola
9- Ronaldo Dias de CastroInstituição: Secretaria Municipal de Agricultura/ ParagominasCargo: Coordenador
10- Pedro Ferreira de AraújoInstituição: Associação de Pequenos Produtores Rurais, Extrativistas e Pescadores Artesanais - APEPA/ São Domingos do CapimCargo: Diretor
11- Maria Nazaré Reis Ghiradi Instituição: Centro de Estudos de Defesa do Negro do Pará - CEDENPA/BelémCargo: Técnica
169
12- Eduardo Lima de OliveiraInstituição: Associação de Moradores, Micros e Pequenos Produtores Rurais da Comunidade Nossa Senhora Aparecida - AMOMPAR/São Domingos do CapimCargo: Presidente
13- Maria de Jacione da Silva FreitasInstituição: Pastoral/ Mãe do RioCargo: Assessora
14- Maria de Jesus dos Santos LimaInstituição: Fundação Socioambiental do Nordeste Paraense - FANEP/Aurora do ParáCargo: Presidente
15- Haroldo José Neto de OliveiraInstituição: Fundação Socioambiental do Nordeste Paraense - FANEP/Aurora do Pará
Cargo: Técnico
16- Márcio de Paulo DiasInstituição: Cooperativa de Prestação de Serviços em Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável - COODERSUS/ Mãe do Rio Cargo: Diretor/Presidente
17- Mauricio ShimizuInstituição: Embrapa Amazônia Oriental Cargo: Pesquisador
18- Osvaldo Riohey Kato Instituição: Embrapa Amazônia OrientalCargo: Pesquisador
170