revista visões - redes sociais

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1 Visões um olhar diferente Redes Sociais O poder e a importância da internet na organização e luta por direitos sociais Muhammed Muheisen/AP 12| 26| ENTREVISTA Secretário da Líbia no Brasil - ‘As manifestações intelectuais ganharam novo espaço’ ANÁLISE Análise da cobertura feita pela Folha.com e pelo Observatório da Imprensa GALERIA Confira fotos da revolução no Oriente Médio

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A Revista Visões é uma publicação de cunho analítico, voltada ao jornalismo internacional. Em sua edição piloto, a Visões trouxe como o tema as Redes Sociais e a importância que elas tiveram na organização das revoltas no mundo Árabe, iniciadas em dezembro de 2010, que ficaram conhecidas como "Primavera Árabe". -- The Visões Magazine is a analytical publication, focused on international journalism. In this pilot edition, the Visões brought as the theme Social Networks and the importance they had in the organization of the revolts in the Arab world, started in December 2010, which became known as the "Arab Spring."

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Visõesum olhar diferente

Redes SociaisO poder e a importância da internet na organização e luta por direitos sociais

Muh

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uhei

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AP

12| 26| EntrEvista Secretário da Líbia no Brasil - ‘As manifestações intelectuais ganharam novo espaço’

análisE Análise da cobertura feita pela Folha.com e pelo Observatório da Imprensa

GalEria

Confira fotos da revolução no Oriente Médio

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Índice

EntrEvista:Segundo Secretário da

Líbia no Brasil fala sobre as mudanças que ocorreram

após as revoltas que culminaram na morte do

ditador Muamar Kadafi. página 14

Capa:A importância das redes sociais para a organização das revoltas e conquista de direitos no mundo árabe.página 8

CarrEira:Países contra jornalsitas. Como foi possível trabalhar durante as revoluções no mundo árabe. página 21

E mais:

EntrEvista - Embaixador da Síria fala sobre as revoltas. ‘Á Síria é um país muito diferente dos outros’. página 19

OpiniãO - Uma menina de coragem. página 11

turismO - A guerra no Oriente Médio causa medo e afasta turistas. página 22

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VISÕES

Editor ResponsávelLeandro Lisbôa

RevisoresLeandro LisbôaRafaela Mendes

Thamara Martins

RepórteresLeandro LisbôaRafaela Mendes

ColunistasLeandro LisbôaRafaela Mendes

Thamara Martins

Projeto Gráfico e DiagramaçãoLeandro Lisbôa

[email protected]

Twitter@revistavisoes

editorial

Nasce, sob diferentes óticas, a Revista Visões, cuja proposta é apresentar temas atuais e relevantes para aqueles que gostam de comunicar. Coberta de artigos, análises e entrevistas, a revista traz em sua primeria edição o

“Redes Sociais”, propondo uma série de discussões políticas e analíticas sobre o acontecimento que revolucionou a história.

Com a efemeridade de uma primavera, não carregada de flores, como de costume, a Primavera Árabe se espalhou como uma onda de protestos pelo nor-te da África e Oriente Médio, trazendo à tona assuntos antes desconhecidos para o mundo. O movimento iniciado na Tunísia, em dezembro de 2010, teve como estopim a morte de Mohammed Bouazizi, o jovem vendedor de frutas e verdu-ras não imaginava que atear fogo ao próprio corpo, em protesto a cobrança de impostos, provocaria tamanha repercussão.

Em luta por direitos e unidas contra a corrupção, desemprego e governos ditatoriais, milhares de pessoas foram às ruas e, apesar da repressão sofrida pelo governo e censura à imprensa, usaram as mídias sociais, como Twitter, Facebook e YouTube, para organizar e fortalecer do movimento. Em resposta às manifesta-ções, quatro governos ditatoriais caíram, em sequência, Ben Ali, na Tunísia, Hosni Mubarak, no Egito, no Iêmen, Ali Abdullah Saleh e a morte de Muamar Kadafi, que controlava a Líbia há 42 anos.

Muitos veículos de comunicação omitiram ou minimizaram o movimento para não serem fechados, pois a prática iria de encontro aos interesses gover-namentais. O difícil acesso ao que estava acontecendo nos países envolvidos, devido ao controle da mídia pelo Estado, deu espaço para o jornalismo cidadão. A cada post, a população relatava os últimos acontecimentos, criticava as forças armadas e denunciava os abusos. 

No entanto, entre civis, os jornalistas de vários lugares do mundo partici-param da cobertura jornalística, e da mesma forma arriscaram a vida para no-ticiar os fatos. Isso não os torna heróis, mas, sem dúvida, configura um ato de coragem. Durante bombardeios e ataques, divulgaram a problemática e as con-sequências da Primavera Árabe.

Apesar da tortura, prisões e  milhares de mortes, a população não foi inti-midada a parar. Pelo contrário, a cada flor deixada para um ente querido ganha-va força pra se fazer ouvir. Não importando o sexo ou a idade, a busca por liber-dade e melhoria na qualidade de vida impulsionaram as pessoas a continuarem lutando.

Por mais que a situação ainda esteja indefinida em alguns países, e ter pas-sado de dois anos do início da Primavera Árabe, a democracia antes devastada volta a florescer e com ela a esperança que os árabes e africanos possam ter a liberdade para escolher seus representantes.

Visões traz a temática de forma clara e objetiva, fazendo com o que o leitor possa ter acesso a essa análise de forma coesa e imparcial, tendo para isso acesso às entrevistas exclusivas com alguns embaixadores dos países envolvidos.

Além disso, nos preocupamos em trazer casos divulgados e que fazem com que a temática não perca seu espaço na história ou caia no esquecimento, como o caso de Malala Yousafzai, que sofreu um atentado por lutar por direitos à educação e permanece hospitalizada, mas com recuperação visível e positiva.

Mostramos ainda que, devido aos conflitos nas regiões os turistas perde-ram o interesse em visitar as áreas atingidas pela revolução. Por fim, esperamos que tenham uma ótima leitura e mergulhem na temática que nos envolveu para produzir essa revista que chega a você, querido leitor.

Um abraço,

A Redação

A primAverA e As flores

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revoltAs no oriente médio:Leandro Lisbôa e Rafaela Mendes

France Presse

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sen/

AP

o despertAr ÁrAbe

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oriente Médio

revoltAs no oriente médio:

Cansados das imposições dos ditadores, cidadãos iniciam uma série de conflitos por melhorias e direitos sociais

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sen/

AP

o despertAr ÁrAbe

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Em dezembro de 2010, quando o jovem tunisia-no Tarek Bin Tayeb Bouazizi, conhecido como Mohamed Bouazizi, ateou fogo ao próprio cor-

po em forma de protesto, não era possível imaginar que isso desencadearia uma série de revoluções no norte da África e no Oriente Médio. Iniciadas na Tu-nísia, as revoltas no mundo árabe logo se espalha-ram por outros países em um movimento que ficou conhecido como “Primavera Árabe”.

A repressão das autoridades locais e as in-justiças cometidas aos comerciantes foi o que levou Bouazizi a tomar uma atitu-de extrema. Ele não concordava com as taxas abusivas de su-borno cobradas para liberação das merca-dorias apreendidas sem nenhum motivo aparente.

A ação, con-siderada o estopim das revoltas, foi o que motivou cida-dãos do Egito, Líba-no, Bahrein, Líbia, Iêmen, Argélia, Síria, Jordânia e Iraque a entrarem em protestos, manifestações, revoltas e até mesmo guerras civis, reivindicando por direitos sociais.

Vários jornalistas ao redor do mundo pas-saram a chamar os conflitos no Oriente Médio de Primavera Árabe, em referência à “Primavera dos Po-vos” – movimento revolucionário ocorrido em toda Europa no ano de 1848. Assim como no passado, os acontecimentos recentes têm relação a um “des-pertar” do povo em relação à sua condição social e política.

Além da luta por direitos, o que fez a nova revolução ganhar no-toriedade foi forma de organização realizada por meio das redes sociais, em principal, canais como Twitter e Facebook iniciando uma verdadeira “Revolução 2.0”.

Pouco mais de um ano após o início das revoltas no Oriente Médio o mundo árabe já vivia dis-túrbios e conflitos maiores que os vividos em décadas sob a repressão

dos governos ditatoriais. Após a queda dos ditado-res, os tunisianos e os egípcios organizaram suas primeiras eleições.

A Líbia viveu em regime de ditadura duran-te 42 anos. Muamar Kadhafi, o líder local, controlou o país com pulso firme e para o próprio interesse até sua morte em 20 de outubro de 2011, no que podia ser chamado de “mega-fazenda”, segundo análise do pensador político e jornalista egípcio Mohamed Hassanein Heikal.

E foi dessa forma, utilizando as palavras de Heikal, que o segundo se-cretário da Embaixa-da da Líbia no Dis-trito Federal, Faisal Abohmaira explicou a história pré-demo-cracia vivida no país. “Os países árabes não eram governa-dos por instituições, seus presidentes go-vernavam os países como se fossem me-ga-fazendas onde a corrupção estava infiltrada no sistema político”, disse o se-

gundo secretário.Faisal completou a frase do jornalista egíp-

cio explicando como funcionava a corrupção. “O presidente e seus familiares formam a primeira ca-tegoria, que tinha como segunda ‘casta’, dirigentes ligados ao presidente do país, dentre eles, os mili-tares”.

Uma análise estatística feita pela Consulto-ria de Risco Político Geopolicity baseada em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou

que Líbia e Síria foram os países que tiveram manifestações mais violen-tas, com prejuízos financeiros maio-res, seguidos pelo Egito, Tunísia, Bahrein e Iêmen.

De acordo com Antônio Carlos Lessa, doutor em história das relações internacionais na Universi-dade de Brasília (UnB), “as rebeliões políticas que varreram o Oriente Médio e Norte da África custaram, em 2012, mais de US$ 55 bilhões aos países envolvidos”.

as rebeliõespolíticas que

varreram o Oriente Médio e Norte da

África custaram, em 2012, mais de US$

55 bilhões aos países envolvidos

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religiosidade

orAção dA liberdAdeRafaela Mendes

Reunidos aqui com minha família, os meus vizi-nhos e meus amigos

Firmes juntos contra a opressão de mãos dadas Não importa de onde você é

Ou se você é jovem, velho, mulher ou homem

Nós estamos aqui pela mesma razão, queremos ter

de volta a nossa terra Oh deus obrigado

Por nos dar a força para aguentar

Agora estamos aqui juntos Chamando-o para a liberdade, a liberdade

Nós sabemos que você pode ouvir o nosso apeloNós estamos chamando para a liberdade, lutando

pela liberdade

Sabemos que não nos deixará cairSabemos que você está aqui conosco

Não sendo mais prisioneiros em nossas casas Não tendo mais medo de falar

Nosso sonho é apenas ser livre, apenas para ser livre

Agora, quando temos de dar o nosso primeiro passo

Rumo a uma vida de completa liberdade

Podemos ver o nosso sonho cada vez mais perto, estamos quase lá Oh deus obrigado

Por nos dar a força para aguentar

E agora estamos aqui juntos Chamando-o para a liberdade, a liberdade

Nós sabemos que você pode ouvir o nosso apeloNós estamos chamando para a liberdade, lutando

pela liberdade

Sabemos que não nos deixará cair Sabemos que você está aqui conosco

Eu posso sentir o orgulho no ar E isso faz-me forte para ver todos

De pé juntos, de mãos dadas na unidade Gritando, exigindo o seu direito de liberdade

Oh Deus nós sabemos que você ouve o nosso apelo

E nós estamos chamando você para a liberdade, a liberdade

Nós sabemos que você pode ouvir o nosso apelEstamos pedindo a liberdade, apelando para a

liberdade Sabemos que não nos deixará cair oh

Sabemos que você está aqui conosco...

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Gom

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Rebeldes oram em estrada próximo a Zwetyna, Líbia

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capa

A utilizAção dAs redes sociAisnA orgAnizAção dAs revoltAsTwitter e Facebook foram essenciais para a conquista de direitos do cidadãoLeandro Lisbôa e Rafaela Mendes

Presente em todo mundo, a internet tem tido impor-tância cada vez maior na

produção de conteúdo, geração de conhecimento e interação entre pessoas. Com a globaliza-ção e o forte crescimento ocor-rido na última década, pessoas têm se organizado cada vez mais por meio da rede mundial de computadores.

As revoltas no Oriente Mé-dio não iniciaram de forma dife-rente. Cansados das imposições feitas pelos governos ditatoriais, cidadãos comuns passaram a se organizar para cobrar seus direitos. Os conflitos, que ficaram conhecidos como “Pri-

mavera Árabe”, tiveram início na Tunísia, quando um jovem ateou fogo ao próprio corpo para protes-tar pelos abusos vividos.

A partir desse momento, pessoas simples passaram a orga-nizar revoltas. Tendo como princi-pal ferramenta, redes sociais como Twitter e Facebook as revoluções resultaram na destituição do pre-sidente Zine al-Abidine Ben Ali, no que ficou conhecido como “Revo-lução tuitada”, em menção ao do-cumentário “A revolução não será

televisionada”, que apresenta acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chá-vez, em abril de 2002.

Repr

oduç

ão

a internet e as plataformas que vieram com ela funcionam para

ajudar a comunicação e circulação de

informações, mas ainda são fortemente

controladas

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No Egito, os manifestantes derrubaram Hos-ni Mubarak, no poder há 30 anos e a organização para o acontecimento também se deu por meio das redes, onde os manifestantes organizaram os protestos, convocaram mais pessoas e aumenta-ram a abrangência das críticas contra o governo. Já na Líbia, o Conselho Nacional Transitório, abriu uma conta no Twitter para se comunicar com os meios de comunicação nacionais e estrangeiros de forma direta.

Na opinião do jornalista Jairo Marques, da Folha.com o Twitter acabou por se tornar um dos meios de comunicação mais democráticos da atu-alidade potencializando questões étnicos-sociais existentes nos países em conflito. “Não podemos dizer que, no caso da Líbia, Egito e Tunísia, foram as redes sociais que revoluciona-ram o movimento. Ele já existia, a insatisfação popular também, só que as redes sociais potenciali-zaram a forma de atuação. Então, elas permitem que mais pessoas postem mais coisas, mesmo em regimes ditatoriais cujo controle é de ordem máxima”, disse o jor-nalista.

Muito mais do que incen-tivo ou fonte de mobilização, a internet tornou-se elemento de grande importância na derruba-da de regimes autoritários em uma onda que se alastrou, com a ajuda do Facebook e Twitter, para outros países árabes.

As redes sociais oferecem uma organização mais efetiva, que não envolve, ao menos no iní-

Repr

oduç

ão cio, formas mais violentas de confronto. Ainda que não eli-minem os protestos na rua, as tecnologias aplicadas à internet acabam ampliando as possibili-dades de mobilização, além de atingirem um número maior de pessoas, como explica Antônio Carlos Lessa doutor em História das Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). “As redes sociais ajudam a dar novo vulto a esses protestos, transformam a voz individual em uma manifestação que atin-ge todas as partes. Deixa de ser

um protesto em uma praça, e vira uma mensa-gem para todo o mundo”, afirma.

O papel do Twitter, utilizado como forma de busca e conquista por democracia, é importante. Porém, ainda que o microblog esteja em alta, é passível de controle governamental ou veto de ditadores em relação a sua utilização e da inter-net, como é o caso da Líbia.

Segundo Faisal Abohmaira, segundo secre-tário da Embaixada da Líbia no Distrito Federal, “na era Kadafi, qualquer veículo, jornalista ou pessoa que falasse mal dele ou de seus familiares sofria duras penas. A internet era controlada e a liberdade de expressão era condicionada às von-tades do controlador”.

Além da Líbia, o Egito tam-bém impunha controle à inter-net e redes sociais. O Twitter foi controlado pelo governo e blo-queado no momento em que seu potencial foi percebido. Para Leila Diniz, jornalista do Observa-tório da Imprensa, “a internet e as plataformas que vieram com ela funcionam para ajudar a comuni-cação e a circulação de informa-ções, mas ainda são fortemente controladas”.

O fato é que, independente do controle e veto que sofreram, as redes sociais serviram e ain-

da servem como forma de organização dos pro-testos no Oriente Médio. Dessa maneira, países como a Síria, em conflito até hoje, têm manifes-tantes cada vez mais ativos nas páginas da web.

as redes sociais potencializaram a forma de atuação

das revoluções. Isso permitiu que as

pessoas postassem mais coisas, mesmo durante os regimes

ditatoriais

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internet

A importânciA dA internet pArA A coberturA internAcionAl dAs revoltAsRede de computadores é o diferencial para a cobertura da briga da população por direitos

Rafaela Mendes

No computador, pelo celular ou pelo tablet a internet tem revolucionado as formas de comunicação e, sobretudo, a forma de fa-

zer jornalismo. Com a facilidade dos blogs, sites e redes sociais será que ainda faz sentido para uma empresa jornalística equipar escritórios ou sim-plesmente manter um correspondente no exterior quando a informação navega livremente e sem custos pela internet?

Essa questão é delicada, e gera muita polêmi-ca, antes da disseminação da internet, a cobertura internacional era exclusiva às grandes empresas jornalísticas que dispunham de capital para con-tratar os serviços das agências de notícias interna-cionais ou manter uma equipe no exterior.

Apesar de importante para a qualidade na produção de ma-térias, hoje isso não é mais neces-sário, pois a informação foi de-mocratizada pela rede e acessá-la ficou muito fácil.

Segundo a jornalista Luiza Souza, a cobertura jornalística à longa distância foi banalizada graças à internet, e a Primavera Árabe ocorreu graças a essa ba-nalização, “Hoje todos podemos fazer noticias basta ter uma in-ternet que o mundo pode ver o que você pensa, hoje todos nos temos voz independente da nossa posição social”, disse.

O twitter é outra ferramenta que veio sub-verter a necessidade física do repórter para a co-bertura a distância, um fato recente disso foi que em 20 de agosto de 2011, o correspondente in-ternacional da NBC, Richard Engel, acompanhou “in loco” e cobriu pelo Twitter a sangrenta batalha pela tomada da capital Líbia, a cidade de Trípoli e que resultou na derrocada do ditador Muamar Ka-dafi. Engel foi o primeiro jornalista de TV a entrar na cidade com os rebeldes quando eles avançaram pela fronteira da Tunísia.

Por meio da hashtag Trípoli (#tripoli), ele

tuitou incessantemente todos os momentos do conflito, desde os bombardeios iniciais, o com-bate corpo a corpo, até a tomada final da cidade com a rendição das forças leais. Luiza acredita que, “o twitter é muito importante para os jornalistas que fazem cobertura internacional se você souber quem seguir, vai ter uma informação certa”.

Para saber o que estava acontecendo bas-tava seguir os tweets para obter informações dos eventos. Inclusive foi o que vários veículos de co-municação como a CBS, FOX News, Washington Post e alguns no Brasil fizeram. Passaram a produzir flashes, notas e até matérias baseadas nos tweets de Engel. Isso ilustra como a internet globalizou a informação e fragilizou ainda mais a editoria dos

correspondentes internacionais.Para Marcos Caramuru,

jornalista da Folha.com, “é uma pena que isso esteja ocorrendo, pois a redução no número de correspondentes internacionais baseados em uma determinada região parece ser uma tendência mundial”.

Várias empresas, como a BBC de Londres, estão reduzindo o corpo editorial nesta área, hoje, além do uso das mídias sociais para a cobertura há uma super-valorização das agências de notí-

cias, que possuem excelente equipe.A internet impôs ganhos e perdas. Em rela-

ção às coberturas jornalísticas internacionais não foi diferente. Os pequenos jornais agora têm chan-ce de trazer aos seus leitores notícias que antes só seria possível se um correspondente internacional fosse contratado. Segundo Marcos Caramuru, “ter acesso às análises dos críticos e tudo isso sem ter que arcar com nenhum custo, pois o material está disponível para uso, a única exigência é dar o devi-do crédito para as fontes”. Isso, sem dúidas facilita a vida de todos que querem ter acesso à informação, seja jornalista há muito tempo, iniciante ou cida-dão comum.

o twitter é muito importante para os jornalistas que fazem cobertura

internacional. Se você souber quem seguir,

vai ter uma informação certa

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opinião

umA meninA de corAgemLeandro Lisbôa

“Claro que vão tentar matá-la. Uma ado-lescente a falar no direito das mulheres à educação é a coisa mais assustadora

do mundo para os talibãs. Ela não pertence a uma ONG estrangeira. Ela é muito mais perigosa do que isso: é uma local, defensora do progresso da edu-cação e do esclarecimento. Se pessoas como ela se multiplicarem, os talibãs não têm futuro”. A revista Status divulgou este comentário sobre o ataque sofrido pela paquistanesa em um ônibus.

Malala Yousafzai, 14 anos, defende o direito das meninas muçulmanas de frequentar a escola, com o objetivo de ter uma vida melhor. Por defen-der esta causa foi vítima de uma tentativa de homi-cídio por parte de um atirador talibã, que disparou contra sua cabeça na van em que ela voltava da es-cola com colegas.

A valente menina não é uma desconhecida no mundo árabe e mu-çulmano. Há três anos ela mantém uma campanha pelo fim dos ataques ta-libãs a escolas femininas em países como Paquistão e Afeganistão.

A jovem escrevia um blog para a BBC sobre como era sua rotina, que acabou virando tema até de documentário. Chegou a receber um “Prêmio da Paz” concedido aos jovens pelo governo paquistanês, o mesmo que, de certa for-ma, contribuiu para o que lhe aconteceu.

O pesadelo de Malala começou em 2009, quando a Sharia, código moral islâmico, passou a ter valor de lei no Vale do Swat, local onde reside com sua família.

Com a nova lei em vigor, as meninas foram proibidas de receber instrução e ir à escola. Ela já era conhecida por seu ativismo, e teve medo. So-nhava com helicópteros e milicianos. Homens a perseguiam na rua. Mas Malala continuou. A meni-na assistia a aula sentada no chão da escola, tudo em nome da educação, sem temer nada e nem

ninguém. A sua determinação e coragem, obviamente,

irritaram a facção terrorista fundamentalista que ainda sobrevive em vários vilarejos afegãos, prin-cipalmente os próximos da fronteira com o Paquis-tão. Sem esquecer que há fortes indícios de que o próprio governo paquistanês, que agora promete caçar o atirador e seus comparsas, faça vistas gros-sas aos criminosos.

Malala está em um dos melhores hospitais da Inglaterra, enquanto isso, dezenas, talvez até milhares, saíram às ruas para protestar contra a covardia dos fundamentalistas. Vale lembrar que Malala é uma adolescente, de certa forma uma criança, e ainda assim não foi poupada, tudo em

nome de um pensamento retrógrado e covarde.

Apesar do episódio revoltante, sua luta de-terminada, sua coragem e sua inocência dão um recado sobre a beleza e a importância de se lutar pelo que se quer. Mostra a coragem cada vez maior de mulheres em defender suas prerrogativas, em-bora religiosos de vários matizes tentem impedi-las de ter os mesmos direitos que os homens possuem.

Malala passa o reca-do de que há mulheres co-rajosas em vários lugares do mundo, nos piores lu-gares, que não irão desis-tir, embora sejam vários os argumentos que tentam racionalizar o preconceito

e instrumentalizar os seus direitos sejam em ques-tão que envolvam educação, direitos sexuais e re-produtivos, trabalho ou cultura.

Que Malala viva para levar adiante este so-nho e realize este direito inalienável das mulheres de viverem suas vidas com autonomia, sem inter-ferências de quaisquer ordens, principalmente as religiosas. E que inspire outras Malalas que estão por aí a mostrarem seu rosto. Juntas, serão mais temidas do que os covardes que hoje tentam in-timidá-las.

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opinião

A primAverA dAs mulheresvs. As mulheres dA primAverARafaela Mendes

A “Primavera Árabe” recebeu muita atenção na mídia norte-americana, mas um de seus elementos cruciais tem sido ignorado: o

papel impressionante das mulheres nos protestos que varreram o mundo árabe.

Apesar da mídia apresentar uma cobertura inadequada de seus papéis, as mulheres estiveram presentes e ainda permanecem à frente desses pro-testos e, apesar de marcharem lado a lado com os homens, sua participação política e efetiva continu-am limitadas.

Para começar, as mulheres tiveram posição significativa nas manifes-tações tunisianas que de-sencadearam a Primavera Árabe, muitas vezes mar-chando pela Avenida Ha-bib Bourguiba, na capital Túnis, incentivando seus maridos e filhos a protes-tarem.

Com o estopim do levante egípcio, que cul-minou na queda do pre-sidente Hosni Mubarak, uma jovem apaixonada, por meio de um vídeo postado no Facebook, convocou uma manifesta-ção na Praça Tahrir, Cairo, em 25 de janeiro.

Entretanto, os gestos da ousadia foram acom-panhados pelo medo ocasionado pela expectativa do futuro. As mulheres do médio oriente ainda te-mem que seus direitos não sejam garantidos nos novos regimes democráticos, fossem eles liberais, patriarcais ou fundamentalismos mulçumanos.

Os historiadores, sem dúvidas, vão debater durante décadas as causas da Primavera Árabe. Entre elas estão os altos índices de desemprego das classes instruídas, políticas neoliberais de privatização, o enfraquecimento dos sindicatos,

a corrupção nas altas esferas, a alta dos preços de alimentos e energia e a escassez econômica provocada pela diminuição das oportunidades de emprego.

Como profissionais, além de donas de casa, as mulheres sofreram diretamente com todos esses problemas e com o sofrimento de seus filhos e maridos. Ou seja, muitos são os desafios que a mulher árabe deverá enfrentar nos próximos anos na busca por igualdade e por direitos sociais.

É possível que a Primavera Árabe tenha sido o início do despertar feminino que há de florescer nos próximos anos. Prova disso é o reconhecimento que algumas manifestantes receberam internacio-nalmente por lutarem por seus direitos.

O importante é que, independente de qualquer coisa, algo extremamente importante já foi conquistado. As mulheres conseguiram iniciar a quebra do estereótipo da falta de voz feminina e, com isso, mostraram que as revoltas conhecidas por “Primavera Árabe” teriam sido impossíveis sem as “Mulheres da Primavera”.

Mulheres saem às ruas em manifestação de apoio à ofensia aérea promovida pela coalizão internacional contra as forças do ditador Muamar kadafi, em Benghazi

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Page 13: Revista Visões - Redes Sociais

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o AtentAdo que mAtou oembAixAdor dos estAdos unidos

opinião

Quais são os verdadeiros motivos da morte do embaixador dos Estados Unidos, John Cristopher Stevens, e de outros três ame-

ricanos no ataque ao consulado em Benghazi, na Líbia? A resposta aparentemente mais óbvia é a re-ação dos mulçumanos contra a publicação do fil-me anti- islã,denominado “Innocence of Muslims” (“A inocência dos muçulmanos”) no You Tube, em julho de 2012.

Em telefonema ao Jornal Wall Street Journal, Sam Bacile declarou que “o islã é o câncer da socie-dade”. O americano, natural da Califórnia é de ori-gem israelense, foi o primeiro a postar o vídeo na internet, contou com a ajuda de 100 doadores ju-deus, custando cerca de cinco milhões de dólares. No entanto,somente após a tradução para o árabe, promovida pelo pastor Terry Jones, conhecido por queimar páginas do Alcorão, que o filme ganhou notoriedade.

Com pouco mais de duas horas, o longa-me-tragem retrata o profeta Maomé como um apro-veitador de mulheres e crianças e incentivador de massacres. Apesar do produto ter sido conside-rado preconceituoso e ofensivo, a sua veiculação foi permitida devido ao direito de expressão. E aí ficam as perguntas: Existe limite para o direito de expressão? Será que esse mesmo direito seria as-segurado se um vídeo antissemita fosse produzido por neo-nazistas?

O presidente americano, Barack Obama, ho-menageou o embaixador pela atuação na transi-ção democrática na Líbia, e prometeu reforçar a segurança na Líbia e nas embaixadas dos Estados Unidos no mundo.Em comunicado, Obama conde-nou o atentado e prestou solidariedade às famílias das vítimas: “Os Estados Unidos rejeitam os esfor-ços para denegrir as crenças religiosas de outros, mas todos devemos nos opor, sem equívocos, ao tipo de violência insensata que tirou a vida destes funcionários públicos”.

No dia 11 de setembro de 2012, durante pro-testo contra o filme em frente a sede em Benghazi, o carro onde estava o embaixador foi atingido por foguetes. Os manifestantes atearam fogo no con-sulado. Em poucos dias uma onda de protestos

Thamara Martins

atingiu outros países: como Austrália, Tunísia, Egi-to, Sudão, levando a morte de oito pessoas , provo-cando também o bloqueio ao acesso do YOU TUBE no Afeganistão

Segundo informação do grupo de inteligên-cia Site Monitoring Service, no dia 26 de outubro , O líder da AL QAEDA, Ayman al-Zawahiri postou vídeo em sites islâmicos para pedir que os mul-çumanos continuem protestando para fechar as embaixadas dos Estados Unidos, inclusive incen-tivando o sequestro de ocidentais, para facilitar a libertação de presos. Em contrapartida o presiden-te do Egito, Mohammed Morsi, fez um apelo na televisão pedindo para que os não atacassem as Embaixadas dos Estados Unidos

O vice ministro da Líbia, Wanis al Sharef, acu-sa os aliados as forças de Kadafi pelo atentado, acredita na represália pela extradição do ex-chefe de inteligência do governo, Abdullah al-Senoussi”. Havia granadas lançadas por foguetes, o que mos-tra que havia forças que exploravam isso. Eles são resquícios do regime”, acredita Sharef. De acordo com o Ministério do Interior da Tunísia, um suspei-to pelo ataque, Ali Harzi, está preso em Túnis.

Após a morte do ditador Muamar Kadafi, em outubro de 2011, a Líbia tem sido governada pelo Conselho Nacional de Transição, formado pelos opositores do governo de Kadafi com apoio da comunidade Internacional. No mundo ocidental, há o temor de que os árabes e africanos não esco-lham bem os seus representantes, e que por meio das eleições coloquem grupos islamitas que ame-acem o governo democrático .

Porém, os líbios já fizeram a parte mais difí-cil, destronaram o ditador que comandava o país há quarenta e dois anos, cabe a eles decidirem o melhor para o país. Segundo dados de 1992, os mulçumanos representam 97% da população da Líbia,é um país riquíssimo em petróleo e gás na-tural, possui as maiores reservas da África, cerca de 44 mil milhões de barris. Será que a Líbia precisa realmente dessa intervenção política? Ou por trás do ideal democrático dos Estados Unidos existem outros interesses?

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Leandro Lisbôa e Rafaela Mendes

Revista Visões: Em sua visão, essa infiltração na política citada por Heikal seria por parte dos militares?Faisal Abohmaira: Essa corrupção funciona da seguinte forma: O presidente do país e seus fami-liares seriam a primeira categoria, em segundo, os dirigentes ligados ao presidente do país, entre eles, os militares.

Então o que havia ali não era um país edificado em bases de instituições sólidas e democráticas. A decisão sobre assuntos do país estava na mão de uma única pessoa, sem conselheiros para orientar e os três países estavam preparando seus sucesso-res para governar.

Para o senhor, o que fez com que os cidadãos líbios iniciassem as manifestações?O que inspirou as revoluções na Líbia foram as ma-nifestações na Tunísia e no Egito. Quando em uma pequena manifestação o Kadafi usou armas letais contra uma população indefesa, aí a coisa mudou. Pode se dizer que foi a força popular que fez a transformação na Líbia.

Você é dono de uma revolução justa. As vezes alguns revolucionários come-tem excessos, esses excessos não deni-grem a imagem da sua revolução, ela continuam sendo legítima, pois exces-sos acontecem em qualquer lugar.

Como foi para a Líbia, após 42 anos vivendo o regime ditatorial do Kadafi, ficar agora sem ele?

Estamos respirando com mais tranquilidade atual-mente. O decreto da independência da Líbia é de 24/12/1951, data da declaração de independência da Líbia. Antes da independência do país, uma co-missão da Organização das Nações Unidas (ONU) foi ao país para estudar se o país tinha indepen-dência ou não, tendo em vista que o Estado tinha sido herança da segunda guerra mundial.

A comissão escreveu um relatório sobre a situação da Líbia, em 1942. Nele havia a seguinte frase: “a

Líbia é uma região recém-saída da Se-gunda Guerra Mundial, sem infraestru-tura, sem hospitais, mal há profissio-nais para cuidar da área de saúde...” E finalizava assim “...a Líbia é considerada uma caixa de areia fechada!”, fazendo menção ao deserto.Posterior a esse relatório, veio a inde-pendência do país sob o reinado do rei Idris, que era uma monarquia com par-

lamento, partidos, tinha liberdade de expressão política e o país começou a se reestruturar. Escolas,

Em outubro de 2010, o jornalista e pensador político Mohamed Heikal fez uma análise so-bre os documentos vazados do site Wikiele-

aks relacionado aos governos do Egito, Tunísia e Líbia, chegando ao seguinte resumo: “os países árabes não são governados por instituições. Seus presidentes governam esses países como se fos-

fAisAl AbohmAirA: ‘As mAnifestAções intelectuAis gAnhArAm novo espAço’Secretário da Líbia no Brasil fala sobre o que mudou com a morte do ditador Muamar Kadafi

Repr

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ão

a Líbia é considerada uma caixa de areia fechada

entrevista

sem mega-fazendas onde a corrupção está infil-trada dentro do sistema político”.

Foi com essa explicação que o Segundo Secretário da Embaixada da Líbia no Brasil, Faisal Abohmai-ra, iniciou a entrevista sobre as revoluções ocorri-das no país e explicou como era antes e com ficou

após da morte do ditador Muamar Kadafi.

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faculdades, universidades começaram a ser cons-truídas.

A primeira produção de petróleo aconteceu em 1964. O país estava se desenvolvendo de uma for-ma política, democrática, econômica, mas em 1 de setembro 1969 um grupo de tenentes deram um golpe contra a instituição democrática e legal do país, sob o comando de um tenente chamado Mu-amar Kadafi.E depois de 42 anos de governo de Kadafi, ele abo-liu o parlamento, aboliu os partidos e até a liberda-de de pensamento. Kadafi ainda envolveu a Líbia em problemas com os países vizinhos.Dessa maneira, em 2010, a imagem da Líbia era a de Muamar Kadafi. O que impossibilitou as pesso-as de conhecer a poesia, o teatro, a literatura e o esporte líbio do país. Qualquer pessoa intelectual conhecido ou de renome, que pudesse oferecer perigo, Kadafi dava um jeito de acabar com a pes-soa. Tudo isso remeteu à expressão da ONU “é uma caixa de areia fechada”, sem nada.

Em relação a essa restrição imposta por Kadafi, como era o acesso para jornalistas estrangeiros e locais na cobertura de eventos como as revo-luções na região?FA: Em 1976 havia alunos universitários, eles en-traram em partidos nacionalistas, partidos demo-cráticos, liberais, comunistas. Foram todos execu-tados na praça no campus da universidade sob acusação de traição, apenas por ter uma ideia que diferia dos ideais de Kadafi. Essa execução conti-nuou acontecendo anualmente, sempre em 7 de abril, até meados de 1980.

Em 2006, um jornalista líbio foi assassinado por-que escreveu um artigo contra o gabinete dos co-mitês revolucionários, braços do governo.

Na era de Kadafi, o jornalismo na Libia criticava o papel do Premiêr do Estado e não do presidente. As críticas sobre corrupção e má gestão eram di-recionadas ao Premiêr, sob as ordens do próprio Muamar Kadafi.

Com isso, a liberdade jornalística na Líbia era classificada como uma das piores do mundo. Qualquer jor-nal árabe, local ou de outros países, que falassem mal do Kadafi, tinha a edição proibida de circular no país.Durante a Primavera Árabe, como era feito o controle das no-

tícias que entravam e saíam do país?Em relação principalmente a Líbia, quando co-meçou a revolução, as pessoas começaram a fo-tografar pelo celular e divulgar pela internet, daí cortaram a internet e começaram a rastrear os te-lefones. Cada pessoa que saía da Líbia da área de exclusão aérea, na época da guerra, tinha que sair por terra e seguiam para a Tunísia. Na alfândega, os telefones eram visto-riados para banir fotos e vídeos dos protestos.Para trocar informações com as emissoras de TV árabes, os líbios trocavam de chip do celular, faziam as fotos ou vídeos e de-pois voltavam ao anterior, para escapar da barreira. Durante a guerra, a princi-pal arma de ataque contra a força aérea era desestru-turar a comunicação.

Como era feito para que uma emissora de rá-dio, TV ou web aqui do Brasil pudesse obter informações, levando em consideração o blo-queio no país? Primeiro era enviado o nome do jornal e do jor-nalista para a Líbia para obter a aceitação do visto em Trípoli.

Mas era a embaixada que enviava esses dados?Na Líbia há um departamento chamado “Departa-mento de Informação do Exterior” ou de informa-ção externa. As pessoas desse gabinete recebiam os grupos de jornalistas estrangeiros e colocavam um segurança com eles. Esse segurança não era para proteger os jornalistas, e sim, para tomar a câmera deles, caso fosse feita alguma fotografia ou filmagem não autorizada. O segurança tam-bém servia para observar os jornalistas quando eles fossem falar com as pessoas na rua.

Nessa época, se o jornalista conseguisse algum furo de reportagem e se fosse pu-blicado, o punido seria a pessoa da embaixada que tivesse autoriza-do a entrada do jornalista no país. Principalmente se a matéria fosse falando mal do Kadafi ou de um de seus familiares.

Então foi por isso que a embaixa-

durante a guerra, a

principal arma de ataque

contra a força aérea era

desestruturar a comunicação

a Líbia está se preparando para

mostrar ao mundo o que o país tem de

melhor

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da aqui no Brasil comemorou quando soube da morte dele?Sim e não só aqui. Na Colômbia, o presidente se mostrou contente, pois Kadafi apoiava as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Em relação às manifestações culturais, antes proibidas, com a morte do Kadafi, como é atualmente?Hoje há muitas emissoras de TV particulares, imprensa li-vre, que criticam o congresso nacional, os ministros, fazem perguntas, sugerem pergun-tas e esperam respostas dos comandantes do país.Hoje a opinião pública é per-mitida, o cidadão pode se ex-pressar, o multipartidarismo já é permitido; os partidos polí-ticos devem elaborar progra-mas de desenvolvimento; as pesquisas feitas nas universi-dades independentes, que são públicas, agora não são mais controladas pelo governo.

O curso de jornalismo tinha sido abolido ou apenas havia uma restrição muito grande em relação às publicações?A formação do jornalista na Líbia é boa como a de qualquer outro país, mas a prática , na era Kadafi, era impossível. A diferença agora é a liberdade.

A Líbia já possui sistema eleitoral, onde as pes-soas podem escolher seu governante?Em 7 de julho de 2012 foi eleito um Congresso Na-cional Geral. O alto Comissariado Eleitoral, com o apoio logístico da ONU, foi quem elegeu os candi-datos para disputar as eleições. O primeiro pleito em 42 anos teve o acompanhhamento e observa-ção da União Europeia e do Instituto Carter – Insti-tuto que leva o nome do 39º presidente dos Esta-dos Unidos, Jimmy Carter.

As eleições ocorreram de forma limpa e satisfatória e os líbios ficaram felizes com o resultado. Muitas pessoas postaram no Facebook as fotos dos dedos manchados para identificar as cédulas de votação e confirmar o voto.O Congresso Nacional Geral é como se fosse o con-selho constituinte do país. Eles vão ter que elabo-

rar uma nova Constituição para o país, que deverá conter a formação do Governo e outros pontos. Esse conselho observa muito a história do Brasil, a mudança que houve desde a ditadura para a democracia. A constituição brasileira é bem male-ável, não tem centralização de poder, respeita os direitos humanos, além da liberdade de imprensa

e de expressão, o que torna a Constituição Federal de 1988 e leis brasileiras um modelo para a Líbia.

A mulher teve direito ao voto nessas eleições?Na própria constituição do Conselho ou do Congresso está a necessidade da existên-cia de, no mínimo, 20% dos partidos serem constituídos por mulheres.

Qual a idade mínima para votação?Tanto para homens, quanto para mulheres, a idade mínima é de 18 anos.

Em relação às punições aos crimes de morte, como funciona?A Líbia está tentando instituir um judiciário justo, transparente, com a existência de observadores internacionais para julgar todos os acusados de crimes contra o povo líbio, pois estão perseguindo as pessoas que estavam com Kadafi, não para exe-cutar, mas para condená-los justamente.

Faisal encerrou citando uma frase que escutou em sua época acadêmica. “Nós não proibimos a pala-vra, mas é preciso saber falar apenas quando sua fala não for melhor que seu silêncio” e é por esse motivo que a Líbia está se preparando para mos-trar ao mundo o que o país tem de melhor.

a Constituição brasileira é bem maleável, não tem centralização de poder,

respeita os direitos humanos, além da

liberdade de imprensa e de expressão, o que torna a Constituição Federal de 1988 e leis brasileiras um

modelo para a Líbia

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Embaixada da Líbia em Brasília - DF

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nA visão de Ahmed dArwish,“o egito estÁ mudAndo”

entrevista

Rafaela Mendes

Embaixador do Egito fala sobre a situação do país pós-Primavera Árabe

Revista Visões: Qual a sua visão sobre a Prima-vera Árabe?Ahmed Darwish: Acompanhei tudo com enorme interesse, sobretudo porque é meu país, minha na-ção, o futuro do país da minha família. Foram três anos como embaixador no Irã, três anos e meio na Turquia e, agora, mais de três anos no Brasil, sem dúvida um dos grandes motores dos protestos foi a presença massiva de jovens nas rua, a maio-ria sem emprego, pois boa parte deles estavam

nessa situação. A distribuição de renda também era muito ruim no Egito. Uma parte da população vivia com o equivalente a um ou dois dólares por dia. Um absurdo! Não dá pra viver só com isso. Nos últimos anos não houve nenhuma reforma social. Uma grande massa da população foi extremamen-te impactada pelo aumento da inflação, particular-mente mais grave no caso dos produtos alimentí-cios. A classe média, embora pequena, também foi afetada o que explica porque também saiu às ruas,

A Primavera Árabe chegou em diversos paí-ses árabes, causando inclusive a queda de alguns governos muito antigos, como o

de Hosni Mubarak, no Egito, que teve cerca de 2 mil mortos em conflitos.

Como boa parte dos desejos dos manifestantes se concretizou, o movimento rapidamente enfraqueceu, embora não tenha acabado. No Egito, ainda há manifestações, pois o povo

Opositores de Hosni Mubarak jogam pedras em partidários do ex-ditador egípcio em frente a tribunal no Cairo

Amr N

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Asso

ciat

ed P

ress

considera que os militares que assumiram o poder estão ainda muito ligados ao antigo

regime. Há vários aspectos do processo revolucionário ocorrido no país que resultou na queda do ditador Hosni Mubarak. Atualmente, o clima de esperança é muito grande para a população egípcia, principalmente para a classe

trabalhadora e a juventude.

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solidarizando-se com os jovens e os setores mais pobres da população. Foi a conjunção destes fato-res que levou milhões de pessoas às ruas.

O que ocasionou a queda do presidente Hosni Mubarak?A falta de respeito às liberdades civis e a falta da ordem econômica do país. É preciso ter em mente que a economia do Egi-to foi muito atingi-da pelos protestos dos últimos meses. Os prejuízos para o país foram muito grandes, a popula-ção tinha a razão de estar naquele desespero. Essa revolução aconte-ceu exatamente no período de maior afluxo de turistas, quando a temperatura não é tão quente. Calcula-se que mais de um milhão de turis-tas foram embora, o que representa uma perda de aproximadamente 11% da riqueza nacional. Além disso, muitas empresas cancelaram ou adiaram in-vestimentos que estavam planejados. Isso deixou a população ainda mais revoltada.

Como está a situação no país após a queda de Mubarak?Há duas prioridades que estão sendo enfrentadas agora, um mo-vimento institucional, que é a con-vocação de uma comissão especial que vai emendar os artigos mais importantes da Constituição em vi-gor desde 1977, que atualmente é muito autoritária. A outra priorida-de é restaurar a ordem econômica, o comércio e os bancos. Mubarak bloqueou a internet durante uma semana. Imagine o impacto que isso cusa na economia de um país atualmente. A Bolsa de Valores foi suspensa. Além disso, há várias categorias profissionais em greve. Temos dois movimentos na oposição que conduzi-ram os protestos. Na sua opinião, o que deve acontecer a curto

a distribuição de renda também era

muito ruim no Egito. Uma parte da população vivia com o equivalente a um ou dois dólares por

dia

prazo?Existe uma série de demandas políticas, econômi-cas e salariais que ainda não foram atendidas, os sindicatos estão muito ativos e, no que diz respeito a uma possível propagação, mas os países do Orien-te Médio são muito diferentes. Costumo comparar com a percepção que se tem em relação à Amé-

rica Latina. Muita gente, que olha de longe acha que os países e os povos são muito pareci-dos. Sabemos que não são. No Egito é a mesma coisa. É normal, mas erra-do pensar isso do Oriente Médio. Os iranianos são per-sas, os turcos são otomanos, uns são sunitas, outros são xiitas. Os 22 países

da Liga Árabe têm uma diversidade muito grande. O Egito e a Turquia, por exemplo, são repúblicas. Vários outros países são monarquias. Isso significa que é preciso analisar caso a caso antes de fazer previsões.

Do ponto de vista político, quais são as possí-veis consequências dessa turbulência no Orien-te Médio?

Creio que o que está acontecendo abre um espaço maior para a po-lítica na região. Considerando os problemas sociais e econômicos que estão na base dos protestos, imagino que os novos governos de países como o Egito e a Tunísia terão interesse nos programas so-ciais. O sentimento é, sobretudo, de esperança. As classes sociais que saíram para as ruas no Egito têm uma expectativa muito gran-de de que a vida vai melhorar. É um país com mais de 80 milhões

de habitantes, com muitos jovens e que vem ga-nhando cerca de 2,5 milhões de habitantes a cada ano. Esses números indicam a grande responsabi-lidade que recai sobre o governo de transição e, depois, sobre o futuro governo.

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ão

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entrevista

mohAmmed KhAddour: ‘A síriA é muito diferente dos outros pAíses’

Rafaela Mendes

O embaixador da Síria no Brasil fala sobre a sua visão de como é a relação do governo sírio com a população.

Mohammed Khaddour, embaixador da Síria no Brasil, jornalista de formação, que nas últimas dé-cadas ocupou cargos de chefia no ministé-rio da informação e nos principais meios de comunicação do governo disse que a Primavera Árabe de-veria ser chamada de “Bagunça Árabe”, pois só representou insta-bilidade para a região.

Khaddour disse ainda que Bashar al-Assad, no poder há 11 anos, herdou a cadeira de presiden-te do pai, que governou durante 30 anos. O em-baixador completou dizendo que o atual presi-dente não deve ser visto como ditador, e sim, um grande reformista.

Para o representante da Síria no Brasil há um equívoco por parte da Organização das Nações Unidas (ONU) ao dizer que o país vive uma guer-ra civil, mesmo com as mais de 10 mil mortes em apenas 15 meses. “Desde que não haja críticas diretas ao pre-sidente, aos interesses sobera-nos da nação e da liberdade religiosa, tudo é permitido na Síria”, afirmou.“É preciso lembrar que a im-prensa não deve chamar nosso presidente de ditador, como tem feito. Gostaria que a im-prensa local seguisse a política externa adotada pelo governo,

que representa o caminho da legalidade e nun-ca ameaçou os laços diplomáticos, como outros

países fizeram”.

Revista Visões: Como o senhor vê a Primavera Árabe?Mohammed Khad-dour: Pessoalmente considero isso tudo uma “bagunça ára-be”, que ocorreu por vontade externa. Questiono se hoje

existe de fato alguma estabilidade na Líbia, na Tunísia, no Iêmen e sobretudo no Egito. Questio-no se esses países conseguiram melhorar a vida da população.

Então o senhor acredita que seria melhor sem a Primavera Árabe?A imprensa precisa ser razoável e entender a ló-gica da região. A diferença cultural é muito gran-de. Somos um país de terceiro mundo, não de primeiro. De que democracia estamos falando?

Houve ”Primavera” no Iraque, que os americanos invadiram? E a Arábia Saudita, que é a maior aliada dos americanos? Por que reivindicam uma de-mocracia nesses moldes na Sí-ria e não reivindicam na Arábia Saudita?

A Síria é um país democráti-co?

Em 2011, uma onda de protestos começou na Síria contra o governo de Bashar al-Assad, iniciada na cidade de Homs, desencadeou um

conflito armado que já dura mais de um ano. Para compreender esse levante é preciso considerar o

Repr

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ção

a Síria é muito diferente dos demais países do

Oriente Médio. Não há conflito religioso, e o

povo nunca foi às ruas pedir a renúncia do seu

governante

contexto sociopolítico dos países vizinhos, pois o que ocorre na Síria é reflexo de um movimento comumente chamado de Primavera Árabe é um termo que remete à esperança do florescimento

da democracia na região.

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A Síria é muito diferente dos demais países do Oriente Médio. Não há conflito religioso, e o povo nunca foi às ruas pedir a renúncia do seu governante. O nosso Presidente foi eleito demo-craticamente pelo povo para cumprir um man-dato de sete anos e depois foi reeleito. Perma-necerá no poder até 2014, por vontade popular, determinada em votação. Por isso é incorreto dizer que a Síria sofre ditadura. Temos um presi-dente querido pela popuçação.

É possível fazer oposição ao governo dentro da Síria?Desde que não haja um desrespeito às nossas leis, sim. Temos partidos a favor e contra o gover-no. O problema é a oposição no exterior, forma-da por gente que teve relação errada com o Esta-do. É uma visão deturpada que a imprensa passa mostrando uma visão que não temos. Algo tão errado que chega a ser antiético.

A ONU diz que a Síria está em guerra civil. Você confirma?A Síria não vive uma guerra civil e os números do governo dão conta de 9 mil mortes. O presiden-te conta com o apoio de 70% da população.

Uma imprensa livre como no Brasil, caberia na Síria?

Temos órgãos oficiais e independentes. Em to-dos, prevalecem as mesmas regras: desde que não se critique ou se faça humor com o presiden-te, com os interesses soberanos da nação e com a liberdade religiosa, tudo pode. Eu reafirmo o que já disse, aqui na Síria não existe nenhum tipo de censura. A nossa imprensa pode publicar o que está de acordo com a nossa constituição. Portanto, o que você vê repercutindo na internet ou nos meios de comunicação nem sempre são verídicos. Tratamos muito bem todos os jornalis-tas. Uma estudante de jornalismo, por exemplo, poderia ter livre acesso às coisas desde que res-peitasse o que lhe fosse pedido.

Por várias vezes o senhor disse que o Presi-dente da Síria não é um ditador. Na sua visão, Muamar Kadafi poderia ser considerado um?Para nós, qualquer pessoa benquista pelo seu povo não pode ser chamada de ditadora. Talvez esse seja um dos pontos de encontro e desen-contro culturais que existem entre os árabes e o Ocidente. Os longos períodos sob um governo e a transição de poder de pai para filho como herança são um processo natural. Isso vale para vários regimes da região, como os emirados do Kuait e de Bahrein ou a Arábia Saudita, com o rei Abdallah.

Repr

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ão

Manifestantes protestam a favor do presidente Bashar al-Assad

Page 21: Revista Visões - Redes Sociais

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pAíses vs. JornAlistAs: como trAbAlhAr?

carreira

A liberdade de expressão distante do Oriente MédioRafaela Mendes

A situação continua crítica principalmente nos países do mundo árabe. As várias ondas de violência, que vêm aumentando ao longo dos

anos, acarretaram mudanças profundas, porém não significa que, em geral, o trabalho dos jornalistas nos territórios árabes tenha se tornado mais fácil.

A atividade jornalística na Tunísia, não é tão difícil como antes. Já na Síria, diversos profissionais morreram desde o início da repressão. O atual grau de perigo para a classe é mais ou menos compará-vel ao do Iraque, há alguns anos . “A Primavera Ára-be desencadeou grandes conflitos. Os jornalistas precisam estar in loco e são atacados sobretudo pelos governos, obviamente”, diz Faraj Hassan Ali vice-presidente da Sociedade Palestina para Todos.

Já em alguns países, as expectativas quanto a uma maior liberdade não se cumpriram. “O Egito, por exemplo, em que se depositavam grandes es-peranças, voltou a viver esta falta de liberdade de expressão, pois o governo militar decretou novas leis de estado de exceção, restringindo novamente a liberdade de imprensa”, disse Farj Hassan.

Para os meios de comunicação, o aspecto inovador da Primavera Árabe foi a abundância de conteúdos produzidos por usuários, como vídeos e gravações feitas por cidadãos locais.

Isso ajudou muito a imprensa mundial, pois a falta de acesso de jornalistas e cinegrafistas aos pontos cruciais do conflito fez com que conteúdos produzidos por usuários em geral ou fornecidos por ativistas com fortes interesses nos resultados dos conflitos levassem ao mundo o que estava ocorren-do nestes lugares.

A mudança no mundo árabe demonstrou o poder da combinação das aspirações pelos direi-tos com os ‘media’ tradicionais e os novos ‘media’, e mostrou a importância do jornalismo cidadão.

Em uma nota, a ONU divulgou seu ponto de vista sobre o que foi a Primavera Árabe e os ata-ques sofridos por jornalistas, “as revoltas recentes em alguns estados árabes destacaram o poder dos media, a busca humana pela liberdade de expres-são e a confluência da liberdade de imprensa com a liberdade de expressão, através dos vários meios de comunicação tradicionais e novos”.

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Jornalistas estrangeiros entrevistam soldado do exército de Kadafi, capturado por rebeldes em Benghazi

Page 22: Revista Visões - Redes Sociais

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A guerrA no oriente médiocAusA medo e AfAstA turistAs

turisMo

Leandro Lisbôa e Rafaela Mendes

O Oriente Mé-dio, palco de guerras infini-

tas e índice de mortos elevado teve mais um ponto negativo. Se por um lado as revoluções dão ao povo uma es-perança de dias me-lhores, por outro, im-pulsiona a economia para baixo ao “espan-tar” os turistas de suas cidades.

A região, que re-cebe turistas de todo o mundo, principalmen-te devido ao contexto histórico e religioso tem tido cada vez me-nos visitas após o início das revoltas na busca por direitos sociais. Entretanto, esse não é o único moti-vo da ausência de visitantes. A falta de um governo sólido e com ações estratégicas foi ponto decisivo na ausência de confiança por parte de investidores na economia dos países envolvidos nos conflitos.

Países como o Egito, que já sofria com a gran-de crise econômica mundial, tiveram um prejuízo ainda maior. A desvalorização da libra egípcia em comparação ao dólar americano é muito grande – atualmente cada US$ 1 dólar equivale a 6,10 libras – o que enfraquece o comércio local, pois os turistas preferem utilizar a moeda americana para aumen-tar o poder de compra. Como afirma Thiago Souza agente de viagens da Mappa Turismo. “As pessoas que buscam nossa agência preferem utilizar o dó-lar em países dessa zona devido ao maior poder de compra”.

Outro ponto que dificulta o desenvolvimento econômico é a segurança dos turistas. Por não con-seguir garantir a segurança dos clientes que com-pravam pacotes de viagem, muitas agências para-ram de vender passagens para Egito, Tunísia, Síria e

outras regiões que pudessem estar envolvidas nos conflitos. Como alternativa, as agências se movi-mentaram e criaram alternativas aos seus clientes. “O período de conflitos foi bem complicado para nós. Tivemos cancelamentos de clientes que es-tavam na área e queriam voltar ou sair de lá com urgência, por medo de sofrer um atenta-do ou ser atingidos pelas manifesta-ções. Dessa forma, passamos a ofere-cer as Américas do Sul e do Norte como alternativa”, afirmou Thiago, da Mappa Turismo.

Entretanto, os conflitos não são a única preocupação dos turistas que querem ir ao Oriente Médio. Os desafios de inserir-se em uma nova cultura, com costumes e linguagem diferentes são pontos que tiram o sono de quem quer ir aos países árabes.

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Para não perder os clientes, agências de viagens encontram alternativas

as pessoas que buscam nossa

agência preferem utilizar o dólar em países dessa zona devido ao maior poder de compra

Page 23: Revista Visões - Redes Sociais

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Nome correto do país a visitar – o México, origi-nalmente chama-se Estados Mexicanos Unidos; a Alemanha, República Federal da Alemanha, mes-mo que não haja mais uma República Democrática da Alemanha (Alemanha Ocidental).

A forma de governo – democracia parlamenta-rista, democracia constitucional, ditadura, monar-quia, é bom saber também o que isso significa, pois o país pode se chamar “república” e ainda assim ser uma ditadura. Isso faz diferença no sentimento na-cional da população.

cuidAdos Ao viAJAr pArA o exterior

O nome da capital - confundir a capital do país pode ser um problema, então é preciso não es-quecer onde se está.

O nome do governante - e das principais autori-dades do governo nacional e da região para onde se vai. Em alguns países, o primeiro ministro é mais importante que o presidente.

Se existe uma religião nacional – e qual é ela. Não é conveniente presumir, por exemplo, que todos os países árabes são muçulmanos.

De acordo com o livro “Superdicas de Etique-ta”, da jornalista Claudia Matarazzo, ao via-jar, é fundamental estar em sintonia com o

modo de vida e com o pensamento das pessoas

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Citadel of Aleppo, norte da Síria

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Temple of Apollo, Líbia

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Mosquee of Okba, Tunísia

com quem você vai estar. No caso, cidadãos ára-bes. Dessa maneira, é necessário se informar an-tes de chegar ao próprio destino, coletar detalhes do local para onde está indo.

Page 24: Revista Visões - Redes Sociais

24

Iêmen - Com muita manifesta-ção, para acalmar a população o presidente Salen resolveu não se

candidatar novamente.

Egito - Grandes protestos que culminaram na renúncia do pre-

sidente Hosni Mubaraki.

Líbia - Protestos por habitação e grandes manifestações públi-cas com várias mortes. Morte de

Muamar Kadafi.

Jordânia - Pequenos protestos no país. Mudança de governo e apelo do rei Abdullah ll, com uma rápida reforma democrá-

tica.

Omã - Pequenos protestos que foram parados com o aumento do salário para o setor privado.

Líbano - Os protestos não ge-raram nenhum resultado para a

população.

Palestina - Os protestos isola-dos não trouxeram mudanças

ao país.

Djibuti - Protestos isolados em pequenas vilas.

Argélia - Grandes manifestações ocorreram, porém o presidente Abdelazis Bouteflika prometeu colocar um fim no estado de

emergência do país.

pAíses que pArticipArAm

Page 25: Revista Visões - Redes Sociais

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Mapa

Bahrein - As grandes manifesta-ções só chegaram ao fim, quan-do o rei Hamad prometeu soltar

os presos políticos do país.

Kuwait - Grandes manifestações públicas, porém sem nenhuma

consequência importante para o

dA primAverA ÁrAbe

país.

Iraque - Protestos espalhados por todo o país.

Síria - O país se tornou campo de batalha entre manifestantes e militares com muita violência

e morte pelo país. Para conter os manifestantes, o presidente prometeu reformas no gover-

no.

Tunísia - A autoimolação de Mohammed Bouazizi levou a grandes manifestações públi-cas que resultaram na deposi-

ção do ditador Ben Ali.

Mauritânia - Ocorreram vários protestos.

Arábia Saudita - Protestos se espalharam pelo país, mas com

pouca relevãncia.

Marrocos - Depois de muitos protestos o rei Mohammed VI organizou um referendo que

levou à mudança da Constitui-ção.

Page 26: Revista Visões - Redes Sociais

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análise

Durante a análise de dez matérias sobre a co-bertura jornalística da Primavera Árabe, sen-do a metade do site Observatório da Impren-

sa e a outra do site Folha.com, o que não faltou foi a opinião, ou melhor, a presença do “ethos” - apresen-tação da autoridade do locutor.

Nas palavras de Dominique Maingueneau, no livro Análise de textos de comunicação, “toda fala procede de um enunciador encarnado; mesmo quando escrito, um texto é sustentado por uma voz- a de um sujeito situado para além texto” (pg.95). Porém, até que ponto o comu-nicador usa a pessoalidade para infor-mar, persuadir ou divertir as pessoas?

“E para que serve a comunica-ção? Serve para que as pessoas se re-lacionem entre si, transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia. Sem a comunicação cada pessoa seria um mundo fecha-do em si mesmo. Pela comunicação as pessoas compartilham experiências, ideias e sentimentos. Ao se relacionarem como seres interdependentes, influenciam-se mutuamente e, juntas, modificam a

A coberturA dA primAverAÁrAbe é opinAtivA

Thamara Martins

realidade onde estão inseridas” (BORDENAVE, 2005, p.36).

É necessidade do ser humano se comunicar, inclusive é um direito garantido no artigo 5° da Constituição Federal de 1988. “XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o si-gilo da fonte, quando necessário ao exercício pro-

fissional; como também IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou li-cença”. Exercendo uma dupla função, as pessoas precisam se informar e os comunicadores existem para essa fina-lidade.

Entretanto, a impessoalidade ditada pelo código de ética dos jorna-listas é algo questionável. Há recursos

como o discurso direto, que conferem autenticida-de e distanciam o enunciador da matéria. Todavia, nem sempre nos textos os dois lados da história são apresentados, e quando são é possível perceber a opinião dos enunciadores reveladas nas aspas dos entrevistados.

A Revista Visões fez uma análise da cobertura da Primavera Árabe realizada pelos veículos Folha.com e Observatório da Imprensa

a cobertura jornalística foi essencialmente opinativa, e os

textos revelaram pessoalidade e interpretação

mAtériAs AnAlisAdAs (folhA.com)1 - Secularismo no resgate da Primavera Árabe. Por Fadi Hakura (3/6/2011)

2 - Egito reprime atos de homenagem à revolução com furor. Por Marcelo Ninio (30/6/2011)

3 - 1 ano depois, êxito islâmico é como espectro sobre revoluções. Por Salem H. Nasser (17/12/2011)

4 - Egito condena Mubarak, mas matém alicerces de seu tempo. Por Arlene Clemesha (4/6/2012)

5- Tunísia condena à prisão perpétua ex-ditador Ben Ali. Por Marcelo Ninio (14/6/2012)

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No objeto de análise, a utópica impessoali-dade dá lugar a relação do “eu e você”, são encon-trados verbos na segunda pessoa do plural e enun-ciadores que direcionam o discurso para o leitor. O texto “Os rebeldes” e o futuro da Líbia, publicado no Observatório da Imprensa, confere valor pragmáti-

co, relação com o destinatário, quando trata o leitor por você. Segue trecho:

O ethos é mais próximo do leitor, instável, sen-do possível identificá-lo, seja pelo uso de metáforas, opiniões ou interpretações. Em geral, comentários para explicar a própria fala são identificados nos textos, os termos “Ou melhor” (linha 5) e “Em geral” (linha 54) são exemplos propositais de modaliza-ções autonímicas.

Os textos da cobertura apresentam poucos erros nas notícias, palavras difíceis e fontes. Três fontes não foram identificadas, quatro tiveram ge-neraliações, sem citar os nomes das pessoas envol-vidas: “Segundo o Exército”, “Ministério da Saúde”, “Organizações de Direitos Humanos” e “Centro Pew de Pesquisas”. As matérias tiveram contraste de três versões do nome do ex-ditador da Líbia: “Muamar el Gadafi”, “Muamar Kadafi” e “Qaddafi”.

Num dia incerto e não sabido, quando for decretado o final da ‘guerra’, todos os rebeldes entregarão candidamente

suas armas às forças da ONU ou talvez nos escritórios do ente político criado pelos insurgentes: o Conselho Nacional de Transição. Você acredita

nisso?

Além de abordar a Política Internacional, to-dos os textos são coesos e coerentes. Porém, alguns jornalistas, seja por distração ou por conhecer bem o leitor-modelo, deixam de explicar palavras difíceis. Exemplo disso é a matéria Consultoria critica mis-tificações, escrita por Mauro Malin. “A consultoria de estratégia Stratfor mandou na quarta-feira (2/11) aos destinatários de seu mailing”, em outra parte do texto, quando inclui um discurso direto, “A Primavera Árabe é um manual clássico de wish-ful thinking da mídia hegemônica [mainstream media]”. Mailing significa “lista de e-mails”, e a ex-pressão inglesa wishful thinking tem por sinônimo as palavras “utopia, ilusão e excesso de otimismo”.

Independentemente do tamanho das maté-rias [pequeno (20 linhas), médio (até 35 linhas) ou grande (acima de 35 linhas)], o enunciador pôde escolher a forma de apresentação mais apropriada, ora pirâmide invertida (cinco), fatos mais relevantes no início, ora forma literária (uma), quando o me-lhor é deixado pro final, ou ainda quando o siste-ma é misto (quatro), tanto no começo, quanto no final. A forma analítica esteve presente em todos os casos, ou seja, respondendo às perguntas: quem, o quê, quando, onde, como e por quê?

Além da função de informar, a persuasão foi encontrada em oito das dez matérias, sendo clara a presença do jornalista no texto. Entre os 11 itens analisados (fontes, viés/abordagem, estrutura tex-tual, tamanho, notícia sintética/analítica, função da notícia, formas de apresentação, erros das notícias, ethos, contraste e logos ) o “ethos” foi o item de des-taque, logo, as conclusões das premissas e observa-ções leva a crer que a cobertura jornalística foi es-sencialmente opinativa, e que os textos revelaram pessoalidade e interpretação.

mAtériAs AnAlisAdAs (observAtório dA imprensA)1 - O caminho da democracia no Oriente Médio. Por Thiago Antonio Melo (7/1/2012)

2 - A dimensão da onde revolucionária. Por Ian Bremmer (12/6/2011)

3 - Redes Sociais e democracia. Por Michael Moran (1/6/2012)

4 - Consultoria critica mistificações. Por Mauro Malim (3/12/20122)

5 - Os “rebeldes” e o futuro da Líbia. Por Samuel Lima (30/8/2012)

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cultura

Quando surgiu o Islamismo?

O islamismo surgiu no século VI na Arábia, região do Oriente Médio que era habitada por cerca de 5 milhões de pessoas. Eram

grupos de sedentários e nômades organizados em tribos e clãs. A população era de maioria politeísta, mas existiam algumas tribos judaicas e outras de

tradição cristã.

Nesse contexto surgiu o criador do islamismo, o profeta Maomé, chamado de Muhammad pelos

muçulmanos. Órfão desde cedo, ele se tornou um condutor de caravanas, o que lhe possibilitou o contato com noções básicas da doutrina cristã.Quando adulto, o profeta passou a se dedicar a

retiros espirituais e, segundo os seguidores do Islã, começou a ter visões divinas com mensagens que

deveria divulgar. As primeiras pregações públicas de Maomé em Meca, sua cidade natal, tiveram pouco

sucesso e geraram atritos locais.

Admirador do monoteísmo, ele criticava uma das maiores fontes de renda de Meca: a peregrinação

dos idólatras, que adoravam as várias divindades dos

Você sabia?Que os nomes mais utilizados no Oriente Médio

são: Muhammad e Mai.

O Alcorão não obriga a mulher usar o véu, vai do bom senso de cada uma.

Nos Países Árabes a mão esquerda é considerada impura, pois é destinada a higiene pessoal, então

não ofereça ou receba documentos esta mão.

Para os muçulmanos o ideal é manter uma distância respeitosa entre sexos opostos, até

dentro dos transportes públicos, pessoas de sexo oposto não se sentam lado a lado.

Na Árabia Saudita arrotar após as refeições é sinal de boa educação e de satisfação pela

comida.

É comum que homens andem de mãos dadas. Isso é um sinal de respeito e amizade.

Não se deve mostrar o solo do sapato. É sinal de impureza.

Cinco orações diáriasO fiel deve rezar todos os dias em cinco horários diferentes: 5h00, 12h30, 16h00, 18h30 e 20h00. Para isso, deve entrar na mesquita sem sapatos e dirigir-se a Sala de Oração, que ocupa a ala de

um jardim aberto.No centro do jardim, há um poço de purificação,

para antes da prece.

No muro que dá para a Meca, o mihrab indica a direção para qual se deve rezar.

Durante a oração, o fiel se inclina para a frente, prostrando-se no chão, em sinal de respeito ao

Criador

ORAÇÃO:Em nome d’Allah, ó Clemente, ó Misericordioso,

Louvado seja Allah, Senhor do Universo,Clemente, ó Misericordioso,Soberano do Dia do Juízo,

Só a Ti adoramos e só de Ti imploramos ajuda!Guia-nos á senda reta,

À senda dos que agraciaste, não a dos abominados, nem a dos extraviados.

Fonte: Alcorão

templos locais. Maomé passou a pregar a crença num único deus,

Alá, e reuniu suas mensagens num livro sagrado para os muçulmanos, o Corão. Perseguidos em Meca, o

profeta e seus adeptos fugiram para criar a primeira comunidade islâmica em Medina, em um oásis

próximo.

Essa migração forçada, conhecida como Hégira, marcou o início do calendário muçulmano e, aos

poucos, o profeta atraiu cada vez mais seguidores até ter força para derrotar os rivais que o expulsaram de

Meca.Usando como doutrina a nova religião que assimilava tradições judaicas, combinada aos conceitos cristãos e ideais das tribos árabes, ele conseguiu unificar toda

a Arábia sob sua liderança.

Após morrer, em 632, seu sogro Abu Bakr passou a conduzir a expansão do islamismo, que nos séculos

seguintes se espalhou pela Europa, Ásia e África, levado não apenas por árabes, mas por outros povos

convertidos.

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Prepararam-se os jeeps Toyota Land Crui-ser de tração às quatro rodas, espaçosos e praticamente novos, verifica-se uma

vez mais todo o equipamento e, por último, carrega-se a  pick-up  apelidada de “kitchen car”  que sonha acompanhar logisticamente a curta  expedição  pelo deserto do Sahara. Primeiro objetivo: as dunas de Murzuq. En-tão vamos lá.

A estrada que a une Ubari  a um vale transfigurado, viçoso e verdejante, a razão de tanto verde em tão inóspito local é, na verdade, bem simples de explicar. Um dos vários projetos megalômanos do governo do período Kadafi consistiu em produzir ve-getais em pleno deserto, após a descober-ta de veios de água, a pouca profundidade precisamente no vale entre as localidades de Shaba e Ubari.

Ao longo de 200 quilômetros, foram construídas e oferecidas grandes quintas a habitantes locais, cada uma com “círculos” de plantio de três a cinco quilômetros de raio, ir-rigados com a água recém-descoberta. Uma visão no mínimo surpreendente aos turistas, os enormes círculos verdejantes misturan-

crônica

umA líbiA que poucos conhecemRafaela Mendes

Repr

oduç

ão

Oásis no deserto líbio

do-se ao laranjado do de-serto, mas a verdade é que o projeto resulta em cerca 80% de todos os vegetais produzidos na Líbia, em um lugar conhecido como “Vale da vida”.

Já no Sul do país, apa-recem os terrenos áridos à medida que as dunas vão se aproximando, até que, o final da tarde, já no seio das dunas de Murzuq, acha-se um local tranquilo e agradável para montar o acampamento, o abri-go perfeito para qualquer

eventualidade. Já o lado Norte, próximo ao chamado

“Mar de Areia”, da para apreciar as milena-res figuras rupestres existentes em Wadi Ma-thkendoush. Da aridez de um leito de rio res-sequido saltam à vista elefantes, zebras, bois, avestruzes, burros e girafas, e ainda, alguns humanos caçadores ou como são conheci-dos xamãs.

São dezenas de figuras rupestres data-das de 10.000 a 7.000 a.C., esculpidas ao lon-go dos 12 quilômetros de falésia rochosa que acompanha o rio. As figuras fazem adivinhar uma savana repleta de vida animal, no que agora é um dos maiores desertos do planeta. Que é como quem diz, dunas, dunas e mais dunas e uma nova noite com céu estrelado.

Fazem parte da belíssima paisagem da Líbia alguns lagos rodeados de palmeiras que se esforçavam por contrariar os tons la-ranjados da bela paisagem de areia e dunas.

Os mais conhecidos são o  lago Mefuo, depois o Gabr-Aun e o lago seco Mandara e por fim o belíssimo Umm Al Ma literalmente “Mãe de Água”, onde o céu e a areia se en-contram, formando uma paisagem incrível.

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Criança segura uma arma em manifestação de apoio à ofensiva aérea promovida pela coalizão internacional contra as forças de Muamar Kadafi, em Benghazi

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sse Milhares de líbios comemoram em Bengazi;

Forças de Kadafi lançam mísseis scud contra cidade de Misrata

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Rebeldes líbios queimam roupas de soldados leais ao ditador Muamar Kadafi

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Manifestantes pedem a condenação de Hosni Mubarak em frente à Academia de Polícia do Cairo, onde o ex-governante foi julgado

Homem segura bandeira do Egito em frente à Embaixada de Israel no Cairo que foi invadida por manifestantes

galeria

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