lÍngua portuguesa 1ª série do ensino médio cel pimentel prof a. hildenize

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LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino 1ª Série do Ensino Médio Médio Cel Pimentel Cel Pimentel Prof Prof a. a. Hildenize Hildenize

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Page 1: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA1ª Série do Ensino Médio1ª Série do Ensino Médio

Cel PimentelCel Pimentel

ProfProfa.a. Hildenize Hildenize

Page 2: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Palavras e sentidosPalavras e sentidos

Qual a diferença entre o uso literal e figurado Qual a diferença entre o uso literal e figurado de uma palavra?de uma palavra?

Quais são os recursos que caracterizam as Quais são os recursos que caracterizam as diferentes figuras de linguagem?diferentes figuras de linguagem?

De que modo uma figura cria efeitos de De que modo uma figura cria efeitos de sentido especiais?sentido especiais?

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OBJETIVOSOBJETIVOS

Identificar a diferença entre sentido literal e Identificar a diferença entre sentido literal e figurado e relacionar esses sentidos aos usos figurado e relacionar esses sentidos aos usos conotativo e denotativo da linguagem.conotativo e denotativo da linguagem.

Reconhecer figuras de palavra, de pensamento Reconhecer figuras de palavra, de pensamento e de sintaxe.e de sintaxe.

Analisar de que modo essas figuras atuam na Analisar de que modo essas figuras atuam na criação de efeitos de sentido especiais no criação de efeitos de sentido especiais no texto.texto.

Page 4: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Chega mais perto e contempla as palavras.Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutratem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta,e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres:pobre ou terrível, que lhe deres: trouxeste a chavetrouxeste a chave? [...]

(Procura da poesia. In: Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Abril Educação. 1980. Col. Literatura Comentada.)

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Palavras como signosPalavras como signos

Toda palavra é um signo, sinal que significa.Toda palavra é um signo, sinal que significa. Como todo signo, tem duas faces: significante Como todo signo, tem duas faces: significante

– representado por sons e letras – e significado – representado por sons e letras – e significado – representado pelo conceito transmitido.– representado pelo conceito transmitido.

A relação significanteA relação significante/significado não é /significado não é simples, pois, na prática, para um único simples, pois, na prática, para um único significante, há muitas possibilidades de significante, há muitas possibilidades de significado.significado.

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Sentido literal e sentido figuradoSentido literal e sentido figurado

As palavras, expressões e enunciados da língua atuam em dois planos As palavras, expressões e enunciados da língua atuam em dois planos distintos: o denotativo (literal) e o conotativo (figurado).distintos: o denotativo (literal) e o conotativo (figurado).

Sentido literalSentido literal é o significado referencial, básico, estável das palavras, é o significado referencial, básico, estável das palavras, expressões e enunciados da língua. Todas as vezes que as palavras expressões e enunciados da língua. Todas as vezes que as palavras remetem ou se referem a objetos do mundo (real ou imaginário) estão remetem ou se referem a objetos do mundo (real ou imaginário) estão funcionando de modo funcionando de modo denotativodenotativo..

““O O riorio para mim era um cinema.” (João Cabral de Melo Neto) para mim era um cinema.” (João Cabral de Melo Neto)

Rio: [Do lat. rivu (riu no lat. vulg.).]Rio: [Do lat. rivu (riu no lat. vulg.).]S. m. S. m.

1. Curso de água natural, de extensão mais ou menos considerável, que se 1. Curso de água natural, de extensão mais ou menos considerável, que se desloca de um nível mais elevado para outro mais baixo, aumentando desloca de um nível mais elevado para outro mais baixo, aumentando progressivamente seu volume até desaguar no mar, num lago, ou noutro progressivamente seu volume até desaguar no mar, num lago, ou noutro rio, e cujas características dependem do relevo, do regime de águas, etc. rio, e cujas características dependem do relevo, do regime de águas, etc. [ V. afluente 1 (4), curso (3), foz, leito (5), margem (3) e nascente (5).] [ V. afluente 1 (4), curso (3), foz, leito (5), margem (3) e nascente (5).] (Dicionário Aurélio Século XXI)(Dicionário Aurélio Século XXI)

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Sentido figuradoSentido figurado é aquele que as palavras, é aquele que as palavras, expressões e enunciados adquirem em situações expressões e enunciados adquirem em situações particulares de uso, quando o contexto exige que o particulares de uso, quando o contexto exige que o ouvinte ouvinte / leitor perceba que o sentido literal foi / leitor perceba que o sentido literal foi modificado, e as palavras ganham um novo modificado, e as palavras ganham um novo significado, um significado especial. Quando as significado, um significado especial. Quando as palavras sugerem ou evocam, por associação, outra palavras sugerem ou evocam, por associação, outra idéia de ordem abstrata, afetiva ou emocional, idéia de ordem abstrata, afetiva ou emocional, dizemos que estão funcionando de modo dizemos que estão funcionando de modo conotativoconotativo..

“ “Meu pensamento é um Meu pensamento é um riorio subterrâneo.” (Fernando subterrâneo.” (Fernando Pessoa) Pessoa)

Rio: [Do lat. rivu (riu no lat. vulg.).]Rio: [Do lat. rivu (riu no lat. vulg.).]S. m. S. m. 2.2. Fig. Aquilo que corre como um rio. (No Fig. Aquilo que corre como um rio. (No exemplo, o pensamento exemplo, o pensamento flui sem ser visto.)flui sem ser visto.)

Page 8: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Figuras de linguagemFiguras de linguagem

Quando um autor decide explorar o sentido figurado Quando um autor decide explorar o sentido figurado das palavras, expressões ou enunciados, faz isso para das palavras, expressões ou enunciados, faz isso para criar uma imagem específica que provoque efeitos de criar uma imagem específica que provoque efeitos de sentido variados. Escolhe, então, uma série de sentido variados. Escolhe, então, uma série de recursos a fim de criar esses efeitos.recursos a fim de criar esses efeitos.

Figuras de linguagemFiguras de linguagem são recursos estilísticos são recursos estilísticos (expressivos) utilizados no nível dos sons, das (expressivos) utilizados no nível dos sons, das palavras, das estruturas sintáticas ou do significado palavras, das estruturas sintáticas ou do significado para dar maior valor expressivo à linguagem.para dar maior valor expressivo à linguagem.

Page 9: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Figuras de palavra ou tropos*Figuras de palavra ou tropos*

Quando usamos uma palavra em um contexto Quando usamos uma palavra em um contexto pouco esperado, ela pode adquirir um novo pouco esperado, ela pode adquirir um novo sentido. Alguns deslocamentos de contexto são sentido. Alguns deslocamentos de contexto são tão freqüentes na língua que passaram a ser tão freqüentes na língua que passaram a ser reconhecidos como recursos de estilo reconhecidos como recursos de estilo chamados de chamados de figuras de palavrafiguras de palavra..

* Do grego “trópos”, que significa desvio.* Do grego “trópos”, que significa desvio.

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MetáforaMetáfora Transferência de um termo para um contexto de significação Transferência de um termo para um contexto de significação

que não lhe é próprio, estabelecendo uma relação de que não lhe é próprio, estabelecendo uma relação de semelhança que pressupõe um processo de comparação. semelhança que pressupõe um processo de comparação.

Essa associação, entretanto, é resultado da subjetividade, da Essa associação, entretanto, é resultado da subjetividade, da imaginação de quem cria a metáfora, cabendo ao ouvinteimaginação de quem cria a metáfora, cabendo ao ouvinte//leitor leitor completar-lhe o sentido a partir de sua sensibilidade, de sua completar-lhe o sentido a partir de sua sensibilidade, de sua experiência.experiência.

“ “Eu perdi todos os fulgores de outroraEu perdi todos os fulgores de outrora Saúde bens e felicidade que eu não tiveSaúde bens e felicidade que eu não tive Agora sou uma estátua a que furaram os olhosAgora sou uma estátua a que furaram os olhos Não vivoNão vivo””

((Não vivoNão vivo, de Antônio Girão Barroso), de Antônio Girão Barroso)

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Comparação ou símileComparação ou símile

Comparação entre elementos de universos Comparação entre elementos de universos diferentes, mas que são aproximados por diferentes, mas que são aproximados por “apresentarem” uma característica comum e “apresentarem” uma característica comum e por meio de um termo específico (como, feito, por meio de um termo específico (como, feito, tal qual, qual, assim como, tal, etc.)tal qual, qual, assim como, tal, etc.)

“ “Foi assim, como ver o mar Foi assim, como ver o mar A primeira vez que os meus olhos se viram no A primeira vez que os meus olhos se viram no

seu olhar” (14 Bis)seu olhar” (14 Bis)

Page 12: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Catacrese*Catacrese* Ocorre quando, na falta de uma palavra específica para Ocorre quando, na falta de uma palavra específica para

designar determinado objeto, utiliza-se outra a partir de designar determinado objeto, utiliza-se outra a partir de alguma semelhança conceitual ou substitui-se um termo exato alguma semelhança conceitual ou substitui-se um termo exato ou técnico por um menos formal. É uma espécie de metáfora ou técnico por um menos formal. É uma espécie de metáfora morta, pois, dado seu uso corrente, não reflete inovação. Ex.: morta, pois, dado seu uso corrente, não reflete inovação. Ex.: maçã do rosto, batata da perna, folha de papel, banana de maçã do rosto, batata da perna, folha de papel, banana de dinamite, coração da floresta, coroa do abacaxi, raiz do dinamite, coração da floresta, coroa do abacaxi, raiz do problema, asa da xícara, cabeça de prego.problema, asa da xícara, cabeça de prego.

“ “Eu não sei se vem de DeusEu não sei se vem de Deusdo céu ficar azuldo céu ficar azulou virá dos olhos teusou virá dos olhos teusessa cor que essa cor que azulejaazuleja o dia? o dia?Se acaso anoitecerSe acaso anoitecere o céu perder o azul...” (Djavan)e o céu perder o azul...” (Djavan)

* Etimologicamente, significa abuso.* Etimologicamente, significa abuso.

Page 13: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Metonímia ou SinédoqueMetonímia ou Sinédoque Substituição de um termo por outro cuja relação depende da Substituição de um termo por outro cuja relação depende da

ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade e da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade e da dependência entre eles. Dizemos que, na metonímia, há uma dependência entre eles. Dizemos que, na metonímia, há uma relação semântica de contigüidade, de “proximidade”, relação semântica de contigüidade, de “proximidade”, “vizinhança” (parte“vizinhança” (parte/todo, /todo, autorautor/obra, continente/conteúdo, /obra, continente/conteúdo, marca/produto, causa/efeito, etc)marca/produto, causa/efeito, etc)..

““É de manhã É de manhã Sai da cama Sai da cama HavaianaHavaiana no pé no pé Apostila Apostila Na mochila Na mochila E na mão, um café” (Tribalistas)E na mão, um café” (Tribalistas)

““As velas do Mucuripe As velas do Mucuripe vão sair para pescar” (Belchior e Fagner)vão sair para pescar” (Belchior e Fagner)

Page 14: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Perífrase ou antonomásia Perífrase ou antonomásia

Tipo de metonímia que consiste na Tipo de metonímia que consiste na identificação de “coisa” ou pessoa não por seu identificação de “coisa” ou pessoa não por seu nome, mas por uma característica ou atributo nome, mas por uma característica ou atributo que a distingue das demais.que a distingue das demais.

““Cidade MaravilhosaCidade Maravilhosa Cheia de encantos milCheia de encantos milCidade Maravilhosa Cidade Maravilhosa Coração do meu Brasil” (André Filho)Coração do meu Brasil” (André Filho)

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SinestesiaSinestesia

Associação, em uma mesma expressão, de sensações Associação, em uma mesma expressão, de sensações percebidas por diferentes órgãos de sentido. A percebidas por diferentes órgãos de sentido. A mistura de sensações produz forte sugestão.mistura de sensações produz forte sugestão.

““Minhas mãos ainda estão molhadasMinhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertas,do azul das ondas entreabertas,e a cor que escorre dos meus dedose a cor que escorre dos meus dedoscobre as areias desertas.” (Cecília Meireles)cobre as areias desertas.” (Cecília Meireles)

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Figuras de pensamentoFiguras de pensamento

Caracterizam-se por alterações no plano Caracterizam-se por alterações no plano semântico. Apresentam idéias diferentes semântico. Apresentam idéias diferentes daquelas que normalmente a palavra ou daquelas que normalmente a palavra ou expressão sugere na frase.expressão sugere na frase.

Page 17: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

AntíteseAntítese

Associação de idéias contrárias, por meio de Associação de idéias contrárias, por meio de palavras ou enunciados de sentido opostopalavras ou enunciados de sentido oposto

““Não existiria Não existiria somsom se não houvesse o se não houvesse o silênciosilêncio, , não haveria não haveria luzluz se não fosse a se não fosse a escuridão...escuridão...” ” (Lulu Santos)(Lulu Santos)

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EufemismoEufemismo

Substituição de palavras ou expressões Substituição de palavras ou expressões desagradáveis ou excessivamente fortes por desagradáveis ou excessivamente fortes por outras que atenuam, suavizam a idéia original.outras que atenuam, suavizam a idéia original.

““Por que mentias leviana e bela?Por que mentias leviana e bela? Se minha face pálida sentiasSe minha face pálida sentias Queimada pela febre, e se Queimada pela febre, e se minha vidaminha vida Tu vias desmaiarTu vias desmaiar, por que mentias?” (Álvares , por que mentias?” (Álvares

de Azevedo)de Azevedo)

Page 19: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

IroniaIronia

Efeito resultante do uso de uma palavra ou expressão Efeito resultante do uso de uma palavra ou expressão que, em um contexto específico, ganha sentido oposto que, em um contexto específico, ganha sentido oposto ou diverso daquele com que costuma ser utilizada. ou diverso daquele com que costuma ser utilizada.

““Montes Claros cresceu tanto,Montes Claros cresceu tanto,

ficou urbe tão notória,ficou urbe tão notória,

prima-rica do Rio de Janeiro,prima-rica do Rio de Janeiro,

que já tem cinco favelasque já tem cinco favelas

por enquanto, e mais promete.” (Carlos Drummond por enquanto, e mais promete.” (Carlos Drummond de Andrade)de Andrade)

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HipérboleHipérbole

Caracteriza-se pelo modo exagerado com que Caracteriza-se pelo modo exagerado com que nos referimos a uma idéia a fim de intensificá-nos referimos a uma idéia a fim de intensificá-la.la.

“ “Chorarei quanto for preciso,Chorarei quanto for preciso,para fazer com que o mar cresçapara fazer com que o mar cresça,,e o meu navio chegue ao fundoe o meu navio chegue ao fundoe o meu sonho desapareça.” (Cecília Meireles)e o meu sonho desapareça.” (Cecília Meireles)

Page 21: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Prosopopéia, personificação ou Prosopopéia, personificação ou animizaçãoanimização

Atribuição de características humanas a animais e Atribuição de características humanas a animais e objetos inanimados.objetos inanimados.

““A cadeira de balançoA cadeira de balançopendula pelo tempopendula pelo tempocomo se contasse os anos da morte do seu donocomo se contasse os anos da morte do seu donoNum rangido de súplicasNum rangido de súplicasparece chorar mágoas antigasparece chorar mágoas antigastão antigas quanto tão antigas quanto o chão toscoo chão toscoqueque lhe fere lhe fereas dobrasas dobras” (” (DescansoDescanso, Victor Cintra), Victor Cintra)

Page 22: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

GradaçãoGradação

Seqüência de palavras ou expressões criando Seqüência de palavras ou expressões criando uma progressão (ascendente ou descendente).uma progressão (ascendente ou descendente).

O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se. (Padre Vieira)

Page 23: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

ApóstrofeApóstrofe Interpelação de uma pessoa (real ou imaginária) ou coisa, Interpelação de uma pessoa (real ou imaginária) ou coisa,

presente ou ausente, como uma forma de enfatizar uma idéia presente ou ausente, como uma forma de enfatizar uma idéia ou expressão.ou expressão.

““Meu DeusMeu Deus, me dê a coragem, me dê a coragemde viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,todos vazios de Tua presença.” (Clarice Lispector)todos vazios de Tua presença.” (Clarice Lispector)

““Amar-te a vida inteira eu não podia,Amar-te a vida inteira eu não podia,A gente esquece sempre o bom de um dia.A gente esquece sempre o bom de um dia.Que queres, Que queres, meu Amormeu Amor, se é isto a vida!” (Florbela Espanca), se é isto a vida!” (Florbela Espanca)

Page 24: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

Paradoxo ou oxímoroParadoxo ou oxímoro

Associação de termos contraditórios, inconciliáveis. Associação de termos contraditórios, inconciliáveis. No paradoxo, esses termos referem-se a uma mesma No paradoxo, esses termos referem-se a uma mesma idéia. Na antítese, duas idéias se opõem. idéia. Na antítese, duas idéias se opõem.

““Falados os segredos calam...” (Tribalistas)Falados os segredos calam...” (Tribalistas)

““Tudo que eu fiz foi me confessar Tudo que eu fiz foi me confessar

Escravo do teu amor, livre para amar...” (14 Bis) Escravo do teu amor, livre para amar...” (14 Bis)

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Figuras de construção ou sintaxe Figuras de construção ou sintaxe

Nem sempre os textos apresentam frases Nem sempre os textos apresentam frases estruturadas do modo esperado. É freqüente estruturadas do modo esperado. É freqüente ocorrerem inversões, omissões e repetições ocorrerem inversões, omissões e repetições que levam a uma maior expressividade. As que levam a uma maior expressividade. As alterações intencionais das estruturas sintáticas alterações intencionais das estruturas sintáticas são chamadas de são chamadas de figuras de sintaxefiguras de sintaxe..

Page 26: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

AnástrofeAnástrofe

Inversão da ordem normal dos termos da oração. Inversão da ordem normal dos termos da oração. Trata-se, normalmente, de uma inversão simples do Trata-se, normalmente, de uma inversão simples do sujeito e do predicado.sujeito e do predicado.

““Sabe DeusSabe Deus se te amei! se te amei! sabem as noitessabem as noites

Essa dor que alentei, que tu nutrias!Essa dor que alentei, que tu nutrias!

Sabe esse pobre coração que tremeSabe esse pobre coração que treme

Que a esperança perdeu porque mentias!”Que a esperança perdeu porque mentias!”

(Álvares de Azevedo)(Álvares de Azevedo)

Page 27: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

HipérbatoHipérbato Inversões complexas, isto é, alterações mais acentuadas na Inversões complexas, isto é, alterações mais acentuadas na

ordem típica das orações (Sujeito + Verbo + Complemento)ordem típica das orações (Sujeito + Verbo + Complemento)

““Ai, nem te humanizaAi, nem te humaniza O pranto que tanto O pranto que tanto Nas faces deslizaNas faces desliza Do amante que pedeDo amante que pede SuplicamenteSuplicamente Teu amor, Elisa!” (Manuel Bandeira)Teu amor, Elisa!” (Manuel Bandeira)

Ordem direta: Ai, Elisa, nem o pranto que tanto desliza nas Ordem direta: Ai, Elisa, nem o pranto que tanto desliza nas faces do amante que pede suplicamente teu amor te humaniza.faces do amante que pede suplicamente teu amor te humaniza.

Page 28: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

ElipseElipse

Omissão de um termo que pode ser Omissão de um termo que pode ser identificado a partir do contexto criado pelo identificado a partir do contexto criado pelo texto.texto.““Esperarei pelo tempoEsperarei pelo tempocom suas conquistas áridas.com suas conquistas áridas.Esperarei que te seque,Esperarei que te seque,não na terra, Amor-Perfeito,não na terra, Amor-Perfeito,(mas)(mas) num tempo depois das almas.” (Cecília num tempo depois das almas.” (Cecília Meireles)Meireles)

Page 29: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

ZeugmaZeugma Forma particular de elipse, que ocorre quando o termo omitido Forma particular de elipse, que ocorre quando o termo omitido

em um enunciado foi utilizado anteriormente.em um enunciado foi utilizado anteriormente.

““Uma parte de mimUma parte de miméé multidão: multidão:outra parte (é) estranhezaoutra parte (é) estranhezae solidão.” (Ferreira Goulart)e solidão.” (Ferreira Goulart)

“ “ÉÉ vão o amor, o ódio, ou o desdém; vão o amor, o ódio, ou o desdém;(É) Inútil o desejo e o sentimento...” (Florbela Espanca)(É) Inútil o desejo e o sentimento...” (Florbela Espanca)

Page 30: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

PleonasmoPleonasmo Em alguns casos, o desejo de enfatizar uma idéia leva à Em alguns casos, o desejo de enfatizar uma idéia leva à

utilização de palavras ou expressões que, à primeira vista, utilização de palavras ou expressões que, à primeira vista, pareceriam desnecessárias.pareceriam desnecessárias.

““ViVi, claramente , claramente vistovisto, o lume vivo, o lume vivoQue a marítima gente tem por santo,Que a marítima gente tem por santo,Em tempo de tormenta e vento esquivo,Em tempo de tormenta e vento esquivo,De tempestade escura e triste pranto.” (Camões)De tempestade escura e triste pranto.” (Camões)

Pleonasmo vicioso: ocorre sempre que a idéia repetida informa Pleonasmo vicioso: ocorre sempre que a idéia repetida informa uma obviedade e não desempenha qualquer função expressiva uma obviedade e não desempenha qualquer função expressiva no enunciado. Deve, pois, ser evitado. Ex.: O principal no enunciado. Deve, pois, ser evitado. Ex.: O principal protagonista.protagonista.

Page 31: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

PolissíndetoPolissíndeto

Coordenação de vários termos da oração por Coordenação de vários termos da oração por meio de conjunções, especialmente as meio de conjunções, especialmente as aditivas.aditivas.

“Vão chegando as burguesinhas pobres,e as crianças das burguesinhas ricas,e as mulheres do povo, e as lavadeiras.”(Manuel Bandeira)

Page 32: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

AssíndetoAssíndeto

Ausência do conectivo entre termos ou Ausência do conectivo entre termos ou orações.orações.

““Ri, desdenha, pisaRi, desdenha, pisa!!

Meu canto, no entanto, Meu canto, no entanto,

Mais te diviniza...” (Manuel Bandeira)Mais te diviniza...” (Manuel Bandeira)

Page 33: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

AnacolutoAnacoluto

Mudança inesperada de rumo na construção Mudança inesperada de rumo na construção sintática de um enunciado. sintática de um enunciado.

““O marizeiro que ficava embaixo, a O marizeiro que ficava embaixo, a correntezacorrenteza corria por cima dele.” (José Lins corria por cima dele.” (José Lins do Rego)do Rego)

Page 34: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

AnáforaAnáfora

Repetição de palavras no início dos versos ou, Repetição de palavras no início dos versos ou, nos textos em prosa, no início das orações.nos textos em prosa, no início das orações.

““O mar é tão amigoO mar é tão amigo

O mar é tão largoO mar é tão largo

O mar é tão sem-fimO mar é tão sem-fim

O mar é bem melhor que o teu amor.”O mar é bem melhor que o teu amor.”

(Antônio Girão Barroso)(Antônio Girão Barroso)

Page 35: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

AliteraçãoAliteração

Repetição de fonemas consonantais com a Repetição de fonemas consonantais com a intenção de criar um efeito sensorial.intenção de criar um efeito sensorial.

““Pedro Pedreiro penseiro esperando o trem/ Pedro Pedreiro penseiro esperando o trem/ Manhã parece, carece de esperar também/ Para Manhã parece, carece de esperar também/ Para o bem de quem tem bem de quem não tem o bem de quem tem bem de quem não tem vintém”. (Chico Buarque)vintém”. (Chico Buarque)

Page 36: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

AssonânciaAssonância

É possível também criar um efeito semelhante ao da É possível também criar um efeito semelhante ao da aliteração através da repetição de sons vocálicos.aliteração através da repetição de sons vocálicos.

“ “GeraGeraDegeneraDegeneraJá eraJá eraRegeneraRegeneraGera” Gera” ((Edgard Scandurra / Arnaldo Antunes)Edgard Scandurra / Arnaldo Antunes)

Page 37: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

SilepseSilepse

Consiste na concordância feita com um termo Consiste na concordância feita com um termo que está subentendido, e não com o termo que que está subentendido, e não com o termo que aparece claro na oração.aparece claro na oração.

““Dizem que Dizem que os cariocas somosos cariocas somos pouco dados pouco dados aos jardins públicos.”(Machado de Assis) aos jardins públicos.”(Machado de Assis)

Page 38: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

“ “Ó minha amadaQue olhos os teusQue olhos os teusSão cais noturnosSão cais noturnosCheios de adeusCheios de adeusSão São docas mansasdocas mansasTrilhando luzesTrilhando luzesQue brilham longeQue brilham longeLonge dos breus...Longe dos breus...Ó minha amadaÓ minha amadaQue olhos os teusQue olhos os teusQuanto mistérioQuanto mistérioNos olhos teusNos olhos teusQuantos saveirosQuantos saveirosQuantos naviosQuantos naviosQuantos naufrágiosQuantos naufrágiosNos olhos teus...” (Vinícius de Morais)Nos olhos teus...” (Vinícius de Morais)

Page 39: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

““Sobre o tempo, sobre a taipa, Sobre o tempo, sobre a taipa,

a chuva escorre. a chuva escorre. As paredesAs paredes

que viram morrer os homensque viram morrer os homens

................................................................................................

já não vêem. Também morremjá não vêem. Também morrem.”.”

(Carlos Drummond de Andrade)(Carlos Drummond de Andrade)

Page 40: LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série do Ensino Médio Cel Pimentel Prof a. Hildenize

““Faça com queFaça com que a solidão não me destrua. a solidão não me destrua.

Faça com queFaça com que minha solidão me sirva de companhiaminha solidão me sirva de companhia..

Faça com queFaça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. eu tenha a coragem de me enfrentar.

Faça com queFaça com que eu saiba eu saiba ficar com o nadaficar com o nada

e mesmo assim me sentire mesmo assim me sentir

como se estivesse plena de tudocomo se estivesse plena de tudo.” (Clarice Lispector).” (Clarice Lispector)