licenciatura em biologia - fundamentos histórico-filosoficos da educação

62

Upload: biologia-marinha

Post on 06-Jun-2015

12.726 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

HISTRICO-FILOSFICOS DA EDUCAO

FUNDAMENTOS

1

SOMESB

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

Sociedade Mantenedora de Educao Superior da Bahia S/C Ltda.

Presidente Gervsio Meneses de Oliveira Vice-Presidente William Oliveira Superintendente Administrativo e Samuel Soares Financeiro Germano Tabacof Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extenso Pedro Daltro Gusmo da Silva

FTC - EaDFaculdade de Tecnologia e Cincias - Ensino a Distncia Coord. de Softwares e Sistemas Coord. de Telecomunicaes e Hardware Coord. de Produo de Material Didtico Diretor Geral Diretor Acadmico Diretor de Tecnologia Diretor Administrativo e Financeiro Gerente Acadmico Gerente de Ensino Gerente de Suporte Tecnolgico Waldeck Ornelas Roberto Frederico Merhy Reinaldo de Oliveira Borba Andr Portnoi Ronaldo Costa Jane Freire Jean Carlo Nerone Romulo Augusto Merhy Osmane Chaves Joo Jacomel

EQUIPE DE ELABORAO/PRODUO DE MATERIAL DIDTICO:

PRODUO

ACADMICA

Gerente de Ensino Jane Freire Autor Jorge Bispo Superviso Ana Paula Amorim PRODUOTCNICA

Designer Joo Jacomel Reviso Final Idalina Neta Estagirios Delmara Brito, Francisco Frana Jnior, Israel Dantas e Lucas do Vale Imagens Corbis/Image100/Imagemsourcecopyright FTC EaD

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. proibida a reproduo total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorizao prvia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Cincias - Ensino a Distncia. www.ftc.br/ead

2

NDICE UMA VISO CRTICA DA EDUCAO DA ANTIGIDADE A CONTEMPORANEIDADEA EDUCAO DA ANTIGIDADE E DA IDADE MDIA: EM BUSCA DA ESSNCIA DO HOMEM

07

O que Filosofia Entendendo A Origem e o Conceito O Papel do Filsofo e o Ato de Filosofar As Formas de Abordar O Mundo O que Educao Filosofia da Educao

FILOSOFIA E EDUCAO

FILOSOFIA E EDUCAO: EM BUSCA DA CONSCINCIA

O Humanismo Cristo no Processo Educativo A Educao Protestante de Martinho Lutero A Educao Jesutica O Renascimento e A Educao Moderna O Surgimento da Escola Moderna Principais Educadores da Modernidade O Iluminismo e o Processo Educativo A Organizao Educacional Principais Educadores do Iluminismo

A EDUCAO DO MUNDO RENASCENTISTA CONTEMPORANEIDADE: EM BUSCA DO RACIONALISMO

A Tradio Grega Ideal Formativo e organizao da educao grega Principais Educadores Gregos A Tradio Romana Ideal formativo e organizao da educao romana Os Principais Educadores Romanos A Tradio Medieval Queda do Imprio Romano e as Bases do Cristianismo Ideal formativo e organizao da Educao Medieval

07 07 07 09 13 13 15 18 18 18

21 21 21 22 24 24 25 27 27 27

31

31

31 31 35 36 38 423

4

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

Educao e Ideologia: A Luta Pelo Poder O Conhecimento A Necessidade de Uma Nova tica Na Educao Atividade Orientada Glossrio Referncias Bibliogrficas

A FORMAO CRTICA E A NECESSIDADE DE UMA POSTURA TICA DO EDUCADOR

45 45 47 49 53 55 57

Apresentao da disciplinaCaro(a) Aluno(a), Estamos dando incio aos nossos estudos de Fundamentos Histrico e Filosficos da Educao que tem como objetivo geral analisar a Educao enquanto um objeto crtico e reflexivo. Enfocaremos historicamente seus aspectos sociais e polticos, da Antigidade ocidental at e contemporaneidade em suas relaes com o Estado, sociedade e cultura, bem como o estudo do desenvolvimento do processo educacional: prticas educativas, principais tericos e a organizao do ensino no contexto das sociedades. Abordaremos tambm as principais interfaces da filosofia com a educao e seus principais tericos, bem como os pressupostos filosficos para a construo do conhecimento. Essa disciplina possui 72 horas e encontra-se dividida em dois grandes blocos temticos, sendo que cada bloco ser trabalhado em quatro semanas. O primeiro bloco temtico intitula-se uma Viso Crtica da Educao da Antigidade Contemporaneidade e ser desenvolvido a partir dos temas A Educao da Antigidade e da Idade Mdia: em Busca da Essncia do Homem e A Educao do Mundo Renascentista Contemporaneidade: em Busca do Racionalismo No segundo Bloco Temtico, que recebe o nome de Filosofia e Educao: Em Busca da Conscincia, estudaremos mais dois temas: Filosofia e Educao e A Formao Crtica e a Necessidade de Uma Postura tica do Educador. Todo o material didtico dessa disciplina foi estruturado para potencializar sua aprendizagem, por isso leia, atentamente, todos os textos e realize todas as atividades propostas, a fim de tirar um excelente proveito desse mdulo disciplinar. A vida sempre nos oferece desafios, e a transposio das barreiras a nica forma de atingirmos o sucesso. Assim, por maior que sejam as dificuldades. No desistam nunca dos seus objetivos. Desejamos discernimento, iniciativa e realizao!!! Prof. Jorge Bispo

5

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

6

UMA VISO CRTICA DA EDUCAO DA ANTIGIDADE A CONTEMPORANEIDADEA EDUCAO DA ANTIGIDADE E DA IDADE MDIA: EM BUSCA DA ESSNCIA DO HOMEMA Tradio Grega Formativo org ormativ gr Ideal Formativo e organizao da educao gregaNo mundo ocidental, a Grcia um pas que se destaca pela sua importncia cultural, pois da cultura grega que se origina, em grande parte, nossa pedagogia e nossa educao. Resumindo em um esquema geral, essas seriam as principais caractersticas da cultura grega: valorizao do Homem; exaltao da inteligncia crtica; valorizao do trabalho intelectual; valorizao do ideal de cidado; defesa de uma educao integral (fsica, intelectual, tica e esttica); valorizao da competio na sociedade. Na Grcia existiram diversas formas de educao, abaixo, conversaremos sobre os principais perodos educativos.

EDUCAO HERICAA educao grega herica tinha como principal meta formar futuros guerreiros e heris, baseando-se nos conceito de honra, valor, sacrifcio e bravura, tudo isso resumia a mentalidade grega, existia o ideal mximo chamado de aret. Alm disso, estimulava-se a competio entre os alunos, enfatizando ideais como superioridade. Caracterizavam assim o esprito de emulao (desejo de se sobressair entre os demais, de ser sempre o melhor). As obras literrias fundamentais para compreender a educao desse perodo so Ilada e Odissia, de Homero. Os jovens eram educados com bastante rigor, dedicavam-se aos exerccios com armas e do corpo. (arco e flecha, educao fsica, jogos cavalheirescos), ao mesmo tempo, estudavam artes musicais (lira e canto), oratria e por fim estudavam boas maneiras.

7

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

A educao feminina limitava-se ao aprendizado das artes domsticas. Essa educao no ocorria ainda em escolas ou instituies formais de ensino, o espao reservado para tais atividades eram as reas livres dos palacetes pertencentes elite econmica.

Para refletir...At aqui vimos que o ideal de formao na Grcia era voltado para a virtude, voc acha que a educao da atualidade poderia adotar ainda parte desse ideal?

ESPAR ANA ART EDUCAO ESPARTAN AEsparta, localizada na pennsula do Peloponeso, foi uma das cidades-estado que mais se destacaram na Grcia Antiga. Caracterizava-se por ser extremamente militarizada. A educao tinha carter totalitrio e no perdia de vista os interesses do Estado, o qual exigia do cidado sacrifcio e obedincia acima de tudo, isso se refletia, em termos pedaggicos, na severidade, cultivo ao amor Ptria e na dureza. A educao espartana tambm era esportiva e artstica (eles praticavam dana e msica), sendo que o maior destaque recaa sobre os exerccios militares que no exclua as mulheres. O processo educativo ainda no se dava em escolas formais, mas sim em grandes acampamentos.O Pensador Rodin (1840-1917)

ATENIENSE EDUCAO ATENIENSEVimos que Esparta se deteve no governo e na educao autoritria. Atenas, ao contrrio, alcanou a vida poltica democrtica (sobretudo no sculo VII a.C.). Vale lembrar que tal democracia era restrita a uma pequena elite econmica, contemplando apenas os homens. Surge aqui a vida urbana da Plis. O esprito da educao ateniense pode ser resumido na idia de kalokaghatia (educao moral e esttica reunidas) aliada aos valores cvicos e ao esprito democrtico. A educao era mais social (ficava a cargo de particulares) que estatal. O processo educativo externo iniciava-se aos sete anos e compreendia duas etapas: fsica e musical/potica. As mesmas eram ministradas nos campos (escolas particulares) e nos ginsios (escolas estatais). Aos dezoito anos, os jovens ingressavam numa espcie de servio militar, onde aprendiam artes blicas. Depois disso, os homens podiam prosseguir nos estudos mais elevados, nas academias de cultura superior, nas quais estudavam Retrica Filosofia e Cincia.

8

EDUCAO HELENSTICAImaginem se no mundo atual, o Brasil fosse conquistado por uma grande potncia mundial (EUA ou Frana, por exemplo) com certeza a nossa cultura sofreria mudanas. Isso foi o que aconteceu com a Grcia no perodo helenstico. Alexandre Magno (Rei da Macednia), dominou a Grcia no sculo IV a.C e, a partir da a cultura grega se universalizou, ampliou-se e tornou-se multicultural. Nessa poca a paidia transformou-se em enciclopdia. A educao passou a valorizar o aspecto intelectual ao invs dos aspectos fsicos e estticos. A leitura, o clculo e a escrita experimentaram grande desenvolvimento, mas o mtodo era de memorizao. Se a memorizao ainda era valorizada, a disciplina era bastante rigorosa e os castigos corporais eram considerados como algo natural. A escola dos grammtikos foi a que mais cresceu, nela estudava-se: literatura clssica, poesia e histria. No ensino superior (Universidade de Atenas e no Museu de Alexandria), as matrias de ensino dividiam-se em:

humanistas (gramtica, retrica e filosofia ou dialtica); e realistas (aritmtica, msica, geometria e astronomia).

O ensino privado ainda existia, mas possua uma dimenso bastante restrita, os pedagogos passam a ser mais bem remunerados e ganham um certo prestgio social.

Principais Educadores GregosSCRATES (469-399 a.C.) Filsofo nascido em Atenas, considerado o maior representante da pedagogia do Ocidente. Como educador pretendeu despertar e estimular a busca pessoal da verdade, ou seja, despertar o conhecimento de si prprio. Scrates acreditava que o autoconhecimento era o incio do caminho para se atingir o verdadeiro saber, convidava seus discpulos para um mergulho em si mesmo, em suas aulas, os alunos no recebiam os contedos prontos de maneira passiva, pelo contrrio, buscava que o aluno construsse os mesmos. Esse grande pensador grego foi acusado de desrespeitar os deuses e de corromper a juventude. Foi condenado morte e, apesar da possibilidade de fugir da priso, preferiu seguir fiel sua misso e escolheu morrer. No deixou nada escrito. O que herdamos foi o testemunho de seus contemporneos, especialmente do seu mais importante discpulo, Plato.

9

Para refletir...da EducaoPLATO (427-347 a.C.) Principal discpulo de Scrates foi um Importante filsofo de Atenas, nascido em uma famlia rica, esteve em contato com as personalidades mais importantes de sua poca. Entre as vrias obras que deixou, destacam-se: Repblica, Alegoria da caverna, Sofista e Leis. Atravs delas, estudou a tarefa central de toda educao; elevar o esprito e fazer com que as pessoas saiam do mundo aparente, fazendo elas olharem para a luz do verdadeiro ser. Segundo Plato, somente com o cumprimento desta tarefa existiria educao, nica coisa que o homem pode levar para a eternidade. Para se alcanar este objetivo ele dizia ser necessrio converter a alma. Assim a educao seria a arte da converso.

HistricoFilosficos

Fundamentos

O que voc acha do ideal socrtico de estimular o aluno a produzir o seu prprio conhecimento?

Para refletir...Atualmente, voc consideraria um mundo de iluses aquilo que a televiso divulga, atravs de alguns comerciais, novelas e outros programas?

ARISTTELES (384-322 a.C) Um dos maiores filsofos da histria de toda a Antigidade. Nascido na Macednia, estudou na Academia de Atenas, onde permaneceu estudando e ensinando por mais de vinte anos. Aristteles, ao contrrio do seu mestre (Plato), no era idealista, pregava de maneira mais racional e dizia que as idias esto nas coisas, como sua prpria essncia. Era tambm realista em sua concepo educacional, afirmando que trs fatores principais determinariam o desenvolvimento espiritual do homem: disposio inata, hbito e ensino. Com isso, mostrava-se favorvel medidas educacionais condicionantes. Acreditava que o homem podia tornar-se a criatura mais nobre, assim como podia tornar-se tambm o pior de todos os seres. Outra tese sua de que aprendemos fazendo e de que nos tornamos mais justos agindo justamente.

10

Abaixo acompanhe um quadro resumo sobre os principais educadores gregos

EDUCADOR SCRATES

PRESSUPOSTO Autoconhecimento do educando. Elevao do esprito do educando. Hbitos virtuosos e orientao racional para os alunos.

MTODO Dilogo crtico, dividido em duas etapas: ironia e maiutica. Dialtico a partir de etapas precisas para o processo educacional. Lgico, partindo da percepo do objeto, memorizao do percebido e inter-relao entre os mesmos.

PLATO

ARISTTELES

[ ]TRABALHARAgora hora de

1.

Faa um comentrio sobre o lema socrtico conhece-te a ti mesmo, procurando relacion-lo com a educao atual:

2.

Descreva em linhas gerais o mtodo de ensino de Scrates. Voc acha que nos dias atuais ele ainda seria vlido? Justifique a sua resposta.

11

3.da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

A Alegoria da Caverna traz representaes importantes para um educador. Pensando como tal, responda as proposies que se encontram logo aps o texto.

MITO DA CAVERN VERNA MIT O DA CAVERN A

Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrnea. Elas esto de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoo e nos ps, de sorte que tudo o que vem a parede da caverna. Atrs delas ergue-se um muro alto e por trs desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para alm da borda do muro. Como h uma fogueira queimando atrs dessas figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a nica coisa que as pessoas da caverna podem ver este teatro de sombras. E como essas pessoas esto ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vem so a nica coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela priso. Primeiramente ele se pergunta de onde vm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhes que o prendem. O que voc acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para alm da borda do muro? Primeiro, a luz to intensa que ele no consegue enxergar nada. Depois, a preciso dos contornos das figuras, de que ele at ento s vira as sombras, ofusca sua viso. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sai da caverna, ter mais dificuldade ainda para enxergar devido a abundncia de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele ver como tudo bonito. Pela primeira vez ver cores e contornos precisos: ver animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna no passavam de imitaes baratas. Suponhamos, ento, que ele comece a se perguntar de onde vm os animais e as flores. Ele v o Sol brilhando no cu e entende que o Sol d vida s flores e aos animais da natureza, assim como tambm era graas ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam l dentro da caverna no lhe saem da cabea. E por isso ele decide voltar. Assim que chega l, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede no passam de tremulas imitaes da realidade. Mas ningum acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vem tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o.Extrado do livro Mundo de Sofia de Jostein Gaarder. Cia da Letras, 2000, p.104/105.

a. De acordo com Plato, qual seria tarefa central da educao?

12

b. O que seria a luz exterior do sol?

c. Explique o que Plato pensava sobre a democracia.

A Tradio RomanaNasce uma nova forma de educar: a educao prtica dos romanos

formativo org ormativ romana Ideal formativo e organizao da educao romanaVoc j ouviu falar da Itlia? Pois , Roma ocupava a rea que atualmente conhecida como Itlia e muitas outras regies da Europa. A Civilizao Romana tem incio em dois mil a.C, quando a poro central da pennsula itlica foi povoada por diversos povos: entre eles destacamos italiotas, gregos, latinos e etruscos. E os romanos faziam o que para se sustentar? Diversas coisas, falaremos aqui sobre as principais. Na economia destacava-se o pastoreio e as atividades comerciais. A principal fonte de riqueza eram os impostos cobrados das colnias (pases dominados pelos romanos). E como as pessoas viviam em Roma? A sociedade era patriarcal (os pais tinham poderes absolutos) e, era dividida em classes: de um lado a nobreza por nascimento, chamados de patrcios que eram geralmente proprietrios das terras e do outro, os plebeus, maioria absoluta da populao, estes se subdividiam em dois grandes seguimentos: os homens livres (camponeses, artesos e comerciantes) e os escravos. Sendo que dentre os plebeus sobressaa-se um grupo especfico, os clientes, protegidos das famlias patrcias que prestavam servios s mesmas. Agora que a gente j conhece a economia e a sociedade romanas, vamos ver, em linhas gerais, as principais caractersticas culturais desta civilizao: valorizao da vontade e da ao humanas; cultivo dos ideais de domnio e de esprito prtico; afirmao da importncia da famlia; defesa de uma educao realista e estatal, amor pelas normas jurdicas.13

EDUCAO HERICO-PATRCIA HERICO-PAA educao herico-patrcia ocorreu nos primeiros anos da Repblica e era voltada para as pessoas mais ricas, ou seja, aos Fundamentos Histrico- patrcios. Este tipo de educao almejava divulgar os valores da Filosficos nobreza de sangue. A famlia era a instituio mais respeitada e da Educao dava plenos poderes ao pai. Depois dos sete anos as meninas continuavam no lar aprendendo servios domsticos e os meninos passam a ser educados pelo pai que enfatizam a conscincia histrica e o patriotismo. Os meninos acompanhavam os pais s sesses dos tribunais, do senado e s festas. Alm disso, eles aprendiam a cuidar da terra, fortalecendo os msculos ao trabalharem com a p e o arado. Essa educao estava mais preocupada com a formao jurdicomoral e fsica. Era uma pedagogia da ao, para a vida cotidiana, tomando como base o amor a ptria e a conscientizao histrica.

INFLUNCIA GREGA EDUCAO DE INFLUNCIA GREGAA Repblica iniciou-se no sculo VI a.C., representando os interesses dos patrcios (nicos a terem acesso aos cargos polticos). Mais ou menos no sculo V a.C. uma parcela dos plebeus enriqueceu e passou a lutar por direitos polticos atravs da criao do Tribunato da Plebe e da Lei das Doze Tbuas. Foi no perodo republicano que Roma experimentou sua poltica expansionista, ocupando diversas regies, esse fato ocasionou grande desenvolvimento do comrcio romano. Em meados do sculo III a.C. a educao romana experimentou profundas mudanas. A educao ficou mais complexa, as escolas cresceram em nmero e em qualidade. O ensino tanto podia ser ministrado tanto em grego como em latim e dividia-se em trs graus de ensino: elementar, mdio e superior. A escola elementar ou ludi magister, recebia alunos de 7 anos, seu programa de estudos era: leitura, escrita, clculo e o estudo de algumas canes. A disciplina era muito rigorosa e os castigos fsicos uma constante. J a escola secundria ou grammaticus comeava aos 12 e prosseguia at os 16 anos. A estudava-se gramtica latina, literatura, geografia, aritmtica, geometria e astronomia. O ensino superior desenvolveu-se no decorrer do sculo I a.C, os estudantes dessas escolas eram da elite econmica e estudavam poltica, direito e filosofia. A educao fsica era muito valorizada, sendo que a nfase recaa nas artes marciais, com o intuito de preparar os soldados. Vejamos na tabela abaixo uma sntese da educao desse perodo: GRAU DE ENSINO Elementar ou ludi magister Mdio ou grammaticus Superior CARACTERSTICASrecebia alunos a partir dos 7 anos; disciplina muito rigorosa, castigos fsicos constantes. comeava aos 12 anos, disciplina um pouco menos rgida. estudantes membros da elite econmica, ensino voltado para a erudio.

DISCIPLINASleitura, escrita, clculo, canes.

gramtica latina, literatura, geogrfia, aritmtica, geometria e astronomia. poltica, direito e filosofia.

14

EDUCAO NO IMPRIOEm 27 a.C. Otvio (Imperador Romano entre os anos 27 a.C. e 14 d.C.) recebe o ttulo de Augusto (ttulo honorfico) e implanta o Imprio, nessa poca ocorreram vrias melhorias (construo de templos, aquedutos, termas, estradas, edifcios pblicos, portos e estradas). As artes so incentivadas e a literatura sofre clara influncia dos gregos. O processo educativo desta poca se distinguiu do anterior apenas pela maior organizao e converteu-se numa educao pblica, com a criao das escolas municipais no sculo I a.C. Vespasiano (Imperador Romano entre 69-74) libera os professores do ensino mdio e superior do pagamento de impostos.

Nesse tpico vimos que os romanos valorizavam muito famlia, voc acha que na educao atual, uma valorizao semelhante traria alguma melhoria para o processo educacional?

Para refletir...

Principais Educadores RomanosBoa erudio para falar bem em pblico: o esprito dos educadores romanos.CCERO (106- 46 a.C.) Marco Tlio Ccero, Orador e poltico romano, nascido numa regio prxima a Roma. Estudou literatura grega, literatura latina e retrica com os melhores mestres da poca, aprofundou-se no estudo das leis e nas doutrinas filosficas. Valorizava a fundamentao terica e filosfica do discurso, apaixonado defensor da educao integral, afirmava que o orador deveria ter erudio, conhecer a cultura geral, aprofundar-se na formao jurdica, na argumentao filosfica e, conhecer e desenvolver habilidades literrias e teatrais Seus textos no se ocupam apenas da filosofia, mas tambm de temas sociais. No s pela extenso, mas pela originalidade e variedade de sua obra, Ccero considerado o maior dos escritores romanos e o que mais influenciou os oradores modernos. Alm de ser o maior orador do seu tempo, foi tambm, o mestre das letras mais completo de toda a Antigidade ocidental.

15

QUINTILIANO (35-96) Marco Fbio Quintiliano nasceu na Espanha. Fundamentos Estudou retrica com os maiores mestres de seu Histrico- tempo e lecionou em Roma durante vinte anos. Filosficos considerado um dos pedagogos mais brilhantes do da Educao mundo antigo. Sua mais significativa obra foi De institutione oratria (escrita no ano de 95), publicada em 12 volumes, nessa obra, o autor apresentou diretrizes para a formao cultural dos romanos, desde a infncia at a maturidade. Defendia muito a necessidade de dominar os aspectos tcnicos da educao, sobretudo a formao do orador. Dizia que o ideal educacional da eloqncia (falar com o pblico de maneira convincente) associada sabedoria, seria a frmula perfeita para educar uma pessoa. Valorizava tambm a psicologia como instrumento para se conhecer a individualidade do aluno. Pelo que pudemos ver at ento, Quintiliano, no se prendia apenas s discusses tericas, pelo contrrio, defendia o uso de tcnicas de diversas cincias para a melhoria da educao. Por falar em melhoria educacional, um aspecto que no se pode esquecer que ele tambm defendia o ldico no processo ensino-aprendizagem, dizendo que intercalando recreao com as atividades didticas, o ensino seria mais prazeroso. Achava o estudo em grupo fundamental para o favorecimento da emulao (busca pelos melhores postos na escola e na sociedade) e no estmulo intelectual dos alunos. Incluiu na sua pedagogia exerccios fsicos moderados. Por outro lado no esqueceu da formao intelectual vigorosa, pois para ele, o estudo da gramtica devia estimular nos alunos uma escrita clara e elegante. O trabalho de Quintiliano atravessou as barreiras do tempo e das fronteiras, fazendo com que sua obra retornasse com vigor na poca do Renascimento em diversos pases de lngua latina.

16

1.

Leia a citao abaixo e em seguida responda ao que se pede: H, pois em Roma, uma cincia do direito, seu conhecimento um precioso bem, ao qual aspiram muitos jovens romanos: abre uma promissora carreira; mas ainda que a eloqncia, o direito aparece como uma panacia, o meio de distiguir-se e ascender. Surgem naturalmente, para atender a esse desejo, o mestre de direito (magister iuris) e o ensino do direito.

(J. Marrou apud ARANHA, 2002, p. 69)

a. Levando-se em conta que a citao da poca Imperial romana, por que podemos afirmar que o direito era uma carreira promissora?

b. Explique a originalidade do ensino do direito para a cultura romana.

2.

Compare a pedagogia de Quintiliano com a de Ccero, em seguida escreva sobre o tipo de homem que cada um desses educadores tinham em mente.

17

A Tradio MedievalFundamentos

da Educao

HistricoFilosficos

O poder cultural da Igreja Catlica se estabelece no mundo ocidental e vai marcar profundamente a vida das pessoas.

Queda do Imprio Romano e as Bases do Cristianismo

No sculo V, o Imprio Romano do Ocidente caiu diante dos povos brbaros. Estava fundada assim uma nova ordem na vida social europia: a Idade Mdia. Esse fato vai modificar completamente a base educacional at ento existente. Em meio destruio do Imprio Romano, a Igreja Catlica conseguiu manter-se como instituio social. Solidificou sua organizao e espalhou o cristianismo, preservando ainda, muitos elementos da cultura greco-romana. Foi dessa maneira que a Igreja passou a desempenhar um papel muito importante. Os nicos letrados da poca eram os monges. Vale ressaltar que nem os nobres nem os servos sabiam ler. E o que que isso tem a ver com a educao? justamente disso que falaremos abaixo. Ora, se a Igreja ficou sendo a nica instituio organizada depois da queda do Imprio Romano, ela passou a dar as cartas no jogo do Poder e , acreditando que Saber Poder, a mesma controlou a Educao, os princpios morais e jurdicos da sociedade medieval. O conhecimento passou a ser extremamente valorizado, assim nas bibliotecas dos mosteiros era executado um trabalho cauteloso e paciente dos monges copistas. Quem eram esses monges copistas? Tradutores experientes que passavam para o latim (idioma dos romanos, adotado pela Igreja) textos selecionados da literatura e da filosofia grega. Voc deve estar a se perguntar: que mal h nisso? Em se traduzir textos a partir de um trabalho meticuloso? Ora o que acontecia era que esses conhecimentos no eram partilhados com o grande pblico. Deste modo, havia um controle rigoroso, com relao s leituras permitidas ou proibidas, com a finalidade de preservar o poderio da Igreja.

formativo org ormativ Ideal formativo e organizao Mediev da Educao MedievalA partir do sculo VIII, os Feudos se espalharam pela Europa, houve um enfraquecimento acentuado do comrcio, provocando atraso econmico. Esse cenrio dificultou o aprendizado das pessoas, e mesmo na Igreja muitos padres se descuidaram da formao intelectual. Por outro lado, o Estado (enfraquecido) ainda iria precisar do Clero culto para a execuo e organizao dos trabalhos administrativos. As escolas medievais no possuam o formato das escolas que conhecemos hoje, as aulas podiam ser ministradas ao ar livre e a maioria esmagadora delas era ligada Igreja Catlica (escolas monacais e catedralcias). E o que se ensinava nessas escolas? O contedo do ensino era o estudo clssico, isto , as artes do homem livre, bem diferente das artes mecnicas do homem servil. Essas artes eram baseadas em algumas

18

disciplinas, que vinham desde os tempos dos sofistas gregos. Na Idade Mdia elas constituram o trivium e o quadrivium. O trivium (gramtica, retrica e dialtica), corresponderia atualmente ao ensino mdio era mais comum e de carter mais popular, encontrava-se abaixo do quadrivium (geometria, aritmtica, astronomia e msica) que seria uma categoria superior de ensino. Assim o contedo de ensino passou a ser chamado de as sete arte liberais e dividiamse em o trivium e o quadrivium, que esto brevemente resumidos na tabela abaixo:

TRIVIUM Estudo de gramtica, retrica e dialtica corresponderia atualmente ao ensino mdio era mais comum e de carter mais popular, menos complexo que o quadrivium.

QUADRIVIUM Estudo de geometria, aritmtica, astronomia e msica, era considerada como uma categoria superior de ensino. Geralmente s a elite econmica tinha acesso ao mesmo.

Apesar de fortemente ligadas ao catolicismo, as escolas monacais e catedralcias, de incio, educavam os burgueses, mas em seguida estes procuraram uma educao que atendesse aos objetivos da vida prtica. Alteraes importantes no sistema educacional s vo ocorrer por volta do sculo XI, com o fortalecimento do comrcio, isso resulta em algumas coisas importantes para a educao. Uma delas foi o surgimento das escolas seculares. Com efeito, o desenvolvimento do comrcio faz brotar novamente a necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Nessas escolas burguesas, acontece uma forte contestao Igreja, pois as mesmas se opunham ao ensino puramente religioso. Na verdade essas escolas queriam uma proposta ativa, que atendesse aos interesses da classe burguesa. A educao medieval vai sofrer mudana novamente por volta do sculo XII, pois a sociedade vai ficando cada vez mais complexa. Assim houve ampliao dos estudos (filosofia, teologia, leis e medicina); surgimento de mestres especializados; exigncia de provas para a aquisio dos ttulos de bacharel, licenciado e doutor e por fim o surgimento das universidades. Por outro lado, na poca medieval a maior parte das mulheres no tinham acesso educao formal. Apesar de trabalharem arduamente ao lado do marido, continuariam analfabetas. As meninas nobres aprendiam alguma coisa em seu prprio castelo, ocasio em que recebiam aulas de artes domsticas. Quando surgiram as escolas seculares, as meninas burguesas, comearam a ter acesso educao. Porm nos mosteiros (alunas internas) e nos educandrios (alunas externas) as meninas aprendem a ler, escrever, fazer artes da miniatura executar cpia de manuscritos (raramente). J que somos educadores ou futuros educadores, bom nos perguntar quem eram esses mestres medievais? Os pedagogos no sentido exato da palavra no aparecem na poca medieval. As questes pedaggicas eram objeto de reflexo de qualquer pessoa que se dedicasse interpretao dos textos sagrados, na preservao dos princpios

19

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

religiosos, no combate heresia e na converso dos infiis. A principal funo da educao era a salvao da alma e a vida eterna. Por conseguinte, no final do perodo medieval, com a ampliao do comrcio e por influncia da burguesia, comeam a haver transformaes que ir determinar os novos rumos da cincia, da literatura, da educao.

1.

[ ]TRABALHARAgora hora de

Faa um comentrio sobre os valores educacionais cultivados durante a Idade Mdia e sua validade ou no para o mundo atual:

2.

Qual era a importncia do conhecimento e como se deu a gesto do mesmo por parte da Igreja Catlica no perodo Medieval?

MAIS ALGUMAS QUESTES PARA VOC PENSAR: Questo I: Leia a citao abaixo e em seguida responda ao que se pede: A educao do homem medieval ocorreu de acordo com os grandes acontecimentos da poca, entre eles a pregao apostlica do sculo I depois de Cristo [...] surge um novo tipo histrico de educao, uma nova viso de mundo e de vida. As culturas precedentes , fundadas no herosmo, no aristocratismo e na existncia terrena foram substitudas pelo poder de Cristo, critrio de vida e verdade [...] GADOTTI, 2002, pp. 51-52

20

1.

Proposies sobre a citao :

Voc saberia citar mais alguns dos grandes acontecimentos que o autor se refere na linha dois do texto?

2.

A partir das informaes do texto e nos estudos desenvolvidos no tema 1 deste primeiro bloco temtico, faa uma comparao entre a educao greco-romana e a medieval assinalando suas mudanas e permanncias:

A EDUCAO DO MUNDO RENASCENTISTA CONTEMPORANEIDADE: EM BUSCA DO RACIONALISMOO Humanismo Cristo No Processo EducativoA retomada dos valores greco-romanos acontece no perodo entre os sculos XV e XVI e denominado de Renascimento, que provoca um movimento conhecido como humanismo. Por conseguinte, nas primeiras dcadas do sculo XVI, o movimento de Reforma Religiosa, detona com toda a sua fora, dando lugar a profundas mudanas poltico-religiosas.O Nascimento de Vnus BOTTICELLI, Tmpera sobre tela (1485)

A EDUCAO PROTESTANTE DE MARTINHO LUTERO (1483-1546) Alemo da regio da Saxnia se tornou mestre em Filosofia, Mais tarde, ingressou no convento dos agostinianos, onde em 1507 ordenouse sacerdote e posteriormente doutorou-se em teologia. O movimento de Reforma Religiosa, inicia-se na Alemanha durante o sculo XVI e foi liderado por Martinho Lutero. Esse movimento se estendeu no s pelo territrio alemo, mas por boa parte da Europa central e do norte.21

A educao encontrou local privilegiado na Reforma por ser utilizada como um importante mecanismo para a divulgao da nova religio protestante. Tanto que um dos primeiros pressupostos da Reforma oferecer iguais condies para todos os homens lerem e Fundamentos Histrico- interpretarem a Bblia. No entanto, a primeira conseqncia desse Filosficos da Educao movimento na rea educacional, foi a fundao da educao pblica moderna, medida que visava reagir contra o poderio da educao catlica, j que esta ltima se dedicava s escolas confessionais pagas. Vejamos a seguir as principais propostas da Reforma Protestante para o campo educacional: aspirava a implantao da escola primria para todos, para camponeses e artesos; defendia a educao pblica e universal, sugerindo ainda que as autoridades de cada cidade assumissem tal tarefa; condenava a aplicao de castigos fsicos e crtica a erudio e a nfase na retrica da Escolstica; propunha uma educao mais moderna e pragmtica, incluindo no currculo: exerccios fsicos, jogos e canto. A reao dos catlicos foi imediata que propuseram a criao de ordens religiosas. Assim a Ordem dos jesutas viria a exercer grande influncia no s na concepo da escola tradicional europia como tambm na constituio do homem brasileiro.

A EDUCAO JESUTICAA Companhia de Jesus foi fundada por Incio de Loyola (1491-1556) em 1534. Foi a mais poderosa organizao da Igreja catlica durante muitos sculos e ainda na atualidade ocupa posio de destaque no Vaticano. As principais mudanas propostas durante a Contra-Reforma esto listadas abaixo: Concilio de Trento (1545-1564); Fundao da Companhia de Jesus (1534); Restabelecimento do Tribunal da Inquisio (1538). Na educao, exerceu grande influncia, pois substituiu a ao de outras instituies catlicas que entraram em decadncia por conta da Reforma Protestante, a exemplo das escolas monsticas e catedralcias. De certa forma foram os colgios e as universidades dos jesutas que, nesta poca, vo ser os mecanismos mais importantes para conter a sada de fiis do catolicismo. A educao dos jesutas regida pelo Ratio Studiorum. Como era a organizao dos jesutas no campo educacional? Para comear existia uma forte hierarquia nos

22

colgios: cada estabelecimento era um dirigido por um Reitor, auxiliado por um Prefeito de estudos, que era quem de dirigia a instituio e fiscalizava os professores. Geralmente, os colgios dividiam-se em duas alas:1 2

estudos inferiores; estudos superiores (de carter teolgico e diplomava em nvel universitrio).

E o que os alunos estudavam? A base estava nos clssicos. Os Estudos assim estavam divididos: Inferiores: latim e grego, gramtica e matemtica; Superiores: teologia, filosofia e retrica. Essa pedagogia vai reinar no Brasil Colnia por mais de 300 anos. O mtodo de ensino consistia no seguimento de alguns passos: preleo, explicao, repetio e composio. A escola jesutica enfatizava a, memorizao e dava especial importncia retrica e redao, assim como leitura dos clssicos e s artes cnicas. Entre os alunos a emulao e os castigos fsicos eram constantes, castigava-se ou premiava-se de acordo com a disciplina e o rendimento escolar, o professor era considerado o detentor de todo o saber e o transmissor absoluto dos contedos, cabendo aos alunos obedeclo em todas as circunstncias.

[ ]TRABALHARAgora hora de Compare a proposta educacional de Lutero com a da Companhia de Jesus, destacando as semelhanas e as diferenas entre as mesmas.

1.

2.

Explique porque durante os sculos XVI e XVII a religio influenciou de maneira efetiva os rumos da educao, inclusive o Brasil.

23

O Renascimento e a Educao Moderna Uma nova viso de mundo se estabelece: a educao do sujeito racional.

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

O Surgimento da escola moderna

A partir do Renascimento, o esprito religioso medieval comeou a cair, seu prestgio diminuiu, a Igreja perdeu o sua funo de explicar o mundo dos homens. Assim o prprio homem procurava explicar a realidade que o cercava. Imagine que voc durante muitos anos vivesse preso em uma sala fechada, e agora tivesse a oportunidade de viver em um campo aberto; provavelmente a sensao seria muito boa e as possibilidades de experimentar coisas emocionantes tambm. Essa analogia serve para explicar como o homem renascentista se sentia na rea conhecimento; agora eles tinham um campo aberto para correr, investigar e chegar as suas concluses, sem o medo imposto pelos dogmas religiosos. Essa nova maneira de encarar a doutrina religiosa auxiliou a evoluo das cincias humanas. O homem, desenvolvendo o pensar crtico, substitui uma viso direcionada pela possibilidade da indagao. Esse procedimento representa a tendncia ao antropocentrismo isto , o resgate da dimenso humana sob todos os aspectos. Um deles entender o sujeito do conhecimento, questo predominante na Idade Moderna. Ren Descartes, Francis Bacon, John Locke, David Hume, dentre outros, so filsofos que discutem a teoria do conhecimento e ocupam-se com o problema do mtodo, isto , com os procedimentos da razo na investigao de uma determinada realidade. Atravs da cincia moderna, foram se constituindo, ento, uma nova teoria da mente, uma nova viso do saber e uma nova imagem do mundo que imprimiriam no mundo uma mudana radical no mbito da educao. Hoje em dia bastante comum nos perguntarmos qual o mtodo utilizado por tal professor? Sua didtica boa? Isso comeou a se construir na idade moderna, ou seja a ao cientfica e pedaggica passou a contar com opes diferenciadas do modelo tradicional. Passaram ento, os pedagogos a se interessarem, cada vez mais, pelo mtodo e realismo em educao. Apesar disso, maioria das instituies educativas ainda permaneciam tradicionais,embora assumissem uma nova feio. Vejamos algumas de suas principais caractersticas: nfase na formao moral; renovao do pensamento educativo; novos mtodos de teorizao; uso de lnguas modernas; revalorizao da educao fsica. Essa pedagogia moderna contrariava a educao Antiga/Medieval, excessivamente formal, retrica e conteudista. Ela Preferia usar o rigor das cincias naturais (fsica, biologia, etc.) a permanecer na tendncia literria e esttica prpria do humanismo renascentista. A pedagogia moderna comea a exigir uma didtica, que possa partir da compreenso das coisas. Os educadores leigos e religiosos se empenham na organizao da escola. A escola moderna propunha o seguinte: descobrir uma forma de ensinar mais acelerada e mais segura.

24

Educadores Principais Educadores da ModernidadeJoo Ams Comnio (1592-1670) Nascido na Moravia, vai propor um sistema articulado de ensino, reconhecendo o igual direito de todos os homens ao saber. O maior educador e pedagogo do sculo XVII produz uma obra fecunda e sistemtica, cujo principal livro Didtica magna. Principais propostas de Comnio:

* * * * *

educao realista e permanente; mtodo pedaggico rpido, econmico e sem fadiga; ensinamento a partir de experincias cotidianas; conhecimento de todas as cincias e de todas as artes; ensino unificado.

Segundo ele, seriam assim distribudas. Para ele o processo educativo teria as seguintes fases: Escola Materna cultivaria os sentidos e ensinaria a criana a falar; a Escola Elementar desenvolveria a lngua materna, a leitura e a escrita, incentivando a imaginao e memria, alm do canto, das cincias sociais e da aritmtica. A Escola latina se destinaria, sobretudo ao estudo das cincias. Para os Estudos Universitrios recomendava trabalhos prticos e viagens. A se formariam os guias espirituais e os funcionrios. Academia s deveriam ter acesso os mais capazes. Assim, Comnio deseja ensinar tudo a todos. Atingir o ideal de uma educao ideal. John Locke (1632-1704) Ingls que criticava em sua teoria pedaggica o racionalismo de Descartes, desenvolve uma concepo da mente infantil e da educao. Locke valorizava: a educao fsica; o estudo da contabilidade e escriturao comercial; as lnguas modernas e o clculo.

Para ele a finalidade da educao se concentrava no carter, muito mais importante que a formao intelectual. Enfim, prope o trplice desenvolvimento fsico, moral e intelectual. Segundo Locke, devia-se evitar a escola, onde a criana pudesse ser bem acompanhada ou vigiada. Ao contrrio de Comnio, Locke no defendia a universalizao da educao, sua pedagogia era elitista, pois a formao dos que iro governar e daqueles que sero governados devia ser distinta. Com efeito, no sculo XVII, o empenho imenso na tentativa de institucionalizar a escola. Efetivamente, o direito do ensino ainda pertence Companhia de Jesus, que adentra o sculo XVIII com mais de 600 colgios distribudos pelo mundo. Mesmo sendo organizados e competentes, os jesutas representam o ensino tradicional mais conservador.

* * *

25

Entretanto surgem outras congregaes religiosas, desenvolvendo um trabalho mais apropriado ao esprito moderno. Podemos citar os oratorianos, e os jansenistas, que se opem aos jesutas. Por conseguinte as academias do sculo XVI, no so escolas Fundamentos Histrico- institucionalizadas, mas se prope a atender aos interesses da nobreza na Filosficos formao cavalheiresca de seus filhos. H uma intensificao dessas da Educao academias, no sculo XVII, pois elas representam a mudana dos padres conservadores no ensino, para uma concepo mais realista.

1.

[ ]TRABALHARAgora hora de Um professor deve amar seu alunoLOCKE, J. O autocontrole um elemento vital na educao. In: GADOTTI, 2002, p. 86.

Ensinar tudo a todos, esse era um dos lemas de Comnio, explique em que medida a proposta dele se mostrava inovadora para a poca.

2.

a. Faa um comentrio sobre a afirmao de Locke.

b. Na sua opinio este pensamento ainda vlido?

26

O Iluminismo e o processo educativoE surgem as luzes do conhecimento ocidental, ser que realmente iluminava-se a vida das pessoas de maneira igual?

A Organizao EducacionalApesar dos progressos evidentes que discutimos no contedo anterior com relao ao processo educativo, bom salientar que os mesmos ainda so limitados, pois no existia ainda um plano global ou mesmo uma teoria educacional que realmente merecesse ser chamada de avanada. Os movimentos de reforma educacional eram isolados e dependiam de grupos de voluntrios ou mesmo de pessoas que aspiravam objetivos bem limitados e sem perspectivas mais abrangentes. Por conseguinte, na segunda metade do sculo XVIII, muitos desses esforos no oficiais (que no erma do Governo) entraram em decadncia. E quem eram as pessoas que tinham acesso a esse sistema de ensino? Infelizmente as luzes no conseguiam mudar ainda a realidade dos mais pobres, assim o sistema educacional estava fundamentado numa estrutura rgida de classes sociais, ou seja os mais ricos que estudavam mais, tanto em qualidade como em quantidade. Mas as rpidas transformaes intelectuais, econmicas, sociais e polticas no Ocidente solicitavam novas perspectivas no processo educativo e o movimento Iluminista nesse sentido ajudou na reao da sociedade contra o autoritarismo religioso e poltico e, em menor escala, contra as diferenas sociais. No ncleo desse movimento encontra-se uma f inabalvel na cincia, na razo humana e no prprio homem. Assim sendo, no final do sculo XVIII, a educao comea a dar sinais de um direcionamento para a cidadania, mas era bastante evidente ainda as diferenas de classe nessa educao: a classe dirigente receberia instruo para governar e a classe trabalhadora seria educada o bastante para trabalhar, em outras palavras o sistema educacional ainda no era democrtico. Essa escola em nvel de infra-estrutura j comeava a se parecer com as escolas que conhecemos na atualidade: vo estar divididas em classes de pessoas mais ou menos da mesma faixa etria, vai dispor as carteiras dos alunos em filas, vai contar com prdios prprios para a prtica pedaggica, as aulas vo ser ministradas por profissional qualificado e vai estar submetida a um sistema nacional de ensino pblico.

Para refletir...Na sua opinio por que o movimento conhecido como Iluminismo foi importante para a educao?

Principais educadores do IluminismoA Pedagogia de Rousseau (1712-1778) O filsofo francs Jean-Jacques Rousseau, nasceu em Genebra, na Sua. Suas principais obras so: Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, Do contrato social, e Emlio ou Da educao (1762).

27

O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Comumente se costuma dizer que Rousseau foi um revolucionrio na pedagogia, j que delineou um mtodo liberal de educao com a finalidade de desenvolver a criana sem destruir seu estado natural. O ncleo central dos interesses pedaggicos passa Fundamentos Histrico- a ser a criana e no mais o professor. Tambm, ressalta a especificidade da criana, que no deve ser Filosficos da Educao encarada como um adulto em miniatura. Principais propostas da pedagogia de Rousseau: homem ser educado para si mesmo e no mais para Deus ou para a vida social; educao afastada do artificialismo das convenes sociais, espontnea original; recusa o intelectualismo; valoriza os sentidos, as emoes, os instintos e os sentimentos; valoriza a experincia, o ensino ativo voltado para a vida, para a ao; teme a educao que pe a criana em contato com os vcios e a hipocrisia.

A pedagogia de Rousseau, incentiva o controle no mundo fsico e nas relaes com as pessoas. Alguns tericos acham que a educao de Rousseau elitista, pois ele defende que a criana seja acompanhada por um preceptor, procedimento prprio dos ricos. Outros o acusam de estar defendendo uma educao individualista ao separar o aluno da sociedade: estaria. A Pedagogia de Kant Immanuel Kant (1724-1804), maior representante do Iluminismo alemo, realizou em suas obras a anlise das possibilidades do conhecimento da razo humana situando os limites e as condies nas quais a razo pode conhecer o mundo. Kant d educao grande importncia podemos verificar isso nas obras mais clssicas, a Crtica da razo pura, na qual desenvolve a crtica do conhecimento, e a Crtica da razo prtica, que faz o exame da moralidade. O problema do conhecimento humano uma das mais importantes questes levantadas por Kant. Ele retoma o debate entre os racionalistas e os empiristas. Condena os empiristas, segundo os quais tudo o que conhecemos vem dos sentidos, e discorda dos racionalistas, para os quais tudo o que pensamos vem de ns. Segundo ele, o conhecimento uma smula dos contedos particulares dados pela experincia e da estrutura da razo. O conhecimento acontece na relao sujeito e objeto. Em suas investigaes defende: a no probabilidade de conhecermos realidades que no passam pelo conhecimento sensvel; no ser possvel dizer nada sobre a alma humana e sobre Deus, pois eles superam a nossa capacidade de entendimento; ser impossvel provar a existncia de Deus.

28

Kant fundamentou a moral na autonomia da razo humana, isto , na idia de que as normas morais devem brotar da razo humana. Portanto, cabe a educao, ao desenvolver a faculdade da razo, constituir o carter moral. O principal problema do processo educativo consiste em conciliar a submisso ao livre-arbtrio da criana. Para ele nos primeiros anos da infncia que a criana encontrase na fase pr-moral. Assim sendo, no h necessidade de inculcar-lhe a moral. Contudo, na medida em que a criana comea a crescer, o processo de formao deve tornar-se mais formal e incluir: a pacincia, a disciplina e o cultivo das dimenses cognitivas e morais. o progresso sistemtico desse desenvolvimento controlado da criana em processo de maturao que Kant procura se dedicar. A disciplina deve inculcar-se a partir dos cinco ou seis anos de idade. O impacto de Kant sobre o processo educativo foi profundo, tanto que no sculo XX sero reexaminados por vrios autores na rea da moral e da educao, entre eles esto Piaget e Habermas.

1.

[ ]TRABALHARAgora hora de Identifique as principais propostas de Kant para a educao. Faa um comentrio sobre as seguintes afirmaes:

2.

a. No se deve fornecer conhecimentos prontos ao aluno, mas ensin-lo como adquiri-lo, quando necessrio. ROSSEAU

29

b. O professor deve acrescentar gentileza em as suas aulas e, por meio de uma certa ternura em sua atitude, deixar perceber criana que ela amada.Fundamentos

JONH LOCKE apud GADOTTI, 2002, p. 86

da Educao

HistricoFilosficos

3.

Leia atentamente o texto abaixo e em seguida responda ao que se pede: A ESCOLA E A DIVISO CAPITALISTA DO TRABALHO

Tudo o que acontece dentro da escola - incluindo a escola primria s pode ser explicado atravs do que ocorre fora dos muros escolares, isto , pela diviso social do trabalho. A diviso capitalista do trabalho caracteriza-se hoje por uma crescente dissociao o trabalho manual e o trabalho intelectual. De um lado, h uma massa de trabalhadores manuais e empregados subalternos (operrios, funcionrios do comrcio de escritrios, pessoal de servios), condenados a realizar tarefas fragmentadas e rotineiras. De outro, uma minoria de quadros intelectuais, encarregados das tarefas de criao e planejamento. A escola capitalista contribui, por sua vez, para reproduzir e aprofundar essa polarizao das qualificaes. De fato, a escola alimenta os dois plos do mercado de trabalho, atravs de dois fluxos bem distintos. Em uma extremidade, ela forma um pequeno nmero de quadros intelectuais nas melhores escolas secundrias, desembocando nas universidades. Na outra ponta, a escola orienta a formao de massas trabalhadoras mais ou menos qualificadas e condenadas a vender-se por um salrio irrisrio aos donos das grandes corporaes industriais, das cadeias de lojas ou dos escritrios. Eis por que a escola no nica, mas dividida em duas redes de ensino: a rede primria/ profissionalizante e a secundria/superior. Essas redes so estanques, heterogneas, devido a seu programa de ensino diferenciado, assim como o estrato social de seus alunos. Visveis com clareza a partir da escola secundria com sua preparao de fato, essas duas redes existem, no entanto, desde a escola primria. justamente ali, em meio obscuridade de uma escola aparentemente nica e igual para todos, que a diferenciao se forma e deita razes. De fato, a escola primria que assegura, sob o manto da unidade e da democracia, o essencial da polarizao social de uma gerao escolar. Ora, tudo ocorre como se fosse absolutamente natural... Afinal, sabe-se que h enormes diferenas entre uma e outra escola; sabe-se ainda que os filhos de operrios tero mais dificuldades que os outros alunos. Mas da a admitir de forma exata e positiva que a escola primria local onde se processa a polarizao de classes e compreender as relaes entre a escola e a explorao capitalista dar um salto grande demais. Entre o curso preparatrio e a linha de montagem, o caminho longo... ( ... ) A diviso capitalista do trabalho; a explorao dos trabalhadores; a extrao da mais-valia; a desqualificao do trabalho; o vai-e-vem do desemprego; o exrcito industrial de reserva; a crescente dissociao entre o trabalho manual e o trabalho intelectual: eis as verdadeiras causas que possibilitam explicar a estrutura e o funcionamento da escola capitalista. E preciso procurar na organizao capitalista, isto fora da escola, as razes de sua diviso em duas redes de ensino, com a conseqente polarizao operada entre as crianas.

30

No entanto, esta a realidade e devemos encar-la de frente. A funo real da escola no em absoluto fazer desabrochar harmonicamente o indivduo ou desenvolver aptides pessoais; este um sonho abstrato dos psiclogos. Ao contrrio, o papel escola produzir contingentes de mo-de-obra mais ou menos qualificada para o mercado de trabalho. a estrutura do mercado de trabalho que pressiona a escola com toda a sua fora, a ponto de imprimir sobre ela sua marca.BAUDELOT, Christian e ESTABLET, Roger. Lecole primaireun dossier. Apud

4.

GADOTTI, Moacir. Histria das idias pedaggicas. S. Paulo: tica, 2002. p.197-198.

Proposio acerca do texto

a. Segundo Baudelot e Establet, qual seria o verdadeiro papel da escola numa sociedade?

b. No texto existe uma posio clara do autor em relao ao papel que a escola vem desempenhando na nossa sociedade. Voc concorda com a posio do autor? Argumente e justifique a sua resposta:

FILOSOFIA E EDUCAO: EM BUSCA DA CONSCINCIAFILOSOFIA E EDUCAOO que Filosofia Entendendo a origem e o conceitoCom certeza alguma vez em sua vida voc j ouviu falar de um dos ramos do saber chamado Filosofia, no raramente, as pessoas tm uma pssima impresso sobre esta cincia, mas por que? No nosso entender existem basicamente dois fatores que explicam isso. No primeiro caso, os prprios especialistas da rea, ou seja, os filsofos profissionais so os responsveis por esta imagem negativa. Em primeiro lugar, porque muitos deles complicam as suas teorias a tal ponto que ns seres humanos comuns, no os entendemos ou no conseguimos ver sentido algum no que eles esto transmitindo com seus estudos. Isso ocorre por causa do emaranhado de conceitos e teorias complexas formuladas pelos mesmos, que exigem um alto grau de abstrao para um entendimento satisfatrio.

31

Um outro fator que pode nos afastar da filosofia a falsa idia que outras pessoas (dessa vez os filsofos amadores) criaram em relao a este Fundamentos Histrico- ramo do saber: Trata-se de uma imagem muito simplista acerca da filosofia, Filosficos veiculada amplamente por pessoas interessadas em fazer com que a da Educao sociedade no desenvolva o esprito reflexivo. Da algumas consideraes pejorativas aparecem com freqncia, tais como: filosofia qualquer tipo de teoria vazia que no presta para nada, apenas para complicar o que j era complicado. Estas e outras questes pretendem ser respondidas ao longo do nosso curso. A seguir, tentaremos explicar e discutir os objetivos e a importncia da Filosofia e voc nosso convidado. A Filosofia na verdade traduz o pensar, o sentir e o agir da vida humana na sua mais alta expresso (LUCKESI, 2000), ela no de maneira nenhuma algo morto e, que no serve para nada e nem pura abstrao vazia de sentido. A Filosofia surgiu na Grcia por volta do sculo VI a.C., a partir do trabalho dos filsofos que antecederam Scrates. Isso assinalou a passagem da conscincia mtica/religiosa para a conscincia racional/ filosfica. Esse processo no ocorreu mecanicamente, nem de imediato o que exigiu dos seres A filosofia clssica Antiga pode ser humanos um amadurecimento dividida em trs grandes etapas: intelectual. Esses dois tipos de conscincia coexistiram na 1 Perodo pr-socrtico (scs. VII e VI a.C.): Grcia, assim como, os filsofos pr-socrticos discutem de forma guardadas as devidas racional sobre a natureza, distanciando-se das propores, coexistem na explicaes mticas do perodo anterior. Dentre os nossa sociedade. pr-socrticos, podemos destacar dois: Herclito Quando lemos um texto e Parmnides. de filosofia, na verdade, estamos nos aproximando de 2 Perodo socrtico ou clssico (scs. V e um entendimento que o autor IV a.C.): o ncleo cultural passa a ser Atenas; nesse construiu a partir da sua viso perodo, destacam-se Scrates, Plato, e de mundo, esse trabalho foi Aristteles; tambm, fazem parte os sofistas. construdo a partir dos valores e aspiraes que do sentido 3 Perodo ps-socrtico (scs. III e II a.C.): ao mundo. esse perodo caracterizado pela expanso dos Nesse sentido pode-se macednios sobre os territrios gregos e formao afirmar que os filsofos, do imprio de Alexandre Magno; aps a morte do refletem tambm sobre o mesmo, comea a poca helenista, marcada pela cotidiano dos seres humanos influncia oriental. e podem organizar um quadro coerente e organizado para o entendimento da realidade que nos cerca. Na Idade Mdia (476 a 1453), as diversas abordagens da Filosofia continuaram metafsicas, ou seja entendia a educao como um processo de do aperfeioamento humano, no qual o indivduo estimulado a despertar as suas potencialidades. Assim acreditava-se em um modelo de Homem que a criana deveria alcanar, atualizando a essncia que j existia em si, transformando-a em potncia. Alguns filosfos se destacaram nesta poca, destacaremos dois deles: So Toms de Aquino e Santo Agostinho.

32

*

Patrstica A Patrstica teve como principal figura Santo Agostinho (354-430), seu pensamento, reativa no cristianismo os princpios da clssica filosofia platnica mas salvaguardando as caractersticas originais da teologia e da moral crist. A finalidade do processo educativo constituda de conhecimento e f. Ele aborda o processo educativo em trs obras: Sobre o Educador (389), Sobre Aqueles que Ensinam ao Povo Simples (399) e Sobre a Doutrina Crist. (397-426). A questo principal do processo educativo o fato de o verdadeiro conhecimento ser inato, depositado na alma por Deus. Assim, papel do mestre auxiliar o aluno, tornar revelada a verdade preexistente, latente, elevando-se acima do mundo material, que simples aparncia. O processo educativo implica em auxlio mtuo entre o mestre terrestre e o Deus.

*

Escolstica A Escolstica, estudo obrigatrio dos telogos. Nela a razo encontra-se a servio da f. Seu principal representante Santo Toms de Aquino (1225-1274), doutor da Escolstica que fez da filosofia de Aristteles um instrumento a servio da f crist. Ela era lecionada nas escolas medievais. Os telogos da Escolstica procuram amparar a f na razo, com o fim de melhor justificar as crenas, converter a populao que no era catlica e ainda combater muulmanos e judeus. Em sua vida Santo Toms escreve uma obra importante para a educao: De Magistro, na qual ele afirma que a educao vista como uma atividade potencializadora daquilo que j existe de maneira adormecida no aluno, esse processo se daria com o auxlio do mestre. Sem dvida a filosofia medieval fascinante, mas no podemos nos estender no assunto.

33

Acompanhe abaixo um quadro comparativo entre a Escolstica e a Patrstica:

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

Patrstica

Escolstica Adaptao do pensamento aristotlico aos interesses da religio, tinha Jesus como o modelo de mestre e educador, o objetivo mais importante seria formar o homem na F, essa filosofia era usada nos colgios e universidades catlicas (modelo tomista/aristotlico)

Defesa dos dogmas catlicos, luta no combate s heresias e na converso dos considerados povos pagos, filosofia dos padres.

1.

[ ]TRABALHARAgora hora de

Explique as principais semelhanas e diferenas que existem entre as abordagens do real:

2. 3.34

Porque podemos afirmar que a filosofia importante para a humanidade? Argumente e justifique a sua resposta:

Descreva as principais diferenas entre a Patrstica e a Escolstica:

O Papel do Filsofo e ato de Filosofar Pa Filsof ilsofo ato Filosof ilosofarA principal tarefa do filsofo refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descortinando seus significados mais profundos, ou seja descobrindo o que est por trs das aparncias. Para o filsofo, refletir significa pensar de maneira organizada, sistemtica e a partir de uma metodologia, o que j foi pensado. Nesse sentido, refletir, seria fazer o prprio pensamento retornar, para assim termos uma melhor compreenso, um maior entendimento de determinado assunto que se apresenta. A reflexo s considerada uma atitude prpria da Filosofia, quando feita de forma radical, rigorosa e em conjunto. Assim, a filosofia considerada radical porque investiga um problema at as suas razes, ou seja quando investiga um problema no se preocupa apenas em entender somente o efeito, mas sim as causas, isto as origens, a raiz que originaram aquele efeito. Da conclui-se que a filosofia radical enquanto explicita os fundamentos do pensar e do agir. Tendo em vista que a filosofia um modo de pensar, um posicionamento frente as questes que o mundo nos apresenta, ela no pode ser considerada como um conjunto de saberes pronto e acabado, muito menos fechado em si mesmo. Desta forma o ato de filosofar comea por inventrio dos valores (ticos, estticos e morais) que do rumo nossa vida. Depois dessa primeira etapa preciso criticar tais valores sob todos os ngulos, ou seja a sua base de sustentao, descobrir a sua essncia. Na terceira etapa necessrio reconstruir os valores ou seja, constru-los criticamente para a orientao de nossas vidas em sociedade.

Leia atentamente o texto abaixo e em seguida responda ao que se pede:

1.

[ ]TRABALHARAgora hora deO filsofoGRAMSCI Apud ARANHA 2002, p. 10935

Uma vez aceito o princpio de que todos os homens so filsofos, isto , que entre os filsofos profissionais ou tcnicos e os outros homens no h diferena qualitativa, mas apenas quantitativa (e neste caso quantidade tem um significado particular que no pode ser confundido com soma aritmtica, j que indica maior ou menor homogeneidade. Coerncia e logicidade, etc. [...] O filsofo profissional ou tcnico no s pensa com maior rigor lgico, com maior coerncia, com maior esprito de sistema do que os outros homens, mas conhece toda a histria do pensamento, sabe explicar o desenvolvimento que o pensamento teve at ele e capaz de retomar os problemas a partir do ponto em que se encontram, depois de terem sofrido as mais variadas tentativas de soluo, etc. Tem, no campo do pensamento a mesma funo que os especilistas nos diversos campos cientficos.

a. De acordo com o texto qual a diferena bsica entre o filsofo profissional e o no profissional?

da Educao

HistricoFilosficos

Fundamentos

b. Descreva como pensa o filsofo profissional?

As formas de abordar o mundoSo vrias as formas pelas quais o homem entra em relao com o mundo que o rodeia, a depender das circunstncias e necessidades, bem como do tipo de cultura em que ele est inserido. O homem, ao longo de sua existncia na Terra, tem procurado conhecer o mundo atravs de vrias formas: a mais antiga a que ficou conhecida como conscincia mtica, predominantemente religiosa e ligada a rituais mgicos, buscando solues para os problemas concretos da humanidade geralmente a partir de apelos divindades. Com o rompimento das organizaes tribais e a crescimento das formas de organizao humana, surge uma outra abordagem conhecida como do senso comum, nela as pessoas passam a reelaborar a herana cultural recebida da comunidade. Mais ou menos a partir do sculo XVII a parece a abordagem cientfica que atravs de toda uma metodologia vai estabelecer leis e teorias cientficas afim de delimitar os seus objetos de estudo. Existe tambm uma outra abordagem do real que a concepo filosfica, na qual se busca compreender o mundo criticamente parti do pensamento lgico e racional.

36

Vejamos a seguir um quadro resumo com estas abordagens do real :

AS FORMAS DE ABORDAR O MUNDO REALMTICA Saber baseado na magia, busca de Segurana via foras ocultas; Presena de rituais mgicos no cotidiano.

Saber fragmentado, espontneo; no crtico, impreciso, incoerente; SENSO COMUM De incio procura compreender o mundo com base na tradio dos costumes, na experincia social; Posteriormente pode se articular com interesses polticos, econmicos e religiosos.

CIENTFICA

Saber bem elaborado, objetivo, usa a experimentao, investigao de causa e efeito; coerente e intencional; Baseia-se na lgica; busca a utilizao de mtodos racionais e o desenvolvimento de teorias;

Compreenso crtica do mundo; FILOSFICA Busca esclarecimentos coerentes, racionais e lgicos; Reflete sobre as questes buscando superar as aparncias.

As abordagens descritas anteriormente foram o resultado da experincia cultural da Humanidade e que foi construda ao longo de muitos anos. Cabe ressaltar que uma forma de abordar o real no invalida a outra. Por exemplo, aquilo que pensamos e desejamos primeiro se formata na esfera da imaginao, ou seja, nos pressupostos mticos, dessa forma, o mito serve de alicerce para o trabalho posterior da esfera da razo No se trata de aceitar o mito de forma mecnica, afinal podemos, aceita-los ou recusa-los. Quando entramos em contato com os mitos, podemos usar a reflexo para entendermos os valores, a moral da histria que existe em cada um deles e que fundamenta o mesmo, para a partir da construirmos um determinado juzo de valor.

37

O que EducaoO homem um ser histrico-social, ou seja que efetiva suas relaes Fundamentos mediante prticas culturais complexas ocorridas em determinado tempoHistrico- espao. Sendo assim, nenhuma pessoa consegue se esquivar do processo Filosficos educativo. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de uma maneira ou de outra, da Educao todos ns envolvemos partes da vida com ela. O ser humano constri o seu lastro cultural a partir do trabalho (atravs do qual transforma a natureza e a si mesmo) e dos aspectos culturais (danas,jogos, relaes familiares, etc). O aperfeioamento de suas atividades s possvel atravs da educao. Assim sendo a mesma um fator importantssimo para a socializao e humanizao dos Homens. A educao pode ser formal ou informal. Aquela que acontece no cotidiano, que realizada atravs do aprendizado emprico das tarefas ou seja construda no dia-a-dia considerada a educao informal. Essa categoria construda, sobretudo, pela observao e convivncia entre os membros de uma sociedade, sem um planejamento prvio, sem local ou mesma hora determinada. J a educao formal acontece atravs de pessoas especializada, procura selecionar os elementos essenciais para a sua transmisso, geralmente acontece com planejamento prvio e em local e hora definidos. Assim, a educao dentro de uma sociedade se revela como um instrumento de manuteno ou transformao social e no como um fim em si mesma. Deste modo, ela precisa de pressupostos, de conceitos que possam fundamentar e orientar os seus caminhos. A sociedade da qual ela est inserida precisa possuir alguns valores que possam nortear a sua prtica. Portanto, entende-se que a educao o processo de desenvolvimento integral do homem, isto , de sua capacidade fsica, intelectual e moral, que tem como fim no s a formao de habilidades, mas tambm do carter e da personalidade social. No processo educativo formal, a transmisso de valores e conhecimentos se materializa atravs da pedagogia (diversos processos sistematizados de mtodos e diretrizes educacionais). Existiram diversas pedagogias ao longo da Histria da Educao. As que mais se destacaram no Brasil foram trs: a Tradicional: nascida no sculo XVI; a Renovada: implantada no incio do sculo XX a Tecnicista: iniciada na dcada de 1960.

38

Segue abaixo um quadro comparativo resumido dessas pedagogias.

CARACTERSTICASCONCEITO DE EDUCAO

TRADICIONALAssimilao de conhecimentos.

RENOVADA

TECNICISTA

Construo conjunta Direcionamento dos dos conhecimentos. conhecimentos para a rea industrial.

RELAO EDUCADOR / EDUCANDO

O professor Vertical, o professor Professor facilitador racionaliza o saber o transmissor do do conhecimento, o cientfico e o aluno conhecimento. aluno o centro do recebe, aprende e fixa processo. as informaes.

FINALIDADE O aluno aprender o Desenvolvimento Apropriao do saber PRIMORDIAL DA que foi transmitido. das potencialidades cientfico, exigido pela EDUCAO dos alunos. sociedade moderna. Aula expositiva centrada no professor, leitura repetida, exerccios de fixao e cpias. Exames escritos e arguies com carter punitivo. Pesquisa, uso de vdeo, atividades ldicas, aulas expositivas participadas. Aula expositiva, exerccios prticos, uso de vdeos, slides, ensino distncia.

MTODOS DE ENSINO

FORMAS DE AVALIAO MAIS UTILIZADAS CARACTERES GERAIS DA ESCOLA

Seminrios, estudo dirigido,avaliao Provas objetivas, miniescrita, testes. autoavaliao. Democrtica, responsvel, interativa e prazerosa. Disciplinadora, racionalista e ordenada.

Disciplinadora, autoritria, rgida, desprazerosa.

bom que se diga que no queremos que voc veja com preconceito nenhuma das trs pedagogias aqui resumidas, criticar as pedagogias, requer um alto nvel de ponderao, pois se a pedagogia Tradicional no estimula o senso crtico e a criatividade dos alunos, a Renovada estimula o individualismo no educando, j a Tecnicista propicia a alienao do Ser Humano, cabe-nos a reflexo para encontrar uma forma de atuar na prtica.

39

E qual seria a finalidade bsica da educao?da Educao cultura e da sociedade na qual se d o processoEsta uma pergunta complexa, pois a finalidade HistricoFilosficos pode variar bastante ao longo do tempo e a depender da educativo. Isso o que tem mostrado a Histria da Educao: por exemplo, na Grcia dos tempos hericos, a finalidade era formar guerreiros, na Grcia da poca das cidades-estado, almejavase formar cidados. Em Roma, os esforos se concentravam na formao de cidados com esprito prtico e assim sucessivamente.Fundamentos

atualidade tualidade, E na atualidade, qual seria a finalidade bsica da educao?Bom, responder a esta pergunta um exerccio bastante interessante. Num mundo globalizado extremante difcil ponderarmos a finalidade exata da educao, pois as realidades de cada sociedade so distintas. Assim os objetivos educacionais em um pas desenvolvido pode ter pontos em comum com os de um pas em desenvolvimento, mas certamente no sero iguais e da por diante. Portanto os fins da educao baseiam-se em valores permanentes (tica, esttica, moral, conhecimento, etc) e em valores provisrios (necessidades humanas concretas). Estes valores provisrios se alteram conforme vamos alcanando os objetivos imediatos, ou seja enquanto nossa realidade concreta vai se modificando e as etapas vo avanando. A educao um processo que dura a vida toda, no tendo idade para se iniciar e nem terminar, ela no pode se limitar mera continuidade da tradio, pois ela supe a possibilidade de rupturas, pelas quais a cultura se renova e o homem se aperfeioa, construindo assim a sua histria. Tornar a Educao verdadeiramente integral e portanto realmente formativa do Ser Humano , antes de mais nada, oferecer a todos instrumentos de crtica e reflexo acerca da sociedade em que vivemos, afim de que possamos superar as contradies e assim tornar a mesma mais justa, menos excludente e portanto menos violenta. No a prtica educacional quem estabelece os seus fins. Quem o faz a reflexo filosfica que permeia a educao, dentro de uma dada sociedade. As relaes entre educao e filosofia parecem ser quase naturais. Enquanto a primeira trabalha com o desenvolvimento do Ser Humano e sobretudo das novas geraes, a segunda a reflexo sobre o que e como devem ser estes Seres Humanos e a prpria sociedade.

40

1.

[ ]TRABALHARAgora hora de Redija um pequeno texto acerca da importncia da educao na vida do Ser Humano:

2. 3.

Faa um comentrio comparando as pedagogias renovada e tradicional:

papel da Filosofia da Educao investir no esclarecimento das relaes entre a produo do conhecimento e o processo da educao. Voc acha que a educao na atualidade tem cumprido essa misso?

41

Filosofia da educaoImaginem a anlise vigorosa e radical da filosofia Fundamentos Histrico- aliada ao processo educacional, Filosficos sem dvida melhoria na da Educao qualidade da educao, vejamos ento como tentar fazer isso. Enquanto reflexo filosfica, a Filosofia da Educao tem como tarefa bsica buscar o sentido mais profundo do prprio sujeito no processo educacional, ou seja de construir a imagem do Homem em seu papel de sujeito/educando, nesse sentido deve ser uma disciplina que busque integrar as vrias contribuies das cincias humanas. A relao entre Educao e Filosofia bastante espontnea. Enquanto a educao trabalha com o desenvolvimento dos homens de uma sociedade, a filosofia faz uma reflexo sobre o que e como devem ser ou desenvolver estes homens e esta sociedade, isto , uma reflexo sobre os problemas que a realidade educacional apresenta. A funo maior da filosofia da educao contribuir para que o Ser Humano adote uma postura reflexiva no que tange problemtica educacional. assim que a Filosofia da Educao passa a desenvolver uma trplice tarefa: Antropolgica- se preocupa com a idia de Homem que se pretende forjar a partir das contribuies das cincias humanas; Epistemolgica- discutir sobre o processo de produo, sistematizao e transmisso do conhecimento); Axiolgica- estuda as questes relacionadas ao valor que os homens atribuem s coisas, a sua valorao. Vejamos abaixo um quadro resumo elucidativo dessas trs tarefas da Filosofia: REAS DA FILOSOFIA QUE TRATAM DA BUSCA DO SENTIDO DA EXISTNCIA HUMANA Epistemologia Estuda as questes relacionadas ao conhecimento do ponto de vista crtico Trata das questes relacionadas ao agir humano calcado em valores Trata das questes relacionadas condio da existncia humana

Axiologia

Antropologia

tambm papel fundamental da Filosofia da Educao procurar construir uma imagem do Homem que se pode educar. Essa imagem que a Filosofia deve construir do homem s ser consistente se for baseada nas condies reais de existncia, isto em suas mediaes histricas e sociais concretas.

42

Na histria da humanidade existiram trs grandes Concepes de Homem que a orientao pedaggica pretendeu formar ao longo da histria:

AS CONCEPES DE HOMEM Essencialista Homem compreendido a partir de uma natureza imutvel; Naturalista Homem entendido enquanto organismo vivo, regido pelas leis da natureza; Homem compreendido a partir do dualismo mente e corpo; A supremacia seria do corpo, organismo vivo regido por leis da natureza. Histrico-social Homem enquanto uma entidade natural e histrica;

A perfeio de cada ser dependeria da realizao plena das potencialidades internas.

A natureza humana determinada pelas condies objetivas de sua existncia;

O ser humano seria resultado de um processo de vir-a-ser.

Alm das anlises antropolgica (concepes de homem), epistemolgica (conhecimento) e axiolgica (valores) no processo educativo; a filosofia da educao tem a funo de mediar a questo da interdisciplinaridade, atravs da qual se estabelece um elo de ligao entre as diversas disciplinas, o que auxilia e muito o trabalho desenvolvido pela pedagogia. Assim espera-se que com o auxlio da filosofia, por exemplo, evite-se a supremacia dos ismos (capitalismo, psicologismo, etc.) ou seja de a educao ficar alienada e s enfocar determinada cincia na anlise dos fenmenos pedaggicos. Por que isso importante? Na nossa concepo todos os ismos se no forem devidamente analisados e ponderados, acabam por escravizar o pensamento humano, tornando o educador apenas um defensor ou um crtico feroz de determinada cincia, no fornecendo ao educando uma viso mais ampla da vida. O conhecimento, os valores e as relaes humanas permeiam toda a existncia humana, assim sendo a filosofia da educao ocupa lugar central para a prtica pedaggica, pois somente a partir do pensamento crtico-reflexivo que a educao se tornar mais eficaz, clara e coerente. A educao, quando imbuda dos ideais filosficos no se ocupa em formatar os seres humanos de maneira homognea, mais sim oferecer condies ideais para que o educando caminhe com as suas prprias pernas e encontre assim o seu prprio caminho que certamente no sero iguais, pois cada aluno tem o seu tempo, aspiraes, valores e inteligncias mltiplas. justamente nesse ponto que reside a beleza da educao.

43

Assim a filosofia da educao auxilia muito a pedagogia, mas no se deve confundir uma com a outra. Enquanto a pedagogia pode ser compreendida como Fundamentos Histrico- uma teoria geral da educao que se preocupa com Filosficos a eficcia e a intencionalidade da prxis pedaggica; da Educao a filosofia acompanha reflexivamente os problemas ligados educao, mediando a contribuio que as outras cincias podem fornecer para que o processo de ensino/ aprendizagem se torne mais reflexivo e ao mesmo tempo mais objetivo. Em resumo a filosofia da educao busca a compreenso profunda de determinada realidade educacional de maneira vigorosa e integral. A reflexo sobre os problemas referentes transmisso e construo do conhecimento uma tarefa fundamental para a filosofia da educao.

[ ]TRABALHARAgora hora de

1.

Leia atentamente o texto abaixo e em seguida responda ao que se pede:Desafio aos educadores

Um famoso filsofo alemo do sculo passado Frederico Nietzsch, tece uma crtica radical civilizao ocidental, dizendo que ela educa os homens para desenvolverem apenas o instinto da tartaruga. O que quer dizer isso? A tartaruga o animal que, diante do perigo, da surpresa, recollhe a cabea para dentro da sua casca. Anula, assim, todos os seus sentidos e esconde, tambm na casca, os membros, tentando protegerse contra o desconhecido [...] Formar boas tartarugas parece ter sido o objetivo dos processos educacionais e polticos da educao desenvolvidos no mundo ocidental nos ltimos anos. Temos educado os homens para aprenderem a se defender contra todas as ameaas externas, sendo apenas reativos [...] Precisamos assumir o desafio de educar o homem para desenvolver o instinto da guia. A guia o animal que voa acima das montanhas, que desenvolve os seus sentidos e habilidades, que agua ouvidos, os olhos e competncia para ultrapassar os perigos, alando vo acima deles. capaz, tambm, de afiar as suas garras para atacar o inimigo no momento em que julgar mais oportuno [...] RODRIGUES apud SEVERINO, 1994 p. 24

a. Com base no texto faa um comentrio sobre que tipo de educao (mtodos, pedagogia, objetivos, etc.) deve ser desenvolvida para formar guias:

44

A FORMAO CRTICA E A NECESSIDADE DE UMA POSTURA TICA DO EDUCADOREducao e Ideologia: A Luta pelo PoderO mundo, entre outras coisas constitudo por valores materiais (bens de consumo, dinheiro, propriedades recursos naturais, etc.) e por valores imateriais ou simblicos (conhecimento, educao, sentimentos, postura, etc.) A educao constituda no s de prtica tcnica e poltica, mas tambm de prtica simbolizadora, suas ferramentas so essencialmente smbolos, que desenvolve sua ao. Em funo da subjetividade, o homem comea a produzir os bens culturais e a desfrutar deles. A atividade subjetiva acontece em funo da capacidade que temos de representar simbolicamente os objetos de nossa experincia. A cultura, o resultado do trabalho humano nas diversas esferas da nossa vida. A educao uma prtica cujos utenslios tcnicos so especificamente simblicos. Ela atua sobre o conjunto das demais mediaes da existncia, a partir dessa sua especificidade. Com efeito, a cultura uma criao humana. Portanto, a educao fundamental para a socializao do homem e sua humanizao, tambm um meio de distribuio de bens culturais, ou seja, ela torna possvel a apropriao dos bens culturais j produzidos. Enquanto prtica que lida com instrumentos simblicos, a educao ainda atua nas dimenses individual e coletiva, correndo um duplo risco de se envolver nesse processo ideologizador. Assim, pela educao, mesmo quando informal, que o indivduo se apropria dos contedos culturais de seu grupo. Ela amplia seu trabalho empregando essencialmente esses conceitos e valores presentes na cultura em que se processa. Por outro lado, para manter sua ideologia, uma sociedade necessita reproduzi-la, e a educao comumente considerada como uma das mais adequadas mediaes para garantir essa reproduo. Ao lado da Religio, dos Partidos Polticos e das Foras Armadas, a Escola um dos mais poderosos Aparelhos Ideolgicos que se conhece, pois trabalha de maneira eficaz com a inculcao de valores e interesses de classe. Assim, fica evidente que as instituies educacionais constituem perfeitos aparelhos ideolgicos para agirem em funo do Estado.

ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O ESTADOESSENCIAIS ACESSRIOS

Pas- territrio fixo determinado Populao- povo Governo- poder- soberania Ordem- mnima essencial

Ptria Nao Autoridade- legitimidade- eleies Reconhecimento ConstituioFonte: LAGO, B. Curso de sociologia poltica. S. Paulo: Vozes, 1996

45

A poltica, queiramos ou no, permeia a maior parte das atividades humanas, o Fundamentos tempo todo o homem mal Histrico- informado, que se diz Filosficos da Educao apoltico facilmente manipulado e influenciado pelos donos do poder. Assim hora de repensarmos a importncia da mesma em nossas vidas. Desde que as sociedades humanas se tornaram mais complexas, o principal instrumento de disputa pelo poder deixou de ser a violncia fsica e passou a ser a palavra, o discurso, a persuaso. A funo principal da ideologia camuflar, mascarar as contradies existentes nas sociedades, tais como as diferenas de classe, de raa e de gnero, apresentando a sociedade como algo harmnico e igualitrio, pois a mesma um conjunto de idias, representaes e de normas de conduta que induzem o homem a pensar de determinada maneira. Essa maneira de pensar geralmente articulada pelas classes dominantes, ou seja, por quem est no poder. A ideologia facilita a coeso entre os homens e a aceitao apoltica de determinadas situaes vantajosas para uns e de explorao para outros, estabelecendo a noo de que as coisas so como deveriam ser. A prpria classe dominante sofre tambm a influncia de sua prpria ideologia na medida em que ele (o dominador) considera o seu papel de explorador como algo natural. O processo de alienao da conscincia em relao realidade objetiva, d-se quando o Ser Humano elabora contedos explicativos e valorativos que julga vlidos e verdadeiros com os quais pretende explicar e legitimar vrios aspectos da vida cotidiana. Assim a prpria conscincia humana sai lesada e no se d conta de que tais valores, idais e conceitos tem um sentido que naquela situao est na contramo da objetividade real. Na escola, a ideologia desempenha um papel de destaque, para alguns cientistas sociais da corrente Crtico-reprodutivista, ela reproduz as desigualdades presentes na sociedade. Assim sendo a escola no encarada como uma instituio realmente democrtica, pois existiria uma escola para formar as elites econmicas (de qualidade, com estrutura pedaggica, profissionais bem pagos etc) e outra para formar as classes menos favorecidas (geralmente em condies inferiores). Na primeira a ideologia difundida seria a de como se tornar um membro da classe dominante e alcanar os mais altos postos na vida econmica e social. Mesmo sendo esta uma posio um tanto quanto extremada, h de se convir que existe muitos acertos nesta teoria.

46

A funo da ideologia camuflar a diviso social entre as classes. Voc concorda com tal afirmao? Justifique a sua resposta:

1.

[ ]TRABALHARAgora hora de

O conhecimentoO que conhecimento? Como podemos conhecer as coisas? Essas perguntas vm perseguindo o homem h muitos anos, alis h sculos. Dependendo da cultura, do momento histrico, do prprio saber acumulado, da estrutura socioeconmica, poltica e social, ou at mesmo em decorrncia da evoluo tecnolgica, teremos as mais diversas respostas. Ao falarmos em conhecimento, estamos designando o ato de conhecer como uma relao que se estabelece entre a conscincia que conhece e o objeto conhecido. Portanto h dois elementos no ato de conhecer: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido. Assim sendo o conhecimento pode ser considerado como a compreenso inteligvel da realidade que o sujeito humano adquire atravs de sua confrontao com a realidade. Ele pode ser adquirido e construdo em conversas, nos livros em jogos, etc. A raiz de todo conhecimento est na sua meta maior que atingir o entendimento da verdade e no a simples e pura reteno de informaes. Para sermos intelectualmente ativos, necessrio utilizarmos as informaes adquiridas de maneira ativa para que assim entendamos o mundo exterior e o nosso interior (autoconhecimento). Vejamos a seguir as principais teorias do conhecimento constitudas no mundo moderno: A primeira dessas teorias foi o inatismo que teve como principal cone terico Ren Descartes (1596- 1650), que considerado o pai da Filosofia Moderna, comeou uma forma de reflexo que se ope tradio escolstica. Ao analisar o processo pelo qual a razo chega a verdade, Descartes utiliza o recurso da dvida metdica. Para conhecermos a verdade, necessrio, em princpio, colocarmos todos os nossos conhecimentos em dvida, questionando tudo para criteriosamente analisarmos se existe algo na realidade de que possamos total certeza. Descartes insere uma ampla mudana no pensamento moderno, segundo a qual o sujeito tem a funo Penso, logo existo ordenadora do conhecimento: O pensamento, (Cogito, ergo sum)

47

sistematicamente dirigido, encontra inicialmente em si os critrios que permitiro estabelecer algo como verdadeiro. Por conseguinte, a cincia na era moderna, deixa de ser um saber Fundamentos contemplativo e passa a se afirmar como sinnimo de verdade e progresso. HistricoSegundo o mesmo as idias superiores derivam no do geral, mas do Filosficos particular, ou seja as elas j se encontram no esprito e so comuns a uma da Educao natureza humana. O critrio proposto para saber se tais idias eram verdadeiras ou no seria um critrio seguro do nosso esprito. Enquanto o inatismo de Descartes prioriza a razo, como ponto de partida de todo conhecimento, Locke se ope a esse pensamento. O empirismo de John Locke, afirma que nada est no esprito que no tenha passado primeiro pelos sentidos. O empirismo, apesar de influenciado pelo inatismo, vai propor que o conhecimento s se efetiva a partir da experincia sensvel, ou seja s depois de algum experimento poderia se elaborar o conhecimento. As duas fontes do conhecimento seria a sensao e a reflexo Locke foi o mais importante terico dessa corrente do pensamento. A corrente interacionista fruto das teorias progressistas de influncia marxista e do construtivismo sovitico que se utiliza da dialtica, entendida como a lgica da contradio. Sujeito e objeto situam-se, por assim dizer, numa nova relao entre si, na qual nenhum dos dois prevalece, um dependendo do outro, s existindo enquanto plo da relao. O sujeito se d conta de que, embora condicionante da posio do objeto no pode integr-lo; o objeto, por sua vez, por Jean Piaget mais autnomo que seja, no mais se impe dogmaticamente ao sujeito como pura positividade.

Temos abaixo um quadro resumo dessas teorias que marcaram a histria do pensamento humano: AS FORMAS DO CONHECIMENTO Inatista Empirista Supremacia do objeto (do meio); Sujeito: tbula rasa (passivo); Conhecimento transmitido e recebido. Interacionista

Supremacia do sujeito; Sujeito: idias inatas a condio do conhecimento.

No h contradio sujeito/objeto; homem/ mundo. O conhecimento renova-se sempre.

48

1.

[ ]TRABALHARAgora hora de

Na atualidade, a prtica escolar que voc tem tomado contato estimula a construo do conhecimento:

2.

Faa um comentrio destacando as semelhanas e diferenas entre inatismo, empirismo e interacionismo:

A necessidade de uma nova tica na educaoNa nossa vida cotidiana, encontramos freqentemente situaes nas quais a nossa deciso depende daquilo que consideramos justo, bom ou moralmente correto. Assim, toda vez que isso ocorre, estamos diante de uma deciso que envolve um julgamento moral da realidade, a partir do qual vamos nos guiar. Portanto, a ao humana uma ao carregada de valores, pois para homem, as coisas do mundo e as aes sobre o mundo no so indiferentes. O homem analisa a validade e legitimidade das suas aes. Com efeito, certas aes tornam-se objeto de valorao. Assim essa sensibilidade aos valores denominada de conscincia moral. Como vimos anteriormente o ramo da filosofia que estuda os valores a axiologia. Dentre eles destaca-se a tica (um dos temas transversais dos PCNs). Se os valores so o alicerce de todas as nossas aes, imprescindvel reconhecer sua importncia para a prxis educativa. Entretanto, os valores transmitidos pela sociedade nem sempre so claramente tematizados, e at mesmo muitos educadores no fundamentam sua prtica em uma reflexo mais cuidadosa a respeito tica. Na atualidade existe uma crise sem precedentes quanto aos valores que orientam a vida em sociedade e nesse sentido alguns conceitos tm sido esvaziados do seu real valor.49

Qualquer vocbulo quando exageradamente utilizado faz com que seu sentido original perca a