licenciatura em biologia - fundamentos da educação ambiental

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    FUNDAMENTOS DAEDUCAO AMBIENTAL

    1 Edio - 2007

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    SOMESBSociedade Mantenedora de Educao Superior da Bahia S/C Ltda.

    Gervsio Meneses de OliveiraPresidente

    William OliveiraVice-Presidente

    Samuel SoaresSuperintendente Administrativo e Financeiro

    Germano TabacofSuperintendente de Ensino, Pesquisa e Extenso

    Pedro Daltro Gusmo da SilvaSuperintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadmico

    FTC - EADFaculdade de Tecnologia e Cincias - Educao a Distncia

    Reinaldo de Oliveira BorbaDiretor Geral

    Marcelo NeryDiretor Acadmico

    Roberto Frederico MerhyDiretor de Desenvolvimento e Inovaes

    Mrio FragaDiretor Comercial

    Jean Carlo NeroneDiretor de Tecnologia

    Andr PortnoiDiretor Administrativo e Financeiro

    Ronaldo CostaGerente Acadmico

    Jane FreireGerente de Ensino

    Luis Carlos Nogueira AbbehusenGerente de Suporte Tecnolgico

    Osmane ChavesCoord. de Telecomunicaes e Hardware

    Joo JacomelCoord. de Produo de Material Didtico

    EquipeAntonio Frana Filho, Anglica de Ftima Jorge, Alexandre Ribeiro, Bruno Benn, Cefas Gomes,

    Cluder Frederico, Danilo Barros, Francisco Frana Jnior, Herminio Filho, Israel Dantas,John Casais, Mrcio Serafim, Mariucha Ponte, Tatiana Coutinho e Ruberval da Fonseca

    ImagensCorbis/Image100/Imagemsource

    Produo AcadmicaJane Freire

    Gerente de Ensino

    Ana Paula AmorimSuperviso

    Letcia MachadoCoordenao de Curso

    Ana Clara Silva de JesusIsabel Sampaio

    Autoria

    Produo TcnicaJoo JacomelCoordenao

    Carlos Magno Brito Almeida SantosReviso de Texto

    Bruno Benn de LemosEditorao

    Bruno Benn de LemosIlustraes

    copyright FTC EADTodos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.

    proibida a reproduo total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorizao prvia, por escrito,da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Cincias - Educao a Distncia.

    www.ead.ftc.br

    MATERIAL DIDTICO

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    SUMRIO

    EDUCAO AMBIENTAL: AO PERMANENTE ETRANSFORMADORA __________________________________________ 7

    A EDUCAO AMBIENTAL CONSCIENTE ____________________________ 7

    INTRODUO EDUCAO AMBIENTAL E AOS PROBLEMAS AMBIENTAIS ____________ 7

    EDUCAO AMBIENTAL PARA A CIDADANIA____________________________________11

    PARADIGMA ECOLGICO: SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO________________12

    AGENDA 21 _______________________________________________________________17

    ATIVIDADE COMPLEMENTAR_________________________________________________20

    EDUCAO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ______21

    ASPECTOS BIOTICOS SOBRE A PROBLEMTICA AMBIENTAL _______________________21

    O DIREITO AMBIENTAL NO PLANO INTERNACIONAL______________________________24

    DEGRADAO NOS CENTROS URBANOS _______________________________________30

    ECOLOGIA SOCIAL: POBREZA E MISRIA________________________________________32

    ATIVIDADE COMPLEMENTAR_________________________________________________34

    EDUCAO AMBIENTAL E A PRXIS PEDAGGICA__________35

    ANLISES DE QUESTES AMBIENTAIS EMERGENTES_________________35ANLISE DAS MUDANAS CLIMTICAS E SUAS INTERFERNCIAS NO AMBIENTE_________35

    BIODIVERSIDADE E AS CONDIES DE PRESERVAO AMBIENTAL __________________39

    RECURSOS HDRICOS: CONDIES DE USO E PRESERVAO _______________________45

    PRODUO DE ENERGIA E A SUA FINALIDADE __________________________________50

    ATIVIDADE COMPLEMENTAR_________________________________________________54

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    SUMRIO

    ORGANIZAO DOS PLANOS DE AO PARA A EDUCAOAMBIENTAL ______________________________________________________55

    ENFOQUES E DIFICULDADES DO ENSINO DE EA NO BRASIL_________________________55

    A EDUCAO COMO ELEMENTO INDISPENSVEL PARA A TRANSFORMAO DA

    CONSCINCIA AMBIENTAL_________________________________________________58

    DESENVOLVIMENTO SOCIAL, MEIO AMBIENTE E AS PRTICAS EDUCATIVAS ___________59

    EDUCAO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL: PCNS E UMA PROPOSTA DE

    TRANSVERSALIDADE ______________________________________________________62

    ATIVIDADE COMPLEMENTAR_________________________________________________67

    GLOSSRIO_____________________________________________________________68

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS __________________________________________70

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    A floresta um organismo peculiar de benevolncia ilimitada, que no faz nenhumaexigncia para o seu sustento, e fornece generosamente os produtos de sua existncia. Ela

    tambm abriga todos os seres, inclusive o lenhador que a destri. Buda.Caro graduando (a),

    A Educao Ambiental assume o desafio de repensar a Educao no seu mo-mento atual, de uma forma interdisciplinar atravs da qual suas conexes com ou-tras disciplinas so valorizadas.

    Nesta rea to promissora devemos assumir um compromisso de adotar aestransformadoras de grande importncia para a construo de uma sociedade mais

    justa e mais humana. Este material oferece a voc aspectos importantes acercadas trajetrias e fundamentos da Educao Ambiental, princpios e bases, modelosde desenvolvimento, informao e comunicao ambiental, programas e projetos,

    tcnicas de ensino e aprendizagem.Cada vez mais se recorre Educao Ambiental, enfatizando-se as dimenses eco-

    lgicas da crise ambiental, prticas sociais e polticas e a sustentabilidade.

    Essa disciplina possui 72 horas e encontra-se dividida em blocos temticos, sendoque cada bloco ser divido em dois temas. O primeiro bloco temtico refere-se Edu-cao Ambiental: Ao Permanente e Transformadora, onde estudaremos a impor-tncia da Educao Ambiental, cidadania, paradigma ecolgico e sustentabilidade.Relao ser humano e ambiente e suas representaes sociais, prticas contextuali-zadas, interveno social e crise ambiental.

    No segundo bloco temtico, estudaremos Educao Ambiental e a Prxis Pedag-

    gica, com temas relevantes para grande reflexo, como anlise das mudanas clim-ticas, biodiversidade, recursos hdricos, preveno, produo de energia, desenvolvi-mento ambiental, documentos, interveno interdisciplinar e projetos de trabalho.

    O material didtico desta disciplina foi estruturado em textos reflexivos e informativosque objetivam garantir o direito a um ambiente saudvel e equilibrado, salientando asua importncia na vida prtica. aconselhvel, portanto, a leitura, anlise e interpreta-o dos textos, fazendo-se necessrio o estudo no ambiente virtual de aprendizagem.

    Esperamos que esse trabalho promova expectativas, contribuindo para umaEducao Ambiental cada vez mais critica e consciente.

    Mas, lembre-se:

    A Educao Ambiental um processo em que se busca despertar a preocupaoindividual e coletiva, garantindo o acesso informao, contribuindo para o desen-volvimento de uma conscincia crtica, estimulando as questes ambientais e sociais,assumindo uma ao transformadora como questo tica e poltica (Art. 1 da lei9.795/99).

    Desejamos a todos!

    Prof Ana Clara Silva de Jesus

    Prof Isabel Sampaio

    Apresentao da Disciplina

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    Fundamentos da Educao Ambiental 7

    EDUCAO AMBIENTAL:AO PERMANENTE ETRANSFORMADORA

    A EDUCAO AMBIENTALCONSCIENTE

    INTRODUO EDUCAO AMBIENTAL E AOSPROBLEMAS AMBIENTAIS

    Estudos da Organizao Mundial de Sade (OMS) revelaram que 24% dos casos de doenano mundo se devem exposio aos riscos ambientais evitveis, em que morrem por ano cerca de 13milhes de pessoas, em decorrncia de algum mal relacionado a questes ambientais, que podem serevitadas. Mas, para isso, devem ser adotadas intervenes bem orientadas podendo assim evitar atquatro milhes de mortes por ano.

    A exposio aos riscos ambientais responsvel por um em cada trs casos de doena entrecrianas menores de cinco anos. Mais de 40% das mortes por malria e cerca de 95% das provocadaspor enfermidades diarricas, as duas maiores causas de mortalidade infantil no mundo, poderiam ser

    evitadas se a gesto ambiental fosse aprimorada, j que ambas so contradas por gua contaminada.Este quadro alarmante precisa ser modificado com a mxima urgncia, pena de levarmos a

    nossa prpria espcie extino.

    Ateno

    Problemas ambientais

    Os problemas ambientais afetam e preocupam desde os pa-ses desenvolvidos aos em desenvolvimento. Lamentavelmente es-ses problemas so muitos e afetam a todos sem distino de classe,

    raa, gnero ou religio.Dentre estes problemas faremos meno aos problemas de

    maior gravidade, que atualmente afetam toda a humanidade:

    Acmulo de resduos: O crescimento da populao au-menta o consumo de bens e produtos, acarretando, assim, o au-mento e acmulo de resduos. A transformao desses resduos, namaioria das vezes, muito lenta, principalmente se observarmos otempo que materiais que no so biodegradveis como, o plstico, levam para se decompor.

    Diante do exagerado crescimento do acmulo de resduos, o homem se v na necessidade de en-

    contrar um destino adequado para estes resduos. Um deles, bastante utilizado, a queima de resduos,tcnica que acarreta a liberao de uma grande quantidade de gases txicos e resduos contaminantes dosolo. Hoje, devido preocupao com o desenvolvimento sustentvel, se utiliza uma tcnica menos da-

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    nosa o aterro sanitrio ,na qual a escolha de um local adequado para a colocao dos resduos acabaafetando menos o solo e as guas superficiais e subterrneas.

    Mas outras medidas mitigadoras podem ser adotadas em relao ao problema do acmulo de res-duos, a exemplo da reciclagem de materiais como o papel e o alumnio, ou mesmo regulamentar, limitarou at mesmo proibir a circulao de determinados resduos, como, exemplo, os nucleares.

    Mudanas climticas: este problema hoje tratado de forma global. A grande maioria dessasmudanas ocorre devido ao acmulo de gases termoativos, denominados estufa, na atmosfera.

    Os gases que compem a atmosfera retm o calor que escapa da superfcie terrestre. O problemaconsiste no crescente acmulo destes gases, como conseqncia da queima de combustveis fsseis e doacelerado processo de desmatamento das florestas, que absorvem naturalmente estes gases.

    As conseqncias do aquecimento global so inmeras e cada dia mais visveis, como, por exemplo,as inundaes, tempestades e secas, que apresentam-se cada vez mais extremas, e o processo de derreti-mento do gelo e das geleiras polares, que acarretam o aumento exagerado do nvel das guas, submergin-do lentamente as reas mais baixas do mundo.

    Para minimizar e desacelerar essas mudanas climticas crescentes, devem ser tomadas medidasenrgicas e rpidas. Dentre elas podemos citar:

    A diminuio das emisses dos gases de dixido de carbono;

    A busca de fontes de energia mais limpas;

    Preservao da vegetao existente e revitalizao das reas degradadas.

    A diminuio da camada de oznio: a camada de oznio se encontra na estratosfera e responsvel por absorver a maior parte da radiao ultravioleta procedente do Sol, evitando assimo alcance destes superfcie da Terra. Os raios ultravioleta afetam diretamente os seres vivos,podendo causar graves queimaduras, alm de aumentar as possibilidades do desenvolvimento de

    cncer de pele. A causa da diminuio da camada de oznio a emisso do gs CFC, clorofluor-carbono, usado nos sistemas de condicionadores de ar e como impulsionador de aerossis. Apesarde inofensivo para o usurio, altamente danoso para o ambiente, pois contribui para o aqueci-mento global e o cloro liberado destri a camada de oznio.

    A extino de espcies vivas: devido antropizao ocasionada principalmente pela instalaode indstrias, urbanizao, expanso da comunicao, explorao de minrios e implantao de gran-des lavouras de monocultura, o equilbrio dos ecossistemas est sendo abalado acarretando a diminui-o da biodiversidade. Atualmente o desmatamento justificado pela necessidade humana de madeiraou de extenso das fronteiras agrcolas. Este processo acaba por reduzir a evaporao e a infiltraoda gua alterando o ciclo da gua e reduzindo a biodiversidade do planeta. Dentre as alternativas para

    este problema temos a criao de reservas em ecossistemas complexos e a escolha de um processo dedesenvolvimento sustentvel.

    A contaminao: de maneira geral, podemos dizer que contaminao a degradao do solo, daatmosfera, da gua, ressaltando os limites de impureza aceitos cientificamente. Neste processo ocorre aalterao da ordem do ecossistema ou da regio por ao de fatores externos, e que esto exclusivamenteassociados a aes do homem, como as mudanas climticas, depredao da fauna, alterao da biodiver-sidade, desmatamento, chuvas cidas, entre outras.

    Desmatamento: a vegetao desempenha funes importantes nos ecossistemas, atuam prote-gendo o solo contra a eroso, contribuem para a moderao do clima e das inundaes, representam ohabitat de milhes de espcies animais e vegetais, alm de prover madeira e alimentos. O desmatamentose origina em atos humanos indiscriminados, principalmente para o avano da fronteira agropecuria oupor incndios. Isso traz conseqncias importantes como a reduo da fixao de carbono do ar pelasplantas, perda de espcies animais e vegetais e a desertificao. Os dados mais recentes sobre o tema in-

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    dicam que no ano de 1935 a Argentina possua 1.072.600km2de vegetao na tiva, e hoje estevalor inferior a 331.904 km 2. necessrio levar em conta que a vegetao nativa proprie-tria de uma biodiversidade vegeta l e animal e muito valiosa em termos genticos, econmicose ambientais.

    Contaminao do meio aqutico: os recursos hdricos tm sido freqentemente alteradoscom a perda de seus elementos constitutivos. Em alguns casos so utilizados como descargas deguas residuais dos centros urbanos, de indstrias, campos agrcolas e de hidrocarbonetos prove-nientes de embarcaes.

    Os resduos procedentes de indstrias e usinas nucleares, geralmente com elevadas temperatu-ras, acarretam o aumento da temperatura dos rios e lagos, originando o que se conhece por poluiotrmica. Este aumento de temperatura provoca mudanas na concentrao de oxignio dissolvido nagua, no sendo possvel nesses locais manter os organismos vivos. importante levar em conta que agua um dos elementos constitutivos mais importante da natureza, pois um fator indispensvel emtodos os processos biolgicos.

    Contaminao dos alimentos: os alimentos so considerados uma das principais formas de con-

    taminao biolgica, qumica ou fsica para o ser humano. A contaminao pode ocorrer em qualqueruma das fases de produo, processamento, armazenamento ou consumo.

    impossvel no falar dos corantes, acidulantes e aditivos que contm metal pesado ou substnciasoutras que no so assimilveis pelo organismo, e que constituem uma forma de contaminao cujosefeitos sero evidenciados a longo prazo.

    Para poder combater os problemas ambientais no seriam apenas necessrias medidas distintaspara evitar que tais problemas se instalem. Mas, para reduzir as agresses ambientais, importantepromover a mudana na conscincia da humanidade, da escola, das organizaes sociais, religiosas edos meios massivos de comunicao.

    Agentes contaminantes e sua estreita relao com algumas patologias:o meio am-biente apresenta variadas estruturas e relacionamentos complexos, tanto nos aspectos biol-gicos quanto nos sociolgicos. As grandes mudanas da tecnologia e da estrutura social dasltimas dcadas no significam apenas uma possibilidade de melhoria da qualidade de vida dapopulao, mas tm contribudo em grande escala para a contaminao do nosso habitat. Almdo mais, o aumento da capacidade de movimentao das pessoas e bens de consumo aumentamainda mais a possibilidade de estar involuntariamente exposto a substncias e situaes ambien-tais potencialmente danosas sade.

    perceptvel que a condio ambiental tem uma incidncia muito impactante na sade das pessoas,pois algumas enfermidades so claramente causadas por agentes biolgicos e qumicos do meio ambiente.

    Os fatores biolgicos conduzem a enfermidades infecciosas, embora muitas destas enfermidadessejam de difcil cura, muito se sabe sobre elas, o que pode ajudar a aumentar as aes que levem a mini-mizar consideravelmente a sua incidncia.

    Os perigos qumicos do meio ambiente podem causar efeitos imediatos e danos sobre a sade,alm de contriburem com problemas crnicos a curto ou em longo prazo. Porm o seu maior problemaest na inexatido dos conhecimentos at aqui adquiridos sobre as curas para tais casos, o que acaba pordificultar o seu tratamento.

    Abaixo seguem algumas estatsticas mundiais a respeito dos agentes contaminantes e a suarelao com o ambiente:

    A clera durante muito tempo esteve erradicada na Amrica Latina, e ressurgiu devido a umacombinao de fatores ambientais e sociais, resultando na morte de 11.000 pessoas em 1991 e causandoum impacto econmico calculado em 200 milhes de dlares somente no Peru.

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    Nos pases em desenvolvimento se pode produzir entre 3,5 e 5 milhes de envenenamentosagudos por praguicidas ao ano, devido falta de proteo durante a sua aplicao, sem contar com outrastantas que seriam contaminadas indiretamente, mas em nveis ainda perigosos.

    Nos pases desenvolvidos as ameaas ao meio ambiente e sade so produzidas, geralmente,por contaminao industrial como a contaminao atmosfrica ou por resduos txicos ,juntamentecom as ameaas biolgicas, como enfermidades transmitidas por alimentos.

    A cada ano morrem cerca de quatro milhes de crianas de infeces respiratrias agudas, rela-cionadas com a contaminao atmosfrica em locais fechados.

    S a malria, doena transmitida por um mosquito e vinculada a condies ambientais, causade morte de mais de trs milhes de pessoas, em sua maioria crianas. Outras 2.500.000 crianas so vi-timas de diarria, tambm relacionada a causas ambientais.

    Mais de 100 milhes de pessoas na Europa e Amrica do Norte esto expostas a umaatmosfera insalubre e alguns contaminantes atmosfricos tm se mostrado mais difceis decontrolar do que se esperava. Como conseqncia o nmero de casos de asma est crescendodrasticamente nos pases desenvolvidos e fatores ambientais, como a contaminao atmosfrica ,

    os alrgicos das casas e a incinerao so processos responsveis por isso. O uso excessivo defertilizante tambm esta perturbando os ecossistemas costeiros, pois leva ao afloramento dealgas e mortandade dos peixes.

    A expanso de rotas de viagem e o comrcio proporcionam novas oportunidades de propaga-o ou reapartio de enfermidades infecciosas no mundo. Nas ltimas dcadas, apareceram cerca de 30enfermidades novas, dentre elas o Lyme, febres hemorrgicas raras como o Ebola e muitas outras que jse encontravam erradicadas e acabaram ressurgindo.

    Como conseqncia do crescimento populacional descontrolado, iminente a proliferao dezoonoses urbanas, expresso com a qual se designa enfermidades que se transmitem naturalmente dos

    animais ao homem e cujo ciclo se estabelece nas reas urbanas e suburbanas.Surge assim a concepo de enfermidade ambiental como uma forma de diferenci-las das en-

    fermidades causadas por fatores genticos. Esta definio pode ser ampliada para distinguir aquelas cau-sadas por agentes qumicos ou fsicos das originadas por agentes biolgicos, psicolgicos ou de qualidadepresentes no meio ambiente. Dentre elas podemos citar:

    Alterao da imunodeficincia;

    Dermatites;

    Bcio;

    Doenas cardacas;

    Doenas renais;

    Envenenamento por chumbo;

    Envenenamento por mercrio;

    Transtornos do Sistema Nervoso;

    Cncer;

    Asma profissional;

    Enfermidades infantis.

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    EDUCAO AMBIENTAL PARA A CIDADANIA

    A questo ambiental impe s sociedades uma busca de novas formas de pensar e agir, individual

    e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produo de bens, para suprir necessidades humanas,e relaes sociais que no perpetuem tantas desigualdades e excluso social e, ao mesmo tempo, que ga-rantam a sustentabilidade ecolgica. Isso implica um novo universo de valores no qual a educao temum importante papel a desempenhar.

    (Parmetros Curriculares Nacionais MEC/98).

    O texto acima, recortado dos Parmetros Curriculares Nacionais,aponta o resultado do investimento humano contra os recursos naturaisem busca do desenvolvimento econmico, que se mostrou predador.

    O tema em questo , sem dvida, de fundamental importnciapara a Educao Ambiental. Neste sentido, esta temtica est em gran-de evoluo e representa o processo de integrao das polticas pbli-cas e do exerccio da cidadania na projeo do meio ambiente.

    Consciente de que os desafios da sustentabilidade ecolgica es-to pautados nos conhecimentos sobre a complexidade que permeia o

    uso e a conservao dos recursos naturais e em que efetiva responsabilidade, h uma busca da sociedadepara a resoluo de problemas ambientais. Da mesma forma, de fundamental importncia a participa-o de empresas pblicas, privadas, entidades no governamentais discutindo temas instigantes relacio-nados a novas atitudes para a construo de um futuro melhor.

    A Educao Ambiental vem consolidando o processo de integrao e participao na gesto dosrecursos ambientais, estabelece uma gerao de idias, organizao do conhecimento, formao intelectu-al, contribuindo para melhor qualificao. Alm dessa perspectiva, a produo Tcnica Cientifica permitea discusso dos diferentes temas relacionados ao desenvolvimento sustentvel.

    A construo de uma participao cidad nas questes relativas ao meio ambiente, seu uso e prote-o, exige o aprofundamento dos debates e o desenvolvimento contnuo da educao ambiental ferra-menta bsica para possibilitar as mudanas necessrias nas relaes Homem/Natureza.

    Reconhecemos que o homem abriga em si a potencialidade de construir muitos fins. E ele vem exercitandosua capacidade ao longo do tempo. Somos efmeros e quem sabe se, sob o ponto de vista individual, poderemos

    ser reconhecidos em nossas limitaes e transitoriedade levando-se em considerao os fatos e conquistas.

    PARTICIPAO CIDADA questo ambiental ocupa um importante espao poltico e tornou-se um movimento social que

    expressa as problemticas relacionadas aos riscos de grande conseqncia, e exige a participao detodos os indivduos em busca de solues adequadas para resolv-las.

    No contexto poltico contemporneo, onde as coletividades difusas so os novos atores, os de-terminantes so a liberdade, a igualdade, a solidariedade e a qualidade de vida. A questo ambiental um canal de abertura para a participao sociopoltica, que abre possibilidades de influncia das classes e

    estratos diversos da sociedade, no processo de formao das decises polticas. (Londero,1999). sabido que comunidade garantido o direito de participar na formulao e execuo das pol-

    ticas ambientais, e que estas devem ser discutidas com as populaes atingidas.

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    Mas para participar na formulao e execuo das polticas imprescindvel conhecer os principaisinstrumentos constitucionais, que esto disposio do cidado e da coletividade brasileira na tutela domeio ambiente. So eles:

    1. Ao direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo: CF/88, artigos 102, inciso I, alneaa; 103; 125, 2;

    2. Mandado de Segurana Coletivo: CF/88, artigo 5, LXX;3. Mandado de Injuno: segundo o disposto no artigo 5, LXXI da CF/88 conceder-se- man-

    dado de injuno sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos eliberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania.

    4. Ao Civil Pblica: o instrumento processual adequado para reprimir ou impedir danos aomeio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagsti-co e por infraes da ordem econmica (art. 1), protegendo, assim, os interesses difusos da sociedade.

    5. Ao Popular: a Constituio Federal de 05 de outubro de 1988 assegura ao cidado brasileiroa possibilidade de anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe

    (ofendendo) a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural (...)(artigo 5, inciso LXXIII).

    Estudiosos afirmam que a Constituio Federal de 1988 abriu alternativas que permitiram a par-ticipao mais efetiva do povo, uma vez que garante a sua iniciativa na construo de projetos de leiespecficos para o Municpio, atravs de manifestao de, no mnimo, 5% do eleitorado. Logo, visvelque a participao do cidado na defesa do meio ambiente fundamental, porque a qualidade do meioambiente reflete na qualidade de vida da populao.

    Assim, observa-se o tema ambiental como um dos mais importantes no final do sculo XX, noqual o crescimento acelerado e sem planejamento provocou no ambiente natural impactos negativos, queimpuseram um forte domnio sobre a natureza alm das suas reais necessidades. Tal crescimento, alm de

    ecologicamente predatrio, socialmente perverso e politicamente injusto, resultou num modelo mundialde sociedade esgotada.

    Por isso, a comunidade e o poder pblico precisam se unir, no papel de agentes construtores deum ambiente equilibrado, objetivando a melhoria da qualidade de vida da populao e a preservaodo meio ambiente.

    A atuao/exigncia do cidado instrumento eficaz para a consolidao da democracia partici-pativa, seja ela individual ou coletiva, atravs de vrias formas de organizao. A participao parte queintegra o exerccio democrtico e a base da cidadania, a continuidade da democracia numa sociedadepluralista depende de uma participao popular em que se busque solidificar, intensificar e atualizar asconquistas em todos os campos, neste caso, as relacionadas com os problemas das incertezas globaisreferentes s questes ambientais.

    PARADIGMA ECOLGICO: SUSTENTABILIDADE EDESENVOLVIMENTO

    Os elementos do desenvolvimento sustentvel esto includos nos princpios da Educao Am-biental - EA e foram declarados na Conferncia de Tbilisi. Entre outras coisas o desenvolvimento sus-tentvel considera os aspectos sociais do ambiente e a sua relao entre a economia e o desenvolvimento,

    a adoo das perspectivas locais e globais e a promoo da solidariedade internacional.Scoullos (1995), o pioneiro na Educao Ambiental desde a gerao pr-Estocolmo, observava

    que a idia da proteo ambiental nunca esteve destacada da idia ou da necessidade de um tipo especial

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    de desenvolvimento. Porm, o interesse da nova abordagem em EA e a necessidade da definio doconceito da EA para o desenvolvimento Sustentvel tm levantado novas discusses nos ltimos anos.

    As caractersticas da EA voltadas para o desenvolvimento sustentvel incluem aspectos como: holismo,interdisciplinaridade, clarificao de valores e integrao, pensamento crtico, debate, aprendizado ativo,aspectos estes j apontados por Hart (1981).

    fato que o conceito de EA sempre esteve restrito proteo dos ambientes naturais e a pro-blemas de ordem ecolgica, econmica ou esttica, sem levar em conta as necessidades das populaesligadas diretamente queles ambientes, como parte integrante dos ecossistemas. Tambm necessriorevisar a nfase dada aos aspectos relacionados s realidades contemporneas econmicas ou quando ofoco maior recai na solidariedade planetria, presentes nos discursos da EA.

    Ao longo do tempo, o conceito de desenvolvimento sustentvel foi associado com a EducaoAmbiental objetivando promover modelos baseados na sabedoria da utilizao dos recursos, levando-seem conta aspectos como eqidade e a durabilidade. No Programa Internacional da EA proposto pelaUNESCO, desenvolvimento sustentvel o objetivo mais decisivo da relao dos homens com oambiente. Isso reorienta a EA (UNESCO, 1995-b) e acrescenta um remodelamento de todo processoeducativo para atingir esse fim (UNESCO, 1992).

    Mas importante compreender que o desenvolvimento sustentvel popularizado a partir da Eco-92promoveu o incio dos dilogos entre o mundos econmico e ambiental, mas no ps fim problemticainstalada. preciso compreender que a educao deve objetivar o desenvolvimento ideal da humanidade,enfatizando a autonomia e o pensamento crtico.

    Assim, necessrio compreender que a Educao Ambiental para o desenvolvimento sustentvelengloba concepes de ambiente, educao e do prprio desenvolvimento sustentvel, e estas determi-naro os diferentes discursos e prticas.

    O meio ambiente vem se constituindo em uma das mais importantes dimen-ses da vida humana e objeto de anlise de diferentes grupos e classes que com-

    pem a sociedade contempornea. Sociedade esta que se baseia na produo e noconsumo, gerando incertezas quanto possibilidade de evitar ou recompensar osproblemas causados pela modernizao industrial.

    A complexidade da vida em sociedade est muito associada ao processo de globalizao. Por umlado, este um modelo de desenvolvimento econmico que acentua as dificuldades e a excluso social,por outro, a expresso de movimento de tomada de conscincia dos limites naturais, da eliminao dasfronteiras entre as naes como resultado dos avanos tecnolgicos e cientficos.

    A globalizao em sua dimenso ecolgica, pode ser caracterizada em dois pontos de vista:

    a. Origem dos problemas ambientais

    - Poluio

    - Dinmica populacional

    b. Processos polticos e culturais

    - Organizaes, leis, tratados e convenes.

    Assim, devemos fazer uma anlise histrica do processo de desenvolvimento social e da problem-tica ambiental e ao analisarmos o desenrolar do processo de urbanizao e industrializao, veremos:

    a. Incio da extino de espcies;b. Exausto de recursos naturais;

    c. Poluio urbana;

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    d. Transformao do ambiente;

    e. Exploso demogrfica, a consolidao de um modelo industrial-consumista;

    f. Desenvolvimento tecnolgico.

    Baseando-se nos aspectos acima citados, pode-se observar que os padres de consumo das cidadesimpem uma grande presso sobre os ecossistemas e que a preocupao decorrente desta coloca o ho-

    mem numa crise civilizatria que se contrape necessidade de desenvolvimento, superando problemaseconmicos e sociais bsicos.

    Na tentativa de resolver os problemas criados pelo avano do desenvolvimento econmico, umnovo termo foi inserido no nosso dia-a-dia: desenvolvimento sustentvel.

    O conceito de sustentabilidade sistmico onde prope o estabelecimento da civilizao de for-ma que a sociedade, seus membros e a economia consigam preencher suas necessidades e expressar seumaior potencial no presente e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais,planejando e agindo de forma a atingir pr-eficincia na manuteno indefinida desses ideais.

    Quando associamos os termos desenvolvimento e sustentabilidade conseguimos estabelecer um

    conceito vital para a nossa sociedade:

    O desenvolvimento sustentvel aquele que atende s necessidades do presente sem com-prometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem a suas prprias necessidades.

    Ateno

    Tal conceito traz em si dois outros conceitos importantes. O primeiro o de necessidade, que deve a

    necessidade dos menos favorecidos de ter prioridade no atendimento de suas carncias. O segundo aborda aslimitaes impostas pelo estgio da tecnologia e da organizao social sobre o meio ambiente, o que acaba porcomprometer o atendimento das necessidades da gerao atual e da futura.

    Assim, a proposta do desenvolvimento sustentvel visa promoo de equilbrio nas relaes entreos seres humanos e o ambiente. Para que se possa alcanar o xito na busca do desenvolvimento susten-tvel necessrio que ocorra:

    Efetiva participao dos cidados no processo decisrio assegurada por um sistema poltico;

    Sistema social que consiga absorver as tenses promovidas pelo desenvolvimento no eqitativo;

    Sistema de produo que respeite e preserve as bases ecolgicas do desenvolvimento;

    Sistema tecnolgico com solues inovadoras;

    Sistema econmico internacional que estimule os padres sustentveis para comrcio e financiamento;

    Sistema administrativo flexvel e auto-corrigvel.

    Como observado o desenvolvimento sustentvel refere-se s conseqncias que interferem na qua-lidade de vida e bem estar social desta e de outras geraes; logo, atividade econmica, meio ambiente ebem-estar social compem o trip bsico do desenvolvimento sustentvel.

    A aplicao do conceito realidade implica numa srie de medidas do poder pblico e iniciativaprivada, alm de um forte consenso mundial. preciso lembrar ainda a participao de movimentos

    sociais, constitudos principalmente na forma de ONGs (Organizaes No-Governamentais), na buscapor melhores condies de vida associadas preservao do meio ambiente e a uma conduo da eco-nomia adequada a tais exigncias.

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    Assim, a mobilizao em torno da problemtica ambiental conduz construo de teorias e para-digmas que buscam alternativas para o desenvolvimento sustentvel.

    Portanto, o discurso da sociedade sustentvel, no mbito de uma nova forma de entender o mundo,supe a crtica s relaes sociais tanto quanto ao sentido. Cabe a ns superarmos o que entendemoscomo nefasto integridade planetria e felicidade humana.

    Partindo do princpio que meio ambiente o lugar determinado e percebido, onde os elementos sociaise naturais esto em relaes e interaes dinmicas, essas relaes implicam processos de criao cultural etecnolgica e processos histricos e sociais de transformao do meio natural em construdo. (Reigota, 1995).

    Fatores bsicos determinantes do crescimento, como populao, produo agrcola, recursos na-turais, produo industrial e poluio apresentam sempre resultados assustadores e so apontados comogeradores de uma profunda desestabilizao da humanidade at o ano 2100. Assim, as observaes feitasculminaram no relatrio Nosso futuro comum, da comisso Mundial sobre Meio Ambiente e de-senvolvimento. Neste documento encontram-se propostas para promover o desenvolvimento do nossoplaneta, assegurando que o progresso da humanidade e o desenvolvimento no levem bancarrota osrecursos das prximas geraes.

    O nosso futuro comum um alerta que nos diz que chegou o momento de unir a economia eco-logia, para que os governantes assumam a responsabilidade no s dos estragos ambientais, mas tambmpelas decises polticas que os originam.

    O QUE GLOBALIZAO

    Globalizao o conjunto de transformaes na ordem poltica e econmica mundial quevem acontecendo nas ltimas dcadas. O ponto central da mudana a integrao dos mercadosnuma aldeia-global, explorada pelas grandes corporaes internacionais. Os Estados abandonamgradativamente as barreiras tarifrias para proteger sua produo da concorrncia dos produtos es-trangeiros e abrem-se ao comrcio e ao capital internacional. Esse processo tem sido acompanhadode uma intensa revoluo nas tecnologias de informao - telefones, computadores e televiso.

    As fontes de informao tambm se uniformizam devido ao alcance mundial e crescentepopularizao dos canais de televiso por assinatura e da Internet. Isso faz com que os desdobra-mentos da globalizao ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar homogeneiza-o cultural entre os pases.

    Ateno

    CORPORAES TRANSNACIONAIS

    A globalizao marcada pela expansomundial das grandes corporaes internacionais.

    A cadeia de fast food McDonalds, por exemplo,possui 18 mil restaurantes em 91 pases. Essascorporaes exercem um papel decisivo na eco-nomia mundial.

    Segundo pesquisa do Ncleo de EstudosEstratgicos da Universidade de So Paulo, em

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    1994 as maiores empresas do mundo (Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo, General Motors, Maru-beni, Ford, Exxon, Nissho e Shell) obtiveram um faturamento de 1,4 trilho de dlares. Esse

    valor equivale soma dos PIBs de Bras il , Mxico, Argent ina, Chile, Colmbia , Per u, Ur uguai,Venezuela e Nova Zelndia .

    Outro ponto importante desse processo so as mudanas significativas no modo de produo dasmercadorias. Auxiliadas pelas facilidades na comunicao e nos transportes, as transnacionais instalamsuas fbricas em qualquer lugar do mundo onde existam as melhores vantagens fiscais, mo-de-obrae matrias-primas baratas. Essa tendncia leva a uma transferncia de empregos dos pases ricos - quepossuem altos salrios e inmeros benefcios - para as naes industriais emergentes, como os Tigres

    Asiticos. O resultado desse processo que, atualmente, grande parte dos produtos no tem mais umanacionalidade definida. Um automvel de marca norte-americana pode conter peas fabricadas no Japo,ter sido projetado na Alemanha, montado no Brasil e vendido no Canad.

    REVOLUO TECNOCIENTFICA

    A rpida evoluo e a popularizao das tecnologias da informao (computadores, telefones e

    televiso) tm sido fundamentais para agilizar o comrcio e as transaes financeiras entre os pases.Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir 138 conversas ao mesmo tempo.Atualmente, com a inveno dos cabos de fibra ptica, esse nmero sobe para 1,5 milho. Uma ligaotelefnica internacional de 3 minutos, que custava cerca de US$ 200 em 1930, hoje em dia feita por US$2. O nmero de usurios da Internet, rede mundial de computadores, de cerca de 50 milhes e tende aduplicar a cada ano, o que faz dela o meio de comunicao que mais cresce no mundo. E o maior uso dossatlites de comunicao permite que alguns canais de televiso - como as redes de notcias CNN, BBCe MTV - sejam transmitidos instantaneamente para diversos pases. Tudo isso permite uma integraomundial sem precedentes.

    VANTAGENS E DESVANTAGENS - PRS E CONTRAS DA GLOBALIZAO

    A abertura da economia e a globalizao so processos irreversveis, que nos atingem no dia-a-diadas formas mais variadas e temos de aprender a conviver com isso, porque existem mudanas positivaspara o nosso cotidiano e mudanas que esto tornando a vida de muita gente mais difcil. Um dos efeitosnegativos do intercmbio maior entre os diversos pases do mundo o desemprego que, no Brasil, vembatendo um recorde atrs do outro.

    No caso brasileiro, a abertura foi ponto fundamental no combate inflao e para a modernizaoda economia. Com a entrada de produtos importados o consumidor foi beneficiado: podemos contarcom produtos importados mais baratos e de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou tambm adisponibilidade de produtos nacionais com preos menores e mais qualidade. o que vemos em vriossetores, como eletrodomsticos, carros, roupas, cosmticos, e em servios, como lavanderias, locadorasde vdeo e restaurantes. A opo de escolha que temos hoje muito maior.

    Mas a necessidade de modernizao e de aumento da competitividade das empresas, produziu umefeito muito negativo, que foi o desemprego. Para reduzir custos e poder baixar os preos, as empresastiveram de aprender a produzir mais com menos gente. Incorporavam novas tecnologias e mquinas. Otrabalhador perdeu espao e esse um dos grandes desafios que, no s o Brasil, mas algumas das prin-cipais economias do mundo, tm hoje pela frente: crescer o suficiente para absorver a mo-de-obra dis-ponvel no mercado. Alm disso, houve o aumento da distncia e da dependncia tecnolgica dos pasesperifricos em relao aos desenvolvidos.

    A questo que se coloca nesses tempos como identificar e aproveitar as oportunidades que estosurgindo em uma economia internacional cada vez mais integrada.

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    CIDADO GLOBALIZADO

    Com todas essas mudanas no mercado de trabalho, temos que tomar muito cuidado para noperder espao. As mudanas esto acontecendo com muita rapidez. O cidado, para segurar o empregoou conseguir, tambm tem de ser manter em constante atualizao, ser aberto e dinmico. Para sobrevi-

    ver nesse mundo novo precisamos estar em sintonia com os demais pases e tambm aprendendo coisasnovas todos os dias.

    Ser especialista em determinada rea, mas no ficar restrito a uma determinada funo, porqueela pode ser extinta de uma hora para outra. preciso atender a requisitor bsicos, como o domnio docomputador, de outros idiomas e, mais do que tudo, preciso no ter preconceito em relao a essasmudanas. No adianta lutar. As empresas querem empregador dispostos a vencer desafios.

    Texto: O que Globalizao?, retirado na ntegra de http://orbita.starmedia.com, e Globali-zao na educao, Fonte: Quarto volume de Help Informtica/O Estado, pg.327, Acessados em28/08/2007.

    AGENDA 21

    A Agenda 21 rene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaes sobre como asnaes devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentveis e ainiciarem seus programas de sustentabilidade.

    Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente

    Saiba Mais

    Desde o encontro histrico em 1992 RIO 92 o desenvolvimento sustentvel se transformounum dos maiores desafios para a comunidade internacional e dos pases individualmente. Entre as liesimportantes l proferidas est a de que devemos unir as naes para atingir o desenvolvimento sustent-

    vel, e que o progresso depende das parcerias fortes entre pases, governos centrais e locais e entre todosos grupos da sociedade civil, incluindo o setor privado e a comunidade acadmica.

    Dentre os acordos firmados durante a RIO-92, a Agenda 21 o mais importante por conter reco-mendaes prticas visando resolver os problemas mundiais. Em seu contedo esto estabelecidas aespara a implementao de um modelo de desenvolvimento baseado no desenvolvimento sustentvel dosrecursos naturais e na preservao da biodiversidade, garantindo assim a qualidade de vida desta e dasprximas geraes.

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    O objetivo geral da Agenda 21 - seja ela local, regional, nacional ou global - a tentativa de trans-formar o conceito de desenvolvimento sustentvel em diretrizes de atuao poltica, a fim de conduziros processos sociais em direo a uma sociedade sustentvel. Ela representa, assim, um renascimento doiderio da poltica e teoria do desenvolvimento - justo em um momento em que nas cincias sociais selamenta o fim das grandes teorias. Diferente das teorias de desenvolvimento, o desenvolvimento sus-tentvel tornou a discusso sobre desenvolvimento tambm uma evidncia nos pases.

    A construo da Agenda 21 envolveu representantes de grupos interesses polticos, sociais, ticos ecomerciais do mundo. Nela encontram-se indicaes e sugestes que apontam para a unio global comoforma de garantir um futuro seguro e prspero para todos.

    Em seu texto, a Agenda 21 traz pontos importantes que devem ser atacados para garantir o futuro.Combate degradao da terra, do ar e da gua, conservar as florestas e a diversidade das espcies de

    vida, so listados como pontos prioritrios, ao lado do combate pobreza e desigualdades, modificaodos padres de consumo, alm de destacar firmemente que a regulao pelo mercado possa resolver, porsi s, temas como a desigualdade social e problemas ambientais.

    Outros aspectos mundiais so tratados tambm como questes importantes dentro da Agenda

    21. Abordagens relativas a sade, educao, centros urbanos e agricultura transformam a Agenda 21 emuma agenda mais que ambiental. Seu texto convoca os governos a adotarem estratgias nacionais para odesenvolvimento sustentvel, alm de prever aes concretas a serem implementadas pelos governos epela sociedade civil, em todos os nveis federal, estadual e local.

    Mas, dentre todos os temas abordados, a Agenda 21 traz a necessidade urgente de erradicar a po-breza, disponibilizando aos pobres os recursos necessrios para sobreviver sustentavelmente. Grandeparte das atribuies fundamentais nela contida, direcionada para os pases industrializados que neces-sitam rever suas aes para garantir a preservao ambiental, alm de indicar a necessidade de planejar eimplantar decises mais sustentveis, o que requer a transferncia de informaes e tcnicas.

    A Agenda 21 apresenta 40 (quarenta) captulos, subdivididos em 04 (quatro) seces, a saber:

    I - Dimenses Sociais e Econmicas - Seco onde so discutidas, entre outras, as polticas in-ternacionais que podem ajudar a viabilizar o desenvolvimento sustentvel nos pases em desenvolvimen-to; as estratgias de combate pobreza e misria; a necessidade de introduzir mudanas nos padres deproduo e consumo; as interrelaes entre sustentabilidade e dinmica demogrfica; e as melhorias dasade pblica e da qualidade de vida dos assentamentos humanos.

    II - Conservao e Manejo dos Recursos Naturais- Diz respeito ao manejo de recursos na-turais (incluindo solos, guas, mares, florestas e energia) e de resduos e substncias txicas, de forma aassegurar o desenvolvimento sustentvel.

    III - Fortalecimento da Comunidade- Aborda as aes necessrias para promover a partici-

    pao nos processos decisrios de alguns dos segmentos sociais mais relevantes. So debatidas medidasdestinadas a proteo e promoo da participao dos jovens, dos povos indgenas, das ONGs, dostrabalhadores e sindicatos, dos representantes da comunidade cientfica e tecnolgica, dos agricultores edos empresrios (comrcio e indstria).

    IV - Meios de Implementao- Trata sobre os mecanismos financeiros e os instrumentos jur-dicos nacionais e internacionais existentes e a serem criados, com vistas implementao dos programase projetos orientados para a sustentabilidade.

    Com base nas 4 seces indicadas na Agenda 21 Global, os pases signatrios, ou seja, que assina-ram o acordo, assumiram o compromisso de elaborar e implementar a sua prpria Agenda 21 Nacional,

    devidamente adequada realidade de cada um e respeitando as diferenas scio-econmico-ambientais,mas sempre em conformidade com os princpios e acordos contidos na Agenda 21 Global. A metodolo-gia empregada internacionalmente para formulao das Agendas 21 nacionais tem contemplado a parti-cipao dos diferentes nveis governamentais, o setor produtivo e a sociedade civil.

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    O QUE SO ONGs?

    So organizaes no governamentais. Hoje so quase 40.000 no mundo e, aproximadamente, 1.000 no Brasil.

    Qual a legitimidade das O N G s em relao as suas atuaes e em relao ao poder diante da sociedade?

    Hoje inegvel a importncia de O N G s, como a Anistia Internacional, Mdico Sem Frontei-

    ras, etc. So portadoras de um capital de credibilidade que, ao atrair a ateno da mdia internacional,torna obrigatria a resposta dos pases que infringem os direitos humanos. (O Brasil est sendo co-brado fortemente pela mdia internacional por crimes de torturas). De certo modo, as O N G s soa resposta dada pela sociedade incapacidade dos governos de realizar certas funes de naturezapblica, sem que isso signifique que o seu surgimento se d em substituio ao Estado. As O N G stm como principal ativo a credibilidade que muitas vezes falta ao governo, assim como a agilidadena execuo de sua misso. Ver exemplo da Pastoral da Criana, aqui no Brasil, criada pela mdicaZilda Arns, cujo grande feito foi baixar os alarmantes ndices de mortalidade infantil, atravs do sorocaseiro e de aproveitamento dos restos de cascas, produzindo uma farinha com alto teor nutritivo.Com um batalho de dezenas de milhares de voluntrias, com um custo de R$ 1,80 para cada crian-

    a, se o governo fosse atender, o mesmo programa custaria 30 vezes mais (segundo testemunho doministro da Sade Jos Serra).

    As O N G s so associaes civis de direito privado. Do ponto de vista jurdico sua natureza: suanomenclatura organizao no governamentais definem-se como no - Estado e por suas caractersti-cas de organizaes sem fins lucrativos.

    As O N G s, que s recentemente foram percebidas como fato socialpela sociedade e pela mdia, no podem ser comparadas aos partidos polticosou tidas como substitutas do poder pblico nas aes sociais (mas sim umbrao estendido da sociedade em favor do governo}, cumprindo um papelimportante na constituio e na defesa dos direitos de cidadania. Tm sidoo fortalecimento da sociedade civil em dimenso planetria, tambm umagarantia proteo dos direitos do cidado, pois trata-se de vigorosa mobili-zao de uma nova sociedade civil que se organiza para cobrar do Estado ocumprimento de seu dever, ou seja, obras de infra-estrutura, financiamento produo, assistncia sade e educao.

    As ONGs so fontes de transformaes em aes permanentes de cidadania, que mobilizam cadavez mais gente, empresas, igrejas, escolas. Elas no se limitam a prestar ajuda material e assistncia tcni-ca, mas municiam as novas lideranas, reunidas em associaes rurais e urbanas, para pressionar o poderpblico em todos os nveis, com apresentao de projetos baseados em experincias comunitrias bemsucedidas e provando que possvel mudar a vida das pessoas para melhor com poucos recursos e empouco tempo.

    Pesquisas sobre a influncia das organizaes no governamentais, (ONGs), em cinco pases in-dustrializados (Estados Unidos, Frana, Inglaterra, Alemanha e Austrlia), encomendadas por empresasmultinacionais e publicadas em dezembro de 2000, apresentam resultados impressionantes quanto aoprestgio das ONGs na opinio pblica.

    Em termos gerais, o que se destaca que as pessoas tm deas vezes mais de confiana nas ONGsdo que no governo, nas empresas e na mdia. Na Frana, essa diferena ainda mais gritante. L, asONGs so trs vezes mais credveis que o governo, cinco vezes e meia mais credveis que as empresasprivadas e nove vezes mais credveis que a imprensa. Metade das pessoas entrevistadas declarou que as

    ONGs, representam os valores nos quais elas tambm crem. As razes do sucesso: as ONGs esto sem-pre na ofensiva, difundem suas mensagens diretamente ao pblico, so capazes de formar coalizes, tmcausas claras e compreensveis, agem com a velocidade da internet e sabem falar para a mdia.

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    A pesquisa detectou tambm que esse enorme poder que as ONGs hoje possuem de mobilizar aopinio pblica, aliado s suas crticas s polticas pblicas, inquieta os governos, cuja tendncia, para sedefenderem, denegrir a imagem daquelas que passam a considerar suas adversrias. E quanto menosdemocrticos so esses governos, mais so atingidos pelas crticas das ONGs.

    Pesquisa realizada pelo Ibope divulga o perfil de escolaridade do brasileiro que conhece as ONGs81% dos que j freqentaram a universidade, 45% dos que freqentaram o colgio, 26% dos que freqen-taram o ginsio e apenas 11% dos que terminaram seus estudos no primrio.

    Declararam que as ONGs ajudam a sociedade brasileira 58% dos brasileiros. Declararam que asONGs atrapalham, 13%. Nada menos que 27% dos brasileiros afirmam que gostariam de participarde uma ONGs 36% dos jovens de 16 a 24 anos manifestam seu desejo de integrar uma organizaono-governamental.

    Seus principais argumentos so: possuem um papel fundamental no Brasil de hoje, atendem asnecessidades que no so atendidas pelo Estado, organizam a sociedade civil para lutar por seus direitos,existem para defender os interesses dos mais necessitados e existem para fiscalizar a ao do Estado.

    A despeito das ONGs contarem com o apoio de grande parte da sociedade, tm limitadoseus trabalhos porque vivem sempre em tremendas dificuldades de sobrevivncia. Poderiam fazermuito mais e engajar maior nmero de pessoas nos seus trabalhos se o reconhecimento pblicoque tm fosse materializado no apoio de fundos pblicos ao seu fortalecimento institucional e aode sua atuao, como ocorre em muitos outros pases.

    Texto de: Daniel Ruiz , Pesquisas Brasil Londrina , PR.

    Retirado na integra: http://www.geocities.com. Acessado em:28/08/2007

    Ateno

    Identifique e explique os princpios da Educao Ambiental.

    Como a Educao Ambiental contribui para o desenvolvimento sustentvel? Explique.

    1.

    2.

    Atividade complementar

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    Analise as contas de energia de sua casa dos ltimos 3 meses e responda. Qual o motivo da os-cilao no consumo de energia? Que medidas voc pode tomar para reverter este quadro?

    A agenda 21 foi um dos principais documentos elaborados durante a Eco-92, no Rio de Janeiro.Como a agenda 21 pode contribuir para o desenvolvimento sustentvel local?

    A educao para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas a fimde transformar a sociedade. De acordo com os princpios de Cidadania e da Educao Ambiental expli-que como os cidados devem atuar na execuo de Polticas Ambientais adequadas.

    Qual a importncia das ONGs nos movimentos e conquistas ambientais?

    3.

    4.

    5.

    6.

    EDUCAO AMBIENTAL EDESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    ASPECTOS BIOTICOS SOBRE A PROBLEMTICAAMBIENTAL

    O crescimento tecnolgico, cientifico e industrial uma constante na sociedade em que vivemos. Assim,continua a busca pela maior eficincia, produtividade e superao, o que tem levado o homem a no medir asconseqncias de suas aes e atentar ainda mais para uma importante fonte de recursos: a natureza.

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    Durante os ltimos anos o carter produtivo e destrutivo do desenvolvimen-to socioeconmico tem afetado muito os ambientes e os seres neles viventes, esta-belecendo o maior dilema da atualidade que a contraposio de valores relevantespara a sociedade: o desenvolvimento econmico e a integridade ambiental.

    Falar de uma populao saudvel, de um ambiente que a sustente e de umgrau aceitvel de desenvolvimento socioeconmico parece uma utopia, pois, aoobservarmos sociedades desenvolvidas do primeiro mundo, como as do Japo,Estados Unidos e Europa, veremos que quanto maior o crescimento industrialmaior o prejuzo causado ao ambiente.

    Sabemos, porm, que a soluo para os conflitos descritos at aqui est baseada na uniodos esforos de toda a sociedade, para que as decises sejam tomadas respeitando a situao e asparticularidades de cada regio.

    Ateno

    Por exemplo os pases do Norte, com apenas 25% da populao mundial, so responsveis por75% das emisses de dixido de carbono e 95% dos gases que destroem a camada de oznio. Diante dosdados recentes podemos afirmar que os norte-americanos lanam na atmosfera o dobro das emisses dedixido de carbono que os sul-americanos e dez vezes mais que muitos asiticos, o que gera uma grandedvida ecolgica com efeitos globais.

    Para os pases desenvolvidos no economicamente conveniente reduzir suas emisses de dixidode carbono, por isso que s propem estabiliz-las. Por outro lado, os pases em desenvolvimento pre-cisam aumentar suas emisses para conseguir industrializar-se e crescer, com exceo dos que recebem

    ajuda financeira para transferir tecnologia no-contaminante.O homem tem o direito de se desenvolver e cumprir as metas que se prope dia a dia, mas tem de

    alcanar o bem estar econmico e social dos que os rodeiam. Isso o que sustenta o Principio da Auto-nomia, segundo o qual cada pessoa livre para atuar sem interferncias externas ou limitaes internasque lhe impeam de tomar uma deciso ou de atuar de acordo com esta.

    Levando em conta as condies que fazem o Principio da Autonomia, como a liberdade de atuarindependente das influncias que pretendam controlar e ser agente, o que implica atuar intencional-mente, o homem competentemente parecia no encontrar limites para o seu af de atingir o desenvol-

    vimento. Assim, como resultado deste processo de busca e superao, foram e ainda so produzidassituaes que levam a um dano de grande relevncia ao meio ambiente, o que repercutir mais tarde

    nos membros de toda a comunidade.Ao nos referirmos proteo do meio ambiente, falamos acerca de um direito da terceira gerao,

    direito este que coletivo e que tem como tutor a sociedade.

    De acordo com o Principio da No Maleficncia, existe a obrigao moral de no infligir danos eno subjugar os demais a tais riscos. Desta mxima, em que se baseia este princpio, veremos a respon-sabilidade de todos com o ambiente e com a sua proteo.

    A questo que se apresenta agora se a obrigao de no submeter os terceiros a certos riscosatuais atuaria como uma interferncia externa liberdade do homem em busca de atingir o seu objetivo.Para muitos, a resposta no.

    Bem, certamente configura uma interferncia externa do ponto de vista da lgica em quese baseia o Principio; analisando diante da tica de Mximos e Mnimos, encontramos a possvelsoluo para nosso dilema.

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    Assim, os Princpios se encontram em distintos nveis. No primeiro esto os que fazem atica do dever e, no segundo, aqueles que fazem a tica da felicidade. Portanto, conclumosque neste conflito de princpios prevalece o de No Maleficincia por ser o mnimo com que de-

    vemos cumprir ao atuar.

    Desta maneira pareceria que o princpio da autonomia restrito, mas possvel recordarque, embora todas as decises importantes fossem geralmente suficientemente independentes,existem restries. A melhor coisa seria, ento, avaliar o princpio em cada um dos contextosem que se encontra, porque as situaes de influncia externa sempre so muito importantes,mas at agora fazemos apenas um jogo entre os dois princ pios, Autonomia e Maleficincia e asinteraes existentes entre eles.

    O principio da beneficncia engloba as aes positivas de fazer e enquadram a promoo do bem-estar, a ma-ximizao dos benefcios e a minimizao dos riscos. Este princpio desdobra-se em dois tipos de beneficncia:

    A beneficncia especfica aquela que tem um marco de relaes naquelas em que existe umvinculo determinado, como um parentesco familiar, a relao profissional, amizade dos compromissosespecficos de determinadas pessoas.

    Por outro lado, a beneficincia geral aquela que engloba e compreende imediatamente, sem vn-culos determinados, a todas as pessoas. Ambas servem para limitar o principio da Beneficiencia.

    Para analisar estes aspectos tomaremos como exemplo uma situao cotidiana, como a atividade industrial.

    Promover o bem: a indstria, qualquer que seja seu ramo, se incorpora com a sociedade para oferecerseus produtos, produzir fontes de trabalho e fomentar o desenvolvimento da comunidade onde est imersa.

    Maximizar os benefcios: os donos de fbrica, atravs de seus projetos, impulsionam a atividadeindustrial com um fim pessoal de obter lucros. Com a utilizao de diversas prticas ou tcnicas deindustrializao, perseguem um objetivo que maximizar benefcios.

    Maximizar benefcios: os donos das fbricas, atravs de seus projetos, impulsionam aatividade industrial com o objetivo de obter lucro. Com a utilizao de diversas prticas ou tc-nicas de industrializao, eles perseguem um objetivo, mximo de benefcios. Esta situao nosomente melhora os elos como repercute favoravelmente em seus empregados e no lugar ondese instalou a fbrica.

    Minimizar os riscos: esta vem a confirmar uma das principais questes que envolvem o tema.Consideramos que a ao de minimizar os riscos configura uma obrigao para aqueles que esto envolvi-dos no estabelecimento dos rumos da indstria. Seguindo o exemplo anterior, os donos da indstria estoobrigados a incorporar, junto com o desenvolvimento de suas atividades, tcnicas capazes de controlar ediminuir o grau de contaminao produzido por sua fbrica.

    Compreendemos que a eliminao total da contaminao uma tarefa de difcil realizao, pormpodemos desenvolver tcnicas que visem um controle mais eficiente e que resultem na efetiva reduodos nveis de contaminao instalados at o momento.

    Outro ponto importante a necessidade de definir uma eqitatividade no acesso aos recursos,igual apropriao do espao social e a responsabilidade social pelas questes ambientais. Porm, importante ressaltar que esta distribuio deve ser de forma uniforme e moderada, englobandodireitos e responsabilidades sociais e levando-se em conta os limites impostos pelas condies deescassez e competio.

    Isto visto no tempo atual, ao observarmos a falta de possibilidades em uma parte da sociedade deobter acesso a uma melhor qualidade da vida ambiental. Um exemplo deste fato so as comunidades quese encontram nas zonas mais afetadas pelos problemas ambientais, como, por exemplo, a contaminaodos recursos hdricos ou acumulao de resduos txicos despejados por fbricas.

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    O DIREITO AMBIENTAL NO PLANOINTERNACIONAL

    A conscincia ambiental vai comeando a adquirir sua dimenso individual medida que vai dando seusprimeiros passos para, expressar institucionalmente, atravs de distintas conferncias e acordos internacionais.

    O homem o responsvel por parte das distintas perturbaes que a Terra sofre, sobre tudodurante os ltimos anos, graas apario de diferentes tecnolgias que afetam de forma anunciada eirreversvel o meio ambiente.

    Em meados do sculo XX, mais precisamente entre as dcadas de 60 e 70, o mundo co-mea a tomar conscincia ambiental, especialmente a partir do surgimento de movimentosecologistas e conservacionistas.

    Pode-se dizer que a primeira inteno de institucionalizao no mbito internacional foi a Confe-rncia Cientfica das Naes Unidas sobre a Conservao e Utilizao dos Recursos, que aconteceu emNew York, em 1949. Mais tarde, em 1954, acontece em Londres o Acordo Internacional para a Preven-o da Contaminao do Mar por Petrleo e, em 1956, se cria a Agncia Internacional da Energia.

    Mas o grande passo para se organizar medidas internacionais visando a conservao do ambiente veioda resoluo da Assemblia Geral das Naes Unidas, de 1968, conferncia preparatria para Estocolmo.

    Em 1972, realiza-se em Estocolmo a Conferencia do Homem e da Biosfera, mais conhecidacomo Conferncia de Estocolmo. Este encontro considerado o ponto de partida da conscinciamundial em defesa e para o melhoramento do meio ambiente. Em seu seio surge o direito fundamentalda pessoa, cuja finalidade o acesso a um ambiente apropriado.

    neste sentido muito ilustrativo que se estabelece o primeiro princpio da Declarao de Estocol-mo, no qual se observa:

    O homem tem direito fundamental liberdade, igualdade e a condies de vida satisfa-trias, em um ambiente cuja qualidade de vida permita viver com dignidade e bem-estar, e tem odever solene de proteger e melhorar o meio ambiente das geraes presentes e futuras.

    Saiba mais

    Como conseqncia dos trabalhos realizados nesta Conferncia, nos quais se consagram este novodireito, foram sancionadas e/ou reformadas a maioria das Constituies, que a partir deste momen-

    to contemplavam a proteo do meio ambiente tomando a Declarao de Estocolmo como base. OsEstados Unidos foram um dos primeiros a introduzir tais direitos em sua Constituio; podemos citarcomo exemplos tambm a Constituio da Sua, de 1975, da Grcia, de 1975, de Portugal, de 1976, daEspanha, de 1978, da China, de 1982, da Holanda, de 1983, do Brasil, de 1988, da Hungria, de 1989, da

    Austrlia, de 1990, da Bulgria, e da Colmbia, de 1991, do Paraguai, de 1992 e da Argentina, de 1994.

    Mas a Declarao no foi o nico produto da Conferncia, pois tambm foi criado um sistema deorganizaes especializadas, institucionalizando-se o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambien-te (PNUMA), cuja sede se encontra em Nairobi.

    Mais tarde, em 1983, criada a Comisso Mundial Sobre o Meio Ambiente Humano, mais conhecida pelonome de seu presidente, o Primeiro Ministro da Noruega e Ministro do Ambiente de seu pas, Gro Harlem Brun-

    dtland. As tarefas realizadas por esta Comisso, estudos sobre o ambiente e o desenvolvimento, deram origem aoNosso Futuro Comum, tambm conhecido como Informe de Brundtland. A partir dos princpios nele esta-belecidos preparou-se uma srie de convnios, os quais deram origem, depois denominada Carta da Terra.

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    Ao se comemorar os vinte anos da Conferncia de Estocolmo, a Assemblia Geral das NaesUnidas resolveu convocar a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento(CNUMAD), reunio que aconteceu no Rio de Janeiro, em junho de 1992.

    Um dos maiores feitos desta Conferncia foi propor uma ao efetiva aos ecologistas e para oschefes de Estado que se comportavam de maneira displicente frente ao tema. Outro ponto importante foia incorporao da concepo de desenvolvimento sustentvel, atravs da qual se enlaam a preservaodo meio ambiente e o desenvolvimento.

    Dentre os princpios mais importantes da Declarao do Rio de Janeiro sobre o Ambiente e De-senvolvimento esto:

    Princpio 1: Os seres humanos esto no centro das preocupaes com o desenvolvimento sus-tentvel. Tm direito a uma vida saudvel e produtiva, em harmonia com a natureza.

    Princpio 3: O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam aten-didas eqitativamente as necessidades de geraes presentes e futuras.

    Princpio 4: Para alcanar o desenvolvimento sustentvel, a proteo ambiental deve constituir

    parte integrante do processo de desenvolvimento, e no pode ser considerada isoladamente deste.Princpio 7: Os Estados devem cooperar, em um esprito de parceria global, para a conserva-

    o, proteo e restaurao da sade e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as distintascontribuies para a degradao ambiental global, os Estados tm responsabilidades comuns, porm di-ferenciadas. Os pases desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que tm na busca internacional dodesenvolvimento sustentvel, em vista das presses exercidas por suas sociedades sobre o meio ambienteglobal e das tecnologias e recursos financeiros que controlam.

    Princpio 11: Os Estados devem adotar legislao ambiental eficaz. Padres ambientais e objeti-vos e prioridades em matria de ordenao do meio ambiente devem refletir o contexto ambiental e dedesenvolvimento a que se aplicam.[]

    Princpio 14: Os Estados devem cooperar de modo efetivo para desestimular ou prevenir a rea-locao ou transferncia para outros Estados de quaisquer atividades ou substncias que causem degra-dao ambiental grave ou que sejam prejudiciais sade humana.

    Princpio 16: Tendo em vista que o poluidor deve, em princpio, arcar com o custo decorrente dapoluio, as autoridades nacionais devem procurar promover a internalizao dos custos ambientais e ouso de instrumentos econmicos, levando na devida conta o interesse pblico, sem distorcer o comrcioe os investimentos internacionais.

    Princpio 22: As populaes indgenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais,tm papel fundamental na gesto do meio ambiente e no desenvolvimento, em virtude de seus conheci-

    mentos e prticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer e apoiar de forma apropriada a identidade,cultura e interesses dessas populaes e comunidades, bem como habilit-las a participar efetivamente dapromoo do desenvolvimento sustentvel.

    Princpio 23: O meio ambiente e os recursos naturais dos povos submetidos a opresso, domina-o e ocupao devem ser protegidos.

    Princpio 25: A paz, o desenvolvimento e a proteo ambiental so interdependentes e indivisveis.

    Durante este encontro, alguns importantes tratados foram construdos. Dentre eles podemos citar:

    A Conveno Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima assim denominada pois seus princpios devero desenvolver futuros protocolos. Esta reconhece

    entre suas principais disposies, a existncia de responsabilidades comuns, porm diferenciadas, e quea capacidade de enfrentar os problemas distintas, e est associada ao grau de desenvolvimento apre-sentado. Os pases mais ricos devem tomar a iniciativa na adoo de medidas que reduzam as emisses

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    de gases estufa. Por outro lado, admite tambm que os pases que mais emitem gases so aqueles quealcanaram o maior desenvolvimento e que os em desenvolvimento tm necessidade de aumentar suasemisses atuais, dada a necessidade de se desenvolverem.

    Conveno da BiodiversidadeEsta conveno tem como objetivo a conservao da biodiversidade, possibilitar o uso sustentvel

    de seus componentes e diviso eqitativa de seus benefcios. Os pases em desenvolvimento devero con-tar com apoio financeiro e tecnologias que permitam a adoo e a execuo de medidas de preservaoda biodiversidade.

    Existem diversos instrumentos de Direito Internacional, mais precisamente de Direito Internacio-nal dos Direitos Humanos, nos quais encontramos diversas normas referentes a este tema. Dentre elespodemos citar:

    Declarao Universal dos Direitos HumanosArtigo 25- Toda a pessoa tem direito a um nvel de vida suficiente para lhe assegurar e sua

    famlia a sade e o bem-estar, principalmente quanto alimentao, ao vesturio, ao alojamento, assis-tncia mdica e ainda quanto aos servios sociais necessrios, e tem direito segurana no desemprego,

    na doena, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistncia porcircunstncias independentes da sua vontade.

    Declarao Americana dos Direitos e Deveres do HomemArtigo 11 - Toda pessoa tem direito a que sua sade seja resguardada por medidas sanitrias e so-

    ciais relativas alimentao, vesturio, habitao e cuidados mdicos correspondentes ao nvel permitidopelos recursos pblicos e da coletividade.

    Pacto Internacional de Direitos Econmicos, Sociais e CulturaisArtigo 12 - 1. Os estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa de des-

    frutar o mais elevado nvel de sade fsica e mental.

    2. As medidas que os estados-partes no presente Pacto devero adotar, com o fim de assegurar opleno exerccio desse direito, incluiro as medidas que se faam necessrias para assegurar:

    a) A diminuio da mortinatalidade e da mortalidade infantil, bem como o desenvolvimento das crianas.

    b) A melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do meio ambiente.

    c) A preveno e o tratamento das doenas epidmicas, endmicas, profissionais e outras, bemcomo a luta contra essas doenas.

    d) A criao de condies que assegurem a todos assistncia mdica e servios mdicos em casode enfermidade.

    Assim podemos concluir que no irreal o direito a preservao do meio ambiente e que este teveseu maior impulso no mbito internacional. Os problemas que enfrentamos so globais, logo esperadoque as solues tambm devam ser.

    O Meio ambiente e sua concepo na Constituio nacional

    O conceito jurdico de meio ambiente, encontrado na Lei Federal n 6.938 / 81, que instituiu aPoltica Nacional do Meio Ambiente, contido no seu art. 3, o conjunto de condies, leis, influnciase interaes de ordem fsica, qumica e biolgica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas for-mas. Referindo-se esta lei ao meio ambiente como conjunto de leis so elas que, em princpio, exprimemo interesse pblico e que disciplinam o comportamento do homem no seu habitat. A lei, ao ordenar o

    comportamento do homem, est garantindo os seus direitos.As leis que regulamentam a proteo, defesa, conservao e recuperao do meio ambiente visam

    garantir o meio ambiente sadio como um dos direitos assegurados ao homem.

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    O meio ambiente que se pretende assegurar o meio ambiente sadio e o fundamento deste direitoest esculpido primordialmente na Constituio Federal, que garante a todos o direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado (Art. 225 CF), em leis infraconstitucionais, como a Lei Federal n 6.983 / 81,que pretende garantir o direito ao meio ambiente de maneira sadia e na prevalncia sempre do interessepblico sobre o particular.

    O meio ambiente tratado pela Constituio, de maneira indita, como um direito de todos, bem

    de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida.At o advento da nova Constituio Federal o meio ambiente era garantido por disposies comunsque se caracterizavam pela tutela da segurana ou higiene do trabalho, por proteo de alguns aspectos sani-trios ou por cuidarem de algumas atividades industriais insalubres ou perigosas. A feio publicista dada aomeio ambiente veio com a adoo pela Carta Magna da moderna concepo social do Estado e dos direitosdo cidado frente a sua funo essencialmente social, podendo, com base nessa nova viso constitucional doEstado, haver limitaes a determinados direitos fundamentais, especialmente os que cuidam da proprieda-de e da livre iniciativa econmica, em funo de proteger uma melhor qualidade de vida.

    V-se tal tendncia mesmo no Prembulo da Constituio Federal, quando instituiu um Estado De-mocrtico destinado a assegurar sociedade brasileira, entre outros direitos, o de bem-estar, o que implica

    em um Estado que desenvolva atividades no sentido do homem se sentir em perfeita condio fsica oumoral, com conforto de sade e em harmonia com a natureza, exigindo-se, para o bem-estar do ser humano,a existncia de um meio ambiente livre de poluio e de outras situaes que lhe causem danos.

    A promoo do bem-estar de todos como objetivo fundamental da Repblica Federativa do Brasilobriga a que os administradores pblicos tenham um comportamento vinculado a esse preceito constitu-cional o que, por conseqncia, implica na obrigatoriedade de se proteger o meio ambiente.

    Autonomia municipal e competncia dos municpios em matria ambientalO municpio, dentro de sua autonomia constitucional para legislar em matria administra-

    tiva e para atuar, em conseqncia, no exerccio de seu poder de polcia, pode restringir liberdadese at mesmo a propriedade em benefcio da coletividade local, visando proteger a sade, o meioambiente e at mesmo a vida dos muncipes. Pode e deve, posto que se trata a do desenvolvimentodo princpio do poder-dever do administrador pblico ( Toshio Mukai, RDP 79/ 125).

    Uma das caractersticas do Estado Federado a descentralizao poltica ou repartioconstitucional de competncias. Nesse sentido a Constituio Federal descentralizou as compe-tncias entre a Unio, os Estados, Distrito Federal e os Municpios em razo da autonomia decada ente federado.

    O legislador constituinte repartiu entre estes as vrias competncias do Estado Brasileiro eas atribuies relacionadas ao meio ambiente.

    Ateno

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    O Municpio como ente federado, conforme expressa o art. 1 da Carta Magna, portadorde autonomia decorrente da capacidade de eleger o seu chefe do Executivo e os representantesdo Poder Legislativo local, alm de ofertar-lhes uma administrao prpria no que diz respeito aosseus peculiares interesses. Tambm como ente federado obrigado a efetivar os princpios funda-mentais do Estado Brasileiro enunciados no art. 3 da Carta Maior.

    A integrao dos Municpios no Estado Federado a partir da atual Constituio reconhecea capacidade dos Municpios de se auto-organizarem elaborando eles prprios a sua Lei Orgnica,ampliando suas competncias, que at ento lhes eram outorgadas. Essa autonomia municipal as-senta-se em vrias capacidades prprias do Municpio, entre elas a capacidade normativa prpria oucapacidade de auto-legislao mediante a competncia de elaborao de leis municipais sobre reasque so reservadas sua competncia exclusiva e suplementar.

    A autonomia municipal se circunscreve na concepo constitucional hoje vigorante, no mbi-to do territrio a que est sediado, como uma sntese de fatores sociais e econmicos, revelando-seassim como forte expresso poltica e jurdica. O Municpio desempenha atividades de carter lo-cal, a que se inserem no contexto geral do desenvolvimento e bem-estar nacionais (Diomar Filho,

    in Autonomia Municipal na nova Constituio, Rev Tribunais, 1977, set. 1988, vol. 635, pg.37).So competentes para legislar de forma concorrente sobre meio ambiente a Unio, os Estados

    e o Distrito Federal, nos termos do art. 24, VI, VII e VIII da Constituio Federal. competente,em comum com aqueles que podem legislar, o Municpio (art. 23, II, III, VI, VII da ConstituioFederal). So conferidos ao poderes pblicos federal, estadual, distrital e municipal os deveres dedefender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras geraes (art. 225 da ConstituioFederal), legislando, aplicando a lei e fiscalizando o seu cumprimento.

    Observa-se, dessa diviso expressa de competncias, que ao Municpio compete prover, de-fender e preservar o meio ambiente nos termos dos art. 23 e 225 da Constituio Federal.

    Nos termos do art. 30 da Carta Magna, o Municpio ente federado com autonomia polticapara dispor sobre todas as questes relacionadas ao interesse local. A par dessa competncia a Cons-tituio Federal expressa e enumera outras, nos incisos III a IX do art. 30 e no art.156. Possui, ainda,competncias comuns, elencadas no art. 23, e competncias expressas, utilizveis concorrentementecom os demais Poderes Pblicos, nos termos do art.225, para dispor sobre proteo ambiental.

    Art. 30. Compete aos Municpios:

    I- legislar sobre assuntos de interesse local;

    II- suplementar a legislao federal e a estadual no que couber.

    Comprovando-se o predominante interesse local, da exegese destes dispositivos constitucio-

    nais, pode-se estabelecer normas municipais sobre o meio ambiente, vez que compete ao Munic-pio zelar por assuntos de preponderante interesse local, nestes incluindo-se a preservao do meioambiente e seu aproveitamento de maneira racional.

    o interesse local que definir a competncia municipal nas questes ambientais em con-sonncia com a competncia concorrente da Unio, dos Estados e do Distrito Federal em legislarsobre proteo ao meio ambiente.

    Interesse local, conforme nos ensina o Prof. Hely Lopes Meirelles se caracteriza pela pre-dominncia (e no pela exclusividade) do interesse para o Municpio, em relao ao do Estado eda Unio. Isso porque no h assunto municipal que no seja reflexamente de interesse estadual e

    nacional. A diferena apenas de grau e no de substncia. (in Direito de Construir, 6a ed.,1993,pg.120, ed. Malheiros.)

    O que define e caracteriza o interesse local a predominncia do interesse atividade local

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    sobre o do Estado e da Unio. Quando essa predominncia tocar ao Municpio a ele cabe regula-mentar a matria como assunto de seu interesse local. Assim, os assuntos de interesse local surgemem todos os campos em que o Municpio atue com competncia explcita ou implcita.

    Assim, sempre que, a despeito da competncia da Unio ou do Estado para disciplinar de-terminada matria em mbito federal ou regional, estiver presente o interesse local, cabe a atuao

    legislativa do Municpio.O Municpio, de fato, foi excludo do dispositivo constitucional que expressamente permite

    legislar sobre proteo ambiental (art. 24, da C.F). Contudo, diante da interpretao sistemtica daConstituio Federal (arts. 23, 30, I e II e 225), competente, em comum com os demais poderespara prover, respeitando os limites de sua autonomia, sobre o meio ambiente.

    O Municpio, alm de cumprir as legislaes federais e estaduais, pode e deve legislar paraatender ao interesse eminentemente local.

    Concorrentemente com a Unio e os Estados, os Municpios podem exercer a fiscalizaodo equilbrio ecolgico e, em decorrncia, aplicar sano (RE n 75.009 - SP, 14a Turma, v,u.,

    STF, in RTJ 63/ 858 ).Sobre a competncia do Municpio em legislar sobre matria ambiental quando presente o

    interesse local, veja:

    Muitas, entretanto, so as atividades que, embora tuteladas ou combatidas pela Unio e pelosEstados membros, deixam remanescer aspectos da competncia local e sobre os quais o Municpiono s pode como deve intervir, atento a que a ao do Poder Pblico sempre um poder-dever. Seo Municpio tem o poder de agir em determinado setor, para amparar, regulamentar ou impedir umaatividade til ou nociva coletividade, tem correlatamente o dever de agir como pessoa administrativaque armada de autoridade pblica e de poderes prprios para a realizao de seus fins. (Hely LopesMeirelles, ob. cit. pg.121).

    Assim, os assuntos de interesse ficam sujeitos regulamentao e policiamento da Unio; asmatrias de interesse regional sujeitam-se s normas e policia estadual; e os assuntos de interesselocal ao policiamento administrativo municipal. Assim tambm que, embora a competncia legis-lativa sobre meio ambiente seja expressamente da Unio e dos Estados, o Municpio, ao identificarseu interesse local, pode exercer sua competncia atravs do exerccio do poder de polcia ambien-tal e editar normas locais objetivando garantir a sade e o bem-estar de sua populao.

    Paulo Affonso Leme Machado nos ensina que a competncia natural dos Municpios a delegislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, I C.E) e nesses assuntos o meio ambiente podeestar includo toda vez que a questo ambiental no for geral e/ou nacional ou regional. Incontes-

    te, tambm, que os Municpios podero legislar supletivamente sobre o meio ambiente, desde quese sujeitem s regras do art. 24. 1, 2, 3 e que a suplementao das leis federais e estaduaistenham relao com o interesse local ( in Direito Ambiental Brasileiro, 2a ed., So Paulo, Revistados Tribunais,1989, pg.103).

    A competncia do Municpio na proteo ambiental decorrente e limitada pelo interesselocal, entendido como predominante interesse comparado ao do Estado ou da Unio.

    Adaptao de: A COMPETNCIA DOS MUNICPIOS EM MATRIA AMBIEN-TAL DENISE BARBOSA SOBREIRA, Procuradora do Municpio site: http://www.pgm.

    fortaleza.ce.gov.br

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    Assim, depois de todo o exposto, o questionamento mais adequado : Ser que o ser humano seconsidera superior? Pela sua conduta, entendemos que sim.

    Podemos concluir que estamos diante de uma catstrofe ambiental e que a responsvel por ela aprpria humanidade, seja por suas aes ou por sua omisso.

    O homem explora demais a natureza por meio do aperfeioamento da cincia e das tecnologias.

    Mas o xito que se observa no campo tecno-cientfico atual no tem sido semelhante no cultivo dos va-lores ticos e morais.

    Por isso necessrio equilibrar a face egosta do homem com suas aes mais humanas e solidrias.

    preciso o desenvolvimento de uma conscincia ecolgica nas pessoas que no vivem de maneiramais simples, na qual se enfatize a importncia da qualidade em relao quantidade.

    Mas esta nova atitude no deve nos levar ao extremo de austeridade que nos impea de desfrutar denossa natureza, usando de uma forma racional os seus recursos evitando assim a promoo de alteraesnegativas.

    importante ressaltar a dimenso global dos problemas ecolgicos, isso o que nos permitir

    encontrar solues mais adequadas frente problemtica j instalada. A busca destas solues dever serresultado de uma tarefa multidisciplinar, pois este conflito acontece em vrios locais ao mesmo tempo.

    Logo, o compromisso deve ser social, poltico, econmico, cientfico, sanitrio e legal, pois o que setenta promover justamente uma mudana cultural. aqui onde a Biotica far sua contribuio determi-nante. Seu objetivo no oferecer diversas nuances em um mesmo assunto e sim promover um dilogoentre a tica e a cincia, visando alcanar a concepo de sntese do conhecimento que nos permita iniciarmudanas, que no devem ser apressadas porque se trata da ecologia e um pouco pode ser muito.

    DEGRADAO NOS CENTROS URBANOS

    A concentrao da populao em reas urbanas intensificou-se nas dcadas recentes. Em 1950, 43% da populao total habitava as reas urbanas, o que aumentou para 75,4% em 2000. Entre 1975 e 2000a populao urbana regional praticamente duplicou, passando de 192 para 391 milhes de pessoas. Umaparte significativa da populao urbana da regio vive em grandes cidades, sendo que 49 delas alcanamhoje mais de um milho de habitantes, e suas reas metropolitanas, sete ao todo, superam os 5 milhes.

    No entanto, a importncia relativa das cidades grandes na regio tem diminudo, tendo crescido nosltimos anos mais lentamente que as cidades mdias e pequenas. Assim, as pequenas e mdias cidades

    vm se tornando cada vez mais importantes no sistema dos assentamentos humanos devido s novas

    dinmicas populacionais e econmicas que esto experimentando.Mas o que se v nestes assentamentos so condies de vida e uma base social atual profundamente

    antiecolgico. Durante sua fase de desenvolvimento ela explorou (e explora ainda hoje) as pessoas e anatureza, e o objetivo de alcanar o desenvolvimento material ilimitado estabeleceu desigualdades entreo capital e o trabalho. Como resultado tivemos a deteriorizao da qualidade de vida, principalmente nosgrandes centros urbanos.

    Nestes centros aconteceu a apropriao indevida das terras, riquezas e o uso das guas que sofontes universais de riquezas. Para abrigar as pessoas que vinham das regies rurais foi preciso ocuparmorros, desmatar, abrir valas para o saneamento ao ar livre e assim viver sob ameaa de muitas doenase principalmente ocupando aglomerados conhecidos como favelas. Todas estas manifestaes significam

    outras agresses ao meio provocadas socialmente, que resultam em desequilbrio natural.

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    Sua implantao a partir do sculo XVI im-ps uma forma de trabalhar e de se relacionar coma natureza que implicava o ecocdio, ou seja, na de-

    vastao de nossos ecossistemas. Ns fomos incor-porados a uma totalidade maior que a economiacapitalista, a economia de exportao dependente.

    O aumento da natalidade das populaesde baixa renda e o deslocamento de parte da po-pulao da zona rural para as cidades levam fa-

    velizao de grandes reas urbanas. Sem as condi-es educacionais e culturais adequadas sobrevi-

    vncia urbana, tornam-se agentes da degradaoambiental. Dessa forma, a pobreza vem a ser aomesmo tempo causa e conseqncia desse ciclo pernicioso.( SALATI, 2006)

    Porm importante perceber que as cidades podem contribuir de maneira significativa com o desen-volvimento scio-econmico do pas, ao oferecer economia de escala para o acesso aos servios, incluindogua, educao, sade, moradia e saneamento. Configuram espaos de progresso, cultura, conhecimento eliderana poltica. Entretanto, o desafio mais importante para as cidades atuais o fenmeno da urbanizaoda pobreza - quase 40 por cento da populao urbana da regio vivem em condies de pobreza, o que re-presenta 70 por cento do total de pobres na regio. Em 1999 havia mais pobres que em 1980, e a pobreza seassociava, em diversas formas, degradao ambiental. Ademais, so os pobres os que esto em maior des-

    vantagem para competir pelos escassos recursos e para se protegerem das condies ambientais nocivas.

    Assim, tanto a presso que exercem os assentamentos urbanos devido limitada capacidade deplanejamento, quanto a gesto urbano ambiental tm alcances importantes no meio ambiente. A desarti-culao da ge