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Page 1: Licenciatura em Biologia - Libras - Alfabeto Manual Brasileiro
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LIBRAS

1ª Edição - 2007

Page 3: Licenciatura em Biologia - Libras - Alfabeto Manual Brasileiro

SOMESBSociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.

William OliveiraPresidente

Samuel SoaresSuperintendente Administrativo e Financeiro

Germano TabacofSuperintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão

Pedro Daltro Gusmão da SilvaSuperintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadêmico

André PortnoiDiretor Administrativo e Financeiro

FTC - EADFaculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância

Reinaldo de Oliveira BorbaDiretor Geral

Marcelo NeryDiretor Acadêmico

Roberto Frederico MerhyDiretor de Desenvolvimento e Inovações

Mário FragaDiretor Comercial

Jean Carlo NeroneDiretor de Tecnologia

Ronaldo CostaGerente de Desenvolvimento e Inovações

Jane FreireGerente de Ensino

Luis Carlos Nogueira AbbehusenGerente de Suporte Tecnológico

Osmane ChavesCoord. de Telecomunicações e Hardware

João JacomelCoord. de Produção de Material Didático

EquipeAndré Pimenta, Antonio França Filho, Angélica de Fátima Jorge, Alexandre Ribeiro, Amanda Rodrigues,

Bruno Benn, Cefas Gomes, Cláuder Frederico, Francisco França Júnior, Herminio Filho, Israel Dantas, Ives Araújo, John Casais, Márcio Serafim, Mariucha Silveira Ponte, Tatiana Coutinho e Ruberval da Fonseca

ImagensCorbis/Image100/Imagemsource

Produção AcadêmicaJane Freire

Gerente de Ensino

Ana Paula AmorimSupervisão

Tatiane de Lucena LimaCoordenação de Curso

Ana Paula Piedade Melo SacramentoAutoria

Produção TécnicaJoão JacomelCoordenação

Revisão de Texto

Bruno Benn de LemosEditoração

Francisco França, Ruberval da Fonseca,John Casais, Bruno BennIlustrações

copyright © FTC EADTodos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.

É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância.

www.ead.ftc.br

MATERIAL DIDÁTICOMATERIAL DIDÁTICO

Page 4: Licenciatura em Biologia - Libras - Alfabeto Manual Brasileiro

SUMÁRIO

COMUNIDADE SURDA ___________________________________________ 7

ASPECTO SÓCIO-ANTROPOLÓGICO _________________________________ 7

NOMENCLATURAS _________________________________________________________ 7

O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DOS SURDOS _____________________________________ 7

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________13

ASPECTOS LEGAIS __________________________________________________14

LEI 10.436 ________________________________________________________________14

DECRETO 5.626 ____________________________________________________________15

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA _______________________________________________15

IMPLICAÇÕES______________________________________________________________16

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________17

A SURDEZ E SUAS IMPLICAÇÕES ________________________________18

ASPECTOS BIOLÓGICOS ____________________________________________18

FATORES DE RISCO _________________________________________________________18

PREVENÇÃO ______________________________________________________________24

TRATAMENTOS ____________________________________________________________25

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________26

ASPECTOS PEDAGÓGICOS __________________________________________28

LÍNGUA E LINGUAGEM ______________________________________________________28

CONCEITOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL __________________________________________29

INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS _____________________________________34

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SUMÁRIO

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________71

GLOSSÁRIO _____________________________________________________________75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________76

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Caro (a) Aluno (a),

Sejam Bem – Vindos ao fascinante mundo dos surdos, cheio movimentos, imagens, formas e sentimentos. Aonde a comunicação vai além das pala-vras e dos sons.

Na disciplina LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, trabalharemos com princípios básicos para estabelecer uma real comunicação com o educando surdo.

O módulo está organizado em dois blocos temáticos: A Surdez e suas Im-plicações (Aspectos Biológicos e Pedagógicos) e Comunidade Surda (Aspec-to sócio – antropológico e Legal). Adicionamos como complemento para seus estudos, citações de educadores e pesquisadores da área de educação de surdos.

Esperamos que este material sirva para estimular seu interesse pela co-munidade surda, dando-lhe diretrizes quanto à educação especial e comu-nicação na LIBRAS.

Desejo-lhe um mundo de descobertas e realizações.

Professora Ana Paula Piedade Melo Sacramento

Apresentação da DisciplinaApresentação da Disciplina

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COMUNIDADE SURDA

ASPECTO SÓCIO-ANTROPOLÓGICO

NOMENCLATURAS

SURDO? DA? SURDO-MUDO? MUDINHO?

DEFICIENTE AUDITIVO? NÃO OUVINTE?

QUAL O TERMO CERTO?

Talvez você tenha uma, ou todas essas interrogações em sua mente. Realmente o mundo dos sur-dos é cheio de novidades, não é? Então vamos explicar melhor.

Termos como: não ouvinte, mudinho, defi ciente, surdo-mudo e DA, não são bem aceitos pela co-munidade surda, apesar de alguns profi ssionais ouvintes usarem ainda.

A comunidade surda gosta de ser referidas como SURDOS, que são aqueles indivíduos que não ouvem ou possuem perda auditiva e usam a Língua de Sinais para sua comunicação. Estão sempre envol-vidos nos movimentos surdos como: associações, congressos, torneios esportivos, pontos de encontro dos surdos, igrejas e outros.

Há outro grupo denominado DA, ou Defi ciente Auditivo, são os indivíduos que tem perda auditi-va, mas fazem uso da língua oral e leitura labial para se comunicar. Geralmente não gostam de ser identi-fi cados como surdos e tem uma maior convivência com os ouvintes.

Algumas pessoas acham que todo surdo é mudo, isso é um mito, como já vimos, existem surdos oralizados. A FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, há anos faz a campa-nha “SURDO-MUDO, CORTE ESSA IDÉIA” com o objetivo de conscientizar a comunidade ouvinte.

O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DOS SURDOS

Desde o início da humanidade, todas as pessoas que não eram iguais à maioria, eram discriminadas. Com os surdos, não foi diferente. Eles sempre sofreram grandes preconceitos, foram muito marginaliza-dos e rejeitados.

Cada diferença tem suas características próprias, e provocam conseqüências particulares. Uma pes-soa cega fi ca isolada do mundo das coisas, ou seja, do mundo dos objetos e das formas. Assim, para um cego, não faz sentido falarmos de claro ou escuro, imagem bonita ou feia, mar azul ou verde.

Já no caso do surdo, as imagens são o seu mundo. O surdo não fi ca isolado do mundo das coisas, do mundo visual. O surdo fi ca, no entanto, isolado do mundo dos homens, do mundo da conversa, do

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mundo do diálogo verbal. O surdo consegue fazer uma leitura do mundo, mas o surdo não consegue ouvir o homem, e o homem não consegue ouvir o surdo.

Segundo Oliver Sack, a surdez em si não é o infortúnio; o infortúnio sobrevém com o colapso da comunicação e da linguagem (“Vendo Vozes”, p 130). Nos casos mais extremos, um surdo não estimula-do pode se tornar igual a um defi ciente mental não estimulado.

Por não dialogar verbalmente, os surdos sempre foram incompreendidos na sua humanidade. As pessoas não entendiam o que os surdos queriam e, diversas vezes, tomaram decisões por eles que, longe de trazer algum benefício, só ajudaram a difi cultar ainda mais a sua situação no mundo.

Ao longo da história, e das diversas culturas, os surdos foram considerados desde pessoas impres-táveis e amaldiçoados, até pobres coitados que deveriam ser sempre tutelados, e que não poderiam jamais ter vida própria (por não serem capazes).

A forma como lidar com eles, neste período, foi de crueldade e sacrifícios, por exemplo: Em Espar-ta os surdos eram jogados do alto dos rochedos, e em Atenas eram rejeitados e abandonados nas praças públicas ou nos campos, na China eram lançados ao mar, em outras regiões eles eram proibidos de votar, herdar propriedades, e até mesmo casar. A discriminação era algo tão forte que achavam os surdos pes-soas incapazes de aprender.

A partir do século XVI surgem os primeiros pedagogos para surdos, e a sua educação e inclusão na sociedade começa a ser repensada de forma séria. Houve vários progressos e retrocessos neste período todo. Hoje, com todas as limitações e controvérsias, chega-se próximo do século XXI, com uma situação menos bárbara que dos primeiros assassinatos de bebês, mas que ainda está longe de ser algo realmente dignifi cante.

O surdo ainda não consegue ser compreendido, nem tratado como ser humano. E este desafi o nós trazemos para o próximo século, como inscrever o surdo, com diferenças lingüísticas, na nossa sociedade capitalista, produtivista, competitiva e excludente? Pense nisso!

No Brasil, os serviços prestados aos surdos ainda são muito poucos. Diferentemente de diversos países desenvolvidos, raros são os programas na televisão brasileira apresentados em LIBRAS, com inter-prete de janela ou que sequer possuam legenda oculta. Além disso, há um total descaso quanto à necessi-dade de intérpretes em locais como hospitais, repartições públicas, delegacias, fóruns, etc.

Os surdos, através das suas associações, têm lutado por seus direitos como cidadãos e buscado uma real inclusão social.

Mas, o que é inclusão social?

A inclusão social é uma ação que combate a exclusão social geralmente ligada a: pessoas surdas, de classe social, nível educacional, portadores de defi ciência física, idosas ou minorias raciais entre outras que não têm acesso a várias oportunidades. É oferecer aos mais necessitados oportunidades de participarem da distribuição de renda do país, dentro de um sistema que benefi cie a todos e não a uma só camada da sociedade.

Durante anos alguns setores da sociedade sofreram algumas formas ou alguns níveis de exclusão, criando assim indivíduos e/ou comunidades vítimas de marginalização, alienação ou inacessibilidade aos bens comuns da sociedade. Alguns exemplos de excluídos são:

• Pequenas etnias

• Pessoas com defi ciência

• Pobres

• Analfabetos

• Idosos

• Comunidades rurais

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• Comunidades indigenas

• Comunidade de surdos

Há, no entanto, muitas barreiras para aqueles que são portadores de defi ciência, em relação a este processo de inclusão. Aqui no Brasil, a Lei 7853, de 24 de outubro de 1989, assegura os direitos básicos dos portadores de defi ciência. Em seu artigo 8º constitui como crime punível com reclusão (prisão) de 1 a 4 anos e multa, para quem:

1 – Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabele-cimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de defi ciência.

2 – Impedir o acesso a qualquer cargo público porque é portador de defi ciência.

3 – Negar trabalho ou emprego, porque é portador de defi ciência.

4 – Recusar, retardar ou difi cultar a internação hospitalar ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar ou ambulatória, quando possível, a pessoa portadora de defi ciência.

Existe uma fi gura que tem um papel muito importante na inclusão social do surdo, você sabe quem é?

É o interprete, não poderiamos deixar de falar nele quando nos referimos à interação com os surdos.

O INTÉRPRETE DE LIBRAS

O interprete de LIBRAS é o mediador entre a comunidade surda e ouvinte, nos ultimos anos, a presença do interprete de língua de sinais, tem ganhado espaço nas escolas por causa da política educa-cional brasileira, que prevê a inclusão do sujeito surdo nas instituições de ensino. Além de disso, devido o desconhecimento da maioria da população sobre a LIBRAS, torna-se necessário que existam interpretes nos mais diversos setores da sociedade, públicos e privados.

A interpretação entre a língua oral e de sinais é uma atividade bilingue – bicultural. É também uma atividade desafi adora, devido a grande diferença entre as modalidades das línguas ( oral-auditia e gestual-visual) que exige do interprete um profundo conhecimento das culturas surdas e ouvintes para traduzir com o maximo de fi delidade.

Os intérpretes mais experientes usam os sinais com tanta leveza e naturalidade que faz com que o processo de interpretação pareça algo que qualquer pessoa poderia fazer. Entretanto, os intérpretes são profi ssionais altamente treinados, cujo trabalho exige uma completa atenção e dedicação à tarefa que está sendo exercida.

Para a pessoa não treinada a tradução processa-se de forma simples, é somente movimentar as mãos e passar para sinais o que a pessoa está falando em português. Na realidade o processo de interpre-tação é mais complexa, pois o interprete pensa ao mesmo tempo em duas línguas, e no caso da LIBRAS e a lingua Portuguesa, suas modalidades são completamente diferentes, por uma ser gestual-visual e a outra ser oral-auditiva, difi cultando mais ainda o processo.

Durante a interpretação, o cérebro processa a informação que está chegando e raciocina em duas línguas, não importa se a tradução é do Português para LIBRAS ou da LIBRAS para o Português, o processo é análogo:

• O intérprete recebe a mensagem na lingua em que a mensagem original está sendo emitida (Lin-guagem fonte);

• O cérebro analisa e interpreta a mensagem, quanto ao conteúdo e signifi cado nas culturas das línguas envolvidas;

• O intérprete localiza a mensagem e nível de formalidde apropriados na linguagem a ser interpre-tada ( público-alvo).

• O intérprete produz a mensagem na lingua-alvo.

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O elemento “desconhecido” é outra questão que os intérpretes têm que lidar em sua rotina diária de trabalho. Durante uma conversação informal eles fi cam à vontade, pois o que está sendo comunicado é efetivamente dito em suas próprias palavras, sabendo assim o que vão dizer.

Em uma interpretação, os interpretes devem esperar ouvir palavras que são desconhecidas para ele. Por ser uma atividade extremamente exigente em termos de atenção e energia, os intérpretes são incenti-vados a se familiarizar antecipadamente com os assuntos que irão interpretar ou a se especializar em uma determinada área. Assim, estes profi ssionais se tornarão sufi cientemente competentes para que diminua um pouco a pressão causada pelo “elemento desconhecido”.

O PAPEL DO INTÉRPRETE

O intérprete está presente para tornar possível a comunicação entre indivíduos que não comparti-lham da mesma língua, seja ela de modalidade gestual-visual ou oral-auditiva. Por se uma profi ssão nova, muitas empresas e instituições não compreendem com exatidão o trabalho do intérprete.

Para você compreender melhor, discutiremos funções que NÃO são do intérprete:

Supervisores: Imparcialidade é algo fundamental, controlar o comportamento das pessoas surdas em seu local de trabalho foge da função da interpretação.

Editores: Mesmo quando o intérprete sabe que a pessoa está dizendo á inadequado ou falso, a informação será interpretada exatamente da forma recebida. A fi delidade é um aspecto imprescindível na interpretação.

Professores: A tarefa de professor e intérprete são bastante diferentes entre si, embora ambas as profi ssões trabalhem diretamente com as pessoas surdas em sala de aula. Alguns professores de surdos trabalham como intérpretes, como uma segunda atividade, mas não é sua formação como professor de surdos que lhe qualifi cará para interpretar. Também, os cursos de formação de intérpretes de LIBRAS não oferecem treinamento nos métodos educacionais para surdos. Há sim um breve estudo da história da educação e da surdez, mas apenas em seu contexto cultural.

Cada interpretação é unica, em determinados casos torna-se difi cil detectar as características mais comuns no papel do intérprete. Há alguns anos atrás, os interpretes eram vistos como ajudantes dos surdos, mas este papel violava os direitos destas pessoas, e também dos ouvintes, porque não demostrava imparcialidade e profi ssionalismo.

Anos depois, ao serem defi nidos os padrões de imparcialidade, os intérpretes foram sendo vistos como condutores de informação. A função do interprete consistia em somente ouvir o português e inter-pretar em LIBRAS; em seguida observar a LIBRAS e passar para o Portugês. Entretanto, neste modelo surgiram algumas questões que interrompiam o processo de comunicação, pois a maioria das pessoas ouvintes não se dão conta de que os valores e costumes desta cultura são aplicados a todas as situações com que se deparam. Sendo assim, os intérpretes passaram por uma terceira mudança durante o desen-volvimento da profi ssão, quando adotaram o papel de “ mediadores transculturais”.

O FERFIL DO INTÉRPRETE PROFISSIONAL

Deve ser uma pessoa de confi ança na sua interpretação e no sigilo – Fidelidade

Não deixa que a sua moral e religião interfi ram na interpretação

Se ocorrer erros na interpretação, corrige-os imediatamente.

Ser bilingue ( Domina a Língua Portuguesa e a LIBRAS)

Ter histórico profi ssional de confi abilidade

Capacidade de admitir suas limitações quando não se sentir capaz

Equilibrio durante a interpretação

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Formação educacional

Conhecimentos da ética e da responsabilidade da profi ssão

Participante da Comunidade surda, sendo reconhecido por ela

Ser capaz de trabalhar em equipe e de apoiar os outros intérpretes

Estudo constante da Lingua de Sinais.

CULTURA E COMUNIDADE SURDA

No ano de 1965, o linguista Stokoe com seu grupo de pesquisa, fi zeram os primeiros estudos e publicações sobre as caracteristicas sociais e culturais da comunidade surda.

Foi estabelecido pela linguista surda Carol Padden, a diferença entre comunidade e cultura:

A comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e certas responsabilidades umas com as outras, trabalhando juntos para alcançar seus alvos. Portanto, em uma comunidade surda pode ter também ouvintes e surdos que não são culturalmente surdos.

Uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições. Portanto é mais fechada que a comunida-de surda, os membros de uma cultura surda se comportam como pessoas surdas, usam a língua das pessoas surdas e compartilham entre si das acrenças das pessoas surdas e com outras pessoas que não são surdas.

Mas, não basta ser surdo para fazer parte da comunidade e cultura de surdos. A maioria dos surdos por ser fi lhos de pais ouvintes, muitos deles não sabem a LIBRAS e não tem contato com as associações de surdos, que são as comunidades surdas, podendo se tornar o que os surdos defi nem como DA.

Os surdos que estão engajados na causa política da comunidade de surdos, costumam fazer distinção entre surdos e DA. O termo defi ciente estigmatiza a pessoa pois a mostra pelo que ela não tem em relação às outras pessoas ditas normais. Por este motivo o termo SURDO é o mais aceito por sua comunidade.

Estima-se que no Brasil existe mais de 2 milhões de surdos ( IBGE/1990). Há surdos em todas as regiões do território nacional, e em várias regiões eles têm se organizado, formando associações em todo o país. Pelo fato de vivermos em um país com um vasto território, as diversidades entre as comunidades de surdos são grandes em termos de vestuário, alimentação, situação sócio-econômica e variações lin-guísticas regionais, assim como os ouvintes falantes da língua portuguesa.

No Brasil o interesse em estudos sobre a cultura surda é muito recente, mas já há pesquisadores surdos e ouvintes em universidades e associações, que começaram a fazer o registro , através de fi lmes, de narrativas de surdos idosos para conhecer sua história, colhendo informações sobre as gerações de surdos.

Algumas características da comunidade de surdos:

• A maioria dos surdos preferem ter um relacionamento mais íntimo com pessoas surdas.

• Suas piadas envolvem as questões da surdez e o ouvinte que geralmente é o “português” que não percebe bem , ou quer dar uma de esperto e se dá mal;

• Seu teatro já começa a abordar as questões de relacionamento, educação e visão de mundo pró-prio do universo do surdo.

• O surdos tem um modo peculiar de olhar o mundo que o rodeia, onde as pessoas são expressões faciais e corporais. Como falam com as mãos possuem uma agilidade e leveza que difi cilmente um ouvin-te conseguirá alcançar.

A comunidade surda do Brasil possue uma organização hierárquica formada por:

• Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS)

• Federações Desportivas

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• Associações

• Clubes

• Sociedades

• Congregações

Como toda associação, as associações de surdos das mais diversas regiões se regularizam por meio de estatutos. Em suas eleições os associados articulam-se formando chapas para concorrer a uma gestão, geralmente de dois anos, através do voto secreto escolhendo assim seus representantes.

A CBDS, fundada em 1984, promove campeonatos desportivos masculinos e femininos em diver-sas modalidades à nível nacional e internacional. Seu principal objetivo é promover o desenvolvimento desportivo nos surdos.

A FENEIS, é uma entidade não governamental fi liada a World Federation of The Deaf e registrada no Conselho Nacional de Serviço Social/MEC. Foi fundada em 1987, quando os surdos decidiram assu-mir a liderança da Federação Nacional de Educação e Integração do Defi ciente Auditivo (FENEIDA), que teve seu surgimento com a união do trabalho de várias escolas, associações de pais e outras institui-ções do Rio de Janeiro. Hoje em dia há FENEIS em vários estados Brasileiros.

Os ouvintes pais de surdos, interpretes ou pessoas que fazem trabalhos sociais que participam ativamente das atividades e questões educacionais e políticas da comunidade surda acabam se tornando parte e membro dela.

O mais interessante são os fi lhos de surdos, que em geral são ouvintes, participam das atividades da associação com seus pais, possibilitando a aquisição da LIBRAS como L1. Essas pessoas, às vezes, quando crescem tornam-se intérpretes de LIBRAS.

A questão da aquisição da linguagem em crianças surdas fi lhas de pais ouvintes, surdos fi lhos de pais surdos e ouvintes fi lhos de pais surdos, são questões de décadas de estudos de pesquisadores da ASL, nos Estados Unidos da América. Essas pesquisas objetivam analisar a aquisição da Língua de Sinais como L1.

Com essas pesquisas pôde-se destacar que o processo de aquisição da LS é igual ao processo de aquisição de línguas orais – auditivas, o qual respeita a maturação da criança, que vai internalizando a língua a partir do mais simples para o mais complexo, seguindo as seguintes fases:

FASE 1

Período inicial que se assemelha ao balbucio das crianças ouvintes, nesta fase a criança produz uma sequência de gestos que fonologicamente se assemelham aos sinais, mais não são reconhecidos como tal, são somente movimentos das mãos com algumas formas.

FASE 2

Frase de uma palavra. A criança surda começa a dar nomes às coisas, aprender a fazer ligação entre o sinal e o objeto, produzindo suas primeiras palavras. Assim como as crianças ouvintes, que ainda não articulam corretamente as palavras nesta fase, as crianças surdas também fazem os sinais com erros nos parâmetros, por exemplo, podem trocar a confi guração das mãos ou o ponto de articulação, mas o adulto compreende que ela produziu um sinal na língua.

FASE 3

Fase das duas palavras. A partir dos 2 anos e meio, a criança surda começa a produzir frase de duas palavras, iniciando sua sintaxe, mas ainda as palavras são usadas sem fl exão e concordância, a oridem das palavras constituirá sua primeira sintaxe.

Desta fase em diante, a criança surda começa a adquirir a e estrutura gramatical da LS até os cinco anos de idade, quando já produzirá frases maiores e mais complexas.

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Observamos que o processo de aprendizagem das LS seguem o mesmo principio das línguas orais. Quan-to mais cedo introduzirmos a criança surda na comunidade surda, mais naturalmente será esse processo.

Atividade Complementar

Os surdos, em sua maioria, não gostam de ser chamados de mudinho ou defi ciente? Exponha 1. seu ponto de vista.

Desde o início da humanidade, as pessoas que não eram iguais à maioria eram discriminadas. 2. Com os surdos não foi diferente. Eles sempre sofreram grandes preconceitos, sempre foram muito mar-ginalizados e rejeitados. Como os surdos eram vistos pela sociedade e que tipo de preconceito sofriam? E hoje essa imagem mudou? Cite essas ações e fale um pouco dessa história.

A Lei 7853 assegura os direitos básicos dos portadores de defi ciência. Em seu artigo 8º constitui 3. como crime punível com reclusão (prisão) de 1 a 4 anos e multa quem não cumpri-la. Será que os porta-dores de necessidades especiais tem conhecimento desse direito? Como educador, pense em uma forma de divulgar e se fazer cumprir essa lei? Anote e compartilhe com seus colegas.

Para a inclusão social do surdo a fi gura do interprete de LIBRAS é de fundamental importância. 4. O que signifi ca ser um intérprete de LIBRAS, qual a sua importância e quais os ganhos legais e avanços que tiveram nesse novo tempo ?

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Relacione as colunas de acordo com as nomenclaturas referentes.5.

(a) DA

(b) FENEIS

(c) LIBRAS

( ) Língua ofi cial dos surdos brasileiros

( ) Expressão pejorativa a qual alguns os ouvin-tes se referem aos surdos

( ) Termo usado por alguns profi ssionais, refe-rindo-se ao surdos como defi ciente auditivo.

(d) Mudinho ( ) Federação de surdos.

ASPECTOS LEGAIS

LEI 10.436

Há vários anos a comunidade surda vem construindo uma IDENTIDADE SURDA diferente da estigmatizada, que lhes tem sido imposta há séculos como “defi ciente auditivo”, ou seja, incapaz. Uma grande conquista da comunidade surda brasileira foi a Lei 10.436 de 24 de abril de 2002 e o decreto 5.626 de dezembro de 2005, que legaliza a LIBRAS como língua ofi cial dos surdos brasileiros, respeitando sua identidade, cultura e seus direitos como cidadãos.

Segue a lei 10.436

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1° É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Bra-sileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Art. 2° Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de ser-viços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.

Art. 3° As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de defi ciência auditiva, de acor-do com as normas legais em vigor.

Art. 4° O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudióloga e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.

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Libras 15

Art. 5° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181° da Independência e 114° da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Paulo Renato Souza

DECRETO 5.626

O Decreto regulamenta e detalha a lei. Veja como é interessante, selecionamos fragmentos referen-tes à educação:

Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

- 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profi ssionais da educação para o exercício do magistério.

Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteú-dos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.

- 1º Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as insti-tuições federais de ensino devem:

I - promover cursos de formação de professores para:

a) o ensino e uso da Libras;

b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e

c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas;

II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA

Coordenada pelas Nações unidas, a declaração de Salamanca, realizada em Salamanca / Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, trata dos princípios, políticas e práticas na educação especial objetivando uma Educação Para Todos – incluindo os portadores de necessidades especiais em classe regular. Que em uma assembléia geral foi apresentado e votado os procedimentos e padrões para pessoas portadoras de defi ciência. A Declaração de Salamanca é considerada mundialmente como um dos mais importantes documentos que visam a educação especial.

Veja alguns fragmentos do documento:

a) Acreditamos e Proclamamos que:

- toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem,

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- toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas,

- sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais caracterís-ticas e necessidades,

- aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades,

- escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais efi cazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma socie-dade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a efi ciência e, em última instância, o custo da efi cácia de todo o sistema educacional.

b) Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais especiais deveriam rece-ber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efetiva. Educação inclusiva é o modo mais efi caz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões espe-ciais dentro da escola em caráter permanente deveriam constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infreqüentes onde fi que claramente demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam requisitados em nome do bem-estar da criança ou de outras crianças.

c) Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e situações individuais. A importância da linguagem de signos como meio de comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso a educação em sua língua nacional de signos. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdas/cegas, a educação deles pode ser mais adequadamente provida em esco-las especiais ou classes especiais e unidades em escolas regulares.

IMPLICAÇÕES

Com a lei 10.436 e o decreto 5.626 além de legalizar a LIBRAS, trouxe outros benefícios à comu-nidade de surdos e pessoas com defi ciência auditiva, como:

• Inclusão da LIBRAS como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professo-res para o exercício do magistério nível médio e superior, fonoaudiologia.

• Formação de interpretes, professores e instrutores de LIBRAS, capacitando e ampliando o mer-cado de trabalho da área.

• Ensino da língua portuguesa como 2ª língua

• Presença do interprete de LIBRAS em sala de aula

• Garantia de escolas e classes de educação bilíngüe , para surdos e ouvintes, com professores bilíngües na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental

• As empresas que tem funcionários surdos devem dispor de pelo menos, cinco por cento de ser-vidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação da LIBRAS.

A Declaração de Salamanca, apesar de propor uma educação para todos por meio da educação inclusiva, não tem satisfeito à comunidade surda, pois tem encontrado no ensino regular, escolas e pro-fessores despreparados para recebê-los.

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Atividade Complementar

A Lei 10.436 e o Decreto 5.626 são considerados pela comunidade surda a sua maior conquista, 1. por quê? Quais os benefícios para os surdos? Argumente sua resposta.

No documento Declaração de Salamanca diz: “Políticas educacionais deveriam levar em total con-2. sideração as diferenças e situações individuais. A importância da linguagem de signos como meio de co-municação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso a educação em sua língua nacional de signos. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdas/cegas, a educação deles pode ser mais adequadamente provida em escolas especiais ou classes especiais e unidades em escolas regulares”.

Em algumas regiões do Brasil, após a Declaração de Salamanca, têm acabado com as escolas es-peciais para surdos. Baseado no trecho acima retirado do documento de Salamanca expresse sua opinião quanto a atitude desses locais.

3. A educação dos surdos mundialmente sofreu grande infl uência dos congressos de Milão/1880 e Salamanca /1994. Compare as resoluções dos congressos e escreva no quadro abaixo:

Congresso de Milão - 1880 Congresso em Salamanca – 1994

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4. Leia o decreto e anote as atribuições para o professor e escolas.

5. A comunidade Surda tem demonstrado insatisfação quanto à forma que a educação inclusiva esta sendo implantada nas escolas. A falta de metodologia apropriada e de professores que saibam a LIBRAS são as suas maiores reivindicações. Em grupo, exponha sua opinião quanto aos questionamentos da comunida-de surda e elabore uma lista com sugestões de como incluir o surdo na escola regular de uma forma efi caz.

A SURDEZ E SUAS IMPLICAÇÕES

ASPECTOS BIOLÓGICOS

FATORES DE RISCO

As pessoas, geralmente, sentem um grande prazer na identifi cação de características especiais entre uma geração e outra. Gostam de analisar sobre a semelhança dos pais com seus fi lhos discutindo qual o fi lho que tem o nariz da mãe e os olhos do pai.

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Do ponto de vista científi co, essas observações pertencem ao campo da genética. Atualmente sabe-se que, além de características físicas passadas de pais para fi lhos, se é possível acontecer anomalias genéticas que provocam a surdez no bebê de pais ouvintes sem que se conheça nenhum parente com problema.

Mas, o que é surdez? Como ocorre? Ela só é adquirida geneticamente

Segundo o Aurélio, a surdez é o enfraquecimento ou abolição do sentido da audição.

Geralmente, os ouvintes defi nem surdez como um problema audiológico – pedagógico. Mas, a co-munidade surda se defi ne como um grupo minoritário com língua e cultura própria. Retomaremos este assunto no Bloco temático 2, no qual abordaremos os aspectos sócio – antropológicos.

Antes de adentrarmos em causas da surdez

O texto a seguir detalha o conceito de surdez, é de fundamental importância que este conceito esteja bem claro em sua mente para que compreenda bem seu aluno surdo.

Preparado (a) para a leitura?

Então, vamos lá!

Texto de Luis Ernesto Behres da universidade De La Republica – Instituto de Lingüística de la Facultad de Humanidades y Ciências de la Educacion – Traduzido pela profª Eleny Gianini.

O conceito de surdez é uma entidade cultural. Tanto que tem sua história, ou seja, evolui e se modifi ca como qualquer outro objeto cultural. Uma olhada na evolução desse conceito nos mostra que tem atravessado por etapas, existindo momentos que sua defi nição tem sido crítica e tem oca-sionado debates acirrados entre aqueles que estão implicados em seu marco de referência. Nos últi-mos tempos ingressados em um desses momentos de redefi nição de conceitos, por razões sociais e de clima de opinião que não cabe desenvolver aqui de forma extensa. Por este motivo, convém que dediquemos algum espaço para estabelecer as coordenadas do que entendemos por surdez.

Uma definição de surdez, que empregamos em outro trabalho (Behares,1991), nos parece bastante adequada:

Uma pessoa surda é aquela que , por ter um défi cit de audição, apresenta uma diferença com respeito ao padrão esperado e, portanto, deve construir uma identidade em termos dessa diferença para integrar-se na sociedade e na cultura em que nasceu.

Convém esclarecer que esta defi nição requer certas especifi cações, que podemos agrupar nos seguintes pontos:

1- Falamos de pessoa surda e não da surdez como algo independente dos indivíduos que a experimentam. Em geral, a tradição clinica, para conceituar a surdez, tem partido do céfi cit auditivo como dado médico e tem estabelecido uma terminologia classifi catória, derivada do procedimento audiométrico. Se fala assim de surdez leve, moderada, severa, profunda e hipoacusia, como reali-dades diferentes em termos audiométricos, sem tomar em conta o que estabelece a conexão com a personalidade em geral do indivíduo no qual está localizada. Ampliando o panorama da audiologia a outras disciplinas, se fala também de surdez genética, congênita, perinatal ou adquirida, ou de surdez pós ou pré-linguistica.

... É também necessário incluir a experiência do sujeito surdo na formação de vínculos e atender a todas suas variações, tomar em conta os contextos psicossociais em que a pessoa surda se desenvolve quando é criança e a grande diversidade de situações em que ela se dá, resulta então,

Atenção

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mais adequado situar a surdez em relação à pessoa e a seus fatores de personalidade, porque, deste modo, capta mais ricamente a essência de sua situação.

2- Se bem na defi nição falamos do défi cit da audição, nos parece mais adequado referir-se à pessoa defi ciente auditiva. É certo que a expressão surdo, além de ter martizes depreciativas em muitos países, é muito mais ambígua e vaga que o termo que desejamos. Porém, é certo que a pala-vra surdo é a mais comum na cultura padrão para fazer referência à pessoa que não ouve e, muito mais importante que tudo, é o termo com o qual os surdos se referem a si mesmos e seus iguais.

3 – Fazemos fi nca–pé na diferença do surdo com respeito aos ouvintes, porque cremos que é nela que se baseia a essência psicossocial da surdez e não é diferente unicamente porque não ouve, mas porque desenvolve potencialidades psicoculturais diferente da dos ouvintes. Nas expressões clini-cas do tipo de “defi ciência auditiva” se desconhece a diferença e se caracteriza a surdez desta maneira : o surdo é fundamentalmente como o ouvinte, porém, se tomamos o ouvinte como modelo, então ao surdo lhe falta “algo” ( o funcionamento do ouvido); portanto o surdo é um ouvinte imperfeito. Se trata de um procedimento de diminuição, que leva invariavelmente ao conceito de menos-valia.

Tentamos conceituar a surdez não como menos-valia, mas como diferença, ou,melhor di-zendo, como uma forma de existência caracterizada por possibilidades ( ou “valias” diferentes das do ouvinte).

4 – Temos utilizado a expressão “o padrão esperado” que alude, obviamente, ao ouvinte; a audição “normal” que permite a natural discriminação dos sons da linguagem é, certamente, a ca-racterística distintiva do padrão humano ( determinado pelo o que é majoritário, ou seja, mais 99% dos casos segundo estatísticas mundiais). Sem dúvida, com o termo padrão queremos transcender ao mero dado sensorial, já que a cultura ouvinte, na qual participamos sem sentí-la todos os que ouvimos, abarca um conjunto de marcadores psíquicos e culturais, muito mais amplos que a fi loso-fi a da audição. Da mesma maneira, a cultura surda na qual estão integrados uma ampla maioria dos que não ouvem, também se organiza com base em características psíquicas e culturais mais amplas que a falta da audição.

Conceber a surdez como um resultado errado a audição esperada, implica desconhecer as diferenças de organização psíquica e cultural existente entre ouvintes e surdos, não só enquanto indivíduos isolados, mas também e fundamentalmente como grupos humanos.

5 – Sustentamos que a identidade da pessoa surda, como tal (quer dizer, não como ouvinte defi citário, mas como algo intrinsecamente direcionado ao ouvinte), deve ser o ponto de partida para pensar e investigar social e pedagogicamente na área da surdez. O indivíduo que nasce ouvinte não tem nenhuma difi culdade em identifi car-se como que é, o que nasce surdo não tem, a priori, tão pouco porque tê-las.

A problemática de identifi cação na surdez, sempre incluída na literatura especializada como um “ problema” da pessoa surda, tem na realidade, sua origem em construções sociais baseadas na visão clinica. A pessoa surda é obstaculizada na formação de sua estrutura e pretende-se que esta se construa em base com o modelo psíquico e cultural ouvinte, o que é claramente impossível. O défi cit psíquico e cultural dos surdos não é resultado de sua surdez biologicamente considerada, mas um derivado de sua experiência traumática e exclusiva com o modelo da cultura ouvinte.

Ótimo esse texto!

Ernesto Behres mostra detalhadamente e claramente que a surdez não é defi nida por um aspecto biológico, mas por fatores psicológicos e sociais, que infl uenciam em seu comportamento, forma de ver e perceber o mundo.

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Agora você está pronto para receber as próximas informações sem o perigo de confundir o surdo como um mero individuo sem audição.

Causas da Surdez:

A surdez pode ser adquirida de várias maneiras, selecionamos as causas mais comuns para estudarmos:

• Anomalias

Temos como exemplo a Síndrome de Waardenburg que causa anomalias da face, Albinismo e sur-dez. A idade paterna avançada parece ser um dos fatores responsáveis pela mutação.

Característica: deslocamento lateral dos cantos internos dos olhos, hiperplasia da porção medial do supercílios,base nasal proeminente, e alargada, pigmentação a íris e da pele, surdez congênita, mecha branca frontal.

• Sífi lis

É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema Pallidum adquirida por contato sexual com pessoa contaminada, por beijo ou por transfusão de sangue.

Quando não tratada pode progredir, tornando-se crônica e com manifestações sistemáticas. Mani-festa-se em três fases: primária, secundária e terciária. As características mais marcantes da infecção são apresentadas durante os dois primeiros estágios.

Sintomas:

1º estágio – pequenas vesículas avermelhadas indolores, chamado “cancro”, aparecem na região próxi-ma aos genitais. As vesículas aparecem 10 dias a 3 meses após o contágio, prolongando de 1 até 8 semanas.

2º estágio - os sintomas são semelhantes aos de um resfriado, febre, dor de cabeça, corpo dolorido.

O diagnóstico é feito pelo médico através da avaliação clinica .quanto as formas de contaminação e exame de sangue.

Tratamento: é feito à base de penicilina oral e injetável.

• Defi ciência na nutrição materna

Uma alimentação desequilibrada pode causar sérios problemas para a mulher grávida e consequen-temente para o bebê. Uma alimentação equilibrada baseado em frutas, legumes, hortaliças e pouca carne é o ideal para todas as pessoas, principalmente para as futuras mamães.

NÃO ESQUEÇA: COMER MUITO NÃO É COMER BEM.

• Diabetes

Diabetes mellitus é um gupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia ( aumento dos níveis de glicose no sangue), resultado de defi ciencias na secreção de insulina, em sua ação ou ambos. Trata-se de uma doença complexa, na qual coexiste um transtorno global do metabolismo dos carboidra-tos, lipidios e proteínas.

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Existe 3 tipos de diabetes: Mellitus tipo 1, Mellitus tipo 2 e Mellitus gestacional.

• Rubéola

A rubéola ou rubela é uma doença infecciosa causada pelo vírus da rubéola Togavírus.

Transmissão: vias respiratórias

É uma doença geralmente benigna, mas pode causar más formações no embrião em mulheres grá-vidas, parto prematuro, surdez e más formações congênitas.

Sintomas

O período de incubação do vírus é de 15 dias e os sintomas são parecidos com os da gripe: dor de cabeça, dor ao engolir, dor de cabeça, dores musculares, coriza, aparecimento de gânglios (ínguas), febre, manchas avermelhadas inicialmente no rosto depois se espalha por todo o corpo.

• Citomegalovirus

É um vírus herpes que predomina em regiões carentes, com poucos recursos, educação e higiene.

As formas de transmissão incluem: relação sexual, agulhas para injeção de drogas, transfusão de sangue.

• Anoxia

Anoxia é a diminuição de oxigenação. Se for prolongada, pode ocorrer uma lesão cerebral ou até matar. Este é um dos riscos ao nascimento e a principal causa de defi ciências mentais em crianças, po-dendo também causar surdez.

Pode ser causada por uma parada cardíaca.

• Prematuridade

O bebê é considerado prematuro se nascer antes das 37 semanas de gestação. A depender de sua idade os fatores de riscos aumentam ou dimi-nuem, podendo necessitar de diversos tipos de cuidados.

• Traumas do parto

Temos um exemplo que é o parto de fórceps, é um parto normal, no qual se utiliza um instrumento cirúrgico semelhante a uma colher, que é colocado no canal vaginal, ajustando-se nos lados da cabeça do bebê para ajudar o obstetra a retirá-lo do canal de parto.

Este tipo de ação praticamente não se é mais usada, mas muitas pessoas adultas têm surdez devido a esse tipo de procedimento.

• Drogas ototoxicas

São medicamentos que afetam o ouvido interno e cóclea, que são responsáveis pela audição e equilíbrio.

• Encefalite

São infl amações agudas no cérebro, podendo ser causadas por in-fecção viral ou bacteriana como meningite bacteriana, ou pode ser uma complicação de outras doenças infecciosas como raiva ( vira ) ou sífi lis ( bacteriana). Acontece em certas infestações parasitas e protozoárias, como toxoplasmose, malária ou meningoencefalite amoébica primária, e também pode ocorrer encefalites em pessoas com sistema imune com-prometido. Essa lesão empurra o cérebro contra o crânio, podendo con-duzir à morte.

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• Meningite

É uma infl amação das meninges – membranas que recobrem e protegem o cérebro. Ela pode ser viral, adquirida depois de uma gripe ou doença causada por vírus, ou de origem bacteriana, normalmente mais branda.

Uma das bactérias é a meningococo que pode ser transmitida pelo ar. Outra forma de contagio é o contato com a saliva de um doente. A bactéria entra pelo nariz e aloja-se no interior da garganta. Em seguida vai para corrente sanguínea, percorrendo pelo cérebro ou difusão pelo corpo, causando uma infecção generalizada.

Sintomas:

Em bebês de até um mês – irritabilidade, choro em excesso, febre, sonolência e a moleira fi ca estu-fada, como se houvesse um galo na cabeça da criança.

Acima dessa idade - A criança tem difi culdades de movimentar a cabeça.

A partir dos cinco anos – Febre, rigidez da nuca, dor de cabeça e vômitos em jato.

• Traumas no crânio encefálico

O traumatismo craniano é um dos maiores causadores de morte no mundo. A depender do local onde for a pancada, pode vir causar a surdez.

• Sarampo É uma doença causada pelo vírus do sarampo e sua transmissão

é por via respiratória. Essa doença, em alguns paises, ainda é a causa de muitas mortes de crianças, por motivo de falta de vacinação em massa.

Sintomas:

Febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia, manchas branca na mucosa da boca, depois surgem manchas avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e progredindo em direção aos pés, durante pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem de aparecimento.

• Caxumba

É uma doença virótica, de transmissão respiratória, causada pelo vírus da caxumba.

Sintomas: Geralmente são bem discretos ou ausentes, quando ocorre os sintomas geralmente são, febre e aumento das glândulas salivares, podendo ocorrer um comprometimento com o sistema nervoso central, testículos, ovários, pâncreas e a surdez temporária ou permanente.

• Ruídos fortes

O ruído intenso, sons acima de 75 dB, é a causa mais freqüente da surdez.

A exposição constante a sons de: máquinas industriais, armas de fogo, motocicletas, máquinas de cortar grama, britadeiras, músicas em volume alto, estouro de foguetes, podem causar danos ao ouvido interno causando a surdez.

• Icterícia ou hiperbilirrubina

È causada pela concentração, anormal e alta de bilirrubina no sangue.

Os glóbulos vermelhos velhos, danifi cados ou anormais são extraídos da circulação principalmen-te pelo baço. Durante esse processo, a hemoglobina (proteína dos glóbulos vermelhos que transporta o oxigênio) transforma-se num pigmento amarelo chamado bilirrubina. A bilirrubina chega ao fígado através da circulação e ali é quimicamente alterada para depois ser excretada para o intestino como um componente da bílis.

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Na maioria dos recém nascidos, a concentração de bilirrubina no sangue normalmente aumenta de forma transitória durante os primeiros dias posteriores ao nascimento, motivo pelo qual a pele está amarelada ( icterícia).

• Baixo peso

A criança que nasce com menos de 2500g é considerada com baixo peso, que pode ser por conse-qüência do nascimento prematuro e da qualidade de crescimento fetal intra-uterino.

PREVENÇÃO

Estima-se que uma em cada mil crianças nasce com surdez profunda. Várias outras nascem com um grau menor de surdez e outras adquirem com o passar dos anos.

Existe um consenso entre os profi ssionais, de que o período mais importante para o desenvolvi-mento da linguagem no indivíduo é o dos três primeiros anos de vida.

A diminuição de audição ou a surdez propriamente dita, principalmente nos primeiros anos de vida, pode levar a criança a distúrbios no desenvolvimento social, cognitivo e familiar devido à difi culdade de comunicação.

Então a prevenção é o melhor caminho a percorrer para se evitar tantos transtornos.

Como prevenir a surdez?

Vacinas

Já existem vacinas que as mulheres podem tomar antes de engravidar, como por exemplo: vacina contra rubéola e após o nascimento a criança deve tomar vacinas contra :sarampo, caxumba, meningite tipo B e C.

Vacina anti- rubéola pode ser dada em mulheres de 15 aos 35 anos e crianças dos 15 meses aos 15 anos, a rubéola é uma grande vilã pois é a causadora de vários casos de surdez, na gravidez a mulher infectada pela rubéola pode vir a conceber um bebê com problemas auditivos.

Vacina anti - sarampo é indicado para todas as crianças que não tiveram a doença ou para aquela com dúvidas a respeito. Ela pode ser vacinada após o 9º mês de vida.

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Vacina anti – caxumba ou papeira, deve ser aplicada a partir dos 12 meses de idade.

Existe a vacina tríplice viral que é a combinação das vacinas contra sarampo, rubéola e caxumba que deve ser aplicada a 1ª dose aos 12 meses de idade e a 2ª dose aos 4 ou 5 anos de idade.

Vacina anti – meningite a partir de 2 meses de idade.

Aconselhamento médico e pré- natal

Fazer um bom pré – natal é o melhor caminho para a gestante percorrer durante os 9 meses , o mé-dico orientará quanto à nutrição e possíveis doenças como: sífi lis e a toxoplasmose que causam a surdez. O médico também pode vir ajudar a prevenir o nascimento prematuro da criança. todo o acompanhamento e monitoramento do bebê e da mãe durante o processo de gestação é de fundamental importância.

Aconselhamento genético

A consangüinidade entre os pais é um fator genético de grande risco para o bebê que irá nascer. Antes de engravidar, é de fundamental importância que o casal faça uma consulta com um médico geneticista.

Cuidado ao usar medicamentos

Todo medicamento usado pela gestante ou pelo bebê, seja ela de ingestão a pomada, deve passar pela autorização prévia do médico e pelo bom censo da leitura da bula do remédio. O uso de medicamen-tos ototóxicos é perigoso para o indivíduo de qualquer idade.

Uso da camisinha

A relação sexual fazendo uso da camisinha, é o cuidado básico para se evitar doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) como a Herpes e Sífi lis que causa a surdez e outros males.

Evitar barulhos

Evitar freqüentar ambientes barulhentos e o uso de fones de ouvido com o som em volume alto.

TRATAMENTOS

Cientifi camente, para a surdez não há cura. O indivíduo pode prevenir e/ou tratar as doenças que podem vir a causar a surdez.

Toda criança ao nascer deve passar por um exame audiológico, pois quanto mais precoce o diag-nostico da surdez, mais rápido será o encaminhamento correto.

As famílias em geral, ao perceberem que o fi lho tem problemas auditivos, são encaminhadas ao fonoaudiólogo.

Segundo Davis e Silvermann (1970)

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Para o educador essas informações são de grande valor, pois conduzirá suas aulas de acordo com as necessidades lingüísticas do educando, por exemplo:

Um estudante com surdez leve a metodologia de ensino é bem diferente de outro estudante com surdez severa ou profunda.

Para você entender melhor, ilustraremos a tabela acima com alguns exemplos práticos:

Perda leve - Capta a voz humana e escuta sons, desde que estejam um pouco mais alto.

Perda moderada – Não escuta bem ao telefone, troca muitas vezes a palavra que ouviu por outra foneticamente parecida. Ex: pão/cão, gato/pato; numa conversação sempre pergunta varias vezes “hem”?

Perda severa – Escuta som forte como: latido do cão, avião, caminhão, serra elétrica, mas não é capaz de ouvir a voz humana sem o aparelho auditivo.

Perda profunda – Escuta apenas sons graves que transmitem vibrações ( helicóptero, avião, trovão).

CURIOSIDADE

Conheça o nosso aparelho auditivo

Nosso ouvido é dividido em 3 partes:

Ouvido externo: è formado pelo pavilhão auricular e canal auditivo com a membrana timpânica no fundo do canal

Ouvido médio : estão os três ossículos ( martelo, estribo e bigorna) e a abertura da tuba auditiva.

Ouvido interno: Também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho vestibular (equilíbrio) e cóclea (audição).

Atividade Complementar

Com o reconhecimento e expansão da LIBRAS, a comunidade surda tem ganho espaço nas 1. instituições educacionais e no mercado de trabalho, exercendo diversas funções, e alargando as possibi-lidades de convívio com os ouvintes. E você, conhece algum surdo? Ele fala oralmente ou usa a LIBRAS? Como você se comunica com ele? Relate sua experiência.

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Libras 27

Existem vários níveis de surdez e de acordo com a perda auditiva o surdo apresenta característi-2. cas diferentes. Qual a importância em o educador conhecer os aspectos biológicos da surdez?

A sífi lis é uma doença sexualmente transmissível, e foi citada entre as causas da surdez. Qual a 3. relação entre a surdez e a Sífi lis? Como ela pode levar o indivíduo à surdez?

Quando pensamos em ter um bebê, pode surgir em nossa mente: Será que ele vai nascer per-4. feitinho? Será que há possibilidade de nascer com alguma defi ciência? Ao surgir esses questionamentos, que profi ssional devemos procurar? Justifi que sua resposta.

ESTUDO DE CASO5.

Caso 1

Marta, 25 anos, perdeu a audição aos 8 anos devido ao uso de medicamentos ototoxicos. Desde que a família percebeu a difi culdade auditiva da fi lha mais velha, encaminharam imediatamente à um profi ssional em fonoaudiologia, em que mantém o acompanhamento até hoje. Ela usa constantemente o aparelho auditivo, pois sem ele não consegue ouvir a voz das pessoas, ouvindo somente sons fortes como o barulho do avião. Possuindo uma vida normal, Marta ajuda o pai no mercadinho da família durante o dia e à noite faz cursinho pré – vestibular.

Caso 2

Antonio nasceu surdo devido à mãe ter adquirido rubéola durante a gravidez. Hoje aos 27 anos, não articula uma única palavra e ouve somente sons fortes como o barulho do trovão. Lidera a associação de surdos da sua cidade e trabalha como instrutor de LIBRAS em uma escola. Ano passado, após repetir vários anos, conseguiu concluir o ensino médio que exibe para todos com muito orgulho o seu diploma.

Analise os casos acima:

a) Qual a causa da surdez de Antonio? Explique o período natal que ocorreu.

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b) Identifi que a classifi cação da surdez de Marta, especifi cando a média da perda auditiva.

c) O que os casos 1 e 2 tem em comum? Faça um comentário retirando trechos do texto para jus-tifi car sua resposta.

ASPECTOS PEDAGÓGICOS

LÍNGUA E LINGUAGEM

Há alguns anos atrás os surdos eram considerados como pessoas não ensináveis. Posteriormente, após várias pesquisas, descobriu-se que o problema não estava no individuo surdo e sim na metodologia de ensino inadequada. Hoje em dia não se considera somente o aspecto biológico, mas também princi-palmente o aspecto lingüístico e cultural dos surdos.

O domínio da escrita assim como da língua falada, não ocorrem de forma natural para as pessoas surdas. A língua que eles absorvem e utilizam de forma natural é a língua de sinais, sua 1ª língua (L1), pois todo o seu processo cognitivo, pensamentos, sonhos são construídos e constituídos por imagens e movi-mentos. Em nosso país, para os surdos, considera-se a língua portuguesa como 2ª língua (L2), assim como o inglês ou espanhol seria para os ouvintes brasileiros. As línguas chamadas L2, precisam de recursos e metodologias apropriados para seu ensino – aprendizagem, tendo como base a L1 do indivíduo.

Quando não aceitamos a língua de alguém, não o estamos aceitando. Quando não aceitamos o uso da Língua de Sinais, implicitamente declaramos que não estamos aceitando o indivíduo surdo, este terrível erro acontece pela falta de conhecimento da cultura surda e de sua língua. No ambiente escolar, ao utili-zarmos a L1 dos surdos como base para comunicação, ensino da L2, demais conteúdos e avaliação, ob-servamos que seu processo de aprendizagem ocorre naturalmente tanto quanto os educandos ouvintes.

Estamos falando tanto em língua, mas...

Você sabe a diferença entre Língua e Linguagem?

Observe bem a diferença!

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LÍNGUA

Sistema abstrato de regras gramaticais.

Segundo Matoso Câmara Junior - “Em seu sentido primário é o nome do órgão mais importante do aparelho fonador. Daí, por metonímia a fi xação do outro sentido paralelo, para designar o sistema de sons vocais e sinais, por que se processa numa comunidade humana o uso da linguagem”.

Ex: Língua Portuguesa, Língua Francesa, LIBRAS, ASL (Língua Americana de Sinais)

LINGUAGEM

Sistema de comunicação natural ou artifi cial, humana ou não. É qualquer e todo sistema de signos ( conceitos ) que servem como meio de comunicação de idéias ou sentimentos através de signos conven-cionais, sonoros, gráfi cos e gestuais, podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil, ou, ainda, outras mais comple-xas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, idéias, signifi cados e pensamentos. Por exemplo: Linguagem dos golfi nhos, linguagem falada, linguagem escrita, desenhos, fotos, mímica. inglês, português, LIBRAS.

CONCEITOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

“(...) respeitar a pessoa surda e sua condição sociolingüística implica considerar seu desen-volvimento pleno como ser bicultural a fi m de que possa dar-se em um processo psicolingüístico normal”. (SKLIAN et al.,1995 p.16)

Atenção

Antes de falarmos sobre o início da educação de surdos no brasil, vamos conhecer o que ocorreu na educação especial dos outros paises .

Durante o século XVIII, na Europa, surgiram duas tendências distintas na educação dos surdos: O gestualismo, ou método francês, e o oralismo, chamado de método alemão. Os surdos e alguns professo-res ouvintes como Alexander Graham Bell, nos EUA, preferiam o metodo francês (gestualismo), mas os professores ouvintes, em sua maioria, apoiavam o método oralista alemão.

No Congresso de Veneza, em 1872, decidiu-se o seguinte:

• O meio humano para a comunicação do pensamento é a língua oral;

• Se orientados, os surdos lêem os lábios e falam;

• A língua oral tem vantagens para o desenvolvimento do intelecto,da moral e da lingüística.

Em 1880, exatamente 8 anos após o congresso de Veneza, houve o congresso de Milão, conside-rado o marco da decadência da educação dos surdos, lá um grupo de ouvintes, sem a participação dos surdos, tomaram a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo. Devido à isso, o oralismo foi adotado como base da educação de surdos durante o fi m do século XIX e grande parte do século XX.

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O congresso durou 3 dias, nos quais foram votadas 8 resoluções:

1.O uso da língua falada, no ensino e educação dos surdos, deve preferir-se à língua gestual;

2.O uso da língua gestual em simultâneo com a língua oral, no ensino de surdos, afeta a fala, a lei-tura labial e a clareza dos conceitos, pelo que a língua articulada pura deve ser preferida;

3.Os governos devem tomar medidas para que todos os surdos recebam educação;

4.O método mais apropriado para os surdos se apropriarem da fala é o método intuitivo (primeiro a fala depois a escrita); a gramática deve ser ensinada através de exemplos práticos, com a maior clareza possí-vel; devem ser facultados aos surdos livros com palavras e formas de linguagem conhecidas pelo surdo;

5.Os educadores de surdos, do método oralista, devem aplicar-se na elaboração de obras específi -cas desta matéria;

6.Os surdos, depois de terminado o seu ensino oralista, não esqueceram o conhecimento adquirido, deven-do, por isso, usar a língua oral na conversação com pessoas falantes, já que a fala se desenvolve com a prática;

7.A idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre os 8-10 anos, sendo que a criança deve permanecer na escola um mínimo de 7-8 anos; nenhum educador de surdos deve ter mais de 10 alunos em simultâneo;

8.Com o objetivo de se implementar, com urgência, o método oralista, deviam ser reunidas as crianças surdas recém admitidas nas escolas, onde deveriam ser instruídas através da fala; essas mesmas crianças deve-riam estar separadas das crianças mais avançadas, que já haviam recebido educação gestual, afi m de que não fossem contaminadas; os alunos antigos também deveriam ser ensinados segundo este novo sistema oral.

Após o congresso de Milão, praticamente o ensino da língua gestual foi extinguido das salas das es-colas européias , professores surdos foram demitidos e o oralismo espalhou-se para outros continentes.

A educação de surdos no Brasil teve seu início em 1857 com a fundação do INES – Instituto Na-cional de Educação de Surdos / Rio de Janeiro, por Ernest Huet, um professor francês surdo que veio a convite de D. Pedro II. Assim como os outros países, o Brasil recebeu uma forte infl uência das resoluções do Congresso de Milão durante muitas décadas. Mesmo a comunicação gestual sendo proibida, nunca deixou de existir. Os alunos surdos nos corredores, fora da instituição, escondidos dos olhares de profes-sores e familiares, usavam os sinais para comunicar-se, ganhando força e estrutura. Hoje, a comunicação gestual dos surdos tornou-se uma língua reconhecida e com uma rica gramática, a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, é usada por todos os surdos Brasileiros.

No que diz respeito à abordagem educacional a ser adotada, atualmente não existe, mesmo em nível mundial, um consenso sobre isso. Isoladamente, no entanto, países como a Venezuela apresentam uma política governamental ofi cial, que dirige a fi losofi a educacional adotada em todas as suas escolas. A despeito de qualquer benefício que este tipo de postura possa trazer, cria-se uma camisa de forças, onde a educação perde toda a fl exibilidade necessária para de fato formar as pessoas. Mais uma vez, mas de for-ma (mal) disfarçada, estamos diante daquela velha prática que acompanha a humanidade desde sempre: a normalização de todos.

Segundo Goldfeld (1997, p. 30), “a maioria dos países convive com estas diferentes visões sobre o surdo e sua educação, acreditando que a verdade única não existe e, portanto, todas as abordagens seria-mente estudadas devem ter espaço.”.

A educação especial no Brasil foi marcada por quatro modelos educacionais:

Educação Oralista

Sua proposta fundamenta-se na recuperação do “defi ciente auditivo” tendo como parâmetro a lín-gua oral e a cultura ouvinte enfatizando sempre a oralização em termos terapêuticos, fazendo utilização de técnicas para o desenvolvimento da percepção e memória visual e programas de exercício para aumen-tar a habilidade de captação de pistas visuais e auditivas presentes na comunicação (Spinelli, 1979).

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Em sala de aula, todo o processo educacional era realizado na língua oral, o uso da língua de sinais era proibido, em alguns lugares mais radicais até amarravam as mãos dos surdos, batiam em suas mãos, ou eram colocados de castigo de fossem pegos usando sinais. Era uma relação de colonos e colonizador. Com o pas-sar dos anos os profi ssionais da área perceberam que seus alunos não estavam se desenvolvendo como eles objetivavam, principalmente com os alunos de surdez severa e profunda, essas questões levaram aos educa-dores a repensar sobre o método educacional aplicado, levando a educação de surdos a novas mudanças.

Nos dias atuais, o método oralista ainda é utilizado em algumas escolas especiais.

Bimodalismo / Comunicação Total

Na década de 70 surge a proposta educacional que utiliza a língua de sinais como recurso para o ensino da língua oral, caracteriza-se pelo uso simultâneo de sinais e da fala misturando os sinais com a estrutura gramatical da língua portuguesa, que passa a ser chamado de português sinalizado.

A Comunicação Total não é considerada um método de ensino, mas uma fi losofi a e maneira de servir ao surdo, auxiliando na comunicação com os ouvintes. Como essa fi losofi a preocupa-se com a aceitação da surdez e a quebra do bloqueio da comunicação incentivando as diversas formas de comunicação (mímicas, linguagem oral ou escrita, língua de sinais, gestos, desenhos), deu-se então inicio à queda do oralismo.

Surgem surdos líderes, pois com a busca da quebra do bloqueio da comunicação, as informações começaram a chegar ao surdo, o seu desempenho escolar e profi ssional melhorou, as pessoas começaram a se interessar pela língua de sinais, até então conhecida por linguagem dos sinais.

O interprete de língua de sinais começa a ter espaço, pois os surdos começaram a participar das reuniões no trabalho, simpósios, congressos juntamente com os ouvintes, tendo assegurado seu acesso às informações e seu direito de emitir opiniões.

Bilingüismo

Todas as pessoas que usam duas línguas ou dialetos sejam na modalidade escrita ou falada (ou si-nalizada) em sua vida cotidiana são consideradas bilíngües, como é o caso dos surdos que em sua maioria usam a LIBRAS, mas escreve na língua portuguesa.

A educação com bilingüismo é a proposta de ensino que busca tornar acessível à criança surda duas línguas no seu contexto escolar. Os surdos conquistam o direito de serem ensinadas em sua própria lín-gua, as disciplinas são ministradas em LIBRAS e a língua portuguesa escrita e/ou falada é ensinada como L2 com uma metodologia apropriada e em momentos distintos. Percebeu-se que diante deste ambiente de valorização da sua cultura, língua e identidade possibilitou aos surdos um pleno desenvolvimento e compreensão do conteúdo escolar e sua postura diante da sociedade.

Educação Inclusiva

Tem como objetivo incluir os portadores de necessidades especiais no contexto do ensino regular. Esta decisão foi tomada com base na Declaração de Salamanca – Espanha – 1994, os surdos passaram então a freqüentar escolas regulares. A proposta de inclusão social é bastante interessante, mas quando tratamos de uma comunidade com aspectos culturais e lingüísticos diferentes da maioria, faz-se necessá-rio tomar uma série de cuidados, como por exemplo:

• Preparar o professor, alunos e funcionários da escola para receber o estudante surdo.

• O professor deve aprender a língua do seu aluno para comunicar-se com ele, mesmo com a pre-sença do interprete em sala de aula.

• Ter interprete de LIBRAS em sala de aula, sem o interprete será impossível o professor ensinar em duas línguas ao mesmo tempo.

• O professor e a equipe pedagógica precisam estudar sobre a cultura do surdo, como é o seu pro-cesso de aquisição de conhecimentos, para assim organizar as aulas com metodologias e avaliações de forma que atinja surdos e ouvintes.

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Não é uma tarefa fácil, sabemos disso! Mas é necessário, pois caso contrário não alcançará o obje-tivo de incluir e sim excluiremos.

SUPER INTERESSANTE

O texto a seguir faz parte do trabalho de pesquisa sobre a Língua de Sinais, da lingüista Ronice Muller de Quadros e Karnopp, onde abordam os mitos que envolvem a língua de sinais.

Será que você acredita em alguns desses mitos?

MITOS EM RELAÇÃO ÀS LÍNGUAS DE SINAIS

Várias pessoas acreditam em coisas que não necessariamente são verdadeiras. Observamos nos discursos das pessoas que não conhecem os surdos e as línguas de sinais que há uma serie de crenças que não correspondem à realidade. As pessoas pensam essas coisas sobre as línguas de sinais, porque por muitos anos houve idéias a respeito a que foram disseminadas por questões fi losófi cas, religiosas, políticas e econômicas. Talvez você mesmo pense que essas coisas sejam verdadeiras. Não se sinta culpado, pois isso é fruto do desconhecimento. Apesar do impacto dessas concepções, as pesquisas avançaram muito e nos mostraram que tais concepções são equivocadas. Estaremos, portanto, apresentando evidências para desmistifi car tais idéias.

MITO 1 - A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos.

DESMISTIFICAÇÃO: Tal concepção está atrelada à idéia fi losófi ca de que o mundo das idéias é abstrato e o mundo dos gestos é concreto. O equivoco desta concepção é entender sinais como ges-tos, na verdade os sinais são palavras apesar de não serem orais auditivas. Os sinais são tão arbitrários quanto às palavras. A produção gestual na língua de sinais também acontece como observado nas lín-guas faladas. A diferença é que no caso dos sinais, os gestos também são visuais – espaciais tornando as fronteiras mais difíceis de ser estabelecidas. Os sinais das línguas de sinais podem expressar quaisquer idéias abstratas. Podemos falar sobre as emoções, os sentimentos, os conceitos em línguas de sinais assim como em línguas faladas.

MITO 2 - Haveria uma única e universal língua de sinais usada por todas as pessoas surdas.

DESMISTIFICAÇÃO: Esta idéia está relacionada com o mito anterior. Se as línguas de sinais são consideradas gestuais, então elas são universais. Isto é uma falácia, pois as várias línguas de sinais que já foram estudadas são diferentes uma das outras. Assim como as línguas faladas, temos línguas de sinais que pertencem a troncos diferentes. Temos pelos menos dois troncos identificados, as línguas de origem francesa e as línguas de origem inglesa. Provavel-mente, a nossa língua de sinais pertence ao tronco das línguas de sinais que se originaram na língua de sinais francesas.

MITO 3 - Haveria uma falha na organização gramatical da língua de sinais que seria derivada das línguas de sinais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às línguas orais.

DESMISTIFICAÇÃO: Como as línguas de sinais são consideradas gestuais, elas não poderiam apresentar a mesma complexidade das línguas faladas. Isso também não é verdadeiro, pois em primeiro lugar as línguas de sinais são línguas de fato. Em segundo lugar as línguas de sinais independem das línguas faladas. Um exemplo que evidencia isso claramente é que a língua de sinais portuguesa é de origem inglesa e a língua de sinais brasileira é de origem francesa, mes-mo sendo o português a língua falada nos respectivos países, ou seja, Portugal e Brasil. Como essas línguas de sinais pertencem a troncos diferentes elas são muito diferentes uma da outra. É claro que não podemos negar o fato de ambas as línguas estarem em contato principalmente entre os surdos letrados. O que se observa diante deste contato é que, assim como observado que entre línguas faladas em contato, existem alguns empréstimos lingüísticos. Para, além dis-so, as línguas de sinais não têm relação com a língua falada do seu país. Elas são autônomas e

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apresentam o mesmo estatuto lingüístico identificados nas línguas faladas, ou seja, dispõem dos mesmos níveis lingüísticos e são tão complexas quanto às línguas faladas.

MITO 4 – A língua de sinais seria um sistema de comunicação superfi cial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e lingüisticamente inferior ao sistema de comunicação oral.

DESMISTIFICAÇÃO: Como as línguas de sinais são tão complexas quanto às línguas fa-ladas, esta afi rmação não procede. Nós já vimos que a língua de sinais podem ser utilizadas para inúmeras funções identifi cadas na produção das línguas humanas. Você pode usar a língua de sinais para produzir um poema, uma história, um conto, uma informação, um argumento. Você pode per-suadir, criticar, aconselhar, entre tantas outras possibilidades que se apresentam ao se dispor de uma língua. Assim, a língua de sinais não é inferior a nenhuma outra língua, mas sim, tão linguisticamente reconhecida quanto qualquer outra coisa.

MITO 5 – As línguas de sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes.

DESMISTIFICAÇÃO: A idéia de que as línguas de sinais seja gestual também reaparece neste mito. As pessoas pensam que as línguas de sinais são de fácil aquisição por estarem direta-mente relacionados ao sistema gestual utilizado por todas as pessoas que falam uma língua. Como isso não é verdade, as línguas de sinais são tão difíceis de ser adquiridos quanto quaisquer outras línguas. Precisamos anos de dedicação para aprender a língua de sinais, mas com base neste mito, as pessoas pensam que sabem a língua de sinais por usarem alguns gestos e alguns sinais que aprendem nas aulas de línguas de sinais.a comunicação gestual é usada exclusivamente é extrema-mente limitada, pois torna inviável a comunicação relacionadas com questões abstratas. Assim, você vai precisar da língua de sinais para comunicar estas idéias. È verdade que você pode comu-nicar algumas coisas utilizando apenas gestos assim como você faz quando chega em um país em que é falada uma língua desconhecida por você. Mas, também é verdade que você estará limitado à identificação direta entre o gesto e sua intenção, sem poder entrar em níveis de detalhamento necessário para transcorrer sobre um determinado assunto. Para transcorrer sobre um determina-do assunto qualquer, você vai precisar de uma língua. No caso de comunicação com surdos , você vai precisar da língua de sinais.

MITO 6 – As línguas de sinais por serem organizadas espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento de informação espacial, enquanto que o esquerdo pela linguagem.

DESMISTIFICAÇÃO: As pesquisas com surdos apresentando lesões em um dos hemis-férios apresentam evidencias de que as línguas de sinais são processadas lingüisticamente no hemisfério esquerdo da mesma forma que as línguas faladas. Existe sim uma diferença que está relacionada com informações espaciais, pois estas, além de serem processadas no hemisfério es-querdo com suas informações lingüísticas , são também processados no hemisfério direito.quanto às suas informações de ordem puramente espacial. Assim, parece haver um processamento até mais complexo do que observado em pessoas que usam a língua de sinais. As investigações con-cluem que as línguas de sinais é um sistema, que faz parte da linguagem humana, processado pelo hemisfério esquerdo e no hemisfério direito.

“Educar é ser um artesão da personalidade, um poeta da inteligência, um semeador de idéias”

(Augusto Cury- Pais brilhantes e Professores fascinantes)

Reflita

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INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS

“Nas mãos de seus mestres, a Língua de Sinais é extraordinariamente bela e expressiva, um veículo para o qual nem a ciência nem a arte produziu um substituto à altura. Aqueles que não a entendem falham em perceber as suas possibilidades para os surdos, sua poderosa infl uencia sobre o moral e a felicidade social daqueles que são privados da audição, e seu admirável poder de conduzir o pensamento a mentes que, de outro modo, estariam em perpétua escuridão. Tampouco podem avaliar o poder que ela tem sobre os surdos. Enquanto houver dois surdos sobre a face da terra e eles se encontrarem, haverá sinais.”

J. Schuyler Long ( 1910). The Sign Language.

Todos sentem necessidade de entender e ser entendidos. A base para uma boa comunicação com o surdos é, logicamente, o contato visual. O nível de conhecimento da LIBRAS entre as partes envolvidas na conversação , defi nirá a qualidade da comunicação.

Por vezes por desconhecer a cultura surda, cometemos alguns deslizes que pode prejudicar a nossa comuni-cação com o indivíduo surdo. Pensando nisso preparamos algumas dicas para uma boa interação com o surdo:

1 – Quando duas pessoas conversam em LIBRAS é considerado rude desviar o olhar interrompen-do o contato visual;

2 – Para chamar a atenção do surdo quando estiver longe, NÃO GRITE, pois não vai adiantar nada. Deve-se acenar com os braços tentando chamar sua atenção, se tiver alguém próximo dele pode pedir para chamá-lo tocando-o. Se estiver proximo à você, é bom dar um leve toque no ombro ou no braço. A depen-der da situação , pode-se dar umas batidinhas no chão ( se for de madeira melhor), ou fazer piscar a luz. Nunca empurre-o, ou jogue objetos para chamar sua atenção, isso irritaria qualquer pessoa, não é verdade?

3 – Procurar usar a LIBRAS com naturalidade e fl uência, não é uma tarefa fácil, mas com a convi-vência com os surdos, treino e esforço você consegue.

4 – Nunca chame o surdo de mudinho, ou lhe dê apelidos.

5 – Se o surdo for oralizado, posicione-se em sua frente e nunca atrás, fale de forma natural procu-rando pronunciar bem as palavras sem exageros na sua articulação. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossivel a leitura labial. Usar bigodão também atrapalha.

6 – Não precisa falar alto, ou fazer gestor exagerados.

7 – Se o surdo oralizado estiver falando alto, de forma delicada e expressão facial gentil, você pede para ele falar mais baixo.

8 – Quando o surdo fi zer algo errado ou se ele estiver fazendo barulho como: arrastando cadeira, rindo alto, gritando, chame sua atenção mostrando a forma correta de se comportar.

9 – Os professores devem procurar falar de frente para o aluno surdo, e ao escrever no quadro tomar cuidado para não tapar a visualização do texto escrito.

10 – Evitar fi car contra a luz ( de uma janela por exemplo) , pois isso difi culta a visualização das mãos e do rosto.

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11 – Quando o surdo estiver acompanhado por um interprete, fale diretamente à ele e não ao interprete.

12 – Se não entender o que o surdo falou, seja em LIBRAS ou oralmente, nunca minta dizendo que entendeu, é melhor pedir para ele repetir.

Os surdos são pessoas que têm sentimentos , receios, direitos e sonhos como todos nós. Se ocor-rer alguma situação embaraçosa, uma boa dose de gentileza, sinceridade e bom humor nunca falham.

“ A Linguagem de Sinais é o verdadeiro equipamento da vida mental do surdo; ele pensa e se co-munica apenas por este meio, ele recebe por este mesmo meio os conceitos e as idéias(...). Ela(...) precede qualquer outra linguagem e , abrindo caminho para o pensamento,permite ao surdo aprender a palavra e a própria idéia de linguagem. A língua de sinais um meio indispensável de comunicaçõ entre o professor e o aluno, e é de enorme valia em sala de aula para a explicação de conceitos e palavras. Ela não apenas abre caminho para o ensino inicial , como também oferece um apoio contínuo para o processo de orien-tação e explicação”.

Otto F. Kruse( 1853). Sobre Surdos, educação de surdos, e instituições para surdos juntamente com notas de meu diário de viagem.

VAMOS APRENDER LIBRAS?

Ufa! Finalmente chegamos à parte prática do módulo.

Este é um momento muito especial, pois faremos con-tato com a língua de sinais propriamente dita, veremos o alfa-beto manual, alguns sinais básicos e iniciaremos o estudo da gramática da LIBRAS com os seus parâmetros.

Você está preparado?

Então, mãos à obraaaa!

ALFABETO MANUAL

O alfabeto manual, é a representação das letras do alfabeto das línguas orais. Cada língua de sinais tem o seu próprio alfabeto.Veremos a seguir o alfabeto manual brasileiro.

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Agora tente fazer o seu nome completo no alfabeto manual.

E aí, conseguiu? Se não, tente mais uma vez, o importante é não desistir. Você pode treinar com um colega, escrevendo frases para ele ler, depois vocês trocam, ou pode fazer as palavras em frente ao espelho, esses exercícios são muito bons para ganharmos agilidade na execução e leitura da dactilologia.

OS SINAIS

A Língua de Sinais é a língua natural dos surdos, é de modalidade gestual visual ou espaço - visual, pois sua informação lingüística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos. Ela não é universal como muitos pensam cada país tem sua própria língua de sinais, aqui no Brasil, por exemplo, os surdos usam a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais e nos Estados Unidos usam a ASL - American Sign Language.

As LS, conforme um considerável número de pesquisas contém os mesmos princípios lin-güísticos que as línguas orais, pois tem um léxico (palavras ou sinais) e uma gramática. Com ela podemos falar qualquer assunto desejado, como: poesias, amor, filosofia, piadas, teatro, matemá-tica, histórias e muito mais.

Os primeiros estudos linguisticos sobre as linguas de sinais foram feitas por Willian stokoe (1960), ele revolucionou a linguistica da época apresentando uma análise no nível morfologico e fonologico da ASL, pois até então as línguas de sinais não eram reconhecidadas como língua de fato. Aqui no Brasil há instituições como o INES ( Instituto de Educação de Surdos), FENEIS (Federação Nacional de Educa-ção e Integração de Surdos) e alguns linguistas que se dedicam ao estudo da língua de Sinais.

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Os sinais da LIBRAS são compostos por cinco parâmetros:

1. CONFIGURAÇÃO DE MÃOS – CM

È a forma que a mão assume durante a articulação do sinal. Conforme Ferreira Brito, a LIBRAS apresenta 46 CMs, um sistema bastante similar àquele da ASL, embora nem todas as línguas de sinais partilhem o mesmo inventário de CMs.

A CM pode permanecer a mesma durante a articulação de um sinal, ou passar de uma confi guração para outra. Quando há mudança na confi guração de mão, acorre movimento interno da mão – essencial-mente mudança na confi guração dos dedos selecionados.

2. PONTOS DE ARTICULAÇÃO

È aquela área no corpo, ou no espaço de articulação defi nido pelo corpo, em que ou perto da qual o sinal é articulado.

Na LIBRAS, assim como em outras Línguas de Sinais até o momento investigadas, o espaço de enunciação é uma área que contém todos os pontos dentro do raio de alcance das mãos em que os sinais são articulados.

Dentro desse espaço de enunciação, pode-se determinar um número fi nito (limitado) de pontos, que são denominados pontos de articulação. Alguns mais precisos, tais como a ponta do nariz, e outros são mais abrangentes, como a frente do tórax ( Ferreira Brito e Langevin, 1995). O espaço de enunciação é um espaço ideal, no sentido de que se considera que os interlocutores estejam face a face. Pode haver situações em que o espaço de enunciação seja totalmente reposicionado e/ou reduzido; por exemplo, se um enunciador A faz sinal para B, que está à janela de um edifício, o espaço de enunciação será alterado. O importante é que, nessas situações, os pontos de articulação têm posições relativas àquelas da enunciação ideal.

3. MOVIMENTO DA MÃO

O movimento é defi nido como um parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso e os movimentos de direcionais no espaço (KLIMA E BELLUGI 1979) ou simplesmente pode não ter movimento.

4. ORIENTAÇÃO DAS MÃOS

Orientação é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal. Ferreira Brito ( 1995, p.41) enumera seis tipos de orientação da palma da mão na LIBRAS: para cima, para baixo, para o corpo, para a frente, para a direita, para esquerda.

5. EXPRESSÃOES NÃO MANUAIS:

È o que chamamos de expressão facial e corporal. As Expressões não-manuais (movimento da face, dos olhos, da cabeça ou do tronco) prestam-se a dois papeis nas línguas de sinais: marcação de cons-trução sintática( ex: interrogações, exclamações) e de sinais específi cos ( ex: sexo, roubar).

SINAIS DA LIBRAS

Selecionei alguns sinais básicos para treinarmos, existem muitos outros,

mas com esses que estaremos aprendendo lhe dará condições de estabelecer uma comunicação básica com o surdo, pois afi nal estamos falando de uma língua rica que envolve incontáveis palavras e expressões.

É importante lembrar que as línguas de sinais obedecem a parâmetros, lembra?

1 - Confi guração das mãos

2 - Ponto de articulação

3 - Movimento

4 - Orientação ou direção

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5 - Expressões não manuais ou expressão facial e corporal

Como estaremos apresentando os sinais por meio de fi guras, é importante dobrar a atenção quanto ao movimento e orientação, estes estão sendo marcados pelas setas e linhas. E não se esqueçam da ex-pressão facial e corporal, isso que indicará a sua intenção ao receptor.

Estes sinais são do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe de Capovilla e Raphael.

SAUDAÇÕES

BOM DIA! (1)

Expressão usada para saudação de chegada ou partida. Manifestação de desejo de bem estar dirigi-do à aquele que está iniciando suas atividades do dia.

EX: Tenha um bom dia!

Fazer o sinal de BOM e o sinal de DIA ( 2 )

BOM DIA! (2)

EX: Bom dia, vamos tomar o café da manhã?

Fazer o sinal de BOM e o sinal de DESPERTAR ( Mãos em A, palma para a frente a cada lado dos olhos fechados. Abri-las em L, arregalando os olhos.)

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BOM DIA! (3)

EX: Bom dia, colegas! Desejo a todos um bom trabalho!

Fazer o sinal de BOM e o sinal de DIA( Soletrar D,I,A)

BOA TARDE!

Expressão usada no período vespertino para saudação de chegada ou de partida.

Ex: Boa tarde crianças! Vamos começar a aula de musica?

Fazer o sinal de BOM e o sinal de TARDE

BOA NOITE! (1)

Expressão usada para saudação de chegada ou partida no período noturno. Manifestação de desejo de bem-estar dirigido àquele que vai dormir, à noite.

EX: Boa noite, meu fi lho! Durma bem.

Fazer o sinal de BOM e o sinal de NOITE (1)

BOA NOITE! (2)

EX: Vou dormir. Boa noite a todos.

Fazer o sinal de BOM e o sinal de NOITE (2)

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BOA SORTE!

Expressão usada para desejar um bom desempenho,.acontecimentos favoráveis ou felicidade a alguém

Ex. Hoje você vai apresentar um seminário! Boa sorte!

Fazer o sinal de BOM e o sinal de SORTE ( Mãos em L horizontal, palmas para dentro, indicadores inclinados para cima e cruzados. Mover as mãos para os lados opostos).

ATÉ LOGO!

Saudação usada na despedida. Até breve! Até mais ver! Adeus! Tchau!

Mão direita vertical aberta, palma para frente, em frente ao ombro direito. Balançar a mão pelo pulso para a esquerda e para a direita, várias vezes.

OI!

Saudação usada em contextos informais para chamar e para saudar ao início de uma interação.

Ex: Oi! Que bom que você chegou cedo!

Soletrar O e I.

DIAS DA SEMANA

DOMINGO

Primeiro dia da semana, considerado pela maior parte dos cristãos como o dia de descanso e de culto ao Senhor.

Ex: Aos domingos, nós reuniremos a família para o almoço.

Mão direita em D, palma para a esquerda, diante da face. Mover a mão descrevendo um circulo vertical para a esquerda.

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SEGUNDA – FEIRA (1)

Segundo dia da semana iniciada no domingo.

Ex: Dou aula neste colégio todas as segundas-feiras.

Mão em V, palma para dentro. Balançar, ligeiramente, a mão para a esquerda e para a direita.

SEGUNDA – FEIRA (2)

EX: Continuaremos a reunião na próxima segunda-feira.

Mão direita em V, palma para frente, ao lado direito da cabeça. Tocar o lado do dedo indicador na têmpora, duas vezes.

TERÇA – FEIRA (1)

Dia da semana entre a segunda-feira e quarta-feira. Terceiro dia da semana começada no domingo, e segundo dia útil da semana.

Ex: Na terça-feira começa a semana cultural no colégio.

Mão direita em 3, palma para frente, ao lado direito da cabeça. Tocar o lado do indicador na têm-pora duas vezes.

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TERÇA-FEIRA (2)

Ex: A prova foi marcada para terça-feira.

Mão direita em 3, palma para dentro, na altura do ombro direito. Balançar ligeiramente a mão para a esquerda e para a direita.

QUARTA – FEIRA (1)

Quarto dia da semana, a contar de domingo.

Ex: Quarta-feira é o terceiro dia útil da semana.

Mão direita em 4. Balançá-la para esquerda e para direita.

QUARTA – FEIRA (2)

EX: Na quarta-feira haverá reunião para defi nir as metas do projeto.

Mão direita em 4, palma para frente, próxima ao lado direito da cabeça. Bater o lado do indicador direito na testa.

QUINTA – FEIRA (1)

Quinto dia da semana, contando a partir do domingo.

Ex: Na quinta-feira farei um estágio na escola.

Mão direita em 5, palma para frente, próxima ao lado direito da cabeça. Bater o lado do indicador direito na testa.

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QUINTA – FEIRA (2)

Ex: Todas as quintas-feiras tenho aula de inglês.

Mão em 5, altura do ombro direito. Balançar ligeiramente a mão para os lados.

SEXTA – FEIRA (1)

O sexto e penúltimo dia da semana, que se inicia no domingo. Dia da semana que sucede a quinta-feira e antecede o sábado.

Ex: Na sexta feira , inicia-se a fi nal do campeonato.

Mão em 6, na altura do ombro direito. Balançar, ligeiramente, a mão para a esquerda e para a direita.

SEXTA – FEIRA (2)

EX: Iremos ao cinema na sexta-feira, após o trabalho.

Mão direita em X vertical, palma para dentro. Passar o lado do indicador para trás, na bochecha direita, varias vezes.

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SÁBADO

Sétimo e ultimo dia da semana, entre a sexta-feira ( sexto dia) e o domingo ( primeiro dia). Dia consagrado ao descanso entre os judeus e entre adeptos de algumas denominações cristãs.

Ex: Nós achamos que o sábado é um dos dias mais gostosos da semana, pois podemos nos divertir e descansar sem pressa, sabendo que ainda teremos todo o domingo de descanso e lazer pela frente.

Mão direita em S vertical, palma para a esquerda, diante da boca. Abrir e fechar a mão ligeiramente.

TURNOS DO DIA

DIA (1)

Mais usado para quantidade. Espaço de 24 horas.

Ex: Quantos dias faltam para seu aniversário?

Mão direita em D, Palma para frente, tocando a lateral do rosto. Mover ligeiramente a mão para direita.

DIA (2)

Tempo que decorre desde o nascer ao pôr do sol. Claridade que o sol dá à terra.

EX: Hoje será um lindo e longo dia!

Mão direita em D, palma pra a esquerda em frente ao ombro. Mover a mão em um arco para cima e para a direita

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MANHÃ

Período do dia que vai do nascer o sol ao meio-dia.

Ex: Acordo às seis horas da manhã todos os dias.

Mão esquerda horizontal aberta , palma para cima, dedos para a frente; mão direita em 5, palma para a esquerda. Bater as pontas dos dedos direitos, na palma esquerda, virando a palma direita para baixo.

TARDE

Período do dia compreendido entre as 12 horas e o anoitecer. Período vespertino.

Ex: Ao fi nalzinho da tarde, com o anoitecer, surge a estrada vespertina inaugurando a noite.

Mão direita vertical aberta, palma para frente, ao lado direito da cabeça. Mover a mão em um arco para frente e para baixo, fi nalizando com a palma para baixo.

NOITE (1)

Período entre 18:00 horas – ocasião em que o sol normalmente passa a estar baixo no horizonte e em que fi nda o dia legal – e as 6:00 horas do dia seguinte.

Ex: Esta noite será a mais fria do inverno.

Mão esquerda horizontal aberta, palma para baixo, dedos apontando para a direita; mão direita ho-rizontal aberta, palma para baixo, dedos unidos e ligeiramente curvados, palma dos dedos tocando o dor-so da mão esquerda. Mover a mão direita para a frente, encobrindo a lateral do dedo mínimo esquerdo.

NOITE (2)

EX: Hoje à noite nos encontraremos para jantar.

Mãos verticais abertas, palmas para frente, dedos fl exionados, polegares paralelos aos demais de-dos, a cada lado do rosto. Unir as pontas dos dedos de cada mão.

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MADRUGADA

Alvorada. Período noturno anterior ao nascer do sol. Aurora. Ato de madrugar.

Ex: Eles trabalharam a madrugada toda para entregar a encomenda e, ao raiar do sol da alvorada, conseguiram.

Mão direita em A, palma para esquerda, ao lado direito da cabeça. Movê-la em um arco para fren-te e para baixo, distendendo os dedos um a um do polegar ao mínimo. Finalizar com a mão horizontal aberta palma para a esquerda.

FAMÍLIA

FAMÍLIA

Célula familiar matriz elementar composta por esposos e fi lhos. Conjunto de pessoas unidas por laço de parentesco e que vivem ou não na mesma casa. Conjunto de ascendentes, descendentes de uma linhagem. Pessoas que compartilham características genéticas e que tem ou não convivência diária sob o mesmo teto. Descendência, linhagem.

Ex: Aquela criança adotiva ganhou uma nova família.

Mãos em F, palma a palma. Movê-las em um arco para os lados opostos e para frente, fi nalizando com os mínimos tocando-se e as palmas para dentro.

PAI

Homem responsável pela geração de um ou mais fi lhos, em relação a estes. Genitor. Homem colo-cado no primeiro grau da linha ascendente de parentesco.

Ex: As crianças foram passear com o pai no parque de diversões.

Fazer sinal de homem e, em seguida, mão direita horizontal fechada, palma para frente, apontando para a esquerda. Beijar o dorso da mão direita.

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Libras 47

MÃE (1)

Progenitora. Mulher, ou fêmea de animal, que deu à luz um ou mais fi lhos. Relação de parentesco de uma mulher para com os seus fi lhos.

Ex: O fi lho deve honrar o seu pai e à sua mãe, pois eles lhe deram a vida e o amam muito.

Fazer o sinal de MULHER e, em seguida, mão direita horizontal fechada, palma para baixo. Beijar o dorso da mão direita.

MÃE (2)

EX: A mãe amamenta o seu fi lho.

Mão direita horizontal fechada, palma para baixo, próximo à boca. Beijar o dorso da mão direita.

IRMÃO (1)

Filho (a) do mesmo pai e da mesma mãe, ou só do mesmo pai ( de um casamento dele com outra esposa) ou só da mesma mãe ( de um casamento dela com outro marido).

Ex: Meu irmão é dois anos mais velho que eu.

Fazer o sinal de IGUAL/IGUALDADE ( Mão direita em U, palma para baixo. Oscilar os dedos médios e indicador, alternadamente, para cima e para baixo).

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IRMÃO (2)

EX: Sua irmã é muito estudiosa, e ele a tem como modelo de dedicação e empenho.

Mãos em D horizontal, palmas para baixo, indicador para frente, tocando-se pelos lados. Mover as mãos alternadamente para frente e para trás.

FILHO

Descendente masculino ou feminino de um pai e uma mãe, em relação a eles. Descendente natu-ral, em primeiro grau de uma pessoa em relação a ela.

EX: Minha fi lha tem 17 anos e meu fi lho, 12 anos.

Mão direita horizontal aberta, palma para dentro, dedos separados, pontas dos dedos apoiados sobre o peito. Mover a mão para frente, unindo as pontas dos dedos.

SOBRINHO

Filho do irmão ou irmã de seus pais, denominado tio.

Ex: Sou sobrinho mais velho da irmã de meu pai, ou seja, de minha tia.

Mão direita horizontal, palma para baixo, dedos fl exionados, apontando para baixo, polegar tocan-do a palma dos demais dedos. Tocar o dorso do polegar na testa, duas vezes.

TIO/TIA

Relação de parentesco entre o irmão do pai ou da mãe e os fi lhos desse pai ou mãe. Relação de parentesco entre marido da irmã do pai ou da mãe e os fi lhos desse pai ou mãe.

Ex: Meu pai tem dois irmãos, que são os meus tios.

Mão direita em C, palma para a esquerda, lateral do polegar tocando a testa.

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Libras 49

PRIMO

Relação de parentesco entre os(as) fi lhos(as) de irmão ou irmã. Parentesco existente entre os(as) fi lhos(as) de uma pessoa e os(as) fi lhos(as) do irmão ou irmã dela, isto é, os(as) fi lhos (as) dos (as) tios(as).

Ex: Meus primos e eu somos muito amigos.

Mão direita em D horizontal, palmas para baixo, na altura da cintura. Movê-las, alternadamente,para frente e para trás.

VOVÔ/VOVÓ OU VELHO

Pai (ou mãe) do pai (ou mãe). O mesmo que avô (ó).

Ex: Meu avô é italiano e minha avó é portuguesa.

Mão direita em S horizontal, palma para dentro, abaixo do queixo. Tocar a mão sob o queixo duas vezes.

CASAL

Par de pessoas composto de homem e mulher.

Ex: O casal passeava no parque de mãos dadas.

Mão esquerda horizontal aberta, palma para cima, dedos unidos e curvados; mão direita horizon-tal aberta, palma para baixo, dedos unidos e curvados. Unir as mãos pelas palmas e apertá-las.

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CASAMENTO

União legitima e legal, civil e religiosa, entre homem e mulher que, de livre e espontânea vontade e de plena posse de suas faculdades mentais, decidem comprometer-se mutuamente um com o outro como esposos fi eis para constituir família e cuidar dela de modo integral e devotado. Cerimônia solene. Festa nupcial. Ex: O pastor celebrou o casamento do jovem casal enfatizando a importância da comunhão dos espíritos, já que a mera comunhão dos corpos é sabidamente incapaz de manter uma relação verdadei-ramente estável e feliz.

Fazer o sinal de ANEL e o sinal de CASAL.

NOIVAR

Contrair noivado. Período entre namoro e matrimônio, em que são ofi cializado as intenções e o compromisso de casamento entre futuros esposos.

EX: Minha mulher e eu noivamos por três anos até nos casar.

Fazer o sinal de ANEL na mão esquerda

NOIVO

Homem ou mulher que ofi cializou seu compromisso de contrair matrimônio. Homem ou mulher recém casado.

Ex: Ele é noivo há dois anos.

Mão direita vertical aberta, palma para frente. Tocar a ponta do polegar na base do dedo anular, duas vezes.

TEMPO

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Libras 51

PASSADO

O que já ocorreu, anterior, vencido (a), velho (a).

Ex: O ano passado nos deu muitas alegrias

Passado – O tempo que já se foi, tempo passado.

Ex: O passado pertence à memória, assim como o futuro pertence a Deus.

Mão direita vertical aberta, palma para trás, dedos unidos, ao lado direito da cabeça. Dobrar a mão pelo pulso para baixo.

HOJE (1)

No dia em que estamos. No dia corrente. No tempo presente.

Ex: Hoje reinicia-se o rodízio de veículos em São Paulo, o que signifi ca que não podem trafegar os veículos com uma determinada chapa.

Mão direita em D invertido, palma para dentro, indicador apontando para baixo. Mover ligeiramen-te a mão para baixo, várias vezes.

HOJE (2)

EX: Hoje começaremos a reunião mais cedo.

Mão direita horizontal aberta, palma para a esquerda. Mover a mão para baixo, inclinando a palma para cima.

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FUTURO

Que há de vir. Que será ou acontecerá. Que está para ser.

Ex: Meus planos futuros serão conhecidos por todos em breve.

Mão direita em F, palma para esquerda, diante do ombro direito. Mover a mão em um arco para cima e para frente.

ONTEM

No dia anterior ao de hoje.

Ex: Havia muito serviço acumulado e trabalhamos até mais tarde.

Mão direita em L horizontal, palma para baixo, indicador para frente, ponta do polegar tocando a bochecha direita. Girar a mão direita pelo pulso para cima, apontando o indicador para trás.

ESCOLA

ESCOLA

Casa ou estabelecimento em que se ministra ensino de ciências, letras e artes.

Ex: Estas crianças deveriam estar na escola para aprender a ler e escrever.

Fazer o sinal de CASA e o sinal de ESTUDAR.

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Libras 53

DICIONÁRIO

Coleção de vocábulos de uma língua, de uma ciência ou arte, dispostos em ordem alfabética, com o seu signifi cado ou equivalente na mesma ou em outra língua.

Ex: Procure o signifi cado desta palavra no dicionário.

Mão esquerda horizontal aberta, palma para cima, dedos inclinados para a direita; mão direita em D horizontal, palma para baixo. Mover a mão direita sobre a esquerda, dos dedos em direção à base.

ESTUDAR

Aplicar a inteligência ao estudo de. Analisar, examinar detidamente (assunto, obra literária, trabalho artístico etc.)

Ex: O aluno estuda inglês

Mãos horizontais abertas, palmas para cima, inclinadas para dentro, dedos inclinados uns para os outros. Bater duas vezes o dorso dos dedos direitos, sobre a palma dos dedos esquerdos.

DIDÁTICA

O procedimento pelo qual o mundo da experiência e da cultura é transmitido pelo educador ao educando, nas escolas ou em obras especializadas. Conjunto de teorias e técnicas relativas à transmissão do conhecimento.

Ex: É preciso didática para ensinar bem.

Mãos em D, palma a palma. Aproximá-las até que se toquem, duas vezes.

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PROFESSOR

Profi ssional do ensino, que se dedica a ensinar e a oferecer condições para que os estudantes aprendam.

Ex: O professor deve ser tratado com respeito e admiração.

Mão direita em P. Mover a mão em um arco para cima e para a direita

APRENDER

Tomar conhecimento de algo por meio da experiência própria. Ficar sabendo e reter na memória, por meio de observação, experiência ou estudo.

Ex: Não é tão difícil aprender Língua Brasileira de Sinais, desde que se aprenda com um bom professor.

Mão direita em S vertical, palma para a esquerda, tocando a testa. Abrir e fechar ligeiramente a mão, duas vezes.

EDUCAÇÃO

Boas maneiras. Bons modos. Etiqueta. Cordialidade. Polidez. Civilidade. Delicadeza. Cortesia. Treino disciplinar. Boa criação. Formação consciente das novas gerações segundo os ideais de cultura de cada povo.

Ex: As pessoas educadas comportam-se bem em todas as situações.

Braço esquerdo horizontal distendido. Mão em A, palma para baixo; mão direita em L horizontal, palma para baixo, indicador para a esquerda tocando o ombro esquerdo. Mover a mão direita para frente sobre o braço esquerdo até o dorso do pulso.

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Libras 55

ENSINAR

( O sinal parte de quem ensina em direção a quem é ensinado; no exemplo o sinalizador ensina). Ministrar ensino. Transmitir conhecimento. Dar aula.

Ex 1: Ensino matemática.

Ex: 2:Ele é recém formado e já está ensinando.

Mãos verticais, palmas para frente, dedos de cada mão unidos pelas pontas, lado a lado, diante do peito. Movê-las para frente, distendendo e separando os dedos, duas vezes.

ENSINAR-ME

(Ser ensinado: o sinalizador recebe os ensinamentos, ele é ensinado). Ensinar-me. Instruir-me. Educar-me.

Ex: O professor ensinou-me a língua de sinais.

Mãos em O horizontal, palmas para dentro, mão esquerda acima da mão direita, em frente ao cor-po. Movê-las, ligeiramente, para trás, distendendo os dedos, duas vezes.

SALADA DE SINAIS

EU

Pronome pessoal da primeira pessoa do singular. Emprega-se como sujeito ou predicativo.

Ex: Eu sou a pessoa a quem você está procurando, e estou aqui para servi-lo.

Mão direita em 1 horizontal, palma para direita, indicador apontando para trás. Tocar o peito com a ponta do indicador.

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VOCÊ

Tratamento familiar entre pessoas do mesmo nível social ou do superior para o inferior. No Brasil é empregado como segunda pessoa, mas com fl exões verbais e formas pronominais típicas de terceira pessoa.

Ex 1 – Você deve trazer seus documentos ainda hoje.

Ex 2 – Você terá uma grande oportunidade de trabalho gratifi cante.

Mão direita em 1 horizontal aberta, palma para esquerda. Apontar a outra pessoa com quem se está falando.

NÓS

Designa a primeira pessoa do plural dos gêneros masculino e feminino.

Ex: Nós participaremos da escolha do novo coordenador do grupo.

Mão direita em D, palma para dentro e inclinada para a direita, ponta do indicador tocando próxi-mo ao ombro direito. Mover a mão em um arco para a frente e para a esquerda, virando a palma da mão para a direita e tocar a ponta do indicador no lado esquerdo do ombro.

MEU

Designativo de coisa que pertence à pessoa que fala. Que me pertence ou me diz respeito.

Ex: Este é o meu amigo de infância de quem lhe falei.

Mão direita aberta, palma para dentro. Bater palma no peito, duas vezes.

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Libras 57

BOM

Que é adequado e apropriado à função a que se destina. Que tem bondade. De agradável qualida-de. Efi ciente, competente, hábil. Que cumpre rigorosamente os seus deveres. Que gosta de fazer o bem, conforme à justiça , à virtude ou dever. Benéfi co, benévolo. Digno de crédito, garantido, seguro.

EX: Como é bom descansar depois de um dia de trabalho!

Mão direita vertical, palma para dentro, pontas dos dedos unidas em frente à boca. Mover a mão ligeiramente para frente, distendendo e separando os dedos.

OK!

Expressão inglesa usada para indicar aprovação ou concordância. Tudo certo, satisfatório. Sentir-se bem.Estar ou ser adequado.

Ex: Ok! Vou fazer o que você me pediu.

Soletrar O e K.

VER

Avistar, distinguir pela visão. Enxergar. Alcançar ou perceber pelo sentido da visão. Ser espectador ou testemunha ocular de. Presenciar. Observar, notar.

Ex: O pior cego é aquele que não quer ver.

Mão direita em V, palma para frente, na altura do olho direito. Movê-lo para frente.

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TÁXI

Veiculo automotor de praça que conduz os passageiros aonde desejarem mediante apagamento de tarifa, que é calculada automaticamente por meio de um aparelho denominado taxímetro, a partir da quilometragem rodada e do horário da viagem.

Ex: Tomei um táxi para ir ao aeroporto de Congonhas.

Mão esquerda horizontal aberta, palma para dentro, polegar distendido; mão direita vertical aberta, palma para baixo, sobre o dorso dos dedos esquerdos, apontando os dedos para baixo.

DIALOGAR

Dizer ou escrever em forma de dialogo. Ação de conversar com duas ou mais pessoas.

Ex:1 -Os autores dialogaram um verso

Ex 2 – Tentarei dialogar com os congressistas.

Mãos em D, palmas para dentro, diante da boca. Movê-las alternadamente para frente e para trás.

DIARIAMENTE

O que acontece ou repete-se todos os dias.

Ex: Leio o jornal diariamente.

Mão direita em D, palma para frente, ao lado direito da cabeça. Bater o lado do indicador na têm-pora direita, duas vezes.

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Libras 59

DIFERENTE (1)

Que não é semelhante. Desigual. Inexato.

Ex: Apesar de amigos, somos diferentes.

Mãos em R horizontal, palmas para baixo. Mover as mãos para os lados opostos, mudando-as em V horizontal, palmas para cima.

DIFERENTE (2)

EX: Estas palavras têm signifi cados diferentes.

Mão direita em R horizontal, palma para baixo. Movê-la, rápida e ligeiramente, para a direita, sepa-rando o dedo indicador e médio.

DIFICIL

Que não é fácil. Que custa a fazer. Que dá trabalho. Penoso. Árduo.

Ex: A prova de matemática estava muito difícil.

Mão direita em 1 horizontal, palma para baixo, indicador para a esquerda,lado do indicador tocando o lado direito da testa. Mover a mão para o lado esquerdo da testa, curvando e distendendo o indicador, com expressão facial contraída.

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DIVULGAR/ ANUNCIAR

Fazer conhecido. Tornar publico. Apregoar. Difundir.

Ex: Os jornais divulgaram o resultado das pesquisas.

Mãos em Y, palma a palma inclinadas para a frente, pontas dos polegares tocando cada lado do queixo. Mover as mãos diagonalmente para os lados opostos.

DEUS

O ser supremo; Espírito infi nito e eterno, criador e preservador do universo. Ente tríplice e uno, infi nitamente perfeito, livre.

EX: A Bíblia é a Palavra de Deus

Mão direita em D, palma para a esquerda. Movê-la para cima, acima da cabeça.

ÔNIBUS

Veículo para transporte coletivo de passageiros, em circuitos municipais, intermunicipais, interesta-duais e internacionais. Geralmente é movido a diesel ou gás.

Ex: Alguns ônibus circulam pela cidade sempre lotados.

Mãos em A horizontal, palmas para dentro, tocando-se pelos nós dos dedos. Mover as mãos para frente.

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Libras 61

HOMEM

Ser humano do sexo masculino. Ser humano em geral. O homem é um mamífero bípede, dotado de inteligência e linguagem articulada, seja fala ou sinais. Individuo de espécie humana.

Ex: Ele estudou em uma escola só para homens, e tem um estilo bastante conservador.

Mão direita em C horizontal palma para cima, dedos tocando cada lado do queixo. Mover a mão ligeiramente para baixo, unindo a ponta dos dedos.

MULHER

Feminino de homem. Pessoa adulta do sexo feminino.

Ex: As mulheres estão conquistando espaço no mercado de trabalho

Mão direita em A, palma para esquerda, polegar destacado. Passar o lado do polegar sobre a bo-checha, em direção ao queixo.

RIR

Manifestar riso e alegria. Sorrir.

Ex: As crianças riram do palhaço

Mão direita em L horizontal, palma para dentro, diante do queixo. Tremular a mão e sorrir.

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AMIGO

Que é ligado a outrem por laço de amizade. Companheiro (a). Camarada. Pessoa que quer bem a outra. Sentimento fi el e recíproco de afeto, dedicação, simpatia, estima e ternura entre pessoas não liga-das por relação de parentesco ou interesse sexual.

Ex: Eu e meu amigo vamos viajar e eu estou muito feliz com isso.

Mão direita horizontal aberta, palma para cima, dedos para a esquerda, próxima ao peito. Tocar levemente o peito, duas vezes. A expressão facial deve demonstrar a intensidade da amizade.

TRISTE

Que tem ou prova a tristeza. Infeliz. Desgostoso. Magoado.

Ex: O menino fi cou triste quando o seu cachorro morreu.

Mão direita em Y horizontal, palma para dentro, ponta do polegar tocando o queixo, com expressão triste.

FEIO

Desagradável à vista. Que tem uma aparência aos olhos não muito agradável. De pouca beleza física ou moral.

Ex: O corcunda de Notre Dame, de tão nobre coração, era perseguido e escorraçado simplesmente por sua feiúra.

Mão direita em L horizontal, palma para dentro. Tocar o peito duas vezes.

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Libras 63

BONITO

Formoso. Belo. Agradável à vista, ao ouvido ou ao espírito. De boa aparência.

Ex: O pintor brasileiro Candido Portinari pintou quadros muito bonitos.

Mão direita vertical aberta, palma para dentro, em frente à face. Girar os dedos da mão para a esquerda, fechando-os um a um começando pelo mínimo. Finalizar com a mão em A horizontal, palma para dentro.

ALEGRE

Tornar ou por alegre e contente. Sentir alegria.

Ex: Alegrou-se com sua recuperação

Mãos horizontais abertas, palmas para dentro. Movê-las para cima, tocando as pontas dos dedos nos ombros várias vezes e sorrindo.

NOME

Palavra com que se denomina e se diferencia qualquer pessoa, animal ou coisa, bem como, estado ou quantidade. Denominação.

Ex: O nome dela é Giovana, mas pode chamá-la de Gigi

Mão direita em N, palma para frente, dedos apontando para cima. Mover para a direita, balançan-do-a ligeiramente

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CASA

Construção destinada à habitação de uma unidade familiar, normalmente composta de sala, cozi-nha, quarto de dormir e banheiro. Nome comum a todas as construções destinadas a moradia.

EX: Eu moro na casa dos meus pais.

Mãos verticais abertas, palma a palma, dedos inclinados uns para os outros. Tocar as mãos pelas pontas dos dedos.

TER

Possuir. Haver. Estar na posse ou na guarda de. Adquirir. Conter. Reter. Segurar entre as mãos.

EX: Tenho amor por ela

Mão direita em L, palma para esquerda. Tocar a ponta do polegar no peito, duas vezes.

NÃO TER

Falhar em possuir algo especifi ca e de tê-lo disponível à mão.

Ex: Não tenho o livro que você me pediu,

Mão direita em L horizontal, palma para a esquerda, balançar a mão pelo pulso para baixo, várias vezes, com expressão negativa.

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Libras 65

GOSTAR

Achar bom gosto ou sabor em. Saborear, tomar o gosto. Achar bom ou belo. Satisfação, deleite.

EX: Ele gosta de comer chocolate branco

Mão direita horizontal aberta, palma para dentro, tocando o peito. Movê-la, descrevendo círculos horizontais, para a esquerda.

NÃO GOSTAR

Expressão. Não aprovar alguém ou alguma coisa. Não aprovar o sabor de algo.

Ex: Não gosto desse seu jeito de agir.

Mão direita, horizontal aberta, palma para dentro, tocando o peito. Baixar ligeiramente a mão e movê-la para frente e para direita, virando a palma para baixo, com expressão negativa.

IGUAL/IGUALDADE (1)

Que tem o mesmo valor, forma, dimensão, aspecto ou quantidade que outro. Que tem o mesmo nível.

EX: Eu tenho um tênis velho igual ao seu.

Mãos em D horizontal palmas para baixo, indicador para frente, lado a lado. Aproximar as mãos, batendo a lateral dos indicadores, duas vezes.

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IGUAL (2)

EX: Eles estavam vestidos com roupas iguais.

Fazer o sinal de IRMÂO (1)

FÁCIL

Que se consegue fazer ou obter sem grande esforço. Que não apresenta grandes difi culdades ou obstáculos.

EX: Ele aprendeu a LIBRAS com grande facilidade

Mão direita vertical aberta, palma para dentro, dedo médio fl exionado tocando a testa. Mover a mão direita par frente, distendendo o dedo médio.

AMOR

Sentimento que impele as pessoas para o bom e o bem, e para desejar e trabalhar para o bem de outras pessoas. Afeição e atração sexual por uma pessoa do sexo oposto. Amizade intensa. Interesse profundo e genuíno.

Ex: O amor enobrece as pessoas.

Mão direita horizontal aberta, palma para baixo, dedos para a esquerda, em frente ao peito. Mover a mão para trás, fechando-a em S e tocar o peito, com expressão de felicidade.

NAMORAR

Atrair, cativar, inspirar amor, estar junto com. Manter relação de namoro.

EX: Eles estão namorando há seis meses.

Mãos verticais abertas, palma a palma. Balançar, várias vezes, o dedo médio fl exionado.

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Libras 67

JESUS CRISTO

Segundo os cristãos, o fi lho de Deus e o Messias anunciado pelos profetas. Os evangelhos dizem que Jesus nasceu em Belém, cerca do ano 749 da fundação de Roma, ou seja, no ano 4 ou 5 antes da era que traz seu nome. Criado por José e Maria, aos trinta anos de idade, começou a pregar sua doutrina na Galileia, depois em Jerusalém, onde foi alvo da hostilidade crescente dos fariseus. Foi condenado à morte e ressuscitou três dias depois e, ao fi m de quarenta dias, subiu ao céu. Tem sido, desde então, cultuado por várias religiões.

EX: Jesus Cristo escolheu 12 discípulos para o acompanharem e espalhar seus ensinamentos.

Mãos horizontais abertas, palma a palma, dedos separados. Tocar a ponta do dedo médio direito na palma esquerda, e então tocar a ponta do dedo médio esquerdo na palma direita.

PODER

Ter a capacidade ou possibilidade de. Ter autoridade, domínio ou infl uencia para. Ter permissão ou autorização para. Achar-se em estado de.

Ex: Agora que a LIBRAS já se encontra bem documentada, a comunidade surda pode demandar que os governos federal, estadual e municipal ofereçam às crianças surdas uma educação bilíngüe de qualidade com a participação de professores surdos especialmente habilitados para ao magistério, como acontece nos países mais avançados de todo o mundo.

Mãos em S horizontal, palma a palma. Movê-las com fi rmeza para baixo

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NÃO PODER/ OCUPADO

Expressão. Não ter disponibilidade ou oportunidade para fazer ou deixar de fazer algo.

Ex: Agora não posso.

Ex: Telefonei para sua casa ontem, mas o telefone estava ocupado.

Mão direita em V horizontal, palma para baixo, dedos para trás. Tocar duas vezes a base do pescoço (abaixo do pomo-de-adão), como expressão negativa.

ENTENDER

Ter clara idéia de. Compreender. Perceber.

Ex: Eu entendi perfeitamente o seu recado.

Mão direita vertical aberta, palma para a esquerda, pontas dos dedos tocando o lado direito da testa. Balançar a mão ligeiramente para frente e para trás.

NÃO ENTENDER

Expressão. Falhar em compreender ou perceber algo.

Não entendi o fi nal do fi lme, mas acho que é porque, quando cheguei ao cinema, ele já estava co-meçando e eu perdi o começo.

Fazer sinal de entender, acenando negativamente com a cabeça, com expressão negativa.

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Libras 69

NÃO ENTENDER NADA

Falhar em obter qualquer compreensão a respeito de algo. Não compreender absolutamente nada. Não captar nada do que é explicado.

Ex: Não entendi nada que o professor ensinou na aula.

Mão direita em 1 vertical, palma para a esquerda, ponta do dedo indicador tocando a testa. Em seguida, fazer o sinal de nada.

NADA – Mão direita vertical aberta, palma para frente, dedos indicadores e polegar unido pelas pontas. Balançar a mão para a esquerda e para a direita, com as bochechas sugadas.

ONDE VOCÊ MORA?

Expressão interrogativa. Solicita informações sobre o local de residência do interlocutor.

Ex: Posso lhe dar uma carona. Onde você mora?

Fazer o sinal de CASA e o sinal de ONDE/LUGAR ( Mãos horizontais fechadas, palma a palma, indicadores e polegares curvados formando a letra C, próximas à outra. Movê-las para baixo, com ex-pressão interrogativa).

Gostou de aprender os sinais?

Agora é só praticar!

Procure uma associação de surdos ou escola de surdos em sua cidade, o contato com a comunidade surda é a melhor forma de se aprender e treinar a LIBRAS.

INTERESSANTE

Você sabia que a língua de sinais também tem a modalidade escrita?

Se respondeu sim, acertou!

A modalidade escrita da língua de sinais se chama SIGN WRITING ou ESCRITA DE SINAIS.

O sistema de escrita dos sinais Sign Writing teve sua origem nos Estados Unidos da América, há cerca de 30 anos por Valerie Sutton, diretora do Deaf Acttion Commitee (DAC), uma organização sem fi ns lucrativos.

A origem da-se de uma forma muito interessante, Valerie pensando em criar um sistema para auxi-liar as anotações dos movimentos de dança cria a Sign Writing.

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A escrita Sign Writing pode representar qualquer língua de sinais do mundo sem a infl uência da língua falada. Cada país com sua língua de sinais vai adaptá-la para sua própria ortografi a.

Esse sistema tem a possibilidade de representar as línguas de sinais funcionando como um sistema de escrita alfabética, em que as unidades grá-ficas fundamentais representam unidades gestuais fundamentais, suas pro-priedades e relações.

Para escrever a Sign Writing, é preciso saber uma língua de sinais.

No Brasil algumas escolas já adotaram a escrita de sinais na educação de surdos, os resultados tem sido surpreendentes inclusive no ensino da língua portuguesa, pois antes de ensinar o português escrito, os educandos surdos aprenderam a ler, escrever e fazer uma redação em sua própria língua, a LIBRAS ( L1), para em um segundo momento trabalhar com a língua portuguesa (L2). As outras disciplinas tam-bém ganharam mais vida, pois além de conquistar o direito de ser ensinado em sinais ele também pode escrever e ser avaliado em sinais.

Queremos deixar bem claro que a LIBRAS não vai abolir a língua portuguesa, muito pelo contrário, vai valorizá-la. Antes a língua portuguesa escrita era vista pela maioria dos surdos como algo pratica-mente impossível de se aprender, pois eles não tinham uma referencia escrita para seguir. Se você, que é ouvinte, for fazer um curso de uma língua estrangeira, durante todo o seu processo de aprendizagem você terá como referência a sua língua L1 (língua portuguesa escrita e falada), mesmo que você e o professor durante a aula falem somente a língua estrangeira, o seu processo cerebral de aprendizagem tomará como base as referencias lingüísticas e gramaticais da sua L1 para adquirir a L2 que está sendo ensinada. Com o surdo não é diferente, perpassa pelo mesmo princípio.

HISTÓRIA DA SIGN WRITING

(Por Marianne Stumpf, professora surda)

O trabalho de adaptação do Sign Writing à LIBRAS foi a primeira etapa de uma caminhada que a comunidade surda brasileira, com o apoio de pesquisadores: lingüistas e da informática, deverá empreen-der para conseguir uma escrita que dê conta de todas as suas necessidades em sua própria língua.

Em 1998 Sutton criou a lista de discussão do Sign Writing e isso ajudou a divulgar o Sign Writing, porque ela usa a lista para explicar como usar a Sign Writing.

Em 2002, ela criou o Signbank, que é o software para construção de dicionários.

Em 2003, começou o Signpuddle, que é um sistema para criar dicionários on-line.

Hoje existem quase 30 dicionários sendo feitos no Signpuddle . Existe também o dicionário da Bélgica, que foi feito separdo do Signpuddle.

Desde 1998 começaram ser feitos muitos softwares para Sign Writing: o SW – Edit, o Sign Writing java, e outros. Há também os sistemas para criar animações de sinais (usando desenhos em 3D – três dimensões).

Interessante toda essa trajetória da escrita de sinais. No Brasil , em 1996, pesquisadores da PUCRS fi zeram o primeiro contato com Valerie Sutton. Desde então começou as pesquisas de adaptação do sis-tema Sign Writing para a escrita da LIBRAS.

Creio que você esteja curioso (a) para conhecer a escrita da LIBRAS!

Selecionei alguns para você aprender como se escreve, aproveite e treine tentando reproduzir a escrita.

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ACORDAR ACOSTUMAR ACORDEÃO

PARA MEDITAR:

“A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, sonham e expressam. As línguas de sinais envolvem movimentos que podem parecer sem sentido para muitos, mais que signifi -cam a possibilidade de organizar as idéias, estruturar o pensamento e manifestar o signifi cado da vida para os surdos. Pensar sobre a surdez requer conhecer a Língua de Sinais. Permita-se ouvir essas mãos...”

Ronice Muller de Quadros

Atividade Complementar

1. Preencha o quadro comparativo dos modelos educacionais, destacando seus pontos positivos e negativos:

2. Há alguns anos atrás as línguas de sinais eram consideradas apenas uma linguagem, hoje em dia esse conceito mudou, por quê? Qual a diferença entre língua e linguagem?

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3. A educação inclusiva tem como objetivo incluir os portadores de necessidades especiais no contexto do ensino regular, decisão tomada no Congresso de Salamanca / 1994. A educação inclusiva tem alcançado seu propósito quanto à educação de surdos? Os surdos estão sendo realmente incluídos no contexto escolar? Comente.

4. Se você fosse professor (a) de uma turma com 35 alunos e 3 deles fossem surdos? O que você faria? Como organizaria suas aulas? Qual recurso usaria? Lembre-se que para o surdo os recursos visuais são de grande valor.

5. Sabemos que não é fácil trabalhar com um ou dois surdos no meio de uma turma de ouvintes. Liste algumas sugestões de meios para o educador incluir de forma efetiva seu aluno surdo em sala de aula do ensino regular.

6. Nas línguas de sinais somente usamos o alfabeto manual. Essa afi rmativa está correta? Justifi -que sua resposta.

7. Procure no quadro abaixo as palavras com nome de frutas no alfabeto manual:

Manga Coco

Maracujá Maça

Tangeria Abacaxi

Laranja Caju

Goiaba Banana

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9. Traduza as frases:

A) EU AMO OS SURDOS

Viajar - Dia -Arvore - Deus - Cruz - Raiz - Belo - Cuidar - Piada -

8. Traduza as palavras

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B) SEJA SEMPRE FELIZ

Acabamos de treinar o alfabeto manual, não se prenda somente à esses exercícios, pense em frases e vá exercitando, com dedicação e esforço você vai conseguir. Acredite!

Glossário

ANÁLOGO – Em que há analogia. Semelhança. ▄▄ANOMALIAS – Qualquer irregularidade ou anormalidade ▄▄DA – Defi ciente Auditivo ▄▄DACTILOLOGIA – Quando usamos o alfabeto manual ▄▄dB – O decibel (dB) é uma medida da razão entre duas quantidades, sendo usado para uma grande ▄▄variedade de medições em acústica, física e eletrônica. O decibel é muito usado na medida da inten-sidade de sons. É uma unidade de medida adimensional semelhante a percentagem.

EMBRIÃO – É o bebê em seu primeiro estágio de desenvolvimento no ventre da mãe. ▄▄FONOAUDIOLOGO – Profi ssional que trabalha com a articulação da fala, percepção dos sons. ▄▄FOTOFOBIA – Hipersensibilidade à luz. ▄▄FINCA-PÉ – Teimosia, fi rmeza. ▄▄GENÉTICA – Ramo da biologia que estuda as leis de transmissão de caracteres hereditarios nos ▄▄indivíduos

GLICOSE – Açucar sólido, incolor encontrado no sangue e em várias plantas ▄▄HIPOACUSIA – Hipoacústico aquele cuja audição, ainda que defi ciente, é funcional com ou sem ▄▄prótese auditiva.

INSULINA – Hormônio segregado pelo pâncreas ▄▄LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais ▄▄LINGUAGEM DOS SIGNOS – Expressão usada se referindo às linguas de sinais. ▄▄LS – Línguas de Sinais ▄▄L 1 – Primeira língua ▄▄L2 – Segunda língua ▄▄NUCA – Parte posterior do pescoço ▄▄MOLEIRA – Parte superior do crânio quando está ainda em formação nos primeiros anos de ▄▄vida

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OXIGENAÇÃO – Aumento de oxigênio ▄▄PERINATAL – Período durante o nascimento ▄▄PÓS–NATAL – Período após o nascimento ▄▄PERÍODO PRÉ-NATAL – Período durante a gravidez ▄▄PRECOCE – Antecipado, prematuro ▄▄

Referências Bibliográficas

BARBOSA, Heloisa. e MELLO, Ana Claudia. O Surdo Este Desconhecido, incapacidade absoluta do surdo-mudo. Ed: Folha Carioca LTDA. Rio de Janeiro.

CAPOVILLA, Fernando César;RAPHAEL, Walquiria Duarte. Dicionário –

Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Volume I e II.

DECRETO n° 5.626. Presidência da República. Casa CivilSubChefia para Assuntos Jurídicos. Brasília. Dez, 2005

INES, Série Audiologia. Edição Revisada. Gráfi ca: Imprima. Rio de Janeiro, 2003.

FENEIS, Grupo de pesquisa. LIBRAS em contexto. Curso Básico.

LEI nº 10.436. Presidência da República. Casa CivilSubChefi a para Assuntos Jurídicos. Brasília. Abil, 2002.

QUADROS, Ronice Muller. Educação de Surdos. Aquisição da Linguagem. Ed. Artes Médicas. Porto Alegre, 1997.

QUADROS, Ronice Muller. Estudos Surdos I, série pesquisas. Ed. Arara Azul. Rio de Janeiro. 2006.

REVISTA, AMEM. Surdos, 1º trimestre, ano IV, nº10. Ed: AMEM. 2003

REVISTA, Língua de Sinais. A Imagem do Pensamento. Vol 10. Ed. Escala. São Paulo, 2001.

REVISTA, FENEIS. Outubro/ Dezembro, ano III, nº12. 2001.

STUMPF, Marianne. Escrita de Sinais I. Universidade Federal de Santa Catarina.

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?550.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/LIBRAS

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http://www.feneis.com.br/page/libras_alfabeto.asp#feneis,

http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm

http://www.cedipod.org.br/salamanc.htm

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Diabetes#Causas_e_tipos

http://signwriting.org/library/history/hist010.html

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ANOTAÇÕESANOTAÇÕES

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Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância

www.ead.ftc.br

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